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NOÇÃO JURÍDICA DE PODER – disponibilidade dum meio para atingir determinado fim
ou conjunto de fins cuja utilização o direito regula de modo unitário.
A noção de poder jurídico não deve ser confundida com poder de facto.
Só é um poder jurídico a disponibilidade de meios, dentro daquilo que é permitido ao Direito.
Na noção de poder jurídico desempenha um papel determinante ilicitude.
PODERES DE GOZO
Traduzem se na disponibilidade do uso e da fruição de certo bem.
PODERES CREDITÍCIOS
Possibilidade de exigir licitamente de outrem uma certa conduta ativa (ação) ou passiva
(omissão).
O exercício de poderes creditícios exige e pressupõe a cooperação do devedor. Os poderes
creditícios são por isso de caracter relacional, isto é, relacionam o seu titular - o credor – com a
pessoa que lhe esta vinculada – o devedor.
Os poderes de gozo são absolutos.
PODERES POTESTATIVOS
Traduzem se na possibilidade de unilateralmente produzir um efeito jurídico de provocar uma
modificação na esfera jurídica de outra pessoa, sem a sua cooperação, sem o seu
consentimento e até contra a sua vontade.
Os poderes potestativos não necessitam da cooperação das pessoas em cuja esfera jurídica
vão produzir a sua eficácia.
Os poderes potestativos correspondem, no lado passivo, por sujeições – esfera jurídica da
pessoa sujeita poder ser modificada pelo titular do poder potestativo, sem que o possa
impedir.
Os poderes potestativos costumam ser designados como direitos potestativos.
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DIREITO EM SENTIDO OBJETIVO E EM SENTIDO SUBJETIVO
Direito Objetivo – corresponde á ordem jurídica globalmente entendida como uma ordem
normativa do agir com Justiça; ordem de agir que contem os critérios e as regras do agir justo
numa dada comunidade de pessoas.
DIREITO SUBJETIVO – modo como certa pessoa pode agir justamente no seio da OJ global; o
critério de agir é centrado na pessoa concreta que age e no modo como ela pode agir em
determinada circunstancia. É neste sentido que se diz que certa pessoa tem direito de
propriedade sobre uma coisa que lhe pertence ou que tem um direito de crédito de certa
quantia sobre um seu devedor. Os direitos subjetivos estão muito ligados á autonomia privada,
são uma manifestação poderosa da liberdade da pessoa.
O direito de crédito tem no seu cerne a pretensão – exigência dirigida pelo titular do
direito a uma outra pessoa que está vinculada a agir de certo modo.
Dividem-se em:
Direitos absolutos - aqueles que são oponíveis erga omnes, que podem ser exercidos
contra todos. Exemplo: direitos de personalidade e de propriedade
Direitos relativos - só podem ser exercidos contra certas pessoas. Exemplo: direitos de
crédito
A substancia do direito subjetivo prende-se com a realização de fins do seu titular, com os meios
(bens) que servem de instrumento a essa realização.
O direito subjetivo é substancialmente funcional, tem um sentido de utilidade que se perde se
não se tiver em atenção qual o fim do titular que deve realizar.
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A substancia do direito subjetivo resulta da afetação jurídica de bens aos fins de pessoas e não
da afetação jurídica de bens à realização de fins da sociedade – É esta uma das principais
diferenças que permitem distinguir o direito subjetivo do direito objetivo
A função principal do direito subjetivo é pessoal. São a satisfação pessoal do titular do direito e
o seu interesse que orientam finalisticamente o conteúdo e o exercício do direito subjetivo.
No entanto, o direito objetivo também exerce influencia sobre o direito subjetivo: jus- eticidade;
princípios ético jurídicos como a boa fé e os bons costumes.
a. Contrariedade à boa fé
No contacto social envolvido no exercício do direito subjetivo, o titular do direito deve
agir com boa fé. Ver 762º nº2 também.
Honeste agere: o direito deve ser exercido honestamente, como deveria ser
exercido por uma pessoa de bem
Alterum non laedere – princípio do minino dano: o direito deve ser exercido de
modo não danoso, ou do modo menos danoso possível. O exercício do direito
não permite ao seu titular causar a terceiros danos desnecessários e evitáveis.
Venire contra factum proprium: o direito deve ser exercido sem frustrar
expectativas criadas pelo seu titular. No exercício do direito o seu titular deve
respeitar a fé, deve evitar frustrar a confiança que tenha suscitado em outrem
– inadmissibilidade de comportamentos contraditórios. Uma vez consolidada a
confiança e a expectativa, desde que essa consolidação da confiança seja
imputável ao titular do direito, a brusca inflexão de atitude é contrária à boa fé.
Inalegabilidade formal – aquele que dá lugar ou permite que se mantenha um
vício conducente à invalidade formal de um ato ou negócio jurídico age
contraditoriamente quando vem depois invocar a invalidade decorrente da
deficiência formal que provocou ou permitiu.
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A REPRESENTAÇÃO
Instituto jurídico que consiste no exercício jurídico em nome de outrem com imputação jurídica
na esfera da pessoa em cujo nome se atua.
Quem age – representante
Aquele em cuja esfera jurídica se produz a eficácia jurídica da ação – Representado
O ato praticado ou celebrado pelo representante é juridicamente imputado à autoria do
representado.
a. Representação e substituição
Na representação ocorre um fenómeno de substituição. O representante substitui o
representado no exercício jurídico. Esta é a principal utilidade da representação.
O representado pode estar impedido por ausência, incapacidade, ou doença por
exemplo ou pode simplesmente ser lhe mais conveniente ser representado por outra
pessoa.
Nem sempre que há substituição há representação.
b. Representação e legitimação
O representante não poderia atuar em nome do representado e agir sobre bens e
interesses do representado por falta de legitimidade. Se o fizesse, sem representação, a
eficácia do seu agir não se produziria na esfera jurídica do representado – 268º CC
A representação atribui ao representante legitimidade.
O que é característico da representação é a eficácia representativa. Os atos praticados
pelo representante são tidos como praticados pelo representado.
c. Representação e interposição
Na representação existe um fenómeno de interposição de pessoas. Entre o
representado e a outra parte introduz-se uma outra pessoa – o representante.
A interposição não significa só por si representação:
Mandato sem representação (1180º e ss) : o mandatário age em nome próprio
e produz-se na sua própria esfera jurídica a respetiva eficácia, ficando obrigado
a transferir para o mandante as situações jurídicas adquiridas nesse exercício.
Núncio: na nunciatura uma outra pessoa é designada para comunicar a vontade
de outrem, sem, contudo, lhe assistir qualquer margem de autonomia no agir:
o núncio limita-se a transmitir e não a emitir uma declaração da qual constitui
um mero veículo. Exemplo de nunciatura – casamento por procuração (1620º)
em que o procurador se limita a exprimir a vontade do nubente.
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Revelado que a atuação é em nome de outrem, os seus efeitos nunca se poderão
produzir na esfera do representante
Mesmo que faltem ao representante os necessários poderes (representação sem
poderes) a sua atuação é ineficaz perante o falso representado, mas não produz efeitos
na esfera jurídica do falso representante 268º
Na representação há atuação em nome de outrem e atuação por conta de outrem.
Abuso da representação
Quem atua tem efetivamente poderes de representação, mas faz um uso incorreto dos mesmos.
Pressuposto - consciência do abuso. Se houver desvio no exercício de poderes representativos,
mas o representante não tiver disso consciência poderá haver incumprimento ou cumprimento
defeituoso da relação subjacente, mas não haverá abuso.
Só há abuso se o representante estiver consciente de que está a exercer os poderes
representativos de modo incompatível com a relação subjacente.
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Procuração
É um negocio jurídico unilateral pela qual alguém confere a outrem poderes de representação.
Pessoa que confere a procuração – constituinte
Pessoa a quem os poderes são conferidos – procurador
É um negócio unilateral que se completa com a declaração negocial do constituinte.
a. Procuração expressa
A procuração é outorgada através de uma declaração de vontade. Na maior parte dos
casos esta declaração é expressa. O constituinte declara então constituir seu procurador
alguém que identifica e a quem declara conferir poderes de representação para, em seu
nome, praticar certos atos ou celebrar certos negócios.
Substabelecimento 264º
O procurador pode, em principio, conferir a outra pessoa os poderes de representação que lhe
foram concedidos pela procuração.
Com reserva – o procurador mantem os poderes de representação que tinha; o
procurador e o substabelecido mantêm um concurso de poderes de representação e
qualquer um deles os pode exercer.
Sem reserva – cessam os poderes do procurador inicial que substabeleceu os seus
poderes.
O substabelecimento é diferente do mero recurso a auxiliares.
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INVALIDADE: NULIDADE E ANULABILIDADE
Nulidade – exemplos de negócios nulos
Falta de forma imposta por lei
Contrariedade a preceito de lei imperativa do conteúdo do negocio jurídico
Negócios jurídicos cujo conteúdo ou fim com que foram celebrados sejam incompatíveis
com a Lei, a Moral e a Natureza.
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INTERESSE PÚBLICO E PRIVADO NA INVALIDADE
Nulidade Anulabilidade
Ineficácia originária e o negocio nulo não chega a Ineficácia superveniente, o negocio anulável nasce
alcançar eficácia jurídica válido mas precário e frágil. Pode vir a ser anulado
Estão em causa interesses de ordem pública. É o mas também pode vir a não ser.
próprio OJ que não tolera o vicio e que não permite Estão em causa interesses privados, o Direito permite
que o negocio chegue a ter eficácia, não aceita que as pessoas cujo interesse esteja em jogo que
o vicio seja sanado, permite a sua arguição por escolham e decidam livremente entre manter,
qualquer interessado sem limite de tempo e confirmar ou anular o ato. Não permite a arguição do
determina o conhecimento oficioso do tribunal. vicio por qualquer interessado nem o conhecimento
O direito recusa a validade oficioso e estabelece prazos relativamente curtos
para a anulação, sendo que quando esgotados o vicio
se sana.
O direito confere a certas pessoas especialmente
protegidas a faculdade de se libertarem do negocio
pedindo ao tribunal que o anule.
É um regime especial de proteção.
LEGITIMIDADE
Nulidade Anulabilidade
É de conhecimento oficioso e o tribunal deve declará-la Não pode ser invocada oficiosamente pelo Tribunal e só têm
logo que dela se aperceba, sem que seja necessário o legitimidade para requerer a anulação “às pessoas em cujo
requerimento da parte nesse sentido. interesse a lei estabelece” 287ºCC – legitimidade ativa é
Tem ainda legitimidade para requerer a declaração de restrita às pessoas que são especialmente protegidas , as
nulidade “qualquer interessado” 286º CC – tem anulabilidades são tipicamente regimes de proteção,
legitimidade qualquer pessoa que esteja interessada na estatuídos em beneficio de certas pessoas e a legitimidade
declaração de nulidade para anular é restrita a essas mesmas pessoas.
RETROATIVIDADE
Nulidade Anulabilidade
A eficácia jurídica não se chega a verificar e por isso não é Apenas a retroatividade da anulação o é em sentido próprio
correto em termos técnicos falar de retroatividade.
Todavia, como muitas vezes o negócio nulo, antes da
declaração de nulidade, produziu efeitos tácitos torna-se
necessário reger juridicamente o modo de repor a
situação.
CADUCIDADE
Nulidade Anulabilidade
Pode ser invocada a qualquer tempo. Só pode ser requerida dentro de 1 ano subsequente à cessação
do vicio que a origina, ou, sem limite de tempo, enquanto o
negócio não estiver cumprido – regime geral
A contagem do prazo de anulação começa quando cessa o vício.
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Redução
A invalidade do negocio pode ser parcial – quando a causa da invalidade atinge apenas
uma ou algumas clausulas ou estipulações e ainda quando a invalidade resulta da
estipulação de algo excessivo.
A invalidade parcial pode implicar ou não a invalidade total.
Quando não acarrete a invalidade total do negocio este manter-se-á valido na parte não
afetada pela causa de invalidade e fica reduzido à parte válida.
Dá-se a redução sempre que num caso de invalidade parcial, se mantenha como
válida a parte sã do negocio, sendo declarada nula ou anulada apenas a parte
viciada.
A redução não pode contrariar a autonomia privada, logo, da redução não pode
resultar um negocio que as partes não teriam querido celebrar.
Pode ser:
Legal – quando resulta de imposição legal independentemente da vontade das
partes
Voluntária – quando depende da vontade das partes – REGRA GERAL
Conversão
Pode ser entendida numa perspectiva que a aproxima da qualificação.
“Re-valoração do comportamento negocial das partes, mediante a atribuição de uma
eficácia sucedânea da que a ela se ajustaria se respeitasse os requisitos de validade e
eficácia do negócio”
Se nada no negocio mudasse com a conversão, este continuaria a ser afectado pela
invalidade. A re-valoração não é possível sem uma modificação do seu conteúdo. O
negocio antes e depois de convertido não é igual. Importa saber até onde pode o
negocio ser modificado, através da conversão, e manter-se ainda o mesmo negócio.
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O relacionamento entre a redução e a conversão
Em regra, há redução a não ser que se conclua que as partes não teriam
celebrado o negocio tal como reduzido (292º)
Em regra, não há conversão, salvo quando o fim prosseguido pelas partes
permita supor que elas o teriam querido se tivessem previsto a invalidade (293º)
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A DECLARAÇÃO NEGOCIAL
A declaração negocial é um comportamento voluntário que se traduz numa
manifestação de vontade com conteúdo negocial, feita no âmbito do negocio.
Negocio jurídico unilateral – a declaração negocial preenche a totalidade do ato jurídico
e esgota a sua materialidade
Contrato – pluralidade de declarações negociais
Pode ser:
Recipienda – quando tenha um destinatário especifico
Não recipienda – quando seja feita a uma ou mais pessoas indeterminadas
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Valor jurídico do silêncio 218º
O silêncio é a ausência de declaração, a não declaração
O silêncio não deve ser confundido com a declaração negocial tácita. Nesta existe um
comportamento negocial que tem um sentido que é juridicamente relevante. No
silencio nada existe.
O silencio é a ausência de uma ação, é pura omissão.
O silencio só tem o valor jurídico que eventualmente lhe for atribuído por lei, por
convenção ou pelos usos. Para que o silencio tenha alguma relevância jurídica é
necessário que exista preceito de lei, ou convenção negocial ou um uso que lhe atribuam
esse valor.
Posições subjetivistas – o negocio não podia valer sem o suporte da vontade do seu
autor, seria de acordo com a vontade subjetiva desse autor que deveria valer.
* existem também regras especiais como por exemplo os artigos 10º e 11º do DL 446/85
de 25 de out relativos à interpretação das cláusulas contratuais gerais
Artigo 236º
Nº1 O sentido juridicamente relevante de uma DN é aquele que do comportamento do
declarante possa ser deduzido por um declaratário normal, colocado na posição do
autor da declaração, desde que esse sentido não contrarie a expectativa razoável do
autor da declaração.
Nº2 Sempre que o declaratário conheça a vontade real do declarante, é de acordo com
ela que vale a declaração emitida.
Sempre que haja consenso das partes sobre o sentido da declaração deve ser de
acordo com ele que esta deve ser interpretada.
Em caso de divergência entre o sentido subjetivo da declaração e o seu sentido
objetivo, prevalece o sentido subjetivo desde que o declaratário o conheça.
No caso de divergência em que o declaratário desconheça a vontade real do
declarante, pode então o sentido objetivo prevalecer, salvo se o declarante não
puder contar com ele, isto é, desde que ele não colida com a expectativa razoável
do autor da declaração.
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Artigo 237º - Relevância do caracter gratuito ou oneroso na interpretação
Negócios gratuitos – prevalece o sentido da declaração menos grave para o disponente
Negócios onerosos – prevalece o sentido que conduzir a um maior equilíbrio das
prestações
Exemplo: no caso de uma doação pura, a duvida é resolvida no sentido que for menos
pesado para o doador; no caso de uma compra e venda a duvida é resolvida no sentido
que maior equilíbrio económico consiga entre comprador e vendedor.
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Integração das declarações negociais 239º
Na falta de disposição especial, a declaração deve ser integrada de harmonia com a
vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo
com os ditames da boa fé, quando outra solução seja por eles imposta.
A forma deve distinguir-se das formalidades que são atos ou factos complementares
cuja satisfação ou verificação são exigidas para a prática do ato ou para a celebração do
negócio.
Estas formalidades podem ser anteriores, concomitantes ou posteriores à celebração do
negócio.
Forma externa – é a forma de que o ato se reveste, é algo que lhe acresce mas que não
participa da sua essência, do seu ser. Exemplo: escritura publica no contrato de compra
e venda de imóvel. É esta a que se referem os artigos no CC.
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As exigências legais de forma são de ordem publica e têm por função acautelar
interesses relevantes; fundam-se principalmente em razões de publicidade, de
ponderação e de prova.
Ver artigos 221º e 238º
Exemplos – 168º, 185º e 981º CC
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VÍCIOS DAS DECLARAÇÕES NEGOCIAIS
Enquanto na coação moral existe vontade negocial, embora essa vontade tenha sido
pressionada, influenciada, viciada pelo medo causado pela ameaça, na coação física
(absoluta) não existe qualquer vontade negocial, não há uma escolha.
A coação absoluta tem como consequência jurídica a inexistência, não existe uma
declaração negocial.
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NA REPRESENTAÇÃO E NA DECISÃO
Simples
Erro vício
NA REPRESENTAÇÃO* * Usura (273º e 274º)
(251º a 254ºCC)
Dolo *Incapacidade acidental (257º)
Coação moral
Vícios
NA DECISÃO*
(255º e 256º CC)
Simulação (240º a 243º
CC)
Intencionais
Reserva mental (244ºCC)
Erro na transmissao da
declaração (250º CC)
1. VÍCIOS NA REPRESENTAÇÃO
Erro-vício
Consiste numa falsa perceção da realidade. Pode ser espontâneo ou provocado (dolo).
Artigo 251º - erro sobre a pessoa ou sobre o objeto do negocio
O erro sobre a pessoa resulta de uma desconformidade entre o conhecimento que a
parte tem da pessoa da outra parte.
O erro sobre o objeto tem uma grande amplitude.
A parte que errou tem o ónus de demonstrar este duplo requisito: que se não tivesse
ocorrido o erro, não teria celebrado o negocio ou não o teria celebrado desse modo, e
que a outra parte sabia ou não devia desconhecer que assim era.
Se o vicio só tiver atingido parte e não a totalidade do negócio este poderá ser reduzido
– 292º
Se se demonstrar que ambas as partes teriam celebrado um negocio diferente se não
tivesse ocorrido o erro poderá eventualmente ser convertido – 293º
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Erro sobre a base do negócio
Artigo 252º/ 2
Algo exterior ao negocio que constitui o seu ambiente circunstancial envolvente, a
realidade em que se insere. É necessário que seja relevante para ambas as partes. Se for
relevante apenas para uma parte não é sobre a base do negócio.
É necessário que haja erro. É, pois, necessário que tenha ocorrido uma falsa
representação do quadro circunstancial que constitui a base do negócio.
Para que uma das partes invoque o erro, seja ele sobre o objeto ou a pessoa da
contraparte (251º), sobre os motivos (252º/2) ou sobre a base do negócio (252º/2),
basta que ela própria tenha incorrido em erro.
O dolo
Sempre que o erro (falsa representação da realidade) não seja espontâneo, mas sim
provocado, é tratado nos artigos 253º e 254º como dolo.
O negócio viciado por dolo é anulável.
Este envolve 3 elementos:
Elemento objetivo (artificio ou embuste)
Elemento subjetivo (intenção ou consciência) – pressupõe uma atitude
subjetiva do agente, que pode traduzir-se na intenção ou na simples consciência
de enganar ou manter no engano o autor da declaração
Elemento finalista (de induzir em erro) – o embuste, seja consciente ou
intencional, deve ser finalisticamente dirigido a induzir ou manter em erro o
declarante, ou a dissimular esse erro
Para que tenha relevância anulatória é necessário que o dolo cause erro e que esse
erro seja essencial.
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Se ambas as partes se enganarem uma à outra (dolo bilateral) nem por isso a vontade
e o discernimento negociais deixam de ser perturbados – ambas as partes têm
legitimidade para pedir a anulação do negócio
Poe se a questão de saber se a anulação do negocio por dolo pode prejudicar o terceiro
que seja beneficiário “de algum direito por virtude da declaração”
Artigo 254º/2 – protege o terceiro inocente
Se o terceiro tiver sido o autor do dolo, se sabia ou se devia saber que houve dolo, o
terceiro beneficiário deixa de merecer proteção legal.
2.VÍCIOS NA DECISÃO
Coação moral
A decisão negocial que é extorquida por medo está viciada por falta de liberdade
suficiente. O negócio viciado por coação é anulável.
No caso da coação moral existe escolha, vontade negocial embora viciada pelo medo,
enquanto na coação física simplesmente não há vontade negocial.
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Negócio usurário – defeito de formação; defeito de conteúdo; colide com os
bons costumes.
Requisitos:
A. Desequilíbrio excessivo ou injustificado
Excessivo será o valor que se encontrar para além dos máximos ou mínimos que
forem normais ou típicos no mercado, no meio social e económico em que o
negócio for celebrado.
B. Inferioridade
Artigo 282º - situação de necessidade, inexperiência, ligeireza, dependência,
estado mental ou fraqueza de carácter
Não devemos cingir-nos demasiado á letra da lei, isto é, basta que se trate de
uma situação de inferioridade negocial tal que dessa inferioridade resultasse
para ele a inabilidade para compreender o mau negócio que fazia ou para evitar
fazê-lo.
C. Exploração reprovável
Exige que haja um aproveitamento consciente e intencional da vantagem
comparativa em que o usurário se encontra perante o lesado.
Esta situação de aproveitamento pode ser aceitável ou reprovável, tal como
acontece com o dolo, também a exploração da inferioridade alheia pode ser
aceitável segundo as conceções dominantes no comércio jurídico.
Será inaceitável a exploração que colida com a exigência de boa fé na celebração
do negócio. É aqui que a usura se aproxima da contrariedade à Moral.
Incapacidade acidental
A deficiência de discernimento e de liberdade na decisão negocial pode ser
momentânea. O declarante pode estar “acidentalmente incapacitado de entender o
sentido da declaração ou privado do livre exercício da sua vontade.
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O ato praticado em incapacidade acidental é anulável.
Artigo 257º/1 – para que haja anulabilidade, é necessário que a incapacidade em que
se encontra o declarante seja notória ou conhecida do declaratário. Se não conhecido
ou reconhecível o estado de incapacidade do declarante é irrelevante e não afeta a
validade do negócio.
3. VICIOS DA EXTERIORIZAÇÃO
Divergência entre a vontade e a declaração
O declarante ao exteriorizar a sua vontade e decisão negocial declara algo de diferente
do que queria.
A divergência entre a vontade e a declaração pode ser intencional ou não intencional.
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DIVERGÊNCIAS INTENCIONAIS
I. Simulação
Divergência bilateral entre a vontade e a declaração, que é pactuada entre as partes
com a intenção de enganar terceiros.
Na simulação, as partes acordam entre si emitir uma declaração negocial que não
corresponde à sua real vontade e fazem-no com o intuito de enganar terceiros.
Exemplo: simulação de preço na cv de imoveis para reduzir a sisa
Simulação relativa – quando sob a aparência criada com a simulação existir um negócio
oculto – negocio simulado e negocio dissimulado
Simulação absoluta – quando sob o negócio aparente nenhum negocio verdadeiro
existir – negocio simulado
Artigo 240º/2
O negócio simulado é nulo, mas o negocio dissimulado pode valer como se fosse
concluído sem dissimulação, não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do
negócio simulado.
No caso da simulação relativa, o que vale é o negócio real (dissimulado); no caso da
simulação absoluta não existe um negócio real que possa valer, o negocio simulado não
tem relevância jurídica.
Tipos de simulação
Subjetiva – incide sobre as pessoas intervenientes; é vulgar fazer intervir uma
contraparte falsa, com o fim de ocultar a identidade do verdadeiro interveniente
no contrato (interposição fictícia)
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Objetiva – incide sobre o negócio ou alguma das suas cláusulas; por exemplo a
simulação de preço ou a simulação tipo
A simulação e a forma
Artigo 241º/2 – se o negocio dissimulado for de natureza formal, só é valido se tiver sido
observada a forma exigida por lei.
Arguição da simulação
Artigo 240º/2 – Nulidade do negócio simulado – regime especial
A nulidade pode ser arguida pelos próprios simuladores entre si, ainda que a simulação
seja fraudulenta, mas não contra terceiros de boa fé. Nas relações dos simuladores um
com o outro, não há razão para proteger um em detrimento do outro. Entre os
simuladores não há restrições à invocabilidade da simulação.
Artigo 242º/2
Estatuto dos herdeiros dos simuladores – é permitida a arguição da simulação pelos
herdeiros legitimários que pretendam agir em vida do autor da sucessão contra os
negócios por ele simuladamente feitos com o intuito de os prejudicar.
Artigo 243º
Não permite a arguição da simulação pelo simulador contra um terceiro de boa fé.
Só os terceiros inocentes são protegidos.
A posição jurídica dos terceiros de boa fé prevalece claramente sobre a dos simuladores
e dos terceiros de má fé
Prova da simulação
Artigo 394º/3 – a lei veda aos simuladores o recurso a testemunhas para a prova, quer
do pacto simulatório quer do negócio real (dissimulado), quando o negócio aparente
(simulado) esteja titulado em documento autentico ou particular.
Permite o recurso a testemunhas para a prova da simulação quando não for arguida
pelos simuladores, isto é, quando for invocada por terceiros.
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Se a reserva for conhecida pelo declaratário deixa de haver razão para o proteger. A
reserva mental quando conhecida pelo declaratário segue o regime da simulação –
analogia.
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III. Erro na transmissão da declaração
Artigo 250º - prevê o caso em que o declarante tenha incumbido uma outra pessoa de
transmitir a sua declaração – Núncio
O declarante formou bem a sua vontade e exprimiu-a corretamente ao núncio. Não
houve erro vicio nem erro obstáculo. O vicio na declaração ocorre no momento em que
o núncio comunica ao declaratário incorretamente aquilo que o declarante o incumbiu
de dizer.
O erro na transmissão da declaração tem o mesmo regime jurídico que o erro na
declaração.
Este regime pressupõe que seja inocente a divergência na transmissão da declaração
pelo núncio. Nº2 – se a inexatidão for devida a dolo do intermediário, a declaração é
sempre anulável, mesmo que não se verifiquem os requisitos
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