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Disciplina: RCPJ

Professor: Ralpho Monteiro


Aula: 03 | Data: 11/02/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

ATRIBUIÇÕES DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS

1. Direito de Associação e personificação


2. Panorama das pessoas jurídicas no Brasil
3. Atribuições do RCPJ
4. A crise das pessoas jurídicas
5. Atribuições de acordo com a LRP – Lei de nº 6.015/73
6. Atribuições do RCPJ de acordo com a NSCGJ-TJSP (1, cap. XVIII, tomo III)

ATRIBUIÇÕES DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS

1. Direito de Associação e personificação

A doutrina portuguesa vem apregoando que as pessoas jurídicas em geral encontram proteção na CF/88. No
artigo 5º XVII a palavra associação é usada em um sentido amplo, apregoando as associações e as pessoas
jurídicas no geral.
Exemplo: fala da livre associação ou desassociação atinge também as pessoas jurídicas.

Podemos afirmar então que, existe um núcleo constitucional de proteção às pessoas jurídicas, que protege
as pessoas jurídicas, desde sua criação que se dá pelo registro.

Núcleo da livre associação artigo 5º XVII.


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
[...]

As normas registrarias ajudam a concretizar o direito em questão e a disciplina do RCPJ é o conjunto de


normas que instrumentaliza e viabiliza a criação de certas pessoas jurídicas.

2. Panorama das pessoas jurídicas no Brasil

As pessoas jurídicas no sistema brasileiros são divididas em Direito público externo, Direito público interno e
Direito privado.

Cartório
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Disciplina: RCPJ
Professor: Ralpho Monteiro
Aula: 03 | Data: 11/02/2019

São pessoas de direito público interno (artigo 41 do CC/02): a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Territórios, os Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas, demais entidades de caráter
público criadas por lei.

São pessoas de direito público externo (artigo 42 do CC/02): Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.

São pessoas de direito privado (artigo 44 do CC/02): as associações, as sociedades, as fundações, as


organizações religiosas, os partidos políticos, as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo,


e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de
direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado,
regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas
deste Código.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados


estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público.

Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente


responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder
público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos
e necessários ao seu funcionamento.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se
subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte
Especial deste Código.

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§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o
disposto em lei específica.

3. Atribuições do RCPJ

Regra matriz artigo 119 da Lei de Registros Públicos.

Art. 119. A existência legal das pessoas jurídicas só começa com o


registro de seus atos constitutivos.
Parágrafo único. Quando o funcionamento da sociedade depender de
aprovação da autoridade, sem esta não poderá ser feito o registro.

Repetido no artigo 45 do CC/02:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito


privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar
o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição
das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

E no artigo 985 do CC/02:

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição,


no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos
(artigos. 45 e 1.150).

O RCPJ é o órgão registral ao qual é incumbido, como tarefa preponderante, o registro de parcela dessas
pessoas jurídicas: aquelas de direito privado e, dentre estas, as não empresariais, e ainda as cooperativas.

Esse princípio é a regra matriz em termos de constituição de pessoa jurídica.

Falamos em parcela dessas pessoas jurídicas, pois são aquelas que são de direito privado, não empresariais
e as cooperativas, que possui um tratamento diferenciado.

4. A crise das pessoas jurídicas

Poucos autores discutem essa matéria, por se tratar de uma grande problemática. O sistema brasileiro vem
tornando mais complexas as relações de pessoas jurídicas e vem criando novos modelos de pessoa jurídicas
de modo exagerado.

Para as pessoas jurídicas se aplica o mesmo princípio que se aplica aos direitos reais, o princípio da
taxatividade, onde não é necessário que as pessoas jurídicas estejam nos artigos 43 e 44, mas sé necessário
que seja criado por lei.

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Desta forma o legislador de forma desenfreada, vem criando várias leis para constituir pessoa jurídicas.

O sintoma da crise é a criação de pessoas jurídicas exageradamente, e não atendendo o interesse da


coletividade. O legislador cria uma lei no impulso e logo em seguida quer extinguir o que se criou.

É a exagerada proliferação de tipos de pessoas jurídicas que não necessariamente atendem aos anseios da
população. São sintomas dessa crise a criação das organizações religiosas, a pretensão de extinção das
EIRELI’s, possível criação de sociedade unipessoal, etc.

5. Atribuições de acordo com a LRP – Lei de nº 6.015/73 (artigo 114)

Art. 114. No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão


inscritos:
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos das
sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, bem
como o das fundações e das associações de utilidade pública;
II - as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis
comerciais, salvo as anônimas.
III - os atos constitutivos e os estatutos dos partidos
políticos.
Parágrafo único. No mesmo cartório será feito o registro dos jornais,
periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e agências
de notícias a que se refere o art. 8º da Lei nº 5.250, de 9-2-1967

A LRP é de 1973, teve vacatio legis de 3 anos, talvez sua redação esteja um pouco atrasada. As normas de
cada estado repetem e atualizam a redação desse artigo.

6. Atribuições do RCPJ de acordo com a NSCGJ-TJSP (1, cap. XVIII, tomo III)

É atribuição dos Oficiais do Registro Civil das Pessoas Jurídicas:


(Alterado pelo Provimento CG Nº 23/2013.)

a) Sindicatos adotam perfil de sindicatos, mas devem ser tratados de modo mais especial:

a) registrar os atos constitutivos, contratos sociais e estatutos das


sociedades simples; das associações; das organizações religiosas; das
fundações de direito privado; das empresas individuais de
responsabilidade limitada, de natureza simples; e, dos sindicatos.
(Alterado pelo Provimento CG Nº 06/2014.)

b) Sociedade simples:

b) registrar as sociedades simples revestidas das formas empresárias,


conforme estabelecido no Código Civil, com exceção das sociedades
anônimas e das sociedades em comandita por ações. (Alterado pelo
Provimento CG Nº 23/2013.)

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c) A intensão de matricular jornais, revistas, rádios, tv era sempre destacar quem são os responsáveis, quem
propaga as notícias. A ideia era identificar os responsáveis em eventuais abusos. Qualquer forma de
divulgação com intervenção do ser humano deve ter matriculação, pois se houver dano sabe-se quem é o
responsável.

A NSCGJ-TJSP tem como visão de que onde tem o ser humano pode haver dano. Como, por exemplo:
entende-se que as Web rádios, que só ficam tocando músicas, não tem propaganda, não tem intervenção
humana, portanto não precisa de matriculação.

c) matricular jornais, revistas e demais publicações periódicas, oficinas


impressoras, empresas de radiodifusão que mantenham serviços de
notícias, reportagens, comentários, debates e entrevistas, e as
empresas que tenham por objeto o agenciamento de notícias.
(Alterado pelo Provimento CG Nº 23/2013.)

d) Qualquer alteração que passar a pessoa jurídica, que possa alterar a estrutura, forma da pessoa jurídica
deve ser averbado, princípio da continuidade, artigo 45 do CC.

d) averbar, nas respectivas inscrições e matrículas, todas as alterações


supervenientes. (Alterado pelo Provimento CG Nº 23/2013.)

e) A Regra geral de qualquer serventia é fornecer certidão de qualquer ato que esteja no cartório, não pode
ser negado informação, as informações são públicas. É uma atribuição que viabiliza o acesso da população
à informação. Decorre da publicidade, sem certidão não se materializa a informação.

e) fornecer certidões dos atos arquivados e dos que praticarem em


razão do ofício. (Alterado pelo Provimento CG Nº 23/2013.)

f) Devem ser registrados os livros da pessoa jurídica. O RCPJ tem uma finalidade autenticadora.

f) registrar e autenticar livros das pessoas jurídicas registradas,


exigindo a apresentação do livro anterior, observando-se sua rigorosa
sequência numérica, com a comprovação de, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento) da utilização de suas páginas, bem como uma
cópia reprográfica do termo de encerramento para arquivo no Serviço.
(Alterado pelo Provimento CG Nº 23/2013.)

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