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Unidade I

1.3- Pessoa Jurídica


1.3.1. Conceito:
- consiste num conjunto de pessoas ou bens, dotado de
personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei,
para a consecução de fins comuns; C.R.G.
- são entidades a que a lei confere personalidade,
capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações;
C.R.G.
- sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica
com personalidade diversa da dos seus sócios.
1.3.2. Classificação:
- a pessoa jurídica pode classificar-se quanto à nacionalidade,
à sua estrutura interna e à função (ou à órbita de sua
atuação);
a) Quanto à nacionalidade:
- divide-se em nacional e estrangeira;
- é nacional a sociedade organizada conforme a lei brasileira e que
tenha no País a sede de sua administração (CC, art. 1.126; CF, arts. 176, §
1º e 222);
- a sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode,
sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por
estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira, na
forma do art. 1.134, do CC.
b) Quanto à estrutura interna:
- a pessoa jurídica pode ser: corporação (universitas personarum) e
fundação (universitas bonorum);
- a corporação caracteriza-se pelo seu aspecto eminentemente pessoal;
- constitui um conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de
seus objetivos;
- sua origem é romana;
- visam à realização de fins internos, estabelecidos pelos sócios;
- os seus objetivos são voltados para o interesse e bem-estar de seus
membros, visando atingir, pois, fins internos e comuns;
- possui patrimônio, mas é elemento secundário;
- as corporações dividem-se em associações e sociedades;
- as sociedades podem ser simples e empresárias;
- as sociedades simples têm fim econômico e visam lucro,
que deve ser distribuído entre os sócios;
- são constituídas, em geral, por profissionais de uma
mesma área (escritórios de engenharia, de advocacia etc.)
ou por prestadores de serviços técnicos;
- as sociedades empresárias também visam lucro.
Distinguem-se das sociedades simples porque têm por
objeto o exercício de atividade própria de empresário
sujeito ao registro previsto no art. 967 do Código Civil;
- as associações não têm fins lucrativos, mas religiosos,
morais, culturais, assistenciais, desportivos ou recreativos;
- na fundação o aspecto dominante é o material;
- compõe-se de um patrimônio personalizado, destinado a um
determinado fim;
- sua origem é medieval;
- tem objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor;
- seu patrimônio é elementos essencial;
- as fundações compõem-se de dois elementos: o patrimônio e
o fim, que é instituído pelo instituidor e é não lucrativo.
c) Quanto à função ou à órbita de sua atuação:
- sob esse enfoque, as pessoas jurídicas dividem-se em:
c.1. de direito público (externo e interno);
- Pessoas jurídicas de direito público externo: são os Estados da
comunidade internacional, ou seja, todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público, tais quais: as diversas
nações, inclusive a Santa Sé, e os organismos internacionais,
como a ONU, a OEA, a FAO, a Unesco etc., na forma do art. 42,
do CC.
- Pessoas jurídicas de direito público interno: podem
classificar-se em:
I - da administração direta: União, Estados, Distrito
Federal, Territórios e Municípios;
II- da administração indireta: autarquias, fundações
públicas e demais entidades de caráter público criadas
por lei, como as agências reguladoras.
c.2. de direito privado, que se dividem em corporações
(associações, sociedades simples e empresárias),
fundações particulares, organizações religiosas,
partidos políticos e as empresas individuais de
responsabilidade limitada-EIRELI (Lei nº 12.441, de
12/07/2011), na forma do art. 44, do CC.
c.2.1. As associações:
- Conceito: são pessoas jurídicas de direito privado
constituídas de pessoas que reúnem os seus esforços
para a realização de fins não econômicos, na forma do
art. 53 do CC, que ressalta o seu aspecto
eminentemente pessoal (universitas personarum);
- não há, entre os membros da associação, direitos e
obrigações recíprocos, nem tampouco intenção de
dividir resultados, sendo os objetivos altruísticos,
científicos, artísticos, beneficentes, religiosos,
educativos, culturais, políticos, esportivos e recreativos;
- a CF garante a liberdade de associação para fins lícitos,
na forma o art. 5º, inc. XVII;
- a circunstância de uma associação eventualmente
realizar negócios para manter ou aumentar o seu
patrimônio, sem, todavia, proporcionar ganhos aos
associados não a desnatura, sendo comum a
existência de entidades recreativas que mantêm
serviços de venda de refeições aos associados, de
cooperativas que fornecem gêneros alimentícios e
conveniências a seus integrantes, bem como
agremiações esportivas que vendem uniformes,
bolas etc. aos seus componentes.
• c.2.2. As sociedades:
- serão vistas no item 1.3.5
• c.2.3. As fundações:
- serão vistas no item 1.3.6
c.2.4. As organizações religiosas:
- não podem ser consideradas associações, pois não
se enquadram na definição legal do art. 53 do CC, já
que não têm fins econômicos stricto sensu;
- da mesma forma, não há como considerá-las
sociedades, porque a definição do art. 981 as afasta
totalmente dessa possibilidade;
- poderiam enquadrar-se como fundações, pois assim
o permite o parágrafo único do art. 62 do CC; todavia,
a instituição de uma fundação tem de seguir, além das
normas do atual Código, lei específica que trata desse
tipo de organização, cujas normas inviabilizam, para
as igrejas, sua instituição.
c.2.5. Os partidos políticos:
- possuem natureza própria;
- seus fins são políticos, não se caracterizando pelo fim
econômico ou não;
- não podem ser associações ou sociedades, nem fundações,
porque não têm fim cultural, assistencial, moral ou religioso.
c.2.6. As empresas individuais de responsabilidade limitada-
EIRELI:
- a Lei nº 12.441, de 11/07/2011, consagrou, no ordenamento
jurídico brasileiro, a possibilidade, antes não autorizada, de
criação de pessoas jurídica constituída por apenas uma pessoa
natural, sem a necessidade de conjunção de vontades;
- diferentemente do empresário individual, cuja
responsabilidade pelas dívidas contraídas recai no seu próprio
patrimônio pessoal (pessoa física), no caso da EIRELI, sua
responsabilidade é limitada ao capital constituído e
integralizado;
- vide art. 980-A, do CC.
1.3.3. Limites e Desconsideração da Personalidade
Jurídica:
- Conceito: o ordenamento jurídico confere às
pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus
membros;
- essa característica, que é chamada de princípio da
autonomia patrimonial possibilita que sociedades
empresárias sejam utilizadas como instrumento para
a prática de fraudes e abusos de direito contra
credores, acarretando-lhes prejuízo;
- a reação a esses abusos ocorreu em diversos países,
dando origem à teoria da desconsideração da
personalidade jurídica, que recebeu o nome de
disregard doctrine ou disregard of legal entity no
direito anglo-americano;
- permite essa teoria que o juiz, em casos de fraude e de
má-fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas
têm existência distinta da de seus membros e os efeitos
dessa autonomia para atingir e vincular os bens particulares
dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade (lifting the
corporate veil, ou seja, erguendo-se o véu da personalidade
jurídica);

JURISPRUDÊNCIA
“Desconsideração da personalidade jurídica.
Admissibilidade. Sociedade por quotas de responsabilidade
limitada. Existência de sérios indícios de que houve
dissolução irregular da sociedade visando ou provocando
lesão patrimonial a credores. Possibilidade de que a
penhora recaia sobre bens dos sócios” (RT, 785/373).
- segundo Fábio Ulhoa Coelho, “a decisão judicial que
desconsidera a personalidade jurídica da sociedade
não desfaz o seu ato constitutivo, não o invalida, nem
importa a sua dissolução”.

- cumpre distinguir despersonalização de


desconsideração. A primeira acarreta a dissolução da
pessoa jurídica ou a cassação da autorização para seu
funcionamento. Já a desconsideração, subsiste o
princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva,
distinta da pessoa de seus sócios ou componentes,
mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão
só para o caso concreto;
- A desconsideração no direito brasileiro:
- Rubens Requião foi o primeiro jurista a tratar da
referida doutrina, no final dos anos de 1960,
sustentando a sua utilização pelas Juízes,
independentemente de específica previsão legal;
- o Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078, de
11.09.1990 -, foi o primeiro diploma a se referir a ela,
no seu art. 28 e parágrafos, quando autoriza o Juiz a
desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, “em detrimento do consumidor, houver abuso
de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social”,
bem como nos casos de “falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade
da pessoa jurídica provocados por má administração”. E,
ainda, “sempre que sua personalidade for, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores”;
- a Lei nº 9.605, de 12/02/1998, que dispõe sobre
atividades lesivas ao meio ambiente, também permite a
desconsideração da pessoa jurídica “sempre que sua
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados à qualidade do meio ambiente” (art. 4º, do
CDC);
vide art. 50, do Cód. Civil;
- As teorias “maior” e “menor” da desconsideração:
- no direito brasileiro, duas teorias da desconsideração
são reconhecidas pela doutrina e jurisprudência;
- teoria maior: onde o Juiz está autorizado a ignorar a
autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, como forma
de coibir fraudes e abusos praticados através desta;
- esta divide-se em teoria maior objetiva: para a qual a
confusão patrimonial constitui o pressuposto necessário e
suficiente da desconsideração; bastando, para tanto, a
constatação da existência de bens de sócio registrado em nome
da sociedade e vice-versa;
- teoria maior subjetiva: que não prescinde, todavia, do
elemento anímico presente nas hipóteses de desvio de
finalidade e de fraude; sendo pressuposto inafastável para a
desconsideração o abuso da personalidade jurídica.
- teoria menor: o simples prejuízo do credor já possibilita
afastar a autonomia patrimonial.

- Desconsideração inversa:
- caracteriza-se esta quando é afastado o princípio da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade
por obrigação do sócio, por exemplo, na hipótese de um dos
cônjuges, ao adquirir bens de maior valor, registrá-los em nome
de pessoa jurídica sob seu controle para livrá-los da partilha a
ser realizada nos autos da separação judicial.
1.3.4. Registro Civil e Extinção:
- vide art. 45, do CC;
- o ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei e se
denomina estatuto, em se tratando de associações, que
não têm fins lucrativos; contrato social, no caso de
sociedades, simples ou empresárias; e escritura pública
ou testamento, em se tratando de fundações;
- Formas de dissolução:
- Convencional: por deliberação de seus membros,
conforme quorum previsto no estatuto ou na lei;
- vide art. 1.033, incs. II e III, do CC;
- Legal: em razão de motivo determinante na lei;
- vide arts. 1.028, inc. II, 1.033 e 1.034, todos do CC;
- a decretação da falência, o desaparecimento do capital
nas sociedades de fins lucrativos;
- Administrativa: quando as pessoas jurídicas
dependem de autorização do Poder Público e esta é
cassada – art. 1.033, inc. V, do CC;
- vide art. 1.125 do CC;
- Judicial: quando se configura algum dos casos de
dissolução previstos em lei ou no estatuto,
especialmente quando a entidade se desvia dos fins
para os quais se constitui, mas continua a existir,
obrigando um dos sócios a ingressar em juízo;
- O processo de extinção:
- realiza-se pela dissolução e pela liquidação;
- dispõe o art. 51 do CC que, nos casos de dissolução da pessoa
jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, “ela
subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua”;
- quanto a liquidação, esta se refere ao patrimônio e concerne
ao pagamento das dívidas e à partilha entre os sócios;
- se o destino dos bens não estiver previsto no ato constitutivo,
a divisão e a partilha serão feitas de acordo com os princípios
que regem a partilha dos bens da herança, na forma do art.
1.046 do NCPC.
1.3.5. Sociedade:
- celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados, art. 981, caput, do CC;
- a atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados, na forma do p.u. do art. 981, do CC;
- as sociedades podem ser simples e empresárias;
- as sociedades simples têm fim econômico e visam
lucro, que deve ser distribuído entre os sócios;
- são constituídas, em geral, por profissionais de uma
mesma área (escritórios de engenharia, de advocacia
etc.) ou por prestadores de serviços técnicos;
- as sociedades empresárias também visam lucro.
Distinguem-se das sociedades simples porque têm
por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito ao registro previsto no art. 967 do
Código Civil;
- considera-se empresário, consoante art. 966 do CC,
“quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou
de serviços”;
- empresa e estabelecimento são conceitos diversos,
embora essencialmente vinculados, distinguindo-se
ambos de empresário ou sociedade empresária, que
são os titulares da empresa;
- as sociedades empresárias assumem as formas de:
sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita
por ações, sociedade limitada, sociedade anônima ou
por ações, consoante arts. 1.039 a 1.092, do CC;
- foram fixadas, em termos gerais, as normas
caracterizadoras das sociedades anônimas e das
cooperativas, para ressalva de sua integração no
sistema do Código Civil, embora disciplinadas em lei
especial;
- as transformações porque vêm passando as SAs, justifica a edição
de lei especial, por sua direta vinculação com a política financeira
do País;
Obs.: equipara-se à sociedade empresária a sociedade que tenha
por fim exercer atividade própria de empresário rural, que seja
constituída de acordo com um dos tipos de sociedade empresária
e que tenha requerido sua inscrição no Registro de Empresas de
sua sede, na forma do art. 984, do CC.
1.3.6. Fundações:
- Conceito: constituem um acervo de bens, que recebe
personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de
interesse público, de modo permanente e estável;
- para Beviláqua, “consistem em complexos de bens (universitates
bonorum) dedicados à consecução de certos fins e, para esse
efeito, dotados de personalidade”;
- decorrem da vontade de seu instituidor, e seus fins, de natureza
religiosa, assistência social, cultural, etc., são imutáveis. Vide art.
62, P.Ú.
- Espécies de fundação:
- particulares: reguladas no Código Civil, nos
arts. 62 a 69;
- dispõe o art. 62, do CC: “para criar uma
fundação, o seu instituidor fará por escritura
pública ou por testamento, dotação especial de
bens livres, especificando o fim a que se destina,
e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la”;
- públicas: estas são instituídas pelo Estado,
pertencendo os seus bens ao patrimônio
público, com destinação especial, regendo-se
por normas próprias de direito administrativo.
- Elementos:
- o patrimônio;
- o fim: estabelecido pelo instituidor, não pode ser
lucrativo, mas social e de interesse público;
- a limitação da finalidade, tem a vantagem de
impedir a instituição de fundações para fins menos
nobres ou mesmo fúteis;
- cumpre destacar o entendimento de que a
enumeração, aparentemente restritiva dos fins de
uma fundação previstos no art. 62 do CC é
meramente exemplificativa, admitindo-se possa ela se
prestar a outras finalidades, desde que afastado o
caráter lucrativo.
- Necessidade de que os bens sejam livres e
suficientes:
- dispõe o art. 63, do CC: “quando insuficientes para
constituir as fundações, os bens a ela destinados
serão, se outro modo não dispuser o instituidor,
incorporados em outra fundação que se proponha a
fim igual ou semelhante”.
- denota-se a intenção de se respeitar vontade do
instituidor; porém, se a fundação por ele idealizada
não puder ser concretizada por esse motivo, os bens a
ela destinados serão aproveitados em outra
instituição de mesmo fim, dando-lhe eficácia ou
incremento o seu patrimônio.
- Constituição da fundação:
- Ato de dotação ou de instituição: compreende a reserva
ou destinação de bens livres, com indicação dos fins a que
se destinam e a maneira de administrá-los;
- far-se-á por ato inter vivos – escritura pública – ou causa
mortis – testamento -, na forma do art. 62.
- o patrimônio há de ser apto a produzir rendas ou
serviços que possibilitem a consecução dos fins visados
pelo instituidor, sob pena de frustrar a iniciativa, e pode
ser constituído por diversas espécies de bens – imóveis,
móveis, créditos etc.;
- deve o instituidor, feita a dotação por escritura pública,
transferir-lhes a propriedade ou outro direito real sobre
eles, sob pena de serem registrados em nome dela por
mandado judicial – CC, art. 64;
- ocorre que, mesmo com a criação direta da entidade pelo ato
de dotação, ficará o bem no patrimônio do instituidor até o
momento em que se operar a constituição da pessoa jurídica da
fundação, mediante um procedimento complexo;

- Elaboração do estatuto, que pode ser:


a) direta ou própria: pelo próprio instituidor;
b) fiduciária: por pessoa de confiança do instituidor, e por ele
designada;
- vide art. 65, do CC
- Aprovação do estatuto: o estatuto é encaminhado ao
Ministério Público Estadual da localidade, que é a autoridade
competente a que se refere o art. 65, do CC, para aprovação;
- antes, verificará se o objeto é lícito – arts. 65, 66 e 69, do CC e
art. 155, da LRP -, se foram observadas as bases fixadas pelo
instituidor e se os bens são suficientes;
- o Ministério Público, em quinze dias, aprovará o
estatuto, indicará modificações que entender
necessárias ou lhe denegará a aprovação. Nos dois
últimos casos, pode o interessado requerer ao juiz o
suprimento da aprovação, na forma dos artigo 65 do
CC e art. 764 do NCPC;
- o juiz, antes de suprir a aprovação, poderá também
fazer modificações no estatuto, a fim de adaptá-lo aos
fins pretendidos pelo instituidor. Vide art. 764, § 2º do
NCPC.
- da decisão do juiz também cabe recurso, que é o de
apelação, à instância superior;
- da mesma forma, compete ao juiz aprovar o estatuto
quando este for elaborado pelo órgão do Ministério
Público, suprindo a omissão do instituidor ou da pessoa
por ele encarregada de cumprir o encargo.
- Registro: se faz no RCPJ – Registro Civil das Pessoas
Jurídicas – CC, art. 1.150 e LRP, art. 114, inc. I;
- é indispensável, pois só com ele começa a Fundação a
ter existência legal – CC, art. 45;
- vide arts. 46, do CC e 115, da LRP (6.015/73);
- o desvirtuamento posterior ao registro, passando a
fundação a exercer atividade ilícita ou nociva, constitui
causa de dissolução, cabendo ao Ministério Público a
iniciativa se não o fizerem os sócios ou alguns deles.
- A função do Ministério Público de velar pelas
fundações:
- a fiscalização da fundação compete ao Ministério
Público do Estado em que estiver situada - CC, art. 66,
caput;
- se a atividade se estender por mais de um Estado, a
atuação caberá, em cada um deles, ao respectivo
Parquet, § 2º;
- a função fiscalizatória do Promotor de Justiça evita a
indevida utilização da fundação para fins ilícitos e obsta o
desvirtuamento de seus objetivos;
- poderá o RMP propor medidas judiciais para remover o
improbo administrador da fundação ou lhe pedir contas
que está obrigado a prestar e até mesmo para extingui-la,
se desvirtuar as suas finalidades e tornar-se nociva – CC,
- Alteração do estatuto:
- qualquer alteração no estatuto da fundação deve ser
submetida à aprovação do MP, devendo-se observar os
requisitos exigidos no art. 67, do CC;
- os fins ou objetivos da fundação não podem, todavia,
ser modificados, nem mesmo pela vontade unânime de
seus dirigentes;
- são inalteráveis, porque somente o instituidor pode
especificá-los e sua vontade deve ser prestigiada;
- se a alteração estatutária não houver sido aprovada por
unanimidade, “os administradores da fundação, ao
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público,
requererão que se dê ciência à minoria vencida para
impugná-la, se quiser, em dez dias” - CC, art. 68;
- permite-se, assim, que o Judiciário exerça o controle
da legalidade do ato, visto que ao MP compete
apenas o dever de fiscalizar, e não o direito de decidir.
- Inalienabilidade dos bens:
- os bens da fundação são inalienáveis, pois sua
existência é assegurar a concretização dos fins visados
pelo instituidor, salvo determinação contrária por
parte deste;
- não é absoluta, já que comprovada necessidade de
alienação, pode ser esta, em casos especiais,
autorizada pelo Juiz competente, com anuência do
Ministério Público, aplicando-se o produto da venda
na própria fundação, ou em outros bens destinados à
consecução de seus fins;
- a alienação é nula, se feita sem autorização judicial;
- nesse sentido, o STJ no REsp 303.707 assim decidiu:
“Para a validade da alienação do patrimônio da
fundação, é imprescindível a autorização judicial com
a participação do órgão ministerial, formalidade que
se suprimida acarreta nulidade do ato negocial, pois a
tutela do Poder Público – sob a forma de participação
do Estado-juiz, mediante autorização judicial -, é de
ser exigida”.
- Extinção das fundações e destino do patrimônio:
- há dois casos - vide art. 69, do CC;
- Responsabilidade dos administradores:
- se os atos de administração forem praticados em
desacordo com os estatutos e as normas legais
reguladoras, sujeitam os administradores à
responsabilidade administrativa, civil ou penal;
- segundo Gustavo Saad Diniz, “pelas características
de uma fundação privada, sobretudo por lidar com
um patrimônio vinculado a uma finalidade social, é
possível dizer que a administração da entidade está
adstrita aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, economicidade e da
eficiência, na forma do art. 4º, inc. I, da Lei nº
9.790/99”;
- cada um dos administradores é responsável pelos
prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos
deveres impostos a eles por lei ou pelo estatuto;
- um administrador não é responsável por atos ilícitos de
outros administradores, salvo se com eles for conivente,
se negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo
conhecimento, deixar de agir para impedir a sua prática;
- exime-se de responsabilidade o administrador
dissidente que faça consignar sua divergência em ata de
reunião do órgão de administração – Lei nº 6.404/76, art.
158, § 1º, Lei das SAs;
- a ação de responsabilidade poderá ser proposta pela
própria fundação, por intermédio de sua administração,
ou pelo Ministério Público.

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