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Das pessoas jurídicas

Conceito
São entidades a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos
de direitos e obrigações.

A pessoa jurídica é uma entidade geralmente constituída por um grupo de pessoas,


a quem a lei confere personalidade jurídica para atuar na ordem civil, tendo direitos
e obrigações, como uma pessoa natural.

Entretanto, embora sendo formada por pessoas, a personalidade destas não se


mistura com a da entidade, que tem sua personalidade própria independente da dos
componentes do grupo, esta é, inclusive, a principal característica da pessoa
jurídica.

A origem da personalidade jurídica baseia-se na deficiência humana e,


consequentemente, na necessidade do homem de se unir a outras pessoas com o
intuito de unir forças para desenvolver determinadas atividades.

A união desses indivíduos pode ou não ter finalidade lucrativa.

No caso de interesse em obter lucro, a união pode ser para constituir uma empresa
ou uma sociedade.

No caso de não haver interesse em obter lucro, pode ser uma associação
beneficente, um grupo de assistência social, ou até mesmo para cultuar alguma
religião.

Obs: Pode ocorrer ainda que alguém destine bens disponíveis (parte de um
patrimônio) para determinado fim, de acordo com o qual serão administrados e
geridos separadamente aqueles bens, dando-lhes a lei personalidade jurídica,
surgindo assim uma fundação.

Assim, a pessoa jurídica nada mais é do que um grupo de pessoas que se unem a
fim de constituir uma unidade orgânica com individualidade própria e distinta das
pessoas físicas que a compõem.

E sua personalidade jurídica é a ideia de que uma pessoa, seja física (pessoa
natural), seja jurídica (empresa, ente público, associação sem fins lucrativos) tenha
capacidade de adquirir direitos e contrair deveres na sociedade.

NATUREZA JURÍDICA
Várias teorias procuram explicar esse fenômeno. Podem ser reunidas em dois
grupos: o das teorias da ficção e o das teorias da realidade.

TEORIAS DA FICcÃO
Podem ser:

Ficção legal: a personalidade das pessoas jurídicas era uma mera invenção da lei,
não sendo real, mas sim uma ficção legal.

Ficção doutrinária: seguindo o pensamento da primeira, afirma que a personalidade


das pessoas jurídicas é apenas uma criação da doutrina e dos juristas (e não da lei),
não sendo, portanto, uma realidade por si só.

Nenhuma dessas teorias foi aceita pelo direito moderno. Para negação dela foi
tomado como base o Estado: o Estado é uma pessoa jurídica e dele emanam vários
direitos, que de ficção jurídica não tem nada, portanto essas teorias devem ser
descartadas.

TEORIAS DA REALIDADE
Opõem-se às do primeiro grupo e se dividem em:

Teoria da realidade objetiva: vai de encontro com a teoria da ficção legal,


determinando que a vontade humana, seja pública ou particular, tem poderes para
criar uma entidade, uma organização de existência própria, podendo ser titular de
direitos e obrigações e tendo sua personalidade distinta das de seus componentes,
ou seja, tratam a personalidade jurídica como uma realidade sociológica com vida
própria, proveniente da vontade da sociedade.

Embora razoável, recebeu algumas criticas dos que afirmavam que os grupos
sociais não têm personalidade nem vida própria, o que é inerente apenas ao ser
humano.

Teoria da realidade jurídica: defende que já existe uma instituição no momento em


que nasce uma pessoa jurídica, considerando a existência de uma ideia criadora do
vínculo social, a união de pessoas com o mesmo objetivo e vários meios destinados
à criação de tal instituição, ou seja, esta já tinha vida anterior, vindo a se exteriorizar
e tornar-se pessoa jurídica em razão de uma atividade organizada de seus
membros.

Para ela as pessoas jurídicas devem ser destinadas a um serviço ou ofício.

Porém sua maior crítica encontra-se principalmente nessa característica: e se a


sociedade se organizar sem a finalidade de prestar um serviço ou de preencher um
ofício? Ela não terá personalidade jurídica?
Teoria da realidade técnica: sustenta que a personalidade jurídica é um organismo
de ordem técnica que tem o escopo de atingir interesses humanos, ainda que
indiretamente.

Segundo Planiol e Ripert, a personalidade jurídica existe porque é "tecnicamente útil


aos homens, no seu interesse, criar seres nos quais farão repousar direitos que a
final se destinam a beneficiar os próprios homens".

Assim a personificação das pessoas jurídicas é um expediente de ordem técnica.

REQUISITOS PARA A
CONSTITUIcÃO DA P.J.
São três:

1. Vontade humana criadora: é a intenção dos integrantes da pessoa jurídica de


criarem uma pessoa jurídica própria de identidade diversa dos membros que a
compõem.

Ela materializa-se na constituição, que pode se dar através de um estatuto, no caso


das associações; de um contrato social, no caso das sociedades; e, por fim, por
escritura pública ou testamento, no caso das fundações.

2. Observância das condições legais: Finalizado o ato constituído, este deverá ser


levado a registro para dar origem a pessoa jurídica.

Se não registrar a pessoa jurídica ela será uma mera sociedade de fato sem
personalidade jurídica.

O órgão que procederá o registro irá alterar-se conforme se trate de associação,


sociedade ou fundação.

Em se tratando de sociedade empresária, o registro deverá ser na Junta Comercial.

No caso de associação, sociedade simples ou fundação o registro proceder-se-á no


Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.

OBS: Caso, porém, a sociedade simples seja composta por advogados somente
poderá ser registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.

OBS: Há pessoas jurídicas, por seu turno, que para nascerem, além do registro,
necessitam de autorização ou aprovação do poder Executivo, como as seguradoras,
as instituições financeiras etc.

Sendo concedida a autorização, se a pessoa jurídica for dissolvida ou for cassada a


autorização, deverá proceder o cancelamento do registro.

Neste caso, deve primeiro encerrar a liquidação e, posteriormente, averbar a


dissolução.
Caso não haja registro, a sociedade não terá personalidade jurídica e, assim sendo,
será representada em juízo pela pessoa a quem couber a administração dos seus
bens, nos termos do artigo 75, inciso IX, do Código de Processo Civil.

3. Licitude de seus objetivos: para poder se constituir validamente a pessoa jurídica


deverá possuir como finalidade precípua uma atividade lícita. Caso assim não seja e
seus objetivos recaiam sobre objetivos ilícitos ou nocivos a sociedade, a pessoa
jurídica será imediatamente extinta, conforme leciona o artigo 69 do Código Civil.

CLASSIFICAcÃO
As pessoas jurídicas classificam-se, de acordo com o artigo 40 do Código Civil, em
pessoa jurídica de direito público, podendo esta ser de direito público interno ou
externo (internacional), e pessoa jurídica de direito privado.

Após classificá-las, o CC, em seu artigo 41, determina que:

"são pessoas jurídicas de direito público interno: a União; os Estados, o Distrito


Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias; as demais entidades de
caráter público criadas por lei".

Determina também, em seu artigo 44, que "são pessoas jurídicas de direito privado:
as associações; as sociedades; as fundações".

Assim, quanto a nacionalidade as pessoas jurídicas podem ser nacionais ou


estrangeiras e quanto a estrutura interna, podem ser dividas em corporações
(universitas personarum - reunião de pessoas) ou em fundações (universitas
bonorum - reunião de bens).

O objetivo das corporações é buscar a realização dos fins determinados


previamente pelos sócios, ao passo que as fundações visam buscar os fins
determinados por seu instituidor, sendo o patrimônio seu elemento essencial, e não
um mero meio para realização de seu fim, como ocorre nas corporações, que podem
ser dividias em sociedade e associações.

P.J. de Direito Público Externo


São regidas pelo direito internacional e englobam os países e organizações públicas
de ordem internacional, como a ONU, o FMI, a Santa Sé etc.

A República Federativa do Brasil é uma pessoa jurídica de Direito Público Interno:


quando desempenha funções dentro do âmbito nacional através da União, tendo
apenas autonomia, assim como os Estados-Membros e os Municípios também têm;
e externo: quando mantém, como um Estado totalitário, relações com outros países,
faz parte de organizações internacionais, declara paz ou guerra, enfim, quando age
em nome da nação, tendo soberania em relação aos demais países e autonomia em
relação às demais pessoas jurídicas de direito público interno.
P.J. de Direito Público Interno
São aqueles grupos representantes de uma organização política e entidades
formadas com finalidades públicas, podendo ser da administração direta: a União, os
Estados e o Distrito Federal e os Municípios; e de administração indireta: autarquias,
associações públicas, fundações públicas e demais entidades de caráter público
legal, que consiste em órgãos descentralizados, com personalidade jurídica própria.

União: a União é pessoa jurídica tanto de Direito Público Externo como Interno.
Como pessoa jurídica de Direito Público Interno ela tem autonomia e exerce
atividades de ordem do interesse público, determinadas pela Constituição Federal,
tendo competência para, por exemplo, autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
de material bélico; administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as
operações de natureza financeira; organizar e manter as polícias federais, civis e
militares; planejar e promover a defesa permanente contra calamidades públicas etc.

Estados: estes tem autonomia, sendo conferida a eles, pela Constituição Federal, a
capacidade de auto-organização; auto legislação; autogoverno e autoadministração
(artigos 18, 25 a 28, CF);

Distrito Federal: este, também, tem autonomia, tendo também suas competências
determinadas pela Constituição Federal, porém tem uma peculiaridade: é nele que
se situa a Capital Federal (Brasília). É regido por sua Lei Orgânica própria (art. 32,
CF);

Municípios: assim como as demais Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno, são
entidades político-administrativas com autonomia (política, administrativa e
financeira), sendo também componente da estrutura federativa.

P.J. de Direito Privado


É toda entidade constituída por iniciativa privada, seja com a finalidade de realização
de obras de interesse coletivo, seja com a finalidade de realizar atividades de
interesse particular.

Como já dito anteriormente elas dividem-se em corporações, que se subdividem em:

Sociedades (civis): proveniente da união de duas ou mais pessoas, com uma


finalidade comum de realizar determinada atividade.

Em regra as sociedades simples possuem finalidade econômica, sendo que o lucro


obtido, nesse caso, deve ser dividido entre os sócios.

Podem ser constituídas por profissionais de uma mesma área ou prestadores de


serviços técnicos.

As sociedades empresárias, embora também visem o lucro, distinguem-se das


simples, pois praticam atividade própria de empresários.
Associações: caracterizada pela união de pessoas com finalidade comum de exercer
certas atividades para fins não econômicos, sejam de ordem pública ou particular.
Art. 53/61 do cc.

Geralmente exige a formação de um patrimônio comum pela afetação de bens


particulares de seus integrantes.

Em regra possuem fins religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos, e


não tem fins lucrativos.

Fundações: formada pela disposição de bens patrimoniais destinados a um fim em


razão da vontade de uma só pessoa, ou seja, é fruto de uma declaração unilateral
de vontade.

O conjunto de bens recebe personalidade jurídica para realizar o fim instituído por
seu fundador.

Assim, pode-se dizer que ela é composta de dois elementos: o patrimônio e sua
finalidade, que jamais pode ser lucrativa, devendo sempre ser voltada para fins
religiosos, morais, culturais e de assistência.

Ela possui quatro fases de instituição: 

1. Ato de dotação ou instituição: por escritura pública ou testamento, onde o


instituidor indica bens livres que deverão reunir-se para determinado fim; 

2. Elaboração dos estatutos: que pode ser direta/própria (quando é feito pelo
instituidor) ou fiduciária (feito por pessoa designada pelo instituidor). Caso ninguém
o faça, tal incumbência será do Ministério Público; 

3. Aprovação do Estatuto: que será feita pelo Ministério Público (verifica se o objeto
é lícito, se foi observada a vontade do instituidor, e se os bens são suficientes), que
poderá aprovar, indicar alterações, ou negar a aprovação.

A aprovação será remetida para o Juiz, que também poderá fazer as alterações
necessárias, desde passem posteriormente a aprovação do MP; registro no Registro
Civil das Pessoas Jurídicas - e com isso a fundação passa a ter existência legal.

Partidos Políticos: pessoa jurídica de direito privado caracterizada pela união de


pessoas com a finalidade específica de exercer a atividade política. Não tem fins
lucrativos e sim políticos, razão pela qual possuem natureza própria.

Organizações religiosas: devem aplicar-se a elas as normas referentes as


associações apenas naquilo em que houver compatibilidade. Ela não se limita a
apenas um fim, portanto, além do fim teleológico, poderá ter fins pastorais e
evangélicos.
DESCONSIDERAcÃO DA
P.J.
Oportunistas vêm utilizando a principal regra da personalidade jurídica para
prejudicar terceiros, razão pela qual se fez necessário à elaboração da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica.

Neste caso, portanto, percebendo o Juiz que os sócios estão usando da sociedade
para esconder negócios proibidos, havendo manifesto dolo e má-fé, ele pode
desconsiderar a regra de que a personalidade da pessoa jurídica é distinta da de
seus membros, fazendo com que os efeitos dessa declaração atinjam os bens
particulares dos sócios com a finalidade de satisfazer as dívidas da pessoa jurídica.

Tal regra vem contemplada no artigo 135 do Código Tributário Nacional e no artigo
28 e parágrafos do Código de Defesa do Consumidor para casos de abuso de
direito, excesso de poder, infração a lei, fato ou ato ilícito ou violação dos contratos e
estatutos sociais, falência, insolvência ou encerramento da pessoa jurídica. O
Código Civil contempla essa regra em seu artigo 50.

Desconsideracão inversa
Quando é afastado o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para
responsabilizar a sociedade por obrigação do sócio, como na hipótese de um dos
cônjuges, ao adquirir bens de maior valor, registrá-los em nome de pessoa jurídica
sob seu controle, para livrá-los da partilha a ser realizada nos autos da separação
judicial.

É comum verificar, nas relações conjugais e de uniões estáveis, que os bens


adquiridos para uso dos consortes ou companheiros, móveis e imóveis, encontram-
se registrados em nome de empresas de que participa um deles.

O art. 133, § 2º, do novo Código de Processo Civil, ao tratar do incidente da


desconsideração da personalidade jurídica, proclama: “Aplica-se o disposto neste
Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica”.

RESPONSABILIDADE
CIVIL
Responsabilidade contratual: as pessoas jurídicas em geral, desde que se tornem
inadimplentes, respondem por perdas e danos (CC, art. 389).
Responsabilidade extracontratual: varia conforme seja a pessoa jurídica de direito
público ou privado.

No caso das pessoas jurídicas de direito privado, elas responderão pelos atos de
seus prepostos quer tenham ou não finalidade lucrativa.

Já as pessoas jurídicas de direito público terão responsabilidade objetiva sobre os


atos dos seus agentes, sendo que essa responsabilidade se estende as pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.

Neste sentido, proclama o artigo 43 do CC que "as pessoas jurídicas de direito


público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
qualidade causam danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os
causadores do dano, se houver, por parte destes, dolo ou culpa“.

Assim, conforme entendimento majoritário do STF, nesses casos, a ação somente


poderá ser proposta em face da pessoa jurídica.

Somente se o ofendido quiser provar a culpa do agente administrativo poderá abrir


mão dessa prerrogativa e entrar com a ação em face dele, ou de ambos.

Nestes dois casos o particular deverá comprovar a culpa da administração. Mesmo


que o particular não saiba quem foi o causador do dano poderá intentar ação contra
o Estado, a esta hipótese a doutrina dá o nome de "culpa anônima da
administração".

Para o STJ, se a ação for proposta em face da pessoa jurídica, esta poderá
denunciar a lide ao verdadeiro causador do dano, porém essa posição encontra
oposições na doutrina por parte das correntes mais restritivas.

EXTINcÃO
A extinção da pessoa jurídica pode ser dar de forma:

Convencional: vontade de seus integrantes;

Legal

Administrativa: não obtêm aprovação do Poder Público para funcionamento ou


quando praticam atos contrários ao seu fim;

Natural: com a morte de um de seus integrantes;

Judicial: um dos sócios propõe sua extinção ao Juiz em decorrência da


inobservância de uma norma extintiva legal.

Ela pode variar conforme o tipo de pessoa jurídica:

Sociedade: A extinção de uma sociedade pode se dar de duas formas:


Através da dissolução: quando acabam pela vontade dos sócios ou com o término
de sua duração.

Através da liquidação: são extintas por força de ato de autoridade competente.

Além dessas duas formas, podem se extinguir também através da consecução do


fim social, da verificação da sua inexequibilidade, da morte ou incapacidade de um
dos sócios, da insolvência ou da extinção do capital social.

Associação: Uma Associação pode findar-se de três formas:

Através da extinção: quando falta um dos elementos essenciais da personalidade


jurídica: falta de associação, falta de escopo ou perda de patrimônio.

Através da dissolução: pela vontade geral dos sócios

Através da supressão: por ato de autoridade competente.

Havendo fim de uma dessas pessoas jurídicas, seu patrimônio terá destinação
diversa: se for sociedade, será dividido entre os sócios; se for associação, será
devolvido à pessoa apontada no estatuto e, sendo este omisso, para quem a lei
determinar.

Fundação: se extingue quando verificada nocividade, impossibilidade ou inutilidade


de sua finalidade ou com o vencimento do prazo de sua inexistência.

Extinta, seu patrimônio terá o destino previsto pelo instituidor no ato constitutivo,
porém, caso esse se omita, o patrimônio será incorporado ao de outra fundação
municipal, estadual ou federal, designada pelo Juiz, similar à extinta.

Caso não exista nenhuma fundação com a mesma finalidade da extinta, entende a
doutrina que os bens serão declarados vagos (artigo 1.822 do CC por analogia).

Do domicílio
CONCEITO
Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de
direito. Onde pratica habitualmente seus atos e negócios jurídicos.

É o local onde responde por suas obrigações. É conceito jurídico (CC, arts. 327 e
1.785; CPC/2015, art. 46).
O Código Civil, no art. 70, considera domicílio o lugar onde a pessoa estabelece a
sua residência com ânimo definitivo.

A residência é, portanto, um elemento do conceito de domicílio, o seu elemento


objetivo. O elemento subjetivo é o ânimo definitivo.

OBS: Domicílio também não se confunde com habitação ou moradia, local que a
pessoa ocupa esporadicamente (casa de praia, de campo).

Uma pessoa pode ter um só domicílio e várias residências. Pode ter também mais
de um domicílio, pois o Código Civil admite a pluralidade domiciliar.

Para tanto, basta que tenha diversas residências onde alternadamente vivas (CC,
art. 71).

Diversamente do que dispunha o Código Civil de 1916, o atual não mais considera
domicílio o centro de ocupação habitual.

Princípio da unidade: domicílio é o lugar de seu “principal estabelecimento”, ou


seja, em caso de existência de vários lugares, um há de ser considerado o principal.

A teoria pluralista é a mais conforme as necessidades da vida social.

É certo, porém, que este Código não afasta totalmente o centro de ocupação
habitual do conceito de domicílio, pois consagra, no art. 72, o domicílio profissional.

É possível, também, segundo o art. 73, alguém ter domicílio sem ter residência fixa
(domicílio ocasional).

ESPÉCIES
O domicílio pode ser voluntário ou necessário (legal).

Domicilio voluntario pode ser:

Geral: escolhido livremente e pode ser mudado, conforme prescreve o art. 74.

Especial: fixado com base no contrato: foro contratual ou de eleição. O do contrato


é previsto no art. 78 do Código Civil, e o de eleição nos arts. 62 e 63 do CPC.

A parte por este beneficiada pode abrir mão do benefício e ajuizar a ação no foro do
domicílio do réu.

Não se tem admitido o foro de eleição nos contratos de adesão, salvo


demonstrando-se a inexistência de prejuízo para o aderente.
Domicílio necessário: é o determinado pela lei, em razão da condição ou situação
de certas pessoas.

Assim, os incapazes em geral têm o domicílio de seus representantes ou


assistentes; o servidor público tem por domicílio o lugar em que exerce
permanentemente suas funções, não perdendo, contudo, o domicílio voluntário, se o
tiver (admite-se a pluralidade domiciliar); o militar em serviço ativo tem seu domicílio
no lugar onde serve, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, na sede do comando a
que se encontra imediatamente subordinado; o domicílio do marítimo é o local em
que o navio está matriculado; e o do preso, o lugar em que se encontra cumprindo a
sentença (CC, art. 76 e parágrafo único).

OBS: O agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar


extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio poderá ser
demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve
(CC, art. 77).

DOMICÍLIO DA PESSOA
JURÍDICA
O art. 75 do Código Civil declara que o domicílio da União é o Distrito Federal; dos
Estados e Territórios, as respectivas capitais; e do Município, o lugar onde funcione
a administração municipal.

O das demais pessoas jurídicas, incluindo-se as de direito privado, é o lugar onde


funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio
especial no seu estatuto ou atos constitutivos.

Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um


deles será considerado domicílio para os atos nele praticados (§ 1º).

OBS: Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por


domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por qualquer de
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder (§
2º).

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