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Bibliografia:
André Franco Montoro – Introdução à Ciência do Direito, 2008
Flávio Tartuce – Manual de Direito Civil, 2020
Cristiano Chaves de Farias, Luciano Figueiredo, Marcos Wherhardt Júnior e Wagner Inácio Dias
– Código Civil para concursos, 2018
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho – Manual de Direito Civil, 2018
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jurídicas. Porém, sua modificação ou extinção dependem, no tocante à forma, à relação que
está submetida a tutela jurídica.
O casamento, como exemplo de relação jurídica, nascerá a partir de uma expressão
de vontade (anuência), livre (sem vícios), acerca de um objeto (estabelecimento da relação
matrimonial), formando-se a relação a partir do ato jurídico. A modificação/extinção, se dará
também por disposição das partes, porém a lei assegura a expressão unilateral (direito
potestativo), e a forma com que deve se encerrar (divórcio).
Assim, na origem de toda relação jurídica, teremos um fato agregado de um
elemento valorativo, ao qual chamamos de FATO JURÍDICO, que decorrerá de fatos naturais
relevantes ao direito, ou, então, de atos jurídicos (atos humanos). A classificação será:
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Atenção! Acerca dos atos ILÍCITOS, há duas correntes. A primeira, inclui eles como
atos jurídicos na criação das relações jurídicas, sustentando que sua configuração implica a
existência dos elementos a serem tutelados pelo direito. Porém, a segunda corrente sustenta
que, sendo ilícitos, os atos são antijurídicos, de modo que não podem ser entendidos como fatos
jurídicos, mas, sim, que suas consequências é que são tuteladas pelo direito (ex.: dever de
indenizar).
A situação jurídica, ao seu turno, é uma situação de estado das pessoas, que poderá
decorrer da previsão expressa em normas jurídicas, quando será chamada de objetiva (ex.:
menor de 18 anos = incapacidade); ou, então, decorrente das relações negociais, quando será
chamada de subjetiva (ex.: obrigações contratuais).
Assim, serão diversas as espécies de situações jurídicas, cada uma com suas
próprias características, cabendo especial destaque às seguintes: direito objetivo; direito
subjetivo; direito potestativo; poder jurídico; dever livre ou ônus.
Direito objetivo é apurado “fora da pessoa humana”, ou seja, ainda que atinja a
pessoa, sua existência será premida pela norma originária. Com isso, é uma situação jurídica
oriunda do Estado e dirigido à pessoa, por constituir conjunto de normas jurídicas (regras e
princípios) que disciplinam a conduta humana, mediante sanções para desrespeito aos preceitos
impostos: jus est norma agendi. O direito objetivo, então, nada mais é que o sistema de normas
que regula a conduta humana em seus deveres e direitos, de forma genérica.
Por outro lado, o direito subjetivo é a permissão/liberalidade que as pessoas têm
para agir dentro das disposições do direito objetivo. Com isso, é uma situação jurídica oriunda
das relações interpessoais prezadas pelo ordenamento, e, com isso, parte do ânimo do agente:
facultas agendi.
Direito objetivo e subjetivo existem em um sistema de dependência, pois, na falta
de um deles o outro perde sentido.
Assim, tem-se que o direito subjetivo é o exercício conferido ao sujeito de relação
jurídica em decorrência da incidência da norma jurídica ao fato jurídico, oriunda da
regulamentação permissiva do direito objetivo.
Existem, entretanto, direitos que não dependem de atos negociais, porquanto
sobre eles não recaem discussões jurídicas sobre o exercício, de modo que submetem àquele
em face de quem se executam ao seu exercício, sem a possibilidade de contestá-lo. São ditos
como direitos meramente informativos. Essa modalidade de direito é conhecida como
potestativo.
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Nesse viés, o direito potestativo é o direito-poder de modificar a situação jurídica
alheia independentemente de qualquer conduta ou vontade de outrem, por se tratar de
disposição autorizativa em proveito do titular do direito que sujeito a parte passiva. Portanto, o
direito potestativo se realiza pelo simples exercício de uma dada conduta humana, não sendo
obstruído por quem quer que seja.
Cuidado! O direito potestativo deve vir de forma expressa, seja pela previsão
normativa (ex.: divórcio) ou contratual (ex.: retrovenda).
Atenção! E sempre que um direito potestativo tiver prazo para ser exercido,
estaremos falando em decadência. Enquanto os direitos subjetivos estarão sujeitos a
prescrição.
Noutro norte, quando falamos na existência de um sujeito ativo na relação jurídica,
com a existência de um direito subjetivo, devemos lembrar que a esse direito corresponde um
dever jurídico do sujeito passivo, ou seja, uma conduta esperada do sujeito passivo. É, pois, a
contraprestação da relação jurídica adjacente.
O dever jurídico se desdobra em dois: dever jurídico em sentido estrito e obrigação
ou débito.
O dever jurídico em sentido estrito é imposto por lei ou decorre de um dever geral
de conduta, razão porque é estabelecido independentemente da vontade das partes. Por
exemplo, dever legal de não causar dano ilícito a outrem; dever legal de não interferir no direito
à propriedade alheia; pautar-se pela boa-fé.
Quando falamos dos deveres acessórios ou anexos (violações positivas do
contrato), nas relações negociais, buscamos sua gênese no dever jurídico (expectativa de
conduta): informação, fidelidade, respeito, cooperação e confiança.
E também com base neles é que se fundamentam os desdobramentos da boa-fé:
supressio, surrectio, tu quoque, venire contra factum próprio, menor gravosidade.
Já o débito ou obrigação é estabelecido por meio de um vínculo negocial entre as
partes, sendo sua principal característica a voluntariedade. Portanto, não é um dever geral de
conduta, mas uma prestação. Se não observado, resultado é a inadimplência.
Nos casos em que o dever jurídico nasce da previsão normativa (sentido estrito), a
mesma norma que outorga o dever, também outorgará o que é conhecido como poder jurídico,
ou seja, a capacidade de atuar frente a situação, para execução da norma legal. Esse poder não
está sujeito a limitação temporal (decadência ou prescrição), de modo que, enquanto existir o
dever gerador, o poder permanecerá em exercício. Ex.: poder familiar.
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Ônus, por fim, é a conduta obrigacional gerada a partir da existência de um dever
jurídico (débito ou obrigação), ou seja, é o ato que incumbe ao sujeito para execução de sua
obrigação.
Situação clara se vê no ônus da prova. A exemplo do pedido de execução de
contrato não cumprimento; para o sujeito ativo, o dever (obrigação) é demonstrar o fato
constitutivo do direito (existência do contrato e não cumprimento), sendo o ônus a
apresentação do termo contratual; para o sujeito passivo, o dever (obrigação) é demonstrar o
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito (p.ex., cumprimento do contrato), sendo o
ônus apresentar a quitação.
Com isso, podemos concluir que a obrigação constitui um dever jurídico específico
e individualizado. A sujeição, por sua vez, é a submissão ao direito posto. Enquanto o ônus é a
situação demandada para cumprimento da obrigação.
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