Você está na página 1de 74

WILLIAM FREIRE

RISCOS JURÍDICOS
NA MINERAÇÃO
RISCOS JURÍDICOS
NA MINERAÇÃO
WILLIAM FREIRE é advogado
formado pela UFMG. Autor de
diversos livros de Direito Minerário
e Direito Ambiental. Professor de
Direito Minerário em vários cursos
de pós-graduação. Fundador do
Instituto Brasileiro do Direito da
Mineração — IBDM. Árbitro da
Câmara de Mediação e Arbitragem
Empresarial Brasil – CAMARB.
Diretor do Departamento do Direito
da Mineração do Instituto dos
Advogados de Minas Gerais.
WILLIAM FREIRE

RISCOS JURÍDICOS
NA MINERAÇÃO

BELO HORIZONTE
2019
Copyright © William Freire
Copyright © Editora Jurídica
SUMÁRIO
Todos os direitos reservados

Capa: Ludmila Andrade Rennó PREFÁCIO....................................................................................................................9

PESQUISA...................................................................................................................13

FASE DE PESQUISA MINERAL............................................................................15


PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA................................................................................................ 15
RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL................................... 15
PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E DANOS.......................17
NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA...............................17
NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA............................................18
TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH)..............................................................................................18
PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA...................................................19
CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA
APÓS A ENTREGA DO RFP................................................................................................................20
ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA...................................................................... 21
MUDANÇA DE REGIME....................................................................................................................... 22
GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU...............................................................................23
INFOGRÁFICO I....................................................................................................24
RISCOS NA FASE DE PESQUISA..........................................................................24

LAVRA........................................................................................................................ 27

FASE DE REQUERIMENTO DE LAVRA..............................................................29


2019
PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA.................................................29
CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS..................................................................................................29
Todos os direitos reservados
INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E AMBIENTAL.........30
Editora Jurídica
INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS........................................................................................... 31
Rua Paraíba, 476, sala 402
ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE LAVRA........... 31
CEP: 30130-141, Belo Horizonte, MG
SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO RISCOS COMUNS AOS DIVERSOS REGIMES
DO REQUERIMENTO DE LAVRA.................................................................................................... 32 DE EXPLORAÇÃO MINERAL.............................................................................. 53
SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA............................................... 33 SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS..................................................................................... 53
DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM............................................. 54
EMPREENDIMENTO MINERAL....................................................................................................... 33
DISPUTA POR PRIORIDADE.............................................................................................................. 54
FASE DE LAVRA..................................................................................................34
INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS.................................................................. 55
PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA......................................................... 34
BARRAGENS DE REJEITOS...............................................................................................................56
CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO (PAE).............. 34
INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO........................................................57
SUSPENSÃO DA LAVRA...................................................................................................................... 35
INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS............................................................................57
CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO – NRM...............36
CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE PÚBLICO........58
NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO DA LAVRA......36
PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL...........................................................................................58
RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO.......................................................................37
GESTÃO FUNDIÁRIA............................................................................................................................ 59
APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS......................................................................38
DISPONIBILIDADE................................................................................................................................ 60
REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS
RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL....................................................................................... 60
DE ESTÉRIL E BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR..............................................38
CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM.................................. 61
CONTRATO DE ARRENDAMENTO...............................................................................................39
DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO............................................................................................... 61
RISCOS COMO ARRENDANTE........................................................................................................39
DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA..................................................................62
RISCOS COMO ARRENDATÁRIO................................................................................................... 40
RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE
INFOGRÁFICO II....................................................................................................41
TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS..............................................................................63
RISCOS NA FASE DE LAVRA.................................................................................41
AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL...........................63

REGIME DE LICENCIAMENTO MINERAL................................................................45


TRIBUTÁRIO..............................................................................................................65
CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL.................................................................46
OPORTUNIDADES EM RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO...........................................67
PRORROGAÇÃO DO TÍTULO...........................................................................................................46
RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO..................................................................................... 47 PENAL...................................................................................................................... 69
ALTERAÇÃO DE REGIME.................................................................................................................... 47
RISCOS EM MATÉRIA PENAL.............................................................................71
INFOGRÁFICO III..................................................................................................48
CRIME DE USURPAÇÃO....................................................................................................................... 71
RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL............................................................48
CRIMES AMBIENTAIS............................................................................................................................ 71

RISCOS COMUNS.......................................................................................................51
POSFÁCIO.................................................................................................................. 73
ANEXOS..................................................................................................................... 77

CÓDIGO DE MINERAÇÃO...................................................................................79
REGULAMENTO DO CÓDIGO DE MINERAÇÃO...............................................114

PREFÁCIO
A atuação no setor mineral é, sem dúvida, grande desafio. A legislação
mineral, desatualizada e, em grande medida, desorganizada, é fonte de
parte dos problemas.

As dificuldades aumentam sempre que novas normas surgem.


Recentemente, entraram em vigor a Lei 13.540/2017, que alterou a
Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM,
e a Lei 13.575/2017, que criou a Agência Nacional de Mineração — ANM.

Foi publicado o Decreto nº 9.587/2018, que instalou a ANM e, como


consequência, iniciou a vigência do novo Regulamento do Código de
Mineração — Decreto nº 9.406/2018. A ANM vem publicando suas
Resoluções, atualizando as normas do Departamento Nacional de
Produção Mineral – DNPM, o qual substituiu.

Além das mudanças normativas, que por si só causam necessidade de


adaptações nas empresas, a mineração está sujeita a riscos específicos da
atividade.

Embora os problemas sejam inúmeros e muitas vezes bem específicos,


os mais de 25 anos de atuação na área do Direito da Mineração nos
permitiram compreender as situações vividas pelos mineradores.

A partir dessa experiência, preparamos este livro com a relação dos riscos
(e algumas oportunidades) mais comuns para as empresas de mineração
e sua cadeia produtiva. O texto está acompanhado, ao final, de esquemas
ilustrativos (infográficos), com indicação de riscos nas fases do processo
administrativo minerário.

Embora o conteúdo seja fruto da visão de advogados, pode ser lido e


compreendido pelos diversos profissionais da mineração.

11
Não é o objetivo do livro apresentar as soluções para todos os casos, uma
vez que as situações precisam ser analisadas em sua singularidade. Apesar
disso, entendemos que ele poderá contribuir com o primeiro passo
necessário para evitar qualquer problema: a identificação do risco.

William Freire

Belo Horizonte, janeiro de 2019.

PESQUISA

12
FASE DE PESQUISA MINERAL
PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA

Ao se decidir realizar a pesquisa mineral, o minerador poderá se deparar


com uma área sem indícios de atividades anteriores ou poderá encontrar
a área já degradada (por atividade mineral ou não).

Nesse segundo cenário, é importante que o minerador adote medidas


preventivas para evitar que a responsabilidade pelos danos recaia sobre
ele.

O registro prévio dessa situação, de forma profissional, e a tomada de


providências imediatas evitam futura responsabilização.

RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL

A Constituição brasileira estabelece a divisão da propriedade do imóvel


e dos recursos minerais e confere à União a propriedade sobre esses
recursos.

A União dá ao minerador o consentimento para realizar pesquisa ou lavra


nos vários regimes, sendo que, em regra1, não precisará da anuência do
superficiário (proprietário ou possuidor do imóvel) para executá-la.

Muitas vezes o superficiário opõe resistência contra a mineração,


impedindo o acesso à área ou, em alguns casos, até constituindo unidade

1
Como será tratado adiante, no regime de Licenciamento Mineral, a legislação exige que o titular
seja proprietário do imóvel ou tenha autorização expressa do proprietário.

15
de conservação ambiental ou reserva legal sobre seu imóvel. Nesses casos PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E
em que é oferecido algum tipo de resistência, há alternativas legais para DANOS
superá-la. Em boa parte das vezes, a melhor opção é realizar acordos com
A principal forma de vencer a resistência do superficiário na fase de
os superficiários, que precisam ser bem formulados, para não se tornarem
pesquisa é o processo judicial de avaliação de rendas e danos, em que
fontes de problemas futuros.
se busca decisão judicial de imissão de posse do minerador na área a ser
pesquisada e, também, a quantificação do valor a ser pago ao superficiário.
O Novo Regulamento do Código de Mineração acrescentou ainda mais
importância para esses acordos. Antes da sua vigência, salvo raríssimas
O Código de Mineração estabelece que, na ausência de acordo com
exceções, o minerador estava autorizado somente a realizar atividades
os proprietários ou posseiros do imóvel, a ANM enviará ofício ao Juiz
de pesquisa durante o prazo do Alvará de Pesquisa ou após a publicação
da Comarca onde está situada a jazida para iniciar o procedimento de
da Portaria de Lavra. Então, era comum que a vigência dos acordos fosse
avaliação de rendas e danos.
estabelecida com base no prazo do Alvará.
Entretanto, o minerador pode, voluntariamente, iniciar esse procedimento.
O Regulamento admite a continuidade das pesquisas em determinadas
Assim, estrategicamente, levando em conta os riscos e oportunidades
situações (fora do período originalmente estabelecido no Alvará de
de uma outra alternativa, deve decidir se inicia o procedimento por sua
Pesquisa), como nas hipóteses de pedido de prorrogação tempestivamente
própria conta ou se aguarda o envio do ofício pela ANM.
formulado e após a entrega tempestiva do Relatório Final de Pesquisa.
De aparência simples, o procedimento de avaliação judicial de rendas e
É importante, portanto, que sejam bem definidos os direitos e as obrigações
danos contém especificidades que, se forem ignoradas, podem levar ao
das partes nesses períodos. Com isso em vista, a abrangência do objeto do
insucesso do processo judicial.
acordo com os superficiários, entre outras coisas, pode envolver:
A consequência de um procedimento judicial malconduzido é o atraso no
• Acordo para pesquisa simples;
ingresso no imóvel, o que gera a necessidade de requerer a prorrogação
• Acordo com previsão de atividades após o Relatório Final de Pesquisa; do prazo do Alvará de Pesquisa e, em casos críticos, pode colocar o direito
• Acordo com previsão de Guia de Utilização; minerário em risco.
• Acordo com previsão de prorrogação da Autorização de Pesquisa;
• Acordo com previsão de Servidão Mineral. NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA

De maneira geral, os trabalhos de pesquisa são realizados dentro do


A melhor opção deve ser definida com base nas particularidades do caso
polígono da Autorização de Pesquisa. Entretanto, em caso de necessidade,
concreto.

16 17
é possível ocupar, também, imóveis vizinhos. Nessa hipótese, é necessário a 05/05/2021, para não pagar a TAH referente aos dois últimos anos, o
verificar a melhor forma, se por acordo com os superficiários ou se por titular deve protocolizar a renúncia, no máximo, até 04/05/2019. É preciso
procedimento judicial. que o minerador fique atento a esses prazos, para que não tenha despesa
adicional desnecessária.
É preciso avaliar eventual risco de conduzir um procedimento judicial para
acessar essas áreas e aguardá-lo para iniciar as pesquisas. Isso porque há o Possibilidades que devem ser avaliadas pelo minerador a fim de
risco da ANM não considerar a demora desse procedimento fundamento reduzir as despesas com pagamento de TAH são a desistência parcial
suficiente para a prorrogação do Alvará de Pesquisa, o que pode gerar a do requerimento de pesquisa e a renúncia parcial da Autorização de
perda do direito minerário. Pesquisa. Nos casos em que o minerador consegue perceber, antes ou
depois de obter o Alvará de Pesquisa, que somente parte da poligonal
NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA tem relevância, pode apresentar desistência parcial (se estiver na fase de
requerimento) ou renúncia parcial (se estiver na fase de Autorização de
Embora o requerimento de pesquisa tenha a indicação da substância a ser Pesquisa) de modo a pagar apenas a TAH referente à área de interesse.
pesquisada, o minerador não está vinculado a ela, podendo adicionar ou
alterar a substância do seu processo minerário.
PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA

Entretanto, é necessário que isso seja feito observando as exigências O requerimento de prorrogação do prazo do Alvará de Pesquisa deve ser
legais, com a comunicação à ANM. O descumprimento dessa exigência é realizado em até 60 dias antes do fim do prazo e deve ser fundamentado
fundamento para a aplicação de multas pela ANM. em alguma das hipóteses legais.

TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH) O novo Regulamento do Código de Mineração dispõe que é possível
apenas uma prorrogação com base na avaliação do desenvolvimento dos
O titular do Alvará de Pesquisa é obrigado a pagar a Taxa Anual por Hectare trabalhos de pesquisa.
(TAH) por cada ano em que estiver vigente o seu Alvará. O pagamento
atrasado da TAH acarreta multa e o seu não pagamento após a imposição Admite-se mais de uma prorrogação somente nas hipóteses de
da multa é hipótese de perda da Autorização de Pesquisa. impedimento de acesso à área ou falta de assentimento ou licença do
órgão ambiental, desde que o minerador demonstre comportamento
No caso de renúncia da Autorização de Pesquisa, o titular ficará diligente e ausência de culpa na demora do processo judicial de avaliação
desobrigado de pagar a TAH dos anos seguintes. Entretanto, é preciso de rendas e danos ou do processo ambiental.
que a renúncia seja protocolizada na ANM antes que o Alvará complete
um ano de vigência. Exemplo: Se o Alvará tem validade de 05/05/2018

18 19
Essa limitação aumenta a necessidade de boa gestão na realização da Ainda não está claro, porém, quais atividades estão autorizadas e se o
pesquisa mineral e acrescenta o risco de perda do direito para os processos novo sistema conviverá com a antiga Autorização Especial de Pesquisa
minerários com primeira prorrogação já concedida.
Essa indefinição gera risco considerável. Isso porque é possível que, após
Outro foco de risco relacionado ao pedido de prorrogação do Alvará de a realização da pesquisa, entenda-se que os trabalhos foram realizados
Pesquisa é o Relatório Parcial de Pesquisa (RPP). sem autorização legal, o que poderia gerar, inclusive, responsabilização
criminal.
O Código de Mineração determina que o pedido de prorrogação deve
ser instruído com esse relatório. Especialmente nas situações em que o É importante entender bem a aplicação dessa regra, para maior celeridade
minerador não conseguiu iniciar as pesquisas ou obteve acesso tardio à do processo minerário e redução dos custos do projeto.
área, existem questões importantes a serem avaliadas, com o objetivo
de minimizar o risco de indeferimento do requerimento de prorrogação: ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
(I) a quantidade de trabalho a ser demonstrada (II) se, considerando a
impossibilidade fática da realização da pesquisa (pela impossibilidade de A ANM, ao analisar o Relatório Final de Pesquisa (RFP), pode proferir
acesso ou por ausência de licença ambiental), seria possível requerer a quatro tipos de decisões, a depender do relatório:
prorrogação do prazo da autorização de pesquisa sem apresentar o RPP
(apesar da disposição do Código de Mineração); e (III) as alternativas para a) aprovação (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela existência de
os casos em que não há tempo para preparar o RPP. jazida);
b) não aprovação (quando entender que os trabalhos realizados foram
insuficientes ou que o relatório possui deficiência técnica);
CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA APÓS A
ENTREGA DO RFP c) arquivamento (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela inexistência
de jazida); e
É comum o minerador precisar realizar trabalhos adicionais de pesquisa
d) sobrestamento da decisão (quando ficar caracterizada a impossibilidade
mesmo após a entrega do Relatório Final de Pesquisa.
temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra).
O novo Regulamento do Código de Mineração trouxe modificações muito
Antes de tomar a decisão, se for o caso, poderá formular exigências para
relevantes nesse aspecto. De acordo com a norma, é possível realizar a
melhor instrução do RFP. Essas exigências podem ser fonte de risco, por
pesquisa após a entrega do RFP, mediante simples comunicação à ANM,
exemplo, por ausência de prazo hábil ou impossibilidade de cumprimento
desde que o objetivo seja o melhor detalhamento da jazida e a conversão
(exigência indevida).
de recursos em reservas para a instrução do Plano de Aproveitamento
Econômico ou para o planejamento adequado do empreendimento.

20 21
Além disso, a decisão de não aprovação do RFP costuma gerar muitos
problemas. Isso porque não há parâmetro claro e objetivo para definir a
GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU
suficiência/insuficiência dos trabalhos ou a qualidade/deficiência técnica
do relatório, havendo situações em que o julgamento realizado pelo A Guia de Utilização (GU) é o instrumento pelo qual a ANM dá ao minerador
técnico responsável pela análise do RFP pode ser questionado. Nesses o consentimento para realizar extração de substâncias minerais antes da
casos, não é raro que, dentro da própria ANM, haja divergência de outorga da Concessão de Lavra.
entendimento sobre o julgamento adequado.
Vários são os pontos de risco relacionados à GU, como os períodos de
Para evitar que tenha o seu RFP não aprovado (e, consequentemente, validade em caso de prorrogações sucessivas (é comum que o minerador
perca a área), além de cuidar para que a pesquisa seja bem realizada e desconsidere eventual lacuna e tenha a lavra considerada irregular no
os dados adequadamente apresentados à ANM, é importante que o período); a contagem do volume lavrado em caso de prorrogação; o
minerador avalie os fundamentos da decisão proferida, a fim de adotar as licenciamento ambiental; a dificuldade para ingressar em imóvel de terceiro
medidas na forma e prazo adequados. para realizar a lavra; a necessidade de vender o estoque do minério após
o vencimento da GU; a relação contratual com o superficiário; a eventual
MUDANÇA DE REGIME necessidade de servidão mineral, entre outros.

As normas minerárias admitem a mudança de regime mineral de O novo Regulamento adicionou novas situações de risco, uma vez que
Autorização de Pesquisa para Licenciamento (Registro de Licença) ou trouxe grandes restrições à outorga da GU, se comparado com o regime
Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) ou vice-versa. anterior. As novas regras estabelecem que as GU serão emitidas apenas
uma vez, pelo prazo de 1 a 3 anos, admitida apenas uma prorrogação.
Considerando que os regimes de Licenciamento e PLG possibilitam o início
da lavra de forma mais célere, nos casos em que o minerador cumpre os A principal questão, ainda sem resposta, é como serão aplicadas essas
requisitos para a mudança de regime e tenha bem avaliado as questões novas regras aos processos em curso. Na hipótese da ANM entender
relacionadas à segurança jurídica do regime para o qual pretende migrar, a que deve aplicar as novas regras imediatamente para todos os casos, é
mudança de regime pode representar uma oportunidade. possível, por exemplo, que empreendimentos planejados totalmente
com base na possibilidade de obtenção da GU e respectivas prorrogações
sejam inviabilizados.

22 23
INFOGRÁFICO I 5 ê Indeferimento do requerimento de pesquisa

6 ê Conflito com outros empreendimentos de utilidade pública

›› Autorização de pesquisa

7 ê Sigilo do processo administrativo

8 ê Pesquisa em área degradada

9 ê Resistência do proprrietário ou possuidor

10 ê Resistência da comunidade

11 ê Resistência do prefeito e pressões políticas


Clique na imagem para ampliar e visualizar na web.
12 ê Necessidade de ocupar imóvel vizinho da autorização na fase
de pesquisa

13 ê Procedimento judicial de avaliação de rendas e danos

RISCOS NA FASE DE PESQUISA 14 ê Necessidade de adicionar ou alterar a substância

15 ê Necessidade de guia de utilização


›› Requerimento
16 ê Licença ambiental para Guia de Utilização - GU
1 ê Demora para publicar a autorização de pesquisa
17 ê Demora da ANM em analisar e publicar a GU
2 ê Disputa por prioridade com terceiros

3 ê Requerimento em área com proteção ambiental ›› Guia de utilização

4 ê Exigências 18 ê Dúvida no pagamento da CFEM na GU

24 25
19 ê Participação do proprietário no resultado da lavra na GU

20 ê Necessidade de prorrogar Guia de Utilização

21 ê Necessidade de prorrogar a autorização de pesquisa

›› Requerimento de prorrogação do prazo da autorização de pesquisa

22 ê Demora da ANM em analisar o pedido de prorrogação da


autorização de pesquisa

›› Prorrogação da autorização de pesquisa

›› Protocolo do relatório final de pesquisa

23 ê Necessidade de continuar os trabalhos de pesquisa após o LAVRA


relatório final

24 ê Necessidade de autorização especial de pesquisa

25 ê Alteração de regime

26 ê Suspensão da análise do relatório final de pesquisa em razão


de fatores técnicos ou econômicos

27 ê Exigências no relatório final de pesquisa.Exigências descabidas

28 ê Indeferimento do relatório final de pesquisa. Necessidade de


recursos

›› Aprovação do relatório final de pesquisa

26
FASE DE REQUERIMENTO DE
LAVRA
PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA

O prazo para requerer a lavra é de um ano, a contar da aprovação do


Relatório Final de Pesquisa. Antes do fim do prazo, o minerador pode
requerer sua prorrogação por igual período.

O pedido de prorrogação deverá ser muito bem fundamentado, sob


pena de caducidade do direito de requerer a lavra. A necessidade de
prorrogar o prazo, portanto, pode colocar o direito minerário em risco.
Por isso, é necessário definir a melhor forma de apresentar os dados e os
fundamentos que justificam a prorrogação.

CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS

Exigências podem ser feitas em várias fases do processo administrativo


minerário: para melhor instrução do requerimento (de pesquisa,
licenciamento, permissão de lavra garimpeira), para correção de deficiência
no Relatório Final de Pesquisa, para melhor instrução do Requerimento de
Lavra etc.

No que se refere especificamente às exigências para a melhor instrução do


Requerimento de Lavra, o Novo Regulamento traz regras importantes. De
acordo com a norma, o requerente terá o prazo de 60 dias para cumprir
eventuais exigências formuladas, podendo o prazo ser prorrogado, em
regra, apenas uma vez, por igual período.

29
Quando intimado, o minerador terá 6 meses para provar que iniciou O Regulamento do Código de Mineração determina que, enquanto não
o processo de licenciamento ambiental e deverá demonstrar à ANM, obtém a referida licença, o minerador deve comunicar à ANM, de seis em
espontaneamente, a cada 6 meses, o andamento do licenciamento seis meses, o andamento do processo ambiental.
ambiental, até que a licença seja apresentada.
O minerador deve ter atenção para que, enquanto cuida do licenciamento
O não cumprimento das exigências ou a não comprovação do início e ambiental, não se descuide do processo minerário, uma vez que isso pode
desenvolvimento do licenciamento ambiental ocasiona o indeferimento gerar o indeferimento do requerimento de lavra (portanto, a perda do
do requerimento de lavra e o encaminhamento da área para procedimento direito minerário).
de disponibilidade. Portanto, deve ser objeto de bastante atenção.
INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS
Algumas situações são especialmente críticas, como nos casos de
exigências indevidas e de prazo insuficiente (ainda que considerada A demora na análise dos processos administrativos ambientais é um dos
a prorrogação admitida). Caso a caso, devem ser objeto de prévia e grandes fatores de prejuízo para o minerador.
minuciosa avaliação de riscos.
Os órgãos ambientais têm prazo legal curto para analisar os processos
administrativos. Em alguns casos, pode ser aconselhável adotar medidas
INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E
AMBIENTAL judiciais para provocar a análise dos processos.

Para que possa dar início ao empreendimento mineiro, o minerador


ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE
necessita de consentimentos dos órgãos regulatórios (ANM e MME) e dos LAVRA
órgãos ambientais. Os processos para obtenção desses consentimentos,
entretanto, tramitam de forma separada. O processo minerário está estruturado, inicialmente, para que o
minerador apresente o Plano de Aproveitamento Econômico, obtenha
É preciso que o minerador conduza ambos os processos de forma a sua aprovação, consiga a Licença Ambiental e, enfim, seja outorgada a
diligente e integrada, cumprindo todos os prazos e realizando as devidas Concessão de Lavra.
comunicações dos eventos do processo ambiental à ANM. Ponto relevante
de atenção é o fato de que a outorga da Concessão de Lavra está vinculada Não é raro que, em virtude da enorme demora da ANM em analisar o
à obtenção da Licença Ambiental de Instalação pelo minerador. Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) e por razões técnicas ou
econômicas, o minerador tenha a necessidade de alterá-lo antes de ser
publicada a Portaria de Lavra. Essa alteração, antes ou depois da análise
e aprovação do PAE, é possível, mas deve ser feita de maneira adequada,

30 31
sob pena de grande atraso no processo minerário e comprometimento SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA
do projeto.
É comum situação em que o órgão ambiental exige o consentimento do
proprietário do imóvel para emitir a Licença Ambiental de Instalação, o
Na hipótese do novo PAE ser apresentado enquanto pendente a obrigação
que é essencial para que o minerador obtenha a Concessão de Lavra.
de comprovação (a cada seis meses) de andamento do processo de
licenciamento ambiental, é preciso que o minerador avalie se mantém
Nesse caso, é possível ocorrer um grande entrave: o minerador não
a comunicação a respeito do licenciamento ou se deixa de cumprir essa
consegue a LI porque não possui o consentimento do superficiário. Sem
obrigação, em virtude da sua incompatibilidade com a pretensão de
a LI não consegue a Concessão de Lavra e sem a Concessão de Lavra,
aprovação do novo PAE.
pelo procedimento tradicional, não consegue a servidão mineral. Nessa
situação, pode-se buscar a antecipação da servidão mineral pela ANM.
SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO DO
REQUERIMENTO DE LAVRA
DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO
A servidão mineral é o instrumento jurídico que possibilita ao minerador ter EMPREENDIMENTO MINERAL
acesso à área de terceiro, para a execução de empreendimento minerário.
A lei que criou a ANM (Lei nº 13.575/2017) e o Novo Regulamento do
A constituição da servidão é possível tanto no polígono do direito minerário
Código de Mineração estabeleceram a possibilidade de a Agência declarar
como nas áreas externas que forem necessárias ao empreendimento.
imóvel de terceiro como de utilidade pública para fins de desapropriação.
Ainda há diversas dúvidas sobre a utilização do instituto, mas, com certeza,
O procedimento de servidão possui duas fases: uma administrativa e outra
trata-se de oportunidade que poderá ser aproveitada pelos mineradores
judicial. Ao final da fase administrativa, a ANM emite o Laudo de Servidão,
reconhecendo a necessidade e adequação do tamanho da área requerida.
Posteriormente, esse laudo instruirá processo judicial para que ocorra a
constituição da servidão sobre o imóvel.

O requerimento administrativo de servidão pode ser realizado a partir


da apresentação do PAE até o fim do empreendimento. A forma e o
momento de requerer a servidão mineral demandam decisão estratégica,
devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor momento para o
requerimento, a real necessidade, os custos envolvidos e a celeridade de
cada alternativa.

32 33
FASE DE LAVRA Outra situação de risco relacionada ao PAE está na hipótese contrária: a
realização de lavra acima do limite estabelecido. Essa situação, em alguns
casos, pode gerar responsabilização administrativa, civil e criminal.
PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA
Para minimizar esses riscos, é importante que o minerador esteja sempre
O Código de Mineração estabelece prazo de 6 meses para o minerador atento à necessidade de alterar o seu PAE. Deverá, para tanto, levar
iniciar os trabalhos de lavra após a publicação da Portaria de Lavra. Esse em consideração o grande tempo que a ANM costuma demorar para
prazo, porém, pode ser prorrogado. aprovar as alterações no plano, requerendo as alterações com a máxima
antecedência possível.
O requerimento de prorrogação do início da lavra deve ser bem justificado,
sob pena de ser indeferido e, como consequência, o minerador ser São muito relevantes as alterações promovidas pela Portaria DNPM
obrigado a iniciar a lavra em momento inoportuno ou colocar o direito nº 70.507/2018, que admite que determinadas modificações no
minerário em risco (já que o descumprimento dos prazos de início da lavra empreendimento sejam realizadas sem prévia aprovação da ANM,
é hipótese de perda da Concessão). mediante apresentação de Projeto Executivo.

CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO Dessa forma, o minerador deverá sempre ter em mente quais alterações
(PAE) no plano de lavra demandam a elaboração e a aprovação de um novo PAE
e quando é possível a simples apresentação de um Projeto Executivo para
O Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) é o guia do empreendimento
implementar as modificações.
minerário. O seu descumprimento sujeita o minerador a variados riscos.

A lavra exercida em desconformidade com o PAE pode ser considerada SUSPENSÃO DA LAVRA
ambiciosa, hipótese de multa e de caducidade (perda) da Concessão de O exercício da lavra, além de um direito decorrente da Concessão de Lavra,
Lavra. também é um dever de seu titular. Portanto, o minerador somente poderá
suspender a lavra nas hipóteses legalmente estabelecidas.
É comum que alguns mineradores lavrem em quantidades bem inferiores
ao previsto no PAE, quando, por razões técnicas e/ou econômicas, a O Código de Mineração exige requerimento fundamentado e instruído
lavra está inviável, mas não querem requerer a suspensão da lavra. Essa com relatório contendo: a) os trabalhos efetuados; b) o estado da mina e
lavra é considerada simbólica e também sujeita o minerador a multa por suas possibilidades futuras. O novo Regulamento do Código de Mineração
descumprimento do PAE e, em situações extremas, à perda do direito trouxe a novidade de autorizar a suspensão da lavra enquanto o minerador
minerário. aguarda a decisão do requerimento de suspensão pela ANM.

35
A suspensão da lavra sem a formalização do requerimento é passível, momento para o requerimento, a real necessidade, os custos envolvidos e
inicialmente, de multa e, posteriormente, pode gerar a caducidade do a celeridade de cada alternativa.
direito minerário.
RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO
Além dos cuidados prévios para a suspensão, é importante que o
minerador também se atente para as normas a respeito da retomada da O minerador que não é proprietário do(s) imóvel(is) necessário(s) ao seu
lavra, a fim de que sua atividade não seja considerada irregular. empreendimento possui algumas alternativas para executar o seu projeto.
Uma delas é a constituição judicial de servidão mineral. Entretanto, muitas
vezes a melhor solução é celebrar contrato(s) com o(s) superficiário(s).
CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO
– NRM
Esses contratos costumam ser fontes de problemas. Vários são os modelos
A atividade de mineração é regida, entre outras normas, pelas chamadas de contratos possíveis e o minerador deve estar atento às possibilidades
Normas Reguladoras de Mineração – NRM, que estabelecem várias regras para que celebre o contrato adequado às suas necessidades e inclua
para a lavra, beneficiamento, disposição de estéreis e rejeitos, suspensão e cláusulas que minimize os riscos.
retomada da lavra, proteção ao trabalhador, fechamento de mina e outras.
Alguns exemplos de situações que costumam gerar problemas:
O descumprimento de qualquer dessas regras pode gerar a aplicação de
multa pela ANM. Em alguns casos, servidores da Agência têm sustentado • Imóvel em inventário ou com mais de um proprietário;
a aplicação de várias multas, com base no descumprimento de diversos • Imóvel invadido;
dispositivos das NRM decorrentes da prática de apenas um ato, fazendo
• Área de utilização do imóvel mal dimensionada;
com que o valor total das multas torne-se bastante considerável.
• Valores estabelecidos com base em cenário econômico favorável que,
posteriormente, tornam-se muito onerosos para o minerador;
NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO
DA LAVRA • Pagamento incorreto de CFEM e, como consequência, da Participação
do Proprietário no Resultado da Lavra – PPRL, que pode gerar crédito
Muitas vezes o minerador obtém a Concessão de Lavra sem a necessidade (se a CFEM foi paga a maior) ou débito (se a CFEM foi paga a menor)
de constituir servidão mineral mas, com o desenvolvimento do projeto, para o minerador em relação ao superficiário.
passa a ter necessidade de expandir as áreas de servidão que possuía.
É preciso atenção para as áreas que são utilizadas sem acordo com
A forma e o momento de requerer a servidão mineral demandam decisão o superficiário, uma vez que existe a possibilidade do minerador ser
estratégica, devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor futuramente executado pelo superficiário.

36 37
APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS Apesar disso, há risco de outorga de direito minerário sobre essas áreas, já
que em grande parte das vezes a ANM não terá e não buscará a informação
É comum em alguns empreendimentos que, por razões técnicas ou
a respeito da existência de estéril ou rejeito sobre a área requerida.
econômicas, aquilo que era considerado estéril ou rejeito passe a ter valor
econômico e o minerador deseje realizar o seu aproveitamento.
Assim, é importante fazer boa gestão sobre essas áreas, para evitar que
algum processo de terceiro avance e tenha direito minerário outorgado
O aproveitamento realizado sem a observância das normas minerárias
sobre elas.
é passível de grave responsabilização nas esferas administrativa, cível e
criminal.
CONTRATO DE ARRENDAMENTO
O Novo Regulamento indica que o procedimento para o aproveitamento
O arrendamento é o instrumento por meio do qual o titular do direito
de estéreis e rejeitos de mineração será simplificado em futura Resolução
minerário transfere temporariamente a terceiro o direito de exploração da
da ANM.
jazida, sem que haja a transferência do título minerário.

Atualmente, porém, o procedimento é bastante demorado, uma vez que


O arrendamento pode ser realizado total ou parcialmente. É cabível apenas
exige elaboração e aprovação de relatório de reavaliação de reservas e de
nos títulos de Concessão de Lavra e de Manifesto de Mina, e demanda
novo PAE.
anuência e averbação do contrato na ANM. Há riscos relacionados
ao contrato de arrendamento tanto para o arrendante como para o
REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS DE ESTÉRIL E arrendatário.
BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR

As pilhas de estéril e as barragens de rejeito, especialmente quando RISCOS COMO ARRENDANTE


localizadas fora do polígono do direito minerário, costumam ser visadas
Apesar de não exercer diretamente a exploração da jazida mineral, a
por terceiros, que requerem direito minerário sobre essas áreas, muitas
ANM entende que o arrendante (titular do direito minerário) responde
vezes com fins especulativos.
solidariamente com o arrendatário (aquele que recebe o direito de
explorar a jazida durante o prazo do contrato) por todas as obrigações.
A ANM entende que o aproveitamento do rejeito e do estéril, enquanto
perdurar a atividade de lavra, ainda que suspensa, é direito do titular do
Em razão disso, o arrendante deverá gerir de forma atenta o contrato
direito minerário, mesmo que esses materiais estejam alocados fora de
de arrendamento, assim como acompanhar o desenvolvimento dos
sua poligonal. Portanto, rejeito e estéril não podem ser aproveitados por
processos administrativos minerário e ambiental, com o intuito de inibir
terceiros.
comportamentos do arrendatário que possam gerar sanções cíveis,

38 39
penais e administrativos, bem como aqueles que possam gerar a perda do INFOGRÁFICO II
direito minerário.

Deve também acompanhar o cumprimento das obrigações relacionadas


à CFEM e à relação com os superficiários, já que o pagamento incorreto,
nessas situações, pode gerar débito ao arrendante.

RISCOS COMO ARRENDATÁRIO

O arrendatário responde solidariamente com o arrendante por todas as


obrigações minerárias. Além disso, só poderá iniciar as atividades de lavra
após a averbação do contrato de arrendamento.

É comum que os contratos de arrendamento prevejam sanções adicionais


aos arrendatários pelo descumprimento de obrigações legais e eventual
responsabilização do arrendante, o que aumenta a necessidade de boa Clique na imagem para ampliar e visualizar na web.

gestão da operação e da condução do processo minerário.

Na gestão do contrato, algumas situações devem ser analisadas pelo


arrendatário, como a eventual alteração na relação negocial entre as partes RISCOS NA FASE DE LAVRA
(o que pode demandar a celebração de termo aditivo) e a manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que pode ser impactado, por 1 ê Sigilo do processo administrativo
exemplo, por alterações no cenário econômico.
2 ê Necessidade de prorrogar prazo para requerer a lavra

3 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública

›› Requerimento de lavra

4 ê Demora da ANM em analisar o Plano de Aproveitamento


Econômico (PAE)

40 41
5 ê Necessidade de alterar o PAE antes de sua análise 19 ê Conflito com empreendimentos imobiliários

6 ê Dificuldade de acordo com o proprietário do imóvel 20 ê Aproximação de núcleos urbanos

7 ê Atraso na licença ambiental 21 ê Criação de restrição ambiental sobre o direito minerário

8 ê Cumprimento de exigências 22 ê Interferências políticas sobre a mineração

9 ê Requerimento de servidão mineral antes ou após aprovação 23 ê Cumprimento das obrigações relacionadas às barragens
do PAE
24 ê Renovação da licença ambiental
10 ê Necessidade de alterar o PAE já aprovado antes da concessão
de lavra 25 ê Aproveitamento de estéreis e rejeitos

26 ê Requerimento de terceiro sobre pilha de estéril e barragem de


›› Concessão de lavra
rejeitos do minerador

11 ê Antecipação da publicação da servidão mineral antes da 27 ê Riscos dos contratos de cessão total ou parcial
concessão de lavra
28 ê Demora da ANM em averbar o contrato de cessão
12 ê Necessidade de Prorrogar o prazo para iniciar a lavra
29 ê Riscos em contratos de arrendamento total ou parcial
13 ê Resistência do proprietário do imóvel
30 ê Demora da ANM em averbar o contrato de arrendamento
14 ê Dúvida no pagamento da CFEM
31 ê Contrato de arrendamento extremamente oneroso que
15 ê Pagamento da participação do proprietário no resultado da necessita revisão
lavra - PPRL
32 ê Problemas com arrendatário
16 ê Necessidade de servidão mineral sobre imóvel de terceiro

17 ê Necessidade de servidão mineral sobre direito minerário de ›› Renovação das licenças ambientais
terceiro
33 ê Necessidade de suspender atividades
18 ê Desapropriação de imóvel em favor da lavra

42 43
34 ê Descumprimento do PAE e riscos para o direito minerário

35 ê Necessidade de alterar o método de lavra

36 ê Lavra abaixo ou acima do limite do PAE

37 ê Aditamento de substância

38 ê Demora da anm em analisar o aditamento da substância

39 ê Ampliação do empreendimento

40 ê Demora da anm em analisar o novo pae da ampliação

41 ê Necessidade de alterar ou ampliar servidão

42 ê Risco de terceiro requerer servidão mineral sobre direito


minerário da empresa
REGIME DE
43 ê Necessidade de revisão do contrato de servidão
LICENCIAMENTO
44 ê Lavra fora dos limites da concessão de lavra

45 ê Risco de crime de usurpação MINERAL


46 ê Risco de crime ambiental

›› Exaustão da jazida

47 ê Cuidados com o descomissionamento da mina

48 ê Necessidade de monitoramento pós-fechamento da mina

›› Extinção do processo administrativo

›› Baixa no licenciamento ambiental

44
O regime de Licenciamento Mineral (ou Registro de Licença) possui muitas dificuldades, adotar as medidas necessárias para a preservação do seu
particularidades. A sua outorga está condicionada à obtenção de Licença direito de prioridade.
Municipal (pela autoridade competente do Município onde está localizada
a jazida) e à autorização do proprietário do imóvel. Em caso de negativa injustificada da autoridade municipal à renovação da
licença, é possível adotar medidas judiciais.
Essas particularidades geram riscos relevantes para os direitos minerários
nesse regime, além de vários daqueles mencionados acima, referentes à RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO
fase de lavra.
O Regime de Licenciamento está restrito ao aproveitamento das
substâncias minerais elencadas na Lei nº 6.567/1978. A lavra de
CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL
substância não incluída no referido rol gera risco de responsabilização civil,
Considerando que a autorização do proprietário do imóvel é requisito administrativa e criminal. Também gera risco de responsabilização a venda
para a validade do direito minerário, algumas situações geram riscos do minério extraído sob esse regime para fins industriais.
específicos, tais como: contratos por prazo indeterminado; contratos
com possibilidade de retomada mediante simples notificação; contratos ALTERAÇÃO DE REGIME
celebrados apenas com parte dos proprietários; contratos não averbados
no cartório imobiliário; contratos sem cláusula de que o novo adquirente A mudança do Regime de Licenciamento para o Regime de Autorização
deve respeitar o contrato com o minerador. de Pesquisa é admitida. Essa mudança, porém, pode ter alguns riscos
para o minerador, especialmente considerando a relação existente entre
o titular do direito e o proprietário do imóvel no regime de licenciamento.
PRORROGAÇÃO DO TÍTULO

O prazo do Registro de Licença está vinculado ao menor prazo entre aquele O titular do licenciamento, se continuar cumprindo os requisitos legais
previsto na Licença Municipal e aquele do contrato com o proprietário desse regime, poderá manter a lavra até obter a Concessão de Lavra,
do imóvel. A ANM exige, antes do vencimento de qualquer desses possibilitando que a mudança do regime ocorra sem que as atividades
documentos, que o minerador apresente requerimento de prorrogação e sejam suspensas.
junte novo documento com prazo vigente.
Entretanto, se a pesquisa for conduzida sem acordo com o proprietário do
Dessa forma, eventual dificuldade para obter a renovação da Licença imóvel, há grande risco de suspensão. Na hipótese de contrato com prazo
Municipal ou da autorização do proprietário do imóvel pode resultar na determinado, por exemplo, o superficiário poderá se negar a prorrogar o
perda do direito minerário. Por isso, é importante que o minerador busque contrato.
a renovação com antecedência razoável, para que possa, no caso de

46 47
Além disso, é possível que o proprietário do imóvel intervenha no ›› Requerimento de licenciamento na ANM
processo administrativo minerário visando à manutenção do regime de
licenciamento, que lhe pode ser mais favorável. 4 ê Disputa por prioridade

5 ê Demora da anm em analisar o requerimento de licenciamento


mineral

INFOGRÁFICO III 6 ê Dificuldade para obter a licença ambiental

›› Registro da licença pela ANM

7 ê Sigilo do processo administrativo

8 ê Morte do proprietário. vários herdeiros. condomínio.

9 ê Dúvida no pagamento da cfem

10 ê Pagamento da participação do proprietário nos resultados da


lavra?

›› Alteração de regime

11 ê Relação com o proprietário após alteração de regime


Clique na imagem para ampliar e visualizar na web.
12 ê Substância extraída como de emprego imediato na
construção civil, mas vendida como minério industrial

13 ê Extração muito abaixo da possibilidade da mina e demanda de


mercado
RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL
14 ê Lavra paralisada
1 ê Recusa do município em outorgar a licença mineral
15 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública
2 ê Especificidades do contrato com o proprietário do imóvel
16 ê Conflito com empreendimento imobiliário
3 ê Contrato por prazo indeterminado e risco de retomada

48 49
17 ê Aproximação de núcleos urbanos

18 ê Interferências políticas sobre a mineração

19 ê Criação de restrições ambientais

20 ê Dúvida no pagamento da CFEM

›› Prorrogação do licenciemento

21 ê Dúvida no pagamento de tributos

22 ê Indeferimento da prorrogação

23 ê Necessidade de utilizar imóvel vizinho (do mesmo ou de outro


proprietário)

24 ê Descumprimento do título minerário e riscos perante a ANM


RISCOS
25 ê Descumprimento do título minerário e riscos ambientais

26 ê Necessidade de revisão do contrato com o proprietário COMUNS


27 ê Descumprimento do título minerário e riscos penais

28 ê Vencimento do prazo contratual

29 ê Caducidade do licenciamento mineral

›› Exaustão de jazida

30 ê Descomissionamento da mina

31 ê Necessidade de monitoramentos

›› Baixa no processo administrativo

›› Baixa no licenciamento ambiental

50
RISCOS COMUNS AOS
DIVERSOS REGIMES DE
EXPLORAÇÃO MINERAL
SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS

Até janeiro de 2019, o acesso ao processo administrativo perante a Agência


Nacional de Mineração — considerado sigiloso — era permitido somente a
quem tinha procuração do titular ou comprovasse a condição de terceiro
interessado (o que ocorria em casos muito específicos).

Entretanto, a ANM publicou, em 31/01/2019, a Resolução 01/2019, que


trata do fim do sigilo dos processos administrativos minerários. A partir de
então, qualquer pessoa poderá examinar os processos minerários sem ser
titular ou comprovar a condição de terceiro interessado.

A Resolução dispõe sobre o sigilo de alguns documentos, tais como o


Relatório de Pesquisa, o Relatório de Reavaliação de Reservas, o Plano de
Aproveitamento Econômico e o Relatório Anual de Lavra. Essa disposição
é insuficiente para proteger o minerador porque: (i) não está claro na
norma que o sigilo sobre esses documentos básicos será automático; e (ii)
no processo administrativo há muitas outras informações que não devem
ser vistas por concorrentes e especuladores.

A Norma dispõe que é possível requerer sigilo de outros documentos e


relatórios, mediante requerimento fundamentado.

53
Essa disposição abre oportunidade para a empresa colocar sob sigilo A verificação do requerimento prioritário pode ter várias discussões,
outros documentos e informações. Cada processo é diferente e cada envolvendo, por exemplo, o momento em que a área ficou livre,
documento é distinto do outro. Em razão disso, cada processo deverá ser o cumprimento dos requisitos por outro requerente, a retirada de
examinado individualmente, sob pena de a ANM indeferir o requerimento interferências com as áreas oneradas etc.
de sigilo feito de forma padronizada.
Essas questões podem fazer com que a ANM defina a prioridade de forma
indevida. Portanto, deve ser foco de atenção, seja para o titular de novo
INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM
requerimento ou para o titular de requerimento ou direito minerário
Um dos problemas mais graves do processo administrativo minerário é a anterior. No caso de incorreção da definição da prioridade, poderão ser
demora no andamento dos processos na ANM, em razão de sua estrutura adotadas medidas administrativas e/ou judiciais.
deficitária atual. O atraso na análise dos processos administrativos é um
dos fatores que mais geram riscos e prejuízos para os mineradores.
INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS

Os exemplos de possibilidade de prejuízo para o minerador são diversos: É bastante comum o minerador, ao examinar a área para a qual tem
demora para outorgar direitos minerários, averbar cessões, analisar requerimento ou direito minerário de qualquer regime, deparar-se com
documentos etc. Essas situações, muitas vezes, geram risco de perda de invasão. Para qualquer tipo de invasão, há possibilidade de desocupar o
oportunidade econômica. imóvel, seja por ação dos órgãos administrativos, seja por determinação
judicial.
A ANM tem prazo legal curto para analisar os processos administrativos.
Nesses casos de demora, o Poder Judiciário tem respondido com razoável Em casos de constatação de invasão, é recomendável tomar providências
eficiência, obrigando a ANM a dar solução para o processo em trinta imediatamente, o que evita que a culpa pela invasão recaia sobre o
dias. Não há notícia de retaliação por parte da Agência, que tem agido de minerador.
maneira correta e profissional.
Quanto mais demorarem as providências do minerador, maior a chance
de o número de invasores aumentar, mais consolidada se torna a situação
DISPUTA POR PRIORIDADE
dos invasores, mais difícil a obtenção de decisão liminar para retomada da
O direito de prioridade é a garantia ao minerador que primeiro apresentar posse e maiores os danos ambientais gerados pelos invasores.
requerimento, sobre área livre, instruído com a documentação exigida, de
obtenção do título minerário.

54 55
BARRAGENS DE REJEITOS INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Há várias normas que regulam as barragens de mineração. São muitas as As Unidades de Conservação são espaços territoriais protegidos pelo
situações que comportam riscos relevantes. Citamos alguns exemplos Poder Público, em decorrência de características ambientais relevantes,
que devem ser verificados pelos mineradores que possuem barragens: em que se define um regime especial de administração e proteção.

• Barragens com algum grau de insegurança ou instabilidade. Nas Unidades de Conservação de Proteção Integral e nas Reservas
• Não preenchimento/atualização do Sistema Integrado de Gestão Extrativistas e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), é
de Barragens de Mineração – SIGBM ou prestação de informações completamente vedada a atividade de mineração, enquanto nas demais
incorretas. Unidades de Conservação, de Uso Sustentável, é, em regra, permitida,
desde que atendidas às restrições e condicionantes.
• Não elaboração do Plano de Segurança de Barragens – PSB, o Projeto
“como construído” – “as built” ou o Projeto “como está” – e “as is”, nos
A ANM possui entendimento de que os requerimentos que interferem
prazos estabelecidos pela Portaria ANM nº 70.389/2017.
com as unidades em que a mineração é proibida devem ser indeferidos e os
• Não elaboração do Mapa de Inundação para auxílio na classificação
direitos minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento”
referente ao dano potencial associado no prazo estabelecido.
(extinção do direito).
• Não implementação do Sistema de Monitoramento de Segurança de
Barragem no prazo estabelecido. Portanto, sempre que é criada nova UC sobre áreas oneradas, há o risco de
• Não realização de revisões e inspeções observando a periodicidade perda dos direitos minerários interferentes. É importante que o minerador
mínima determinada pela legislação. fique atento à criação dessas unidades, para que possa adotar as medidas
• Não preenchimento e/ou não apresentação da documentação necessárias, seja para manter o seu direito, seja para requerer a devida
necessária após cada vistoria. indenização. A criação de unidades de conservação pelos Municípios
demanda atenção ainda maior, uma vez que não é possível identificar a
• Não cumprimento das determinações e/ou recomendações contidas
existência dessas unidades na base de dados da ANM.
nos Relatórios de Inspeção e Revisão Periódica de Segurança.
• Não elaboração do PAEBM nos casos determinados.
INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS
• Não cumprimento das obrigações estabelecidas para as barragens que
possuem PAEBM. Atualmente, a mineração é proibida em terras indígenas, por ausência de
regulação da atividade pelo Congresso Nacional.

56 57
De modo semelhante ao que ocorre com as Unidades de Conservação Em razão dessas peculiaridades, para o cumprimento tempestivo de suas
(tratado no tópico anterior), a ANM entende que os requerimentos que obrigações, é necessário que o minerador atente-se ao prazo específico
interferem com terras indígenas devem ser indeferidos e que os direitos de cada manifestação ou evento de seu processo minerário.
minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento” (extinção
do direito). Portanto, também é preciso atenção a eventual interferência Na hipótese de perda de prazo, deve observar também se todas as
com essas áreas. questões formais foram observadas, especialmente relacionadas à
regularidade da intimação, uma vez que eventual nulidade pode ser
fundamento para o questionamento de sanção e para a manutenção do
CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE
PÚBLICO direito minerário.

Há a possibilidade, em determinadas áreas, de conflito da mineração


GESTÃO FUNDIÁRIA
com outra atividade de interesse público, como empreendimentos para
geração e transmissão de energia elétrica. Em muitos casos, o minerador adota várias medidas para a condução dos
processos administrativos minerários e ambientais, mas não se preocupa
Nessa hipótese, a ANM, caso constate a inviabilidade de coexistência, com a situação dos imóveis próprios ou de terceiros que serão utilizados
deverá ponderar qual atividade melhor atende ao interesse público. pelo empreendimento.
Se considerar que o interesse público na outra atividade é superior ao
da mineração, no caso analisado, poderá bloquear a área do processo A falta de boa gestão dessas áreas, ainda antes do ingresso nos imóveis,
minerário. gera o risco de atraso na implantação do projeto. Algumas medidas que
devem ser adotadas:
Portanto, é preciso que o minerador atente-se à existência de outros
empreendimentos de interesse público, que poderão atingir seu direito • Regularização da documentação do imóvel para que não haja
minerário e de eventual requerimento de bloqueio sobre a área, para que empecilho para o licenciamento ambiental ou a lavra.
possa defender o seu direito e/ou requerer a devida indenização. • Análise da documentação do imóvel rural e dos atos constitutivos do
empreendedor para confirmar eventual empecilho à aquisição, no
PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL caso de empresas brasileiras equiparadas às estrangeiras, examinando
as alternativas existentes.
A legislação mineral estabelece diversos prazos para as manifestações
• Prevenção contra invasões e adoção de medidas para desocupação
nos processos minerários. As normas, no entanto, não são completas,
dos imóveis invadidos.
deixando, em determinadas situações, de prever o prazo e a forma de
contagem.

58 59
• Prevenção contra aproximação de núcleos urbanos, o que causará ou dados exigidos por lei ou por Resolução da ANM, sujeitam o minerador
problemas para a mineração a curto e longo prazos. a multa.

Situações comuns, que podem gerar responsabilização administrativa e


DISPONIBILIDADE
criminal, são o preenchimento do RAL com informações incorretas e o
O novo Regulamento do Código de Mineração modificou o critério de lançamento de produção de um direito minerário em outro.
julgamento dos procedimentos de disponibilidade. Antes, o vencedor era
definido com base na melhor proposta técnica apresentada. Agora, será
CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM
realizado leilão eletrônico, vencendo aquele que apresentar o maior valor.
Os requerentes ou titulares de direito minerário na ANM são obrigados
Ainda há dúvida a respeito do andamento dos procedimentos de a possuir e manter atualizado cadastro eletrônico (denominado Cadastro
disponibilidade iniciados antes da vigência da nova regra. É preciso atenção de Titulares de Direitos Minerários – CTDM) na ANM, que tem registradas
para que eventual aplicação das novas regras não atinja direitos adquiridos as suas informações básicas, como nome, razão social, endereço e
e atos jurídicos consolidados. representação.

Algumas questões devem ser verificadas nos procedimentos de Embora o cumprimento dessa obrigação seja relativamente simples,
disponibilidade, a fim de vencê-los ou evitar que algum concorrente vença deve ser objeto de muita atenção. Isso porque, além do descumprimento
de forma indevida: cumprimento dos requisitos exigidos para a habilitação, acarretar multa, é possível, por exemplo, que o minerador não seja
valoração das propostas (para os procedimentos antigos), cumprimento intimado para cumprir determinada exigência no processo minerário, por
da proposta técnica (para os procedimentos antigos) ou o pagamento do estar com o endereço desatualizado no cadastro e, como consequência,
valor ofertado (para os procedimentos novos). sofra alguma sanção ou perca o direito minerário.

RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO

O Relatório Anual de Lavra (RAL) é obrigatório para todos os titulares O Código de Mineração estabelece, como hipótese que não depende da
ou arrendatários de títulos de lavra e, também, para os que têm Guia de obtenção de título minerário, a realização dos trabalhos de movimentação
Utilização, e deve ser apresentado anualmente à ANM, com base nas de terras e de desmonte de materiais in natura, necessários à abertura de
atividades desenvolvidas no ano anterior. vias de transporte, obras gerais de terraplanagem e de edificações, desde
que o material seja utilizado na própria obra e que não haja comercialização.
A não apresentação do RAL ou sua apresentação intempestiva, assim
como o seu preenchimento com ausência ou manipulação de informações

60 61
A ANM possui entendimento restritivo em relação a aplicação dessa É importante, portanto, que os interessados em requerer ou adquirir título
hipótese, considerando, por exemplo, que se houver oferta de material no minerário cuja poligonal interfira com a faixa de fronteira verifiquem se
mercado regional, não é possível a dispensa de título. Portanto, mesmo essas restrições podem atingi-los.
nos casos de movimentação de areia, cascalho ou argila, por exemplo, há
risco de responsabilização, nas esferas civil, administrativa e criminal, se o RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE
responsável não tiver título minerário para a referida substância. TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS

Essa hipótese de dispensa de título possui outro risco relacionado: Há inúmeras ações judiciais que objetivam responsabilizar o minerador
a possibilidade de incidir sobre áreas oneradas. É importante que o pelo transporte de cargas com excesso de peso nas rodovias do país.
minerador atente-se para a atividade de terceiros em sua área com base Nessas ações, o Ministério Público costuma pleitear o pagamento de altos
nessa hipótese, seja para impedir a atividade ou delimitar a sua extensão. valores de indenização por danos materiais e morais.

O risco de responsabilização nesses casos pode e deve ser evitado com


DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA
a defesa adequada dos interesses das empresas de mineração nessas
A faixa de fronteira é a faixa interna paralela à linha divisória do território ações.
nacional com extensão de 150 quilômetros de largura. O exercício da
mineração nessa área, devido à importância que assume para a segurança AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL
nacional, encontra restrições.
A gestão estratégica do patrimônio mineral é o sistema de análise,
É preciso o minerador obtenha o assentimento prévio do Conselho planejamento e condução da atividade mineral, considerando os múltiplos
de Defesa Nacional (CDN), para o qual deverá demonstrar que possui riscos, imediatos ou futuros.
a) ao menos 51% do capital social pertencente a brasileiros; b) 2/3 de
Muitas vezes o minerador trata suas áreas isoladamente, sem qualquer
trabalhadores brasileiros; e c) gerência e administração conduzida por
estratégia de curto, médio e longo prazos. Decisões em cima da hora,
maioria de brasileiros, com poderes predominantes.
sempre urgentes, oneram a atividade, geram estresse, comprometem a
Esses requisitos devem ser observados também nas operações de cessão qualidade da análise e colocam em risco o direito minerário.
e arrendamento do título minerário, já que o cessionário e o arrendatário
Quanto mais tarde a gestão estratégica for iniciada, mais riscos o minerador
devem atender a essas condições.
terá corrido desnecessariamente.

62 63
A gestão estratégica evita muitos riscos e economiza tempo e dinheiro.
Além das várias medidas já indicadas nesse material, são recomendações
para uma boa gestão estratégica:

• Requerer o sigilo dos documentos e informações estratégicas da


empresa presentes nos processos minerários.
• Verificar sobreposição de outros direitos minerários.
• A
nalisar a razão pela qual um terceiro teria protocolizado um
requerimento sobre a poligonal do seu direito minerário.
• V
erificar a existência de lacunas entre as poligonais dos direitos
minerários.
• C
onduzir os procedimentos para constituição das servidões minerais,
com a antecedência necessária.
• A
nalisar eventuais requerimentos de servidão mineral sobre seu direito
minerário por terceiros. TRIBUTÁRIO
• Analisar conveniência de bloqueio de direito minerário de terceiro.
• R
ealizar due diligence periódica nos direitos minerários, tanto no
processo administrativo quanto no processo de licenciamento
ambiental.

64
OPORTUNIDADES EM
RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO
A tributação de empresas de mineração é repleta de detalhes e
peculiaridades. Seguem alguns entendimentos jurídicos que podem gerar
oportunidades econômicas para os mineradores:

i. Inconstitucionalidade da incidência da CFEM sobre frete e seguro.


ii. Inexigibilidade do Imposto Territorial Rural — ITR sobre área com
direito minerário.
iii. Existência de direito a crédito de Compensação Financeira pela
Exploração de Recursos Minerais — CFEM decorrente de reajuste
retroativo do preço de commodities.
iv. Não incidência de PIS/COFINS e IRPJ/CSLL sobre benefícios fiscais
(subvenção para investimento e custeio).
v. Possibilidade de dedução das despesas com capatazia no imposto
de importação.
vi. Invalidade da alíquota de 10% sobre FGTS.
vii. Inconstitucionalidade e ilegalidade do Decreto 6.957/2009, na
parte que majorou as alíquotas da contribuição ao RAT.
viii. Ilegalidade da cobrança da alíquota adicional do RAT, por exposição
do segurado a ruído.
ix. Inconstitucionalidade da redução do REINTEGRA de 3% para 2%,
em 2018.

67
PENAL

68
RISCOS EM MATÉRIA PENAL
CRIME DE USURPAÇÃO

O crime de usurpação pode ocorrer de várias maneiras. Os exemplos mais


comuns são a extração de bens minerais sem título minerário e acima do
limite do título outorgado, inclusive acima dos limites da Guia de Utilização.

Frequentemente ocorrem, no dia a dia da mineração, avanço da lavra fora


dos limites da poligonal de forma não intencional e outras situações que
colocam as pessoas físicas envolvidas em risco. Prevenir e remediar
o mais rapidamente possível, caso ocorra uma falha na operação, são
providências de extrema relevância.

CRIMES AMBIENTAIS

A Lei de Crimes Ambientais traz extenso rol de tipificações que podem


ser classificadas como crimes ambientais. No ramo da mineração, duas
chamam a atenção:

Art. 55. Executar a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem


título minerário ou em desacordo com ele.

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar


estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ambiental ou contrariando as normas legais ou regulamentares.

Os tipos são bem abertos e o menor descuido pode causar problemas


na esfera criminal à empresa, e aos diretores e gerentes. Devem ser
adotadas medidas de prevenção e, quando identificado caso que possa
se enquadrar em algum dos tipos penais, devem ser adotadas medidas
imediatas para a defesa.

71
POSFÁCIO
Os riscos que envolvem a mineração são imensos e podem gerar sérios
prejuízos para o minerador, se não houver gerenciamento estratégico
deles.

A experiência na atuação diária com a mineração revela que grande parte


dos problemas decorrem da ausência de conhecimento e prevenção.

Em muitos casos, projetos enormes são comprometidos pela falta de


adoção de medidas simples na gestão dos processos minerários.

O desenvolvimento da mineração depende daqueles que, apesar de todas


as dificuldades, perseveram. O objetivo é auxiliar os mineradores a superar
as dificuldades desse árduo caminho.

75
ANEXOS

76
CÓDIGO DE MINERAÇÃO

DECRETO-LEI Nº 227, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967

Dá nova redação ao Decreto-lei nº 1.985, de 29 de janeiro


de 1940. (Código de Minas)

O Presidente da República  no uso da atribuição que lhe confere o artigo 9º, § 2º, do Ato
Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966 e (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de
1967)

CONSIDERANDO, que da experiência de vinte e sete anos de aplicação do atual Código de


Minas foram colhidos ensinamentos qual impende aproveitar; (Redação dada pelo Decreto-lei
nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que a notória evolução da ciência e da tecnologia, nos anos após a 2ª Guerra
Mundial, introduziram alterações profundas na utilização das substâncias minerais; (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que cumpre atualizar as disposições legais salvaguarda dos superiores


interesses nacionais, que evoluem com o tempo; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de
1967)

CONSIDERANDO que ao Estado incumbe adaptar as normas que regulam atividades


especializadas à evolução da técnica, a fim de proteger a capacidade competitiva do País nos
mercados internacionais; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que, na colimação desses objetivos, é oportuno adaptar o direito de


mineração à conjuntura; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

79
CONSIDERANDO, mais, quanto consta da Exposição de Motivos número 6-67-GB, de 20 de na construção civil, definidas em Portaria do Ministério de Minas e Energia, para
fevereiro de 1967, dos Senhores Ministros das Minas e Energia, Fazenda e Planejamento e uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados
os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e
Coordenação Econômica, (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
vedada a comercialização.(Redação dada pela Lei nº 9.827, de 1999)
DECRETA:
Art. 3º Este Código regula:

I - os direitos sobre as massas individualizadas de substâncias minerais ou


CÓDIGO DE MINERAÇÃO fósseis, encontradas na superfície ou no interior da terra formando os
recursos minerais do País;
II - o regime de seu aproveitamento, e
CAPÍTULO I
III - a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos
Das Disposições Preliminares
da indústria mineral.
Art. 1º Compete à União administrar os recursos minerais, a indústria de produção mineral §1º Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação
e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais. de terras e de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários
à abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de
Art. 2º Os regimes de aproveitamento das substâncias minerais, para efeito deste Código,
edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos materiais
são: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à
I - regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro utilização na própria obra. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
de Estado de Minas e Energia; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) §2º Compete ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM a
II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de execução deste Código e dos diplomas legais complementares. (Renumerado
autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral do Parágrafo único para § 2º  pela Lei nº 9.314, de 1996)
- DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil,
III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em
aflorando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico;
obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no
e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa.
Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM; (Redação dada pela
Lei nº 9.314, de 1996) Art. 6º Classificam-se as minas, segundo a forma representativa do direito de lavra, em
IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de duas categorias: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
permissão do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral I - mina manifestada, a em lavra, ainda que transitoriamente suspensa a 16 de
- DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) julho de 1934 e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do
V - regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de Decreto nº 24.642, de 10 de julho de 1934, e da Lei nº 94, de 10 de dezembro
execução direta ou indireta do Governo Federal. (Incluído pela Lei nº 9.314, de de 1935;(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
1996) II - mina concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministro de
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos da administração Estado de Minas e Energia. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Parágrafo único. Consideram-se partes integrantes da mina:
sendo-lhes permitida a extração de substâncias minerais de emprego imediato

80 81
a) edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à b) o direito à participação do proprietário do solo nos resultados da
mineração e ao beneficiamento do produto da lavra, desde que este seja lavra. (Redação dada pela Lei nº 8.901, de 1994)
realizado na área de concessão da mina; §1º A participação de que trata a alínea b do caput deste artigo será de cinquenta
por cento do valor total devido aos Estados, Distrito Federal, Municípios e
b) servidões indispensáveis ao exercício da lavra;
órgãos da administração direta da União, a título de compensação financeira
c) animais e veículos empregados no serviço; pela exploração de recursos minerais, conforme previsto no caput do art. 6º
d) materiais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida; da Lei nº 7.990, de 29/12/89 e no art. 2º da Lei nº 8.001, de 13/03/90. (Incluído
e, pela Lei nº 8.901, de 1994)
e) provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e §2º O pagamento da participação do proprietário do solo nos resultados da lavra
de recursos minerais será efetuado mensalmente, até o último dia útil do mês
vinte) dias.
subsequente ao do fato gerador, devidamente corrigido pela taxa de juros de
Art. 7º O aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de pesquisa, do referência, ou outro parâmetro que venha a substituí-la. (Incluído pela Lei nº
Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo Ministro de Estado 8.901, de 1994)
de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) §3º O não cumprimento do prazo estabelecido no parágrafo anterior implicará
correção do débito pela variação diária da taxa de juros de referência, ou outro
Parágrafo único. Independe de concessão do Governo Federal o aproveitamento parâmetro que venha a substituí-la, juros de mora de um por cento ao mês e
de minas manifestadas e registradas, as quais, no entanto, são sujeitas às condições multa de dez por cento aplicada sobre o montante apurado. (Incluído pela Lei
que este Código estabelece para a lavra, tributação e fiscalização das minas nº 8.901, de 1994)
concedidas.(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) Art. 12 O direito de participação de que trata o artigo anterior não poderá ser objeto de
Art. 9º Far-se-á pelo regime de matrícula o aproveitamento definido e caracterizado como transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder, mas o
garimpagem, faiscação ou cata. proprietário deste poderá:

Art. 10 Reger-se-ão por Leis especiais: I- transferir ou caucionar o direito ao recebimento de determinadas prestações
futuras;
I - as jazidas de substâncias minerais que constituem monopólio estatal;
II - renunciar ao direito.
II - as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico;
III - os espécimes minerais ou fósseis, destinados a Museus, Estabelecimentos de Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra terceiros
Ensino e outros fins científicos; a partir da sua inscrição no Registro de Imóveis.
IV - as águas minerais em fase de lavra; e Art. 13 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra,
V - as jazidas de águas subterrâneas. beneficiamento, distribuição, consumo ou industrialização de reservas minerais, são
obrigadas a facilitar aos agentes do Departamento Nacional da Produção Mineral
Art. 11 Serão respeitados na aplicação dos regimes de Autorização, Licenciamento e
a inspeção de instalações, equipamentos e trabalhos, bem como a fornecer-lhes
Concessão:(Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
informações sobre:
a) o direito de prioridade à obtenção da autorização de pesquisa ou de registro
de licença, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área I- volume da produção e características qualitativas dos produtos;
considerada livre, para a finalidade pretendida, à data da protocolização do II - condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da exploração
pedido no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M), atendidos das atividades mencionadas no “caput” deste artigo;
os demais requisitos cabíveis, estabelecidos neste Código; e (Redação dada
III - mercados e preços de venda;
pela Lei nº 6.403, de 1976)

82 83
IV - quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de produtos I- nome, indicação da nacionalidade, do estado civil, da profissão, do domicílio
minerais. e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da
Fazenda, do requerente, pessoa natural. Em se tratando de pessoa jurídica,
razão social, número do registro de seus atos constitutivos no Órgão de
CAPÍTULO II
Registro de Comércio competente, endereço e número de inscrição no
Da Pesquisa Mineral
Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da Fazenda;  (Redação dada
Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição pela Lei nº 9.314, de 1996)
da jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu aproveitamento II - prova de recolhimento dos respectivos emolumentos;  (Redação dada pela
econômico.
Lei nº 9.314, de 1996)
§1º A pesquisa mineral compreende, entre outros, os seguintes trabalhos III - designação das substâncias a pesquisar; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
de campo e de laboratório: levantamentos geológicos pormenorizados 1996)
da área a pesquisar, em escala conveniente, estudos dos afloramentos IV - indicação da extensão superficial da área objetivada, em hectares, e do
e suas correlações, levantamentos geofísicos e geoquímicos; aberturas Município e Estado em que se situa; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo mineral; V - memorial descritivo da área pretendida, nos termos a serem definidos em
amostragens sistemáticas; análises físicas e químicas das amostras e dos portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
testemunhos de sondagens; e ensaios de beneficiamento dos minérios ou VI - planta de situação, cuja configuração e elementos de informação serão
das substâncias minerais úteis, para obtenção de concentrados de acordo estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM;  (Incluído pela Lei nº
com as especificações do mercado ou aproveitamento industrial. 9.314, de 1996)
§2º A definição da jazida resultará da coordenação, correlação e interpretação VII - plano dos trabalhos de pesquisa, acompanhado do orçamento e cronograma
dos dados colhidos nos trabalhos executados, e conduzirá a uma medida das previstos para sua execução. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
reservas e dos teores. §1º O requerente e o profissional responsável poderão ser interpelados pelo
§3º A exequibilidade do aproveitamento econômico resultará da análise preliminar DNPM para justificarem o plano de pesquisa e o orçamento correspondente
dos custos da produção, dos fretes e do mercado. referidos no inciso VII deste artigo, bem como a disponibilidade de
recursos. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
Art. 15 A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa natural,
§2º Os trabalhos descritos no plano de pesquisa servirão de base para a
firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante requerimento do
avaliação judicial da renda pela ocupação do solo e da indenização devida
interessado.  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
ao proprietário ou posseiro do solo, não guardando nenhuma relação com
Parágrafo único. Os trabalhos necessários à pesquisa serão executados sob a o valor do orçamento apresentado pelo interessado no referido plano de
responsabilidade profissional de engenheiro de minas, ou de geólogo, habilitado ao pesquisa. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
exercício da profissão. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
§3º Os documentos a que se referem os incisos V, VI e VII deste artigo deverão
Art. 16 A autorização de pesquisa será pleiteada em requerimento dirigido ao Diretor- ser elaborados sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente
Geral do DNPM, entregue mediante recibo no protocolo do DNPM, onde será habilitado.(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
mecanicamente numerado e registrado, devendo ser apresentado em duas vias
e conter os seguintes elementos de instrução: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
1996)

84 85
Art. 17 Será indeferido de plano pelo Diretor-Geral do DNPM o requerimento VI - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, com relatório dos
desacompanhado de qualquer dos elementos de instrução referidos nos incisos I respectivos trabalhos aprovado, e na vigência do direito de requerer a
a VII do artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) concessão da lavra, atribuído nos termos do Art. 31 deste Código.  (Incluído
pela Lei nº 6.403, de 1976)
§1º Será de sessenta dias, a contar da data da publicação da respectiva intimação
§1º Não estando livre a área pretendida, o requerimento será indeferido por
no Diário Oficial da União, o prazo para cumprimento de exigências formuladas
despacho do Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produção Mineral
pelo DNPM sobre dados complementares ou elementos necessários à
(D.N.P.M.), assegurada ao interessado a restituição de uma das vias das peças
melhor instrução do processo.  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
apresentadas em duplicata, bem como dos documentos públicos, integrantes
§2º Esgotado o prazo de que trata o parágrafo anterior, sem que haja o requerente
da respectiva instrução. (Renumerado do Parágrafo único para  § 1º com nova
cumprido a exigência, o requerimento será indeferido pelo Diretor-Geral do
redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
§2º Ocorrendo interferência parcial da área objetivada no requerimento, como
Art. 18 A área objetivada em requerimento de autorização e pesquisa ou de registro área onerada nas circunstâncias referidas nos itens I a VI deste artigo, e
de licença será considerada livre, desde que não se enquadre em quaisquer das
desde que a realização da pesquisa, ou a execução do aproveitamento
seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
mineral por licenciamento, na parte remanescente, seja considerada técnica
I - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, registro de licença, e economicamente viável, a juízo do Departamento Nacional da Produção
concessão da lavra, manifesto de mina ou permissão de reconhecimento Mineral - D.N.P.M. - será facultada ao requerente a modificação do pedido
geológico; (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976) para retificação da área originalmente definida, procedendo-se, neste caso, de
II - se a área for objeto de pedido anterior de autorização de pesquisa, salvo se conformidade com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo anterior. (Incluído pela
este estiver sujeito a indeferimento, aos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
Lei nº 6.403, de 1976)
Art. 19 Do despacho que indeferir o pedido de autorização de pesquisa ou de sua
a) por enquadramento na situação prevista no caput do artigo anterior, e no § renovação, caberá pedido de reconsideração, no prazo de 60 (sessenta) dias,
1º deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976) contados da publicação do despacho no Diário Oficial da União. (Redação dada pela
b) por ocorrência, na data da protocolização do pedido, de impedimento à Lei nº 6.403, de 1976)
obtenção do título pleiteado, decorrente das restrições impostas no parágrafo
§1º Do despacho que indeferir o pedido de reconsideração, caberá recurso ao
único do Art. 23 e no Art. 26 deste Código; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
Ministério das Minas e Energia, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da
III - se a área for objeto de requerimento anterior de registro de licença, ou estiver
publicação do despacho no Diário Oficial da União. (Incluído pela Lei nº 6.403,
vinculada a licença, cujo registro venha a ser requerido dentro do prazo de 30
de 1976)
(trinta) dias de sua expedição; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
§2º A interposição do pedido de reconsideração sustará a tramitação de
IV - se a área estiver vinculada a requerimento de renovação de autorização de
requerimento de autorização de pesquisa que, objetivando área abrangida
pesquisa, tempestivamente apresentado, e pendente de decisão;  (Incluído
pelo requerimento concernente ao despacho recorrido, haja sido
pela Lei nº 6.403, de 1976)
protocolizado após o indeferimento em causa, até que seja decidido o pedido
V - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, com relatório dos
de reconsideração ou o eventual recurso. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
respectivos trabalhos tempestivamente apresentado, e pendente de
decisão; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

86 87
§3º Provido o pedido de reconsideração ou o recurso, caberá o indeferimento b) nulidade exofficio do alvará de autorização de pesquisa, após imposição de
do requerimento de autorização de pesquisa superveniente, de que trata o multa.(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
Art. 22 A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além das demais
Art. 20 A autorização de pesquisa importa nos seguintes pagamentos: (Redação dada pela constantes deste Código: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
Lei nº 9.314, de 1996)
I- o título poderá ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário
I - pelo interessado, quando do requerimento de autorização de pesquisa, satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão e transferência só
de emolumentos em quantia equivalente a duzentas e setenta vezes a terão validade depois de devidamente averbados no DNPM; (Redação dada
expressão monetária UFIR, instituída pelo  art. 1º da Lei nº 8.383, de 30 de pela Lei nº 9.314, de 1996)
dezembro de 1991; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) II - é admitida a renúncia à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo
II - pelo titular de autorização de pesquisa, até a entrega do relatório final titular, das obrigações decorrentes deste Código, observado o disposto no
dos trabalhos ao DNPM, de taxa anual, por hectare, admitida a fixação em inciso V deste artigo, parte final, tornando-se operante o efeito da extinção do
valores progressivos em função da substância mineral objetivada, extensão e título autorizativo na data da protocolização do instrumento de renúncia, com
localização da área e de outras condições, respeitado o valor máximo de duas a desoneração da área, na forma do art. 26 deste Código; (Redação dada pela
vezes a expressão monetária UFIR, instituída pelo art. 1º da Lei nº 8.383, de 30 Lei nº 9.314, de 1996)
de dezembro de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) III - o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior
§1º O Ministro de Estado de Minas e Energia, relativamente à taxa de que a três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da
trata o inciso II do  caput  deste artigo, estabelecerá, mediante portaria, situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação,
os valores, os prazos de recolhimento e demais critérios e condições de sob as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
pagamento. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
a) a prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do
§2º Os emolumentos e a taxa referidos, respectivamente, nos incisos I e II
desenvolvimento dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em
do caput deste artigo, serão recolhidos ao Banco do Brasil S.A. e destinados
portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
ao DNPM, nos termos do inciso III do caput do art. 5º da Lei nº 8.876, de 2 de
b) a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se
maio de 1994. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
o prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento
§3º O não pagamento dos emolumentos e da taxa de que tratam, respectivamente,
ser instruído com um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do
os incisos I e II do caput deste artigo, ensejará, nas condições que vierem a
prosseguimento da pesquisa; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
ser estabelecidas em portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia, a
c) a prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o
aplicação das seguintes sanções: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
respectivo prazo a partir da data da publicação, no Diário Oficial da União,
I - tratando-se de emolumentos, indeferimento de plano e consequente
do despacho que a deferir; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
arquivamento do requerimento de autorização de pesquisa; (Incluído pela Lei
nº 9.314, de 1996) IV - o titular da autorização responde, com exclusividade, pelos danos
II - tratando-se de taxa: (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) causados a terceiros, direta ou indiretamente decorrentes dos trabalhos de
a) multa, no valor máximo previsto no art. 64;  (Incluído pela Lei nº 9.314, de pesquisa; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
1996) V - o titular da autorização fica obrigado a realizar os respectivos trabalhos
de pesquisa, devendo submeter à aprovação do DNPM, dentro do prazo

88 89
de vigência do alvará, ou de sua renovação, relatório circunstanciado dos da data da publicação, no Diário Oficial da União, do novo título.(Incluído pela Lei nº
trabalhos, contendo os estudos geológicos e tecnológicos quantificativos 9.314, de 1996)
da jazida e demonstrativos da exequibilidade técnico-econômica da lavra,
Art. 25 As autorizações de pesquisa ficam adstritas às áreas máximas que forem fixadas em
elaborado sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente portaria do Diretor-Geral do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
habilitado. Excepcionalmente, poderá ser dispensada a apresentação do
Art. 26 A área desonerada por publicação de despacho no Diário Oficial da União ficará
relatório, na hipótese de renúncia à autorização de que trata o inciso II deste
disponível pelo prazo de sessenta dias, para fins de pesquisa ou lavra, conforme
artigo, conforme critérios fixados em portaria do Diretor-Geral do DNPM, caso
dispuser portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei
em que não se aplicará o disposto no § 1º deste artigo. (Redação dada pela Lei
nº 9.314, de 1996)
nº 9.314, de 1996)
§1º A não apresentação do relatório referido no inciso V deste artigo sujeita o §1º Salvo quando dispuser diversamente o despacho respectivo, a área
titular à sanção de multa, calculada à razão de uma UFIR por hectare da área desonerada na forma deste artigo ficará disponível para pesquisa. (Redação
outorgada para pesquisa. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
§2º É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais §2º O Diretor-Geral do DNPM poderá estabelecer critérios e condições específicos
em área titulada, antes da outorga da concessão de lavra, mediante prévia a serem atendidos pelos interessados no processo de habilitação às áreas
autorização do DNPM, observada a legislação ambiental pertinente. (Redação disponíveis nos termos deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
dada pela Lei nº 9.314, de 1996) §3º Decorrido o prazo fixado neste artigo, sem que tenha havido pretendentes, a
área estará livre para fins de aplicação do direito de prioridade de que trata a
Art. 23 Os estudos referidos no inciso V do art. 22 concluirão pela: (Redação dada pela Lei
alínea a do art. 11. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
nº 9.314, de 1996)
§4º As vistorias realizadas pelo DNPM, no exercício da fiscalização dos trabalhos de
I - exequibilidade técnico-econômica da lavra;  (Incluído pela Lei nº 9.314, de pesquisa e lavra de que trata este Código, serão custeadas pelos respectivos
1996) interessados, na forma do que dispuser portaria do Diretor-Geral da referida
II - inexistência de jazida; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) autarquia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) (Vide Medida Provisória
III - inexequibilidade técnico-econômica da lavra em face da presença de fatores nº 791, de 2017     Vigência)
conjunturais adversos, tais como: (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
Art. 27 O titular de autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos respectivos,
a) inexistência de tecnologia adequada ao aproveitamento econômico da e também as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio
substância mineral; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) público ou particular, abrangidos pelas áreas a pesquisar, desde que pague aos
b) inexistência de mercado interno ou externo para a substância respectivos proprietários ou posseiros uma renda pela ocupação dos terrenos e
mineral. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) uma indenização pelos danos e prejuízos que possam ser causados pelos trabalhos
de pesquisa, observadas as seguintes regras:
Art. 24 A retificação de alvará de pesquisa, a ser efetivada mediante despacho publicado no
Diário Oficial da União, não acarreta modificação no prazo original, salvo se, a juízo I- A renda não poderá exceder ao montante do rendimento líquido máximo da
do DNPM, houver alteração significativa no polígono delimitador da área. (Redação propriedade na extensão da área a ser realmente ocupada;
dada pela Lei nº 9.314, de 1996) II - A indenização por danos causados não poderá exceder o valor venal da
Parágrafo único. Na hipótese de que trata a parte final do caput deste artigo, será propriedade na extensão da área efetivamente ocupada pelos trabalhos de
expedido alvará retificador, contando-se o prazo de validade da autorização a partir pesquisa, salvo no caso previsto no inciso seguinte;

90 91
III - Quando os danos forem de molde a inutilizar para fins agrícolas e pastoris XIII - Se o prazo da pesquisa for prorrogado, o Diretor-Geral do D. N. P. M. o
toda a propriedade em que estiver encravada a área necessária aos trabalhos comunicará ao Juiz, no prazo e condições indicadas no inciso VI deste artigo;
de pesquisa, a indenização correspondente a tais danos poderá atingir o valor XIV - Dentro de 8 (oito) dias do recebimento da comunicação a que se refere o
venal máximo de toda a propriedade; inciso anterior, o Juiz intimará o titular da pesquisa a depositar nova quantia
IV - Os valores venais a que se referem os incisos II e III serão obtidos por correspondente ao valor da renda relativa ao prazo de prorrogação
comparação com valores venais de propriedade da mesma espécie, na XV - Feito esse depósito, o Juiz intimará os proprietários ou posseiros do solo,
mesma região; dentro de 8 (oito) dias, a permitirem a continuação dos trabalhos de pesquisa
V - No caso de terrenos públicos, é dispensado o pagamento da renda, ficando o no prazo da prorrogação, e comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do D.
titular da pesquisa sujeito apenas ao pagamento relativo a danos e prejuízos; N. P. M. e às autoridades locais;
VI - Se o titular do Alvará de Pesquisa, até a data da transcrição do título de XVI - Concluídos os trabalhos de pesquisa, o titular da respectiva autorização e o
autorização, não juntar ao respectivo processo prova de acordo com os Diretor-Geral do D.N.P.M. Comunicarão o fato ao Juiz, a fim de ser encerrada a
proprietários ou posseiros do solo acerca da renda e indenização de que trata ação judicial referente ao pagamento das indenizações e da renda.
este artigo, o Diretor-Geral do D. N. P. M., dentro de 3 (três) dias dessa data,
Art. 28 Antes de encerrada a ação prevista no artigo anterior, as partes que se julgarem
enviará ao Juiz de Direito da Comarca onde estiver situada a jazida, cópia do
lesadas poderão requerer ao Juiz que se lhes faça justiça.
referido título;
VII - Dentro de 15 (quinze) dias, a partir da data do recebimento dessa comunicação, Art. 29 O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções:

o Juiz mandará proceder à avaliação da renda e dos danos e prejuízos a que se I- A iniciar os trabalhos de pesquisa:
refere este artigo, na forma prescrita no Código de Processo Civil;
a) dentro de 60 (sessenta) dias da publicação do Alvará de Pesquisa
VIII - O Promotor de Justiça da Comarca será citado para os termos da ação, como
no Diário Oficial da União, se o titular for o proprietário do sol ou tiver
representante da União;
ajustado com este o valor e a forma de pagamento das indenizações a
IX - A avaliação será julgada pelo Juiz no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
que se refere o Artigo 27 deste Código; ou,
contados da data do despacho a que se refere o inciso VII, não tendo efeito
b) dentro de 60 (sessenta) dias do ingresso judicial na área de pesquisa,
suspensivo os recursos que forem apresentados;
quando a avaliação da indenização pela ocupação e danos causados
X - As despesas judiciais com o processo de avaliação serão pagas pelo titular da
processar-se em juízo.
autorização de pesquisa;
XI - Julgada a avaliação, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará o titular a depositar III - A não interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de iniciados, por
quantia correspondente ao valor da renda de 2 (dois) anos e a caução para mais de 3, (três) meses consecutivos, ou por 120 dias acumulados e não
pagamento da indenização; consecutivos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
XII - Feitos esses depósitos, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará os proprietários Parágrafo único. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho, deverão
ou posseiros do solo a permitirem os trabalhos de pesquisa, e comunicará seu ser prontamente comunicados ao D. N. P. M., bem como a ocorrência de outra
despacho ao Diretor-Geral do D. N. P. M. e, mediante requerimento do titular substância mineral útil, não constante do Alvará de Autorização.
da pesquisa, às autoridades policiais locais, para garantirem a execução dos
Art. 30 Realizada a pesquisa e apresentado o relatório exigido nos termos do inciso V do
trabalhos;
art. 22, o DNPM verificará sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo, proferirá
despacho de: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

92 93
I - aprovação do relatório, quando ficar demonstrada a existência de da União, declarar a disponibilidade da jazida pesquisada, para fins de requerimento
jazida; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) da concessão de lavra. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
II - não aprovação do relatório, quando ficar constatada insuficiência dos
§1º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelos
trabalhos de pesquisa ou deficiência técnica na sua elaboração;  (Redação
requerentes da concessão de lavra, consoante as peculiaridades de cada
dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
caso. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
III - arquivamento do relatório, quando ficar demonstrada a inexistência de
§2º Para determinação da prioridade à outorga da concessão de lavra, serão,
jazida, passando a área a ser livre para futuro requerimento, inclusive com
conjuntamente, apreciados os requerimentos protocolizados dentro do
acesso do interessado ao relatório que concluiu pela referida inexistência de
prazo que for convenientemente fixado no Edital, definindo-se, dentre estes,
jazida; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
como prioritário, o pretendente que a juízo do Departamento Nacional da
IV - sobrestamento da decisão sobre o relatório, quando ficar caracterizada a
Produção Mineral - D. N. P. M. - melhor atender aos interesses específicos do
impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra,
setor minerário. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)
conforme previsto no inciso III do art. 23. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de
1996) Art. 33 Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma substância mineral
§1° Na hipótese prevista no inciso IV deste artigo, o DNPM fixará prazo para o em áreas contíguas, ou próximas, o titular ou titulares das autorizações, poderão,
a critério do D.N.P.M., apresentar um plano único de pesquisa e também um só
interessado apresentar novo estudo da exequibilidade técnico-econômica da
Relatório dos trabalhos executados, abrangendo todo o conjunto.
lavra, sob pena de arquivamento do relatório. (Incluído dada pela Lei nº 9.314,
de 1996) Art. 34 Sempre que o Governo cooperar com o titular da autorização nos trabalhos de
§2° Se, no novo estudo apresentado, não ficar demonstrada a exequibilidade pesquisa, será reembolsado das despesas, de acordo com as condições estipuladas
técnico-econômica da lavra, o DNPM poderá conceder ao interessado, no ajuste de cooperação técnica celebrado entre o D.N.P.M. e o titular.
sucessivamente, novos prazos, ou colocar a área em disponibilidade, na forma Art. 35 A importância correspondente às despesas reembolsadas a que se refere o artigo
do art. 32, se entender que terceiro poderá viabilizar a eventual lavra. (Incluído anterior será recolhida ao Banco do Brasil S/A, pelo titular, à conta do “Fundo
dada pela Lei nº 9.314, de 1996) Nacional de Mineração - Parte Disponível.
§3° Comprovada a exequibilidade técnico-econômica da lavra, o DNPM proferirá,
ex officio ou mediante provocação do interessado, despacho de aprovação
do relatório. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de 1996) CAPÍTULO III
Da Lavra
Art. 31 O titular, uma vez aprovado o Relatório, terá 1 (hum) ano para requerer a concessão
de lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa concessão, na Art. 36 Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o
forma deste Código. aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis
que contiver, até o beneficiamento das mesmas.
Parágrafo único. O DNPM poderá prorrogar o prazo referido no caput, por igual
período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada antes de findar-se o Art. 37 Na outorga da lavra, serão observadas as seguintes condições:
prazo inicial ou a prorrogação em curso. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
I - a jazida deverá estar pesquisada, com o Relatório aprovado pelo D.N.P.M.;
Art. 32 Findo o prazo do artigo anterior, sem que o titular, ou seu sucessor, haja requerido II - a área de lavra será a adequada à condução técnico-econômica dos trabalhos
concessão de lavra, caducará seu direito, cabendo ao Diretor-Geral do Departamento de extração e beneficiamento, respeitados os limites da área de pesquisa.
Nacional da Produção Mineral - D. N. P. M. - mediante Edital publicado no Diário Oficial

94 95
Parágrafo único. Não haverá restrições quanto ao número de concessões  Art. 39 O plano de aproveitamento econômico da jazida será apresentado em duas vias e
outorgadas a uma mesma empresa. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) constará de:
Art. 38 O requerimento de autorização de lavra será dirigido ao Ministro das Minas e Energia, I - Memorial explicativo;
pelo titular da autorização de pesquisa, ou seu sucessor, e deverá ser instruído com
II - Projetos ou anteprojetos referentes;
os seguintes elementos de informação e prova:
a) ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência à escala de
I- certidão de registro, no Departamento Nacional de Registro do Comércio, da
produção prevista inicialmente e à sua projeção;
entidade constituída; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
b) à iluminação, ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho,
II - designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação do Alvará de
quando se tratar de lavra subterrânea;
Pesquisa outorgado, e de aprovação do respectivo Relatório;
c) ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do
III - denominação e descrição da localização do campo pretendido para a lavra,
minério;
relacionando-o, com precisão e clareza, aos vales dos rios ou córregos,
d) às instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento
constantes de mapas ou plantas de notória autenticidade e precisão, e estradas
de ar;
de ferro e rodovias, ou , ainda, a marcos naturais ou acidentes topográficos
e) à higiene da mina e dos respectivos trabalhos;
de inconfundível determinação; suas confrontações com autorização de
f) às moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que
pesquisa e concessões de lavra vizinhas, se as houver, e indicação do Distrito,
residem no local da mineração;
Município, Comarca e Estado, e, ainda, nome e residência dos proprietários do
g) às instalações de captação e proteção das fontes, adução, distribuição e
solo ou posseiros;
utilização da água, para as jazidas da Classe VIII.
IV - definição gráfica da área pretendida, delimitada por figura geométrica formada,
obrigatoriamente, por segmentos de retas com orientação Norte-Sul e Leste- Art.40 O dimensionamento das instalações e equipamentos previstos no plano de
Oeste verdadeiros, com 2 (dois) de seus vértices, ou excepcionalmente 1 aproveitamento econômico da jazida, deverá ser condizente com a produção
(um), amarrados a ponto fixo e inconfundível do terreno, sendo os vetores justificada no Memorial Explicativo, e apresentar previsão das ampliações futuras.
de amarração definidos por seus comprimentos e rumos verdadeiros, e Art. 41 O requerimento será numerado e registrado cronologicamente, no D.N.P.M.,
configuradas, ainda, as propriedades territoriais por ela interessadas, com os por processo mecânico, sendo juntado ao processo que autorizou a respectiva
nomes dos respectivos superficiários, além de planta de situação; pesquisa.
V - servidões de que deverá gozar a mina;
§1º Ao interessado será fornecido recibo com as indicações do protocolo e
VI - plano de aproveitamento econômico da jazida, com descrição das instalações
menção dos documentos apresentados.
de beneficiamento;
§2º Quando necessário cumprimento de exigência para menor instrução do
VII - prova de disponibilidade de fundos ou da existência de compromissos de
processo, terá o requerente o prazo de 60 (sessenta) dias para satisfazê-las.
financiamento, necessários para execução do plano de aproveitamento
§3° Poderá esse prazo ser prorrogado, até igual período, a juízo do Diretor-Geral do
econômico e operação da mina.
D.N.P.M., desde que requerido dentro do prazo concedido para cumprimento
Parágrafo único. Quando tiver por objeto área situada na faixa de fronteira, a das exigências. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
concessão de lavra fica ainda sujeita aos critérios e condições estabelecidas em §4° Se o requerente deixar de atender, no prazo próprio, as exigências formuladas
lei. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) para melhor instrução do processo, o pedido será indeferido, devendo o
D.N.P.M. declarar a disponibilidade da área, para fins de requerimento de

96 97
concessão de lavra, na forma do art. 32. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de precisamente nos pontos indicados no Decreto de Concessão, dando-se, em
1996) seguida, ao concessionário, a Posse da jazida.
§1º Do que ocorrer, o representante do D.N.P.M lavrará termo, que assinará com o
Art. 42 A autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou
titular da lavra, testemunhas e concessionários das minas limítrofes, presentes
comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo
do Governo. Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo ao ato.
a indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja §2º Os marcos deverão ser conservados bem visíveis e só poderão ser mudados
sido aprovado o Relatório. com autorização expressa do D.N.P.M.

Art. 43 A concessão de lavra terá por título uma portaria assinada pelo Ministro de Estado Art. 46 Caberá recurso ao Ministro das Minas e Energia contra a Imissão de Posse, dentro
de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) de 15 (quinze) dias, contados da data do ato de imissão.

Art. 44 O titular da concessão de lavra requererá ao D.N.P.M., a Posse da Jazida, dentro de Parágrafo único. O recurso, se provido, anulará a Imissão de Posse.
90 (noventa) dias a contar da data da publicação do respectivo Decreto no Diário Art. 47 Ficará obrigado o titular da concessão, além das condições gerais que constam
Oficial da União. deste Código, ainda, às seguintes, sob pena de sanções previstas no Capítulo V:
§1º O titular pagará uma taxa de emolumentos correspondente a 5 (cinco) I - iniciar os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de 6 (seis)
máximos salários mínimos, a qual será recolhida ao Banco do Brasil S. A., à meses, contados da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário
conta «Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível». Oficial da União, salvo motivo de força maior, a juízo do D.N.P.M.;
§2º A data da Imissão de Posse da jazida será fixada pelo D.N.P.M., depois de II - Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo D.N.P.M., e cuja
recebido o requerimento, dela tomando conhecimento o interessado por segunda via, devidamente autenticada, deverá ser mantida no local da mina;
ofício e por publicação de edital no Diário Oficial da União. III - Extrair somente as substâncias minerais indicadas no Decreto de Concessão;
§3º O interessado fica obrigado a preparar o terreno e tudo quanto for necessário IV - Comunicar imediatamente ao D.N.P.M. o descobrimento de qualquer outra
para que o ato de Imissão de Posse se realize na data fixada. substância mineral não incluída no Decreto de Concessão;
Art. 44 O titular da concessão de lavra requererá ao DNPM a Posse da Jazida, dentro de V - Executar os trabalhos de mineração com observância das normas
noventa dias a contar da data da publicação da respectiva portaria no Diário Oficial regulamentares;
da União. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) VI - Confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de lavra a técnico
legalmente habilitado ao exercício da profissão;
Parágrafo único. O titular pagará uma taxa de emolumentos correspondente a
VII - Não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior
quinhentas UFIR. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
da jazida;
Art. 45 A imissão de Posse processar-se-á do modo seguinte: VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta ou
I - serão intimados, por meio de ofício ou telegrama, os concessionários das indiretamente, da lavra;
minas limítrofes se as houver. Com 8 (oito) dias de antecedência, para que, IX - Promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local;
por si ou seus representantes possam presenciar o ato, e, em especial, assistir X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e
à demarcação; e, prejuízos aos vizinhos;
II - no dia e hora determinados, serão fixados, definitivamente, os marcos dos XI - Evitar poluição do Art., ou da água, que possa resultar dos trabalhos de
limites da jazida que o concessionário terá para esse fim preparado, colocados mineração;

98 99
XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo os propor as necessárias alterações ao D.N.P.M., para exame e eventual aprovação do
preceitos técnicos quando se tratar de lavra de jazida da Classe VIII; novo plano.
XIII - Tomar as providências indicadas pela Fiscalização dos órgãos Federais;
Art. 52 A lavra, praticada em desacordo com o plano aprovado pelo D.N.P.M., sujeita
XIV - Não suspender os trabalhos de lavra, sem prévia comunicação ao D.N.P.M.; o concessionário a sanções que podem ir gradativamente da advertência à
XV - Manter a mina em bom estado, no caso de suspensão temporária dos caducidade.
trabalhos de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;
Art. 53 A critério do D.N.P.M., várias concessões de lavra de um mesmo titular e da mesma
XVI - Apresentar ao Departamento Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - até
substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada,
o dia 15 (quinze) de março de cada ano, relatório das atividades realizadas no
poderão ser reunidas em uma só unidade de mineração, sob a denominação de
ano anterior. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)
Grupamento Mineiro.
Parágrafo único. Para o aproveitamento, pelo concessionário de lavra, de substâncias
Parágrafo único. O concessionário de um Grupamento Mineiro, a juízo do D.N.P.M.,
referidas no item IV, deste artigo, será necessário aditamento ao seu título de lavra.
poderá concentrar as atividades da lavra em uma ou algumas das concessões
Art. 48 Considera-se ambiciosa, a lavra conduzida sem observância do plano agrupadas contanto que a intensidade da lavra seja compatível com a importância
preestabelecido, ou efetuada de modo a impossibilitar o ulterior aproveitamento da reserva total das jazidas agrupadas.
econômico da jazida.
Art. 54 Em zona que tenha sido declarada Reserva Nacional de determinada substância
Art. 49 Os trabalhos de lavra, uma vez iniciados, não poderão ser interrompidos por mais de mineral, o Governo poderá autorizar a pesquisa ou lavra de outra substância mineral,
6 (seis) meses consecutivos, salvo motivo comprovado de força maior. sempre que os trabalhos relativos à autorização solicitada forem compatíveis e
Art. 50 O Relatório Anual das atividades realizadas no ano anterior deverá conter, entre independentes dos referentes à substância da Reserva e mediante condições
outros, dados sobre os seguintes tópicos: especiais, de conformidade com os interesses da União e da economia nacional.

I - Método de lavra, transporte e distribuição no mercado consumidor, das Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se também a áreas específicas
que estiverem sendo objeto de pesquisa ou de lavra sob regime de monopólio.
substâncias minerais extraídas;
II - Modificações verificadas nas reservas, características das substâncias Art. 55 Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações, limitações e efeitos dela
minerais produzidas, inclusive o teor mínimo economicamente compensador decorrentes, quando o concessionário a alienar ou gravar, na forma da lei.
e a relação observada entre a substância útil e o estéril;
§1º Os atos de alienação ou oneração só terão validade depois de averbados no
III - Quadro mensal, em que figurem, pelo menos, os elementos de: produção,
DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
estoque, preço médio de venda, destino do produto bruto e do beneficiado,
§2º A concessão de lavra somente é transmissível a quem for capaz de exercê-la
recolhimento do Imposto Único e o pagamento do Dízimo do proprietário;
de acordo com as disposições deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.085,
IV - Número de trabalhadores da mina e do beneficiamento;
de 1982)
V - Investimentos feitos na mina e nos trabalhos de pesquisa;
§3º As dívidas e gravames constituídos sobre a concessão resolvem-se com
VI - Balanço anual da Empresa.
extinção desta, ressalvada a ação pessoal contra o devedor. (Incluído pela Lei
Art. 51 Quando o melhor conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra nº 7.085, de 1982)
justificar mudanças no plano de aproveitamento econômico, ou as condições do
mercado exigirem modificações na escala de produção, deverá o concessionário

100 101
§4º Os credores não têm ação alguma contra o novo titular da concessão CAPÍTULO IV
extinta, salvo se esta, por qualquer motivo, voltar ao domínio do primitivo Das Servidões
concessionário devedor. (Incluído pela Lei nº 7.085, de 1982)
Art. 59 Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo, para os fins de pesquisa ou lavra, não
Art. 56 A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais concessões só a propriedade onde se localiza a jazida, como as limítrofes. (Renumerado do Art.
distintas, a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM, se o 60 para Art. 59 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
fracionamento não comprometer o racional aproveitamento da jazida e desde que
Parágrafo único. Instituem-se Servidões para:
evidenciadas a viabilidade técnica, a economicidade do aproveitamento autônomo
das unidades mineiras resultantes e o incremento da produção da jazida. (Redação a) construção de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias;
dada pela Lei nº 7.085, de 1982) b) abertura de vias de transporte e linhas de comunicações;
c) captação e adução de água necessária aos serviços de mineração e ao
Parágrafo único. O desmembramento será pleiteado pelo concessionário,
pessoal;
conjuntamente com os pretendentes às novas concessões, se for o caso, em
d) transmissão de energia elétrica;
requerimento dirigido ao Ministro das Minas e Energia, entregue mediante recibo no
e) escoamento das águas da mina e do engenho de beneficiamento;
Protocolo do DNPM, onde será mecanicamente numerado e registrado, devendo
f) abertura de passagem de pessoal e material, de conduto de ventilação e de
conter, além de memorial justificativo, os elementos de instrução referidos no artigo
energia elétrica;
38 deste Código, relativamente a cada uma das concessões propostas. (Redação
g) utilização das aguadas sem prejuízo das atividades pré-existentes; e,
dada pela Lei nº 7.085, de 1982)
h) bota-fora do material desmontado e dos refugos do engenho.
Art. 57 No curso de qualquer medida judicial não poderá haver embargo ou sequestro que
Art. 60 Instituem-se as Servidões mediante indenização prévia do valor do terreno
resulte em interrupção dos trabalhos de lavra.
ocupado e dos prejuízos resultantes dessa ocupação. (Renumerado do Art. 61 para
Art. 58 Poderá o titular da portaria de concessão de lavra, mediante requerimento Art. 60 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
justificado ao Ministro de Estado de Minas e Energia, obter a suspensão temporária
§1º Não havendo acordo entre as partes, o pagamento será feito mediante
da lavra, ou comunicar a renúncia ao seu título. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
1996) depósito judicial da importância fixada para indenização, através de vistoria
ou perícia com arbitramento, inclusive da renda pela ocupação, seguindo-se o
§ 1º Em ambos os casos, o requerimento será acompanhado de um relatório dos competente mandado de imissão de posse na área, se necessário.
trabalhos efetuados e do estado da mina, e suas possibilidades futuras. §2º O cálculo da indenização e dos danos a serem pagos pelo titular da autorização
§ 2º Somente após verificação «in loco» por um de seus técnicos, emitirá o D.N.P.M. de pesquisas ou concessão de lavra, ao proprietário do solo ou ao dono das
parecer conclusivo para decisão do Ministro das Minas e Energia. benfeitorias, obedecerá às prescrições contidas no Artigo 27 deste Código, e
§ 3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, ou efetivada a renúncia, seguirá o rito estabelecido em Decreto do Governo Federal.
caberá ao D.N.P.M. sugerir ao Ministro das Minas e Energia medidas que se
Art. 61 Se, por qualquer motivo independente da vontade do indenizado, a indenização
fizerem necessárias à continuação dos trabalhos e a aplicação de sanções, se
tardar em lhe ser entregue, sofrerá, a mesma, a necessária correção monetária,
for o caso.
cabendo ao titular da autorização de pesquisa ou concessão de lavra, a obrigação
de completar a quantia arbitrada. (Renumerado do Art. 62 para Art. 61 pelo Decreto-
lei nº 318, de 1967)

102 103
Art. 62 Não poderão ser iniciados os trabalhos de pesquisa ou lavra, antes de a) caracterização formal do abandono da jazida ou mina;
paga a importância à indenização e de fixada a renda pela ocupação do b) não cumprimento dos prazos de início ou reinício dos trabalhos de pesquisa
terreno. (Renumerado do Art. 63 para Art. 62 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) ou lavra, apesar de advertência e multa;
c) prática deliberada dos trabalhos de pesquisa em desacordo com as condições
constantes do título de autorização, apesar de advertência ou multa;
CAPÍTULO V
d) prosseguimento de lavra ambiciosa ou de extração de substância não
Das Sanções e das Nulidades
compreendida no Decreto de Lavra, apesar de advertência e multa; e,
Art. 63 O não cumprimento das obrigações decorrentes das autorizações de pesquisa, das e) não atendimento de repetidas observações da fiscalização, caracterizado pela
permissões de lavra garimpeira, das concessões de lavra e do licenciamento implica, terceira reincidência, no intervalo de 1 (hum) ano, de infrações com multas.
dependendo da infração, em: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) §1º Extinta a concessão de lavra, caberá ao Diretor-Geral do Departamento
Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - mediante Edital publicado no Diário
I- advertência;  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
Oficial da União, declarar a disponibilidade da respectiva área, para fins de
II - multa; e (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
requerimento de autorização de pesquisa ou de concessão de lavra. (Incluído
III - caducidade do título. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
pela Lei nº 6.403, de 1976)
§1º As penalidades de advertência, multa e de caducidade de autorização de
§2º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelo
pesquisa serão de competência do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314,
requerente, consoante as peculiaridades de cada caso. (Incluído pela Lei nº
de 1996)
6.403, de 1976)
§2º A caducidade da concessão de lavra será objeto de portaria do Ministro de
§3º Para determinação da prioridade à outorga da autorização de pesquisa, ou da
Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
concessão de lavra, conforme o caso, serão, conjuntamente, apreciados os
§3º A caducidade da concessão de lavra, será objeto de Decreto do Governo
requerimentos protocolizados, dentro do prazo que for conveniente fixado
Federal.
no Edital, definindo-se, dentre estes, como prioritário, o pretendente que,
Art. 64 A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a gravidade das a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - melhor
infrações. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) atender aos interesses específicos do setor minerário. (Incluído pela Lei nº
Art. 64 A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a gravidade das 6.403, de 1976)
infrações.(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
Art. 66 São anuláveis os Alvarás de Pesquisa ou Decretos de Lavra quando outorgados
§1º Em caso de reincidência, a multa será cobrada em dobro; com infringência de dispositivos deste Código. (Renumerado do Art. 67 para Art. 66
§2º O regulamento deste Código definirá o critério de imposição de multas, pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
segundo a gravidade das infrações. § 1º A anulação será promovia «ex-officio” nos casos de:
§3º O valor das multas será recolhido ao Banco do Brasil S. A., em guia própria, à
a) imprecisão intencional da definição das áreas de pesquisa ou lavra; e,
conta do Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível.
b) inobservância do disposto no item I do Art. 22.
Art. 65 Será declarada a caducidade da autorização de pesquisa, ou da concessão de lavra,
desde que verificada quaisquer das seguintes infrações: (Renumerado do Art. 66 § 2º Nos demais casos, e sempre que possível, o D.N.P.M. procurara sanar a
para Art. 65 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) deficiência por via de atos de retificação.

104 105
§ 3º A nulidade poderá ser pleiteada judicialmente em ação proposta por qualquer §6º Somente será admitido 1 (hum) pedido de reconsideração e 1 (hum) recurso.
interessado, no prazo de 1 (hum) ano, a contar da publicação do Decreto de §7º Esgotada a instância administrativa, a execução das medidas determinadas
Lavra no Diário Oficial da União. em decisões superiores não será prejudicada por recursos extemporâneos
pedidos de revisão e outros expedientes protelatórios.
Art. 67 Verificada a causa de nulidade ou caducidade da autorização ou da concessão, salvo
os casos de abandono, o titular não perde a propriedade dos bens que possam ser Art. 69 O processo administrativo para aplicação das sanções de anulação ou caducidade da
retirados sem prejudicar o conjunto da mina. (Renumerado do Art. 68 para Art. 67 concessão de lavra, obedecerá ao disposto no § 1º do artigo anterior. (Renumerado
pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) do Art. 70 para Art. 69 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 68 O Processo Administrativo pela declaração de nulidade ou de caducidade, será §1º Concluídas todas as diligências necessárias à regular instrução do processo,
instaurado “ex-officio” ou mediante denúncia comprovada. (Renumerado do Art. 69 inclusive juntada de defesa ou informação de não haver a mesma sido
para Art. 68 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) apresentada, cópia do expediente de notificação e prova da sua entrega
§1º O Diretor-Geral do D.N.P.M. promoverá a intimação do titular, mediante à parte interessada, o Diretor-Geral do D.N.P.M. encaminhará os autos ao
ofício e por edital, quando se encontrar em lugar incerto e ignorado, para Ministro das Minas e Energia.
apresentação de defesa, dentro de 60 (sessenta) dias contra os motivos §2º Examinadas as peças dos autos, especialmente as razões de defesa oferecidas
arguidos na denuncia ou que deram margem à instauração do processo pela Empresa, o Ministro encaminhará o processo com relatório e parecer
administrativo. conclusivo, ao Presidente da República.
§2º Findo o prazo, com a juntada da defesa ou informação sobre a sua não §3º Da decisão da autoridade superior, poderá a interessada solicitar
apresentação pelo notificado, o processo será submetido à decisão do reconsideração, no prazo improrrogável de 10 (dez) dias, a contar da sua
Ministro das Minas e Energia. publicação no Diário Oficial da União, desde que seja instruído com elementos
§3º Do despacho ministerial declaratório de nulidade ou caducidade da novos que justifiquem reexame da matéria.
autorização de pesquisa, caberá:

a) pedido de reconsideração, no prazo de 15 (quinze) dias; ou CAPÍTULO VI


b) recurso voluntário ao Presidente da República, no prazo de 30 Da Garimpagem, Faiscação e Cata
(trintas) dias, desde que o titular da autorização não tenha solicitado
Art. 70 Considera-se: (Renumerado do Art. 71 para Art. 70 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
reconsideração do despacho, no prazo previsto na alínea anterior.
I - garimpagem, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,
§4º O pedido de reconsideração não atendido, será encaminhado em grau de
aparelhos manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de pedras
recurso, «ex-officio”, ao presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, a
preciosas, semi-preciosas e minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em
contar de seu recebimento, dando-se ciência antecipada ao interessado, que
depósitos de eluvião ou aluvião, nos álveos de cursos d’água ou nas margens
poderá aduzir novos elementos de defesa, inclusive prova documental, as
reservadas, bem como nos depósitos secundários ou chapadas (grupiaras),
quais, se apresentadas no prazo legal, serão recebidas em caráter de recurso.
vertentes e altos de morros; depósitos esses genericamente denominados
§5º O titular de autorização declarada Nula ou Caduca, que se valer da faculdade
garimpos.
conferida pela alínea a do § 3º, deste artigo, não poderá interpor recurso ao
II - faiscação, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,
Presidente da República enquanto aguarda solução Ministerial para o seu
aparelhos manuais ou máquinas simples e portáteis, na extração de metais
pedida de reconsideração.

106 107
nobres nativos em depósitos de eluvião ou aluvião, fluviais ou marinhos, §4º Será apreendido o material de garimpagem, faiscação ou cata quando
depósitos esses genericamente denominados faisqueiras; e, o garimpeiro não possuir o necessário Certificado de Matrícula, sendo o
III - cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos produto vendido em hasta pública e recolhido ao Banco do Brasil S/A, à conta
de garimpagem e faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos do «Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível».
filões e veeiros, a extração de substâncias minerais úteis, sem o emprego de
Art. 74 Dependem de consentimento prévio do proprietário do solo as permissões para
explosivos, e as apure por processos rudimentares.
garimpagem, faiscação ou cata, em terras ou águas de domínio privado. (Renumerado
Art. 71 Ao trabalhador que extrai substâncias minerais úteis, por processo rudimentar do Art. 75 para Art. 74 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
e individual de mineração, garimpagem, faiscação ou cata, denomina-se
Parágrafo único. A contribuição do garimpeiro ajustada com o proprietário do solo
genericamente, garimpeiro. (Renumerado do Art. 72 para Art. 71 pelo Decreto-lei nº
para fazer garimpagem, faiscação, ou cata não poderá exceder o dízimo do valor
318, de 1967)
do imposto único que for arrecadado pela Coletoria Federal da Jurisdição local,
Art. 72 Caracteriza-se a garimpagem, a faiscação e a cata: (Renumerado do Art. 73 para Art. referente à substância encontrada.
72 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
Art. 75 É vedada a realização de trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata, em área
I - pela forma rudimentar de mineração; objeto de autorização de pesquisa ou concessão de lavra. (Redação dada pela Lei
II - pela natureza dos depósitos trabalhados; e, nº 6.403, de 1976)
III - pelo caráter individual do trabalho, sempre por conta própria. Art. 76 Atendendo aos interesses do setor minerário, poderão, a qualquer tempo, ser
Art. 73 Dependem de permissão do Governo Federal, a garimpagem, a faiscação ou a delimitadas determinadas áreas nas quais o aproveitamento de substâncias minerais
cata, não cabendo outro ônus ao garimpeiro, senão o pagamento da menor taxa far-se-á exclusivamente por trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata, consoante
remuneratória cobrada pelas Coletorias Federais a todo aquele que pretender for estabelecido em Portaria do Ministro das Minas e Energia, mediante proposta do
executar esses trabalhos. (Renumerado do Art. 74 para Art. 73 pelo Decreto-lei nº Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produção Mineral. (Redação dada pela
318, de 1967) (Vide Lei nº 7.805, de 1989) Lei nº 6.403, de 1976)

§1º Essa permissão constará de matrícula do garimpeiro, renovada anualmente Art. 77 O imposto único referente às substâncias minerais oriundas de atividades de
nas Coletorias Federais dos Municípios onde forem realizados esses trabalhos, garimpagem, faiscação ou cata, será pago pelos compradores ou beneficiadores
e será válida somente para a região jurisdicionada pela respectiva exatoria que autorizados por Decreto do Governo Federal, de acordo com os dispositivos da lei
a concedeu. específica. (Renumerado do Art. 78 para Art. 77 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§2º A matrícula, que é pessoal, será feita a requerimento verbal do interessado e Art. 78 Por motivo de ordem pública, ou em se verificando malbaratamento de
registrada em livro próprio da Coletoria Federal, mediante a apresentação do determinada riqueza mineral, poderá o Ministro das Minas e Energia, por proposta
comprovante de quitação do imposto sindical e o pagamento da mesma taxa do Diretor-Geral do D.N.P.M., determinar o fechamento de certas áreas às atividades
remuneratória cobrada pela Coletoria. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de garimpagem, faiscação ou cata, ou excluir destas a extração de determinados
de 1967) minerais. (Renumerado do Art. 79 para Art. 78 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
§3º Ao garimpeiro matriculado será fornecido um Certificado de Matrícula, do qual
constará seu retrato, nome, nacionalidade, endereço, e será o documento
CAPÍTULO VII
oficial para o exercício da atividade dentro da zona nele especificada.
Das disposições Finais

108 109
(Renumerado do Capítulo VIII para Capítulo VII, disponibilidade o título representativo do direito minerário decorrente do
com nova redação pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996) desmembramento. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
§3º Em caráter excepcional, ex officio ou por requerimento de parte interessada,
Art. 81 As empresas que pleitearem autorização para pesquisa ou lavra, ou que forem
poderá o DNPM, no interesse do setor mineral, efetuar a limitação de jazida
titulares de direitos minerários de pesquisa ou lavra, ficam obrigadas a arquivar
por superfície horizontal, inclusive em áreas já tituladas. (Incluído pela Lei nº
no DNPM, mediante protocolo, os estatutos ou contratos sociais e acordos de
9.314, de 1996)
acionistas em vigor, bem como as futuras alterações contratuais ou estatutárias,
§4º O DNPM estabelecerá, em portaria, as condições mediantes as quais os
dispondo neste caso do prazo máximo de trinta dias após registro no Departamento
depósitos especificados no  caput  poderão ser aproveitados, bem como
Nacional de Registro de Comércio. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)
os procedimentos inerentes à outorga da respectiva titulação, respeitados
Parágrafo único. O não cumprimento do prazo estabelecido neste artigo ensejará as os direitos preexistentes e as demais condições estabelecidas neste
seguintes sanções: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) artigo. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
I- advertência; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996) Art. 86 Os titulares de concessões e minas próximas ou vizinhas, abertas situadas sobre o
II - multa, a qual será aplicada em dobro no caso de não atendimento das mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permissão para a formação
exigências objeto deste artigo, no prazo de trinta dias da imposição da multa de um Consórcio de Mineração, mediante Decreto do Governo Federal, objetivando
inicial, e assim sucessivamente, a cada trinta dias subsequentes. (Incluído pela incrementar a produtividade da extração ou a sua capacidade. (Renumerado do Art.
Lei nº 9.314, de 1996) 87 para Art. 86 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 83 Aplica-se à propriedade mineral o direito comum, salvo as restrições impostas neste §1º Do requerimento pedindo a constituição do Consórcio de Mineração, deverá
Código. (Renumerado do Art. 84 para Art. 83 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) constar:
Art. 84 A Jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a I - Memorial justificativo dos benefícios resultantes da formação do
propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui. (Renumerado Consórcio, com indicação dos recursos econômicos e financeiros de que
do Art. 85 para Art. 84 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) disporá a nova entidade;
Art. 85 O limite subterrâneo da jazida ou mina é o plano vertical coincidente com o II - Minuta dos Estatutos do Consórcio, plano de trabalhos a realizar,
perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional, a fixação de enumeração das providências e favores que esperam merecer do Poder
limites em profundidade por superfície horizontal. (Redação dada pela Lei nº 9.314, Público.
de 1996)
§ 2º A nova entidade, Consórcio de Mineração, ficará sujeita a condições fixadas
§1º A iniciativa de propor a fixação de limites no plano horizontal da concessão em Caderno de Encargos, anexado ao ato institutivo da concessão e que será
poderá ser do titular dos direitos minerários preexistentes ou do DNPM, ex elaborado por Comissão especificamente nomeada.
officio, cabendo sempre ao titular a apresentação do plano dos trabalhos
Art. 87 Não se impedirá por ação judicial de quem quer que seja, o prosseguimento da
de pesquisa, no prazo de noventa dias, contado da data de publicação da
pesquisa ou lavra. (Renumerado do Art. 88 para Art. 87 pelo Decreto-lei nº 318, de
intimação no Diário Oficial da União, para fins de prioridade na obtenção do 1967)
novo título. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)
Parágrafo único. Após a decretação do litígio, será procedida a necessária vistoria “ad
§2º Em caso de inobservância pelo titular de direitos minerários preexistentes
perpetuam rei memoriam” a fim de evitar-se solução de continuidade dos trabalhos.
no prazo a que se refere o parágrafo anterior, o DNPM poderá colocar em

110 111
Art. 88 Ficam sujeitas à fiscalização direta do D.N.P.M. todas as atividades concernentes à §4º A permissão do Reconhecimento Geológico terá caráter precário, e atribui
mineração, comércio e à industrialização de matérias-primas minerais, nos limites à Empresa tão somente o direito de prioridade para obter a autorização de
estabelecidos em Lei. (Renumerado do Art. 89 para Art. 88 pelo Decreto-lei nº 318, pesquisa dentro da região permissionária, desde que requerida no prazo
de 1967) estipulado no parágrafo anterior, obedecidos os limites de áreas previstas no
Parágrafo único. Exercer-se-á fiscalização para o cumprimento integral das Art. 25.
disposições legais, regulamentares ou contratuais. §5º A Empresa de Mineração fica obrigada a apresentar ao D.N.P.M. os resultados
do Reconhecimento procedido, sob pena de sanções.
Art. 90 Quando se verificar em jazida em lavra a concorrência de minerais radioativos ou
apropriados ao aproveitamento dos misteres da produção de energia nuclear, a Art. 92 O DNPM manterá registros próprios dos títulos minerários. (Redação dada pela Lei
concessão, só será mantida caso o valor econômico da substância mineral, objeto do nº 9.314, de 1996)
decreto de lavra, seja superior ao dos minerais nucleares que contiver. (Renumerado Art. 93 Serão publicados no Diário Oficial da União os alvarás de pesquisa, as portarias de
do Art. 91 para Art. 90 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) lavra e os demais atos administrativos deles decorrentes. (Redação dada pela Lei nº
§2º Quando a inesperada ocorrência de minerais radioativos e nucleares 9.314, de 1996)
associados suscetíveis de aproveitamento econômico predominar sobre Parágrafo Único - A publicação de editais em jornais particulares, é também feita
a substância mineral constante do título de lavra, a mina poderá ser à custa dos requerentes e por eles próprios promovidos, devendo ser enviado
desapropriada. prontamente um exemplar ao D.N.P.M. para anexação ao respectivo processo.
§3º Os titulares de autorizações de pesquisa, ou de concessões de lavra,
Art. 94 Será sempre ouvido o D.N.P.M. quando o Governo Federal tratar de qualquer
são obrigados a comunicar, ao Ministério das Minas e Energia, qualquer
assunto referente à matéria-prima mineral ou ao seu produto. (Renumerado do Art.
descoberta que tenham feito de minerais radioativos ou nucleares associados
95 para Art. 94 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)
à substância mineral mencionada respectivo título, sob pena de sanções.
Art. 95 Continuam em vigor as autorizações de pesquisa e concessões de lavra outorgadas
Art. 91 A Empresa de Mineração que, comprovadamente, dispuser do recurso dos métodos
na vigência da legislação anterior, ficando, no entanto, sua execução sujeita a
de prospecção aérea, poderá pleitear permissão para realizar Reconhecimento
observância deste Código. (Renumerado do Art. 96 para Art. 95 pelo Decreto-lei nº
Geológico por estes métodos, visando obter informações preliminares regionais
318, de 1967)
necessárias à formulação de requerimento de autorização de pesquisa, na forma
do que dispuser o Regulamento deste Código. (Renumerado do Art. 92 para Art. 91 Art. 96 A lavra de jazida ser organizada e conduzida na forma da Constituição.  (Incluído pelo
pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 97 O Governo Federal expedirá os Regulamentos necessários à execução deste


§1º As regiões assim permissionárias não se subordinam aos previstas no Art. 25
Código, inclusive fixando os prazos de tramitação dos processos.
deste Código.
§2º A permissão será dada por autorização expressa do Diretor-Geral do D.N.P.M., Art. 98 Esta Lei entrará em vigor no dia 15 de março de 1967, revogadas as disposições em
com prévio assentimento do Conselho de Segurança Nacional. contrário.
§3º A permissão do Reconhecimento Geológico será outorgada pelo prazo Brasília, 28 de fevereiro de 1967; 146º da Independência e 79º da República.
máximo e improrrogável de 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação
H. CASTELLO BRANCO
no Diário Oficial.
Octavio Bulhões | Mauro Thibau | Edmar de Souza

112 113
REGULAMENTO DO CÓDIGO
II - a utilidade pública.
Parágrafo único. As jazidas minerais são caracterizadas:

DE MINERAÇÃO
I - por sua rigidez locacional;
II - por serem finitas; e
III - por possuírem valor econômico.

Seção I
Da competência da União e da Agência Nacional de Mineração
DECRETO Nº 9.406, DE 12 DE JUNHO DE 2018
Art. 3º Compete à União organizar a administração dos recursos minerais, a indústria de
produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais.
DOU DE 13 DE JUNHO DE 2018
Parágrafo único. A organização a que se refere o caput inclui, entre outros aspectos,
a formulação de políticas públicas para a pesquisa, a lavra, o beneficiamento, a
Regulamenta o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de comercialização e o uso dos recursos minerais.
1967, a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, a Lei nº
Art. 4º Compete à Agência Nacional de Mineração - ANM observar e implementar as
7.805, de 18 de julho de 1989, e a Lei nº 13.575, de 26 de orientações, as diretrizes e as políticas estabelecidas pelo Ministério de Minas e
dezembro de 2017. Energia e executar o disposto no Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração,
e nas normas complementares.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso Seção II
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de Da atividade de mineração, da jazida e da mina
1967,
Art. 5º A atividade de mineração abrange a pesquisa, a lavra, o desenvolvimento da mina,
o beneficiamento, a comercialização dos minérios, o aproveitamento de rejeitos e
estéreis e o fechamento da mina.
DECRETA:
§1º Independe de concessão o aproveitamento de minas manifestadas e
Art. 1º Este Decreto regulamenta o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967 -Código de registradas, as quais são sujeitas às condições que o Decreto-Lei nº 227, de
Mineração, a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, a Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989, e 1967 - Código de Mineração, este Decreto e a legislação correlata estabelecem
parte da Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017. para a lavra, a tributação e a fiscalização das minas concedidas.
§2º O exercício da atividade de mineração implica a responsabilidade do
minerador pela recuperação ambiental das áreas degradadas.
CAPÍTULO I §3º O fechamento da mina pode incluir, entre outros aspectos, os seguintes:
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
I - a recuperação ambiental da área degradada;
Art. 2º São fundamentos para o desenvolvimento da mineração: II - a desmobilização das instalações e dos equipamentos que componham
I - o interesse nacional; e a infraestrutura do empreendimento;

114 115
III - a aptidão e o propósito para o uso futuro da área; e II - área objeto de requerimento anterior de autorização de pesquisa, exceto se
IV - o monitoramento e o acompanhamento dos sistemas de disposição de este for indeferido de plano, sem oneração de área;
rejeitos e estéreis, da estabilidade geotécnica das áreas mineradas e das III - área objeto de requerimento anterior de concessão de lavra ou de permissão
áreas de servidão, do comportamento do aquífero e da drenagem das de lavra garimpeira;
águas. IV - área objeto de requerimento anterior de registro de licença, ou vinculada a
licença, cujo registro seja requerido no prazo de trinta dias, contado da data
Art. 6º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:
de sua expedição;
I - jazida - toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, que aflore à V - área objeto de requerimento anterior de registro de extração, exceto se
superfície ou que já exista no solo, no subsolo, no leito ou no subsolo do mar houver anuência do órgão ou da entidade da administração pública que
territorial, da zona econômica exclusiva ou da plataforma continental e que apresentou o requerimento anterior;
tenha valor econômico; e VI - área vinculada a requerimento anterior de prorrogação de autorização de
II - mina - a jazida em lavra, ainda que suspensa. pesquisa, permissão de lavra garimpeira ou de registro de licença, apresentado
§1º A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, e não abrange a tempestivamente, pendente de decisão;
propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui. VII - área vinculada a autorização de pesquisa nas seguintes condições:
§2º O limite subterrâneo da jazida ou da mina é o plano vertical coincidente com
a) sem relatório final de pesquisa tempestivamente apresentado;
o perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional,
b) com relatório final de pesquisa apresentado tempestivamente, mas
a fixação de limites em profundidade por superfície horizontal, a ser
pendente de decisão;
implementada na forma prevista no art. 85 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 -
c) com sobrestamento da decisão sobre o relatório final de pesquisa
Código de Mineração, e em Resolução da ANM.
apresentado tempestivamente, nos termos do disposto no art.
Seção III 30,  caput, inciso IV, do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de
Do direito de prioridade e da área livre Mineração; ou
d) com relatório final de pesquisa apresentado tempestivamente, mas não
Art. 7º Ao interessado cujo requerimento de direito minerário tenha por objeto área
aprovado nos termos do disposto no art. 30, caput, inciso II, do Decreto-
considerada livre para a finalidade pretendida na data da protocolização do
Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração;
requerimento na ANM é assegurado o direito de prioridade para a obtenção do
título minerário, atendidos os demais requisitos estabelecidos no Decreto-Lei nº VIII - área vinculada a autorização de pesquisa, com relatório final de pesquisa
227, de 1967 - Código de Mineração, neste Decreto e na legislação correlata. aprovado, ou na vigência do direito de requerer a concessão da lavra, atribuído

Art. 8º Será considerada livre a área que não se enquadre em quaisquer das seguintes nos termos do disposto do art. 31 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de
hipóteses: Mineração; e
IX - área que aguarda declaração de disponibilidade ou declarada em
I - área vinculada a autorização de pesquisa, registro de licença, concessão
disponibilidade nos termos do disposto no art. 45.
da lavra, manifesto de mina, permissão de lavra garimpeira, permissão de
§1º O requerimento será indeferido pela ANM se a área pretendida não for
reconhecimento geológico ou registro de extração a que se refere o art. 13,
considerada livre.
parágrafo único, inciso I;
§2º Na hipótese de interferência parcial da área objeto do requerimento com área
onerada nas circunstâncias referidas nos incisos I a VIII do caput, o requerente

116 117
será notificado para manifestar interesse pela área remanescente, conforme §6º A exequibilidade do aproveitamento econômico, objeto do relatório final de
disposto em Resolução da ANM. pesquisa a que se refere o art. 25, decorrerá do estudo econômico preliminar
do empreendimento mineiro baseado nos custos da produção, dos fretes
Seção IV
e do mercado, nos recursos medidos e indicados, no plano conceitual da
Dos conceitos de pesquisa, lavra, lavra garimpeira e licenciamento
mina e nos fatores modificadores disponíveis ou considerados à época da
Art. 9º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se pesquisa mineral a execução dos elaboração do relatório, com base no fluxo de caixa simplificado do futuro
trabalhos necessários à definição da jazida, à sua avaliação e à determinação da empreendimento conforme definido e disciplinado por Resolução da ANM.
exequibilidade de seu aproveitamento econômico. §7º Encerrado o prazo da autorização de pesquisa e apresentado o relatório de
pesquisa, o titular, ou o seu sucessor, poderá dar continuidade aos trabalhos,
§1º A pesquisa mineral compreende, entre outros, os seguintes trabalhos de
inclusive em campo, com vistas ao melhor detalhamento da jazida e à
campo e de laboratório:
conversão dos recursos medido ou indicado em reservas provada e provável,
I - levantamentos geológicos pormenorizados da área a ser pesquisada, a ser futuramente considerada no plano de aproveitamento econômico e
em escala conveniente; para o planejamento adequado do empreendimento.
II - estudos dos afloramentos e suas correlações; §8º Os trabalhos a que se refere o § 7º não incluem a extração de recursos
III - levantamentos geofísicos e geoquímicos; minerais, exceto mediante autorização prévia da ANM, observada a legislação
IV - aberturas de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo ambiental pertinente, nos termos do disposto no art. 24.
mineral; §9º Os dados obtidos em razão dos trabalhos a que se refere o § 7º não poderão
V - amostragens sistemáticas; ser utilizados para retificação ou complementação das informações contidas
VI - análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de no relatório final de pesquisa.
sondagens; e
Art. 10 Considera-se lavra o conjunto de operações coordenadas com o objetivo de
VII - ensaios de beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais
aproveitamento da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que
úteis, para obtenção de concentrados de acordo com as especificações
contiver até o beneficiamento destas.
do mercado ou para aproveitamento industrial.
§1º As operações coordenadas a que se refere o  caput  incluem, entre outras,
§2º A definição da jazida resultará da coordenação, da correlação e da
o planejamento e o desenvolvimento da mina, a remoção de estéril, o
interpretação dos dados colhidos nos trabalhos executados e conduzirá a
desmonte de rochas, a extração mineral, o transporte do minério dentro
uma medida das reservas e dos teores dos minerais encontrados.
da mina, o beneficiamento e a concentração do minério, a deposição e o
§3º Considera-se reserva mineral a porção de depósito mineral a partir da qual um
aproveitamento econômico do rejeito, do estéril e dos resíduos da mineração
ou mais bens minerais podem ser técnica e economicamente aproveitados.
e a armazenagem do produto mineral.
§4º A reserva mineral se classifica em recursos inferido, indicado e medido e em
§2º O Ministério de Minas e Energia e a ANM estimularão os empreendimentos
reservas provável e provada, conforme definidos em Resolução da ANM,
destinados a aproveitar rejeito, estéril e resíduos da mineração, inclusive
necessariamente com base em padrões internacionalmente aceitos de
mediante aditamento ao título por meio de procedimento simplificado.
declaração de resultados.
§3º A ANM disciplinará em Resolução o aproveitamento do rejeito, do estéril e dos
§5º A ANM estabelecerá em Resolução o padrão de declaração de resultados
resíduos da mineração.
para substâncias que não se enquadrem no disposto no § 4º.

118 119
Art. 11 Considera-se lavra garimpeira o aproveitamento imediato de substância mineral Ministro de Estado de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas
garimpável, compreendido o material inconsolidado, exclusivamente nas formas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor
aluvionar, eluvionar e coluvial, que, por sua natureza, seu limite espacial, sua nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização; e
localização e sua utilização econômica, possa ser lavrado, independentemente de II - trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais  in
trabalhos prévios de pesquisa, segundo os critérios estabelecidos pela ANM. natura que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte e a obras
Art. 12 Considera-se licenciamento o aproveitamento das substâncias minerais a que se gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização
refere o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, que, por sua natureza, seu limite espacial das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu
e sua utilização econômica, possa ser lavrado, independentemente de trabalhos aproveitamento restrito à utilização na própria obra.
prévios de pesquisa. Art. 14 O requerimento de autorização de pesquisa, de permissão de lavra garimpeira ou
de registro de licença terá por objeto apenas um polígono, que deverá ficar adstrito
à área máxima estabelecida em Resolução da ANM, sob pena de indeferimento
CAPÍTULO II
sem oneração de área.
DOS REGIMES DE APROVEITAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
Art. 15 O título minerário será recusado ou revogado se a atividade minerária for
Seção I considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem
Disposições gerais a utilidade da exploração industrial do recurso mineral, a critério do Ministério de
Minas e Energia ou da ANM, conforme o caso.
Art. 13 Os regimes de aproveitamento de recursos minerais são:

I - regime de concessão, quando depender de Portaria do Ministro de Estado Seção II


de Minas e Energia ou quando outorgada pela ANM, se tiver por objeto as Do regime de autorização

substâncias minerais de que trata o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978;


Subseção I
II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará pela ANM;
Do requerimento de autorização de pesquisa
III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em
obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença na Art. 16 A autorização de pesquisa será outorgada a brasileiro, sociedade empresária
ANM; constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no País ou a
IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de permissão cooperativa, mediante requerimento à ANM, que deverá conter os elementos
expedida pela ANM; e de instrução constantes do art. 16 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de
V - regime de monopolização, quando, em decorrência de lei especial, depender Mineração, e atender aos requisitos estabelecidos em Resolução da ANM.
de execução direta ou indireta do Poder Executivo federal. Parágrafo único. É admitida a desistência total ou parcial do requerimento de
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos: autorização de pesquisa, conforme dispuser Resolução da ANM.

I - órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Art. 17 Será indeferido de plano pela ANM, sem oneração de área, o requerimento de
Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida, por meio de registro de autorização de pesquisa desacompanhado de quaisquer dos elementos de
extração, a ser disciplinado em Resolução da ANM, a extração de substâncias instrução referidos no do art. 16 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de
Mineração.
minerais de emprego imediato na construção civil, definidas em Portaria do

120 121
Art. 18 A ANM poderá formular exigência sobre dados complementares ou elementos II - a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de o prazo da
necessários à melhor instrução do processo, observado o disposto no art. 17. autorização vigente expirar e o requerimento deverá ser instruído com
relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da
§1º Caberá ao requerente cumprir a exigência de que trata o caput no prazo de
pesquisa.
sessenta dias, contado da data de publicação da intimação no Diário Oficial
§1º A prorrogação independerá da expedição de novo alvará e o seu prazo será
da União, admitida a prorrogação do prazo, a critério da ANM, mediante
contado da data de publicação da decisão que a deferir no Diário Oficial da
requerimento justificado e apresentado anteriormente ao término do prazo.
União.
§2º Encerrado o prazo de que trata o § 1º sem que o requerente tenha cumprido
§2º É admitida mais de uma prorrogação do prazo da autorização de pesquisa
a exigência ou o requerimento de prorrogação de prazo para o cumprimento
exclusivamente nas hipóteses de impedimento de acesso à área de pesquisa
tenha sido negado, o requerimento será indeferido pela ANM e a área será
ou de falta de assentimento ou de licença do órgão ambiental competente,
declarada disponível para pesquisa, na forma prevista no art. 26 do Decreto-
desde que o titular demonstre, por meio de documentos comprobatórios,
Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.
que:
Art. 19 Da decisão que indeferir o requerimento de autorização de pesquisa caberá pedido
de reconsideração no prazo de sessenta dias, contado da data de publicação do I - atendeu às diligências e às notificações promovidas no curso do
despacho no Diário Oficial da União. processo de avaliação judicial ou determinadas pelo órgão ambiental
competente, conforme a hipótese; e
§1º Contra a decisão que indeferir o pedido de reconsideração, caberá recurso
II - não contribuiu, por ação ou omissão, para a falta de ingresso na área ou
ao Ministério das Minas e Energia no prazo de trinta dias, contado da data de
de expedição do assentimento ou da licença ambiental.
publicação do despacho no Diário Oficial da União.
§2º A apresentação de pedido de reconsideração ou de recurso sustará, até que §3º Até que haja decisão do requerimento de prorrogação do prazo apresentado
seja obtida decisão administrativa definitiva, a tramitação de requerimentos tempestivamente, a autorização de pesquisa permanecerá válida.
supervenientes de títulos minerários que tenham por objeto toda ou parte da Art. 22 Sem prejuízo do cumprimento, pelo titular, das obrigações decorrentes do disposto
área. no Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, é admitida a renúncia total
ou parcial à autorização de pesquisa, que se tornará eficaz na data do protocolo do
Subseção II
instrumento de renúncia, com a desoneração da área renunciada, na forma prevista
Da autorização de pesquisa
no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, conforme dispuser
Art. 20 A autorização de pesquisa terá como título alvará, cujo extrato será publicado no Resolução da ANM.
Diário Oficial da União e teor transcrito em registro da ANM. Parágrafo único. Excepcionalmente, poderá ser dispensada a apresentação do
Art. 21 O prazo de validade da autorização de pesquisa não será inferior a um ano, nem relatório a que se refere o art. 25, na hipótese de renúncia total à autorização,
superior a três anos, a critério da ANM, consideradas as características especiais da conforme critérios estabelecidos em Resolução da ANM.
situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida prorrogação única, nas Art. 23 A retificação de alvará de pesquisa, a ser efetivada por meio de despacho publicado
seguintes condições: no Diário Oficial da União, não acarretará modificação no prazo original, exceto se
I - a prorrogação poderá ser concedida por até igual período, com base na houver alteração significativa no polígono delimitador da área, hipótese em que será
avaliação do desenvolvimento dos trabalhos; e expedido alvará retificador, situação em que o prazo de validade da autorização de

122 123
pesquisa será contado a partir da data de publicação, no Diário Oficial da União, do I - aprovação do relatório, quando ficar demonstrada a existência de jazida
novo título. aproveitável técnica e economicamente;
II - não aprovação do relatório, quando ficar constatada a insuficiência dos
§1º A retificação do alvará de pesquisa que resultar em redução, sem
trabalhos de pesquisa ou a deficiência técnica na sua elaboração, que
deslocamento, da área autorizada não alterará o prazo original do alvará.
impossibilitem a avaliação da jazida;
§2º Na hipótese de aumento ou de deslocamento da área, a ANM estabelecerá
III - arquivamento do relatório, quando ficar provada a inexistência de jazida
em Resolução, os critérios para fins de concessão de prazo adicional.
aproveitável técnica e economicamente, passando a área a ser livre para
Art. 24 É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais em área futuro requerimento, inclusive com acesso do interessado ao relatório que
titulada anteriormente à outorga da concessão de lavra, por meio de autorização concluiu pela referida inexistência de jazida; ou
prévia da ANM, observada a legislação ambiental pertinente.
IV - sobrestamento da decisão sobre o relatório, quando ficar caracterizada a
Parágrafo único. A autorização a que se refere o caput será emitida uma vez, pelo impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra,
prazo de um a três anos, admitida uma prorrogação por até igual período, conforme conforme o disposto no art. 23,  caput, inciso III, do Decreto-Lei nº 227, de
as particularidades da substância mineral, nos termos de Resolução da ANM. 1967 - Código de Mineração.
§1º A ANM estabelecerá em Resolução os critérios e os procedimentos para a
Subseção III
verificação da exatidão do relatório final de pesquisa, inclusive quanto às
Do relatório final de pesquisa
hipóteses em que a realização de vistoria in loco ficará dispensada.
Art. 25 Ao concluir os trabalhos, o titular apresentará à ANM relatório final dos trabalhos de §2º Na hipótese prevista no inciso II do caput, constatada a deficiência técnica
pesquisa realizados, conforme o disposto em Resolução da ANM. na elaboração do relatório, a ANM poderá formular exigência a ser cumprida
pelo titular do direito minerário no prazo de sessenta dias, prorrogável por
§1º O titular da autorização fica obrigado a apresentar, no prazo de sua vigência,
igual período, a critério da ANM, desde que o requerimento de prorrogação
o relatório final dos trabalhos realizados independentemente do resultado da
seja justificado e apresentado no prazo concedido para cumprimento da
pesquisa.
exigência.
§2º O conteúdo mínimo e as orientações quanto à elaboração do relatório final
§3º Encerrado o prazo sem que o requerente tenha cumprido a exigência a que
serão definidos em Resolução da ANM, de acordo com as melhores práticas
se refere o § 2º, a ANM deverá negar aprovação ao relatório final e declarar a
internacionais.
área disponível, na forma prevista no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 -
§3º Se, encerrado o prazo de vigência da autorização ou de sua prorrogação,
Código de Mineração.
o titular deixar de apresentar o relatório a que se refere este artigo, será
§4º Na hipótese prevista no inciso IV do  caput, a ANM estabelecerá, no ato
dada baixa na transcrição do título de autorização de pesquisa e a área será
de sobrestamento, prazo para o interessado apresentar novo estudo da
declarada disponível para pesquisa, na forma prevista no art. 26 do Decreto-
exequibilidade técnico-econômica da lavra, sob pena de arquivamento do
Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, sem prejuízo do disposto no art. 55
relatório.
deste Decreto.
§5º Se o novo estudo a que se refere o § 4º comprovar a exequibilidade técnico-
Art. 26 Realizada a pesquisa e apresentado o relatório final a que se refere o art. 25, a ANM econômica da lavra, a ANM proferirá despacho de aprovação do relatório.
verificará a sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo, proferirá despacho de:
Art. 27 Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma substância mineral em
áreas contíguas ou próximas, o titular ou os titulares das autorizações poderão

124 125
apresentar plano único de pesquisa e também relatório único dos trabalhos §1º O prazo de que trata o caput poderá ser prorrogado uma vez por até igual
executados que abranjam todo o conjunto, conforme o disposto em Resolução da período.
ANM. §2º Excepcionalmente, o prazo de que trata o  caput  poderá ser prorrogado
mais de uma vez se o não cumprimento da exigência decorrer de causa de
Seção III
responsabilidade do Poder Público, a juízo da ANM, e desde que efetuado por
Do regime de concessão
meio de requerimento justificado apresentado no prazo prorrogado.
Subseção I §3º Encerrado o prazo sem que o requerente tenha cumprido a exigência, o
Requerimento de concessão de lavra requerimento será indeferido e a área declarada disponível para lavra, na forma
prevista no art. 32 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.
Art. 28 Aprovado o relatório final de pesquisa, o titular terá um ano para requerer a §4º O requerente deverá demonstrar à ANM, a cada seis meses, contados da data
concessão de lavra e, neste prazo, poderá negociar o seu direito minerário. de comprovação do ingresso, no órgão competente, da solicitação com vistas
§1º A ANM poderá prorrogar o prazo referido no  caput, por igual período, por ao licenciamento ambiental e, até que a licença ambiental seja apresentada
meio de requerimento justificado do titular, apresentado anteriormente ao à ANM, demonstrar que o procedimento de licenciamento ambiental está
prazo inicial ou à prorrogação em curso terminar. em curso e que o requerente tem adotado as medidas necessárias para a
§2º Até que haja decisão a respeito do requerimento de prorrogação de prazo, se obtenção da licença ambiental, sob pena de indeferimento do requerimento
apresentado tempestivamente, o direito minerário permanecerá válido e será de lavra.
mantida a prerrogativa de que trata o art. 9º, § 7º. Art. 32. O plano de aproveitamento econômico, firmado por profissional legalmente
Art. 29 Encerrado o prazo a que se refere o art. 26 sem que o titular ou o seu sucessor habilitado, é documento obrigatório do requerimento de concessão de lavra e
tenha requerido concessão de lavra, caducará o seu direito e caberá à ANM declarar, deverá conter, além dos documentos e das informações exigidas pelo art. 39 do
por meio de edital, a disponibilidade da jazida pesquisada, para fins de requerimento Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, descrição das instalações
de concessão de lavra. de beneficiamento, indicadores relativos às reservas e produção e plano de
fechamento da mina, nos termos estabelecidos em Resolução da ANM.
Parágrafo único. A ANM definirá em Resolução as hipóteses de sucessão para fins
do disposto no caput. Subseção II
Da concessão de lavra
Art. 30 O requerimento de concessão de lavra, a ser formulado por empresário individual,
sociedade empresária constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração Art. 33 A concessão de lavra terá título cujo extrato simplificado será publicado no Diário
no País ou cooperativa, será dirigido ao Ministro de Estado de Minas e Energia ou à Oficial da União e teor transcrito em registro da ANM, outorgado por Portaria do
ANM, conforme o disposto no art. 33, e deverá ser instruído com os elementos de Ministro de Estado de Minas e Energia.
informação e prova referidos no art. 38 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de
Parágrafo único. Para as substâncias minerais de que trata o art. 1º da Lei nº 6.567,
Mineração.
de 1978, a concessão de lavra terá título outorgado em Resolução da ANM.
Art. 31 O requerente terá o prazo de sessenta dias para o cumprimento de exigências com
vistas à melhor instrução do requerimento de concessão de lavra e para comprovar
o ingresso, no órgão competente, da solicitação com vistas ao licenciamento
ambiental.

126 127
Obrigações do titular XVII - apresentar à ANM, até o dia 15 de março de cada ano, relatório anual das
atividades realizadas no ano anterior, de forma a consolidar as informações
Art. 34 Além das condições gerais que constam do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código
prestadas periodicamente, conforme o disposto em Resolução da ANM;
de Mineração e deste Decreto, o titular da concessão fica obrigado, sob pena das
XVIII executar e concluir adequadamente, após o término das operações e antes
sanções previstas em lei, a:
da extinção do título, o plano de fechamento de mina; e
I - iniciar os trabalhos previstos no plano de aproveitamento econômico no XIX - observar o disposto na Política Nacional de Segurança de Barragens,
prazo de seis meses, contado da data de publicação da concessão de lavra no estabelecida pela Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010.
Diário Oficial da União, exceto por motivo de força maior, a juízo da ANM; §1º Para o aproveitamento, pelo titular, das substâncias referidas no inciso IV
II - lavrar a jazida de acordo com o plano de aproveitamento econômico do caput, será necessário o aditamento à concessão de lavra pelo Ministro de
aprovado pela ANM; Estado de Minas e Energia ou, para as substâncias minerais de que trata o art.
III - extrair somente as substâncias minerais indicadas na concessão de lavra; 1º da Lei nº 6.567, de 1978, pela ANM.
IV - comunicar à ANM o descobrimento de qualquer outra substância mineral §2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se lavra ambiciosa aquela
não incluída na concessão de lavra; conduzida sem observância ao plano preestabelecido, nos termos do disposto
V - executar os trabalhos de mineração com observância às normas em Resolução da ANM, ou de modo a impossibilitar o aproveitamento
regulamentares; econômico posterior da jazida.
VI - confiar, obrigatoriamente, a responsabilidade dos trabalhos de lavra a técnico
Revisão do plano de aproveitamento econômico
legalmente habilitado ao exercício da profissão;
VII - não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento posterior Art. 35 Na hipótese de conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra
da jazida; justificar mudanças no plano de aproveitamento econômico ou as condições do
VIII - responder pelos danos e pelos prejuízos a terceiros que resultarem, direta ou mercado exigirem modificações na escala de produção, o titular deverá propor à
indiretamente, da lavra; ANM as alterações necessárias, para exame do novo plano, conforme critérios
IX - promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local; estabelecidos em Resolução da ANM.
X - evitar o extravio das águas e drenar aquelas que possam ocasionar danos e
Relatório anual de lavra
prejuízos aos vizinhos;
XI - evitar poluição do ar ou da água que possa resultar dos trabalhos de Art. 36 O relatório anual das atividades realizadas no ano anterior deverá ser apresentado
mineração; na forma estabelecida pela ANM, observado o disposto no art. 50 do Decreto-Lei
XII - proteger e conservar as fontes e utilizar as águas de acordo com os preceitos nº 227, de 1967 - Código de Mineração.
técnicos, quando se tratar de lavra de águas minerais;
XIII - tomar as providências indicadas pela fiscalização da ANM e de outros órgãos Grupamento mineiro
e entidades da administração pública; Art. 37 O titular poderá requerer a reunião, em uma só unidade de mineração denominada
XIV - não suspender os trabalhos de lavra sem comunicação prévia à ANM; grupamento mineiro, de duas ou mais de suas concessões de lavra da mesma
XV - não interromper os trabalhos de lavra já iniciados, por mais de seis meses substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada,
consecutivos, exceto por motivo de força maior comprovado; conforme procedimentos e requisitos estabelecidos em Resolução da ANM.
XVI - manter a mina em bom estado, na hipótese de suspensão temporária dos
trabalhos de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;

128 129
Desmembramento Subseção II
Da cessão, da transferência e da oneração de direitos minerários
Art. 38 A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais concessões
distintas, a juízo da ANM, se o fracionamento não comprometer o aproveitamento Art. 42 O alvará de autorização de pesquisa, a concessão de lavra, o licenciamento e a
racional da jazida e desde que evidenciados a viabilidade técnica, a economicidade permissão de lavra garimpeira poderão ser objeto de cessão ou de transferência,
do aproveitamento autônomo das unidades mineiras resultantes e o incremento total ou parcial, desde que o cessionário satisfaça os requisitos constitucionais, legais
da produção da jazida, conforme critérios estabelecidos em Resolução da ANM. e normativos aplicáveis.

Parágrafo único. O desmembramento será pleiteado pelo titular e pelos os Parágrafo único. É admitida a cessão total ou parcial do direito minerário após a
pretendentes às novas concessões, conjuntamente. vigência da autorização de pesquisa e antes da outorga da concessão de lavra.

Seção IV Art. 43 A concessão da lavra poderá ser oferecida em garantia para fins de financiamento.
Do regime de licenciamento Art. 44 A ANM estabelecerá em Resolução as hipóteses de oneração de direitos minerários
e os requisitos e os procedimentos para a averbação de cessões, transferências e
Art. 39 O aproveitamento de recursos minerais sob o regime de licenciamento obedecerá
onerações de direitos minerários.
ao disposto na Lei nº 6.567, de 1978, e em Resolução da ANM.

Parágrafo único. O licenciamento será outorgado pela ANM em conformidade com Subseção III
os procedimentos e os requisitos estabelecidos em Resolução. Da disponibilidade de área

Seção V Art. 45 A área desonerada e aquela decorrente de qualquer forma de extinção do direito
Do regime de permissão de lavra garimpeira minerário será disponibilizada a interessados, por meio de critérios objetivos de
seleção e julgamento, definidos por meio de Resolução da ANM, observado o
Art. 40 O aproveitamento de recursos minerais sob o regime de permissão de lavra disposto no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.
garimpeira obedecerá ao disposto na Lei nº 7.805, de 1989, e em Resolução da
Parágrafo único. O não cumprimento das obrigações relacionadas com o processo
ANM.
seletivo, no prazo estabelecido, sujeitará o proponente vencedor à perda imediata
Parágrafo único. A permissão de lavra garimpeira será outorgada pela ANM em do direito de prioridade sobre a área e às sanções previstas na Lei nº 8.666, de 21 de
conformidade com os procedimentos e os requisitos estabelecidos em Resolução. junho de 1993, conforme dispuser o edital ou a Resolução da ANM.

Seção VI Art. 46 Com vistas a avaliar o potencial de atratividade da área desonerada para leilão
Disposições comuns a todos os regimes eletrônico, a ANM poderá, a seu critério, submetê-la a oferta pública prévia,
conforme estabelecido em Resolução da ANM.
Subseção I
§1º A manifestação de interesse pela área ofertada deverá ocorrer de forma
Da servidão mineral e da desapropriação
eletrônica e será protegida de sigilo, de modo a resguardar a quantidade e a
Art. 41 O titular poderá requerer à ANM que emita declaração de utilidade pública para fins identidade dos interessados.
de instituição de servidão mineral ou de desapropriação de imóvel. §2º Encerrado o prazo para manifestação de interesse pela área ofertada:

130 131
I - na hipótese de nenhuma manifestação de interesse ter sido apresentada, Seção VII
a área será considerada livre a partir do dia útil subsequente àquele do Disposições comuns aos regimes de concessão de lavra e de registro de licença
término do prazo, dispensada a realização do leilão eletrônico;
II - na hipótese de apenas uma manifestação de interesse ter sido Suspensão temporária da lavra
apresentada, o interessado será notificado para protocolizar o seu Art. 50 O requerimento de suspensão temporária da lavra deverá estar justificado e
requerimento de título minerário no prazo de trinta dias, contado da instruído com relatório dos trabalhos efetuados e do estado da mina e de suas
data de recebimento da notificação, dispensada a realização do leilão possibilidades futuras, conforme dispuser Resolução da ANM.
eletrônico; e
§1º O titular fica autorizado a interromper as atividades enquanto o requerimento
III - na hipótese de mais de uma manifestação de interesse ter sido
de suspensão temporária de lavra estiver pendente de decisão da ANM, sem
apresentada, a ANM disponibilizará a área nos termos do disposto no art.
prejuízo da observância à obrigação estabelecida no art. 34, caput, inciso XVI.
45.
§2º A decisão da ANM sobre o requerimento de suspensão temporária de lavra
Subseção IV deverá ser precedida de vistoria in loco.
Dos encargos financeiros §3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, a ANM adotará as medidas
necessárias à continuação dos trabalhos, estabelecerá prazo para o reinício
Art. 47 Sem prejuízo de outros encargos financeiros previstos em lei, são devidos à ANM:
das operações e determinará a aplicação das sanções cabíveis.
I - taxa anual, por hectare; e
II - valor relativo ao custeio de vistorias da ANM. Renúncia

Taxa anual por hectare Art. 51 A comunicação da renúncia total ou parcial da concessão de lavra, do licenciamento
ou da permissão de lavra garimpeira deverá ser instruída com relatório dos
Art. 48 Durante a vigência da autorização de pesquisa, incluída a sua prorrogação, até a trabalhos efetuados e do estado da mina e de suas possibilidades futuras, conforme
entrega do relatório final de pesquisa, o titular de autorização de pesquisa pagará à Resolução da ANM.
ANM taxa anual, por hectare, admitida a fixação em valores progressivos em função
§1º A renúncia será efetivada no momento de sua comunicação.
da substância mineral objetivada, da extensão e da localização da área e de outras
§2º A extinção do título dependerá da homologação da renúncia e ficará
condições, respeitado o valor máximo estabelecido no art. 20, caput, inciso II, do
condicionada à conclusão do plano de fechamento de mina, previamente
Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.
aprovado pela ANM.
Custeio de vistorias da Agência Nacional de Mineração §3º Efetivada a renúncia, a ANM adotará as medidas necessárias com vistas a
assegurar a execução adequada do plano de fechamento de mina, inclusive
Art. 49 As vistorias realizadas pela ANM, no exercício da fiscalização dos trabalhos de
por meio da aplicação das sanções cabíveis.
pesquisa e lavra, serão custeadas pelos interessados.
§4º Na hipótese de haver mais de uma unidade mineira inserida em um
mesmo título minerário, poderá ser homologada a renúncia parcial do título
e desonerada a área de cuja a unidade mineira tenha o relatório final de
execução do seu plano de fechamento aprovado.

132 133
§5º Homologada a renúncia e reduzido ou extinto o título minerário, a ANM §1º A ANM estabelecerá em Resolução os critérios detalhados a serem
poderá declarar a área disponível, na forma prevista no art. 26 do Decreto-Lei observados na imposição das multas e na fixação dos seus valores, para as
nº 227, de 1967 - Código de Mineração, ou mantê-la bloqueada, se assim for infrações administrativas previstas neste Decreto.
tecnicamente justificável. §2º Na hipótese de reincidência específica no prazo de até cinco anos, a multa
§6º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, à renúncia de direito será cobrada em dobro.
minerário em área objeto de lavra mineral realizada por meio da autorização a
Seção II
que se refere o art. 24.
Das infrações administrativas

Art. 54 Realizar trabalhos de pesquisa ou extração mineral sem título autorizativo ou em


CAPÍTULO III
desacordo com o título obtido:
DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
Seção I centavos) e advertência.
Disposições gerais
Parágrafo único. Na hipótese de reincidência de trabalhos de lavra de substância
Art. 52 O não cumprimento das obrigações decorrentes da autorização de pesquisa, da não constante do título autorizativo, aplica-se a multa em dobro e declara-se a
concessão de lavra, do licenciamento e da permissão de lavra garimpeira implicará, caducidade do direito minerário.
a depender da infração: Art. 55 Praticar lavra ambiciosa:
I - advertência; Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
II - multa; e centavos) e advertência.
III - caducidade do título.
Parágrafo único. Na hipótese de reincidência, aplica-se a multa em dobro e declara-
§1º Compete à ANM a aplicação das sanções de advertência, de multa e de
se a caducidade do direito minerário.
caducidade, exceto de caducidade de concessão de lavra de substância
mineral que não se enquadre no disposto no art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, Art. 56 Deixar de pagar ou pagar fora do prazo a taxa anual a que se refere o art. 48:
que será aplicada em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia. Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
§2º A aplicação das sanções previstas neste artigo deverá ser precedida de centavos).
notificação do titular, de modo a assegurar os princípios do contraditório e
Parágrafo único. Se não for efetuado o pagamento da taxa anual no prazo de trinta
da ampla defesa, conforme estabelecido em Resolução da ANM e, para a
dias, contado da data da imposição da multa, será declarada a nulidade ex officio do
caducidade de concessão de lavra de substância mineral que não se enquadre
alvará de autorização de pesquisa.
no disposto no art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, conforme estabelecido em ato
do Ministro de Estado de Minas e Energia. Art. 57 Deixar de apresentar ou apresentar intempestivamente o relatório a que se refere
o art. 25:
Art. 53 A multa variará entre R$ 329,39 (trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove
centavos) e R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa Sanção: multa de R$ 3,29 (três reais e vinte e nove centavos) por hectare.
centavos), de acordo com a gravidade das infrações.
Art. 58 Não obedecer aos prazos de início ou de reinício dos trabalhos de pesquisa ou de
lavra:

134 135
Sanção: na hipótese de pesquisa, multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e Art. 65 Deixar de prestar, no relatório anual de lavra, informação ou dado exigido por lei ou
oitenta e dois centavos) e advertência, e, na hipótese de lavra, multa de R$ 3.293,90 por Resolução da ANM ou prestar informação ou dado falso.
(três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos) e advertência.
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
Parágrafo único. Aplicada a multa, o titular terá o prazo de seis meses para dar início centavos).
ou reinício à pesquisa ou à lavra, sob pena de imposição de multa em dobro e de
Art. 66 Deixar de comunicar à ANM a descoberta de outra substância mineral, não incluída
declaração de caducidade do direito minerário.
na concessão de lavra, no regime de licenciamento e na permissão de lavra
Art. 59 Deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos garimpeira:
trabalhos de pesquisa:
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos). centavos).

Art. 60 Deixar de comunicar prontamente a ocorrência de outra substância mineral útil, Art. 67 Realizar deliberadamente trabalhos de lavra em desacordo com o plano de
não constante do alvará de autorização de pesquisa: aproveitamento econômico:

Sanção: multa de R$ 1.619,63 (um mil, seiscentos e dezenove reais e sessenta e três Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
centavos). centavos).

Art. 61 Não confiar a responsabilidade dos trabalhos de lavra a técnico legalmente Art. 68 Abandonar a mina ou a jazida, assim formalmente caracterizada conforme disposto
habilitado ao exercício da profissão (art. 34, caput, inciso VI): em Resolução da ANM:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
centavos). centavos) e caducidade do título.

Art. 62 Deixar de propor à ANM, para exame, as alterações necessárias no plano de Art. 69 Deixar de apresentar ou apresentar intempestivamente os estatutos ou os
aproveitamento econômico (art. 35): contratos sociais e os acordos de acionistas em vigor e as alterações contratuais ou
estatutárias que venham a ocorrer (art. 76):
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
centavos). Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos).

Art. 63 Suspender os trabalhos de lavra sem prévia comunicação à ANM (art. 34, caput, Parágrafo único. A multa será aplicada em dobro na hipótese de não atendimento às
inciso XIV): exigências objeto deste artigo no prazo de trinta dias, contado da data da imposição
da multa inicial, e assim sucessivamente, a cada trinta dias subsequentes.
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
centavos). Art. 70 O descumprimento às obrigações previstas no art. 34,caput, incisos V, IX, X, XI, XII,
XIII, XVI, XVIII e XIX implicará multa de R$ 1.619,63 (um mil, seiscentos e dezenove
Art. 64 Interromper os trabalhos de lavra já iniciados, por mais de seis meses consecutivos,
reais e sessenta e três centavos) a R$ 3.239,26 (três mil, duzentos e trinta e nove
exceto por motivo de força maior comprovado:
reais e vinte e seis centavos), conforme estabelecido em Resolução da ANM.
Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa
centavos).

136 137
CAPÍTULO IV Parágrafo único. A aprovação ou a aceitação de planos e relatórios técnicos não
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ensejarão qualquer responsabilidade do Poder Público na hipótese de imprecisão
ou falsidade de dados ou informações neles contidos.
Art. 71 Os titulares de concessões e minas próximas ou vizinhas, abertas ou situadas sobre o
mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permissão para a formação Art. 74 O exercício da fiscalização da atividade minerária observará os critérios de definição
de consórcio de mineração, com o objetivo de incrementar a produtividade da de prioridades e abrangerá a fiscalização das áreas tituladas por amostragem.
extração ou a sua capacidade, nos termos do disposto no art. 86 do Decreto-Lei nº Art. 75 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra,
227, de 1967 - Código de Mineração, e de Resolução da ANM. beneficiamento, distribuição, comercialização, consumo ou industrialização de
Art. 72 Em zona declarada reserva nacional de determinada substância mineral ou em recursos minerais ficam obrigadas a facilitar aos agentes da ANM a inspeção de
áreas específicas objeto de pesquisa ou lavra sob o regime de monopólio, o Poder instalações, equipamentos e trabalhos e a lhes fornecer informações sobre:
Executivo federal poderá, mediante condições especiais condizentes com os I - o volume da produção e as características qualitativas dos produtos;
interesses da União e da economia nacional, outorgar autorização de pesquisa II - as condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da
ou concessão de lavra de outra substância mineral, quando os trabalhos relativos exploração das atividades mencionadas no caput, as análises químicas e os
à autorização ou à concessão forem compatíveis e independentes dos relativos à laudos técnicos;
substância da reserva nacional ou do monopólio.
III - os mercados e os preços de venda; e
§1º Nas reservas nacionais, a pesquisa ou lavra de outra substância mineral IV - a quantidade e as condições técnicas e econômicas do consumo de produtos
somente será autorizada ou concedida nas condições especiais estabelecidas minerais.
em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia, ouvidos, previamente, os Art. 76 As sociedades empresariais que requererem ou forem titulares de direitos
órgãos governamentais interessados. minerários ficam obrigadas a apresentar à ANM os estatutos ou os contratos sociais
§2º Nas áreas sob regime de monopólio, a pesquisa ou a lavra de outra substância e os acordos de acionistas em vigor e as alterações contratuais ou estatutárias que
mineral somente será autorizada ou concedida nas condições especiais venham a ocorrer, no prazo de trinta dias, contado da data de registro na junta
estabelecidas em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia, ouvido, comercial.
previamente, o órgão executor do monopólio.
Art. 77 O comércio no mercado interno ou externo de pedras preciosas, de metais nobres
§3º Verificada, a qualquer tempo, a incompatibilidade ou a dependência dos
e de outros minerais especificados fica sujeito a registro especial, nos termos de ato
trabalhos, a autorização de pesquisa ou concessão de lavra será revogada.
do Poder Executivo federal.
§4º O direito de prioridade não se aplica às hipóteses previstas neste artigo e cabe
ao Poder Executivo federal outorgar a autorização ou a concessão tendo em Art. 78 O disposto neste Decreto aplica-se, no que couber, aos requerimentos de direitos
vista os interesses da União e da economia nacional. minerários e de registro de extração pendentes de decisão e aos direitos minerários
e registros de extração ativos na sua data de entrada em vigor.
Art. 73 Cabe ao profissional legalmente habilitado que constar como responsável
técnico pela execução de atividades ou pela elaboração de planos e relatórios Art. 79 Naquilo em que não contrariarem este Decreto, os atos normativos do extinto
técnicos de que trata este Decreto, e ao titular do direito minerário, assegurar a Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM permanecem aplicáveis, no
veracidade das informações e dos dados fornecidos ao Poder Público, sob pena de que couberem, até que sejam substituídos por Resoluções da ANM.
responsabilização criminal e administrativa.

138 139
Art. 80 Os valores expressos neste Decreto e as multas e os encargos devidos à ANM serão
reajustados anualmente em Resolução da ANM, respeitada a variação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA no exercício anterior.

Parágrafo único. Os valores corrigidos serão divulgados pela ANM até o dia 31 de
janeiro e passarão a ser exigidos a partir de 1º de março daquele mesmo ano.

Art. 81 A ANM definirá os prazos para tramitação dos processos minerários em Resolução,
a ser editada no prazo de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor
do Decreto de instalação da ANM.

Parágrafo único. A ANM publicará as Resoluções a que se referem o art. 40,


parágrafo único, e o art. 13, parágrafo único, inciso I, no prazo de cento e oitenta dias,
contado da data de entrada em vigor deste Decreto.

Art. 82 O Ministério de Minas e Energia será ouvido previamente sobre os assuntos


referentes às atividades de mineração ou que criem restrições ao desenvolvimento
dessas atividades.

Art. 83 Ficam revogados:

I - o Decreto nº 62.934, de 2 de julho de 1968;


II - o Decreto nº 98.812, de 9 de janeiro de 1990; e
III - o Decreto nº 3.358, de 2 de fevereiro de 2000.

Art. 84 Este Decreto entra em vigor:

I - quanto aos incisos II e III do caput do art. 83, em cento e oitenta dias, contados
da data de sua publicação; e
II - quanto aos demais dispositivos, na data de instalação da ANM, nos termos do
disposto no art. 36 da Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017.

Brasília, 12 de junho de 2018; 197º da Independência e 130º da República.

MICHEL TEMER
W. Moreira Franco

Essa edição eletrônica foi composta pela Jurídica Editora.


Abril de 2019

140
LIVROS PUBLICADOS

Comentários ao Código de Mineração (1995)

Revista de Direito Minerário, volume I


(coordenador, 1997)

Direito Ambiental Brasileiro (1998)

Revista de Direito Minerário, volume II


(coordenador, 2000)

Recurso Especial e Extraordinário


(coautor, 2002)

Os Recursos Cíveis e seu Processamento nos Tribunais


(coautor, 2003)

Direito Ambiental Aplicado à Mineração (2005)

Natureza Jurídica do Consentimento para Pesquisa


Mineral, do Consentimento para Lavra e do Manifesto de
Mina no Direito Brasileiro (2005)

Dicionário de Direito Minerário.


Inglês – Português (coautor, 2008)

Gestão de Crises e Negociações Ambientais (2009)

Dicionário de Direito Ambiental e Vocabulário Técnico de


Meio Ambiente (cocoordenador, 2009)

Mineração, Energia e Ambiente


(cocoordenador, 2010)

Fundamentals of Mining Law (2010)

Aspectos controvertidos do Direito Minerário e


Ambiental (cocoordenador, 2013)

The Mining Law Review


(6ª edição. Participação. Capítulo Brasil, 2017)

Direito da Mineração: questões minerárias, ambientais e


tributárias (cocoordenador, 2017)

Direito da Mineração: relações jurídicas do minerador


com o proprietário e possuidor do imóvel (2019)
RUA PARAÍBA, 476, 4º ANDAR, EDIFÍCIO MONTHÉLIE
BELO HORIZONTE/MG - CEP 30130-141
TELEFONE: (31) 3261-7747

SCN-Q2, BLOCO A, 5º ANDAR, CORPORATE FINANCIAL CENTER


BRASÍLIA/DF - CEP 70712-900

Você também pode gostar