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Pessoas coletivas
*As pessoas coletivas são organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por
uma massa de bens, dirigidos à realização de interesses comuns ou coletivos, às quais a ordem
jurídica atribui a personalidade jurídica. Organizações integradas essencialmente por pessoas
ou essencialmente por bens, que constituem centros autónomos de relações jurídicas.
*Na categoria de pessoas coletivas encontramos o Estado, os municípios, os distritos, as
freguesias, os institutos públicos, as associações recreativas ou culturais, as fundações, as
sociedades comerciais, etc.
Substrato
*É um elemento complexo, integrado por vários subelementos, é o elemento de facto, o
conjunto de dados anteriores à outorga da personalidade jurídica.
É o conjunto de elementos da realidade extrajurídica, elevado à qualidade de sujeito jurídico
pelo reconhecimento. Apresenta-se como imprescindível para a existência da pessoa
coletiva.
*Elemento pessoal ou patrimonial: o elemento pessoal verifica-se nas corporações. É a
coletividade de indivíduos que se agrupam para a realização, através de atividades pessoais e
meios materiais, de um escopo de finalidade comum. É o conjunto de associados.
O elemento patrimonial intervém nas fundações. É o complexo de bens que o fundador
afetou à consecução do fim fundacional. Tal massa de bens designa-se habitualmente por
dotação.
Nas corporações só o elemento pessoal é relevante, só ele sendo um componente necessário
do substrato da pessoa coletiva. Pode existir a corporação sem que lhe pertença um
património.
Por sua vez, nas fundações só o elemento patrimonial assume relevo no interior da pessoa
coletiva, estando a atividade pessoal ao serviço da afetação patrimonial. Os beneficiários da
fundação, podendo ser aliás um grupo de contornos indefinidos, têm uma posição passiva
que os coloca fora e para além da fundação. O fundador, cuja vontade fixada nos estatutos
rege a fundação, está igualmente, como tal, fora da fundação e aquém desta.
*Elemento teleológico: a pessoa coletiva deve prosseguir uma certa finalidade, justamente o
fim ou causa determinante da formação da coletividade social ou da dotação fundacional.
Assim:
a) Deve revestir os requisitos gerais do objeto de qualquer negócio jurídico (art. 280º
CC).
b) Deve ser comum ou coletivo.
c) Deve ser duradouro ou permanente. Não é legítima a exigência deste requisito em
termos da sua falta impedir forçosamente a constituição de uma pessoa coletiva.
*Elemento intencional: trata-se do intento de constituir uma nova pessoa jurídica, distinta
dos associados, do fundador ou dos beneficiários. A exigência deste elemento radica na
circunstância de a constituição duma pessoa coletiva ter na origem um negócio jurídico. Nos
negócios jurídicos os efeitos determinados pela ordem jurídica dependem da existência e do
conteúdo duma vontade correspondente.
*Elemento organizatório: a pessoa coletiva é integrada, igualmente, por uma organização
destinada a introduzir na pluralidade de pessoas e de bens existente uma ordenação
unificadora. Traduz-se num conjunto de preceitos disciplinadores das características e do
funcionamento da pessoa coletiva e na existência de órgãos.
O número e características dos órgãos da pessoa coletiva e a designação dos indivíduos que
os preenchem obedece aos estatutos e, no silêncio destes, à lei.
Reconhecimento
*É o elemento de direito, redutor da dispersão e pluralidade do substrato à unidade, à
qualidade de sujeito de Direito.
Verificado o reconhecimento surge uma nova pessoa jurídica: a pessoa coletiva. Como
sujeito jurídico, a pessoa coletiva torna-se titular de relações jurídicas, designadamente de
relações jurídicas estabelecidas com os associados, os fundadores, os serventuários, os
beneficiários ou terceiros.
*Reconhecimento normativo: derivado automaticamente da lei. Este tipo de reconhecimento
pode ser condicionado ou incondicionado. O condicionado é de caráter global, isto é,
derivado de uma norma jurídica dirigida a uma generalidade de casos. Traduz um grau de
liberdade e facilidade na constituição de pessoas coletivas. A lei formula em geral
determinados pressupostos ou requisitos, que devem acrescer aos elementos caracterizadores
de um substrato e, verificados esses requisitos, a pessoa coletiva é automaticamente
constituída. Vigora no domínio das sociedades comerciais e civis em forma comercial e das
associações.
É incondicionado se a ordem jurídica atribuir personalidade jurídica de plano, sem mais
exigências, a todo o substrato completo da pessoa coletiva. Vigora nas fundações.
*Reconhecimento individual: traduzido num ato individual e discricionário de uma
autoridade pública que, perante cada caso concreto, personificará ou não o substrato.
Corporações
*São coletividades de pessoas, o seu substrato é integrado por um elemento pessoal. São
constituídas e governadas por um agrupamento de pessoas, que subscrevem originariamente
os estatutos e outorgam no ato constitutivo ou aderem posteriormente à organização.
*Os associados dominam através dos órgãos a vida e o destina da corporação. Visam um fim
próprio dos associados, podendo ser altruístas, e são governadas pela vontade dos associadas.
*São regidas por uma vontade imanente, por uma vontade própria.
Fundações
*Traduz-se numa massa de bens que é destinado a um determinado fim de interesse social.
A essa massa de bens é atribuída personalidade jurídica.
*O seu substrato é integrado por um elemento patrimonial.
*São instituídas por um ato unilateral do fundador de afetação de uma massa de bens a um
dado fim de interesse social. O fundador, no ato de instituição, deve indicar o fim da
fundação e especificar os bens que lhe são destinados, estabelece de uma vez para sempre as
normas disciplinadoras da sua vida e destino.
*Visam um interesse estranho às pessoas que entram a organização fundacional; visam um
interesse do fundador de natureza social e são governadas pela vontade inalterável do
mesmo.
*O código civil de 1966 determina que só poderão obter personalidade jurídica as fundações
cujo fim for de interesse social. Poderia diferir-se a contrario do artigo 157º a possibilidade de
fundações de fins egoístas ou de interesses restrito; todavia, o artigo 188º afasta essa
possibilidade. Não pode ser reconhecida e atribuída personalidade jurídica a uma fundação
que vise realizar o interesse particular de uma pessoa ou de uma família determinada.
Associações
*São pessoas coletivas de substrato pessoal que não tenham por fim a obtenção de lucros
para distribuir pelos sócios.
*Relativamente às associações surgem nos arts. 167º ss CC. Na base da associação está o
negócio jurídico plurilateral, que, em regra, será realizado mediante escritura pública, sem
prejuízo do disposto em lei especial.
*Este negócio tem um conteúdo obrigatório previsto na lei, é conteúdo do art. 167º CC, que
tem que constar para que a associação adquira personalidade jurídica e a preterição destes
requisitos conduz à nulidade do ato. Com base na regra geral do art. 294º CC.
*A falta de publicidade conduz apenas a que o negócio não produza efeitos (eficácia)
relativamente a terceiros (art. 168º, n.º 3 CC).
*Causas de extinção da associação: extingue-se pela vontade dos associados, no sentido de
lhe pôr fim; por disposição na Lei ou por decisão judicial.
Sociedades
*Cumpre ter presente que só são pessoas jurídicas as sociedades comerciais e as civis em
forma comercial. As sociedades prosseguem uma finalidade económica lucrativa (art. 980º
CC).
*Não se lhes aplicam diretamente as disposições do capítulo do CC sobre as pessoas
coletivas, mas sim as referentes ao contrato de sociedade e as especiais do Código das
Sociedades comerciais.
*Sociedades comerciais: são as que, a mais das notas dos artigo 980º do CC, tenham por
objeto a prática de atos de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome coletivo, de
sociedade por quotas, de sociedade anónima, de sociedade em comandita simples ou em
comandita por ações.
*Sociedades civis: não praticam atos de comércio.
a) Sociedades civis em forma comercial (art. 1º, n.º 4 CSC): são comerciantes
aos olhos da lei, têm personalidade jurídica.
b) Sociedades civis simples: não são comerciantes.
*Sociedades em nome coletivo: caracterizam-se pela responsabilidade pessoal e ilimitada
perante os credores sociais, subsidiariamente em relação à sociedade e solidariamente com
os outros sócios (175º/1 do CSC)
*Sociedades por quotas: Os sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, mas são
solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas no contrato social, isto é,
respondem para com a sociedade pela realização da sua quota e, ainda, solidariamente com
os demais, pelas prestações devidas à sociedade por algum ou alguns dos outros associados
por força da não realização integral das suas quotas. O capital social está dividido em quotas.
*Sociedades anónimas: os sócios estão isentos de responsabilidade pessoal pelas dívidas da
sociedade e os credores sociais só se podem pagar pelos bens sociais. Cada sócio tem a sua
responsabilidade limitada para com a sociedade pelo capital que subscreveu, isto é, pelo
montante das ações respetivas, nada mais tendo a satisfazer, mesmo que os outros sócios
estejam em dívida para com a sociedade.
*Sociedades em comandita: são uma combinação entre os tipos anteriores, pois intervêm
nelas sócios que assumem responsabilidade ilimitada, como os sócios das sociedades em
nome coletivo (sócios comanditados), e sócios que só arriscam o valor das suas entradas,
como os acionistas das sociedades anónimas (sócios comanditários).
Capacidade de gozo
*A capacidade de gozo das pessoas coletivas é um status, inerente à sua existência como
pessoas jurídicas (artigo 67º do CC).
*O artigo 160º/1 do CC diz que estão excetuados do âmbito da capacidade jurídica das
pessoas coletivas as relações jurídicas vedadas por lei ou que sejam inseparáveis da
personalidade singular.
No caso das relações jurídicas vedadas por lei podemos dar como exemplos, o direito de uso
e habitação, a capacidades testamentária ativa, a capacidade para adquirir ou transmitir bens
por sucessão legítima ou legitimária.
No caso das relações inseparáveis da personalidade jurídica são, certas relações familiares,
como casamento, filiação, parentesco, afinidade, etc.
*Resulta a contrario do artigo 160º/1, estarem fora da capacidade de gozo das pessoas
coletivas os direitos e obrigações que não seja necessários ou conveniente à prossecução dos
seus fins. A isto se chama o princípio da especialidade do fim.
*Quando uma pessoa coletiva atua para além da sua capacidade temos a nulidade dos
negócios praticados (294º do CC e artigo 160º).
Se uma pessoa coletiva atuar sistematicamente para além dos fins a que se destina poderemos
estar perante uma hipótese de extinção da pessoa coletiva conforme decorre do artigo 182º/2
b) e 192º/2 b).
Capacidade de exercício
*À primeira vista parece que as pessoas coletivas não possuem capacidade para o exercício
de direitos.
Tudo depende da natureza do vínculo entre a pessoa coletiva e aquelas pessoas físicas que
procedem em seu nome e no seu interesse: será nexo de verdadeira organicidade, ou de mera
representação? Se se concluir pela organicidade, então as pessoas coletivas possuem
capacidade para o exercício de direitos, pois a relação entre um órgão e o ente em que se
integra é de verdadeira identificação. Se se concluir pela representação, então deve rejeitar-
se a tese de capacidade para o exercício de direitos das pessoas coletivas, pois há autonomia
entre as personalidades jurídicas do representante e do representado.
*A pessoa coletiva precisa de órgãos para exercer os seus direitos e cumprir as suas
obrigações (artigo 163º). Nas duas primeiras hipóteses estamos perante representação
orgânica, representação que resulta da organização interna da pessoa coletiva. Na terceira
hipótese temos representação voluntária (258º e seguintes).
*No que toca à responsabilidade civil extracontratual dos representados pelos atos dos seus
representantes, esta só pode resultar de um comportamento próprio. Como tal não impõem
a lei, nem na representação legal, nem na representação voluntária, aos representados a
obrigação de indemnizar os danos causados a outrem pelos seus representantes, mesmo que
estes tenham sido causados em conexão com as suas funções.
DENOMINAÇÃO SOCIAL
*Corresponde ao nome das pessoas singulares. As pessoas coletivas são conhecidas através
da sua denominação.
*A denominação é importante para individualizar a pessoa coletiva e obedece a uma série de
regras (DL 129/98). Quanto às denominações regem os princípios da verdade, da novidade
e da exclusividade. Isto significa que os elementos que constam de uma denominação social
tem que ser verdadeiros e não podem induzir em erro, as denominações não podem gerar
equívoco quanto à atividade prosseguida.
Responsabilidade contratual
*As pessoas coletivas devem responder pelos factos dos seus órgãos, agentes ou mandatários
que produzam o inadimplemento de uma obrigação em sentido técnico. É o que resulta do
artigo 165º do CC, aplicável às associações, às fundações e também às sociedades.
*O princípio geral no nosso CC, em matéria de responsabilidade civil, encontra-se no artigo
798º. Daqui resulta ser necessário para o surgimento da obrigação de indemnizar que tenha
havido culpa do devedor no não cumprimento, estabelecendo-se no artigo 799º uma
presunção refutável de culpa. Deve verificar-se a culpa dos órgãos ou agentes da pessoa
coletiva pelo inadimplemento da obrigação.
Para existir responsabilidade contratual das pessoas coletivas, é necessário que o contrato,
donde emerge a obrigação infringida, tenha sido celebrado por quem tinha poderes para
vincular a pessoa coletiva em causa.
*O artigo 165º vem dizer que as pessoas coletivas respondem nos mesmos termos que os
comitentes respondem pelos atos ou omissões dos comissários. Desde que o
inadimplemento tenha sido culposo e dele resultem danos, o ente coletivo responde para
com o credor. É o que resulta do artigo 800º. O artigo 500º aplica-se em virtude de o
inadimplemento da obrigação se dever sempre considerar como tendo ocorrido no exercício
da função que lhe foi confiada.
Responsabilidade extracontratual
*Consagrada expressamente no artigo 165º para os atos praticados por órgãos, agentes ou
mandatários.
*O artigo 165º remete para responsabilidade dos comitentes por atos dos seus comitidos.
Tal responsabilidade consta do artigo 500º.
Para que a pessoa coletiva possa responder, devem verificar-se os seguintes pressupostos:
a) Que sobre o órgão, agente ou mandatário recaia igualmente a obrigação de
indemnizar (500º/1): desde logo que tenha havido culpa da pessoa simples que
praticou o ato ilícito causador do dano. Que o ato tenha causado danos e que estes
estejam em relação de causalidade adequada com aquele;
b) Que o ato danoso tenha sido praticado pelo órgão, agente ou mandatário no exercício
da função que lhe foi confiada. Levanta-se a questão de saber quando se pode
considerar o ato praticado no exercício das funções. A doutrina diz que que o órgão
ou agente deve ter procedido em tal veste ou qualidade ou ter atuado por causa das
suas funções e não apenas por ocasião delas, e precisa-se que basta que o ato se
integre no quadro geral da respetiva competência.
Por exemplo: haverá responsabilidade da pessoa coletiva se, por caso fortuito ou
culpa, o gerente de uma sociedade ou um motorista, conduzindo uma viatura, em
serviço da sociedade, causam danos a terceiros; mas não já se fazem um desvio no
percurso para tratar de assuntos pessoais, ocorrendo então o acidente, ou se a
utilizam para passear a família.
Por vezes, basta que o ato se integre formalmente nas funções do órgão, mesmo que
tenha sido praticado em vista de um interesse próprio do seu autor, é o que diz o
artigo 500º/2.
*A pessoa coletiva que tiver satisfeito a indeminização ao lesado tem direito de regresso
contra o órgão, agente ou mandatário, podendo exigir-lhe o reembolso de tudo quanto haja
pago, desde que tenha havido culpa deste no plano das relações internas.
*O órgão, agente ou mandatário, desde que tenha satisfeito a indemnização à vitima, pode
exercer a ação de regresso ou recursória contra a pessoa coletiva, se não houve da sua parte
culpa que o responsabilize no plano das relações internas.
*Fala-se em objeto da relação jurídica para referir o objeto do direito subjetivo que constitui
o lado ativo da mesma relação.
*O direito subjetivo traduz-se num poder atribuído a uma pessoa. Esse poder e essas
faculdades podem, quase sempre, ser exercidos sobre um determinado quid, corpóreo ou
incorpóreo. Esse poder conferem a possibilidade de exercer uma soberania ou domínio sobre
um bem, sobre um objeto.
O objeto de uma relação jurídica é precisamente o quid sobre que incidem os poderes do seu
titular ativo.
* O objeto das relações jurídicas é todo o quid, todo o ente, todo o bem sobre que podem
recair direitos subjetivos.
*O objeto do direito subjetivo não coincide com o seu conteúdo. O objeto é aquilo sobre
que recaem os poderes do titular do direito. O conteúdo é o conjunto dos poderes ou
faculdades que o direito subjetivo comporta.
*Os direitos subjetivos não têm objeto. O exercício destes direitos não se traduz na
incidência de quaisquer poderes ou de qualquer domínio sobre um bem submetido a essa
supremacia. São direitos a uma modificação jurídica.
*Distingue-se entre o objeto mediato e objeto imediato. Esta distinção exprime a diversidade
entre aquilo que diretamente está submetido aos poderes ideais que integram um direito
subjetivo e aquilo que só de uma forma mediata ou indireta, isto é, através de um elemento
mediador, está submetido àqueles poderes.
Pessoas
*Tal não significa que exista qualquer ofensa da dignidade da pessoa humana. Estes direitos
sobre outras pessoas têm um conteúdo especial, pois não são direitos subjetivos do tipo
comum, mas antes poderes-deveres ou poderes-funcionais.
*São exemplo o poder paternal e o poder tutelar.
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Prestações
*Nos direitos de crédito o objeto é uma conduta ou ato humano: a prestação. O objeto não
é rigorosamente uma coisas, mas um comportamento do devedor. Por vezes a prestação é o
objeto imediato e a própria coisa será o objeto mediato; noutros casos a prestação é também
o objeto da relação jurídica, não sendo de distinguir entre objeto mediato e imediato.
Próprios direitos
*Tratam-se dos chamados direitos sobre direitos. Como o caso do penhor de direitos;
usufruto de direitos; hipoteca de um direito de superfície, etc.
A própria pessoa
*Uma parte da doutrina contesta a legitimidade da figura dos direitos sobre a própria pessoa.
É inegável que a nossa lei, utilizando a expressão direitos de personalidade, protege os
indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à personalidade física ou moral.
A figura dos direitos sobre a própria pessoa não é ilógica, nem nos vinculará a consequências
moralmente absurdas, pois tais direitos devem ter-se como irrenunciáveis e insuscetíveis de
limitação voluntária quando esta for contrária à ordem pública.
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COISA
*O artigo 202º do CC define coisa como tudo aquilo que pode ser objeto de relações
jurídicas. Tal definição não se pode considerar rigorosa. Há entes suscetíveis de serem objeto
de relações jurídicas que não são coisas em sentido jurídico. Por exemplo: pessoas, prestações
e modos de ser ou bens da própria personalidade.
*As coisas em sentido jurídico são bens desprovidos de personalidade e não integrados do
conteúdo necessária desta, suscetíveis de constituírem objetos de relações jurídicas.
*Os bens de caráter estático, carecidos de personalidade, só são coisas em sentido jurídico
quando puderes ser objeto de relações jurídicas. Como tal, é importante apresentar algumas
características:
a) Existência autónoma e separada: uma casa é uma coisa, não o sendo todavia cada
uma das pedra ou das paredes que a integram.
b) Possibilidade de apropriação exclusiva por alguém: não são coisas os bens que
escapam ao domínio do ser humano, de qualquer homem, como, por exemplo as
estrelas e os planetas.
c) Aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas: não são coisas, pois para
nada servem, uma gota de água, um grau de areia, etc.
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batatas vermelhas A vai conseguir cumprir sempre o contrato. Já se A quer vender a B uma
coisa rara e esta desaparece, estamos perante um coisa não fungível. A empresta a B um
quilo de arroz isto é um mutuo o que significa que B está obrigado a dever no mesmo género,
quantidade e qualidade. Se A empresta a B um telemóvel durante uma semana, B tem que
devolver a coisa emprestada e nas condições em que foi emprestada, não pode devolver um
carro qualquer tem que ser aquele que lhe foi emprestado.
*Coisas divisíveis. Podem ser fracionadas em termos naturalísticos ou por vontade das partes.
Por exemplo, um prédio rústico de dois hectares pode ser dividido em dois prédios de um
hectare. Já um computador não é divisível.
*Coisa acessórias.
*Coisas futuras. Distingue-se entre coisas absolutamente futuras e coisas relativamente
futuras (ver aula prática). Se A compra a B uma pintura que este ainda não pintou trata-se de
uma coisa absolutamente futura. Se A vender a C um quadro que quer comprar a B mas que
ainda não comprou trata-se de coisa relativamente futura. No momento em que A compra
o quadro C torna-se proprietário.
*Frutos: tudo o que a coisa produz periodicamente, sem prejuízo da sua substância.
*Benfeitorias. Não são coisas, são complexos de coisas.
*Coisas que não tem dono: diz respeito apenas a coisas móveis. São suscetíveis de
apropriação por ocupação (1318º e seguintes).
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Facto Jurídico
Negócios
jurídicos
Quase negócios
Lícitos
juridicos
Simples atos
Voluntários
juridicos
Juridicamente Operações
Ilícitos
relevantes jurídicas
Factos Involuntários
Neutros
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correspondentes aos resultados cuja intenção foi manifestada. Os efeitos do negócio jurídico
produzem-se ex voluntate.
*Os simples atos jurídicos são factos voluntários cujos efeitos se produzem, mesmo que não
tenham sido previstos ou queridos pelos seus autores, embora muitas vezes haja
concordância entre a vontade destes e os referidos efeitos. Os efeitos dos simples atos
jurídicos produzem-se ex lege.
Os quase-negócios jurídicos traduzem-se na manifestação exterior de uma vontade.
As operações jurídicas traduzem-se na efetivação ou realização de um resultado material ou
factual a que a lei liga determinados efeitos jurídicos.
Negócios jurídicos
*Os negócios jurídicos são atos jurídicos constituídos por uma ou mais declarações de
vontade, dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com intenção de os alcançar sob
tutela do direito, determinando o ordenamento jurídico a produção dos efeitos jurídicos
conformes à intenção manifestada pelo declarante ou declarantes.
*Em hipóteses excecionais, o negócio jurídico, pode ser constituído por outros elementos,
para além das declarações de vontade, casos em que não basta a declaração de vontade para
a produção de efeitos. A lei exige que junto com estas declarações de vontade concorram
atos materiais, geralmente um ato de entrega, tal acontece nos negócios reais quanto à
constituição. Por exemplo, o comodato do artigo 1129º, se A diz que empresta o carro a B,
temos declarações de vontade mas só temos um comodato quando A efetivamente emprestar
o carro, até ao momento do empréstimo temos apenas uma contrato promessa de comodato.
A importância do negócio jurídico manifesta-se na circunstância de esta figura ser um meio
de auto-ordenação das relações jurídicas de cada sujeito de direito.
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Acordos de cavalheiros
*São combinações sobre matéria que é normalmente objeto de negócios jurídicos, mas que,
excecionalmente, estão desprovidas de intenção de efeitos jurídicos. Falta-lhes a vontade de
efeitos jurídicos.
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Elementos essenciais
*São elementos essenciais de todo e qualquer negócio jurídico os requisitos ou condições
gerais de validade de qualquer negócio. São eles a capacidade das partes, a declaração de
vontade sem anomalias e a idoneidade do objeto.
*Pode falar-se dos elementos essenciais de cada negócio típico, são cláusulas que
contradistinguem um certo tipo negocial dos restantes tipos. São as características próprias
de cada modalidade negocial, que a separam tipos vizinhos.
Elementos naturais
*São os efeitos negociais derivados de disposições legais supletivas. Não é necessário que as
partes configurem qualquer cláusula para a produção destes efeitos, podendo, todavia, ser
excluídos por estipulação adrede formulada.
Elementos acidentais
*Cláusulas negociais acessórias, que não são cláusulas que caracterizem o tipo negocial, mas
uma vez incluídas vão ter interferência na produção dos efeitos do negócio e tornam-se
imprescindíveis para que o negócio concreto produza os efeitos a que elas tendem.
*São exemplos de elementos acidentais a condição, o modo, o termo, cláusula penal, cláusula
de juros.
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do serviço surgem despesas, quem está a prestar o serviço tem o direito de ser reembolsado
pelas despesas, mas o seu serviço continua a ser prestado de forma gratuita.
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Há negócios formais para os quais a lei exige documento autêntico: por exemplo a
constituição de associações (168º) e instituição de fundações por atos entre vivos (185º/3).
Para outros, a lei exige apenas documento particular: como por exemplo no caso da doação
de móveis não acompanhada da tradição da coisa (947º/2) e mútuo de valor superior a 2000
euros e igual ou inferior a 20 000 euros (1143º).
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Negócios parciários
*Uma pessoa promete certa prestação em troca de uma qualquer participação nos proventos
que a contraparte obtenha por força daquela prestação.
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Declaração negocial
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PROTESTO E RESERVA
*Emitido certo comportamento declarativo, pode o seu autor recear que lhe seja imputado,
por interpretação, um certo sentido. Para o impedir, o declarante afirma abertamente não ser
esse o seu intuito. A esta contradeclaração dá-se o nome de protesto.
O protesto assume o nome de reserva, quando consiste na declaração de que um ceto
comportamento não significa renúncia a um direito próprio, ou reconhecimento de um
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direito alheio. Por exemplo, a vitima de um acidente de viação recebe certa importância do
causador do acidente, mas declara que isso não significa renúncia a receber o montante total
dos danos que considera mais elevados.
*Ponderando estas vantagens e desvantagens, o Código Civil no seu artigo 219º estabeleceu
o princípio da liberdade de forma. Considerando, quanto a certos negócios, prevalecem as
vantagens sobre os inconvenientes, admitiu, porém, numerosas e importantes exceções a
esse princípio. As normas excecionais que exigem determinada forma encontram-se
formuladas a propósito da regulamentação especial dos negócios ou atos jurídicos a que a
exigência se refere.
*O formalismo exigível para um certo negócio pode ser imposto pela lei (forma legal) ou
resultar de uma estipulação ou negócio jurídico das partes (forma convencional).
O problema da legitimidade da forma convencional é resolvido no artigo 223º no sentido da
admissibilidade e eficácia dos negócios determinativos da forma.
DECLARAÇÃO EFICAZ
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*A declaração negocial com destinatário ganha eficácia logo que chegue ao seu poder ou é
dele conhecida. As declarações não receptícias tornam-se eficazes logo que a vontade se
manifesta na forma adequada.
*Fala-se da doutrina da receção quanto ao momento da sua conclusão (artigo 224º/1): o
contrato está perfeito quando a resposta, contendo a aceitação, chega à esfera da ação do
preponente, isto é, quando o proponente passa a estar em condições de a conhecer.
*Quanto as declarações não receptícias diz a segunda parte do nº1 do artigo 224º que elas se
tornam eficazes com a exteriorização. Por exemplo, no caso do testamento, basta que a
vontade do testador seja extraditada da forma adequada para que tenhamos um negócio
perfeito.
*A partir do momento em que temos uma proposta e ela se torna eficaz também se torna
irrevogável (artigo 230º). O preponente fica vinculado na medida da sua proposta.
*A morte do declarante não obsta a celebração do contrato a menos que outra fosse a
vontade (artigo 226º). Alguém emite uma proposta negocial e esta chega ao destinatário, no
entanto o preponente morre mas a lei vem dizer que com a chegada da aceitação aos
herdeiros o negócio continua a ser válido. Se morrer o destinatário antes da aceitação chegar
ao preponente a sua morte não afetaria a sua declaração negocial mas com a sua morte a
proposta torna-se ineficaz.
*Recebida a proposta o aceitante pode ter uma de várias atitudes: recusa a proposta, aceita a
proposta ou pode aceitar com modificações. No caso de existirem modificações a aceitação
equivale à rejeição da proposta, ela introduz alterações e não obedece à regra que a aceitação
tem que se efetuar através de um simples sim ou não nos termos da lei 233º. No entanto, se
a modificação for suficientemente precisa converte-se numa nova proposta, o que era
preponente passa a destinatário e o destinatário passa a preponente. Só teremos contrato
quando existir um acordo perfeito relativamente a todos os aspetos essenciais para a
celebração do contrato.
*Quando uma proposta é feita a um número indeterminado de pessoas como por exemplo
um anuncia no jornal, a proposta só valera apenas como um convite a contratar e não como
uma proposta contratual.
*No caso dos convites em rede (Lei do comércio eletrónico 7/2004), para termos em rede
uma proposta contratual diz o artigo 32º desta lei é necessário que ela tenha todos os
elementos necessários para que o contrato fique concluído através da simples receção.
*Caso dos contratos celebrados mediante catálogo, discute-se se serão propostas contratuais
ou meros convites a contratar. Regula-se na lei DL 24/2014, no seu artigo 21º, que se refere
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aos catálogos e diz que para estes sejam propostas contratuais devem conter uma serie de
elementos.
*O artigo 227º refere-se à culpa na formação dos contratos, consagra-se aqui a
responsabilidade pré-contratual. Impõem-se a quem negoceia um contrato uma atuação de
acordo com os princípios da boa fé. O que se diz é que a responsabilidade que daqui advém
pretende colocar o lesado na situação em que estaria se não tivesse encetado aquela
negociação.
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Simulação
*Casos em que o declarante emite uma declaração que não coincidente com a sua vontade
real, por força de um conluio com o declaratário, com a intenção de enganar terceiros. Por
exemplo, A finge vender um prédio a B, por conluio com este, a fim de prejudicar os seus
credores; não querem na realidade vender nem comprar, mas apenas criar uma aparência
danosa para aqueles terceiros.
Para termos um simulação temos que ter um divergência entre a vontade real e a vontade
declarada, temos que ter um acordo entre o declarante e o declaratário e temos que ter o
intuito de enganar terceiros.
*O facto de na simulação se exigir um acordo simulatório não obsta a que possamos ter
hipóteses de simulação nos negócios jurídicos unilaterais, concretamente no domínio dos
testamentos, a própria lei se refere a este caso prevendo as regras no artigo 2200º.
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*Simulação absoluta: as partes fingem celebrar um negócio jurídica e na realidade não querem
nenhum negócio jurídico. Por detrás da vontade simulada não há outra qualquer vontade de
celebrar um negócio.
*Simulação relativa: as partes fingem celebrar um certo negócio jurídico e na realidade
querem um outro negócio jurídico de tipo ou conteúdo diversos. Por detrás do negócio
simulado há um negócio dissimulado.
Na simulação relativa objetiva o que se pretende dissimular é o objeto ou a natureza do
negócio. Na simulação relativa subjetiva quando o que se pretende dissimular é uma das
partes verdadeiras do negócio.
Neste tipo de simulação para além do negócio simulado temos também o negócio
dissimulado. O negócio simulado será sempre nulo e ao negócio dissimulado é aplicado o
regime que se aplicaria se o negócio não tivesse sido concluído com simulação nos termos
do artigo 241º. Ou seja, o negócio dissimulado não é afetado pela simulação.
A hipótese mais comum de simulação relativa subjetiva traduz-se na interposição fictícia de
pessoas. A quer concluir um negócio com B mas por razões obscuras não quer que se saiba
que esta a contratar com B, então celebra um contrato com C e depois C contrata com B. O
negócio entre A e C é nulo porque é simulado. O negócio entre C e B também é nulo por
simulação. O negócio efetivamente querido entre A e B é o negócio dissimulado, para efeitos
de apreciar a validade deste negócio vamos esquecer a simulação dos dois negócios anteriores
e ficamos apenas com um negócio celebrado entre A e B e aplica-se a este negócio o regime
que lhe corresponde, se nada obstar ao negócio é um negócio válido e produz todos os seus
efeitos.
Esta interposição fictícia de pessoas não se confunde com a interposição real de pessoas. Na
interposição real o interposto atua em nome próprio, mas no interesse e por conta de outrem,
por força de um acordo entre ele e um só dos sujeitos.
Na simulação relativa objetiva podem acontecer duas situações distintas: simulação sobre a
natureza do negócio em que o negócio ostensivo ou simulado resulta de uma alteração do
tipo negocial respondente ao negócio dissimulado ou oculto, por exemplo, finge-se uma
venda e quer-se uma doação ou vice-versa; simulação do valor incide sobre o quantum de
prestações estipuladas entre as partes, caso da simulação de preço na compra e venda,
fingindo-se um preço superior ou inferior ao preço real.
Os problemas suscitados pela aplicação aos negócios formais da doutrina geral da simulação
relativa encontram a sua resposta no nº2 do artigo 241º, do qual resulta que, se não se
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31
Reserva mental
*O declarante emite uma declaração que não coincide com a sua vontade real, sem qualquer
conluio com o declaratário, visando precisamente enganar este. O declarante quer enganar o
declaratário.
*Pode ser conhecida ou desconhecida do declaratário, o artigo 244º/2 refere-se ao
conhecimento da reserva mental pelo declaratário, um efetivo conhecimento.
Se a reserva mental for desconhecida do declaratário ela não afeta a validade da declaração.
Se for conhecida pelo declaratário a declaração é nula de acordo com o artigo 244º/2 in fine,
isto acontece porque se o declaratário conheceu a reserva, não há confiança que mereça
tutela.
*A rigidez desta figura pode, todavia, ser atenuada, nalguns casos, por aplicação da cláusula
geral do abuso de direito prevista no artigo 334º. Excederá, muitas vezes, os limites impostos
pela boa fé ou pelos bons costumes a pretensão do declaratário, no sentido da validade de
uma declaração que o respetivo autor emitiu, com reserva mentar, para trazer vantagem ao
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declaratário. Por exemplo, A declara a B fazer-lhe uma doação ou um empréstimo, sem que
na realidade tenha essa intenção, pois visa apenas dissuadir B do suicídio.
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*No caso do erro na declaração o declarante sem se aperceber disso emite uma declaração
que não corresponde com a sua vontade. Ele forma a vontade num determinado sentido e
depois emite uma declaração num sentido distinto. Quem esta enganado é o próprio
declarante. O próprio declarante não se apercebe da divergência.
O declarante formula a sua vontade, configura uma determinada declaração e, no momento
da sua emissão diz algo de diferente daquilo que queria dizer. Outra hipótese é o declarante
emitir uma declaração que é a que ele quer emitir mas que tem um sentido diferente daquele
que ele configurava quando formou a vontade. Num caso ou outro temos uma
descontinuidade entre a vontade e a declaração. A vontade está bem formada o problema
surge no momento da expressão dessa vontade. É um problema no elemento externo da
declaração.
A consequência de um erro na declaração é a anulabilidade. Mas não é uma anulabilidade
sem mais, o artigo 247º estabelece um requisito para que a declaração seja anulável, um
requisito que se prende com o declaratário. O declaratário deveria saber que aquele aspeto
sobre o qual incidiu o erro era um aspeto considerado essencial para o declarante, esse aspeto
essencial para o declarante é aquele sobre o qual o erro incidiu. Um aspeto é essencial quando
e decisivo para o declarante (artigo 232º), na falta desse elemento o negócio não é possível
de concluir. O declaratário tem que saber que é um aspeto essencial não precisa de saber que
há um erro. Só verificado este requisito o declarante pode anular o contrato.
Se o declaratário se apercebeu do dissídio entre a vontade real e a declarada e se conheceu a
vontade real do declarante, o negócio valerá de acordo com a vontade real, artigo 236º/2.
Se o declaratário aceitar o negócio como o declarante queria, a anulabilidade fundada em erro
não procede (248º).
Se o declaratário compreendeu um terceiro sentido que não coincide nem como o querido
pelo declarante, nem com o declarado o negócio deve ser anulado (232º).
Dentro do erro na declaração a lei estabelece algumas subespécies no artigo 250º prevê-se o
erro na transmissão da declaração e no artigo 248º o erro no cálculo ou de escrita.
No primeiro caso, o declarante forma a sua vontade e encarrega alguém de transmitir a sua
vontade, mas essa pessoa diz algo diferente daquilo que o declarante queria dizer. Quem se
engana a pessoa encarregada e não o declarante. A lei considera que tudo se passa como se
fosse o própria declarante a enganar-se reconduz-se esta hipótese à hipótese do artigo 247º.
Se houver dolo da pessoa encarregada de transmitir a declaração, está será sempre anulável,
não estando dependido do requisito do artigo 247º, será anulável nos termos gerais do artigo
287º.
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VÍCIOS DA VONTADE
*O problema coloca-se ao nível de perturbações no processo formativo da vontade. Se a
vontade não é esclarecia ou foi influenciada por fatores externos dizemos que a vontade esta
viciada.
O problema é anterior à formulação da vontade, surge no processo formativo da vontade.
*A consequência é a anulabilidade do negócio, a lei estabelece requisitos que variam
consoante o vício em causa e consoante os interesses dos intervenientes nos negócios.
*Caso dos negócios usuários previsto no artigo 282º. É anulável, por usura, um negócio
jurídico, quando alguém, explorando a situação de necessidade, inexperiência, ligeireza,
dependência, estado mental ou fraqueza de caráter de outrem, obteve deste, para si ou para
terceiro, a promessa ou concessão de benefícios excessivos ou injustificados.
*Vícios redibitórios são vícios ocultos da coisa. Vícios que transformam a coisa em algo
impróprio para o fim a que se destina ou o seu valor e que se o adquirente soubesse não a
teria adquirido. O legislador não deu autonomia a estes vícios, não nos aparecem
consequências diretas resultantes da coisa ter vícios ocultos. A lei prevê em sede de compra
e venda um regime de compra e venda de coisas defeituosas. Este regime não conduzir
diretamente à invalidade do negócio. Para que o negócio seja anulável é preciso que se
verifiquem os requisitos da anulabilidade por erro.
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fundamental que se não houvesse erro o negócio não teria sido celebrado. Os erros que são
meramente incidentais, que afetam a formação da vontade, mas não de um modo
determinante, ele não é relevante como um motivo de invalidade do negócio. A faz um
doação a B pensado que B era o filho de um amigo de infância, mais tarde verifica-se que B
é outra pessoa qualquer e não o filho do amigo; este erro é um erro essencial, se ele soubesse
a verdade nunca teria celebrado o negócio.
O artigo 252º diz que, como regra, para que o erro seja relevante é preciso que haja um
acordo das partes no qual elas reconhecem a essencialidade do erro, ou seja, um negócio
jurídico autónomo do qual decorrer o motivo sobre o qual o erro incide e a sua
essencialidade. Como regra geral, o erro que inquina o processo formativo da vontade não é
relevante, para conduzir à invalidade e para ser relevante temos que ter a situação excecional
de haver um acordo sobre a essencialidade daquele motivo. A regra é a irrelevância do erro.
O legislador entendeu como princípio geral que as vicissitudes do processo formativo da
vontade não deviam conduzir o negócio jurídico à invalidade porque são vicissitudes que se
passam num plano psicológico, a declaração de vontade não deixa extravasar os motivos que
levaram a contratar, não se devendo prejudicar os terceiros que contam com o negócio sem
saber os motivos. No entanto, se as partes disserem quais os motivos que os levam a fazer a
celebrar o contrato, e depois se verifica que naquele motivo há um erro o negócio é anulável.
*O legislador faz uma distinção entre diversos motivos, entende que determinados motivos
são mais importantes do que outros. Quando o erro sobre os motivos afeta determinados
aspetos o legislador favorece a anulabilidade. Esses motivos são:
a) Erro sobre o objeto do negócio → 251º, erro quanto à identidade e erro sobre as
qualidades do objeto. O negócio será anulável nos termos previstos no artigo 247º
para o erro-obstáculo, isto é, desse que o declaratário conhecesse ou não devesse
ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o erro. A
lei fala de erro que atinja os motivos determinantes da vontade quando se refira ao
objeto de negócio. Não se faz qualquer delimitação das qualidades do objeto, cuja
suposição errada integre a hipótese do artigo 247º.
b) Erro sobre a pessoa do declaratário → 251º, erro sobre a identidade e o erro sobre
as qualidades. Podemos fazer aqui algumas distinções: o erro sobre o sujeito pode
incidir quer sobre a identidade do declaratário ou sobre as qualidade pessoais do
declaratário. O erro sobre a identidade só conduz a anulabilidade se se queria verificar
uma determina pessoa e aquela pessoa é diferente. Quanto às qualidades podem ser
habilitações profissionais e qualificações. No que toca casamento, existe um regime
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especial consagrado nos artigos 1635º/b) e 1636º, o casamento é anulável por falta
de vontade quando o nevente estava em erro quando à identidade física do outro e
quando recaia sobre qualidade essenciais da pessoa do outro cônjuge e que sem essas
qualidade o casamento não tinha sido celebrado.
Cabe-lhe o mesmo regime correspondente ao erro na declaração.
c) Erro sobre a base negocial → 252º/2, circunstancialismo que rodeou o negócio e
que o declarante pensava que tinha uma determina configuração e afinal não tem.
Circunstâncias tidas como existentes no momento da celebração do negócio e não
circunstâncias projetadas para futuro. A lei diz que estes casos devem ser tratadas da
mesma forma que é tratada a alteração de circunstâncias do negócio. Como tal, temos
uma remissão do artigo 252º/2 para a regra da alteração das circunstâncias do
negócio consagrada no artigo 437º.
O artigo 437º diz que se, excecionalmente, as condições que existam quando se
celebrou o negócio se alterarem existe a possibilidade de modificar ou até resolver o
negócio. Quando alguém contrata existem determinadas circunstâncias que rodeiam
a celebração dos contratos, especialmente nos contratos que se prolongam no tempo,
essas circunstâncias podem alterar-se, este artigo vem dizer em que casos é possível
alterar o contrato. Para ser possível a modificação ou resolução do contrato é preciso
que a alteração seja anormal; que a alteração leve a que o cumprimento da obrigação
afete gravemente o princípio da boa fé e que tais condições não sejam inerentes ao
próprio contrato.
O que esteve na origem da consagração destas hipóteses foram os chamados
coronation cases. Houve a coroação de um rei e estava previsto um desfile de
coroação e várias pessoas arrendaram varandas para assistir à passagem do desfile,
tudo pago a preço exorbitantes. No entanto, o desfile foi cancelado e aqueles que
tinham arrendado os espaços pretendem cobrar os preços e aqueles que não
assistiram ao desfile não queriam pagar porque não tinha existido desfile. Levantava-
se a questão de saber até que ponto aquelas pessoas estariam vinculadas ao
pagamento apesar de ter existido uma alteração das circunstâncias.
No caso do erro, as partes quando celebram um negócio representam uma determina
realidade, posteriormente verificam que essas circunstâncias não existiam. A
diferença entre o erro e alteração das circunstâncias do artigo 437º resido no facto
de no caso do erro pensar-se em circunstâncias anteriores ou contemporâneas ao
negócio; no caso do 437º trata-se de circunstâncias futuras, alterações superviventes
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da realidade. São hipóteses diferentes, mas o legislador entende que devem ser
aplicados os mesmos regimes de validade.
Quando o legislador faz a remissão para o 437º levanta-se a questão de saber se
vamos buscar apenas os requisitos de validade ou também as consequências. No caso
do erro a consequência é a anulabilidade, no 437º é a modificação ou resolução. A
professora entende que se deve apenas ir buscar os requisitos, mantendo-se como
consequência do erro a anulabilidade. Só pode ser resolvido um negócio válido, como
tal a resolução pressupõe a existência de um negócio válido, no caso do erro a
validade é colocada em causa porque existe uma vontade inquinada.
No caso do erro quanto ao futuro, as partes não representam mal as circunstâncias
existentes no momento da celebração do contrato, nem as circunstâncias que se
verificam no momento da celebração do contrato se alteram no futuro. No momento
que celebram o negócio julgam que as circunstâncias se vão alterar no futuro, elas
contratam hoje pensando que amanha vai acontecer determinada coisa, nada
acontece, o erro tem que ver com algo que elas projetam para o futuro e que não se
verifica. Por exemplo, A aluno do curso de Direito em Lisboa pede transferência
para o Porto, e, alguém lhe diz que saíram os resultados da transferências e ele foi
transferido e arrenda um apartamento no Porto, no entanto, era um nome parecido
com o dele e quem o informou enganou-se a ver o resultado. Trata-se de um erro
sobre a base do negócio, ele representa mal a realidade, julga que a sua transferência
foi aceite. No caso de ele achar que vai ser transferido por achar que era a pessoa
com melhores notas e antecipa-se e arrenda o apartamento, já temos um erro quanto
ao futuro, ele representa bem a realidade existente, ele julga que vai ser transferido
no futuro. No caso de erro quanto ao futuro, a doutrina equipara este caso ao da
alteração das circunstâncias do artigo 437º. Estes casos ficariam acauteladas se se
introduzisse no contrato uma condição, “eu contrato se isto vier a acontecer”.
Erro sobre os motivos: regra geral consagrada no artigo 252/1º de acordo com o qual não
afeta a validade do negócio.
Casos especiais: erro sobre o objeto (251º e 247º); erro sobre a pessoa do declaratário (247º
e 251º); erro sobre a base negocial (252º/2). Todos os outros erros que não são
autonomizados, por exemplo, as condições meteorológicas, cabem na regra geral do artigo
252º/1.
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Anulabilidade sem mais sempre que o dolo provier do declaratário. É um regime que
favorece muito mais a anulabilidade, se o declarante está em erro porque enganado pelo
declaratário o negócio é anulável sem mais.
*No caso de o dolo ser gerado pelo comportamento de um terceiro, vale o nº2 do artigo
254º. Nestes casos a lei distingue dois casos: se o dolo provier de um terceiro para o negócio
ser anulável exige-se que o declaratário tenha conhecimento do dolo, temos simultaneamente
dolo do declaratário se ele conhece o dolo de terceiro ele terá um dever de esclarecer o
declarante; se o declaratário desconhece a situação, a posição dele já é tutelada, a declaração
negocial será válida, poderá é sempre ser anulável com fundamento em erro.
Se o terceiro que induziu em erro o declarante adquiriu alguma vantagem como o seu dolo
temos uma anulabilidade parcial relativamente a essa parte do negócio. Por exemplo, o
terceiro que agiu dolosamente, não sendo o declaratário, foi um intermediário e ganhou um
comissão com o negócio, a lei diz que esta vantagem será anulável. O negócio em si não é
prejudicado, na medida em que o declaratário não conheça esse dolo.
Os terceiros, para efeitos do 254º, são todos aqueles que não estiverem envolvidos na
conclusão do negócio, nem como parte nem como representante do declaratário ou como
auxiliar, todo aquele que seja alheio ao negócio. Se, por exemplo, o dolo provier de um
representante do declaratário, vamos considerar como dolo do declaratário e não como dolo
de um terceiro.
*Relativamente ao dolo, não temos um regime especial em sede de direito de família,
nomeadamente em sede de casamento, como acontecia no erro.
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*Quando a lei diz ameaça ilicita, a ilicitude poderá dizer respeito ao fim com que se é
ameaçado ou ao meio utilizado na ameaça. O mal com que se é ameaçado pode ser em si um
ato ilícito, mas poderá não ser um ato ilícito e o meio utilizado é que é ilícito. A ilicitude não
tem que estar no resultado da ameaça, pode estar na própria ameaça.
No entanto, a lei tem o cuidado de esclarecer no nº3, que não consistiu ameaça os casos em
que a ameaça se traduz num simples exercício de um direito, por exemplo, o caso em que o
credor diz ao devedor que se ele não pagar irá propor uma ação judicial. Já não seria exercício
normal de um direito se o credor ameaçar que se o devedor não pagar 3 vezes mais do que
aquilo que deve ira propor uma ação.
Também não constitui coação moral o tumor reverencial, por exemplo, casos em que o
inferior hierárquico obedece às ordens do seu superior com medo.
*O nº2 do 255º diz que ameaça pode incidir sobre aspetos diferentes, a honra, a pessoa ou a
fazendo (aspetos patrimoniais). A ameaça não tem que ser do declarante ou de terceiro. A lei
não distingue consoante o mal incida sobre o declarante ou sob a pessoa de um terceiro.
*As consequências do coação moral são a anulabilidade do negócio sem mais, nos termos
do 256º. É preciso que a declaração seja determinada por coação, requisito da essencialidade.
É anulável ainda que provenha de terceiros, mas relativamente à coação de terceiro temos
dois requisitos adicionais para que exista anulabilidade: se o mal com que o declarante for
ameaçada for grave e seja justificado o receio da sua consumação.
*O nº3 do 255º consagra expressamente o princípio, segundo o qual, o temor reverencial
não constitui coação, sendo, assim, irrelevante como motivo determinante da vontade.
*Em qualquer dos casos, o coagido é um colaborador voluntário do seu próprio mal. A
declaração corresponde à vontade, o processo formativo da vontade é que está inquinado.
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Representação
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obrigatoriamente uma posição ativa, pode ter uma posição passiva, pode emitir a proposta
negocial ou receber a proposta que é dirigida ao representante.
*O representante distingue-se do núncio. Este ultimo é menos que um representante, é
alguém que é encarregado de transmitir uma declaração negocial, o seu papel é muito mais
limitado, quem formula a declaração negocial é a pessoa evolvida no negócio, o núncio
apenas transmite a declaração já formulada. No caso da representação é o próprio
representante que formula a vontade.
Se A não nomear B como representante, A formula a declaração e manda transmitir, no
entanto, B que é apenas núncio, formula uma declaração própria e emite a C, ele aqui atua
como representante, embora uma representação sem poderes. Isto significa que para
sabermos se é núncio ou representante temos que ver qual o comportamento dele no caso
em concreto.
O núncio exige-se que tenha capacidade da transmitir a declaração negocial, mas,
relativamente, ao negócio nem precisará de perceber os termos do negócio. Não é necessária
capacidade de exercício do núncio.
*O representante também se distingue do mandatário, o contrato de mandato é aquele pelo
qual alguém encarrega outrem de praticar atos jurídicos por sua conta (artigo 1157º), aqui o
mandatário atua em nome próprio por conta de outrem. A representação coloca-se num
outro plano, não é sequer um contrato, é a hipótese de alguém se fazer substituir por outrem
na formulação e emissão de uma declaração negocial e, pode aplicar-se a todos os contratos
(salvo disposição legal em contrário). Por exemplo, no casamento é possível a representação,
mas a lei não permite que os dois noventas se façam substituir por procurador no casamento;
nos casos de compra e venda já é admitido o procurador para ambos os lados.
No mandato o que é característico é a atuação por contra de outra pessoas, as repercussões
económicas produzem-se na esfera jurídica do mandante, os efeitos jurídicos produzem-se
na esfera do mandatário, por exemplo, na compra e venda quem aparece no contrato como
comprador é o mandatário o que implica que o mandatário tenha que transmitir os efeitos
para a esfera do mandante.
O mandato por ser celebrado por representação, neste caso, o mandatário atua por conta do
mandante e em nome do mandante, os efeitos já se produzem diretamente na esfera do
mandante. Acontece muitas vezes no caso dos advogados, um advogado é um mandatário e
pode ter poderes de representação.
O mandato sem representação continua a existir para os casos em que aquele que está
interessado no negócio não quer que se saiba que ele é o interessado.
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*Se o representante é que emite a declaração negocial, compreende-se que o artigo 259º diga
que é na sua pessoa que se deve verificar, para efeitos de anulabilidade, os erros de vontade.
É a declaração do representante que terá que ser analisada para perceber se há divergência
entre a declaração e a vontade. O nº2 do mesmo artigo, diz que no caso de má fé do
representado esta não aproveita da boa fé do representante, a boa fé do representante não
afeta a má fé do representado, bastava que o representado escolhesse um representado de
boa fé para que deixasse de estar de boa fé.
*O artigo 260º refere-se ao caso de o destinatário poder exigir do contraparte que ele faça
prova dos seus poderes antes de celebrar o negócio, quem contrata com alguém que se
intitula representante pode, num determinado prazo, exigir a prova dos poderes.
*Se o negócio esta vedado para o representante, estará vedado para o representante. A
nomeação de um representante não suprime a vedação do negócio ao representante, sob
pena de se contornar facilmente a lei. Por exemplo, proibição de venda entre pai e filho,
bastaria o pai nomear um representante para pode fazer essa venda. O representante não
pode mais que o representado, os negócio vedados ao representado estão vedados ao
representante.
*No artigo 261º, diz-se que é anulável o negócio consigo mesmo. Esta norma existe por
razões de transparência, com vista a evitar conflitos de interesse. Por exemplo, A nomeia B
como seu representante e A quer comprar uma pintura de um determinado pintor, no caso
de B, ele próprio, ser proprietário da pintura, a lei trata este negócio como um negócio
consigo mesmo, existiria um conflito de interesses por parte de B, enquanto vendedor está
interessado a vender ao preço mais alto e, enquanto representante, a conseguir o melhor
negócio para o representado. Estes negócios são anuláveis, mesmo que B passe os poderes
de representação que lhe foram conferidos a C.
REPRESENTAÇÃO VOLUNTÁRIA
*O negócio que está na sua base é a procuração, a procuração é um negócio jurídico
unilateral, alguém atribui poderes representativos a outra pessoa. A procuração não carece
de forma especial, mas exige que a procuração revista a forma exigida para os negócios que
o procurador vai realizar. Se o procurador tiver poderes para celebrar contrato de compra e
venda de imoveis, a procuração terá de revistir a forma de escritura pública ou documento
particular autenticado.
*A lei não exige para o procurador capacidade de exercício, o procurador não tem que ser
uma pessoa com capacidade de exercício tem que ser alguém com capacidade natural para
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do negócio. Se o representado não conseguir provar este facto isso significa que, não
obstante a procuração tenha sido revogada, ainda assim tudo se passar como se ela não
tivesse sido revogada, ou seja, os efeitos jurídicos da atuação do representante após a
revogação irão produzir-se diretamente na esfera do representado. Já não temos procuração,
mas como terceiro confiou na existência da procuração os efeitos jurídicos da atuação do ex
representante irão produzir-se na esfera do representado.
Quanto à renúncia da procuração, de iniciativa do procurador, só não será oposta a terceiro
que sem culpa a tenha ignorado, terá que ser o terceiro a provar que ignorava a extinção sem
culpa.
*A procuração pode ser conferida com poderes gerais ou com poderes especiais para um
determinado tipo de negócio. Dizemos que temos uma procuração geral ou uma procuração
especial. Por exemplo, A nomeia B seu procurador para qualquer negocio relativamente aos
seus bens moveis e imóveis, nomeadamente, alineação, administração, etc. Se for uma
procuração geral com este teor ela terá que obedecer à forma que é exigida para os negócios
conferidos na procuração, sob pena de ser nula por falta de forma. A confere a B uma
procuração para o representar na reunião X, que terá lugar no dia Y, é uma procuração
especifica, é apenas para aquela reunião.
*O artigo 264º, diz-nos que o procurador só pode fazer-se substituir por outrem se o
representado o permitir ou se a própria procuração o permitir, trata-se da possibilidade de
subestabelecer noutra pessoa os poderes que lhe foram conferidos, o representante faz-se
substituir por outra pessoa. A substituição não exclui o procurador primitivo, 264º/2, ou
seja, ele continua ter os seus poderes e vamos ter mais um representante daquele
representante, a menos que algo em contrário seja estabelecido na própria procuração.
*O procurador pode munir-se de pessoas que o irão auxiliar na execução da procuração.
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se dentro dos poderes conferidos, mas se pensarmos que o preço de mercado são 200 000
mil euros e o procurador vende por 100 aqui teremos uma abuso de representação.
*Já não haverá abuso de representação se o representante é inábil e faz uma mau negócio,
estamos dentro da procuração, simplesmente, aquele procurador foi uma má escolha e o
representado terá que arcar com as consequências.
*Também não será abuso, os casos em que o procurador agindo dentro dos poderes colabora
com a outra parte conscientemente no sentido de prejudicar o representado. Seria um
negócio ofensivo dos bons costumes e portanto o negócio cairia na alçada do artigo 281º e
teria como consequência a nulidade.
*É aplicável o regime da representação sem poderes, com uma diferença. Só se aplica esse
regime se a contraparte conhecia ou devia conhecer o abuso. Se o abuso era conhecido ou
era cognoscível à contraparte temos a ineficácia do negócio relativamente ao representado.
Se a contraparte não conhecia o abuso nem tinha que o conhecer, o negócio produz
cabalmente os seus efeitos na esfera do representado, como se não existisse qualquer abuso.
A contraparte é aos olhos do legislador mais digna de tutela, ela pode ter exigido a prova dos
poderes de representação e constatar que o procurador se encontrava dentro dos poderes de
representação, a contraparte não pode ser surpreendida com a ineficácia do negócio, ela
confia na representação.
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retroativa, tudo se passa como se tivesse existido procuração desde o início, sem prejuízo de
direitos de terceiros. Não se descura os interesses da contraparte, enquanto o negócio não
for ratificado a outra parte tem a faculdade de o rejeitar ou revogar, a não ser que saiba que
não existia poderes de representação. Se revogar o representado já não o pode ratificar. A
contraparte pode ainda estabelecer um prazo, por exemplo, se o representado não o ratificar
no prazo de um mês o negócio é revogado.
Os negócios anuláveis podem ser confirmados, aquele com legitimidade para arguir a
anulabilidade pode concordar com o negócio e confirma o negócio, este torna-se
completamente válidos retroativamente. 288º
A ratificação surge no contexto dos negócios ineficazes, a pessoa em relação a qual o
negócio não produzir efeitos vem chamar o si os efeitos do negócio.
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*São aqueles que poderão não constar do negócio, o negócio é perfeito sem a sua existência,
no entanto, na medida em que forem introduzidos no negócio eles irão interferir com a
produção dos efeitos do negócio.
CONDIÇÃO E TERMO
*As partes no negócio podem subordinar o início da produção dos efeitos da produção dos
efeitos ou a cessão dos efeitos do negócio à verificação de uma condição ou à verificação de
um termo.
*Não é necessário que a lei diga expressamente que a eficácia do negócio poderá ficar
dependente de um termo ou de uma condição, na media em que introdução deste género de
cláusulas decorre da liberdade contratual e da autonomia privada.
No entanto, há casos em que a lei o diz expressamente e noutros casos nem o permite. Por
exemplo no artigo 1713º.
*A condição e o termos reportam-se a acontecimentos futuros, a produção de efeitos fica
subordina a determinados acontecimentos futuros. Mas, como uma diferença fundamental,
relativamente à certeza da verificação do acontecimento. Na condição, a verificação do
acontecimento futuro é incerta. No termo, é um acontecimento futuro mas de verificação
certa.
CONDIÇÃO→ 270º
*Condição suspensiva → as partes subordinam o início da produção dos efeitos do negócio
a um acontecimento futuro incerto. Por exemplo, Y diz que se ganhar o euro milhões dá
1000 euros a F
*Condição resolutiva → é a resolução dos efeitos do negócio que fica condicionada a um
evento futuro e incerto. Por exemplo, se entretanto Y ganhar o euro milhões deixa de prestar
serviços contratados com uma empresa.
*Trata-se de uma vontade hipotética, embora atual e efetiva, exteriorizada numa declaração
única e incindível.
*A razão de ser e importância prática da condição é a superação da incerteza objetiva do
futuro, através de uma regulamento de interesses apto a , em qualquer hipótese, realizar a
representação que os sujeitos têm do seu interesse.
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As condições legais, são os requisitos que a lei exige para que determinado
negócio produza os seus efeitos.
*Condições impróprias → são aquelas que não reúnem todas as qualidades que caracterizam
a condição verdadeira e própria: evento futuro, ao qual está subordinada a eficácia do
negócio; caráter incerto do evento; subordinação resultante da vontade das partes e não
diretamente ex lege.
Manuel de Andrade fala em diversas figuras de condições impróprias:
a) Condições referidas ao passado ou ao presente, visto que o evento condicionante
não é futuro, não existe, portanto, incerteza objetiva, acontece apenas que a
circunstância da verificação ou não verificação está subtraída ao conhecimento das
partes no momento do negócio, os efeitos ou se produzem logo ou não se produzem.
b) Condições necessárias, visto que o evento não é incerto, trata-se antes de um termo
certus ou incertus quando.
c) Condições impossíveis, visto que a não verificação do evento é, desde logo, certa.
d) Condições legais: por exemplo, a condição legal da proeminência do testador em
relação ao herdeiro instituído ou legatário nomeado, sob pena de caducidade da
disposição testamentária.
*O negócio subordinado a uma condição resolutiva suspensiva física ou lealmente impossível
é nulo.
*O negócio que seja subordinado a uma condição resolutiva física ou legalmente impossível,
a condição é tida como não escrita. O negócio produz os seus efeitos como se não tivesse
condição, é expurgado da cláusula que o subordinaria a um acontecimento impossível e o
negócio produz os seus efeitos.
*Certos negócios são incondicionáveis, por razões ligadas ao teor qualitativo dos interesses
respetivos ou por motivos de certeza e segurança jurídica. O CC, expressamente, exclui a
aponibilidade da condição nas seguintes disposições: 1618º/2; 1852º/1; 2054º/1; 848º/2;
2064º; 2323º/2. Devem ter-se, igualmente, por incondicionáveis os negócios unilaterais,
resultantes do exercício de um direito potestativo que atinge a esfera de outrem com uma
eficácia não vantajosa. Trata-se de não permitir a incerteza que resultaria da cláusula
condicional.
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Regime geral
* 271º/1 → o negócio subordinado a uma condição ilícita é nulo, a nulidade inquina todo o
negócio e não somente a cláusula condicional ilícita.
*271º/2 → o negócio subordinado a uma condição suspensiva impossível traduz-se na
nulidade total do negócio. No caso de ser uma condição resolutiva impossível produz apenas
a nulidade da cláusula condicional, mantendo-se o restante conteúdo do negócio, tem-se a
condição por não escrita.
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A vende a B sobre condição suspensiva, os seus efeitos só se irão verificar aquando do evento
futuro e incerto. Na pendência da condição o proprietário é A porque os efeitos ainda não
se verificaram. B é titular de uma expectativa tutelada. Se A vende a X os efeitos ficam sujeitos
a eficácia ou ineficácia da condição suspensiva do negócio A-B. Se A vende a X, este último
é proprietário. No caso do acontecimento futuro e incerto acontecer o negócio A-B produz
os seus efeitos retroativamente o que significa que os efeitos do negócio A-X se destroem
retroativamente. Se B entretanto tivesse alienado a Y, verificando-se a condição o proprietário
é Y. Não se verificando a condição e constatando-se que não se vai verificar X é o
proprietário.
No caso de A vender a X e não informar da condição suspensiva que têm com B o negócio
não é válido.
No caso de imóvel sujeito a registo, a condição terá que ser registada, se não for registada
tudo se passa como se o negócio não fosse condicionado.
Verificada a condição
*Preenchida a condição suspensiva, o contrato celebrado pendente conditione adquire eficácia
plena e todos os direitos e obrigações que se encontravam em suspenso são postos em
“marcha”, como se o contrato tivesse sido celebrado sem condição: o adquirente condicional
reporta-se proprietário desde o momento da celebração do contrato e não desde o momento
da realização da condição.
*277º/2 e 3 → os atos de administração praticados pelo devedor condicional, na pendência
da condição suspensiva, continuam válidos, mesmo que se verifique a condição, assim como
continua a ter direito aos frutos percebidos medio tempore, bem como aos frutos pendentes,
nos termos estabelecidos em matéria de aquisição de frutos pelo possuidor de boa fé.
*Não verificação da condição → não se produzem os efeitos definitivos a que o negócio
tendia e desaparecem os próprios efeitos provisórios ou preparatórios que tiveram luga medio
tempore.
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A vende a B com condição resolutiva, o negócio produz os seus efeitos, verificado tal
acontecimento futuro e incertos os efeitos do negócio destroem-se retroativamente.
Quando B vende a Y, ele pode alienar sob condição e Y adquire direito sob condição e
torna-se proprietário, mas A também pode alienar sob condição a X. Se a condição
resolutiva se verifica e com a destruição retroativa dos efeitos o proprietário seria X.
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*No que toca à disposição do artigo 435º, relativo à aquisição de direitos por terceiro, direitos
conflituantes com os efeitos da destruição retroativa do negócio, esta não encontra paralelo
no regime da condição resolutiva. Nos casos de resolução de um contrato que importa a
transferência de um direito real, os direitos de terceiro entretanto adquiridos são
salvaguardados não sendi arrastados pela necessidade de restituição das prestações já
realizadas.
Excetuam-se do âmbito da proteção de terceiros adquirentes em caso de posterior resolução
do contrato, as hipóteses que resultam da aplicação das regras do registo. Não será protegido
o terceiro adquirente de coisa imóvel ou móvel sujeita a registo que não tenha registado a
sua aquisição antes do registo da ação de resolução.
*Tratando-se de imoveis ou moveis sujeitos a registo, a tutela dos terceiros proporcionada
pelo 435º é diretamente influenciada ou determinada pelo interesse geral de segurança
jurídica em que se funda o registo, pelo que os direitos adquiridos por aqueles não serão
afetados se tiverem registado a sua aquisição antes do registo de ação de resolução como
também não serão prejudicados no caso em que, tendo o registo daquela ação sido anterior,
o seu autor não teve ganho de causa.
*Quanto aos negócios que tenham por objeto bens móveis não sujeitos a registo, na ausência
de uma cláusula de reserva de domínio ou estipulação semelhante, a tutela decorrente do
artigo 435º/1, é, em princípio, plena; contudo essa proteção decorre do facto de aquisição
pelo terceiro ser anterior à declaração de resolução.
TERMO → 278º
*Cláusula acessória típica pela qual a existência ou o exercício dos efeitos de um negócio são
postas na dependência de um acontecimento futuro mas certo, de tal modo que os efeitos
só começam ou se tornam exercitáveis a partir de certo momento ou começam desde logo,
mas cessam a partir de cero momento.
*Termo certo → quando se sabe antecipadamente o momento exato em que se verificará.
Por exemplo, subordinar os efeitos do negócio a uma data do calendário.
*Termo incerto → acontecimento futuro e que sabemos que se vai verificar, mas não
sabemos em que momento. Se se constitui um usufruto até a morte do titular, os efeitos irão
produzir-se até um acontecimento futuro certo, mas incerto quando ao momento, temos um
termo incerto.
*Termo suspensivo ou inicial → se os efeitos do negócio só começam ou só se tornam
exercitáveis a partir de certo acontecimento.
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*Termo extintivo → os efeitos começam desde logo, mas cessam a partir de certo momento.
Determina a extinção dos efeitos do negócio, deixa de produzir efeitos apenas para o futuro,
não há retroatividade.
*Faltando aqui o estado de incerteza característico do negócio condicional, no período da
pendência, pois o acontecimento de que dependem os efeitos do negócio é certo, não se
verifica qualquer retroatividade. Haverá obrigação de proceder segundo a boa fé, a cargo de
uma das partes, a fim de não comprometer a integridade do direito da outra, bem como
poderá a parte interessada praticar atos conservatórios do seu direito → 278º.
*279º → regras quanto à contagem do termo.
*Há negócios em que não é possível introduzir termo, as disposição legais que excluem a
aponibilidade da condição excluem também, em princípio, a aponibilidade de termo → 848º,
1618º/2, 1852º, 2054º/1, 2064º.
Há negócios, no entanto, que não podem ser celebrados a termo, embora admitam cláusula
condicional → 1307º/2, 2243º.
Quanto às consequências da aposição de um termo a um negócio que o não admite, a lei, tal
como com a aposição de condição a um negócio incondicionável, determina ela mesma, por
vezes, a sanção a aplicar, podendo esta consistir na nulidade do negócio ou apenas na
nulidade do termo, mantendo-se válido o resto do negócio. Se a lei for omissa quanto à
sanção a aplicar, parece impor-se a nulidade de todo o negócio, com base no artigo 294º.
*Um contrato em que a questão do termo resolutivo é especialmente sensível é o contrato
de trabalho, regulada em legislação própria. Pode ter termo certo ou incerto, o legislador
regula no código do trabalho as especificidades de um e de outro. A incerteza do termo
coloca em causa a estabilidade económica e social do trabalhador.
MODO
*Cláusula acessória típica, pela qual, nas doações e liberdades testamentárias, o disponente
impõem ao beneficiário da liberdade um encargo, isto é, a obrigação de adotar um certo
comportamento no interesse do disponente, de terceiro ou do próprio beneficiário.
*A cláusula modo só aparece nos negócios com natureza patrimonial e a título gratuito. No
fundo, trata-se de uma declaração de vontade acessória relativamente à declaração principal,
em que a parte que atua com intuitos liberatórios impõem determinados encargos à
contraparte beneficiária dessa transferência a titulo gratuito. Pode ser o encargo de fazer
alguma coisa, pagar uma prestação.
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Em todo o caso é um elemento acidental, mas o modo não afeta a eficácia do negócio. Quer
no termo quer na condição o que estava em causa eram os efeitos do negócio, o modo não
interfere com a eficácia do negócio, este produz os seus efeitos normalmente não obstante a
existência do modo.
A condição suspende mas não obriga, o modo obriga mas não suspende.
A condição resolutiva resolve automaticamente mas não obriga, o modo obriga mas
não resolve automaticamente apenas dá lugar a um direito de pedir a resolução.
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*Um modo introduzido numa doação, por exemplo, é uma cláusula acessória típica.
A cláusula modo não descaracteriza o contrato de doação, continuamos a falar num contrato
unilateral que só gera obrigações para uma das partes porque o encargo é diminuto
relativamente à doação recebia. No entanto, se pensarmos que o modo é um encargo de
grande dimensão, este negócio pode ser descaracterizado em termos de doação, um negócio
de doação é um contrato unilateral, se alguém doa a outra pessoa um bem que vale mil euros
e impõem a obrigação de entregar 900 a um familiar, não podemos falar de uma doação.
A cláusula modo pode introduzir a dificuldade de saber se perante um encargo de grande
dimensão continuamos a ter uma doação ou se passamos para o domínio da compra e venda.
*O cumprimento do encargo pode ser judicialmente reclamado pelo doador, pelos seus
herdeiros u por quaisquer interessados. Assim resulta, quanto à doação modal, do artigo 965º
e, quanto aos encargos impostos a herdeiros ou legatários, do artigo 2247º. A obrigação de
cumprir os encargos é, quanto ao donatário, limitada pelo valor do objeto doado (963º/2),
para o testamento, a mesma solução parece fundamentar-se, quanto ao herdeiro onerado, no
artigo 2276º, e resulta claramente, no que toca a encargos impostos aos legatários, do artigo
2267º.
*Para as doações, tenha o encargo valor patrimonial ou moral, parece inferir-se do artigo
966º que o doador ou os seus herdeiros poderão pedir a resolução de toda a doação, apenas
quando, por interpretação do contrato, esse direito lhes seja conferido. Não bastará provar,
por qualquer meio, que a cláusula modal foi causa impulsiva da doação, isto é, que o doador
não a teria feito se soubesse que o inadimplemento teria lugar, é necessário que o direito de
resolução lhe seja conferido pelo contrato e, portanto, corresponda a uma vontade real
suscetível de se desentranhar a sua eficácia em sede interpretativa.
*Para os testamentos resulta do artigo 2248º que qualquer interessado pode pedir a resolução
da disposição testamentária, com fundamento em não cumprimento do encargo, havendo
cláusula testamentária nesse sentido, ou se tiver alguma expressão no testamento a
consideração de eu o cumprimento do encargo foi a causa impulsiva da liberalidade. O direito
de resolução não pode ser exercido a todo o tempo, pois caduca passados cinco anos sobre
a mora no cumprimento do encargo ou vinte sobre a abertura da sucessão.
CLÁUSULA PENAL
*Estipulação em que as partes convencionam antecipadamente uma determinada prestação,
normalmente uma quantia em dinheiro, que o devedor terá de satisfazer ao credor em caso
de não cumprimento, ou de não cumprimento perfeito da obrigação.
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*É uma cláusula do contrato, dele fazendo parte desde a sua celebração, mas nada impede
que seja convencionada posteriormente, desde que antes da verificação do facto constitutivo
de responsabilidade.
*Em sentido estrito, a cláusula penal, terá uma natureza hibrida, por um lado cumpre função
indemnizatória, por outro terá uma função sancionatória no sentido se funcionar como
estimulo ao cumprimento. Constituindo uma forma indemnizatória ou de liquidação prévia
do dano, segundo a estimativa dos próprios contraentes, superam-se assim dificuldades e
incertezas várias, sobretudo de prova do dano e da sua extensão.
Em circunstâncias normais e na ausência de qualquer cláusula penal, o credor que pretenda
ser indemnizado dos prejuízos resultantes da violação de contrato terá de fazer prova, através
da ação judicial competente, dos prejuízos sofridos. Existindo uma cláusula penal, o credor
deixa de ter de fazer prova, sendo o montante da indemnização aquele em que as partes
tiverem previamente acordado. Supera-se, assim, a incerteza dos contraentes quanto à
avaliação judicial da indemnização, conhecendo-se de antemão as consequências que advirão
de um incumprimento do contrato e evitando-se litígios judiciais sobre o montante do dano.
Enquanto função sancionatória, exerce pressão sobre o devedor em ordem à execução
correta do contrato, sobretudo quando a pena é de montante elevado. A cláusula penal será
um incentivo ao cumprimento tanto maior quanto mais elevado for o seu montante,
revestindo-se esta função de particular importância sobretudo tratando-se de obrigações de
prestação de facto infungível.
*Cláusula penal meramente indemnizatória → as partes visam liquidar antecipadamente, de
modo ne varietur, o dano futuro. Acordando-se o montante indemnizatório, as vantagens e
inconvenientes que daí poderão advir são partilhadas pelos dois contraentes: ambos
conhecem, de antemão, as consequências de um eventual incumprimento e um e outro se
submetem ao risco de o prejuízo efetivo ser consideravelmente menor ou maior do que a
soma prevista. A pena é estipulada como substituto da indemnização, pelo que o acordo
vincula ambas as partes ao montante predeterminado, sendo este o único exigível a título de
indemnização. Esta cláusula destina-se a liquidar o dano, naturalmente que o devedor só terá
de pagar a soma preestabelecida caso seja responsável, o que não sucederá provando ele a
sua falta de culpa. A mesma também não será devida provando o devedor a inexistência de
qualquer dano.
*Cláusula penal puramente coercitiva → é acordada como um plus, como algo que acresce à
execução especifica da prestação ou à indemnização pelo não cumprimento. Funciona como
uma alternativa ao cumprimento, o devedor ou opta pelo cumprimento ou sabe que irá ter
62
que realizar aquela prestação. Ainda que não haja nenhum dano resultante do incumprimento
a cláusula penal será sempre devida, porque não acresce à realização da prestação é uma
alternativa à realização da prestação.
*Quando se fala em cláusula penal podemos estar a falar de figuras que cumprem funções
diferente e com natureza jurídica diferente, não temos um modelo único de cláusula penal.
*O nosso CC ao estipular o regime da cláusula penal, artigo 810º e seguintes, está a pensar
num cláusula penal que cumpre funções indemnizatórias. Este regime poderá não ser
adequado para uma cláusula penal que cumpre funções diferentes, neste caso temos que
aplicar este regime com cuidado, porque vamos ter normas que não são adequadas,
nomeadamente o artigo 811º.
*A cláusula penal é acessória da obrigação principal, pelo que as vicissitudes desta se
refletirão na cláusula penal. Assim, se a obrigação principal for nula também o será a clausula
penal → 810º/2.
A invalidade da cláusula penal não prejudica a obrigação principal. A extinção da obrigação
principal leva a extinção da cláusula penal.
*São cláusulas de grande importância prática, na medida em que as partes antecipadamente
conhecem as consequências do incumprimento.
*Apesar da cláusula resultar de acordo das partes, a lei prevê a possibilidade de ela ser
alterada. O artigo 812º prevê um hipótese de redução equitativa de qualquer tipo de cláusula
penal, uma redução judicial tendo em conta um juízo de equidade sempre que se verifique
que a cláusula é manifestamente excessiva. Se a cláusula penal é excessiva ela mantém-se
intocável, o legislador só se preocupou com cláusulas penais manifestamente excessivas. Há
que ver em cada caso o que é excessivo e manifestamente excessivo de acordo com juízos
de equidade. A ideia nunca é que a cláusula penal seja reduzida para existir equivalência entre
o valor dos prejuízos e o valor da cláusula, a cláusula penal pode ser superior ao valor dos
prejuízos. Se é superior aos danos continua a ser a não ser que seja manifestamente excessiva,
o tribunal pode baixar até ela se tornar excessiva .
*Um problema que se podia levantar prende-se com a hipótese contrária, que o artigo 812º
não resolve, é saber se num caso de uma cláusula penal manifestamente diminuta um tribunal
poderia elevar essa cláusula penal. Os prejuízos são enormes e temos uma cláusula penal de
valor insignificante. Parece que não, esta intervenção do artigo 812º é excecional parecendo
que não se admitiria a intervenção em sentido contrário ao previsto. Um cláusula diminuta
pode é funcionar como uma cláusula de limitação da responsabilidade.
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*NOTA: se a cláusula penal tiver sido acordada através de cláusulas contratuais gerais, ou
num contrato de adesão, haverá que ter em conta o regime fixado pelo DL 446/85, artigos
19º/c) e 22º/c).
→
CLÁUSULAS LIMITATIVAS E DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE
*Cláusulas limitativas da responsabilidade→ são estipulações através das quais os
contraentes, no momento da celebração do contrato, ou posteriormente, desde que antes da
verificação do facto gerador de responsabilidade, acordam em limitar, de alguma forma, a
responsabilidade do devedor pelo não cumprimento, cumprimento defeituoso ou mora das
obrigações assumidas. Pode traduzir-se na definição de um valor máximo acordado pelos
contraentes como limite que a indemnização não poderá ultrapassar. As partes
convencionam que a indemnização não pode ir além de certo montante. Trata-se de
estabelecer um teto, prevenindo-se as partes contra danos avultados.
*Cláusula de exclusão da responsabilidade → visa atenuar a indemnização e excluir a
responsabilidade do devedor. Se o devedor prova que o incumprimento não lhe é imputável
ele não responderá.
*São cláusulas que surgem no campo contratual, mas também no âmbito da responsabilidade
extracontratual.
*809º → com base neste artigo, a doutrina, tradicionalmente, entendia que as cláusulas de
exclusão ou limitação da responsabilidade seriam nulas. Um cláusula da exclusão da
responsabilidade transformaria a obrigação do devedor numa obrigação natural porque em
caso de incumprimento não haveriam consequências, o devedor cumpria se queria e se não
quisesse não cumpria. Quanto às cláusula limitativas já se permitia que a sanção devida em
caso de incumprimento fosse atenuada desde que não fosse atenuada ao ponto de ser uma
sanção irrisória, isso equivaleria à exclusão da responsabilidade. No entanto, alguma doutrina
vieram trazer um novo entendimento no sentido de que quando a obrigação de devedor não
é cumprida ainda assim o credor tem outros remédios à sua disposição, ele poderá utilizar os
meios coercivos e resolver o contrato. A lei dá uma serie de possibilidades para além da
indemnização, se a indemnização for excluída ou reduzida a obrigarão do devedor não se
transforma numa obrigação natural porque o credor possui meios coercitivos para levar o
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PRESSUPOSIÇÃO
*As partes tiveram como certa a verificação de um dado acontecimento ou estado de coisas
e, por isso, contrataram. Se lhes ocorresse a possibilidade de falhar tal circunstância
pressuposta, não teriam contratado sem inserir no negócio uma cláusula correspondente.
Serão circunstâncias de facto que as partes quando celebram o contrato pressupõem que se
virão a verificar e com base nessa pressuposição celebram o contrato. Espécie de condição
que nunca chega a ser prevista. No fundo, são hipóteses de erro quando ao futuro e que se
distingue do erro quanto à base negocial. Entende-se que o regime a aplicar analogicamente
será o regime do artigo 437º, abrindo a hipótese de resolução ou modificação do cotrato nos
mesmos termos em que se prevê para os casos das alterações das circunstâncias.
Poderiam ser condições introduzidas no contrato se isso tivesse sido equacionado pelas
partes.
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Ineficácia
Resolução
Nulidade Absoluta Relativa Revogação
Anulabilidade Caducidade
Invalidades mistas Denúncia
Total
Parcial
*Ineficácia sem sentido amplo → sempre que um negócio não produz, por impedimento
decorrente do ordenamento jurídico, no todo ou em parte, os efeitos que tenderia a produzir,
segundo o teor das declarações respetivas.
*Ineficácia em sentido estrito → não ocorre por qualquer problema que afete os elementos
essenciais do negócio, mas sim circunstâncias exteriores ao negócio. Circunstância de
depender de alguma circunstância extrínseca que, conjuntamente com o negócio, integra a
situação complexa produtiva dos efeitos jurídicos.
É ineficácia absoluta quando não produz efeitos para nenhuma das partes. Relativa quando
só não produz efeitos relativamente a determinadas pessoas, inoponibilidade. Na ineficácia
relativa temos a figura da ratificação, as pessoas em relação às quais um negócio não produzia
efeitos chama a si os efeitos do negócio.
*Invalidade → é a ineficácia que provém de uma falta ou irregularidade dos elementos
internos no negócio. A ausência da produção dos efeitos negociais resulta de vícios ou de
deficiências do negócio, contemporâneas da sua formação.
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*As outras formas de cessação do negócio jurídico são acontecimentos que são posteriores,
superveniente relativamente à celebração do contrato. O contrato é celebrado, produz os
seus efeitos e depois temos uma situação que leva à resolução, à revogação, caducidade ou
denúncia.
*Inexistência → figura autónoma, com consequências mais graves do que a nulidade e a
anulabilidade. Temos inexistência quando nem sequer aparentemente se verifica o corpus de
certo negócio jurídico, ou, existindo embora essa aparência material, a realidade não
corresponde a tal noção. Caso, por exemplo, da coação absoluta e da falta de consciência da
declaração.
É uma figura invocada pela doutrina francesa no campo do direito matrimonial.
O nosso CC consagra a inexistência dentro das invalidades do casamento nos artigos 1628º
e 1629º.
MODALIDADES DE INVALIDADES
Nulidade
*O negócio nulo não produz, ab initio, por força de falta ou vício de um elemento interno ou
formativo, os efeitos a que tendia.
*O regime e os efeitos mais severos da nulidade encontram o seu fundamento teleológico
em motivos de interesse público predominante.
As nulidades podem ser declaradas oficiosamente independentemente de a nulidade ter sido
invocadas pelas partes, não é preciso ação judicial para que a nulidade produza efeitos, pode
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ser invocada por qualquer pessoa que tenha interesse relativamente à não produção dos
efeitos jurídicas do negócio, o interessado para este efeito é o sujeito de qualquer relação
jurídica que possa ser afetada pela eficácia daquele negócio, não é sanável pelo decurso do
tempo, são perpetuas, o negócio nulo é nulo e nunca deixa de ser nulo, a nulidade pode ser
invocada a todo o tempo por via de ação e por via de exceção. Não é sanável por
confirmação.
*Operam ipso iure. Não se torna necessário intentar uma ação ou emitir uma declaração nesse
sentido, nem sequer uma sentença judicial prévia, e podem ser declaradas ex officio pelo
tribunal → 286º.
*A nulidade pode ser invocada por qualquer pessoa interessada, isto é, pelo sujeito de
qualquer relação jurídica afetada, na sua consistência jurídica ou prática, pelos efeitos a que
o negócio se dirigia → 286º.
*São insanáveis pelo decurso do tempo, sendo invocáveis a todo o tempo → 286º.
*São insanáveis mediante confirmação → 288º a contrario. Pode, todavia, ter lugar aqui a
renovação. A renovação nos contratos nulos, é um novo contrato, opera ex nunc, mesmo que
o fundamento da nulidade tenha desaparecido, embora, por estipulação ad hoc, possa ter
eficácia retroativa nas relações inter partes.
Se as partes renovam o negócio nulo, não se verificando já o motivo de nulidade a
retroatividade é meramente obrigacional, isto é, vincula só as partes sem ser oponível a
terceiros. A renovação pode ter lugar por declaração tácita nos termos gerais, mas exige o
conhecimento da nulidade, ou dúvidas quando à validade do negócio.
Anulabilidade
*Não obstante a falta de vício de um elemento interno ou formativo, produz os seus efeitos
e é tratado como válido, enquanto não for julgada procedente uma ação de anulação,
exercido mediante esta ação, o direito potestativo de anular pertencente a uma das partes, os
efeitos do negócio são retroativamente destruídos.
*Fundam-se na infração de requisitos dirigidos à tutela de interesses predominante
particulares.
*Têm de ser invocadas pela pessoa dotada de legitimidade. Exigem uma ação especialmente
destinada a esse efeito ou que as pessoas com legitimidade se defenderem, arguindo a
anulabilidade de qualquer negócio jurídico contra elas seja invocado → 287º.
*Só podem ser invocadas por determinadas pessoas e não por quaisquer interessados. São as
pessoas em favor das quais a anulabilidade é estabelecida, do regime geral do artigo 287º
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resulta que só têm legitimidade as pessoas em cujo o interesse a lei a estabelece, em alguns
casos o legislador diz expressamente quem são as pessoas em cujo a lei estabelece a
anulabilidade (125º, 254º e 1687º), nos restantes casos é necessário analisar em cada caso
concreto quem é o interessado.
*São sanáveis pelo decurso do tempo. É estabelecido o prazo de um ano, que começa a
contar a partir do momento em que o interessado toma conhecimento da anulabilidade. No
entanto, a anulabilidade não está sujeita a prazos se o negócio não está cumprido → 287º/2.
*São sanáveis mediante confirmação, que é um negócio unilateral em que a pessoa com a
legitimidade para arguir a anulabilidade declara aprovar o negócio viciado. A confirmação
têm efeitos retroativos, mesmo em relação a terceiros. Assim, se A vende a B um objeto, por
negócio anulável, e, antes da confirmação, vende o mesmo objeto a C, a confirmação da
primeira venda torna a segunda viciada por ilegitimidade do vendedor.
Revogação
*Falamos numa destruição voluntária dos efeitos do negócio jurídico pelos próprios autores
do negócio. Falamos em revogação quando temos um acordo das partes no sentido de fazer
cessar os efeitos do contrato. Será uma acordo em sentido contrário aquele que deu origem
ao contrato.
*Extingue os efeitos do negócio para o futuro, não opera, portanto, retroativamente.
*Aparece no artigo 406º.
69
*A revogação pode aparecer apenas face a uma das partes, por iniciativa de apenas uma das
partes.
*Algumas vezes a faculdade de revogação é conferida ad libitum, sem sujeição a quaisquer
pressupostos: 265º/2, 448º, 1170º/2.
Em outros casos, a revogação só pode ter lugar ocorrendo certos motivos designados na lei:
970º, 974º, 1411º, 2029º.
Resolução → 432º
*É a destruição dos efeitos do negócio operada após a sua celebração por uma das partes e
repõem a situação que existir como se o negócio nunca tivesse sido celebrado → 434º.
*Pode resultar da lei ou por convenção das partes.
270º
437º
801º
966º
1150º
1140º
2248º
*A resolução tem lugar em situações de variada natureza, resultando, não de um vício da
formação do contrato, mas de um facto posterior à sua celebração, normalmente um facto
que vem iludir a legítima expectativa de uma parte contratante, seja um facto da contraparte,
seja um facto natural ou social.
*433º → regula os seus efeitos e determina-se a equiparação dos mesmos à nulidade a
anulabilidade do negócio.
*434º → a resolução tem efeito retroativo, mas tal efeito não se verifica se contrariar a
vontade das partes ou a finalidade da resolução, bem como, nos contratos de execução
continuada ou periódica.
*435º → a resolução nunca prejudica os direitos adquiridos por terceiros, salvo se o terceiro
adquiriu o seu direito posteriormente ao registo da ação de resolução.
A celebra um contrato de compra e venda com B e B com C, há uma ação de resolução do
contrato A e B, a resolução não afeta direitos de terceiros, no entanto, se a ação de resolução
for registada antes do registo de C, a resolução já é oponível a C.
*436º → a resolução pode fazer-se mediante declaração à outra parte.
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*As características da resolução não se verificam, quanto a uma das suas manifestações: o
efeito da verificação das condição resolutivas (270º). A resolução dos efeitos do negócio,
neste caso, atua automaticamente e, por outro lado, a retroatividade verifica-se mesmo em
relação a terceiros.
Caducidade
*As relações jurídicas duradouras de tipo obrigacional criadas pelo contrato ou pelo negócio
se extinguem para futuro por força do decurso do prazo estipulado, da consecução do fim
visado ou de qualquer outro facto ou evento superveniente a que a lei atribui o efeito
extintivo, ex nunc, da relação contratual.
*1051º, 1141º, 1174º.
*A sua causa é algo de objetivo, atua automaticamente ou de pleno direito, não tem caráter
retroativo.
*Pode verificar-se em duas espécies diferentes de negócio jurídicos: atos de eficácia
duradoura já em execução e atos de eficácia suspensa.
Denúncia
*Faculdade existente na titularidade de um contraente de, mediante mera declaração, fazer
cessar uma relação contratual ou obrigacional em sentido amplo, a que está vinculado,
emergente de um contrato bilateral ou plurilateral.
*Nela se manifesta uma pura e simples vontade, não carecida de justificação do autor da
denúncia.
*Visa colocar fim a contratos que se prolongam no tempo.
*Para conjugar os perigos decorrentes para a outra parte de uma denúncia intempestiva, isto
é, com eficácia imediata ou de tal modo próxima que lhe cause dificuldades ou danos
inaceitáveis, deve considerar-se necessário um pré-aviso.
REDUÇÃO E CONVERSÃO
*Os negócio inválidos podem ser aproveitados em alguns casos: redução e conversão dos
negócio nulos ou anulável.is A redução funciona como regra no sentido da manutenção do
negócio quando o negócio é parcialmente inválido, o negócio ficará reduzido à sua parte
válida, expurgar-se a parte inválida e permanece a parte válida → 292º.
A redução opera sem mais, é automática quando temos um negócio parcialmente inválido
temos uma hipótese de redução. Só não será assim se se mostra que o negócio não teria sido
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concluído sem a parte inválida. A parte que não quer a redução é que tem que provar que o
negocio nunca teria sido celebrado sem aquela parte.
*A conversão reporta-se a negócio totalmente inválidos, a lei prevê a possibilidade de serem
convertidos noutro negócio desde que contenham os requisitos essências de forma ou
substância de outro negócio, a parte que quer a conversão do negócio é que têm que provar
que a vontade das partes ia nesse sentido, numa situação e invalidade total se não se conseguir
provar anda quanto à vontade hipotéticas das partes o negócio não é convertido. Exige que
se faça prova de uma das partes no sentido dessa conversão, não opera automaticamente. Se
tivermos um negócio nulo ou anulável e se nada se conseguir privar em termos de conversão
o negócio não é convertido.
Em alguns casos, a conversão faz-se por força de lei, dá-se uma conversão automática do
negócio sem atender às vontades das partes → as doações com efeitos mortis causa convertem-
se automaticamente em disposições testamentárias, na medida em que se possa aproveitar
em termos formais.
PRESCRIÇÃO
*A prescrição é o facto pelo qual um direito subjetivo, em regra, um direito subjetivo em
sentido estrito se extingue em virtude da inércia do seu titular quanto ao seu exercício durante
um certo tempo. Teremos que ter a existência do direito, o seu não exercício e o decurso do
tempo. Verificados estes requisitos verifica-se a prescrição do direito. → 298º e seguintes.
*O beneficiário da prescrição pode opor-se ao exercício do direito pelo seu titular, 304º. A
obrigação civil transforma-se numa obrigação natural, nos termos do regime da prescrição,
artigo 304º. A única garantia que resta ao credor e a garantia de não repetição do
indevidamente devido. Se ainda assim o devedor opta por cumprir não pode exigir de volta
aquilo que cumpriu.
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*A prescrição têm que ser invocada pelo beneficiário. O tribunal não pode oficiosamente
declarar a prescrição ela terá que ser invocada por aquele a quem beneficia.
*O prazo ordinário de prescrição é 20 anos, no entanto, uma vez afirmados estes 20 anos
existem regras especiais: prazos de 5 anos no artigo 310º para rendas e alugueres, prazos de
6 meses no artigo 316º, prazos de 2 anos, etc.
*Uma vez iniciado o prazo ele continua a correr ainda que o direito se transmita a um novo
titular nos termos do 308º. No entanto, a lei prevê determinas circunstâncias em que a
prescrição pode ser suspensa ou interrompida, o artigo 318º a 322º temos causas de
suspensão e 323º a 327º casos de interrupção. Na suspensão durante o período em que ela
se mantiver o prazo não é contabilizado para efeitos de prescrição; já na interrupção, o prazo
já decorrido fica inutilizado, se há algo que leva à interrupção do prazo a partir daqui o prazo
começa a contar-se do 0.
*Nem todos os direitos estão sujeitos a prescrição, desde logo os direitos pessoais, os direitos
patrimoniais que prescrevem são os de crédito.
CADUCIDADE
*Na caducidade estão, em regra, direitos potestativos → 298º/2.
*Artigos 328º a 333º.
* O prazo de caducidade não pode ser suspendido ou interrompido, a caducidade só é
impedida pela prática do ato em causa. O prazo começa a contar a partir do momento em
que o direito pode ser legalmente exercido.
*A caducidade é apreciada oficiosamente pelo tribunal, podendo ser alegada em qualquer
fase do processo. Se for matéria disponível pelas partes precisa de ser invocada.
Se um credor têm um crédito sobre um dever enão o exercer durante o tempo previsto
pela lei esse direito prescreve, se se tratar de um prazo para arguir a anulabilidade e se o
direito não for exercido dentro do prazo o prazo caduca. Se a anulabilidade não for arguida
dentro de prazo caduca o direito de arguir a anulabilidade. O prazo só é interrompido com
a prática do ato.
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