Você está na página 1de 81

UNIVERSIDADE FEDERAL ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS NATURAIS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

Seminário de Graduação em Geologia


MONOGRAFIA

PETROGRAFIA DAS ROCHAS KAMAFUGÍTICAS DE RIO VERDE E SANTO


ANTÔNIO DA BARRA DA PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS

AUTOR: GUILHERME MARQUES MARTINS

ALEGRE-ES
DEZEMBRO - 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

Seminário de Graduação em Geologia


MONOGRAFIA

PETROGRAFIA DAS ROCHAS KAMAFUGÍTICAS DE RIO VERDE E SANTO


ANTÔNIO DA BARRA DA PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS

GUILHERME MARQUES MARTINS

“Monografia apresentada como


requisito parcial para a obtenção
do título de Bacharel em Geologia
pela Universidade Federal do
Espírito Santo”.

ORIENTADOR: D. Sc. RODSON DE ABREU MARQUES

ALEGRE-ES
DEZEMBRO - 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

Seminário de Graduação em Geologia


MONOGRAFIA

PETROGRAFIA DAS ROCHAS KAMAFUGÍTICAS DE RIO VERDE E SANTO


ANTÔNIO DA BARRA DA PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS

AUTOR: GUILHERME MARQUES MARTINS

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA A


OBTENÇÃO DO TÍTULO DE GEÓLOGO PELA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO ESPÍRITO SANTO.

ORIENTADOR (A): D. Sc. RODSON DE ABREU MARQUES

ALEGRE-ES, 08 DE DEZEMBRO DE 2016


BANCA EXAMINADORA:

D. Sc. Rodson de Abreu Marques (orientador)

M. Sc. Amanda Goulart Rodrigues

Geólogo Lucas Pequeno Gouvêa


ii
“I don’t want to believe. I want to know.”
Carl Sagan

iii
Dedico esse trabalho aos meus pais Liege e Roberto,
à minha avó Rita e, também, ao meu irmão Henrique, pelas oportunidades dadas, apoio,
confiança e carinho em todos os momentos, sem restrições.

iv
AGRADECIMENTOS

Expresso minha sincera gratidão às pessoas que contribuíram diretamente e


indiretamente para a realização dessa etapa de vida universitária.
À minha família, que tanto amo, Liege (mãe), Roberto (pai), Henrique (irmão) Rita
(avó), Noêmia, Záile, Marcos, Oséias (tios).
Agradeço aos primos (Danilo, Fernando, Paulo Antônio, Deniel e Túlio) que serviram
de espelho, motivação e que também sempre foram companheiros.
Sou muito grato aos moradores da República Luz Vermelha (Astolpho, Breno, Gil,
Renan e Diego) e a todos os amigos que fiz nessa república, os quais estiveram sempre
comigo. Sou grato, também, aos moradores da República Viracopos, Luiz Guilherme
(Calouro eterno), Nego Drama, Caian e Douglas, com os quais compartilhei grande parte do
tempo em Alegre.
Agradeço de coração a todos da turma de 2011. Vocês foram essenciais para a
minha graduação e também para formação do meu caráter. Agradeço, também, aos
veteranos e calouros com os quais estudei e fiz boas amizades.
Obrigado Allison, Júlio, Lázaro, Nego Drama, Iuri, Lohran, Ramon, Sombra e Willian
Gigante pela grande amizade e cumplicidade. Espero que não percamos, jamais, o contato.
Agradeço, também, aos amigos e ex-colegas de Rio Verde como: Alfredo, José Luiz,
Rosalves, Thalles, Abner, Henrique Henkes (In Memoriam), entre outros.
Muito obrigado Monique, por toda atenção, apoio e cuidado. E, claro, por ter
compartilhado minhas dificuldades e preocupações, o que não permitiu eu escapar do trilho
para meus objetivos.
Aos professores, meu sincero reconhecimento por terem me passado conhecimento
científico e empírico. Agradeço ao professor Rodson por ter aceitado me orientar na
monografia e à atenção durante o trabalho. Ao professor Edgar, que me esclareceu muitas
dúvidas sobre o tema da monografia, muito obrigado.
Por fim, devo agradecer a Deus por ter me permitido viver na mesma época que todos
vocês.
Mais uma vez, e de coração, muito obrigado a todos.

v
RESUMO

Rochas kamafugíticas são raras e ocorrem na fronteira entre Uganda e Zaire (África), na
Itália e no Brasil. Outras rochas com afinidade kamafugítica ocorrem na China, Turquia e
Sérvia. No Brasil, vulcanismos kamafugíticos ocorrem em Goiás, na Província Alcalina de
Goiás (PAGO) e em Minas Gerais, na Província Ígnea do Alto Paranaíba (PIAP). A área alvo
do trabalho é a região sul da PAGO, mais especificamente em Santo Antônio da Barra e Rio
Verde, onde são os locais em que há as maiores exposições vulcânicas e piroclásticas de
kamafugitos. Essas rochas datam do Cretáceo Superior e há diferentes hipóteses para a
suas gêneses, como a partir de plumas mantélicas e atividades extensionais (riftes). As
rochas kamafugíticas de Rio Verde e Santo Antônio da Barra, em amostra de mão, são cinza
claro, cinza escuro e preto. Possuem estrutura maciça e mais raramente estrutura de fluxo
magmático marcado pela orientação de fenocristais de piroxênio. São faneríticas, com matriz
afanítica e com fenocristais de piroxênio, olivina, leucitas o/ou analcimas e carbonatos.
Algumas rochas lávicas apresentam muitas vesículas por vezes preenchidas por carbonatos
e outros minerais que podem ser zeólitas ou argilominerais. Existem rochas piroclásticas que
se encontram misturadas ou parcialmente sobre as lávicas. As rochas piroclásticas
hospedam, por vezes, blocos de outras rochas. Microscopicamente, existem rochas
holocristalinas e hipocristalinas. São inequigranulares porfiríticas com textura
glomeroporfirítica e algumas com textura vesícular e amigdaloidal. Os minerais presentes
nessas rochas, no geral, são: clinopiroxênio, olivina, leucita, analcima, carbonato,
kalsilita/nefelina, apatita e titanobiotita. Há outros minerais que não foram definidos que
preenchem vesículas, interstícios da matriz e veios. A textura vesicular e amigdaloidal e a
presença de rochas piroclásticas com fragmentos de outras rochas pode indicar que o
magma gerador era rico em voláteis e que o vulcanismo foi explosivo.

PALAVRAS-CHAVE: Kamafugito, Petrografia, PAGO, Vulcanismo Alcalino, Santo Antônio


da Barra.

vi
ABSTRACT

Kamafugites are rare and it is recognized on the border between Uganda and Zaire (Africa),
Italy and Brazil. Other rocks with kamafugitic affinity occur in China, Turkey and Serbia. In
Brazil, vulcanism of kamafugitic rocks occurs in Goiás, in the Goiás Alkaline Province (GAP)
and in Minas Gerais, in the Alto Paranaíba Igneous Province (APIP). The target area of work
is the southern region of GAP, more specifically in Santo Antônio da Barra and Rio Verde,
where are the places that there are extensive volcanic and pyroclastic expositions of
kamafugites. This rock dates from the Upper Cretaceous and there are different hypotheses
for their genesis, such as through mantle plumes and extensive activities (rifts). The
kamafugitic rocks of Rio Verde and Santo Antônio da Barra, in hand sample, are light gray,
dark gray and black. They have a massive structure and more rarely a magmatic flow
structure marked by the orientation of pyroxene phenocrysts. They are phaneritic, with
aphanitic matrix and phenocrysts of piroxene, olivine, leucite and / or analcimes and
carbonates. Some lava rocks have many vesicles that sometimes can be filled with by
carbonates, zeólitas or clay minerals. There are pyroclastic rocks that are mixed or partially
over the lava rocks. Pyroclastic rocks sometimes host blocks of other rocks. Microscopically,
there are holocrystalline and hypocrystalline rocks. They are inequigranular porphyritic with
glomereroporphyrytic texture and some with vesicular and amygdaloidal texture. The
minerals present in these rocks, in general, are: clinopyroxene, olivine, leucite, analcime,
carbonate, kalsilite / nepheline, apatite and titanobiotite. There are other minerals that have
not been defined that fill the vesicles, matrix’s interstices and veins. The vesicular and
amygdaloidal textures and the presence of pyroclastic rocks with fragments of other rocks
may indicate that the magma generator was rich in volatiles and that the volcanism was
explosive.

Keywords: Kamafugites, Petrography, GAP, Alkaline Vulcanism, Santo Antônio da Barra.

vii
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 2

1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ........................................................................................... 2

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 3

1.4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 4


2.1 GLOSSÁRIO ............................................................................................................... 5

2.2 ROCHAS ALCALINAS ................................................................................................ 8

2.2.1 Kamafugitos.................................................................................................................................................. 9
2.2.2 Carbonatitos ............................................................................................................................................... 16
2.2.3 Lamprófiros................................................................................................................................................. 17
3. GEOLOGIA REGIONAL .................................................................................................. 17
3.1 CONTEXTO GEOTECTÔNICO ................................................................................ 18

3.2 ESTRATIGRAFIA DA BACIA DO PARANÁ ............................................................... 19

3.2.1 Supersequência Bauru ................................................................................................................................ 21


3.2.1.1 Grupo Bauru ............................................................................................................................................... 23
3.2.1.1.1 Formação Vale do Rio do Peixe .................................................................................................................. 23
3.2.1.1.2 Formação Marília ....................................................................................................................................... 24

3.3 PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS .......................................................................... 25

3.3.1 Porção Norte ............................................................................................................................................... 27


3.3.2 Porção Central ............................................................................................................................................ 28
3.3.3 Porção Sul ................................................................................................................................................... 29

3.4 GÊNESE DO MAGMATISMO DA PAGO .................................................................. 29

3.5 GEOCRONOLOGIA DA PAGO ................................................................................. 32

3.6 VULCANISMO KAMAFUGÍTICO DE SANTO ANTÔNIO DA BARRA ........................ 32

4. RESULTADOS ................................................................................................................ 34
4.1 LAVAS (ANALCIMITOS/MELANALCIMITOS)........................................................... 38

4.1 Lâmina 1 e Lâmina 3C ............................................................................................................................................ 39

4.2 BRECHAS (LEUCITITOS(?) OU UGANDITOS) ........................................................ 43


4.2.1 Lâmina 3A ................................................................................................................................................... 44

viii
4.2.2 Lâmina 3B ................................................................................................................................................... 48
4.3 TEFRITOIDE, FONOLITOIDE, TRAQUITOIDE OU BASALTOIDE ........................... 51

4.3.1 Lâmina 10 ................................................................................................................................................... 52

4.4 MELAMONCHIQUITOS OU MAFURITOS (?) ........................................................... 55

4.4.1 Lâmina 9 ..................................................................................................................................................... 55

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 58
6. CONCLUSÃO E SUGESTÃO ......................................................................................... 60

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização das províncias alcalinas em torno da Bacia do Paraná. .......... 1
Figura 2: Localização e acesso da área de trabalho. .............................................................. 3
Figura 3:Diagrama de classificação modal dos kamafugitos. ................................................ 10
Figura 4: Classificação modal de rochas vulcânicas com mais de 10% de melilita. .............. 12
Figura 5: Padrão de distribuição dos elementos incompatíveis dos kamafugitos ou rochas
com afinidade kamafugítica de Uganda, Brasil e Itália comparado com o manto primitivo
normalizado. .......................................................................................................................... 15
Figura 6: Padrão de distribuição dos Elementos Terras Raras (ETR) de Uganda, Brasil e
Itália comparados com condrito normalizado. ........................................................................ 15
Figura 7: Classificação química dos carbonatitos com sílica < 20%. ..................................... 16
Figura 8: Localização e área da Bacia do Paraná ................................................................. 18
Figura 9: Mapa geológico da Bacia do Paraná com as supersequências distribuídas em sua
abrangência. .......................................................................................................................... 21
Figura 10: Carta litoestratigráfica da Bacia Bauru. ................................................................ 22
Figura 11: Hipótese da paleogeografia para os depósitos da Bacia Bauru. .......................... 23
Figura 12: Mapa da distribuição de províncias alcalinas nas margens da Bacia do Paraná
com destaque na Província Alcalina do Sul de Goiás. .......................................................... 25
Figura 13: Mapa da Província Alcalina do Sul de Goiás com a posição das intrusões
mapeadas e inferidas............................................................................................................. 26
Figura 14: Hipótese da zona de impacto da Pluma Mantélica de Trindade durante o Cretáceo
Superior. ................................................................................................................................ 30
Figura 15: Esquema ilustrativo para mostrar a variação dos tipos de magmas em relação ao
ambiente tectônico da hipótese da zona de impacto da Pluma Mantélica de Trindade. Nota-
se que existem basaltos somente nas províncias magmáticas relacionadas com rifteamento,
como de Poxoréu (PIP) e Iporá (IP). A letra K corresponde a magma máfico potássico
(Kimberlito, Lamproíto e Kamafugito); a letra B corresponde a basalto. ................................ 31
Figura 16: Estratigrafia geral das rochas de Santo Antônio da Barra. ................................... 33
Figura 17: Representação dos pontos visitados no mapa geológico. .................................... 35
Figura 18: Afloramentos dos pontos 1, 2, 3 e 4 onde há presença de lavas. ........................ 36
Figura 19: Afloramentos dos pontos 3 e 5 onde há presença de brechas. Nota-se na imagem
do meio (ponto 3), que há fragmentos esféricos e angulosos centimétricos de lavas inseridos
nas brechas. .......................................................................................................................... 37

x
Figura 20: Afloramento do ponto 9, onde há presença de uma rocha preta com aspecto de
rocha intrusiva. A terceira foto mostra um bloco rolado no leito de um rio do mesmo litotipo.
............................................................................................................................................... 37
Figura 21: Amostras das lavas do ponto 1, 2 e 3. Na imagem das amostras do ponto 2 é
possível ver um pórfiro de carbonato. As duas imagens inferiores, do ponto 1 e 3, mostra as
amostras que foram submetidas a petrografia microscópica. ................................................ 39
Figura 22: Fotomicrografias com objetiva de 40x da Lâmina 3C. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) evidencia a textura glomeroporfirítica dos clinopiroxênios. As fotos B
(nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) mostram um pórfiro de olivina alterado e analcima e
clinopiroxênios nas adjacências. O foco em C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) é na
matriz, mostrando diversas analcimas finas e em aglomerados gerando formato de pétalas.
Notam-se também cristais de clinopiroxênio e dos minerais incolores tabulares não
definidos.. .............................................................................................................................. 41
Figura 23: Fotomicrografias com objetiva de 40x da Lâmina 1. As fotos A (nicois paralelos) e
A’ (nicois cruzados) mostra um pórfiro de clinopiroxênio zonado e com macla o dividindo ao
meio; B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) apresenta cristais de carbonato e de
leucita/analcima e também um clinopiroxênio com maclação em lamelas multiplas; C (nicois
paralelos) e C’ (nicois cruzados) apresenta um pórfiro de olivina (Ol) alterada para minerais
secundários indiferenciáveis; D (nicois paralelos) e D’ (nicois cruzados) mostra um
aglomerado de clinopiroxênio gerando a textura glomeroporfirítica ...................................... 43
Figura 24: Amostras das brechas dos pontos 3 e 5. As duas fotos superiores representam as
amostras submetidas ao estudo petrográfico microscópico .................................................. 44
Figura 25: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3A. Nas fotos A (nicois
paralelos) e A (nicois cruzados)’, nota-se uma amígdala preenchida por minerais turvos nas
bordas e outros minerais incolores no centro, todos não definidos e um grão de leucita ou
analcima(?). As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados), mostra um veio composto
por um mineral incolor não definido e carbonato (Calc) cortando uma amígdala e causando
fraturamento num pórfiro de clinopiroxênio (Cpx). As fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois
cruzados), mostra uma vesícula completamente preenchida por mineral secundário não
definido e um cristal de clinopiroxênio ................................................................................... 46
Figura 26: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3A. As fotos A (nicois paralelos)
A’ (nicois cruzados) representam uma vesícula parcialmente preenchida por um mineral não
determinado. As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) como as C (nicois paralelos)
e C’ (nicois cruzados) mostram as leucitas (Lct) de granulação grossa, idiomórficas e com
maclas polissintéticas. ........................................................................................................... 47

xi
Figura 27: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3B. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) mostra um veio de carbonato (Calc), a matriz da rocha hospedeira
com cristais finos e médios de clinopiroxênio (Cpx), sendo que alguns estão inseridos num
material piroclástico escuro (Armadura piroclástica – A.p). As fotos B (nicois paralelos) e B’
(nicois cruzados) mostra o contato entre a rocha hospedeira e um fragmento de rocha. Nota-
se a diferença de cor e composição das matrizes e o pórfiro de clinopiroxênio fraturado
exatamente no local do contato entre as rochas. As fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois
cruzados) representa um fragmento de rocha com pórfiros de clinopiroxênio idiomórficos e
zonados com o núcleo incolor e as bordas mais escuras, olivina (Ol) completamente
substituída e pequenos grãos de leucitas (Lct). ..................................................................... 50
Figura 28: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3B. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) mostram um fragmento de rocha com os minerais incolores não
definidos (M.n.d) com hábito arredondado ou amebóides; cristais de clinopiroxênios médios
a grossos e um cristal de leucita ou analcima(?). As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois
cruzados) mostra uma porção da matriz da rocha hospedeira com algumas leucitas (Lct)
xenomórficas angulares (xenocristal(?)) com coronas de carbonato; cristais de
clinopiroxênios (Cpx) hipidiomórficos inseridos nas armaduras piroclásticas (A.p). .............. 51
Figura 29: Amostra de mão da rocha do ponto 10. ................................................................ 52
Figura 30: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 10. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) mostram algum dos pórfiros de clinopiroxênio com granulação média a
grossa idiomórficos, com maclas e zoneamento. As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois
cruzados) mostram um cristal de olivina hipidiomórfico alterado e cristais de clinopiroxênio.
Em C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) mostra cristais médios, idiomórficos e
maclados de clinopiroxênios e a matriz rica no mineral incolor não definido. Em todas as
fotos é possível ver a matriz fina, escura e com os minerais incolores não definidos. .......... 54
Figura 31: Amostras de mão do ponto 9. ............................................................................... 55
Figura 32: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 9. As fotos A e B (nicois
paralelos) e A’ e B’ (nicois cruzados) mostram a mineralogia evidenciando os cristais de
olivina (Ol), clinopiroxênio (Cpx), Apatita (Ap), Kalsilita/Nefelina (K/N) e Analcima (Analc).
Nas fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) é possível ver um clinopiroxênio
alterado incluso em um pórfiro de olivina............................................................................... 57

xii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Minerais que compõem as rochas vulcânicas com kalsilita . ................................. 11


Tabela 2: Nomenclaturas para rochas da série kamafugítica. ............................................... 11
Tabela 3: Mineralogia dos principais grupos de rochas vulcânicas com leucita. ................... 13
Tabela 4: Composição de elementos maiores, expressos em porcentagem por peso, das
rochas do Brasil, Itália, África do Sul e China, com destaque nos elementos que mais
discernem os kamafugitos. .................................................................................................... 13

xiii
1. INTRODUÇÃO

O município Santo Antônio da Barra está localizado próximo à margem setentrional da


Bacia do Paraná que faz limite com a Faixa Brasília no Estado de Goiás. Nessa localização
aflora uma porção da Província Alcalina de Goiás (PAGO) com rochas vulcânicas alcalinas,
denominadas de kamafugitos (Moraes, 1988; Sgarbi, 1998; Junqueira-Brod, 1998).
Kamafugito é um tipo de rocha alcalina ultrabásica, ultrapotássica e insaturada em sílica.
Mundialmente, exposições de kamafugitos são raras, mas no Brasil ocorrem como
extensos depósitos de rochas vulcânicas e vulcanoclásticas como os da PAGO e a Província
Alcalina Alto Paranaíba (PAAP) em Minas Gerais (Junqueira-Brod et al., 2002). Além dessas
duas províncias alcalinas, há outras que se localizam nas bordas da Bacia do Paraná, como
mostra a Figura 1.

Figura 1: Mapa de localização das províncias alcalinas em torno da Bacia do Paraná.


Fonte: Gibson et al., (1995).

Essas províncias teriam sido formadas por magmatismos alcalinos no Cretáceo


Superior (Almeida & Melo, 1981) que se estabeleceram através de falhas e fraturas
profundas (Danni, 1974). Almeida (1967) sugeriu que a origem do derrame de lava dessas
rochas pode ter sido causada por um evento extensional chamado de reativação
Wealdeniana. Esse evento é associado à segregação do supercontinente Gondwana e
abertura do oceano Atlântico Sul e também aos magmatismos toleítico e depois alcalino na
1
Bacia do Paraná (Almeida, 1983). Outra proposta para esse magmatismo é a relação da
Pluma mantélica de Tristão da Cunha e de Trindade, para VanDecar et al. (1995) e Gibson
et al. (1995), respectivamente.
A PAGO, especificamente, se estende desde o município de Santa Fé, no norte, até
em Rio Verde e Santo Antônio da Barra, no sul. Tem comprimento de aproximadamente 250
km e 70 km de largura, com direção N30W. Essa direção coincide com um trend de falhas
do embasamento (Junqueira-Brod et al., 2002). Nessa província há diferentes variedades de
rochas relacionadas à posição onde são geradas. Ao norte da província há o predomínio de
corpos intrusivos, enquanto que o sul é dominado por rochas vulcânicas e piroclásticas
(Danni, 1974; Barbour et al., 1979; Gaspar & Danni, 1981). As rochas dessa província
intrudem rochas Fanerozóicas da Bacia do Paraná e também o embasamento Precambriano
(Junqueira-Brod, 2002).
Datações feitas por Hasui et al. (1971) com K/Ar e por Sgarbi et al. (2000) pelo
método U-Pb em perovskita mostram que as rochas são do Cretáceo Superior.

1.1 JUSTIFICATIVA

O fato de rochas alcalinas representarem não mais que 1% das rochas ígneas
expostas na superfície da Terra, por si só, desperta um interesse nos pesquisadores do
ramo. Além do mais, as rochas alcalinas possuem diversos minerais peculiares e raros
quando são deficientes em SiO2 e/ou quando há concentrações elevadas de elementos
incompatíveis nos magmas. Muitas dessas rochas possuem importância econômica para a
agricultura com a produção dos insumos agrícolas, quando há presença de minerais ricos
em fósforo e potássio, por exemplo. Além da agricultura, algumas rochas contribuem para o
setor de alta tecnologia, quando existem nelas, elementos terras raras e metais mais raros
como o nióbio e vanádio.
Assim, a contribuição para a localidade com informações petrográficas e que podem
ser usadas no futuro justifica o trabalho.

1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

A área de estudo está localizada no limite norte do município de Rio Verde – GO e


parte do município de Santo Antônio da Barra – GO (Figura 2). Mais precisamente, está
situada próximo do perímetro urbano de Santo Antônio da Barra, nas margens da BR-060

2
que liga Rio Verde a Goiânia. Esta área pode ser acessada por estradas de terra por meio
da BR-060 ou por meio da GO-333 que liga Rio Verde a Jandaia.

Figura 2: Localização e acesso da área de trabalho.

Existem três rios presentes na área estudada: Rio Verdinho, Ribeirão Boa Vista e
Ribeirão Monte Alegre, que são paralelos entre si e deságuam no Rio Verdão.
A área percorrida no trabalho ocupa cerca de 590 km², mas não abrange toda área
onde ocorrem os kamafugitos, segundo o mapa geológico da Folha Goiânia (SE.22 de
2004). Além disso, essa região é escassa em afloramentos, sendo que quase todos
visitados são nos cursos dos rios Verdinho, ribeirão Boa Vista e ribeirão Monte Alegre.

1.3 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo principal a petrografia das rochas da província da
área de estudo, para detalha-las e servir de suporte para trabalhos futuros. Através desse
estudo petrográfico, pode-se adquirir informações como a composição modal (visual)
mineralógica das rochas; sobre o tipo e natureza do magmatismo ocorrido; características
físicas do magma; processos influentes no vulcanismo e criar hipóteses inerentes à

3
evolução/cristalização dos minerais das rochas a partir de texturas e analisar a presença de
minerais particulares de rochas alcalinas e também alterações de minerais que indicam
mudanças físico-químicas no magma.

1.4 METODOLOGIA

O presente trabalho foi executado em três etapas distintas:


1) Etapa pré-campo: Foi realizada a pesquisa bibliográfica do local de estudo para
o melhor entendimento do contexto geológico da região. Nessa etapa também foi consultado
o mapa geológico da região (Folha Goiânia), na escala 1:1.000.000 – SE.22 (2004), base
cartográfica com vetores fornecidos pelo IBGE e os softwares QGIS e Google Earth. Assim,
foi delimitada a área estudada e planejado o percurso que foi realizado durante a etapa de
campo.
2) Etapa de campo: Nesta etapa foi realizada a visita à área planejada durante 4
dias, para descrição dos afloramentos e litologia. A coleta de amostras para confecção de
lâminas foi realizada nessa etapa também. Os materiais utilizados nesta etapa foram:
automóvel, EPI, marreta para retirada de amostras, mapa, lápis, caneta, caderneta de
campo, GPS e bússola.
3) Etapa pós-campo: Foi realizada a petrografia através da descrição detalhada
das amostras de mão. Ao todo, foram coletadas 32 amostras e a partir delas foram
separadas seis litotipos distintos macroscopicamente. Foram confeccionadas seis lâminas
dos seis litotipos distintos (Lâmina 1, Lâmina 3A, Lâmina 3B, Lâmina 3C, Lâmina 9 e Lâmina
10), sendo que os números representam o número do afloramento. A partir dessas lâminas,
foi feito o estudo petrográfico microscópico. Assim, foi elaborado o relatório científico
contendo também as conclusões obtidas. Finalmente, foi realizado o seminário para a
defesa do trabalho.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Como este trabalho aborda um tema referente às rochas alcalinas/ultramáficas, foi


necessária uma conceituação sobre a gênese, classificação e nomenclaturas, pois se trata
de um universo de rochas com termos particulares, em muitos casos.
Antes da década de 60, não havia quase nenhum tipo de consenso entre petrólogos e
demais cientistas da área em classificar rochas alcalinas ultramáficas com um nome comum
e prático, mesmo que suas características mineralógicas e químicas fossem muito

4
parecidas. Para cada ambiente tectônico, textura, presença de mineral acessório ou
qualquer tipo descrição inerente à subjetividade do descritor, nomeavam-se a “mesma”
rocha distintamente. Em geral, usavam-se nomes toponímicos, homônimos às tribos,
cidades ou a quem descobriu, assemelhando-se a homenagens ou alguma intenção de se
obter mérito. A dificuldade para se achar um nome comum era maior para rochas vulcânicas
que, frequentemente, possuem minerais indistinguíveis a olho nu. Para rochas alcalinas a
dificuldade era maior, pois suas ocorrências são mais raras, além de ter química e
mineralogia muito peculiares.
Essa discordância de nomear as rochas, fez com que as pesquisas e publicações de
trabalhos tornassem mais difíceis e confusos. Esse cenário começou a mudar a partir de
1961, com a criação da União Internacional de Ciências Geológicas (International Union of
Geological Sciences – IUGS). A IUGS objetivava a facilitar o intercâmbio dos conhecimentos
geológicos, promover e incentivar o estudo dos problemas geológicos, cooperação entre os
países acerca da geologia e ajudar o Congresso Geológico Internacional. Mais tarde uma
subcomissão foi criada para tratar somente da sistemática inerente a classificação e
nomenclatura das rochas, denominada Subcomissão da Sistemática de Rochas Ígneas
(Subcommission on the Systematics of Igneous Rocks), a qual foi liderada por Albert
Streckeisen. Essa subcomissão foi responsável por receber sugestões e críticas de
cientistas ao redor de todo o globo e sintetisa-las criando nomenclaturas compreensíveis e
práticas para qualquer geólogo.
Assim, esse capítulo serve para elucidar alguns minerais e rochas citadas no presente
trabalho, mostrar hipóteses da gênese de magmas alcalinos, classificação e nomenclaturas
adotadas mundialmente para os lamprófiros, kamafugitos e os carbonatitos, que possuem
relação temporal e espacial com os kamafugitos (Gaspar, 1997; Danni & Gaspar, 1994;
Stoppa et al., 1997; Sgarbi & Gaspar, 2002 e Junqueira-Brod et al., 2005a). As
classificações a seguir são recomendações da IUGS (Le Maitre, 2002 e Woolley et al., 1996)
e propostas de Edgar & Vukadinovic (1992), Rock (1991), Mitchell & Bergman (1991), Le
Maitre et al. (1989), Foley et al. (1987) e entre outros.

2.1 GLOSSÁRIO

Apesar da raridade das rochas alcalinas, elas apresentam a maior diversidade de


nomenclaturas entre todos os grupos de rochas. Assim, o presente tópico traz a
classificação e significados, de alguns termos, minerais e rochas alcalinas mencionadas no
trabalho.

5
Analcima: Chamada de analcita no passado, esse mineral é um aluminossilicato
sódico hidratado (AlSi2O6Na.H2O) da classe dos tectossilicatos. É classificada como zeólita,
mas estruturalmente e quimicamente é mais similar com os feldspatóides. Ocorre como
mineral primário em algumas rochas vulcânicas alcalinas e também como mineral
secundário preenchendo vesículas juntamente com calcita e outras zeólitas. Esse mineral
também pode ser produto de alteração da leucita, em que há substituição do potássio (K) da
leucita pelo sódio (Na) da analcima.
Analcimito: Rocha vulcânica alcalina composta essencialmente por analcima,
titanoaugita, minerais opacos e pouca olivina. É definida como uma variedade de foidito do
diagrama QAPF, em que a analcima é o feldspatóide mais abundante.
Autobrecha: Brecha formada pela fragmentação de porções previamente
solidificadas de um determinado derrame de lava. A própria lava do derrame cimenta os
fragmentos.
Basanito: Rocha vulcânica tefrítica com textura afanítica a porfirítica composta por:
feldspatóides como leucita e/ou nefelina (maioria da fase félsica); plagioclásios cálcicos;
clinopiroxênios e olivina, geralmente como pórfiros (se forem muito abundantes podem ser
chamados de ankaramitos); alguns óxidos de ferro; pode conter analcima; em basanitos
fonolíticos a presença de álcali-feldspato é comum.
Bebedourito: Nome local (homônimo do município Bebedouro) de um clinopiroxenito
cumulático com olivina, flogopita, apatita, perovskita e magnetita.
Coppaelito: Rocha nomeada por Sabatini em 1903 na região de Coppaeli di Sotto
(hoje Cuppaello), na Itália. É uma variedade de melilitito constituído de piroxênio e melilita
em quantidade quase igual, com quantidade de flogopita e kalsilita variáveis, mas sem
olivina. É uma rocha kamafugítica e agora classificada como kalsilita-flogopita melilitito.
Derrame em platô: Sucessão de rochas vulcânicas formadas pelo magma que
chegam à superfície através de profundas fendas geológicas (falhas ou fraturas), que se
extravasam formando extensa cobertura de lava que se solidifica.
Essexito: Variedade de nefelina monzogabro ou monzodiorito contendo titanoaugita,
kaersutita e/ou biotita com labradorita.
Fonolito: Rocha vulcânica composta essencialmente por álcali-feldspato e alguns
feldspatóides. Se a nefelina for o único feldspatóide, então se usa o próprio termo “fonolito”,
mas se o feldspatóide mais abundante for a leucita, por exemplo, usa-se: leucita fonolito.
Fourchito: Lamprófiro melanocrático com analcima; apresenta clinopiroxênio (augita)
abundante, mas desprovido de olivina e feldspato. O nome vem de uma pequena cidade
chamada Fourche do estado de Arkansas, nos Estados Unidos.

6
Kalsilita: Esse mineral pertence à classe dos tectossilicatos e do grupo da nefelina,
dos feldspatóides. É um alumino silicato potássico (KAlSiO4). Seu nome é um acrônimo das
letras iniciais da sua formula química: “K” de potássio, “al” de alumínio e “sili” de sílica. São
encontrados em rochas vulcânicas e subvulcânicas subsaturadas em sílica, alcalinas
potássicas e ultrapotássicas.
Lacólito: Tipo de intrusão magmática horizontalizada. Geralmente tem dimensões
pequenas. Possui uma base plana e o teto convexo (forma de cogumelo), causada pela
pressão do magma ascendente que empurra as camadas sobrejacentes formando domos.
Essas intrusões ocorrem em profundidades relativamente pequenas.
Lopólito: Tipo de intrusão magmática horizontalizada. Possui dimensões variadas,
por vezes regionais. Possui formato de prato, em que a base é convexa e o teto é plano, que
pode ser condicionada a estruturas sinclinais das rochas intrudidas.
Melilita: Não se trata de um mineral individual e sim um grupo de minerais da classe
dos sorossilicatos. Melilita é um termo intermediário contendo todos os elementos possíveis
na sua molécula ((Ca,Na)2(Mg,Fe,Al,Si)3O7) da série “akermanita-gehlenita”, em que os
extremos variam principalmente no teor de magnésio (akermanita) e alumínio (gehlenita).
Nas rochas ígneas, esse grupo de minerais ocorre em rochas subsaturadas em sílica e
alcalinas.
Monchiquito: Variedade de lamprófiro composto por fenocristais de olivina, kaersutita
(anfibólio marrom), barkevicita (anfibólio), biotita titanífera e titanoaugita. A matriz é
composta de vidro, analcima e pelos mesmos minerais dos fenocristais, com exceção da
olivina. O nome dessa rocha vem de uma cidade em Portugal que se chama Monchique.
Melamonchiquito: Trata-se de um monchiquito em que os minerais máficos são mais
abundantes. O prefixo “mela” corresponde ao termo melanocrático, que é uma classificação
para a cor das rochas a partir do teor de minerais máficos.
Shoshonito: Termo coletivo para rochas classificadas quimicamente como a
variedade potássica de traquiandesitos basálticos pelo diagrama TAS. Ocorre em ambientes
de subducção, com vulcanismos em arcos de ilha. Geralmente são compostos por olivina,
augita, plagioclásio, sanidina e vidro vulcânico. O nome é por causa do Rio Shoshone em
Wyoming, Estados Unidos.
Tefrito: Rocha alcalina vulcânica composta, essencialmente, por plagioclásio cálcico,
clinopiroxênio, feldspatóide e sem olivina.
Textura panidiomórfica: É uma textura fanerítica em que todos os fenocristais
tendem a ser idiomórficos. É comum lamprófiros com essa textura, podendo ser chamada,
nesse caso, de textura lamprofírica.

7
Teralito: Variedade de nefelina gabro contendo titanoaugita, labradorita, nefelina e,
por vezes, olivina.
Venanzito: Rocha nomeada por Sabatini em 1899 na região de San Venanzo, na
Itália. É uma variedade de leucita-olivina melilitito melanocrática, composta majoritariamente
por melilita, leucita, kalsilita e olivina. É uma rocha kamafugítica e agora classificada como
kalsilita-flogopita-olivina-leucita melilitito.

2.2 ROCHAS ALCALINAS

As rochas alcalinas são definidas segundo Wernick (2004), Winter (2010) e Gill (2014)
como rochas ígneas subsaturadas em sílica (SiO2) e que apresentam álcalis (Na2O e K2O)
em excesso na sua composição, os quais, somados, em proporção molar, excede a
quantidade de alumina (Al2O3) presente de uma rocha, que por essa razão, é definida como
peralcalina. Quando a quantidade de álcalis é superior àquela que seria acomodada em
feldspatos, ocorre, por exemplo, a cristalização de feldspatóides como: nefelina, kalsilita e
leucita; piroxênios/anfibólios alcalinos e outras fases que sejam ricas em álcalis. A série das
rochas alcalinas, segundo Irvine & Baragar (1971), Middlemost (1975) e Foley et al. (1987)
pode ser subdividida em três grupos, dependendo da razão da porcentagem em massa
entre os álcalis: Sódicas (K2O/Na2O < 1); Potássicas (K2O/Na2O > 1 e MgO > 3%) e
Ultrapotássicas (K2O/Na2O > 2; MgO > 3%; K2O > 3%).
A geração de magmas alcalinos potássicos e ultrapotássicos pode ocorrer em
diferentes ambientes como os magmatismos intraplaca continental, que podem ser
associados às Zonas de Rifteamento Continental (Continental Rift Zones – CRZ) de Wilson
(1989) e também em ambientes orogênicos como os lamproítos, shoshonitos e rochas de
afinidade kamafugítica da Itália (Peccerillo, 1985), Turquia (Prelevic et al., 2008; Prelevic et
al., 2012) e China (Yu et al. 2003b; Su et al. 2009 e Guo et al. 2014). A Península Italiana é
o único lugar conhecido na Terra, onde diferentes tipos de rochas ultrapotássicas,
considerando a saturação em sílica, ocorrem rochas saturadas em sílica (lamproítos) e
subsaturadas em sílica (leucititos e kamafugitos) as quais estão intimamente associadas no
espaço e com uma ligeira mudança temporal (Conticelli et al., 2015)
As características gerais desses magmas são: enriquecimento em álcalis (K 2O e
Na2O), em voláteis (principalmente CO2 e elementos halogênios) e em elementos litófilos de
íons grandes (LILEs), sugerindo derivação de fonte mantélica enriquecida (Bailey, 1983).
Foley et al. (1987) sugeriu três grupos para as rochas potássicas e ultrapotássicas por meio
de analises químicas em rocha total: Grupo I ou Lamproítos; Grupo II ou Kamafugitos; e

8
Grupo III ou Plagioleucititos. Esse autor ainda faz menção sobre um quarto grupo, que é
representado por rochas com química intermediária entre o Grupo I e III, mas que não deve
entrar no mérito da discussão petrogenética das rochas ultrapotássicas.
Segundo Foley & Peccerillo (1992) existe um consenso geral para esses três tipos de
rochas, o qual diz que seus magmas não podem ser derivados a partir de fusão de manto
peridotítico normal e sim por um manto que é fortemente enriquecido em elementos
incompatíveis e, em muitos casos, devem conter quantidades consideráveis de minerais
ricos em elementos incompatíveis, tais como micas e anfibólios. No entanto, a natureza e
fonte dos processos de enriquecimento, o tempo desses processos e as condições de fusão
para produzir os diversos tipos de magmas potássicos e ultrapotássicos são questões
discutíveis. Em relação a esses assuntos, Edgar & Vukadinovic (1992) indicaram que a
maioria dos magmas ultrapotássicos é derivada de uma fusão parcial de uma fonte
mantélica enriquecida metassomaticamente de profundidade mínima de 100 km e sobre
condições fluidas representadas pelo sistema C-O-H com flúor. Além disso, concluíram que
a fonte mais aceita de magmas lamproíticos é um flogopita-harzburgito, enquanto que para
magmas kamafugíticos, uma fonte mais rica em clinopiroxênio, como os wehrlitos.
Esses autores também discutiram a variação na química mineral e as condições da
evolução de magmas ultrapotássicos, enquanto que Foley (1992) dedica sua atenção para a
mineralogia da fonte do magma. Edgar & Vulkadinovic (1992) e Foley (1992) concluem que
o estado de oxidação e o conteúdo de voláteis na fonte de muitas rochas ultrapotássicas
estão bem caracterizados: os lamproítos devem ser formados em condições de redução com
H2O como volátil predominante, enquanto que os kamafugitos devem ser de uma fonte
mantélica oxidada com CO2 abundante. Stoppa et al., (2000), também acreditam que a fonte
dos magmas kamafugíticos deve conter a razão CO2/H2O elevada, devido a presença de
carbonatos primários na matriz das rochas e pela associação com rochas carbonatíticas.

2.2.1 Kamafugitos

O termo kamafugito, proposto por Sahama (1974) é um acrônimo de sílabas de um


grupo de 3 rochas: Katungito, Mafurito e Ugandito, descritos primeiramente, em suítes
vulcânicas no sudoeste de Uganda por Holmes (1937, 1942 e 1950).
Os kamafugitos, lato sensu, são reconhecidos em seis localidades: África, Itália,
Brasil, China, Sérvia e Turquia. Na África, no braço oeste do Rifte do Leste Africano, ao
longo da fronteira entre o sudoeste de Uganda e Zaire. Na Itália, na Província Magmática
Romana (Peccerillo et al. 1988; Peccerillo, 2015); Província Ultra-Alcalina Intramontane

9
(Lavecchia et al., 2006); Distrito Ultra-Alcalino Umbria-Latium (Stoppa & Cundari, 1998). No
Brasil na Província Alcalina do Sul de Goiás e na Província Alcalina do Alto Paranaíba e
Mata da Corda. Na China, na Província de Gansu: oeste do Orógeno Qinling (Yu et al. 2003;
Su et al. 2009 e Guo et al. 2014). Na Sérvia, na região central da Península Balcânica
(Prelevic et al., 2001, Prelevic, 2005). Na Turquia, no distrito de Isparta na porção sudoeste
da região da Anatólia (Caran, 2016).
No entanto, se for considerado a classificação mais restrita sugerida pela IUGS para
os kamafugitos (stricto sensu), essas rochas são reconhecidas apenas na África, Itália e
Brasil. As rochas que ocorrem na China, Sérvia e Turquia não possuem a paragênese
mineral sugerida pela IUGS, faltando o mineral kalsilita. Os termos sugeridos pela IUGS
serão explicados adiante.
Popularmente, os kamafugitos são rochas alcalinas ultrapotássicas, extrusivas
(vulcânicas e vulcanoclásticas), ultramáficas, ultrabásicas, geradas em riftes continental e
que possui os bebedouritos como correspondente intrusivo. Os kamafugitos de Sahama
(1974) contém kalsilita, leucita e melilita como minerais classificadores (FIGURA 3)

Figura 3: Diagrama de classificação modal dos kamafugitos.


Fonte: Sahama (1974).

Holmes (1950) classificou as rochas kamafugíticas da província de Toro-Ankole pelas


paragênese dos minerais principais como: Katungito (Olivina + Melilita + vidro rico em K);
Mafurito (Olivina + Augita + Kalsilita); Ugandito (Olivina + Augita + Leucita). Outros minerais,
como a perovskita, flogopita e titanomagnetita são minerais comuns nos kamafugitos
conhecidos. Nem sempre a augita é o clinopiroxênio presente, Junqueira-Brod (1997) e
Sgarbi et al. (2000) classificam os clinopiroxênios dos kamafugitos de Santo Antônio da
Barra como diopsídio.
A classificação da IUGS proposta por Le Maitre (2002) e Woolley et al. (1996) insere
os kamafugitos em novos grupos: rochas kalsilíticas ou que contém kalsilita (KAlSiO4),
10
rochas com melilíticas ou com melilita [(Ca,Na)2(Mg,Fe,Al,Si)3O7] e leucititos ou rochas com
leucita (KAlSi2O6). Assim, foram adotados outros nomes para essa série (Tabela 1).

Tabela 1: Minerais que compõem as rochas vulcânicas com kalsilita .


Rocha Flogopita Clinopiroxênio Leucita Kalsilita Melilita Olivina Vidro

Mafurito - x - x - x x

Katungito - - x x x x x

Venanzito¹ x x x x x x -

Coppaelito² x x - x x - -

x = presente; - = ausente. ¹Rocha kamafugítica da região de San Venanzo, Itália; ²Rocha


kamafugítica da região de Cuppaello, Itália.

Fonte: Modificado de Mitchell & Bergman (1991).

O grupo das rochas kalsilíticas conta com a presença dos seguintes minerais além da
kalsilita: clinopiroxênios, leucita, melilita, olivina e flogopita (Tabela 2). Esses autores
sugerem que rochas com kalsilita, mas sem leucita ou melilita devem ser classificadas como
kalsilitito, caso contrário, deve-se usar o prefixo “kalsilita” no nome, por exemplo: Kalsilita
melilitito. Se a rocha for plutônica, será um clinopiroxenito.
Além disso, esses autores separam os litotipos da série kamafugítica de Sahama
(1974) englobando os mafuritos e katungitos no grupo das rochas com kalsilita (Tabela 2) e
os uganditos no grupo de rochas vulcânicas que contém leucita (leucititos) como mineral
essencial, já que não possuem kalsilita. Em contrapartida, Tappe et al. (2003) mostra que a
kalsilita ocorre nos uganditos e, portanto, é um kamafugito equivalente a olivina-kalsilita
leucitito.

Tabela 2: Nomenclaturas para rochas da série kamafugítica.


Nome histórico da rocha Nomenclatura recomendada

Mafurito Olivina-piroxênio kalsilitito

Katungito Kalsilita-leucita-olivina melilitito

Venanzito Kalsilita-flogopita-olivina-leucita melilitito

Coppaelito Kalsilita-flogopita melilitito

Ugandito Piroxênio-olivina leucitito

11
Fonte: Modificado de Le Maitre (2002).

Para a IUGS, a presença de melilita e/ou leucita como minerais essenciais indica que
as classificações de rocha com melilita (melilitito) e rocha com leucita (leucitito) devem ser
aplicadas. No entanto, a presença de kalsilita e leucita é considerada petrogeneticamente
distinguível e tão importante que o termo kamafugito deve ser mantido para essa série de
rochas (Woolley et al., 1996).
As rochas com melilita, segundo Le Maitre (2002) e Woolley et al. (1996) são
classificações usadas em rochas que possuem mais do que 10% de melilita modal e com
feldspatóides presente, mas em menor proporção modal do que a melilita. O termo usado
para as rochas intrusivas é melilitolito e para as extrusivas é melilitito. As rochas com mais
de 10% de melilita e/ou com kalsilita deve ser classificada como rocha kalsilítica. Se
composição mineralógica modal for determinada, um nome apropriado pode ser obtido
através da Figura 4. Além disso, essas rochas podem ser classificadas através do diagrama
TAS (diagrama de total de álcalis x sílica) que é usado em três situações: a rocha é
vulcânica; a composição modal dos minerais não pode ser determinada, devido a presença
de vidro ou de minerais finos; e a análise química da rocha está disponível.

Figura 4: Classificação modal de rochas vulcânicas com mais de 10% de melilita.


Fonte: Modificado de Le Maitre (1989).

As rochas com leucita (KAlSi2O6) ou leucititos, segundo Le Maitre (2002) e Woolley et


al. (1996), são rochas que devem ser nomeadas de acordo com o diagrama QAPF para
rochas vulcânicas com o prefixo “leucita”. Rochas que possui ausência ou pouca quantidade
de feldspato entram no campo dos foiditos (> 90% de feldspatóides) do QAPF (Le Maitre et
al.,1989) e são denominados leucititos. Para essas rochas, existem mais dois campos de
classificação no diagrama QAPF vulcânico: “Leucitito fonolítico”, que são rochas com 60 a
12
90% de leucita e com mais álcali-feldspato do que plagioclásios; e “Leucitito tefrítico”, que
são rochas com 60 a 90% de leucita e com mais plagioclásio do que álcali-feldspato. A
mineralogia essencial das rochas com leucita estão na Tabela 3.

Tabela 3: Mineralogia dos principais grupos de rochas vulcânicas com leucita.


Rocha Clinopiroxênio Leucita Plagioclásio Sanidina + exsoluções Olivina

Leucitito X X - - > 10%

Leucitito tefrítica X X Plagioclásio > Sanidina X

Leucitito fonolítico X X Plagioclásio < Sanidina X

Leucita tefrito X X X - <10%

Leucita basanito X X X - >10%

Leucita fonolito X X - X -

X = presente; - = ausente
Fonte: Modificado de Le Maitre (2002)

A seguir a Tabela 4 mostra uma compilação da composição de elementos maiores


das rochas de afinidade kamafugíticas do Brasil, Itália, África do Sul, China e Sérvia. A
Figura 3 e a Figura 4 mostram, respectivamente, o diagrama do padrão dos Elementos
Incompatíveis e dos Elementos Terras Raras (ETR) dos kamafugitos de Uganda, Itália e
Brasil.

Tabela 4: Composição de elementos maiores, expressos em porcentagem por peso, das


rochas do Brasil, Itália, África do Sul e China, com destaque nos elementos que mais
discernem os kamafugitos.
A B C D E F G H I J K L

SiO2 39,9 42,5 42,5 41,6 41,2 41,33 35,37 35,51 35,91 43,15 42,3 42,8

TiO2 3,7 3,7 0,89 0,61 0,76 0,59 3,87 4,88 3,61 2,64 2,2 1,86

Al2O3 7,6 11,1 12,60 15,6 11,9 12,23 6,50 6,83 8,51 9,77 10,29 10,16

Fe2O3 6,5 8,3 6,24 5,92 3,08 2,05 7,23 9,68 8,21 4,66 10,5* 10,56*

FeO 6,3 4,1 1,74 0,74 3,74 4,01 5,0 2,70 3,03 5,1 - -

MnO 0,21 0,22 0,13 0,16 0,09 0,11 0,24 0,22 0,13 0,15 0,16 0,16

MgO 15,2 7,5 7,28 2,80 11,9 12,99 14,08 11,67 8,74 11,16 12,53 11,52

CaO 12,9 12,5 15,40 13,4 15,2 13,33 16,79 16 18,09 14,32 10,45 9,78

13
Na2O 2,2 4,3 2,49 1,07 0,98 1,03 1,32 1,56 0,57 2,63 2,00 3,04

K2O 0,51 1,2 5,11 5,48 7,58 8,91 4,09 3,3 0,69 1,03 5,15 1,74

P2O5 0,55 0,84 0,46 0,47 0,47 0,39 0,74 1,18 1,6 1,14 1,48 1,18

Cr2O3 0,15 0,032 - - - - 0,01 0,02 0,04 0,04 - -

BaO - - - - - - 0,25 0,27 - - - -

CO2 0,22 0,31 n.d 5,87 0,81 - 0,09 1,47 6,72 0,22 - -

NiO 0,041 0,008 - - - - 0,19 0,02 0,03 0,02 - -

F 0,24 0,46 - - - - 0,16 0,27 0,09 0,12 - -

S 0,006 0,002 0.96 0,08 0,04 - 0,35 - - - - -

LOI 2,81 2,39 3,29 10,3 1,39 0,81 2,78 3,11 4,05 3,12 2,07 6,80

Total 99,06 99,48 99,2 99,8 99,1 97,78 99,08 98,69 100,02 99,27 99,71 99,56

LOI = Lost On Ignition (porcentagem em peso de elementos que são perdidos durante a
ignição/combustão do magma); - = sem análise; n.d = não detectado; * = Ferro Total (Fe2O3
+ FeO). A e B – Mafurito e Ugandito, respectivamente, de Santo Antônio da Barra, Goiás
(Sgarbi & Gaspar, 2002); C – Lapilli da Grotta del Cervo, Abruzzo na Itália (Stoppa et al.,
2002); D – Tufo da Grotta del Cervo, Abruzzo na Itália (Stoppa et al., 2002); E - Lava
alcalina de San Venanzo na Itália (Stoppa et al., 2002); F – Kamafugito de San Venanzo,
Umbria (Peccerillo & Frezzotti, 2015); G – Katungito da Cratera Katwe, Uganda na África do
Sul (Holmes, 1950); H – Katungito da porção oeste do Vulcão Katunga, África do Sul
(Holmes, 1937); I e J – Kamafugitos do oeste de Qinling, Província Gansu na China (Yu et
al., 2003); K e L – Uganditos da Sérvia (Prelevic et al., 2005).

14
Figura 5: Padrão de distribuição dos elementos incompatíveis dos kamafugitos ou rochas
com afinidade kamafugítica de Uganda, Brasil e Itália comparado com o manto primitivo
normalizado.
Fonte: Modificado de Tappe et al (2003).

Figura 6: Padrão de distribuição dos Elementos Terras Raras (ETR) de Uganda, Brasil e
Itália comparados com condrito normalizado.
Fonte: Modificado de Tappe et al (2003).

15
2.2.2 Carbonatitos

Uma rocha só deve ser classificada como carbonatito se possuir mais de 50% de
carbonato em sua composição modal (Streckeisen 1978, 1979). Essa classificação
independe da natureza da rocha: intrusiva ou extrusiva. Essas rochas ocorrem como corpos
intrusivos de pequena dimensão, podendo ocorrer, raramente, como rochas extrusivas e
estão associadas com rochas silicáticas, sugerindo uma ligação comum em sua gênese
(Winter, 2010). Existem quatro classes de carbonatitos, que podem ser distinguidas por sua
característica mineralógica: Calcita-carbonatito; Dolomita-carbonatito; Ferrocarbonatito; e
Natrocarbonatito (Le Maitre, 2002).
A classificação Calcita-carbonatito é usada quando a maioria do carbonato presente é
a calcita (CaCO3). Se essas rochas possuírem granulação grossa, devem ser chamadas de
Sövito. Mas se a granulação for fina a média, devem ser chamados de Alvikito.
Dolomita-carbonatito é usado quando a dolomita (MgCO3) é o carbonato
predominante. Também podem ser chamados de Beforsito.
Ferrocarbonatito é o carbonatito que possui, predominantemente, carbonato rico em
ferro, como a Siderita (FeCO3) ou Ankerita (Ca(Fe,Mg)(CO3)2).
Natrocarbonatitos são essencialmente compostos por carbonatos sódicos, potássicos
e cálcicos como a Nyerereita (Na2Ca(CO3)2) e Gregoryita ((Na2,K2,Ca)CO3). Esse litotipo é
encontrado hoje apenas no vulcão Oldoinyo Lengai na Tanzânia.
Se o carbonatito tiver a granulação muito fina e indistinguível ou se os carbonatos
formarem soluções sólidas entre Ca-Mg-Fe, pode-se usar o diagrama ternário de
classificação química para carbonatitos com menos de 20% de sílica (Figura 7), segundo
Woolley & Kempe (1989).

Figura 7: Classificação química dos carbonatitos com sílica < 20%.


Fonte: Modificado de Woolley & Kempe (1989).
16
2.2.3 Lamprófiros

Os lamprófiros são grupos diversificados de rochas, com características químicas que


não se distinguem facilmente de outras rochas ígneas normais (Le Maitre, 2002). Segundo
Woolley et al. (1996) e Le Maitre (2002) os lamprófiros correm geralmente em pequenos
volumes, sob a forma de diques, lopólitos, lacólitos, filões ou pequenas intrusões. São
rochas ígneas mesocráticas a melanocráticas (minerais máficos = 35 – 90%), usualmente
hipoabissais, com textura panidiomórfica abundante em megacristais de mica escura ou
anfibólio, com ou sem piroxênio, com ou sem olivina, em matriz dos mesmos minerais e com
feldspato (usualmente álcali-feldspato) restrito na massa. Minerais hidrotermais como calcita
e zeólitas aparecem como fase primária. Sua composição mineralógica é muito semelhante
à de kimberlitos e lamproítos e isso fez com que Rock (1991) considerasse esses dois
litotipos como tipos de lamprófiros.

3. GEOLOGIA REGIONAL

A área de estudo está inserida na unidade geotectônica da Bacia do Paraná, a qual é


representada em uma extensa área na América do Sul, que inclui porções territoriais do
centro-sul do Brasil, leste do Paraguai, nordeste da Argentina e norte do Uruguai (Figura 8),
totalizando uma área que se aproxima dos 1,5 milhão de quilômetros quadrados (Milani,
1997). No Brasil, abrange território dos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

17
Figura 8: Localização e área da Bacia do Paraná
Fonte: Milani et al. (2007).

Nessa bacia ocorrem rochas sedimentares depositadas desde o Paleozóico


(Ordoviciano) ao Mesozóico (Cretáceo) que correspondem a uma natureza continental à
marinha com ambientes deposicionais como: fluvial; lacustre; aluvionar; eólico (desertos);
costeiro; plataformal raso e distal; e glacial juntamente com rochas vulcânicas (Schneider et
al. 1974). As rochas vulcânicas do Cretáceo Inferior dessa bacia chamam a atenção pelo
seu volume, o qual constitui um dos maiores derrames basálticos conhecidos. Além dos
basaltos, existem também, províncias de rochas vulcânicas alcalinas, das quais, uma delas,
Província Alcalina do Sul de Goiás (Lacerda Filho et al., 1999), situada no norte da bacia, é
objeto desse estudo.

3.1 CONTEXTO GEOTECTÔNICO

A Bacia do Paraná, em função de aspectos inerentes a seu posicionamento


geotectônico atual e a suas características tectono-sedimentares, é considerada uma típica
bacia intracratônica ou sinéclise intracratônica (Milani et al. 2007). O termo sinéclise refere a
áreas subsidentes (depressões) discordantes das estruturas do embasamento. Sinéclises
intracratônicas são bacias sedimentares de grande extensão, assentadas sobre áreas
cratônicas relativamente estáveis longe de limites de placas tectônicas.

18
A gênese dessas bacias é um assunto controverso (Milani & Ramos, 1998). O motivo
de extensas áreas do interior de continentes se rebaixarem não é convictamente sabido,
embora se conheça os principais mecanismos de subsidência: termal, mecânica local e
regional (flexural). Assim, uma bacia intracratônica, como a Bacia do Paraná que
compreende um intervalo de tempo, de aproximadamente 400 milhões de anos, deve ter
sido submetida a mais de um mecanismo de subsidência.
Para Milani (1997) e Milani & Ramos (1998), a geodinâmica da borda ativa do
Gondwana (convergência com a litosfera oceânica do Panthalassa), marcada por uma série
de episódios orogênicos: Orogenias Oclóyica e Precordilheirana do Ciclo Famatiniano
(Ordoviciano a Devoniano) e Orogenias Chanica e Sanrafaélica do Ciclo Gondwânico
(Carbonífero a Triássico) durante o Fanerozóico (Ramos et al. 1986), influiu de forma
importante na história evolutiva da Bacia do Paraná. Segundo Milani (1997), a investigação
composta da subsidência da bacia, junto às orogenias na borda continental, revelou que
existe relação entre ciclos de criação de espaço deposicional na área intracratônica e os
eventos orogênicos. O rebaixamento ou flexura da litosfera por sobrecarga tectônica (efeito
isostático), propagado continente adentro a partir da calha de antepaís desenvolvida na
porção ocidental do Gondwana foi interpretada como tendo sido um importante mecanismo
de subsidência mecânica durante a evolução da Bacia do Paraná (Milani et al. 2007). Já
para Zalán et al. (1990), a contração térmica que teria sucedido aos fenômenos tectono-
magmáticos do Ciclo Brasiliano seria um importante mecanismo ligado à gênese da
sinéclise. E, para Fulfaro et al. (1982), um conjunto de riftes abortados orientadas segundo a
direção NW-SE teriam sido as depressões precursoras da sedimentação cratônica.

3.2 ESTRATIGRAFIA DA BACIA DO PARANÁ

Segundo Milani et al. (2007) a estratigrafia da Bacia do Paraná é representada por


pacotes sedimentares-magmáticos de espessura de aproximadamente 7 mil metros, de
idade que vão do Ordoviciano Superior até o Cretáceo Superior (Figura 9). Para Milani
(1997), existem seis unidades aloestratigráficas (supersequências). Essas unidades
registram sucessivas fases de acumulação sedimentar e a evolução de cada unidade foi
condicionada por clima e tectonismo particulares (Milani et al. 1998). Além disso, são
limitadas por discordâncias regionais que perfazem grande parte da idade da bacia e que
representam hiatos deposicionais e/ou períodos de erosão. As Supersequências são: Rio
Ivaí (Ordoviciano ao Siluriano); Paraná (Devoniano); Gondwana I (final do Carbonífero ao

19
Triássico Inferior), Gondwana II (Triássico Médio ao Superior), Gondwana III (Jurássico
Superior ao Cretáceo Inferior) e Bauru (Cretáceo Superior).
A Supersequencia Rio Ivaí relaciona-se à implantação da Bacia do Paraná, e a
geometria de sua área de ocorrência, com depocentros alongados de orientação geral NE-
SW, que podem ter sido controlados por algum mecanismo de rifteamento. A
Supersequência Paraná foi gerada durante uma época de amplo afogamento marinho das
áreas cratônicas do supercontinente Gondwana. As condições de bacia intracratônica, como
um efetivo isolamento no interior continental começaram a predominar durante a deposição
da Supersequência Gondwana I. Essa unidade registra em seu início, depósitos de
glaciação e, posteriormente, com a deglaciação e consequente subida do nível do mar,
depósitos marinhos e, finalmente em seu final, depósitos continentais. Mais tarde, no
Gondwana II e III os ambientes deposicionais passariam a ser principalmente continentais.
Isso viria a desenvolver amplos campos de dunas no final do Jurássico (início da Gondwana
III). O derrame basáltico, no Cretáceo Inferior, marca o estágio inicial da ruptura do
paleocontinente e o final da supersequência Gondwana III. Por fim, a cobertura sedimentar
continental da Supersequência Bauru, encerrou a história sedimentar da Bacia do Paraná
(Milani et al. 1998; Milani & Ramos, 1998).
Assim, nota-se que as três primeiras supersequências correspondem a ciclos
transgressivo-regressivos do nível relativo do mar no Paleozóico, enquanto que as demais
correspondem a pacotes de sedimentitos depositados em ambientes continentais com
rochas ígneas associadas.

20
Figura 9: Mapa geológico da Bacia do Paraná com as supersequências distribuídas em sua
abrangência.
Fonte: Milani (2004).

As unidades litoestratigráficas da bacia como grupos, formações e membros são


elementos particularizados de diferentes autores, mas que se inserem dentro dessas
supersequências. Na área de estudo, com a respectiva escala cartográfica, é representada a
menor unidade aloestratigráfica em abrangência de tempo e mais recente da Bacia do
Paraná, a Supersequência Bauru.

3.2.1 Supersequência Bauru

Fernandes & Coimbra (1994, 1996, 2000) e Fernandes (1998) propuseram considerá-
la como “Bacia Bauru”, com independência da Bacia do Paraná. A Bacia Bauru formou-se no
início do Cretáceo Inferior, após a ruptura do continente Gondwana, no centro-sul da

21
Plataforma Sul-Americana. É uma bacia do tipo interior, desenvolvida por compensação
isostática, decorrente do acúmulo de quase 2.000 m de lavas basálticas, ocorrido no
Cretáceo Inferior (Fernandes, 2004). Então, essa unidade corresponde a uma cobertura que
sucede e sobrepõe os basaltos da Formação Serra Geral do Grupo São Bento com contato
basal discordante. Ainda para esses autores, essa cobertura é constituída de rochas
sedimentares siliciclásticas (natureza continental) depositadas em duas condições
climáticas: desértico primeiramente e semiárido mais tarde.
De acordo com Fernandes & Coimbra (2000), as rochas podem ser reunidas nos
Grupos Caiuá e Bauru, que são cronocorrelatos (Figura 10). Esses dois grupos se
distinguem principalmente pelo clima em que as rochas foram geradas. O Grupo Caiuá
corresponde a rochas do clima desértico e o Grupo Bauru, do clima semiárido. A passagem
lateral entre esses grupos é gradual e interdigitada, ver Figura 11 (Fernandes, 2004).
O Grupo Caiuá ocorre, no Brasil, nos Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso
do Sul. Compõem esse grupo as Formações Rio Paraná, Goio Erê e Santo Anastácio. As
três unidades apresentam cores entre marrom-avermelhado e arroxeado, características de
depósitos tipo “red beds”. Já o Grupo Bauru ocorre nos Estados de São Paulo, Minas
Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul. Compõem esse grupo as Formações (Fm.)
Uberaba, Vale do Rio do Peixe, Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e
Marília, além de rochas vulcânicas alcalinas, os Analcimitos Taiúva (Fernandes & Coimbra,
2000).

Figura 10: Carta litoestratigráfica da Bacia Bauru.


Fonte: Fernandes & Coimbra (2000).
22
Figura 11: Hipótese da paleogeografia para os depósitos da Bacia Bauru.
Fonte: Fernandes & Coimbra (1996).

Neste trabalho o Grupo Caiuá não será abordado, somente o Grupo Bauru, por
ocorrer em Goiás e, principalmente, no local do estudo. Serão descritas somente as
formações que ocorrem em Goiás: Fm. Vale do Rio do Peixe e Fm. Marília.

3.2.1.1 Grupo Bauru

O Grupo Bauru corresponde a depósitos de trato de sistemas de clima semiárido,


formado por leques aluviais marginais, lençóis de areia atravessados por sistemas fluviais
efêmeros, zonas com rios endorréicos e zonas pantanosas, que alimentaram o deserto
interior correspondente ao Grupo Caiuá (Fernandes, 2004). A sedimentação é marcada por
arenitos, cuja deposição, na porção setentrional, foi controlada por falhas regionais, com
soerguimento da porção norte da bacia e reativação das estruturas marginais, quase sempre
acompanhadas de magmatismo alcalino (Moreira et al., 2008).

3.2.1.1.1 Formação Vale do Rio do Peixe

Fernandes (1998) propôs a Formação Vale do Rio do Peixe em substituição à


Formação Adamantina de Soares et al. (1980) como porção basal do Grupo Bauru. Essa
unidade tem ampla distribuição em Goiás, abrangendo o Parque Nacional das Emas e os

23
municípios de Rio Verde, Itarumã, Cachoeira Alta, Serranópolis, Caçu e Quirinópolis
(Moreira et al. 2008).
Faz contato basal ao sul de Amorinópolis, com a Formação Aquidauana por
discordância erosiva (Pena et al. 1975) e com as rochas da Província Alcalina do sul de
Goiás por falha ou discordância. No topo o contato com a Fm. Marília é gradacional.
Segundo Pena et al. (1975), a espessura dessa unidade em Goiás situa-se entre 150 a 200
metros.
A formação é composta por estratos de arenitos cinza-claros, beges ou róseos,
maciços, finos a muito finos, por vezes médios, em geral mal selecionados e com
estratificação plano-paralela e cruzada subordinadamente. Os grãos de quartzo são
subarredondados a subangulosos e as vezes estão cimentados por sílica e calcita. Os
arenitos da base são mais maciços do que os do topo e mais estratificados. Entre esses
arenitos se intercalam lentes de conglomerados, siltitos e argilitos arroxeados e rosados.
Essas características das rochas permitem interpretá-las sendo, predominantemente de
ambiente flúvio-lacustre (Soares et al. 1980; Fernandes, 1998; Fernandes, 2004; Fernandes
& Coimbra, 2000a; Moreira et al. 2008).

3.2.1.1.2 Formação Marília

A Formação Marília é composta pelos membros: Serra da Galga, Ponte Alta e


Echaporã (Barcelos & Suguio, 1987). Segundo Moreira et al. (2008), essa formação ocorre
de forma esparsa sobre a Formação Vale do Rio do Peixe, sendo que as melhores
exposições estão nas proximidades de Itajá, Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta e Rio
Verde, onde sustentam topos de interflúvios. Faz contato gradacional com a Formação Vale
do Rio do Peixe e com a Formação Botucatu e Serra Geral, por discordância erosiva.
No geral, os três membros consistem, segundo Suguio et al., (1977); Soares et al.,
(1980); Barcelos & Suguio, (1987); e Fernandes, (1998), em arenitos vermelhos, finos a
grossos, mal selecionados, cimentados por sílica amorfa, bem como de arenitos argilosos,
siltitos e lamitos, em estratos com acamamento incipiente e poucas estratificações cruzadas.
Apresenta níveis conglomeráticos com cimentação e concreções carbonáticas e lentes de
silexito e brechas conglomeráticas de calcário. O ambiente deposicional proposto é fluvial e
lacustre, com canais, deltas aluviais e planícies de inundação em clima árido.

24
3.3 PROVÍNCIA ALCALINA DE GOIÁS

A Província Alcalina do Sul de Goiás (PAGO) (Lacerda Filho et al. 1999) ou Província
Rio Verde – Iporá, segundo Almeida et at. (1983) está situada a NNE da porção setentrional
da Bacia do Paraná (Figura 12). Essa província compreende uma das diversas associações
de rochas alcalinas, resultantes de eventos magmáticos sobre o continente durante o
Mesozóico que se instalaram nas bordas da Bacia do Paraná. A extensão dessa província é
de aproximadamente 250 km de comprimento, por 70 km de largura, compreendendo uma
área alongada na direção N30W (Junqueira-Brod et al. 2002). Algumas rochas dessa
província intrudem rochas da Faixa Brasília e outras intrudem as rochas da Bacia do Paraná,
como, por exemplo, as rochas intrusivas de Santa Fé e as vulcânicas de Santo Antônio da
Barra, respectivamente.
Essa província foi primeiramente definida como Grupo Iporá por Guimarães et al.
(1968) devido aos corpos intrusivos da região homônima na parte norte da província. Mas há
também variedades subvulcânicas e vulcânicas, que dominam a parte central sul da
província. (Danni, 1974; Barbour et al. 1979; Gaspar & Danni, 1981; Danni & Gaspar, 1992;
Junqueira-Brod et al. 2002). Dessas variedades subvulcânicas e vulcânicas, se encontra a
suíte vulcânica de Santo Antônio da Barra no extremo sul da província, hoje, definida como
Formação Santo Antônio da Barra, segundo Moreira et al. (2008).

Figura 12: Mapa da distribuição de províncias alcalinas nas margens da Bacia do Paraná

25
com destaque na Província Alcalina do Sul de Goiás.
Fonte: Ulbrich & Gomes (1981).

A assembleia das rochas em toda expansão da província varia em relação a natureza


magmática. Como já mencionado, as rochas a norte da província são intrusivas e as da
porção central e sul são intrusivas rasas e extrusivas. A seguir será mostrado uma síntese
da PAGO (Figura 13), de Norte a Sul, de Junqueira-Brod et al. (2002) e Junqueira-Brod et al.
(2005), segundo Bez et al. (1971), Danni (1974), Pena (1975), Barbour et al. (1979), Gaspar
& Danni (1981), Danni & Gaspar (1992), Danni & Gaspar (1992), Danni & Gaspar (1994),
Junqueira-Brod (1998), Sgarbi (1998).

Figura 13: Mapa da Província Alcalina do Sul de Goiás com a posição das intrusões
mapeadas e inferidas.

26
Fonte: Modificado de Junqueira-Brod et al. (2002).

3.3.1 Porção Norte

Os maciços dessa porção são agrupados na unidade Complexo Alcalino Iporá


(Moreira et al. 2008). Todo esse conjunto de maciços a seguir é interpretado por Danni
(1992) como intrusões derivadas de magma picrítico alcalino com fracionamento mineral em
câmaras magmáticas.
No norte da província aflora o Complexo do Morro do Engenho, uma intrusão
composta por núcleo de dunito circundado por peridotito e piroxenito que muda para gabro
alcalino e nefelina sienito, que intrude a Formação Furnas (Pena, 1975).
O Complexo Alcalino de Santa Fé (máfico-ultramáfico) é um corpo elíptico, formado
por dunito no centro, com clinopiroxenito, peridotito alcalino, gabro e sienito nas bordas. São
encontrados ainda diques de lamprófiro e fonolito (Barbour et al. 1979). Datação K-Ar
forneceu idade de aproximadamente 86,7 Ma. (Sonoki & Garda, 1988) e datações em cinco
amostras obtidas, também, por meio de K-Ar por Barbour et al. (1979) forneceram idades
entre 74,4 a 88,4 Ma.
O Complexo de Montes Claros de Goiás aflora a sul da cidade homônima. É formado
por dunitos, peridotitos, piroxenitos, gabros, sieno-gabros e sienitos que intrudem a
Formação Furnas e em gnaisses pré-cabrianos (Pena, 1975).
A intrusão de Arenópolis é um corpo alongado, formado por três conjuntos litológicos
distintos. Um consiste de olivina piroxenito circundado por gabro. O segundo é composto por
melteigitos com faixas de ijolitos e piroxenitos. O terceiro compreende nefelina sienitos, com
diques de microsienito e microfoiaito. O conjunto intrude rochas pré-cabrianas e sedimentos
da Formação Furnas, projetando, nas encaixantes, diques de microsienito, microfoiaito,
lamprófiro e nefelinito.
Próximo à cidade de Iporá, Danni (1974) descreve dois complexos com zonação
concêntrica. O primeiro, Complexo do Córrego do Rio dos Bois, consiste em dois domos que
abrangem uma área aproximada de 33 km². Dunitos ocupam grande parte dos domos, e são
circundados por wehrlitos, olivina piroxenitos e websteritos. Ao norte e ao sul, ocorrem anéis
de olivina gabro alcalino, teralitos e essexitos. A estrutura é circundada por uma intrusão
estreita e descontínua de nefelina sienito. Diques de sienito cortam o complexo e suas
encaixantes. A segunda intrusão, Complexo do Morro do Macaco, consiste de quatro domos,
compostos do centro para as bordas por dunito, wehrlito, olivina piroxenito e clinopiroxenito.

27
O Complexo Fazenda Buriti, a noroeste de Iporá, consiste de olivina clinopiroxenitos,
melagabros, essexitos, sienogabros e sienitos.
Intrusões subvulcânicas, diques, plugs e sills de picrito são comuns na porção norte
da PAGO, próximo a Diorama. Os diques preenchem fraturas de direção N30W e N50E no
embasamento pré-cambriano. Os sills normalmente se alojados em estratos da Bacia do
Paraná, têm menos de 5 m de espessura e podem chegar até 500 m de extensão. Os plugs
são cilíndricos e com diâmetro de até 200 m (Danni, 1994).

3.3.2 Porção Central

Próximo à fazenda Bebedouro, a sul da cidade de Amorinópolis aflora uma


associação subvulcânica, produto de magmatismo ultrabásico alcalino perpotássico a
sódico-potássico (Danni, 1985). É uma intrusão cilíndrica, com cerca de 1200 m de diâmetro,
de composição basanítica a tefrítica. Diques radiais e anelares de olivina leucita
melanefelinitos, melanalcititos e olivina nefelina melaleucititos precederam a intrusão
principal (Danni, 1985). O último evento no complexo é representado por pipes de brecha
resultantes da perda de gases do reservatório. Próximo dessa intrusão ocorre um conduto
de katungito, a única intrusão com esta composição registrada na área até o momento
segundo Danni (1985) e Danni & Gaspar (1994).
Na região de Águas Emendadas, entre Amorinópolis e Montividiu existem várias
ocorrências de rochas alcalinas, principalmente vulcânicas e subvulcânicas rasas. Formam
pequenos derrames, diques, plugs e diatremas que intrudem a Formação Aquidauana e são,
em geral, cobertos pelo Grupo Bauru (Junqueira-Brod, 1998; Junqueira-Brod et al. 2005b).
Os derrames, diques e plugs consistem de kamafugitos, leucititos, basanitos e variedades de
rochas alcalinas como fragmentos nas brechas das diatremas (Junqueira-Brod 1998,
Junqueira-Brod et al. 2005b). Estas rochas foram interpretadas como extensão da
associação vulcânica alcalina-carbonatítica de Santo Antônio da Barra por Junqueira-Brod
et. al. (2005b), que sugerem ainda que os leucititos e nefelinitos originaram-se de magmas
diferentes. O caráter kamafugítico dos termos ultrabásicos é confirmado pela presença de
kalsilita em amostras dos derrames, dos diques e dos fragmentos em brechas assim como
pelas características geoquímicas em rocha total (Junqueira-Brod, 1998).

28
3.3.3 Porção Sul

A porção sul dessa província é compreendida pelas rochas vulcânicas e


vulcanoclásticas de Santo Antônio da Barra. Essas rochas são definidas como Formação
Santo Antônio da Barra em Moreira et al. (2008).
As rochas vulcânicas de Santo Antônio da Barra compreendem derrames com
intercalações de piroclastos e representam a manifestação vulcânica de maior volume da
PAGO e uma das maiores manifestações kamafugíticas conhecidas no Planeta (Junqueira-
Brod, 2002). Estas rochas foram inicialmente descritas como analcimitos, olivina analcimitos,
brechas analcimíticas e piroclásticas carbonatíticas (Hasui et al. 1971; Gaspar, 1997). Sgarbi
(1998) confirmou a presença de leucita e kalsilita pela primeira vez nessas rochas. Essa
presença da kalsilita permitiu classificar as rochas como kamafugitos. Segundo Junqueira-
Brod et al. (2002), a formação se compõe de kamafugitos, melaleucititos, olivina leucititos,
melanefelinitos, álcali-basaltos, basanitos, tefrito, lamprófiro, nefelinitos, teralitos,
autobrechas carbonáticas e condutos (diques, plugs) de fourchiquitos, melamonchiquitos,
fonolitos e traquitos.
No topo da sequência de derrames existe um conglomerado vulcanoclástico (rocha
epiclástica), denominado de Formação Verdinho (Gaspar & Danni, 1981).

3.4 GÊNESE DO MAGMATISMO DA PAGO

De acordo com a literatura, podem-se encontrar ideias distintas para a gênese do


magmatismo da Província Alcalina de Goiás, havendo, assim, pontos discordantes que
serão tratados neste trabalho. Em trabalhos pioneiros, Almeida (1967) associou o
magmatismo alcalino a um evento extensional, denominado de Reativação Wealdeniana, o
qual, num primeiro estágio (Cretáceo Inferior) formou rochas alcalinas contemporâneas aos
basaltos da Formação Serra Geral. Já num segundo estágio (Cretáceo Superior), associado
com evento tectônico de rifte caracterizado por zonas de falhas, através da ascensão de
magmas alcalinos, representando a abertura do Oceano Atlântico Sul (Almeida, 1983). No
entanto, há controvérsias com essa hipótese, pois, apesar de considerar a ocorrência do
magmatismo oriunda de reativações de zonas de fraqueza crustal durante o deslocamento
da placa no Mesozóico, as orientações das intrusões alcalinas no continente não são
concordantes com alinhamentos ou fraturas oceânicas (Almeida, 1983). Em contrapartida,
Gaspar & Danni (1981) afirmam que o vulcanismo está correlacionado com o

29
estabelecimento de grandes falhas regionais profundas numa direção entre N40-50W, mas
que essas falhas seriam prolongamentos continentais das falhas transformantes
identificadas no Oceano Atlântico segundo Danni (1994).
Pena (1975) cita a existência de um amplo eixo de arqueamento de direção NW que
teria afetado toda região sudoeste de Goiás e que isso condicionaria a localização do
magmatismo alcalino da região.
Outro tipo de hipótese existe para a gênese do magmatismo é atribuído a plumas
mantélicas (hots spots). Gibson et al. (1995 e 1997) através de análises geoquímicas de
rochas e reconstrução de alinhamentos de corpos gerados pela Pluma Mantélica Trindade,
sugeriu que o magmatismo alcalino próximo de Iporá e também o basáltico da Bacia do
Paraná e da Província Poxoréu foi gerado por essa Pluma. Foi suposto que a Faixa Brasília,
que se situa entre os Crátons Amazonas e São Francisco se comportou como uma zona fina
da crosta que permitiu uma maior convecção do manto e descompressão para fusão do que
na litosfera espessa cratônica ao redor (Figura 14, Figura 15). Para esses autores, o
magmatismo basáltico estaria relacionado com uma crosta mais fina (aproximadamente 80
km de espessura) e o magmatismo alcalino com uma crosta mais espessa (>150 km). No
entanto, Gibson et al. (1997) faz uma indagação dizendo que para gerar os basaltos, seria
necessária uma Pluma mais quente ou úmida do que a de Trindade, ou então uma litosfera
mais fina do que a da região no Brasil, ou ambas.

Figura 14: Hipótese da zona de impacto da Pluma Mantélica de Trindade durante o Cretáceo
Superior.
Fonte: Gibson et al. (1997).

30
Figura 15: Esquema ilustrativo para mostrar a variação dos tipos de magmas em relação ao
ambiente tectônico da hipótese da zona de impacto da Pluma Mantélica de Trindade. Nota-
se que existem basaltos somente nas províncias magmáticas relacionadas com rifteamento,
como de Poxoréu (PIP) e Iporá (IP). A letra K corresponde a magma máfico potássico
(Kimberlito, Lamproíto e Kamafugito); a letra B corresponde a basalto.
Fonte: Gibson et al. (1997)

Através da geoquímica de katungitos de Amorinópolis (próximo do local de estudo),


Danni & Gaspar (1994) observaram que essas rochas são enriquecidas em elementos
incompatíveis, litófilos de raio iônico grande (LILE) em até 200 vezes mais do que condritos.
Em relação aos Elementos Terras Raras (ETR), o katungito é enriquecido nos Elementos
Terras Raras Leves, com padrão retilíneo inclinado apresentando razão (La/Lu)n muito alta,
de 39. Esse comportamento do fracionamento de ETR é encontrado em kimberlitos e
lamproítos da África e Austrália. Assim, esses autores concluíram que o magma foi gerado
por baixa taxa de fusão do manto.
VanDecar et al. (1995), utilizou dados de tomografia sísmica para relacionar o
magmatismo alcalino das bordas da Bacia do Paraná com a Pluma Tristão da Cunha, que
impactou sob a região durante o Cretáceo Inferior. Para esses autores, as rochas alcalinas
formadas na borda da bacia durante o Cretáceo Superior correspondem da extensão do
magmatismo do Cretáceo Inferior. Assumpção et al. (2002) depois de estudar uma área
mais ampla do que a de VanDecar et al. (1995), indicaram a relação da pluma de Trindade
sob a região de Iporá no Cretáceo Superior, fortalecendo a hipótese de Gibson et al. (1995,
1997).

31
3.5 GEOCRONOLOGIA DA PAGO

Danni & Gaspar (1994) obtiveram idades entre 85-72 Ma. para algumas rochas
alcalinas de Iporá através do método K-Ar em rocha total. Através de K-Ar, Barbour et al.
(1979) forneceram idades entre 74,4 a 88,4 Ma para o maciço de Santa Fé. Gibson et al.
(1997) usa o método a laser para 40Ar-39Ar em flogopita e encontra idade em torno de 84 Ma.
para os basaltos da Província Poxoréu, que é associado ao mesmo evento de formação da
PAGO.
Para as rochas vulcânicas de Santo Antônio da Barra, datações por K-Ar em rocha
total forneceu uma idade de 85 Ma. (Hasui et al. 1971). Idades por U-Pb em perovskita dos
derrames em Santo Antônio da barra variam de 89,6 a 88,3Ma. (Sgarbi et al. 2004).

3.6 VULCANISMO KAMAFUGÍTICO DE SANTO ANTÔNIO DA BARRA

Gaspar (1997) descreve as rochas vulcânicas de Santo Antônio da Barra como


analcimitos, olivina analcimitos, brechas analcimiticas e rochas piroclásticas carbonatíticas.
Gaspar & Danni (1981) interpretaram as rochas de Santo Antônio da Barra como produto de
magma nefelinítica, pelo fato de ser subsaturado em sílica evidenciada pela presença de
analcima. Mas a subsaturação não deve ser igual de magmas nefeliníticos típicos, uma vez
que a analcima é mais rica em SiO2 que a nefelina. Outro argumento desses autores para
corroborar a hipótese é de que o magma é rico em voláteis, representado pela grande
quantidade de zeólitas e carbonato, sendo que essa abundância de voláteis, incluindo CO2,
é típica de magmas nefeliníticos (Bailey, 1974). Segundo Gaspar & Danni (1981) e
Junqueira-Brod et al. (2002), o derrame em platô é alimentado por condutos alinhados em
NW pelas falhas regionais, de profundidade que chega até 200 metros e que formam
cadeias de cones vulcânicos. Quase todos os condutos são compostos por fourchiquitos e
melamonchiquitos nessa região. Gaspar (1997) considera que a ascensão do magma foi
rápida e explosiva, mas, em contrapartida, houve períodos de ascensão em baixa
velocidade que permitiu a cristalização de fenocristais de olivina, titanoaugita e analcima.
A explosividade e a intermitência do vulcanismo são inferidas pelas intercalações de
brechas e de derrames de lavas. As manifestações, seja em lava ou em brechas, são
rápidas, pois possuem espessuras pequenas. Cada pulsação, de modo geral, deve ter sido
caracterizada por três fases (Gaspar & Danni, 1981):
I. Derrame de lavas;

32
II. Interrupção dos derrames e consolidação do material nos condutos;
III. Explosão do material consolidado no conduto, causada pela acumulação de
voláteis nas câmaras. A ausência de bombas é uma evidência de que essas explosões
aconteceram em condutos consolidados.
Moraes (1988) sugere uma afinidade kamafugítica, baseado em geoquímica de rocha
total, semelhanças petrográficas com kamafugitos de Uganda e presença de melilita em
alguns derrames. Esta hipótese foi confirmada por Sgarbi et al. (1998), Sgarbi et al. (2000) e
Sgarbi & Gaspar (2002). Esses autores descrevem a presença de kalsilita nas lavas e
destacam que minerais originalmente descritos como analcima derivam da alteração de
leucita e classificam as rochas vulcânicas da área como mafuritos e uganditos. Isótopos de
oxigênio (Sgarbi et al. 1998) indicam que a temperatura das lavas durante a erupção situou-
se no intervalo 1050 a 1060ºC.
Gaspar & Danni (1981) propuseram uma estratigrafia para a região de Santo Antônio
da Barra, como se pode ver na Figura 16.

Figura 16: Estratigrafia geral das rochas de Santo Antônio da Barra.


Fonte: Gaspar & Danni (1981)

33
4. RESULTADOS

A área de estudo é bastante ampla, mas a quantidade de afloramentos é limitada,


ocorrendo, principalmente, nos leitos dos rios presentes na área.
Das amostras coletadas em campo, foram excluídas do estudo petrográfico os
arenitos (pontos 6 e 7) e os silexitos (pontos 8, 9 e 10), já que não fazem parte do foco do
trabalho. Assim, foram realizadas descrições petrográficas nas amostras de mão e em
lâminas delgadas (microscopia) das rochas da Formação Santo Antônio da Barra.
Durante o campo foi observado ocorrências de rochas com estruturas de lavas, que
ocorrem nas porções centrais dos leitos dos rios (menores altitudes); brechas que
sobrepõem parcialmente as rochas lávicas nos arredores dos cursos d’água e dois tipos de
rochas pretas, uma porfirítica intrusiva (ocorre mais afastada do leito do Ribeirão Monte
Alegre) e outra semelhante a um basalto com matriz afanítica e alguns fenocristais (ocorre
no leito do Ribeirão Monte Alegre).
As rochas lávicas são os litotipos mais abundantes da área, presentes nos pontos 1,
2, 3, e 4 (Figura 18). Já as brechas, nos pontos 3 e 5 (Figura 19), ocorrem em menor
quantidade, junto com as lavas, mas em alguns locais parecem sobrepor parcialmente. A
rocha preta porfirítica foi encontrada apenas no ponto 9 (Figura 20), num declive próximo do
ribeirão Monte Alegre e em pequenos blocos nas margens desse rio. Acredita-se que essa
rocha é de um dique ou conduto vulcânico. A outra rocha preta, com matriz afanítica e com
fenocristais (ponto 10) pode ser de algum dique ou conduto vulcânico, mas a conclusão é
menos precisa, pois aflorava dentro do rio, não sendo capaz de observar seus arredores. A
distribuição dos pontos na área está representada no mapa da Figura 17 a seguir.

34
Figura 17: Representação dos pontos visitados no mapa geológico.

35
Figura 18: Afloramentos dos pontos 1, 2, 3 e 4 onde há presença de lavas.

36
Figura 19: Afloramentos dos pontos 3 e 5 onde há presença de brechas. Nota-se na imagem
do meio (ponto 3), que há fragmentos esféricos e angulosos centimétricos de lavas inseridos
nas brechas.

Figura 20: Afloramento do ponto 9, onde há presença de uma rocha preta com aspecto de
rocha intrusiva. A terceira foto mostra um bloco rolado no leito de um rio do mesmo litotipo.

37
4.1 LAVAS (ANALCIMITOS/MELANALCIMITOS)

Esse litotipo ocorreram nos pontos 1, 2,3 e 4. Macroscopicamente (Figura 21), as


rochas possuem coloração cinza clara a cinza escura, com porções marrons ou
avermelhadas devido a alterações de alguns minerais. Têm matriz afanítica de coloração
cinza clara e fenocristais de piroxênio euédricos (prismáticos) de 0,4 a 1,5 cm, olivina
oxidada de 0,3 a 0,6 cm e carbonatos de 0,5 a 1,3 cm. Os outros minerais são leucita ou
analcima, de cor cinza a amarelo e magnetitas com coloração preta.
Possui textura amigdaloidal, preenchidas por carbonato e outro mineral branco a
amarelado (possivelmente zeólita). Em algumas amostras é possível identificar estrutura de
fluxo magmático marcado pela orientação dos clinopiroxênios.
Para o estudo da microscopia desses litotipos, foi escolhido uma amostra do ponto 1
(Lâmina 1) e uma amostra do ponto 3 (Lâmina 3C), pois a composição em relação a
quantidade dos minerais entre as duas amostras era a mais distinta.
A classificação/nomenclatura da rocha foi escolhida levando em conta a presença de
feldspatóide. Mesmo não tendo a certeza de que o feldspatóide é uma leucita ou uma
analcima, foi definido que os cristais sem alterações ou menos alterados, límpidos e com as
maclas características desses minerais são as leucitas. Enquanto que os turvos e sem as
maclas, foram considerados como analcimas.

38
Figura 21: Amostras das lavas do ponto 1, 2 e 3. Na imagem das amostras do ponto 2 é
possível ver um fenocristal de carbonato. As duas imagens inferiores, do ponto 1 e 3, mostra
as amostras que foram submetidas a petrografia microscópica.

Microscopicamente (Figura 22 e Figura 23) esse tipo de rocha é hipocristalina,


inequigranular porfirítica com granulação variando de fina a grossa. Possui textura
glomeroporfirítica, e raramente amigdaloidal.
Os minerais constituintes dessas rochas são: fenocristais de clinopiroxênio,
fenocristais de olivinas substituídas por minerais marrons e verdes (clorita e/ou serpentina) e
de carbonatos. A matriz é composta por apatita, minerais incolores intersticiais não
definidos, clinopiroxênio, minerais opacos e analcima(?).

4.1 Lâmina 1 e Lâmina 3C

Os clinopiroxênios ocorrem com grãos finos na matriz e grossos (fenocristais). O


hábito varia desde idiomórfico a xenomórfico. São incolores a pálidos e com as bordas

39
rosadas em alguns grãos que indica zoneamento. A extinção dos piroxênios é oblíqua entre
40º a 55º à clivagem ou ao eixo mais alongado dos cristais. A birrefringência varia desde
cinza de primeira ordem até cores vivas de segunda ordem. É notável o zoneamento abrupto
e maclas que dividem os cristais em duas metades ou maclas repetidas (múltiplas lamelas).
No interior de alguns cristais e em fraturas, existem carbonatos, que parecem ser
secundários ou estão inclusos. Também é possível notar que existem cristais inclusos nas
olivinas alteradas. Alguns desses minerais possuem textura poiquilítica, marcada por
inclusões de minerais opacos e de clinopiroxênios menores. O clinopiroxênio dessa rocha
pode ser diopsídio/hedenbergita ou augita. Esse mineral perfaz cerca de 33% da rocha.
O carbonato ocorre com grãos xenomórficos e granulação média a grossa. Alguns
possuem clivagem perfeita nas direções típicas (clivagem romboédrica). São incolores e
com birrefringência alta com cor creme (tons pastéis). Alguns grãos de carbonato aparecem
com corona de minerais opacos. Esse mineral perfaz 4% da rocha.
A apatita ocorre com grãos anédricos e alongados. São incolores, com relevo
moderado e birrefringência baixa (cinza). É possível identificar o sinal óptico uniaxial
negativo. Perfaz menos de 1% da rocha.
Os cristais de olivina alterados ocorrem com grãos finos e grossos com hábito
hipidiomórfico e xenomórfico. A cor é amarelada devido às alterações e possuem textura de
corona composta por minerais opacos. A olivina está alterada para minerais secundários
muito pequenos de coloração amarela, marrom e alaranjada. Esses minerais podem ser
clorita, serpentina e óxidos e continuam com o mesmo hábito da olivina, mas preenchendo a
sua estrutura (pseudomorfismo). Esses minerais perfazem 7% da rocha.
A matriz é formada por minerais incolores (não definidos) que preenchem interstícios
na matriz. Possuem granulação fina a média, com hábito idiomórfico (tabular) a xenomórfico.
A birrefringência é baixa (cinza) e o relevo é baixo. A extinção na maioria dos cristais é
ondulante e alguns parecem ter macla Carlsbad. Por vezes, os grãos ocorrem com forma
arredondada e com textura esferulítica, o que foi interpretado como preenchimento de
pequenas vesículas. Assim, acredita-se que esse mineral possa ser uma zeólita ou algum
feldspatóide, sendo necessário, neste caso, a utilização de técnicas mais apuradas de EDS
ou WDS, obtidos em Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ou de Microssonda
Eletrônica. Outro mineral que constitui a matriz são os cristais de clinopiroxênio que não
ultrapassam a granulação fina. Estes possuem hábito idiomórfico (prismas finos alongados).
Os minerais opacos ocorrem com granulação fina a média e com hábito idiomórfico a
hipidiomórfico. A analcima(?) faz parte da matriz também e ocorrem em grãos de granulação
fina a média. São incolores ou turvas com formato arredondado. Esporadicamente, ocorrem

40
com mais de 2 grãos fazendo contatos, o que gera forma de “pétalas de rosas”. Os minerais
são isótropos e não possuem maclas e nem figura de interferência. Perfazem 18% da rocha.
Assim, a matriz como um todo, ocupa 55 % da rocha.

Figura 22: Fotomicrografias com objetiva de 40x da Lâmina 3C. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) evidencia a textura glomeroporfirítica dos clinopiroxênios. As fotos B
(nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) mostram um pórfiro de olivina alterado e analcima e

41
clinopiroxênios nas adjacências. O foco em C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) é na
matriz, mostrando diversas analcimas finas e em aglomerados gerando formato de pétalas.
Notam-se também cristais de clinopiroxênio e dos minerais incolores tabulares não definidos.

42
Figura 23: Fotomicrografias com objetiva de 40x da Lâmina 1. As fotos A (nicois paralelos) e
A’ (nicois cruzados) mostra um pórfiro de clinopiroxênio zonado e com macla o dividindo ao
meio; B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) apresenta cristais de carbonato e de
leucita/analcima e também um clinopiroxênio com maclação em lamelas multiplas; C (nicois
paralelos) e C’ (nicois cruzados) apresenta um pórfiro de olivina (Ol) alterada para minerais
secundários indiferenciáveis; D (nicois paralelos) e D’ (nicois cruzados) mostra um
aglomerado de clinopiroxênio gerando a textura glomeroporfirítica.

A diferença da rocha do ponto 1 para a do ponto 3, microscopicamente é a


quantidade dos minerais. A lâmina da amostra do ponto 3 possui a seguinte composição
modal estimada: clinopiroxênio (23%); analcima(?) (20%); olivina substituída (12%); matriz
sem contar a analcima(?) (45%).
Assim, nota-se a composição muito parecida, sendo que a maior diferença é a
quantidade de clinopiroxênio. Além da composição, as texturas descritas ocorrem nas duas
rochas, o que pode dizer que o mecanismo do vulcanismo nos dois pontos foi o mesmo. A
amostra do ponto 3 não contem carbonato e nem apatita.

4.2 BRECHAS (LEUCITITOS(?) OU UGANDITOS)

Esse litotipo ocorre nos pontos 3, 5. Em amostra de mão (Figura 24) os litotipos são
de coloração acinzentada com muitas “pintas” brancas ou amarelas, as quais correspondem
a vesículas e amígdalas. Existem veios anastomosados de cor branca. Há fenocristais (0,1 a
0,7 cm) de clinopiroxênio, que ocorrem com hábito prismático alongado (idiomórficos a
hipidiomórficos); fenocristais de leucitas, de cor cinza e com forma arredondada, sendo que
alguns cristais são facetados (hábito dodecaedro). É possível notar em amostras de mão da
rocha correspondente a lâmina 3B diversos fragmentos de rochas angulosas ou
arredondados inseridas na rocha hospedeira de coloração marrom, preta e cinza escura. Na
microscopia, pode-se concluir que esses fragmentos são autólitos, pois possuem a mesma
composição da rocha hospedeira. Esses fragmentos de rocha geram aspecto de rocha
piroclástica ou vulcanoclástica para esse litotipo.
As rochas foram classificadas como rochas vulcânicas, segundo o diagrama QAPF,
sendo os feldspatóides os minerais mais importantes. Nesse caso o feldspatóide foi
classificado como leucita, por ter o hábito menos deformado, coloração limpa (incolor), e
maclas características nítidas.

43
Para a microscopia, foi separado duas amostras do ponto 3 (Lâmina 3A e 3B). Essas
amostras se diferenciam, principalmente, na quantidade de clinopiroxênios, vesículas e
amígdalas, e presença de fragmentos na rocha hospedeira.

Figura 24: Amostras das brechas dos pontos 3 e 5. As duas fotos superiores representam as
amostras submetidas ao estudo petrográfico microscópico.

Microscopicamente (Figura 25, Figura 26, Figura 27 e Figura 28), as rochas são
hipocristalinas, com estrutura maciça, inequigranular porfirítica com granulação variando de
fina a grossa. As texturas amigdaloidal e glomeroporfirítica ocorrem na rocha da Lâmina 3A
e é ausente na Lâmina 3B.

4.2.1 Lâmina 3A

Os minerais que constituem esses litotipos são: clinopiroxênio, leucita, carbonato,


analcima(?), minerais opacos, minerais secundários (possivelmente zeólitas) que preenchem
veios e vesículas.
A matriz dessa rocha é formada por vidro, clinopiroxênio, minerais opacos finos,
apatita e óxidos. O clinopiroxênio da matriz é mais rosado do que os pórfiros, tem
granulação fina e hábito idiomórfico e xenomórficos e sua birrefringência é menor (amarelo
de segunda ordem).

44
A apatita da matriz ocorre raramente com granulação fina e hábito prismático. Esse
mineral não perfaz nem 1% da rocha. Os óxidos tem granulação fina e possui cor vermelha
e birrefringência com cores anômalas (vermelha) e perfaz 1% da rocha. Já o vidro tem
granulação fina e ocupa 4% da rocha.
Os clinopiroxênios dessa rocha ocorrem com grãos finos na matriz e grossos
(pórfiros). Seus hábitos variam desde idiomórfico a xenomórfico, são incolores a pálidos e
com as bordas rosadas em alguns grãos que indica zoneamento do tipo abrupto. A extinção
desses piroxênios é oblíqua à clivagem ou ao eixo mais alongado dos cristais. A
birrefringência deles varia desde cinza de primeira ordem até cores vivas de segunda ordem.
É notável maclas que dividem os cristais em duas metades ou maclas repetidas (múltiplas
lamelas) e possui sinal biaxial positivo Esses minerais se encontram em aglomerados,
gerando textura glomeroporfirítica. O clinopiroxênio dessa rocha pode ser
diopsídio/hedenbergita ou augita. Esses minerais perfazem 30% da rocha.
O carbonato nessa rocha ocorre preenchendo vesículas e em veio, o que se pode
supor que são minerais secundários. Possuem granulação fina e média, são incolores com
birrefringência alta, extinção olho-de-pássaro e clivagens típicas em duas direções. Esse
mineral perfaz 2% da rocha.
A leucita tem granulação média e grossa com hábito arredondado ou com algumas
facetas (hipidiomórficos). Esses minerais são incolores ou turvos, são isótropos, mas em
alguns cristais é possível ver uma birrefringência baixa (cinza escuro) e também as maclas
polissintéticas típicas. É notável em alguns cristais de leucita a presença de outro mineral,
que é incolor e possui birrefringência baixa (cinza escuro). Esse mineral de alteração pode
ser a analcima(?). A leucita perfaz 20% da rocha.
O mineral que preenche o veio da rocha tem granulação fine e média, são incolores,
birrefringência baixa (cinza), relevo baixo, hábito tabular e com clivagem perfeita em duas
direções (ortogonais). São biaxiais negativos e com ângulo 2V moderado a alto. Alguns
desses minerais possuem extinção ondulante. Outra característica desse veio é que ele
causa fraturas em alguns cristais de clinopiroxênios e ainda, no local que tocam leucitas ou
vesículas, existe um grau de alteração, crescimento de minerais e preenchimento da
vesícula. Esse mineral pode ser alguma zeólita e perfaz 10% da rocha.
Os minerais opacos dessa rocha ocorrem com granulação fina e média com hábito
idiomórfico a xenomórfico. Esses minerais perfazem 33% da rocha.

45
Figura 25: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3A. Nas fotos A (nicois paralelos)
e A (nicois cruzados)’, nota-se uma amígdala preenchida por minerais turvos nas bordas e
outros minerais incolores no centro, todos não definidos e um grão de leucita ou analcima(?).
As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados), mostra um veio composto por um mineral
incolor não definido e carbonato (Calc) cortando uma amígdala e causando fraturamento
num pórfiro de clinopiroxênio (Cpx). As fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados),
mostra uma vesícula completamente preenchida por mineral secundário não definido e um
cristal de clinopiroxênio.

46
Figura 26: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3A. As fotos A (nicois paralelos)
A’ (nicois cruzados) representam uma vesícula parcialmente preenchida por um mineral não
determinado. As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois cruzados) como as C (nicois paralelos)
e C’ (nicois cruzados) mostram as leucitas (Lct) de granulação grossa, idiomórficas e com
maclas polissintéticas.

47
4.2.2 Lâmina 3B

Os minerais constituintes são: clinopiroxênio, carbonato, leucita, analcima(?), mineral


incolor não definido que preenche veios e interstícios da matriz, grãos de olivina substituídos
por serpentina, clorita, carbonato, óxidos, minerais opacos e fragmentos de rocha com os
mesmos minerais, mas, por vezes, faltando alguns da rocha hospedeira.
Na matriz dessa rocha existem diversos fragmentos de outras rochas que se diferem
na granulação dos minerais, cor da matriz e quantidade dos minerais. A matriz da rocha
hospedeira, por exemplo, é mais escura, apresentando maior quantidade de vidro (10% da
rocha), diferente da matriz de alguns fragmentos que são ricas em clinopiroxênios finos.
Ocorrem, também, fragmentos com a matriz avermelhada, proveniente da alteração de
alguns minerais. Além disso, alguns fragmentos possuem coronas quase opacas. Foi
interpretado que essas coronas são materiais piroclásticos (cinzas e lapilli com microcristais
de clinopiroxênio) agregados em fragmentos de rocha e minerais durante um rolamento
sobre cinzas e lapillis não litificados dentro ou fora dos condutos, formando assim uma
“armadura piroclástica”.
A granulação da matriz da rocha hospedeira além de escura, também é muito fina.
Com base na ideia de que essa rocha tem afinidade vulcanoclástica, considera-se que a
matriz varia de cinza (menor que 2 mm) a lapilli (2 a 64mm).
Os cristais de clinopiroxênio ocorrem como fenocristais de granulação grossa e com
granulação fina nas matrizes da rocha principal e dos litoclastos. Os fenocristais ocorrem
principalmente nos litoclastos que possuem matriz composta por praticamente piroxênios
finos. Esses fenocristais podem ser idiomórficos, hipidiomórficos e em menor quantidade são
xenomórficos. Mas, na rocha principal, esses fenocristais são granulares (xenomórficos) e
com granulação fina a média. No geral, tanto o clinopiroxênio presente na rocha principal,
quanto o do fragmento de rocha possuem maclas que os dividem em duas partes iguais ou
em mais partes. Também apresentam zoneamento composicional abrupto em que o centro
do cristal é incolor e as bordas rosadas. Esse mineral perfaz 29% da rocha.
O carbonato ocorre com granulação fina e média, com grãos xenomórficos,
distribuídos em poucas partes da matriz, preenchendo veios e como mineral de alteração em
bordas e fraturas de leucita e também em núcleos de cristais de olivina alteradas. O
carbonato perfaz 3% da rocha.
A leucita ocorre com granulação fina e média, com hábito arredondado xenomórfico.
Ocorre tanto na rocha principal, quanto nos litoclastos. São incolores e turvas com
birrefringência baixa e em alguns cristais é possível ver as maclas polissintéticas. É possível

48
vê-las com outro mineral em suas bordas, que são da mesma cor em luz plano polarizada e
birrefringência muito baixa. Esses minerais se dispõem em agregados de cristais finos de
forma caótica ou com crescimento radial. Podem ser a analcima ou outro tipo de zeólita. A
leucita perfaz 13% da rocha. Os minerais que ocorrem nas bordas de leucita também
ocorrem sozinhos. Esse mineral perfaz 2% da rocha.
Existe um mineral incolor de relevo baixo que preenche interstícios da matriz. Possui
birrefringência baixa (cinza), sinal óptico biaxial negativo, clivagem em uma ou duas direções
ortogonais e extinção ondulante em alguns cristais. Esse mineral perfaz 6% da rocha.
Os óxidos têm coloração vermelha e birrefringência anômala (vermelha). São
xenomórficos e tem granulação fina. Esse mineral perfaz 1% da rocha.
Os grãos de olivina estão completamente alterads, são xenomórficas e
hipidiomórficas, tem granulação fina e média, relevo alto com cor verde em luz plano
polarizada. Alguns grãos estão com o núcleo incolor, que é composto por carbonato. A
porção verde é formada por clorita e, por vezes, serpentina. Essa característica dos minerais
secundários de preencher o formato do mineral primário recebe o nome de pseudomorfismo.
Esses minerais perfazem 2% da rocha.
Os minerais opacos possuem granulação fina e média e ocupam a rocha principal
quanto os litoclastos. Esses minerais perfazem 34% da rocha.

49
Figura 27: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3B. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) mostra um veio de carbonato (Calc), a matriz da rocha hospedeira com
cristais finos e médios de clinopiroxênio (Cpx), sendo que alguns estão inseridos num
material piroclástico escuro (Armadura piroclástica – A.p). As fotos B (nicois paralelos) e B’
(nicois cruzados) mostra o contato entre a rocha hospedeira e um fragmento de rocha. Nota-
se a diferença de cor e composição das matrizes e o pórfiro de clinopiroxênio fraturado
exatamente no local do contato entre as rochas. As fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois
cruzados) representa um fragmento de rocha com pórfiros de clinopiroxênio idiomórficos e

50
zonados com o núcleo incolor e as bordas mais escuras, olivina (Ol) completamente
substituída e pequenos grãos de leucitas (Lct).

Figura 28: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 3B. As fotos A (nicois paralelos)
e A’ (nicois cruzados) mostram um fragmento de rocha com os minerais incolores não
definidos (M.n.d) com hábito arredondado ou amebóides; cristais de clinopiroxênios médios
a grossos e um cristal de leucita ou analcima(?). As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois
cruzados) mostra uma porção da matriz da rocha hospedeira com algumas leucitas (Lct)
xenomórficas angulares (xenocristal(?)) com coronas de carbonato; cristais de
clinopiroxênios (Cpx) hipidiomórficos inseridos nas armaduras piroclásticas (A.p).

4.3 TEFRITOIDE, FONOLITOIDE, TRAQUITOIDE OU BASALTOIDE

Macroscopicamente (Figura 29), essas rochas com estrutura maciça possuem uma
matriz afanítica de cor preta e fencoristais de clinopiroxênio de granulação média a grossa.
São predominantemente idiomórficos. Ocorre outro mineral como fenocristal, mas oxidado

51
(marrom). Se comparado aos outros litotipos, esse é o mais simples em relação à
mineralogia e textura.
Em campo foi coletado apenas uma amostra desse tipo de rocha que foi encontrado
apenas no ponto 10, onde aflorava dentro do ribeirão Monte Alegre, tornando-se impossível
de fazer alguma relação com a extensão do corpo e contato com outras rochas.

Figura 29: Amostra de mão da rocha do ponto 10.

Microscopicamente (Figura 30 e Figura 31), essa rocha é hipocristalina,


inequigranular porfirítica com granulação variando de fina a grossa e com estrutura maciça.
Possui textura glomeroporfirítica marcada por aglomerados de clinopiroxênios e esferulítica
marcada pelo crescimento radial dos minerais incolores.

4.3.1 Lâmina 10

Os minerais que constituem essa rocha são: clinopiroxênio, olivina substituída,


minerais opacos, vidro e um mineral incolor não definido que ocupa interstícios da matriz.

52
A matriz da rocha é composta por cristais finos de clinopiroxênio granular
(xenomórfico) ou com hábito prismático, hipidiomórfico. Há também vidro que perfaz 10 %
da rocha. E, finalmente, um mineral incolor não definido de granulação fina, xenomórfico
(granular) ou hipidiomórfico (tabular), com cor de interferência cinza que perfaz 25% da
rocha. Por vezes, esses minerais incolores crescem de forma radial, gerando textura
esferulítica. Esses minerais podem ser algum tipo de feldspatóide, feldspato ou um tipo de
zeólita.
O clinopiroxênio que não está contido na matriz são fenocristais de granulação média
a grossa. Possuem, majoritariamente, hábito idiomórfico, mas também, cristais xenomórficos
e hipidiomórficos. São incolores ou pálidos, com cores de interferência de segunda ordem. É
possível ver clivagens paralelas ao maior eixo dos cristais e maclas que os dividem ao meio
ou em mais partes. Alguns desses cristais possuem zoneamento abrupto ou gradual. O
ângulo de extinção é entre 40° e 55° e o sinal óptico é biaxial positivo, assim o piroxênio
pode ser diopsídio, hedenbergita ou augita. Esse mineral perfaz 32% da rocha.
A olivina ocorre como pórfiros de granulação média. Possuem hábito hipidiomórfico e
xenomórfico. A coloração é amarronzada a esverdeada devido a alteração para minerais
secundários. Esse conjunto de minerais perfaz 3% da rocha.
Os minerais opacos ocorrem com granulação fina e média e perfazem 30% da rocha.
Os nomes Tefritóide, Fonolitóide, Traquitóide e Basaltóide estão em cheque, pois a
fase félsica da rocha (minerais incolores) não foi definida, por ser muito fina. Existe a
possibilidade dos minerais incolores serem feldspatóides, álcali feldspato ou feldspatos
cálcicos ou até mesmo zeólitas. Dessa forma, optou-se usar esses termos que abrangem
rochas como: tefritos, basanitos, basaltos, traquitos, latitos e seus demais membros
intermediários.

53
Figura 30: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 10. As fotos A (nicois paralelos) e
A’ (nicois cruzados) mostram algum dos pórfiros de clinopiroxênio com granulação média a
grossa idiomórficos, com maclas e zoneamento. As fotos B (nicois paralelos) e B’ (nicois
cruzados) mostram um cristal de olivina hipidiomórfico alterado e cristais de clinopiroxênio.
Em C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) mostra cristais médios, idiomórficos e
maclados de clinopiroxênios e a matriz rica no mineral incolor não definido. Em todas as
fotos é possível ver a matriz fina, escura e com os minerais incolores não definidos.

54
4.4 MELAMONCHIQUITOS OU MAFURITOS (?)

Em amostras de mão (Figura 31), essa rocha é preta, fanerítica, inequigranular com
granulação variando de média a grossa e com estrutura maciça. Os minerais que são
possíveis de se distinguir a olho nu e com auxílio de lupa são os fenocristais de
clinopiroxênio que ocorrem prismáticos e de cristais de olivina redondas com cor verde.
Além desses minerais é possível ver uma massa fina de cor cinza a bege.
Assim, macroscopicamente, esse litotipo tem aspecto de uma rocha intrusiva.

Figura 31: Amostras de mão do ponto 9.

Na microscopia (Figura 32), essa rocha é holocristalina, inequigranular porfirítica com


granulação variando de fina a grossa. A rocha possui estrutura maciça e textura poiquilítica
nos grãos de piroxênio.

4.4.1 Lâmina 9

Os minerais que compõem a rocha são: olivina, clinopiroxênio, biotita, carbonato,


analcima(?), apatita, nefelina/kalsilita e minerais opacos.
A olivina nessa lâmina ocorre com hábito xenomórfico granular ou hipidiomórfico
alongado. Os grãos são incolores e com relevo alto. A figura de interferência é biaxial de
55
ângulo 2V alto. A granulação de uma forma geral varia de fina a grossa e os cristais
possuem muitas fraturas, onde se percebe alterações que fica com coloração verde,
castanha ou avermelhada. Os minerais de alteração podem ser óxidos de ferro, serpentina
e/ou clorita. Outra característica dos cristais de olivinas nessa rocha é que possuem
inclusões de minerais opacos e também de analcima(?). A olivina perfaz 27% da rocha.
O clinopiroxênio ocorre, majoritariamente, com hábito xenomórfico e mais raramente
com hábito hipidiomórfico (prismático incompleto). Possuem cor pálida no centro dos cristais
e cor mais rosada nas bordas (zoneamento). Não possuem pleocroísmo e possui relevo alto.
O zoneamento composicional desses minerais é abrupto e ainda possuem extinção oblíqua,
que por vezes podem ser ondulantes. A granulação desses minerais varia de fina a grossa
(a grossa predomina), a maioria dos cristais apresentam muitas fraturas e alguns com
clivagens em uma direção. Nesses cristais podemos identificar a textura poiquilítica, já que
há muitas inclusões de minerais opacos e analcima(?). O ângulo de extinção do piroxênio
varia entre 40 e 50°. Apresenta cores de interferência de segunda ordem e biaxial positivo. O
clinopiroxênio pode ser um diopsídio, hedenbergita ou augita. Esse mineral perfaz 40% da
rocha.
A analcima(?) ocorre com hábito circular ou aglomerado de círculos. É incolor e turva,
sem pleocroísmo, sem macla e com a granulação variando de fina a média. Os cristais
ocorrem como se fossem uma matriz entre minerais como olivina e piroxênio e inclusos no
piroxênio. É um mineral isótropo. É importante lembrar que quase todas as características
da analcima são iguais as da leucita microscopicamente, por isso a distinção desses
minerais se torna difícil. Esses minerais perfazem 17% da rocha.
A apatita possui hábito alongado ou prismático curto sendo xenomórfica ou
hipidiomórfica. Os grãos são incolores límpidos em luz plano polarizada, com birrefringência
muito baixa, não passando do cinza de primeira ordem. Os cristais possuem granulação fina,
relevo moderado, figura de interferência uniaxial e sinal óptico negativo. Esse mineral perfaz
2% da rocha.
A nefelina/kalsilita possui hábito tabular idiomórfico a hipidiomórfico ou grãos
xenomórficos. São incolores e as vezes turvos, com uma clivagem nítida em muitos grãos e
com birrefringência muito baixa (cor de interferência cinza). Possuem granulação fina, figura
de interferência uniaxial e sinal óptico negativo. Esse mineral perfaz aproximadamente 6%
da rocha.
A titanobiotia ocorre com hábito lamelar idiomórfico a xenomórfico. É tricróica
variando de cor dourada, alaranjado e vermelho escuro. Possui extinção incompleta (olho-
de-pássaro). Esse mineral perfaz menos de 1% da rocha.

56
O carbonato é muito raro, possui hábito anédrico, granulação fina, birrefringência
muito alta (cor creme) e extinção incompleta (olho-de-pássaro). Esse mineral não perfaz
nem 1% da rocha.
Os minerais opacos dessa rocha perfazem aproximadamente 7% da rocha.

Figura 32: Fotomicrografia com aumento de 40x da Lâmina 9. As fotos A e B (nicois


paralelos) e A’ e B’ (nicois cruzados) mostram a mineralogia evidenciando os cristais de
olivina (Ol), clinopiroxênio (Cpx), Apatita (Ap), Kalsilita/Nefelina (K/N) e Analcima (Analc).

57
Nas fotos C (nicois paralelos) e C’ (nicois cruzados) é possível ver um clinopiroxênio alterado
incluso em um pórfiro de olivina.

5. DISCUSSÃO

Com o estudo petrográfico microscópico das rochas, pôde-se notar que houve
problemas para identificação de alguns minerais, o que refletiu na incerteza dos nomes para
os litotipos. A diferenciação de leucita e analcima é difícil, pois elas possuem propriedades
ópticas (cor, macla, hábito e birrefringência) semelhantes. Nas descrições a diferenciação
dos dois minerais foi baseada na aparência do mineral em relação a cor e presença de
maclas nítidas, assim, a definição de qual mineral ocorre, de fato, não é precisa.
O mesmo ocorre para a kalsilita e nefelina. Esses dois minerais são quase
impossíveis de se discernir em microscópios petrográficos. Foi considerado que o mineral
visto na Lâmina 9 é um complexo mineral com as duas fases (kalsilita + nefelina), pois os
minerais tem as bordas com ranhuras ou aspecto de corrosão, enquanto que o núcleo é
límpido. Aliado a isso, foi levado em conta que as rochas do local de estudo não são ricas
em potássio em relação a outros kamafugitos conhecidos, como se pode ver no capítulo de
revisão conceitual. A kalsilita é um mineral potássico, enquanto que a nefelina é um mineral
sódico.
O mineral incolor não definido que ocorre na matriz de algumas rochas não pôde ser
classificado só com a ajuda do microscópio, mas acredita-se que seja algum feldspatóide
como a kalsilita, minerais secundários do grupo das zeólitas ou algum feldspato cálcico ou
alcalino.
O mineral incolor não definido que ocorre em veios e vesículas também não pôde ser
definido apenas com a ajuda do microscópio. Assim, foi levantada a hipótese desses
minerais serem zeólitas, pois se trata de minerais que apareceram depois na rocha,
preenchendo fraturas.
Não foi possível saber qual clinopiroxênio que ocorre nessas rochas, pois é
necessário a análise através de microscópio eletrônico de varredura ou de microssonda.
Pelas características ópticas, foi considerada a possibilidade de serem diopsídios,
hedenbergitas ou augitas.
O mesmo vale para as olivinas, que não se pode determinar o tipo (magnesianas ou
férricas) apenas com um microscópio petrográfico.
Por meio do zoneamento dos piroxênios da rocha da lâmina 9, percebe-se que o
núcleo (mais claro) dos cristais teve hábito idiomórfico, mas as gerações mais novas do

58
mineral (bordas) apresentam hábito xenomórfico. Isso, aliado à presença de titanobiotita
(mineral hidratado), a qual, a partir de suposição, parece ter se cristalizado na fase final do
processo de solidificação, acredita-se que em algum momento os clinopiroxênios se
tornaram instáveis e ficaram com hábito xenomórfico em um líquido hidratado.
Outra ideia para sustentar essa hipótese, é que alguns grãos de nefelina ou kalsilita
estão com as bordas turvas, como se estivessem corroídos. Pode ser que o líquido se
tornou instável para os cristais de kalsilita e então começou a cristalizar nefelina, formando
um cristal complexo de nefelina/kalsilita.
É válido lembrar que a nefelina é mais sódica e aluminosa e a analcima é sódica,
aluminosa e hidratada. Então a instabilidade do líquido referida, pode ter sido causada por
acréscimo de sódio e água, por contaminação de sedimentos ou rocha sedimentar por
metassomatismo.
Já a questão da rocha da lâmina 9 ser intrusiva, pode ser questionada pela presença
de analcima na rocha. Esse mineral pode ser formado, primariamente a partir do magma, ou,
secundariamente, através de alteração da leucita (Gupta & Fyfe, 1975; Roux & Hamilton,
1976), mas para diferenciá-los é necessário um microscópico eletrônico de varredura para
identificar as a forma das faces dos cristais e texturas microporosas causadas pelo
crescimento de analcimas dentro da estrutura da leucita, segundo Line et al. (1995). Dessa
forma, a analcima não é um mineral exclusivamente de rochas extrusivas, embora a leucita
seja considerada mineral vulcânico. Por isso, pode-se considerar que a analcima da rocha é
primária ou que são produtos de alteração de leucitas que foram cristalizadas em ambiente
hipoabissal (subvulcânico).
Em relação à rocha da lâmina 3B, foi observado cristais de leucita na matriz que
apresentava coronas de carbonato, que podem ser xenocristais. As evidências para essa
suposição são que as leucitas se encontram completamente fraturadas e fragmentadas
(faces angulosas), e só ocorrem numa porção da lâmina, não tendo distribuição homogênea.
Enquanto que os fragmentos de rochosos presentes na matriz da rocha hospedeira
apresentavam, quase sempre, cristais de leucita inteiros.
Por fim, nessa mesma lâmina existem os fragmentos de rochas ou minerais soltos
que estão envelopados por uma matriz de cinza, o que foi definido nesse trabalho como
armadura piroclástica. Esses fragmentos se diferem dos demais, os quais possuem uma
matriz mais grossa formada por clinopiroxênios finos, minerais opacos e analcimas. Os
fragmentos envelopados observados dificilmente chega a 2 milímetros, mas são
despedaçados e possuem forma ameboidal. Então, os fragmentos podem superar os 2
milímetros quando são inteiros e assim podem ser definidos como lapilli (2 a 64 mm), que

59
englobou ou solidificou o material fino (cinza) no momento da ejeção dentro do conduto ou
fora. Já os fragmentos de rochas com a matriz mais grossa devem ter sido ejetados
completamente solidificados, tornando incapaz o englobamento de outros materiais nas suas
bordas.

6. CONCLUSÃO E SUGESTÃO

Ao considerar as texturas vesiculares e amigdaloidal presentes em algumas rochas e


também a natureza (piroclástica) das rochas das lâminas 3A e 3B é provável que o magma
gerador dessas rochas fosse enriquecido em voláteis. A presença de rocha piroclástica pode
fortalecer a hipótese de o magma ser rico em voláteis, pois esse tipo de rocha é, geralmente,
associado a vulcanismo explosivo que requer voláteis para isso. Essa conclusão corrobora
com as ideias semelhantes propostas por Gaspar & Danni (1981).
Foi interpretada uma ordem cronológica da geração dos litotipos encontrados na área
estudada:
 As rochas lávicas (analcimitos/melanalcimitos) representam o primeiro derrame
e a base da sequência vulcânica da região.
 Em seguida, por meio de um magmatismo explosivo, foram geradas brechas
(leucititos(?) ou uganditos), que sobrepõe os analcimitos e melanalcimitos e ainda abriga
blocos ou bombas dessas rochas como mostra no afloramento do ponto 3.
 Após a litificação dessas rochas piroclásticas, pode ter ocorrido alguns
derrames através de pequenas fraturas e/ou falhas, que gerou analcimitos em cotas mais
elevadas do que as brechas, como os analcimitos do afloramento do ponto 5.
 Existe uma incerteza temporal em relação aos melamonchiquitos ou mafuritos.
Essa rocha, representada como rocha plutônica rasa (hipoabissal ou subvulcânica) devida
sua paragênese mineral conter analcima, pode corresponder a apófises de condutos
vulcânicos que não foi capaz de cortar toda sequência litológica sobreposta. A incerteza
temporal é se essas rochas são da mesma idade dos analcimitos basais ou dos analcimitos
tardios.
 Por fim, existe mais uma incerteza temporal, que é inerente ao tefritoite,
fonolitoide, traquitoide ou basaltoide. Acredita-se o derrame dessa rocha foi o mais antigo ou
mais novo do cenário local, pois essa rocha, apesar de ter clinopiroxênio e olivina como os
outros litotipos, se distingue por não ter leucita e/ou analcima. Dessa forma, cria-se uma
ideia de que o líquido genitor da rocha é diferente quimicamente, no sentido de ser menos
diferenciado ou mais, dependendo da sua idade.

60
Diante de todos os problemas de identificação, classificação precisa dos minerais,
natureza, fonte e nome das rochas, deve-se fazer uso da química mineral, microscópio
eletrônico de varredura e análise de isótopos estáveis. E ainda, uma caracterização
geoquímica de elementos maiores e traços pode auxiliar também na determinação do
ambiente tectônico e também da classificação das rochas. Dessa forma, essas ferramentas
e estudos ficam como sugestão para trabalhos futuros.

61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA F. F. M. Origem e evolução da Plataforma Brasileira. Boletim da Divisão de Geologia e Mineralogia.


DNPM, Rio De Janeiro, 36p., 1967.

ALMEIDA, F. F. M. Tectônica da Bacia do Paraná no Brasil. São Paulo, Paulipetro, 187 p., 1980.

ALMEIDA, F. F. M.; MELO, M. S. A. Bacia do Paraná e o vulcanismo Mesozóico. In: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. Mapa Geológico do Estado de São Paulo (Escala
1:500.000), São Paulo, v.1, p.46-81, 1981.

ALMEIDA, F. F. M. Relações tectônicas das rochas alcalinas mesozóicas da região meridional da plataforma
sul-americana. Revista Brasileira de Geociência, v. 13, n. 3, p. 451–462, 1983.

ASSUMPÇÃO M.; ESCALANTE C.; SCHIMMEL M. Initial impact of the Trindade Plume, Goiás, reviewd by
seismic tomography? In Simpósio Sobre Vulcanismo e Ambientes Associados, v. 2, p. 77, 2002.

BAILEY, D. K. Nephelinites and ijolites. – In: The Alkaline Rocks (editor H. Sorensen), J.Wiley & Sons, New
York, p. 53-66, 1974.

BAILEY, D. K. The chemical and thermal evolution of rifts. Tectonophys, v. 94, p. 585-597, 1983.

BARBOUR A.P.; GIRARDI V. A. V.; KAWASHITA K.; SOARES A. M. Geocronologia do Complexo Máfico-
Ultramáfico Alcalino de Santa Fé, Goiás. Instituto de Geociências, USP, Boletim IG, v.10, p.11-18,
1979.

BARCELOS, J. H.; SUGUIO, K. Correlação e extensão das unidades estratigráficas do Grupo Bauru definidas
em território paulista, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. In:
SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 6, 1987, Rio Claro. Atas... Rio Claro: Sociedade Brasileira de
Geologia, p. 313-321, 1987.

BEZ L.; GUIMARÃES J.; GUIMARÃES D. Distrito Vulcânico de Rio Verde. In: Sociedade Brasileira de
Geologia, Congresso Brasileiro de Geologia, 25, Anais, v. 2, p. 121-128, 1971.

CARAN, S. Mineralogy and petrology of leucite ankaratrites with affinities to kamafugites and carbonatites from
Kayiköy area, Isparta, SW Anatolia, Turkey: Implications for the influences of carbonatite
metassomatismo into the parental mantle source of silica-undersaturated potassic magmas. Lithos, v.
256-257, p. 13-25, 2016.

CARLSON, R. W.; ESPERANÇA, S. SVISERO, D. P. Chemical and Os isotopic study of Cretaceous potassic
rocks from Southern Brazil. Contributions to Mineralogy and Petrology, v. 125, p. 393-405, 1996.

CONTICELLI, S.; AVANZINELLI, R.; AMMANNATI, E.; CASALINI, M. The role of carbon from recycled
carbonated metapelites in the transition from leucite-free to leucite-bearing ultrapotassic rocks: the
Central Mediterranean case. Lithos, v. 232, p. 174–196, 2015.

DANNI, J. C. M. Geologie des complexes ultrabasiques alcalines de la région d’Iporá, Goiás-Brésil. Tese de
Doutoramento, Fac. Sc. Orsay, Univ. Paris, 104p., 1974.
DANNI, J. C. M. Rochas da série kamafugíticas na região de Amorinópolis, Goiás. In: SBG, Contribuições à
Geologia e à Petrografia - Núcleo de Minas Gerais, p. 5-13, 1985.

DANNI, J. C. M. Os picritos alcalinos da região de Iporá: implicações na gênese dos complexos do tipo central
do Sul de Goiás. Revista Brasileira de Geociências, v. 24, p. 112-119, 1994.

DANNI, J. C. M.; GASPAR J. C. Mineralogia e química do katungito de Amorinópolis, Goiás. In: Sociedade
Brasileira de Geociências, Congresso Brasileiro de Geologia, v. 37, Anais, p. 85-86, 1992.

62
DANNI, J. C. M.; GASPAR, J. C. Química do katungito de Amorinópolis, Goiás: Contribuição ao estudo do
magmatismo kamafugítico. Geochemistry Brazilian, v. 8, n. 2, p. 119–134, 1994.

DI BATTISTINI, G.; MONTANINI, A.; VERNIA, L.; VENTURELLI, G.; TONARINI, S. Petrology of melilite-bearing
rocks from the Montefiascone Volcanic Complex (Roman Magmatic Province): new insights into the
ultrapotassic volcanism of Central Italy. Lithos, v. 59, p. 1-24, 2001.

EDGAR, A. D.; VUKADINOVIC, D. Implications of experimental petrology to the evolution of the ultrapotassic
rocks. Lithos, v. 28, n. 3, p. 205-220, 1992.

FERNANDES, L. A.; COIMBRA, A. M. O Grupo Caiuá (Ks): revisão estratigráfica e contexto deposicional.
Revista Brasileira de Geociências, v. 24, n. 4, p.164-176, 1994.

FERNANDES, L. A.; COIMBRA, A. M. A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Brasil). Anais da Academia Brasileira
de Ciências, v. 68, n. 2, p. 195-205, 1996.

FERNANDES, L. A. Estratigrafia e evolução geológica da parte oriental da Bacia Bauru (Ks, Brasil). Tese
(Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 216 p., 1998.

FERNANDES, L. A.; COIMBRA, A. M. Revisão estratigráfica da parte oriental da Bacia Bauru (Neocretáceo).
Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 723-734, 2000.

FERNANDES, L. A. Mapa ilustrativo da parte oriental da Bacia Bauru (PR, SP, MG), escala 1:1.000.000.
Boletim Paranaense de Geociências, Editora UFPR, Paraná, n. 55, p. 53-66, 2004.

FOLEY, S. F.; PECCERILLO, A. Potassic and ultrapotassic magmas and their origin. Lithos, v. 28, n. 3, p. 181-
185, 1992.

FOLEY, S. F. Petrological characterization of the source components of potassic magmas: geochemical and
experiments constraints. Lithos, v. 28, n. 3, p. 187-204, 1992.

FOLEY, S. F.; VENTURELLI, G.; GREEN, D. H.; TOSCANI, L. The ultrapotassic rocks: characteristics,
classification, and constraints for petrogenetic models. Earth-Science Reviews, v. 24, pg. 81-134, 1987.

FULFARO, V. J.; SAAD, A. R.; SANTOS, M. V.; VIANNA, R. B. Compartimentação e evolução tectônica da
Bacia do Paraná. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 12, n. 4, p. 233-256, 1982.

GASPAR J. C. Contribuição ao estudo do magmatismo alcalino de Santo Antônio da Barra – GO. Universidade
de Brasília, Dissertação de Mestrado, 142p, 1997.

GASPAR J. C.; DANNI J. C. M. Aspectos petrográficos e vulcanológicos da província alcalina-carbonatítica de


Santo Antônio da Barra, sudoeste de Goiás. Revista Brasileira de Geociências, v.11, p. 74-83, 1981.

GILL, R. Rochas e processos ígneos: um guia prático. Porto Alegre: Bookman, 502pp., 2014.

GIBSON, S. A.; THOMPSON, R. N.; LEONARDOS, O. H.; DICKIN, A. P.; MITCHELL, J. G. The Late
Cretaceous impact of the Trindade mantle plume – evidence from large-plume, mafic, potassic
magmatism is SE Brazil. Journal of Petrology, v. 36, n.1, p. 189-229, 1995.

GIBSON, S. A.; THOMPSON, R. N.; WESKA R. K.; DICKIN, A. P.; LEONARDOS, O. H. Late Cretaceous rift-
related upwelling and melting of the Trindade starting mantle plume head beneath western Brazil. Contr.
Mineral. Petrol., v. 126, p. 303-314, 1997.

GUIMARÃES, G.; GLASER, I.; MARQUES, V.J. Sobre a ocorrência de rochas alcalinas na região de Iporá,
Goiás. Mineração Metalurgia. v. 48, n. 283, p. 5-11, 1968.

GUO, P.; NIU, Y.; YU, X. H. A synthesis and new perspective on the petrogenesis of kamafugites from West
Qinling, China, in a global context. Journal of Asian Earth Sciences v. 79, p. 86–96, 2014.

GUPTA, A. K.; FYFE, W. S. Leucite survival: the alteration to analcime. The Canadian Mineralogist, v. 13, p.
361-363, 1975.

HASUI Y.; CARTNER-Dyer R. E.; IWANUCH W. Geocronologia das Rochas Alcalinas de Santo Antônio da
Barra, GO. In: SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, v. 25, Anais, p. 253-258, 1971.
63
HOLMES, A. The petrology of katungite. Geological Magazine, v. 74, p. 200-219, 1937.

HOLMES, A. A suite of volcanic rocks from south-west Uganda containing kalsilita (a polymorph of KAlSiO4).
Mineralogical Magazine, v. 26, p. 197-217, 1942a.

HOLMES, A. Petrogenesis of Katungite and its associates. American Mineralogist, v. 35, p. 772-792, 1950.

IRVINE, T. N.; BARAGAR, W. R. A. A Guide to the Chemical Classification of the Common Volcanic Rocks.
Canadian Journal of Earth Science, v.8, p. 523-548, 1971.

JUNQUEIRA-BROD, T. C. Cretaceous alkaline igneous rocks from the Águas Emendadas region, Goiás,
Central Brazil. Dissertação (Mestrado) - M. Sc. Dissertation, University of Durhan, 161p, 1998.

JUNQUEIRA-BROD, T. C; ROIG H. L.; GASPAR, J. C.; BROD, J. A.; MENESES, P. R. A província alcalina de
Goiás e a extensão do seu vulcanismo kamafugítico. Revista Brasileira de Geociências, v. 32, n. 4, p.
559–566, 2002.

JUNQUEIRA-BROD, T. C.; GASPAR, J. C.; BROD, J. A.; JOST, H.; BARBOSA, E. S. R.; KAFINO, C. V.
Emplacement of kamafugite lavas from the Goiás Alkaline Province, Brazil: Contraints from whole-rock
simulations. Journal of South American Earth Sciences, v. 18, p. 323–335, 2005a.

JUNQUEIRA-BROD, T. C.; GASPAR, J. C.; BROD J. A.; KAFINO, C. V. Kamafugitic diatremes: their textures
and field relationships with examples from the Goiás alkaline province, brazil. Journal of South
American Earth Sciences, v. 18, p. 337–353, 2005b.

LACERDA FILHO, J. V. de; REZENDE, A.; SILVA, A. da. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do
Brasil - Geologia e Recursos Minerais do Estado de Goiás e Distrito Federal. Goiânia: CPRM,
METAGO S.A., UnB, 2º edição. 184p. 1999.

LAVECCHIA G.; STOPPA F.; CREATI, N. Carbonatites and kamafugites in Italy: mantle-derived rocks that
challenge subduction. Geoph., v. 49, n. 1, p. 389-402, 2006.

LE MAITRE, R.W.; BATEMAN, P.; DUDEK, A.; KELLER, J.; LAMEYRE, J.; LE BAS, M. J.; SABINE, P. A.;
SCHMID, R.; SORENSEN, H.; STRECKEISEN, A.; WOOLLEY, A. R.; ZANETTIN, B. A Classification of
lgneous Rocks and Glossary of Terms: Recommendations of the International Union of Geological
Sciences Subcommission on the Systematics of lgneous Rocks. Blackwell Scientific Publications,
Oxford, U.K. 1989.

LE MAITRE, R. W. Igneous Rocks: A Classification and Glossary of Terms: Recommendations of the


International Union of Geological Sciences Subcommission on the Systematics of Igneous Rocks:
Cambridge. Cambridge University Press, 236p, 2002.

LINE, C. M. B.; PUTNIS, A.; PUTNIS, C.; GIAMPAOLO, C. The dehydration kinetics and microtexture of
analcime from two parageneses. American Mineralogist, v. 80, p. 268-279, 1995.

MIDDLEMOST, E. A. K. The basalt clan. Earth Science Reviews, v. 11, p. 337-364, 1975.

MILANI E. J. Comentários sobre a origem e evolução da Bacia do Paraná. In: Geologia do Continente Sul-
Americano: a evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Editora Beca, São Paulo, p.
265-279, 2004.

MILANI E. J.; RAMOS V. Orogenias paleozóicas no domínio sul-ocidental do Gondwana e os ciclos de


subsidência da Bacia do Paraná. Revista Brasileira Geociência, v.28, n. 4, p. 473-484. 1998.

MILANI E. J.; MELO, J. H. G.; SOUZA, P. A.; FERNANDES, L. A.; FRANÇA, A. B. Bacia do Paraná. Boletim
Geociências Petrobras, Rio de Janeiro, v.15, n. 2, p. 265-287, 2007.

MILANI, E. J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica


fanerozóica do Gondwana sul-ocidental. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 1997.

64
MILANI, E. J.; FACCINI, U. F.; SCHERER, C. M. S.; ARAÚJO, L. M.; CUPERTINO, J. A. Sequences and
stratigraphic hierarchy of the Paraná Basin (Ordovician to Cretaceous), Southern Brazil. Boletim IG-
USP, São Paulo, v. 29, p. 125-173, nov. 1998. (Série Científica, n. 29).

MILANI, E. J.; FACCINI, U. F.; SCHERER, C. M. S.; ARAÚJO, L. M.; CUPERTINO, J. A. Sequências e
hierarquia estratigráfica da bacia do Paraná (Ordoviciano ao Cretáceo), Sul do Brasil. Boletim IG-USP.
Série Científica, v. 29, p. 125-173, jan. 1998. ISSN 2316-8986. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/bigsc/article/view/45174/48786>. Acesso em: 29 aug. 2016.

MITCHELL R. H.; BERGMAN S. C. Petrology of lamproites. New York, London, Plenum Press. 447p., 1991.

MORAES L. C. Aspectos petrológicos do magmatismo alcalino cretáceo de Santo Antônio da Barra, GO.
Revista Brasileira de Geociência, v. 18, p. 33-42, 1988.

MOREIRA, M. L. O.; MORETON, L. C.; ARAÚJO, V. A.; LACERDA FILHO, J. V.; COSTA, H. F. da. Geologia do
Estado de Goiás e Distrito Federal. MME/CPRM - SIC/FUNMINERAL/GO. 141 p., 2008.

PECCERILLO, A. Roman comagmatic province (central Italy): evidence for subduction-related magma genesis.
Geology, v. 13, n. 2, p. 103-106, 1985.

PECCERILLO, A.; POLI, G.; SERRI, G. Petrogenesis of orenditic and kamafugitic rocks from central Italy.
Canadian Mineralogist, v. 26, p. 45-65, 1988.

PECCERILLO, A. Relationship between ultrapotassic and carbonate-rich volcanic rocks in Central Italy:
Petrogenetic and geodynamic implications. Lithos, v. 43, p. 167-179, 1998.

PECCERILLO, A.; FREZZOTTI M. L. Magmatism, mantle evolution and geodynamics at the converging plate
margins of Italy. Journal of the Geological Society, v. 172, p. 407-427, 2015.

PENA G. S. et al. Projeto Goiânia II – Relatório Final. Goiânia: DNPM/CPRM, v. 5, 1975.

PRELEVIC, D.; FOLEY, S. F.; MELZER, S.; JOVANNOVIC, M.; CVETKOVIC, V. Tertiary ultrapotassic-potassic
rocks from Serbia, Yugoslavia. Acta Vulcanologica, v. 13, n.1/2, p. 1000-1015, 2001.

PRELEVIC, D.; FOLEY, S. F.; ROMER, R. L.; CVETKOVIC, V.; DOWNES, H. Tertiary ultrapotassic volcanism
in Serbia: constraints on petrogenesis and mantle source characteristics. Journal of Petrology, v. 46, n.
7, p. 1443–1487, 2005.

PRELEVIC. D; AKAL, C.; FOLEY, S. F. Orogenic vs anorogenic lamproites in a single volcanic province:
Mediterranean-type lamproites from Turkey. Institute Of Physics Conference Series: Earth and
Environmental Science v. 2, n. 1, p. 12-24, 2008.

PRELEVIC, D.; AKAL, C.; FOLEY, S. F.; ROMER, R. L.; STRACKLE, A.; BOGAARD, P. V. D. Ultrapotassic
rocks as geochemical proxies for post-collisional dynamics of orogenic lithosphere mantle: the case of
southwestern Anatolia, Turkey. Journal of Petrology, v. 53, n. 5, p. 1019-1055, 2012.

RAMOS, V. A.; JORDAN, T. E.; ALLMENDINGER, R. W.; MPODOZIS, C.; KAY, J. M.; CORTÉS, J. M.;
PALMA, M. Paleozoic terranes of the central Argentine-Chilean Andes. Tectonics, Washington, v. 5, n.
6, p. 855-880, 1986.

ROCK, N. M. S. Lamprophyres. Blackie, Glasgow, U.K, 285p., 1991.

ROUX, J; HAMILTON, D. Primary igneous analcite: an experimental study. Journal of Petrology, v. 17, p. 244-
257, 1976.

SAHAMA, T. G. Potassium-Rich alkaline rocks. In: Sorensen, H. (Ed.), The Alkaline Rocks. Wiley, London, p.
96–109, 1974.

SCHNEIDER, R. L.; MÜHLMANN, H.; TOMMASI, E.; MEDEIROS, R. A.; DAEMON, R. F.; NOGUEIRA, A. A..
Revisão estratigráfica da bacia do Paraná. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 28., Porto Alegre.
Anais do 28° Congresso Brasileiro de Geologia, Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Geologia, p. 41-
65. 1974.

65
SGARBI P. B. A. Mineralogia e petrologia dos kamafugitos da região de Santo Antonio da Barra, Sudoeste de
Goiás. IG, UnB, Brasília, Tese (Doutorado), 226 p, 1998.

SGARBI P. B. A.; GASPAR J. C.; VALENÇA J. G. Brazilian kamafugites. Revista Brasileira de Geociências, v.
30, p. 417-420, 2000.

SGARBI, P. B. A.; GASPAR, J. C. Geochemistry of Santo Antônio da Barra kamafugites, Goiás, Brazil. Revista
Brasileira de Geociências, v. 14, p. 889–901, 2002.

SGARBI, P. B. A.; HEAMAN, L. M.; GASPAR, J. C. U/Pb perovskite ages for Brazilian kamafugitic rocks: further
support for a temporal link to a mantle plume hotspot track. Journal of South American Earth Sciences,
v. 16, p. 715–724, 2004.

SOARES, P. C.; LANDIM, P. M. B.; FÚLFARO, V. J. & SOBREIRO NETO, A. F. Ensaio de caracterização do
Cretáceo do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geociências, v.10, n. 3, p. 177-185, 1980.

SONOKI I. K.; GARDA G. M. Idades K-Ar de rochas alcalinas do Brasil Meridional e Paraguai Oriental:
compilação e adaptação às novas constantes de decaimento. Boletim IG-USP, Série Científica, v. 19,
p. 63-85, 1988.

STOPPA, F.; CUNDARI, A. A new Italian carbonatite occurrence at Cupaello (Rieti) and its genetic significance.
Contributions to Mineralogy and Petrology, v. 122, p. 275-288. 1995.

STOPPA F.; CUNDARI A. Origin and multiple crystallization of the kamafugite-carbonatite association: the San
Venanzo - Pian de Celle occurrence (Umbria, Italy). Mineralogical Magazine, v. 62, n. 2, p. 273-289,
1998.

STOPPA F.; SHARYGIN, V. V.; CUNDARI, A. New mineral data from the kamafugite-carbonatite association:
the melilitolite from Pian de Celle, Italy. Mineralogy and Petrology, v. 61, n. 1, p. 27-45, 1997.

STOPPA, F.; WOOLLEY, A. R.; LLOYD, F. E.; EBY, N. Carbonatite lapilli-bearing tuff and a dolomite
carbonatite bomb from Murumuli crater, Katwe volcanic field, Uganda. Mineralogical Magazine, v. 64, p.
155-164, 2000.

STOPPA F.; WOOLLEY A. R.; CUNDARI, A. Extension of the melilite-carbonatite province in the Apennines of
Italy: the kamafugite of Grotta del Cervo, Abruzzo. Mineralogical Magazine, v. 66, n. 4, p. 555-574,
2002.

STRECKEISEN, A. IUGS Subcommission on the Systematic of Igneous Rocks. Classification and nomenclature
of volcanic rocks, lamprophyres, carbonatites and melilitic rocks. Recommendations and suggestions.
Journal of Mineralogy and Geochimistry, v. 134, p. 1-14, 1978.

STRECKEISEN, A. Classification and nomenclature of volcanic rocks, lamprophyres, carbonatites and melilitic
rocks. Recommendations and suggestions of the IUGS Subcommission on the Systematics of Igneous
Rocks. Geology, v. 7, p. 331-335, 1979.

SU, B. X.; ZHANG, H. F.; YING, J. F.; XIAO, Y.; ZHAO, X. M. Nature and process of lithospheric mantle
beneath the western Qinling: Evidence from deformed peridotitic xenoliths in Cenozoic kamafugite from
Haoti, Gansu Province, China. Journal of Asian Earth Sciences, v. 34, p. 258-274, 2009.

SUGUIO, K.; FULFARO, V. J.; AMARAL, G.; GUIDORZI, L. A. Comportamentos estratigráfico e estrutural da
Formação Bauru nas regiões administrativas 7 (Bauru), 8 (São José do Rio Preto) e 9 (Araçatuba) no
Estado de São Paulo. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 1, 1977, São Paulo. Atas... São
Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, p. 231-247, 1977.

TAPPE, S.; FOLEY, S. F.; PEARSON, D. G. The kamafugites of Uganda: mineralogical and geochemical
comparison with their Italian and Brazilian analogues. Periodico di Mineralogia, v. 72, p. 51-77, 2003.

ULBRICH H. H. G. J. & GOMES C. B. Alkaline rocks from continental Brazil. Earth-Sci. Rev., v. 17, p. 135-154,
1981.

VANDECAR, J. C., JAMES, D. E.; ASSUMPÇÃO, M. Seismic evidence for a fossil mantle plume beneath South
America and implications for plate driving forces. Nature, v. 378, p. 25-31, 1995.

66
WENICK, E. Rochas magmáticas: conceitos fundamentais e classificação modal, química, termodinâmica e
tectônica. UNESP, 655 pp., 2004.

WILSON, M. Igneous Petrogenesis: A global tectonic approach. Academic-Division of Unwin Hyman ltd.,
London, 466p. 1989.
ND
WINTER, J. D. Principles of igneous and metamorphic petrology. 2 Edition. Prentice Hall, 702 pp, 2010.

WOOLLEY, A. R.; BERGMAN, S. C.; EDGAR, A. D; LE BAS, M. J.; MITCHELL, R. H.; Rock, N. M. S; SMITH,
B. H. S. Classification of lamprophyres, lamproites, kimberlites, and the kalsilitic, melilitic, and leucitic
rocks. Journal of The Mineralogical Association of Canada, v. 34, p. 175-186, 1996.

WOOLLEY, A. R.; KEMPE, D. R. C. Carbonatites: nomenclature, average chemical compositions, and element
distribution. In: Bell K (ed.) Carbonatites: genesis and evolution. London, Unwin Hyman, p. 1-14, 1989.

YU, X. H.; ZHAO, Z. D.; MO, X. X.; SU, S. G.; ZHU, D. C.; WANG, Y. L.; The petrological and mineralogical
characteristics of Cenozoic kamafugite and carbonatite association in West Qinling, Gansu Province,
China. Periodico di Mineralogia, v. 72, p. 161–179, 2003b.

ZALÁN, P. V.; WOLFF, S.; ASTOLFI, M. A. M.; VIEIRA, I. S.; CONCEIÇÃO, J. C. J.; APPI, V. T.; SANTOS
NETO, E. V.; CERQUEIRA, J. R.; MARQUES, A. The Paraná Basin, Brazil. In: LEIGHTON, M. W.;
KOLATA, D. R.; OLTZ, D. F.; EIDEL, J. J. (Ed.). Interior cratonic basins. Tulsa: American Association of
Petroleum Geologists Memoir 51, p. 681-708, 1990.

67

Você também pode gostar