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DA PESSOA JURÍDICA

Paula Gecislany
CONCEITO

 É o grupo humano, criado na forma da lei, e


dotado de personalidade jurídica própria,
para a realização de fins comuns.

 Arts. 40 a 61, CC
PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA

 vontade humana criadora;

 observância das condições legais para sua


instituição;

 licitude de seu objetivo


SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA

 Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.

 Art. 46. O registro declarará:


I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.
SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA

 Inscriçãodo ato constitutivo ou do contrato social no


registro competente.
– Junta comercial -> sociedades mercantis em geral
– Cartório de registro civil de pessoas jurídicas: fundações,
associações e sociedades civis

Obs:
Procedimento para o registro de pessoas jurídicas (art. 121 LRP)
Partidos políticos – registro também no TSE (art. 17, §2º, CF/88 e art.
7º,lei 9096/95)
Sindicatos – registro também no Min. do Trabalho
SOCIEDADES IRREGULARES OU DE
FATO
 O art. 16, CC/16 dizia que as sociedade que por falta de autorização ou de registro, se não reputarem
pessoas jurídicas, não poderão acionar a seus membros, nem a terceiros; mas estes poderão
responsabilizá-las por todos os seus atos.

 CAIO MÁRIO diz “A aquisição de direitos é conseqüência da observância da norma, enquanto que a
imposição de deveres existe sempre”

 WALDEMAR FERREIRA explica que:


- Sociedade de fato seria aquela que funciona sem que houvesse sido reduzido a termo o seu
estatuto ou contrato social;
- Sociedade irregular seria aquela organizada por escrito, mas sem a necessária inscrição dos atos
constitutivos no registro peculiar.

Art. 986, CC/02 – reger-se-á pelas normas da sociedade simples.


Arts. 990 e 989, CC/02 – a responsabilidade subsidiária dos sócios é ilimitada.
Art. 100, IV, c, CPC – o foro competente é onde exerce a sua atividade principal.
Art. 987, CC/02 – a prova da existência da sociedade pelos sócios só pode ser feita por escrito, embora
terceiros possam provar de qualquer modo.
Obs: - o ato do registro tem efeitos “ex nunc” quanto a responsabilidade
- aplica-se as associações não registradas o mesmo regulamento das sociedades de fato.
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS
JURÍDICAS

9.1 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO

– Externo (art. 42, CC/02) – Estados soberanos,


organizações internacionais, Santa Sé, etc.

– Interno (art. 41, CC/01) – União, Estados, DF,


territórios, Municípios, autarquias e demais
entidades de caráter público criadas por lei Ex:
agências reguladoras e fundações públicas.
CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS
JURÍDICAS

9.2 PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO DA
PESSOA JURÍDICA

 Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos


nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.

 Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se


tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo
dispuser de modo diverso.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se


refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de
erro, dolo, simulação ou fraude.

 Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a


requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
a) ASSOCIAÇÕES

 Art.53, CC/02 – Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem


para fins não econômicos.

 Art. 54, CC/02 – Requisitos do estatuto das associações.

 A Assembléia Geral é seu órgão máximo, competindo-lhe, conforme dispõe o art. 59, CC/02:
– eleger seus membros
– destituir administradores*
– aprovar contar
– alterar o estatuto*

* precisa o do voto concorde de 2/3 dos presentes à assembléia, especialmente convocada para este fim (art.59, §único)

 Art. 61, CC/02 – dissolução da associação


b) AS SOCIEDADES

 Constituição das sociedades

É uma espécie de corporação, dotada de personalidade jurídica própria, e instituída por meio de um
contrato social, com precípuo escopo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. (Pablo Stolze)

 Art. 981, CC/02 - Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir,
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

 Classificação
– sociedades empresárias -> pessoa jurídica que exerça atividade econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou de serviços;
Ver arts. 982, 966, 967, 983, 1039 a 1092, CC/02.
– sociedades simples -> pessoas jurídicas que, embora persigam proveito econômico, não empreendem
atividade empresarial. Também são conhecidas como sociedades civis. Exemplo: sociedades de profissionais
liberais, instituições de ensino, entidades de assistência médica ou social.
Ver arts. 998, 1000, CC/02.
c) FUNDAÇÕES

 É a atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio, que a vontade humana destina a uma finalidade social.
(Caio Mário)

 Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de
bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

 Requisitos:
– afetação de bens livres por meio do ato de dotação patrimonial
– instituição por escritura pública ou testamento (ver art. 64)
– elaboração dos estatutos (art. 65)
– aprovação dos estatutos (ler art. 1200 e 1201, CPC e 66, CC/02)
– realização do registro civil (art. 114, LRP)

 Ler também:
 Art. 63 - insuficiência de bens para criação da fundação
 Art. 67 – alteração do estatuto da fundação
 Art. 69 – extinção da fundação
d) ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS

 São entidades de direito privado, formadas pela união


de indivíduos com o propósito de culto a determinada
força ou forças sobrenaturais, por meio de doutrina e
ritual próprios, envolvendo, em geral, preceitos éticos.
(Pablo Stolze)

 Art. 44, §1º, CC/02 – criação de organizações religiosas


e) PARTIDOS POLÍTICOS

São entidades integradas por pessoas com idéias comuns, tendo por
finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa.

Art. 44, § 3º, CC/02,

Lei 9.096/95, arts. 14, § 3º, V

Art.17, CF/88
10. RESPONSABILIDADE CIVIL E
PENAL DAS PESSOAS JURÍDICAS

 As pessoas jurídicas respondem com seu patrimônio, por todos os atos


ilícitos que praticarem, por meio de seus representantes.

 Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente


responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

 Art. 37, §6º, CF – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

 Art. 3º, Lei 9605/98 – imputabilidade da pessoa jurídica, extensiva a seus


sócios, por crimes ambientais.
11. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
(disregard of legal entity)

 É a superação da personalidade jurídica da sociedade em caso de fraude,


abuso, ou simples desvio de função, objetivando a satisfação do terceiro
lesado junto ao patrimônio dos próprios sócios e administradores, que
passam a ter responsabilidade pelos ilícito causado.

 Caso Salomon v. Salomon &Co.

 O afastamento da personalidade jurídica deve ser temporário, perdurando


até que os credores se satisfaçam no patrimônio pessoal dos infratores. No
entanto, em situações excepcionais é possível que seja feito de forma
definitiva. Como exemplo, aponta-se o caso de algumas torcidas
organizadas, o que justificou a extinção da própria pessoa jurídica.

 Desconsideração x Despersonalização
(decretada)
11. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
(disregard of legal entity)

 Art. 28, CDC - O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando,
em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da
pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
     § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste
código.
     § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
     § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

 Art. 50, CC/02 - Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica.
12. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

 Convencional – é aquela deliberada entre os próprios sócios, respeitado o estatuto ou o


contrato social;

 Administrativa – resulta da cassação da autorização de funcionamento, exigida para


determinadas sociedades e constituírem e funcionarem.

 Judicial – nesse caso, observada uma das hipóteses de dissolução previstas em lei ou
no estatuto, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios, segundo o art. 1218, CPC,
poderá, por sentença, determinar a sua extinção.

 Art. 51, CC/02 – Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas
de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.

 Art. 61, CC/02 – destinação do patrimônio remanescente das associações.

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