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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

SUMÁRIO
“JURISPRUDÊNCIA EM PROVAS” ........................................................................................................................ 7
1. DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................................ 8
1.1 CARGOS EM COMISSÃO....................................................................................................................... 8
1.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ............................................................................................... 8
1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO POR EXPLORAÇÃO EM LOCAL DE COMÉRCIO DE FOGOS
DE ARTIFÍCIO .................................................................................................................................................. 9
1.4 LEGITIMIDADE PARA EXECUÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE MULTA APLICADA PELO TCE .......... 10
1.5 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO........................................................ 10
1.6 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL ............................................................................................... 11
1.7 CONCURSO PÚBLICO ........................................................................................................................ 11
1.8 AÇÃO CIVIL PÚBLICA E A DOMINIALIDADE DO BEM EXPROPRIADO................................................... 12
1.9 ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS .............................................................................................. 12
1.10 SUPRESSÃO REMUNERÁTÓRIA DE POLICIAL INVESTIGADO EM SEDE DE SINDICÂNCIA ................... 13
1.11 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ....................................................................................................... 13
2. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................................................... 14
2.1 DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA ..................................................................................................... 14
2.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA ........................................................................................................ 14
2.3 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE............................................................................................ 14
2.4 MANDADO DE INJUNÇÃO ................................................................................................................... 15
2.5 COMISSÕES PARLAMENTARES .......................................................................................................... 16
2.6 EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATURALIZADO ................................................................................... 16
2.7 CRIAÇÃO DE ORGÃO PÚBLICO POR INICIATIVA PARLAMENTAR ........................................................ 17
2.8 TERÇO CONTITUCIONAL DE FÉRIAS................................................................................................... 17
2.9 “ORÇAMENTO SECRETO – RP-9” ........................................................................................................ 17
2.10 DEFENSORIA PÚBLICA – AUTONOMIA ................................................................................................ 18
2.11 DEFENSORIA PÚBLICA - CAPACIDADE POSTULATÓRIA ..................................................................... 19
2.12 LIMITAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO AOS CRIMES PRATICADO NO CARGO E EM
RAZÃO DELE .................................................................................................................................................. 19
2.13 INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS....................................................................................................... 20
2.14 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA – COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ESTADOS .......................................... 21
2.15 DIREITOS SOCIAIS – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE DO MP ................................................... 22
2.16 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA - CONTRATO DE PPP ....................................................................... 22
2.17 ASCENSÃO FUNCIONAL..................................................................................................................... 22
2.18 DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ................................................................................ 23
2.19 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – STF – REPERCUSSÃO GERAL TEMA 849......................................... 23
2.20 É INCONSTITUCIONAL NORMA DE CONSTITUIÇÃO ESTADUAL QUE EXIJA PRÉVIA ARGUIÇÃO E
APROVAÇÃO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA QUE O GOVERNADOR DO ESTADO NOMEIE OS
DIRIGENTES DAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS ............................................................................ 24
2.21 ASSEMBLEIAS E CÂMARAS - CAPACIDADE PROCESSUAL LIMITADA À DEFESA INSTITUCIONAL ........ 24
2.22 PROCESSO LEGISLATIVO – EMENDA PARLAMENTAR EM PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO................. 25

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2.23 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – ZEE ............................................................................................... 26


3. DIREITO PENAL ........................................................................................................................................... 29
3.1 CONCURSO DE CRIMES ..................................................................................................................... 29
3.2 SAIDA TEMPORÁRIA E CALENDÁRIO TEMPORÁRIO ............................................................................ 29
3.3 VALORAÇÃO DA QUANTIDADE DA DROGA APREENDIDA ................................................................... 29
3.4 UTILIZAÇÃO DE INQUÉRITOS POLICIAIS E AÇÕES PENAIS EM CURSO SEJA PARA AGRAVAR A PENA-
BASE 30
3.5 DOSIMETRIA – CRIME DE FURTO ........................................................................................................ 30
3.6 FURTO NOTURNO............................................................................................................................... 31
3.7 O DIREITO DE CUMPRIR PENA PRÓXIMO À FAMÍLIA OU LOCAL DE ORIGEM ...................................... 31
3.8 ESTATUTO DO DESARMAMENTO - PERÍCIA........................................................................................ 31
3.9 APREENSÃO DE ÍNFIMA QUANTIDADE DE MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO ......... 32
3.10 CRIME CONTINUADO ......................................................................................................................... 32
3.11 ESTUPRO QUALIFICADO .................................................................................................................... 32
3.12 TEORIA DO DOMINIO DO FATO........................................................................................................... 32
4. DIREITO PROCESSUAL PENAL ..................................................................................................................... 34
4.1 TRIBUNAL DO JURI ............................................................................................................................. 34
4.2 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ........................................................................................................ 34
4.3 CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO POR MEIO DE SAQUE DE CHEQUE FRAUDADO ....................... 34
4.4 JULGAR DELITOS COMETIDOS A BORDO DE AERONAVES .................................................................. 35
4.5 CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA ........................................................................................... 35
4.6 DESCLASSIFICAÇÃO PARA RECEPTAÇÃO (CP, ART. 180). PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE........................................................................................................... 35
4.7 HABEAS CORPUS ............................................................................................................................... 36
4.8 SENTENÇA DE PRONÚNCIA – TRIBUNAL DO JURI ............................................................................... 37
4.9 COLABORAÇÃO PREMIADA, ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA E DELAÇÃO PREMIADA.......... 38
4.10 ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA NA INVESTIGAÇÃO DE OUTROS CRIMES COMETIDOS EM
CONCURSO DE AGENTES ............................................................................................................................. 39
4.11 DELAÇÃO PREMIADA (MODALIDADE “COLABORAÇÃO UNILATERAL”) – OITIVA DE CORRÉU NA
CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA OU INFORMANTE ........................................................................................... 40
4.12 ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA –- ANUENCIA DO MP – CONDIÇÃO DE EFICÁCIA ................ 41
4.13 ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA – ANÁLISE DA EXTENSÃO DOS BENEFÍCIOS FIRMADOS ..... 41
4.14 COLABORAÇÃO PREMIADA – PEDIDO DE COMPATILHAMENTO DE TERMOS DE DEPOIMENTO ......... 41
4.15 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – ART. 89 DA LEI 9.099/95 E A TENTATIVA DE FURTO
QUALIFICADO ............................................................................................................................................... 42
4.16 DIREITO DO DELATADO O ACESSO SOMENTE AOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO.............................. 43
4.17 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – LEI 12.850/13 – CONEXÃO ................................................................... 43
4.18 AÇÃO CONTROLADA – COMUNICAÇÃO PRÉVIA ................................................................................. 44
4.19 ART. 28 DA LEI DE DROGAS ................................................................................................................ 44
4.20 EMENDATIO LIBELLI – NÃO HÁ NECESSIDADE DE ADITAMENTO DA DENÚNCIA ................................ 44
4.21 RECONHECIMENTO DE PESSOAS ...................................................................................................... 45
4.22 BUSCA PESSOAL – MERA CONJECTURA OU DESCONFIANÇA ............................................................ 46

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4.23 RECONHECIMENTO PRESENCIALMENTE E POR FOTOGRAFIA ........................................................... 46


4.24 RECONHECIMENTO PESSOAL............................................................................................................ 46
4.25 CRIME PRATICADO POR SENADOR .................................................................................................... 47
4.26 CRIMES PRATICADOS POR PROMOTOR DE JUSTIÇA NÃO RELACIONADO COM O CARGO................. 47
4.27 INSTRUÇÃO CRIMINAL – INÉPCIA DA DENÚNICA............................................................................... 48
4.28 EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA - TRIBUNAL DO JURI..................................................................... 48
5. DIREITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................................................. 50
5.1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA .................................................................................... 50
5.2 COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................ 50
5.3 IMUNIDADE RECÍPROCA .................................................................................................................... 51
5.4 INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A OPERAÇÃO DE VENDA, REALIZADA POR LOCADORA DE VEÍCULOS,
DE AUTOMÓVEL COM MENOS DE 12 (DOZE) MESES DE AQUISIÇÃO DA MONTADORA .................................. 52
5.5 TAXAS DE FISCALIZAÇÃO DA MINERAÇÃO CRIADAS POR LEIS ESTADUAIS ....................................... 52
5.6 CONCURSO DE PREFERÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS ................................................................... 52
5.7 IPVA ................................................................................................................................................... 53
5.8 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA SUBJETIVA E OS CONTRIBUINTES DE DIREITO E DE FATO ........................... 53
5.9 EMBALAGENS FABRICADAS PARA PRODUTOS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO ................................... 53
5.10 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA PARA EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL .................................................. 53
5.11 IMUNIDADES – IPTU – ECT – TEMA 644 - RG – STF ................................................................................ 54
5.12 EXECUÇÃO FISCAL ............................................................................................................................ 54
5.13 AÇÃO DE COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES - “SISTEMA S” .............................................................. 54
5.14 MODIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ........................................ 54
5.15 ITR – INCIDÊNCIA EM IMÓVEL LOCALIZADO EM ÁERA URBANA COMPROVADAMENTE UTILIZADO EM
EXPLORAÇÃO EXTRATIVA, VEGETAL, AGRÍCOLA, PECUÁRIA OU AGROINDUSTRIAL ..................................... 55
5.16 ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL ..................................... 55
5.17 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA........................................................................................................ 56
5.18 REPARTIÇÃO DE RECEITAS ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃO ........................................................... 57
5.19 ALTERAÇÃO DE PRAZO PARA PAGAMENTO DE TRIBUTO NÃO SE SUBMETE À LEGALIDADE ESTRITA . 57
6. DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................................................... 58
6.1 PROCON POSSUI LEGITIMIDADE PARA APLICAR MULTAS ADMINISTRATIVAS ................................... 58
6.2 MÁ-FÉ DO FORNECEDOR E A REGRA DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC ................................ 58
6.3 INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA “OPE JUDICIS” ................................................................................ 58
6.4 FORTUITO INTERNO ........................................................................................................................... 59
6.5 ÔNUS DA PROVA ................................................................................................................................ 59
6.6 TEORIA FINALISTA APROFUNDADA ACERCA DO CONCEITO DE CONSUMIDOR ................................. 60
6.7 PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA E PROPAGANDA ENGANOSA ............................................................ 60
6.8 AÇÃO COLETIVA E AÇÕES INDIVIDUAIS ............................................................................................ 61
6.9 BLANKET CONSENT............................................................................................................................ 61
6.10 RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO .................................. 61
6.11 RESPONSABILIDADE CIVIL E CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO............................................ 63

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6.12 OS AGENTES FINANCEIROS CONHECIDOS COMO BANCOS DE VAREJO, QUE FINANCIAM A VENDA
DE AUTOMÓVEIS, NÃO RESPONDEM PELOS VÍCIOS DO PRODUTO .............................................................. 63
6.13 RESPONSABILIDADE DO BANCO EMISSOR DO BOLETO PELA VENDA FRAUDULENTA REALIZADA POR
UMA LOJA VIRTUAL........................................................................................................................................ 64
6.14 NÃO HÁ RESPONSABILIDADE DE CONCESSIONÁRIA POR ADULTERAÇÃO DE HODÔMETRO DE
VEÍCULO COMERCIALIZADO POR ELA........................................................................................................... 64
6.15 O MERO PATROCINADOR DE EVENTO, QUE NÃO ASSUME GARANTIA DE SEGURANÇA DOS
PARTICIPANTES, NÃO PODE SER CONSIDERADO FORNECEDOR ................................................................. 64
6.16 SOCIEDADE EMPRESÁRIA QUE COMERCIALIZA INGRESSOS NO SISTEMA ON-LINE RESPONDE
CIVILMENTE PELA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ............................................................................... 64
6.17 ERRO GROSSEIRO DE CARREGAMENTO NO SISTEMA DE PREÇOS E A RÁPIDA COMUNICAÇÃO AO
CONSUMIDOR PODEM AFASTAR A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E O PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO DA
OFERTA ......................................................................................................................................................... 65
6.18 NÃO É TODO E QUALQUER SERVIÇO PÚBLICO QUE SERÁ REGIDO PELO CDC ................................... 65
6.19 FORNECEDOR DO PRODUTO E REPRESENTANTE AUTÔNOMO .......................................................... 66
7. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ....................................................................................................................... 67
7.1 CONEXÃO POR PREJUDICIALIDADE ................................................................................................... 67
7.2 HONORÁRIOS POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA ................................................................................... 68
7.3 LITISCONSÓRCIO E AUSÊNCIA DE CITAÇÃO ...................................................................................... 68
7.4 AÇÃO COLETIVA CONTRA FAZENDA PÚBLICA.................................................................................... 69
7.5 MANDADO DE SEGURANÇA E EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE .......................................................... 70
7.6 NÃO CABE FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA COMO MEIO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR ....... 70
7.7 INTERVENÇÃO ANÔMALA DA UNIÃO.................................................................................................. 71
7.8 EXECUÇÃO DE ALIMENTOS ................................................................................................................ 71
7.9 FRACIONAMENTO DA EXECUÇÃO ...................................................................................................... 72
7.10 EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ................................................................................................... 72
7.11 PENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA DE FIADOR ......................................................................... 72
7.12 EMBARGOS DE TERCEIRO .................................................................................................................. 73
7.13 IMPENHORABILIDADE - 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS ............................................................ 73
7.14 PENHORA DE BEM IMÓVEL - DISPENSA DA INTIMAÇÃO DE EX-CÔNJUGE .......................................... 74
7.15 ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA .......................................................................................................... 74
7.16 AÇÃO RESCISÓRIA PROPOSTA PELA UNIÃO ...................................................................................... 74
8. DIREITO ELEITORAL .................................................................................................................................... 76
8.1 PREFEITO ITINERANTE OU PROFISSIONAL ......................................................................................... 76
8.2 CRIMES ELEITORAIS ........................................................................................................................... 76
8.3 ATO DE VOTAÇÃO – NULIDADES – OBRIGATORIEDADE DE IMPUGNAÇÃO ......................................... 76
8.4 PARTIDOS POLÍTICOS – EXCESSOS PRATICADOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ........................ 77
8.5 PRECLUSÃO E A COMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E SEGURANÇA JURÍDICA
77
8.6 CAPTAÇÃO ILICITA DE SUFRÁGIO ...................................................................................................... 77
8.7 FRAUDE À COTA DE GÊNERO ............................................................................................................. 78
8.8 DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS .......................................................... 78
8.9 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME) ..................................................................... 79

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8.10 DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE E DOSIMETRIA DA SANÇÃO .................................................................... 79


9. DIREITO CIVIL ............................................................................................................................................. 80
9.1 EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.............................................................................................................. 80
9.2 ANULAÇÃO DE REGISTRO DE NASCIMENTO ...................................................................................... 80
9.3 VÍCIO DE LESÃO NÃO SE PRESUME .................................................................................................... 82
9.4 CONTRATO DE SEGURO ..................................................................................................................... 82
9.5 O POSSUIDOR TEM DIREITO À PASSAGEM FORÇADA NA HIPÓTESE DE IMÓVEL ENCRAVADO .......... 83
9.6 DIREITO DE TAPAGEM ........................................................................................................................ 83
9.7 CONDIÇÃO SUPENSIVA MERAMENE/SIMPLESMENTE POTESTATIVA ................................................. 83
9.8 CONTRATO DE COMPRA E VENDA – CLÁUSULA PENAL – PERDA INTEGRAL DOS VALORES PAGOS ... 83
10. DIREITO EMPRESARIAL ............................................................................................................................ 85
10.1 RECUPERAÇÃO JUDICIAL................................................................................................................... 85
10.2 CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA ............................................................... 85
10.3 POSSIBILIDADE DE CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA APÓS DECURSO DO
PRAZO BIENAL DE SUPERVISÃO JUDICIAL .................................................................................................... 86
10.4 DESVIO DE CLIENTELA E CONCORRÊNCIA DESLEAL ......................................................................... 86
11. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOSLECENTE .......................................................................................... 88
11.1 A INTERNAÇÃO EM UNIDADE MAIS PRÓXIMA DO LOCAL DE RESIDÊNCIA DO INFRATOR NÃO É UM
DIREITO ABSOLUTO ...................................................................................................................................... 88
11.2 SE O ADOTANTE, AINDA EM VIDA, MANIFESTOU INEQUIVOCAMENTE A VONTADE DE ADOTAR O
MENOR, PODERÁ OCORRER A ADOÇÃO POST MORTEM MESMO QUE NÃO TENHA INICIADO O
PROCEDIMENTO DE ADOÇÃO QUANDO VIVO............................................................................................... 88
11.3 INTERNAÇÃO PROVISÓRIA ................................................................................................................ 88
12. DIREITO AMBIENTAL................................................................................................................................ 90
12.1 RENOVAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS ........................................................................................... 90
12.2 OCUPAÇÃO ANTRÓPICA EM APP ....................................................................................................... 90
12.3 INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL .......................................................................... 91
12.4 PRETENSÃO INDENIZATÓRIA PARA REPARAÇÃO DE DANO PATRIMONIAL E INDIVIDUAL .................. 91
12.5 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL QUE PROIBE DESTRUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS EM
OPERAÇÕES AMBIENTAIS ............................................................................................................................. 92
12.6 CAPTAÇÃO DE AGUA SUBTERRANEA – NECESSIDADE DE OUTORGA E AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL... 92
12.7 RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL..................................................................................... 93
13. DIREITOS HUMANOS............................................................................................................................... 94
13.1 INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE INCOMPETÊNCIA ...................................................................... 94

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“JURISPRUDÊNCIA EM PROVAS”
QUESTÕES DE PROVAS OBJETIVAS FGV – 2ª Edição
Atualizado até 22.09.23

Legenda de cores:

Verde: identificação da matéria e destaque de pontos importantes

Amarelo: destaques

Vermelho: atenção SUPER IMPORTANTE

Azul: assertivas/questões de prova

O MATERIAL: Os julgados, neste material, foram retirados de questões cobradas em provas


objetivas realizadas pela FGV. O objetivo foi reunir o maior número de decisões cobradas pela
banca supracitada. “Jurisprudência em Provas” vem com juris e assertivas. Um material
elaborado para meus estudos para o concurso da Magistratura Estadual. MATERIAL GRATUITO.

Elaboração: Gracélia Menezes.


Revisor: Fernando E. Hack.
Edição: Fred Cezar

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1. DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1 CARGOS EM COMISSÃO

ADMINISTRATIVO – CARGO EM COMISSÃO - STF – TEMA 1010 - REPERCUSSÃO GERAL - CONTROVÉRSIA


RELATIVA AOS REQUISITOS CONSTITUCIONAIS (art. 37, I, II e V da CF) PARA A CRIAÇÃO DE CARGOS EM
COMISSÃO
Criação de cargos em comissão. Requisitos estabelecidos pela Constituição Federal. Estrita observância
para que se legitime o regime excepcional de livre nomeação e exoneração. Repercussão geral reconhecida.
Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o Assunto. 1. A criação de cargos em comissão é exceção à
regra de ingresso no serviço público mediante concurso público de provas ou provas e títulos e somente se
justifica quando presentes os pressupostos constitucionais para sua instituição. 2. Consoante a
jurisprudência da Corte, a criação de cargos em comissão pressupõe: a) que os cargos se destinem ao
exercício de funções de direção, chefia ou assessoramento, não se prestando ao desempenho de
atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) necessária relação de confiança entre a autoridade
nomeante e o servidor nomeado; c) que o número de cargos comissionados criados guarde
proporcionalidade com a necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de
cargos efetivos no ente federativo que os institui; e d) que as atribuições dos cargos em comissão estejam
descritas de forma clara e objetiva na própria lei que os cria. 3. Há repercussão geral da matéria
constitucional aventada, ratificando-se a pacífica jurisprudência do Tribunal sobre o tema. Em consequência
disso, nega-se provimento ao recurso extraordinário. 4. Fixada a seguinte tese: a) A criação de cargos em
comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e assessoramento, não se
prestando ao desempenho de atividades burocráticas, técnicas ou operacionais; b) tal criação deve
pressupor a necessária relação de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado; c) o
número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que eles
visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente federativo que os criar;
e d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e objetiva, na própria
lei que os instituir. (RE 1041210 RG, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 27/09/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-107 DIVULG 21-05-2019 PÚBLICO 22-05-2019).

ASSERTIVA CORRETA: O número de cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a
necessidade que eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente
federativo que os criar. (FGV – TJPE/22).

1.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTASDO – DANOS CAUSADOS A MENOR - STJ - "CIVIL


E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DANOS CAUSADOS A MENOR. RESTOS DE
FOGOS DE ARTIFÍCIO DEIXADOS EM LOGRADOURO PÚBLICO, SEM PROTEÇÃO. RESPONSABILIDADE
CONCORRENTE DOS PAIS. INEXISTÊNCIA.
1. Inicialmente, insta registrar que o caso é de revaloração da conclusão jurídica adotada com base no
delineamento fático fornecido pelo acórdão recorrido, não incidindo o disposto na Súmula 7/STJ.
2. A culpa concorrente é fator para a redução do valor da indenização, mediante a análise do grau de culpa de
cada um dos litigantes e, sobretudo, da colaboração individual para a confirmação do resultado danoso,
considerando-se a relevância da conduta de cada qual.
3. O evento danoso resulta da conduta culposa das partes nele envolvidas, devendo a indenização medir-se
conforme a extensão do dano e o grau de cooperação de cada uma das partes para a sua eclosão.
4. Todavia, na hipótese dos autos, não há falar em culpa concorrente dos pais pelos danos causados ao
seu filho. Com efeito, é incontroverso que o município recorrido promoveu queima de fogos nas
festividades de ano novo e deixou, nas proximidades do local onde ocorreu o evento, restos de explosivos
sem qualquer proteção.

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5. Nesta situação, não se pode imputar aos pais responsabilidade por ter permitido que o filho brincasse
em logradouro público, especialmente naquele onde ocorreu as festividades de ano novo. Não há, outrossim,
nenhum elemento, no acórdão vergastado, indicativo de que era proibido o acesso ao local do acidente ou que
o município tenha prevenido o acesso à multicitada área pública, ao contrário, a presunção é de que o local
fosse seguro, uma vez que próximo de onde ocorreu as festividades de passagem de ano.
Dessarte, irreprochável a conclusão de que, in casu, não há culpa concorrente dos pais, tendo sido a
conduta do município causa exclusiva para a ocorrência do dano.
6. Considerando-se a necessidade de estabelecimento de novo valor a ser pago a título de indenização,
excluindo a culpa concorrente dos pais, e que tal fixação demanda reexame do contexto fático-probatório -
vedado nesta instância por força do disposto na Súmula 7/STJ - mister sejam devolvidos os autos ao Tribunal
de origem para que fixe novo valor de indenização, proporcional aos danos causados à vítima. 7. Recurso
Especial provido, com determinação de retorno dos autos ao Tribunal de origem para fixação de novo valor
indenizatório." (REsp 1837378/RO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe
25/05/2020).

ASSERTIVA CORRETA: responsabilidade civil objetiva, orientada pela teoria do risco administrativo,
não havendo que se falar em culpa exclusiva ou concorrente dos pais pelos danos causados aos seus
filhos. (FGV – TJPE/22).
ASSERTIVA CORRETA: objetiva, orientada pela teoria do risco administrativo, não havendo que se falar em
culpa exclusiva ou concorrente dos pais pelos danos causados aos seus filhos. (A responsabilidade civil do
Estado, tal como adotada em nosso ordenamento, é de índole objetiva, fundada na teoria do risco
administrativo, que independe da comprovação de dolo ou culpa. Cabe ao ente estatal, por seu turno,
demonstrar a presença de uma das causas excludentes de sua responsabilidade. (Fonte: Comentário do
professor no QConcurso). (FGV – TJMS/2023).

1.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO POR EXPLORAÇÃO EM LOCAL DE COMÉRCIO DE FOGOS DE


ARTIFÍCIO

ADMINISTRATIVO – STF – REPERCUSSÃO GERAL - TEMA 366 - RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO


POR EXPLORAÇÃO EM LOCAL DE COMÉRCIO DE FOGOS DE ARTIFÍCIO - RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO
DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. NECESSIDADE
DE VIOLAÇÃO DO DEVER JURÍDICO ESPECÍFICO DE AGIR.
1. A Constituição Federal, no art. 37, § 6º, consagra a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de
direito público e das pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos. Aplicação da teoria do risco
administrativo. Precedentes da CORTE. 2. Para a caracterização da responsabilidade civil estatal, há a
necessidade da observância de requisitos mínimos para aplicação da responsabilidade objetiva, quais sejam:
a) existência de um dano; b) ação ou omissão administrativa; c) ocorrência de nexo causal entre o dano e a
ação ou omissão administrativa; e d) ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. 3. Na
hipótese, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo concluiu, pautado na doutrina da teoria do risco
administrativo e com base na legislação local, que não poderia ser atribuída ao Município de São Paulo a
responsabilidade civil pela explosão ocorrida em loja de fogos de artifício. Entendeu-se que não houve omissão
estatal na fiscalização da atividade, uma vez que os proprietários do comércio desenvolviam a atividade de
forma clandestina, pois ausente a autorização estatal para comercialização de fogos de artifício.
4. Fixada a seguinte tese de Repercussão Geral: “Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do
Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um
dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem
as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas
pelo particular". 5. Recurso extraordinário desprovido. (RE 136861, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/
Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11/03/2020, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-201 DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020).
Percebe-se, então, que não é sempre que o Município é responsável por explosão em loja de fogos de
artifício. Mas, embora a atividade seja realizada por particular, o Município pode ser responsável quando
existir omissão específica em seu dever de fiscalização nas seguintes hipóteses: i) concessão de licença

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

sem as cautelas legais; ii) quando forem de conhecimento do poder público irregularidades praticadas
pelo particular.
Responsabilidade objetiva. Isso está previsto no art. 37, § 6º da CF/88: Art. 37 (...) § 6º As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
Se você reparar bem o § 6º acima, verá que não está escrito expressamente que a responsabilidade é objetiva.
A doutrina e a jurisprudência, no entanto, de forma pacífica assim entendem por um motivo: o dispositivo exige
dolo ou culpa para que o agente público responda regressivamente, mas não faz esta mesma exigência para
que o Estado tenha que indenizar. Logo, interpreta-se que a exigência de dolo ou culpa é unicamente para
a ação regressiva.
ATENÇÃO: O simples requerimento de licença de instalação ou o recolhimento da taxa de funcionamento
não são suficientes para caracterizar o dever específico de agir. Ausência de requisitos positivos (como por
exemplo a ausência de vistoria pela Policia Civil no local – falta documento para a regularização e a concessão
da licença para funcionamento), incide a culpa exclusiva do proprietário, porque não aguardou a necessária
licença e estocou pólvora.1

ENUNCIADO: Tício estava no interior de uma loja de fogos de artifício de sua cidade a fim de comprar diversos
itens para a festa junina que se aproximava quando se deu uma grande explosão que lhe causou queimaduras
e destruiu seus pertences. Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto afirmar
que:
ASSERTIVA CORRETA: haverá responsabilidade civil do Município por omissão específica quando forem de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. (FGV – TJMS/2023).

1.4 LEGITIMIDADE PARA EXECUÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE MULTA APLICADA PELO TCE

ADMINISTRATIVO – LEGITIMIDADE PARA EXECUÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE MULTA APLICADA


PELO TCE - STF - O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa
aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao
erário municipal. (INFO 1029 STF).

ASSERTIVA CORRETA: o Tribunal de Contas do Estado Beta, não possui legitimidade para ajuizar a ação
executiva, e é prescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal
de Contas. (O LEGITIMADO É O MUNICIPIO). (FGV – TJPE/22).

1.5 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO

ADMINISTRATIVO – PRESCRIÇÃO: É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão


do Tribunal de Contas. (INFO 983 STF). Plenário. RE 636886, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 899) (Info 983 – clipping).
O Tribunal de Contas pode determinar o ressarcimento sem prescrição afirmando que o responsável pelo
débito praticou um ato doloso de improbidade administrativa?2 NÃO. No processo de tomada de contas, o
Tribunal de Contas não julga pessoas, não perquirindo a existência de dolo decorrente de ato de improbidade
administrativa. O que ele faz é o julgamento técnico das contas a partir da reunião dos elementos objeto da
fiscalização e apura a ocorrência de irregularidade de que resulte dano ao erário, proferindo o acórdão em que
se imputa o débito ao responsável, para fins de se obter o respectivo ressarcimento. Assim, o Tribunal de
Contas, ao exercer suas atribuições:
a) não analisa a existência ou não de ato doloso de improbidade administrativa;

1
(Fonte: Para que o Município seja responsável por acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir
(concedeu licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular). Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1109f8734e117143a570a8bf9f8c47b2>.)
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58ae23d878a47004366189884c2f8440>. Acesso em: 01/10/2023

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

b) não profere decisão judicial, declarando a existência de ato ilícito doloso, não havendo contraditório e
ampla defesa plenos, pois não é possível, por exemplo, que o imputado defenda-se afirmando a ausência de
elemento subjetivo.

ASSERTIVA ERRADA: e é imprescritível a pretensão de execução do ressarcimento ao erário fundada


em decisão de Tribunal de Contas. (É PRESCRITIVEL). (FGV – TJPE/22).

1.6 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL

ADMINISTRATIVO – ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CIVIL – LEGITIMADADE ATIVA – STF - Os entes


públicos que sofreram prejuízos em razão de atos de improbidade também estão autorizados, de forma
concorrente com o Ministério Público, a propor ação e a celebrar acordos de não persecução civil em
relação a esses atos. (STF. Plenário. ADI 7042/DF e ADI 7043/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 31/8/2022
(Info 1066).
A Lei nº 14.230/2021 promoveu importantes mudanças na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº
8.429/1992). Uma dessas mudanças foi a alteração de dispositivos da Lei nº 8.429/1992 para determinar que
o Ministério Público seria o único legitimado para propor ação judicial por ato de improbidade administrativa.
Ocorre que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto do
caput e dos §§ 6º-A e 10-C do art. 17, assim como do caput e dos §§ 5º e 7º do art. 17-B, da Lei nº 8.429/92,
todos na redação dada pela Lei 14.230/2021, para determinar que essa legitimidade não poderia ser exclusiva
do Ministério Público e que os entes e entidades públicas prejudicados pelo ato de improbidade também
teriam legitimidade para propor ação judicial por ato de improbidade administrativa e celebrar acordo de
não persecução civil. (Fonte: comentários professor; QConcurso).

ASSERTIVA CORRETA: o ente público que tiver sofrido prejuízo em razão de atos de improbidade é legitimado
concorrente com o Ministério Público a propor ação de improbidade administrativa. (o Município, ente público
que sofreu prejuízo em razão de atos de improbidade é legitimado, concorrentemente com o Ministério Público,
para propor ação de improbidade administrativa). (FGV – TJMS/2023).

1.7 CONCURSO PÚBLICO

ADMINISTRATIVO – CONCURSO PÚBLICO – CARGO – STJ – RECURSO REPETITIVO – TEMA 1094 - "O
candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título de
Ensino Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica, caso não seja
portador desse título mas detenha diploma de nível superior na mesma área profissional."(REsp
1888049/CE, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/09/2021, DJe 28/09/2021).
O art. 5º, IV, e o art. 10, parágrafo único, da Lei nº 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Federais) prevê
que a investidura no cargo público somente ocorrerá se o candidato tiver o nível de escolaridade exigido
para o exercício do cargo, conforme estiver previsto no edital do certame. O edital do concurso, por sua
vez, exige a qualificação que é prevista na lei da carreira. A partir de uma análise econômica do Direito, e
considerando as consequências práticas da decisão - nos termos do art. 20 da LINDB, deve-se considerar que
a aceitação de titulação superior à exigida traz efeitos benéficos para o serviço público e, consequentemente,
para a sociedade brasileira.
Ao se fazer essa interpretação ampliativa, a Administração Pública experimenta dois benefícios:
1) o leque de candidatos postulantes ao cargo é ampliado, permitindo uma seleção mais abrangente e mais
competitiva no certame;
2) a própria prestação do serviço público é aperfeiçoada com a investidura de servidores mais qualificados e
aptos para o exercício da função pública.
Registre-se que tal postura se coaduna com a previsão do art. 37 da Constituição Federal, que erige o princípio
da eficiência dentre os vetores da administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Convém transcrever trecho da manifestação do Ministério Público nos autos:
“13. Afigura-se correto e legítimo este entendimento sobre o tema. A titulação superior àquela exigida no edital,
na mesma área profissional, satisfaz inteiramente o requisito de escolaridade para a posse no cargo público

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

almejado. O candidato aprovado que apresenta nível mais alto de escolaridade para a função certamente
terá desempenho superior, aportará mais conhecimento para a instituição de ensino, para os alunos e
para a sociedade. Benefício para todos.
14. Em sentido oposto, indeferir o ingresso do profissional nestas condições confronta com o próprio interesse
público, de selecionar de forma objetiva os mais bem preparados para exercer o múnus público, com o
propósito de excelência na prestação de serviços públicos. Trata-se, portanto, de privilegiar os princípios da
razoabilidade e da eficiência, porquanto o concurso público é o sistema adotado pela Administração
Pública para selecionar o candidato mais capacitado ao cargo.” (Fonte: O candidato que possua
qualificação superior àquela exigida para o cargo, no edital, tem direito de a ele concorrer.3

ENUNCIADO: Caio, bacharel em Física, prestou concurso público para o cargo de técnico de laboratório na
área de Física, sendo certo que o edital exigia para o exercício do cargo a qualificação consistente em Ensino
Médio profissionalizante na área ou Ensino Médio completo com curso técnico na área. Aprovado, Caio teve
sua posse negada pela administração pública, ao argumento de que não possuía a qualificação exigida no
edital. Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: o candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital, exige título
de Ensino Médio profissionalizante, ainda que não seja portador desse título, desde que detenha diploma de
nível superior na mesma área profissional. (FGV – TJMS – 2023).

1.8 AÇÃO CIVIL PÚBLICA E A DOMINIALIDADE DO BEM EXPROPRIADO


ADMINISTRATIVO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DOMINIALIDADE DO BEM EXPROPRIADO – REPERCUSSÃO
GERAL – TEMA 858 – STF - O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação
desapropriatória não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público para
discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a Ação
Rescisória; (STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 26/5/2021 -Repercussão Geral – Tema 858).

ENUNCIADO: O Município X ajuizou ação de desapropriação em face de Tício, proprietário do imóvel Y, tendo
sido fixada, nos autos judiciais, indenização ao particular. Quatro anos depois do trânsito em julgado, o
Ministério Público ajuizou ação civil pública em face de Tício sob a alegação de que a propriedade fora
adquirida irregularmente, motivo pelo qual não era o real proprietário do imóvel, não fazendo jus à indenização
paga, causando prejuízo ao erário. À luz da legislação em vigor e da jurisprudência atual, é correto afirmar
que: ASSETIVA CORRETA: a ação civil pública, como pretendida, não ofende a coisa julgada, ainda que
decorridos dois anos. (FGV – TJMS/2023).

1.9 ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS

ADMINISTRATIO – ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS – REPERCUSSÃO GERAL TEMA – STF - A


acumulação de cargos públicos de profissionais da área de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se
sujeita ao limite de 60 horas semanais previsto em norma infraconstitucional, pois inexiste tal requisito na
Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a acumulação é a compatibilidade de horários no
exercício das funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela administração pública. As hipóteses
excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos públicos previstas na Constituição Federal
sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade de horários, verificada no caso concreto, ainda
que haja norma infraconstitucional que limite a jornada semanal. (ARE 1246685 RG, Relator(a): MINISTRO
PRESIDENTE, Tribunal Pleno, julgado em 19/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-102
DIVULG 27-04-2020 PUBLIC 28-04-2020).
É possível a acumulação de mais de um cargo público ou emprego público? Em regra, não é possível. A
CF/88 proíbe a acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos. EXCEÇÕES: a própria CF/88 prevê
exceções a essa regra. Veja o que dispõe o art. 37, XVI: é vedada a acumulação remunerada de cargos

3 Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:


<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ebeb300882677f350ea818c8f333f5b9>.)

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no
inciso XI:4
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Art. 118, Lei nº 8.112/90: Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação
remunerada de cargos públicos. (...) § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à
comprovação da compatibilidade de horários.

ASSERTIVA CORRETA: as hipóteses excepcionais que permitem acumulação de cargos públicos, previstas no
Art. 37, XVI, da Constituição da República de 1988 exigem, apenas, compatibilidade de horários, a ser verificada
no caso concreto. (FGV – TJMS/2023).

1.10 SUPRESSÃO REMUNERÁTÓRIA DE POLICIAL INVESTIGADO EM SEDE DE SINDICÂNCIA

ADMINISTRATIVO – STF – SUPRESSÃO REMUNERÁTÓRIA DE POLICIAL INVESTIGADO EM SEDE DE


SINDICÂNCIA - O afastamento preventivo não pode implicar a supressão dos vencimentos, em
respeito aos princípios fundamentais da presunção de inocência, da ampla defesa e da
irredutibilidade dos vencimentos. É inconstitucional — por violar o devido processo legal (art. 5º,
LIV, CF/88) e o princípio da não culpabilidade (art. 5º, LVII, CF/88) — norma estadual que prevê
a supressão remuneratória de policial investigado em sede de sindicância. Não obstante, o
afastamento do acusado deve ser analisado à luz do caso concreto, com observância às garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, CF/88). (STF. Plenário. ADI 2926/PR, Rel. Min.
Nunes Marques, julgado em 20/03/2023) (Info 1087 - STF).

ENUNCIADO: O Estado Alfa publicou lei alterando o Estatuto dos Policiais Civis e inseriu norma dispondo que
o corregedor-geral da Polícia Civil decidirá fundamentadamente pelo afastamento temporário, ou não, do
exercício do cargo ou das funções, com supressão das vantagens previstas nesta lei, do servidor policial civil
processado criminalmente. O policial civil João foi denunciado pelo Ministério Público e a ação penal ainda
está em curso. Ao tomar conhecimento da tramitação do processo criminal, o corregedor-geral da Polícia Civil
praticou ato administrativo afastando João, com supressão de seus vencimentos, com base no novo
dispositivo legal mencionado. Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, a citada norma é
ASSERTIVA CORRETA: inconstitucional, no que tange à expressão "com supressão das vantagens previstas
nesta lei", por violação às cláusulas do devido processo legal e da não culpabilidade. (FGV TJES/2023).

1.11 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ADMINISTRATIVO – IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA – CONTRATAÇÃO DE SERVIDOR TEMPORÁRIO SEM


CONCURSO PÚBLICO – STJ - A contratação de servidores públicos temporários sem concurso público,
mas baseada em legislação local, por si só, não configura a improbidade administrativa prevista no art. 11
da Lei n. 8.429/1992, por estar ausente o elemento subjetivo (dolo) necessário para a configuração do ato de
improbidade violador dos princípios da administração pública. STJ 1ª Seção. Resp 1.913.638-MA (Recurso
Repetitivo - Tema 1108) (Info 736).

ENUNCIADO: Recentemente, Juevlina, prefeita do Município Delta, sem realizar concurso público,
dolosamente, promoveu a contratação por tempo determinado de Eleutério para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público, devidamente especificada nos termos da lei local vigente. No
exercício da respectiva função, Eleutério atuou de forma negligente, vindo a causar danos ao erário municipal,
de forma culposa.Diante dessa situação hipotética, considerando o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça e o disposto na Lei nº 8.429/1992, com a redação conferida pela Lei nº 14.230/2021, é correto afirmar
que: ASSERTIVA CORRETA: a conduta de Juvelina, por si só, não caracteriza ato de improbidade
administrativa. (FGV – SMF-RJ/2023).

4
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não há qualquer obstáculo ao recebimento acumulado de dois benefícios de pensão por morte se eles
decorrerem de cargos acumuláveis, expressamente previstos no art. 37, XVI, da CF/88. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0babdd954699df097833f3d27e01d03d>. Acesso em: 01/10/2023

13
Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

2. DIREITO CONSTITUCIONAL
2.1 DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA

CONSTITUCIONAL – STF - ADI n. 4925 – DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA - "EMENTA: CONSTITUCIONAL.


LEI ESTADUAL 12.635/07, DE SÃO PAULO. POSTES DE SUSTENTAÇÃO DA REDE ELÉTRICA. OBRIGAÇÃO DE
REMOÇÃO GRATUITA PELAS CONCESSIONÁRIAS EM PROVEITO DE CONVENIÊNCIAS PESSOAIS DOS
PROPRIETÁRIOS DE TERRENOS. ENCARGOS EXTRAORDINÁRIOS NÃO PREVISTOS NOS CONTRATOS DE
CONCESSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA TESE DE USURPAÇÃO DAS
COMPETÊNCIAS FEDERAIS PARA DISPOR SOBRE O TEMA " [...] 2. As competências para legislar sobre
energia elétrica e para definir os termos da exploração do serviço de seu fornecimento, inclusive sob regime
de concessão, cabem privativamente à União, nos termos dos art. 21, XII, “b"; 22, IV e 175 da Constituição.
Precedentes. 3. Ao criar, para as empresas que exploram o serviço de fornecimento de energia elétrica no
Estado de São Paulo, obrigação significativamente onerosa, a ser prestada em hipóteses de conteúdo vago
(“que estejam causando transtornos ou impedimentos") para o proveito de interesses individuais dos
proprietários de terrenos, o art. 2º da Lei estadual 12.635/07 imiscuiu-se indevidamente nos termos da
relação contratual estabelecida entre o poder federal e as concessionárias". (ADI 4925, Relator(a): TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 12/02/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-045 DIVULG 09-03-2015 PUBLIC 10-03-
2015)

ENUNCIADO: “Após ampla mobilização popular, com a realização de inúmeras audiências públicas no âmbito
da Assembleia Legislativa do Estado Alfa, ocasião em que foram ouvidos diversos especialistas em urbanismo,
meio ambiente e segurança viária, foi editada a Lei Estadual nº XX. Esse diploma normativo estabeleceu o prazo
de dois anos para que todas as sociedades empresárias em atuação no Estado, que explorassem o serviço de
energia elétrica, promovessem a substituição dos postes de sustentação de energia elétrica por instalações
subterrâneas, ressalvada a demonstração de total impossibilidade fática.” ASSERTIVA CORRETA: a Lei
Estadual nº XX é formalmente inconstitucional, pois a competência legislativa é influenciada pela natureza
da atividade desempenhada pelas referidas pessoas jurídicas, carecendo o Estado de competência.
(COMPETÊNCIA DA UNIÃO, art. 21, XII, “b”, CF). (FGV – TJPE/22).

2.2 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA

CONSTITUCIONAL – STF – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA - "É inconstitucional norma de constituição


estadual que estende o foro por prerrogativa de função a autoridades não contempladas pela
Constituição Federal de forma expressa ou por simetria. STF. Plenário. ADI 6501/PA, ADI 6508/RO, ADI 6515/AM
e ADI 6516/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/8/2021 (Info 1026)."

ASSERTIVA ERRADA: a Emenda à Lei Orgânica número 2 é inconstitucional, pois embora seja da competência
do ente municipal legislar sobre a prerrogativa de foro dos vereadores, a iniciativa para apresentar o projeto é
exclusiva do prefeito. (A CRFB não prevê foro por prerrogativa de função aos vereadores. Ademais, o STF
entende que Constituição Estadual não pode conceder foro por prerrogativa de função para vereadores, ante
a falta de previsão na CRFB). (FGV – TJPE/22).

2.3 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONSTITUCIONAL - STF – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - De acordo com entendimento do STF,


a decisão de mérito em sede de controle de constitucionalidade não vincula o Poder Legislativo em sua
função típica de legislar nem o próprio pleno do STF: As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF
no julgamento de ADI, ADC ou ADPF possuem eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante (§ 2º do
art. 102 da CF/88).
O Poder Legislativo, em sua função típica de legislar, não fica vinculado. Assim, o STF não proíbe que o
Poder Legislativo edite leis ou emendas constitucionais em sentido contrário ao que a Corte já decidiu.
Não existe uma vedação prévia a tais atos normativos. O legislador pode, por emenda constitucional ou lei

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

ordinária, superar a jurisprudência. Trata-se de uma reação legislativa à decisão da Corte Constitucional com
o objetivo de reversão jurisprudencial.
No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a
invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da
CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação
dada pelo STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se
ofender uma cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas.
ATENÇÃO: No caso de reversão jurisprudencial proposta por lei ordinária, a lei que frontalmente colidir com
a jurisprudência do STF nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade, de forma que caberá ao
legislador o ônus de demonstrar, argumentativamente, que a correção do precedente se afigura legítima.
Assim, para ser considerada válida, o Congresso Nacional deverá comprovar que as premissas fáticas e
jurídicas sobre as quais se fundou a decisão do STF no passado não mais subsistem. O Poder Legislativo
promoverá verdadeira hipótese de mutação constitucional pela via legislativa. STF. Plenário. ADI 5105/DF, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 1º/10/2015 (Info 801). (Fonte: QConcurso).

ASSERTIVA CORRETA: constitucional, pois o efeito vinculante da decisão proferida não obsta que o legislador edite outro
diploma normativo de idêntico teor. (a decisão proferida pelo STF não vincula o Poder Legislativo, nem o próprio Tribunal,
em relação a apreciações futuras da matéria. Assim, inexiste óbice a que o novo projeto de lei venha a ser aprovado e
sancionado, hipótese em que poderá a lei resultante vir a ser objeto de nova Ação Direta de Inconstitucionalidade, a ser
apreciada oportunamente pelo STF). (FGV – TJPE/22).

2.4 MANDADO DE INJUNÇÃO

CONSTITUCIONAL – STF – MI nº 4842 – MANDADO DE INJUNÇÃO - De acordo com o entendimento firmado


pelo Supremo Tribunal Federal, “Cabível é o mandado de injunção quando a autoridade administrativa se
recusa a examinar requerimento de aposentadoria especial de servidor público, com fundamento na
ausência da norma regulamentadora do art. 40, § 4º, da Constituição da República.” (MI 5328 AgR, Relator(a):
CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 07/11/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-237 DIVULG 02-12-2013 PUBLIC
03-12-2013)
OBS.: Comentários de colegas no QConcurso -TEORIAS QUANTO À EFICÁCIA DA DECISÃO EM MANDADO
DE INJUNÇÃO:
- Corrente não concretista: O Poder Judiciário, ao julgar procedente o MI, deverá apenas comunicar o Poder,
órgão, entidade ou autoridade que está sendo omisso. Foi adotada pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano
de 2007.
- Corrente concretista: O Poder Judiciário, ao julgar procedente o MI e reconhecer que existe a omissão do
Poder Público, deverá editar a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto,
uma já existente para outras ituações análogas. Divide-se em: Teoria Concretista Direta e Teoria Concretista
Intermediária.
ESPÉCIES DE CORRENTE CONCRETISTA:
▪︎ Quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado:
- Concretista direta: O Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do autor e isso
deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a
publicação do dispositivo da decisão.
- Concretista intermediária: Ao julgar procedente o MI, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar
uma oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a
decisão judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando.
Caracterizada por conceder prazo ao Poder ou órgão omisso para que edite a norma
cabível. Permanecendo a inércia, a omissão será suprida pela decisão judicial. (ADOTADA). Também se
subdivide em geral ou individual.
▪︎ Quanto às pessoas atingidas pela decisão:
- Concretista individual: A solução criada pelo Poder Judiciário para sanar a omissão estatal valerá apenas
para o autor do mandado de injunção. (ADOTADA).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

- Concretista geral: A decisão que o Poder Judiciário der no MI terá efeitos erga omnes e valerá para todas as
demais pessoas que estiverem na mesma situação.
ATENÇÃO: Nosso ordenamento adota a teoria concretista intermediária individual.
“Lei 13.300/16 - Art. 8º: Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar
prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; (...)” (Corrente Concretista
Intermediária).
“Art. 9º da Lei 13.300/16: A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento
da norma regulamentadora. (...).”

ENUNCIADO: João, servidor público do Estado Gama, deseja requerer a aposentadoria especial, em razão do
exercício de atividade em condições de insalubridade, mas descobre a ausência de norma regulamentadora
em seu Estado. ASSERTIVA CORRETA: poderá impetrar mandado de injunção, podendo o Poder Judiciário
estabelecer as condições em que se dará o exercício do direito, uma vez reconhecida e não suprida a mora
legislativa, no prazo determinado, pelo Estado Gama. (FGV – TJPE/22).

2.5 COMISSÕES PARLAMENTARES

CONSTITUCIONAL – STF - ADI 5416 - COMISSÕES PARLAMENTARES - É inconstitucional norma da


Constituição Estadual que preveja a possibilidade de a Assembleia Legislativa convocar o Presidente do
Tribunal de Justiça ou o Procurador-Geral de Justiça para prestar informações na Casa, afirmando que a
sua ausência configura crime de responsabilidade. O art. 50 da CF/88, norma de reprodução obrigatória,
somente autoriza que o Poder Legislativo convoque autoridades do Poder Executivo, e não do Poder Judiciário
ou do Ministério Público. Não podem os Estados-membros ampliar o rol de autoridades sujeitas à convocação
pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de responsabilidade, por violação ao princípio da simetria e à
competência privativa da União para legislar sobre o tema. STF. Plenário. ADI 2911, Rel. Carlos Britto, julgado em
10/08/2006. STF. Plenário. ADI 5416, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 03/04/2020 (Info 977).

2.6 EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATURALIZADO

CONSTITUCIONAL – STF – EXTRADIÇÃO DE BRASILEIRO NATURALIZADO – CELEBRAÇÃO DE TRATADO A


extradição é o processo oficial onde um Estado solicita e obtém de outro a entrega de uma pessoa condenada
ou suspeita da prática de uma infração criminal. No que concerne aos brasileiros, estabelece o artigo 5º, LI,
CF/88 que nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, na forma da lei. (Ext 690, Relator(a): NÉRI DA SILVEIRA, Tribunal Pleno, julgado em 06/03/1997, DJ 20-03-1998
PP-00005 EMENT VOL-01903-01 PP-00092)
“Art. 5º, LI, CF: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei. (...)”.
Quanto à aplicação do tratado, o entendimento adotado pelo decano do STF, a exemplo do PPE 769, é no
sentido de que a Corte admite a possibilidade de o tratado internacional aplicar-se a fatos criminosos
ocorridos antes de sua celebração. Isso porque tais convenções internacionais não tipificam crimes nem
estabelecem penas. “As normas extradicionais, legais ou convencionais, não constituem lei penal, não
incidindo, em consequência, a vedação constitucional de aplicação a fato anterior da legislação penal menos
favorável". (Fonte: Resposta professor do QConcurso).

ENUNCIADO: John, de nacionalidade estrangeira e que veio a se naturalizar brasileiro, tinha sido condenado,
anteriormente, em seu país de origem, em sentença judicial transitada em julgado, pela prática de crime
comum. Após anos de negociação, o seu país de origem celebrou tratado de extradição com o Estado brasileiro
e requereu a extradição de John. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que John: ASSERTIVA
CORRETA: pode ser extraditado em razão da natureza do crime e do momento em que o praticou, sendo-lhe
aplicável o tratado de extradição celebrado posteriormente. (FGV – TJDFT – ANALISTA/2022).

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2.7 CRIAÇÃO DE ORGÃO PÚBLICO POR INICIATIVA PARLAMENTAR

CONSTITUCIONAL – CRIAÇÃO DE ORGÃO PÚBLICO POR INICIATIVA PARLAMENTAR - É inconstitucional


norma de iniciativa parlamentar que preveja a criação de órgão público e organização administrativa: É
inconstitucional, na acepção formal, norma de iniciativa parlamentar que prevê a criação de órgão
público e organização administrativa, levando em conta iniciativa privativa do Chefe do Executivo – arts.
25 e 61, § 1º, II, alíneas “b" e “e", da CF/88. STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020
(Info 998).
“Art. 61, (...) § 1º: São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...) II - disponham sobre:
(...) b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
administração dos Territórios; (...) e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI; (...)”.

ENUNCIADO: Diversos vereadores do Município Beta apresentaram projeto de lei criando um órgão vinculado
à Secretaria Municipal de Saúde, que passaria a desenvolver algumas atividades que seriam relevantes, ao ver
dos autores da proposição, para a prevenção de possíveis danos à saúde. O projeto foi aprovado por
unanimidade e veio a ser sancionado pelo Prefeito Municipal, daí resultando a Lei nº XX. Irresignado com as
atividades que os profissionais da área de saúde a serem lotados no novo órgão passariam a exercer, já que
suas obrigações seriam sensivelmente ampliadas, o sindicato da categoria consultou seu advogado a respeito
da compatibilidade da Lei nº XX com a Constituição da República de 1988.O advogado respondeu
corretamente que a Lei nº XX é: ASSSERTIVA CORRETA: inconstitucional, pois a criação do órgão, com a
ampliação das atividades desempenhadas pela Secretária Municipal de Saúde, é matéria de iniciativa privativa
do Prefeito Municipal.

2.8 TERÇO CONTITUCIONAL DE FÉRIAS

CONSTITUCIONAL – STF – TERÇO CONTITUCIONAL DE FÉRIAS – INCIDÊNCIA – Repercussão Geral – Tema 1.241
Tese fixada pelo STF: “O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição Federal incide
sobre a remuneração relativa a todo período de férias.”. STF. Plenário. RE 1400787/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
em 15/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.241) (Info 1080).
O art. 7º, XVII, da CF/88 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal, sem limitar o tempo da sua duração, razão pela qual esse adicional
deve incidir sobre todo o tempo de descanso previsto em lei. (Fonte: Comentários QConcurso)

ENUNCIADO: João é servidor público ocupante do cargo efetivo de professor no Município Alfa. Não obstante
lei local em vigor desse Município preveja o direito de férias anuais de 45 dias aos professores municipais, o
atual prefeito, com base em parecer da Procuradoria Geral do Município, determinou que tais servidores
somente possuem direito a 30 dias de férias por ano, período sobre o qual deve recair o pagamento do terço
constitucional de férias, com base na Constituição da República de 1988. Inconformado, João aforou ação
judicial visando a garantir seu direito de férias de 45 dias anuais, requerendo que sobre esse período incida o
terço constitucional de férias. Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, o
magistrado deve decidir que a pretensão de João é: ASSERTIVA CORRETA: procedente, pois a norma municipal
que prevê 45 dias de férias é constitucional e o terço adicional de férias incide sobre a remuneração relativa a
todo o período de férias. (Se o servidor possui 45 dias de férias por ano, o pagamento do terço constitucional
de férias deverá incidir sobre 45, e não apenas sobre 30 dias) (FGV – TJMS/2023).

2.9 “ORÇAMENTO SECRETO – RP-9”

CONSTITUCIONAL - STF – “ORÇAMENTO SECRETO – RP-9” – USO AMPLIADO DE EMENDAS PELO RELATOR
NO ORÇAMENTO – VEDAÇÃO É vedada a utilização das emendas do relator-geral do orçamento com a
finalidade de criar novas despesas ou de ampliar as programações previstas no projeto de lei orçamentária
anual, uma vez que elas se destinam, exclusivamente, a corrigir erros e omissões (art. 166, § 3º, III, alínea
“a”, da CF/88). STF. Plenário. ADPF 850/DF, ADPF 851/DF, ADPF 854/DF e ADPF 1.014/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados
em 19/12/2022 (Info 1080).

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Comentários prova MEGE – TJMS: Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou
inconstitucional ochamado orçamento secreto, como ficaram conhecidas as emendas de relator ao
Orçamento Geral da União, identificadas pela sigla RP-9 (ADPFs 850, 851, 854 e 1014).
O orçamento secreto consiste no uso ampliado das emendas do relator-geral do
orçamento, para efeito de inclusão de novas despesas públicas ou programações no projeto de lei
orçamentária anual da União.
ATENÇÃO: Para a Suprema Corte, as emendas RP-9 violam os princípios constitucionais da transparência,
da impessoalidade, da moralidade e da publicidade por serem anônimas, sem identificação do proponente
e clareza sobre o destinatário. Pela decisão majoritária da Corte, esse tipo de prática orçamentária foi
declarado incompatível com a ordem constitucional brasileira, e as emendas do relator-geral devem se
destinar, exclusivamente, à correção de erros e omissões.

ENUNCIADO: O relator-geral do orçamento, com a finalidade de criar novas despesas ou de ampliar as


programações previstas no projeto de lei orçamentária anual da União, emendou o referido projeto com a
inclusão, na peça orçamentária, de recursos avulsos indicados, por bancadas ou parlamentares
individualizados, a beneficiários e prioridades de despesas operacionalizadas. Diante do exposto e de acordo
com a jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a referida emenda ao
projeto, caso a lei orçamentaria seja aprovada: ASSERTIVA CORRETA: não é autorizada pela CRFB/1988,
porque não observa os critérios objetivos orientados pelos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência. (FGV – TJMS/2023).

2.10 DEFENSORIA PÚBLICA – AUTONOMIA

CONSTITUCIONAL – DEFENSORIA PÚBLICA – AUTONOMIA – STF - Lei estadual que estabeleça que a
Defensoria Pública ficará subordinada ao Governador do Estado é inconstitucional por violar a autonomia da
Instituição (art. 134, § 2o da CF/88). (Info 657 /STF) (Plenário. ADI 3965/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, 7.3.2012.)
É inconstitucional, por violar o art. 134, § 2o, da CF, lei estadual que traga as seguintes previsões: a) A DPE
integra a Administração Direta; b) O Governador do Estado é auxiliado pelo Defensor Geral do Estado; c) O
Defensor Público-Geral é equiparado a Secretário de Estado. O STF entendeu que estas três regras eram
inconstitucionais por violarem a autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública
(art. 134, § 2o). Como os secretários estaduais são demissíveis ad nutum (livremente, por vontade do chefe do
Executivo), o Defensor Público-Geral, segundo a previsão da lei maranhense, também o seria, circunstância
que faria com que ele perdesse sua autonomia em relação ao governo. De acordo com o Relator, a intenção da
lei foi a de subordinar a Defensoria ao comando do Governador. (Plenário. ADI 4056/MA, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 7.3.2012.) (Info 657/STF).
"Art. 134, CF. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação
jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta
Constituição Federal.
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a
iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º."
ENUNCIADO: No âmbito do Estado Alfa, determinada sociedade empresária, que oferecia o fretamento de
ônibus para fins de transporte coletivo destinado à população de baixa renda, locou diversos veículos que se
encontravam em condições precárias. Por tal razão, esses veículos se envolveram em acidentes que
acarretaram a morte de diversas pessoas. Sensibilizado pelo clamor público e convicto da necessidade de
responsabilização dos autores, o governador do Estado Alfa, em coletiva de imprensa, informou que colocaria
a Defensoria Pública em regime de plantão especial, de modo a atender, com a maior celeridade possível, os
familiares das vítimas, com o correlato ajuizamento das ações de reparação de danos. ASSERTIVA CORRETA:
errada, pois a autonomia administrativa da Defensoria Pública afasta qualquer ingerência do governador do
Estado em relação à organização e à alocação dos recursos humanos dessa instituição. (FGV – DPE/RS 2023 -
Técnico).
@

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2.11 DEFENSORIA PÚBLICA - CAPACIDADE POSTULATÓRIA

CONSTITUCIONAL - DEFENSORIA PÚBLICA - CAPACIDADE POSTULATÓRIA - INSCRIÇÃO NA OAB - STF -


REPERCUSSÃO GERAL TEMA 1074 - Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL.
DEFENSOR PÚBLICO. CAPACIDADE POSTULATÓRIA. INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.
INCONSTITUCIONALIDADE. DESPROVIMENTO. 1. O artigo 134, § 1º, da CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ao outorgar
à lei complementar a organização da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, e a
edição de normas gerais organizacionais para as Defensorias Públicas dos Estados, vedou expressamente “o
exercício da advocacia fora das atribuições institucionais”. 2. A exigência prevista na Lei Complementar
80/1994, de que o candidato ao cargo de defensor público deve comprovar sua inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB, não conduz à inarredável conclusão de que o Defensor Público deve estar
inscrito nos registros da entidade. 3. O artigo 4º, § 6º, da Lei Complementar 80/1994, na redação dada pela
Lei Complementar 132/2009, dispõe que a capacidade postulatória do defensor decorre exclusivamente
de sua nomeação e posse no cargo público, para se dedicar unicamente à nobre missão institucional de
proporcionar o acesso dos assistidos à ordem jurídica justa. 4. Logo, o Defensor Público submete-se somente
ao regime próprio da Defensoria Pública, sendo inconstitucional a sua sujeição também ao Estatuto da
OAB. 5. Recurso extraordinário desprovido. Tese para fins da sistemática da (RE 1240999; 17.12.2021).
Outra decisão nesse sentido: Os Defensores Públicos não precisam estar inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) para desempenhar suas funções institucionais. STF. Plenário. ADI 4636/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2021 (Info 1036).

ASSERTIVA CORRETA: é inconstitucional norma elaborada com a exigência de inscrição na Ordem dos
advogados do Brasil para que os defensores públicos estaduais tenham capacidade postulatória. (FGV –
DPE/RS 2023 – Analista).

2.12 LIMITAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO AOS CRIMES PRATICADO NO CARGO E EM
RAZÃO DELE

CONSTITUCIONAL – COMPETÊNCIA - LIMITAÇÃO DO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO AOS CRIMES


PRATICADO NO CARGO E EM RAZÃO DELE – STF - Ementa: Direito Constitucional e Processual Penal.
Questão de Ordem em Ação Penal. Limitação do foro por prerrogativa de função aos crimes praticados no cargo
e em razão dele. Estabelecimento de marco temporal de fixação de competência. I. Quanto ao sentido e
alcance do foro por prerrogativa 1. O foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, na interpretação
até aqui adotada pelo Supremo Tribunal Federal, alcança todos os crimes de que são acusados os
agentes públicos previstos no art. 102, I, b e c da Constituição, inclusive os praticados antes da
investidura no cargo e os que não guardam qualquer relação com o seu exercício. 2. Impõe-se, todavia, a
alteração desta linha de entendimento, para restringir o foro privilegiado aos crimes praticados no cargo e em
razão do cargo. É que a prática atual não realiza adequadamente princípios constitucionais estruturantes,
como igualdade e república, por impedir, em grande número de casos, a responsabilização de agentes
públicos por crimes de naturezas diversas. Além disso, a falta de efetividade mínima do sistema penal, nesses
casos, frustra valores constitucionais importantes, como a probidade e a moralidade administrativa. 3. Para
assegurar que a prerrogativa de foro sirva ao seu papel constitucional de garantir o livre exercício das
funções – e não ao fim ilegítimo de assegurar impunidade – é indispensável que haja relação de
causalidade entre o crime imputado e o exercício do cargo. A experiência e as estatísticas revelam a
manifesta disfuncionalidade do sistema, causando indignação à sociedade e trazendo desprestígio para o
Supremo. 4. A orientação aqui preconizada encontra-se em harmonia com diversos precedentes do STF. De
fato, o Tribunal adotou idêntica lógica ao condicionar a imunidade parlamentar material – i.e., a que os protege
por 2 suas opiniões, palavras e votos – à exigência de que a manifestação tivesse relação com o exercício do
mandato. Ademais, em inúmeros casos, o STF realizou interpretação restritiva de suas competências
constitucionais, para adequá-las às suas finalidades. Precedentes. II. Quanto ao momento da fixação
definitiva da competência do STF 5. A partir do final da instrução processual, com a publicação do
despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar
ações penais – do STF ou de qualquer outro órgão – não será mais afetada em razão de o agente público
vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. A jurisprudência desta
Corte admite a possibilidade de prorrogação de competências constitucionais quando necessária para
preservar a efetividade e a racionalidade da prestação jurisdicional. Precedentes. III. Conclusão 6.
Resolução da questão de ordem com a fixação das seguintes teses: “(i) O foro por prerrogativa de função

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções
desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação
para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais
afetada em razão de o agente público vir a ocupar cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja
o motivo”. 7. Aplicação da nova linha interpretativa aos processos em curso. Ressalva de todos os atos
praticados e decisões proferidas pelo STF e demais juízos com base na jurisprudência anterior. 8. Como
resultado, determinação de baixa da ação penal ao Juízo da 256ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em razão de
o réu ter renunciado ao cargo de Deputado Federal e tendo em vista que a instrução processual já havia sido
finalizada perante a 1ª instância.
Tese: (i) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo
e relacionados às funções desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução processual, com a publicação do
despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar cargo ou deixar o cargo que ocupava,
qualquer que seja o motivo. (AP 937 QO/RJ) (Fonte: Site STF).
ATENÇÃO: A competência para julgamento do Deputado Federal é do STF, de acordo com o artigo 102, I, "b"
da CF. “Art. 102, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: b) nas infrações penais comuns,
o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e
o Procurador-Geral da República; (...)”.
Os membros do Congresso Nacional estão definidos no artigo 44 da CF. “Art. 44, CF: O Poder Legislativo é
exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.” Grifos
acrescidos.

ENUNCIADO: Jonas, deputado federal, no curso do mandato parlamentar, praticou o crime de corrupção
passiva, solicitando vantagem indevida para atuar em um determinado sentido no Congresso Nacional. A
Procuradoria Geral da República denunciou Jonas e o processo transcorreu de forma adequada. Finda a
audiência de instrução e julgamento, foi publicado o despacho, determinando que as partes apresentassem
alegações finais. Ato continuo, Jonas renunciou ao cargo de deputado federal e foi nomeado membro do
Tribunal de Contas do Estado Alfa, após a observância de todas as formalidades constitucionais e legais. Nesse
cenário, considerando as disposições constitucionais e o entendimento dominante dos Tribunais Superiores,
a competência para julgar o crime de corrupção passiva, supostamente perpetrado por Jonas, é do:
ASSERTIVA CORRETA: Supremo Tribunal Federal. (É de se notar que Jonas praticou o crime de corrupção
passiva no curso do mandato parlamentar, e em razão do mandato, adequando-se ao entendimento firmado
pelo STF: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas (AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, j.03/05/2018).
Assim, ainda que o parlamentar tenha renunciado ao cargo e sido nomeado em outro, não afasta a
competência do STF, tendo em vista o encerramento da fase de instrução, conforme entendimento do STF.
“Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de
alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o
agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.”). (FGV –
DPE/RS 2023 -Analista)

2.13 INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS

CONSTITUCIONAL – INTERVENÇÃO NOS MUNICÍPIOS – STF - É inconstitucional, por violação aos


princípios da simetria e da autonomia dos entes federados, norma de Constituição estadual que prevê
hipótese de intervenção do estado no município fora das que são taxativamente elencadas no art. 35 da
Constituição Federal. (STF. Plenário. ADI 6619/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/10/2022).

ENUNCIADO: A Constituição do Estado Gama, ao disciplinar a intervenção estadual nos Municípios, restringiu
a possibilidade de intervenção diante do não pagamento de dívida fundada. Com base no exposto e de acordo
com o entendimento predominante no Supremo Tribunal Federal, a Constituição do Estado Gama é:
ASSERTIVA CORRETA: inconstitucional, pois as constituições estaduais não podem acrescentar ou restringir
as hipóteses de intervenção estadual previstas na CRFB/1988. (FGV – TJES/2023).
A

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

2.14 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA – COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ESTADOS

CONSTITUCIONAL – ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA – COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ESTADOS – STF - É


constitucional o dispositivo de constituição estadual que confere ao tribunal de justiça local a
prerrogativa de processar e julgar ação direta de constitucionalidade contra leis e atos normativos
municipais tendo como parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução
obrigatória pelos estados. STF. 3/11/2021 (Info 1036). STF. Plenário. ADI 5647/AP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em
3/11/2021 (Info 1036).
É possível que uma lei ou ato normativo municipal seja impugnado por meio de ADI proposta no Tribunal
de Justiça?5 SIM. A CF/88 autorizou essa possibilidade, determinando que o tema seja tratado nas
Constituições estaduais. Confira: “Art. 125, CF: Os Estados organizarão sua Justiça, observados os
princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º - A competência dos tribunais será definida na
Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. § 2º -
Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos
ESTADUAIS OU MUNICIPAIS em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir
a um único órgão. (...)”. A CF/88 utilizou o termo “representação de inconstitucionalidade”, mas é plenamente
possível que a chamemos de “ação direta de inconstitucionalidade estadual” (ADI estadual).
ATENÇÃO: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
Quando é proposta uma ADI no TJ contra lei municipal, qual é o parâmetro que será analisado pelo Tribunal? A
Constituição Estadual. Isso está expressamente previsto no § 2º do art. 125 da CF/88. Assim, em regra,
quando o Tribunal de Justiça julga uma ADI proposta contra lei ou ato normativo estadual ou municipal,
ele deverá analisar se esta lei ou ato normativo viola ou não algum dispositivo da Constituição Estadual.
Quando o TJ julga uma ADI contra lei estadual ou municipal, ele poderá declará-la inconstitucional sob o
argumento de que viola um dispositivo da Constituição Federal? Em regra, não. Isso porque, como vimos
acima, o parâmetro da ADI proposta perante o TJ é a Constituição Estadual (e não a Constituição Federal).
Assim, em regra, na ADI estadual, o TJ irá analisar se a lei ou ato normativo atacado viola ou não a Constituição
Estadual. Este é o parâmetro da ação. O TJ não pode examinar se o ato impugnado ofende a Constituição
Federal. O STF, em reiteradas oportunidades, já decidiu sobre o tema: Não cabe a tribunais de justiça
estaduais exercer o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos municipais em face
da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 347, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 20/09/2006. Logo, o
TJ não pode dizer o seguinte: julgo a presente representação de inconstitucionalidade porque a Lei municipal
XX/2015 viola o art. YY da Constituição Federal de 1988. Exceção A regra acima exposta comporta uma
exceção. Os Tribunais de Justiça, ao julgarem a representação de inconstitucionalidade proposta contra
lei municipal, poderão declará-la inconstitucional utilizando como parâmetro dispositivos da
Constituição Federal, desde que eles sejam normas de reprodução obrigatória pelos Estados
Em síntese: Em regra, quando os Tribunais de Justiça exercem controle abstrato de constitucionalidade de
leis municipais deverão examinar a validade dessas leis à luz da Constituição Estadual. Exceção: os Tribunais
de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como
parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos
Estados.
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando
como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória
pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/2/2017 (Repercussão Geral – Tema 484) (Info 852). Obs.: A tese acima fala em “leis
municipais”, mas ela também pode ser aplicada para representações de inconstitucionalidade
propostas no TJ contra “leis estaduais”. A tese citou apenas de leis municipais porque foi o caso analisado
no recurso extraordinário.

ENUNCIADO: João, deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado Alfa, pretendia realizar uma
aliança com outros deputados estaduais, de modo a apresentar um projeto disciplinando as competências do
Tribunal de Justiça do respectivo Estado. Ao consultar sua assessoria a respeito do âmbito normativo em que

5
(Fonte: DOD https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2021/12/info-1036-stf.pdf).

21
Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

essa matéria deve ser disciplinada, foi-lhe corretamente informado que isto deve ocorrer no(a): ASSERTIVA
CORRETA: Constituição Estadual. (FGV – TJ/RN 2023 -Técnico).

2.15 DIREITOS SOCIAIS – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE DO MP

CONSTITUCIONAL – DIREITOS SOCIAIS – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE DO MP – STF – RG TEMA


850 - O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos
sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850) (Info 955).
Em caso hipotético em que o Procurador da República (Ministério Público Federal) ajuizou ação civil pública
contra a Caixa Econômica Federal acerca da liberação de contas do FGTS vinculadas ao trabalhador. Em
contestação, a CEF alegou que o MP não tinha legitimidade para ajuizar ACP tratando sobre o tema em virtude
da vedação contida no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP):
“Art. 1º (...) Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35/2001).”
Além disso, a CEF argumentou que, na referida ação, o Ministério Público está tutelando direitos individuais
homogêneos que são disponíveis, de forma que isso não se amolda às funções institucionais conferidas ao
Parquet no art. 127 da CF/88. (Fonte: Dizer o Direito).

ASSERTIVA CORRETA: é correto afirmar que o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar a ação civil
pública, considerando a elevada conotação social do direito envolvido, ainda que os beneficiários possam ser
individualmente determinados. (FGV – SMF-RJ Fiscal de rendas/2023).

2.16 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA - CONTRATO DE PPP

CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA - CONTRATO DE PPP – STF - “É inconstitucional


norma municipal que autoriza a celebração de contrato de parcerias público-privadas (PPP) para a
execução de obra pública desvinculada de qualquer serviço público ou social. Trata-se de previsão
inconstitucional porque invade a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação
e contrato (art. 22, XXVII, CF/88). (STF. Plenário. ADPF 282/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2023 (Info
1094).”

ASSERTIVA CORRETA: inconstitucional, pois, ao criar nova hipótese de PPP em evidente contrariedade ao que
está previsto na lei federal, violou regras constitucionais de repartição de competência. (FGV – TJES/2023).

2.17 ASCENSÃO FUNCIONAL

CONSTITUCIONAL – ASCENSÃO FUNCIONAL – STF - É inconstitucional a interpretação de disposições legais


que viabilizem a promoção a cargo de nível superior a servidores que ingressaram por concurso público para
cargo de nível médio. (STF. Plenário. ADI 6355/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/5/2021 (Info 1019)).
A ascensão funcional é compatível com a CF/88? NÃO. A promoção do servidor por ascensão
funcional constitui uma forma de “provimento derivado vertical”, ou seja, a pessoa assume um outro cargo
(provimento) em virtude de já ocupar um anterior (ou seja, derivado do primeiro), subindo no nível funcional
para um cargo melhor (vertical). A ascensão viola o princípio do concurso público. (...) O Supremo
Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de banir o acesso ou ascensão, que constitui forma de
provimento de cargo em carreira diversa daquela para a qual o servidor ingressou no serviço público.(...).
(STF. 2ª Turma. RE 602795 AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 16/03/2010.)
SÚMULA VINCULANTE 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-
se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a
carreira na qual anteriormente investido.
A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui ascensão
funcional, vedada pelo art. 37, II, da CF/88. (STF. Plenário. ADI 3199, Rel. Roberto Barroso, julgado em 20/04/2020
(Info 977). (Fonte: DOD).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

ENUNCIADO DA QUESTÃO: Em determinado Município, os servidores que atuavam em uma das respectivas
Secretarias podiam integrar duas carreiras distintas, compostas por cargos efetivos, cujo ingresso dependia
de concurso público, que tinham requisitos diferentes diante da natureza e complexidade das atribuições, a
saber: a de agente, que exigia nível médio; e a de auditor, que exigia nível superior. Ocorre que o prefeito de tal
Município apresentou projeto de lei, para unificar as mencionadas carreiras, consolidando os respectivos
cargos naquela que passou a designar apenas de auditor, com a exigência de nível superior para fins de
ingresso e a adoção da remuneração que até então era a superior. Tal projeto foi aprovado pela respectiva
Câmara de Vereadores, resultando na Lei nº XYZ, que, além de chancelar a unificação das carreiras, aumentou,
por iniciativa da Casa Legislativa, a remuneração dos servidores que passaram a integrá-la. Diante dessa
situação hipotética, à luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca do regime constitucional dos
servidores públicos, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: a transposição dos mencionados agentes
fiscais para a carreira unificada pela Lei nº XYZ é inconstitucional, na medida em que distintos os requisitos do
seu provimento originário. (FGV – SMF-RJ Fiscal de rendas/2023). (Essa lei é inconstitucional porque promoveu
uma hipótese clássica de “ascensão funcional”, violando a regra do concurso público, prevista no art. 37, II, da
CF/88: "Art. 37. (...) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação
e exoneração;" A referida Lei Municipal incluiu, na mesma carreira, cargo e funções com exigências para
ingresso distintos, de modo que servidores com apenas ensino médio passaram a fazer parte de uma nova
carreira de nível superior, com remuneração distinta da carreira para a qual fizeram concurso, em clara
violação à exigência constitucional de concurso público.)

2.18 DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

CONSTITUCIONAL – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA -


COMPETÊNCIA CONCORRENTE – RESPONSABILIDADE POR DANO AO MEIO AMBIENTE – STF - informativo
872, Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de
embarcações, oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio
ambiente, sendo essa matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF.
Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
“Art. 24, VI e VIII, da CF/88: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: (...) VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; (...) VIII - responsabilidade por dano ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
(...).”

ENUNCIADO: Em razão do grande fluxo de embarcações nas imediações das praias subjacentes ao território
do Estado Alfa, o que, não raro, resultava em danos ambientais, esse ente federativo editou a Lei estadual nº x
estabelecendo critérios para o controle de resíduos de embarcações. Ao tomar ciência do teor da Lei estadual
nº X, um legitimado a deflagração do controle concentrado de constitucionalidade, perante o Supremo Tribunal
Federal, solicitou que sua assessoria analisasse a compatibilidade desse diploma normativo com a ordem
constitucional. Foi corretamente informado que a lei estadual nº X: ASSERTIVA CORRETA: constitucional, já
que o Estado tem competência concorrente com a União para legislar sobre responsabilidade por dano ao meio
ambiente. (FGV – TJES/2023).

2.19 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – STF – REPERCUSSÃO GERAL TEMA 849


CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – STF – REPERCUSSÃO GERAL TEMA 849 – Tese:
“Compete aos municípios legislar sobre a obrigatoriedade de instalação de hidrômetros individuais nos
edifícios e condomínios, em razão do preponderante interesse local envolvido.” (STF. RE 738481/SE – INFO
1025).

ENUNCIADO: Em razão de sucessivos conflitos deflagrados em condomínios edilícios que contavam com um
único hidrômetro, de modo que o valor a ser pago em razão do fornecimento de água deveria ser rateado entre
os condôminos, o Município Alfa editou a Lei no X, dispondo que somente seria concedido habite-se, às
construções iniciadas após a sua publicação, caso contassem com hidrômetros individuais para cada unidade
autônoma. Irresignado com o teor da Lei municipal no X, a associação das empresas de construção consultou

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

a sua assessoria jurídica em relação à compatibilidade desse diploma normativo com a Constituição da
República de 1988, sendo-lhe corretamente respondido que: ASSERTIVA CORRETA: o Município Alfa tinha
competência para legislar sobre a matéria, em razão do preponderante interesse local. (FGV – SMF-RJ – Fiscal
de Rendas).

2.20 É INCONSTITUCIONAL NORMA DE CONSTITUIÇÃO ESTADUAL QUE EXIJA PRÉVIA ARGUIÇÃO E


APROVAÇÃO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA PARA QUE O GOVERNADOR DO ESTADO NOMEIE OS
DIRIGENTES DAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS

CONSTITUCIONAL - É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e


aprovação da Assembleia Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das
autarquias e fundações públicas, os presidentes das empresas de economia mista e assemelhados, os
interventores de Municípios, bem como os titulares da Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado.
STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
3/6/2020 (Info 980).

ENUNCIADO: A Constituição do Estado Alfa, com o objetivo de ampliar os níveis de controle popular sobre as
decisões políticas do Chefe do Poder Executivo, foi reformada e passou a dispor que todas as nomeações para
secretarias de governo, no âmbito do Estado Alfa e dos Municípios situados em seu território, deveriam ser
previamente aprovadas pelo Poder Legislativo, vale dizer, pela Assembleia Legislativa ou pela Câmara
Municipal, conforme o caso. Ao tomar conhecimento da reforma promovida na Constituição Estadual, o
Prefeito do Município Beta determinou que sua assessoria analisasse a compatibilidade da reforma com a
Constituição da República, sendo-lhe corretamente informado que ela é: ASSERTIVA CORRETA:
inconstitucional, já que a reforma afronta a separação dos poderes ao estabelecer indevida ingerência do
Poder Legislativo em atividade própria do Executivo. (FGV – AL-MA – Consultor Legislativo Especial – 2023).

2.21 ASSEMBLEIAS E CÂMARAS - CAPACIDADE PROCESSUAL LIMITADA À DEFESA INSTITUCIONAL

CONSTITUCIONAL – ASSEMBLEIAS E CÂMARAS - CAPACIDADE PROCESSUAL LIMITADA À DEFESA


INSTITUCIONAL – STJ - As casas legislativas - câmaras municipais e assembleias legislativas - têm apenas
personalidade judiciária, e não jurídica. Assim, só podem participar de processo judicial na defesa de direitos
institucionais próprios. Para o Superior Tribunal de Justiça, como as casas legislativas são órgãos
integrantes de entes políticos, possuem capacidade processual limitada, podendo atuar apenas na
defesa de interesses estritamente institucionais. Nos demais casos, cabe ao estado representar
judicialmente a Assembleia Legislativa e, no caso das câmaras de vereadores, aos respectivos municípios.
Esse entendimento foi aplicado no julgamento do recurso especial 1.164.017, da Primeira Seção, que concluiu
pela ilegitimidade ativa da Câmara de Vereadores do Município de Lagoa do Piauí (PI), que buscava afastar
a incidência da contribuição previdenciária sobre os vencimentos pagos aos vereadores. Segundo
o acórdão, “para se aferir a legitimação ativa dos órgãos legislativos, é necessário qualificar a pretensão
em análise para se concluir se está, ou não, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais”. No
caso apreciado, a legitimidade ativa foi afastada, pois a pretensão era de cunho patrimonial.6
ENUNCIADO: Os integrantes de certa Comissão da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão estão
analisando a viabilidade de ajuizamento de ações voltadas para as seguintes situações distintas: I. a tutela do
direito dos servidores do Poder Legislativo estadual, em decorrência de ato considerado ilegal que impactou
nas respectivas remunerações, ensejando grande insatisfação dos mencionados agentes públicos; II. a defesa
de prerrogativas institucionais da Assembleia, relacionadas ao devido processo legislativo. Diante dessa
situação hipotética, à luz da orientação do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que a Assembleia
Legislativa: ASSERTIVA CORRETA: não tem personalidade jurídica própria, reconhecendo-se-lhe, contudo,
capacidade processual para a defesa de suas prerrogativas institucionais. (FGV – AL-MA – Técnico de gestão –
Advogado/2023).
@

6
. (Fonte: site STJ https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2016/2016-04-28_09-02_Assembleias-e-camaras-tem-
capacidade-processual-limitada-a-defesa-institucional.aspx).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

2.22 PROCESSO LEGISLATIVO – EMENDA PARLAMENTAR EM PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO

CONSTITUCIONAL – PROCESSO LEGISLATIVO – EMENDA PARLAMENTAR EM PROJETO DE LEI DO


EXECUTIVO - STF - Embora possível a apresentação de emendas parlamentares a projetos de iniciativa
privativa do chefe do Poder Executivo, são inconstitucionais os atos normativos resultantes de alterações
que promovem aumento de despesa (art. 63, I, CF/88), bem como que não guardem estrita pertinência
com o objeto da proposta original, ainda que digam respeito à mesma matéria. STF. Plenário. ADI 6.091/RR, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 29/05/2023 (Info 1096)
(BUSCADOR DO DOD): REQUISITOS PARA QUE SEJA VÁLIDA A EMENDA PARLAMENTAR A PROJETOS DE
LEIS DE OUTROS PODERES:7
Parlamentar poderá apresentar emendas em um projeto de lei que seja de iniciativa privativa do chefe do
Poder Executivo? Em outras palavras, o projeto de lei que trata sobre uma das matérias do art. 61, § 1º da
CF/88 e que esteja tramitando no Parlamento poderá ser alterado pelos parlamentares? SIM. É possível
que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo, desde
que cumpridos dois requisitos:
a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original);
b) a emenda não acarrete aumento de despesas (art. 63, I, da CF/88).
Assim, nos projetos de lei de iniciativa do Chefe do Executivo, o parlamentar pode até propor emendas, mas
estas deverão respeitar as restrições trazidas pelo art. 63, I, da CF/88.
“Art. 63, CF: Não será admitido aumento da despesa prevista: I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente
da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; (...)”.
Obs.: os §§ 3º e 4º tratam sobre os projetos de lei orçamentária e da LDO; nesses dois casos é possível que a
emenda parlamentar acarrete aumento de despesas.
Veja um precedente antigo do Supremo nesse sentido:
“(...) A atuação dos integrantes da Assembleia Legislativa dos Estados-membros acha-se submetida, no
processo de formação das leis, à limitação imposta pelo art. 63 da Constituição, que veda — ressalvadas as
proposições de natureza orçamentária — o oferecimento de emendas parlamentares de que resulte o aumento
da despesa prevista nos projetos sujeitos ao exclusivo poder de iniciativa do Governador do Estado ou
referentes à organização administrativa dos Poderes Legislativo e Judiciário locais, bem assim do Ministério
Público estadual.(...)
O poder de emendar — que não constitui derivação do poder de iniciar o processo de formação das leis —
qualifica-se como prerrogativa deferida aos parlamentares, que se sujeitam, no entanto, quanto ao seu
exercício, às restrições impostas, em “numerus clausus”, pela Constituição Federal. (...)
Revela-se plenamente legítimo, desse modo, o exercício do poder de emenda pelos parlamentares,
mesmo quando se tratar de projetos de lei sujeitos à reserva de iniciativa de outros órgãos e Poderes do
Estado, incidindo, no entanto, sobre essa prerrogativa parlamentar — que é inerente à atividade legislativa —
, as restrições decorrentes do próprio texto constitucional (CF, art. 63, I e II), bem assim aquela fundada
na exigência de que as emendas de iniciativa parlamentar sempre guardem relação de pertinência
(“afinidade lógica”) com o objeto da proposição legislativa. Doutrina. (...) STF. Plenário. ADI 2681 MC, Rel. Min.
Celso De Mello, julgado em 11/09/2002.
ATENÇÃO: É possível que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Poderes
Executivo e Judiciário, desde que cumpram dois requisitos:
a) guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre o mesmo assunto);
b) não acarretem em aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5087 MC/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/8/2014 (Info 756). STF. Plenário. ADI 1333/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 29/10/2014 (Info 765).

7
(Fonte: Emenda parlamentar concedendo anistia a servidores grevistas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/96da2f590cd7246bbde0051047b0d6f7)

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

Cuidado para não confundir: É possível emenda constitucional de iniciativa parlamentar tratando sobre os
assuntos que, em caso de propositura de projeto de lei, seriam de iniciativa reservada ao chefe do Poder
Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88)?
• Emenda à Constituição Federal proposta por parlamentares FEDERAIS: SIM.
• Emenda à Constituição Estadual proposta por parlamentares ESTADUAIS: NÃO

ENCIANCIADO DA QUESTÃO: A Lei nº W do Estado Alfa que versa sobre regime jurídico e remuneração dos
servidores públicos estaduais na área da saúde resultou de projeto de lei de iniciativa do chefe do Poder
Executivo e sofreu emendas parlamentares com alterações que Instituíram gratificações aumentos
remuneratórios, estabeleceram obrigação para realizar concursos públicos e definiram percentuais de cargos
comissionados com novos critérios para incrementos remuneratórios. Diante do exposto e de acordo com a
jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que a Lei nº W é: ASSERTIVA
CORRETA: inconstitucional, pois é resultante de alterações que promovem aumento de despesa (CRFB/1988,
Art. 63, 1) e não guardam estrita pertinência com o objeto da proposta original, ainda que digam respeito à
mesma matéria. (Desse modo, a Lei nº W é inconstitucional, pois acarretou aumento de despesa ao instituiu
gratificações, aumentos remuneratórios e por não guardar estrita pertinência com o objeto da proposta original
ao prever a obrigação para realizar concursos públicos, além de definir percentuais de cargos comissionados
com novos critérios para incrementos remuneratórios – comentário professor QConcurso). (FGV – TJES/2023).

2.23 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – ZEE

CONSTITUCIONAL – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIA – ZEE - STF - Ementa: CONSTITUCIONAL.


FEDERALISMO E RESPEITO ÀS REGRAS DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA. LEI ESTADUAL 289/2015 DO
ESTADO DO AMAZONAS. PROIBIÇÃO DO USO DE ANIMAIS PARA O DESENVOLVIMENTO, EXPERIMENTOS E
TESTES DE PRODUTOS COSMÉTICOS, DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMES E SEUS COMPONENTES.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DO ESTADO EM MATÉRIA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (ART. 24,
VI, CF). NORMA ESTADUAL AMBIENTAL MAIS PROTETIVA, SE COMPARADA COM A LEGISLAÇÃO FEDERAL
SOBRE A MATÉRIA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES.
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 1. As regras de distribuição de competências legislativas são alicerces do
federalismo e consagram a fórmula de divisão de centros de poder em um Estado de Direito. Princípio da
predominância do interesse. 2. A Constituição Federal de 1988, presumindo de forma absoluta para algumas
matérias a presença do princípio da predominância do interesse, estabeleceu, a priori, diversas competências
para cada um dos entes federativos – União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios – e, a partir
dessas opções, pode ora acentuar maior centralização de poder, principalmente na própria União (CF, art. 22),
ora permitir uma maior descentralização nos Estados-Membros e nos Municípios (CF, arts. 24 e 30, inciso I). 3.
A Lei 289/2015 do Estado do Amazonas, ao proibir a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos
e testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus componentes, não invade a
competência da União para legislar sobre normas gerais em relação à proteção da fauna. Competência
legislativa concorrente dos Estados (art. 24, VI, da CF). 4. A sobreposição de opções políticas por graus
variáveis de proteção ambiental constitui circunstância própria do estabelecimento de competência
concorrente sobre a matéria. Em linha de princípio, admite-se que os Estados editem normas mais
protetivas ao meio ambiente, com fundamento em suas peculiaridades regionais e na preponderância de
seu interesse, conforme o caso. Precedentes. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida e julgada
improcedente. (ADI 5956 – Plenário, 30.04.2020).
“Por outro lado, é inadmissível que, no exercício de competência complementar residual, os Estados-
membros e o Distrito Federal formulem “disciplina que acaba por afastar a aplicação das normas federais
de caráter geral” (STF. Plenário. ADI 3.035, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJ 14/10/2005).
É inconstitucional, por invadir a competência legislativa geral da União (art. 24, VI, §§ 1º e 2º, da CF/88) e
violar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, § 1º, IV, da CF/88), norma estadual
que cria dispensa do licenciamento ambiental para atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente. STF. Plenário. ADI 4529/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 21/11/2022 (Info1076).
Vejamos a ADI 4069: Zoneamento ecológico-econômico do RJ não pode dispensar relatório de impacto
ambiental. Segundo o relator, ministro Edson Fachin, os zoneamentos devem seguir a orientação expressa da lei
que institui a Política Nacional do Meio Ambiente.

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL. REGRAS DE


DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS. LEI 5.067/2007 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUE
DISPÕE SOBRE O ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO E DEFINE CRITÉRIOS PARA A IMPLANTAÇÃO
DA ATIVIDADE DE SILVICULTURA ECONÔMICA NO ESTADO. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS ESTADUAIS RESTRITIVAS QUE DISPENSAM A ELABORAÇÃO DE
EIA/RIMA NOS TERMOS PREVISTOS PELA LEGISLAÇÃO FEDERAL. 1. Observando os procedimentos
impostos pelas normas federais, cabem aos Estados, não traçar propriamente as diretrizes de preservação
ambiental já dispostas pela lei federal, mas exercer sua competência concorrente e estabelecer, dentro destes
requisitos, sua normatização própria a respeito do Zoneamento Ecológico-Econômico. 2. A lei impugnada não
trata da instituição do zoneamento propriamente dito, que requer uma série de procedimentos próprios, mas
da fixação de critérios mínimos para que seja concretizado pelo Estado do Rio de Janeiro. Ateve-se, assim, a
exercer sua competência concorrente, observados os objetivos e os princípios estabelecidos em normas
gerais federais. 3. A legislação federal estipula disciplina geral que parece não deixar margem para as restrições
estabelecidas pela lei estadual no que concerne à exigibilidade da elaboração de EIA/RIMA. Não se admite que,
no uso de sua competência residual, defina o Estado regramento que implica seja afastada a aplicação do
determinado pelas normas gerais federais. Inconstitucionalidade da lei estadual que, a título de
complementação das normas gerais editadas pela União, dispensa a elaboração de EIA/RIMA nos termos por
ela previstos. Precedente. 4. A recomendação de eucalipto para Região Hidrográfica específica, além de não
instituir restrição ou exigência quanto ao tipo de silvicultura que pode ser desenvolvida na área, limita-se a
indicar orientação propícia às particularidades e aos riscos ambientais da atividade para o território, em
conformidade com a competência estadual concorrente para legislar sobre a matéria. A ausência de previsão
expressa de EIA/RIMA não significa que a lei, vinculada aos parâmetros federais, não esteja submetida à
elaboração do procedimento nos casos de sua obrigatoriedade. A eventual infringência ao regramento
programático do ZEE estabelecido pelas normas gerais federais exige apreciação fática do processo em curso
a revelar a não observância ou a contrariedade às suas disposições, matéria estranha ao controle abstrato de
constitucionalidade. 5. Ação Direta conhecida em parte e julgada parcialmente procedente.
“Política Nacional do Meio Ambiente - Em seu voto, o relator, ministro Edson Fachin, explicou que o ZEE foi
previsto pela Lei Federal 6.938/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, com a finalidade
de orientar a ação dos governos nas esferas federal, estadual, municipal e distrital para a manutenção do
equilíbrio ecológico, com desenvolvimento economicamente autossustentável. Assim, os zoneamentos
devem seguir a orientação expressa dessa lei federal, nos termos do artigo 2º do Decreto federal
4.297/2002, e levar em consideração, na distribuição espacial das atividades econômicas, a importância
ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas
de exploração e determinando, quando for o caso, a relocalização de atividades incompatíveis com suas
diretrizes gerais.
Fachin observou que a legislação federal sobre os ZEE indica os parâmetros e os requisitos mínimos que
os estados devem preencher na elaboração e na execução do projeto de zoneamento. "A legislação
federal, dessa forma, cuidou de estabelecer previamente as normas gerais de implantação do zoneamento,
com fim de preservar o patrimônio ambiental e zelar pela qualidade de vida dos cidadãos", assinalou. Segundo
o ministro, não cabe aos estados traçar as diretrizes de preservação ambiental já dispostas pela lei
federal, "mas exercer sua competência concorrente e estabelecer, dentro desses requisitos, sua
normatização". (...) Na avaliação do relator, de forma geral, a lei estadual ateve-se a exercer sua competência
concorrente, observados os objetivos e os princípios estabelecidos em normas gerais federais. Entretanto, em
dois pontos o ministro apontou inconstitucionalidades, especificamente no que dispõem os parágrafos
3º e 4º do artigo 10.
O ministro assinalou que o artigo 225, inciso IV, parágrafo 1º, da Constituição Federal exige a previsão de
estudo de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente e que a Política Nacional do Meio Ambiente inclui nas
atividades que caracterizam a silvicultura a “exploração econômica de madeira ou lenha e subprodutos
florestais", como a plantação de eucalipto, também condicionada à elaboração de EIA/RIMA. Assim, a lei
estadual, ao exigir a licença ambiental apenas para áreas acima de 200 hectares destinadas à silvicultura,
descumpriu a Resolução 01/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que prevê a exigência
para áreas acima de 100 hectares ou menores, dependendo de sua importância do ponto de vista ambiental.

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

O Plenário acompanhou o voto do relator e declarou a inconstitucionalidade dos parágrafos 3º e 4º do artigo


10 da lei fluminense e, por arrastamento, a expressão "observado, ainda, o disposto nos §§ 3º e 4º do Art. 10",
constante do caput do artigo 8º. (ADI 4960) 8

ENUNCIADO DA QUESTÃO: Certo estado da federação fez editar a Lei XYZ, que dispõe sobre o zoneamento
ecológico (ZEE) e define critérios de silvicultura econômica em seu território, enquanto mecanismo destinado
à manutenção, ao aproveitamento e ao uso econômico das florestas. Tal norma estabeleceu prazo para a
implantação do zoneamento ecológico (ZEE) regional, além de delimitar aspectos atinentes à divisão do
território e a realocação de empreendimentos, sem condicionar tais medidas à elaboração de estudo prévio de
impacto ambiental e relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA) para atividades que deveriam se submeter a
estes instrumentos, nos termos da legislação federal. A constitucionalidade da mencionada norma foi
questionada pelas vias pertinentes. Diante dessa situação hipotética, à luz da orientação do Supremo Tribunal
Federal, assinale a afirmativa correta. ASSERTIVA CORRETA: Compete ao Estado elaborar o ZEE em questão,
em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional, mas a norma é inconstitucional quanto
ao afastamento da realização de EIA/RIMA na situação descrita. (FGV – AL-MA – Técnico de gestão –
Advogado/2023).

8
Fonte: site STF https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=451655&ori=1).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

3. DIREITO PENAL
3.1 CONCURSO DE CRIMES

PENAL – STJ - CONCURSO DE CRIMES - Segundo a jurisprudência desta Corte, não há bis in idem na
condenação pelo crime de associação criminosa armada e pelo de roubo qualificado pelo concurso de
agentes, pois os delitos são autônomos, aperfeiçoando-se o primeiro independentemente do cometimento
de qualquer crime subsequente. Ademais, os bens jurídicos protegidos pelas normas incriminadoras são
distintos - no caso do art. 288, parágrafo único, do CP, a paz pública e do roubo qualificado, o patrimônio, a
integridade física e a liberdade do indivíduo. (AgRg no AREsp n. 1.425.424/SP, relator Ministro Jorge Mussi,
Quinta Turma, julgado em 6/8/2019, DJe de 19/8/2019.)
MEMORIZE: CONCURSO FORMAL = 1 só conduta e + de um crime
CONCURSO MATERIAL 2 AÇÕES = 2 RESULTADOS (soma penas) – Delitos autônomos que tutelam bens
diferentes. (Art. 69, CP).
ATENÇÃO: A arma de brinquedo NÃO mais aumenta a pena do crime de roubo, a súmula do STJ (174) foi
cancelada pelo próprio STJ; assim, simulacro de arma não aumenta mais a pena do crime de roubo, mas,
a arma de brinquedo ainda é objeto capaz de configurar a grave ameaça para configuração do crime de
roubo. No crime de roubo, quando existem outros elementos comprobatórios que levam a admitir a autoria
imputada ao réu, não é necessária a apreensão da arma ou sua perícia para o aumento da pena pelo seu uso.
STJ: HC 127.661-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/5/2009. (Fonte: Comentários professor QConcurso).

ENUNCIADO DA QUESTÃO (TJPE/22): Gerald, Harold, Arnold, Sid e Eugene se reúnem de forma permanente e
estável, por alguns meses, planejando roubos a determinados bancos. Ultimada essa fase, deflagram a
execução do roubo, com emprego de simulacros de armas de fogo, sendo certo que Harold, Arnold, Sid e
Eugene ingressam no estabelecimento bancário, realizando a rendição das pessoas e a coleta do dinheiro em
espécie, ao passo que Gerald permanece com um veículo de fuga ligado, na porta do banco. Quando da fuga,
são cercados pela polícia, dentro do carro, no quarteirão imediatamente posterior, ainda em posse dos
simulacros e do dinheiro arrecadado. os agentes responderão por: ASSERTIVA CORRETA: associação
criminosa e roubo majorado pelo concurso de pessoas, em concurso material. (FGV - TJPE/22)

3.2 SAIDA TEMPORÁRIA E CALENDÁRIO TEMPORÁRIO

PENAL – STJ – TEMA 445 - SAIDA TEMPORÁRIA – LEP - CALENDÁRIO TEMPORÁRIO - delegação à autoridade
prisional das datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios, a Corte firmou tese (segunda
tese), no sentido de que "o calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente,
pelo Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas
específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios". (STJ; Terceira Seção; REsp 1.544036/RJ; Relator
Ministro Rogerio Schietti Cruz; Publicado no DJe de 19/09/2016; em Recurso Repetitivo; Tema 445)

ASSERTIVA INCORRETA: O calendário prévio das saídas temporárias deve ser fixado pelo Juízo das Execuções,
sendo possível delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais o apenado irá usufruir
os benefícios, desde que tenha cumprido o mínimo de 1/6 da pena, se primário, e 1/4, se reincidente, e haja
compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. (NÃO É POSSIVEL DELEGAR). (FGV - TJPE/22)

3.3 VALORAÇÃO DA QUANTIDADE DA DROGA APREENDIDA

PENAL – STJ – HC 725534/SP - QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA - O STJ já sedimentou o entendimento


de que é possível a valoração da quantidade da droga apreendida com o condenado, tanto para fixação
da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição da pena, sendo que, neste último caso,
ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde que não tenham sido considerados na primeira fase
do cálculo da pena.
Neste sentido, confira-se os seguintes trechos de resumo de acórdão:

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A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do Eresp 1.887.511/SP, de Relatoria do Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA (em 9/6/2021), fixou as seguintes diretrizes para a aplicação do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.
1 - a natureza e a quantidade das drogas apreendidas são fatores a serem necessariamente considerados
na fixação da pena-base, nos termos do art. 42 da Lei n. 11.343/2006. 2 - sua utilização supletiva na terceira
fase da dosimetria da pena, para afastamento da diminuição de pena prevista no § 3º do art. 33 da Lei n.
11.343/2016, somente pode ocorrer quando esse vetor conjugado com outras circunstâncias do caso concreto
que, unidas, caracterizem a dedicação do agente à atividade criminosa ou a integração a organização
criminosa. 3 - podem ser utilizadas para modulação da causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33
da Lei n. 11.343/2006 quaisquer circunstâncias judiciais não preponderantes, previstas no art. 59 do Código
Penal, desde que não utilizadas na primeira etapa, para fixação da pena-base. (grifos no original). (...) 4.
Todavia, proponho a revisão das orientações estabelecidas nos itens 1 e 2 do Eresp 1.887.511/SP,
especificamente em relação à aferição supletiva da quantidade e da natureza da droga na terceira fase da
dosimetria. 5. No julgamento do ARE 666.334/AM, de Relatoria do Ministro Gilmar Mendes, o Pleno do STF, em
análise da matéria reconhecida como de repercussão geral, reafirmou a jurisprudência de que "as
circunstâncias da natureza e da quantidade da droga apreendida devem ser levadas em consideração
apenas em uma das fases do cálculo da pena". O resultado do julgado foi assim proclamado: Tese - As
circunstâncias da natureza e da quantidade da droga apreendida devem ser levadas em consideração apenas
em uma das fases do cálculo da pena. Obs.: Redação da tese aprovada nos termos do item 2 da Ata da 12ª
Sessão Administrativa do STF, realizada em 09/12/2015.
Tema 712 - Possibilidade, em caso de condenação pelo delito de tráfico de drogas, de valoração da quantidade
e da natureza da droga apreendida, tanto para a fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de
diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006. 6. Portanto, diante da orientação consolidada há
tempos pelas Cortes Superiores, proponho mantermos o posicionamento anterior, conforme acolhido no ARE
666.334/AM, sobre a possibilidade de valoração da quantidade e da natureza da droga apreendida, tanto para
a fixação da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei
11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde que não tenham sido
considerados na primeira fase do cálculo da pena.] (...) " (STJ; Terceira Seção; HC 725534/SP; Relator Ministro Ribeiro
Dantas; Publicado no DJe de 01/06/2022).

ASSERTIVA CORRETA: é possível a valoração da quantidade da droga apreendida com José, tanto para fixação
da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição referida, neste último caso ainda que sejam
os únicos elementos aferidos, desde que não tenham sido considerados na primeira fase do cálculo da
pena. (FGV - TJPE/22)

3.4 UTILIZAÇÃO DE INQUÉRITOS POLICIAIS E AÇÕES PENAIS EM CURSO SEJA PARA AGRAVAR A PENA-
BASE

PENAL – STJ – Diversamente das decisões cautelares, que se satisfazem com a afirmação de simples
indícios, os comandos legais referentes à aplicação da pena exigem a afirmação peremptória de fatos, e
não a mera expectativa ou suspeita de sua existência. Por isso, a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça tem rechaçado o emprego de inquéritos e ações penais em curso na formulação da dosimetria da pena,
tendo em vista a indefinição que os caracteriza. (TEMA REPETITIVO 1139 STJ)

ASSERTIVA ERRADA: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso seja para agravar a
pena-base, seja para afastar a aplicação da causa de diminuição referida, seja para aferir a periculosidade do
agente para fins de fundamentar eventual prisão cautelar, sob pena de ferir a presunção de inocência. (as
decisões cautelares podem se basear em ações penais e inquéritos policiais em curso.) (FGV - TJPE/22)

3.5 DOSIMETRIA – CRIME DE FURTO

PENAL – STJ – TEMA REPETITIVO 1087 – DOSIMETRIA – CRIME DE FURTO - O Superior Tribunal de Justiça
entendeu, sob a sistemática do recurso repetitivo (Tema 1.087), no julgamento do REsp 1.888.756/SP, fixando
a tese no sentido de que o furto praticado em período noturno é incompatível com a sua forma qualificada
pela escalada.
"RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. DIREITO PENAL. FURTO. PRECEDENTE JUDICIAL
VINCULATÓRIO. REEXAME DE ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL. NECESSIDADE. HERMENÊUTICA JURÍDICA.

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NÃO INCIDÊNCIA DA MAJORANTE DO REPOUSO NOTURNO NO FURTO QUALIFICADO. AUMENTO DE PENA EM


RAZÃO DE FURTO COMETIDO DURANTE O REPOUSO NOTURNO. DESPROPORCIONALIDADE.
1. Na formulação de precedente judicial, sobretudo diante de sua carga vinculatória, as orientações
jurisprudenciais, ainda que reiteradas, devem ser reexaminadas para que se mantenham ou se adéquem à
possibilidade de evolução de entendimento. 2. A interpretação sistemática pelo viés topográfico revela que a
causa de aumento de pena relativa ao cometimento do crime de furto durante o repouso noturno, prevista no
art. 155, § 1º, do CP, não incide nas hipóteses de furto qualificado, previstas no art. 155, § 4º, do CP. 3. A pena
decorrente da incidência da causa de aumento relativa ao furto noturno nas hipóteses de furto qualificado
resulta em quantitativo qu e não guarda correlação com a gravidade do crime cometido e, por conseguinte,
com o princípio da proporcionalidade. 4. Tese jurídica: A causa de aumento prevista no § 1° do art. 155 do
Código Penal (prática do crime de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma
qualificada (§ 4°). 5. Recurso especial parcialmente provido." (STJ; Terceira Seção, REsp 1.888.756/SP; Relator
Ministro João Otávio de Noronha; Publicado no DJe de 27/06/2022).

ASSERTIVA CORRETA: não é possível a aplicação da causa de aumento relativa à prática de furto no período
noturno em concomitância com a qualificadora da escalada. (FGV - TJPE/22)

3.6 FURTO NOTURNO

ATENÇAO PARA ESTE JUGADO - O Superior Tribunal de Justiça, firmou tese, em sede de recurso repetitivo
(Tema 1144), no sentido de que "são irrelevantes os fatos das vítimas estarem, ou não, dormindo no
momento do crime, ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, residência
desabitada ou em veículos, bastando que o furto ocorra, obrigatoriamente, à noite e em situação de
repouso." A questão foi submetida a julgamento no âmbito do REsp 1.979.989/RS, proferido pela Terceira Seção do STJ,
de relatoria do Ministro Joel Ilan Paciornik, publicado no DJe 27/06/2022.

ASSERTIVA INCORRETA: não seria aplicável a causa de aumento relativa ao furto noturno na hipótese em que
a casa estivesse desabitada, por ausência de violação ao bem jurídico. (FGV - TJPE/22)

3.7 O DIREITO DE CUMPRIR PENA PRÓXIMO À FAMÍLIA OU LOCAL DE ORIGEM

PENAL – STJ - NÃO É ABSOLUTO O DIREITO DE CUMPRIR PENA PRÓXIMO À FAMÍLIA OU LOCAL DE ORIGEM
- Segundo o STF (ex., HC 88508 MC-AgR) e o STJ (HC 576284, AgRg no HC 565366, RHC 026981 e HC 571604), a pessoa
privada de liberdade não detém o direito absoluto de cumprir a sanção penal em unidade situada próxima
a seus familiares e/ou local de origem ou trabalho. Trata-se, de direito relativo que pode ceder diante de
outros valores/interesses públicos, tal como previsto na Lei nº 11671/08 (transferência de presos
condenados/provisórios p/ o sistema penitenciário federal no interesse da segurança púb. (art. 3º)). Ainda a
propósito do tema, vide a Regra 59.1 das Regras de Mandela, cujo teor redacional parece indicar cuidar-se de
um direito que pode ser flexibilizado (“...sempre que possível...”), e o art. 86 da LEP.
LEI SECA: "Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem
ser executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.
§ 3 Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o estabelecimento
prisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e aos requisitos
estabelecidos."

ASSERTIVA CORRETA: a transferência de José para Petrolina/PE dependerá da conveniência da Administração


e pode ser negada por decisão fundamentada do juízo da execução penal. (FGV - TJPE/22)

3.8 ESTATUTO DO DESARMAMENTO - PERÍCIA

PENAL – STJ – ESTATUTO DO DESARMAMENTO - PERÍCIA De acordo com o STJ, a condenação por posse
irregular ou porte ilegal de arma de fogo de uso permitido não depende da realização de perícia que
comprove o potencial ofensivo do artefato, tendo em vista ser crime de perigo abstrato: “É irrelevante
(desnecessária) a realização de exame pericial para a comprovação da potencialidade lesiva do artefato, pois
basta o simples porte de arma de fogo, ainda que desmuniciada, em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, para a incidência do tipo penal. Isso porque os crimes previstos no arts. 12, 14 e 16 da Lei

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10.826/03 são de perigo abstrato, cujo objeto jurídico imediato é a segurança coletiva”. (5ª Turma. AgRg no REsp
1294551/GO, Rel. Min. Jorge Mussi, j. em 07/08/2014). (FGV - SENADO FEDERAL/22).

3.9 APREENSÃO DE ÍNFIMA QUANTIDADE DE MUNIÇÃO DESACOMPANHADA DE ARMA DE FOGO


PENAL – STJ - Jurisprudência em teses n. 108: “2) A apreensão de ínfima quantidade de munição
desacompanhada de arma de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar
ao reconhecimento de atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem jurídico
tutelado pela norma". No mesmo sentido, o STF entendeu que “é atípica a conduta daquele que porta, na
forma de pingente, munição desacompanhada de arma”. (2ª Turma. HC 133984/MG, Rel. Min. Carmen Lúcia,
julgado em 17/5/2016 - Info 826).
COMENTÁRIOS QCONCURSO: esses entendimentos são a exceção, não a regra. Em julgados mais recentes
não se tem reconhecido o princípio da insignificância nesse crime, mesmo diante da quantidade ínfima
de munição, quando acompanhado de outros, especialmente tráfico de drogas e associação para o
tráfico: "No caso concreto, embora o réu tenha sido preso com apenas uma munição de uso restrito,
desacompanhada de arma de fogo, ele foi também condenado pela prática dos crimes descritos nos arts.
33 e 35, da Lei nº 11.343/2006 (tráfico de drogas e associação para o tráfico), o que afasta o
reconhecimento da atipicidade da conduta, por não estarem demonstradas a mínima ofensividade da
ação e a ausência de periculosidade social exigidas para tal finalidade" (STJ,. 3ª Seção. EREsp 1856980-SC,
22/09/2021 - Info 710).
"Não se reconhece a incidência excepcional do princípio da insignificância ao crime de posse ou porte
ilegal de munição, quando acompanhado de outros delitos, tais como o tráfico de drogas" (STF, 1ª Turma.
HC 206977 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 18/12/2021). (FGV – SENADO FERDERAL/22).

3.10 CRIME CONTINUADO


PENAL – STJ – CRIME CONTINUADO - Há doutrina que defende que o crime continuado só alcança crimes da
mesma espécie, o que significa aqueles que tenham a mesma tipificação legal. CONTUDO não é o que defende
do STJ: “A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça compreende que, para a caracterização da
continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (mesmas condições
de tempo, lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos),
nos termos do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto,
não é necessário que os fatos sejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o
mesmo bem jurídico e sejam perpetrados pelo mesmo modo de execução” (REsp 1.767.902/RJ, j.
13/12/2018).

3.11 ESTUPRO QUALIFICADO


PENAL – ESTUPRO QUALIFICADO – STJ - A simulação de arma de fogo pode sim configurar a "grave
ameaça", para os fins do tipo do art. 213 do Código Penal. A jurisprudência desta Corte Superior tem-se
firmado no sentido de que a simulação de arma de fogo, desde que seja fato comprovado e confirmado pelas
instâncias ordinárias, pode sim configurar a "grave ameaça", pois esse é de fato o sentimento unilateral
provocado no espírito da vítima subjugada. (REsp 1.916.611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (desembargador
Convocado Do Trf 1ª Região), Sexta Turma, julgado em 21/09/2021.).
“Art. 213, §1º do CP: (...) Se a conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito
ou maior de 14 (quatorze) anos.
ENUNCIADO: Nélio, colocando a mão sob sua camisa e simulando estar armado, aborda Olímpia, de 15 anos
de idade, e determina que ela o masturbe, sob ameaça de morte. Temendo por sua vida, por acreditar que ele
realmente estivesse armado, Olímpia cumpre a ordem. Diante do caso narrado, Nélio deverá responder
por: ASSERTIVA CORRETA: estupro, em sua forma qualificada. (FGV TJES/2023).

3.12 TEORIA DO DOMINIO DO FATO


PENAL - TEORIA DO DOMINIO DO FATO - No REsp 1.854.893-SP, julgado em 2020, o Tribunal decidiu que “o
conceito de ‘domínio do fato’ ou ‘domínio final do fato’ não se satisfaz com a simples referência à posição
do indivíduo como administrador ou gestor (de fato ou previsto no contrato social da empresa). Vale dizer, é
insuficiente considerar tal circunstância, isoladamente, para que se possa atribuir a responsabilidade penal
pela prática de crime tributário”. Do inteiro teor do julgado é possível extrair a seguinte lição “(Claus) Roxin

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

desenvolveu uma teoria em que o domínio do fato se manifestava de três maneiras, sem a pretensão de
universalidade sobre todos os casos: a) domínio da ação, nas hipóteses em que o agente realiza, por sua
própria pessoa, todos os elementos estruturais do crime (autoria imediata); b) domínio da vontade, na qual
um terceiro funciona como instrumento do crime (autoria mediata); e c) domínio funcional do fato, que trata
da ação coordenada, com divisão de tarefas, por pelo menos mais uma pessoa”. Segundo Rogério Sanches
“duas ou mais pessoas atuam em COLABORAÇÃO, sendo que cada uma delas tem uma espécie de domínio
sobre o todo. (...) A chamada IMPUTAÇÃO RECIPROCA.”
OBS.: A teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor. Para essa concepção, autor é quem possui
controle sobre o domínio final do fato, domina finalisticamente o trâmite do crime e decide acerca da sua
prática, suspensão, interrupção e condições.
COMENTÁRIOS colegas do QConcurso: Teoria do domínio do fato: (APLICADA PELO STF)
diferencia autor e partícipe, sem realizar a imputação de responsabilidade penal.
NÃO se aplica aos delitos omissivos.
Comprovação de um plano delituoso.
Autor: é aquele que: pratica diretamente o fato. Não praticando diretamente o fato possui atividade
indispensável. Vale de um terceiro para executar um fato (AUTORIA MEDIATA). Possui poder de
decisão sobre a realização do fato.
Partícipe: Quem concorre para o crime sem ter o domínio do fato (Ex.: instigação e auxílio).

ASSERTIVA CORRETA: A referida teoria não significa uma expansão dos limites ou fundamentos da
responsabilidade penal, mas somente um critério de diferenciação entre autor e partícipe.

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4. DIREITO PROCESSUAL PENAL


4.1 TRIBUNAL DO JURI
PROCESSO PENAL – TRIBUNAL DO JURI – RECURSO DO ASSISTÊNTE - Na majoritária jurisprudência dos
tribunais referindo a taxatividade do rol do artigo 271 do CPP, de maneira que o assistente somente poderia
arrazoar tal recurso caso interposto pelo MP.
ATENÇÃO: a recente jurisprudência entende pela flexibilização do rol desse artigo RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO INTERPOSTO PELO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. LEGITIMIDADE. PRETENSÃO QUE NÃO EXTRAPOLOU
OS LIMITES DA DENÚNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. O Superior Tribunal de Justiça firmou a orientação de que não cabe habeas corpus em substituição ao
recurso próprio, impondo-se, em situações tais, o não conhecimento da impetração, salvo se identificada
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A jurisprudência do STJ tem-se posicionado no sentido de flexibilizar o rigor da regra contida no art. 271
do Código de Processo Penal, de modo a, conferindo-lhe caráter mais abrangente, reconhecer a legitimidade
recursal do assistente de acusação quando interpõe recurso contra decisão de desclassificação de crime
de competência do tribunal do júri.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.” AgRg no HC 539346 / PE RELATOR Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA (1123) T5 - QUINTA TURMA DATA DO JULGAMENTO 13/09/2022 DJe 16/09/2022.

ASSERTIVA INCORRETA: Admite-se a interposição de recurso em sentido estrito pelo ofendido não habilitado
como assistente se o Ministério Público não recorrer da decisão. (STJ – FLEXIBILIZAÇÃO DO ROL DO ART. 271/CPP).
(FGV – TJPE/22).

4.2 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


PROCESSO PENAL – STJ – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - 6a Turma. HC 468.526/SP - É admissível o
ajuizamento de ação cautelar inominada para atribuir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito
interposto pelo Ministério Público contra decisão que substituiu a prisão preventiva da Paciente pela
domiciliar. Inaplicável, ao caso, a Súmula nº 604 do Superior Tribunal de Justiça, que é específica ao proibir o
uso do mandado de segurança como via de atribuição de efeito suspensivo a recurso criminal da Acusação.
Obs.: O prazo para o ofendido não habilitado como assistente interpor recurso de apelação será de 15 dias,
contados do término do prazo do Ministério Público.
ASSERTIVA CORRETA: Admite-se a medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso em sentido estrito
desprovido originariamente deste efeito. (FGV). (TJPE/22).

4.3 CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO POR MEIO DE SAQUE DE CHEQUE FRAUDADO


PROCESSO PENAL - COMPETÊNCIA - O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque
fraudado compete ao Juízo do local da agência bancária da vítima. STJ. 3ª Seção. CC 182.977-PR, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).
Art. 70. (...) § 4º: Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de
fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a
competência firmar-se-á pela prevenção.
João foi vítima de tentativa de estelionato e procurou a Delegacia de Polícia de Serra Talhada/PE, cidade em
que reside e na qual se encontra sua agência bancária. Narrou que, no dia 15/03/2022, houve a tentativa de
compensação de um cheque clonado em sua conta-corrente, que somente não foi pago pela instituição
bancária em razão de insuficiência de fundos. Foi apurado que a cártula fora depositada em agência bancária
localizada na cidade de Jaboatão dos Guararapes/PE. ASSERTIVA CORRETA: Serra Talhada/PE, já que a
competência para julgar o delito de estelionato cometido por meio de cheque fraudulento é a do local do
prejuízo, que ocorre com a autorização para o saque do numerário no local da agência bancária da vítima. (FGV).
(TJPE/22).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

4.4 JULGAR DELITOS COMETIDOS A BORDO DE AERONAVES


PROCESSO PENAL – COMPETENCIA É da competência da Justiça Federal processar e julgar delitos
cometidos a bordo de aeronaves, nos termos do inciso IX do art. 109 da CF/88, não influenciando, para fins
de competência, o fato de a aeronave estar em solo ou sobrevoando. STJ. 3ª Seção. CC 143.343/MS, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/11/2016.
O art. 109, IX, da CF/88 afirma que compete à Justiça Federal julgar os crimes praticados a bordo de navios ou
aeronaves, com exceção daqueles que forem da Justiça Militar.
VEJAMOS AS SEGUINTES OBSERVAÇÕES (DIZER O DIREITO):
Aeronave voando ou parada: a competência será da Justiça Federal mesmo que o crime seja cometido a
bordo de uma aeronave pousada. Não é necessário que a aeronave esteja em movimento para a competência
ser da Justiça Federal.
Navio em situação de deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento: para que
o crime cometido a bordo de navio seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio
esteja em deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento (ex: está parado
provisoriamente no porto, mas já seguirá rumo a outro país).
Se o navio estiver atracado e não se encontrar em potencial situação de deslocamento, a competência será da
Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 118503-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/4/2015 (Info 560)
CUIDADO: Navio = embarcação de grande porte. Para que o crime seja de competência da Justiça Federal,
é necessário que o navio seja uma “embarcação de grande porte”. Assim, se o delito for cometido a bordo de
um pequeno barco, lancha, veleiro etc., a competência será da Justiça Estadual.
ENUNCIADO: Tício e Mévio foram presos em flagrante delito pela prática de crime de roubo ocorrido a bordo
de aeronave pousada na pista do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes – Gilberto Freyre. O crime
consistiu na subtração, mediante grave ameaça, de numerário pertencente ao Banco do Brasil e sob guarda de
empresa transportadora de valores. a competência será da: ASSERTIVA CORRETA: Justiça federal, tendo em
conta que o crime foi cometido a bordo de aeronave, ainda que em solo. (FGV (TJPE/22).

4.5 CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA


PROCESSO PENAL – STJ CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO EM
NOME DE TERCEIRO. INADIMPLEMENTO TOTAL DAS PARCELAS DO FINANCIAMENTO. IRRELEVÂNCIA PARA
FINS DE CONFIGURAÇÃO DE CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. 1. A competência para processar e julgar a conduta de obtenção fraudulenta de
empréstimo bancário é definida em razão da espécie da operação pretendida ou realizada: se o mútuo é
concedido para que o dinheiro seja empregado em uma finalidade específica, compete à Justiça
Federal processar e julgar o delito, enquadrado no tipo penal do artigo 19 da Lei nº 7.492/86; caso
contrário, está-se diante de estelionato. (...). (CC n. 140.386/PR, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura,
Terceira Seção, julgado em 12/8/2015, DJe de 20/8/2015.).

ENUNCIADO: Assinale a opção que, independentemente de qualquer circunstância não informada,


descreve um delito de competência da Justiça Federal. ASSERTIVA CORRETA: Obtenção de
financiamento, por fraude, no Banco do Brasil. (SENADO FEDERAL/22) (FGV). O que importa para a fixação
da competência da Justiça Federal é a conduta FRAUDULENTA de obtenção de empréstimo bancário. O Banco
do Brasil ai foi só uma pegadinha daquelas bem maldosas. Não influência em nada.

4.6 DESCLASSIFICAÇÃO PARA RECEPTAÇÃO (CP, ART. 180). PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA


JUSTIÇA FEDERAL: IMPOSSIBILIDADE

PROCESSO PENAL – STJ – CONFLITO DE COMPETÊNCIA - Ementa: PROCESSO PENAL E CONSTITUCIONAL.


AÇÃO PENAL. CONTRABANDO DE ARMA DE FOGO (CP, ART. 334, § 1º, C). DESCLASSIFICAÇÃO PARA
RECEPTAÇÃO (CP, ART. 180). PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.
IMPOSSIBILIDADE. 1. A norma do art. 81, caput , do CPP, ainda que busque privilegiar a celeridade, a economia
e a efetividade processuais, não possui aptidão para modificar competência absoluta constitucionalmente
estabelecida, como é o caso da competência da Justiça Federal. 2. Ausente qualquer das hipóteses
previstas no art. 109, IV, da CF, ainda que isso somente tenha sido constatado após a realização da
instrução, os autos devem ser remetidos ao Juízo competente, nos termos do § 2º do art. 383 do CPP. 3.

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

Ordem concedida. (HC 113845, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 20/08/2013, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-174 DIVULG 04-09-2013 PUBLIC 05-09-2013).
ASSERTIVA CORRETA: sobrevindo a extinção da punibilidade do fato antes de encerrada a instrução criminal,
desaparece o interesse da União para examinar os demais delitos, devendo ser o feito deslocado para a Justiça
Estadual. (TCE/TO – ANALISTA) (FGV). O juiz federal, ao desclassificar a conduta do delito, deverá julgar-se
incompetente para continuar no exame da causa e declinar a competência para a Justiça Estadual, nos termos
do § 2º do art. 383 do CPP. Entende-se que, se no processo não há mais nenhum crime federal sendo julgado,
a causa não poderá mais ser apreciada pela Justiça Federal, sob pena de haver uma violação ao art. 109 da
CF/88 que define taxativamente (exaustivamente) os crimes julgados pela Justiça Federal. (COMENTÁRIOS
QCONCURSO Q1985218).

4.7 HABEAS CORPUS

PROCESSO PENAL – DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO – Seguem os comentários realizados pelo
MEGE na PROVA COMENTADA DO TJMS 2023 (págs.: 92/93):
“Conquanto conste de normas internas de diversos órgãos jurisdicionais, inclusive do Regimento Interno do
STF, que a oposição do paciente configuraria óbice ao conhecimento do habeas corpus, tais previsões
devem ser compreendidas com ressalvas. O dissenso do paciente ou de sua defesa técnica pode, de fato,
figurar como legítimo obstáculo ao conhecimento da impetração, notadamente em casos em que, por
exemplo, o HC possa ser manejado com desvio de finalidade, tendo por escopo tão somente conferir
notoriedade ao impetrante ou, ainda que não intencionalmente, a impetração possa acarretar atropelo da
estratégia defensiva e submissão precoce de teses defensivas ao crivo do Estado-Juiz.
Registre-se que, a Segunda Turma STF, em impetrações formalizadas por terceiros alheios à defesa
técnica que patrocina os interesses do paciente, tem afirmado o não conhecimento de habeas corpus
que possam, ainda que indireta e não deliberadamente, desvirtuar a função protetiva da referida garantia
constitucional e acarretar prejuízos ao desenvolvimento das atividades da defesa técnica constituída.
PEDRINA, Gustavo et al. Habeas Corpus no Supremo Tribunal Federal. São Paulo (SP): Editora Revista dos Tribunais. 2019.
(...)É por essa razão que o Supremo Tribunal Federal, em situações como a que se registra nestes autos, tem
decidido, com apoio no preceito regimental mencionado, que “Não se deve conhecer do pedido de ‘habeas
corpus’, quando este, ajuizado originariamente perante o Supremo Tribunal Federal, é desautorizado pelo
próprio paciente (RISTF, art. 192, parágrafo único)...” (RTJ 161/475, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
REGIMENTO INTERNO STF “Art. 192. Quando a matéria for objeto de jurisprudência consolidada do Tribunal,
o Relator poderá desde logo denegar ou conceder a ordem, ainda que de ofício, à vista da documentação da
petição inicial ou do teor das informações. (...) § 3º Não se conhecerá de pedido desautorizado pelo
paciente.”
Ademais, cumpre destacar que, consoante o art. 654 CPP e a jurisprudência consolidada, o Ministério
Público dispõe de legitimidade ativa ‘ad causam’ para ajuizar, em favor de terceiros, a ação de ‘habeas
corpus’.”
ENUNCIADO DA QUESTÃO: Rubens, desafeto declarado de Alfredo, impetrou habeas corpus em favor deste,
que se encontrava preso ilegalmente por ato do Delegado de Polícia da Comarca. Alfredo opôs-se ao pedido
de habeas corpus impetrado por Rubens e o Juiz abriu vistas ao Ministério Público, o qual, diante da ilegalidade,
impetrou novo habeas corpus em favor de Alfredo, e opinou pelo não conhecimento do habeas corpus
impetrado por Rubens. Quanto aos pedidos de habeas corpus impetrados, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: o habeas corpus impetrado por Rubens não deverá ser conhecido, em razão da oposição de Alfredo,
mas deverá ser conhecido o habeas corpus impetrado pelo Ministério Público. (FGV – TJMS/2023).
@

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4.8 SENTENÇA DE PRONÚNCIA – TRIBUNAL DO JURI

PROCESSO PENAL – SENTENÇA DE PRONÚNCIA – TRIBUNAL DO JURI – STF - Havendo excesso de


linguagem, o Tribunal deverá ANULAR a sentença de pronúncia e os consecutivos atos processuais,
determinando-se que outra seja prolatada. Não basta o desentranhamento e envelopamento. É
necessário anular a sentença e determinar que outra seja prolatada. STF. 1ª Turma RHC 127522/BA, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 18/8/2015 (Info 795). STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.442.002-AL, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 28/4/2015 (Info 561).
Comentários do Buscador do Dizer o Direito: A sentença de pronúncia deve ser fundamentada desde que o
juiz utilize as palavras com moderação, ou seja, valendo-se de termos sóbrios e comedidos, a fim de se evitar
que fique demonstrado na decisão que ele acredita firmemente que o réu é culpado pelo crime.
Se o magistrado exagera nas palavras utilizadas na sentença de pronúncia, dizemos que houve um “excesso
de linguagem”, também chamado de “eloquência acusatória”.
Por que não pode haver o excesso de linguagem?9 Porque o CPP afirma que os jurados irão receber uma
cópia da sentença de pronúncia e das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório
do processo (art. 472, parágrafo único). Assim, se o juiz se excede nos argumentos empregados na sentença
de pronúncia, o jurado irá ler essa decisão e certamente será influenciado pela opinião do magistrado. O
jurado poderá, inclusive, pensar o seguinte: “se o juiz, que estudou e conhece das leis, está aqui no papel
dizendo que o réu é culpado, deve ser porque ele realmente é culpado. Vou ter que condená-lo também.”
Perceba, portanto, que existe claro prejuízo para a defesa. ATENÇÃO: Não basta o desentranhamento e
envelopamento. É necessário anular a sentença e determinar que outra seja prolatada. Isso porque, como já
dito acima, a lei determina que a sentença de pronúncia seja distribuída aos jurados. Logo, não há como
desentranhar a decisão, já que uma cópia dela deverá ser entregue aos jurados. Se essa cópia não for entregue,
estará sendo descumprido o art. 472, parágrafo único, do CPP.
JUIZO DE DÚVIDA X JUIZO DE CERTEZA: Na primeira fase do procedimento especial do tribunal do júri, o
magistrado deve realizar apenas um juízo de admissibilidade da acusação, ou seja, deverá avaliar se a conduta
do agente pode se enquadrar na descrição de crime doloso, tentado ou consumado, contra a vida. Não é feito
um juízo de certeza. Isso porque o juízo de certeza acerca da autoria e a deliberação acerca de dúvidas só
podem provir do conselho de sentença (jurados), que é o juiz natural da causa.
A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a sentença de pronúncia deve limitar-se a um juízo
de dúvida a respeito da acusação, evitando considerações incisivas ou valorações sobre as teses em
confronto nos autos. No caso, o magistrado afirmou que “pela dinâmica dos fatos, conforme relatado pelas
testemunhas, demonstrou-se que o réu, agindo com ânimo homicida, por motivo fútil e empregando recurso
que dificultou a defesa da vítima, matou Pedro da Silva”. Essa sentença denota (indica) juízo de certeza quanto
à culpabilidade do acusado. Sua redação mostra-se absolutamente imprópria à decisão de pronúncia, já que
pode induzir o ânimo dos jurados em favor das teses acusatórias, em prejuízo da defesa. Da mesma forma, o
uso da contundente afirmação de que “o dolo de matar é evidente nos autos” ultrapassou, efetivamente, as
barreiras da legalidade - com isso incorrendo o magistrado no chamado vício de excesso de linguagem,
tendo em vista o juízo peremptório acerca do dolo do acusado. Assim, verifica-se configurada manifesta
ilegalidade a justificar a concessão da ordem de ofício, ante a nulidade da decisão de pronúncia por vício de
excesso de linguagem.
A sentença de pronúncia deve limitar-se a um juízo de dúvida a respeito da acusação, evitando
considerações incisivas ou valorações sobre as teses em confronto nos autos. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC
673.891-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/8/2022 (Info Especial 10).

ENUNCIADO: Em sentença de pronúncia, o magistrado fundamenta a decisão, entre outros argumentos, com
o seguinte trecho: “pela dinâmica dos fatos, é possível verificar que Aristobaldo, com ânimo homicida e por
motivo fútil, matou Márcio”. Diante dessa hipótese, e com fundamento na jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: a sentença é inválida, bem como os atos
consecutivos, em razão do juízo conclusivo sobre a conduta do réu, motivo pelo qual é necessária a prolatação
de outra sentença de pronúncia. (FGV – TJMS/2023).

9
(Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A sentença de pronúncia deve limitar-se a um juízo de dúvida a respeito da acusação, evitando considerações incisivas ou
valorações sobre as teses em confronto nos autos, sob pena de nulidade. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f6b550688de8db0290009ba6abd673c).

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4.9 COLABORAÇÃO PREMIADA, ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA E DELAÇÃO PREMIADA

PROCESSO PENAL – COLABORAÇÃO PREMIADA, ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA E DELAÇÃO


PREMIADA
Comentários do professor do QConcurso: O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico
processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos (art. 3° da lei n°
12.850/2013), enquanto a colaboração é uma atividade processual. Assim, é possível haver colaboração sem
que haja um negócio jurídico prévio entre imputado e o Ministério Público ou a polícia. De acordo com o
Superior Tribunal de Justiça “O consectário lógico da ausência de previsão de ajuste ou de acordo prévio é
a possibilidade de colaboração premiada unilateral, ou seja, colaboração que independe de negócio
jurídico prévio celebrado entre réu e o órgão acusatório e que, desde que efetiva deverá ser reconhecida
pelo magistrado de forma a gerar benefícios em favor do réu". (REsp 1691901/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, SEXTA TURMA, Julgado 26/09/2017. DJe 09/10/2017).
Comentários do Buscador do DOD: COLABORAÇÃO E DELAÇÃO PREMIADA A jurisprudência do STJ tem
estabelecido que a colaboração premiada da Lei n. 12.850/03 e a delação premiada das demais leis são
institutos de natureza jurídica distintas: a colaboração é um negócio jurídico bilateral firmado entre as partes
interessadas, enquanto a delação é ato unilateral do acusado.
Assim, ao contrário do que propõe o instituto da colaboração premiada (bilateral), como negócio jurídico, na
delação premiada (unilateral), inserta no art. 1º, §5º, da Lei n. 9.613/1998 e no art. 14 da Lei n. 9.807/99, a
concessão de benefícios não depende de prévio acordo a ser firmado entre as partes interessadas, tendo
alcance, em termos de benesse, entretanto, um pouco mais contido do que aquele firmado com o Órgão
acusatório (bilateral).
STJ - AgRg no REsp n. 1.765.139/PR (2019): (...) I - O agravo regimental deve trazer novos argumentos capazes
de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada por seus
próprios fundamentos. II - O Novo Código de Processo Civil e o Regimento Interno desta Corte (art. 932, inciso
III, do CPC/2015 e arts. 34, inciso VII, e 255, § 4.º, ambos do RISTJ) permitem ao relator julgar monocraticamente
recurso inadmissível, prejudicado, ou que não tiver impugnado especificamente todos os fundamentos da
decisão recorrida, e, ainda, dar ou negar provimento nas hipóteses em que houve entendimento firmado em
precedente vinculante, súmula ou jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça a respeito da matéria debatida no recurso, como no caso dos autos, não importando essa
decisão em cerceamento de defesa ou violação ao princípio da colegialidade. III - O art. 1º, § 5º, da Lei
9.613/98 trata da delação premiada (unilateral), que tem a característica de ato unilateral, praticado pelo
agente que, espontaneamente, opta por prestar auxílio tanto à atividade de investigação, quanto à
instrução procedimental, sendo que o referido instituto, diferentemente da colaboração premiada (que
demanda a bilateralidade), não depende de prévio acordo a ser firmado entre as partes interessadas. IV -
In casu, o c. Tribunal de origem, acertadamente, modulou o decisum de primeiro grau, e, com amparo no
art. 1º, § 5º da Lei n. 9.613/98, concedeu a benesse da delação prestada pelo acusado, com a consequente
redução das penas a ele impostas, no patamar de 2/3 (dois terços), limitando-se a extensão do benefício,
todavia, somente à ação penal de origem. V - A correta hermenêutica a ser conferida ao instituto,
direciona-se no sentido de que não há como expandir os benefícios advindos da delação premiada, eis
que unilateral, para além da fronteira objetiva e subjetiva da demanda posta à apreciação, eis que
possuem natureza endoprocessual, sob pena de violação ou afronta ao princípio do Juiz natural. VI - A
individualização da pena é submetida aos elementos de convicção judiciais acerca do quadro fático que
circunda o delito, cabendo às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da constitucionalidade dos
critérios empregados, a fim de evitar eventuais arbitrariedades. (...) Agravo regimental desprovido. Habeas
corpus concedido de ofício para fixar em 30 (trinta) a quantidade de dias-multa. (AgRg no REsp n. 1.765.139/PR,
relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 23/4/2019, DJe de 9/5/2019).
STJ REsp n. 1.691.901/RS (2017): (...) 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal é pacífica quanto à
impossibilidade de acórdão proferido em habeas corpus servir de paradigma para fins de comprovação de
alegado dissídio jurisprudencial (AgRg no AREsp n. 993.565/SP, Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, DJe 1º/2/2017). 2. Não há falar em violação dos arts. 69 e 70 do Código Penal, pois os fatos que
subsidiaram a presente ação são distintos daqueles que ensejaram a condenação do recorrente em outro
processo; a única relação é de causalidade, pois o crime de peculato antecedeu o delito de lavagem de
dinheiro. 3. Embora a denúncia não tenha mencionado a causa de aumento do art. 1º, § 4º, da Lei n.
9.613/1998, o julgamento não foi extra petita pelo reconhecimento da majorante, pois a denúncia narrou a
existência de vários delitos de lavagem, circunstância que permitiu ao Magistrado concluir que o delito foi

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perpetrado de forma habitual. 4 . Estando os fatos descritos na denúncia, pode o juiz dar-lhe na sentença
definição jurídica diversa, inclusive quanto às circunstâncias da infração penal, porquanto o réu se defende
daqueles fatos e não de sua capitulação inicial. 5. Não há ofensa aos arts. 1º e 2º do Código Penal, pois o
Magistrado não considerou a redação ulterior do art. 1º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998 - com a modificação advinda
da Lei n. 12.683/2012 -, mas a redação vigente à época dos fatos delituosos, já que reconheceu a circunstância
de que o crime foi perpetrado de forma habitual. 6. Inviável rever a conclusão da instância ordinária, no sentido
de que o crime foi perpetrado de forma habitual, ante o óbice da Súmula 7/STJ. 7. O art. 1º, § 5º, da Lei n.
9.613/1998, contempla hipótese de colaboração premiada que independe de negócio jurídico prévio entre
o réu e o órgão acusatório (colaboração premiada unilateral) e que, desde que efetiva, deverá ser
reconhecida pelo magistrado, de forma a gerar benefícios em favor do réu colaborador. 8. Ao menos um
dos efeitos exigidos pela norma foi alcançado, qual seja, a apuração das infrações penais, pois há
explícita referência no acórdão à existência de escritura pública na qual o recorrente prestou
esclarecimentos substanciais à apuração do delito antecedente (peculato) e subsequente (lavagem). 9.
A instância ordinária reconheceu que o recorrente faz jus à atenuante da confissão espontânea,
circunstância que evidencia, de forma irrefutável, o caráter espontâneo da colaboração. 10. Recurso
especial conhecido em parte e, nessa extensão, parcialmente provido, a fim de reconhecer que o recorrente
faz jus ao disposto no art. 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998, devendo o Tribunal a quo, após a baixa dos autos,
decidir, de forma fundamentada, qual ou quais benefícios, dentre os previstos na norma, serão aplicados em
favor do recorrente, redimensionando a pena no que couber; mantido incólume o efeito da decisão de fls.
3.024/3.029 (suspensão da execução provisória da pena) até que o ponto acolhido seja solucionado no Tribunal
a quo. (REsp n. 1.691.901/RS, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 26/9/2017, DJe de
9/10/2017).
O consectário lógico da ausência de previsão de ajuste ou de acordo prévio é a possibilidade de colaboração
premiada unilateral, ou seja, colaboração que independe de negócio jurídico prévio celebrado entre o réu e o
órgão acusatório e que, desde que efetiva, deverá ser reconhecida pelo magistrado, de forma a gerar benefícios
em favor do réu. Assim, já tendo sido realizada a colaboração premiada com o Ministério Público, não é
cabível o benefício da delação premiada (unilateral), uma vez que implicaria aplicar duas vezes causas
de redução da pena com base no mesmo fato, o que configura bis in idem de benefícios.10
ASSERTIVA ERRADA: (Quanto à delação premiada) não é possível colaboração que independa de negócio
jurídico prévio celebrado entre o imputado e o órgão acusatório ou a polícia. (FGV – TJPR/2021).
ASSERTIVA CORRETA: tendo sido realizada a colaboração premiada com o Ministério Público, não é cabível o
benefício da delação premiada unilateral, por configurar bis in idem de benefícios. (FGV – TJPR/2021).

4.10 ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA NA INVESTIGAÇÃO DE OUTROS CRIMES COMETIDOS EM


CONCURSO DE AGENTES
PROCESSO PENAL – ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA NA INVESTIGAÇÃO DE OUTROS CRIMES
COMETIDOS EM CONCURSO DE AGENTES – STJ - HC 582.678/RJ: Inicialmente, ressalto que o caso se trata
de um recorto hipotético que foi, há pouco, noticiado no site do Superior Tribunal de Justiça, observe a parte
principal: "Celebração de colaboração premiada em outros crimes e todo modo, ressaltou Laurita Vaz, a
doutrina e a jurisprudência têm admitido que sejam celebrados acordos de colaboração premiada na
investigação de outros crimes cometidos em concurso de agentes, como já fez o Supremo Tribunal
Federal em casos de corrupção passiva e lavagem de capitais."
Soma-se que, para a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é cabível a celebração de acordo de
delação premiada em quaisquer crimes cometidos em concurso de agentes, e não apenas se houver
investigação pelo delito de organização criminosa. “É possível celebrar acordo de colaboração premiada
em quaisquer condutas praticadas em concurso de agentes: - Assim, em quaisquer condutas praticadas em
concurso de agentes é possível celebrar acordo de colaboração premiada – interpretação, inclusive, mais
benéfica aos delatores. No caso concreto, antes da delação premiada, já estavam sendo investigadas, na
fase administrativa, ao menos 7 pessoas. Assim, os pressupostos para que eventualmente pudesse ser
caracterizada a organização criminosa estavam, a priori, presentes no caso. Na denúncia oferecida
posteriormente foram acusadas 7 pessoas naturais. Muito embora não tenham sido acusadas de integrar
organização criminosa, tal circunstância não impedia o acordo de delação premiada, nem compromete

10
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Já tendo sido realizada a colaboração premiada com o Ministério Público, não é cabível o benefício da delação premiada
(unilateral), uma vez que implicaria aplicar duas vezes causas de redução da pena com base no mesmo fato, o que configura bis in idem de benefícios. Buscador Dizer
o Direito, Manaus. Disponível em: <https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a9883e7bb20e56060778cf794125afc4)

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a validade do material probatório dela oriundo. A doutrina e a jurisprudência têm admitido que, em outros
crimes cometidos em concurso de agentes, seja celebrada colaboração premiada. STJ. 6ª Turma. HC 582.678-
RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/06/2022 (Info 742).
Comentários professor QConcurso: Em que pese, ao pé da letra, a colaboração e a delação não serem a
mesma coisa, é certo que, por vezes, são tratadas como sinônimo, o que se percebe no seguinte trecho
julgado pelo STJ: (...) ressaltou Laurita Vaz, a doutrina e a jurisprudência têm admitido que sejam celebrados
acordos de colaboração premiada na investigação de outros crimes cometidos em concurso de agentes, como
já fez o Supremo Tribunal Federal em casos de corrupção passiva e lavagem de capitais. A ministra lembrou
situações esparsas em que a legislação concede benefícios processuais e penais aos colaboradores: extorsão
mediante sequestro em concurso de agentes (artigo 159, parágrafo 4º, do Código Penal); crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional (artigo 25, parágrafo 2º, da Lei 7.492/1986) e Lei de Crimes Hediondos (parágrafo
único do artigo 8º), entre outras hipóteses. Além disso, segundo ela, o Código de Processo Penal não
regulamenta o procedimento de formalização dos acordos de delação premiada, e a Lei 12.850/2013 não
prevê, de forma expressa, que os meios de prova ali previstos sejam válidos apenas na apuração do delito
de organização criminosa. Assim, concluiu, "não há óbice a que as disposições de natureza
majoritariamente processual previstas na referida lei apliquem-se às demais situações de concurso de
agentes (no que não for contrariada por disposições especiais, eventualmente existentes)". "Em
quaisquer condutas praticadas em concurso de agentes é possível celebrar acordo de colaboração
premiada – interpretação, inclusive, mais benéfica aos delatores", acrescentou. STJ, HC 582.678/RJ, rel. Min.
Laurita Vaz, j. 14.06.2022.

ASSERTIVA CORRETA: é lícita a produção probatória, pois em quaisquer condutas praticadas em concurso de
agentes é possível celebrar acordo de colaboração premiada, independentemente da existência de crime da
Lei nº 12.850/2013. (FGV – TJSC/2022).

4.11 DELAÇÃO PREMIADA (MODALIDADE “COLABORAÇÃO UNILATERAL”) – OITIVA DE CORRÉU NA


CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA OU INFORMANTE
PROCESSO PENAL – DELAÇÃO PREMIADA (MODALIDADE “COLABORAÇÃO UNILATERAL”) – OITIVA DE
CORRÉU NA CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA OU INFORMANTE - STJ - É vedada a oitiva do corréu na condição
de testemunha ou informante, assim os benefícios só alcançam réu colaborador ou delator. No caso de
confissão do corréu, cabível a minoração da pena no momento da dosimetria da pena.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA. USO DE DOCUMENTO FALSO.
DENÚNCIA. OITIVA DE CORRÉ COMO INFORMANTE. VEDAÇÃO. NULIDADE. PRISÃO CAUTELAR MANTIDA.
RECURSO PROVIDO, EM MENOR EXTENSÃO.
1. É vedada a oitiva de corréu na condição de testemunha ou informante, salvo no caso de corréu
colaborador ou delator. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. 2.
Hipótese em que o Juiz de primeiro grau deferiu pleito ministerial de substituição de uma testemunha pela
corré, que havia sido denunciada na mesma ação penal e teve o processo desmembrado. Evidenciada a
flagrante ilegalidade, de rigor a anulação do feito. Mantém-se a prisão cautelar do recorrente, que ficou foragido
por mais de um ano. 3. Recurso ordinário provido, em menor extensão, a fim de anular a ação penal a partir a
decisão que admitiu a oitiva da corré, mantida a custódia cautelar. Deve ser garantida nova substituição ao
parquet, caso entenda necessário, refazendo-se os demais atos processuais e excluindo-se dos autos o
depoimento da corré. (RHC n. 76.951/RJ, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em
9/3/2017, DJe de 16/3/2017.).

ENUNCIADO: Em relação à redução da pena de corréu, por força de delação premiada (sob a modalidade
“colaboração unilateral”) e de sua efetiva colaboração com a Justiça, é correto afirmar que: ASSERTIVA
INCORRRETA: os benefícios só alcançam corréu que tenha confessado. (Benefícios só alcançam réu
colaborador ou delator.) (FGV – MPE-GO/2022).

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4.12 ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA –- ANUENCIA DO MP – CONDIÇÃO DE EFICÁCIA


PROCESSO PENAL – ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA –- ANUENCIA DO MP – CONDIÇÃO DE
EFICÁCIA - STF – O Ministério Público detém legitimidade concorrente, sendo sua manifestação condição
de eficácia do acordo policial.
STF. Plenário. Pet 8482 AgR/DF: DELAÇÃO PREMIADA – ACORDO – CLÁUSULAS. O acordo alinhavado com o
colaborador, quer mediante atuação do Ministério Público, quer da Polícia, há de observar, sob o ângulo
formal e material, as normas legais e constitucionais. DELAÇÃO PREMIADA – ACORDO – POLÍCIA. O acordo
formalizado mediante a atuação da Polícia pressupõe a fase de inquérito policial, cabendo a
manifestação, posterior, do Ministério Público. DELAÇÃO PREMIADA – ACORDO – BENEFÍCIOS –
HOMOLOGAÇÃO. A homologação do acordo faz-se considerados os aspectos formais e a licitude do que
contido nas cláusulas que o revelam. Os benefícios sinalizados no acordo ficam submetidos a concretude e
eficácia do que versado pelo delator, cabendo a definição final mediante sentença, considerada a atuação do
órgão julgador, do Estado-juiz. (ADI 5508, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
20/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 04-11-2019 PUBLIC 05-11-2019) 2. Matéria novamente
suscitada, em menor extensão, pela PGR. Considerada a estrutura acusatória dada ao processo penal
conformado à Constituição Federal, a anuência do Ministério Público deve ser posta como condição de
eficácia do acordo de colaboração premiada celebrado pela autoridade policial. (...) STF. Plenário. Pet 8482
AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 31/05/2021.
ASSERTIVA CORRRETA: o Ministério Público detém legitimidade concorrente, sendo sua manifestação
condição de eficácia do acordo policial. (FGV – MPE – GO/2022).

4.13 ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA – ANÁLISE DA EXTENSÃO DOS BENEFÍCIOS FIRMADOS


PROCESSO PENAL – ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA – ANÁLISE DA EXTENSÃO DOS BENEFÍCIOS
FIRMADOS – STJ - “Não se afigura violador dos termos de acordo de delação premiada o acórdão que,
diante das circunstâncias e consequências dos crimes perpetrados, fixa prazo de prestação de serviços
à comunidade em patamar diverso do mínimo previsto em cláusula de acordo colaborativo. IV A análise
da extensão dos benefícios firmados em acordo de colaboração premiada cabe ao Poder Judiciário, que
o fará à luz da legislação vigente, mais especificamente do que dispõe o art. 4º, § 1º, da Lei 12.850/2013.
(5ªTurma-STJ, AgRg no AREsp 1669040/PR, Rel. Min. FELIX FISCHER, j. 23/11/2020)."
Jurisprudência em tese n. 193 – item 5: 5) Compete ao Poder Judiciário a análise da extensão dos benefícios
firmados em acordo de colaboração premiada, observada legislação vigente, especialmente o que dispõe o
art. 4º, § 1º, da Lei n. 12.850/2013.
Art. 4º da Lei 12.850/13: (...) § 1º: Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
criminoso e a eficácia da colaboração.
ASSERTIVA INCORRETA: se afigura violador dos termos de acordo de colaboração premiada o acórdão que,
diante das circunstâncias e consequências dos crimes perpetrados, fixa prazo de prestação de serviços à
comunidade em patamar diverso do mínimo previsto em cláusula do acordo colaborativo. (O entendimento do
STJ é o de que não se afigura violador dos termos do acordo de delação o acórdão que fixa prazo de prestação
de serviços à comunidade em patamar diverso). (FGV – DPE – MS/2022)

4.14 COLABORAÇÃO PREMIADA – PEDIDO DE COMPATILHAMENTO DE TERMOS DE DEPOIMENTO


PROCESSO PENAL – COLABORAÇÃO PREMIADA – PEDIDO DE COMPATILHAMENTO DE TERMOS DE
DEPOIMENTO – COMPETÉNCIA - STF - Pet 7065 AgR / DF, Órgão julgador: Segunda Turma: Ementa: AGRAVO
REGIMENTAL. PETIÇÃO. COLABORAÇÃO PREMIADA. PEDIDO DE COMPARTILHAMENTO DE TERMOS DE
DEPOIMENTO. COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JURISDICIONAL HOMOLOGADOR. INSTRUÇÃO DE
PROCEDIMENTO DEFLAGRADO PARA APURAÇÃO DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
POSSIBILIDADE. INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 1. Ainda que remetidos a outros órgãos do Poder Judiciário para
as apurações dos fatos declarados, remanesce competência ao juízo homologador do acordo de
colaboração premiada a deliberação acerca de pretensões que envolvem o compartilhamento de termos
de depoimento prestados pelo colaborador. 2. É assente na jurisprudência desta Corte a admissibilidade,
em procedimentos administrativos, de prova emprestada do processo penal (RE 810.906, Rel. Min. ROBERTO
BARROSO, julgado em 25.5.2015, DJe de 28.5.2015), assim como já se decidiu pela admissibilidade para o fim
de subsidiar apurações de cunho disciplinar (INQ-QO 2.725, Rel. Min. CARLOS BRITTO, julgado em 25.6.2008,

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

publicado em 26.9.2008, Tribunal Pleno). 3. Havendo delimitação dos fatos, não se verifica causa impeditiva ao
compartilhamento de termos de depoimento requerido pelo Ministério Público estadual com a finalidade de
investigar a prática de eventual ato de improbidade administrativa por parte de agente público. 4. Agravo
regimental desprovido. Pet 7065 AgR / DF, Órgão julgador: Segunda Turma, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Julgamento:
30/10/2018, Publicação: 20/02/2020.

ASSERTIVA INCORRETA: à luz do sistema brasileiro anticorrupção, a devida tutela da efetividade dos
acordos de colaboração em função da proteção assinalada ao uso legítimo da prova, permite seu
manuseio por quaisquer instituições ou órgãos de controle contra os colaboradores. (Para o uso por
outros órgãos do Poder Judiciário, a competência é do juízo homologador. Observe que não se trata de
manuseio das provas por quaisquer instituições ou órgãos de controle.) (FGV – CGU/2022).

4.15 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – ART. 89 DA LEI 9.099/95 E A TENTATIVA DE FURTO


QUALIFICADO

PROCESSO PENAL – SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – ART. 89 DA LEI 9.099/95 E A TENTATIVA


DE FURTO QUALIFICADO "PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO QUALIFICADO. PENA
EM ABSTRATO INFERIOR A UM ANO. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO - ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95.
POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. O furto qualificado tentado, pela pena em abstrato, admite a
suspensão condicional do processo, a tanto não importando o número de qualificadoras descritas na
denúncia, pois a admissibilidade ou não da suspensão depende tão-somente da pena cominada em
abstrato e não da pena em concreto. 2. O instituto da suspensão condicional do processo não sofreu
qualquer alteração com o advento da Lei nº 10.259/01, sendo permitido tão-somente para os crimes aos quais
seja cominada pena mínima não superior a um ano. Precedentes do STF e STJ. 3. O percentual de redução
pela tentativa deve ser calculado no grau máximo de 2/3 (dois terços). 4. Os requisitos de admissibilidade
da suspensão condicional do processo encontram-se taxativamente elencados no art. 89, caput, da Lei nº
9.099/95, a saber: (I) pena mínima cominada igual ou inferior a um ano; (II) inexistência de outro processo
em curso ou condenação anterior por crime; (III) presença dos requisitos elencados no art. 77 do Código
Penal: não reincidência em crime doloso aliada à análise favorável da culpabilidade, dos antecedentes,
da conduta social, da personalidade do agente, bem como dos motivos e circunstâncias do delito que
autorizem a concessão do benefício. 5. Uma vez preenchidos os requisitos de admissibilidade, objetivos
e subjetivos, a concessão do benefício da suspensão condicional do processo já regularmente pactuado
entre as partes - Ministério Público e acusado assistido por Defensor - torna-se obrigatória, por dizer
respeito a exercício de direito público subjetivo do réu. 6. Ordem concedida para que o Juízo de 1º grau,
diante da possibilidade de aplicação da suspensão condicional do processo no caso de tentativa de furto
qualificado, analise o preenchimento dos demais requisitos legais para decidir fundamentadamente pela
concessão ou denegação do benefício com base na legislação pertinente" (HC 87.992/RJ, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 17.12.2007, DJ 25.02.2008 p. 365.)
ENUNCIADO: Júlio Setembrino foi denunciado pela suposta prática do crime previsto no art. 155, § 2o, pela
conduta de tentar subtrair os pertences de Agostino Natal, mediante emprego de chave falsa. O Ministério
Público classifica a conduta como furto qualificado (com previsão de pena de reclusão de dois a oito anos) na
modalidade tentada. O advogado do réu peticiona ao juiz requerendo seja o Promotor instado a manifestar-se
sobre a proposta de suspensão condicional do processo prevista na Lei 9.099/95, porque seu cliente estaria
disposto a cumprir as condições ali previstas, bem como porque Júlio Setembrino nunca foi condenado por
outro crime, nem está respondendo a outro processo, presentes ainda os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). O juiz envia os autos ao promotor para que se
manifeste. Assinale a alternativa que indique a manifestação correta a ser adotada pelo Ministério Público.
ASSERTIVA CORRETA: Manutenção da denúncia porém com oferecimento da suspensão condicional do
processo, tendo em vista a presença dos requisitos objetivos e subjetivos que a autorizam. (Comentários
professora do QConcurso: “O art. 89 da Lei 9.099/95 exige pena mínima de um ano para a suspensão
condicional do processo e a pena mínima do furto qualificado é de 2 anos. No entanto, o enunciado menciona
que o crime foi tentado, não consumado. Considerando que a tentativa é uma causa de diminuição da pena, é
possível aplica-la, para fins de suspensão condicional do processo, desde logo à pena mínima. Como se sabe,
o art. 14/CP, que trata da tentativa, estabelece causa de diminuição variável, a saber, de 1/3 a 2/3. Qual aplicar?
De acordo com a jurisprudência, o redutor máximo, de 2/3: HC 87992/RJ. Dessa forma, 2 anos (24 meses) - 2/3
(16 meses) = 8 meses. A pena de 8 meses e, portanto, abaixo de um ano, possibilita a suspensão condicional
do processo.” (FGV -PC-RJ Oficial de Cartório/2008)

42
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4.16 DIREITO DO DELATADO O ACESSO SOMENTE AOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO


PROCESSO PENAL – Agravo regimental na petição. 2. Pleito de vista e extração de cópia de todos os
documentos ligados aos acordos de colaboração premiada firmados entre o Ministério Público Federal e os
colaboradores Jorge Henrique Simões Barata, Luiz Antônio Mameri, Marcelo Bahia Odebrecht e Valdemir Flavio
Pereira Garreta. Operação Lava-Jato. Acordo de cooperação internacional que culminou na prisão cautelar do
ex-Presidente e da ex-Primeira Dama da República do Peru. 3. Decisão monocrática de lavra do Ministro Edson
Fachin que indeferiu o pedido. Incompetência do Poder Judiciário brasileiro para tutelar a regularidade de
procedimento investigatório sujeito à jurisdição do Peru. 4. Compartilhamento arbitrário e seletivo de
elementos de prova colhidos em acordos de colaboração premiada. Ofensa aos princípios do contraditório e
da ampla defesa. Possibilidade de aplicação da Súmula Vinculante n. 14. Inoponibilidade do sigilo dos atos
de colaboração premiada ao delatado. 5. Requisitos positivo e negativo para a garantia do acesso
pretendido. Ato de colaboração que aponta para a responsabilidade criminal do requerente e que não se
refere a diligência em andamento. 6. Agravo regimental a que se dá provimento para deferir a petição nos
estritos limites indicados. (Pet 7494 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 19/05/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-220 DIVULG 02-09-2020 PUBLIC 03-09-2020).
Ou seja, é aplicável à colaboração premiada a Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.
Porém, para a sua aplicabilidade, faz-se necessário preenchimento de dois requisitos:
a) Requisito positivo: o acesso deve abranger somente documentos em que o requerente é de fato
mencionado como tendo praticado crime (resposta da questão); e
b) Requisito negativo: o ato de colaboração não se deve referir a diligência em andamento (devem ser excluídos
os atos investigativos e diligências que ainda se encontram em andamento e não foram consubstanciados e
relatados no inquérito ou na ação penal em tramitação).
ENUNCIADO: ratando-se de colaboração premiada, que contém diversos depoimentos, com distintos fatos e
sujeitos delatados, é direito do delatado o acesso ASSERTIVA CORRETA: somente aos elementos de
convicção que lhe digam respeito e estejam vinculados aos fatos objeto da denúncia. (FGV - 2022 - PC-AM)

4.17 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – LEI 12.850/13 – CONEXÃO


PROCESSO PENAL – ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – LEI 12.850/13 – CONEXÃO – STF - Ementa: INQUÉRITO.
DENÚNCIA. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. 1. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INICIATIVA PROBATÓRIA LIMITADA. JUSTA CAUSA. ÔNUS DA ACUSAÇÃO. ACESSO IRRESTRITO PELOS
DENUNCIADOS A ACORDOS DE COLABORAÇÃO PREMIADA. DIREITO SUBJETIVO. INEXISTÊNCIA. 2.
CONEXÃO PROBATÓRIA. AUTONOMIA DO DELITO PREVISTO NO ART. 2º, CAPUT, DA LEI 12.850/2013. NÃO
CONFIGURAÇÃO. [...] INÉPCIA MATERIAL DA PEÇA ACUSATÓRIA. FALTA DE JUSTA CAUSA. REJEIÇÃO.
INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE DEMONSTRADOS. SUBSTRATO PROBATÓRIO MÍNIMO PRESENTE. 6.
DENÚNCIA, EM PARTE, RECEBIDA. 1. Na fase apuratória da persecutio criminis a iniciativa probatória das
partes não é ilimitada, tanto que é ônus exclusivo da acusação assegurar-se de que a denúncia está lastreada
em elementos de informação capazes de configurar indícios de materialidade e autoria delitivas suficientes à
configuração da justa causa. À míngua desses elementos, impor-se-á sua rejeição. 2. O Plenário deste
Supremo Tribunal Federal assentou a inexistência de conexão necessária entre o delito de organização
criminosa e os demais eventualmente praticados no seu contexto, permitindo a tramitação
concomitante das respectivas propostas acusatórias perante juízos distintos e atestando a não
ocorrência, em tais hipóteses, do vedado bis in idem. [...] (AP 560, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe
de 11.6.2015; INQ 3.204, Rel. Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJe de 3.8.2015).
ASSERTIVA CORRETA: Não existe conexão necessária entre o delito de organização criminosa e os demais
eventualmente praticados no seu contexto, permitindo a tramitação concomitante das respectivas propostas
acusatórias perante juízos distintos. (FGV – PC/AM - 2022).

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4.18 AÇÃO CONTROLADA – COMUNICAÇÃO PRÉVIA

PROCESO PENAL – TEMA COBRADO EM 3 PROVAS DA FGV: AÇÃO CONTROLADA – COMUNICAÇÃO PRÉVIA
– STJ - Ação controlada do art. 8º, § 1º da Lei nº 12.850/2013 exige apenas comunicação prévia (e não
autorização judicial). Ação controlada do art. 8º, § 1º (parágrafo cobrado 3x em prova da FGV) da Lei nº
12.850/2013 exige apenas comunicação prévia (e não autorização judicial) A ação controlada prevista no §
1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de autorização, bastando sua comunicação prévia à
autoridade judicial (a banca troca em prova que a comunicação deve ser feita ao MP, quando na verdade
deverá ser feita ao JUIZ.). STJ. 6ª Turma. HC 512290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020 (Info 677).
ASSERTIVA ERRADA: A ação controlada deve ser autorizada judicialmente. (Exige apena prévia comunicação
prévia). (FGV – SENADO FEDERAL/ADVOGADO – 2022).

4.19 ART. 28 DA LEI DE DROGAS


PROCESSO PENAL - ART. 28 DA LEI DE DROGAS – HABEAS CORPUS – STF - O art. 28 da LD não prevê a
possibilidade de o condenado receber pena privativa de liberdade. Assim, não existe possibilidade de ele
sofrer restrição em sua liberdade de locomoção. Não havendo ameaça à liberdade de locomoção, não
cabe habeas corpus. O habeas corpus não é o meio adequado para discutir crime que não enseja pena
privativa de liberdade. STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 05/12/2017 (Info 887).
ASSERTIVA CORRETA: O HC não deverá ser conhecido, considerando que a persecução penal em curso não
gera qualquer risco, imediato ou mediato, à liberdade de locomoção do paciente. (FGV – DPE/RS 2023 Analista).

4.20 EMENDATIO LIBELLI – NÃO HÁ NECESSIDADE DE ADITAMENTO DA DENÚNCIA


PROCESSO PENAL – EMENDATIO LIBELLI – NÃO HÁ NECESSIDADE DE ADITAMENTO DA DENÚNCIA - Em
caso de emendatio libelli é desnecessário o aditamento à denúncia. É lícito ao juiz alterar a tipificação
jurídica da conduta do réu no momento da sentença, sem modificar os fatos descritos na denúncia, conforme
a inteligência do art. 383 do CPP (emendatio libelli), sendo despicienda a abertura de prazo para aditamento, o
que se exige na mutatio libelili do art. 384 do CPP. Não constitui ofensa ao princípio da correlação entre a
denúncia e a sentença condenatória o ato de magistrado singular, nos termos do art. 383 do CPP, atribuir aos
fatos descritos na peça acusatória definição jurídica diversa daquela proposta pelo órgão da acusação. STJ. 5ª
Turma. AgRg no HC 770256-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info 761).
Na Emendatio Libell, o réu se defende dos fatos, não da capitulação. Não há novas circunstâncias.
“Art. 383, CPP: O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-
lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. “
EMENDATIO LIBELLI X MUTATIO LIBELLI11
EMENDATIO LIBELLI ocorre quando o juiz ao condenar ou pronunciar o réu, altera a DEFINIÇÃO JURÍDICA
(capitulação do tipo penal), do fato narrado na peça acusatória, sem no entanto, acrescentar qualquer
circunstância ou elementar que já não esteja descrita na denúncia ou queixa. Os requisitos são: a) não é
acrescentada nenhuma circuntância ou elementar ao fato que já estava descrito na peça acusatória; b) é
modificada a tipificação penal. Previsão legal: art. 383, CPP e art. 418, CPP.
Se o juiz, na sentença, entender que é o caso de realizar a emendatio libelli, ele poderá decidir
diretamente, não sendo necessário que ele abra vista às partes para se manifestar previamente sobre
isso. Tal se justifica porque no processo penal o acusado se defende dos fatos e como os fatos não mudaram,
não há qualquer prejuízo ao réu nem violação ao princípio da correlação entre acusação e sentença. Exemplo:
O MP narrou, na denúncia, que o réu, valendo-se de fraude eletrônica no sistema da internet banking, retirou
dinheiro da conta bancária da vítima, imputando-lhe o crime de estelionato (art. 171 do CP). O juiz, na sentença,
afirma que, após a instrução, ficou provado que os fatos ocorreram realmente na forma como narrada pelo MP,
mas que, em seu entendimento, isso configura furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP).
MUTATIO LIBELLI Ocorre quando, no curso da instrução processual, surge prova de alguma elementar ou
circunstância que não havia sido narrada expressamente na denúncia ou queixa. Requisitos: a) é
acrescentada alguma circunstância ou elementar que não estava descrita originalmente na peça acusatória e
cuja prova surgiu durante a instrução; b) é modificada a tipificação penal. Previsão legal: art. 384, CPP.

11
(CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em caso de emendatio libelli é desnecessário o aditamento à denúncia. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/debe9dfcc3e4dbea1c509ffab6bf9f0b>.)

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

Exemplo: O MP narrou, na denúncia, que o réu praticou furto simples (art. 155, caput, do CP). Durante a
instrução, os depoimentos revelaram que o acusado utilizou-se de uma chave falsa para entrar na coisa
furtada. Com base nessa nova elementar, que surgiu em consequência de prova trazida durante a instrução,
verifica-se que é cabível uma nova definição jurídica do fato, mudando o crime de furto simples para furto
qualificado (art. 155, § 4º, III, do CP).
A EMENDATIO É CABÍVEL: na ação penal pública incondicionada; ação penal pública condicionada; ação
penal privada. STJ: “(...) uma vez constatado que, na espécie, o julgador limitou-se a dar aos fatos já descritos
na denúncia nova capitulação jurídica, não se configura a hipótese de ‘mutatio libelli’, mas de ‘emendatio
libelli”. Desse modo, de rigor a aplicação do instituto da ‘emendatio libelli”, prevista no art. 383 do Código
de Processo Penal - CPP, não havendo falar-se em aditamento da denúncia ou abertura de vista à defesa
para integração do contraditório (...)”. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.903.213/MG, Rel. Min. Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em 8/2/2022 .

4.21 RECONHECIMENTO DE PESSOAS


PROCESSO PENAL – RECONHECIMENTO DE PESSOAS – STJ - O reconhecimento de pessoas deve, portanto,
observar o procedimento previsto no art. 226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades
constituem garantia mínima para quem se vê na condição de suspeito da prática de um crime, não se
tratando, como se tem compreendido, de mera recomendação do legislador. Em verdade, a inobservância de
tal procedimento enseja a nulidade da prova e, portanto, não pode servir de lastro para sua condenação,
ainda que confirmado, em juízo, o ato realizado na fase inquisitorial, a menos que outras provas, por si
mesmas, conduzam o magistrado a convencer-se acerca da autoria delitiva. Nada obsta, ressalve-se, que
o juiz realize, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido procedimento
probatório. (HC 598.886/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2020, DJe
18/12/2020).
OBS: O reconhecimento fotográfico serve como prova apenas inicial e deve ser ratificado por reconhecimento
presencial, assim que possível. E, no caso de uma ou ambas as formas de reconhecimento terem sido
efetuadas, em sede inquisitorial, sem a observância (parcial ou total) dos preceitos do art. 226 do CPP e sem
justificativa idônea para o descumprimento do rito processual, ainda que confirmado em juízo, o
reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a condenação, como regra objetiva e de critério de prova,
sem corroboração do restante do conjunto probatório, produzido na fase judicial. (HC 652.284/SC, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/04/2021, DJe 03/05/2021).
“Art. 226, CPP: Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela
seguinte forma: I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que
deva ser reconhecida; Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao
lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o
reconhecimento a apontá-la; (...)’.
O reconhecimento positivo, que respeite as exigências legais, portanto, é válido, mas não tem força probante
absoluta, de sorte que não pode induzir, por si só, à certeza da autoria delitiva, em razão de sua fragilidade
epistêmica.
O reconhecimento de pessoas que obedece às disposições legais não prepondera sobre quaisquer outros
meios de prova (confissão, testemunha, perícia, acareação); ao contrário, deve ser valorado como os demais.
(Fonte: comentários colegas QConcurso).
A confirmação, em juízo, do reconhecimento fotográfico extrajudicial, por si só, não torna o ato seguro e isento
de erros involuntários. É importante lembrar que, uma vez que a testemunha ou a vítima reconhece alguém
como o autor do delito, há tendência, por um viés de confirmação, a repetir a mesma resposta
em reconhecimentos futuros, pois sua memória estará mais ativa e predisposta a tanto. STJ. 3ª Seção. HC
769.783-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 10/5/2023 (Info 775).
ASSERTIVA CORRETA: A vítima será instada a descrever o acusado. Em seguida, o juiz apresentará o réu
presencialmente, ao lado, se possível, de outras pessoas com semelhanças físicas, convidando a ofendida a
apontar o responsável pela prática delitiva. A inobservância desse procedimento gerará a imprestabilidade da
prova. (FGV – Oficial de justiça/TJRN 2023)

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

4.22 BUSCA PESSOAL – MERA CONJECTURA OU DESCONFIANÇA


PROCESSO PENAL – Busca Pessoal – Mera conjectura ou desconfiança – STJ - A percepção de nervosismo
do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo e, por isso, não é
suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal. STJ. 6ª Turma REsp 1.961.459-
SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 05/04/2022 (Info 732).
“Art. 244, CPP: A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de
delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.”
A execução da busca pessoal sem mandado, como medida autônoma, depende da presença de fundada
suspeita da posse de objetos que constituam corpo de delito.12
Como a lei exige fundada suspeita, não é suficiente “a mera conjectura ou desconfiança sobre tal posse”,
sendo necessário que a suspeita esteja “amparada por circunstâncias objetivas que permitam uma grave
probabilidade de que sejam encontradas as coisas mencionadas pela lei” (GOMES FILHO, Antonio
Magalhães; TORON, Alberto Zacharias; BADARÓ, Gustavo Henrique (org.) Código de processo penal
comentado. 4ª ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021).
A busca pessoal realizada pelos policiais justificada apenas com base no fato de que o acusado, que estava
em local conhecido como ponto de venda drogas, ao avistar a viatura policial, demonstrou nervosismo, É
DOTADA DE excesso de SUBJETIVISMO. A percepção de nervosismo por parte do agente policial, ainda que
posteriormente confirmada pela apreensão de objetos ilícitos, é dotada de excesso de subjetivismo e, por isso,
não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita, que exige mais do que mera desconfiança por parte
dos agentes públicos.
ENUNCIADO: Os policiais militares Jonatas e Silas estavam em patrulhamento em uma determinada rua,
momento em que resolveram abordar Ticio. Por ocasião da revista pessoal, os policiais lograram encontrar 500
gramas de maconha. Em sede policial, Jonatas e Silas narraram à autoridade policial que a abordagem e a
revista pessoal em Ticio foram motivadas por uma atitude suspeita deste, que demonstrou nervosismo ao
visualizar os agentes da lei, Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal e a
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, os elementos probatórios colhidos são: ASSERTIVA
CORRETA: ilícitos, não podendo ser utilizados em prejuízo de Tício em uma eventual persecução penal. (FGV –
DPE/RS 2023 Analista)

4.23 RECONHECIMENTO PRESENCIALMENTE E POR FOTOGRAFIA


PROCESSO PENAL - Reconhecimento presencialmente e por fotografia – STJ - Segundo o STJ, o
reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia, realizado na fase do inquérito policial, apenas
é apto, para identificar o réu e fixar a autoria delitiva, quando observadas as formalidades previstas no art. 226
do Código de Processo Penal e quando corroborado por outras provas colhidas na fase judicial, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa. (STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2296202-PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
27/04/2023).

4.24 RECONHECIMENTO PESSOAL


STF: RECONHECIMENTO PESSOAL – Sob a relatoria do Ministro Barroso, a 1T do STF decidiu em 26.06.23
que as formalidades do art. 226, CPP sobre o reconhecimento de pessoas não são uma exigência, mas
sim uma RECOMENDAÇÃO. (Fonte: Comentários Prof. Caio Paiva)
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO E
EXTORSÃO. CONDENAÇÃO TRANSITADA EM JULGADO. RECONHECIMENTO PESSOAL. JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O caso é de habeas corpus substitutivo de agravo regimental (cabível na
origem). Nessas condições, tendo em vista a jurisprudência da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, o
processo deve ser extinto sem resolução de mérito, por inadequação da via eleita (HC 115.659, Rel. Min. Luiz
Fux). 2. O “habeas corpus não se revela instrumento idôneo para impugnar decreto condenatório transitado
em julgado” (HC 118.292-AgR, Rel. Min. Luiz Fux). 3. O entendimento desta Corte é no sentido de que “o art. 226
do Código de Processo Penal não exige, mas recomenda a colocação de outras pessoas junto ao acusado,
devendo tal procedimento ser observado sempre que possível” (RHC 125.026-AgR, Relª. Minª. Rosa Weber).
(...)”. AgRg no HC 227.629/SP de 26.06.23).

12
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Policiais não podem fazer a revista pessoal unicamente pelo fato de acharem que o suspeito demonstrou nervosismo ao avistá-
los. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e0be0edcb00cc770525f1400c1666b0f>.

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

Obs.: O CNJ a partir de decisões importantes do STJ na matéria, constituiu um Grupo de Trabalho para
regulamentar diretrizes sobre o assunto com o objetivo de evitar a condenação de pessoas inocentes.
Ademais, o Reconhecimento fotográfico como prova inicial, segundo a recente jurisprudência do STJ, serve
como prova apenas inicial e deve ser ratificado por reconhecimento presencial, assim que possível. O
reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a condenação, como regra objetiva e de critério de
prova, sem corroboração do restante do conjunto probatório, produzido na fase judicial. (STJ. 5ª Turma. HC
652284-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2021).
ASSERTIVA CORRETA: é correto afirmar que o reconhecimento fotográfico: não poderá ser utilizado como
elemento de prova em uma sentença condenatória, porquanto este é mera etapa antecedente de um
reconhecimento pessoal. (FGV -TJBA-Conciliador – 2023).

4.25 CRIME PRATICADO POR SENADOR


PROCESSO PENAL – COMPETÊNCIA - CRIME PRATICADO POR SENADOR – STJ - O crime de corrupção
passiva praticado por Senador da República, se não estiver relacionado com as suas funções, deve ser
julgado em 1ª instância (e não pelo STF). Não há foro por prerrogativa de função neste caso.O fato de o
agente ocupar cargo público não gera, por si só, a competência da Justiça Federal de 1ª instância. Esta é
definida pela prática delitiva. Assim, se o crime não foi praticado em detrimento de bens,
shonotemaerviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (inciso
IV do art. 109 da CF/88) e não estava presente nenhuma outra hipótese do art. 109, a competência para
julgar o delito será da Justiça comum estadual. STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/10/2019 (Info 955).
STJ - foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo
e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018.
STF - A garantia da imunidade parlamentar, que deve ser compreendida de forma extensiva para a garantia
do adequado desempenho de mandatos parlamentares, não alcança os atos que sejam praticados sem
claro nexo de vinculação recíproca do discurso com o desempenho das funções parlamentares (teoria
funcional) ou nos casos em que for utilizada para a prática de flagrantes abusos, usos criminosos,
fraudulentos ou ardilosos. STF. 2ª Turma. Pet 8242, 8259, 8262, 8263, 8267 e 8366 AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello,
redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/5/2022 (Info 1053). (Fonte: Comentários colegas Qconcurso).
ENUNCIADO: Tício, senador da República, retornou ao seu Estado de origem durante o recesso parlamentar.
Após participar de um evento em sua residência e mesmo estando com a capacidade psicomotora alterada,
em razão da ingestão de bebidas alcoólicas, Tício resolve ir embora na condução de um automóvel, vindo a ser
parado em uma blitz da lei seca. Considerando a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e as
disposições do Código de Processo Penal, Tício será processado e julgado perante o: ASSERTIVA CORRETA:
juízo de 1ª instância da Justiça Estadual, em razão da ausência do requisito da pertinência temática inerente
ao foro por prerrogativa de função. (FGV – TJBA - Juiz Leigo – 2023).

4.26 CRIMES PRATICADOS POR PROMOTOR DE JUSTIÇA NÃO RELACIONADO COM O CARGO
PROCESSO PENAL – COMPETÊNCIA – STJ - Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar
os delitos comuns, não relacionados com o cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça. (STJ. 3ª
Seção. CC 177.100-CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 08/09/2021) (Info 708).
ATENÇÃO: Se o Promotor de Justiça praticar um crime de competência da Justiça Federal, ele será julgado
pelo Tribunal Regional Federal? NÃO. Será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado onde atua. E se o
Promotor de Justiça praticar um crime eleitoral? Aí, neste caso, ele será julgado pelo Tribunal Regional
Eleitoral. Trata-se de exceção à regra segundo a qual o Promotor de Justiça é sempre julgado pelo Tribunal de
Justiça do Estado onde atua.
ASSERTIVA ERRADA: será competente o juízo federal para julgar promotor Justiça acusado da prática de
crimes comuns que ofendam o interesse da União. (FGV TJESE/2023).

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4.27 INSTRUÇÃO CRIMINAL – INÉPCIA DA DENÚNICA

PROCESSO PENAL – INSTRUÇÃO CRIMINAL – INÉPCIA DA DENÚNICA – STJ - Em um caso concreto


apreciado pelo STJ, concluiu-se pela inépcia da peça acusatória porquanto esta não descrevera a conduta
praticada pelo paciente que decorreria de negligência, imprudência ou imperícia, a qual teria ocasionado a
produção do resultado naturalístico. Considerou-se não ser típico o fato de o acusado ter perdido o controle
da direção e ter, em consequência, invadido a contramão. A tipicidade, se houvesse, estaria na causa da
perda do controle do veículo. Essa, entretanto, não foi mencionada na peça acusatória, cerceando o
direito de defesa e de contraditório, razão pela qual foi reconhecida a inépcia da peça acusatória.
(Informativo 482 – STJ - HC 188023/ES -026.03.2012).
“Art. 41, CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.”
“Art. 395, CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; (...).”
Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias: a peça deve conter a descrição de como os
fatos ocorreram e todas as suas circunstâncias.
Elementos essenciais: são aqueles necessários para identificar a conduta como fato típico. Devem
obrigatoriamente constar na peça acusatória, sob pena de prejuízo à defesa, que se defende dos fatos.
O que é criptoimputação? Segundo ensina Antônio Scarance Fernandes, trata-se da imputação
contaminada por grave situação de deficiência na narração do fato imputado, quando não contém os
elementos mínimos de sua identificação tanto do crime como às vezes ocorre com a simples alusão aos
elementos do tipo abstrato. (Fonte: comentário de colegas QConcurso).
ENUNCIADO: Luís foi denunciado pelo Ministério Público em razão da prática do delito de roubo agravado pelo
uso de arma. Contudo, a denúncia não expôs a conduta criminosa de Luís com todas as suas circunstâncias,
tampouco especificou a arma utilizada para o cometimento do delito. Diante desse cenário, é correto afirmar
que a denúncia deve ser: ASSERTIVA CORRETA: rejeitada liminarmente pelo juiz, em razão de sua
manifesta inépcia. (FGV TJES/2023).

4.28 EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA - TRIBUNAL DO JURI


PROCESSO PENAL – EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA - TRIBUNAL DO JURI – STF - “Esse tema está sendo
discutido no STF (Tema 1068 - Constitucionalidade da execução imediata de pena aplicada pelo Tribunal
do Júri. RE 1235340) e tem 3 interpretações possíveis por enquanto:
1- "A soberania dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução de condenação imposta pelo
corpo de jurados, independentemente do total da pena aplicada". (Voto do Relator Min. Roberto Barroso, que
já foi seguido por outros 4 ministros - Toffoli, A. Moraes, Carmen Lúcia e André Mendonça) 5 votos.
2- "A Constituição Federal, levando em conta a presunção de inocência (art. 5º, inciso LV), e a Convenção
Americana de Direitos Humanos, em razão do direito de recurso do condenado, vedam a execução imediata
das condenações proferidas por Tribunal do Júri, mas a prisão preventiva do condenado pode ser decretada
motivadamente, nos termos do art. 312 do CPP, pelo Juiz Presidente a partir dos fatos e fundamentos
assentados pelos Jurados.” (Divergência do Min. Gilmar Mendes, seguido pelo então Min. Ricardo
Lewandowiski e Min. Rosa Weber) 3 votos.
3- "É Constitucional a execução imediata prevista em lei infraconstitucional das penas fixadas acima de 15
anos, em decorrência de condenação pelo tribunal do júri" - (Divergência do Min. Edson Fachin), meio sem
sentido essa divergência com base no total da pena aplicada. É a literalidade do art. 492, §4, do CPP, mas não
faz sentido algum com os princípios constitucionais em debate. Enfim né. 1 voto.
Como se vê, falta ainda voto do Min. Nunes Marques e do Min. Luiz Fux, o processo voltou pra sessão virtual
após o voto vista do Min. André Mendonça.” (Fonte: Comentário colega QConcruso).
DECISÃO DE 08.08.2023: RE 1.235.340 - Após o voto-vista do Ministro André Mendonça, que acompanhava
integralmente o eminente Relator, no sentido de conhecer do recurso extraordinário e dar-lhe provimento, para
negar provimento ao recurso ordinário em habeas corpus, anuindo à tese de julgamento fixada: "A soberania
dos veredictos do Tribunal do Júri autoriza a imediata execução de condenação imposta pelo corpo de
jurados, independentemente do total da pena aplicada"; e do voto do Ministro Edson Fachin, que divergia
do Relator e do Ministro Gilmar Mendes, para o fim de reconhecer como ainda constitucional a execução
imediata prevista em lei infraconstitucional das penas fixadas acima de quinze anos, em decorrência de

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condenação pelo tribunal do júri, e no caso concreto, com fundamento diverso do eminente Relator, dava
provimento ao recurso para determinar a prisão do recorrido, uma vez que na hipótese a pena em
concreto foi quantificada em 26 (vinte e seis) anos e 8 (oito) meses de reclusão, o processo foi destacado.”
(Fonte: site STF).
A questão abaixo foi cobrada em concurso realizado em 2023, porém, antes da decisão acima que é recente.
ENUNCIADO: Pablo, em sessão plenária do Tribunal do Júri, foi condenado, pelo Conselho de Sentença, em
razão da prática do crime de homicídio duplamente qualificado, na modalidade consumada. O acusado
respondeu ao processo em liberdade. O juiz, então, proferiu a sentença, fixando a pena definitiva em quatorze
anos e seis meses de reclusão, em regime inicial fechado. Nesse cenário, considerando as disposições do
Código Penal e a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que Pablo:
ASSERTIVA da presunção de não culpabilidade. (Conforme disposto anteriormente, o tema está em discussão
pelo STF e possui 3 interpretações possíveis por enquanto). (FGV -TJRN -Analista/2023).

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5. DIREITO TRIBUTÁRIO
5.1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA
TRIBUTÁRIO – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA -O alienante possui legitimidade passiva para
figurar em ação de execução fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação voluntária
de imóvel. Ex: em 01/01/2015, data do fato gerador do IPTU, João era proprietário de um imóvel; alguns meses
mais tarde ele aliena para terceiro; Município poderá ajuizar execução fiscal contra João cobrando IPTU do ano
de 2015. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 942940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/8/2017 (Info 610).
A correta interpretação do art. 130 do CTN, combinada com a característica não excludente do parágrafo único,
permite concluir que o objetivo do texto legal não é desresponsabilizar o alienante, mas sim a de
responsabilizar o adquirente na mesma obrigação do devedor original. Trata-se, portanto,
de responsabilidade solidária, reforçativa e cumulativa sobre a dívida, em que o sucessor no imóvel adquirido
se coloca ao lado do devedor primitivo, sem a liberação ou desoneração deste. (...) O que há em comum a
todos os casos de responsabilidade tributária previstos no CTN é o fim a que ordinariamente se destinam,
no sentido de propiciar maior praticidade e segurança ao crédito fiscal, em reforço à garantia de
cumprimento da obrigação com a tônica de proteção do erário. (Fonte: Buscador do Dizer o Direito).
O STJ tem entendido que os arts. 132 e 133 do CTN consagram responsabilidade tributária solidária, por
sucessão, e o art. 135 ventila hipótese de responsabilidade de caráter solidário, por transferência. Assim,
a interpretação sistemática do art. 130 com os demais dispositivos que tratam da responsabilidade tributária
no CTN corrobora a conclusão de que a sub-rogação ali prevista tem caráter solidário, aditivo, cumulativo,
reforçativo e não excludente da responsabilidade do alienante, cabendo ao credor escolher o acervo
patrimonial que melhor satisfaça o débito cobrado a partir dos vínculos distintos.
“Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a
posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou
a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do
título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.”
ENUNCIADO: Cristiane celebrou contrato de compra e venda de um imóvel, mas o antigo proprietário não
recolheu nos últimos quatro anos a taxa municipal de coleta de lixo domiciliar. No contrato de compra e venda,
ainda não levado a registro, não há referência à quitação dos valores atrasados dessa taxa, mas apenas
menciona-se a quitação dos impostos incidentes sobre o imóvel. Tampouco foi apresentada qualquer outra
prova de quitação dos débitos em atraso referentes a essa taxa. Diante desse cenário e à luz da jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça, o valor dos débitos dessa taxa pode ser cobrado: ASSERTIVA CORRETA: de
Cristiane e do antigo proprietário, os quais têm responsabilidade solidária. (FGV – PGM/Niteroi- 2023)

5.2 COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO


TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO – STF – Pedido de reconsideração não interrompe
prazo para MS e controvérsia sobre matéria de direito não inviabiliza sua discussão em sede de MS.
Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados por administradores de
empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias de serviço público. É constitucional o
art. 1º, § 2º da Lei nº 12.016/2019. O juiz tem a faculdade de exigir caução, fiança ou depósito para o
deferimento de medida liminar em mandado de segurança, quando verificada a real necessidade da garantia
em juízo, de acordo com as circunstâncias do caso concreto. É constitucional o art. 7º, III, da Lei nº
12.016/2019.É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida liminar na
via mandamental. É inconstitucional o art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009.
É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo decadencial de 120 dias para a impetração
de mandado de segurança. É constitucional o art. 25 da Lei nº 12.016/2009, que prevê que não cabe, no
processo de mandado de segurança, a condenação em honorários advocatícios. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel.
Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).
Súmula nº 430/STF: “Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o
mandado de segurança”.

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Súmula nº 625/STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança”.
Importante fazer a distinção entre a declaração do direito à compensação tributária, a obtenção, em
liminar, de determinação para a realização da compensação tributária e a utilização do mandado de
segurança para convalidar a compensação tributária que já foi realizada pelo contribuinte.
Se a compensação ainda não foi realizada, cabe mandado de segurança com a possibilidade de concessão de
liminar (213 do STJ e ADI 4296, na qual foi declarado inconstitucional o Art. 7, parágrafo 2, da Lei 12.016/09).
Se a compensação tributária já foi realizada pelo contribuinte e, com o mandado de segurança, o
impetrante visa apenas a convalidar essa compensação tributária, a via do mandado de segurança não é
adequada, conforme o enunciado da súmula 460 do STJ: “É incabível o mandado de segurança para convalidar
a compensação tributária realizada pelo contribuinte.”
Súmula 213 do STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.
ATENÇÃO: STF entendeu pela inconstitucionalidade do artigo da lei do MS que vedava a compensação
tributária em sede de liminar. O Art. 7, parágrafo 2, da Lei 12.016/09 afirmava que "não será concedida medida
liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários", uma vez declarado este dispositivo
inconstitucional, a contrário sensu, pode ser concedida medida liminar que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários. (Fonte: comentários QConcurso).
ENUNCIADO: A sociedade empresária XYZ Ltda. ingressou, na esfera administrativa, com pedido de
compensação de crédito tributário, vinculado à temática com intensa controvérsia jurídica. A Administração
Pública, após analisar a matéria, não acolheu o pleito do contribuinte. Irresignada, a entidade optou por pedir
a reconsideração da decisão outrora proferida, a qual, semanas depois, foi mantida pelos seus próprios
fundamentos. A pessoa jurídica opta, então, por impetrar um mandado de segurança, com pedido liminar de
compensação de crédito tributário. Nesse cenário, é correto afirmar que o pedido de reconsideração na via
administrativa: ASSERTIVA CORRETA: não interrompe o prazo decadencial para a propositura do mandado de
segurança, de forma que, ultrapassado o interregno de 120 dias, o remédio constitucional não deverá ser
conhecido e a temática poderá ser discutida nas vias ordinárias. Caso o prazo decadencial não tenha sido
consumado, será possível a concessão de medida liminar, preenchidos os requisitos legais. (FGV – PGM/Niterói
-2023).

5.3 IMUNIDADE RECÍPROCA


TRIBUTÁRIO – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – IMUNIDADE RECÍPROCA – STF – REPERCUSSÃO GERAL – TEMA
385 - A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica
com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. STF. Plenário. RE
594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (Info 860).
Ex.: A União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou este imóvel para a
Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar combustíveis. Antes do
arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel em virtude da imunidade tributária
recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás passa a ter que pagar o imposto.
Vejamos os seguintes os arts. 32 e 34 do CTN:
O art. 32 do CTN prevê que o fato gerador do IPTU é "a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel".
O art. 34, por sua vez, estabelece que o "contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu
domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título."
APENAS PARA COMPLEMENTAR O TEMA SOBRE IMUNIDADE RECÍPROCA. ATENÇÃO PARA UM RECENTE
JULGADO: Sociedade de economia mista estadual prestadora exclusiva do serviço público de
abastecimento de água potável e coleta e tratamento de esgotos sanitários faz jus à imunidade tributária
recíproca sobre impostos federais incidentes sobre patrimônio, renda e serviços.
Para a extensão da imunidade tributária recíproca da Fazenda Pública a sociedades de economia mista e
empresas públicas, é necessário preencher 3 (três) requisitos:
a) a prestação de um serviço público; b) a ausência do intuito de lucro e c) a atuação em regime de
exclusividade, ou seja, sem concorrência. STF. Plenário ACO 3410/SE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
20/4/2022 (Info 1051).

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Assunto que já havia sido tratado no tema 1140: As empresas públicas e as sociedades de economia mista
delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam lucros a acionistas privados nem
ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no
artigo 150, VI, a, da Constituição Federal, independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do
serviço. STF. Plenário. RE 1320054 RG, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 06/05/2021 (Repercussão Geral – Tema 1140).
(Fonte: Buscador do Dizer o Direito).
ENUNCIADO: Instituição financeira pública que atua em regime de livre concorrência, estruturada como
empresa pública federal, foi surpreendida com a cobrança feita diretamente a ela, por parte do Município Alfa,
de IPTU e de taxa de coleta domiciliar de lixo sobre imóvel de propriedade da União arrendado por tal empresa
pública e onde se encontra sua sede nacional. Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta. ASSERTIVA
CORRETA: A taxa de coleta de lixo domiciliar poderia ser cobrada diretamente da União, proprietária do imóvel.
(FGV – Receita Federal – Analista 2023).

5.4 INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A OPERAÇÃO DE VENDA, REALIZADA POR LOCADORA DE VEÍCULOS,
DE AUTOMÓVEL COM MENOS DE 12 (DOZE) MESES DE AQUISIÇÃO DA MONTADORA
TRIBUTÁRIO - STF - INCIDÊNCIA DE ICMS - Consoante entendimento do STF, Tema 1012: É constitucional a
incidência do ICMS sobre a operação de venda, realizada por locadora de veículos, de automóvel com
menos de 12 (doze) meses de aquisição da montadora.
ASSERTIVA CORRETA: I Locadora de Veículos 100% S.A., sociedade empresária atuante no setor de locação
de veículos, adquire diretamente da montadora os veículos para locação, incorporando-os a seu ativo fixo
imobilizado. Antes de que esses completem 12 meses de uso, a empresa os aliena em feirões de veículos
seminovos. (FGV - 2023 - SEFAZ- MT)

5.5 TAXAS DE FISCALIZAÇÃO DA MINERAÇÃO CRIADAS POR LEIS ESTADUAIS


TRIBUTÁRIO - STF - VALIDADE DA CRIAÇÃO DE TAXAS DE FISCALIZAÇÃO DA MINERAÇÃO POR LEIS
ESTADUAIS - É constitucional a instituição, por meio de lei estadual, de taxas de controle, monitoramento e
fiscalização de atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerários. A base de
cálculo das taxas minerárias deve guardar razoável proporcionalidade entre a quantidade de minério extraído
e o dispêndio de recursos públicos com a fiscalização dos contribuintes, observados os princípios da proibição
do confisco e da precaução ambiental. STF. Plenário. ADI 4785/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 1/8/2022 (Info
1062). A taxa é tributo contraprestacional (vinculado), usado na remuneração de atividade específica, seja
serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não pode fixar a base de cálculo usando como critério os
sinais presuntivos de riqueza do contribuinte. O valor das taxas deve estar relacionado com o custo do
serviço que as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida.” STF. 1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013 (Info 724).
ENUNCIADO: Estado Alfa instituiu, por lei estadual, uma taxa de controle, acompanhamento e fiscalização
das atividades de pesquisa, lavra, exploração recursos aproveitamento de minerários pertencentes à União no
território estadual. A base de cálculo da referida taxa é a tonelada de minério extraído. ASSERTIVA CORRETA:
É admissível a utilização, a título de elemento para a quantificação tributária dessa taxa, do volume de minério
extraído. (FGV - 2023 - SEFAZ- MT)

5.6 CONCURSO DE PREFERÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS


TRIBUTÁRIO – STF – CONCURSO DE PREFERÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS - O concurso de preferência
entre os entes federados na cobrança judicial dos créditos tributários e não tributários, previsto no parágrafo
único do art. 187 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional) e no parágrafo único do art. 29 da Lei nº
6.830/80 (Lei de Execuções Fiscais), não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.
A Súmula 563 do STF foi cancelada. O entendimento contido na Súmula 497 do STJ está superado. STF.
Plenário. ADPF 357/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2021 (Info 1023). Posteriormente, em
14/09/2022, o STJ decidiu cancelar formalmente a súmula 497.13
ASSERTIVA CORRETA: Os créditos tributários dos entes federados não ostentam concurso de preferências
entre si em sua cobrança judicial. (FGV - 2023 - SEFAZ- MT)

13
O concurso de preferência entre pessoas jurídicas de direito público previsto no parágrafo único do art. 187 do CTN e o parágrafo único do art. 29 da LEF não é compatível
com a CF/88. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5112277ea658f7138694f079042cc3bb

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5.7 IPVA
TRIBUTÁRIO – STJ – IMPOSTOS ESTADUAIS - IPVA - Tema repetitivo 903: "A notificação do contribuinte para
o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo
prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data estipulada para o vencimento da exação". STJ.
1ª Seção. REsp 1320825-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/8/2016 (recurso repetitivo) (Info 588).
ASSERTIVA CORRETA: A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição
definitiva do crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data
estipulada para o vencimento da exação. (FGV - 2023 - SEFAZ- MT)
5.8 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA SUBJETIVA E OS CONTRIBUINTES DE DIREITO E DE FATO
TRIBUTÁRIO – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – TEMA 342 RG – STF - A imunidade tributária subjetiva aplica-se a
seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo
irrelevante para a verificação da existência do beneplácito constitucional a repercussão econômica do tributo
envolvido.
ASSERTIVA ERRADA: a imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários tanto na posição de
contribuinte de direito como na de contribuinte de fato. (FGV - JUIZ FEDERAL TRF1/2023)
5.9 EMBALAGENS FABRICADAS PARA PRODUTOS DESTINADOS À EXPORTAÇÃO
TRIBUTÁRIO – TEMA 475 – RG – STF – Extensão da imunidade relativa ao ICMS para a comercialização de
embalagens fabricadas para produtos destinados à exportação.
Qual foi a questão submetida a julgamento? Descrição: Agravo interposto contra decisão que inadmitiu
recurso extraordinário em que se discute, à luz do art. 155, § 2º, X, a, da Constituição Federal, se a imunidade
relativa ao ICMS, incidente sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, alcança, ou não, toda
a cadeia produtiva, abrangendo também a comercialização das embalagens fabricadas para os produtos
destinados à exportação.
Tese fixada: A imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X, "a", da CF não alcança operações ou prestações
anteriores à operação de exportação.
ASSERTIVA ERRADA: a imunidade de ICMS relativa às mercadorias destinadas à exportação se estende à
comercialização de embalagens fabricadas para produtos destinados à exportação. (A imunidade relativa ao
ICMS não alcança as operações ou prestações anteriores à operação de exportação. Como se vê na assertiva,
as embalagens são fabricadas antes de ocorrer a exportação). (FGV - JUIZ FEDERAL TRF1/2023).
5.10 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA PARA EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL
TRIBUTÁRIO – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA PARA EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL – TEMA 207 – RG – STF –
O STF reconheceu a imunidade das receitas de exportação deve ser aplicada às empresas do SIMPLES
NACIONAL , art. 149, §2º, I, CF (Contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico) e art. 153, §3º,
IIII CF (IPI).
O STF ratificou, no julgamento do RE 598.468, que as empresas do Simples Nacional, quando da apuração do
DAS, devem segregar suas receitas, para que seja observada a imunidade referente às exportações. Caso essa
segregação de receitas das exportações não seja observada no recolhimento dos tributos do Simples, nascerá
para o contribuinte o direito de reaver o indébito tributário. Essa recuperação de créditos pagos indevidamente
nos últimos 5 anos, observada a tese fixada pelo Supremo, poderá ser realizada pela via administrativa.14
Tese firmada: “As imunidades previstas nos artigos 149, § 2º, I, e 153, § 3º, III, da Constituição Federal são
aplicáveis às empresas optantes pelo Simples Nacional”.
ASSERTIVA ERRADA: as imunidades de contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico sobre
as receitas decorrentes de exportação não são aplicáveis às empresas optantes pelo Simples Nacional. (FGV -
JUIZ FEDERAL TRF1/2023).

14
Ibis Jus - https://www.youtube.com/watch?v=dgBxNNu-jEI

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5.11 IMUNIDADES – IPTU – ECT – TEMA 644 - RG – STF


TRIBUTÁRIO – IMUNIDADES – IPTU – ECT – TEMA 644 - RG – STF - Tese: A imunidade tributária recíproca
reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis
de sua propriedade e por ela utilizados, não se podendo estabelecer, a priori, nenhuma distinção entre os
imóveis afetados ao serviço postal e aqueles afetados à atividade econômica.
ASSERTIVA CORRETA: a imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) alcança o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) incidente sobre
imóveis por ela locados, afetados ao serviço postal. (FGV - JUIZ FEDERAL TRF1/2023).

5.12 EXECUÇÃO FISCAL


TRIBUTÁRIO – STJ – EXECUÇÃO FISCAL – CITAÇÃO - EMENTA. PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
EXECUÇÃO FISCAL. CITAÇÃO POR EDITAL. CONDIÇÃO DE CABIMENTO: FRUSTRAÇÃO DAS DEMAIS
MODALIDADES DE CITAÇÃO (POR CORREIO E POR OFICIAL DE JUSTIÇA). LEI 6830/80, ART. 8º.
1. Segundo o art. 8º da Lei 6.830/30, a citação por edital, na execução fiscal, somente é cabível quando não
exitosas as outras modalidades de citação ali previstas: a citação por correio e a citação por Oficial de
Justiça. Precedentes de ambas as Turmas do STJ. 2. Recurso especial improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-
C do CPC e da Resolução STJ 08/08 (STJ, REsp. n. 1.103.050/BA, relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção,
julgado em 25/3/2009).
ENUNCIADO: Em uma execução fiscal, o juiz determinou a citação do executado pela via postal, no endereço
declinado pela Fazenda Pública em sua petição inicial. Frustrada a citação pelos correios, foi determinada a
citação por edital. Nesse cenário, é correto afirmar que a citação é: ASSERTIVA CORRETA: nula, uma vez que
não se procederam às diligências necessárias à localização do executado pelo oficial de justiça. (FGV – PGM –
Analista 2023).

5.13 AÇÃO DE COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES - “SISTEMA S”


TRIBUTÁRIO – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA - AÇÃO DE COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES - “SISTEMA S” -
Segundo decisão do STJ, é possível que as atribuições de fiscalizar e cobrar todas as contribuições em favor do
“sistema S” sejam conferidas às próprias entidades privadas beneficiárias de tais recursos: “(...) Esta Corte já
se manifestou no sentido da legitimidade ativa das entidades do Sistema S para manejar ação de cobrança
das contribuições por si fiscalizadas e arrecadadas diretamente, como ocorre no caso dos autos, onde as
instâncias ordinárias concluíram que se trata de arrecadação direta enquadrada em caso especial
mediante celebração de convênio, daí porque não há falar em ofensa aos arts. 2° e 3° da Lei n° 11.457/2007.
Nesse sentido: AgInt no REsp XXXXX/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 11/12/2019; REsp
1.758.209/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, Dje 27/11/2018”.
Trata-se da cobrança do artigo 7º do CTN, no ponto em que permite que a arrecadação dos tributos seja feita
por entidades privadas: “§ 3º Não constitui delegação de competência o consentimento, a pessoas de direito
privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos”.
ENUNCIADO: Projeto de lei complementar federal pretende conferir as atribuições de fiscalizar e cobrar todas
as contribuições em favor do "sistema S" às próprias entidades privadas beneficiárias de tais recursos. Diante
desse cenário e à luz do entendimento dominante do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que:
ASSERTIVA CORRETA: é admitido atribuir as funções de fiscalizar e cobrar tributo a entidades privadas dele
beneficiárias e que realizem atividades de interesse social; Vejamos uma ASSERTIVA INCORRETA deste
mesmo enunciado: as entidades do "sistema S" poderiam receber a função de arrecadar tais contribuições,
mas, caso não houvesse pagamento espontâneo, a execução dos débitos deveria ser feita pela União, por se
tratar de tributos federais. (FGV – JUIZ FEDERAL – TRF1/2023).

5.14 MODIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA


TRIBUTÁRIO – MODIFICAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA- STJ - A adesão ao
parcelamento não implica em impedir a restituição dos valores pagos, ainda que tenha ocorrido
prescrição ou decadência: TRIBUTÁRIO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. PRESCRIÇÃO. ASPECTO
JURÍDICO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RENÚNCIA PELO PARCELAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

1. Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de
março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma nele prevista (Enunciado n.
3 do Plenário do STJ).
2. A Primeira Seção do STJ, no julgamento de recurso especial sob a sistemática de repetitivos, vinculado
ao tema n. 375, firmou a orientação de que "[a] confissão da dívida não inibe o questionamento judicial da
obrigação tributária, no que se refere aos seus aspectos jurídicos; e, quanto aos aspectos fáticos sobre os
quais incide a norma tributária, a regra é que não se pode rever judicialmente a confissão de dívida efetuada
com o escopo de obter parcelamento de débitos tributários." (v.g. erro, dolo, simulação e fraude)" (REsp
1133027/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em
13/10/2010, DJe 16/03/2011).
3. Assim, a prescrição não está sujeita à renúncia por parte do devedor, haja vista que ela não fulmina
apenas o direito de ação, mas também o próprio crédito tributário, nos termos do art. 156, V, do CTN, de
modo que a jurisprudência desta Corte Superior orienta que a renúncia manifestada para fins de adesão
à parcelamento é ineficaz à cobrança de crédito tributário já prescrito. Precedentes: AgInt no AREsp
312.384/RS, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 08/06/2017, DJe 08/08/2017; AgRg no AREsp
743.252/MG, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em 08/03/2016, DJe 17/03/2016; e AgRg no REsp
1.191.336/RN, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe de 30/09/2014.
4. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem, em desconformidade com a orientação jurisprudencial deste
Superior Tribunal de Justiça, entendeu pela impossibilidade de oposição de defesa acerca do direito
renunciado, de modo que está correto o provimento do recurso especial a fim de que seja processada exceção
de pré-executividade quanto à alegação de prescrição do crédito tributário, aspecto jurídico do crédito
tributário. 5. Agravo interno desprovido. (AgInt no AgInt no AREsp n. 1.343.161/SP, relator Ministro Gurgel de Faria,
Primeira Turma, julgado em 16/12/2019, DJe de 19/12/2019.)

ASSERTIVA CORRETA: É devida a restituição tanto dos valores pagos que já haviam sido alcançados
pela decadência, como daqueles que já haviam sido alcançados pela prescrição. (FGV – RECEITA
FEDERAL/2023).

5.15 ITR – INCIDÊNCIA EM IMÓVEL LOCALIZADO EM ÁERA URBANA COMPROVADAMENTE UTILIZADO EM


EXPLORAÇÃO EXTRATIVA, VEGETAL, AGRÍCOLA, PECUÁRIA OU AGROINDUSTRIAL
TRIBUTÁRIO – ITR – INCIDÊNCIA EM IMÓVEL LOCALIZADO EM ÁERA URBANA comprovadamente utilizado
em exploração extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial – STJ - Não incide IPTU, mas ITR,
sobre imóvel localizado na área urbana do Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração
extrativa, vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). Resp 1.112.646/SP.
ENUNCIADO: Um terreno de 200 m² no Município Alfa está localizado em perímetro urbano definido em lei
municipal. O terreno é utilizado exclusivamente para o cultivo de cogumelos orgânicos realizado apenas por
Mateus, possuidor do imóvel (mas que também é proprietário de outro imóvel no mesmo bairro). Mateus
comercializa tais cogumelos em Feiras de Orgânicos promovidas ao redor da Cidade com as devidas
autorizações da Prefeitura. Acerca desse cenário e à luz do entendimento dos Tribunais Superiores, é correto
afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: sobre o imóvel onde os cogumelos são cultivados incide o imposto sobre
a Propriedade Territorial Rural. (FGV – 2023 SMF /Fiscal de Rendas).

5.16 ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL


TRIBUTÁRIO - ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - STF - DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA DE 1988 DO ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL
PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ARTIGO 151,
INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO
CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1.
A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias
importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela
Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com
eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito
internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º,
da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O
Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da
Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF - RE 229096).
ENUNCIADO: O Brasil firmou tratado Internacional com um país estrangeiro em 2022 prevendo a concessão
de isenção de ICMS nas importações de determinado produto (com a compromisso de devida reciprocidade
do Estado estrangeiro). O referido tratado foi assinado pelo presidente da República, depois aprovado por
decreto legislativo no Congresso Nacional e, por fim, promulgado como Decreto federal. O Estado Alfa,
contudo, ingressou com medida judicial alegando que a União estava prejudicando sua arrecadação interna
de ICMS com tal isenção e que, além disso, estava a conceder benefício tributário de ICMS sem a devida
deliberação prévia e autorização dos Estados e do Distrito Federal. Diante desse cenário e à luz do
entendimento dos tribunais superiores, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: tal isenção pode ser
concedida, uma vez que não configura desoneração dada pela União como pessoa jurídica de direito público
interno, mas sim pela República Federativa do Brasil no âmbito de suas relações internacionais. (FGV – 2023 -
TRF1 – Juiz Federal Substituto)

5.17 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA


TRIBUTÁRIO – CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA - DELEGAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA - LEGITIMIDADE
PARA CONSTITUIÇÃO E COBRANÇA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – STJ - Apesar de o CTN prever a delegação
da capacidade tributária ativa a uma pessoa jurídica de direito público, (“Art. 7º, CTN: A competência tributária
é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços,
atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público
a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.”), a 2ª Turma do STJ, ao julgar o AgInt no Resp.
1.824.474/RJ, entendeu que: “as entidades do sistema S possuem legitimidade ativa para a cobrança das
respectivas contribuições adicionais, quando por si fiscalizadas/lançadas”. Portanto, de acordo com os
Tribunais Superiores, a capacidade tributária ativa pode ser delegada a pessoa jurídica de direito privado.
TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRIBUIÇÕES
DESTINADAS AO SESI. ARRECADAÇÃO DIRETA. AGENTE FISCAL. ATRIBUIÇÃO TÍPICA DE AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA. LEGITIMIDADE PARA CONSTITUIÇÃO E COBRANÇA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que as entidades do sistema "S" possuem
legitimidade ativa para a cobrança das respectivas Contribuições adicionais, quando por si
fiscalizadas/lançadas. Precedentes: 2. Agravo interno não provido. (STJ - AgInt no Resp. 1.824.474/RJ -
11.12.2019).
Outro julgado de 2022 nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. RECURSO
ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 3 DO STJ. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC. NÃO
OCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA DO SESI PARA AÇÃO DE COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO POR SI
FISCALIZADA. ARRECADAÇÃO DIRETA MEDIANTE CONVÊNIO. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA INTERPRETATIVA
COM O RESP 1.698.012. DISTINGUISHING. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. NÃO CABIMENTO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL.1. Afastada a alegada ofensa aos arts. 489 e 1.022 do CPC, eis que o acórdão recorrido se
manifestou de forma clara e fundamentada sobre a matéria posta em debate na medida necessária para o
deslinde da controvérsia. Não há que se falar, portanto, em negativa de prestação jurisdicional, visto que tal
somente se configura quando, na apreciação de recurso, o órgão julgador insiste em omitir pronunciamento
sobre questão que deveria ser decidida, e não foi. 2. Esta Corte já se manifestou no sentido da legitimidade
ativa das entidades do Sistema "S" para manejar ação de cobrança das contribuições por si fiscalizadas
e arrecadadas diretamente, como ocorre no caso dos autos, onde as instâncias ordinárias concluíram
que se trata de arrecadação direta enquadrada em caso especial mediante celebração de convênio, dai
porque não há falar em ofensa aos arts. 2º e 3º da Lei nº 11.457/2007. Nesse sentido: AgInt no REsp
1.824.474/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 11/12/2019; REsp 1.758.209/SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, Dje 27/11/2018. 3. Não há divergência interpretativa entre o caso dos autos e
os paradigmas citados pela recorrente (REsp 1.698.012/PR e EREsp 1.619.954/SC), tendo em vista a ausência
de similitude fática entre eles, eis que no presente caso se discute a legitimidade ativa para cobrança de
contribuição cobrada e fiscalizada diretamente pelo SESI mediante celebração de convênio, e os casos
paradigmas tratam de legitimidade passiva ad causam para ações que visem a restituição de indébito relativo
a contribuições de terceiros após a vigência da Lei 11.457/2007 (tributação, fiscalização, arrecadação,
cobrança e recolhimento da contribuição exercidos pela Secretaria da Receita Federal) ocasião em que não
foram debatidos os casos onde a cobrança e a fiscalização eram realizadas de forma direta pelas entidades
terceiras mediante celebração de convênio. 4. Havendo fiscalização e cobrança diretamente pela entidade
terceira mediante a celebração de convênio, não há falar em ofensa ao art. 142 do CTN, eis que a própria

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

entidade constitui o crédito tributário, sendo suficiente a notificação do débito instruída na forma do art. 11, §
2º do Decreto nº 57.375/1965. 5. A alegação relativa ao equívoco no recolhimento da contribuição, que ao invés
de recolhida ao SESI, teria sido recolhida ao SESC e SENAC, deve ser discuta em ação própria, não sendo o
caso de acolhida do pedido de denunciação da lide, haja vista a ausência de obrigação, por lei ou contrato, de
indenização ou ação regressiva das referidas entidades em favor do contribuinte que cometeu o equívoco, não
estando preenchidos os requisitos do art. 125 do CPC/2015. 6. Compete à Justiça Estadual processar e julgar
ações de cobrança, nas quais sejam autoras as entidades paraestatais, tais como SESI, SEBRAE, SESC,
SENAI, dentre outras, dada a sua personalidade jurídica de direito privado. Nesse sentido dispõe a
Súmula 516/STF ("O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da Justiça estadual").
Precedente do STJ: CC 95.723/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJe de 22/09/2008. 7. Agravo interno
não provido.” STJ - AgInt no REsp 1867152 / SP – 27.05.22. (Fonte: site STJ).
ENUNCIADO: A Companhia de Limpeza Urbana do Município Alfa, sociedade de economia mista municipal
responsável pela limpeza urbana e coleta de lixo no território municipal, recebeu por lei municipal de iniciativa
do prefeito a atribuição de fiscalizar e arrecadar a taxa de coleta de lixo proveniente de imóveis residenciais e
comerciais, para custeio desta atividade específica. Dessa forma, aqueles que não pagavam a referida taxa
começaram a sofrer cobranças judiciais de tais valores por parte do corpo de advogados da referida empresa
estatal (selecionados por concurso público, porém contratados no regime CLT). Diante desse cenário e à luz
do entendimento dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: a lei poderia atribuir
a função de fiscalização e arrecadação dessa taxa a essa pessoa jurídica de direito privado, ainda que se
configure como uma sociedade de economia mista. (FGV – SMF-RJ – Fiscal de Rendas).

5.18 REPARTIÇÃO DE RECEITAS ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃO


TRIBUTÁRIO - REPARTIÇÃO DE RECEITAS ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃO - TITULARIDADE DO IMPOSTO
DE RENDA – REPERCUSSÃO GERAL TEMA 1.130 STF - Pertence ao Município, aos Estados e ao Distrito
Federal a titularidade das receitas arrecadadas a título de imposto de renda retido na fonte incidente
sobre valores pagos por eles, suas autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas contratadas para
a prestação de bens ou serviços, conforme disposto nos arts. 158, I, e 157, I, da Constituição Federal (STF,
RE 1293453, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Tema 1.130, repercussão geral) .

ENUNCIADO: Previsto no Código Tributário Nacional, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer
natureza, de competência da União, também foi tratado no texto constitucional. Quando recolhido na fonte
(IRRF) por um Estado da Federação, a legislação determina que: ASSERTIVA CORRETA: o valor arrecadado
pertence integralmente ao Estado. (Quando recolhido na fonte (IRRF) por um Estado da Federação, nos termos
do art. 157, inc. I, do texto constitucional, bem como na jurisprudência consolidada do STF (RG supra), o valor
arrecadado pertence integralmente ao referido Estado.). (FGV – TCE – ES Auditor de Controle externo/2023).

5.19 ALTERAÇÃO DE PRAZO PARA PAGAMENTO DE TRIBUTO NÃO SE SUBMETE À LEGALIDADE ESTRITA
TRIBUTÁRIO – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR – STF - “A fixação e a alteração de
prazo para pagamento de tributo não se submete à legalidade estrita, podendo ser realizada por ato
infralegal” (STF, 2ª Turma, AI nº 178.723AgR, relator min. Maurício Corrêa, j. em 11/3/1996, DJ em 2/08/1996). Súmula
STF Vinculante n.º 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita
ao princípio da anterioridade. (Fonte: comentários professor QConcurso).
ENUNCIADO: Determinada lei atribuiu à autoridade fazendária local competência para expedir portaria fixando
o prazo para recolhimento de determinado tributo de unidade federativa. A lei em comento é: ASSERTIVA
CORRETA: constitucional, uma vez que o prazo para recolhimento do tributo não é matéria reservada à lei. (O
prazo para recolhimento do tributo não é matéria reservada à lei nem se submete ao princípio da anterioridade,
tal como já pacificou o STF nos julgados acima transcritos acima). (FGV – CGE-SC – Auditor do Estado/2023).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

6. DIREITO DO CONSUMIDOR
6.1 PROCON POSSUI LEGITIMIDADE PARA APLICAR MULTAS ADMINISTRATIVAS
CONSUMIDOR – STJ – MULTAS ADMINISTRATIVAS - o PROCON possui legitimidade para aplicar multas
administrativas às companhias de seguro em face de infração praticada em relação de consumo de
comercialização de título de capitalização e de que não há falar em bis in idem em virtude da inexistência
da cumulação de competência para a aplicação da referida multa entre o órgão de proteção ao
consumidor e a SUSEP (STJ. Primeira Turma. REsp 1122368/AL, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 03.09.2009).
ASSERTIVA CORRETA: imputação da multa por parte do Procon advém de seu poder de polícia quando
constatada violação ao CDC, não gerando bis in idem ao não usurpar atribuição da Susep. (FGV – PGE/SC 22).

6.2 MÁ-FÉ DO FORNECEDOR E A REGRA DO ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC


CONSUMIDOR - Para incidir a regra do art. 42, parágrafo único, do CDC exige-se má-fé do fornecedor
(“cobrador”)? Exige-se a demonstração de que o fornecedor tinha a intenção (vontade) de cobrar um valor
indevido do consumidor? Esse era um ponto polêmico no STJ. Prevalece atualmente que NÃO. Não se exige
a demonstração de má-fé, ou seja, da intenção do fornecedor de cobrar um valor indevido. Não é necessário
se perquirir qualquer elemento volitivo por parte do fornecedor. Basta que o fornecedor tenha agido de forma
contrária à boa-fé objetiva. O STJ fixou a seguinte tese em embargos de divergência: A restituição em dobro
do indébito (parágrafo único do artigo 42 do CDC) independe da natureza do elemento volitivo do fornecedor
que cobrou valor indevido, revelando-se cabível quando a cobrança indevida consubstanciar conduta
contrária à boa-fé objetiva. STJ. Corte Especial. EAREsp 676608/RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2020.
ATENÇÃO: Está superada a Tese 7 do Jurisprudência em Teses do STJ (ed. 39).
ASSERTIVA ERRADA: Tobias precisa comprovar a má-fé do fornecedor para receber a devolução em dobro do
valor cobrado indevidamente. NÃO PRECISA. (FGV- TJSC/22)

6.3 INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA “OPE JUDICIS”


CONSUMIDOR - STJ - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA “OPE JUDICIS” - Segundo a jurisprudência desta
Corte, não há óbice a que seja invertido o ônus da prova em ação coletiva de consumo, ainda que se cuide
de ação civil pública ajuizada pelo MP. STJ, AgInt no AREsp 1788959/AM. A 4ª Turma do tribunal entendeu que
as ações coletivas devem ser facilitadas, para oferecer a máxima aplicação do Direito.
“Art. 6º (...) - VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação OU quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências. (...)”. Trata-se da chamada inversão do ônus da prova "ope
judicis". REGRA DE INSTRUÇÃO.
OUTROS JULGADOS IMPORTANTES: Possibilidade de inversão do ônus da prova nas ações de
responsabilidade civil por erro médico: É possível a inversão do ônus da prova nas ações que tratam de
responsabilidade civil por erro médico, quando configurada situação de hipossuficiência técnica do
consumidor. STJ. Aglnt no AREesp n. 1.872.697/DF.
A inversão do ônus da prova é regra de instrução (e não regra de julgamento): A inversão do ônus da prova
de que trata o art. 6º, VIII, do CDC é regra de instrução, devendo a decisão judicial que determiná-la ser
proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar à parte a
quem não incumbia inicialmente o encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos.
STJ. 2ª Seção. EREsp 422.778-SP.
O STJ já decidiu pela possibilidade de inversão do ônus da prova em ação civil pública que tratava de crime
contra o meio ambiente e a 1ª Turma do tribunal entendeu que a inversão pode e deve ser feita “não em prol
do autor, mas da sociedade." (REsp 1.049.822).
ENUNCIADO: A Defensoria Pública do Estado Alfa ajuizou ação coletiva em face da Instituição Financeira ZZ,
sob o argumento, plenamente verossímil, em razão das circunstâncias do caso, de que estariam sendo
cobrados serviços dos consumidores sem que tivessem sido previamente solicitados. À solicitação de inversão
do ônus da prova foi oposto o argumento, pela instituição demandada, de que a legislação de regência não
admitia tal possibilidade em ação coletiva dessa espécie. À luz da sistemática vigente, cabe afirmar que a

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

inversão do ônus da prova, na situação descrita, é: ASSERTIVA CORRETA: correta, pois o termo consumidor
deve ser interpretado em sentido amplo, enquanto destinatário da proteção, de modo a facilitar a sua defesa,
individual ou coletiva. (FGV - DPE/MS 2022)

6.4 FORTUITO INTERNO


CONSUMIDOR – STJ – FORTUITO INTERNO - Segundo a jurisprudência do STJ, a ocorrência de fraudes ou
delitos contra o sistema bancário, dos quais resultam danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na
categoria doutrinária de fortuito interno, porquanto fazem parte do próprio risco do empreendimento (STJ.
REsp 1.197.929/PR).
Súmula 479-STJ. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
ENUNCIADO: Cláudia, ao verificar o extrato de sua conta bancária, foi surpreendida com a informação de que
foi realizado saque de grande quantia diretamente no caixa. Indignada, procurou a fornecedora, que informou
somente liberar tal procedimento mediante apresentação de documento oficial de identidade, sendo
constatada a utilização de documento falso por terceiro para a realização do saque. Cláudia procurou a
Defensoria Pública que, corretamente, deve orientar-lhe que ocorreu: ASSERTIVA CORRETA: caso fortuito
interno, devendo a instituição bancária responder objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos
praticados por terceiros. (FGV – DPE/MS 2022)

6.5 ÔNUS DA PROVA


CONSUMIDOR – STJ – ÔNUS DA PROVA - Demonstrada, pelo consumidor, a relação de causa e efeito entre
o produto e o dano, incumbe ao fornecedor o ônus de comprovar a inexistência de defeito do produto ou
a configuração de outra excludente de responsabilidade consagrada no §3 do artigo 12 do CDC. “DIREITO
DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
INCÊNDIO DE VEÍCULO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE
CIVIL POR FATO DO PRODUTO. ÔNUS DA PROVA. FORNECEDOR. 1. Ação de compensação por danos
materiais e morais ajuizada em 28/02/2018, da qual foi extraído o presente recurso especial interposto em
27/10/2020 e concluso ao gabinete em 14/07/2021. 2. O propósito recursal consiste em definir, para além da
negativa de prestação jurisdicional, a quem incumbe o ônus de comprovar o defeito do produto, ou a sua
inexistência, no âmbito do Código de Defesa do Consumidor. 3. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de
que não há ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015 quando o Tribunal de origem, aplicando o direito que entende
cabível à hipótese, soluciona integralmente a controvérsia submetida à sua apreciação, ainda que de forma
diversa daquela pretendida pela parte. 4. O fornecedor responde, independentemente de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos do produto (art. 12 do CDC). O defeito,
portanto, se apresenta como pressuposto especial à responsabilidade civil do fornecedor pelo acidente de
consumo. Todavia, basta ao consumidor demonstrar a relação de causa e efeito entre o produto e o dano,
que induz à presunção de existência do defeito, cabendo ao fornecedor, na tentativa de se eximir de sua
responsabilidade, comprovar, por prova cabal, a sua inexistência ou a configuração de outra excludente
de responsabilidade consagrada no § 3º do art. 12 do CDC. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem não
acolheu a pretensão ao fundamento de que os recorrentes (autores) não comprovaram a existência de
defeito no veículo que incendiou. Entretanto, era ônus das fornecedoras demonstrar a inexistência de
defeito. 6. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1955890/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 05/10/2021, DJe 08/10/2021).”
“Artigo 12 do CDC: (..) §3: O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II- que, embora haja colocado o
produto no mercado, o defeito inexiste; III- a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
ENUNCIADO: Pluto, um cãozinho de pequeno porte, foi levado a uma loja integrante de uma grande rede de
pet shops, para realização de banho e tosa. Ao chegarem em casa, Tício, tutor do cão, percebeu que o animal
estava incomodado com algo, oportunidade em que viu alguns ferimentos pequenos compatíveis com aqueles
provocados por tesoura. Isso o levou a acreditar que o profissional tosador tivesse causado tais ferimentos.
Indignado, Tício imediatamente retornou ao pet shop e registrou a reclamação, bem como fez fotos dos
ferimentos. Em seguida, procurou a Defensoria Pública para saber de seus direitos. ASSERTIVA CORRETA: a
hipótese é de defeito do serviço e que cabe à fornecedora comprovar que o defeito inexiste, seja porque o dano
resulta de culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. (FGV – DPE/MS – 2022).

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6.6 TEORIA FINALISTA APROFUNDADA ACERCA DO CONCEITO DE CONSUMIDOR


CONSUMIDOR - STJ - A jurisprudência majoritária do STJ adota a teoria finalista aprofundada acerca do
conceito de consumidor. Consumo intermediário. Vulnerabilidade. Finalismo aprofundado. Não ostenta a
qualidade de consumidor a pessoa física ou jurídica que não é destinatária fática ou econômica do bem
ou serviço, salvo se caracterizada a sua vulnerabilidade frente ao fornecedor. A determinação da
qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese
restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem
ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Dessa forma, fica excluído da proteção do CDC o consumo
intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição,
compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado
consumidor, para fins de tutela pelo CDC, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço,
excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. Todavia, a jurisprudência do STJ, tomando por base
o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação
temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando
“finalismo aprofundado”. Assim, tem se admitido que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica
adquirente de um produto ou serviço possa ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente
ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de
consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao
consumidor. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade:
técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica
(falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática
(situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé
de desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade
informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório
de compra). Além disso, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a
incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de
vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das
partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação
do CDC, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica
compradora à condição de consumidora. Precedentes citados: REsp 1.196.951-PI, DJe 9/4/2012, e REsp 1.027.165-
ES, DJe 14/6/2011. REsp 1.195.642-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.
ASSERTIVA CORRETA: relação de consumo, ainda que Jorge utilize o bem em sua atividade empresária, dada
a aplicação da teoria finalista aprofundada; a competência para a ação judicial poderá ser da comarca do
domicílio do autor Jorge. (FGV – DPE/MS 2022)

6.7 PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA E PROPAGANDA ENGANOSA


CONSUMIDOR – STJ – PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA E PROPAGANDA ENGANOSA - JURISPRUDÊNCIA EM
TESES DO STJ. ED. 165: 6) Constitui prática comercial abusiva e propaganda enganosa o lançamento de
dois modelos diferentes para o mesmo automóvel, no mesmo ano, ambos anunciados como
novo modelo para o próximo ano. No Fato a responsabilidade do comerciante é subsidiária. No Vício a
responsabilidade do comerciante é solidária.
“Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.”
Art. 30, CDC: TODA informação ou publicidade [ex: folheto publicitário], suficientemente precisa [≠ simples
exagero], veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados, OBRIGA o fornecedor que a [1] fizer veicular ou [2] dela se
utilizar e INTEGRA o contrato que vier a ser celebrado. Assim, a publicidade enganosa/abusiva, AINDA
QUE resultante de erro de terceiro, OBRIGARÁ a empresa que for beneficiada por ele. (FONTE: QConcurso).
ENUNCIADO: Regina ingressou com ação judicial em face da montadora de automóveis (primeira ré) e da
revendedora (segunda ré), alegando que sofreu prejuízo na compra de um veículo. A consumidora narra que,
em outubro de 2020, adquiriu o veículo anunciado na mídia como sendo o lançamento do modelo na versão
ano 2021, o que foi confirmado pelo vendedor que a atendeu na concessionária. No mês seguinte, a montadora
lançou novamente aquele modelo denominando versão ano 2021, entretanto, contando com mais acessórios,
o que impactou na desvalorização do carro de Regina. Diante dessa situação, é correto afirmar que:
ASSERTIVA CORRETA: há abusividade na prática comercial que induziu Regina a erro, ao frustrar sua legítima

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

expectativa e quebrar a boa-fé objetiva; a responsabilidade solidária da montadora e da revendedora está


caracterizada pelo vício decorrente da disparidade com indicações constantes na mensagem publicitária e
informadas à consumidora. (FGV – TJAP/2022)
6.8 AÇÃO COLETIVA E AÇÕES INDIVIDUAIS
CONSUMIDOR - Jurisprudência em Teses do STJ – edição n° 25 – 13) Ajuizada ação coletiva atinente
a MACROLIDE geradora de processos MULTITUDINÁRIOS, suspendem-se as ações individuais, de ofício e
independentemente do consentimento do autor da respectiva lide individual, no aguardo do julgamento da
ação coletiva.
ASSSERTIVA CORRETA: com o escopo de privilegiar soluções uniformes e otimizar a atuação jurisdicional,
uma vez ajuizada a ação coletiva atinente à macro-lide geradora de processos multitudinários, pode o juízo
suspender, ex officio, o andamento dos processos individuais até o julgamento em ação coletiva da tese
jurídica de fundo neles veiculada. (FGV – MPE/GO 2022).

6.9 BLANKET CONSENT


CONSUMIDOR – “BLANKET CONSENT” – CONSENTIMENTO GENÉRICO – STJ - Todo paciente possui, como
expressão do princípio da autonomia da vontade (autodeterminação), o direito de saber dos possíveis riscos,
benefícios e alternativas de um determinado procedimento médico, possibilitando, assim, manifestar, de
forma livre e consciente, o seu interesse ou não na realização da terapêutica envolvida, por meio do
consentimento informado. Esse dever de informação decorre do art. 22 do Código de Ética Médica e dos
arts. 6º, III, e 14 do CDC. Além disso, o Código Civil também disciplinou sobre o assunto no art. 15.
Justamente por isso, é indispensável o consentimento informado do paciente acerca dos riscos inerentes
ao procedimento cirúrgico. O médico que deixa de informar o paciente acerca dos riscos da cirurgia incorre em
negligência, e responde civilmente pelos danos resultantes da operação. Vale ressaltar, ainda, que a
informação prestada pelo médico ao paciente, acerca dos riscos, benefícios e alternativas ao
procedimento indicado, deve ser clara e precisa, NÃO BASTANDO que o profissional de saúde informe,
de maneira genérica ou com termos técnicos, as eventuais repercussões no tratamento, o que
comprometeria o consentimento informado do paciente, considerando a deficiência no dever de
informação. Com efeito, não se admite o chamado “blanket consente”, isto é, o consentimento genérico,
em que não há individualização das informações prestadas ao paciente, dificultando, assim, o exercício de seu
direito fundamental à autodeterminação. STJ. 3ª Turma. REsp 1848862-RN, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 05/04/2022 (Info 733).
ENUNCIADO: Márcia, operadora de caixa, operou uma hérnia com o dr. Luiz Roberto. Embora a cirurgia fosse
simples, algumas complicações surgiram, culminando, inclusive, em sequelas permanentes. Ela, então,
ajuizou demanda indenizatória em face do médico. A perícia concluiu que o trabalho cirúrgico fora perfeito, em
avançada técnica médica. Apontou, também, que o termo de consentimento informado tinha a seguinte
redação, toda em maiúsculas: “ATENÇÃO: TODAS AS CIRURGIAS ENVOLVEM RISCOS. PROCURE SE
INFORMAR!” Nesse caso, o juiz deverá: ASSERTIVA CORRETA: reconhecer infração ao dever de informação,
uma vez que cabe ao fornecedor apresentar a informação completa, com todos os detalhes, sem jamais impor
ao consumidor o ônus de ir buscá-la por meios próprios. (FGV – TJBA/2023 – Conciliador)

6.10 RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO


CONSUMIDOR – RESPONSABILIDADE CIVIL - RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL POR FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO – STJ - Responsabilidade do hospital por ato próprio. Nexo de causalidade. Ausência
de disponibilização de sala de cirurgia em tempo adequado. Óbito do feto ainda no útero materno. Falha na
prestação de serviço. Configuração. O hospital responde, objetivamente, pelos danos decorrentes da
prestação defeituosa dos serviços relacionados ao exercício da sua própria atividade.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: “Cinge-se a controvérsia à análise acerca da responsabilidade civil do
hospital em decorrência da alegada falha de serviço hospitalar - no caso, ausência de disponibilização de
sala de cirurgia em tempo adequado -, o que ocasionou o óbito do feto ainda no útero materno. Sobre o tema,
esta Corte já decidiu que:
"(i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de recursos
materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do paciente,
hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em decorrência
de defeito no serviço prestado (artigo 14, caput, do CDC)"; [...] e "(iii) quanto aos atos técnicos praticados de

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem
solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse
caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela
vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de natureza absoluta (artigos 932 e 933 do
Código Civil), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus
da prova (artigo 6º, inciso VIII, do CDC)" (REsp 1.145.728/MG, relator para acórdão Ministro Luis Felipe Salomão,
Quarta Turma, DJe de 8/9/2011).
O Tribunal a quo demonstrou tanto o evento danoso, conduta e o nexo de causalidade, além da
indenização ter se dado sob a análise da medida de sua própria culpa, qual seja, a falha na prestação dos
serviços. Portanto, o estabelecimento hospitalar não foi responsabilizado por ato de terceiro, mas sim
por sua própria culpa, pois configurado o nexo de causalidade entre sua conduta - má prestação de
serviço pela demora para disponibilizar a sala de cirurgia - e o dano causado.” (AgInt no AgInt no REsp n.
1.718.427/RS. DJe em 09/03/2023). (Fonte: site STJ).
Vejamos trecho do voto condutor do acórdão da apelação no tribunal de origem para melhor
compreensão da decisão do STJ: “Quando a demandante chegou ao hospital já estava com dilatação
completa para o parto, porém, na mesma oportunidade tomou conhecimento de que diante da prematuridade
do parto, precisaria de UTI neonatal e que esta se encontrava lotada, por isso, deveria ser removida para outro
hospital. Através da médica assistente ou do hospital (não se tem essa informação com precisão nos autos)
houve contato com o Hospital Ernesto Dorneles, onde conseguiram o leito neonatal. Contudo, problema maior
se instalou. O hospital não possuía ambulância de remoção, e mesmo as ambulâncias particulares, no dia,
não puderam prestar o atendimento, pois todas se encontravam ocupadas. Tal situação é incontroversa nos
autos. Familiares da autora, hospital e médica assistente buscaram a tentativa de remoção e não conseguiram.
Neste ínterim, a autora já não pode mais esperar, e a médica, diante da situação de que a dilatação estava
completa, e o bebê quase saindo, decidiu, inicialmente, pelo parto normal, porém, o trabalho de parto foi
frustrado em razão de que rompida a bolsa o bebê "girou", e trancou, não indo "nem pra frente", "nem pra trás",
ocasião, então, que a médica decidiu pela cesárea. Decidido pela cesárea, novo empecilho, não havia salas
disponíveis no centro cirúrgico obstétrico, e quase uma hora depois da decisão pela cesárea, liberada uma das
salas, o procedimento foi realizado, contudo, o bebê já estava morto. [...] A responsabilidade da empresa do
ramo de saúde, por óbvio, mesmo sendo objetiva, é vinculada à comprovação da culpa do médico. Ou seja,
mesmo que se desconsidere a atuação culposa da pessoa jurídica, a responsabilização desta depende da
atuação culposa do médico, sob pena de não haver o dito erro médico indenizável. [...] De pronto destaco a
manutenção da sentença de procedência. E, ainda que compartilhe do entendimento no sentido de que o
hospital não foi o único responsável pelo evento morte do filho da demandante, restando sérias dúvidas acerca
da conduta da médica assistente, tenho que o hospital deve responder pelo episódio na medida de sua culpa.
[...] E, da análise pericial, constatei que o hospital demandado falhou nos serviços que presta, em relação ao
parto da autora. Pincelando algumas respostas do expert tem-se que em vários momentos houve negligência
dos profissionais de saúde que compõem a enfermagem do demandado. [...] Mais. Dentre tantos problemas
enfrentados pela demandante para ter seu bebê, tenho que a questão envolvendo a demora para
disponibilizar a sala de cirurgia em momento de extrema e flagrante emergência, contribuiu
sobremaneira para o trágico desfecho, questão que ficou bem amparada na prova pericial e testemunhal.
[...] 13) Diga o sr. Perito se houve demora na realização do parto da autora. Sim, uma vez que a médica
indicou cesariana de urgência às 6h34min, e a disponibilização da sala - afinal utilizada para parto vaginal
- ocorreu às 7h30min. (fl. 304) 14) Diga o Sr. Perito se a demora ocorreu por conta do hospital ou pela médica
particular que fez o acompanhamento pré-natal e que faria o parto? Segundo os registros não foram dadas
opções à médica a não ser esperar a liberação das salas para realizar a cesariana. Ao hospital cabia
providenciar sala extra para a realização do procedimento. (fl. 304). [...] Nesse contexto, restou
plenamente comprovada a demora do hospital em disponibilizar sala para a cesariana de emergência
flagrante, como antes disse. E o que mais chama a atenção, é que situações como esta não deveria ser tratada
pelo nosocômio como de impossível acontecimento. Ao contrário. Penso que a circunstância fática não foge
à quase normalidade do dia -a -dia deste hospital, porquanto, conhecido e renomado pelo atendimento
de gestante e consequentes partos. Ao meu ver, a dificuldade do hospital em disponibilizar a UTI neonatal
(que efetivamente se encontrava lotada) motivou à negligência do demandado em relação ao parto. Ou seja,
retardou o parto para que pudesse providenciar a UTI neonatal ou, ainda, a remoção da paciente a outro
hospital. Contudo, em assim agindo assumiu o risco do desfecho da morte do bebê. Penso que o ponto
chave é este: o hospital deveria ter proporcionado todas as condições para o parto, e depois decidido
como seria uma remoção ou a abertura de uma vaga na UTI neonatal. Só assim, poderia ter dado chances

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

desta criança sobreviver. [...] No entanto, tenho que a espera de quase uma hora para a liberação da sala,
para a realização da cesariana na autora, extrapolou qualquer limite de razoabilidade, ainda mais quando
o requerido afirma que possuía outras salas disponíveis no centro cirúrgico, que deveria ter sido
providenciada por sua equipe, diante dos cuidados que o caso demandava. Assim, em razão da falha na
prestação de serviço da requerida, consistente na demora em remover à autora, em tempo razoável, à
sala de cesariana está comprovado o nexo de causalidade entre o evento morte e o dano moral suportado
pela demandante. [...] Dessa forma, levando em consideração os elementos acima mencionados, bem como
que a falha na prestação do serviço do requerido contribuiu para o evento morte, a inexistência de certeza que
bebê sobreviveria após a cesariana e atenta aos ditames do art. 944 do Código Civil, fixo a reparação do dano
moral em 50 salário mínimos. [...] A meu ver, o valor da indenização deve atender determinados vetores que
dizem respeito à pessoa do ofendido e do ofensor, partindo-se da medida do padrão sociocultural médio da
vítima, avaliando-se a extensão da lesão ao direito, a intensidade do sofrimento, a duração do constrangimento
desde a ocorrência do fato, as condições econômicas do ofendido e as do devedor, e a suportabilidade do
encargo. Deve-se relevar, ainda, a gravidade do dano e o caráter pedagógico - punitivo da medida. (...).
O estabelecimento hospitalar não foi responsabilizado por ato de terceiro, mas sim por sua própria culpa,
pois configurado o nexo de causalidade entre sua conduta – má prestação de serviço pela demora para
disponibilizar a sala de cirurgia – e o dano causado. Consoante entendimento jurisprudencial do STJ, o
hospital responde, objetivamente, pelos danos decorrentes da prestação defeituosa dos serviços
relacionados ao exercício da sua própria atividade. STJ. 4ª Turma.AgInt no AgInt no REsp 1.718.427-RS, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 6/3/2023 (Info 768).

ENUNCIADO DA QUESTÃO: Marilena, cuja gravidez era de risco, deu entrada em estado grave na emergência
da obstetrícia do Hospital Papa São Pancrácio IX. Devido à superlotação do setor, não houve disponibilização
de sala de cirurgia em tempo adequado e, em razão disso, ocorreu o óbito do feto no útero materno. Tais fatos
são incontroversos. A autora ajuizou ação de responsabilidade civil em face da sociedade empresária
mantenedora do hospital, que alegou sua ilegitimidade passiva. Sustenta a ré que sua responsabilidade está
limitada ao fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços
médicos e à supervisão da paciente, pois o obstetra de Marilena não é seu empregado. Tal serviço foi prestado
adequadamente, visto que o óbito do feto, segundo o hospital, decorreu de ato técnico praticado de forma
defeituosa pelo obstetra, de modo que apenas ele deveria ser responsabilizado. Considerando os fatos
narrados e as disposições do Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA:
a responsabilidade civil perante Marilena é exclusiva do hospital, não por fato de terceiro, mas sim por fato
próprio, pois está configurado o nexo de causalidade entre sua conduta - má prestação de serviço pela demora
para disponibilizar a sala de cirurgia - e o dano causado. (FGV – TJES-2023).

6.11 RESPONSABILIDADE CIVIL E CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO


CONSUMIDOR - RESPONSABILIDADE CIVIL. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. REMESSA DE
PEDRA PARA O INTERIOR DE COMPOSIÇÃO FERROVIÁRIA. FATO DE TERCEIRO. CASO FORTUITO - STJ - A
jurisprudência do STJ possui entendimento de que o arremesso de pedra por terceiro que fere passageiro no
interior de composição ferroviária deve ser caracterizado como fortuito externo, por se tratar de fato não
relacionado com os riscos inerentes à atividade explorada. (REsp n. 1.655.353/SP, relator Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 6/4/2017, DJe de 25/4/2017.)

ENUNCIADO: À luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, considera-se fortuito interno, inapto a
romper o nexo causal no âmbito das relações de consumo: ASSERTIVA ERRADA: arremesso de pedra por
terceiro que fere passageiro no interior de composição ferroviária. (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).

6.12 OS AGENTES FINANCEIROS CONHECIDOS COMO BANCOS DE VAREJO, QUE FINANCIAM A VENDA
DE AUTOMÓVEIS, NÃO RESPONDEM PELOS VÍCIOS DO PRODUTO
CONSUMIDOR – FIGURA DO FORNECEDOR EQUIPARADO – SOLIDARIEDADE – STJ - Os agentes financeiros
conhecidos como bancos de varejo, que financiam a venda de automóveis, não respondem pelos vícios
do produto, e o contrato de financiamento subsiste mesmo que a compra seja desfeita – situação diversa da
que ocorre com os bancos integrantes do grupo econômico da fabricante, os chamados bancos da
montadora (STJ, REsp 1.946.388).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

ENUNCIADO: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte caso:
ASSERTIVA ERRADA: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte
caso. (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).
6.13 RESPONSABILIDADE DO BANCO EMISSOR DO BOLETO PELA VENDA FRAUDULENTA REALIZADA POR
UMA LOJA VIRTUAL
CONSUMIDOR – FIGURA DO FORNECEDOR EQUIPARADO – SOLIDARIEDADE – STJ - A Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça afastou a responsabilidade do banco emissor do boleto pela venda fraudulenta
realizada por uma loja virtual que não entregou ao cliente os produtos comprados. De forma unânime, os
ministros concluíram que não houve falha na prestação do serviço bancário, já que a instituição financeira
apenas emitiu a guia de pagamento. (STJ REsp 1.786.157).
ENUNCIADO: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte caso:
ASSERTIVA ERRADA: bancos pela emissão de boleto utilizado em fraude no âmbito de compra online. (FGV –
TJBA – Juiz Leigo/2023).

6.14 NÃO HÁ RESPONSABILIDADE DE CONCESSIONÁRIA POR ADULTERAÇÃO DE HODÔMETRO DE


VEÍCULO COMERCIALIZADO POR ELA
CONSUMIDOR – FIGURA DO FORNECEDOR EQUIPARADO – SOLIDARIEDADE – STJ - A Terceira Turma do
Superior Tribunal de Justiça afastou a responsabilidade de uma concessionária pela adulteração do hodômetro
de veículo comercializado por ela, fato percebido depois que o carro já havia sido revendido a uma terceira
pessoa por meio de outra agência. De forma unânime, o colegiado concluiu não existir relação jurídica entre
a empresa que figurou como vendedora no primeiro negócio e o autor da ação (o comprador envolvido na
segunda operação comercial). (STJ REsp 1517800).
ENUNCIADO: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte caso:
ASSERTIVA ERRADA: fabricante de veículo pela adulteração do hodômetro realizada pelo primeiro proprietário
quando ocorrer alienação a novo interessado. (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).

6.15 O MERO PATROCINADOR DE EVENTO, QUE NÃO ASSUME GARANTIA DE SEGURANÇA DOS
PARTICIPANTES, NÃO PODE SER CONSIDERADO FORNECEDOR
CONSUMIDOR – FIGURA DO FORNECEDOR EQUIPARADO – SOLIDARIEDADE – STJ - Ao dar parcial
provimento ao recurso especial de uma empresa que patrocinou a exibição de manobras radicais de
motocicletas, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o mero patrocinador de
evento, que não assume garantia de segurança dos participantes, não pode ser considerado fornecedor
para fins de responsabilização por acidente de consumo. (STJ REsp 1.955.083).
ENUNCIADO: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte caso:
ASSERTIVA ERRADA: patrocinadora de evento musical, sem engajamento na organização, pela morte de
alguém na plateia. (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).

6.16 SOCIEDADE EMPRESÁRIA QUE COMERCIALIZA INGRESSOS NO SISTEMA ON-LINE RESPONDE


CIVILMENTE PELA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
CONSUMIDOR – FIGURA DO FORNECEDOR EQUIPARADO – SOLIDARIEDADE – STJ - A sociedade
empresária que comercializa ingressos no sistema on-line responde civilmente pela falha na prestação
do serviço. STJ. 3ª Turma. REsp 1.985.198-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/04/2022 (Info 733).
ENUNCIADO: Ocorre a responsabilidade solidária pela participação na cadeia de consumo no seguinte caso:
ASSERTIVA CORRETA: bilheteria online de evento cancelado sem a prévia e eficaz informação aos
consumidores. (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).

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6.17 ERRO GROSSEIRO DE CARREGAMENTO NO SISTEMA DE PREÇOS E A RÁPIDA COMUNICAÇÃO AO


CONSUMIDOR PODEM AFASTAR A FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E O PRINCÍPIO DA
VINCULAÇÃO DA OFERTA
CONSUMIDOR - ERRO GROSSEIRO DE CARREGAMENTO DE SISTEMA E A RÁPIDA COMUNICAÇÃO AO
CONSUMIDOR – NÃO APLICAÇÃO DA VINCULAÇÃO DA OFERTA - JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO 165
- DIREITO DO CONSUMIDOR – IX - 2) A depender do caso, o erro grosseiro de carregamento no sistema de
preços e a rápida comunicação ao consumidor PODEM AFASTAR a falha na prestação do serviço e o
princípio da vinculação da oferta.
Erro grosseiro de sistema não obriga empresas a emitir passagens compradas a preço muito baixo
Caso concreto: em decorrência de uma falha, no site da empresa de turismo Decolar.com constou que duas
passagens aéreas, ida e volta, de Brasília para Amsterdã (Alemanha) custariam cerca de R$ 1 mil. Um casal
tentou efetuar a compra, fazendo uma reserva no site. Dois dias depois, contundo, eles receberam um e-
mail da empresa explicando que houve uma falha e cancelando a reserva. Não houve necessidade de
estorno no cartão de crédito, pois a cobrança não foi feita no momento da reserva. Os consumidores ajuizaram
ação pedindo a emissão dos bilhetes no valor que havia sido ofertado. O STJ, entretanto, não acolheu o
pedido. Para o Tribunal, o erro sistêmico grosseiro no carregamento de preços e a rápida comunicação ao
consumidor podem afastar a falha na prestação do serviço e o princípio da vinculação da oferta. O Código
de Defesa do Consumidor não é somente um conjunto de artigos que protege o consumidor a qualquer custo.
Antes de tudo, ele é um instrumento legal que pretende harmonizar as relações entre fornecedores e
consumidores, sempre com base nos princípios da boa-fé e do equilíbrio contratual. Nesse contexto, é
inadmissível que, diante de inegável erro sistêmico grosseiro no carregamento de preços, possa se reconhecer
a falha da prestação dos serviços das empresas, que prontamente impediram o lançamento de valores na
fatura do cartão de crédito utilizado, informando, ainda, com antecedência necessária ao voo, o cancelamento
da operação. Por conseguinte, não há que se falar em violação do princípio da vinculação da oferta (art. 30 do
CDC). STJ. 3a Turma. REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671).
Requisitos Devolução em Dobro: ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC:
a) Consumidor foi cobrado por quantia indevida;
b) Consumidor pagou essa quantia indevida;
c) Não houve um engano justificável por parte do autor da cobrança (conduta contrária à boa-fé objetiva).
(Fonte: Comentários colegas do QConcurso).
ENUNCIADO DA QUESTÃO: Juliano e sua esposa estavam navegando na internet, na véspera do dia dos
namorados, quando visualizaram oferta de viagem aérea de Salvador a Paris por R$ 120,00 por passageiro na
classe executiva. Como o sonho do casal sempre foi conhecer a capital francesa, imediatamente compraram
a passagem pelo sítio eletrônico. O pagamento foi à vista. Minutos depois, recebem um telefonema da central
de relacionamentos da companhia aérea, pedindo desculpas pelo equívoco e informando que, na verdade, o
preço das passagens era R$ 12.000,00 por pessoa. Assim, para concluir a transação e emitir o bilhete, seria
necessário pagar a diferença; caso contrário, a compra seria cancelada sem ônus. Muito decepcionados,
esclareceram que não teriam dinheiro para concluir o negócio e ressalvaram a possibilidade de requerer
judicialmente o que fosse de seu direito. Nesse caso, é correto afirmar que o casal: ASSERTIVA CORRETA: não
tem direito à emissão do bilhete sem a integralização da diferença, sendo certo que a devolução do valor pago
deve se dar de forma simples. (No caso, como houve um engano justificável, a devolução será de forma
simples.) (FGV – TJBA – Juiz Leigo/2023).

6.18 NÃO É TODO E QUALQUER SERVIÇO PÚBLICO QUE SERÁ REGIDO PELO CDC
CONSUMIDOR – SERIVÇOS PÚBLICOS IMPRÓPRIOS OU “UTI SINGULI” - Conforme entende o STJ, não é
todo e qualquer serviço público que será regido pelo CDC, mas tão somente serviços públicos impróprios
ou UTI SINGULI, remunerados por tarifa ADMINISTRATIVO – SERVIÇO PÚBLICO – ENERGIA ELÉTRICA –
TARIFAÇÃO – COBRANÇA POR FATOR DE DEMANDA DE POTÊNCIA – LEGITIMIDADE. 1. Os serviços públicos
impróprios ou UTI SINGULI prestados por órgãos da administração pública indireta ou, modernamente,
por delegação a concessionários, como previsto na CF (art. 175), são remunerados por tarifa, sendo
aplicáveis aos respectivos contratos o Código de Defesa do Consumidor. 2. A prestação de serviço de
energia elétrica é tarifado a partir de um binômio entre a demanda de potência disponibilizada e a energia
efetivamente medida e consumida, conforme o Decreto 62.724/68 e Portaria DNAAE 466, de 12/11/1997. 3. A
continuidade do serviço fornecido ou colocado à disposição do consumidor mediante altos custos e

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investimentos e, ainda, a responsabilidade objetiva por parte do concessionário, sem a efetiva contraposição
do consumidor, quebra o princípio da igualdade das partes e ocasiona o enriquecimento sem causa, repudiado
pelo Direito. 4. Recurso especial provido pela divergência. STJ AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.089.062 - SC
(2008/0205781-5)
IMPORTANTE:
UTI SINGULI - de fruição individual, divisíveis, são aqueles para os quais pode-se identificar facilmente um
usuário.
UTI UNIVERSI - indivisíveis, são os de fruição coletiva, usufruídos por todos de forma indistinta.
ENUNCIADO: Em relação a serviços públicos, o Código de Defesa do Consumidor é: ASSERTIVA CORRETA:
aplicável, considerando a expressa previsão de que o fornecedor pode ser pessoa jurídica de direito privado ou
público, quando se tratar de serviços públicos uti singuli remunerados por tarifa, como, por exemplo, o
serviço postal. (FGV -TRF1 Juiz Federal/2023)

6.19 FORNECEDOR DO PRODUTO E REPRESENTANTE AUTÔNOMO


CONSUMIDOR – FORNECEDOR DO PRODUTO E REPRESENTANTE AUTÔNOMO - RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA – LEGITIMIDADE PASSIVA - STJ - O art. 34 do CDC materializa a teoria da aparência, fazendo com
que os deveres de boa-fé, cooperação, transparência e informação alcancem todos os fornecedores,
direitos ou indiretos, principais ou auxiliares, enfim todos aqueles que, aos olhos do consumidor, participem
da cadeia de fornecimento. 3. No sistema do CDC fica a critério do consumidor a escolha dos fornecedores
solidários que irão integrar o polo passivo da ação. Poderá exercitar sua pretensão contra todos ou apenas
contra alguns desses fornecedores, conforme sua comodidade e/ou conveniência. (STJ, REsp 1.077.911/SP,
3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 04.10.2011, DJe 14.10.2011).
DA OFERTA – CDC:
Art. 30. Toda informação ou publicidade [...] obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar para
integrar o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras,
precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Art. 34, CDC - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
ENUNCIADO: Vera é representante autônoma de determinada linha de produtos fornecidos por uma empresa
de maquiagem. A vendedora apresentou um produto para Ana com indicação de promoção na compra acima
de determinado número de itens, o que foi prontamente adquirido por Ana. No momento do pagamento,
ajustado para uma semana depois, Ana foi surpreendida com a informação de não haver mais a promoção,
tendo que pagar o valor integral dos itens, então já em uso. Vera alegou que se equivocou na informação
anterior. Diante disso, Ana ajuizou ação em face de Vera e da empresa fornecedora da maquiagem, que foram
regularmente citadas. Como julgador da causa, analisando a responsabilidade civil e a legitimidade passiva, é
correto decidir haver: ASSERTIVA CORRETA: legitimidade da fornecedora da maquiagem, que é
solidariamente responsável pelos atos de seus representantes autônomos. (FGV -TJSC/2022).

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7. DIREITO PROCESSUAL CIVIL


7.1 CONEXÃO POR PREJUDICIALIDADE
PROCESSO CIVIL – CONEXÃO – TEORIA DA MATERIALIDADE - CONEXÃO POR PREJUDICIALIDADE – STJ -
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. CONEXÃO. REUNIÃO DE AÇÕES. RELAÇÃO DE
PREJUDICIALIDADE ENTRE AS CAUSAS. PROCESSO DE CONHECIMENTO E DE EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE
DE JULGAMENTO CONJUNTO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.1. Uma causa, mercê de
não poder ser idêntica à outra, pode guardar com a mesma um vínculo de identidade quanto a um de seus
elementos caracterizadores. Esse vínculo entre as ações por força da identidade de um de seus
elementos denomina-se, tecnicamente, de conexão. (FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2001). 2. A moderna teoria materialista da conexão ultrapassa os limites estreitos da teoria
tradicional e procura caracterizar o fenômeno pela identificação de fatos comuns, causais ou finalísticos
entre diferentes ações, superando a simples identidade parcial dos elementos constitutivos das ações.
3. É possível a conexão entre um processo de conhecimento e um de execução, quando se observar entre eles
uma mesma origem, ou seja, que as causas se fundamentam em fatos comuns ou nas mesmas relações
jurídicas, sujeitando-as a uma análise conjunta. 4. O efeito jurídico maior da conexão é a modificação de
competência, com reunião das causas em um mesmo juízo. A modificação apenas não acontecerá nos
casos de competência absoluta, quando se providenciará a suspensão do andamento processual de uma
das ações, até que a conexa seja, enfim, resolvida. (...).” (REsp 1.221.941/RJ, 4T, 24.02.2015, (Info 559).
(Fonte: site STJ).
ATENÇÃO: O conceito de conexão previsto na lei é conhecido como concepção tradicional (teoria
tradicional) da conexão. Existem autores, contudo, que defendem que é possível que exista conexão entre duas
ou mais ações mesmo que o pedido e a causa de pedir sejam diferentes. Em outras palavras, pode haver
conexão em situações que não se encaixem perfeitamente no conceito legal de conexão. Tais autores
defendem a chamada teoria materialista da conexão, que sustenta que, em determinadas situações, é
possível identificar a conexão entre duas ações não com base no pedido ou na causa de pedir, mas sim
em outros fatos que liguem uma demanda à outra. Eles sustentam, portanto, que a definição tradicional de
conexão é insuficiente.)
Essa teoria é chamada de materialista porque defende que, para se verificar se há ou não conexão, o ideal
não é analisar apenas o objeto e a causa de pedir, mas sim a relação jurídica de direito material que é
discutida em cada ação. Existirá conexão se a relação jurídica veiculada nas ações for a mesma ou se, mesmo
não sendo idêntica, existir entre elas uma vinculação. Essa concepção materialista é que fundamenta a
chamada “conexão por prejudicialidade”. Podemos resumi-la em uma frase: quando a decisão de uma
causa interferir na solução da outra, há conexão.
Obs.: o CPC 2015 manteve, no caput do art. 55, a definição tradicional de conexão. No entanto, dando razão
às críticas da doutrina, o novo CPC adota, em seu § 3º, a teoria materialista ao prever a conexão por
prejudicialidade.
“Art. 55, § 3º, CPC: Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação
de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.”
(Fonte: Buscador Dizer o Direito, Conexão por prejudicialidade).
ASSERTIVA CORRETA: a exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual próprio
para sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por conexão ou continência,
poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido julgada e esteja em execução, mas haja nítida
relação de prejudicialidade, como nos casos de ação anulatória de débito fiscal e execução fiscal. (FGV – Juiz
do Trabalho/2023).
A

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7.2 HONORÁRIOS POR APRECIAÇÃO EQUITATIVA

PROCESSO CIVIL – Honorários por apreciação equitativa – STJ – RR – TEMA 1076:


Teses fixadas:
i) A fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os valores da condenação, da
causa ou o proveito econômico da demanda forem elevados. É obrigatória nesses casos a observância dos
percentuais previstos nos §§ 2º ou 3º do artigo 85 do CPC, a depender da presença da Fazenda Pública na lide
, os quais serão subsequentemente calculados sobre o valor:
(a) da condenação; ou (b) do proveito econômico obtido; ou (c) do valor atualizado da causa.

ii) Apenas se admite arbitramento de honorários por equidade quando, havendo ou não condenação: (a) o
proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (b) o valor da causa for muito
baixo. (Fonte: Site STJ).
O Enunciado nº 6 da I Jornada de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça Federal - CJF é nesse
sentido: “A fixação dos honorários de sucumbência por apreciação equitativa só é cabível nas hipóteses
previstas no § 8º, do art. 85 do CPC”.
“Art. 85 (...) § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor
da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto
nos incisos do § 2º. “
O CPC não permite que se aplique o § 8º do art. 85 nos casos em que o valor da condenação, o valor da
causa ou o valor do proveito econômico forem elevados. Logo, não cabe ao Poder Judiciário, ainda que sob
o manto da proporcionalidade e razoabilidade, reduzir a aplicabilidade do dispositivo legal em comento,
decorrente de escolha legislativa explicitada com bastante clareza.
O que significa proveito econômico “inestimável”? Poderíamos enquadrar nessa previsão o proveito
econômico muito elevado? NÃO. Quando o § 8º do art. 85 menciona proveito econômico “inestimável”, ele
está se referindo àquelas causas em que não é possível atribuir um valor patrimonial à lide. Exemplos: nas
demandas ambientais ou nas ações de família. Não se deve, portanto, confundir “valor inestimável” com “valor
elevado”. Não houve modulação dos efeitos O STJ afirmou que não seria caso de modulação dos efeitos,
de forma que o entendimento acima exposto pode ser aplicado mesmo para processos anteriores ao
julgamento. (Fonte: Comentários colegas do QConcurso).
ENUNCIADO: Quanto aos honorários advocatícios sucumbenciais, é correto afirmar que: ASSERTIVA
ERRADA: nas causas em que o valor da condenação se revelar elevado ou for irrisório, poderá o julgador fixar
honorários advocatícios por apreciação equitativa. (caso o valor da condenação for irrisório, os honorários
poderão ser fixados por meio de apreciação equitativa, nos termos do art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil.
Em caso de valor elevado não é permitido). (FGV – Juiz do Trabalho/2023).

7.3 LITISCONSÓRCIO E AUSÊNCIA DE CITAÇÃO


PROCESSO CIVIL – LITISCONSÓRCIO – AUSÊNCIA DE CITAÇÃO - A querela nullitatis seria proposta por
aquele que era parte (litisconsorte), ainda que não regularmente citado, para que postulasse a ineficácia
da decisão judicial, nos moldes do art. 115, II do CPC e jurisprudência. STJ: “(...) 6. A ausência da citação
de litisconsorte passivo necessário enseja a nulidade da sentença.7. Na linha da jurisprudência desta Corte, o
vício na citação caracteriza-se como vício transrescisório, que pode ser suscitado a qualquer tempo,
inclusive após escoado o prazo para o ajuizamento da ação rescisória, mediante simples petição, por
meio de ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) ou impugnação ao cumprimento de sentença.8.
Recurso especial provido. (REsp n. 1.811.718/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado
em 2/8/2022, DJe de 5/8/2022.).”
Vício Transrescisório:15 O STJ entende que os vícios transrescisórios, os quais ensejam a propositura
da querela nullitatis, podem ser alegados a qualquer tempo. “A ausência de citação não convalesce com a
prolação de sentença e nem mesmo com o trânsito em julgado, devendo ser impugnada mediante ação
ordinária de declaração de nulidade. A hipótese não se enquadra no rol exaustivo do CPC, que regula o

15
(Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O adquirente de bem usucapido, na condição de sucessor do usucapiente, deve integrar o polo passivo da ação rescisória
intentada contra a sentença de usucapião, sob pena de nulidade do feito por falta de citação do litisconsorte passivo necessário. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/684fa3de91be141a2bc896fa5870aed7>).

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cabimento da ação rescisória.” (STJ. 4ª Turma. REsp 1.333.887/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
25/11/2014.).
STJ – REsp 1.938.743/SP - PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA. QUERELA NULLITATIS INSANABILIS.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO INCLUÍDOS EM PAUTA DE JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.
NULIDADE PROCESSUAL NÃO RECONHECIDA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO
CONFIGURADA. PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA. OFENSA NÃO CARACTERIZADA. SUCESSORES NOS
DIREITOS SOBRE IMÓVEL USUCAPIDO QUE DEVEM SER CITADOS COMO LITISCONSORTES NECESSÁRIOS
NA AÇÃO RESCISÓRIA INTENTADA CONTRA A SENTENÇÃ DE USUCAPIÃO. AUSENCIA DE CITAÇÃO QUE SE
APRESENTA COMO VÍCIO DE INEXISTÊNCIA. POSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO A QUALQUER TEMPO.
NULIDADE DE ALGIBEIRA NÃO CARACTERIZADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. As disposições do NCPC,
no que se refere aos requisitos de admissibilidade dos recursos, são aplicáveis ao caso concreto ante os
termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016.
2. De acordo com o princípio processual da instrumentalidade das formas, sintetizado pelo brocardo pas de
nullité sans grief e positivado nos arts. 249 e 250 do CPC/73, correspondentes aos arts.282 e 283 do NCPC, não
é possível declarar a nulidade quando não verificado nenhum prejuízo. efetivo. 3. No caso, o Tribunal estadual
afirmou que a ausência de inclusão do feito em pauta e, bem assim, o julgamento virtual dos embargos de
declaração não implicou nenhum tipo de prejuízo para a parte, revelando-se descabido, nessa medida,
declarar a nulidade do processo. 4. Não prospera a alegação de que o acórdão recorrido teria buscado
fundamento em acórdãos que tratavam de casos não análogos, pois todos os julgados citados naquele aresto
estavam alinhados ao argumento jurídico que serviu de orientação ao julgamento. 5. Devem figurar como réus
na ação rescisória todos aqueles que integraram a relação jurídica original e também seus sucessores.
Precedentes. 6. Assim, o adquirente de bem usucapido, na condição de sucessor do usucapiente, deve
integrar o polo passivo da ação rescisória intentada contra a sentença de usucapião, sob pena de
nulidade do feito por falta de citação do litisconsorte passivo necessário. Precedentes. 7. As chamadas
nulidades guardadas ou de algibeira apenas vedam a declaração de invalidades de atos processuais dentro da
mesma relação processual. Se os adquirentes do imóvel não figuraram como parte na ação rescisória não
poderiam ter, de má-fé, ocultado o vício processual ou maliciosamente retardado a sua invocação em juízo.
8. Se o vício transrescisório pode ser alegado a qualquer tempo, sem que se possa cogitar de prescrição
ou decadência, não parece adequado admitir que a parte esteja impedida de propor a querela nullitatis
quando melhor lhe aprouver. 9. Recurso especial provido para julgar procedente a querela nullitatis. (...).”
Obs.: Tratando-se de litisconsórcio necessário e unitário, a sentença será nula (art. 115, I). Nesse caso,
ocorrerá nulidade total do processo, não produzindo a sentença qualquer efeito, quer para o litisconsorte que
efetivamente integrou a relação jurídica, quer para aquele que dela não participou, mas deveria ter participado.
Tratando-se de litisconsórcio necessário e simples, a decisão será ineficaz apenas para aqueles que
deveriam ter sido citados e não foram (art. 115, II).
ASSERTIVA CORRETA: na hipótese de litisconsórcio necessário simples, a ausência de citação permite ao
litisconsorte que não integrou a lide, mesmo após o trânsito em julgado da decisão, propor, como terceiro,
simples ação judicial para reconhecer o provimento judicial como ineficaz. (FGV – Juiz do Trabalho/2023).

7.4 AÇÃO COLETIVA CONTRA FAZENDA PÚBLICA


PROCESSO CIVIL - AÇÃO COLETIVA CONTRA FAZENDA PÚBLICA - EXECUÇÃO - FRACIONAMENTO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - IMPOSSIBILIDADE - STF - TEMA 1142 - REPERCUSSÃO GERAL
Tese: “Os honorários advocatícios constituem crédito único e indivisível, de modo que o fracionamento
da execução de honorários advocatícios sucumbenciais fixados em ação coletiva contra a Fazenda
Pública, proporcionalmente às execuções individuais de cada beneficiário, viola o § 8º do artigo 100 da
Constituição Federal.
“Art. 100, §8º, CF: É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago,
bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.”
“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. CONSTITUCIONAL. EXECUÇÃO
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. FRACIONAMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM
RELAÇÃO AO CRÉDITO DE CADA BENEFICIÁRIO SUBSTITUÍDO PARA PAGAMENTO VIA REQUISIÇÃO DE
PEQUENO VALOR - RPV. IMPOSSIBILIDADE. ARTIGO 100, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. PRECEDENTES. MULTIPLICIDADE DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS. RELEVÂNCIA DA QUESTÃO

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CONSTITUCIONAL. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MANIFESTAÇÃO


PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 1309081 RG, 18.06.2021).” (Fonte: Comentários colegas
QConcurso).

ENUNCIADO: Determinada entidade sindical, representativa dos profissionais da área de saúde pública do
Estado federado Alfa, ingressou com ação coletiva em face desse ente federativo para que fosse implementado
o reajuste de uma gratificação, conforme fora estatuído na Lei estadual nº X, cuja constitucionalidade era
negada pelo governador do Estado. O pedido foi julgado procedente, sendo o Estado Alfa condenado em custas
e honorários advocatícios, tendo a sentença transitado em julgado. A partir de uma divisão pro rata,
considerando o número de beneficiados pelo provimento jurisdicional, João, advogado, ingressou com a
execução dos honorários advocatícios fixados na sentença, pleiteando o percentual correspondente a um
beneficiário. Nesse caso, à luz da responsabilidade do Estado Alfa pelos honorários advocatícios, o juiz de
Direito, ao analisar o pleito de João, deve: ASSERTIVA CORRETA: rejeitá-lo, pois a condenação do Estado Alfa
ao pagamento de honorários advocatícios, de forma global, em sede de ação coletiva, consubstancia crédito
único, não sendo possível o seu fracionamento em sede de execução. (FGV – TJMS/2023).

7.5 MANDADO DE SEGURANÇA E EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE


PROCESSO CIVIL – MANDADO DE SEGURANÇA – EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE – STJ Segundo o inciso VII
do art. 1.015, do CPC/2015: “cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre exclusão de litisconsorte”. Essa previsão abrange somente a decisão que exclui o litisconsorte. Assim,
cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que exclui o litisconsorte.
Por outro lado, não cabe agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de exclusão de
litisconsorte (decisão que mantém o litisconsorte). (STJ. 3ª Turma. REsp 1724453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/03/2019 (Info 644).
NO MÉRITO: DEVE SER DESPROVIDO
O rito procedimental do mandado de segurança é incompatível com a intervenção de terceiros, conforme
se extrai do art. 24 da Lei nº 12.016/09, ainda que na modalidade de assistência litisconsorcial. (STJ. 1ª Seção.
AgInt na PET no MS 23.310/DF, Rel. Min. Aussete Magalhães, julgado em 28/04/2020.) (STF. 2ª Turma. RExt-AgR-ED
1.046.278/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 06/11/2020.). (Fonte: Comentários QConcurso).

ENUNCIADO: José, servidor público de determinado Município, ajuizou mandado de segurança para impugnar
a validade de ato que lhe impusera uma sanção disciplinar, na esteira de apuração de falta funcional em
processo administrativo. O impetrante alegou, como causa petendi, não ter perpetrado o ilícito funcional que
a Administração Pública lhe havia atribuído. Apreciando a petição inicial, o juiz da causa, além de proceder ao
juízo positivo de admissibilidade da demanda, deferiu a medida liminar requerida na exordial, decretando a
suspensão da eficácia da penalidade aplicada em desfavor do impetrante. Depois de prestadas as informações
pela autoridade impetrada e de ofertada a peça impugnativa pela pessoa jurídica de direito público, Luiz, outro
servidor público do mesmo Município, requereu o seu ingresso no polo ativo da relação processual, com a
extensão, em seu favor, da medida liminar deferida initio litis. Para tanto, Luiz se valeu de linha argumentativa
similar à de José, isto é, a de que havia sido sancionado pela Administração, embora não tivesse cometido
qualquer ilícito funcional. Conquanto houvesse, a um primeiro momento, deferido o ingresso de Luiz no polo
ativo da demanda, o juiz da causa, reexaminando o tema, reconsiderou o seu posicionamento anterior,
determinando a sua exclusão do feito. Após a vinda aos autos da manifestação conclusiva do Ministério
Público, foi proferida sentença de mérito, na qual se concedeu a segurança vindicada por José, invalidando-se
a penalidade que lhe fora imposta. Não constou do decisum a condenação da Fazenda Pública ao pagamento
da verba honorária sucumbencial. Nesse cenário, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: caso Luiz
pretenda se insurgir contra a decisão que o excluiu do feito, caber-lhe-á interpor agravo de instrumento, o qual
deverá ser conhecido, porém desprovido pelo órgão ad quem. (FGV – TJMS/2023).

7.6 NÃO CABE FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA COMO MEIO DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR
PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO – MULTA DIÁRIA – STJ - NÃO CABE FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA COMO MEIO
DE EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR - JULGADOS: “Nas obrigações de pagar quantia certa,
é descabida a fixação de multa diária como forma de compelir a parte devedora ao cumprimento da
prestação que lhe foi imposta”. (STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1.441.336/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 19/8/2019.)

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“As astreintes constituem medida de execução indireta e são impostas para a efetivação da tutela
específica perseguida ou para a obtenção de resultado prático equivalente nas ações de obrigação de fazer
ou não fazer. Logo, tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, é inaplicável a imposição de multa
para coagir o devedor ao seu cumprimento, devendo o credor valer-se de outros procedimentos para receber
o que entende devido” (STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.324.029/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
16/6/2016);
“A obrigação de pagar quantia certa, ainda que objeto de tutela antecipada, não se sujeita à aplicação de
multa cominatória com o fim de impor seu cumprimento”. (STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 401.426/RJ, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, julgado em 15/3/2016). (Comentários colegas QConcurso).
ATENÇÃO: A fixação da multa diária só tem espaço no plano das obrigações de fazer e não fazer, sendo
vedada sua utilização no campo das obrigações de pagar.
ASSERTIVA CORRETA: Incabível a fixação de multa cominatória diária no cumprimento de sentença relativo à
obrigação de pagar, ainda que mediante decisão fundamentada, após esgotados os meios típicos de execução
e observados os princípios do contraditório e da proporcionalidade. (FGV – TRF1- JUIZ FEDERAL/2023).

7.7 INTERVENÇÃO ANÔMALA DA UNIÃO


PROCESSO CIVIL – PROCESSO DE EXECUÇÃO - INTERVENÇÃO ANÔMALA DA UNIÃO – STJ - É inviável a
intervenção anômala da União na fase de execução ou no processo executivo, salvo na ação cognitiva
incidental de embargos (AgInt no REsp 1.838.866-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 23/08/2022, DJe 31/08/2022). (Fonte: site STJ).
“Art. 119, CPC: Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que
a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único: A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição,
recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.”
CUIDADO: 16Com base nesse dispositivo, conclui-se que, para a admissão da intervenção de terceiros na
modalidade assistência, é antecedente necessário a existência de causa pendente, ou seja, causa
(discussão de cognição) cuja decisão final não tenha transitado em julgado.
No processo executivo, salvo eventual discussão travada em embargos à execução, não existe causa
pendente. Logo, não cabe a intervenção anômala.
O assistente, na verdade, tem interesse que o assistido “vença a demanda” e na fase de execução não há
prolação de sentença favorável ou desfavorável, o que leva à conclusão inexorável de não ser possível, nesta
fase, a assistência. Esta somente seria admissível em eventuais embargos à execução. De fato, por isso a
assistência só cabe no processo de conhecimento ou cautelar.
ENUNCIADO: Uma sociedade anônima promoveu, perante a Justiça Federal de primeiro grau, a execução de
título extrajudicial em face de uma empresa pública federal. ASSERTIVA CORRETA: não será admitida a
intervenção anômala da União, ainda que demonstrado o seu interesse econômico na causa. (FGV – TRF1- JUIZ
FEDERAL/2023).

7.8 EXECUÇÃO DE ALIMENTOS


PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO DE ALIMENTOS – STJ - O entendimento atual do STJ é no sentido de que é
possível cumular o rito da prisão civil (art. 528 do CPC), para cobrança das três últimas parcelas vencidas e das
que se vencerem durante o trâmite da execução, com o rito comum (art. 523) para cobrança das pretéritas:
É admissível a cumulação, em um mesmo processo, de cumprimento de sentença de obrigação de
pagar alimentos atuais, sob a técnica da prisão civil, e alimentos pretéritos, sob a técnica da penhora e da
expropriação. STJ. 3ª Turma. REsp 2004516/RO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/10/2022 (Info 756).
Na cobrança de obrigação alimentar, é cabível a cumulação das medidas executivas de coerção pessoal e
de expropriação no âmbito do mesmo procedimento executivo, desde que não haja prejuízo ao devedor nem
ocorra qualquer tumulto processual. STJ. 4ª Turma. REsp 1930593/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 9/8/2022 (Info 744).
ENUNCIADO: No cumprimento de uma sentença que condenou um alimentante ao pagamento de uma verba
alimentar, o credor, por intermédio da Defensoria Pública, percebendo que o débito alimentar importava em

É inviável a intervenção anômala da União na fase de execução ou no processo executivo, salvo na ação cognitiva incidental de embargos. Buscador Dizer o Direito,
16

Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6605cf6f932aa6510d637af51c820a6a).

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doze meses de atraso, requereu que as três últimas parcelas fossem quitadas em três dias, sob pena de prisão
civil do devedor. Outrossim, requereu, também executado fosse intimado para, em quinze dias, pagar restante,
os nove primeiros meses de atraso, sob pena de incidência de multa e de honorários advocatícios de 10%
sobre este valor. Nesse cenário, a manifestação do defensor público é: ASSERTIVA CORRETA: correta, uma
vez que o credor pode optar pelo cumprimento da sentença, cindindo o modo da execução. (FGV – DPE-RS -
ANALISTA/2023).

7.9 FRACIONAMENTO DA EXECUÇÃO


PROCESSO CIVIL – FRACIONAMENTO DA EXECUÇÃO – RG TEMA 28 – STF - Tese: Surge constitucional
expedição de precatório ou requisição de pequeno valor para pagamento da parte incontroversa e autônoma
do pronunciamento judicial transitada em julgado observada a importância total executada para efeitos de
dimensionamento como obrigação de pequeno valor.
ASSETIVA CORRETA: é possível a execução parcial do título, devendo ser expedido precatório, e não RPV,
considerando que o valor global da execução é de um mil salários mínimos. (FGV - 2023 – PGM)
(Só seria possível expedição do precatório e não de RPV em razão do disposto no art. 87, parágrafo único do
ADCT e art. 17, § 1º: "§ 1, da Lei 10.259.Lembrando que Estados e Municípios podem alterar os valores por meio
de leis próprias, mas respeitando o limite mínimo (= teto do RGPS), a proporcionalidade (ente rico deve ter
limite maior) e a irretroatividade (não se aplica a execuções em curso). (Fonte: Comentários colegas
QConcurso).

7.10 EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE


PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE – TEMA REPETITIVO – STJ –
TEMA 421: Tese: É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em
decorrência da extinção da Execução Fiscal pelo acolhimento de Exceção de Pré-Executividade.
ASSERTIVA CORRETA: É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios
em decorrência da extinção da execução fiscal pelo acolhimento de exceção de pré-executividade, conforme
entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça. (FGV- Senado Federal/2022).

7.11 PENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA DE FIADOR


PROCESSO CIVIL – PENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA DE FIADOR – LOCAÇÃO COMERCIAL – TEMA
1127 – RG – STF – Tese: É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de
locação, seja residencial, seja comercial. (...) Dentre as modalidades de garantia que o locador poderá exigir
do locatário, a fiança é a mais usual e mais aceita pelos locadores, porque menos burocrática que as demais,
sendo a menos dispendiosa para o locatário e mais segura para o locador. Reconhecer
a impenhorabilidade do imóvel do fiador de locação comercial interfere na equação econômica do
negócio, visto que esvazia uma das principais garantias dessa espécie de contrato. 6. A proteção à
moradia, invocada pelo recorrente, não é um direito absoluto, devendo ser sopesado com (a) a livre iniciativa
do locatário em estabelecer seu empreendimento, direito fundamental também expressamente previsto na
Constituição Federal (artigos 1º, IV e 170, caput); e (b) o direito de propriedade com a autonomia de vontade do
fiador que, de forma livre e espontânea, garantiu o contrato. 7. Princípio da boa-fé. Necessária
compatibilização do direito à moradia com o direito de propriedade e direito à livre iniciativa, especialmente
quando o detentor do direito, por sua livre vontade, assumiu obrigação apta a limitar sua moradia. 8. O
reconhecimento da impenhorabilidade violaria o princípio da isonomia, haja a vista que o fiador de locação
comercial, embora também excepcionado pelo artigo 3º, VII, da Lei 8.009/1990, teria incólume seu bem de
família, ao passo que o fiador de locação residencial poderia ter seu imóvel penhorado. 9. Recurso
Extraordinário DESPROVIDO. Fixação de tese de repercussão geral para o Tema 1127: É constitucional a
penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação, seja residencial, seja comercial.
(RE 1307334, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 09/03/2022.
ASSERTIVA ERRADA: o bem de família de Laura não pode responder pelo débito decorrente do contrato de
locação em questão, por se tratar de locação comercial. (FGV – TJSC/2022 – Juiz substituto)
A

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7.12 EMBARGOS DE TERCEIRO


PROCESSO CIVIL – EMBARGOS DE TERCEIRO – DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA –
TEMA REPETITIVO 872 – STJ: tese: “Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi acolhido para
desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão arbitrados com base no
princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário (embargante), se este não
atualizou os dados cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela parte
embargada, porém, na hipótese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem,
apresentar ou insistir na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi
transferido para terceiro.”
Comentários QConcurso: Ex: Pedro adquiriu uma casa por meio de contrato de promessa de compra e venda.
Ocorre que não foi até o Registro de Imóveis para providenciar a transcrição do título. O antigo proprietário do
imóvel estava sendo executado e o credor, após consulta no cartório, indicou a referida casa para ser
penhorada, o que foi aceito pelo juiz. Pedro foi informado da penhora e apresentou embargos de terceiro na
execução provando que o referido imóvel foi por ele adquirido. O juiz acolheu os embargos e determinou o
levantamento da penhora. A parte embargada não se opôs a isso. Na sentença dos embargos, o juiz deverá
condenar Pedro a pagar honorários advocatícios em favor da parte embargada.
ASSERTIVA CORRETA: oferecidos e acolhidos embargos de terceiro, os honorários advocatícios serão
arbitrados com base no princípio da causalidade, responsabilizando-se o embargante (terceiro), se não tiver
atualizado os dados cadastrais. (FGV – TJSC2022 – Juiz Substituto).

7.13 IMPENHORABILIDADE - 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS


PROCESSO CIVIL – DA PENHORA - IMPENHORABILIDADE. 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. ALCANCE.
“A quantia de até quarenta salários mínimos depositada em conta-corrente, aplicada em caderneta de
poupança ou outras modalidades de investimento é impenhorável, exceto quando comprovado abuso,
má-fé ou fraude. Precedentes. 2. O disposto no art. 854, § 3º, I, do CPC/2015 não afasta o entendimento
consolidado no Superior Tribunal de Justiça de que os valores inferiores a 40 salários-mínimos são
presumidamente impenhoráveis. 3. Agravo interno desprovido. (STJ; AgInt-AREsp 2.152.036; Proc. 2022/0185031-
2; RS; Primeira Turma; Rel. Min. Gurgel de Faria; DJE 27/01/2023).
CUIDADO:O art. 833, X, do CPC estabelece que são impenhoráveis
“a quantia depositada em caderneta de poupança até o limite de 40(quarenta salários-mínimos”
A abrangência da regra do art. 833, X, do CPC/2015 se estende a todos os numerários poupados pela parte
executada até o limite de 40(quarenta salários-mínimos, não importando se
depositados em poupança conta-corrente, fundos de investimento ou guardados em papel-moeda,
autorizando as instâncias ordinárias, caso identifiquem abuso do direito a afastar a garantia da
impenhorabilidade. STJ. 2ª Seção. EREsp 1330567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/12/2014 (Info 554).
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1958516-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/06/2022 (Info 742). STJ. 1ª Turma. AgInt-
AREsp 2.152.036-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJE 27/01/2023.
Vale ressaltar que, se o magistrado identificar eventual abuso do direito por parte do executado, poderá
afastar, no caso concreto a garantia da impenhorabilidade (STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 1.323.550/RJ,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, julgado em 27/09/2021).
É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no
patamar de até quarenta salários-mínimos, não apenas aqueles
depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta corrente-corrente
ou em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.958.516-SP, Rel.
Min. Raul Araújo, julgado em 14/06/2022 (Info 742). 17
ASSERTIVA ERRADA: As quantias depositadas em conta-corrente em valor inferior a quarenta salários
mínimos são penhoráveis. (São impenhoráveis, segundo entendimento do STJ). (FGV – DPE/RJ 2021).

(CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de até 40 salários-mínimos, não apenas aqueles
17

depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta corrente ou em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a3ce63a7a8521c37a513db67129855a8>).

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7.14 PENHORA DE BEM IMÓVEL - DISPENSA DA INTIMAÇÃO DE EX-CÔNJUGE


PROCESSO CIVIL – PENHORA DE BEM IMÓVEL - DISPENSA DA INTIMAÇÃO DE EX-CÔNJUGE
PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE IMÓVEL. INTIMAÇÃO DO EX-
CÔNJUGE. DESNECESSIDADE. ART. 1.647 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. REGIME DE BENS. SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL. ART. 73 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. 1. A pessoa casada sob o regime da
separação convencional de benspode alienar bem imóvel sem a outorga conjugal (art. 1.647, caput, e I, do
CC/2002 e 73 do CPC/2015). 2. É dispensável a intimação do ex-cônjuge casado sob o regime de
separação convencional de bens da penhora sobre bem imóvel de propriedade particular, sobre o qual
não tem direito de meação. 3. Na hipótese, não subsiste interesse jurídico do ex-cônjuge em
defender o patrimônio a que não faz jus, devendo ser afastado eventual litisconsórcio passivo. 4. Recurso
especial não provido" (STJ. REsp nº 1.367.343/DF. Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva. DJe 19/12/2016).
ASSERTIVA CORRETA: É dispensável a intimação de ex-cônjuge que foi casado pelo regime de separação
convencional de bens da penhora sobre bem imóvel de propriedade do outro, sobre o qual não detém direito
de meação. (FGV – Cartório RJ/2017).

7.15 ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA


PROCESSO CIVIL – ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA – STJ - Não é cabível a instauração de incidente de
assunção de competência (IAC) enquanto a questão de direito não tiver sido objeto de debates, com a
formação de um entendimento firme e sedimentado, nos termos do § 4º do art. 927 do Código de Processo
Civil. (STJ. 2ª Seção. QO no REsp 1.882.957-SP).
ASSERTIVA ERRADA: não é cabível o incidente de assunção de competência quando se tratar de relevante
questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre
câmaras ou turmas do tribunal. (FGV – TJES/2023).

7.16 AÇÃO RESCISÓRIA PROPOSTA PELA UNIÃO


PROCESSO CIVIL - AÇÃO RESCISÓRIA PROPOSTA PELA UNIÃO, VISANDO A DESCONSTITUIR SENTENÇA
TRANSITADA EM JULGADO DA JUSTIÇA ESTADUAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL-
STG – RG TEMA 775 - Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta pela União
com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta
interesses de órgão federal. STF. Plenário. RE 598650/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Repercussão Geral – Tema 775) (Info 1033).
EMENTA. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. AÇÃO RESCISÓRIA
PROPOSTA PELA UNIÃO, VISANDO A DESCONSTITUIR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO DA JUSTIÇA
ESTADUAL. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1.
Coloca-se em discussão, neste precedente com repercussão geral, o sensível problema da divisão de
competências entre Justiça Federal e Justiça Estadual. No presente caso, trata-se de Ação Rescisória proposta
pela União, com o propósito de desconstituir sentença transitada em julgado, proferida por Juízo Estadual. 2.
A interpretação isolada do art. 108 da Constituição indica que o Tribunal Regional Federal não é competente
para o julgamento da presente Ação Rescisória, pois a) a ação não busca desconstituir julgado do próprio
Tribunal, nem dos juízes federais da região; e b) não se trata de recurso em causa decidida por juiz estadual no
exercício da competência federal delegada. 3. Entretanto, o art. 109, I, submete à Justiça Federal as causas em
que for parte a União, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
Justiça do Trabalho, bem como as previstas em seu parágrafo 3º (Lei poderá autorizar que as causas de
competência da Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser
processadas e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara
federal). 4. Não se trata de hipótese de colisão entre preceitos constitucionais, mas sim de complementaridade
entre as referidas disposições. O art. 108, I, b , e II, não traz uma previsão fechada, taxativa. É preciso ler tal
norma em conjunto com o art. 109, I - que nada mais é do que uma expressão do princípio federativo, que
impede a submissão da União à Justiça dos Estados, com exceção das hipóteses acima mencionadas,
autorizadas pela própria Constituição. 5. Recurso Extraordinário a que se dá provimento. Tema 775, fixada a
seguinte tese de repercussão geral: “Compete ao Tribunal Regional Federal processar ação rescisória proposta
pela União com o objetivo de desconstituir sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando
afeta interesses de órgão federal".

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ENUNCIADO: O juízo da 1ª Vara Cível da Comarca X proferiu sentença em demanda envolvendo as partes "A"
"B" Exaurido o prazo recursal e aperfeiçoado o trânsito em julgado, a União constatou que o desfecho dessa
demanda influenciaria indiretamente em matéria afeta ao seu interesse, tendo ocorrido colusão entre as partes
com o objetivo de fraudar a lei/hipótese em que previsto a cabimento de ação rescisória. À luz dessa narrativa,
considerando os balizamentos oferecidos pela ordem constitucional, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: a ação rescisória deve ser ajuizada pela União perante o Tribunal Regional Federal competente.
(FGV – TRF1 – Juiz Federal 2023).

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8. DIREITO ELEITORAL
8.1 PREFEITO ITINERANTE OU PROFISSIONAL
ELEITORAL – STF – REELEIÇÃO – PREFEITO ITINERANTE OU PROFISSIONAL - VEDAÇÃO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14,
§ 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I.
REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE
TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO DIVERSO. O instituto da
reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade administrativa, mas também
no princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio
republicano condiciona a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de modo
que a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas
no mesmo município, mas em relação a qualquer outro município da federação. Entendimento contrário
tornaria possível a figura do denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o que
claramente é incompatível com esse princípio, que também traduz um postulado de
temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, ambos os princípios – continuidade
administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação teleológicas do art. 14, § 5º, da
Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de determinado
município fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro município da federação. (RE
637485, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-095 DIVULG 20-05-2013 PUBLIC 21-05-2013).
ASSERTIVA CORRETA: considera-se inelegível para determinado cargo de chefe do Poder Executivo, o cidadão
que já exerceu dois mandatos consecutivos, em cargo da mesma natureza, ainda que em ente de federação
diversa. (FGV - 2023 - TJ-MS - Juiz)

8.2 CRIMES ELEITORAIS


ELEITORAL – STJ – CRIMES ELEITORAIS – DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA - INVESTIGAÇÃO E
PROCESSAMENTO – POSSIBILIDADE MESMO APÓS ARQUIVAMENTO DO IP - “A alegação de que
seria indispensável o arquivamento formal do inquérito policial indevidamente instaurado, para só
depois se processar o crime de denunciação caluniosa, não merece prosperar, quando evidenciado que foi
no próprio inquérito policial instaurado para apurar o crime de abuso de autoridade, indevidamente imputado
à vítima, que se verificou tratar-se de atribuição falsa de crime a pessoa sabidamente inocente." (RHC
50.672/SP, j. 18/09/2014).
ENUNCIADO: Tício é candidato ao cargo de vereador e desafeto de Caio, candidato a prefeito, ambos
concorrendo para mandatos a serem exercidos no mesmo ente federativo. Durante o período de campanha,
Tício procurou o Ministério Público local, declarando, perante a autoridade competente, que Caio, no ano
anterior, havia ocultado, em sua residência, um veículo que fora roubado por seu genro, a fim de ajudá-lo até
que a polícia deixasse de procurar o produto do roubo, fatos estes que Tício sabia inverídicos. Diante das
declarações prestadas, o Ministério Público requisitou a instauração de inquérito policial em desfavor de Caio,
que foi validamente instaurado. Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto
afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: o crime de denunciação caluniosa previsto no Art. 326-A do Código
Eleitoral pode ser investigado e seu autor processado, ainda que o procedimento investigatório inaugurado a
partir de suas declarações tenha sido arquivado. (FGV – TJMS/2023)

8.3 ATO DE VOTAÇÃO – NULIDADES – OBRIGATORIEDADE DE IMPUGNAÇÃO


ELEITORAL – ATO DE VOTAÇÃO – NULIDADES – OBRIGATORIEDADE DE IMPUGNAÇÃO – TSE - “[...] Eleitora
que votou com o título eleitoral da mãe. Votação anulável (art. 221, III, c, CE). Preclusão. Falta de
prequestionamento. A impugnação relativa à identidade do eleitor deve ser feita no momento da votação,
sob pena de preclusão. Tema de natureza infraconstitucional. Precedente. [...]" (Ac. de 6.3.2007 no AgRgREspe
nº 25.556, rel. Min. Gerardo Grossi.)
“[...]. Nulidade de votação em razão da dessemelhança entre assinaturas de eleitores nos dois turnos.
Alegação de ofensa aos arts. 220, inciso I, e 165, inciso VII, do CE e infringência do art. 5º, incisos IV e LV, da

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Constituição Federal. Inexistência da impugnação exigida no art. 171 do CE. Matéria preclusa. Ausência de
provas da fraude alegada. [...]" NE: “A nulidade arguida [...] no momento da apuração diz respeito à
identidade do eleitor, ou seja, o eleitor que votou no 2º turno não seria o mesmo que votou no 1º. [...] Não
tendo havido impugnação quanto à identidade do eleitor admitido a votar, a matéria já se encontrava
irremediavelmente preclusa." (Ac. nº 13.437, de 18.5.93, rel. Min. Flaquer Scartezzini.).
ASSERTIVA ERRADA: o sistema jurídico eleitoral visa preservar valores que se referem à legitimidade das
eleições e à liberdade do eleitor, por isso, as nulidades no ato da votação, independentemente de impugnação,
devem ser conhecidas. (FGV – TJSC/2022)

8.4 PARTIDOS POLÍTICOS – EXCESSOS PRATICADOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA


ELEITORAL – PARTIDOS POLÍTICOS – EXCESSOS PRATICADOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – TSE -
Nesse sentido, conforme o entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “[...] os partidos políticos
respondem solidariamente pelos excessos praticados por seus candidatos e adeptos no que tange à
propaganda eleitoral". (Ac.-TSE, de 30.4.2013, no AgR-AI nº 282212 e, de 22.2.2011, no AgR-AI nº 385447).
Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por eles
paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e adeptos.
Parágrafo único. A solidariedade prevista neste artigo é restrita aos candidatos e aos respectivos partidos,
não alcançando outros partidos, mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.
ASSERTIVA ERRADA: é inaplicável o princípio da responsabilidade solidária na apuração dos excessos na
propaganda eleitoral. (FGV – TJPE/2022).

8.5 PRECLUSÃO E A COMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E SEGURANÇA JURÍDICA


ELEITORAL – PRECLUSÃO E A COMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E SEGURANÇA
JURÍDICA – TSE - entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “[...]. 5. O instituto da preclusão tem por
objetivo preservar a ordem pública e a segurança jurídica, ainda com mais relevo nesta Justiça
especializada, diante da necessária celeridade que o processo eleitoral reclama. [...]" (Ac. de 27.11.2018 no
AgR-REspe nº 19840, rel. Min. Admar Gonzaga.)
os princípios da celeridade e da segurança jurídica são compatíveis com o instituto da preclusão. Um exemplo
disso é a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC), a qual possui previsão na Lei de
Inelegibilidade (Lei Complementar nº 64 de 1990). Tal ação está prevista em diversos artigos dessa lei, sendo
o artigo 3º o seu principal. Frisa-se que a AIRC visa a impedir que certo requerimento de registro de
candidatura seja deferido, devido à ausência de condição de elegibilidade,
à incidência de inelegibilidade ou a o registro não ter cumprido as formalidades legais. Nesse sentido,
conforme o caput, da citada lei complementar, “caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação
ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro de
candidato, impugná-lo em petição fundamentada." Se os interessados não impugnarem o registro de
candidatura, dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro de
candidato, não é possível mais que os interessados realizem essa impugnação, por meio de uma AIRC. Logo,
no âmbito do Direito Eleitoral, tem-se um caso de aplicação do princípio da preclusão, em consonância com
os princípios da celeridade e da segurança jurídica. (Fonte: Comentários professor QConcurso).
ASSERTIVA ERRADA: os princípios da celeridade e da segurança jurídica são incompatíveis com o instituto da
preclusão. (FGV – TJPE 2022)

8.6 CAPTAÇÃO ILICITA DE SUFRÁGIO


ELEITORAL – CAPTAÇÃO ILICITA DE SUFRÁGIO – LEGITIMIDADE E REQUISITOS – TSE - na captação ilícita
de sufrágio, somente o(a) candidato(a) responderá pelo ato praticado, em conformidade com os seguintes
entendimentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “[...] Somente o candidato tem legitimidade para
responder pela captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/1997. Precedentes do TSE.
[...]" (Ac. de 6.3.2018 no RO nº 222952, rel. Min. Rosa Weber; no mesmo sentido o Ac. de 25.3.2014 no RO nº 180081, rel.
Min. Dias Toffoli.)
“[...] Nos termos do art. 41-A da Lei nº 9.504/1997, para a configuração da captação ilícita de sufrágio, é
necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: (i) a realização de quaisquer das condutas
enumeradas pelo dispositivo - doar, oferecer, prometer ou entregar bem ou vantagem pessoal de
qualquer natureza a eleitor, inclusive emprego ou função pública; (ii) o dolo específico de obter o voto do

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eleitor; (iii) a participação ou anuência do candidato beneficiado; e (iv) a ocorrência dos fatos desde o
registro da candidatura até o dia da eleição. Além disso, a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral firmou
entendimento no sentido de que é necessária a existência de conjunto probatório suficientemente denso
para a configuração do ilícito eleitoral. [...]" (Ac. de 26.2.2019 no REspe nº 71881, rel. Min. Luís Roberto Barroso)
ENUNCIADO: João, candidato a prefeito no Município Beta, cria uma campanha de distribuição gratuita de
combustível e pagamento de contas de luz e água aos eleitores inscritos nos programas assistenciais de auxílio
à pobreza. Pedro, dono de posto de gasolina, simpatizante de Carlos, decide auxiliá-lo e, com sua anuência,
passa a oferecer desconto de 10% no preço de combustível a qualquer pessoa que se disponha a colar um
adesivo do candidato no vidro do carro. Considerando o caso fictício exposto, é correto afirmar que:
ASSERTIVA ERRADA: Pedro poderá responder pela captação ilícita de sufrágio. (Esta alternativa
está incorreta, pois Pedro, por não ser candidato, não poderá responder pela captação ilícita de sufrágio.
No entanto, cabe destacar que Pedro poderá responder por corrupção eleitoral.) (Fonte: Comentários professor
QConcurso) (FGV – TJSC/2022)

8.7 FRAUDE À COTA DE GÊNERO


ELEITORAL – FRAUDE À COTA DE GÊNERO – TSE - Uma vez evidenciada a fraude à cota de gênero prevista no
art. 10, § 3º, da Lei 9.504/97, fica comprometido todo o conjunto de candidaturas vinculado ao DRAP tido
como viciado, caso em que, para a decretação da perda de diplomas de todos os candidatos beneficiários,
não se requer prova inconteste da sua ciência, anuência ou participação na conduta fraudulenta; e ii) não é
possível considerar válidos os votos conferidos ao partido, na medida em que, tal como assinalado pelo
Tribunal de origem no acórdão dos embargos de declaração, "ainda que afirmem os embargantes não terem
contribuído ou participado da prática de fraude à cota de gênero, encontram-se insertos nos consectários do
ato", e porque a orientação desta Corte Superior é no sentido de que a caracterização da fraude em tela
acarreta a nulidade dos votos obtidos pela agremiação (TSE, AgR-REspe 1-90, rel. Min. Alexandre de Moraes, DJE de
4.2.2022).
ASSERTIVA ERRADA: ainda que haja o reconhecimento da fraude de gênero, os quocientes eleitoral e
partidários permanecem inalterados, sem recontagem. (FGV - 2022 - TJ-SC)

8.8 DEMONSTRATIVO DE REGULARIDADE DE ATOS PARTIDÁRIOS


DRAP significa Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários. Embora no senso comum a maior
importância seja atribuída aos candidatos, ninguém poderá registrar candidatura se não for constatada a
regularidade do DRAP e o juiz declarar o partido ou coligação habilitados para participarem das eleições.
É dele que constarão os dados dos partidos ou coligações, as deliberações realizadas nas convenções, dados
para contato, nome da coligação, relação de candidatos indicados e assim por diante. Se o DRAP for indeferido
e o partido ou a coligação forem considerados inabilitados, todos os candidatos indicados por eles também
terão seus pedidos de registro automaticamente indeferidos.
Na prática, trata-se de um formulário preenchido pelos representantes dos partidos ou coligações diretamente
no Sistema Candex. Deverá haver um DRAP para cada cargo pleiteado [...].
Até o ano de 2016, havia necessidade de entrega física no cartório, para autuação na classe RCand. A partir de
2018, permanece a obrigação dos partidos e coligações de imprimirem e assinarem todos os documentos
emitidos pelo Candex.
A diferença é que eles serão transmitidos via internet ou entregues diretamente no cartório em arquivo gravado
em uma mídia. Os documentos físicos deverão ser guardados pelos responsáveis pelo período previsto na
Resolução TSE nº 23.609/2019.
É a partir do DRAP que se formará o processo em que serão verificados os requisitos para habilitação do órgão
partidário ou da coligação nas eleições, dele constando ainda a(s) ata(s) da convenção(ões), certidão de
composição expedida pelo SGIP, expedição e publicação de edital para impugnação e demais atos previstos
no procedimento, que será detalhado oportunamente neste curso (Fonte: TSE).
ASSERTIVA ERRADA: a caracterização da fraude acarreta como consequência jurídica a cassação dos
candidatos vinculados ao DRAP que participaram, anuíram ou tiveram ciência da fraude. (FGV - 2022 - TJ-SC)

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8.9 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME)


AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME). ART. 14, § 10, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
FRAUDE À COTA DE GÊNERO. ART. 10, § 3°, DA LEI Nº 9.504/97. [...] 1. À luz do julgamento do AgR–REspe nº
0600651–94/BA, redator para o acórdão o Min. Alexandre de Moraes, em sessão de 10.5.2022, a obtenção de
votação zerada ou pífia das candidatas, a prestação de contas com idêntica movimentação financeira e
a ausência de atos efetivos de campanha são suficientes para evidenciar o propósito de burlar o
cumprimento da norma que estabelece a cota de gênero, quando ausentes elementos que indiquem se
tratar de desistência tácita da competição. [...] Evidenciadas a obtenção de votação zerada pelas
candidatas, a prestação de contas sem movimentação financeira, a ausência de atos efetivos de
campanha e a prática de campanha eleitoral, por uma delas, em benefício de outro candidato do mesmo
partido, circunstâncias corroboradas pela prova oral produzida, é seguro concluir–se pela comprovação
da fraude à cota de gênero, nos termos do art. 14, § 10, da CF. [...] (TSE, AREspE nº 060054992, rel. Min.
Carlos Horbach, Ac. de 17.6.2022). (Fonte: comentários professor QConcurso).
ASSERTIVA CORRETA: A obtenção de votação zerada ou pífia, a prestação de contas sem movimentação
financeira e a ausência de atos efetivos de campanha são elementos suficientes para evidenciar o propósito
de burlar o cumprimento da norma que estabelece a cota de gênero, quando ausentes elementos que
indiquem se tratar de desistência tácita da competição. (FGV – TJSC/2022)

8.10 DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE E DOSIMETRIA DA SANÇÃO


ELEITORAL – DOAÇÃO ACIMA DO LIMITE – DOSIMETRIA DA SANÇÃO – TRE - RECURSO ELEITORAL -
REPRESENTAÇÃO - ELEIÇÕES 2010 - DOAÇÃO DE RECURSOS ACIMA DO LIMITE LEGAL - PESSOA JURÍDICA -
ANTIGA REDAÇÃO DO §2º DO ART. 81 DA LEI Nº 9.504/1997 - LEGISLAÇÃO ENTÃO VIGENTE - NORMA
ABSTRATA QUE PREVIA MULTA NO VALOR DE CINCO A DEZ VEZES A QUANTIA DOADA EM EXCESSO -
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA - DOSIMETRIA DA SANÇÃO - APLICAÇÃO IN CASU DE MULTA NO VALOR DE SEIS
VEZES O EXCESSO VERIFICADO - PENALIDADE LIGEIRAMENTE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL - RAZOABILIDADE -
DOAÇÃO QUE SUPEROU O LIMITE LEGAL EM MAIS DE MIL E QUINHENTOS POR CENTO - SENTENÇA MANTIDA
- RECURSO DESPROVIDO.
O critério utilizado na sentença para a dosimetria da sanção dentro das balizas legais, tal seja a proporção
entre o excesso apurado e o valor de doação permitido pela lei à pessoa jurídica, mostra-se razoável e
justo, mormente quando a multa foi a única reprimenda infligida.
A aplicação da sanção no mínimo legal (5 vezes o valor do excesso) deve ser reservada àqueles casos em que
o percentual supracitado se limite a, no máximo, 100% (cem por cento), ou seja, quando o valor do excesso
seja igual ou inferir à quantia que a pessoa jurídica poderia doar. (Recurso Eleitoral nº 44523, Acórdão nº 26422
de 14/11/2017, Relator(a) RODRIGO ROBERTO CURVO, Publicação: DEJE - Diário de Justiça Eletrônico, Tomo
2545, Data 30/11/2017, Página 2).
“(...) O critério adotado pela legislação é objetivo e independe de aferição de dolo, culpa ou boa-fé, que
apenas pode se refletir no campo da dosimetria da sanção, aplicada, in casu, em seu patamar mínimo de
cinco vezes o valor excedido, perfazendo o montante de R$ 88.463,10.4. Inexistência de natureza
confiscatória. (...)”. (RECURSO ELEITORAL nº 553, Acórdão de 01/08/2016, Relator(a) MARCO JOSÉ MATTOS COUTO,
Publicação: DJERJ Data 10/08/2016, Página 10/22).
ATENÇÃO: O ELEMENTO SUBJETIVO PODERÁ SER UTILIZADO NA DOSIMETRIA PARA DOSAR A SANÇÃO
APLICADA. Veja que a irregularidade de excesso de doação tem caráter OBJETIVO, no entanto, a observação
do elemento subjetivo na dosimetria da sanção, não é no sentido de caracterizar o ilícito/crime, mas, tão
somente, para DOSAR a sanção aplicada.
ENUNCIADO: Maria interpôs recurso eleitoral buscando a reforma da sentença que julgou procedente a
representação contra si manejada, condenando-a ao pagamento de multa por violação do disposto no artigo
23, §1º, da Lei nº 9.504/1997. Argumenta a recorrente que desconhecia a legislação eleitoral e acreditou que
não havia qualquer limite de valor para as doações de campanha, de modo que é patente a sua boa-fé. Levando
em consideração os fatos e as circunstâncias descritas no problema, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: a aferição do dolo, da culpa ou da boa-fé do doador, em matéria de doação acima do limite legal,
deverá ser realizada para o fim da dosimetria da sanção a ser aplicada. (FGV – ALERJ – Procurador 2017)

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9. DIREITO CIVIL
9.1 EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
CIVIL – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – LIMITE DE DESCONTO DO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – STJ -
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. PRETENSÃO DE LIMITAÇÃO DOS DESCONTOS
DAS PARCELAS DE EMPRÉSTIMO COMUM EM CONTA-CORRENTE, EM APLICAÇÃO ANALÓGICA DA LEI N.
10.820/2003 QUE DISCIPLINA OS EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS EM FOLHA DE PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE. RATIFICAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, COM FIXAÇÃO
DE TESE REPETITIVA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PREJUDICADO O RECURSO ESPECIAL DA DEMANDANTE,
QUE PLEITEAVA A MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA.
1. A controvérsia inserta no presente recurso especial repetitivo está em definir se, no bojo de contrato de
mútuo bancário comum, em que há expressa autorização do mutuário para que o pagamento se dê por meio
de descontos mensais em sua conta-corrente, é aplicável ou não, por analogia, a limitação de 35% (trinta e
cinco por cento) prevista na Lei n. 10.820/2003, que disciplina o contrato de crédito consignado em folha de
pagamento (chamado empréstimo consignado)..
8. Tese Repetitiva: São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários comuns em conta-
corrente, ainda que utilizada para recebimento de salários, desde que previamente autorizados pelo
mutuário e enquanto esta autorização perdurar, não sendo aplicável, por analogia, a limitação prevista
no § 1º do art. 1º da Lei n. 10.820/2003, que disciplina os empréstimos consignados em folha de
pagamento.9. Recurso especial da instituição financeira provido; e prejudicado o recurso especial da
demandante. (REsp 1863973/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/03/2022,
DJe 15/03/2022).
CUIDADO: 18
É válida a recusa das instituições financeiras de concederem empréstimo consignado nos casos em que a
soma da idade do cliente com o prazo de duração do contrato seja superior a 80 anos. O critério de vedação
ao crédito consignado - a soma da idade do cliente com o prazo do contrato não pode ser maior que 80 anos -
não representa discriminação negativa que coloque em desvantagem exagerada a população idosa. (STJ.
3ª Turma. REsp 1.783.731-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. em 23/04/2019 - Info 647).
ENUNCIADO: À luz da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar, sobre a consignação
de parcelas de empréstimo bancário, que: ASSERTIVA CORRETA: a retenção de parcelas de mútuo em conta-
corrente não se sujeita aos limites legais de margem consignável em contracheque, sem prejuízo de que, pelas
vias próprias, possa-se reconhecer e tratar eventual superendividamento. (FGV 2023)

9.2 ANULAÇÃO DE REGISTRO DE NASCIMENTO


CIVIL – ANULAÇÃO DE REGISTRO DE NASCIMENTO – STJ – São dois os requisitos imprescindíveis para que
seja possível a anulação do registro de nascimento: prova robusta no sentido de que o pai foi de fato induzido
a erro, ou ainda, que tenha sido coagido a tanto;
Nesse primeiro requisito, é necessária a prova do engano não intencional na manifestação da vontade de
registrar" (REsp 1.383.408/RS, Terceira Turma, DJe 30/05/2014): “(...) 3. A regra inserta no caput do art. 1.609
do CC-02 tem por escopo a proteção da criança registrada, evitando que seu estado de filiação fique à mercê
da volatilidade dos relacionamentos amorosos. Por tal razão, o art. 1.604 do mesmo diploma legal permite
a alteração do assento de nascimento excepcionalmente nos casos de comprovado erro ou falsidade do
registro.
4. Para que fique caracterizado o erro, é necessária a prova do engano não intencional na manifestação
da vontade de registrar. 5. Inexiste meio de desfazer um ato levado a efeito com perfeita demonstração da
vontade daquele que, um dia declarou perante a sociedade, em ato solene e de reconhecimento público, ser
pai da criança, valendo-se, para tanto, da verdade socialmente construída com base no afeto, demonstrando,
dessa forma, a efetiva existência de vínculo familiar. (...)”. Portanto, é preciso que, no momento do registro,
o indivíduo acreditasse ser o verdadeiro pai biológico da criança.

18
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O limite de desconto do empréstimo consignado não se aplica aos contratos de mútuo bancário em que o cliente autoriza o débito das
prestações em conta-corrente. Buscador Dizer o Direito, Manaus.)

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A prova do erro é imprescindível: “(...) 3. As alegações do recorrido de que foi convencido pela mãe do
menino a registrá-lo como se seu filho fosse e de que o fez por apreço a ela não configuram erro ou
qualquer outro vício do consentimento, e, portanto, não são, por si sós, motivos hábeis a justificar a anulação
do assento de nascimento, levado a efeito por ele, quatro anos antes, quando, em juízo, voluntariamente
reconheceu ser o pai da criança, embora sabendo não sê-lo.” (REsp 1.229.044/SP, 3T,13.06.2013)
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO SOCIOAFETIVA ENTRE PAI E FILHO
No tocante a este segundo requisito, importante decisão do STJ, abaixo:
É necessário também que fique provado que o “pai registral” nunca foi um “pai socioafetivo”, ou seja, que
nunca foi construída uma relação socioafetiva entre pai e filho. A mera comprovação da inexistência de
paternidade biológica através do exame do DNA não é suficiente para desconstituir a relação socioafetiva
criada entre os indivíduos. A filiação deve ser entendida como elemento fundamental da identidade do ser
humano, da própria dignidade humana. O nosso ordenamento jurídico acolheu a filiação socioafetiva como
verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade humana. STJ. 3ª Turma. REsp 1.829.093-PR, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 01/06/2021 Info 699). Fonte DOD.
ATENÇÃO: “(...) Admitiu-se a desconstituição de paternidade registral no seguinte caso: (a) o pai registral,
na fluência de união estável estabelecida com a genitora da criança, fez constar o seu nome como pai no
registro de nascimento, por acreditar ser o pai biológico do infante; (b) estabeleceu-se vínculo
de afetividade entre o pai registral e a criança durante os primeiros cinco anos de vida deste; (c) o pai
registral solicitou, ao descobrir que fora traído, a realização de exame de DNA e, a partir do resultado
negativo do exame, não mais teve qualquer contato com a criança, por mais de oito anos até a atualidade;
e (d) o pedido de desconstituição foi formulado pelo próprio pai registral.
De fato, a simples ausência de convergência entre a paternidade declarada no assento de nascimento e a
paternidade biológica, por si só, não autoriza a invalidação do registro. Realmente, não se impõe ao declarante,
por ocasião do registro, prova de que é o genitor da criança a ser registrada. O assento de nascimento traz, em
si, essa presunção. Entretanto, caso o declarante demonstre ter incorrido, seriamente, em vício de
consentimento, essa presunção poderá vir a ser ilidida por ele. Não se pode negar que a filiação socioativa
detém integral respaldo do ordenamento jurídico nacional, a considerar a incumbência constitucional
atribuída ao Estado de proteger toda e qualquer forma de entidade familiar, independentemente de sua origem
(art. 227 da CF). Ocorre que o estabelecimento da filiação socioafetiva perpassa, necessariamente, pela
vontade e, mesmo, pela voluntariedade do apontado pai, ao despender afeto, de ser reconhecido como tal. Em
outras palavras, as manifestações de afeto e carinho por parte de pessoa próxima à criança somente
terão o condão de convolarem-se numa relação de filiação se, além da caracterização do estado de posse
de filho, houver, por parte do indivíduo que despende o afeto, a clara e inequívoca intenção de ser
concebido juridicamente como pai ou mãe da criança. Portanto, a higidez da vontade e da voluntariedade
de ser reconhecido juridicamente como pai consubstancia pressuposto à configuração de filiação socioafetiva
no caso aqui analisado. Dessa forma, não se concebe a conformação dessa espécie de filiação quando o
apontado pai incorre em qualquer dos vícios de consentimento. Ademais, sem proceder a qualquer
consideração de ordem moral, não se pode obrigar o pai registral, induzido a erro substancial, a manter
uma relação de afeto igualmente calcada no vício de consentimento originário, impondo-lhe os deveres
daí advindos sem que voluntária e conscientemente o queira. Além disso, como a filiação sociafetiva
pressupõe a vontade e a voluntariedade do apontado pai de ser assim reconhecido juridicamente, caberá
somente a ele contestar a paternidade em apreço. Por fim, ressalte-se que é diversa a hipótese em que o
indivíduo, ciente de que não é o genitor da criança, voluntária e expressamente declara o ser perante o Oficial
de Registro das Pessoas Naturais ("adoção à brasileira"), estabelecendo com esta, a partir daí, vínculo
da afetividade paterno-filial. Nesta hipótese - diversa do caso em análise -, o vínculo de afetividade se
sobrepõe ao vício, encontrando-se inegavelmente consolidada a filiação socioafetiva (hipótese, aliás, que não
comportaria posterior alteração). A consolidação dessa situação - em que pese antijurídica e, inclusive,
tipificada no art. 242 do CP -, em atenção ao melhor e prioritário interesse da criança, não pode ser modificada
pelo pai registral e socioafetivo, afigurando-se irrelevante, nesse caso, a verdade biológica. Trata-se de
compreensão que converge com o posicionamento perfilhado pelo STJ (REsp 709.608-MS, Quarta Turma, DJe
23/11/2009; e REsp 1.383.408-RS, Terceira Turma, DJe 30/5/2014). REsp 1.330.404-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 5/2/2015, DJe 19/2/2015. (Fonte: site STJ).
ENUNCIADO: Rômulo e Moema são casados por três anos, até que Moema conhece César e passa a integrar um triângulo
amoroso. Nesse interim, Moema engravida, o que causa muita desconfiança a Rômulo que, àquela altura, já se sabia
portador de doença que diminui significativamente a capacidade para conceber. Confronta, então, Moema que, depois
de assumir o affair, lhe jura amor eterno e rigorosa fidelidade doravante. Diz mais: que sentia em seu coração que Bento,

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o bebê em sua barriga, era de Rômulo. Rômulo registra o filho como seu. Todavia, anos depois, quando do divórcio,
ingressa com ação negatória de paternidade. Nesse caso, a Defensoria Pública que atua em favor de Rômulo deverá:
ASSERTIVA CORRETA: evidenciar a ausência de vínculo socioafetivo entre Rômulo e Bento e, mais do que isso, o interesse
deste último em conhecer sua origem genética e alterar o registro civil, única hipótese em que será possível. retificá-lo.
(Verifica-se que Rômulo sabia ser portador de moléstia que diminui significativamente a capacidade para conceber e,
além disso, ao confrontar Moema, esta assumiu ter tido um envolvimento amoroso com César, havendo inegável
possibilidade de o filho não ser seu. Percebe-se que apesar da existência de dúvidas sobre a paternidade, Rômulo
registrou o infante como sendo seu filho. Logo, não será possível, anos depois, somente por ocasião do divórcio,
questionar referida paternidade.Tal circunstância só poderia ser verificada nos termos da assertiva acima citada, se
evidenciada a ausência de vínculo socioafetivo e, além disso, o interesse de Bento em conhecer sua origem genética e
alterar o registro civil. (Comentários colegas QConcurso). (FGV – DPE/RS – Analista 2023)
9.3 VÍCIO DE LESÃO NÃO SE PRESUME
CIVIL – DA LESÃO – VÍCIO DE LESÃO NÃO SE PRESUME - ANULÁVEL – STJ - A lesão ocorre quando o agente
assume uma desproporção evidente entre as prestações de um negócio jurídico, por inexperiência ou por
necessidade do momento. OBS: Segundo o STJ, isso não é presumido. Para a caracterização do vício de lesão,
exige-se a presença simultânea de elemento objetivo – a desproporção das prestações – e subjetivo – a
inexperiência ou a premente necessidade, que devem ser aferidos no caso concreto. 4. Tratando-se de
negócio jurídico bilateral celebrado de forma voluntária entre particulares, é imprescindível a
comprovação dos elementos subjetivos, sendo inadmissível a presunção nesse sentido. Recurso especial
não provido. (REsp 1723690/DF, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/08/2019,
DJe 12/08/2019).” (Fonte: Comentários QConcurso).
“Art. 157, CC: Ocorre a LESÃO quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.” Grifos acrescidos.
“Enunciado 410, CJF: A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve necessariamente significar
imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos em geral, podendo
ocorrer também quando o lesado, ainda que estipule contratos costumeiramente, não tenha
conhecimento específico sobre o negócio em causa.”
“Enunciado n. 290 do CJF: A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando verificada, na
formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se
presumindo a premente necessidade ou a inexperiência do lesado.
ENUNCIADO: Suponha que alguém, por inexperiência em determinada área de conhecimentos específicos,
comprometa-se a uma prestação manifestamente desproporcional. Nesse caso, à luz do Código Civil, o
negócio jurídico firmado é: ASSERTIVA CORRETA: anulável por lesão. (FGV – TJBA- Conciliador/2023).

9.4 CONTRATO DE SEGURO


CIVIL – CONTRATO DE SEGURO – CLASSIFICAÇÃO - STJ - A previsão legal é de que os contratos de seguro e
plano de saúde são, via de regra, de renovação automática, por isso, classificados como cativos. Nesse
sentido:”(...) Inicialmente, destaca-se que os contratos de seguros e planos de saúde são pactos cativos por
força de lei, por isso renovados automaticamente (art. 13, caput, da Lei n. 9.656/1998), não cabendo, assim,
a analogia para a análise da validade das cláusulas dos seguros de vida em grupo. (...).” (REsp 1769111/RSRel.
Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 10/12/2019, DJe 20/02/2020)
O contrato aleatório é um contrato em que há um risco. Álea significa sorte e integra essa modalidade de
contratação. Sua principal característica é a incerteza, uma vez que possui imprevisibilidade no
conteúdo. Uma parte da doutrina classifica o seguro de vida como contrato comutativo, porém, a doutrina
majoritária classifica como aleatório. O sinistro é um evento futuro e incerto. Não há certeza de que o risco,
objeto do seguro, se manifestará em evento danoso.
ENUNCIADO: Adamastor mantinha seguro de vida há muitos anos com a instituição JKL. No final de sua
vigência, decide substituí-lo por outro mais barato. Todavia, como estava muito atarefado, esquece de
comunicar que contratara outra apólice à antiga seguradora que, então, procede à renovação automática.
Meses depois, ao notar que estava pagando a ambas, liga para a seguradora JKL para requerer o cancelamento
e a devolução dos valores pagos, até porque não sofreu qualquer sinistro durante todo esse tempo. A
seguradora se recusa à repetição dos valores. Nesse caso, a renovação automática e a recusa à devolução das

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parcelas do prêmio justificam-se em duas características do contrato de seguro. São elas, respectivamente:
ASSERTIVA CORRETA: catividade e aleatoriedade. (FGV/TJBA – Juiz Leigo – 2023).
9.5 O POSSUIDOR TEM DIREITO À PASSAGEM FORÇADA NA HIPÓTESE DE IMÓVEL ENCRAVADO
CIVIL – DIREITO DAS COISAS/DIREITOS REAIS – STJ - A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
decidiu que o possuidor tem direito à passagem forçada na hipótese de imóvel encravado, nos termos do
artigo 1.285 do Código Civil (CC). (REsp n. 2.029.511/PR, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em
14/3/2023, DJe de 16/3/2023.)
“Art. 1.285, CC: O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário”.
ASSERTIVA CORRETA: Aquele que se apossa de coisa alheia, antes do prazo de usucapião, poderá exercer o
direito de passagem forçada. (FGV – TJES/2023)

9.6 DIREITO DE TAPAGEM


CIVIL – DIREITO DE VIZINHANÇA - DIREITO DE TAPAGEM – STJ - RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. DIREITO
DE TAPAGEM. MURO DIVISÓRIO. DESPESAS DE CONSTRUÇÃO. ACORDO PRÉVIO. DESNECESSIDADE.
CONDOMÍNIO NECESSÁRIO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O direito de tapagem disposto do art.
1.297 do Código Civil prevê o direito ao compartilhamento de gastos decorrentes da construção de muro
comum aos proprietários lindeiros. 2. O acordo prévio de vontades não é requisito à meação das despesas
de construção do muro pretendidas. 3. Recurso especial parcialmente provido. (...). "(...) 'a obrigação de
concorrer para as despesas com tapumes divisórios decorre da lei, não sendo o acordo de vontades condição
'sine qua non' para que se efetue o rateio das despesas. Contudo, existem situações em que não se exige o
concurso de ambos os confinantes'. As situações excepcionais, [...], são aquelas dos tapumes especiais, que
visam a deter certos animais". (STJ. 4ª Turma. REsp 2.035.008-SP, j 2/5/2023 (Info 774)).
ENUNCIADO: Existindo dois prédios contíguos, um pertencente a João e outro a José, havia a necessidade de
construir um muro divisório entre as propriedades. João começou a construir e pediu a José que contribuísse
com 50% da obra. Entretanto, José disse que não contribuiria, já que quem queria construí-lo era João. Com
base no Código Civil e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: José tem a obrigação de contribuir. O muro vai demarcar a divisão com sua propriedade, sendo sua
obrigação custear metade. (FGV TJES/2023).

9.7 CONDIÇÃO SUPENSIVA MERAMENE/SIMPLESMENTE POTESTATIVA


CIVIL - CONTRATOS - CONDIÇÃO SUPENSIVA MERAMENE/SIMPLESMENTE POTESTATIVA - STJ - Pode ser
válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade de exigir, "tão logo fosse de seu interesse", a
transferência da propriedade de imóvel. REsp 1.990.221-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 03/05/2022. (Info 735).
ENUNCIADO: Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado imóvel de sua
propriedade a João "quando ele manifestar seu interesse". Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade,
é correto afirmar que é condição: ASSERTIVA CORRETA: simplesmente potestativa, portanto válida, pois
estipulada em benefício do credor. (FGV – Juiz do Trabalho/2023).
9.8 CONTRATO DE COMPRA E VENDA – CLÁUSULA PENAL – PERDA INTEGRAL DOS VALORES PAGOS
CIVIL – CONTRATO DE COMPRA E VENDA – CLÁUSULA PENAL – PERDA INTEGRAL DOS VALORES PAGOS –
STJ - “RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL ENTRE
PARTICULARES. RESCISÃO DO CONTRATO. VALORES PAGOS. PERDA INTEGRAL. PREVISÃO EM CLÁUSULA
PENAL. VALIDADE. NEGÓCIO JURÍDICO. AUSÊNCIA DE VÍCIOS. PROPOSIÇÃO DO PROMITENTE COMPRADOR.
ALEGAÇÃO DE INVALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. […] 3.
Para a caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de elemento objetivo – a
desproporção das prestações – e subjetivo – a inexperiência ou a premente necessidade, que devem ser
aferidos no caso concreto. 4. Tratando-se de negócio jurídico bilateral celebrado de forma voluntária entre
particulares, é imprescindível a comprovação dos elementos subjetivos, sendo inadmissível a presunção
nesse sentido. 5. O mero interesse econômico em resguardar o patrimônio investido em determinado negócio
jurídico não configura premente necessidade para o fim do art. 157 do Código Civil. 6. Na hipótese em apreço,
a cláusula penal questionada foi proposta pelos próprios recorrentes, que não comprovaram a inexperiência

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ou premente necessidade, motivo pelo qual a pretensão de anulação configura comportamento contraditório,
vedado pelo princípio da boa-fé objetiva. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1723690/DF, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/08/2019, DJe 12/08/2019).”
ENUNCIADO: João contratou compromisso de compra e venda de imóvel com Maria, assumindo a obrigação
de pagamento de dez parcelas de igual valor. Após o pagamento de três parcelas devidas, João tornou-se
inadimplente e o contrato foi resolvido. Constava no contrato cláusula penal prevendo a perda integral dos
valores pagos. Indignado cm o que denominou "desproporção da sanção", João requereu judicialmente a
declaração de invalidade da cláusula penal, sob o argumento de que estariam comprovados os elementos
caracterizadores da lesão. Sobre o caso descrito, é correto afirmar que: ASSERTIVA CORRETA: para
caracterizar a lesão, João deve provar a existência de desproporção manifesta entre as obrigações constituídas
e a sua inexperiência, que não pode ser presumida, ou a premente necessidade de contratar. (FGV – Juiz do
Trabalho/2023).

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10. DIREITO EMPRESARIAL


10.1 RECUPERAÇÃO JUDICIAL
EMPRESARIAL – RECUPERAÇÃO JUDICIAL – STJ – DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
DECISÃO DE PROCESSAMENTO. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES. STAY PERIOD. SUSPENSÃO
TEMPORÁRIA DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO, MANTIDO O DIREITO MATERIAL DOS CREDORES. INSCRIÇÃO
EM CADASTRO DE INADIMPLENTES E TABELIONATO DE PROTESTOS. POSSIBILIDADE. EN. 54 DA JORNADA
DE DIREITO COMERCIAL I DO CJF/STJ. 1. Na recuperação judicial, apresentado o pedido por empresa que
busca o soerguimento, estando em ordem a petição inicial - com a documentação exigida pelo art. 51 da Lei n.
11.101/2005 -, o juiz deferirá o processamento do pedido (art. 52), iniciando-se em seguida a fase de formação
do quadro de credores, com apresentação e habilitação dos créditos. 2. Uma vez deferido o processamento da
recuperação, entre outras providências a serem adotadas pelo magistrado, determina-se a suspensão de
todas as ações e execuções, nos termos dos arts. 6º e 52, inciso III, da Lei n. 11.101/2005. 3. A razão de ser da
norma que determina a pausa momentânea das ações e execuções - stay period - na recuperação judicial é a
de permitir que o devedor em crise consiga negociar, de forma conjunta, com todos os credores (plano de
recuperação) e, ao mesmo tempo, preservar o patrimônio do empreendimento, o qual se verá liberto, por um
lapso de tempo, de eventuais constrições de bens imprescindíveis à continuidade da atividade empresarial,
impedindo o seu fatiamento, além de afastar o risco da falência.
4. Nessa fase processual ainda não se alcança, no plano material, o direito creditório propriamente dito,
que ficará indene - havendo apenas a suspensão temporária de sua exigibilidade - até que se ultrapasse o
termo legal (§ 4° do art. 6°) ou que se dê posterior decisão do juízo concedendo a recuperação ou decretando
a falência (com a rejeição do plano).
5. Como o deferimento do processamento da recuperação judicial não atinge o direito material dos
credores, não há falar em exclusão dos débitos, devendo ser mantidos, por conseguinte, os registros do
nome do devedor nos bancos de dados e cadastros dos órgãos de proteção ao crédito, assim como nos
tabelionatos de protestos. Também foi essa a conclusão adotada no Enunciado 54 da Jornada de Direito
Comercial I do CJF/STJ. RECURSO ESPECIAL Nº 1.374.259 - MT (2011/0306973-4).
ASSERTIVA CORRETA: a empresa X poderá negativar a sociedade GDWY ou protestar a dívida, mesmo sem
anuência do juízo empresarial e ainda que o processamento da recuperação judicial já tenha sido deferido.
(FGV - PGE/SC 22)

10.2 CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA


EMPRESARIAL – CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA COM BASE NA CONFISÃO DA
RECUPERANDA DA IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIR O PLANO – IMPOSSIBILIDADE – ROL TAXATIVO – STJ -
Nesse sentido, STJ entendeu que a finalização exitosa da recuperação pressupõe a prolação de sentença
judicial, não se operando automaticamente, com o implemento do segundo aniversário de concessão e
homologação do plano de soerguimento, de forma a perdurar o estado de supervisão judicial, enquanto
não proferida a respectiva decisão jurisdicional de ultimação do estado recuperacional (art. 63 da Lei n.
11.101/2005). Ocorrendo o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano durante o período de
supervisão judicial, a lei de regência viabiliza a convolação da recuperação em falência, nos estreitos lindes
estabelecidos nos arts. 61, § 1º, e 73, IV, da Lei n. 11.101/2005. (STJ - REsp 1.707.468-RS – 8.11.2022).
Vejamos o teor da decisão: “A convolação da recuperação em falência equivale a uma sanção legalmente
imposta ao devedor em soerguimento, haja vista a gravidade das consequências que dela resultam, devendo,
portanto, ser objeto de interpretação estrita as hipóteses arroladas no art. 73 da Lei Falimentar. Como
consabido, as regras que imponham penalidade deverão ser objeto de interpretação restritiva, do que se
conclui ser taxativo o rol desse dispositivo legal.
Na hipótese, o Juízo da recuperação convolou a recuperação da recorrente em falência com base na confissão
da recuperanda de impossibilidade de continuar adimplindo o plano aprovado e homologado, oportunidade
em que requereu a realização de nova assembleia com o propósito de modificação do plano vigente. Tal
situação não configura o real descumprimento das obrigações do plano ensejador da convolação em
falência, mas uma mera conjectura, que pode, inclusive, nem ocorrer, a ampliar indevidamente o alcance do
texto legal.

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Não cabe ao Juízo da recuperação antecipar-se no decreto falimentar, antevendo uma possível (mas
incerta) inexecução das obrigações constantes do plano, a pretexto de incidência do art. 61, § 1º e, por
conseguinte, do art. 73, IV, ambos da Lei n. 11.101/2005, sem que efetivamente tenha ocorrido o
descumprimento, pois tal proceder caracteriza uma ampliação indevida do alcance da norma, conferindo
interpretação extensiva a dispositivo legal que só comporta interpretação restritiva.” (Fonte: Site STJ).
ASSERTIVA CORRETA: é possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do prazo
bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerramento da recuperação. (FGV –
Juiz do Trabalho/2023).

10.3 POSSIBILIDADE DE CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA APÓS DECURSO DO


PRAZO BIENAL DE SUPERVISÃO JUDICIAL
EMPRESARIAL – POSSIBILIDADE DE CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA APÓS
DECURSO DO PRAZO BIENAL DE SUPERVISÃO JUDICIAL - STJ - A finalização exitosa da recuperação
pressupõe a prolação de sentença judicial. Assim, o encerramento da recuperação judicial não se opera
automaticamente com o implemento do prazo de 2 anos da concessão e homologação do plano de
soerguimento (art. 61 da Lei nº 11.101/2005). O estado de supervisão judicial da recuperação perdura
enquanto não for proferida a respectiva decisão jurisdicional de finalização do estado recuperacional, nos
termos do art. 63 da Lei nº 11.101/2005. (STJ. 3ª Turma. REsp 1707468-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
25/10/2022 (Info 762).
Vale ressaltar que 2 anos é o prazo máximo que o Poder Judiciário, o Ministério Público e o administrador
judicial irão ficar acompanhando a recuperação judicial. No entanto, o plano de recuperação judicial pode
prever prazos de pagamento maiores. Conforme já explicou o Min. Ricardo Villas Bôas Cueva: “É preciso
esclarecer desde logo que o fato de a recuperação judicial se encerrar no prazo de 2 (dois) anos não significa
que o plano não possa prever prazos mais alongados para o cumprimento das obrigações, mas, sim, que o
cumprimento somente será acompanhado pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelo administrador judicial
nessa fase, para depois estar sob a fiscalização única dos credores.”(REsp 1853347-RJ).
Não existe proibição de que, no plano de recuperação, sejam previstas obrigações que excedam esse prazo
(ex.: pagamento de uma dívida em 5 anos). Vale ressaltar, contudo, que, após esse prazo de 2 anos, o encargo
de fazer a supervisão do cumprimento do plano é transferido aos credores, saindo do Poder Judiciário.
Esgotado o prazo de 2 anos, o juiz deverá proferir decisão extinguindo a recuperação ou convertendo-a
em falência. Assim, implementado o interregno legal, “os autos devem ser conclusos ao juiz para que ele
verifique se é o caso de a convolar em falência. Não havendo razões para a convolação, ele deve proferir a
sentença de encerramento da recuperação judicial” (COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Lei de Falências e de
Recuperação de Empresas – 15ª ed. – São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021, p. 254). 19
ASSERTIVA ERRADA: é vedada a previsão, no plano de recuperação sujeito à supervisão judicial, de obrigações
excedentes ao prazo bienal. (FGV – Juiz do Trabalho/2023).

10.4 DESVIO DE CLIENTELA E CONCORRÊNCIA DESLEAL


EMPRESARIAL – DESVIO DE CLIENTELA E CONCORRÊNCIA DESLEAL – USO DE MARCA ALHEIA EM LINK
PATROCINADO DO GOOGLE - STJ - É lícito o serviço de publicidade pago, oferecido por provedores de busca,
que, por meio da alteração do referenciamento de um domínio, com base na utilização de certas palavras-
chave, coloca em destaque e precedência o conteúdo pretendido pelo anunciante "pagador" (links
patrocinados). Todavia, infringe a legislação de propriedade industrial aquele que usa como palavra-
chave, em links patrocinados, marcas registradas por um concorrente, configurando-se o desvio de
clientela, que caracteriza ato de concorrência desleal, reprimida pelo art. 195, III e V, da Lei da
Propriedade Industrial e pelo art. 10 bis, da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade
Industrial. Utilizar a marca de um concorrente como palavra-chave para direcionar o consumidor do produto
ou serviço para o link do concorrente usurpador é capaz de causar confusão quanto aos produtos oferecidos
ou a atividade exercida pelos concorrentes. Ainda, a prática desleal conduz a processo de diluição da marca
no mercado e prejuízo à função publicitária, pela redução da visibilidade.
“Sistema de patrocínio é lícito, mas deve respeitar propriedade intelectual: O ministro Luis Felipe Salomão
lembrou que o artigo 195 da Lei de Propriedade Industrial prevê como crime de concorrência desleal, entre

19
(Fonte: É possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do prazo bienal de supervisão
judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerramento da recuperação. Buscador Dizer o Direito).

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Jurisprudência em provas - @graceliamenezes

outras condutas, o emprego de meio fraudulento para desviar, em proveito próprio ou alheio, os clientes de
outra empresa.
No âmbito do sistema de links patrocinados – um dos ferramentais mais importantes do e-commerce –, o
ministro comentou que, embora seja lícita a contratação do serviço de priorização de resultados de pesquisa,
a inexistência de parâmetros ou proibições de palavras-chaves nas ações publicitárias pode resultar em
conflitos relacionados à propriedade intelectual. No caso dos autos, Salomão considerou que a
utilização de marca de outra empresa como palavra-chave para direcionar o consumidor do produto ou
serviço concorrente é, como entendeu o TJSP, capaz de causar confusão quanto à atividade exercida por
ambas as empresas.
"O estímulo à livre iniciativa, dentro ou fora da rede mundial de computadores, deve conhecer limites, sendo
inconcebível reconhecer lícita conduta que cause confusão ou associação proposital à marca de terceiro
atuante no mesmo nicho de mercado", concluiu o ministro ao manter a indenização fixada pelo TJSP.” (STJ -
Resp. 1.937.989 – SP – 07.11.2022). (Fonte: Site STJ).
ENUNCIADO: A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como maior canal de
publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na internet. A sociedade WWW, sua
concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço de publicidade paga de um dos provedores de busca
mais utilizados pelos usuários da internet. Com base no uso de certas palavras. chave, dentre elas, a marca
registrada da sociedade XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo pretendido
por ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados. Sobre o caso, é correto afirmar que: ASSERTIVA
CORRETA: a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em links
patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX. (FGV – Juiz do Trabalho/2023).

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11. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOSLECENTE
11.1 A INTERNAÇÃO EM UNIDADE MAIS PRÓXIMA DO LOCAL DE RESIDÊNCIA DO INFRATOR NÃO É UM
DIREITO ABSOLUTO
ECA – STJ - “A internação em unidade mais próxima do local de residência do infrator não é um direito
absoluto: "A localização do estabelecimento deve ser relativizada à luz das circunstâncias materiais das
unidades de internação" (STJ, HC 373.858, 2016)."
ASSERTIVA INCORRETA: o direito à internação do adolescente próximo à residência dos pais ou responsável
é um direito absoluto, não admitindo exceções. NÃO É ABSOLUTO. (MPE/SP-22 – BANCA PRÓPRIA)

11.2 SE O ADOTANTE, AINDA EM VIDA, MANIFESTOU INEQUIVOCAMENTE A VONTADE DE ADOTAR O


MENOR, PODERÁ OCORRER A ADOÇÃO POST MORTEM MESMO QUE NÃO TENHA INICIADO O
PROCEDIMENTO DE ADOÇÃO QUANDO VIVO.
ECA – STJ – ADOÇÃO - Se o adotante, ainda em vida, manifestou inequivocamente a vontade de adotar o
menor, poderá ocorrer a adoção post mortem mesmo que não tenha iniciado o procedimento de adoção
quando vivo. (STJ. 3ª Turma. REsp 1217415-RS).
ENUNCIADO: Bóro e Argônia são casados. Argônia tem uma filha do primeiro casamento, apelidada de
Argoninha, que não é filha biológica de Bóro. Em 2017, Argônia falece e Bóro assume os cuidados de Argoninha,
a quem sempre tratou como filha e de quem sempre recebeu tratamento de pai, embora jamais tenham
ajuizado qualquer demanda judicial para regularizar esta situação. Em 2021, Bóro é acometido por uma grave
doença incurável. Em seus últimos dias, manifesta aos mais próximos que seu maior erro foi não ter
formalizado a adoção de Argoninha, que ficará desamparada aos seus 15 anos de idade, considerando que seu
pai biológico nunca foi presente. Nesse caso, sabendo-se que Bóro deixará um expressivo benefício
previdenciário, é correto afirmar, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente e da jurisprudência das Cortes
Superiores, que Argoninha: ASSERTIVA CORRETA: poderá requerer o reconhecimento da adoção post
mortem, mesmo que não se tenha ainda instaurado o processo, ou até mesmo o reconhecimento da
paternidade socioafetiva, fazendo jus, em ambos os casos, ao benefício deixado por Bóro. (FGV – PGE-SC/2022).

11.3 INTERNAÇÃO PROVISÓRIA


ECA – INTERNAÇÃO PROVISÓRIA - HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO – STJ -
"ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A RECURSO
PRÓPRIO. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO CRIME DE HOMICÍDIO. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA
DECRETADA. ATO INFRACIONAL COMETIDO MEDIANTE VIOLÊNCIA. EXCESSO DE PRAZO NA INTERNAÇÃO
PROVISÓRIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe
habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato
judicial impugnado. 2. A prática de ato infracional análogo ao crime previsto no art. 121, § 2º, incisos II e IV, do
CP, autoriza a segregação do paciente, por enquadrar-se no art. 122, I, do ECA. Presentes os requisitos legais
previstos nos arts. 108 e 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 3. Evidenciado que o prazo de
internação provisória ultrapassa, em muito, o prazo previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente,
deve ser concedida a ordem de ofício para determinar ao paciente a medida de liberdade assistida até
que seja prolatada a sentença, e se por outro motivo não estiver internado. 4. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício, para determinar que o paciente permaneça em liberdade assistida até
o julgamento de mérito do procedimento judicial apuratório do ato infracional." (HC 369.894/SE, de minha
relatoria, QUINTA TURMA, julgado em 13/12/2016, Dje 19/12/2016).
STJ - “(...) Segundo reiterada jurisprudência desta Corte, a medida cautelar de internação, antes da sentença,
não pode se estender por prazo superior a quarenta e cinco dias (HC 192.563/ES, Rel. Ministro GILSON DIPP,
QUINTA TURMA, DJe 28/4/2011).

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“Art. 108, ECA: A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco
dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e
materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. (...).”
“Art. 183, ECA: O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente
internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.”
ENUNCIADO DA QUESTÃO: Jefferson, adolescente de 17 anos, pratica ato infracional análogo ao crime de
homicídio. Após apreensão em flagrante e apresentação para oitiva informal, o Ministério Público representa
em face do adolescente, requerendo a internação provisória, que é deferida pelo juiz da Infância e Juventude.
Após a realização de audiência de apresentação, o magistrado designa audiência em continuação, a se realizar
em 30 dias. Tendo em vista a recusa dos funcionários do sistema socioeducativo em transportarem Jefferson
à Vara da Infância e Juventude, como forma de protesto contra decisões administrativas exaradas pelo diretor
da unidade socioeducativa de internação, o adolescente não é apresentado para a audiência em continuação
e permanece internado por mais 25 dias. Considerando o disposto na Lei nº 8.069/1990 (ECA), é correto afirmar
que: ASSERTIVA CORRETA: resta configurado constrangimento ilegal na hipótese narrada, que poderá ensejar
a impetração de habeas corpus visando à liberação do adolescente. (FGV – TJES/2023).

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12. DIREITO AMBIENTAL


12.1 RENOVAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS
AMBIENTAL – LC 140/11 – RENOVAÇÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS - Decisão STF: O Tribunal, por
unanimidade, julgou improcedentes os pedidos de declaração de inconstitucionalidade dos arts. 4º, V e VI, 7º,
XIII, XIV, h, XV e parágrafo único, 8º, XIII e XIV, 9º, XIII e XIV, 14, § 3º, 15, 17, caput e §§ 2º, 20 e 21 da Lei
Complementar nº 140/2011 e, por arrastamento, da integralidade da legislação; e julgou parcialmente
procedente a ação direta para conferir interpretação conforme à Constituição Federal: (i) ao § 4º do art. 14 da
Lei Complementar nº 140/2011 para estabelecer que a omissão ou mora administrativa imotivada e
desproporcional na manifestação definitiva sobre os pedidos de renovação de licenças ambientais
instaura a competência supletiva do art. 15 e (ii) ao § 3º do art. 17 da Lei Complementar nº 140/2011,
esclarecendo que a prevalência do auto de infração lavrado pelo órgão originalmente competente para o
licenciamento ou autorização ambiental não exclui a atuação supletiva de outro ente federado, desde que
comprovada omissão ou insuficiência na tutela fiscalizatória. (ADI 4757 STF)
ASSERTIVA CORRETA: De acordo com a Lei Complementar federal nº 140/2011 e a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, o pedido de renovação de licença foi feito pelo empreendedor Alfa: observado o prazo legal
de antecedência mínima de cento e vinte dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na licença, e,
caso haja omissão ou mora administrativa imotivada e desproporcional na manifestação definitiva sobre os
pedidos de renovação da licença pelo órgão municipal licenciador, instaurar-se-á a competência supletiva de
licenciamento ambiental prevista na citada lei. (FGV – 2023) (PGM – Niterói). A competência prevista no art. 15
da LC 140/11.

12.2 OCUPAÇÃO ANTRÓPICA EM APP


AMBIENTAL – OCUPAÇÃO ANTRÓPICA EM APP – COMPETÊNCIA – STF - AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. AMBIENTAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. FEDERALISMO.
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE. FLEXIBILIZAÇÃO DE OCUPAÇÃO ANTRÓPICA EM APPs POR
MEIO DE LEGISLAÇÃO ESTADUAL. INADMISSIBILIDADE. INVASÃO DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO. TEMA
REGULADO DE FORMA EXAURIENTE POR LEGISLAÇÃO FEDERAL. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. I – É característica do Estado Federal a repartição de competências entre os entes
políticos que o compõem, de modo a preservar a diversidade sem prejuízo da unidade da associação. II - Nos
termos do art. 24, VI e VII da Carta Magna, os entes federados têm competência concorrente para legislar sobre
florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição, defesa do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico. III – Em paralelo, a Constituição da República prevê que a União detém a competência para
estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º), com vistas a padronizar a regulamentação de certos temas, sendo
os Estados e o Distrito Federal competentes para suplementar a legislação nacional (art. 24, § 1º),
consideradas as peculiaridades regionais. IV – A legislação mineira, ao flexibilizar os casos de ocupação
antrópica em áreas de Preservação Permanente, invadiu a competência da União, que já havia editado
norma que tratava da regularização e ocupação fundiária em APPs.
V - Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 2°,
III, 3°, II, c, e 17 da Lei 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais. (STF – Tribunal Pleno – ADI 5675 – Rel.: Min. Ricardo
Lewandowski – D.J.: 18.12.2021)
ENUNCIADO: Em janeiro de 2023, o Estado Alfa editou lei estadual ampliando os casos de ocupação antrópica
em áreas de preservação permanente previstos na legislação federal vigente. Assim, a citada lei estadual
passou a legitimar ocupações em solo urbano de APPs, fora das situações previstas em normas gerais editadas
pela União. Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, tal legislação estadual é: ASSERTIVA
CORRETA: inconstitucional, pois, em tema de competência legislativa concorrente, em linha de princípio,
admitir-se-ia que o Estado Alfa editasse norma mais protetiva ao meio ambiente, com fundamento em suas
peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse, e não menos protetiva como o fez, em
descompasso com o conjunto normativo elaborado pela União. (FGV – TJMS/2023).

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12.3 INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL


AMBIENTAL – INSTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL – STF - "A LC 140/2011 foi declarada
constitucional. A repartição de competências comuns, instituída pela LC 140/2011, mediante atribuição
prévia e estática das competências administrativas de fiscalização ambiental aos entes federados,
atende às exigências do princípio da subsidiariedade e do perfil cooperativo do modelo de Federação,
cuja finalidade é conferir efetividade nos encargos constitucionais de proteção dos valores e direitos
fundamentais. STF. Plenário. ADI 4757/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/12/2022 (Info 1079)." .
“Art. 5º, LC 140/11: O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas
a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão
ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio
ambiente”.
ENUNCIADO: Em matéria de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens
naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à
preservação das florestas, da fauna e da flora, de acordo com a Lei Complementar (LC) nº 140/2011, os entes
federativos podem valer-se de alguns instrumentos de cooperação institucional. Entre tais instrumentos,
respeitados os requisitos previstos nesta LC, estão as delegações de atribuições e da execução de ações
administrativas de um ente federativo a outro. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, as
normas que estabelecem tais delegações são: ASSERTIVA CORRETA: constitucionais, e a citada LC dispõe
que o ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administrativas a ele atribuídas
nesta LC, desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as
ações administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente. (Neste sentido, podemos afirmar
que as delegações, objeto da questão, são CONSTITUCIONAIS segundo o STF. Além disso, o supracitado art.
5º complementa a resposta.) (Fonte: Comentário do professor; QConcurso) (FGV – TJMS/2023).

12.4 PRETENSÃO INDENIZATÓRIA PARA REPARAÇÃO DE DANO PATRIMONIAL E INDIVIDUAL


AMBIENTAL – PRETENSÃO INDENIZATÓRIA PARA REPARAÇÃO DE DANO PATRIMONIAL E INDIVIDUAL –
PRESCRIÇÃO – STJ - O prazo prescricional da ação indenizatória, por danos causados em razão da construção
de usina hidrelétrica, inicia-se a partir da data em que o titular do direito toma conhecimento inequívoco
do fato e da extensão de suas consequências, nos termos do princípio da actio nata, podendo esse momento
coincidir ou não com o do alagamento do reservatório da usina hidrelétrica (dano ambiental).
As demandas indenizatórias ajuizadas com vistas à reparação de interesses de cunho individual e
patrimonial, devem sujeitar-se ao prazo prescricional trienal, estabelecido no art. 206, § 3º, V, do CC, o
que afasta a tese de dano ambiental contínuo. STJ. 2ª Turma.AgInt no AREsp n. 1.734.250/MA, Rel. Min. Francisco
Falcão, julgado em 10/05/2021.
No caso de dano privado (individual) decorrente do impedimento de pesca por danos ambientais, adota-se o
prazo prescricional trienal. No que tange Ação coletiva para reparação de dano ambiental: imprescritível
(STF RE 654.833) A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental indisponível, sendo imperativo
o reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à recomposição dos danos ambientais. (...) STF. Plenário.
RE 654833, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983).
ENUNCIADO: José integra a terceira geração da família Silva que trabalha com pesca artesanal profissional no
rio Alfa, vivendo dessa atividade. No ano de 2018, após sagrar-se vencedora em licitação e mediante prévia e
regular licença ambiental, a sociedade empresária concessionária Beta instalou e iniciou a operação de usina
hidrelétrica no citado rio. Naquele mesmo ano, José constatou significativa redução na quantidade de alguns
peixes, em razão do funcionamento das turbinas da usina hidrelétrica, inviabilizando por completo o exercício
de sua profissão. Em meados de 2022, José procurou a Defensoria Pública e ajuizou ação indenizatória em face
da concessionária Beta, sustentando e comprovando, de forma inequívoca, que a construção da usina lhe
causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, uma vez que ele não pôde mais pescar no local.
Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a pretensão de José: ASSERTIVA CORRETA: não
merece prosperar, pois as demandas indenizatórias ajuizadas com vistas à reparação de interesses de cunho
individual e patrimonial sujeitam-se ao prazo prescricional trienal, previsto no Código Civil. (FGV – TJPE/2022)

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12.5 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL QUE PROIBE DESTRUIÇÃO DE BENS APREENDIDOS EM


OPERAÇÕES AMBIENTAIS
AMBIENTAL – INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI ESTADUAL QUE PROIBE DESTRUIÇÃO DE BENS
APREENDIDOS EM OPERAÇÕES AMBIENTAIS – STF - É inconstitucional lei estadual que proíbe os órgãos
ambientais e a polícia militar de destruírem e inutilizarem bens particulares apreendidos em operações
de fiscalização ambiental. Essa lei viola a competência da União para legislar sobre normas gerais de
proteção ao meio ambiente (art. 24, VI e VII, da CF/88) e a afronta a competência privativa da União para legislar
sobre direito penal e processual penal (e 22, I, da CF/88). STF. Plenário. ADI 7203/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 01/03/2023 (Info 1084).
ENUNCIADO: O Estado Gama publicou lei proibindo aos órgãos ambientais de fiscalização e à polícia militar
estadual, a destruição e a inutilização de bens particulares, produtos, subprodutos e instrumentos
apreendidos nas operações e fiscalizações ambientais no âmbito do Estado Gama, e determinando que tais
bens sejam vendidos. De acordo com a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a mencionada lei estadual
é: ASSERTIVA CORRETA: Inconstitucional, haja vista que viola a competência da União para legislar sobre
normas gerais de proteção ao meio ambiente e afronta a competência privativa da União para legislar sobre
direito penal e processual penal. (FGV – TJES/2023)

12.6 CAPTAÇÃO DE AGUA SUBTERRANEA – NECESSIDADE DE OUTORGA E AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL


AMBIENTAL – CAPTAÇÃO DE AGUA SUBTERRANEA – NECESSIDADE DE OUTORGA E AUTORIZAÇÃO
AMBIENTAL – STJ - A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei
do Saneamento Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a captação
de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização
ambiental do Poder Público. As normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal,
sob pena de serem inconstitucionais.
AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS HÍDRICOS. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONDOMÍNIO
RESIDENCIAL. POÇO ARTESIANO. FEDERALISMO HÍDRICO-AMBIENTAL. REGIME JURÍDICO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS. ART. 12, II, DA LEI .433/1997 E ART. 45, § 2º, DA LEI 11.445/1997. NECESSIDADE DE OUTORGA
E AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL. PRECEDENTES. HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Trata-se, na origem, de Ação de
Obrigação de Fazer proposta pelo Condomínio do Parque Residencial Ypiranga que, sob o argumento de haver
insuficiência do abastecimento público de água, realizou perfuração de poço artesiano para uso dos
condôminos, sem outorga e autorização ambiental. 2. A sentença julgou procedentes os pedidos. O Tribunal
de origem negou provimento à Apelação, entendendo, em síntese, que inexiste na legislação federal ou
estadual obrigação de outorga ou autorização do órgão público competente para uso de água extraída de poços
artesianos. 3. O INEA interpôs Recurso Especial alegando violação do art. 45, § 2º, da Lei federal 11.445/2007
(Lei do Saneamento Básico) que veda a quem possui instalação hidráulica predial ligada à rede pública
abastecer-se de fontes alternativas. REGIME JURÍDICO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 4. Qualquer que seja o
ângulo pelo qual se examine a questão, justifica-se a disciplina normativa, pela União, das águas subterrâneas
- reputadas ora federais, ora estaduais -, por constituírem recurso natural, público, limitado, não visível a olho
nu (ao contrário das águas de superfície), e indispensável à concretização dos direitos fundamentais à vida, à
saúde e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 5. Na disciplina dos recursos hídricos, dois diplomas
federais são de observância obrigatória para Estados, Distrito Federal e Municípios: a Lei 9.433/1997 (Lei
da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico). A Lei 9.433/1997
condiciona a extração de água subterrânea - quer para "consumo final", quer como "insumo de processo
produtivo" - à prévia e válida outorga pelo Poder Público, o que se explica pela notória escassez desse precioso
bem, literalmente vital, de enorme e crescente valor econômico, mormente diante das mudanças climáticas
(art. 12, II). Já o art. 45, § 2º, da Lei 11.445/2007 prevê categoricamente que "a instalação hidráulica predial
ligada à rede pública de abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes".
6. Assim, patente a existência de disciplina normativa expressa, categórica e inafastável de lei geral
federal, que veda captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia
outorga e autorização ambiental do Poder Público. As normas locais devem seguir as premissas básicas
definidas pela legislação federal. Estatuto editado por Estado, Distrito Federal ou Município que contrarie
as diretrizes gerais fixadas nacionalmente padece da mácula de inconstitucionalidade e ilegalidade, por
afrontar a distribuição de competência feita pelo constituinte de 1988: "Compete privativamente à União
legislar sobre ... águas" (art. 22, IV, da Constituição Federal, grifo acrescentado). Precedentes do STJ.

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CONCLUSÃO 7. Embargos de Divergência conhecidos e providos. STJ. 1ª Seção. EREsp 1335535-RJ, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 26/09/2018. DJe. 03.092020 (Info 678).
ENUNCIADO: No contexto da Política Nacional de Recursos Hídricos e da política pública de abastecimento
de água potável, o Governador do Estado Gama pretende enviar à Assembleia Legislativa projeto de lei
autorizando, de forma genérica, em determinada região do interior do Estado onde há baixíssimo índice de
residências atendidas com fornecimento de água potável encanada, a perfuração de poços artesianos, sem
exigência de autorização específica. Assim, o Governador solicitou a João, Procurador do Estado,
esclarecimentos sobre a juridicidade de sua proposta, e recebeu informação de que, de acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a legislação federal: ASSETIVA CORRETA: prevê que é proibida
a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização
ambiental do poder público, de maneira que as normas locais devem respeitar essa regra geral, sob pena de
serem inconstitucionais. (FGV – AGE-MG/ Procurador do Estado – 2022)

12.7 RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL


AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE POR DANO AMBIENTAL – STJ - A responsabilidade por dano ambiental
é objetiva e pautada no risco integral, não se admitindo a aplicação de excludentes de responsabilidade.
Conforme a previsão do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981, recepcionado pelo art. 225, §§ 2º e 3º, da CF, a
responsabilidade por dano ambiental, fundamentada na teoria do risco integral, pressupõe a existência de
uma atividade que implique riscos para a saúde e para o meio ambiente, impondo-se ao empreendedor a
obrigação de prevenir tais riscos (princípio da prevenção) e de internalizá-los em seu processo produtivo
(princípio do poluidor-pagador). Pressupõe, ainda, o dano ou risco de dano e o nexo de causalidade entre a
atividade e o resultado, efetivo ou potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes de
responsabilidade. REsp 1.114.398-PR, DJe 16/2/2012 (REPETITIVO). REsp 1.346.430-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 18/10/2012.
“Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a atividade econômica
ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado responsável pelos
danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato
exclusivo de terceiro ou força maior. No caso concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos
em área ambiental protegida. Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou
equivocada – isso não é causa excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo
que se considere que a instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na
concessão da licença ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor,
que gera o risco concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da
obrigação de reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/04/2020 (Info 671).
ENUNCIADO DA QUESTÃO: A sociedade empresária Delta obteve licença ambiental junto ao órgão público
competente do ente federativo Beta para instalação e operação de um posto de combustível. Após o início da
operação do posto, o cidadão João ajuizou ação popular na defesa do meio ambiente, alegando e
comprovando, de forma inequívoca, que, durante a fase de instalação do empreendimento, a sociedade
empresária Delta promoveu a supressão vegetal de uma área de 10 hectares em área ambientalmente
protegida de Mata Atlântica, sem qualquer tipo de posterior restauração florestal ou compensação ambiental.
O empreendedor Delta se defendeu alegando que obteve as licenças ambientais necessárias e que foi
fiscalizado pelo órgão ambiental na fase de construção do posto. No caso em tela, a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça é no sentido de que a pretensão do autor popular: ASSERTIVA CORRETA: merece prosperar,
pois se aplica a responsabilidade civil objetiva do empreendedor, regida pela teoria do risco integral, que se
justifica pelo princípio do poluidor-pagador e pela vocação redistributiva do Direito Ambiental, não havendo
que se falar em causas excludentes da responsabilidade. (FGV – AGE – MG – Procurador do Estado/2022).

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13. DIREITOS HUMANOS


13.1 INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE INCOMPETÊNCIA
DIREITOS HUMANOS – INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE INCOMPETÊNCIA - casos conhecidos como
“Maio Sangrento” e “Chacina do Parque Bristol” – STJ – IDC 9 – SP - A Terceira Seção deferiu o incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal em razão da incapacidade dos agentes públicos na
condução de investigações, de identificar os autores dos homicídios/execuções cometidos nos casos
conhecidos como "Maio Sangrento" e "Chacina do Parque Bristol". STJ. 3ª Seção IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio
de Noronha, julgado em 10/08/2022 (Info 744).
Vejamos a recente decisão do STF, de 15.09.2023, acerca do tema: “STF valida federalização de crimes
com grave violação de direitos humanos. Para o colegiado, a medida visa garantir obrigações assumidas pelo
Brasil em tratados internacionais de direitos humanos. O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) validou
norma constitucional que permite o deslocamento para a Justiça Federal dos casos que envolvem grave
violação de direitos humanos. A decisão se deu no julgamento das Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADIs) 3486 e 3493, na sessão virtual encerrada em 11/9. (...) As ações tiveram por
objeto a regra inserida no artigo 109 da Constituição Federal. O dispositivo prevê que, nas hipóteses de grave
violação de direitos humanos, o procurador-geral da República poderá suscitar perante o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) a federalização do caso, a fim de assegurar o cumprimento de obrigações previstas em tratados
internacionais de direitos humanos assinados pelo Brasil. Com isso, haverá o deslocamento da competência
da Justiça estadual para a Justiça Federal.
Voto do Ministro Dias Toffoli: O relator explicou que a federalização leva em conta o fato de que a
responsabilidade internacional do Brasil recai sobre a União, e não sobre os estados. Por isso, a EC
45/2004 transferiu à esfera federal também a responsabilidade para investigar, processar e punir os
casos de grave violação de direitos humanos em que haja risco de descumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais. Na sua avaliação, a mera modificação das regras de competência
não ofende o pacto federativo nem a autonomia dos órgãos judiciários locais, porque o Poder Judiciário, apesar
da diversidade de sua organização administrativa, tem caráter único e nacional. O ministro ressaltou ainda que
a medida é excepcional, pois o procurador-geral da República não pode simplesmente escolher, por
conveniência ou oportunidade, o caso que deseja submeter ao STJ. O próprio dispositivo constitucional
traz os requisitos a serem preenchidos. Além disso, por se tratar de ato submetido à deliberação de
colegiado do STJ, pautada por critérios jurídicos e não políticos, não há arbitrariedade na sua formulação.
Casos emblemáticos: Toffoli lembrou que o STJ, até o momento, julgou dez incidentes de deslocamento de
competência e, em cinco deles, determinou a transferência para a Justiça Federal. Um desses casos foi o
assassinato do advogado e vereador pernambucano Manoel Bezerra de Mattos Neto, em Pitimbu (PB),
depois de sofrer diversas ameaças e atentados, supostamente em decorrência de sua atuação contra grupos
de extermínio.
Ele citou ainda a federalização do Caso do Lagosteiro, que envolve crimes contra a vida praticados por
integrantes de grupos de extermínio no Ceará, e os homicídios ocorridos em maio e dezembro de 2006, em
São Paulo, que ficou conhecido como Chacina do Parque Bristol, no contexto do Maio Sangrento, em
represália à rebelião nos presídios paulistas. (Fonte: site STF -
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=514204&ori=1)
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA (IDC)
CONCEITO E REQUISITOS: É um instituto jurídico, introduzido pela EC 45/2004, por meio do qual se autoriza
que o Procurador-Geral da República proponha ao STJ no caso de uma apuração, inicialmente da Justiça
Estadual, seja deslocada para a Justiça Federal desde que cumpridos três requisitos:
a) seja caso de grave violação de direitos humanos;
b) haja a necessidade de se assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados
internacionais;
c) exista uma incapacidade - oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade
política, de condições pessoais e/ou materiais, etc. - de o Estado-Membro, por suas instituições e
autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal (IDC 1 – PA).

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DE OLHO NA LEI SECA: “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V-A – As causas relativas
a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (...) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos
humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento
de competência para a Justiça Federal.”
Assim, tendo ocorrido um fato que, em tese, representa grave violação de direitos humanos, o inciso V-A
autoriza que o inquérito ou o processo que apura as responsabilidades por este ilícito seja deslocado para o
âmbito da Justiça Federal caso esteja tramitando na Justiça Estadual.
ATENÇÃO: Prevalece o entendimento de que o inciso V-A, ao mencionar a expressão “causas”, foi
abrangente, de forma que este deslocamento de competência pode ocorrer tanto em processos criminais
como também em causas cíveis. Obviamente que é muito mais provável que isto se verifique em infrações
penais.
Cumpre destacar também que o deslocamento de competência pode ocorrer na fase pré-processual
(durante inquérito policial ou inquérito civil, por exemplo) ou, então, após já ter sido ajuizada a ação.
Ex.: durante as investigações para apurar determinado homicídio, o STJ entende que deve haver o
deslocamento da competência, de sorte que este inquérito policial passará à atribuição da Polícia Federal,
sendo acompanhado pelo MPF e pela Justiça Federal.
O art. 109, § 5º, da Constituição Federal, estabelece que, nas “hipóteses de grave violação de direitos
humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
Constatada a incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, seja por inércia, seja por
falta de vontade de apurar os fatos, de identificar os autores dos homicídios/execuções cometidos nos casos
conhecidos como “Maio Sangrento” e “Chacina do Parque Bristol”, de buscar a respectiva responsabilização,
aliada ao fato de que há risco de responsabilização internacional, fica demonstrada a situação de
excepcionalidade indispensável ao acolhimento do pleito de deslocamento de competência. STJ. 3ª
Seção IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/08/2022 (Info 744).20
ASSERTIVA CORRETA: de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é sempre necessário,
entre outros pressupostos, haver evidência de que os órgãos do sistema estadual não mostram condições de
seguir no desempenho da função de apuração, processamento e julgamento do caso com a devida isenção.
(FGV – TJMS/2023)

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(Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O STJ deferiu o IDC para a Justiça Federal em razão da incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, de
identificar os autores dos homicídios/execuções cometidos nos casos “Maio Sangrento” e “Chacina do Parque Bristol”. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a48a1b922cbd6d5d08664325afd2b1a2)

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