Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Corrigido em 5 de Julho
SUMÁRIO
01. AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA ............................................................................................................................................................... 4
02. NECESSIDADE DO LAUDO DEFINITIVO (LEI DE DROGAS) ...................................................................................................................................... 4
03. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 28 DA LEI DE DROGAS .................................................................................................................................. 4
04. RECONHECIMENTO DE PESSOAS – NÃO OBSERVÂNCIA DO ART.226 E NÃO RECEPÇÃO DO “SE POSSÍVEL” ....................................................... 4
05. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 28 (QUANDO A IMPUTAÇÃO FOR POR TRÁFICO) ............................................................................................ 5
06. O ART. 59 DO CÓDIGO PENAL NÃO FOI RECEPCIONADO (DIREITO PENAL DO AUTOR) ........................................................................................ 5
07. EXAME DE INSANIDADE É PROVA EXCLUSIVA DA DEFESA .................................................................................................................................... 5
08. RITO DA LEI DE DROGAS – VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA ....................................................................................................................................... 5
09. EXCESSO DE LINGUAGEM (ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA)....................................................................................................................................... 5
10. MP NÃO TEM PRAZO EM DOBRO NO PROCESSO PENAL ...................................................................................................................................... 6
11. DETRAÇÃO PENAL ANALÓGICA VIRTUAL .............................................................................................................................................................. 6
12. DOSIMETRIA DA PENA – PEDIR AFASTAMENTO DA SÚMULA 231 DO STJ ............................................................................................................ 6
13. MEDIDA DE SEGURANÇA NÃO FOI RECEPCIONADA PELA CONSTITUIÇÃO E FOI REVOGADA PELA REFORMA PSIQUIÁTRICA (ANTIMANICOMIAL)
..................................................................................................................................................................................................................................... 6
14. AUSÊNCIA DE OPORTUNIDADE DE ESCOLHER ADVOGADO DE CONFIANÇA ........................................................................................................ 7
15. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ............................................................................................................................................................................ 7
16. TRÁFICO PRIVILEGIADO ......................................................................................................................................................................................... 7
17. DESCLASSIFICAÇÃO DE ROUBO PARA FURTO, OU DE ROUBO QUALIFICADO PARA ROUBO SIMPLES ................................................................. 7
18. ATIPICIDADE NO CASO DE DANO PRATICADO PELO PRESO EM FUGA DA CADEIA ............................................................................................... 7
19. INDENIZAÇÃO NA REVISÃO CRIMINAL .................................................................................................................................................................. 7
20. CONDENAÇÃO PELO ART. 28 E AUSÊNCIA DE REINCIDÊNCIA ............................................................................................................................... 7
21. PRESCRIÇÃO: PRINCIPALMENTE PRESCRIÇÃO VIRTUAL ....................................................................................................................................... 8
22. COCULPABILIDADE OU CULPABILIDADE POR VULNERABILIDADE ........................................................................................................................ 8
23. LABELLING APPROACH E A ROTULAÇÃO SOCIAL ................................................................................................................................................... 8
24. SUBSTITUIÇÃO DE PRD NO CRIME TRÁFICO.......................................................................................................................................................... 9
25. INDULTO E DESNECESSIDADE DE PARECER DO CONSELHO PENITENCIÁRIO ....................................................................................................... 9
26. INEXISTÊNCIA DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA – TRÁFICO DE DROGAS – AUSÊNCIA DE PESSOAS NA ESCOLA EM UM DOMINGO ................ 9
27. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO – NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS À DPE MESMO QUE A SENTENÇA SEJA EM AUDIÊNCIA .............. 9
28. CRIME IMPOSSÍVEL - SUSTENTAR EM CASO DE FURTO COM SISTEMA DE MONITORAMENTO ........................................................................... 9
29. DESAFORAMENTO................................................................................................................................................................................................. 9
30. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA ...........................................................................................................................................................10
31. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA ............................................................................................................................................................10
32. ERRO DE TIPO E PROIBIÇÃO.................................................................................................................................................................................10
33. EXCLUDENTES DE ILICITUDE................................................................................................................................................................................10
34. FALTA DE INTÉRPRETE EM CASO DE ASSISTIDO ESTRANGEIRO – NULIDADE .....................................................................................................10
35. NEGATIVA DE AUTORIA – ABSOLVIÇÃO ..............................................................................................................................................................10
36. SE A CONFISSÃO FOR UTILIZADA PARA FORMAR CONVENCIMENTO DO MAGISTRADO, O RÉU TERÁ DIREITO À ATENUANTE ........................11
37. ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL – ADPF 347 .........................................................................................................................................11
38. O TESTEMUNHO DE OUVIR DIZER - CUIDADO.....................................................................................................................................................11
39. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA É INCONSTITUCONAL ...................................................................................................................................11
40. EXIGÊNCIA DE EXAME CRIMINOLÓGICO PARA CONCESSÃO DE DIREITOS SUBJETIVOS NÃO TEM PREVISÃO LEGAL ........................................11
41. NULIDADE EM DECRETAÇÃO DA REVELIA ...........................................................................................................................................................12
42. UTILIZAÇÃO DE MS OU HC PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO DO MP NÃO TEM AMPARO LEGAL .....................................................12
43. PRINCÍPIO DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL EM MATÉRIA CRIMINAL ...........................................................................................................12
44. PRINCÍPIO DA HOMOGENEIDADE .......................................................................................................................................................................12
45. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ .........................................................................................................................................................12
46. APLICAÇÃO DA PENA NO PATAR MÍNIMO, FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL ABERTO, E SUBSTITUIÇÃO POR PENA RESTRITIVA DE DIREITO .......13
47. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS ....................................................................................................................................................................................13
48. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ...........................................................................................................13
49. ABOLITIO CRIMINIS DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA NO ROUBO COM ARMA BRANCA ................................................................................14
50. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ........................................................................................................................................................14
51. REFORMATIO IN PEJUS PARA OS CRIMES SEXUAIS EM 2018 – PARA FATOS PRATICADOS ANTES - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA. ..14
52. POLICIAIS DEVEM GRAVAR AUTORIZAÇÃO DE MORADOR PARA ENTRADA NA RESIDÊNCIA .............................................................................15
53. POSSIBILIDADE DE CUMULAR O PRIVILÉGIO DO HOMICÍDIO OU O PRIVILÉGIO DO FURTO COM QUALIFICADORAS DE ORDEM OBJETIVA .....15
54. PARA O STJ, FEMINICÍDIO É DE ORDEM OBJETIVA, SENDO POSSÍVEL CUMULAR COM OS “PRIVILÉGIOS” DO HOMICÍDIO, QUE SÃO SUBJETIVOS
...................................................................................................................................................................................................................................16
55. NÃO É CRIME O ABORTO ATÉ O 3ª MÊS DE GESTAÇÃO .......................................................................................................................................16
Trata-se de tese que tem alta probabilidade de estar em sua peça ou em alguma das questões dissertativas.
A audiência de custódia tem previsão convencional (CADH e PIDCP), no CPP (expressamente pós Lei Anticrime) e na
Resolução 213 do CNJ, que fixa o prazo de até 24h para pessoas serem levadas até a autoridade judicial.
Cuidado que não apenas pessoas presas em flagrantes, mas qualquer tipo de prisão, tais como preventiva,
temporária e prisão civil. Não havendo, alegue a nulidade de todos os atos do processo! É importante citar o caso
Jailton Neri Vs Brasil, pois foi primeiro caso em que a Comissão Interamericana responsabilizou o Brasil por ausência
de audiência de custódia (o caso se passou, inclusive, no Rio de Janeiro).
Desta forma, se em sua peça você perceber que não houve audiência de custódia, informe ao juízo que há
uma nulidade e peça o reconhecimento da ilegalidade da prisão e seu eventual relaxamento, mesmo que, como
saibamos, o STJ venha decidindo que a não realização de audiência de custódia não induza a ilegalidade da prisão.
Tese que SEMPRE vem nas ações referentes à lei de drogas. Sem o laudo definitivo nos autos deve-se
sustentar a ausência de materialidade. Então, cuidado para não pedir a anulação do processo (não é preliminar), é
absolvição por ausência de materialidade, certo?
Se liguem!
Amigos do RDP, em peças processuais que versem sobre a lei de drogas, você precisará quase sempre pedir
a desclassificação do crime de tráfico para o crime de posse para consumo pessoal como tese autônoma. No entanto,
você abrirá um novo tópico para que, após reconhecida a desclassificação, o juiz reconheça a inconstitucionalidade
do crime do art. 28 (posse para consumo pessoal). Simples. O tema está em discussão no STF e tem um voto brilhante
do ministro Barroso. Então, sempre sustentar a inconstitucionalidade do art.28, face à ausência de lesividade e
alteridade.
04. RECONHECIMENTO DE PESSOAS – NÃO OBSERVÂNCIA DO ART.226 E NÃO RECEPÇÃO DO “SE POSSÍVEL”
O art. 226 do CPP trata sobre o reconhecimento de pessoas e coisas. Inicialmente, deve-se sustentar a não
recepção da expressão “se possível” prevista no inciso II.
II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
Na verdade, as questões de 2ª fase sempre trazem, implicitamente, afirmação de que a vítima reconheceu o
autor do crime na delegacia, através de foto impressa ou do mostrada por alguma rede social (Instagram ou
Facebook), ou reconheceu olhando por trás de um vidro espelhado, quando ele estava sozinho em uma sala.
Aleguem nulidade do ato, certo? O inciso II do art. 226 do CPP diz que a pessoa será colocada, se possível (e
esse “se possível” deve ser criticado), ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se
quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la.
TESE 13 - Súmula: O reconhecimento fotográfico não pode ser admitido no processo penal, sobretudo sem a
observância do art. 226 CPP.
Recentemente, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), alinhando-se ao entendimento firmado
pela Sexta Turma no RHC 598.886, decidiu que o reconhecimento fotográfico ou presencial feito pela vítima na fase
do inquérito policial, sem a observância dos procedimentos descritos no artigo 226 do Código de Processo Penal
(CPP), não é evidência segura da autoria do delito.
Então cuidado nessa importante tese, que inclusive apareceu na DPE-AM em 2018.
Sobre essa tese, já conversamos no tópico 3, certo? Lembrem-se de pedir a desclassificação para o crime de
posse para consumo pessoal e alegar eventualmente sua inconstitucionalidade.
06. O ART. 59 DO CÓDIGO PENAL NÃO FOI RECEPCIONADO (DIREITO PENAL DO AUTOR)
Ponto extremamente importante. Mas se você não tiver um viés crítico defensorial (o famoso sangue verde,
rs) passará batido.
Galera, sempre que entrarem no tópico referente à dosimetria da pena, façam menção às circunstâncias
judiciais do art.59 do CP como sendo inerentes ao direito penal do autor, razão pela qual deverá ser criticado, pois o
direito penal deve ser do fato. Esse resquício é originário das ideias do Günther Jakobs, que devem ser duramente
criticadas. Desta forma, peça para que o magistrado reconheça as circunstâncias judiciais sempre como favoráveis
(nunca desfavoráveis).
Uma das teses preferidas dos examinadores. Cuidado, pessoal, caiu na 2ª fase da DPE-AP, certo? Se o MP ou
o delegado pediu exame de insanidade mental do acusado, deve-se sustentar a nulidade, já que é uma prova exclusiva
da defesa.
Tese criminal recorrente nas provas de Defensoria. A Lei de Drogas traz o interrogatório do réu como primeiro
ato da instrução, e o CPP como último. É claro que sendo o primeiro ato da instrução o réu não se defenderá de todos
os fatos, violando a ampla defesa. É por isso que vocês devem ficar atentos a isso, e se possível abrir um tópico
específico. Se liguem!
MUITO importante. Se o juiz, na decisão de pronúncia (primeira fase do Júri), utilizar termos como “está
evidente que o réu teve a intenção...”, ou qualquer expressão que possa passar aos jurados que o réu já é culpado, a
decisão deve ser anulada por excesso de linguagem ou também conhecida como eloquência acusatória. Geralmente
O STJ já reconheceu que o MP não tem prazo em dobro no processo penal, certo? Então, vão na mosca! A
Defensoria tem (foi mal aí, rs) :)
A súmula 231 do STJ diz que o juiz não pode reduzir a pena, na 2º fase da dosimetria, aquém do mínimo legal.
Deve-se discordar do entendimento do STJ. No entanto, cuidado.
Informe na sua peça que existe entendimento sumulado no sentido de impedir o reconhecimento da
atenuante abaixo do mínimo legal, no entanto, apresente críticas em razão da individualização da pena, belezinha?
Nós, sangue verde, não podemos apenas aceitar o que é dito pelo STJ. Somos contramajoritários, certo?
Porém, mostre ao examinador que há entendimento sumulado, mas que deve ser superado face à individualização
da pena.
13. MEDIDA DE SEGURANÇA NÃO FOI RECEPCIONADA PELA CONSTITUIÇÃO E FOI REVOGADA PELA REFORMA
PSIQUIÁTRICA (ANTIMANICOMIAL)
A Lei Antimanicomial, qual seja, a Lei nº 10.216/2001, trouxe diversos aspectos sobre a internação. A doutrina
crítica entende que essa lei revogou a parte sobre medidas de segurança no CP e no CPP.
Se cair algo sobre medida de segurança não esqueçam de falar sobre o caráter assistencialista e curador que
a reforma psiquiátrica trouxe, o que conclui em perceber que as medidas de segurança foram revogadas pela Lei nº
10.216/2001, e/ou não foram recepcionadas pela Constituição. Porém, essa tese institucional é minoritária, valendo
o debate em fase aberta (2º fase e oral).
Por fim, sempre que a peça mencionar que o acusado tem problemas mentais, é muito importante abrir
tópico específico (breve) para correlacionar caso Damião Ximenes Lopes da Corte IDH e a Lei 10.216/2001. Quem
não abriu um tópico para falar sobre a Lei nº 10.216/2001 na segunda fase da DPE/AP (2018) deixou de pontuar 01
ponto (em uma peça que valia algo em torno de 5 pontos). Veja a importância que o examinador deu a essa tese.
Quando o advogado que está representando a parte, por exemplo, renuncia o mandato, o magistrado deve
intimar o réu para constituir outro advogado de sua confiança, e não remeter os autos à Defensoria Pública de
maneira imediata. É nesse sentido o posicionamento do STF no HC 389.899. Tese muito importante.
15. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Sem maiores comentários. Trata-se de tese importante. Lembrem-se apenas dos requisitos, que eu utilizo o
nome “MARI” para lembrar das iniciais de cada requisito:
Lembrar de utilizar essa tese na terceira fase da dosimetria (porque o art. 33, § 4º da Lei de Drogas é uma
causa de diminuição de pena), além de pedir redução no patamar máximo (2/3), tudo organizado, certo?
Os requisitos são:
• Ser primário,
• Possuir bons antecedentes,
• Não se dedicar às atividades criminosas
• Não integrar organização criminosa.
17. DESCLASSIFICAÇÃO DE ROUBO PARA FURTO, OU DE ROUBO QUALIFICADO PARA ROUBO SIMPLES
Aqui, é bom ficar de olho. Tentar sempre enxergar se há possibilidade de desclassificar o crime de roubo para
o de furto, ou de roubo qualificado para roubo simples. Atenção sempre às informações fornecidas pelo examinador.
Tese importante. Os tribunais têm esse entendimento, porque o dolo do agente não é de praticar o crime de
dano, mas sim de fugir. Assim, não há crime, sendo atípico o fato (podendo ser considerado falta grave, mas não
crime).
Em peças de revisão criminal não se esqueçam de pedir para que o Tribunal fixe uma indenização pelo erro
judiciário certo? Previsão expressa no CPP e na CF88.
Tese sempre muito provável de cair. É uma decisão relativamente recente e que tem enormes chances de
cair.
Cuidado!!!!!!!!! Condenação por uso de drogas não gera reincidência, mesmo que haja trânsito em julgado.
Há súmula do STJ no sentido de não reconhecer a prescrição virtual, e isso é criticado por demais pela
Defensoria.
Súmula 438 do STJ: "É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento
em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
A posição é reafirmada pelo STF (Repercussão Geral 602.527/RS). Estudar e buscar entender a prescrição
virtual.
A teoria da coculpabilidade foi desenvolvida pelo professor Eugenio Raúl Zaffaroni, e apregoa que estado
deve reconhecer uma parcela de culpa em crimes praticados por pessoas pobres, considerando a ineficácia da
prestação de diversos direitos. Assim, o juiz deveria reconhecer como atenuante genérica a coculpabiliadade.
A teoria foi bastante criticada, por associar o cometimento de delitos à pobreza. Além disso, a teoria da
coculpabilidade seria falha, por se aplicar apenas a delitos patrimoniais, o que não explicaria crimes contra a vida,
crimes sexuais, contra a família, contra a saúde pública, etc.
Por esses motivos, há quem sustente o surgimento de uma nova teoria, A CULPABILIDADE POR
VULNERABILIDADE, em que é possível individualizar a vulnerabilidade do agente com base no seu histórico de vida,
como no caso do art. 14 da lei dos Crimes Ambientais:
O art. 66 do CP admite que o magistrado atenue a pena em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. É exatamente aí que entraria a coculpabilidade ou
culpabilidade por vulnerabilidade:
Mais à frente trabalharemos a tese da atenuante genérica da raça, proposta pela Defensora Pública do RJ
Renata Tavares.
Amigos, cuidado com a teoria do labelling approach, a principal teoria da escola sociológica do conflito.
Muitas vezes as pessoas (senso comum) entendem como ótima a ideia de colocar tornozeleiras eletrônicas, por
exemplo. No entanto, em determinado ponto pode aparecer questões envolvendo raciocínio crítico acerca do tema,
sobretudo a fim de relacionar a utilização das tornozeleiras com a aplicação prática da teoria do labelling approach,
ou etiquetamento.
Aqui, sem mistérios. O STF declarou inconstitucional o dispositivo que proibia a conversão do tráfico
privilegiado em pena restritiva de direito (art. 33, § 4º ). Então sempre que a peça estiver relacionado ao tráfico de
drogas, sendo cabível o tráfico privilegiado, será importante sustentar sua conversão em PRD, já que este não é mais
equiparado a crime hediondo.
Para concessão do indulto não há necessidade de parecer do conselho penitenciário. Isto é, o Presidente da
República concede, e o juiz aplicará (decisão com efeitos meramente declaratórios) o indulto às pessoas, sem precisar
de parecer do conselho, caso não venha expresso no indulto.
26. INEXISTÊNCIA DE CAUSA DE AUMENTO DE PENA – TRÁFICO DE DROGAS – AUSÊNCIA DE PESSOAS NA ESCOLA EM
UM DOMINGO
Na espécie, diante da prática do delito em dia e horário (domingo de madrugada) em que o estabelecimento de
ensino não estava em funcionamento, de modo a facilitar a prática criminosa e a disseminação de drogas em área
de maior aglomeração de pessoas, não há falar em incidência da majorante, pois ausente a ratio legis da norma em
tela. 4. Recurso especial improvido. (REsp 1719792/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018)
27. INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO – NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS À DPE MESMO QUE A SENTENÇA
SEJA EM AUDIÊNCIA
Aqui, não precisa nem dizer o quanto isso é importante, não é? Cuidado com prazos e a forma de contagem.
Se o juiz sentenciou em audiência e o Defensor estava presente, mesmo assim os autos precisam ser remetidos à
DPE, certo?
Embora haja entendimento sumulado em sentido contrário, pode ser que o examinador queira que você
sustente que a prática do furto, quando acompanhado por seguranças ou por sistema de monitoramento, seja
hipótese de crime impossível. Portanto, se a questão der informações nesse sentido, reconheça o entendimento
majoritário dos Tribunais Superiores, mas peça o seu afastamento, porque provavelmente virá no espelho
29. DESAFORAMENTO
Também pode ser que apareça em peças penais, mas até agora eu particularmente nunca vi. Então, quem
sabe não caia na próxima? Aprenda as hipóteses em que pode ser requerido o desaforamento (a partir do art. 427
do CPP).
Importante tese para a Defensoria Pública. Muitas vezes, em concurso de pessoas, um dos agentes pratica o
crime sem que o outro saiba da vontade do comparsa. Dessa forma, deve-se sustentar (certamente em tese
subsidiária) a cooperação dolosamente distinta. Estudem bem concurso de pessoas e suas teorias, tanto da
participação como da autoria.
É bom lembrar que você, na qualidade de Defensor(a), poderá realizar a defesa de mais de um réu na segunda
fase. Para isso, por exemplo, você abrirá tópicos separados para discutir a dosimetria de cada um dos acusados. Ex:
Porém, se o tempo estiver muito apertado e as linhas também, você pode inserir ambos em um tópico único,
mas dissertar individualmente sobre cada um deles.
Fique atento(a) às possibilidades de erro de tipo ou erro de proibição. Revise o tema para entender melhor.
Decorar todas as excludentes de ilicitude e as causas supralegais, pois podem aparecer como teses de mérito.
Tese bem a cara da Defensoria. Seu assistido, venezuelano, praticou um furto no Brasil. Foi processado, foi
condenado, e nada de haver intérprete no processo. E aí,? Pois é! Pode ser que o examinador também queira que
você alegue a violação à ampla defesa e ao contraditório em razão da inexistência de intérprete. Portanto, peço
atenção de vocês nessa tese!
Estar atento à negativa de autoria e materialidade, além de ausência de justa causa, certo? Ah, e inépcia da
inicial também pode vir como tese em resposta à acusação.
36. SE A CONFISSÃO FOR UTILIZADA PARA FORMAR CONVENCIMENTO DO MAGISTRADO, O RÉU TERÁ DIREITO À
ATENUANTE
Aqui temos um entendimento sumulado. Assim, ainda que a confissão seja qualificada (confessa, mas alega
legítima defesa, por exemplo) deverá incidir a atenuante.
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
Se a testemunha não presenciou os fatos, mas apenas ouviu dizer, e isso foi produzido na fase do inquérito,
jamais poderá fundamentar um decreto condenatório ou uma decisão de pronúncia. Segundo o STJ, o testemunho
por ouvir dizer (hearsayrule), produzido somente na fase inquisitorial, não serve como fundamento exclusivo da
decisão de pronúncia, que submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1373356-BA, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
Além disso, tente afastar qualquer argumento no sentido de que no Brasil vigora o in dubio pro societate na
primeira fase do júri. Esse “princípio” deve ser afastado e combatido, pois no Brasil a previsão constitucional é do in
dubio pro reu.
É importante lembrar do overruling quanto à possibilidade da execução provisória da pena. Antes, segundo
o STF, a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a
recurso especial ou extraordinário, não comprometia o princípio constitucional da presunção de inocência. STF.
Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016 (Info 814). STF. Plenário virtual. ARE 964246
RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/11/2016 (repercussão geral).1
No entanto, em julgamento histórico no dia 07 de novembro de 2019, por 6 votos a 5, o STF alterou o seu
posicionamento, julgando procedente as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) nº 43, 44 e 54,
entendendo que é incabível a execução provisória do acórdão penal condenatório ainda sujeito a recurso especial e
recurso extraordinário, isto é, antes do trânsito em julgado.
40. EXIGÊNCIA DE EXAME CRIMINOLÓGICO PARA CONCESSÃO DE DIREITOS SUBJETIVOS NÃO TEM PREVISÃO LEGAL
O exame criminológico para concessão de direitos (progressão, livramento, etc) não tem previsão legal desde
2003, mas mesmo assim o STF entende que, se o juiz fundamentar, ele poderá realizar. Você deve criticar porque há
clara violação à legalidade. É por isso que chamo a atenção de vocês para esse tipo de tese em sua peça processual.
1 O tema ainda está pendente de julgamento em outras ações do controle abstrato. É preciso aguardar!
Para se decretar a revelia no processo penal deve-se tentar todas as buscas possíveis. Detalhe importante é
que não se reconhece os efeitos da revelia (diferente do processo civil), como a presunção de veracidade dos fatos,
certo? No processo penal a defesa é obrigatória. Fiquem atentos com relação à decretação da revelia, principalmente
se decorrente de citação por edital ou com hora certa. Observe se não houve qualquer nulidade.
42. UTILIZAÇÃO DE MS OU HC PARA DAR EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO DO MP NÃO TEM AMPARO LEGAL
Súmula 604: “Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo
Ministério Público.”
É bom lembrar que em sua peça criminal, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, vale a pena informar ao juízo
que, concomitantemente àquela peça (ex: apelação, resposta à acusação, alegações finais) também foi impetrado
HC para sanar a ilegalidade.
Digo isso porque de fato um examinador já cobrou essa menção em um espelho, porque na prática é isso
que o Defensor faz. Porém, como você só pode fazer uma peça, caso ela não seja o HC, você abre esse tópico para
informar ao examinador que impetrou o HC. Isso ocorre porque o HC tem várias limitações, então os examinadores
preferem cobrar outras peças (alegações finais por memorias, apelação, recurso em sentido estrito, agravo em
execução, etc) do que o próprio HC em si. Assim, fique atento!
Há quem sustente essa tese. Eu nunca vi caindo em segunda fase, mas vai que...
Exemplo: Ricardo foi condenado a 1 ano de detenção. A pena foi substituída por restritiva de direito, no caso,
prestação de serviços. Era para cumprir 365 dias, ele cumpriu 360 e não cumpriu o restante. E aí, converte a PRD em
privativa de liberdade? Não, aplica-se a teoria do adimplemento substancial.
João está preso preventivamente por furto simples há dois anos. Ora, se com a condenação por furto ele
certamente não será mantido preso, não é razoável que ele permaneça preso preventivamente, já que poderá haver
substituição por PRD. Isso é aplicação do princípio da homogeneidade. Abra um tópico e deixe claro ao examinador!
Seja organizado na sua peça. Se o examinador perceber que você não sinaliza bem suas teses, ele terá certamente
uma grande dificuldade de achá-las. Ajude ele a te ajudar que tudo será mais fácil!
O juiz que instruiu é o mesmo que deverá julgar. Esse princípio busca, em síntese, a vinculação do magistrado
que conduziu o feito e participou efetivamente da sua instrução, à prolação da sentença.
46. APLICAÇÃO DA PENA NO PATAR MÍNIMO, FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL ABERTO, E SUBSTITUIÇÃO POR PENA
RESTRITIVA DE DIREITO
Em regra, o candidato, em razão da eventualidade, deve alegar tudo, para que não haja risco de esquecer
algo. Portanto, ao final, elabore um tópico pedindo a aplicação da pena em patamar mínimo, fixação de regime inicial
aberto e substituição por pena restritiva de direito, se o caso.
O estudo das escusas relativas e absolutas em crimes patrimoniais é sempre um prato cheio para nossas
provas de segunda fase. Portanto, não deixe de conhecê-las, para se for o caso, sustentá-las.
O art. 30 do Estatuto do Desarmamento previu, originariamente, um prazo de 180 dias após a publicação da
lei (23 de dezembro de 2003) para que os possuidores e proprietários de arma de fogo não registradas pudessem
solicitar o seu registro.
Além disso, o art. 32 pontuava que no mesmo prazo de 180 dias, os possuidores e proprietários de arma de
fogo não registradas poderiam entregá-las à Polícia Federal, cuja boa fé seria presumida. Estas pessoas seriam
indenizadas.
Várias medidas provisórias foram editadas, e esse prazo foi se alterando, até 31 de dezembro de 2009. E
essas sucessivas alterações no prazo fizeram com que fosse gerada uma espécie de descriminalização temporária
(abolitio criminis temporária) para o crime de POSSE de arma de fogo de uso permitido, do dia 23 de dezembro de
2003 a 31 de dezembro de 2009.
Primeiro, majoritariamente entende-se que a natureza jurídica do art. 39 da Lei 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento) é de abolitio criminis temporária, mas há outras teorias, entendendo que o art. 30 trata de
“atipicidade temporária”, “causa excludente de ilicitude temporária”, etc.
Segundo, a abolitio criminis que estamos tratando agora não se aplica ao crime de porte ilegal de arma de
fogo de uso permitido (art. 14).
Além disso, atente-se ao fato de que poderá aparecer, em caso hipotético em sua segunda fase, a situação
de um assistido procurar você, Defensor ou Defensora da Comarca X, e relatar que tem uma arma de fogo de uso
permitido em casa e que quer entregar à polícia, mas a arma não tem nota e só Deus sabe como foi adquirida. E
agora?
Amigos sangue verde, vocês precisam estar a par do art.32, que extingue a punibilidade (isso mesmo) de
eventual POSSE irregular da referida arma caso o possuidor ou proprietário a entregue.
Veja você mesmo(a):
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e,
presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual
posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
49. ABOLITIO CRIMINIS DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA NO ROUBO COM ARMA BRANCA
O emprego de arma branca deixou de ser majorante do crime de roubo com a modificação operada pela Lei
nº 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157 do Código Penal. Diante disso, constata-se que houve
abolitio criminis, devendo a Lei nº 13.654/2018 ser aplicada retroativamente para excluir a referida causa de aumento
da pena imposta aos réus condenados por roubo majorado pelo emprego de arma branca.* Trata-se da aplicação
da novatio legis in mellius, prevista no art. 5º, XL, da Constituição Federal. STJ. 5ª Turma. REsp 1519860/RJ, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 17/05/2018 (Info 626). STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1249427/SP, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 19/06/2018.
Pacote anticrime
A Lei nº 13.964/2019 corrigiu a falha da Lei nº 13.654/2018 e acrescentou o inciso VII no § 2º do art. 157 do
CP. Com isso, o emprego de arma branca voltou a ser uma causa de aumento de pena do roubo: Art. 157. (...) § 2º
A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (...) VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de arma branca; (Incluído pela Lei 13.964/2019) .
Vale ressaltar, contudo, que essa mudança é mais gravosa e, portanto, não se aplica para os fatos cometidos antes da
entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019.2
Dessa forma, preste atenção na data que o examinador vai te dar. Datas são sempre importantes.
Importante tese. Às vezes o juiz não se atenta ao que foi pedido e condena o réu além do que foi pedido pelo
MP. Assim, considerando o sistema acusatório e que o órgão ministerial é autor da ação penal, não pode o juiz agir
como se promotor fosse, em clara violação ao sistema acusatório e a imparcialidade. Então, cuidado.
51. REFORMATIO IN PEJUS PARA OS CRIMES SEXUAIS EM 2018 – PARA FATOS PRATICADOS ANTES - AÇÃO PENAL
PÚBLICA CONDICIONADA.
Pessoal, a lei 13.718/2018 trouxe diversas modificações aos crimes sexuais, e uma das principais foi tornar
todos os crimes contra a dignidade sexual de ação penal pública incondicionada. Portanto, se o crime foi praticado
em dada anterior à vigência da Lei, ainda haverá, em regra, necessidade de representação da vítima, haja vista que a
regra era a ação penal pública condicionada à representação.
2CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Abolitio criminis promovida pela Lei 13.654/2018 no roubo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0f9a0878fcaf0dde29b4e487aa8bbb44>. Acesso em: 09/07/2021
Importante tese para sua peça. O STJ decidiu que os agentes policiais, caso precisem entrar em uma
residência para investigar a ocorrência de crime e não tenham mandado judicial, devem registrar a autorização do
morador em vídeo e áudio, como forma de não deixar dúvidas sobre o seu consentimento. A permissão para o
ingresso dos policiais no imóvel também deve ser registrada, sempre que possível, por escrito.
53. POSSIBILIDADE DE CUMULAR O PRIVILÉGIO DO HOMICÍDIO (art. 121, OU O PRIVILÉGIO DO FURTO COM
QUALIFICADORAS DE ORDEM OBJETIVA
“Privilégio”, no crime de homicídio, é a causa de diminuição de pena prevista no art. 121, § 1º, CP:
E com relação ao homicídio? De igual maneira, a jurisprudência até admite a existência de homicídio
privilegiado-qualificado. No entanto, para isso, é necessário que a qualificadora seja de natureza objetiva. Inclusive,
o homicídio privilegiado-qualificado (também chamado de híbrido), não é considerado hediondo (porém, o
homicídio qualificado (puro) o é).
54. PARA O STJ, FEMINICÍDIO É DE ORDEM OBJETIVA, SENDO POSSÍVEL CUMULAR COM OS “PRIVILÉGIOS” DO
HOMICÍDIO, QUE SÃO SUBJETIVOS
O STJ entendeu, após algumas controvérsias, que a qualificadora do feminicídio é de ordem objetiva. Isso
implica dizer que poderá haver a incidência da qualificadora do feminicídio e também o privilégio do art. 121, §1º do
Código Penal.
A justificativa apresentada para isso está no fato de que tal qualificadora “incide nos
crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre
que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita,
assim o animus do agente não é objeto de análise.” (Min. Felix Fischer, no REsp
1.707.113/MG, julgado em 29/11/2017).
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou
com o seu consentimento (art. 126) não é crime. É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts.
124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos
fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
56. ACESSO AOS DADOS ATRAVÉS DO CELULAR DA PESSOA PRESA
Tese já cobrada pela FCC na prova recente da 2º fase da DPE-AM. A polícia não pode visualizar conversas ou
qualquer informação presente em celular de pessoa presa em flagrante sem autorização desta. Encontrada uma
prova através desse meio, deve-se pedir a nulidade de todas as derivadas (teoria da árvore dos frutos envenenados).
Contudo, é lícito o acesso aos dados armazenados em celular apreendido com base em autorização judicial,
segundo o STJ:
A Lei de Drogas traz uma peculiaridade que sempre cai: a defesa prévia antes do recebimento da denúncia.
Segundo o art.55 da Lei de Drogas:
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
prazo de 10 (dez) dias.
Isto é, antes do recebimento deve o juiz conceder o prazo de 10 dias para a defesa, e não após o recebimento.
Sendo assim, não havendo oportunidade do réu ter apresentado a defesa preliminar, deve-se sustentar a nulidade
de todos os atos posteriores.
58. SERENDIPIDADE – DESCOBERTA FORTUITA
Tese muito importante. A prova disso é que caiu também na prova de segunda fase da DPE/AM (último
concurso, em 2018).
Para Renato Brasileiro, “a teoria do encontro fortuito ou casual de prova é utilizada nos casos em que, no
cumprimento de uma diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à
outra infração penal (crime achado), que não estavam na linha de desdobramento normal da investigação. Fala-se
em encontro fortuito de provas (ou serendipidade), quando a prova de determinada infração penal é obtida a partir
de diligência regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Nesses casos, a validade da prova
inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se houve desvio de finalidade,
abuso de autoridade, a prova não deve ser considerada válida; se o encontro foi casual, fortuito, a prova é válida”.3
A serendipidade de primeiro grau é considerada válida, pois a prova é obtida fortuitamente, mas segue o
desdobramento histórico do ilícito penal investigado, ou seja, guarda relação com o que está sendo investigado.
Por outro lado, na serendipidade de segundo grau, a prova não guarda relação com o que se está sendo
investigado. Por isso, segundo a doutrina, a prova obtida não será válida, mas será fonte de prova, ou seja,
considerada “notitia criminis” (notícia do crime). Em resumo:
3 Idem, 657.
a transcrição final da captação pode ser usada não só como notitia criminis, mas também
como legítimo meio probatório para fundamentar um decreto condenatório. Nessa linha,
o Supremo já entendeu que, uma vez realizada a interceptação telefônica de forma
fundamentada, legal e legítima, as informações e provas coletas dessa diligência podem
subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção, desde que
conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a interceptação. Do contrário, a
interpretação do art. 2º, III, da L. 9.296/96 levaria ao absurdo de concluir pela
impossibilidade de interceptação para investigar crimes apenados com reclusão quando
forem estes conexos com crimes punidos com detenção. Além disso, em alguns julgados
do STJ, sequer tem sido imposta como obrigatória a existência de conexão ou continência
entre as infrações penais: “havendo o encontro fortuito de notícia da prática futura de
conduta delituosa, durante a realização de interceptação telefônica devidamente
autorizada pela autoridade competente, não se deve exigir a demonstração da conexão
entre o fato investigado e aquele descoberto, a uma, porque a própria Lei nº 9.296/96 não
a exige, a duas, pois o Estado não pode se quedar inerte diante da ciência de que um crime
vai ser praticado e, a três, tendo em vista que se por um lado o Estado, por seus órgãos
investigatórios, violou a intimidade de alguém, o fez com respaldo constitucional e legal,
motivo pelo qual a prova se consolidou lícita. A discussão a respeito da conexão entre o
fato investigado e o fato encontrado fortuitamente só se coloca em se tratando de infração
penal pretérita, porquanto no que concerne as infrações futuras o cerne da controvérsia
se dará quanto a licitude ou não do meio de prova utilizado e a partir do qual se tomou
conhecimento de tal conduta criminosa”.”4
59. FURTO DE USO
Pessoal, o furto de uso é uma tese muito forte para afastar a tipicidade do furto. Em situações em que o
agente não tem o animus de subtrair, apenas pegando a coisa e devolvendo depois, sem qualquer prejuízo à vítima,
o fato é atípico. Cuidado, pois a jurisprudência não tem admitido o chamado “roubo de uso”.
60. TRÁFICO DE DROGAS PRATICADO COM ADOLESCENTE: MAJORANTE E CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES
Agora chamo a atenção de vocês para um detalhe importante: o agente que pratica delitos da Lei de Drogas
envolvendo criança ou adolescente responde também por corrupção de menores? Isso porque em tese ele
responderia pelo delito de drogas com a causa de aumento de pena específica, por envolver criança ou adolescente.
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
(...)
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
A resposta é depende.
4 Lima, Renato Brasileiro. de Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima – 8. ed. rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed.
JusPodivm, 2020, p. 837.
61. REMIÇÃO DE PENA PELO TRABALHO REALIZADO DENTRO OU FORA DO ESTABELECIDO PRISIONAL
Pessoal, o art. 126, LEP trata da remição pelo trabalho ou por estudo, de maneira que, após cumpridos os
requisitos legais, haverá um abatimento no quantum de pena a ser cumprido. Em síntese, temos que:
REMIÇÃO POR ESTUDO REMIÇÃO POR TRABALHO
Abate-se 1 dia de pena para cada 12 horas de Abata-se 1 dia de pena para cada 3 dias de trabalho.
frequência escolar, divididas as horas por, no mínimo,
3 dias.
Em relação ao trabalho, a remição ocorrerá independentemente do fato de a atividade ter sido exercida
dentro ou fora do estabelecimento penal, pois o art. 126, LEP não faz distinção entre tais situações (nem, tampouco,
quanto a natureza do trabalho).
Cuidado: a pena remida é considerada PENA CUMPRIDA e, como tal, influenciará na contagem de prazo para
que o preso possa se valer dos seus direitos atinentes à execução penal.
63. REMIÇÃO DE PENA PELO ESTUDO OCORRE COM A FREQUÊNCIA AO CURSO, INDEPENDENTEMENTE DE SUA
CONCLUSÃO OU APROVEITAMENTO SATISFATÓRIO
O que a LEP exige é que haja a frequência ao curso de ensino regular ou de educação profissional; porém, a
remição ocorre independentemente da conclusão desse curso ou do seu aproveitamento satisfatório.
64. PERDA DE DIAS REMIDOS POR FALTA GRAVE OCORRERÁ NO MONTANTE MÁXIMO DE 1/3 E HÁ A NECESSIDADE
DE FUNDAMENTAÇÃO COM ELEMENTOS CONCRETOS
Caso o preso pratique falta grave, ficará sujeito à perda dos dias remidos no montante máximo de 1/3. Porém,
essa perda deverá ser justificada pelo magistrado, com base em elementos concretos, não podendo ocorrer uma
perda com argumentações abstratas. Desta forma, para o magistrado fazer incidir a fração de 1/3 (patamar máximo),
deverá fundamentar concretamente.
65. PARA QUE SE RECONHEÇA FALTA GRAVE EM SITUAÇÕES DE AUTORIA COLETIVA, É NECESSÁRIO QUE SE
INDIVIDUALIZE A CONDUTA
Em situações de falta grave em que há autoria coletiva, não se pode sancionar o preso apenas com base em
uma participação genérica; é obrigatório que seja feita a individualização de conduta de cada um dos apenados, não
se admitindo que a sanção seja coletiva.
Ex.: 5 presos praticaram fato que enseja falta grave; não se pode aplicar uma sanção a todos argumentando
que houve participação do grupo na falta. É preciso individualizar: “o preso 1 será sancionado por ter praticado o
ato....”, “o preso 2 será sancionado por ter praticado o ato....” e assim sucessivamente.
66. QUEM INTRODUZ CHIP (CARTÃO SIM) EM PRESÍDIO NÃO PRATICA CONDUTA TÍPICA
O art. 349-A, CP, criminaliza quem ingressa em presídio com aparelho telefônico móvel ou similar (ou quem
auxilia na realização desse ingresso). Por outro lado, quem introduz, ou auxilia, apenas o chip telefônico não se
enquadra no tipo penal, conforme jurisprudência do STJ. STJ. 5ª Turma. HC 619776/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 20/04/2021 (Info 693).
O STJ, por outro lado, ainda considera falta grave a posse de chip de telefone celular pelo preso, dentro de
estabelecimento prisional, configura falta disciplinar de natureza grave, ainda que ele não esteja portando o aparelho
(STJ. 5ª Turma. HC 260122-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/3/2013).
Esse entendimento sobre falta grave possivelmente será modificado em breve, já que o fundamento utilizado
para não caracterizar o crime do art. 349-A no HC 619776 foi a legalidade, não fazendo sentido ser também falta
grave, já que o dispositivo da LEP (art. 50, VII) estabelece “aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo”, portanto o chip desacompanhado de celular não
caracterizaria falta grave.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
67. RECOLHIMENTO DOMICILIAR COM TORNOZELEIRA E INCIDÊNCIA DE DETRAÇÃO
A detração é o desconto no tempo de pena imposta na sentença pelo período em que o condenado ficou
preso antes do trânsito em julgado ou ficou internado em hospital por conta de medida de segurança.
Considerando o exposto, caso uma pessoa cumpra cautelar de recolhimento domiciliar e permaneça com
tornozeleira eletrônica (para aferir o cumprimento adequado dessa medida), será possível que ocorra a detração em
favor dessa pessoa sobre uma sentença condenatória imposta.
68. NO CRIME CONTINUADO, A CONTINUIDADE PODE SER RECONHECIDO EM CASO DE CRIMES PRATICADOS EM
COMARCA LIMÍTROFE OU PRÓXIMAS
O crime continuado, art. 71 do CP, se configura quando o agente pratica dois ou mais crimes da mesma
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. Neste caso, entende-se que
os crimes subsequentes são continuação do primeiro.
No que diz respeito ao critério espacial, entende-se que os crimes devem ser cometidos na mesma comarca,
mas não apenas isso: admite-se também que eles sejam cometidos em comarca limítrofe ou em comarca próxima.
69. NO CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO SE REGULA PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA
Nesse sentido, inclusive, é o conteúdo do Enunciado de Súmula 497, STF: “quando se tratar de crime
continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação”.
70. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR COMETIDOS CONTRA A MESMA VÍTIMA E NO MESMO CONTEXTO
DEVEM SER TRATADOS COMO CRIME ÚNICO, APÓS A DISCIPLINA LEGAL ORIUNDA DA LEI 12.015/09.
Com o advento da Lei 12.015/09, o Código Penal passou a trazer uma nova disciplina em relação aos crimes
de estupro e atentado violento ao pudor. Portanto, se tais condutas forem praticadas após a Lei 12.015/09, no mesmo
contexto fático e contra a mesma vítima, serão consideradas como crime único.
Obs.: haverá retroatividade para alcançar atos praticados antes da sua vigência, por se tratar de norma penal
mais benéfica.
71. SE HOUVER APREENSÃO DE MAIS DE UMA ARMA DE FOGO, ACESSÓRIO OU MUNIÇÃO, EM UM MESMO
CONTEXTO FÁTICO, HÁ CARACTERIZAÇÃO DE CRIME ÚNICO, NÃO CONCURSO FORMAL OU MATERIAL
Imagine que em uma determinada operação policial em uma comunidade da cidade do Rio de Janeiro haja
a apreensão de mais de uma arma, escondidas em uma casa na comunidade. Nesse caso, o encontro de mais de um
armamento, no mesmo contexto fático (atenção aqui) se configura como crime ÚNICO, e não como concurso de
crimes.
72. EM CONCURSO DE CRIMES, A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA É APURADA CONSIDERANDO-SE CADA
CRIME DE FORMA ISOLADA.
Cuidado com questões que tratam de prescrição e, no enunciado, tragam um caso concreto que envolva
concurso material, formal ou crime continuado. Isso porque, em situações assim, a prescrição será calculada
CONSIDERANDO OS CRIMES DE FORMA ISOLADA, não de forma conjunta. Portanto, façam o cálculo de forma
apartada para cada um desses delitos.
73. NO CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO, DEVE-SE CONSIDERAR AS CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS DO CASO
PARA QUE POSSA OCORRER A MAJORAÇÃO
No crime de roubo circunstanciado, o magistrado não pode simplesmente exasperar a pena indicando o
número de majorantes. É necessário que ele fundamente com base no caso concreto, explicando de forma adequada
porque promoveu a exasperação no patamar apresentado.
Esse é, inclusive, o conteúdo do Enunciado de Súmula n° 443, STJ: “o aumento na terceira fase de aplicação
da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua
exasperação a mera indicação do número de majorantes.”
74. ESTUPRO DE VULNERÁVEL E AGRAVANTE GENÉRICA DO ART. 61, II, “h”, CP, CONCOMITANTEMENTE:
IMPOSSIBILIDADE POR BIS IN IDEM
O estupro de vulnerável possui previsão no art. 217-A, caput, CP. Segundo o STJ, a condição de criança nesse
caso é ínsita ao crime. Por isso, fazer incidir a agravante genérica prevista no art. 61, II, “h”, CP (crime contra criança)
é imputar bis in idem ao acusado.
75. OFENSOR QUE SE VALE DE RELAÇÕES DOMÉSTICAS PARA O CRIME DE ESTUPRO NÃO PODE TER ESSE FATO
CONSIDERADO COMO CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NEGATIVA E, AO MESMO TEMPO, COMO AGRAVANTE GENÉRICA
Se uma pessoa se vale de relações domésticas para praticar o crime de estupro, não poderá sofrer um
aumento de pena com base nas circunstâncias judiciais (art. 59) e, ao mesmo tempo, com base na agravante genérica
do art. 61, II, “f”, CP (crime praticado prevalecendo-se das relações doméstica, de coabitação ou de hospitalidade).
Entendimento contrário acarretaria bis in idem.
76. PARA A CONFIGURAÇÃO DO CRIME PREVISTO NO ART. 89 DA LEI 8.666/93, É IMPRESCINDÍVEL COMPROVAÇÃO
DE DOLO ESPECÍFICO DO AGENTE
Caso uma pessoa esteja sendo processada criminalmente pela prática do crime de calúnia e decida se retratar
da ofensa ANTES DA SENTENÇA, haverá a extinção de punibilidade, INDEPENDENTEMENTE DE CONCORDÂNCIA OU
ACEITAÇÃO DAQUELE QUE FOI OFENDIDO. O que se analisa, portanto, é o ato de retratação em si, não se o ofendido
aceitou o ato.
78. FURTO PRATICADO EM CASA ALEATÓRIA E INCIDÊNCIA DA AGRAVANTE DO ART. 61, II, “h”, CP
O art. 61, II, “h, CP, traz a agravante genérica de crime praticado contra maior 60 anos. Segundo o STJ, essa
agravante é de cunho objetivo, porém admite excepcionalidades, como no caso em que se pratica furto de forma
aleatória em residência SEM A PRESENÇA DO MORADOR. Dito de outra forma, não havendo como saber que os bens
eram de propriedade de uma pessoa idosa e, tampouco, que na residência residia alguém com mais de 18 anos de
idade, pois os moradores estavam ausentes, essa agravante não pode incidir.
79. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E SUBTRAÇÃO DURANTE O REPOUSO NOTURNO, COM O AGENTE SENDO
REINCIDENTE
O STF (HC 181.389, Min. Rel. Gilmar Mendes) analisou um caso de subtração de valores em dinheiro e de
mercadorias, totalizando o montante de R$ 29,15. O crime aconteceu durante o período de repouso noturno (o que
fez incidir a majorante específica), e o acusado era reincidente.
Porém, diante das circunstâncias do caso concreto, a Corte entendeu ser possível que o princípio da
insignificância incidisse (ainda que o acusado fosse reincidente). Portanto, incidir uma majorante ou o agente ser
reincidente (ou mesmo as duas circunstâncias em conjunto) não vai afastar, por si só, o referido princípio da
insignificância.
80. DOMÍNIO DO FATO E NECESSIDADE DE EXPOSIÇÃO CONCRETA DA CONDUTA PRATICADA
Os Tribunais Superiores, em relação à teoria do domínio fato, não admitem que se suscite a referida teoria
para imputar uma conduta criminosa a alguém tão somente por conta da posição hierárquica. Dessa forma, é
necessário que o órgão acusador descreva no plano concreto a conduta praticada pelo agente, com todos os detalhes
possíveis, sendo inviável uma imputação tão somente com base em posições profissionais, cargos etc.
Obs.: por outro lado, os Tribunais Superiores entendem que nos crimes no âmbito empresarial, dada a alta
complexidade, exigem um nível de detalhamento acerca da conduta criminosa um pouco menor do que os chamados
crimes comuns. Isso não significa, contudo, que o órgão acusador pode realizar acusações desprovidas de lastro
probatório concreto.
81. NORMA QUE AFASTA SERVIDOR PÚBLICO PELO SIMPLES FATO DE TER SIDO INDICIADO:
INCONSTITUCIONALIDADE
O STF (informativo nº 1.000) concluiu que as normas que estipulem o afastamento do servidor público das
funções por ele ter sido indiciado em inquérito policial são INCONSTITUCIONAIS. Há violação da presunção de
inocência, tendo em vista que a mera indiciação não é comprovação de culpa em desfavor do investigado.
82. PRECEITO SECUNDÁRIO DO ART. 273, PARÁGRAFO 1°-B, I, CP: INCONSTITUCIONALIDADE
O preceito secundário do tipo penal supramencionado (art.273, parágrafo 1°-b, i, CP) estipula uma sanção
de reclusão, de 10 a 15 anos, para quem vende, expõe à venda, tem em depósito para venda ou distribui e entrega
para consumo, produtos em determinadas circunstâncias, como o fato de terem sido importados sem registro (muito
comum em relação a medicamentos).
Porém, como não se trata de produto falsificado, há desproporção nessa sanção prevista abstratamente, de
maneira que ela é inconstitucional (RE 979.962/RS, julgamento em 24/03/21). Portanto, ficou repristinada a sanção
anteriormente prevista, que era de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
O STJ concedeu habeas corpus para anular decisão que autorizou busca e apreensão em domicílios nas
comunidades de Jacarezinho e no Conjunto Habitacional Morar Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), sem identificar o
nome de investigados e os endereços a serem objeto da abordagem policial. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro
impetrou o habeas corpus coletivo em benefício dos moradores dessas comunidades pobres, argumentando que,
além de ofender a garantia constitucional que protege o domicílio, o ato representou a legitimação de uma série de
violações gravíssimas, sistemáticas e generalizadas de direitos humanos. A medida foi tomada, em agosto de 2017,
após a morte de um policial em operação das forças de segurança nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos, Mandela,
Bandeira 2 e Morar Carioca, o que levou à concessão da ordem judicial de busca e apreensão domiciliar generalizada
na região. A ordem era para que a polícia tentasse encontrar armas, documentos, celulares e outras provas contra
facções criminosas. Na decisão que autorizou a revista indiscriminada de residências nas áreas indicadas pela polícia,
a juíza responsável fez menção à forma desorganizada como as comunidades pobres ganham novas casas
constantemente, sem registro ou numeração que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria necessária
para a própria segurança dos moradores da região e dos policiais que ali atuam. Para o STJ, a ausência de
individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos dispositivos legais, como os arts. 240, 242,
244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que traz como direito fundamental a inviolabilidade
do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e apreensão tenha objetivo certo e pessoa determinada, não
se admitindo ordem judicial genérica. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 435.934/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 05/11/2019.5
85. COMPETÊNCIA NO PROCESSO PENAL
Na prova da DPE/MA (2018), o espelho trouxe uma tese preliminar de incompetência do juízo, tendo em
vista que o processo estava tramitando em local diversos do juridicamente competente. Portanto, fique atento às
regras de competência no art. 69 e seguintes do CPP.
86. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA POR VIDEOCONFERÊNCIA É ILEGAL E INCONVENCIONAL
O art. 3-B, § 1º do CPP estabelece que o preso em flagrante ou por força de mandado de prisão provisória
será encaminhado à presença do juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, momento em que se
realizará audiência com a presença do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de advogado constituído, vedado
o emprego de videoconferência.
Essa normativa veio com a redação dada pela Lei Anticrime.
Embora existam decisões sobre a possibilidade de audiência de custódia por videoconferência, a Defensoria
Pública deve sustentar sua impossibilidade, tendo em vista que é impossível, em uma audiência de custódia realizada
por videoconferência, que o juízo consiga perceber diversos detalhes que perceberia em uma audiência presencial.
Desta forma, sabendo que uma das principais finalidades da audiência de custódia é fomentar uma análise mais
acurada a respeito da necessidade e legalidade da decretação da prisão, realizar por videoconferência vai de
encontro à Lei e aos tratados internacionais sobre a temática.
O STF decidiu que o patamar mínimo diferenciado de remuneração aos presos previsto no art. 29, caput, da
Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal - LEP) não representa violação aos princípios da dignidade humana e da
isonomia, sendo inaplicável à hipótese a garantia de salário-mínimo prevista no art. 7º, IV, da Constituição Federal.
STF. Plenário. ADPF 336/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27/2/2021 (Info 1007). Contudo, em provas abertas
devemos sustentar que esse entendimento viola a dignidade da pessoa humana e a igualdade.
88. FALTA GRAVE E LIVRAMENTO CONDICIONAL
Súmula 441 do STJ: "A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional."
5 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em residências, feita de forma genérica
e indiscriminada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9cd78264cf2cd821ba651485c111a29a>. Acesso em: 09/07/2021
Súmula 535 do STJ: "A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.
90. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PRD
Súmula 643-STJ: A execução da pena restritiva de direitos depende do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª
Seção. Aprovada em 10/02/2021.
91. PERÍODO DE PENA CUMPRIDO EM SITUAÇÃO DEGRADANTE DEVE SER CONTADO EM DOBRO E O PRINCÍPIO DA
FRATERNIDADE
Recentemente o STJ confirmou decisão monocrática do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, que concedeu,
em maio deste de 2021, habeas corpus para que seja contado em dobro todo o período em que um homem esteve
preso no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, no Complexo Penitenciário de Bangu, localizado na Zona Oeste do
Rio de Janeiro.
Foi a primeira vez que uma Turma criminal do STJ aplicou o Princípio da Fraternidade para decidir pelo
cômputo da pena de maneira mais benéfica ao condenado que é mantido preso em local degradante.
a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art. 5º, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de
modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente, a tese de
legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual ou processual penais,
bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento. STF. Plenário.
ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).
Uma tese que tem grande importância em provas dissertativas é a que combate a ausência ou a insuficiência de
fundamentação das decisões judiciais. Caso você fique na dúvida se aquela decisão está ou não bem fundamentada,
recomendamos aventar eventual nulidade com base na ausência de fundamentação, tendo como base o art. 93, IX
da Constituição Federal, pois essa tese costuma aparecer nos espelhos:
Essa é uma tese clássica e que muitos candidatos esquecem de pontuar por achar muito “óbvia”. Ela costuma
aparecer nos espelhos, portanto tenha muita atenção a atos ou comportamentos que violem o contraditório e à
ampla defesa durante o processo. Em caso de eventual alegação de nulidade por violação a ambos os princípios,
fundamente sempre no art. 5º, LV da CF/88.
Mais uma vez: peque pelo excesso, podendo também fundamentar em Tratados e Convenções
Internacionais, mas sem esquecer de inserir o fundamento constitucional acima.
94. É INADMISSÍVEL A FIXAÇÃO DE PENA SUBSTITUTIVA (ARTIGO 44 DO CP) COMO CONDIÇÃO ESPECIAL AO REGIME
ABERTO
No XIII Congresso Nacional de Defensores Públicos, a Defensora e examinadora da DPE/RJ Renata Tavares
trouxe uma tese bem interessante. De maneira resumida, ela propõe o seguinte:
Em outras palavras, caso a sua peça prática te dê elementos no enunciado, é importante abrir um tópico
quando das atenuantes, e pedir o reconhecimento da atenuante genérica da raça com base no art. 66, CP, relatando,
como assim estabelece Renata Tavares em seu artigo, que “é obrigação dos Estados que conformam o Sistema
Interamericano de Direitos Humanos de erradicar todo tipo de descriminação racial2, adotando, inclusive, medidas
de ação afirmativa, ou seja, que colocam uma pessoa em situação de desvantagem, numa situação de privilégio, toda
pessoa negra que reponde a processo penal no Brasil, deveria ter, pelo simples fato de ser negra, sua pena, por esse
motivo, atenuada.”
Assim, se a questão de fornecer elementos, abra um tópico sobre a atenuante genérica da raça (art. 66,
CP), pois pode estar presente no espelho.