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Revista Âmbito Jurídico

Nº 82 - Ano XIII - NOVEMBRO/2010 - ISSN - 1518-0360

SEPARATA

-
Sociedade: Uma análise acerca das teorias
que envolvem a sua formação

Leonardo Gomes de Aquino


Revista Âmbito Jurídico

Sociedade: Uma análise acerca das teorias que


envolvem a sua formação
Leonardo Gomes de Aquino

Resumo: O trata da ncessidade da existência das pessoas juridica, em espeicla as


sociedade, dentro do sistema jurídico brasileiro, biuscando as teorias que envolvem a
formação do vinculo societário;

Sumário: 1.Pessoa; 2, requisitos para criação da pessoa jurídica; 3. Natureza das pessoas
jurídicas; 4. Espécies de pessoas jurídicas; 5. sociedade; 6. Natureza jurídica da relação
societária. 6.1. Teorias anticontratualistas; 6.2. Teoria Ecléticas; 6.3. Teorias contratualistas.

Para instigar e fomentar a reflexão gostaria de iniciar este texto com a seguinte citação:

“O que chamamos o começo é muitas vezes o fim. E fazer um fim é fazer um começo” (T.S.
Eliot. Antologia, 1988, p. 154).

1. Pessoa

Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil e sendo assim todo ser humano é
pessoa em razão de sua própria natureza e como tal é reconhecido pelo ordenamento
jurídico. Logo o ser humano entra no mundo jurídico com o nascimento, trazendo consigo a
eficácia do sujeito de direito. Prescreve Pontes de Miranda “ser sujeito de direito é estar na
posição de titular de direito”. [1] A pessoa física é o ente na sua essência, possuidor de
inteligência e capacidade. E essa pessoa já nasce com personalidade, que se exprime na
aptidão para adquirir e contrair obrigações.

Sendo a personalidade a capacidade de ser titular de direitos, pretensões, ações e exceções


e também de ser sujeito passivo de deveres, obrigações, ações exceções. Segundo Pontes
de Miranda “a capacidade de direito e personalidade são o mesmo”[2]. E a capacidade de
direito é a mesma para todos os seres humanos, pois, ante o princípio constitucional da Carta
Magna de 1988, em seu artigo 5º, todos são iguais perante a lei.

Contudo, além do ser humano, que tem personalidade, outras entidades ou instituições
também podem ser sujeitos de direito, quais sejam estes entes denominados de pessoa
jurídica. [3]

O ente social, porém, em pessoa se constitui exclusivamente por atribuição da lei, que cria
sua unidade jurídica e a confere a conjuntos de pessoas ou conjunto de bens, os quais, para
a obtenção determinados fins, se organizam ou são organizadas de modo a possuírem
vontade própria, direitos e interesses distintos da vontade e dos direitos e interesses
individuais de seus componentes, ou de seus dirigentes.

Suzy Elizabeth Cavalcante Koury[4], tratando da personalização da sociedade explica que

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“apesar de a personalidade jurídica não lhe dar vida, pois já a possui, tem personalidade
moral, é através dela que ficará assegurada a continuidade e a coesão dessa célula social
fundamental, além do que, ao reconhecê-la, o direito adequar-se-á a uma ordem de idéias
mais racional, mais verdadeira, indo ao encontro da realidade social.”

Consiste a personalidade na aptidão que a ordem jurídica reconhece às pessoas físicas e


outorga às pessoas jurídicas, de ser titular de uma tutela jurídica especial consistente em
reclamar direitos fundamentais, imprescritíveis ao exercício de sua existência[5]. Não apenas
ser sujeito de direito e deveres[6], pois os entes despersonificados são detentores de direitos
e deveres na ordem jurídica. Enquanto titulares de direito, poderá a pessoa jurídica, por seus
órgãos e representantes legais, atuar no comércio e sociedade, praticando atos de negócios
jurídicos em geral, assim, a pessoa jurídica passa a existir com o registro.

Com a aquisição da personalidade jurídica, haverá os patrimônios das pessoas que criaram a
pessoa jurídica e o patrimônio do ente criado, que é autônomo àqueles. Isso demonstra que a
entidade criada passa a ter características de pessoa natural, protegida legalmente. As
obrigações da pessoa jurídica recaem sobre o patrimônio desta, a responsabilidade é sempre
ilimitada[7], todavia o patrimônio dos membros também pode responder no caso de o
patrimônio da pessoa jurídica seja insuficiente[8]. O patrimônio da pessoa jurídica é
autônomo, logo, os credores dos criadores só poderão satisfazer a obrigação sobre o
patrimônio destes, enquanto os credores da pessoa jurídica deverão buscar a satisfação no
patrimônio desta. [9]

2. Requisitos para criação da Pessoa Jurídica

- Vontade humana criadora: a pessoa jurídica tem sua gênese na vontade humana, a qual,
para ser eficaz, deve emitir-se na conformidade do que prescreve o direito objetivo;

Diante disto, Bruno Mattos e Silva[10] afirma que há pelo menos cinco hipóteses em que uma
pessoa jurídica de direito privado não nascerá de uma união de pessoas: fundação; empresa
pública; subsidiária integral; serviços sociais autônomos e; qualquer hipótese em que a lei
criar uma pessoa distinta das anteriores.

- Observância das prescrições legais: porque é a lei que converte, formalmente, um


aglomerado de pessoas ou bens em uma só pessoa jurídica. As condições legais variam de
acordo com a modalidade de pessoa jurídica a ser adotada;

- Liceidade dos objetos: pois não se pode conceber que o direito reconheça a existência de
um ente que seja a projeção da vontade humana para atuar e proceder em descompasso com
a ordem jurídica que lhe possibilitou o surgimento.

3. Natureza das pessoas jurídicas

O conceito de pessoa jurídica tem merecido a atenção de inúmeros autores que tentam
encontrar a sua natureza jurídica. Em sua obra José Lamartine Correia de Oliveira[11]
classificou as concepções teóricas da pessoa jurídica num duplo critério, de visão da
sociedade empresária e de noção de direito subjetivo[12].

Entre as teorias que explicam a natureza dos entes jurídicos temos: Teoria da ficção; Teoria
da realidade objetiva e Teoria da doutrina orgânica; Teoria da realidade técnica; Teoria da

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destinação dos interesses; Teoria da propriedade coletiva; Teoria da vontade diretora; Teoria
da propriedade de afetação; Teoria institucionalista; Teoria normativista ou da destinação das
normas jurídicas; Teoria negativistas.[13]

Entre as teorias que explicam a natureza dos entes coletivos, destacam-se duas, as mais
significativas.

A primeira é a teoria da ficção, que prevaleceu no século XIX e teve como defensor Savigny,
que afirmava ser a personalidade jurídica fictícia, não decorrendo de ato natural, e, sim, legal.
O ente jurídico nada mais é que uma criação artificial da lei, carecendo de realidade: sua
existência teria por escopo apenas facilitar determinadas funções. A objeção de José.
Lamartine Corrêa de Oliveira à teoria ficcionista é dupla. O voluntarismo inerente à noção de
direito subjetivo é repudiado por Lamartine que, disciplina “a doutrina do Wollendürfen está
hoje totalmente superada e leva à absoluta inexplicabilidade o caso dos loucos e dos menores
impúberes”[14]. Contudo, “o velho vício do individualismo, de só enxergar duas realidades na
sociedade, as realidades extremas – indivíduo e Estado – encontra magnífica acolhida em tal
doutrina” [15] que, em última análise, deixaria os grupos intermediários reféns da
arbitrariedade estatal pelo sistema da concessão que lhe é decorrente, ou ainda, não
explicam a existência do Estado como pessoa jurídica.

A teoria da realidade, de origem germânica, sustenta que a vontade, pública ou privada, é


capaz de dar vida a um organismo, que passa a ter existência própria, distinta da de seus
membros, capaz de tornar-se sujeito de direito, real e verdadeiro. A idéia básica é que as
pessoas jurídicas, longe de serem mera ficção, são uma realidade sociológica, seres com vida
própria, que nascem por imposição das forças sociais. Pessoas jurídicas são corpos sociais,
que o direito não cria, mas se limita a declarar existentes. [16]

José Lamartine Correia de Oliveira[17] entende a personalidade jurídica como uma realidade
socialmente ôntica, analógica à personalidade humana.

A discussão mantém-se até o momento em aberto, sendo certo que a natureza da pessoa
jurídica pode ser definida como um centro de imputação de normas jurídicas ou, então, seria
encarada como novos atores na vida social. Iniciando a idéia de que o ente que o direito
reconheceu como pessoa jurídica é um ser admitiu, entretanto, que aqueles se alteram de tal
forma que a norma passa é a qualificar convenientemente o ser que regula. J. M. Coutinho de
Abreu afirma que as pessoas jurídicas “são uma realidade jurídica, criação (recente) do
direito”.[18]

Independentemente das considerações dogmáticas sobre a natureza da pessoa jurídica, certo


é que a realidade social sofreu e vem sofrendo desenvolvimentos, com claras implicações no
instituto da personalidade jurídica. [19]

Caio Mário da Silva Pereira afirma

“que todo homem é dotado de personalidade. O direito reconhece igualmente a personalidade


aos entes morais, sejam os que se constituem de agrupamento de indivíduos que se
associam para a realização de uma finalidade econômica ou social (sociedade e
associações), sejam os que se formam mediante a destinação de um patrimônio para um fim
determinado (fundações), aos quais é atribuída com autonomia e independência
relativamente às pessoas físicas de seus componentes ou dirigentes”.[20]

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Portanto, no que diz respeito às pessoas jurídicas tem-se que estas são criações do próprio
direito, diferentemente das pessoas naturais. O sistema jurídico atua na atribuição de direito e
deveres a todos estes entes, criados por ele próprio. Para o nosso direito, a pessoa jurídica
tem realidade jurídica, pois o artigo 45 do Código Civil dispõe que a existência legal da
pessoa jurídica começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. O art. 985, do CC prevê que “a
sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da
lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150)”. [21]

4. Espécies de pessoa jurídica

O direito, no entanto, disciplina taxativamente quais são os entes ou entidades dotados de


serem caracterizados como pessoa jurídica. [22]

Assim, as pessoas jurídicas de direito público interno são: a União; os Estados, o Distrito
Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas e as
demais entidades de caráter público criadas pela lei. As pessoas jurídicas de direito público
externo são as regulamentadas pelo direito internacional, abrangendo as nações estrangeiras,
Santa Sé, uniões aduaneiras que tem por escopo facilitar o comércio exterior e organismos
internacionais.

As pessoas jurídicas de direito privado, as sociedades, as associações, as fundações, os


partidos políticos e as organizações religiosas (art. 44, do Código Civil).

As entidades religiosas são aquelas dedicadas ao culto, contudo para ser considerada como
pessoa jurídica se faz necessário o registro no Cartório Civil de Pessoas Jurídicas da sua
sede.

As pessoas jurídicas se diferenciam pela estrutura interna onde as sociedades e a


associações são um agrupamento de pessoas e a fundação é um agrupamento de bens.

É marcante a distinção entre a sociedade e a associação, pois esta não se confunde com
aquela, como parece mesmo evidente, em face do rol colocado, porque na associação não há
fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha patrimônio, formado por
contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais, educacionais, esportivos,
religiosos, recreativos, morais etc. Este aspecto é importante para se evidenciar, desde já,

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que na sociedade, independentemente de ser simples ou empresária, há fim econômico e


com o intuito de lucro, na associação, não pode haver.

As associações têm natureza civil e são personificadas a partir de seu registro no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas, que na maioria dos casos brasileiros, estão anexados aos
Cartórios de Registro de Títulos e Documentos. O interessado na criação de uma associação
deve levar o estatuto aprovado pela assembléia e as atas de constituição, eleição e posse da
diretoria, para que seja, então, efetivado o registro e a conseqüente personalização da pessoa
jurídica, neste caso a associação.

O argumento aplicado às fundações não é diferente. São também entidades sem fins
lucrativos, entretanto, não formadas por pessoas, mas por um patrimônio especial, uma
sociedade de bens, que, após a personalização é afetado para que os fins da fundação sejam
alcançados. A legislação prevê fins específicos para fundação que só poderá constituir-se
para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, §§ único, do CC).

Silvio de Salvo Venosa destaca que “para a constituição da fundação há dois momentos bem
delineados: o ato de fundação propriamente dito, que é a sua constituição emanada da
vontade, e o ato de dotação de um patrimônio, que lhe dará vida”.[23] Realmente, o
interessado ou interessados em criar a fundação primeiro emite a vontade, querendo instituir
a fundação, mas esta enfrenta um ato complexo, vale dizer, não basta a vontade, há que se
ter também um patrimônio destinado para a afetação e, ainda, o registro no cartório de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Normalmente o que ocorre primeiro é a elaboração do estatuto da fundação. Após este,


deve-se fazer a escritura pública de dotação de bens. É esta escritura que tem o condão de
dotar de bens a fundação. Tanto o estatuto como a escritura pública de dotação de bens
devem ser apresentados para o membro do Ministério Público competente, que exerce a
função de curadores das fundações, para que seja elaborado um parecer sobre a
possibilidade de criação da respectiva fundação nos moldes desejados.

Veja-se, a respeito, o Enunciado nº 10 da Jornada de Direito Civil prevê que o “art. 66, § 1º:
em face do princípio da especialidade, o art. 66, § 1º, deve ser interpretado em sintonia com
os arts. 70 e 178 da LC nº 75/93.”[24]

Tem se sugerido que, como a escritura e o estatuto estão sujeitos ao crivo do Ministério
Público, o melhor seria levar para a análise do membro ministerial as respectivas minutas,
pois assim há economia de tempo e dinheiro no que concerne ao registro da fundação. O
risco de modificação dos documentos, posterior ao parecer, não deve ser matéria de
preocupação. É normal o parecer ser condicional à manutenção do texto analisado e ao
registro, tanto assim que determina, após o registro por parte dos interessados, os
documentos devem ser arquivados no próprio Ministério Público. Dessa forma, após estar em
mãos com o estatuto, com a escritura de dotação de bens e com o parecer, o interessado
deve levá-los ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas para que seja procedido o registro e a
conseqüente personalização da fundação.

Estas disposições sobre associações e fundações são simplesmente elucidativo, para que
possa se assentar melhor a matéria. O escopo aqui pretendido é o estudo das sociedades,
como visto referida no inciso segundo do art. 44, do Código Civil.

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No art. 44, §§ 2º do CC o legislador mencionou que as sociedades são objeto de estudo no


Livro II da Parte Especial.

Ricardo Negrão preleciona que a

“Sociedade é o contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, ou somente entre
pessoas físicas (art. 1.039), por meio do qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir,
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilhar, entre si, os
resultados.” [25]

A sociedade, conforme o conceito acima, condiz a um mecanismo jurídico que é titular de


bens e/ou recursos econômicos os quais lhe possibilitem o exercício da empresa destinada a
propiciar lucros para os sócios, mas também os sujeita a perdas eventuais, nos casos em que
as despesas daquela mesma empresa superem as receitas.

Como se vê, desde logo, as sociedades, diferentemente do que se tem no caso das
associações e fundações, têm um fim econômico.

No entanto, a existência legal das pessoas jurídicas de direito só se inicia com a inscrição do
seu ato constitutivo no respectivo registro, precedida quando necessário de autorização do
Poder Executivo. Porém, para o Código Civil, nem toda sociedade é pessoa jurídica, tendo
sido prevista duas espécies não personificadas. Na primeira, a legislação reconhece a
existência de relações negociais entre os sócios antes mesmo de inscritos os atos
constitutivos, sendo denominada de sociedade em comum (art. 986 a 990, do Código Civil).
Na segunda a legislação entende que os contratos formalizados em contra de participação
são considerados como sociedade, embora desprovidas de personalidade jurídica em virtude
da lei (art. 991 a 996, do Código Civil).

Em conformidade com o Enunciado nº 143 aprovado pela III Jornada de Direito Civil, realizada
em dezembro de 2004 dispõe que as entidades religiosas, os partidos políticos e os sindicatos
possuem natureza associativa, aplicando-se no que lhes couber o Código Civil. No entanto,
deve-se ressaltar que o regime jurídico das entidades religiosas[26] e dos partidos políticos
[27] é diferente das demais associações.

5. Sociedade

Restringindo a caracterização das pessoas jurídicas descritas pelo direito passaremos a


analisar a questão sobre o prisma do direito societário.

Para a constituição das sociedades (pessoas jurídicas de direito privado), é necessário a


concorrência de três requisitos básicos: a) capacidade dos agentes, vontade humana criadora
(conversão das vontade dos participantes do grupo na integração – affectio societatis)[28]; b)
observância das condições legais de sua formação (necessário o cumprimento das
determinações das normas jurídicas, bem como dos requisitos legais para a sua constituição);
e c) a objetivação das finalidades (de sempre objetivar fim econômico, não vedado pelo
direito).

Compilado os requisitos essenciais e satisfeitas as regras legais de sua formação previstas


nos artigos 46 e 997 combinado com o artigo 104 todos do Código Civil, o ente jurídico
adquire capacidade e personalidade jurídica, após o registro no órgão competente (art. 985).

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E estes fundamentos surgem como conseqüência natural e lógica, reconhecidos pelo próprio
ordenamento legal (art. 45 do Código Civil).[29]

Segundo o Código Civil, a sociedade é fruto de contrato entre pessoas que, reciprocamente,
se obrigam a contribui com bens e serviços para o exercício de atividade econômica,
objetivando a partilha de resultados.

A sociedade é, portanto, uma união de esforços para o bom desenvolvimento de atividades


econômicas, das quais uma única pessoa física não daria conta, onde a união se formaliza
pelo contrato. A referida atividade pode restringir-se à realização de apenas um negócio ou a
vários. O art. 981 do Código Civil disciplinar que “celebram contrato de sociedade as pessoas
que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Apesar deste disposto as
sociedades podem ter como origem um Estatuto.

No entanto, a sociedade só pode adotar um dos tipos previsto na legislação. Assim, os tipos
societários são os seguintes: Sociedade em Comum; Sociedade em Conta de Participação
(não personificadas); Sociedade Simples; Sociedade Cooperativa; Sociedade em Nome
Coletivo; Sociedade Comandita Simples; Sociedade Limitada; Sociedade Anônima e
Sociedade Comandita por Ações (sociedades personificadas).[30]

6. Natureza jurídica da relação societária

Tendo em vista que a sociedade é uma complexa organização de pessoas e meios, que
adquire uma objetividade autônoma em ligação as diversas relações jurídicas provenientes da
sua constituição. A sua constituição surge por meio de um processo, onde a sua realização se
dá pela série de atos ligados que se desdobram no tempo, o qual finda com o registro dos
atos constitutivos junto ao órgão competente. Através da criação da sociedade,
estabelecem-se verdadeiras e próprias relações jurídicas entre uma série de partes que se
constituem em um grupo e assumem, reciprocamente, a obrigação de conferir meios
materiais e/ou pessoas para dotar este ente, também, da organização necessária ao seu
funcionamento e à consecução dos seus objetivos, que nada mais é do o exercício de uma
atividade econômica. Estas partes podem fazer parte da constituição como sendo terceiros
que ajudam a desenvolver a atividade.

O termo sociedade é utilizado na linguagem jurídica para designar uma pessoa jurídica de
direito privado que através de um contrato societário onde as pessoas se obrigam
reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e
a partilha, entre si, dos resultados. A legislação das sociedades Anônimas oferece a noção de
sociedade como uma companhia que tem como origem como pessoa com o arquivamento do
Estatuto na junta comercial.

A doutrina estrangeira vem assinalando uma polissemia falando da sociedade como contrato
e como coletividade; contrato e entidade; negócio jurídico e pessoa jurídica; contrato e
instituição. [31]

Fran Martins aponta que

“na prática se costuma confundir a sociedade empresaria, pessoa jurídica de direito privado,
com o ato que a constitui. No entanto, são duas coisas diferentes: o ato, que pode ser um

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contrato ou não, e o elemento necessário para a formação da sociedade, sem o qual ela não
existe. Pode esse ato ser um contrato, na acepção clássica do termo, ou seja, o acordo de
duas ou mais pessoas coma finalidade de constituir, modificar ou extinguir obrigações, ou um
ato semelhante ao contrato, que se chama ato institucional, para realização do qual são
exigidos, alguns requisitos característicos dos contratos. (…) e complementa linhas abaixo
que na realidade, a doutrina clássica admite que as sociedades são invariavelmente formadas
por um contrato. A distinção entre contrato e ato institucional não é assim, geralmente aceita,
se bem que tenha lógica.”[32]

Quando a sociedade for formada por dois ou mais sócios poderá ser constituída por contrato
(negócio jurídico) ou mesmo por um ato jurídico lícito que não seja o contrato, porquanto
existem atos constitutivos de sociedade sem natureza contratual (sociedades unipessoais) e
sem natureza negocial (sociedade de economia mista[33] e empresa pública[34]).

J. M. Coutinho de Abreu prefere classificar a natureza como sociedade-ato jurídico e em


sociedade-entidade e esclarece que

“Entre ato jurídico constituinte e entidade societária há uma íntima ligação: o ato faz nascer à
entidade, está assenta geneticamente nele e por ele é em boa medida disciplinada. Mas, por
outro lado, há um considerável desprendimento da sociedade-entidade relativamente ao ato
constitutivo: afora o fato de a organização e funcionamento internos da sociedade serem em
larga medida independentes do ato de constituição (sendo diretamente regidos pela
legislação societária), ela é novo sujeito (distinto do(s) sócio(s)) que por si atua e se relaciona
com outros sujeitos (não sendo, no essencial, tais atuação e relações da criatura disciplinada
pelo ato criador…)”.[35]

A idéia da existência de sociedade unipessoal não é tão absurda, apesar de nosso Código
Civil ter concebido a sociedade formada pelo contrato, nossa legislação já admite a exemplo
de outras legislações estrangeiras a sociedade unipessoal. E, de fato: a) segundo o artigo 251
da Lei nº 6.404/76: “a companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo
como único acionista sociedade brasileira”. É a chamada subsidiária integral, regulamentada
nos artigos 251 a 253 da referida lei. A exigência para a sua constituição vê se, é a seguinte:
fazer-se por escritura pública e ter como único acionista sociedade, pessoa jurídica brasileira.
A subsidiária integral, pois, é uma sociedade unipessoal desde o nascimento. b) O artigo 206,
I, “d” da Lei 6.404/76 prevê a dissolução da sociedade pela existência de único acionista,
verificada em assembléia geral ordinária, se o mínimo de dois não for reconstituída até a do
ano seguinte, ressalvo o disposto no artigo 251 deste diploma legal. c) Em respaldo a esse
entendimento, a seguinte regra, inserida no artigo 1033, IV do Código Civil dispõe que
“dissolve a sociedade quando a falta de pluralidade de sócios não for reconstituída no prazo
de 180 dias”. d) A empresa pública possui patrimônio próprio e capital exclusivo da União, ou
seja, o único sócio ou acionista é a União e pode adotar qualquer dos tipos societários
personificados existentes na legislação civil.

É a admissão da sociedade unipessoal na legislação brasileira. Se assim é, como explicar a


formação de uma sociedade no direito brasileiro? Para responder a essa pergunta é preciso
analisar as teorias a respeito.

6.1) Teorias anticontratualistas

As teorias do ato coletivo e do ato complexo foram difundidas por Kuntze, Messineo, Rocco

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se baseiam que não existindo oposição de interesses não há contrato. Tratar-se-ia de um


negócio jurídico, no qual os parceiros formam uma nova pessoa de direito. Para os
defensores desta teoria, diante das dificuldades de enquadrar o ato constitutivo às
características dos contratos, sustentam que o ato que forma a sociedade não é um contrato.
Rubens Requião analisando estas teorias demonstra que constituída a sociedade como ato
complexo ou mesmo como ato coletivo, as manifestações dos sócios se fundiriam,
aparecendo em face de terceiros como uma só vontade, resultante na sociedade empresarial.
Diante dessa tese, afastado estaria o conceito de contrato, pois, no ato complexo como no ato
coletivo, as vontades que se enfeixam são paralelas, destinadas a um fim comum, não se
cruzam como nos contratos, podendo ter origem em um ato coletivo ou ato complexo. [36]

Para boa parte da doutrina alemã e para alguns autores italianos como Francesco Messineo,
o ato constitutivo da sociedade seria um acordo coletivo no qual várias pessoas, possuindo
um mesmo interesse, atuam como uma só parte. Tratar-se-ia de um negócio jurídico unilateral
sem a dualidade ou pluralidade de partes exigidas para a formação dos contatos.
Considera-se ato coletivo o “conjunto de manifestações de vontades paralelas, de conteúdo
idêntico, proveniente de pessoas com o mesmos interesses”[37]. Sendo o Ato coletivo o
acordo no qual as várias vontades dos participantes se unem, mas permanecem distintas e
perfeitamente visíveis no âmago interno do ato. Os atos individuais se uniriam formando uma
só unidade, contudo os elementos componentes seriam perfeitamente visíveis internamente,
na unidade composta.

O Ato complexo, em que todas as vontades individuais dos participantes se fundem em uma
só, perdendo a individualidade e formando uma única vontade, pois internamente (perante os
sócios) e externamente (perante terceiros) as deliberações sociais é una, visto que são
decorrentes da decisão da maioria dos sócios.

A diferença entre ato coletivo e ato complexo é refletida primeiramente nas vontades, mas
não de forma única como ocorrem no caso do ato complexo no qual existe uma conjunto de
vontade que se unem e transformam em uma manifestação unitária

A crítica que se coloca é que realmente na constituição existe um conflito de interesses. Cada
sócio tenta obter o máximo de vantagens com a menor contribuição possível.
Necessariamente nem todos os sócios visam os mesmos fins, pois possuem diversos
interesses. A existência de vontade comum é limitada à procura do exercício de uma atividade
econômica.

Logo, tais teorias não explicam, em nosso direito a formação da sociedade empresária.

A Teoria da Instituição elaborada por Hauriou, a teoria teve como ponto de partida as
instituições de direito público, projetando-se no direito empresarial para explicar a natureza do
ato constitutivo das sociedades anônimas. A instituição definida por Hauriou, como “uma
organização social, estável em relação à ordem geral das coisas, cuja permanência é
assegurada por um equilíbrio de forças ou por uma separação de poderes, e que constitui, por
si mesma, estado de direito”[38].

Já Alberto Asquini afirmava que instituição é toda organização de pessoas lastreadas em


relações de hierarquia e cooperação entre os seus membros em função de um objeto comum
[39].

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Fran Martins, afirma, expressamente, que o ato de constituição das sociedades em geral é
uma instituição e não um contrato, pois a vida da sociedade não fica a depender da vida dos
que as formam; sendo constituídas por prazo indeterminado, a vontade de um ou de alguns
dos sócios não é suficiente para extingui-las, deixando claro que afirmação refere apenas as
sociedades consideradas como de capitais. [40]

Bruno Mattos e Silva[41] conclui que

“o reconhecimento de uma organização de pessoas como instituição não significa


personificação. A outorga da personalidade jurídica a uma organização de pessoas tem como
objetivo de se atribuir a um sujeito, distinto dos membros da organização, a titularidade das
relações jurídicas dessa organização. Por isso a teoria da instituição não confunde a
existência da organização (que pode ser decorrente de um contrato) com a existência da
pessoa jurídica.”

Já Haroldo Malheiros Duclerc Verçosa[42] demonstra que neste contexto a instituição seria
preexistente em relação à constituição da sociedade.

A teoria de Hauriou não se explica eficazmente a relação que se estabelece entre os


subscritores do capital social no momento de criação da sociedade. O autor acaba, então, por
recorrer à teoria contratualista afirmando que a uma operação de fundação pode se mesclar
um contrato.

Segundo Rubens Requião a Lei 6.404/76 tem como filosofia da natureza do ato constitutivo a
teoria da instituição[43], pois segundo Modesto Carvalhosa[44] “há muito a sociedade
anônima deixou de ser um contrato de efeitos limitados para seus poucos participantes; é
uma instituição”.

Não há como negar que a sociedade anônima é uma instituição, mas é uma instituição
derivada de um contrato plurilateral, pois o caráter institucional derivada de sua função e não
de sua constituição. [45]

6.2) Teoria Ecléticas

Nestas teorias há uma natureza jurídica contratual com a do ato unilateral, entendendo que o
ato constitutivo da sociedade seria, simultaneamente, um contrato, no que se refere as
relações jurídicas entre sócios e um ato jurídico, do ponto de vista das relações jurídicas
travadas entre os sócios e terceiros.

Tullio Ascarelli critica tais teorias pelo fato de atribuírem natureza dúplice ao ato constitutivo
da sociedade, o que em sua opinião seria contraditório.

“Essa teoria parte da exata percepção de que, na constituição da sociedade, existe algo de
análogo e algo diferente do que há nos demais contratos, mas chega ao resultado,
inaceitável, de atribuir a um único ato, simultaneamente, duas naturezas diversas e
contraditórias (como a do ato unilateral e a do contrato), ou de postular, ao lado do `contrato´
de sociedade, uma declaração dos sócios a terceiros, que, ao contrário, é, na realidade, o
próprio contrato de sociedade.” [46]

De fato, é o mesmo ato constitutivo que estabelece vinculo jurídico entre os sócios, entre

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esses e a sociedade e entre essa e terceiros, não sendo possível, seja uma questão lógica,
considerá-lo um contrato, bilateral ou plurilateral e, concomitantemente, um ato unilateral.

6.3) Teorias contratualistas

No direito brasileiro pode-se explicar a natureza jurídica do ato constitutivo das sociedades
empresárias calcadas na idéia de contrato, base para conceber as teorias contratualistas. A
base legal seria o art. 981, do CC que dispõe “celebram contrato de sociedade as pessoas
que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Na classificação dos contratos
quanto à carga de obrigações das partes pode ser feita em contratos unilaterais, bilaterais e
plurilaterais.

Os Contratos Unilaterais são aqueles em que só uma das partes se obriga em relação a
outra; assim sendo, quando da sua formação, só geram obrigações para uma das partes. É o
caso da doação pura e simples, em que apenas o doador contrai obrigações, ao passo que o
donatário só aufere vantagens, nenhuma obrigação assumindo, salvo o dever morar de
gratidão. Assim sendo, os contratos unilaterais, apesar de requererem duas ou mais
declarações volitivas, colocam um só dos contraentes na posição de devedor, ficando o outro
como credor. Já os contratos bilateriais são aqueles que criam obrigações para ambas as
partes e essas obrigações são recíprocas; cada uma das partes fica adstrita a uma prestação.
É o que acontece com a Compra e Venda, em que o vendedor fica obrigado a entregar
alguma coisa ao outro contratante, enquanto este, por seu turno, se obriga a pagar o preço
ajustado. Como bem se percebe, as obrigações criadas pelo contrato bilateral recaem sobre
ambos os contratantes; cada um destes é ao mesmo tempo credor e devedor; o vendedor
deve a coisa alienada, mas é credor do preço; o comprador, por sua vez, é devedor do preço,
mas credor da coisa adquirida. Já o contrato plurilateral é quando se conjugam, no mínimo
duas vontades paralelas, admitindo-se número superior, todas direcionadas para a mesma
finalidade.[47]

No que se confere aos contratos comerciais, Tulio Ascarelli trata da peculiaridade dos
contratos das sociedades. Segundo ele, esse tipo de contrato é marcado pela possibilidade
da participação de mais de duas “partes”, assumindo todas quer direitos, quer obrigações[48].
É óbvio que mesmo nos contratos plurilaterais, em um determinado caso concreto, pode
haver a participação de apenas duas partes. Isso, porém, não diminui a possibilidade de
participação de mais de duas partes, excluída nos demais tipos de contrato. É importante
ressaltar que numa venda, numa locação, ou num mandato pode haver vários vendedores,
compradores, locadores, locatários, mandantes ou mandatários, mas há somente duas e
somente duas partes. Todos os vendedores e compradores, na venda, são unificados em dois
grupos e somente em dois grupos. Há apenas duas partes nesse tipo de contrato, o que
independe do número de pessoas envolvidas, ou seja, parte ativa e passiva. E complementa
Tulio Ascarelli que “na sociedade, ao contrário, há a possibilidade de uma verdadeira
pluralidade de partes: os cinco, dez ou cem sócios, que podem concorrer na constituição de
uma sociedade, representam cinco, dez, cem partes, não havendo possibilidade de
reagrupá-los em ‘dois’ grupos, em ‘duas’ partes” [49]. No contrato plurilateral todas as partes
são titulares de direito e obrigações. Cada parte tem obrigações não para com “uma” outra,
mas para com “todas” as outras.

Para ilustrar a distinção, Amador Paes de Almeida[50] utiliza-se das figuras geométricas. Num
contrato bilateral as partes estariam em lados opostos de uma reta; no contrato plurilateral, as

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partes estariam dispostas em vontades paralelas.

Segundo a doutrina majoritária a natureza jurídica do ato constitutivo da sociedade é um


contrato plurilateral. No entanto a sociedade pode advir de contrato social ou de ato
correspondente (Estatuto)[51]. É através de um destes documentos, que deverá ser a
sociedade constituída e posteriormente procederem ao arquivamento no órgão competente.
[52]

Notas:
[1] MIRANDA, Pontes de. Das obrigações por atos ilícitos. p. 153 apud AQUINO, Leonardo
Gomes de. “Responsabilidade penal da pessoa coletiva no direito português e brasileiro”.
Revista da Fadom. Divinópolis: Faculdade de Direito do Oeste de Minas. Ano 36, nº 12,
Jan-jun 2002, 143-153, p. 149.
[2] MIRANDA, Pontes de. Das obrigações por atos ilícitos. p. 153 apud AQUINO, Leonardo
Gomes de. “Responsabilidade penal da pessoa coletiva no direito português e brasileiro”.
Revista da Fadom. Divinópolis: Faculdade de Direito do Oeste de Minas. Ano 36, nº 12,
Jan-jun 2002, 143-153, p. 149.
[3] Não existe uniformidade quanto à expressão a ser adotada para caracterizar o
agrupamento de pessoas ou bens dotados de personalidade. Estes entes adotam as
seguintes denominações: pessoas incorpóreas, pessoas ideais ou de existência ideal,
pessoas ou corpos morais, pessoas coletivas, místicas, sociais, fictícias, abstratas, universais,
compostas e universalidade de pessoas ou bens. Segundo Marcelo Navarro Ribeiro Dantas
nenhuma destas denominações é inteiramente satisfatória, visto que nem mesmo pessoa
jurídica é imune de crítica, pois “todas as pessoas são jurídicas, no sentido de que a
personalidade é conceito jurídico e seus atributos se regulam pelo Direito. Mas, apesar disso,
incorporou-se definitivamente ao nosso vocabulário jurídico”. (DANTAS, Marcelo Navarro
Ribeiro. Comentários ao Código Civil Brasileiro. parte Geral (arts. 1º a 103). v. I. Rio de
Janeiro: Forense, 2005, p. 303, nota 05. Arruda Alvim; Thereza Alvim coordenadores.
[4] KOURY, Suzy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica
(disregard doctrine) e os grupos de empresas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 56.
[5] ROSENVALD, Nelson e FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito Civil. Teoria Geral. 6ª Ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 104.
[6] COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. v. 2. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 9,
afirma que “os titulares de direitos e obrigações podem ou não ser dotados de personalidade
jurídica.”

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[7] O CPC prevê que: Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações,
com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
[8] O CPC prevê que: Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas
da sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da
dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.
[9] Rubens Requião (REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1. 26ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 397) ensina que os bens sociais asseguram toda e qualquer
responsabilidade constituída pela sociedade perante terceiros. Entendendo assim: “A
sociedade com personalidade adquire ampla autonomia patrimonial, o patrimônio é seu, e
esse patrimônio, seja qual for o tipo de sociedade, responde ilimitadamente pelo seu passivo”.

[10] SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa. Teoria da Empresa e Direito Societário. São
Paulo. Ed. Atlas. 2007, p. 246.
[11] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 10.
[12] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 24.
[13] Para uma análise aprofundada destas teorias vide OLIVEIRA, José Lamartine Correia de.
A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo: Saraiva, 1979, p. 10 e ss. DANTAS, Marcelo
Navarro Ribeiro. Comentários ao Código Civil Brasileiro. parte Geral (arts. 1º a 103). Arruda
Alvim; Thereza Alvim coordenadores. Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. I. p. 314-345.
[14] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 33.
[15] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 37.
[16] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 94-97.
[17] OLIVEIRA, José Lamartine Correia de. A dupla crise da pessoa jurídica. São Paulo:
Saraiva, 1979, p. 16-20, 606-608.
[18] ABREU, J. M. Coutinho de. Da empresariedade: as empresas no direito. Coimbra:
Livraria Almedina, 1999, p. 198-199.
[19] KOURY, Suzy Elizabeth Cavalcante. A desconsideração da personalidade jurídica
(disregard doctrine) e os grupos de empresas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 47.
[20] PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 21ª ed. revista e atualizada por
Maria Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 213-214.
[21] Fabio Ulhoa Coelho (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 14ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2010, v. 2, p. 17.) afirma que a existência da pessoa jurídica passa a existir
com pessoa a partir do “momento que os sócios passam a atuar em conjunto, na exploração
da atividade econômica, isto é, desde o contrato, ainda que verbal, de formação de
sociedade, já se pode considerar existente a pessoa jurídica
[22] Enunciados Aprovados na I Jornada de Direito Civil Promovida pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal em dezembro de 2004, sob a Coordenação
Científica do Ministro Ari Pargendler, do STJ – Novo Código Civil. “144 – Art. 44: A relação
das pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não
é exaustiva.”
[23] Enunciados Aprovados na I Jornada de Direito Civil Promovida pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal no período de 11 A 13 de Setembro de 2002, sob
a Coordenação Científica do Ministro Ruy Rosado, do STJ – Novo Código Civil. Os
Enunciados nº 8º e 9º da Jornada de Direito Civil prevê que o “8 – Art. 62, parágrafo único: a
constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio

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ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo único. 9 – Art. 62, parágrafo único: o
art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações de fins
lucrativos.”
[24] Enunciados Aprovados I na Jornada de Direito Civil Promovida pelo Centro de Estudos
Judiciários do Conselho da Justiça Federal no período de 11 A 13 de Setembro de 2002, sob
a Coordenação Científica do Ministro Ruy Rosado, do STJ – Novo Código Civil.
[25] NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. São Paulo: Saraiva, 2006.
v. 1, p. 236.
[26] De acordo com o art. 44º parágrafo 1º, do Código Civil as entidades religiosas “são livres
a criação, a organização, a estrutura interna e o funcionamento das organizações religiosas
ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento”.
[27] Os partidos políticos são regidos pela legislação própria, não tendo a Lei 10.825/03
inovado neste particular.
[28] A expressão affectio societatis pode ser empregada para traduzir o universo volitivo de
cada um dos sócios quotistas ou acionistas, expressando sua vontade de entrar e
permanecer na sociedade.
[29] É nula a sociedade em que se pactuar que um dos sócios será indenizado pelos demais
em caso de falência. (UNB – CESPE. OAB-DF - 2005.3 - QUESTÃO 80).
[30] Para uma análise da evolução histórica das sociedades empresarias vide JOÃO, Juliana.
“Evolução histórica das sociedades empresarias”. Direito societário na atualidade: aspectos
polêmicos. Coord. Leonardo de Faria Beraldo. Belo Horizonte: Del Rey Editora: 15-23.
[31] ABREU, J. M. Coutinho de. Curso de comercial.. Coimbra: Livraria Almedina, 2001, v.2, p.
3.
[32] MARTINS. Fran. Curso de Direito Comercial. 30ª ed. atualizada por Carlos Henrique
Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 170-171.
[33] A Sociedade de Economia Mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, a criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de Sociedade
Anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou às entidades
da Administração Indireta. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v. I. 22ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2005, p. 251.
[34] Segundo Maria Helena Diniz “a empresa pública é entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei
para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de
contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas
admitidas em direito”. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. v. I. 22ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2005, p. 250.
[35] ABREU, J. M. Coutinho de. Curso de comercial.. Coimbra: Livraria Almedina, 2001, v.2, p.
4.
[36] Rubens Requião (REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1. 26ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 381-382) discorda dos defensores dessas teorias (OERTMANN, KUNTZEN,
LEHAMANN, ROCCO E MESSINO) e afirma que na formação da sociedade nem sempre as
vontades dos sócios se harmonizam, elas se entrecruzam, conflitam-se. E, também, o
antagonismo de interesses existe e perdura por toda a vida societária, o que pode levar,
inclusive, à dissolução da sociedade.
[37] ALMEIDA, Antonio Pereira. Sociedades comerciais. 3ª ed. Coimbra: Coimbra Editora,
2003, p. 188.
[38] Rubens Requião (REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1. 26ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 383) discorda dos defensores dessas teorias (OERTMANN, KUNTZEN,
LEHAMANN, ROCCO E MESSINO) e afirma que na formação da sociedade nem sempre as
vontades do sócios se harmonizam, elas se entrecruzam, conflitam-se. E, também, o

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antagonismo de interesses existe e perdura por toda a vida societária, o que pode levar,
inclusive, à dissolução da sociedade.
[39] SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa. Teoria da Empresa e Direito Societário. São
Paulo. Ed. Atlas. 2007, p. 251.
[40] MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 30ª ed. atualizada por Carlos Henrique
Abrão. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 203.
[41] SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa. Teoria da Empresa e Direito Societário. São
Paulo. Ed. Atlas. 2007, p. 252.
[42] VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de direito comercial. Teoria geral das
sociedades. As sociedades em espécie do código civil. São Paulo: Malheiros. 2006. v. 2, p.
58.
[43] REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.
384.
[44] CARVALHOSA, Modesto. Comentários à lei das sociedades anônimas. v. 2. São Paulo:
Saraiva, 2003, p. 65.
[45] ASCARELLI, Tullio. Problemas das sociedades anônimas e direito comparado.
Campinas: Bookseller, 2001, p. 376-387. CARVALHOSA, Modesto. Comentários à lei das
sociedades anônimas. v. 2. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 65. REQUIÃO, Rubens. Curso de
direito comercial. v. 1. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 383-384. SILVA, Bruno Mattos e.
Direito de Empresa. Teoria da Empresa e Direito Societário. São Paulo. Ed. Atlas. 2007, p.
252. VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de direito comercial. Teoria geral das
sociedades. As sociedades em espécie do código civil. São Paulo: Malheiros. 2006. v. 2, p.
58-59.
[46] ASCARELLI, Tullio. Problemas das sociedades anônimas e direito comparado.
Campinas: Bookseller, 2001, p. 385
[47] Carlos Roberto Gonçalves (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6ª ed. v.
01. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 290), afirma que “a doutrina menciona os negócios jurídicos
plurilaterais como figura diferenciada dos contratos e os trata como acordos, em razão de se
destinarem à adoção de decisões comuns em assuntos de interesse coletivo”.
[48] ASCARELLI, Tullio. Problemas das sociedades anônimas e direito comparado.
Campinas: Bookseller, 2001, p. 374.
[49] ASCARELLI, Tullio. Problemas das sociedades anônimas e direito comparado.
Campinas: Bookseller, 2001, p. 388.
[50] ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades comerciais. 17ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 115-117.
[51] ABREU, J. M. Coutinho de. Curso de comercial.. Coimbra: Livraria Almedina, 2001, v. 02,
p. 4-6. SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa. Teoria da Empresa e Direito Societário.
São Paulo. Ed. Atlas. 2007, p. 254.
[52] Bruno Mattos Silva (SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa. Teoria da Empresa e
Direito Societário. São Paulo. Ed. Atlas. 2007, p. 255) conclui que para fins de concurso
público, deve adotar a teoria do contrato plurilateral, bem como deve-se ter em mente a
doutrina que divide as sociedade em contratuais e institucionais.

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Revista Âmbito Jurídico

CERTIDÃO

Certificamos para os devidos fins de direito e a quem interessar possa que


Leonardo Gomes de Aquino teve o trabalho intitulado: Sociedade: Uma análise acerca
das teorias que envolvem a sua formação, publicado na Revista Âmbito Jurídico,
Revista Jurídica Eletrônica Nº 82 - Ano XIII - NOVEMBRO/2010 - ISSN -
1518-0360, de 01/11/2010, editada por Âmbito Jurídico - O seu portal na Internet, em:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=85
63.

Rio Grande, RS, 10 de Fevereiro de 2013

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