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As pessoas coletivas são organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por
uma massa de bens, dirigidos à realização de interesses comuns ou coletivos às quais a ordem
jurídica atribui a personalidade jurídica. Trata-se de organizações integradas essencialmente por
pessoas ou essencialmente por bens, que constituem centros autónomos de relações jurídicas —
autónomos mesmo em relação aos seus membros ou às pessoas que atuam como seus órgãos. As
fundações têm um substrato integrado por um conjunto de bens adstrito pelo fundador (pessoa
singular ou coletiva) a um escopo ou interesse de natureza social. O fundador pode fixar, com a
atribuição patrimonial a favor da nova fundação, as diretivas ou normas de regulamentação do
ente fundacional na sua existência, funcionamento e destino. Criada a fundação, o fundador fica
fora dela. É a sua vontade que regula a fundação, mas tal como está fixada no ato de instituição e
nos estatutos, e não em renovadas manifestações. A fundação é governada de fora, pela vontade
do fundador formulada e formalizada no ato de instituição e nos estatutos. Os órgãos de
administração da fundação — e o fundador pode entrar a fazer parte deles, como não raramente
acontece — devem obediência às determinações constantes da lei suprema da fundação, que não
podem alterar.
Professor Menezes Cordeiro: A pessoa coletiva é, antes demais um determinado regime, a aplicar
aos seres humanos implicados. Estes podem ser destinatários diretos das normas; mas podem—no
ser, também, indiretamente, assim como podem receber normas transformadas pela presença de
novas normas, agrupadas em torno da ideia de “pessoa coletiva”. Simplesmente trata-se de
direitos que eles detêm de modo diferente do dos seus direitos individuais.
A ideia de pessoa singular ou coletiva- é, só por si, uma comunicação normativa. Qualquer
norma de conduta será sempre, em última análise, acatada por seres humanos conscientes, o que é
dizer, por pessoas singulares capazes.
Ex: dizer que uma sociedade deve pagar impostos é significar que os seus administradores
o devem fazer, com fundos societários; aplicar-lhe uma multa pelo não pagamento equivale a
retirar, dos fundos societários e em detrimento dos sócios e dos credores da sociedade, a
importância correspondente à sanção.
Em direito, pessoa é, pois, sempre um centro de imputação de normas jurídicas. Na
hipótese da pessoa coletiva tudo se passa em modo coletivos: as regras vão seguir canais múltiplos
e específicos, até atingirem o ser pensante, necessariamente humano, que as irá executar ou violar.
1) Deve revestir os requisitos gerais do objeto de qualquer negócio jurídico (art. 280º). Com
efeito, o acordo constitutivo de uma corporação, bem como o ato de instituição de uma fundação,
são modalidades negociais, cujo objeto se identifica com a constituição do ente coletivo. Assim,
deve o escopo da pessoa coletiva ser determinável, física ou legalmente possível, não contrário à
lei ou à ordem pública, nem ofensivo dos bons costumes (art. 280º).
O carácter duradouro ou permanente do escopo nas fundações não pode ter-se como exigência
legal, mas corno um dos aspetos a considerar, perante o caso concreto, pela autoridade pública ao
valorar o escopo para se pronunciar sobre o reconhecimento.
c) Elemento intencional: Trata-se do intento de constituir uma nova pessoa jurídica. A exigência
deste elemento radica na circunstância de a constituição duma pessoa coletiva ter na origem um
negócio jurídico: o ato de constituição nas associações (art. 167.°). o contrato de sociedade para as
sociedades (arts. 980Y do Cód. Civil e 7° e segs. do Cód. das Sociedades Comerciais) e o ato de
instituição nas fundações (art. 186.°).
Fundação de facto: quando um indivíduo pretende criar ou manter uma obra de utilidade
pública, financiando-a com uma certa parte do seu património, mas sem contrair um vínculo
jurídico correspondente, podendo, em qualquer momento, pôr termo à afetação desses bens
àquele fim. A finalidade de utilidade pública em vista é prosseguida através da personalidade
jurídica singular do titular dos bens e não mediante a constituição dum ente jurídico autónomo de
carácter fundacional.
Fundação fiduciária: quando se dispõe a favor de uma pessoa coletiva já existente. para que ela
prossiga um certo fim de utilidade pública, compatível com o seu próprio escopo.
Reconhecimento individual/por sucessão: pode ser feito caso a caso, como ocorre com as
fundações que, para se construírem, carecem da intervenção da autoridade administrativa que
verifica a idoneidade do fim e a suficiência dos bens que lhe são afetos (158º/3 e 188º CC).
NOTA: A personalidade das sociedades civis simples não resulta de expressa declaração legal
nesse sentido, mas antes do regime jurídico efetivamente constante da lei.
Não existe, a respeito das sociedades civis, consenso doutrinário quanto a serem ou não dotadas
de personalidade jurídica. Segundo o professor Paulo Cunha trata-se de pessoas rudimentares -
tratar-se-ia de uma realidade a quem a lei recusaria a titularidade de direitos civis, admitindo-lhes,
todavia, direito processuais – tinham personalidade judiciária, mas não tinha personalidade
jurídica.
Pessoas coletivas públicas são aquelas às quais couber, segundo o ordenamento jurídico e em
maior ou menor grau, uma tal posição de supremacia, uma tal possibilidade de afirmar uma
vontade imperante. A primeira de todas, a pessoa coletiva pública por excelência, será o próprio
Estado, visto que lhe compete — real ou virtualmente — a totalidade do poder público. Públicas
são ainda estas mesmas pessoas coletivas a que costuma dar-se o nome de entes públicos menores.
por serem titulares ou portadores do poder público, mas só num âmbito mais reduzido e
subordinadamente ao imperium estadual.