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Noção de gestão de negócios: é o nome que se dá à intervenção, não autorizada, das pessoas
na direção de negócio alheio, feito no interesse e por conta do respetivo dono.
Por um lado, a intervenção do gestor é Por outro lado, a gestão nasce de um facto
assente quase sempre numa atitude de em princípio ilícito, constitui uma
altruísmo moralmente louvável, que pode intromissão não autorizada na esfera
ter uma utilidade apreciável na jurídica alheia, que além de constituir, um
conservação/exploração de bens que, de abuso, pode causar prejuízos sérios ao dono
outro modo correriam o risco de perder- do negócio e que, por essas razões nem
se/deteriorar-se. sempre será do agrado deste último.
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o a ideia de saldar despesas que não autorizou
o de indemnizar danos que não causou
o de ratificar atos que não praticou.
Enquanto o gestor, baseado na intenção com que agiu, reclamará por certo:
o a ratificação dos atos que praticou
o a aprovação da sua intervenção
o a indemnização dos prejuízos que porventura haja sofrido.
Requisitos: Para que haja gestão de negócios são necessários os respetivos requisitos,
① que alguém (gestor) assuma a direção de negócio alheio
② que o gestor atue no interesse e por conta do dono do negócio
③ que não haja autorização deste, art.464º
① Direção do negócio alheio: a atuação do gestor tanto pode concretizar-se na realização de,
Os atos jurídicos serão atos de mera administração, mas nada obsta a que a gestão se estenda
a atos de verdadeira disposição.
Negócio alheio é praticamente sinónimo de assunto/interesse alheio. Este interesse pode ser:
Mas, é indispensável que se trate de atos suscetíveis de serem realizados por outrem.
A referência a negócio alheio mostra que a gestão ao invés do que acontece com a curadoria
dos bens do ausente/administração legal confiada aos pais/tutor/curador, não se estende a
todo o património do beneficiário, aproveitando geralmente apenas algum/alguns dos
interesses isolados. Mas, tratar-se-á sempre de negócio/interesse alheio, pertencente a
outrem (dono do negócio).
Se estiverem em causa interesses próprios, que o agente considere (de forma errada)
pertencentes a outrem, não chega a pôr-se nenhum dos problemas específicos da
gestão:
responsabilidade do gestor perante o dono do negócio e responsabilidade do dono
do negócio perante o gestor
responsabilidade do dono do negócio em face dos terceiros com quem o gestor
negociou
② Atuação no interesse e por conta do dominus negotti (dono do negócio). Alusão à gestão
imprópria: é necessário que o gestor atue no interesse e ainda por conta do dono do negócio,
que a sua intervenção decorra intencionalmente em proveito alheio e não em proveito
próprio.
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Se agir no seu exclusivo interesse, falta um requisito essencial ao espírito do instituto
que é o de estimular a intervenção útil nos negócios alheios carecidos de direção
1º hipótese: aquele que age no seu exclusivo interesse, pode fazê-lo por supor de forma
que o negócio lhe pertence – nesse caso, não havendo aprovação da gestão por parte do
dono do negócio, art.472º/1, são as regras do enriquecimento sem causa que se moldam
à situação mais do que os princípios específicos da gestão.
Não basta que a atividade do agente se destine a satisfazer um interesse alheio, preenchendo
uma necessidade de outra pessoa, é preciso que aja por conta de outrem (representativa), ou
seja, na intenção de transferir (imediato/posteriormente) para a esfera jurídica de outrem os
proveitos e encargos da sua intervenção, imputando-lhe os meios de que se serviu ou os
resultados obtidos.
Exemplo: gestão animo donandi (doação) mas, isto significa apenas que além da
atividade do gestor não ser remunerada, este renuncia ao reembolso das despesas que
tenha feito e à indemnização dos danos que haja sofrido, continuando a atribuir ao
dono todos os proveitos da intervenção.
A isto chama-se agir por conta de outrem. A prova direta da atuação no interesse e
por conta de outrem será difícil de fazer-se. Porém, provando-se que o agente sabia
ser alheio o negócio, cabe presumir até prova em contrário que agiu no interesse e por
conta do dono.
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③ Falta de autorização: a gestão pressupõe a falta de autorização, ou seja, a inexistência de
qualquer relação jurídica entre o dono do negócio e o agente. Supõe-se, então, a falta de
mandato, bem como:
o Falta de poderes voluntários
o Falta de poderes legais de representação e administração
Logo, havendo uma causa (ou seja, uma relação jurídica, como o contrato de
mandato, de prestação de serviços, curadoria, tutela, entre outros) pelo qual o
agente esteja obrigado/autorizado a intervir no negócio alheio, os direitos e
obrigações entre as partes são derivados dessa relação e não do instituto da
gestão.
Se o agente supuser que tem o dever de intervir, já não há razão para serem
aplicadas as regras da gestão.
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Em 2º lugar, temos o dever de fidelidade ao interesse e à vontade
(real/presumível) do dono do negócio. O gestor responde ainda, nos termos do
art.466º/1, pelos danos que causar, por culpa sua, no exercício da gestão.
Padrão de atividade do gestor: O gestor deve orientar-se na sua atuação por aquilo que faria o
dono do negócio.
Mas, quanto à capacidade e diligência com que o gestor deve agir na realização
desse fim, que critério há de utilizar?
Mas, pelo caráter espontâneo e altruísta da ação do gestor, pela gratuidade normal da
atividade e pelos riscos a que se expõe, afigura-se injusto exigir dele que ponha na
direção de interesses alheios mais zelo do que na gestão do seu próprio negócio.
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numa atuação de caráter espontâneo, como a gestão. Logo, na falta de indicação em
contrário, deve aceitar-se a tesa da culpa in concreto.
Conflito entre o interesse e a vontade do dominus: Como é que deve o gestor agir no caso de
o interesse do dono do negócio não coincidir com a solução a que conduziria a vontade deste.
Exemplo: O gestor pensa que a cultura mais rendosa a introduzir no campo do vizinho
seria o da vinha, mas sabe que o dono não a plantaria.
O problema suscitado pela possível diferença entre os dois fatores utilizados na lei é bastante
atenuado quanto a certos casos – pelo facto de apenas se considerar atendível para o efeito a
vontade que não seja contrária à lei/ordem pública/ofensiva dos bons costumes, art.465º/c.
Fora estes casos extremos, o interesse do dono do negócio coincidirá em regra com a sua
vontade.
Pode acrescentar-se que o gestor se deve abster de todos os atos que saiba/presuma serem
contrários à vontade real/presumível do dono, por mais favorável que os julgue às
conveniências do interessado. E deve também renunciar aos atos que o dono não deixaria de
praticar, se tiver razões para os considerar lesivos do interesse em causa.
Entrega dos valores detidos e prestação de contas: Outro dever fundamental do gestor,
comum ao mandatário, art.1161º/e, é o de entregar as coisas que haja recebido de 3º no
exercício da gestão.
Aqui, inclui-se, o produto de todas as prestações devidas ao dono do negócio, assim como
todos os lucros que o gestor tenha arrecadado, que através dos atos celebrados em nome
daquele, quer mediante os atos realizados em nome próprio.
Quanto às quantias em dinheiro, prevendo que haja somas pagas e recebidas, manda-se
entregar o saldo das respetivas contas, art.465º/e, mas com os juros legais, a partir do
momento em que a entrega haja de ser efetuada, para assim se estimular o cumprimento
pontual do dever de entrega.
Com o dever de entrega dos valores obtidos, nos termos que a lei o define, anda
associado um outro dever comum a gestor e mandatário:
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Dever de prestação de contas, art.465º/e e art.1161º/d: devem ser prestadas
logo que a gestão finda/é interrompida/quando o dono as exigir, podendo a
prestação ser feita coativa ou espontaneamente.
Se o gestor tiver atuado com a convicção de que o negócio lhe pertence, o dono só poderá
exigir a restituição de tudo quanto ele haja recebido se, aprovando a gestão, chamar
direta/indiretamente a si as obrigações a que se refere o art.469º.
Contrário terá de contentar-se com o direito de exigir a restituição daquilo com que o gestor
se tenha enriquecido à sua custa, art.472º/1, sem prejuízo da responsabilidade civil do nº2 do
mesmo art.
Deveres do dono do negócio para com o gestor: É nas obrigações postas a cargo do dono do
negócio, que se reflete a utilidade da gestão. Havendo aprovação da gestão, 2 aspetos podem
ser retirados:
Pode haver aprovação sem ratificação, se o dono não quiser contestar os direitos
atribuídos por lei ao gestor, mas não se dispuser a chamar a si algum/alguns dos
negócios que este celebrou em seu nome.
Aprovação Ratificação
Refere-se à generalidade dos atos praticados Refere-se apenas aos atos jurídicos e dentro
pelo gestor. destes somente aos praticados em nome do
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dono do negócio.
Faltando a aprovação da gestão, os direitos do gestor dependem da prova que se faça acerca
da regularidade da sua atuação. Se tiver agido em conformidade com o interesse e o interesse
e vontade do dono do negócio, apesar de falar a aprovação, ele terá os mesmos direitos que
lhe competiriam no caso de a gestão ter sido aprovada.
No caso contrário, além de responder pelos danos que haja causado, o gestor só terá direito à
restituição do valor com que o dono do negócio injustamente se tenha enriquecido à sua
custa.
O negócio será eficaz se for ratificado pela pessoa em cujo nome for celebrado,
considerando-se a ratificação recusada, se não for feita dentro do prazo que a outra
parte do negócio fixar para o efeito. Não sendo ratificada, o negócio é ineficaz em
relação ao dono.
Se agiu em seu próprio nome, o negócio fica sujeito aos princípios que regem o mandato
sem representação.