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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI – UESPI

CAMPUS CLÓVIS MOURA


CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
PROFESSOR DILSON REIS DA ROCHA
ENVIADA EM 16 DE NOVEMBRO.

PESSOAS JURÍDICAS

Considerações iniciais

A origem da personalidade jurídica baseia-se na deficiência humana e,


consequentemente, na necessidade do homem de se unir a outras pessoas com o
intuito de unir forças para desenvolver determinadas atividades.

A união desses indivíduos pode ou não ter finalidade lucrativa. No caso de interesse
em obter lucro, a união pode ser para constituir uma empresa ou uma sociedade. No
caso de não haver interesse em obter lucro, pode ser uma associação beneficente,
grupo de assistência social, fundação, ou até mesmo para cultuar alguma religião.

A legislação brasileira reconhece a validade dessa integração de pessoas e bens


visando à realização de determinada atividade e cria uma pessoa diferente daquelas
que a compõe. Essa pessoa criada, que foi resultante da vontade de pessoas naturais
ou físicas, é chamada de PESSOA JURÍDICA.

Notem que a ideia central é estabelecer que a Pessoa Jurídica não se confunde com
as pessoas físicas que a criaram.

Em razão de ter personalidade jurídica distinta de seus instituidores, a pessoa


jurídica é pessoa diversa, não podendo ser responsabilizada por dívidas de outra
pessoa (mesmo que essa pessoa seja seu sócio).
Por ter patrimônio distinto dos seus membros, somente o patrimônio pessoal do
instituidor pode ser utilizado para pagar dívida que ele contraiu, e somente o
patrimônio da pessoa jurídica pode ser utilizado para pagar dívida que esta tenha
contraído.

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Esta regra pode ser relativizada pela desconsideração da personalidade jurídica.
Que consiste no afastamento temporário, ocasional e excepcional da personalidade
jurídica da sociedade empresarial, a fim de permitir, em caso de abuso ou
manipulação fraudulenta, que o credor lesado satisfaça, com o patrimônio pessoal
dos sócios da empresa, a obrigação não cumprida.

A aplicação, da desconsideração da personalidade jurídica deve ser excepcional,


sendo a regra a preservação da autonomia patrimonial, devendo ser deferida
quando presentes os requisitos do art. 50 do Código Civil.

O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria maior da desconsideração da


personalidade jurídica a qual exige a prova do desvio de finalidade da sociedade ou
confusão patrimonial entre os sócios e o da sociedade empresária.

Posteriormente vamos analisar a desconsideração da personalidade jurídica,


seus efeitos com relação ao legitimado ao pagamento das dividas da empresa.

Conceito de pessoa jurídica

Consiste num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica


própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. Pode-se
afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade,
capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações.

Entretanto, embora sendo formada por pessoas físicas, a personalidade destas não
se mistura com a da entidade, que tem sua personalidade própria, independente da
dos componentes do grupo, esta é, inclusive, a principal característica da pessoa
jurídica.

A pessoa jurídica exige uma pluralidade de pessoas ou de bens, uma finalidade


especifica, um ato constitutivo e o respectivo registro no órgão competente.

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CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
.
As pessoas jurídicas classificam-se, de acordo com o artigo 40 do Código Civil, em
pessoa jurídica de direito público, podendo esta ser de direito público interno ou
externo (internacional), e pessoa jurídica de direito privado.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito


privado.

Pessoa jurídica de direito público

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito


público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber,
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

► A União: A União representa a República Federativa do Brasil é pessoa jurídica


tanto de Direito Público Externo como Interno. Como pessoa jurídica de Direito
Público Interno ela tem autonomia e exerce atividades de ordem do interesse público,
determinadas pela Constituição Federal, tendo competência, por exemplo, para
autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; administrar as
reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira; organizar
e manter as polícias federal, civil e militar; planejar e promover a defesa permanente
contra calamidades públicas etc.

► Os Estados: estes, assim como a União, tem autonomia, sendo conferido a eles,
pela Constituição Federal, a capacidade de auto-organização; autolegislação;
autogoverno e autoadministração (artigos 25 a 28, CF).

Significa que os entes federativos tem a capacidade de elaborar seus próprios


estatutos organizacionais, suas próprias leis e sua forma de administração.

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► O Distrito Federal: assim como a União e os Estados, tem autonomia
administrativa e financeira, tendo suas competências determinadas pela Constituição
Federal, podendo criar sua própria Lei Orgânica (art. 32, CF), e tem uma
peculiaridade: é onde fica Brasília a nossa Capital Federal.

► Os Municípios: assim como as demais Pessoas Jurídicas de Direito Público


Interno, são entidades político-administrativas com autonomia política, administrativa
e financeira, sendo também componente da estrutura federativa. (artigo 29 da CF).

► As autarquias: presentes no inciso IV do artigo 41 do Código Civil está


localizada na estrutura da Administração Pública, sendo que, o  Decreto – Lei nº
200/1967  assim a define:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,


patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.

(....)

Então, as autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público com capacidade


exclusivamente administrativa. Podemos citar como exemplo o Instituto Nacional
da Seguridade Social – INSS.

O artigo 41, V, do Código Civil considera de direito público interno as demais


entidades de caráter público criadas por lei. Enquadram-se nesse conceito as
fundações públicas e as agencias reguladoras, estas ultimas com natureza de
autarquia especial.

Não custa lembrar que as entidades dotadas de personalidade jurídica de direito


privado, mas que prestam serviços públicos (empresas públicas e sociedades de
economia mista), têm a sua disciplina normativa e controle funcional previstos no
Direito Administrativo, portanto não serão objeto de analise na presente disciplina.

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Pessoas jurídicas de direito público externo
.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e


todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

Conforme o Art. 42 do Código Civil brasileiro de 2002, sem equivalência no Código


Civil de 1916, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
São exemplos de pessoas jurídicas de direito público externo as nações
estrangeiras, a Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, União Europeia,
Mercosul, UNESCO,FAO etc).

Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno (União,


Estados, municípios, Distrito Federal, autarquias).

Entende-se por responsabilidade civil do Estado (Administração Pública) como sendo


a obrigação legal de ressarcir terceiros pelos danos patrimoniais que lhe foram
causados por atos comissivos (ação) ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou
ilícitos dos agentes públicos, no desempenho de suas funções ou a pretexto de
exercê-las.

A responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público passou pela fase da


irresponsabilidade, tendo em vista que não respondia por perdas e danos, depois
veio a fase da responsabilidade subjetiva, onde a Administração Pública respondia
se seus agentes agissem com culpa, até chegar a fase da responsabilidade objetiva,
situação em que a administração responde de forma objetiva (independe de culpa)
tendo em vista os riscos da prestação dos serviços públicos.

Sobre o assunto vejamos os artigos 37 § 6º da CF e o artigo 43 do Código Civil.

Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao
seguinte:

(...)

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§ 6º – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa

Já o artigo 43 do Código Civil , assim preceitua, vejamos:

Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis


por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado
direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa
ou dolo.

Agente publico é qualquer pessoa que exerça cargo público, podendo este cargo
ser preenchido por eleição, comissão, concurso, etc. Portanto, um prefeito não é um
servidor público, pois a função que exerce não tem caráter definitivo, porém é
considerado um agente público, desta forma, como representa a Administração
Pública esta responde pelos atos daquele.

Diante do exposto não restam duvidas que a pessoa jurídica de direito público
responde por atos omissivos, por erro judiciário (artigo 5º, LXXV), e por atos
decorrentes de lei em sentido concreto.

OBS Por leis e decretos de efeitos concretos “entendem-se aqueles que trazem em si
mesmos o resultado específico pretendido, tais como as leis que aprovam planos de
urbanização, as que fixam limites territoriais, as que criam municípios ou
desmembram distritos, as que concedem isenções fiscais; as que proíbem
atividades ou condutas individuais; os decretos que desapropriam bens, os que fixam
tarifas, os que fazem nomeações e outros atos dessa espécie.

Tais leis ou decretos nada têm de normativos; são atos de efeitos concretos,
revestindo a forma imprópria de lei ou decreto, por exigências administrativas. Não
contêm mandamentos genéricos, nem apresentam qualquer regra abstrata de
conduta; atuam concreta e imediatamente como qualquer ato administrativo de efeitos
individuais e específicos.

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A ação de responsabilidade civil pode ser proposta contra o Estado ou contra o
agente público, ocorre que o Estado é detentor dos benefícios processuais, tais como
o prazo em dobro para recorrer, e prazo em dobro para contestar, além do duplo
grau de jurisdição (ações contra o Estado deve ser julgada em duas instâncias, ou
seja, em primeiro e segundo grau), e pagamento por precatório, não podendo seus
bens serem penhorados para pagamento de dívida.

O art. 183 do Código de Processo Civil  estabelece que a Fazenda Pública goza de


prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais e que a contagem dos
prazos terá inicio a partir da intimação pessoal de seus representantes legais, sendo
possível que esta intimação ocorra por remessa dos autos, carga destes ou através
de intimação por meio eletrônico (art. 183, § 1º).

Então, se o cidadão que “briga” contra a administração pública tiver 15 dias para
recorrer ou contestar a administração terá 30 dias.

Quando o servidor agir com culpa ou dolo causando prejuízos a terceiros, a


Administração Pública reponde pelos prejuízos causados e entra com ação
regressiva, para receber do servidor culpado o valor despendido a título de
indenização.

Dois exemplos deverão facilitar o entendimento da responsabilidade civil objetiva e


subjetiva. Senão vejamos:

Se um carro da UESPI falta freio e se envolve em um acidente, mesmo que não


tenha tido culpa (responsabilidade objetiva) a UESPI paga os prejuízos do
terceiro e não desconta o valor de seu servidor.

Responder objetivamente é responder mesmo sem culpa. Digamos que diante de


uma grande trovoada um gerador da Equatorial explodiu e causou danos a vários
eletrodomésticos. A empresa responde mesmo não tendo culpa, pois isto faz parte
do risco do serviço que presta.

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Com relação a responsabilidade subjetiva, consideramos que um carro da UESPI
que trafegada além do limite de velocidade causou um acidente. Neste caso, em
virtude da culpa do servidor (responsabilidade subjetiva) a Universidade responde
perante o terceiro e desconta nos salários do servidor os valores despendidos.

As pessoas jurídicas de direito público responderão de forma objetiva pelos danos


causados aos administrados, vez que, nosso ordenamento prima pela Teoria do Risco
Administrativo e, desta feita, a Administração Pública deve ser responsabilizada pelo
risco criado pela sua atividade administrativa.

Em matéria de reparação de dano existe uma discussão se o Estado não indeniza


quando o dano tiver sido causado em virtude de caso fortuito ou força maior (evento
humano ou da natureza tais como chuva, alagamentos, corte de estradas, quedas de
arvores, etc).

Ocorre que, o Estado pode responder pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito e
força maior (buracos na estrada, quebra de pontes, alagamentos, etc) quando
decorrente de uma conduta omissiva do mesmo, portanto se a rua alaga em virtude
de que a Administração Pública não fez o devido desentupimento da galeria, esta
responde por conta desta omissão.

Devemos lembrar que o Estado não responde civilmente em virtude de culpa


exclusiva da vitima. Como no caso da pessoa deitar na estada e ser atropelada por
um carro do poder público, carro este que estava observando o limite de velocidade
para o trecho.

PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

Conceito

Pessoa Jurídica de Direito Privado: é toda entidade constituída por iniciativa privada,
seja com a finalidade de realização de obras de interesse coletivo, seja com a
finalidade de realizar atividades de interesse particular. Como já dito anteriormente

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elas dividem-se em corporações, que se subdividem em sociedades, associações,
fundações, organizações religiosas e partidos políticos.

De tal modo, poderão ser constituídas para um objetivo específico seja ele lucrativo,
ou filantrópico.

Vale ressaltar que as pessoas jurídicas de direito privado adquirem a personalidade


jurídica a partir do registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial
(SOCIEDADES) ou Cartório Civil de Pessoas Jurídicas (ASSOCIAÇÕES)
Ganhando, assim, de fato, personalidade jurídica.

As pessoas jurídicas de direito privado estão dispostas no artigo  44 do Código Civil.


São assim denominadas, pois as relações e interesses são particulares, não tendo o
Estado interesse direto na relação político-econômica.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI – Revogado pela Lei 14.382 de 27 de junho 2022 (art. 20, VI, a.)

§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das


organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento
ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.

§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às


sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.

§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei


específica.

Deve-se ressaltar que o inciso VI do caput do artigo 44 do Código Civil foi revogado
pela então Medida Provisória nº 1.085 de 27 de dezembro de 2021. A referida MP
foi convertida na Lei 14.382 de 27 de junho de 2022, que dispõe sobre o Sistema
Eletrônico de Registros Públicos – SERP.

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O inciso revogado tratava da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. –
EIRELI.

O artigo 41 da Lei 14.195 de 26 de agosto de 2021, Lei esta que dispõe sobre a
facilitação para abertura de empresas, sobre a proteção de acionistas minoritários,
sobre a facilitação do comércio exterior, sobre o Sistema Integrado de Recuperação
de Ativos (Sira), sobre as cobranças realizadas pelos conselhos profissionais, sobre a
profissão de tradutor e intérprete público, sobre a obtenção de eletricidade, sobre a
desburocratização societária e de atos processuais e a prescrição intercorrente na Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Assim preceitua:

Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data da


entrada em vigor desta Lei serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais
independentemente de qualquer alteração em seu ato constitutivo.

Parágrafo único. Ato do Drei disciplinará a transformação referida neste artigo.

Então, as EIRELI foram transformadas em Sociedades Limitadas Unipessoais –


SLU, sendo que, posteriormente será melhor estudada a relação entre estes
institutos jurídicos. O certo é que não consta mais no artigo 44, VI do Código
Civil a EIRELI como pessoa jurídica de direito privado.

Surgimento da pessoa jurídica /começo da existência legal

Com relação à existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, assim
preceitua o artigo 45 do Código Civil, Vejamos:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas


jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro.

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Já falamos anteriormente que a existência da pessoa natural começa com o
nascimento com vida. Da mesma forma, a pessoa jurídica possui um ciclo de
existência. A existência depende da observância da legislação em vigor, legislação
atual que considera indispensável o registro para a aquisição da personalidade
jurídica.

Faz-se necessário o registro do ato constitutivo ou do contrato social no órgão


competente, ou seja: Junta Comercial para as Sociedades Mercantis em geral,
e Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas para as, associações, sociedades
civis e Fundações

Ausente o registro da pessoa jurídica, temos uma mera sociedade irregular ou de


fato, tratada como ente despersonificado pelas regras do Direito Empresarial
(artigos 966 e seguintes do Código Civil), caso em que os seus sócios passam a ter
responsabilidade pessoal pelos débitos sociais.

Então, as sociedades irregulares são sociedades que não são registradas, portanto
sem personalidade jurídica. É muito comum vermos no dia a dia, como é o caso de
camelôs, lanchonetes, borracharias, etc. sem registro, mesmo sendo irregular eles
respondem subsidiariamente por seus atos de forma direta.

Um exemplo facilitara o entendimento sobre responsabilidade subsidiária, senão


vejamos:

Paulo trabalha na Lanchonete Tem Tudo, esta sociedade não está registrada nos
órgãos competentes. Desta forma, diante de uma reclamação trabalhista, Paulo
propõe a ação contra o seu proprietário, caso este não tenha valores para pagar os
direitos trabalhistas de Paulo, a lanchonete, mesmo não existindo formalmente
responde de forma subsidiaria pelo pagamento das verbas trabalhistas.

Responder de forma subsidiaria quer dizer que o seu proprietário responde em


primeiro plano, caso não tenha como pagar, os bens da sociedade, mesmo que
irregular responde pelos direitos trabalhista do empregado de forma subsidiaria.

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É bom lembrar que se a sociedade estiver constituída a responsabilidade é da
pessoa jurídica, podendo recair a responsabilidade nos bens dos sócios quando
restar comprovado que estes agiram com fraude ou abuso de direito, neste caso,
desconsidera-se a personalidade jurídica da empresa e os bens dos sócios passam a
responder pelas dívidas.

Então, podemos concluir que, o registro da sociedade empresária (fins econômicos)


é feita na Junta Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas Mercantis,
Os Estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado
(como as sociedades simples) são registrados no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, Mas as sociedades simples de advogados serão registradas pela
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.

Seguindo a diretriz do Código Civil o registro declarará em seu artigo 46, vejamos:

Art. 46. O registro declarará:

I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando


houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.

Deve-se observar que em alguns tipos de pessoas jurídicas, independentemente


do registro civil, a lei, por vezes impõe o registro em algum órgão, com a finalidade
cadastral e de reconhecimento de validade de atuação, como é o caso dos
partidos políticos, que na forma do § 2º do art. 17 da CF e dos parágrafos do
artigo 7º da Lei 9.096/ 94 devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral.

Pela égide do artigo 8º da Constituição Federal é livre a associação profissional ou


sindical, observado o seguinte:

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I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato,
ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência
e a intervenção na organização sindical;

(...)
Veja que o Estado não intervém na criação de sindicatos, o registro exigido é para
simples conferência, pois é vedado a criação de mais de um sindicato, tendo como
base territorial um município.

Requisitos de Constituição da pessoa jurídica de direito privado

São três os requisitos para a existência da pessoa jurídica: organização de pessoas


ou bens, licitude de propósitos ou fins e capacidade jurídica reconhecida por norma.

► Vontade humana criadora: é a intenção de um grupo de pessoas de criarem


uma pessoa jurídica própria, de identidade diversa dos membros que a compõem. Ela
materializa-se na constituição, que pode se dar através de um estatuto, no caso das
associações; de um contrato social, no caso das sociedades; e, por fim, por escritura
pública ou testamento, no caso das fundações.

Em se tratando de sociedade empresária, o registro deverá ser na Junta Comercial.


No caso de associação, sociedade simples ou fundação o registro proceder-se-á no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Se a sociedade simples for
composta por advogados somente poderá ser registrada na Ordem dos Advogados
do Brasil.

►Licitude de propósitos ou fins: para poder se constituir validamente, a pessoa


jurídica deverá possuir como finalidade precípua uma atividade lícita. Caso assim não
seja, e seus objetivos recaírem sobre objetivos ilícitos ou nocivos a pessoa jurídica
será imediatamente extinta.

No caso das fundações assim prescreve a o artigo 69 do Código Civil.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou


vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo

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disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

► Capacidade jurídica reconhecida por norma - Observância de condições legais:


Há pessoas jurídicas, por seu turno, que para nascerem, além do registro, necessitam
de autorização ou aprovação do poder Executivo, como as seguradoras, as
instituições financeiras etc.

Caso não haja registro, a sociedade não terá personalidade jurídica e, assim sendo,
será representada em juízo pela pessoa a quem couber a administração dos seus
bens, nos termos do artigo 75, inciso IX, do Código de Processo Civil.

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

(...)

IX – a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem


personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.

Capacidade de Representação das Pessoas Jurídicas de direito privado

No momento em que a pessoa jurídica registra seu contrato constitutivo, adquire


personalidade, isto é, capacidade para ser titular de direito.  Naturalmente ela só pode
ser titular daqueles direitos compatíveis com a sua condição de pessoa fictícia, ou
seja, os patrimônios. 

Para exercer tais direitos, a pessoa jurídica recorre a pessoas físicas que a
representam, ou seja, por quem os respectivos estatutos designarem ou, não os
designando, pelos seus diretores.

Conforme mencionamos acima as sociedade e as associação irregulares, ou


seja, sem personalidade jurídica, serão representadas pela pessoa a quem couber a
administração de seus bens.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

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Conforme a Lei 14.382 de 27 de junho de 2022, que dispõe sobre o Sistema
Eletrônico de Registros Públicos – SERP. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em


legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias
gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do disposto no art. 59 deste Código,
respeitados os direitos previstos de participação e de manifestação.” (NR)

O artigo 59 do CC preceitua que compete privativamente a assembleia geral

I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 

Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é


exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo
quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos
administradores.

Então, após alteração do Código Civil, as assembleias gerais poderão ser realizadas
por meios eletrônicos, inclusive para destituir administradores e alterar estatuto.

A Lei 14.382 de 27 de junho de 2022 também alterou o Art. 1.142 do Código Civil,
sendo que, este passou a vigorar com a seguinte redação:

Art. 1.142.

(...)

§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade


empresarial, que poderá ser físico ou virtual.

§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço


informado para fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do
empresário individual ou o de um dos sócios da sociedade empresária.

§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do


horário de funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista
no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019.” (NR)

Então, a referida lei em consonância com as novas formas de negociação estabelece


o endereço dos sócios, para fins de registro, quando a atividade empresarial for
realizada no ambiente virtual.

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Art. 52 do CC Aplica-se as pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
da personalidade.

Observa-se da analise do artigo 44 do Código Civil que são pessoas jurídicas de


direito privado as associações, as sociedades, as fundações, as organizações
religiosas e os partidos políticos.

Ocorre que, quando da analise das pessoas jurídicas no Código Civil (artigo 40/69)
vamos encontrar a base legal das associações (artigos 53/61), das fundações
(artigos 62/690), sendo que, as sociedades (artigos 981/1.141) serão analisadas
nas disciplinas de direito empresarial I e II.

Os partidos políticos (Lei 9.096/95 e § 3º do artigo 44 do Código Civil), serão


analisados quando da disciplina direito eleitoral.

Já as organizações religiosas estão previstas no artigo 44 do Código Civil e art. 17


da Constituição Federal de 1988.

Isto posto, analisaremos as associações e fundações, bem como mencionaremos


algumas características das sociedades, organizações religiosas e partidos políticos.

DAS ASSOCIAÇÕES / ARTIGOS 53/61 DO CC

O artigo 44, I do Código Civil estabelece que as associações são pessoas


jurídicas de direito privado, desta forma, seguindo a sequencia do artigo passamos
ao estudo das associações.

Conceito e Finalidades

As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizam, com


ou sem capital, sem intuitos lucrativos, ou seja, por meio das associações
determinado número de pessoas se congregam e colocam, em comum, serviços,
atividades, conhecimentos, em prol de um mesmo ideal.

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As associações são organizações que têm por finalidade a promoção de assistência
social, cultural, representação política, defesa de interesses de classe, filantropia,
associação literária, esportiva ou recreativa, não tendo finalidade lucrativa.

Saliente-se que a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XVII, diz ser plena a
liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Assim,
qualquer atividade lícita pode ser visada por uma associação. A ilicitude de
propósito é causa de dissolução das associações, a exemplo das violentas
torcidas organizadas de times futebolísticos.

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

I – a denominação, os fins e a sede da associação;


II – os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III – os direitos e deveres dos associados;
IV – as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e
administrativos;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas;

O Estatuto Social funcionará como se fosse uma lei interna da Associação. Todos os
associados devem respeito e observância a ele. É possível até mesmo a propositura
de ação judicial para se fazer cumprir determinada disposição estatutária.

O estatuto confere segurança aos membros da associação e regula suas atividades


internas e externas. Tanto que os arts. 53 a 61 do Código Civil trazem a normatização
básica para as Associações, e destaca de maneira bastante clara a função e
importância do estatuto social.

Nos termos do art. 55, CC, os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto
pode instituir categorias com vantagens especiais. Como exemplo cite-se a categoria
de sócio benemérito para uma pessoa que tenha trazido algum efetivo benefício à
entidade, embora inicialmente estranha aos quadros sociais.

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A qualidade de associado é intransmissível, salvo permissão do estatuto.Com
relação a exclusão do associado, de acordo com o artigo 57 do CC só poderá
ocorrer por justa causa, conforme estabelecido no estatuto, ou sendo este
omisso em decorrência do reconhecimento de motivos graves por deliberação
fundamentada pela maioria absoluta da Assembleia Geral.

O referido artigo não se omitiu quanto à possibilidade do associado se defender,


uma vez que o direito de defesa fundamenta-se no princípio constitucional
elencado no art. 5º, LV – “contraditório e ampla defesa”. Desta forma, convém
que o estatuto preveja um procedimento específico para a aplicação de qualquer
penalidade, em consonância com os direitos e garantias constitucionais.

O artigo 59 do Código Civil estabelece a competência da Assembleia Geral, órgão


necessário a toda associação, que exerce o papel de poder legislativo na
instituição. O parágrafo único deste artigo estabelece o quórum mínimo a ser
observado em decisões importantes, tais como aprovação de contas e alteração do
estatuto.

Na ocorrência de dissolução da associação, o destino do patrimônio líquido


remanescente é assim regulado: deduzidas as eventuais quotas ou frações
ideais dos associados, será destinado a entidade de fins não econômicos,
designada no estatuto, caso seja omisso, será decidido por deliberação dos
associados, para instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.

Então, as associações são pessoas jurídicas de direito privado, também caracterizada


pela união de pessoas com finalidade comum de exercer certas atividades, sejam de
ordem pública ou particular. Geralmente exige a formação de um patrimônio comum
pela afetação (para uma finalidade determinada) de bens particulares de seus
integrantes. Em regra, possuem fins religiosos, morais, culturais, desportivos ou
recreativos, e não tem fins lucrativos.

18
As associações são formadas pela vontade em comum de pessoas que buscam a
execução de determinada finalidade NÃO ECONÔMICA. O destaque ao termo “não
econômica” é necessário, pois, havendo esse interesse, a pessoa jurídica deixa de
assumir a forma de associação e passa a ter natureza de SOCIEDADE.

A associação pode ter como finalidade, por exemplo, a proteção e defesa dos
animais, a representação dos interesses dos moradores de determinado bairro, a
defesa dos interesses de determinada classe de pessoas. Enfim, toda e qualquer
finalidade LÍCITA e não econômica é possível às associações.

Como dito anteriormente, o ato constitutivo da Associação é o ESTATUTO SOCIAL,


que determinará os regramentos da instituição. O art. 54 do Código Civil elenca o
conteúdo mínimo desse estatuto:

AS SOCIEDADES / ARTIGO 966 DO CC

A sociedade esta mencionada como uma instituição de direito privado no inciso II


do artigo 44 do CC. Ocorre que, seu estudo com relação a classificação,
características, espécies, responsabilidades dos sócios, etc. serão analisadas quando
do estudo do direito de empresa, nas disciplinas direito empresarial I e II. (direito de
empresa art. 966 e seguintes do CC).

Assim deve ser, pois o artigo 44, II do Código Civil apenas menciona a sociedade
como pessoa jurídica de direito privado, sendo que, seu estudo é de interesse do
direito empresarial.

Aqui traçaremos alguns comentários simplificados sobre as sociedades previstas


nos artigos 966 a 1.195 do Código Civil bem como algumas outras formas de
constituição de empresas previstas em leis especificas.

Conceito de sociedade

19
São pessoas jurídicas de direito privado, proveniente da união de duas ou mais
pessoas (já temos as sociedades unipessoais) com uma finalidade comum de realizar
determinada atividade. Em regra, as sociedades possuem finalidade econômica,
sendo que, o lucro obtido, nesse caso, deve ser dividido entre os sócios.

Podem ser constituídas por profissionais de uma mesma área (sociedades simples de
advogados) ou prestadores de serviços técnicos. As sociedades simples embora
visem lucros distinguem-se das empresarias, pois não praticam atividade própria de
empresários.

Classificação das sociedades.

►O primeiro critério para classificar as sociedades empresárias diz respeito a


Sociedades de Pessoas ou de Capital.

Além disso, o tipo de sociedade afeta o controle da empresa, pois na Sociedade de


Pessoas os sócios detêm o controle da empresa, enquanto na Sociedade de Capital o
sócio investidor não possui poder de administração.

As sociedades de pessoas são aquelas em que a realização do objeto social depende


mais das qualidades individuais dos sócios que da contribuição material que eles
fornecem. Já as sociedades de Capital são as sociedades em que essa contribuição
material é mais importante que as características subjetivas dos sócios.

A sociedade de pessoas é pautada na confiança mutua entre os sócios, bem como na


intenção conjunta direcionada ao desenvolvimento da atividade empresarial. A este
relacionamento a doutrina denomina de “affectio societatis”.

Em uma sociedade de pessoas, a quebra da confiança entre os sócios pode significar


a ruptura do contrato social. Em outras palavras, isso pode significar o fim da
sociedade, ou ainda, a saída de um dos sócios (dissolução parcial da sociedade).

Em uma sociedade de capital a relação pessoal entre os sócios não tem relevância.
A única coisa que interessa é alcançar o fim social. Por esse motivo, na sociedade de

20
capital não se encontram as cláusulas de controle, ou seja, a cessão das ações
para terceiro será livre.

Como exemplo de sociedade de capital podemos mencionar a sociedade anônima,


considerando que a Petrobras é uma sociedade anônima de capital aberto, ou seja,
vende ações na bolsa de valores para qualquer interessado.

São sociedades de pessoas: as sociedades em nome coletivo e em comandita


simples.

A sociedade limitada pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com o contrato


social.

Já as sociedades anônimas e em comandita por ações são sociedades de capital.

Concluindo: A classificação entre sociedades de "pessoas" e de "capital" utiliza


como critério o vínculo estabelecido entre os sócios/participantes da empresa.

Nas sociedades em que predominasse o vínculo pessoal entre os sócios, imperaria o


intuitus personae, o que significa que o liame que conecta um a outro seria, num
primeiro momento, insubstituível.

Já nas sociedades em que predominasse um relacionamento puramente financeiro e


monetário, imperaria o intuitus pecuniae, razão pela qual a participação de cada um
seria livremente transferível, dada a importância apenas do capital.

Quando do estudo do direito de empresa será discutido a ineficiência desta distinção.


Primeiro porque não é uma classificação expressamente adotada pela legislação (ao
abrir, por exemplo, o Código Civil, não se vai encontrar essas expressões em lugar
algum).

►O segundo critério para classificá-las diz respeito ao regime de constituição e


dissolução do vínculo entre os sócios.

21
As sociedades podem ser contratuais ou institucionais. As sociedades contratuais são
constituídas por um contrato entre os sócios, quer dizer que o vínculo entre os
membros da pessoa jurídica tem natureza contratual.

Para a dissolução deste tipo de sociedade não basta a vontade majoritária dos
sócios, a jurisprudência reconhece o direito de os sócios, mesmo minoritários,
manterem a sociedade, contra a vontade da maioria; além disso há causas
específicas de dissolução desta categoria de sociedades, como a morte ou a
expulsão de sócio. São sociedades contratuais: em nome coletivo, em comandita

simples e limitada.

As sociedades institucionais, por sua vez, têm como ato regulamentar o estatuto
social. Estas sociedades podem ser dissolvidas por vontade da maioria societária e
há causas dissolutivas que lhes são exclusivas como a intervenção e liquidação
extrajudicial.

As sociedades institucionais, por sua vez, têm como ato regulamentar o estatuto
social. Estas sociedades podem ser dissolvidas por vontade da maioria societária e
há causas dissolutórias que lhes são exclusivas como a intervenção e liquidação
extrajudicial. São institucionais a sociedade anônima e a sociedade em comandita

por ações.

►O terceiro critério para classificação diz respeito à quantidade dos sócios:

Podem ser pluripessoal (dois ou mais sócios) ou unipessoal (apenas um sócio). Como
exemplo de sociedade pluripessoal podemos citar a sociedade anônima.

Sociedade pluripessoal é a regra geral para constituição das sociedades no nosso


ordenamento, é necessário ter dois sócios ou mais!

Para facilitar o empreendedorismo no Brasil, a Sociedade Limitada Unipessoal (SLU)


foi instituída pela Lei de Liberdade Econômica (13.874/2019) [1] e representa mais

22
uma opção ao empreendedor que deseja constituir um negócio com atuação
individual.

Esta representação jurídica se refere a um modelo de empreendimento que permite a


abertura de uma empresa com apenas um sócio, o qual possui responsabilidade
limitada sobre o capital social.

►O quarto critério de classificação diz respeito à estabilidade ou instabilidade


do vínculo entre os sócios das sociedades empresarias.

Vínculo instável é quando o sócio pode se desligar por declaração unilateral de sua
vontade. Já a de vínculo estável é aquela em que o desligamento mediante
reembolso de capital admite-se apenas em hipóteses excepcionais, especificamente
indicadas na lei, mesmo que a sociedade seja por prazo indeterminado.

São sociedades empresárias de vínculo instável: a sociedade em nome coletivo e em


comandita simples contratadas por prazo indeterminado.

São sociedades de vínculo estável: nome coletivo e em comandita simples


contratadas por prazo determinado, e a sociedade anônima e em comandita por
ações.

Concluindo

Nas sociedades limitadas com vínculo societário instável  . Qualquer sócio pode dela
se desligar, imotivadamente, por simples notificação dos demais, a qualquer tempo.
O sócio retirante tem direito ao reembolso de suas quotas pelo valor patrimonial.

Nas sociedades com vínculo societário estável  não há fundamento legal para o
sócio pretender desligar-se imotivadamente do vínculo societário que o une aos
demais. Podendo se retirar somente nas hipóteses de modificação do contrato
social, ou nos casos de fusão ou incorporação
► Quinto critério diz respeito à responsabilidade dos sócios.

23
No nosso direito societário a regra é da subsidiariedade da responsabilidade dos
sócios pelas obrigações sociais, ou seja: primeiro responde a empresa depois os
sócios.

As sociedades se classificam em razão de responsabilidade dos sócios pelas


obrigações sociais: responsabilidade ilimitada e responsabilidade limitada.

Limitada: Uma sociedade pode ser classificada como limitada quando a


responsabilidade dos seus sócios possuir limites patrimoniais vinculados ao valor de
suas respectivas quotas ou ações, de modo que as dívidas da sociedade não
alcançarão, em regra, seus respectivos patrimônios pessoais. Exemplificativamente,
temos a sociedade anônima ou a intitulada “sociedade limitada”.

Ilimitada: os sócios respondem com seus bens pessoais, sem limites pelas
obrigações assumidas pela sociedade, como ocorre na sociedade em nome coletivo.

Concluindo

Sociedades ilimitadas são aquelas em que a responsabilidade dos sócios não é


restrita ao valor das suas cotas. Isso quer dizer que o patrimônio pessoal dos
sócios pode ser comprometido em caso de falência e dívidas da empresa.

Essa é a característica que o Código Civil define para diversos tipos de sociedades,
como a Sociedade em Comum, a Sociedade em Nome Coletivo e a Sociedade em
Comandita por Ações.

Sociedades de responsabilidade limitada são aquelas em que os sócios não podem


ser responsabilizados pelos prejuízos do negócio para além das suas cotas de
participação. Portanto, a responsabilidade dos sócios é proporcional ao capital
investido, mesmo que todos respondam solidariamente pelo capital total.

Isso significa que o patrimônio social da empresa não se confunde com o patrimônio


individual dos titulares, que fica protegido em caso de falência, débitos ou disputas

24
judiciais da empresa. Por esse motivo, as sociedades limitadas são as mais comuns
no Brasil.

► Sexto critério, sociedades classificadas como de grande porte.

Dois são os critérios para considerar se uma sociedade empresária como sendo de
grande porte. O primeiro diz respeito ao valor do ativo, que deve superar R$
240.000.000,00. O segundo critério está relacionado a receita bruta anual, superior a
R$ 300.000.000,00. Estas sociedades devem manter a escrituração mercantil,
elaborar demonstrações financeiras e submeter-se a auditoria independente. (valores
contidos no art. 3º paragrafo único da Lei 11.639/07).

Art. 3º (...)

Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a
sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício
social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões
de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de
reais).

Concluindo

A receita bruta é, resumidamente, toda a entrada de recursos que condiz com as


atividades para as quais a empresa foi constituída, conforme seu contrato social , ou
seja, todo produto da venda de bens e serviços de uma organização, antes de
qualquer dedução.

Neste grupo ficam as contas nas quais são registrados os bens, créditos e direitos
que compõem o patrimônio da empresa. Alguns exemplos de ativos são: estoque (de
produtos acabados ou de matéria-prima); bens, como máquinas, equipamentos e
prédios; e ainda contas de ativos financeiros, como investimentos ou duplicatas a
receber.

► Sétimo critério: dependência ou não de autorização estatal.

25
Dependência de autorização. Há sociedades que não dependem de autorização
governamental para se constituírem e funcionarem: Há sociedades que dependem
de autorização governamental. As sociedades dependentes de autorização estão
disciplinadas nos arts. 1.123 a 1.141 do Código Civil.

O QUE É UMA SOCIEDADE EMPRESARIAL?

Sociedade Empresarial é um grupo de pessoas com um objetivo em comum de


exercer uma atividade econômica de forma profissional e organizada para produzir,
comercializar ou oferecer bens e serviços de forma a obter lucro. Essa é a definição
mais simples, clara e objetiva do conceito de sociedade empresarial.

Tipos de Sociedades Empresariais

Agora o termo sociedade empresarial já não é mais desconhecido para você. Mas
não basta apenas dizer “vou abrir uma sociedade”. Além disto, é preciso entender
qual dos tipos existentes se encaixa no perfil e características do negócio que o seu
cliente quer abrir.

Quando falamos em constituição de empresas, muitas vezes nos limitamos aos


tipos mais comuns que ouvimos falar. Desde os modelos individuais: MEI
(Microempreendedor Individual) Empresário Individual (EI), e Sociedade Limitada
Unipessoal. SLU, até os formatos de sociedade simples ou sociedade limitada. Mas
além desses modelos mais usuais, existe uma série de tipos de sociedades no Brasil.
São outras opções de formatos empresariais para quem vai começar um negócio com
sócios.

Você que quer se tornar um empreendedor ou até mesmo quem já é e/ou deseja
fazer uma transformação empresarial, conhece os principais tipos de sociedades
empresariais? Se já conhece, vale a atualização das informações, se não conhece
vamos apresentar cada uma delas de uma forma clara e objetiva. Antes, porém,
vamos esclarecer o que é uma sociedade empresarial.
Já observamos que na disciplina de Teoria Geral do Direito Civil serão apenas
apresentadas os tipos de sociedades, ficando seu estudo mais aprofundado quando

26
das disciplinas de direito empresarial I e II. A seguir analisaremos de forma
simplificada as sociedades contidas no artigo 966 do CC, ou sejam:

1) Sociedades em comum (art. 986 do CC).


2) Sociedade em conta de participação (art. 991 do CC).
3) Sociedade simples (art. 997 dom CC).
4) Sociedade em nome coletivo (art. 1.039 do CC).
5) Sociedade em comandita simples (art. 1.040 do CC).
6) Sociedade limitada (art. 1.052 do CC).
7) Sociedade anônima (art. 1.088 do CC).
8) Comandita por ações (art. 1.090).

OBS: O artigo 980-A do Código Civil que tratava da Empresa Individual de


Responsabilidade Limitada – EIRELI foi revogado pela Lei 14. 382 de junho de
2022, bem como está revogado pela mesma Lei o Inciso VI do artigo 44 do CC.

Então, aqui serão mencionados algumas características destas sociedades, que


serão estudadas de forma simplificada apenas para levar ao conhecimento dos
alunos os tipos de sociedade de direito privado a serem analisadas nas
disciplinas direito empresarial I e II.

1) Sociedade em comum - 986 do CC

Sociedade em comum é uma sociedade contratual em formação. Não é sociedade


institucional. Esta espécie de Sociedade não tem registro na Junta Comercial, logo,
não tem personalidade jurídica ou nome empresarial.

A sociedade em comum é uma espécie de sociedade despersonificada (não possui


personalidade jurídica), constituindo sociedade de fato ou irregular. Assim sendo, as
normas da sociedade em comum são aplicáveis as sociedades que não possuem
atos constitutivos ou que possuem, mas sem o devido registro (Artigo 986 do CCB).
Diante da ausência de personalidade jurídica própria, os bens e as dívidas da
sociedade em comum constituem patrimônio especial, do qual os sócios são
titulares em comum (Artigo 988 do CCB).

27
Assim sendo, os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por
qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá
eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer (Artigo 989 do CCB).

Além disso, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações


sociais, excluído do benefício de ordem para aquele que contratou pela sociedade
(Artigo 990 do CCB).

Por se tratar de sociedade de fato ou irregular, os sócios da sociedade em comum,


nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a
existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo (Artigo
987 do CCB).

Concluindo

As Sociedades em Comum são aquelas que não possuem contrato social ou este não
foi registrado na Junta Comercial ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. É uma
sociedade irregular (sem contrato) ou que existe apenas de fato (contrato não foi
registrado), por isso, é despersonificada (não tem personalidade jurídica).

2) Sociedade em Conta de Participação – 991 do CC

Sociedade composta por duas ou mais pessoas, sendo uma delas comerciante. Nela,
os sócios se reúnem sem firma social, a fim de chegar a um lucro comum para
operações de comércio determinados, de forma que um ou todos trabalham em seu
nome individual para o fim social.

A Sociedade em Conta de Participação não precisa das formalidades das demais


sociedades. E também não tem a necessidade de registro na Junta Comercial.
Normalmente possui um prazo determinado e, assim que atingido o seu objetivo, se
desfaz.

OBS: O Código Civil trocou a palavra comerciante por empresário.

28
Concluindo

A Sociedade em Conta de Participação (SCP) é a estrutura pela qual duas ou mais


pessoas se unem visando um fim específico. Dessa forma, uma pessoa fornece
recursos à outra para que a última os utilize em determinado projeto ou
empreendimento visando auferir resultados a serem compartilhados.

3) Da Sociedade Simples – 997 do CC

A Sociedade Simples é voltada para parcerias profissionais que prestam serviços. Ou


seja, os próprios sócios exercem as atividades da empresa. Alguns exemplos são os
médicos, advogados e outros profissionais que têm suas profissões como própria
atividade.

Geralmente são aquelas atividades de cunho intelectual. Além disto, eles devem
possuir registro em órgão de classe, como o (OAB, CRM e CRC), por exemplo, no
caso dos advogados, médicos e contadores.

Diferentemente das outras sociedades empresariais que exercem atividade comercial


ou empresarial, a simples não precisa ser registrada na Junta Comercial. Sendo
assim, a constituição, alteração e distrato são registrados em Cartório de Registro
Civil das Pessoas Jurídicas.

Concluindo

A sociedade simples remete a parcerias entre profissionais prestadores de serviços,


constituindo casos nos quais eles mesmos exercem a atividade para a qual a
sociedade existe. Exemplos são sociedades entre médicos, advogados e outros
profissionais cujas atividades, ou seja, profissões, correspondem à própria finalidade
da união.

29
Dessa forma, esse tipo de sociedade explora prioritariamente atividades de prestação
de serviços de natureza notadamente intelectual e/ou cooperativa. O objeto descrito
no contrato social de uma parceria desse tipo, portanto, deve necessariamente não
corresponder a atividades mercantis.  Em geral, o conceito está ligado a atividades de
natureza científica, literária, artística, entre outras.

4) Sociedade em Nome Coletivo - art.1.039 do CC

A Sociedade em Nome Coletivo trata-se de um tipo societário em que os sócios são


solidários e respondem ilimitadamente pelas dívidas da empresa. Neste caso, é
possível que a dívida da empresa atinja o patrimônio dos sócios. Conforme o Art.
1.039 do CC (Código Civil), a sociedade só pode ser constituída por pessoa física. Ou
seja, não pode ser administrada por terceiros.

Concluindo

A sociedade em nome coletivo, trata-se de uma modalidade social, que destinada


somente a pessoas físicas. Os sócios têm responsabilidade ilimitada em relação as
obrigações assumidas pela empresa, a menos que por ato constitutivo ou convenção
posterior haja a limitação das responsabilidades entre cada indivíduo.

É fundamental que a sociedade em nome coletivo possua um contrato social que


tenha sido registrado na Junta Comercial. Alterações realizadas nesse documento
também devem ser registradas no órgão. Somente os sócios podem assumir papel de
gestão da sociedade.

A característica mais marcante dessa forma de sociedade é o fato de que todos os


sócios respondem pelas dívidas contraídas pela organização. Isso significa
basicamente que as dívidas da sociedade podem recair sobre os bens do patrimônio
dos sócios. Contudo, fica a ressalva de que é possível limitar a responsabilidade de
cada sócio no contato social.
5) Da Sociedade em Comandita Simples – 1.045 do CC

30
É a caracterizada pela existência de dois tipos de sócios: os sócios comanditários e
os comanditados.

Os sócios comanditários têm responsabilidade limitada em relação às


obrigações contraídas pela sociedade empresária, respondendo apenas pela
integralização das quotas subscritas. Contribuem apenas com o capital subscrito, não
contribuindo de nenhuma outra forma para o funcionamento da empresa, ficando
alheios, inclusive, da administração daquela.

Já os sócios comanditados contribuem com capital e trabalho, além de serem


responsáveis pela administração da atividade da empresa. Sua responsabilidade
perante terceiros é ilimitada, devendo saldar as obrigações contraídas pela
sociedade. A firma ou razão social da sociedade somente pode conter nomes de
sócios comanditados, sendo que, a presença do nome de sócio comanditário faz
presumir que o mesmo é comanditado, passando a responder de forma ilimitada.

A matéria é regida pelos artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil.

Artigo 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas


categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente
pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua
quota.

Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade


em nome coletivo, no que forem compatíveis com as deste Capítulo.

Art.1047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de


lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão,
nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de
sócio comanditado.
Parágrafo único. Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para
negócio determinado e com poderes especiais.

Concluindo

Então, a sociedade em comandita simples é aquela constituída por sócios que


possuem responsabilidade limitada ao valor da importância que disponibilizaram

31
para a formação do capital (comanditários). E os sócios que possuem
responsabilidade ilimitada e solidária, chamado de comanditados.

6) Sociedade Limitada – 1.052 do CC

A Sociedade Limitada é uma empresa criada de acordo com o investimento de cada


sócio na formação do capital social. Normalmente é constituída por dois ou mais
sócios – e até mesmo por outra empresa – sendo que cada um deles é responsável
pelo percentual do capital social investido. Para a composição da razão social (nome
da empresa) é necessário incluir a sigla “LTDA”, que significa “limitada”.

A empresa pode ser constituída por membros de uma família ou uma sociedade
anônima, de forma que um desses sócios seja o responsável legal pela empresa.

O responsável pela empresa tem previsão em cláusula do Contrato Social de


constituição da pessoa jurídica. Por se tratar de uma sociedade em que há
investimento de cada sócio, ela dá o respaldo legal que protege o patrimônio de cada
um nos casos de falência, rompimento ou afastamento. E diferentemente da
sociedade simples pura, a sociedade limitada é registrada na Junta Comercial
correspondente ao estado de abertura.

Concluindo

Na Sociedade Limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas


quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do Capital Social.

Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem
seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de um quarto do Capital Social.

7) Da Sociedade Anônima – 1.088 do CC

A Sociedade Anônima é a mais comum no Brasil. Composta por dois sócios ou mais,
seu capital social é dividido por ações ou cotas. Este tipo de sociedade possui certa

32
complexidade e geralmente já está mais amadurecida. Os sócios possuem o objetivo
de acumular capital.

O capital dessa sociedade pode ser de duas formas:

Aberto – o valor pode ser negociado na bolsa de valores. Petrobras


Fechado – o valor não é negociável na bolsa de valores. / Claudino SA

Neste modelo de sociedade os nomes não são associados à composição da empresa


e, sim, às ações ou cotas. Cada sócio tem sua responsabilidade de acordo com seu
percentual.

Para a constituição de uma empresa com menos complexidade e exigências, é


recomendável a Sociedade Limitada. Na maioria das vezes atende às necessidades e
expectativas dentro da realidade atual.

OBS O grupo Mateus (supermercado) tornou-se uma sociedade anônima de capital


aberto, quem tiver grana pode comprar ações do grupo na bolsa de valores.

Concluindo

Sociedade Anônima, ou S.A, SA, S/A, é uma natureza jurídica que tem como principal
característica a divisão por ações. Isso quer dizer que a participação e a
responsabilidade de cada sócio, chamados de acionistas, está totalmente vinculada e
limitada ao preço de emissão das ações que adquirir.

Normalmente, esse formato costuma ser mais indicado para negócios com um
investimento inicial alto e com planos de crescimento, já que em companhias S.A a
captação de recursos costuma ser mais fácil.

Art. 1.160 do Código Civil. A sociedade anônima opera sob denominação integrada
pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou
abreviadamente, facultada a designação do objeto social.

33
8) Da Sociedade em Comandita por Ações – 1.090 do CC

Neste modelo de sociedade o capital da empresa é dividido por ações ou cotas, da


mesma forma que na Sociedade Anônima. Mas neste caso somente os sócios
administradores, denominados diretores e escolhidos previamente na ata de
constituição da sociedade, possuem responsabilidades ilimitadas.

Em se tratando dos bens dos sócios, em caso de falecimento, por exemplo, ele só
seria atingido caso o capital da empresa se esgotasse. Ou até mesmo um caso de
destituição de um diretor seria realizado através da deliberação dos sócios
representando pelo menos pela maioria deles.

Concluindo

A sociedade em comandita por ações é aquela em que o capital é dividido em ações,


respondendo os acionistas apenas com valor das ações subscritas ou adquiridas,
mas tendo os diretores ou gerentes responsabilidades ilimitada e solidária pelas
obrigações sociais. Essas sociedades poderão usar firma ou denominação, da firma
constando apenas os nomes dos sócios diretores ou gerentes. Somente os acionistas
poderão administrar a sociedade, sendo nomeados pelos estatutos, sem limitação de
tempo.

Tem-se que essas sociedades não possuem estatuto próprio, sendo reguladas pelas
normas gerais estabelecidas para as sociedades anônimas, apenas modificadas por
alguns dispositivos que dão a característica diferencial desse tipo de sociedade.
OBS:

Firma é o nome utilizado pelo empresário individual, pela sociedade em que houver
sócio de responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, pela sociedade limitada.

Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e cooperativa e, em caráter


opcional, pela sociedade limitada, e em comandita por ações.

34
Art. 1.161 do Código Civil. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de
firma, adotar denominação aditada da expressão ‘comandita por ações’, facultada a
designação do objeto social.” (NR)

9) Sociedade de Advogados

OBS: Não está prevista no Código Civil, e sim no Estatuto da Ordem dos Advogados
do Brasil - Lei 8.906/94, artigos 15/18

Para a Sociedades de Advogados não se aplicam as mesmas regras das demais


sociedades. Mas podem se reunir em uma sociedade simples ou sociedade
unipessoal de advocacia (SUA), dentro da Lei e no Regulamento Geral.

Para se tornarem pessoas jurídicas, tanto às sociedades de advogados quanto a


sociedade unipessoal, é preciso o registro dos seus atos constitutivos no Conselho
Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede, tendo a aplicação do Código de
Ética e Disciplina, no que couber.

Neste caso nenhum advogado pode fazer parte de mais de uma sociedade. Além
disto, sua denominação deve ser composta obrigatoriamente pelo nome de um dos
advogados, responsável pela sociedade. A sociedade unipessoal é obrigatoriamente
formada pelo nome do advogado, tendo a expressão de “Sociedade Individual de
Advocacia”.

Concluindo

Vejamos a regulamentação da sociedade de advogados nos artigos 15 / 18 da Lei


8.906/94 - Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil

Art. 15.  Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de


serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma
disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.          

§ 1o  A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem


personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.          

35
§ 2o  Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o
Código de Ética e Disciplina, no que couber.           

§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar


a sociedade de que façam parte.

§ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados,


constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar,
simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de
advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho
Seccional.           

§ 5o  O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e


arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o
titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição
suplementar.             

§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem


representar em juízo clientes de interesses opostos.

§ 7o  A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um


advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das
razões que motivaram tal concentração.             

§ 8º Nas sociedades de advogados, a escolha do sócio-administrador poderá recair


sobre advogado que atue como servidor da administração direta, indireta e
fundacional, desde que não esteja sujeito ao regime de dedicação exclusiva, não lhe
sendo aplicável o disposto no inciso X do caput do art. 117 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990, no que se refere à sociedade de advogados.  (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022)

§ 9º A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia deverão


recolher seus tributos sobre a parcela da receita que efetivamente lhes couber, com a
exclusão da receita que for transferida a outros advogados ou a sociedades que
atuem em forma de parceria para o atendimento do cliente.    (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022)

§ 10. Cabem ao Conselho Federal da OAB a fiscalização, o acompanhamento e a


definição de parâmetros e de diretrizes da relação jurídica mantida entre advogados e
sociedades de advogados ou entre escritório de advogados sócios e advogado
associado, inclusive no que se refere ao cumprimento dos requisitos norteadores da
associação sem vínculo empregatício autorizada expressamente neste
artigo.       (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

§ 11. Não será admitida a averbação do contrato de associação que contenha, em


conjunto, os elementos caracterizadores de relação de emprego previstos na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943.   (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

36
§ 12. A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia podem ter
como sede, filial ou local de trabalho espaço de uso individual ou compartilhado com
outros escritórios de advocacia ou empresas, desde que respeitadas as hipóteses de
sigilo previstas nesta Lei e no Código de Ética e Disciplina.  (Incluído pela Lei nº
14.365, de 2022)

Art. 16.  Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de
sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade
empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas
à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia
pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar.    

§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado
responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que
prevista tal possibilidade no ato constitutivo.

§ 2º O impedimento ou a incompatibilidade em caráter temporário do advogado não o


exclui da sociedade de advogados à qual pertença e deve ser averbado no registro da
sociedade, observado o disposto nos arts. 27, 28, 29 e 30 desta Lei e proibida, em
qualquer hipótese, a exploração de seu nome e de sua imagem em favor da
sociedade.      (Redação dada pela Lei nº 14.365, de 2022)

§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas


juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de
advocacia.

§ 4o  A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser


obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a
expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’.            

Art. 17.  Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia


respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação
ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar
em que possam incorrer.               

Art. 17-A. O advogado poderá associar-se a uma ou mais sociedades de advogados


ou sociedades unipessoais de advocacia, sem que estejam presentes os requisitos
legais de vínculo empregatício, para prestação de serviços e participação nos
resultados, na forma do Regulamento Geral e de Provimentos do Conselho Federal
da OAB.      (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

Art. 17-B. A associação de que trata o art. 17-A desta Lei dar-se-á por meio de
pactuação de contrato próprio, que poderá ser de caráter geral ou restringir-se a
determinada causa ou trabalho e que deverá ser registrado no Conselho Seccional da
OAB em cuja base territorial tiver sede a sociedade de advogados que dele tomar
parte.       (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

37
Parágrafo único. No contrato de associação, o advogado sócio ou associado e a
sociedade pactuarão as condições para o desempenho da atividade advocatícia e
estipularão livremente os critérios para a partilha dos resultados dela decorrentes,
devendo o contrato conter, no mínimo:  (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

I - qualificação das partes, com referência expressa à inscrição no Conselho


Seccional da OAB competente;  (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

II - especificação e delimitação do serviço a ser prestado;  (Incluído pela Lei nº


14.365, de 2022)

III - forma de repartição dos riscos e das receitas entre as partes, vedada a atribuição
da totalidade dos riscos ou das receitas exclusivamente a uma delas;   (Incluído pela
Lei nº 14.365, de 2022)

IV - responsabilidade pelo fornecimento de condições materiais e pelo custeio das


despesas necessárias à execução dos serviços;   (Incluído pela Lei nº 14.365, de
2022)

V - prazo de duração do contrato.   (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE SOCIEDADES

►Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

► Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

► Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha


I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autografada que poderá ser substituída pela
assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a
sua autenticidade, ressalvado o disposto no Inciso I do § 1º do art. 4º da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 .  
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.

(...)
► Art, 972 . Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno
gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

AS FUNDAÇÕES ARTIGOS 62/69 DO CC.


38
Conceito e Finalidades.

A pessoa jurídica ou é uma universalidade de pessoas ou uma universalidade de


bens. As fundações são universalidades de bens, ou seja, assentam sua razão
de ser num patrimônio destinado para certas finalidades, as quais podem ser
religiosas, morais, culturais ou de assistência, conforme parágrafo único do art.
62 do CC. Com a criação de uma fundação há uma destinação de bens em
função de uma finalidade fixada pelo instituidor ou fundador.

Fundação e uma organização que gira em torno de um patrimônio, que se destina a


uma determinada finalidade.  Deve ser ultimada por escritura pública ou testamento.

Após a elaboração do Estatuto da fundação projetada, este será submetido a


autoridade competente, isto é, ao órgão do Ministério Publico.  Aprovado por este, o
Estatuto deverá ser registrado e, neste momento, a Fundação adquire personalidade
jurídica.

Sobre o assunto assim preceitua o artigo 62 do Código Civil

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: 


I – assistência social; 
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III – educação; 
IV – saúde; 
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável; 
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização
de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos; 
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; 
IX – atividades religiosas;
X – (VETADO). 

39
Da analise do artigo 62 percebe-se os requisitos para a constituição de uma
fundação, ou sejam:

I. Patrimônio: bens livres ou desembaraçados.


II. Finalidades: religiosas; morais, culturais ou assistenciais.
III. Especificação da finalidade no ato da instituição.

Pela égide do art. 62, do CC a fundação será constituída por meio de testamento
ou Escritura Pública. Assim, no caso da fundação ser instituída por meio de
testamento, ela está condicionada a um evento futuro, que é a morte do
instituidor. O testamento é revogável. Se constituída por escritura pública é
irrevogável.

A lei só permite que se altere o Estatuto da Fundação consoante três condições:

1º) deliberação da maioria dos administradores e representantes da Fundação;


2º) respeito a sua finalidade original;
3º) aprovação da autoridade competente.

A Fundação se extingue quando vencido o prazo de sua existência. Tal hipótese


raramente se apresenta, porque, em geral, a Fundação é criada por prazo
indeterminado; além disso, extingue-se quando se torna nociva ao interesse público;
e, finalmente, quando seu objeto se torna impossível.

Fases da criação das fundações

1) A dotação de bens  - O primeiro ato seria a dotação ou instituição, por escritura


pública ou testamento, onde o instituidor indica bens livres que deverão reunir-se para
determinado fim. Pode ser feito por ato “inter vivos” (escritura pública) ou “causa
mortis” (testamento). Desta forma, o instituidor reserva bens necessários à criação
da Fundação.
Nesse ato ele deve determinar a finalidade da Fundação e até mesmo a maneira
como será administrada. Como já mencionamos acima, o parágrafo único do art. 62
do Código Civil elenca as finalidades que a Fundação deve perseguir:

40
Se os bens destacados forem insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
destinados, se de outro modo não dispuser o instituidor, serão incorporados em
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. (art. 63 do CC)

A instituição da fundação pode ser por via testamentária (revogável) ou por escritura
pública (irrevogável) perante o Cartório de Notas, cuja atividade é delegada pelo
Estado.

Quando se fala em bens da fundação, devemos destacar que pode ser dinheiro,
móveis, imóveis, etc. de forma que as rendas auferidas com estes bens
(aluguel dos bens dotados) sejam suficientes para a manutenção da fundação.

2ª Elaboração do Estatuto: pode ser feita de maneira direta (pelo próprio instituidor)


ou fiduciária (quando o instituidor determina pessoa de sua confiança para
elaboração).

Elaborado o Estatuto, ele será apresentado para análise e aprovação. Caso o estatuto
não seja elaborado no prazo determinado pelo instituidor ou em 180 dias (caso não
tenha sido estipulado prazo específico), caberá ao Ministério Público o ônus de
confeccioná-lo e apresentá-lo para aprovação.

O estatuto pode ser elaborado.

► pelo próprio instituidor


►por quem o instituidor delegou a tarefa (art. 65, 1ª parte)
► pelo Ministério Público, no caso do estatuto não ser elaborado no prazo
assinado pelo instituidor, ou não havendo prazo, deverá elaborá-lo em 180 dias da
instituição (art. 65, par. único).

3ª Aprovação do Estatuto: o primeiro controle para verificação dos fins da


fundação (licitude) é feito pelo Ministério Público, através da Curadoria das
Fundações, que aprova o estatuto. Caso o Ministério Público injustamente não
aprove o estatuto, cabe recurso ao juiz (art. 65, parte final)

41
4ª Registro do Estatuto: Após a aprovação o Estatuto deverá ser registrado no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Conforme o ( art. 45 do CC) . “A
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro”. (art. 45 do CC e art. 144, I da Lei
6.015/73).

Eventuais alterações no Estatuto também devem ser aprovadas pelo Ministério


Público, na forma do art. 67 do Código Civil. Vejamos:

Art. 67 . Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma :

I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a
fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta
e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado.   

Para a alteração do estatuto da fundação é imprescindível a deliberação por dois


terços dos competentes para gerir e representar a fundação, a ausência de
desvirtuamento do fim desta fundação e a aprovação pelo órgão do Ministério Público.

Sobre o registro das pessoas jurídicas, não custa repetir o enunciado do artigo 46
do Código Civil:

Art. 46. O registro declarará:


I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.

42
Extinção – Pela égide do artigo 69 do Código Civil a Fundação se extingue
quando vencido o prazo de sua existência. Tal hipótese raramente se apresenta,
porque, em geral, a Fundação é criada por prazo indeterminado; além disso, extingue-
se quando se torna nociva ao interesse publico; e, finalmente, quando seu objeto se
torna impossível.

Destinação do Patrimônio: Caso a fundação seja extinta, o patrimônio não volta


aos herdeiros. A disposição a respeito da destinação do patrimônio da fundação, em
caso de extinção pode constar do ato constitutivo (testamento ou escritura pública),
ou do estatuto. Se inexistir disposição nesse sentido, o patrimônio da fundação extinta
será destinado, pelo juiz, para outra entidade similar, com finalidade semelhante,
nos termos do artigo 69 do CC.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Diferentemente das associações, as fundações não são formadas pela união de


pessoas para determinados fins, mas sim, pela universalidade de bens,
personalizadas pela ordem jurídica, em consideração a um fim estipulado pelo
fundador.

Em outras palavras, a fundação nasce da entrega de determinados bens para sua


criação. Nasce da vontade de uma pessoa que doa parte do seu patrimônio para
constituição da Fundação.

Ex: Edmar é um jogador de futebol e deseja criar uma entidade para atender crianças
carentes de um bairro da sua cidade natal. Resolve então doar parte do seu
patrimônio para realização dessa finalidade. Esse patrimônio destacado será a base
para criação de uma Fundação, sendo que, a renda gerada por ele, será usada como
forma de sua manutenção.

43
Os passos para a criação de uma fundação são os seguintes:

Como foi possível observar as fundações também podem ser de direito público, mas a
“regra” na omissão de eventuais informações da questão é considerá-la como pessoa
jurídica do direito privado.

FUNDAÇÕES PÚBLICAS

Deve-se ressaltar que o objeto de estudo desta disciplina são as fundações de


direito privado, porém para efeito de comparação serão analisadas algumas das
características das fundações de direito público.

Conceito:

Para a maioria doutrinaria o conceito de fundação pública mais comum era o


disposto no art. 5º, IV do Decreto-Lei nº 200/67, com redação dada pela Lei
nº 7.596/87, in verbis:
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

(...)

44
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o
desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades
de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.

As Fundações Públicas, em síntese, são instituídas pelo poder público com o


patrimônio, total ou parcialmente público, dotado de personalidade jurídica, de
direito público ou privado, controlado pela administração pública, com capacidade de
autoadministração, desde que, nos limites da Lei.

As fundações públicas devem se destinar às atividades que de alguma forma


tenham um fim coletivo, como relacionadas à assistência social, médica e hospitalar,
educação, ensino, pesquisa e atividades culturais, todas de relevo coletivo o que
justifica a vinculação de bens e recursos públicos para sua realização.

Importante salientar ainda, que as fundações públicas possuem autonomia


administrativa e financeira e não possuem fins lucrativos.

Ademais, há outro dispositivo legal de suma importância para a conceituação das


Fundações Públicas, qual seja o inciso XIX, do artigo 37 da Constituição Federal:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
(...)
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

Critérios diferenciadores das fundações de direito público e privado

Para definir se a fundação é pública ou privada a análise da lei instituidora é


imprescindível, tendo os doutrinadores fixado alguns critérios de diferenciação que
nelas podem ser identificados.

45
►A fundação de direito público é crida por lei (Lei nº 7.596, e art. 37, XIX,
da Constituição); sendo que, seus atos constitutivos não necessitam de inscrição
no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, pois a própria lei da início a personalidade
jurídica da fundação de direito público.

► A origem dos recursos, serão de direito público, ou seja, aquelas que já tiverem
previsão própria no orçamento da pessoa federativa, e que, por isso mesmo, sejam
mantidas por tais verbas.

► A fundação pública deve ser criada por lei, a fundação privada, é criada pela
instituição de patrimônio e devidamente registrada no Cartório das Pessoas
Jurídicas.

► A fundação pública está subordinada à fiscalização, controle e gestão financeira,


o que inclui fiscalização pelo Tribunal de Contas.

► A extinção da pessoa jurídica de direito público somente poderá ser feita por lei.

► Os empregados da fundação pública estão sujeitos ao regime trabalhista


celetistas. Porém equiparam-se aos funcionários públicos para os fins previstos no
art. 37 da Constituição, inclusive acumulação de cargos e necessidade de
aprovação em concurso público.

► A fundação pública se submete à Lei de licitações e contratos; LEI Nº 14.133,


DE 1º DE ABRIL DE 2021).
► A fundação pública Interessa ao direito administrativo por ser da administração
pública indireta.

► Nas fundações públicas a demissão ocorre por meio de inquérito administrativo


disciplinar assegurado a legitima defesa e o contraditório.

► Os bens pertencentes as fundações públicas, não podendo se penhorados


para pagamento de dividas nem adquiridos por usucapião.

Concluindo:

46
Com relação as fundações temos as de direito público e as de direito privado,
sendo que, as de direito público é criada por lei, já a de direito privado é criado
pelo registro no cartório das pessoas jurídicas.

As de direito público carecem de concurso público para a formação de seu


pessoal, sendo que, a demissão deverá ser precedida de processo administrativo
disciplinar com ampla defesa e contraditório.

A titulo de lembrança, vocês estudam na Fundação Universidade Estadual do


Piauí, fundação criada por lei, com autonomia financeira e administrativa (mentira
kkk) com a finalidade educativa de nível superior.

Ainda com relação às pessoas jurídicas de direito privado previstos no artigo 44 do


Código Civil, temos as organizações religiosas e os partidos políticos, isto porque
não temos mais as Sociedades Individuais de Responsabilidade Limitada –
EIRELI, em virtude da revogação do inciso VI. Esta sociedade foi transformada
na Sociedade Limitada Unipessoal - SLU que será explicado ainda neste trabalho.
DAS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

O legislador introduziu no Código Civil Brasileiro, através da Lei nº 10.825, de 22 de


dezembro de 2003, o inciso IV do art. 44, que dispõe sobre os tipos de pessoas
jurídicas e entre eles, a organização religiosa.

Para fortalecer o entendimento sobre esse tipo de pessoa jurídica, introduziu o § 1º ao


art. 44, segundo o qual as “Organizações Religiosas são livres quanto à criação, à
organização, à estruturação interna e o seu funcionamento, sendo vedado ao poder
público negar-lhe reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao
seu funcionamento”.

Ao trazer essa disposição de maior liberdade, o objetivo foi dar eficácia ao preceito
Constitucional, sem, contudo, estabelecer critérios rígidos e limites às atividades. O
próprio regramento da Imunidade Tributária independe do tipo ou natureza jurídica
escolhida por aqueles que professam sua fé ou realizam seus cultos e se organizam
através das Pessoas Jurídicas.

47
Devem aplicar-se a elas as normas referentes às associações apenas naquilo em que
houver compatibilidade. Ela não se limita a apenas um fim, portanto, além do fim
teológico, poderá ter fins pastorais e evangélicos.

Constitui-se por estatuto social e não possui fins lucrativos. A contribuição, para
manutenção, em regra, dá-se pelo dízimo e não é tributado.

A imunidade tributária dos templos de qualquer culto, prevista no artigo 150, VI


da Constituição Federal, garante que qualquer entidade de cunho religioso seja imune
a todo tipo de impostos governamentais no Brasil.

Entre os impostos mais comuns isentos de templos de qualquer culto estão


o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto de Renda (IR), Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação (ITCMD).

Para garantir o direito, a organização religiosa deve realizar um cadastramento e


apresentar documentos para análise perante o poder público.
OBS: Não confundir imunidade tributaria com isenção fiscal. A imunidade é
determinada pela Constituição Federal sobre tributação de certas pessoas ou certos
fatos, enquanto a isenção é o exercício da competência do ente da federação, que
isenta de tributos de forma voluntaria uma determinada entidade.

Concluindo

São entidades de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito
de culto, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo, em geral, preceitos éticos.
Nesse conceito enquadram-se desde igrejas e seitas até comunidades leigas, como
confrarias ou irmandades. Nota-se que a liberdade de organização religiosa é uma
das formas de expressão da liberdade religiosa, coexistindo com a liberdade de
crença e de culto.

48
Convém ressaltar que pela égide do inciso I do art. 19 da Carta Maior. É vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 

Art. 19 da CF
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público). Ante o
exposto, conclui-se que as organizações religiosas ou templos de qualquer culto têm
na Constituição Federal seu fundamento de validade, não havendo necessidade de lei
federal para autorizar-lhes a existência.

OBS: A CF/88 assegura a liberdade de culto, porem não a regulamente. Isto posto,
podemos notar que alguns estados têm leis próprias sobre o assunto como é o caso
de São Paulo que regulamentou a liberdade religiosa por meio da Lei 17.346/2021.

DOS PARTIDOS POLITICOS

Pessoa jurídica de direito privado caracterizada pela união de pessoas com a


finalidade específica de exercer a atividade política. Não tem fins lucrativos e sim
políticos, razão pela qual possuem natureza própria.

Sobre os partidos políticos assim preceitua o artigo 17 da CF/88, vejamos:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna
e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes
e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de
escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

49
§ 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei
civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º. Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e


à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por
cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou

II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo


menos um terço das unidades da Federação.

§ 4º. É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste


artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro
partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de
distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e
de televisão.

§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e os


Vereadores que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos perderão o
mandato, salvo nos casos de anuência do partido ou de outras hipóteses de justa
causa estabelecidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração de partido
para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de outros fundos públicos
e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº
111, de 2021)

§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos
do fundo partidário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão
da participação política das mulheres, de acordo com os interesses
intrapartidários.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)

§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e da parcela do


fundo partidário destinada a campanhas eleitorais, bem como o tempo de propaganda
gratuita no rádio e na televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas
candidatas, deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao número
de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos
respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia
e o interesse partidário.        (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022)

Os partidos políticos, na forma do § 2º do art. 17 da CF e dos parágrafos do artigo


7º da Lei 9.096/ 94 devem ser inscritos no Tribunal Superior Eleitoral.

50
Pela égide do § 3º do art. 44 do CC, os partidos políticos serão organizados e
funcionarão conforme o disposto em lei específicas.

A titulo de curiosidade atualmente existem 32 partidos políticos registrados do


Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

Concluindo

Partido político pode ser definido como uma entidade formada pela livre associação
de pessoas, com uma ideologia em comum, cujas finalidades são assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
defender os direitos humanos fundamentais.

Cada filiado encontra-se ligado a outro por princípios filosóficos, sociais e doutrinários,


os quais promete respeitar, constituindo esses pressupostos a lealdade partidária.
A definição dada pela Lei dos Partidos Políticos é a seguinte:

“Partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a assegurar, no


interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e a
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal” (art. 1º da Lei nº
9.096/1995).
 
OBS Pela égide do § 1º do artigo 2º da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT “Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados”

Então, as fundações, entidades religiosas, associações, partidos politico, mesmo


não tendo finalidade econômica podem ser empregadores.

RESUMO

- União de pessoas que se organizam para fins não econômicos.


- Regulamentação: art. 53 a 61 do CC

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Associação - Característica principais: sem fins econômicos.
- Ato constitutivo – Estatuto Social.
- Nascimento - Registro no Cartório de Pessoas Jurídicas.

- União de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir


com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica
Sociedade simples e a partilha, entre si dos resultados
- Regulamentação – 997 a 1038 do CC
- Características principais - Finalidade lucrativa
- Ato constitutivo – Contrato Social
- Nascimento – Registro no Cartório de Pessoas Jurídicas.
- União de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens ou serviços para o exercício de atividade própria de
empresário
Sociedade Empresaria - Regulamentação – 931 e seguintes ‘do CC.
- Características principais - Finalidade lucrativa
- Ato constitutivo – Contrato Social
- Nascimento – Registro na Junta Comercial.

- Universalidade de bens, personalizados pela ordem jurídica


Fundações em consideração a um fim estipulado pelo fundador.
- Regulamentação – art. 62 e seguintes do CC.
- Características principais - Finalidades especificas. Ex. educação.
- Ato constitutivo – Estatuto Social
- Nascimento – Registro no Cartório de Pessoas Jurídicas.

- Entidades de direito privado, formuladas pela união de indivíduos


com o proposito de culto a determinada força ou forças
sobrenaturais, por meio de doutrina e rituais próprios, envolvendo
preceitos éticos.
Organização religiosa
- Regulamentação. Artigo 44, § 1º do CC.
- Características principais - Destina-se à propagação de uma
religião congregando os que a professam.
- Ato constitutivo – Estatuto Social
- Nascimento – Registro no Cartório de Pessoas Jurídicas.

- Pessoa jurídica de direito privado destina-se a assegurar, no


interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema
representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na
Constituição Federal
Partidos políticos
- Regulamentação – Lei 9.096/95 / art. 17 da CF.
- Características principais - Finalidade politica
- Ato constitutivo – Requerimento de registro do estatuto.
- Nascimento – Registro no Cartório de Pessoas Jurídicas da
Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral.

- Pessoa jurídica de direito privado


Sociedade Limitada - Criação pela medida provisória 881/2019
Unipessoal - SLU - Sem capital mínimo de 100 salários mínimos.
- Apesar de ter a palavra sociedade no nome é constituída somente
por uma pessoa.
- Mantem a característica de “limitada”, que é justamente o fato
que protege o patrimônio particular do sócio.

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURIDICAS DE DIREITO PRIVADO.

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Há duas maneiras para se apurar a responsabilidade civil da pessoa jurídica de
direito privado. A contratual (mediante prova), bastando para tanto provar a
inexecução do contrato (art. 389 do CC). Já a extracontratual (objetiva) consta nos
artigos 186/187 e 927, do Código Civil. Por estes artigos, aquele que causar dano a
terceiro está obrigado a reparar o prejuízo, sendo que, esta responsabilidade
também se aplica com relação a empresa.

a) Responsabilidade contratual: Se as pessoas jurídicas se tornarem inadimplentes


terão que responder por perdas e danos. Na responsabilidade contratual, não
necessita comprovar o prejuízo, o prejudicado, deve apenas, mostrar que ocorreu
o inadimplemento do contrato. (389 do CC) e por conta disto teve sérios prejuízos
de ordem financeira.

Neste caso, considerando um contrato de compra e venda com a entrega de um


vestido para o dia 30 de outubro, vestido este que seria usado em um casamento no
dia 11 de novembro. Como até o momento o produto ainda não chegou, o que
causou o desinteresse do credor em recebe-lo. Resta ao contratante prejudicado
buscar as perdas e danos em virtude do inadimplemento do contrato.

b) Responsabilidade extracontratual:  No caso das pessoas jurídicas de direito


privado, elas responderão pelos atos de seus prepostos quer tenham ou não
finalidade lucrativa.

Se um carro da empresa CRF Produtos Agrícolas bater em um carro particular,


mesmo não existindo contrato entre eles a empresa responde pelos prejuízos
causados a terceiros.

Na responsabilidade extracontratual cabe ao lesado mostrar o dano, a culpa, e o


nexo de causalidade, ou seja, provar que o prejuízo é decorrente do acidente
causado por culpa da empresa.

A responsabilidade civil abrange o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, o


culpado deverá indenizar o que a vitima perdeu e o que deixou de ganhar em virtude
da conduta do culpado.

53
Lembre-se: de acordo com o artigo 932 do Código Civil o empregador responde de
forma solidária por atos de seus empregados. Desta forma, se um empregado de
uma loja acarreta prejuízos para um cliente, este tem a opção de cobrar o autor do
fato ou seu empregador.

Responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras


de serviço público.

A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de


serviço público (água, luz, transporte público) está prevista na Constituição
Federal em seu artigo  37, § 6º, cabendo a essas pessoas jurídicas, a
responsabilização de forma objetiva em relação aos danos que seus agentes
causarem aos usuários. Vejamos:

Art. 37 (...)

(...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Em primeiro lugar devemos mencionar que as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público respondem de forma objetiva, desta forma, se
diante de uma chuva acompanhada de raios e trovões que causou uma queda de
energia e queimou sua geladeira a empresa prestadora de serviço público
responde mesmo sem ter culpa.

Da mesma forma se o prejuízo for causado por seus agentes, a pessoa jurídica
está obrigada a indenizar os danos causados a terceiros. Depois de condenada a
indenizar o dano causado pelo agente a um terceiro, estas empresas prestadoras
de serviço público terão o direito de promover uma ação regressiva contra o agente
causador do prejuízo.

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Pela égide do  Código de Defesa do Consumidor. O usuário é possuidor de uma
segurança primordial, portanto, a realização dos serviços deverá obedecer aos
critérios corretos do fornecimento de um serviço ou produto. Caso venha a ocorrer
algum dano, o agente prestador de serviço também responderá de forma objetiva,
como prevê o artigo 14 do CDC. Vejamos:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
Devemos observar que em algumas situações a responsabilidade é solidária,
como no caso das empresas e seus funcionários, neste caso, aquele que sofreu o
prejuízo poderá cobrar a divida toda de qualquer um deles.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Já mencionamos neste resumo o que vem a ser a desconsideração da personalidade


jurídica, porém, passaremos a uma analise mais aprofundada sobre este instituto
jurídico.

Um exemplo poderá facilitar o entendimento da desconsideração da


personalidade jurídica.

Digamos que, João, Maria e José resolveram criar uma empresa para a compra e
venda de animais. Essa sociedade para realizar suas atividades terá que contratar
veterinário e outros funcionários para cuidar dos animais. Terá ainda que comprar
ração, alugar imóvel, etc. são muitas as relações que a sociedade terá que
estabelecer. Nesse caso, se algum desses contratos não for pago na forma pactuada,
em regra, apenas o patrimônio da sociedade será afetado.

Porém, em caso de abuso ou manipulação fraudulenta, desconsidera-se a


personalidade da pessoa jurídica e o credor lesado poderá buscar nos bens dos
sócios da empresa (João, Maria de José) o prejuízo pela obrigação não cumprida.

55
As sociedades empresárias possuem direitos e obrigações distintos dos que possuem
seus sócios, constituindo, desta forma, uma autonomia individualizada.

A sociedade não se confunde com a pessoa de seus sócios. Diante desta


prerrogativa, muitas vezes a pessoa jurídica, sujeito de direito autônomo, pode ser
usada como instrumento na realização de fins ilícitos propostos por seus sócios.

Portanto, desconsidera-se a personalidade da pessoa jurídica quando restar


comprovado que seus sócios agiram com fraude ou abuso de direito, ou ainda se
restar configurado confusão entre o patrimônio da sociedade e o patrimônio de seus
sócios. Este entendimento encontra-se corroborado no artigo 50, do Código Civil, a
saber:

“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de


finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte,
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
A fraude caracteriza-se quando os sócios fazem mal uso da pessoa jurídica para se
desvencilhar de obrigações perante terceiros.

O abuso de direito configura nos atos praticados pelos sócios, desrespeitando a


vontade de terceiros de boa fé e aos fins dispostos no contrato ou estatuto social da
sociedade (desvio de finalidade).

Podemos mencionar ainda que o abuso de direito consiste no uso imoderado do


direito subjetivo, de modo a causar dano a outrem. Em princípio, aquele que age
dentro do seu direito a ninguém prejudica. No entanto, o titular do direito subjetivo, no
uso desse direito, pode prejudicar terceiros, configurando ato ilícito e sendo obrigado
a reparar o dano.

E a confusão patrimonial é a inexistência de separação entre o patrimônio do sócio e


o patrimônio da sociedade.

A desconsideração da personalidade jurídica possui como objetivo preservar a


autonomia da pessoa jurídica ao coibir os atos ilícitos praticados pelos seus sócios.

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Surge, então, a ideia de que a autonomia da pessoa jurídica poderá ser relativizada
quando devidamente provado que seus sócios agiram com o intuito de burlar a lei.
Desta forma, as pessoas físicas responderão pessoalmente pelos danos causados,
sendo preservado o instituto da pessoa jurídica.

Comprovada a infração à lei e ao contrato social, por atos realizados com dolo e
abuso de direito, impõe-se responsabilizar o sócio que, escondido sob o manto da
capacidade autônoma de contrair direitos e obrigações, prejudica terceiros, fraudando
a própria empresa em seu benefício exclusivo.

Pela desconsideração da personalidade jurídica, recai sobre o sócio a obrigação de


honrar, com o seu patrimônio particular, os compromissos assumidos pela empresa.
É necessário salientar que a desconsideração da personalidade jurídica não implica
a anulação do ato constitutivo da sociedade, mas apenas sua ineficácia perante o
episódio ocorrido.

Desta forma, desconsiderar a personalidade jurídica quer dizer que o sócio, o


empregador, responde com seus próprios bens quando agirem com dolo
transferindo os bens da empresa de forma fraudulenta com a finalidade de não
honrarem seus compromissos.

Neste caso, diante de comprovada fraude ou abuso de direito o juiz pode


desconsiderar a personalidade da empresa, passando os bens particulares do sócio
a responder pelo pagamento das dividas.

Além do artigo 50 do Código Civil a desconsideração da personalidade jurídica


encontra amparo no artigo 28 Código de Defesa do Consumidor, artigo 133 do
Código de Processo Civil e artigo 855-A da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT, isto, para casos de abuso de direito, excesso de poder, infração a lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos contratos e estatutos sociais, falência, insolvência ou
encerramento da pessoa jurídica. Vejamos:

Art. 50.  Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do

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Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

Art. 28 do CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.

Art. 133 do CPC. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será


instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no
processo.

§1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os


pressupostos previstos em lei.

Art. 855-A da CLT. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração


da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei n. 13.105, de 16 de
março de 2015 - Código de Processo Civil.

Pode ocorrer, ainda, a desconsideração inversa, que é observada quando se afasta o


princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a
sociedade por uma obrigação contraída por um de seus sócios.

Podemos concluir que o patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com os


seus sócios (Art. 49-A), porém por vezes os sócios utilizam da pessoa jurídica para
benefício próprio e indevido, nesses casos, cabe ao Juiz (se provocado)
desconsiderar (ignorar) esta distinção patrimonial e “atacar” os bens da pessoa física
para responder pelas dividas.

Assim, podemos dizer que a desconsideração ocorre no abuso da personalidade


jurídica quando o administrador ou sócio agem com desvio de finalidade (utilização
dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos
ilícitos) ou de forma a causar confusão patrimonial (ausência de separação de fato
entre os patrimônios).

Presentes os requisitos, é possível pleitear judicialmente a desconsideração.

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Vamos para mais um exemplo:

A Empresa do qual Joaquim é sócio contrata empréstimo com um determinado


banco. Mas Joaquim utiliza o dinheiro para adquirir patrimônio para si, ao invés de
utilizar nas finalidades da empresa. A empresa não pagou ao banco o referido
empréstimo. O Banco resolve entrar com ação judicial para receber seu crédito, mas
quando procura bens da empresa para penhorar, verifica que não há nada em seu
nome. O Banco pode, em tese, alegar que houve confusão patrimonial e assim,
solicitar ao juízo a desconsideração da personalidade jurídica. Caso o juiz conceda, o
patrimônio do sócio poderá responder pelas obrigações da Empresa.

EXTINÇÃO DAS PESSSOAS JURÍDICAS

O começo da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado se dá com o


registro do ato constitutivo no órgão competente (art. 45, do CC). Mas o seu
termino pode decorrer por diversas causas, vejamos algumas situações previstas
no Código Civil.

Art. 54 Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

(...)

VI - As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução


das associações.

Art. 69 - Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação,


ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo:


I - se o contrato dispuser diferentemente;
II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

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I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de
sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo
indeterminado;
II - o consenso unânime dos sócios;
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
IV - (Revogado pela Lei nº 14.195, de 2021)
V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos


sócios, quando:

I - anulada a sua constituição;


II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.

Foi possível perceber que o Código Civil estabelece várias formas de


dissolução/extinção da pessoa jurídica de direito privado. O ato de dissolução pode
assumir quatro formas distintas conforme a natureza e a origem, sendo estas as
modalidades:

► Convencional: é a vontade humana de extingui-la. Importante lembrar, que essa


deliberação deve observar o que determina o ato constitutivo.

► Legal: em razão de motivo determinante em lei como a decretação da falência, a


morte dos sócios, o desaparecimento do capital nas sociedades de fins lucrativos ou
quando praticam atos contrários ao seu fim.

► Administrativa: as pessoas jurídicas não necessitam de autorização do Poder


Público para serem criadas. Elas devem apenas observar os requisitos estabelecidos
em lei. Porém, excepcionalmente, há certas atividades que dependem de autorização
do ente público.

Para estas pessoas jurídicas, haverá dissolução na hipótese em que a autorização


administrativa é cassada, seja por infração a disposição de ordem pública ou prática
de atos contrários aos fins declarados no seu estatuto, seja por se tornar ilícita,
impossível ou inútil a sua finalidade.

►Judicial: quando a entidade se desvia dos fins para que se constituiu, mas

60
continua a existir obrigando um dos sócios a ingressar em juízo. O cancelamento
da inscrição da pessoa jurídica no registro não se promove quando ela é dissolvida
mas apenas depois de encerrada a sua liquidação.

Ocorrerá quando se configurar alguma das hipóteses para dissolução previstas em lei
ou no estatuto, mas ainda assim, a pessoa jurídica continua a exercer suas atividades
normalmente. Nesse caso, a via judicial deverá ser utilizada para extinção da pessoa
jurídica.

Destino dos bens diante da extinção das pessoas jurídicas de direito privado

Quando se trata de pessoa jurídica com finalidade lucrativa, nenhum problema surge
quanto ao destino dos bens.  Eles serão repartidos entre os sócios, pois o lucro
constitui o próprio objeto que os reuniu.

Extinção da sociedade

A extinção de uma sociedade pode se dar de duas formas: através da dissolução


(quando acaba pela vontade dos sócios ou com o término de sua duração) e da
liquidação (são extintas por força de ato de autoridade competente). Além dessas
duas formas, podem se extinguir também através da consecução (intento) do fim
social, da verificação da sua inexequibilidade (não pode ser executado) da morte ou
incapacidade de um dos sócios, da insolvência ou da extinção do capital social.

OBS Havendo o fim de uma sociedade seu patrimônio será dividido entre os sócios;

Extinção de uma associação sem finalidade econômica.

Uma associação pode findar-se de três formas:

a) através da extinção (quando falta um dos elementos essenciais da personalidade


jurídica, falta de associação, falta de escopo (alvo) ou perda de patrimônio.

61
b) da dissolução (pela vontade geral dos sócios)
c ) da supressão (por ato de autoridade competente).

Sobre o assunto vejamos o artigo 61 do Código Civil

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois


de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único
do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto,
ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou
federal, de fins idênticos ou semelhantes.

§ 1 º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados,
podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em
restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao
patrimônio da associação.

§ 2 º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em


que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que
remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal
ou da União.

Nas associações sem fins lucrativos que se dissolvem, o patrimônio seguirá a


destinação dada pelos Estatutos; em não havendo tal destinação, a deliberação será
dada pelos sócios.  Se os mesmos nada resolveram, ou se a deliberação for ineficaz,
devolver-se-á o patrimônio a um estabelecimento público congênere ou de fins
semelhantes.  Se, no Município, Estado ou no Distrito-Federal, inexistirem
estabelecimentos nas condições indicadas, o patrimônio passará a Fazenda Pública.
(Estado/municípios).

Extinção da fundação:

Uma fundação se extingue quando verificada nocividade, impossibilidade ou


inutilidade de sua finalidade ou com o vencimento do prazo de sua existência. Extinta,
seu patrimônio terá o destino previsto pelo instituidor no ato constitutivo, se este for
omisso o patrimônio será incorporado ao de outra fundação municipal, estadual ou
federal, designada pelo Juiz, similar à extinta. Caso não exista nenhuma fundação
com a mesma finalidade da extinta, entende a doutrina que os bens serão declarados
vagos (artigo 1.822 do CC por analogia).

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Vejamos o artigo 69 do Código Civil

Art. 69 - Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação,


ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

Da analise do artigo 69 do Código Civil, a fundação de direito privado, instituída


com capital privado se extingue na forma deste artigo do CC.

Com relação à extinção das fundações de direito público, assim como sua criação
necessita de lei (art. 37 da CF) da mesma forma seria a sua extinção, não se
aplicando as fundações de direito público o artigo 69 do CC.

DOMICILIO DA PESSOA JURÍDICA

As pessoas jurídicas possuem domicílio especificado em lei: art. 75, do CC, art. 51 do
CPC, e art. 109, §§ 1º e 2º da CF/88.

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

I - da União, o Distrito Federal;


II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias
e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos
constitutivos.

§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada


um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por


domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

a) Domicílio da Pessoa jurídica de Direito Público Interno – art. 75, CC

I – da União, o distrito federal.

63
II – dos Estados e Territórios a respectivas capitais.
III - do município, o lugar onde funcione a administração municipal.

b) Domicílio das Pessoas Jurídicas de direito Privado

Pela égide do inciso IV do art. 75 o lugar onde funcionarem as respectivas


diretorias e administrações, ou onde elegerem domicilio especial no seu
estatuto ou atos constitutivos

Admite-se pluralidade do domicilio da pessoa jurídica de direito privado: (conforme


artigo 75, parágrafo 1º) desde que tenham diversos estabelecimentos (p. ex.,
agências, escritórios de representação, departamentos, filiais), situados em comarcas
diferentes, caso em que poderão ser demandadas no foro em que tiverem praticado o
ato.

Assim cada estabelecimento dotado de autonomia será considerado domicilio para os


atos ou negócios nele efetivados, com o intuito de beneficiar os indivíduos que
contratarem com a pessoa jurídica. Acaso a sede da Administração, ou diretoria, da
pessoa jurídica se encontrar no exterior, os estabelecimentos, agências, filiais ou
sucursais situados no Brasil terão por domicilio o local onde as obrigações foram
contraídas pelos respectivos agentes.

Sobre o assunto assim dispõe a Súmula 363 do STF

Súmula 363, do STF: "A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no
domicílio da agência, ou do estabelecimento, em que se praticou o ato".

CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO DAS PESSOAS JURIDICAS

No momento em que a pessoa jurídica registra seu contrato constitutivo, adquire


personalidade, isto e, capacidade para ser titular de direito e obrigações.  

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Para exercer tais direitos, a pessoa jurídica recorre a pessoas físicas que a
representam, ou seja, por quem os respectivos estatutos designarem ou, não os
designando, pelos seus diretores.

OBS FINAIS SOBRE PESSOA JURÍDICA


  
►De acordo com sua órbita de atuação: as pessoas podem ser de direito externo (as
várias Nações, a Santa Sé, a Organização das Nações Unidas) ou interno (a União,
os Estados, o Distrito Federal e cada um dos Municípios legalmente constituídos); e
de direito privado (as sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias,
as associações de utilidade publica, as fundações e, ainda, as sociedades mercantis).

OBS As sociedades pias são as sociedades beneficentes. Os asilos, os orfanatos, a


Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, etc.

► As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade


para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
►A existência, perante a lei, das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição dos seus contratos, atos constitutivos, estudos ou compromissos em seu
registro público peculiar.

Antes da inscrição, a pessoa jurídica pode existir no plano dos acontecimentos, mas o
direito despreza sua existência, nega-lhe personalidade civil, ou seja, nega-lhe a
capacidade para ser titular de direitos, pois, para que a pessoa jurídica ingresse na
orbita jurídica, é necessário o elemento formal, ou seja, a inscrição no registro próprio.

► Para se proceder ao registro de uma pessoa jurídica de direito privado de natureza


civil, apresentam-se dois exemplares do jornal oficial em que houverem sido
publicados os estatutos, contratos ou outros documentos constitutivos, devendo
conter:

I – a denominação fundo social (quando houver), os fins e a sede da associação, ou


fundação, bem como o tempo de sua duração;

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II – o modo por que se administra e representa a sociedade, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente;
III – se os estatutos, contrato ou o compromisso são reformáveis no tocante a
administração, e de que modo;
IV – se os membros respondem ou não, subsidiariamente, uns pelos outros, pelas
obrigações sociais;
V – as condições de extinção das pessoas jurídicas, e o destino de seu patrimônio,
nesse caso;
VI – os nomes dos fundadores, ou instituidores, e dos membros da diretoria provisória
ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil ou profissão de cada um,
bem como o nome e residência do apresentante dos exemplares.

►A partir dessa inscrição, a Pessoa Jurídica adquire personalidade e passa a ser


sujeito de direito e deveres na ordem civil de maneira autônoma.

► O ato constitutivo é requisito para criação da pessoa jurídica; o ato constitutivo é


fruto da vontade humana daqueles que desejam criá-la (affectio societatis). Assim, a
vontade humana é o requisito subjetivo, enquanto o ato constitutivo em si (Estatuto
Social, Contrato Social ou outra forma determinada por lei) é o requisito formal.

►Diferentemente das associações, as fundações não são formadas pela união de


pessoas para determinados fins, mas sim, pela universalidade de bens,
personalizadas pela ordem jurídica, em consideração a um fim estipulado pelo
fundador.

Em outras palavras, a fundação nasce da entrega de determinados bens para sua


criação. Nasce da vontade de uma pessoa que doa parte do seu patrimônio para
constituição da Fundação.

►As fundações públicas devem ter sua instituição autorizada por lei especifica
(caso da UESPI).

► Note-se que, pelo fato de não perseguir lucro a associação não está impedida
de gerar renda que servirá para sua manutenção.

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► A Sociedade poderá ser civil ou mercantil, a civil mesmo com o intuito de
perseguirem lucro não empreendem atividade mercantil, ou seja, não atuam na
qualidade de empresário, é o caso da sociedade simples criada por advogados.

► Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

► Como toda pessoa de direito privado o ciclo construtivo da fundação só se


aperfeiçoa com a inscrição de seus atos constitutivos no Cartório de Registro Civil
das Pessoas Jurídicas.

► Enquadram-se como organizações religiosas todas as entidades de direito privado


formada com a união de pessoas com a finalidade de culto, incluindo desde igrejas,
seitas, comunidades leigas, como confrarias ou irmandades.

► Seguindo a regra legal, a desconsideração da personalidade jurídica será possível,


a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir se o
abuso consistir em desvio de finalidade e confusão patrimonial.

► Toda pessoa jurídica de direito privado, tenha ou não fins lucrativos responde
pelos danos causados a terceiros, qualquer que seja a sua natureza e seus fins.

► O Estado responde subsidiariamente, pelos danos causados pela prestadora , de


serviços públicos, uma vez exauridos os recursos financeiros e o patrimônio desta.
Entende-se que o Estado responde de forma solidária, desde que, demonstrado
ter falha na escolha ou na fiscalização da concessionaria. É o que o direito denomina
de culpa In Elegiendo e In Vigilando.

► A ação de reparação civil prescreve em três anos, nos termos do artigo 206, § 3º,
V do CC.

►Quando dos atos judiciais o magistrado só pode ser pessoalmente


responsabilizado se houver dolo ou fraude de sua parte e, ainda quando; sem justo

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motivo, recusar, omitir, ou retardar medidas que deve ordenar de ofício ou a
requerimento da parte.

► Nas hipóteses em que a lei prevê a responsabilidade civil do magistrado, poderá


o lesado, por atuar aquele como órgão estatal, exercendo função pública, acioná-lo
diretamente, ou o Estado, ou ambos, em razão da solidariedade.

► O Estado responde por erros judiciários (art, 5º LXXV da CF), como no caso de
ficar preso além do tempo fixado na sentença;

► Tem-se entendido que configurado o erro judiciário, para efeito de indenização,


não se compatibiliza com a absolvição pela inexistência de prova suficiente para a
condenação.

► Reconhecido a responsabilidade do Estado por erro judiciário a indenização há


de ser a mais completa possível, abrangendo os prejuízos materiais e morais que
sofreu o ofendido.

► A responsabilidade civil abrange o dano emergente e o lucro cessante, ou seja, o


culpado irá indenizar o que a vitima perdeu e o que deixou de ganhar em virtude da
conduta do culpado.

► De acordo com o artigo 932 do Código Civil o empregador responde de forma


solidária por atos de seus empregados. Desta forma, se um empregado de uma loja
acarreta prejuízos para o seu cliente você tem a opção de cobrar o autor do fato ou
seu empregador.

O FIM DAS EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA –


EIRELI

A Lei 14.195/2021 de 26 de agosto de 2021, em seu artigo 41, extinguiu a EIRELI,


ficando determinada a regulamentação pelo DREI (Departamento Nacional de

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Registro Empresarial e Integração), de como se dará a transformação da EIRELI em
Sociedade Limitada Unipessoal.

Deve-se ressaltar mais uma vez que a Empresa Individual de Responsabilidade


Limitada - EIRELI, constava como um tipo de pessoa jurídica no inciso VI do
caput do artigo 44 do Código Civil. Este inciso foi revogado pela Lei   14. 382 de
27 de junho de 2022.

Desta forma, já não é mais possível abrir empresa no formato EIRELI - Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada. A publicação da Lei nº 14.195, de 26 de
agosto de 2021, determinou o fim da EIRELI substituindo-o automaticamente pela
SLU, Sociedade Limitada Unipessoal, criada pela Lei 13.874/2019.

Na Sociedade Limitada Unipessoal, da mesma forma que a EIRELI o quadro


societário é composto por uma pessoa, no entanto, o capital social passa a
não ter um valor mínimo. Sendo que na EIRELI era necessário o valor de
cem salários mínimos para sua constituição.

A nomenclatura passará a ser apenas o nome empresarial, e com relação ao


sócio, não há impedimento para que participe de outra empresa, ficando
garantida da mesma forma, a distinção de bens do sócio e de bens da
empresa.

Então, tendo em vista que a EIRELI não existe mais e que foi substituída pela
Sociedade Limitada Unipessoal - SLU , iremos mostrar as diferença entre estas
entidades . Vejamos:

Uma das dúvidas mais frequentes dos empreendedores que querem formalizar o seu
negócio é descobrir qual o melhor tipo de empresa para abrir o seu CNPJ. Os tipos
societários existentes, também conhecidos como formatos jurídicos, definem se você
empreenderá sozinho ou se terá sócio. Até então, para quem desejava abrir uma
empresa individualmente existiam quatro opções: MEI, EI, EIRELI e SLU. Porém,
a Lei 14.195/2021 publicada no dia 27 de agosto de 2021, que facilita a abertura de

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empresas e trabalha sobre a desburocratização societária e de atos processuais, em
seu art. 41 determinou o fim da EIRELI.

A EIRELI foi criada em 2011  para suprir uma grande demanda que existia no
universo empreendedor. A maioria das pessoas queria exercer atividades
empresariais sozinhas, sem sócios, mas sem precisar fazer a inscrição como pessoa
física (como é o caso do Empresário Individual e do MEI). Ela diferenciava-se dos
outros formatos, principalmente com relação ao capital social mínimo e segregação (é
a separação dos bens da empresa e do sócio) entre os bens da pessoa física e
jurídica.

Era constituída por apenas uma pessoa, detentora de 100% do capital social. Aliás,
este capital não poderia ser inferior a cem vezes o valor do salário mínimo do ano
para se abrir uma EIRELI. Além disso, em caso de disputa ou processo judicial, o
proprietário da empresa deste formato não corria o risco de ter seus bens de pessoa
física bloqueados, já que tal empresa separava os bens jurídicos dos pessoais.

O que ocasionou o fim da EIRELI?

O principal motivo é que ela trazia proteção jurídica, mas a exigência do capital social
mínimo (100 salários mínimos) não a tornava tão interessante. A maioria das pessoas
que queriam limitar a responsabilidade sem precisar comprometer um capital social
tão alto, acabava procurando um sócio para constituir uma Sociedade Empresarial
Limitada, que oferece a mesma seguridade com qualquer valor de capital.

Em meio a isto, foi aprovada a MP 881/2019, também conhecida como MP da


Liberdade Econômica, e que, posteriormente, foi convertida na Lei 13.874/2019, que
colocou em vigor a Sociedade Unipessoal Limitada (SLU) que veio para revolucionar
este cenário. A ideia foi criar um formato de empresa que pudesse ser aberto sem o
custo elevado do capital social exigido na EIRELI, sem a necessidade de sócios e que
mantivesse o patrimônio do empreendedor protegido.

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Como a Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) influenciou na extinção da
EIRELI?

Com o surgimento da SLU (Sociedade Limitada Unipessoal), em 2019, o formato


jurídico EIRELI foi perdendo a relevância. Isso justamente porque a SLU oferece a
mesma segurança jurídica que uma EIRELI, ainda podendo ser o sócio único da
empresa. Essa era uma das vantagens da EIRELI. Além disso, ela veio oferecendo a
possibilidade de ter mais de uma empresa neste formato e ainda sem um valor de
capital social mínimo, que era a principal desvantagem da EIRELI.

SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL – SLU

Se a sua atividade não se encaixa no MEI, nem na EI, e você não tinha como dispor
do valor exigido para o Capital Social da EIRELI a melhor opção passava a ser a
Sociedade Limitada Unipessoal - SLU.

A SLU pode ser vista como uma mescla das principais vantagens dos outros tipos de
empresa. Isso porque ela dispensa sócio, não exige valor mínimo para abertura,
abrange diversas profissões, permite adesão ao Simples Nacional, entre várias outras
vantagens.

A proposta principal que levou à criação dessa legislação foi desburocratizar o


processo de abertura de empresas no Brasil. Essa possibilidade fomenta a
legalização de negócios e colabora para o desenvolvimento e o crescimento da
economia nacional.

Principais características e vantagens da SLU

As próprias características da Sociedade Limitada Unipessoal já podem ser


consideradas como suas vantagens, ou seja:

 Não precisa de sócio para ser aberta;


 Não exige Capital Social mínimo, reduzindo, assim, os custos
com investimento inicial;
 Separa o patrimônio pessoal do empreendedor do patrimônio da empresa.

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Somado a esses pontos, a SLU tem outra vantagem bastante interessante. Ao
contrário de outras naturezas jurídicas, é possível abrir mais de uma empresa nesse
formato.

Assim, caso o empreendedor queira trabalhar com outras atividades, pode abrir outro
negócio como Sociedade Unipessoal e se beneficiar, mais uma vez, de todas essas
vantagens.

A Sociedade Unipessoal Limitada tem características muito parecidas com as da


EIRELI, mas difere em alguns aspectos. Uma das diferenças mais relevantes é sobre
a não obrigatoriedade da integralização de capital social mínimo.

Na EIRELI, era preciso abrir com um mínimo de 100 salários mínimos, o que não é
necessário para abrir a Sociedade Unipessoal Limitada. Uma curiosidade é que,
apesar de ter “sociedade” no nome, a Unipessoal pode ser constituída somente por
uma pessoa e mantém a característica de “limitada”, que é justamente o fato que
protege o patrimônio particular do sócio.

Este material foi enviado em 16 de novembro de 2022***

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