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DIREITO CIVIL I

Prof. Dr. Eraldo José Brandão


PESSOA JURÍDICA
➢ CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
• Quando um grupo de pessoas se reúne para determinada finalidade,
necessidade que surge da dinâmica social, forma uma entidade.

• A pessoa jurídica pode ser definida como uma entidade capaz de titularizar
direitos e obrigações, dotada de subjetividade autônoma das
subjetividades dos indivíduos que a criaram.

• Assim é que o Código Civil, no art. 49-A, dispõe que “a pessoa jurídica não
se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
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administradores”.
PESSOA JURÍDICA
➢ CONSTITUIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
A pessoa jurídica é, portanto, proveniente desse fenômeno histórico e social.
Consiste num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade
jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins
comuns. Pode-se afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que a
lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e
obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica
com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem (CC, art. 50, a
contrario sensu, e art. 1.024).
Cada país adota uma denominação para essas entidades. Na França e na Suíça chamam-se “pessoas morais”. Em

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Portugal, “pessoas coletivas”. Na Argentina, que adotou a expressão proposta por TEIXEIRA DE FREITAS, “entes de
existência ideal”.
PESSOA JURÍDICA
➢ NATUREZA JURIDICA

• Embora subsistam teorias que negam a existência da pessoa jurídica


(teorias negativistas), não aceitando possa uma associação formada por
um grupo de indivíduos ter personalidade própria, outras, em maior número
(teorias afirmativistas), procuram explicar esse fenômeno pelo qual um
grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com
individualidade própria reconhecida pelo Estado e distinta das pessoas que
a compõem. As diversas teorias afirmativistas existentes podem ser
reunidas em dois grupos: o das teorias da ficção e o das teorias da
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realidade.
PESSOA JURÍDICA
➢ TEORIA DA FICÇÃO - As teorias da ficção não são, hoje, aceitas.
➢ As concepções ficcionistas, que são em grande número, desfrutaram largo
prestígio no século XIX e podem ser divididas em duas categorias: teoria da
“ficção legal” e teoria da “ficção doutrinária”.
• teoria da “ficção legal” , desenvolvida por SAVIGNY, a pessoa jurídica constitui
uma criação artificial da lei, um ente fictício, pois somente a pessoa natural pode
ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos.
• teoria da “ficção doutrinária” A teoria da “ficção doutrinária” é uma variação da
anterior. Afirmam os seus adeptos, dentre eles VAREILLES-SOMMIÈRES , que a
pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, ou seja, na
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inteligência Marcelo Garcia
juristas, Santana
sendo assim uma mera ficção criada pela doutrina.
PESSOA JURÍDICA
➢ TEORIAS DA REALIDADE
Teoria da realidade técnica – Entendem seus adeptos, especialmente
SALEILLES e COLIN e CAPITANT, que a personificação dos grupos sociais é
expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer
a existência de grupos de indivíduos, que se unem na busca de fins
determinados. A personificação é atribuída a grupos em que a lei reconhece
vontade e objetivos próprios. O Estado, reconhecendo a necessidade e a
conveniência de que tais grupos sejam dotados de personalidade própria,
para poder participar da vida jurídica nas mesmas condições das pessoas
naturais, outorga-lhes esse predicado.
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PESSOA JURÍDICA
➢ TEORIAS DA REALIDADE

A teoria albergada pelo atual Código Civil para justificar a pessoa jurídica é da
Realidade Técnica , que preconiza que a pessoa jurídica é fruto de uma
realidade técnico-jurídica, ou seja, a pessoa jurídica não existe por si própria,
como o ser humano, por existência real, mas sim, por força de uma realidade
idealizada. A subjetividade atribuída à pessoa jurídica não é natural, mas sim
uma construção teórica elaborada pela mente humana.

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PESSOA JURÍDICA
➢ Requisitos para a constituição da pessoa jurídica
A formação da pessoa jurídica exige uma pluralidade de pessoas ou de bens
e uma finalidade específica (elementos de ordem material), bem como um ato
constitutivo e respectivo registro no órgão competente (elemento formal).

• Pode-se dizer que são quatro os requisitos para a constituição da pessoa jurídica:
a) vontade humana criadora (intenção de criar uma entidade distinta da de seus
membros;
• b) elaboração do ato constitutivo (estatuto ou contrato social);
• c) registro do ato constitutivo no órgão competente;
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• d) liceidade Marcelo Garcia
seu objetivo . Santana
PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal

• A pessoa jurídica resulta da vontade humana, sem necessidade de


qualquer ato administrativo de autorização, salvo em casos especiais (p.
ex., nos previstos nos arts. 1.123 a 1.125 e 1.128 a 1.141 do CC).

• O impulso volitivo, coletivo nas associações e sociedades e individual nas


fundações, formaliza-se no ato constitutivo, como já dito, que pode ser
estatuto ou contrato social, conforme a espécie de pessoa jurídica a ser
criada.
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PESSOA JURÍDICA

➢ Começo da existência legal

• O contrato social é a convenção por meio da qual duas ou mais pessoas se


obrigam reciprocamente a conjugar esforços, contribuindo, com bens ou
serviços, para a consecução de fim comum mediante o exercício de
atividade econômica, e a partilhar, entre si, os resultados (CC, art. 981).
Essa manifestação anímica deve observar os requisitos de validade dos
negócios jurídicos, exigidos no art. 104 do Código Civil.

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PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
• Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.Parágrafo único. A
atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios
determinados.

• Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
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III - forma prescrita ou não defesa em lei.
PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
• A declaração de vontade pode revestir-se de forma pública ou particular
(CC, art. 997), exceto no caso das fundações, que só podem ser criadas por
escritura pública ou testamento (CC, art. 62).
• A existência legal, no entanto, das pessoas jurídicas de direito privado só
começa efetivamente com o registro de seu ato constitutivo no órgão
competente. Dispõe, com efeito, o art. 45 do Código Civil:
• “Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
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registro Dr. Marcelo Garciapor
as alterações Santana
que passar o ato constitutivo”.
PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO
• O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta
Comercial, que mantém o Registro Público de Empresas Mercantis. Os
estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito
privado são registrados no Cartório de Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, como dispõem os arts. 1.150 do Código Civil e 114 e s. da Lei dos
Registros Públicos (Lei n. 6.015/73). Mas os das sociedades simples de
advogados só podem ser registrados na OAB – Ordem dos Advogados do
Brasil (EOAB, arts. 15 e 16, § 3º).
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PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO

• A capacidade jurídica adquirida com o registro estende-se a todos os


campos do direito, não se limitando à esfera patrimonial. O art. 52 do
Código Civil dispõe, com efeito, que “a proteção aos direitos da
personalidade” aplica-se às pessoas jurídicas. Tem, portanto, direito ao
nome, à boa reputação, à própria existência, bem como o de ser
proprietária e usufrutuária (direitos reais), de contratar (direitos
obrigacionais) e de adquirir bens por sucessão causa mortis.
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PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO
• O art. 46, I a VI, do Código Civil indica os dados ou elementos que deve conter o
registro. Este declarará: “I – a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e
o fundo social, quando houver; II – o nome e a individualização dos fundadores ou
instituidores, e dos diretores; III – o modo por que se administra e representa,
ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV – se o ato constitutivo é
reformável no tocante à administração, e de que modo; V – se os membros
respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI – as condições
de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso”.
• O procedimento registral, porém, é disciplinado no art. 121 da Lei dos Registros
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• Públicos .
PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO
Art. 120(LRP). O registro das sociedades, fundações e partidos políticos consistirá na declaração, feita em livro, pelo
oficial, do número de ordem, da data da apresentação e da espécie do ato constitutivo, com as seguintes indicações:
(Redação dada pela Lei nº 9.096, de 1995)
• I - a denominação, o fundo social, quando houver, os fins e a sede da associação ou fundação, bem como o
tempo de sua duração;
• II - o modo por que se administra e representa a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
• III - se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável, no tocante à administração, e de que modo;
• IV - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
• V - as condições de extinção da pessoa jurídica e nesse caso o destino do seu patrimônio;
• VI - os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da diretoria, provisória ou definitiva, com
indicação da nacionalidade, estado civil e profissão de cada um, bem como o nome e residência do apresentante
dos exemplares.

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Parágrafo único. Para o registro dos partidos políticos, serão obedecidos, além dos requisitos deste artigo, os
estabelecidos em lei específica. (Incluído pela Lei nº 9.096, de 1995)
PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO
Art. 121(LGP). O registro será feito com base em uma via do estatuto, compromisso ou contrato, apresentada em
papel ou em meio eletrônico, a requerimento do representante legal da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº
14.382, de 2022)

§ 1º É dispensado o requerimento de que trata o caput deste artigo caso o representante legal da pessoa jurídica
tenha subscrito o estatuto, compromisso ou contrato. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 2º Os documentos apresentados em papel poderão ser retirados pelo apresentante nos 180 (cento e oitenta) dias
após a data da certificação do registro ou da expedição de nota devolutiva. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

§ 3º Decorrido o prazo de que trata o § 2º deste artigo, os documentos serão descartados. (Incluído pela Lei nº
14.382, de 2022)
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PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO

Os direitos e deveres das pessoas jurídicas decorrem dos atos de seus diretores no
âmbito dos poderes que lhes são concedidos no ato constitutivo. Preceitua o art. 47
do Código Civil, a propósito:
“Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes definidos no ato constitutivo”.

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PESSOA JURÍDICA
➢ Começo da existência legal
➢ ATENÇÃO

Os direitos e deveres das pessoas jurídicas decorrem dos atos de seus diretores no
âmbito dos poderes que lhes são concedidos no ato constitutivo. Preceitua o art. 47
do Código Civil, a propósito:
“Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos
limites de seus poderes definidos no ato constitutivo”.

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PESSOA JURÍDICA
➢ Delineados a conceituação de pessoa jurídica e seu modo de constituição, resta
analisar quais seriamas modalidades desse tipo de pessoa previstas no nosso
ordenamento jurídico.
➢ O Código Civil dividiu as pessoas jurídicas sob dois enfoques:
• Quanto à nacionalidade : Podendo ser divididas em pessoa jurídica nacional ou
interna e pessoa jurídica estrangeira ou externa.
✓ NACIONAL OU INTERNA
• É aquela a quem foi atribuída a personalidade pelo direito brasileiro.
✓ ESTRANGEIRA OU EXTERNA
• É toda aquela que tem sua personalidade atribuída por direito estrangeiro, a quem obedecerá às regrasde
constituição, modificação e extinção.

• Quanto à capacidade ou função : Podendo ser nominadas de pessoas jurídicas de


Prof.
direito Dr. Marcelo
público Garcia
e pessoas Santana
jurídicas de direito privado(CC, art. 40).
PESSOA JURÍDICA

➢ ATENÇÃO

➢ Cabe ressaltar que, ainda que uma pessoa jurídica tenha como sócios pessoas de
outras nacionalidades que não a brasileira, se esta vem a ser constituída no
Brasil, a pessoa jurídica será nacional.

➢ No caso das pessoas jurídicas constituídas sob a égide de lei estrangeira e com
sede no exterior, somente poderão funcionar no Brasil com a devida autorização
do Poder Público.
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PESSOA JURÍDICA

➢ ATENÇÃO
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito
privado.
✓ PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
São aquelas regidas, em regra, pelo regime de direito público, em especial pelo
direito administrativo.

✓ PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO


São regidas pelas leis civilistas e legislação referente ao direito empresarial.
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PESSOA JURÍDICA
➢ ATENÇÃO
✓ PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
. As pessoas jurídicas de direito público são: a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Territórios, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas e as
demais entidades de caráter público criadas por lei (CC, art. 41 e incisos).
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
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Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público.
PESSOA JURÍDICA
➢ ATENÇÃO
✓ PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
❑ . Em consonância com a responsabilidade do Estado positivada no art. 37, §6º, da
Carta Política de 1988,o Código Civil também dispôs que “as pessoas jurídicas de
direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra
os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo” (CC, art.43).

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PESSOA JURÍDICA

• PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO


Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - (Revogado pela Lei nº 14.382, de 2022)
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo
vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do
Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
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§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei
nº 10.825, de 22.12.2003).
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• PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
• As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que
reúnem os seus esforços para a realização de fins não econômicos. Nesse sentido, dispõe
o art. 53 do atual diploma civil: “Constituem-se as associações pela união de pessoas que
se organizem para fins não econômicos”. A definição legal ressalta o seu aspecto
eminentemente pessoal (universitas personarum).
• Não há, entre os membros da associação, direitos e obrigações recíprocos, nem intenção de
dividir resultados, sendo os objetivos altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes,
religiosos, educativos, culturais, políticos, esportivos ou recreativos 37. A Constituição Federal
garante a liberdade de associação para fins lícitos (CF, art. 5º, XVII) 38. O traço distintivo entre
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sociedades e associações reside, como visto, no fato de estas não visarem lucro.
PESSOA JURÍDICA

• PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO


Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
II - as sociedades ;
• O atual Código Civil unificou as obrigações civis e comerciais no Livro II,
concernente ao direito de empresa, disciplinando as sociedades, em suas
diversas formas, no Título II (arts. 981 e s.).
• Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de um
ou mais negócios determinados (art. 981 e parágrafo único).
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• As sociedades podem ser simples e empresárias.
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Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
II - as sociedades ;
• As sociedades simples são constituídas, em geral, por profissionais que atuam em
uma mesma área ou por prestadores de serviços técnicos (clínicas médicas e
dentárias, escritórios de advocacia, instituições de ensino etc.) e têm fim econômico
ou lucrativo.
• As sociedades empresárias também visam lucro, mas distinguem-se das sociedades
simples porque têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito
ao registro previsto no art. 967 do Código Civil. Considera-se empresário, diz o art.
966, “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
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produção ou aMarcelo Garcia
circulação Santana
de bens ou de serviços”.
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• PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
III - as fundações ;
• As fundações constituem um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica para a realização de
fins determinados, de interesse público, de modo permanente e estável. Ex.: FIOCRUZ
• Decorrem da vontade de uma pessoa, o instituidor, e seus fins, de natureza religiosa, moral, cultural
ou assistencial, são imutáveis .
• As fundações podem ser particulares e públicas. Estas são instituídas pelo Estado, pertencendo os
seus bens ao patrimônio público, com destinação especial, regendo-se por normas próprias de
direito administrativo. As fundações particulares são reguladas no Código Civil, arts. 62 a 69. Dispõe
o primeiro:
• “Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”.

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PESSOA JURÍDICA
• PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


IV – as organizações religiosas ;
• Para a proteção às entidades religiosas a Lei Federal n. 10.825, de 2003, alterou o
art. 44 do Código Civil, a fim de incluir as organizações religiosas e os partidos
políticos, como pessoas jurídicas de direito privado e, ao mesmo tempo,
acrescentar o parágrafo primeiro, o qual veda ao poder público a negativa do
reconhecimento, ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento.
V – Os partidos políticos; Os partidos políticos serão regidos pela Lei n. 9.096/95,
que regulamenta os arts. 14, § 3º, V, e 17 da Constituição Federal.
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• SOCIEDADES DE FATO

✓ Sem o registro de seu ato constitutivo a pessoa jurídica será considerada irregular,
mera associação ou sociedade de fato, sem personalidade jurídica, ou seja, mera
relação contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social.
✓ Efetivado o registro, porém, a pessoa jurídica começa a existir legalmente, passando a
ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e a desfrutar de capacidade
patrimonial, com vida própria e patrimônio que não se confunde com o de seus
membros.
✓ A regularização da sociedade de fato, com o registro de seu ato constitutivo, não
produz, todavia, efeitos pretéritos, não retroagindo estes ao período anterior, em que
permaneceu
Prof. Dr. como sociedade
Marcelo GarciadeSantana
fato.
✓ Aplicam-se-lhe nessa fase os princípios reguladores da sociedade irregular .
PESSOA JURÍDICA
• SOCIEDADES DE FATO

• ATENÇÃO
✓ O Código Civil disciplina a sociedade irregular ou de fato no livro concernente ao
Direito de Empresa, como “sociedade não personificada”. Dispõe, inicialmente, o
art. 986 do referido diploma: “Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-
se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo,
observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da
sociedade simples”.
✓ Tal regra aplica-se também às associações que já exercem atividades não
lucrativas mas ainda não têm existência legal.
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PESSOA JURÍDICA

• Grupos despersonalizados

• Nem todo grupo social constituído para a consecução de fim comum é


dotado de personalidade.

• Alguns, malgrado possuam características peculiares à pessoa jurídica,


carecem de requisitos imprescindíveis à personificação.

• Reconhece-se-lhes o direito, contudo, na maioria das vezes, da


Prof. Dr. Marcelo
representação Garcia Santana
processual.
PESSOA JURÍDICA

• Grupos despersonalizados
• A lei prevê, com efeito, certos casos de universalidades de direito e de massas de bens
identificáveis como unidade que, mesmo não tendo personalidade jurídica, podem
gozar de capacidade processual e ter legitimidade ativa e passiva para acionar e
serem acionadas em juízo. Ex. espólio e massa falida.

• São entidades que se formam independentemente da vontade dos seus membros ou


em virtude de um ato jurídico que os vincule a determinados bens, sem que haja a
affectio societatis.
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PESSOA JURÍDICA

• Grupos despersonalizados

• O atual Código Civil considera universalidade de direito o complexo de relações


jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico (art. 91).

• Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma


pessoa, dotadas de valor econômico.

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PESSOA JURÍDICA

• Grupos despersonalizados

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem
personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
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PESSOA JURÍDICA

• Grupos despersonalizados
• A massa falida. Assim passa a ser denominado o acervo de bens pertencentes ao
falido (massa falida objetiva), após a sentença declaratória de falência decretando a
perda do direito à administracão e à disposição do referido patrimônio, bem como o
ente despersonalizado voltado à defesa dos interesses gerais dos credores (massa
falida subjetiva).
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
Lei n. 11.101, de 9-2-2005) dispõe, no art. 81, § 2º, que “as sociedades falidas serão
Prof. Dr.naMarcelo
representadas falência Garcia
por seusSantana
administradores ou liquidantes”.
PESSOA JURÍDICA
• Grupos despersonalizados
• As heranças jacente e vacante, disciplinadas nos arts. 1.819 a 1.823 do Código Civil,
constituem o conjunto de bens deixados pelo de cujus, enquanto não entregue a sucessor
devidamente habilitado.
• Quando se abre a sucessão sem que o de cujus tenha deixado testamento, e não há
conhecimento da existência de algum herdeiro, diz-se que a herança é jacente (art. 1.819).
• Não tem esta personalidade jurídica, consistindo num acervo de bens administrado por um
curador até a habilitação dos herdeiros. Entretanto, reconhece-se-lhes legitimação ativa e
passiva para comparecer em juízo (CPC, art. 75, VI).
• Serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, promovida a arrecadação e
praticadas todas as exigências legais, não aparecerem herdeiros, ou se todos os chamados a
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suceder a ela renunciarem (CC, arts. 1.820 e 1.823).
PESSOA JURÍDICA
• Grupos despersonalizados

O espólio é o complexo de direitos e obrigações do falecido, abrangendo bens de toda natureza.


Essa massa patrimonial não personificada surge com a abertura da sucessão, sendo
representada no inventário inicialmente, ativa e passivamente, pelo administrador provisório,
até a nomeação do inventariante (CPC, arts. 614 e 75, VII), sendo identificada como uma
unidade até a partilha, com a atribuição dos quinhões hereditários aos sucessores (CPC, arts.
618 e 655).

• Com o julgamento da partilha cessa a comunhão hereditária, desaparecendo a figura do


espólio, que será substituída pelo herdeiro a quem coube o direito ou a coisa. Segue-se daí
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que o espólio não tem legitimidade para propor ação, depois de julgada a partilha.
PESSOA JURÍDICA
• Grupos despersonalizados
• As sociedades e associações sem personalidade jurídica, denominadas sociedades e associações de fato
ou irregulares, serão representadas em juízo, ativa e passivamente, “pela pessoa a quem couber a
administração dos seus bens” (CPC, art. 75, IX). São as entidades já criadas e em funcionamento que,
no entanto, não têm existência legal por falta de registro no órgão competente ou por falta de
autorização legal (CC, art. 986).
• O condomínio, que pode ser geral (tradicional ou comum) e edilício (CC, arts. 1.314 a 1.358). O
primeiro, sem dúvida, não tem personalidade jurídica. Não passa de propriedade comum ou co-
propriedade de determinada coisa, cabendo a cada condômino uma parte ideal. Diverge a doutrina,
no entanto, no tocante à natureza jurídica do condomínio em edificações, também chamado de edilício
ou horizontal. Expressiva corrente lhe nega a condição de pessoa jurídica. Lei n. 4.591/64 dispor, no art. 63, §
3º, que, “no prazo de 24 horas após a realização do leilão final, o condomínio, por decisão unânime da Assembleia Geral em
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condições de igualdade com terceiros, terá preferência na aquisição dos bens, caso em que serão adjudicados ao condomínio”.
PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

• Com a aquisição da personalidade jurídica por parte da entidade devidamente registrada, há


autonomia patrimonial em relação aos seus componentes. Ocorre que, por muitas vezes, esse
escudo patrimonial acabou por ser utilizado para finalidades estranhas e fraudatórias de
direitos de terceiros, o que compeliu a doutrina e a jurisprudência a revisitarem a
personalização da pessoa jurídica para atingimento da pessoa do sócio no que se refere ao
patrimônio em hipótese de ocorrência de abuso de direito.

• A esta teoria de origem anglo-saxã nominou-se teoria de desconsideração da pessoa jurídica ,


ou disregard of legal entity, lifting the corporate veil (traduzido como “levantando o véu da
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corporação”), disregard theory (“teoria da desconsideração”) e ainda Teoria da Penetração.
PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
ATENÇÃO
• Observe-se que o legislador pátrio foi bastante enfático ao estabelecer a diferenciação das
pessoas dos sócios e da pessoa jurídica no Código Civil, e, recentemente, com a edição da Lei
nº 13.874/2019, frisou a importância de que a autonomia patrimonial seja utilizada para
finalidades lícitas, sem abusos, consoante dicção do art. 49-A, parágrafo único:
➢ A AUTONOMIA PATRIMONIAL DAS PESSOAS JURÍDICAS ÉUM INSTRUMENTO
LÍCITO DE ALOCAÇÃO E SEGREGAÇÃODE RISCOS, ESTABELECIDO PELA LEI
COM A FINALIDADEDE ESTIMULAR EMPREENDIMENTOS, PARA A GERAÇÃODE
EMPREGOS, TRIBUTO, RENDA E INOVAÇÃO EMBENEFÍCIO DE TODOS.
➢ Com a aplicação da referida teoria, visa-se a atribuir responsabilidade aos sócios ou administradores
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pela prática de ato fraudulento ou abusivo, respondendo estes com seu patrimônio pessoal.
PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

ATENÇÃO
• Cabe frisar que não será extinta a pessoa jurídica, mas, na verdade, em relação a
determinados atos praticados com desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, poderá
o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderar a personalidade jurídica para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso (CC, art. 50).

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PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
ATENÇÃO
• A já referida Lei nº 13.874/2019, com a inclusão dos parágrafos no art. 50 do Código Civil,
houve por bem esclarecer (no parágrafo 2º e incisos) o que seria: DESVIO DE FINALIDADE
e CONFUSÃO PATRIMONIAL
• DESVIO DE FINALIDADE - A utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
• CONFUSÃO PATRIMONIAL - A ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por: (I) cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa; (II) transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; (III) outros atos de
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descumprimento da autonomia patrimonial.
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• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
ATENÇÃO
• A já referida Lei nº 13.874/2019, com a inclusão dos parágrafos no art. 50 do Código Civil,
houve por bem esclarecer (no parágrafo 2º e incisos) o que seria: DESVIO DE FINALIDADE
e CONFUSÃO PATRIMONIAL
• DESVIO DE FINALIDADE - A utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
• CONFUSÃO PATRIMONIAL - A ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por: (I) cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa; (II) transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; (III) outros atos de
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descumprimento da autonomia patrimonial.
PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

ATENÇÃO

A propósito, dispõe o art. 134 do novo Código de Processo Civil que o “incidente de
desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de
sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial”. E o art. 135 complementa:
“Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer
as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

Prof. Maior
OBS. Teoria – CódigoGarcia
Dr. Marcelo Menor – Código de Defesa do Consumidor.
Santana
civil/ Teoria
PESSOA JURÍDICA
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
MODALIDADES DE DESCONSIDERAÇÃO DAPERSONALIDADE JURÍDICA
• Quando se abusa da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para encobrir atos fraudulentos ou abusivos da
própria entidade, atingindo o patrimônio dos sócios, temos a aplicação da teoria da desconsideração da
personalidade jurídica propriamente dita, com previsão no caput do art. 50 do Código Civil.
• Vejamos outras duas modalidades de desconsideração da personalidade jurídica:
• DESCONSIDERAÇÃO INVERSA
• Desconsidera-se a autonomia da pessoa jurídica para obrigá-la a assumir os efeitos patrimoniais dos
atos levados a cabo pelos próprios sócios, que se valeram do véu protetivo da autonomia da pessoa
jurídica para prejudicar os seus credores pessoais.
• DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INDIRETA OU ÀS AVESSAS
• Atualmente prevista expressamente no art. 50, § 3º do Código Civil, por força da Lei nº 13874/2019,ocorre
Prof.
sempre queDr.
um Marcelo Garcia Santana
sócio ou administrador pratique atos de ocultação de bens pessoais no patrimônio da
pessoa jurídica.
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Extinção da pessoa jurídica

❑ As pessoas jurídicas nascem, desenvolvem-se, modificam-se e extinguem-se. Nas sociedades comerciais, as


modificações compreendem a transformação, a incorporação e a fusão. As sociedades civis devem manter a
forma específica.

❑ O começo da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado se dá com o registro do ato
constitutivo no órgão competente (CC, art. 45), mas o seu término pode decorrer de diversas causas,
especificadas nos arts. 54, VI, segunda parte, 69, 1.028, II, e 1.033 e s. O ato de dissolução pode assumir
quatro formas distintas, conforme a natureza e a origem, correspondentes às seguintes modalidades de
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extinção:
PESSOA JURÍDICA
Extinção da pessoa jurídica

✓ Convencional – por deliberação de seus membros, conforme quorum previsto nos estatutos
ou na lei. Dispõe o art. 1.033 do Código Civil que a sociedade se dissolve quando ocorrer a
“deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado” (inciso
III). Na de prazo determinado, quando houver “consenso unânime dos sócios” (inciso II).
Obs - art. 1.034, I e II
• 1.033 do Código Civil que a sociedade se dissolve quando ocorrer a “deliberação dos sócios, por
maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado” (inciso III). Na de prazo determinado,
quando houver “consenso unânime dos sócios” (inciso II).
• OBS - CC, art. 1.034, I e II
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PESSOA JURÍDICA
Extinção da pessoa jurídica
✓ Legal – em razão de motivo determinante na lei (arts. 1.028, II, 1.033 e 1.034), como, verbi gratia, a
decretação da falência (Lei n. 11.101, de 9-2-2005), a morte dos sócios 128 (CC, art. 1.028) ou
desaparecimento do capital, nas sociedades de fins lucrativos. As associações, que não os têm, não se
extinguem pelo desaparecimento do capital, que não é requisito de sua existência.

✓ Administrativa – quando as pessoas jurídicas dependem de autorização do Poder Público e esta é


cassada (CC, art. 1.033), seja por infração a disposição de ordem pública ou prática de atos contrários
aos fins declarados no seu estatuto (art. 1.125), seja por se tornar ilícita, impossível ou inútil a sua
finalidade (art. 69, primeira parte). Pode, nesses casos, haver provocação de qualquer do povo ou do
Ministério Público (CPC de 1939, art. 676, que continua em vigor, juntamente com todo o
procedimento para a dissolução e liquidação da sociedade, por força do disposto no art. 1.218 do CPC
Prof.
de 1973 e noDr.
art.Marcelo
1.046, § 3º,Garcia
do novo Santana
CPC).
PESSOA JURÍDICA
Extinção da pessoa jurídica
d) Judicial – quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto,
especialmente quando a entidade se desvia dos fins para que se constituiu, mas continua a existir,
obrigando um dos sócios a ingressar em juízo.

▪ Dispõe o art. 1.034 do Código Civil que a sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento
de qualquer dos sócios, quando: “I – anulada a sua constituição; II – exaurido o fim social, ou
verificada a sua inexequibilidade”.

▪ O rol é meramente exemplificativo, pois pode ser dissolvida por sentença, se necessário, em qualquer
das hipóteses previstas nos arts. 69, primeira parte, 1.028, II, 1.033 e 1.035.

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DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
DOMICILIO
Domicílio da pessoa natural
• CLÓVIS BEVILÁQUA define domicílio da pessoa natural como “o lugar onde ela,
de modo definitivo, estabelece a sua residência e o centro principal da sua
atividade”326. Pode-se simplesmente dizer que é o local onde o indivíduo responde
por suas obrigações, ou o local em que estabelece a sede principal de sua residência e
de seus negócios.

• O domicílio, em última análise, é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume


presente para efeitos de direito e onde pratica habitualmente seus atos e negócios
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jurídicos
DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
DOMICILIO
Domicílio da pessoa natural
• O vocábulo “domicílio” tem significado jurídico relevante em todos os ramos do
direito, especialmente no direito processual civil. Malgrado o seu conceito e a sua
disciplina se encontrem no direito civil, interessa bastante ao direito processual civil,
para determinação do foro competente. O foro comum, conforme prescreve o art. 46
do Código de Processo Civil, é o do domicílio do réu.
• Este é o primeiro critério para determinação da competência, de caráter comum ou
geral, havendo foros especiais, como, por exemplo, o foro de domicílio ou residência
do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos (art. 53, II), e outros.
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DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
DOMICILIO
Domicílio da pessoa natural

• Em vários outros ramos do direito encontram-se regras que utilizam a ideia de


domicílio, como, por exemplo, no direito processual penal (CPP, art. 72), no direito
constitucional (CF, art. 14, § 3º, IV), no direito eleitoral (CE, art. 42, parágrafo
único), no direito tributário (CTN, art. 127), no direito do trabalho (CLT, art. 469),
no direito processual do trabalho (CLT, art. 651, § 1º) e outros.

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DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
DOMICILIO
Domicílio da pessoa natural
• Nas definições apontadas sobressaem-se duas ideias: a de morada e a de centro de atividade;
1. a primeira, pertinente à família, ao lar, ao ponto onde o homem se recolhe para a vida íntima e o repouso;
2. a segunda, relativa à vida externa, às relações sociais, ao desenvolvimento das faculdades de trabalho, que
todo homem possui.
“Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
E, no art. 72, caput, acolhendo a segunda ideia mencionada, concernente à atividade externa da pessoa,
especialmente a de natureza profissional, dispõe:
“Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta
é exercida”.
A residência é, portanto, apenas um elemento componente do conceito de domicílio, que é mais amplo e com
ela não Prof. Dr. Marcelo
se confunde. Garcia
Residência, Santana
como foi dito, é simples estado de fato, sendo o domicílio uma situação
jurídica.
DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
Domicílio da pessoa natural

• Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
• Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
• Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
• Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
• Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
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• Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
Domicílio da pessoa natural
O domicílio pode ser: a) voluntário; e b) necessário ou legal.
1. O voluntário, por sua vez, pode ser geral (escolhido livremente) e especial (fixado com base no
contrato, sendo denominado, conforme o caso, foro contratual ou de eleição).
• O domicílio voluntário geral ou comum é aquele que depende da vontade exclusiva do
interessado. Qualquer pessoa, não sujeita a domicílio necessário, tem a liberdade de estabelecer o
local em que pretende instalar a sua residência com ânimo definitivo, bem como de mudá-lo,
quando lhe convier (CC, art. 74).
• O domicílio especial pode ser o do contrato, a que alude o art. 78 do Código Civil, e o de eleição,
disciplinado no art. 63 do Código de Processo Civil. O primeiro é a sede jurídica ou o local
especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes. O foro de eleição é o
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escolhido pelas partes para a propositura de ações relativas às referidas obrigações e direitos
recíprocos.
DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
Domicílio da pessoa natural
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro
onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
2. Domicílio necessário ou legal é o determinado pela lei, em razão da condição ou situação de certas
pessoas. Nesses casos, deixa de existir liberdade de escolha. O art. 76 do Código Civil dispõe que têm
“domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso”. Acrescenta o
parágrafo único: “O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
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marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumpre a sentença”.
DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
Domicílio da pessoa Jurídica

• A rigor, a pessoa jurídica de direito privado não tem residência, mas sede ou estabelecimento, que
se prende a um determinado lugar. Trata-se de domicílio especial, que pode ser livremente
escolhido “no seu estatuto ou atos constitutivos”. Não o sendo, o seu domicílio será “o lugar onde
funcionarem as respectivas diretorias e administrações ” (CC, art. 75, IV). Este será o local de suas
atividades habituais, onde os credores poderão demandar o cumprimento das obrigações.
• A Súmula 363 do Supremo Tribunal Federal proclama que “a pessoa jurídica de direito privado
pode ser demandada no domicílio da agência ou estabelecimento em que se praticou o ato”.

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DOMICÍLIO – PESSOA NATURAL E JURÍDICA
Domicílio da pessoa Jurídica
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1 o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2 o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
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estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
EXERCÍCIOS

1) VOCÊ SABERIA DIZER QUAL O CRITÉRIO ADOTADO PARA SE DETERMINARQUE


UMA PESSOA ESTÁ MORTA?
2) QUANTO À PESSOA NATURAL. ASSINALE AALTERNATIVA INCORRETA A ESSE
RESPEITO:
A) A pessoa natural é a pessoa do homem como ente jurídico.
B) Nem toda pessoa natural tem personalidade jurídica.
C) Personalidade jurídica é a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres, na forma do art. 1º
doCódigo Civil.
D) A grande maioria dos doutrinadores brasileiros é adepta da Teoria Natalista.
E) Para comprovar que houve nascimento com vida, utiliza-se o exame da docimasia hidrostática de
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Galeno, capaz de evidenciar se houve respiração extrauterina do feto.
EXERCÍCIOS

3) SÃO AFIRMATIVAS CORRETAS ACERCA DA AUSÊNCIA, EXCETO:


A) Presume-se a morte por ausência, quando da abertura da sucessão definitiva, consoante disposiçãodo art. 6º do
CC.
B) Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisóriapoderão os
interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
C) Caso se prove que o ausente conta oitenta anos de idade, e que cinco datam as últimas notíciasdele, também se
poderá requerer a abertura da sucessão definitiva.
D) O processo de declaração de ausência só é necessário quando o ausente deixa bens.
E) Caso não regresse o ausente em dez anos, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, osbens
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
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EXERCÍCIOS

4) PESSOAS JURÍDICAS. ASSINALE AALTERNATIVA CORRETA A ESSE RESPEITO:


A) De forma geral, a existência da pessoa jurídica não se dá por prazo indeterminado.
B) As associações nunca podem ter ganhos financeiros no desenvolvimento de suas atividades.
C) Pessoa jurídica é uma entidade que tem aptidão para titularizar direitos e obrigações.
D) A personalidade da pessoa jurídica se confunde com a personalidade das pessoas naturais que a
compõem.
E) É desnecessário o registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica para que esta adquira
personalidade.

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EXERCÍCIOS

5) SÃO PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO, EXCETO:


A) Municípios.
B) União.
C) Distrito Federal.
D) Estados.
E) Associações.

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EXERCÍCIOS

6) DESCONSIDERAÇÃO ERESPONSABILIDADE DA PERSONALIDADE JURÍDICA.


ASSINALE AALTERNATIVA CORRETA A ESSE RESPEITO:
A) Responderão pelos atos praticados pela sociedade, de maneira geral, os sócios que compõem a entidade.
B) A origem da teoria da desconsideração da personalidade jurídica é italiana.
C) Com a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica direta, visa-se a atribuir responsabilidade
aos sócios ou administradores pela prática de ato fraudulento ou abusivo, respondendo estes com seu patrimônio
pessoal.
D) Quando o juiz determina a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, extingue-se automaticamente a
existência da pessoa jurídica.
E) O ordenamento jurídico pátrio não admite a modalidade inversa da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica, isto é, a possibilidade de atingimento do patrimônio da sociedade em hipóteses em que o sócio ou
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administrador esconde patrimônio pessoal no patrimônio da pessoa jurídica.
EXERCÍCIOS

7) ACERCA DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADEJURÍDICA É


INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) O Código Civil, assim como o Código de Defesa do Consumidor, adotou a Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica.
B) O Código Civil prevê a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica no art.
50.
C) A disregard doctrine tem origem anglo-saxã.
D) Existe também a modalidade indireta da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que
encontra previsão no art. 50, §3, do CC.
E) Aplica-se a teoria pelo Poder Judiciário, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
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lhe couber intervir no processo.
OBRIGADO!

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