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DIREITOS REAIS

1. DIREITO DAS COISAS x DIREITO REAIS ..................................................................................................................................... 6


1.1 DIREITO DAS COISAS ........................................................................................................................................................ 6
1.2 DIREITOS REAIS ................................................................................................................................................................. 6
1.3 TEORIA PERSONALISTA ..................................................................................................................................................... 6
1.4 TEORIA REALISTA / CLÁSSICA ........................................................................................................................................... 6
2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL ........................................................................................................................................ 7
3. CLASSIFICAÇÃO – DIREITOS REAIS x PESSOAIS ....................................................................................................................... 7
3.1 QUANTO A TAXATIVIDADE ................................................................................................................................................. 7
3.2 QUANTO AOS DESTINATÁRIOS.......................................................................................................................................... 7
3.3 QUANTO AOS EFEITOS ...................................................................................................................................................... 7
3.4 QUANTO AO OBJETO ......................................................................................................................................................... 7
3.5 QUANTO AO ADERÊNCIA ................................................................................................................................................... 8
3.6 CARÁTER DE PERMANÊNCIA ............................................................................................................................................. 8
3.7 CARÁTER ATRIBUTIVO ....................................................................................................................................................... 8
3.8 DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS ............................................................................................ 8
4. POSSE......................................................................................................................................................................................... 9
4.1 TEORIA SUBJETIVA (SAVIGNY) ......................................................................................................................................... 9
4.2 TEORIA OBJETIVA (IHERING) ............................................................................................................................................. 9
4.2.1 CONCEITO DE POSSUIDOR ..................................................................................................................................... 10
4.3 POSSE x DETENÇÃO ........................................................................................................................................................ 10
4.3.1 FÂMULO DA POSSE ................................................................................................................................................ 11
4.3.2 TRANSMUDAÇÃO DA DETENÇÃO EM POSSE ......................................................................................................... 11
4.3.3 ATOS QUE NÃO INDUZEM POSSE........................................................................................................................... 12
4.3.4 OCUPAÇÃO INDEVIDA DE BEM PÚBLICO: SÚMULA 619 DO STJ ........................................................................... 12
4.4 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DA POSSE........................................................................................................................ 13
4.4.1 DIRETA x INDIRETA ................................................................................................................................................. 13
4.4.2 POSSE JUSTA x POSSE INJUSTA (VIOLENTA, CLANDESTINA, PRECÁRIA) ............................................................ 14
4.4.3 BOA-FÉ x MÁ-FÉ ...................................................................................................................................................... 15
4.4.4 INTERDICTA x AD USUCAPIONEM .......................................................................................................................... 18
4.5 AQUISIÇÃO E TRANSMISSÃO .......................................................................................................................................... 18
4.5.1 TRADIÇÃO REAL ...................................................................................................................................................... 19
4.5.2 SIMBÓLICA .............................................................................................................................................................. 19
4.5.3 TRADIÇÃO FICTA ..................................................................................................................................................... 19
4.6 DA PERDA DA POSSE ...................................................................................................................................................... 20
4.7 DEFESAS DA POSSE – PROTEÇÃO POSSESSÓRIA .......................................................................................................... 20
4.8 ESBULHO ......................................................................................................................................................................... 21
4.8.1 ESBULHO PARCIAL ................................................................................................................................................. 22
4.8.2 ESBULHO PRATICADO POR INDÍGENAS ................................................................................................................. 22
4.8.3 CRIME DE ESBULHO ............................................................................................................................................... 23
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elaborado por @fredsmcezar
4.9 TURBAÇÃO ....................................................................................................................................................................... 23
4.10 AMEAÇA....................................................................................................................................................................... 24
4.11 AÇÃO POSSESSÓRIA x GREVE: SV 24: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ................................................ 24
4.12 FUNGIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA .......................................................................................................... 24
4.13 COMPOSSE / COMPOSSESSÃO – CONDOMÍNIO DE POSSES ..................................................................................... 24
4.13.1 COMPOSSE PRO INDIVISO OU INDIVISÍVEL ........................................................................................................... 24
4.13.2 COMPOSSE PRO DIVISO OU DIVISÍVEL .................................................................................................................. 24
5. PROPRIEDADE .......................................................................................................................................................................... 25
5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE ..................................................................................... 25
5.2 PROPRIEDADE PLENA x PROPRIEDADE LIMITADA ......................................................................................................... 25
5.3 FACULDADES JURÍDICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE .............................................................................................. 25
5.3.1 GOZAR / FRUIR ........................................................................................................................................................ 26
5.3.2 USAR ....................................................................................................................................................................... 26
5.3.3 DISPOR.................................................................................................................................................................... 26
5.3.4 REIVINDICAR ........................................................................................................................................................... 26
5.3.5 DAS DIFERENÇAS ENTRE OS JUÍZOS POSSESSÓRIO E PETITÓRIO ....................................................................... 27
5.4 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ................................................................................................................................ 28
5.4.1 DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA .................................................................. 28
5.4.2 EDIFICAR / UTILIZAR / PARCELAR O SOLO URBANO (ART. 5º DO ESTATUTO DA CIDADE) ................................... 29
5.4.3 IPTU PROGRESSIVO (ART. 7º DO ESTATUTO DA CIDADE) ..................................................................................... 29
5.4.4 DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO (ART. 8º DO ESTATUTO DA CIDADE) ........................................................................ 30
5.4.5 DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL .................................................................... 30
5.4.5.1 BENFEITORIAS ÚTEIS E NECESÁRIAS: INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO ............................................................. 31
5.4.5.2 PEQUENAS E MÉDIAS PROPRIEDADES RURAIS IMPRODUTIVAS .................................................................. 31
5.4.5.3 BENEFICIÁRIOS ............................................................................................................................................... 31
5.4.6 DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO / EXPROPRIAÇÃO ................................................................................................... 31
5.4.7 DESAPROPRIAÇÃO PRIVADA .................................................................................................................................. 32
5.4.7.1 ENUNCIADO 236 DO CJF ................................................................................................................................ 33
5.4.7.2 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA ......................................................................................................................... 33
5.4.7.3 QUEM DEVE PAGAR A INDENIZAÇÃO? ........................................................................................................... 33
5.4.7.4 JUSTA INDENIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 33
5.4.7.5 REGISTRO DA SENTENÇA .............................................................................................................................. 33
5.4.7.6 PRETENSÃO AUTÔNOMA ............................................................................................................................... 33
5.4.7.7 IMÓVEL PÚBLICO ........................................................................................................................................... 33
5.5 PROPRIEDADE RESOLÚVEL ............................................................................................................................................. 34
5.5.1 ALGUNS EXEMPLOS ............................................................................................................................................... 34
5.5.2 DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA ............................................................................................................................... 35
5.5.3 CLÁUSULA COMISSÓRIA ........................................................................................................................................ 36
5.5.3.1 DAÇÃO EM PAGAMENTO ................................................................................................................................ 37
6. FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL ............................................................................................................... 38
6.1 ACESSÕES NATURAIS E ARTIFICIAS ................................................................................................................................ 38
6.1.1 DA FORMAÇÃO DE ILHAS ....................................................................................................................................... 38
6.1.2 ALUVIÃO .................................................................................................................................................................. 40
6.1.2.1 ALUVIÃO PRÓPRIA x IMPRÓPRIA ................................................................................................................... 40
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6.1.3 AVULSÃO ................................................................................................................................................................ 41
6.1.4 ÁLVEO ABANDONADO ............................................................................................................................................. 42
6.1.4.1 CÓDIGO DE ÁGUAS ........................................................................................................................................ 42
6.1.5 AS PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES ........................................................................................................................ 43
6.1.6 CONSTRUÇÃO EM SOLO PRÓPRIO QUE INVADE SOLO ALHEIO EM ATÉ 1/20 ....................................................... 43
7. USUCAPIÃO .............................................................................................................................................................................. 44
7.1 FORMA ORIGINIÁRIA DE AQUISIÇÃO ............................................................................................................................... 44
7.2 NATUREZA DA SENTENÇA: DECLARATÓRIA .................................................................................................................... 44
7.3 PROCEDIMENTO .............................................................................................................................................................. 44
7.4 REQUISITOS ..................................................................................................................................................................... 44
7.5 POSSE AD USUCAPIONEM .............................................................................................................................................. 45
7.6 TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA ................................................................................................................. 45
7.7 SOMA DO TEMPO DE POSSE .......................................................................................................................................... 45
7.8 POSSIBILIDADE DE COMPLETAR O TEMPO DURANTE A TRAMITAÇÃO DA AÇÃO DE USUCAPIÃO ................................ 46
7.9 IMPEDIMENTO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DOS PRAZOS DE USUCAPIÃO ............................................................... 46
7.10 USUCAPIÃO DE BENS PÚBLICOS ................................................................................................................................ 47
7.10.1 SÚMULA-619-STJ: OCUPAÇÃO INDENCIA DE BEM PÚBLICO: DETENÇA ............................................................... 47
7.10.2 USUCAPIÃO DE DOMÍNIO ÚTIL DE BEM PÚBLICO ................................................................................................. 47
7.10.3 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA ..................................................................................... 48
7.10.4 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE IUSO ............................................................................................ 49
7.11 USUCAPIÃO x TERRAS DEVOLUTAS ........................................................................................................................... 50
7.11.1 PROCESSO DISCRIMINATÓRIO ............................................................................................................................... 50
7.12 FAIXA DE FRONTEIRA .................................................................................................................................................. 50
7.13 USUCAPIÃO DE BENS PERETENCENTES ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA .............. 52
7.14 TERRAS INDÍGENAS .................................................................................................................................................... 52
7.15 TERRAS OCUPADAS POR REMANESCENTES DAS COMUNIDADES DOS QUILOMBOS ............................................... 53
7.15.1 DECRETO Nº 4.887/2003 ......................................................................................................................................... 53
7.15.2 ADIN nº 3.239: CONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO 4.887/2003 ....................................................................... 53
7.15.3 USUCAPIÃO DE IMÓVEL INSERIDO EM ÁREA REMANESCENTE DE QUILOMBO .................................................... 54
7.15.4 DISPUTA POR ÁREA OCUPADA POR QUILOMBOLAS É COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ............................. 54
7.16 O BEM DE FAMÍLIA É USUCAPÍVEL? ........................................................................................................................... 54
7.17 BEM EM CONDOMÍNIO x USUCAPIÃO ......................................................................................................................... 54
7.18 VAGA DE GARAGEM .................................................................................................................................................... 54
7.19 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL ...................................................................................................................................... 55
7.20 QUESTÕES PROCESSUAIS .......................................................................................................................................... 55
7.21 LEI N° 14.010/2020 (COVID) – SUSPENSÃO DOS PRAZOS DE AQUISIÇÃO ................................................................ 55
7.22 TEMA 985 - TESE FIXADA............................................................................................................................................ 55
7.23 JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................................................................ 56
8. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (15 anos ou 10 anos) ............................................................................................................. 57
8.1 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA DECORRENTE DA POSSE-TRABALHO (§ ÚNICO) .......................................................... 57
9. USUCAPIÃO ORDINÁRIA – (10 ou 5 anos)................................................................................................................................ 59
9.1 JUSTO TÍTULO ................................................................................................................................................................. 59
9.2 USUCAPIÃO TABULAR ..................................................................................................................................................... 60
10. USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL ................................................................................................................................................. 61
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11. USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA (PRO MISERO) ...................................................................................................................... 62
12. USUCAPIÃO POR ABANDONO DO LAR (FAMILIAR) .................................................................................................................. 64
13. USUCAPIÃO COLETIVA (ESTATUTO DA CIDADE) ..................................................................................................................... 66
14. USUCAPIÃO INDÍGENA ............................................................................................................................................................. 66
15. FORMAS DE AQUISIÇÃO DERIVADAS ....................................................................................................................................... 67
15.1 REGISTRO IMOBILIÁRIO .............................................................................................................................................. 67
15.1.1 MATRÍCULA ............................................................................................................................................................. 67
15.1.2 AVERBAÇÃO ............................................................................................................................................................ 67
15.1.3 REGISTRO ............................................................................................................................................................... 67
15.2 SISTEMAS DE REGISTRO IMOBILIÁRIO ....................................................................................................................... 68
15.2.1 SISTEMA REGISTRAL ROMANO .............................................................................................................................. 68
15.2.2 SISTEMA REGISTRAL FRANCÊS .............................................................................................................................. 68
15.2.3 SISTEMA REGISTRAL ALEMÃO/GERMÂNICO .......................................................................................................... 68
15.2.4 SISTEMA REGISTRAL BRASILEIRO (REGISTRO – PRESUNÇÃO RELATIVA) ............................................................ 68
15.2.5 RESPONSABILIDADE DOS TABELIÃOES, NOTARIAIS E REGISTRADORES .............................................................. 69
15.3 DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA DE BENS IMÓVEIS ........................................................................................................ 69
16. FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL ................................................................................................................ 70
16.1 DA USUCAPIÃO DE BENS MÓVEIS .............................................................................................................................. 70
16.1.1 USUCAPIÃO DE VEÍCULOS ...................................................................................................................................... 70
16.1.2 USUCAPIÃO DE VEÍCULO FURTADO ....................................................................................................................... 71
16.2 DA OCUPAÇÃO ............................................................................................................................................................ 71
16.3 DO ACHADO DO TESOURO .......................................................................................................................................... 71
16.4 DA TRADIÇÃO .............................................................................................................................................................. 71
16.4.1 CONSTITUTO-POSSESSÓRIO .................................................................................................................................. 72
16.4.2 ALIENAÇÃO A NON DOMINO ................................................................................................................................... 72
16.4.3 EFICÁCIA SUPERVENIENTE (EFEITOS EX TUNC) ..................................................................................................... 72
16.5 ESPECIFICAÇÃO ........................................................................................................................................................... 73
16.6 DA CONFUSÃO, DA COMISTÃO E DA ADJUNÇÃO ....................................................................................................... 73
16.7 DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA DE BENS MÓVEIS......................................................................................................... 73
17. PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL E MÓVEL ........................................................................................................................... 74
17.1 ALIENAÇÃO .................................................................................................................................................................. 74
17.2 RENÚNCIA ................................................................................................................................................................... 74
17.3 ABANDONO .................................................................................................................................................................. 74
17.4 REGRAS PROCEDIMENTAIS PARA A ARRECADAÇÃO DE BENS VAGOS ...................................................................... 75
18. DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA ................................................................................................................................... 76
18.1 SUPERFÍCIE ................................................................................................................................................................. 76
18.1.1 RESPONSABILIDADE DO SUPERFICIÁRIO ............................................................................................................... 76
18.1.2 TRANSFERÊNCIA DA SUPERFÍCIE ........................................................................................................................... 77
18.1.3 EXTINÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE .................................................................................................................. 77
18.1.4 DIREITO DE SUPERFÍCIE CONSTITUÍDO POR PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO ........................ 77
18.1.5 DIREITO DE SUPERFÍCIE SEGUNDO O ESTATUTO DA CIDADE ............................................................................... 77
18.1.6 ENFITEUSE .............................................................................................................................................................. 78
18.2 SERVIDÃO .................................................................................................................................................................... 78
18.2.1 USUCAPIÃO DA SERVIDÃO APARENTE ................................................................................................................... 79
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elaborado por @fredsmcezar
18.2.2 EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES ................................................................................................................................... 79
18.2.3 DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES .............................................................................................................................. 80
18.3 USUFRUTO .................................................................................................................................................................. 80
18.3.1 DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO ........................................................................................................................ 82
18.3.2 USUFRUTÁRIO E AÇÃO REIVINDICATÓRIA .............................................................................................................. 82
18.3.3 DOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO ........................................................................................................................ 82
18.3.4 DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO ................................................................................................................................. 83
18.3.5 USUFRUTO LEGAL (DIREITO DE FAMÍLIA) .............................................................................................................. 84
18.3.6 USUFRUTO IMPRÓPRIO – “QUASE USUFRUTO” ..................................................................................................... 84
18.3.7 USUFRUTO SUCESSIVO .......................................................................................................................................... 84
18.4 USO ............................................................................................................................................................................. 84
18.4.1 DA EXTINÇÃO DO USO ............................................................................................................................................ 85
18.5 HABITAÇÃO .................................................................................................................................................................. 85
18.5.1 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO ASSEGURO AO CÔNJUGE SOBREVIVENTE ............................................................ 85
18.6 DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR DO IMÓVEL ................................................................................................ 87
18.7 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA E CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO...................... 88
18.8 LAJE ............................................................................................................................................................................ 88
19. MULTIPROPRIEDADE ................................................................................................................................................................ 90
20. DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA ........................................................................................................................................ 91
20.1 DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................................. 92
20.2 DO PENHOR ................................................................................................................................................................. 94
20.2.1 DA CONSTITUIÇÃO DO PENHOR ............................................................................................................................. 94
20.2.2 DOS DIREITOS DO CREDOR PIGNORATÍCIO ........................................................................................................... 94
20.2.3 DAS OBRIGAÇÕES DO CREDOR PIGNORATÍCIO ..................................................................................................... 94
20.2.4 DA EXTINÇÃO DO PENHOR ..................................................................................................................................... 95
20.2.5 DO PENHOR RURAL ................................................................................................................................................ 95
20.2.6 DO PENHOR AGRÍCOLA .......................................................................................................................................... 96
20.2.7 DO PENHOR PECUÁRIO........................................................................................................................................... 96
20.2.8 DO PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL ................................................................................................................ 96
20.2.9 DO PENHOR DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO ............................................................................................... 97
20.2.10 DO PENHOR DE VEÍCULOS ................................................................................................................................. 97
20.2.11 DO PENHOR LEGAL ............................................................................................................................................ 98
20.2.12 JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................... 98
20.3 DA HIPOTECA .............................................................................................................................................................. 99
20.3.1 DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................................. 99
20.3.2 DA HIPOTECA LEGAL ............................................................................................................................................ 101
20.3.3 DO REGISTRO DA HIPOTECA ................................................................................................................................ 101
20.3.4 DA EXTINÇÃO DA HIPOTECA ................................................................................................................................. 102
20.3.5 DA HIPOTECA DE VIAS FÉRREAS .......................................................................................................................... 102
20.3.6 SÚMULA 308-STJ ................................................................................................................................................. 103
20.4 DA ANTICRESE .......................................................................................................................................................... 103

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elaborado por @fredsmcezar
1. DIREITO DAS COISAS x DIREITO REAIS

PARTE GERAL PARTE ESPECIAL

3 LIVROS 5 LIVROS
1. PESSOAS 1. OBRIGAÇÕES,
2. BENS 2. DIREITO DE EMPRESA,
3. FATOS JURÍDICOS 3. DIREITO DAS COISAS,
4. DIREITO DE FAMÍLIA
5. DIREITO DAS SUCESSÕES.
Livro complementar: disposições finais e transitórias

O livro do “DIREITO DAS COISAS” é o LIVRO III dentro da parte especial do CC/2002. Cada livro se divide em títulos. O direito
das coisas é uma expressão mais ampla que direitos reais.

TÍTULO I DA POSSE TÍTULO VII DO USO

TÍTULO II DOS DIREITOS REAIS TÍTULO VIII DA HABITAÇÃO

TÍTULO III DA PROPRIEDADE TÍTULO IX DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR

TÍTULO IV DA SUPERFÍCIE TÍTULO X DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE

TÍTULO V DAS SERVIDÕES TÍTULO XI DA LAJE

TÍTULO VI DO USUFRUTO

1.1 DIREITO DAS COISAS


“É o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou
determináveis. Como coisas, pode-se entender tudo aquilo que não é humano. (...) Direito das Coisas representa um complexo de
normas que regulamenta as relações dominiais existentes entre a pessoa humana e coisas apropriáveis.” 1
Segundo a clássica definição de Clóvis Beviláqua, direito das coisas “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas
referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas
é que é possível exercer o poder de domínio”.2

1.2 DIREITOS REAIS


“Conjunto de categorias jurídicas relacionadas à propriedade, descritas inicialmente no art. 1.225 CC. Os direitos reais formam o
principal conteúdo do Direito das Coisas, mas não exclusivamente.” 3

1.3 TEORIA PERSONALISTA


“Teoria pela qual os direitos reais são relações jurídicas estabelecidas entre pessoas, mas intermediadas por coisas. Essa teoria
nega realidade metodológica aos Direitos Reais e ao Direito das Coisas, entendidas como extensão de um campo metodológico” 4

1.4 TEORIA REALISTA / CLÁSSICA


“O direito real constitui um poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa, com eficácia contra todos. O direito real opõe-se
ao direito pessoal, pois o último traz um relação pessoa-pessoa, exigindo-se determinados comportamentos”. 5

1
(Tartuce, Vol. Único, p. 788, 9ª ed.)
2
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 17, 13ª ed.
3
Tartuce, Vol. Único, p. 788, 9ª ed.
4
Tartuce, Vol. Único, p. 789, 9ª ed.
5
Tartuce, Vol. Único, p. 789, 9ª ed.
6
elaborado por @fredsmcezar
2. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL
“A partir da doutrina contemporânea de Maria Helena Diniz podem ser citadas as seguintes características”6:

OPONIBILIDADE ERGA OMNES

DIREITO DE SEQUELA

DIREITO DE PREFERÊNCIA

POSSIBILIDADE DE ABANDONO DOS DIREITOS REAIS / RENÚNCIA

VIABILIADE DE INCORPORAÇÃO DA COISA POR MEIO DA POSSE

USUCAPIÃO COMO UM DOS MEIOS DE AQUISIÇÃO

ROL TAXATIVO

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O atual Código Civil consagra a positivação do princípio de que os direitos reais são numerus clausus, somente podendo ser
criados por lei. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

3. CLASSIFICAÇÃO – DIREITOS REAIS x PESSOAIS7

3.1 QUANTO A TAXATIVIDADE


REAIS PESSOAIS
O rol de direitos reais é taxativo (art. 1.225) Não existe rol taxativo de direitos pessoais (obrigacionais)

As partes podem criar direitos reais inominados por meio de contrato, desde que sejam maiores e capazes, o objeto seja lícito
e a forma seja prescrita e não defesa em lei. (errada) 2011 - MPDFT

3.2 QUANTO AOS DESTINATÁRIOS


REAIS PESSOAIS
Os direitos subjetivos pessoais possuem destinatários certos
Direitos subjetivos reais – Os destinatários são incertos e e determinados. O titular de um direito pessoal pode exigir um
indeterminados. O titular não tem relação jurídica “A”, “B” ou fazer, um pagar, da Maria, do José etc. A relação jurídica que
“C”. Ele tem relação jurídica com o SUJEITO PASSIVO se estabelece é entre pessoas determinadas. São chamados de
UNIVERSAL. O direito real é oponível à toda coletividade. São direitos relativos.
chamados de direitos absolutos.

3.3 QUANTO AOS EFEITOS


REAIS PESSOAIS
Os efeitos de um direito pessoal são inter partes – Atinge
Os efeitos dos direitos reais são erga omnes.
apenas as partes daquela relação jurídica relacional.

3.4 QUANTO AO OBJETO


REAIS PESSOAIS
Direito real – O objeto é uma coisa. A relação jurídica não é com
Direito pessoal – O objeto é uma prestação.
a coisa, a coisa é OBJETO.

6
(Tartuce, Vol. Único, p. 1.479, 9ª ed.)
7
Anotações de aula do prof. Bruno Zampier.
7
elaborado por @fredsmcezar
3.5 QUANTO AO ADERÊNCIA
É uma característica dos direitos reais, eles aderem à coisa, acompanham a coisa onde quer que ela esteja. O titular desse
direito real pode sujeitar a coisa a sua vontade. A aderência tem outras duas características: SEQUELA e AMBULATORIEDADE.

SEQUELA Poder do titular do direito real tem de reaver a coisa de quem injustamente a possua.

AMBULATORIEDADE Direito de perseguir a coisa onde quer que ela esteja.


.
• O possuidor indireto pode exercitar o direito de sequela. (certa) 2010 - TJ-PR - JUIZ

• O direito de sequela do possuidor é absoluto, cedendo apenas ante o direito de propriedade por meio da ação reivindicatória, bem como ante
a boa-fé de terceiros, o que se justifica pelo fato de não ser conferida à posse a mesma publicidade conferida à propriedade pelo registro ou
tradição. (errada) CESPE - 2013 - DPE-TO
• Assim como o proprietário, o usufrutuário possui direito de sequela, podendo perseguir o imóvel nas mãos de quem quer que injustamente
o detenha. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO

3.6 CARÁTER DE PERMANÊNCIA


A permanência é uma característica exclusiva dos direitos reais. A perpetuidade quer dizer que os direitos reais não podem ser
extintos pelo não uso. O não uso não gera o direito de propriedade, por exemplo.
Exceção: direitos reais em coisa alheia de fruição:
a) direito real de habitação;
b) direito real de uso;
c) direito real de usufruto;
d) direito real de servidão;

3.7 CARÁTER ATRIBUTIVO


A titularidade de um direito real poderá ser exercida independentemente da necessária colaboração de quem quer que seja.
Se eu sou o proprietário, eu posso usar, gozar e dispor da minha propriedade independentemente da cooperação de um devedor.
O titular age por si próprio e essa é a ideia do caráter atributivo. No Direito das Obrigações, tem-se o caráter cooperativo, mas nos
Direitos Reais tem-se o caráter atributivo.

3.8 DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS 8


DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS
Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo) e uma Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo) e outra (sujeito
coisa passivo).

Princípio da publicidade (tradição e registro). Princípio da autonomia privada (liberdade).

Efeitos erga omnes. Os efeitos podem ser restringidos. Efeitos inter partes. Há uma tendência de ampliação dos efeitos.
Rol exemplificativo (numerus apertus) - Criação dos contratos
Rol taxativo (numerus clausus).
atípicos.
Os bens do devedor respondem (princípio da responsabilidade
A coisa responde (direito de sequela).
patrimonial).

Caráter permanente. Caráter transitório.

Absolutos Relativos

Atributivo Cooperativo

8
Anotações de aula do prof. Bruno Zampier.
8
elaborado por @fredsmcezar
4. POSSE
O livro se chama “DIREITO DAS COISAS”, cujo Título I é “DA POSSE”. O título I é dividido nos seguintes capítulos:

CAPÍTULO I DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO

CAPÍTULO II DA AQUISIÇÃO DA POSSE

CAPÍTULO III DOS EFEITOS DA POSSE

CAPÍTULO IV DA PERDA DA POSSE

4.1 TEORIA SUBJETIVA (SAVIGNY)


A teoria subjetiva remete ao início do século XIX com Friedrich Karl Von SAVIGNY. A posse seria o poder que o sujeito tem para
dispor materialmente de um bem, seja com a intenção de defendê-lo ou de ter para si.

CORPUS Disponibilidade física da coisa.

ANIMUS Elemento anímico. Intenção de exercer a posse do bem, como se proprietário fosse, mesmo não o sendo.

Nota-se que esse conceito é restritivo. De acordo com a teoria subjetiva, os locatários, comodatários, depositários não seriam
considerados possuidores, uma vez ausente o ânimo de possuir para si a coisa.
• Na teoria de Savigny, o inquilino é possuidor. (errada) 2009 - DPE-MG

• Para a teoria clássica (ou subjetiva) de Savigny, é a vontade (animus) de possuir para si que origina a posse jurídica, e quem possui por
outrem é mero detentor. (certa) 2010 - PGE-GO

Sendo assim, para SAVIGNY, será considerado mero detentor aquele tem corpus mas não tem animus. O locatário e o
comodatário são meros detentores. Ao exigir animus, a teoria de SAVIGNY vincula posse à ideia de propriedade.
• A teoria subjetiva da posse não atribui aos detentores qualquer proteção possessória, ao contrário da objetiva, a qual, segundo nosso
ordenamento, os considera como possuidores, podendo se utilizar de todos os interditos de defesa, em nome próprio, como se titulares
fossem; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Tanto na TEORIA SUBJETIVA quanto na objetiva, a posse é caracterizada como a conjugação do elemento corpus com o elemento animus,
caracterizando-se o animus, na primeira, como a vontade de ser dono, o animus domini, e, na segunda, referindo-se à própria coisa, o animus
rem sibi habendi. (errada) CESPE - 2013 - DPE-TO
• A teoria subjetiva, proposta por Savigny (1803 apud DINIZ, 2010, p.34) diz que a posse é "o poder direto ou imediato que tem a pessoa de
dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e de defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja”.
Segundo esse entendimento, basta ter a coisa (corpus) para se tornar possuidor do bem. (errada) 2018 - MPE-BA

4.2 TEORIA OBJETIVA (IHERING)


A teoria objetiva foi construída em meados do século XIX por Rudolf Von IHERING. Para a teoria objetiva, a posse seria uma
consequência do exercício do direito de propriedade.

POSSE PODER FÁTICO


PROPRIEDADE PODER JURÍDICO

Na teoria de IHERING, ainda se tem a posse vinculada à ideia de propriedade, mas é trazida a possibilidade de que exista um
possuidor sequer cogita ser proprietário. A teoria objetiva traz um certo afastamento entre posse e propriedade.
Contudo, há apenas um elemento constitutivo na teoria objetiva, qual seja, o corpus (controle material da pessoa sobre a coisa).
Ihering reconhece o “animus”, mas não o exige como requisito.
O atual Código Civil adotou o conceito de posse de Lhering, segundo o qual a posse e a detenção distinguem-se em razão da
proteção jurídica conferida à primeira e expressamente excluída para a segunda. (certa) FCC - 2018 - DPE-AM
“O Código Civil adotou a teoria objetiva da posse de Ihering ao defini-la como um exercício de fato, configurando-se a posse
pelo exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.196 do CC), sendo o seu principal efeito a
legitimidade de invocar a tutela estatal para proteger a situação fática decorrente do exercício de poderes sobre a coisa (art. 1.210
do CC), mediante os denominados interditos possessórios (arts. 554 a 568 do CPC/2015)”. (REsp n. 1.992.184/SP, 3ª Turma, DJe de 3/6/2022.)
• Para Ihering (teoria objetiva), a posse é a simples exteriorização da propriedade e dos poderes a ela inerentes, sendo possível, pois, existir
sem que o possuidor tenha intenção de dono. (certa) 2010 - PGE-GO
• Ao conceituar a posse da mesma forma que seu antecessor, o Código Civil vigente filia-se à teoria subjetiva da posse. (errada) CESPE - 2012 -
DPE-AC
9
elaborado por @fredsmcezar
Para a teoria objetiva de IHERING, a posse se revela pelo elemento exterior, sem necessidade de se alcançar o plano íntimo da
vontade. O elemento subjetivo pode estar contido no corpus e não precisa demonstrado. Para IHERING, será detentor aquele que
a lei o disser. As hipóteses de detenção serão definidas em lei. A lei enuncia quem é ou não possuidor.

4.2.1 CONCEITO DE POSSUIDOR


O CC/02 adotou, como regra, a TEORIA OBJETIVA, mas não conceituou o que seria posse, apenas o possuidor.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.
• Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, somente as pessoas físicas e naturais, excluindo-se, portanto, os entes
despersonalizados, como, por exemplo, a massa falida. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Considera-se possuidor todo aquele que tem de direito o exercício, pleno ou não, de algum dos direitos inerentes à propriedade. (errada)
FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A posse é o exercício pleno dos poderes inerentes à propriedade. (errada) FUNDEP - 2017 - MPE-MG
• É característica da posse o exercício, pelo possuidor, de modo pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, direta ou
indiretamente. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

4.3 POSSE x DETENÇÃO


Art. 1.198. Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA / FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2017 - PGE-AC / FCC - 2020 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2022 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

• É também possuidor aquele que, mesmo achando-se em situação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste, sob
suas instruções. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-SP - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Considera-se possuidor indireto aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e
em cumprimento de ordens ou instruções suas. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O locatário exerce detenção, não posse, do bem alugado. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Aquele que está na posse de um bem por mera permissão ou tolerância de outrem é considerado DETENTOR. (certa) 2012 - MPE-
PR

CONCEITO DE DETENTOR
aquele que tem corpus, mas não o animus. (ex.: locatário e depositário
SAVIGNY
são detentores)

IHERING é aquele apontado pela lei como tal. (CC)

Ao observar uma pessoa dirigindo um automóvel na rua, não se sabe, pela mera observação, se o condutor possui a qualidade
de possuidor ou detentor. Isto acontece em razão da posse se distinguir da detenção em razão dos critérios estabelecidos em lei.
(certa) FCC - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL

De início, todos aqueles que ocupam o bem, que possuem corpus / disponibilidade física, serão possuidores, conforme art.
1.196 CC.
Todavia, em alguns casos, a lei diz que, apesar de ter corpus, a pessoa é mera detentora. Quem é detentor? É aquele que tem
tudo pra ser possuidor, mas a lei desqualifica a sua ocupação.
• Os direitos do detentor equivalem aos direitos do possuidor, havendo legítima pretensão à proteção possessória. (errada) VUNESP - 2014 - PC-SP
- DELEGADO DE POLÍCIA

• O direito de retenção por benfeitorias realizadas no bem imóvel favorece tanto o possuidor quanto o detentor; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

• O detentor possui proteção possessória equivalente à do possuidor. (errada) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

“A detenção é posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento jurídico, o poder fático sobre a coisa não
alcança repercussão jurídica. A posse pode ser oriunda de um direito real, obrigacional ou natural e quando a ocupação não puder
ser qualificada como será mera detenção.” 9

9
(ROSENVALD, Nelson; FARIAS, Christiano Chaves de. Direitos Reais. Rio de Janeiro, Lumen Juris, 5 ed., p. 66)
10
elaborado por @fredsmcezar
4.3.1 FÂMULO DA POSSE
Fâmulo da posse é o indivíduo que, estando em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste, em
cumprimento de ordens ou instruções suas. (certa) CESPE - 2012 - DPE-RO
• O fâmulo da posse acha-se em relação de dependência para com aquele em cujo nome detém a coisa. Não tem direito à proteção possessória.
Pode ser compelido à desocupação, no interdito possessório ajuizado por quem tenha efetiva posse do bem. (certa) 2011 - MPE-MS
• Quando alguém conserva a posse em nome e em cumprimento de ordens de outrem, de quem está em relação de dependência, ele é
considerado simples detentor; (certa) 2011 - PGE-PR
• Aquele que está na posse de um bem por mera permissão ou tolerância de outrem é considerado detentor; (certa) 2012 - MPE-PR

• Possuidor indireto é aquele que detém poder físico sobre a coisa, mas apenas em cumprimento de ordens ou instruções emanadas do
possuidor direto ou de seu proprietário. (errada) CESPE - 2012 - DPE-AC
• O motorista de um caminhão da empresa para a qual trabalha tem a posse ad usucapionem desse bem. (errada) VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ

Para configuração do fâmulo da posse não é necessário que haja uma relação de emprego ou retribuição.
De acordo com a redação do art. 1.210 CC, a autotutela só seria permitida ao possuidor.
• Como longa manus do possuidor, o detentor da posse poderá ajuizar possessória em caso de esbulho. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ
SUBSTITUTO

• O fâmulo da posse não pode fazer uso dos interditos possessórios, mas nada impede que ele utilize o desforço imediato para proteger o bem
daquele que recebe ordens. (certa) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA

V JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 493. O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer
a autodefesa do bem sob seu poder.
• O detentor pode se valer da legítima defesa da posse. (certa) 2009 - DPE-MG

• Quando o detentor for acionado judicialmente em ação reivindicatória, deverá, obrigatoriamente, denunciar à lide o proprietário ou o
possuidor. (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• O detentor age como lhe determina o possuidor, havendo, entre ambos, uma relação de ordem, obediência e autoridade, razão pela qual ao
primeiro não assiste o direito de invocar, em nome próprio, a proteção possessória. (certa) 2014 - DPE-PR

Ex.: João estaciona seu carro em um estacionamento e entrega a chave ao manobrista. A empresa de estacionamento nesta
situação é a possuidora do veículo, o manobrista é mero detentor do mesmo, podendo defender a posse alheia do automotor por
meio da autotutela. (certa) 2017 - MPE-RS

4.3.2 TRANSMUDAÇÃO DA DETENÇÃO EM POSSE


É possível a interversão/transformação da detenção em posse quando ocorre, comprovadamente, o rompimento do vínculo de
subordinação.
ENUNCIADO 301 CJF: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício
em nome próprio dos atos possessórios.
• O Código Civil admite que o detentor venha a adquirir propriedade imóvel por usucapião quando seu exercício se transmudar de detenção
para posse. (certa) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O Código Civil trata da figura do detentor como aquele que se encontra em relação de dependência para com o titular da posse,
impossibilitando-o de favorecer-se, inexoravelmente, do instituto da prescrição aquisitiva; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A transmudação da detenção em posse é possível, desde que haja alteração na circunstância fática que vincule a pessoa à coisa. (certa) CESPE
- 2013 - DPE-RR

• Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em
cumprimento de ordens ou instruções suas, sendo impossível a conversão da detenção em posse. (errada) 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 1.198. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à
outra pessoa, presume-se detentor, ATÉ QUE PROVE O CONTRÁRIO.
A detenção ou mera tolerância do proprietário no uso do bem por outrem não levam à posse apta e legítima a ensejar a
declaração de usucapião (como assim se denomina de posse ad usucapionem). (AgInt no AREsp n. 2.230.818/RO, 4ª Turma, DJe de 1/6/2023)
“Não é qualquer posse, repetimos; não basta o comportamento exterior do agente em face da coisa, em atitude análoga à do
proprietário; não é suficiente a gerar aquisição, que se patenteie a visibilidade do domínio. A posse ad usucapionem, assim nas
fontes como no direito moderno, há de ser rodeada de elementos (...), é aquela que se exerce com intenção de dono – cum animo
domini. (...) De início, afasta-se a mera detenção, pois, conforme visto acima não se confunde ela com a posse, uma vez que

11
elaborado por @fredsmcezar
lhe falta a vontade de tê-la. E exclui, igualmente, toda posse que não se faça acompanhar da intenção de ter a coisa para si – animus
rem sibi habendi, como por exemplo a posse direta do locatário, do usufrutuário, do credor pignoratício (...)”.10
No caso concreto, o Tribunal a quo não afastou somente a prescrição aquisitiva, mas também a posse ad usucapionem,
exercida com animus domini, consignando expressamente que o ora recorrente agia como mero detentor do imóvel, sendo a posse
exercida precariamente em razão da existência de comodato verbal, não havendo, portanto, comprovação de transmutação do
caráter da posse. (AgInt no AREsp n. 2.008.958/GO, 4ª Turma, DJe de 21/10/2022.)

4.3.3 ATOS QUE NÃO INDUZEM POSSE


Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
2010 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2012 - MPE-AL

• Não admite que atos de mera permissão ou tolerância induzam a posse. (certa) FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO

Posse e detenção caracterizam-se, no sistema jurídico brasileiro, como poder de fato, que se exerce sobre a coisa, diferenciando-
se, dentre outros fatores, porque a posse recebe proteção interdital e pode conduzir à aquisição da propriedade, enquanto a
detenção nem recebe proteção interdital, nem conduz à aquisição da propriedade . (certa) 2012 - PGE-AC
• Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
mesmo depois de cessar a violência ou a clandestinidade. (errada) 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• Os atos violentos autorizam a aquisição da posse depois de cessar a violência. (certa) VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância. (certa) 2019 - MPE-PR

4.3.4 OCUPAÇÃO INDEVIDA DE BEM PÚBLICO: SÚMULA 619 DO STJ


SÚMULA 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de
retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. 2022 - DPE-PR / VUNESP - 2023 - MPE-SP
Ex.: Roberto, juntamente com sua família, ocupou, cercou e construiu uma casa, um curral e um pequeno lago artificial em uma
terra pública situada em área rural. O poder público, ao tomar ciência da ocupação, ajuizou ação de reintegração de posse. Em
defesa, Roberto alegou que a posse se dera de boa-fé e que ele já havia feito um pedido administrativo requerendo a regularização
da propriedade. O réu ainda alegou que, caso o pedido do poder público fosse procedente, ele deveria ser indenizado pelas
benfeitorias erigidas, com direito de retenção. O direito de retenção pelas benfeitorias necessárias não poderá ser deferido. (certa)
CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• Um particular que ocupar, de boa-fé, lotes localizados em terras públicas terá direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, sob
pena de retenção. (errada) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Segundo entendimento jurisprudencial do STJ, não é possível a posse de bem público, pois sua ocupação irregular representa mera detenção
de natureza precária; portanto, na ação reivindicatória ajuizada pelo ente público, não há que se falar em direito de retenção de benfeitorias,
o qual pressupõe a existência de posse. (certa) CESPE - 2012 - DPE-AC
• A detenção irregular de bem público de uso comum do povo comporta indenização das benfeitorias. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR
• Segundo a jurisprudência do STJ, não é possível a posse de bem público, constituindo a sua ocupação sem aquiescência formal do titular
do domínio mera detenção de natureza precária. Apesar disso, resguarda-se o direito de retenção por benfeitorias em caso de boa-fé do
ocupante. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A ocupação de área pública, mesmo quando irregular, pode ser reconhecida como posse, podendo-se admitir desta o surgimento dos direitos
de retenção e de indenização pelas acessões realizadas. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• O ocupante irregular de bem público tem direito de retenção pelas benfeitorias realizadas se provar que foram feitas de boa-fé. (errada) CESPE
- 2016 - TJ-AM – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a ocupação indevida de bem público não gera posse, mas mera detenção.
Essa mesma jurisprudência estabelece que o Estado está obrigado a indenizar eventuais acessões e suportar o direito de retenção pelas
benfeitorias eventualmente realizadas. (errada) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• Em relação à posse: não se configura com a ocupação indevida de bem público, pois de acordo com entendimento sumulado do STJ, tal
situação caracteriza mera detenção, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias. (certa) FCC - 2021 - DPE-BA

Embora o STJ possua orientação de que constitui mera detenção a ocupação por particular de área pública sem autorização
expressa e legítima do titular do domínio, entende cabível o manejo dos interditos possessórios em face de outros particulares
para a defesa da posse. (certa) FCC - 2017 - DPE-PR
• De acordo com o STJ, não é possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical. (errada)
2018 - MPE-MS

10
(PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: Direitos reais – vol. IV. 28ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022, p. 121)
12
elaborado por @fredsmcezar
• É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem público dominical, pois entre ambos a disputa será
relativa à posse. (certa) FCC - 2018 - DPE-AM
• Mesmo nos bens do patrimônio disponível do Estado (dominicais), despojados de destinação pública, não se permite a proteção possessória
aos ocupantes particulares que venham a lhe dar função social, porque perdem a destinação mas não a natureza de terras públicas. (errada)
FCC - 2018 - DPE-AM
.

A jurisprudência do STJ é sedimentada no sentido de que o particular tem apenas detenção em relação ao Poder Público, não
se cogitando de proteção possessória. É possível o manejo de interditos possessórios em litígio entre particulares sobre bem
público dominical, pois entre ambos a disputa será relativa à posse. STJ, 4ª Turma, REsp 1296964/DF, 18/10/2016 (Info 594).

4.4 PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DA POSSE

4.4.1 DIRETA x INDIRETA


É exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo poder físico imediato. Ex.
POSSE DIRETA / IMEDIATA
Locatário/depositário.
INDIRETA / MEDIATA É aquele que não tem o poder físico direto. Ex. Locador / depositante / nu-proprietário.

A bipartição da posse em posse direta e indireta pode ter origem em direito real ou pessoal. (certa) 2013 - MPE-PR
Art. 1.197. A posse DIRETA, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real,
não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
2010 - MPE-GO / VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA / 2015 - MPE-AM / FCC - 2015 - TJ-AL - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2017 - PGE-AC

Bruno Zampier11: “A posse direta é sempre subordinada. O desdobramento é uma forma de exercício do poder do proprietário;
Além disso, sempre será temporária pois sempre haverá para o possuidor direto o dever de restituição da coisa.
• São exemplos de possuidor direto: o usufrutuário, o locador, o credor pignoratício. (errada) 2010 - MPE-SP
• A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. (certa) MPE-SC – 2010
• A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, anula a indireta, de quem
aquela foi havida; (errada) 2011 - MPE-MS
• O locador é possuidor indireto, e o locatário é considerado possuidor direto; (certa) 2012 - MPE-PR

• É possuidor indireto o proprietário de um imóvel adquirido com cláusula constituti. (certa) 2012 - TJ-RS - JUIZ
• A posse direta, de quem tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal ou real, suspende a indireta enquanto
perdurar o vínculo contratual que a autorizou. (errada) 2013 - TJ-PR – JUIZ
• O locatário não tem a posse direta do imóvel que ele aluga, mas sim a indireta. (errada) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ
• O possuidor direto tem direito de lançar mão dos interditos contra turbação, esbulho e violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado, inclusive contra o possuidor indireto. (certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ
• Segundo jurisprudência do STJ, a ocupação irregular de imóvel de domínio público configura posse injusta. (errada) 2015 - MPDFT
• A posse direta anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. (errada) FAURGS
- 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A posse direta anula a indireta de quem foi havida. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• Ao efetuar o desdobramento da posse, o proprietário perde a condição de possuidor. (errada) CESPE - 2017 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

• A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o possuidor indireto. (certa) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO
DE POLÍCIA

O credor hipotecário é possuidor indireto do bem objeto da garantia. (errada) 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
Explicação: O credor hipotecário não é considerado possuidor direto nem indireto. Não tem poder algum sobre a coisa. A
hipoteca é direito real de garantia, mas não torna o credor hipotecário possuidor indireto do bem dado em garantia.
Enunciado 76 CJF: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (art. 1.197, in
fine, do novo Código Civil).
• O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, mas este não tem o mesmo direito contra aquele. (errada) CESPE -
2013 - DPE-RR

11
Aula – módulo de direitos reais do curso SUPREMO.
13
elaborado por @fredsmcezar
4.4.2 POSSE JUSTA x POSSE INJUSTA (VIOLENTA, CLANDESTINA, PRECÁRIA)
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. CESPE - 2009 - PGE-AL
• A posse nascida justa pode tornar-se injusta, especialmente no que se refere ao vício da precariedade. (certa) 2009 - TJ-MG – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

• Considera-se de boa-fé a posse que não for violenta, clandestina ou precária. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A posse injusta corre quando o possuidor se apodera da coisa imbuído de má-fé. (errada) FCC - 2015 - DPE-MA

• A posse injusta ocorre somente quando a posse é violenta, clandestina ou precária. (certa) FCC - 2015 - DPE-MA

• A posse injusta pode ser de boa-fé. (certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A posse justa se caracteriza pela ausência de violência, apenas. (errada) 2018 - MPE-BA
...
JUSTA NÃO VIOLENTA / NÃO CLANDESTINA / NÃO PRECÁRIA

É injusta a posse violenta, por meio da qual o usurpado seja obrigado a entregar a coisa
VIOLENTA
para não ver concretizado o mal prometido. (certa) CESPE - 2014 - MPE-AC

Entende-se por posse CLANDESTINA aquela que é adquirida por meio traiçoeiro, de modo
INJUSTA CLANDESTINA
que o antigo possuidor não se dê conta do ato aquisitivo. (certa) CESPE - 2013 - DPE-RR

Ex.: O comodatário, devidamente notificado para sair do bem dado em comodato, e que
PRECÁRIA
não o faz no prazo assinalado, passa a exercer posse PRECÁRIA. (certa) FCC - 2017 - DPE-PR

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. FGV - 2023 - TJ-MS - Juiz
Substituto
• Em se tratando de posse adquirida de forma clandestina pelo autor da herança, tal característica não mais subsistirá após seu falecimento,
pelo princípio da saisine. (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A posse é transmitida ao legatário do possuidor com as mesmas características da posse originária. (certa) 2015 - PGE-RS

• O defeito da posse injusta não pode ser invocado contra o herdeiro que desconhecia essa característica da posse exercida pelo
falecido. (errada) FCC - 2017 - DPE-PR
Ex.: A posse precária adquirida pelo de cujus não perde esse caráter quando transmitida mortis causa aos seus sucessores,
ainda que estes estejam de boa-fé. (certa) CESPE - 2009 - DPE-ES
Os vícios da posse possuem caráter absoluto, isto é, produzem efeitos erga omnes. Assim, a posse do esbulhador, injusta, não
pode ser protegida em face de terceiros que venham ameaçá-la. (errada) CESPE - 2013 - DPE-RR
• Aquele que detiver a posse injustamente não poderá se utilizar dos interditos possessórios, mesmo em face de terceiros que não tenham
posse. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A posse injusta impede que seja exercido o direito de retenção sobre a coisa, tal como ocorre com o possuidor de má-fé, a quem são
ressarcidas apenas as benfeitorias necessárias e é negado o exercício do referido direito. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Para cessar a clandestinidade, não se exige que a vítima demonstre ciência do esbulho. (certa) CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ
• A posse clandestina PRECÁRIA é injusta porque tem origem no abuso de confiança. (errada) 2012 - TJ-RS – JUIZ
• Na posse precária, o vício se inicia no momento em que o possuidor recebe a coisa com a obrigação de restituí-la ao proprietário ou ao
possuidor legítimo. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• Os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, justa ou injusta, mesmo depois de cessada a prática de tais atos
ilícitos. (errada) 2014 - DPE-PR
• Na posse precária, o vício se inicia no momento em que o possuidor recebe a coisa com a obrigação de restituí-la ao proprietário ou ao
possuidor legítimo. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC
• É injusta a posse violenta, por meio da qual o usurpado seja obrigado a entregar a coisa para não ver concretizado o mal prometido, incluindo-
se entre os atos de violência que tornam a posse injusta o temor reverencial e o exercício regular de um direito. (errada) CESPE - 2014 - MPE-AC

Ex.: Fernando recebeu por comodato a posse de uma casa. Entretanto, Flávio, proprietário do imóvel, após alguns meses,
notificou extrajudicialmente Fernando para que lhe devolvesse o bem. Caso Fernando recuse a restituição, em afronta à boa-fé
objetiva e à proteção da confiança legítima, estar-se-á diante da interversão da posse, tornando-a em posse injusta em razão da
precariedade. (certa) FCC - 2018 - DPE-MA
Caracteriza-se como clandestina a posse adquirida via processo de ocultamento em relação àquele contra quem é praticado o
apossamento, embora possa ser ele público para os demais. Por tal razão, a clandestinidade da posse é considerada defeito relativo.
(certa) CESPE - 2014 - MPE-AC
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elaborado por @fredsmcezar
João propôs ação de usucapião extraordinária em uma das varas cíveis da comarca de Fortaleza – CE. Nessa situação hipotética,
o período de posse precária poderá ser considerado para fins de verificação do cumprimento do requisito temporal dessa
modalidade de usucapião. (errada) CESPE - 2018 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO
No caso dos autos, verifica-se que mesmo com a morte da primeira posseira, não houve alteração fática substancial a ponto de
conduzir à transmudação da posse por ela exercida, já que durante todo o tempo a relação jurídica estabelecida entre as
partes foi regida pelo comodato, primeiro verbal, depois escrito. Nas hipóteses em que a alteração fática autorizar, admite-
se a transmudação da natureza da posse para fins de configuração de usucapião, todavia, tal não ocorreu na espécie, em
que a posse originariamente adquirida em caráter precário, assim permaneceu durante todo o seu exercício. 4. Recurso
especial não provido. REsp 1552548 / MS, DJe 14/12/2016
4.4.3 BOA-FÉ x MÁ-FÉ
A posse de boa-fé funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo. Já na posse justa ou injusta, o critério de análise é
objetivo. (certa) 2018 - MPE-MS
• Na aferição da posse de boa-fé ou de má-fé, utiliza-se como critério a boa-fé subjetiva, assim como ocorre em relação à posse justa ou
injusta. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1.201. É de BOA-FÉ a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2013 - TJ-PE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2022 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

• É de boa-fé a posse adquirida pelo possuidor que ignora o obstáculo que impede a aquisição da coisa. (certa) 2015 - PGE-RS
• É justa DE BOA-FÉ
a posse, se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

• Justa DE BOA-FÉ
é aquela adquirida de boa-fé. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Não é considerada de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. (errada) FCC - 2021 - DPE-
BA

• Posse justa DE BOA-FÉ é aquela em que o possuidor ignora o vício impeditivo da aquisição. (errada) CESPE - 2023 - MPE-PA

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção. 2022 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA
• O possuidor com justo título tem por si a presunção absoluta de boa-fé. (errada) FCC - 2011 - DPE-RS
• Entende-se que o possuidor com justo título tem a presunção de boa-fé, não se admitindo, portanto, prova em contrário. (errada) CESPE - 2012
- DPE-RO

• O possuidor com justo título presume-se possuidor de boa-fé; esta presunção é relativa. (certa) 2012 - MPE-PR
• Considera-se possuidor de boa-fé aquele que ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Também se presume, em
qualquer hipótese, ser possuidor de boa-fé todo aquele que possui justo título. (errada) 2016 - MPE-SC
• É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. O possuidor com justo título tem por si
a presunção de boa-fé, mesmo após a ciência inequívoca que possui indevidamente. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o
possuidor não ignora que possui indevidamente. MPE-SC – 2010 / 2022 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA
• A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora
que possui indevidamente. (certa) 2016 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida. 2010 - PGE-GO

Em regra, o possuidor com justo título tem em seu benefício a presunção juris tantum de posse de boa-fé. (certa) VUNESP - 2016 -
PROCURADOR MUNICIPAL

• A presunção circunstancial da ignorância da posse indevida, pelo possuidor, o habilita à manutenção do estado de boa fé. (certa) 2010 - MPE-GO

• Aposse injusta pode ser de boa-fé. (certa) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

FRUTOS
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas
da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Ex.: Pedro obteve a posse de uma casa mediante contrato de doação, ESTANDO CIENTE DE QUE O IMÓVEL NÃO PERTENCIA
AO DOADOR. Nessa situação hipotética, Pedro terá direito aos frutos percebidos. (errada) CESPE - 2023 - MPE-BA
Obs.: Dizer que Pedro tinha ciência significa que ele NÃO ignorava o vício. Assim, tem-se descaracterizada a boa-fé.

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elaborado por @fredsmcezar
• Havendo colheita antecipada, o possuidor deverá devolver os frutos colhidos no caso de ter cessado a boa-fé. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

• O possuidor de boa-fé faz jus aos frutos percebidos até que cesse a boa-fé, mas perde os pendentes e os colhidos antecipadamente. (certa)
2011 - PGE-RS

• O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. (certa) 2014 - DPE-GO
• O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos e, mesmo após a citação em ação reivindicatória, não responde pelos frutos colhidos.
(errada) FCC - 2015 - DPE-SP

• O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos, devendo ser restituídos os frutos pendentes ao tempo em que
cessar a boa-fé e os frutos colhidos com antecipação. (certa) 2017 - MPE-RO

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou
de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. FGV - 2013 - TJ-AM - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: João, ciente de que seu vizinho Luciano estava realizando uma longa viagem, invadiu a casa que era de propriedade de
Luciano e passou a residir no imóvel com seus familiares, sem o consentimento do proprietário. Luciano cultivava em seu terreno
inúmeras hortaliças, as quais João passou a comercializar. Com o lucro auferido em razão da venda das hortaliças, João instalou
uma piscina no quintal de Luciano e uma rampa para cadeirantes próxima à porta de entrada da residência, já que ele sabia que
Luciano tinha uma filha usuária de cadeira de rodas. Ainda durante o período em que João residiu na casa, houve uma tempestade
que danificou o telhado da casa de Luciano. Luciano retornou ao imóvel e retomou sua posse por ação judicial. João terá direito às
despesas de manutenção do cultivo das hortaliças. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AL
• Ao possuidor de má-fé é deferido o direito ao recebimento das despesas que realizou para produção e custeio dos bens no objeto possuído.
(certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

• O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, não tendo direito às despesas da produção e custeio. (errada) FCC
- 2011 - MPE-CE

PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA


Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa. 2010 - MPE-GO / 2011 - PGE-RS /
VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O possuidor de boa-fé não responde pela perda da coisa, mas responde por sua deterioração, ainda que não lhe dê causa. (errada) CESPE -
2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Pela perda ou pela deterioração da coisa o possuidor de boa-fé responde se tiver dado causa. (certa) FCC – 2010 - DPE-SP

• O possuidor, ainda que de boa-fé, responde pela perda ou deterioração da coisa a que der ou não der causa. (errada) 2012 - TJ-DFT - JUIZ
• O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa. (certa) 2014 - PGE-AC

• O possuidor de boa-fé responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa. (errada) 2017 - MPE-RO

• Com relação aos efeitos da posse, o possuidor de boa-fé responde, em regra, pela perda ou deterioração da coisa, independentemente de
lhe ter ou não dado causa. (errada) CESPE - 2019 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O possuidor de boa-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que não der causa. (errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• O possuidor de má-fé BOA-FÉ não responde pela perda ou deterioração da coisa se forem acidentais, porquanto não contribuiu com culpa ou
dolo para tais eventos. (errada) FCC - 2022 - DPE-PB

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de
igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. FCC - 2010 - DPE-SP / VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FGV - 2013 - TJ-AM -
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, desde que não acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam
dado, estando ela na posse do reivindicante. (errada) 2010 - PGE-GO
• O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa, já o possuidor de má-fé responde pela perda,
ou deterioração da coisa, ainda que venha provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. (errada) VUNESP -
2012 - TJ-RJ - JUIZ

• O possuidor de má-fé responde, em qualquer caso, pela deterioração da coisa, salvo se acidental. (errada) 2015 - PGE-RS
• O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, mesmo que prove que de igual modo se teriam
dado, estando ela na posse do reivindicante. (errada) 2017 - MPE-RO
• O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, salvo se acidentais. (errada) CESPE - 2019 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
• O possuidor de má-fé responde pela perda e deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se comprovar que elas ocorreriam mesmo
que ele não estivesse no exercício da posse. (certa) CESPE - 2019 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS


Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias NECESSÁRIAS e ÚTEIS, bem como, quanto às
VOLUPTUÁRIAS, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
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elaborado por @fredsmcezar
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. FCC - 2011 - MPE-CE / 2012 - MPE-MG / 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL / FCC - 2022 - DPE-PB / CESPE -
2023 - MPE-AM

Ex.: Ao final do contrato, o comodatário, possuidor de boa-fé, que tiver realizado benfeitorias em bem imóvel deverá ser
indenizado pelas benfeitorias necessárias ou úteis, e terá direito de levantar as benfeitorias voluptuárias que não lhe forem pagas,
desde que isso não gere prejuízo à coisa. (certa) CESPE - 2022 - DPE-PA
Não é possível o reconhecimento de ofício do direito ao recebimento de indenização por benfeitorias úteis
ou necessárias em ação possessória. STJ. 3ª Turma. REsp 1.836.846-PR, 22/09/2020 (Info 680).
.
• O possuidor de boa-fé tem direito de indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, mas apenas pode exercer direito de retenção pelas
necessárias. (errada) 2010 - TJ-SC - JUIZ
• O possuidor de boa-fé, em razão dela, tem direito de retenção por toda e qualquer benfeitoria que tenha introduzido na coisa. (errada) 2009 -
PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

• Pode exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias. (errada) 2011 - PGE-RS

• O possuidor de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, e direito de retenção por elas e pelas benfeitorias
voluptuárias; (errada) 2012 - MPE-PR
• O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, abrangendo, inclusive, o direito de retenção pelo seu
valor. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG

Art. 1.220. Ao possuidor de MÁ-FÉ serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção
pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. CESPE - 2012 - DPE-AC / FCC - 2022 - DPE-PB
Pedro obteve a posse de uma casa mediante contrato de doação, estando ciente de que o imóvel não pertencia ao doador. Nessa
situação hipotética, Pedro terá direito à indenização das benfeitorias necessárias. (certa) CESPE - 2023 - MPE-BA
Ex.: Por meio de esbulho, Ronaldo obteve a posse de lote urbano pertencente ao estado do Amazonas. Nesse lote, ele construiu
sua residência, na qual edificou uma série de benfeitorias, tais como piscina e churrasqueira. O estado do Amazonas, por intermédio
de sua procuradoria, ingressou em juízo para reaver o imóvel. Nessa situação, Ronaldo poderá exigir indenização por todas as
benfeitorias realizadas e exercer o direito de retenção enquanto não for pago o valor da indenização. (errada) CESPE - 2016 - PGE-AM
• Ao possuidor de má-fé cabe o direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias, com direito de retenção pela importância delas. (errada)
CESPE - 2009 - DPE-ES

• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, sobre as quais recai o direito de retenção. (errada) 2009 - DPE-
MG

• O possuidor de má-fé tem direito de retenção, mas somente quanto às benfeitorias necessárias. (errada) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• O possuidor de má-fé tem direito de indenização tanto das benfeitorias necessárias quanto das úteis, em razão da vedação ao enriquecimento
sem causa. (errada) 2010 - TJ-SC - JUIZ
• O possuidor de má-fé detém o direito de ressarcimento pelas benfeitorias necessárias e de levantamento das benfeitorias voluptuárias.
(errada) FCC - 2011 - DPE-RS

• O possuidor de má-fé terá direito ao ressarcimento de benfeitorias necessárias e úteis e a levantar as voluptuárias sem, contudo, lhe assistir
o direito de retenção pela importância destas. (errada) VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ
• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas as benfeitorias necessárias, sem direito de retenção por elas; (certa) 2012 - MPE-PR

• Ao possuidor de má-fé, não serão ressarcidas quaisquer benfeitorias, nem mesmo as necessárias. (errada) 2012 - MPE-MG

• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, não lhe assistindo o direito de retenção pela importância
destas, nem o de levantar as voluptuárias. (certa) 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• As benfeitorias úteis NECESSÁRIAS serão ressarcidas ao possuidor de má-fé. (errada) 2014 - DPE-GO

• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias. (certa) FCC - 2014 - TJ-AP - JUIZ
• Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, assistindo-lhe o direito de retenção pela importância destas.
(errada) 2015 - MPE-AM

• O possuidor de má-fé terá direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias, assistindo-lhe o direito de retenção pela importância delas.
(errada) 2017 - MPE-RO

• Ao possuidor de má-fé não serão ressarcidas as benfeitorias necessárias e não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias. (errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor
atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

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elaborado por @fredsmcezar
• O dono da posse deve indenizar as benfeitorias necessárias pelo seu valor atual, mesmo ao possuidor de má-fé, sob pena de enriquecimento
sem causa. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O reivindicante, quando obrigado, indenizará as benfeitorias ao possuidor de má-fé pelo valor atual. (errada) 2016 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

4.4.4 INTERDICTA x AD USUCAPIONEM

Essa posse não conduz à usucapião. É a posse fundada em negócio jurídico. Pode ser
INTERDICTA
defendida por meio das ações possessórias diretas.

Deve ser mansa, pacífica, duradoura, ininterrupta e deve ter a intenção de ser dono. É
USUCAPIONEM
usucapível.

A posse ad interdicta dá ensejo à prescrição aquisitiva originária pela usucapião. (errada) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ
Ex.: Péricles permaneceu 8 anos sendo cuidado por Juliano, que residia no mesmo imóvel e era remunerado para tal fim. Com
o falecimento de Péricles, seus herdeiros, em agradecimento, permitiram, por contrato escrito, que Juliano permanecesse por mais
5 anos no imóvel. Durante este prazo, Juliano utilizou o bem para sua moradia, em caráter ininterrupto e sem oposição. Transcorrido
o prazo, recusou-se a deixar o imóvel, alegando usucapião. Trata- se de imóvel urbano menor que 250 m² e Juliano não possui bens
imóveis. Juliano está incorreto, pois a natureza de sua posse, de 5 anos, não leva à usucapião. (certa) FCC - 2014 - MPE-PA
Explicação: Inicialmente, Juliano era mero detentor, não exercia posse. Ao realizar o contrato de comodato com os herdeiros,
Juliano passou exercer a posse interdicta que não tem animus domini e não induz à usucapião.
• O locatário poderá defender a posse do imóvel locado, em caso de ameaça da posse, ou de efetiva turbação ou esbulho, mas
não poderá adquirir a propriedade pela usucapião, haja vista que a sua posse é ad interdicta. (certa) CESPE - 2009 - PGE-AL
• A posse ad interdicta é aquela que conduz à usucapião e que, quando molestada, pode ser defendida pelas ações possessórias.
(errada) CESPE - 2014 - PGE-PI

• Dois elementos estão normalmente presentes nas modalidades de usucapião: o tempo e a posse, exigindo-se desta a
característica ad usucapionem, referente à visibilidade do domínio e a requisitos especiais, como a continuidade e a
pacificidade. (certa) CESPE - 2014 - MPE-AC
• Sobre a posse injusta pode ser apta a gerar usucapião (posse ad usucapionem). (certa) FCC - 2015 - DPE-MA
• A posse ad usucapionem é aquela que, além dos elementos essenciais à posse, deve sempre se revestir de boa-fé, decurso
de tempo suficiente, ser mansa e pacífica, fundar-se em justo título e ter o possuidor a coisa como sua. (errada) FCC - 2017 - DPE-PR

4.5 AQUISIÇÃO E TRANSMISSÃO


Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes
inerentes à propriedade. FCC - 2012 - MPE-AL
• Adquire-se a posse pelo próprio interessado, seu representante ou procurador, terceiro sem mandato (dependendo de ratificação) e pelo
constituto possessório. (certa) CESPE - 2010 - MPE-SE
• A posse só pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende, mas não por representante ou terceiro sem mandato, sendo vedada a
ratificação posterior. (errada) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• De acordo com o Código Civil, a posse adquire-se no momento da celebração do contrato, mesmo que não seja possível o exercício, em
nome próprio, de quaisquer dos poderes inerentes à propriedade. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• É característica da posse o exercício, pelo possuidor, de modo pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, direta ou
indiretamente. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
• A posse é situação de fato protegida pelo direito, tendo-se por adquirida desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade, de forma que não há como adquiri-la por intermédio de representante. (errada)
CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Considerando que a posse é situação de fato protegida pelo direito, não é possível a sua aquisição por intermédio de representante. (errada)
CESPE - 2009 - PGE-AL

• A posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, independentemente de ratificação. (errada) 2009 - TJ-RS - JUIZ

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elaborado por @fredsmcezar
• A posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, que fica dependendo de ratificação. (certa) VUNESP - 2012 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A posse não pode ser adquirida por representante, haja ou não instrumento de mandato. (errada) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em que a aquisição depende de ratificação. (certa) CESPE - 2016 -
TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Sendo possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, não é possível
adquirir posse mediante representação. (errada) FUMARC - 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO
• A posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, dependendo, nesse caso, de ratificação. (certa) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• A posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. (certa) 2019 - MPE-PR
• Relativamente à posse, o Código Civil vigente possibilita a aquisição da posse por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. (certa)
FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
• A posse não se transfere com seus caracteres. Assim, se for violenta, na origem, pode convalar-se em posse legítima, se o sucessor estiver
de boa-fé. (errada) 2012 - PGE-AC
• A posse não se transmite aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres, tendo, cada novo possuidor, de provar seus
requisitos para os efeitos legais. (errada) FCC - 2017 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• Não autorizam a aquisição da posse justa os atos violentos, senão depois de cessar a violência; entretanto, se a coisa obtida por violência
for transferida, o adquirente terá posse justa e de boa-fé, mesmo ciente da violência anteriormente praticada. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA -
DELEGADO DE POLÍCIA

• A posse transmite-se aos herdeiros do possuidor com os mesmos caracteres, mas não aos seus legatários. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ
SUBSTITUTO

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse
à do antecessor, para os efeitos legais. 2010 - PGE-GO / FCC - 2012 - MPE-AL / 2014 - DPE-GO 2017 - PGE-AC
Ao sucessor universal SINGULAR é facultado iniciar nova posse, inutilizando o tempo vencido pelo antecessor, se houver pretensão
de usucapião ordinária e a posse anterior for viciada ou de má- fé. (errada) 2011 - MPDFT
• A posse transmite-se de pleno direito aos sucessores a título universal e a título singular, não se permitindo a este recusar a união de sua
posse à do antecessor, para efeitos legais. (errada) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO
• A posse de um imóvel transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres, sendo que o sucessor universal
continua de direito a posse do seu antecessor, e, ao sucessor singular, é facultado unir sua posse à do antecessor para os efeitos legais.
(certa) FCC - 2019 - TJ-AL - JUIZ SUBSTITUTO

• O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para
os efeitos legais. (certa) 2019 - MPE-PR

4.5.1 TRADIÇÃO REAL


A tradição é modalidade de aquisição derivada da posse, podendo ser real, simbólica ou ficta. (certa) 2011 - MPDFT

4.5.2 SIMBÓLICA
Há um ato representativo da transferência da coisa, como, por exemplo, a entrega das chaves de um apartamento. É o que
ocorre na traditio longa manu, em que a coisa a ser entregue é colocada à disposição da outra parte.
Ex.: “Uma empresa brasileira compra de uma empresa belga uma máquina industrial. Inserida a cláusula e sendo o contrato
celebrado no Brasil, a empresa vendedora vem até o país para a entrega do documento correspondente à propriedade. A partir de
então, a empresa brasileira é proprietária, respondendo pelos riscos e despesas”. 12
• Modo derivado de apossamento da coisa é denominado de tradição, podendo ser efetiva SIMBÓLICA, também conhecida como traditio longa
manu. (errada) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

4.5.3 TRADIÇÃO FICTA


Ocorre a tradição brevi manu no caso em que o possuidor de coisa em nome alheio passa a possuí-la em nome próprio. (certa)
2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

• Na traditio brevi manu o adquirente da posse do bem já o tem em seu poder; apenas, por convenção, muda-se o título da ocupação. (certa)
2012 - PGE-AC

• O constituto-possessório TRADITIO BREVI MANU


ocorre quando o possuidor possui em nome alheio e passa a possuir em nome próprio. (errada)
CESPE - 2012 - MPE-RR

12
(Tartuce, p. 641, 9ª ed.)
19
elaborado por @fredsmcezar
No constituto-possessório, subentende-se a tradição quando o transmitente continua na posse do bem. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB -
JUIZ SUBSTITUTO

O constituto possessório e a tradição “brevi manu” são formas de aquisição por tradição ficta, sendo que no constituto o
proprietário de um bem aliena a coisa a outrem, mas continua como possuidor direto, enquanto que na tradição “brevi manu” ocorre
justamente o contrário. (certa) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
• Constituto possessório é modo de transferência da posse indireta ao adquirente do bem. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-SP - JUIZ
• É possuidor indireto o proprietário de um imóvel adquirido com cláusula constituti. (certa) 2012 - TJ-RS – JUIZ

• No constituto possessório, há inversão no título da posse com base em relação jurídica: aquele que possuía em nome alheio PRÓPRIO passa a
possuir em nome próprio ALHEIO, remanescendo o seu poder material sobre a coisa. (errada) CESPE - 2012 - DPE-AC
• Não se admite a aquisição da posse por meio do constituto possessório. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

• No constituto-possessório, subentende-se a tradição quando o transmitente continua na posse do bem. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

O constituto possessório é hipótese derivada de aquisição da propriedade mediante a tradição ficta ou simbólica, e o adquirente,
mesmo que nunca tenha exercido atos de posse direta sobre o bem, pode manejar os interditos possessórios. (certa) FCC - 2017 - DPE-PR
Ex.: Tadeu, apesar de ser o legítimo possuidor de uma chácara em bairro afastado da cidade de Maceió, disputa
judicialmente a posse do imóvel com Alberto, que, além de se dizer possuidor, sabidamente não adquiriu a posse que defende de
modo vicioso. No caso em apreço, por exceção, admite-se que o proprietário ajuíze ação possessória sem que tenha exercido
qualquer ato possessório sobre o bem, caso esteja presente a cláusula de constituto possessório no negócio jurídico celebrado.
(certa) CESPE - 2009 - DPE-AL

4.6 DA PERDA DA POSSE


Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art.
1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de
retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
• A perda da posse para quem presenciou o esbulho somente ocorre quando ao tentar recuperar a coisa, sofre reação violenta do invasor.
(errada) 2013 - PC-PA - Delegado de Polícia

• A tradição constitui uma das hipóteses de perda da posse que pode ser vislumbrada, por exemplo, na entrega da coisa a um representante
para que este a administre. (errada) CESPE - 2015 - DPE-RN
• Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando
recuperá-la, é violentamente repelido. (certa) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

4.7 DEFESAS DA POSSE – PROTEÇÃO POSSESSÓRIA


ESBULHO
AÇÃO DE REINTEGRAÇAO DE POSSE
EXCLUSÃO
TURBAÇÃO
AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE
INCÔMODO

AMEAÇA AÇÃO DE INTERDITO PROIBITIÓRIO

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
No tocante às ações possessórias, em nosso direito processual civil, é correto afirmar: são de natureza dúplice, isto é, a proteção
possessória pode ser pleiteada também pelo réu, em contestação, sem necessidade de oferecimento de reconvenção. (certa) FCC -
2012 - MPE-AP

Ex.: Pedro, viúvo, pai de Caio, Eduardo e Leonardo, faleceu, deixando a propriedade de uma fazenda no interior do Ceará. Caio
reside na fazenda e seus dois irmãos, no Rio de Janeiro. Antes do início do inventário, durante uma semana em que Caio viajou, a
fazenda foi invadida por cinco famílias. Caio, então, procurou um advogado para ajuizar ação possessória com a finalidade de ser
reintegrado na posse da referida fazenda. Caio poderá ajuizar sozinho a ação para a defesa da posse de todo o imóvel. (certa) CESPE -
2012 - TJ-CE - JUIZ SUBSTITUTO

• Considere que Camila more em apartamento que tenha alugado de Caio. Nessa situação, Camila adquiriu uma posse derivada e poderá, em
nome próprio, defendê-la contra terceiro que venha a esbulhá-la. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO
• Em regra, o possuidor não tem pretensão de reintegração de posse quando o esbulho houver sido praticado pelo proprietário do bem. (errada)
VUNESP - 2014 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

• O possuidor direto não tem proteção possessória contra o possuidor indireto. (errada) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A alegação de propriedade não impede a reintegração na posse. (certa) 2015 - PGE-RS

20
elaborado por @fredsmcezar
• A posse, no Direito Brasileiro, está limitada ao uso e fruição da coisa, retirando-se do possuidor o direito de sequela. (errada) 2018 - MPE-BA

• À luz do texto constitucional e da inteligência do novo Código Civil, a função social é base normativa para a solução dos conflitos atinentes à
posse, dando-se efetividade ao bem comum, com escopo nos princípios da igualdade e da dignidade humana . (certa) FCC - 2018 - DPE-AM

§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos
de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 2010 - MPE-SP / 2012 - MPE-RJ / 2013 -
MPE-GO / FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2015 - MPE-AM / FCC - 2017 - DPE-SC

O fâmulo da posse não pode fazer uso dos interditos possessórios, mas nada impede que ele utilize o desforço imediato para
proteger o bem daquele que recebe ordens. (certa) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
• Como longa manus do possuidor, o detentor da posse poderá ajuizar possessória em caso de esbulho. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ
SUBSTITUTO

Ex.: Leonardo, proprietário de uma chácara, contratou Tadeu para trabalhar como caseiro, oferecendo-lhe moradia na propriedade
onde o serviço deverá ser prestado. Nessa situação hipotética, caso ocorra o esbulho da posse da chácara durante uma viagem de
férias de Leonardo, Tadeu não terá legitimidade para ingressar com ação possessória, uma vez que a sua posse é mera detenção.
(certa) CESPE - 2018 - PROCURADOR MUNICIPAL

• O possuidor tem direito a ser mantido na posse, em caso de esbulho TURBAÇÃO; restituído, em caso de turbação ESBULHO e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado. (errada) 2010 - PGE-GO
• É lícito o uso da força própria indispensável para a manutenção ou reintegração da posse. (certa) FCC - 2010 - DPE-SP

• Ocorrendo turbação ou esbulho, o possuidor direto ou indireto tem o direito de ser mantido ou reintegrado na posse através dos interditos
proibitórios. (errada) 2011 - TJ-PR - JUIZ
• O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa ou
de desforço, podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. (errada) FUNCAB - 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• Admite-se que o possuidor turbado ou esbulhado proteja sua posse por força própria, desde que a reação seja imediata e não exceda o
indispensável. (certa) VUNESP - 2014 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA
• Em razão da vedação à autotutela, o possuidor esbulhado não pode adotar medidas imediatas, por sua própria força, para recuperar a posse.
(errada) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

• O esbulho é atacado pela ação de manutenção na posse. (errada) 2016 - MPE-RS


• O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, a qualquer tempo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
• Em matéria de proteção possessória, o CC/02 manteve a exceção de domínio. (errada) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

• Diante da pretensão daquele que se diz possuidor, o proprietário da coisa pode opor exceção fundada no domínio. (errada) FCC - 2010 - DPE-SP

• A exceção de domínio em sede de ação possessória é admitida expressamente pelo Código Civil. (errada) 2011 - MPE-PR

• Pode-se discutir o reconhecimento do domínio na pendência do processo possessório, tanto ao autor como ao réu. (errada) FCC - 2012 - MPE-AP
• Tendo em vista que a posse somente é defendida por ser um indício de propriedade, obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação
de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. (errada) VUNESP - 2018 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver
manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.

4.8 ESBULHO
Para fins de proteção possessória, deve ser demonstrado algum vício objetivo da posse, não sendo imprescindível a constatação
de má-fé do esbulhador. (certa) CESPE - 2017 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
Ex.: Se João tiver ingressado no terreno de Pedro há seis meses, pacificamente, sem ocultar a invasão, e lá construído um
barraco, não se terá caracterizado, nessa situação hipotética, o esbulho, visto que não ocorreu violência, clandestinidade ou
precariedade, elementos caracterizadores da posse injusta. (errada) CESPE - 2015 - DPE-PE
Marcus Vinicius Rios Gonçalves, em sua obra “Dos vícios da posse” leciona que: “se o Código Civil limitasse os vícios da posse
àquelas três, chegar-se-ia à conclusão de que o que esbulhou a céu aberto, sem empregar violência, ou sem abusar da confiança,
não tornou viciosa a posse que adquiriu. Melhor seria que o Código Civil Brasileiro tivesse optado por uma solução genérica,
estabelecendo que a posse é viciosa sempre que oriunda de esbulho, considerando tal expressão como a tomada de posse não
permitida ou autorizada, ou seja, contra a vontade do anterior possuidor. Assim, aquele que invade pacificamente a céu aberto, sem
incorrer nas hipóteses do art. 1.200, CC, ainda assim terá praticado esbulho e terá contaminado a posse por ele adquirida em relação
ao anterior proprietário”.

21
elaborado por @fredsmcezar
Para Venosa (2015, p. 146), o “esbulho existe quando o possuidor fica injustamente privado da posse. Não é necessário que
o desapossamento decorra de violência. Nesse caso, o possuidor está totalmente despojado do poder de exercício de fato sobre a
coisa”.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada
sabendo que o era.
• O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada mesmo sem saber que
o era. (errada) 2017 - PGE-AC
• O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sem saber que o era.
(errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos
provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.

4.8.1 ESBULHO PARCIAL


Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 151) “a turbação é todo ato que embaraça o livre exercício da posse.” Ou
seja, em outras palavras, podemos dizer que a turbação trata-se de uma perda parcial da posse. O possuidor continua tendo acesso
à determinada coisa, porém sofreu uma turbação ou uma “perturbação no livre exercício daquele bem. ’’
Ex.: Luís tem a posse de um terreno de 830 m² (oitocentos e trinta metros quadrados). Certo dia, a área de 310 m² (trezentos
e dez metros quadrados) desse terreno foi invadida. A ação cabível no caso é a de manutenção REINTEGRAÇÃO de posse. (errada) 2017 - MPE-
RS

• Na mesma hipótese acima, caso o terceiro esteja ocupando indevidamente apenas 40% (quarenta por cento) do bem em questão, não caberá
qualquer medida possessória, eis que não há esbulho parcial; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

4.8.2 ESBULHO PRATICADO POR INDÍGENAS


Segundo critério construído pelo STF, somente são consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios” aquelas que
eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco temporal) e, complementarmente, se houver a efetiva relação dos índios
com a terra (marco da tradicionalidade da ocupação). Assim, se, em 05/10/1988, a área em questão não era ocupada por índios,
isso significa que ela não se revestirá da natureza indígena de que trata o art. 231 da CF/88.
SÚMULA 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que
ocupadas por indígenas em passado remoto.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 650-STF. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/298f587406c914fad5373bb689300433>. Acesso em: 06/10/2021

REsp 1650730 / MS, 2ª Turma, DJe 27/08/2019


1. Os presentes recursos especiais decorrem de ação de reintegração de posse ajuizada por Flávio Páscoa Teles de Menezes
em face do Cacique Mãmãgá (Comunidade Indígena Guarani Ñandeva - Terra Indígena Porto Lindo), da Fundação Nacional do Índio
e da União, em razão da ocupação de indígenas na propriedade rural denominada “Fazenda Remanso Guaçu”.
2. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região manteve a procedência do pedido de reintegração de posse, pois, “na ausência
de procedimento demarcatório, deve prevalecer a situação fática em vigor”; e, “como o autor está na posse da fazenda desde 1977
e os índios invadiram a propriedade por conta própria, ou seja, sem elementos administrativos que mostrem uma ocupação
contemporânea a outubro de 1988 ou neutralizada historicamente por esbulho renitente (STF, Pet 3388, Relator Carlos Britto, Tribunal Pleno, DJ
19/03/2009), a reintegração é a única solução possível”.

3. Não há falar na ofensa ao art. 535 do CPC/1973 arguida nos recursos especiais da FUNAI, da União e do Ministério
Público Federal. Isso porque a Corte de origem decidiu a controvérsia de modo integral e suficiente ao consignar que a preliminar
de nulidade da sentença por violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório é absorvida pela resolução do
mérito, que vai enquadrar a demarcação como atividade tipicamente administrativa; e, na ausência de procedimento demarcatório,
deve prevalecer a situação fática em vigor, pois o autor da demanda está de posse da fazenda desde 1977 e os índios invadiram
a propriedade por conta própria.
4. Sem razão a FUNAI e o MPF no que importa à produção de laudo antropológico, pois a demanda de que decorrem
seus recursos especiais é de natureza possessória e foi ajuizada pelo proprietário de fazenda ocupada por indivíduos do grupo
indígena Guarani-Ñandeva, que agiram por sua própria conta - fato sobre o qual não há controvérsia nos autos. Admitida a
produção de laudo antropológico, abrir-se-ia a possibilidade de reconhecimento da legalidade da invasão perpetrada em
sede de ação possessória proposta por não índio, melhor dizendo, da possibilidade de aceitação da prática de justiça de
mão própria pelos indígenas, o que afrontaria o ordenamento jurídico sob diversos ângulos.
5. Como a presente demanda decorre de pedido de reintegração de posse apresentado pelo proprietário de fazenda ocupada por
indígenas que agiram por contra própria, mostra-se inadequada a discussão acerca da tradicionalidade da ocupação indígena,

22
elaborado por @fredsmcezar
sob pena de admitir a possibilidade de justiça de mão própria pelos interessados, conforme demonstrado acima. Desprovimento,
no ponto, dos recursos especiais da FUNAI, da União e do MPF.
6. Sem razão o particular quando defende o restabelecimento da condenação da FUNAI ao ressarcimento pelos danos
decorrentes do abatimento de animais ocorrido nessa ocupação. Conforme bem lançado nas contrarrazões da FUNAI, a tutela de
natureza orfanológica prevista no Estatuto do Índio não foi recepcionado pela atual ordem constitucional, por isso a fundação não
possui ingerência sobre as atitudes dos indígenas que, como todo cidadão, possuem autodeterminação e livre arbítrio, sendo
despida de fundamento jurídico a decisão judicial que impõe ao ente federal a responsabilidade objetiva pelos atos ilícitos
praticados por aqueles.
7. Com razão a FUNAI quando defende o afastamento da multa diária que lhe foi imposta, em caso de nova invasão. Ora, se a
recorrente não responde pelos danos materiais decorrentes da ocupação irregular ocorrida no caso concreto, logicamente não
subsiste fundamento legal para que tenha que responder por multa diária em caso de nova invasão, que pressupõe descumprimento
de obrigação de não fazer por parte da comunidade indígena. [...] REsp 1650730 / MS, 2ª Turma, DJe 27/08/2019
• Não será considerada como tradicional a posse nativa, de acordo com a Suprema Corte se, ao tempo da promulgação da Constituição,
não se verificou efetiva ocupação indígena, mesmo na hipótese de esbulho praticado por não-índios, em data anterior, cuja resistência, até
o momento, se dê por sucessivos conflitos. (certa) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• As terras ocupadas, em passado remoto, por aldeamentos indígenas não são bens da União (STF AI-AgR 307401/SP).

4.8.3 CRIME DE ESBULHO


CP. Art. 161. [...] ESBULHO POSSESSÓRIO: II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais
de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
HIPÓTESE DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
1. A Vítima do crime de esbulho possessório, tipificado no art. 161, inciso II, do Código Penal é o possuidor direto, pois é
quem exercia o direito de uso e fruição do bem. Na hipótese de imóvel alienado fiduciariamente, é o devedor fiduciário que
ostenta essa condição, pois o credor fiduciário possui tão-somente a posse indireta.
2. A Caixa Econômica Federal, enquanto credora fiduciária e, portanto, possuidora indireta, não é a vítima do referido delito.
Contudo, no âmbito cível, possui a empresa pública federal legitimidade concorrente para propor eventual ação de reintegração
de posse, diante do esbulho ocorrido. A sua legitimação ativa para a ação possessória demonstra a existência de interesse
jurídico na apuração do crime, o que é suficiente para fixar a competência penal federal, nos termos do art. 109, inciso IV, da
Constituição da República.
3. Os imóveis que integram o Programa Minha Casa Minha Vida são adquiridos, em parte, com recursos orçamentários
federais. Tal fato evidencia o interesse jurídico da União na apuração do crime esbulho possessório em relação a esse bem, ao
menos enquanto for ele vinculado ao mencionado Programa, ou seja, quando ainda em vigência o contrato por meio do qual
houve a compra do bem e no qual houve o subsídio federal, o que é a situação dos autos. 4. Conflito conhecido para declarar
competente o JUÍZO FEDERAL DA 2.ª VARA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES - SJ/RJ, o Suscitante. CC 179467/RJ, 3ª Seção, DJe 01/07/2021

4.9 TURBAÇÃO
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter- se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos
de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. (certa) FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ
“Clóvis Bevilaqua anota que a turbação “é todo ato praticado contra a vontade do possuidor, que lhe perturbe o gozo da coisa
possuída, sem dela o desapossar”.13
“Entre os elementos identificados por significativa parte da doutrina para a caracterização da vis inquietativa está sua natureza
real e de violência. No escólio de Orlando Gomes, a turbação “há de ser real, isto é, concreta, efetiva, consistente em fatos”.14
“Contudo, há quem defenda que o ato violador pode ser de direito. Nessa linha de entendimento, Cunha Gonçalves anota que
a turbação de direito “é todo acto jurídico, judicial ou extrajudicial, tendente a impedir a posse doutrem e a afirmar a posse do
agente”.15
Nesse aspecto, de todo esclarecedor é o exemplo levantado por Pontes de Miranda, o qual, mesmo admitindo a existência da
turbação de direito, aduz que, “se B vendeu o prédio de que é possuidor A, com a só venda do prédio não turba a posse”. Ora,
se nem mesmo com a transferência de propriedade se reconhece a turbação, o que dizer da mera constituição de hipoteca sobre
o imóvel. REsp 768102 / SC, Terceira Turma, DJe 30/04/2008
• A constituição de hipoteca sobre imóvel de terceiro caracteriza ato inequívoco de turbação da posse. (errada) CESPE - 2010 - MPE-RO

13
(Direito das Coisas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1951, p. 68).
14
(Direitos Reais, Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 90).
15
(Tratado de Direito Civil, vol. 03. Coimbra Editora, 1930, p. 684).
23
elaborado por @fredsmcezar
4.10 AMEAÇA
Não cabe autotutela em caso de ameaça, mas é cabível o “interdito proibitório” (tutela inibitória e preventiva).
CPC, art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o
segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária
caso transgrida o preceito.

4.11 AÇÃO POSSESSÓRIA x GREVE: SV 24: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


SÚMULA VINCULANTE 23-STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em
decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

4.12 FUNGIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA


CPC, art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
A via adequada para fazer cessar o esbulho TURBAÇÃO é a ação de manutenção de posse, enquanto que o remédio para a turbação
ESBULHO
é a de reintegração de posse, conquanto as ações possessórias sejam fungíveis. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-SP - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

“[...] O juiz pode conceder a tutela possessória adequada, de acordo com o que restar provado no caso concreto,
independentemente da espécie da ação possessória proposta – parte-se do pressuposto de que o importante é discutir e demonstrar
a posse (causa de pedir das ações possessórias). Isto porque, por exemplo, o incômodo à posse (turbação) pode se transformar
em usurpação da posse (esbulho), assim como a ameaça de turbação ou de esbulho pode se transformar em real turbação ou em
verdadeiro esbulho.”16

4.13 COMPOSSE / COMPOSSESSÃO – CONDOMÍNIO DE POSSES


Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto
que não excluam os dos outros compossuidores. FCC - 2012 - MPE-AL / 2012 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA / 2012 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, pode cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos
outros compossuidores. (certa) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, é necessária a concordância de todos os compossuidores para exercerem os atos
possessórios. (errada) 2021 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
• A composse exige litisconsórcio necessário dos compossuidores no manejo dos interditos contra terceiros. (errada) 2010 - TJ-SC – JUIZ
• O compossuidor que receba a posse em razão do princípio da saisine não terá direito à proteção possessória contra outro compossuidor.
(errada) CESPE - 2012 - MPE-PI

• O compossuidor de coisa indivisa tem legitimidade para ajuizar ação possessória contra atos de terceiros e contra atos dos demais
compossuidores, podendo, ainda, defender a posse do todo individualmente. (certa) CESPE - 2014

4.13.1 COMPOSSE PRO INDIVISO OU INDIVISÍVEL


“Os compossuidores têm fração ideal da posse, pois não é possível, determinar, no plano fático e corpóreo, qual a parte de
cada um. Exemplo: Dois irmãos têm a posse de uma fazenda e ambos exercem-na sobre todo o imóvel, retirando dele produção
de hortaliças.”17
• Considere que dois irmãos tenham a posse de uma fazenda e que ambos a exerçam sobre todo o imóvel, nele produzindo hortaliças. Nesse
caso, há a denominada composse pro diviso INDIVISO. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

4.13.2 COMPOSSE PRO DIVISO OU DIVISÍVEL


“Cada compossuidor sabe qual a sua parte, que é determinável no plano fático e corpóreo, havendo uma fração real da posse.
Exemplo: Dois irmão têm a composse de uma fazenda, que é dividida ao meio por uma cerca. Em metade dela um irmão tem uma
plantação de rabanetes; na outra metade, o outro cultiva beterrabas”. 18
• É lícito a um dos compossuidores transformar a comunhão pro indiviso em posse individual pro diviso por sua simples iniciativa. (errada) CESPE
- 2013

O estado de indivisão da propriedade impede a existência de posse pro diviso. (errada) CESPE - 2015 - PROCURADOR MUNICIPAL
Posse pro diviso é aquela exercida sobre parte específica da coisa; é aquela que normalmente recai sobre bens divisíveis, mas
poderá recair sobre bens que podem ser divididos ou bens que se encontram juridicamente em estado de indivisão, todavia de fato
foram divididos. Ex.: um bem que já foi dividido pelos herdeiros, mas sem que ainda tenha sido realizada a partilha ou arrolamento.
Neste caso, há uma divisão fática e uma indivisão jurídica.

16
(Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart. Curso de Processo Civil. Vol. 5. Procedimentos Especiais. 4ª ed: Editora Revista dos Tribunais. 2013).
17
(Tartuce, Vol. Único, p.831, 9ª ed.)
18
(Tartuce, Vol. Único, p.831, 9ª ed.)
24
elaborado por @fredsmcezar
5. PROPRIEDADE
“Pode-se definir a propriedade como o direito que alguém possui em relação a um bem determinado. Trata-se de um direito
fundamental, protegido no art. 5º inc. XXII, da Constituição Federal, mas deve sempre atender a uma função social, em prol de toda
a coletividade. A propriedade é preenchida a partir dos atributos que constam do CC/2002 (art. 1.228), sem perder de vista outros
direitos, sobretudo aqueles com substrato constitucional”. 19
Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade;

5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE 20

“Direito absoluto, em regra, mas que deve ser relativizado em algumas situações. Diante do seu caráter
erga omnes, ou seja, contra todos, é comum afirmar que a propriedade é um direito absoluto. Também
DIREITO ABSOLUTO no sentido de certo absolutismo, o proprietário pode desfrutar da coisa como bem entender.
Porém, existem claras limitações dispostas no interesse do coletivo, caso da função social e
socioambiental da propriedade (art. 1.228, § 1.º, do CC).”

“Determinada coisa não pode pertencer a mais de uma pessoa, salvo os casos de condomínio ou
DIREITO EXCLUSIVO
copropriedade, hipótese que também não retira o seu caráter de exclusividade.”

“O direito de propriedade permanece independentemente do seu exercício, enquanto não houver


DIREITO PERPÉTUO
causa modificativa ou extintiva, sejam elas de origem legal ou convencional.”

“A propriedade pode ser distendida ou contraída quanto ao seu exercício, conforme sejam adicionados
ou retirados os atributos que são destacáveis. Na propriedade plena, o direito se encontra no
DIREITO ELÁSTICO
grau máximo de elasticidade, havendo uma redução nos direitos reais de gozo ou fruição e nos direitos
reais de garantia.”

“A propriedade é um direito por demais complexo, particularmente pela relação com os quatro atributos
DIREITO COMPLEXO
constantes do caput do art. 1.228 do CC.”

“Esse caráter faz que a proteção do direito de propriedade e a correspondente função social sejam
DIREITO
aplicados de forma imediata nas relações entre particulares, pelo que consta do art. 5.º, § 1.º, do Texto
FUNDAMENTAL
Maior (eficácia horizontal dos direitos fundamentais).”
.
• A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. (certa) FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• De acordo com a doutrina, dentre os caracteres da propriedade encontram-se a exclusividade, a temporariedade, a generalidade e a
elasticidade. (errada) 2010 - MPE-SC

Ainda que o proprietário tenha a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem quer que,
injustamente, a possua ou detenha, ele terá de respeitar, entre outros, o equilíbrio ambiental e os patrimônios históricos e
artísticos, na forma e nos limites estabelecidos pelas leis especiais respectivas. (certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

5.2 PROPRIEDADE PLENA x PROPRIEDADE LIMITADA


Diante da elasticidade, há a seguinte divisão da propriedade:
Há propriedade plena quando o titular mantiver em suas mãos todas as faculdades jurídicas dessa
PROPRIEDADE PLENA
propriedade. já ouviu falar da certidão de ônus reais? quem está adquirindo um imóvel quer saber se
ALODIAL
a propriedade é plena ou limitada

PROPRIEDADE Recaem os ônus reais sobre a propriedade limitada. os ônus reais, em sua maioria, são direitos reais
LIMITADA/RESTRITA sobre coisas alheias.

Obs.: Os direitos reais sobre coisas alheias são permeados pela transitoriedade. Logo, a seguinte frase é correta: “a
propriedade, quando limitada, será uma limitação de ordem temporária”. Isso se deve à elasticidade (eu vou distender, mas uma
hora ele vai contrair). A limitação ao direito de propriedade é transitória.

5.3 FACULDADES JURÍDICAS DO DIREITO DE PROPRIEDADE


Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de USAR, GOZAR e DISPOR da coisa, e o direito de REAVÊ-LA do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha. [GRUD] 2014 - DPE-PR

19
(Tartuce, Vol. Único, p.832, 9ª ed.)
20
(Tartuce, Vol. Único, p.836, 9ª ed.)
25
elaborado por @fredsmcezar
5.3.1 GOZAR / FRUIR
Faculdade de gozar ou fruir da coisa (antigo ius fruendi) – trata-se da faculdade de retirar os frutos da coisa, que podem ser
naturais, industriais ou civis (os frutos civis são os rendimentos). Exemplificando, o proprietário de um imóvel urbano poderá locá-
lo a quem bem entender, o que representa exercício direto da propriedade. (Tartuce, Vol. Único, p.833, 9ª ed.)
Bruno Zampier: O direito de uso permite a extração de frutos? O direito real de uso implica a possibilidade de extração de
frutos? Sim, tanto quanto exigirem as necessidades do usuário e de sua família, vide art. 1.412, caput, do CC. A extração de frutos
naturais está englobada pelo art. 1.412, do CC.
Ex. Se uma pessoa tiver o direito real de uso de uma fazenda, poderá perceber alguns frutos do pé de manga. Contudo, não
poderá perceber todos os frutos e vender para uma fábrica de suco.
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
§1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver.
§2º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço
doméstico.

5.3.2 USAR
“Faculdade de usar a coisa, de acordo com as normas que regem o ordenamento jurídico (antigo ius utendi) – esse atributo
encontra limites na CF/1988, no CC/2002 (v.g., regras quanto à vizinhança) e em leis específicas, caso do Estatuto da Cidade (Lei
10.257/2001)”. 21

5.3.3 DISPOR
Faculdade de dispor da coisa (antigo ius disponendi), seja por atos inter vivos ou mortis causa – como atos de disposição podem
ser mencionados a compra e venda, a doação e o testamento. 22

ATOS MATERIAIS Abandono ou destruição.


ATO JURÍDICO Alienação (ex. compra e venda ou doação)

5.3.4 REIVINDICAR
“Direito de reivindicar a coisa contra quem injustamente a possua ou a detenha (ius vindicandi) – esse direito será exercido por
meio de ação petitória, fundada na propriedade, sendo a mais comum a ação reivindicatória, principal ação real fundada no
domínio (rei vindicatio). Nessa demanda, o autor deve provar o seu domínio, oferecendo prova da propriedade, com o respectivo
registro e descrevendo o imóvel com suas confrontações. A ação petitória não se confunde com as ações possessórias, sendo certo
que nestas últimas não se discute a propriedade do bem, mas a sua posse. Prevalece o entendimento de imprescritibilidade dessa
ação. O caput do art. 1.228 do CC possibilita expressamente que a ação reivindicatória seja proposta contra quem injustamente
possua ou detenha a coisa”. 23
O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente
a possua ou detenha, sendo a pretensão reivindicatória imprescritível, embora possa esbarrar na usucapião, que pode, inclusive,
ser alegada pelo possuidor em defesa. (certa) 2014 - DPE-PR
SÚMULA 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa.

21
(Tartuce, Vol. Único, p.833, 9ª ed.)
22
(Tartuce, Vol. Único, p.833, 9ª ed.)
23
(Tartuce, Vol. Único, p.833, 9ª ed.)
26
elaborado por @fredsmcezar
5.3.5 DAS DIFERENÇAS ENTRE OS JUÍZOS POSSESSÓRIO E PETITÓRIO
“É certo que, no direito pátrio, a posse e a propriedade não se confundem e possuem tratamentos jurídicos distintos, sendo a
primeira objeto de tutela pelas ações possessórias (interditos possessórios) e a segunda pelas ações petitórias (petitorium
iudicium).
Sendo a posse direito autônomo em relação à propriedade, merece ela tutela também autônoma, razão pela qual é indispensável
a separação entre o juízo possessório, em que debatido tão somente o direito de posse (ou seja, a garantia de obter proteção
jurídica ao fato da posse contra atentados praticados por terceiros – jus possessionis), do juízo petitório, em que a pretensão tem
por supedâneo o direito de propriedade e (ou)seus desdobramentos, dentre eles o direito à posse (jus possidendi).
Essa separação é imprescindível principalmente porque a posse não decorre necessariamente da propriedade, de modo que,
para a tutela jurisdicional ser integral, é preciso que o possuidor possa invocá-la para proteger a sua posse contra terceiros –
independentemente da discussão acerca da propriedade – e, em algumas situações, contra o próprio proprietário. Não por outro
motivo, não se discute o domínio na ação possessória e, na pendência desta, é vedada a propositura de ação petitória, isto é,
fundada na propriedade (art. 557 do CPC/2015).” (REsp n. 1.992.184/SP, 3ª Turma, DJe de 3/6/2022.)
Ex.: Tício, mediante ameaça, se apossou do terreno que era possuído por Caio de forma mansa, pacífica e com animus domini há
mais de 30 (trinta) anos. Caio, utilizando-se de sua própria força, e apenas dos meios indispensáveis, imediatamente ao esbulho
praticado por Tício, restituiu-se na posse, expulsando-o do terreno. Tício, então, ajuizou uma ação possessória contra Caio, alegando
ter sido possuidor do terreno antes da posse de Caio, por 4 (quatro) anos e possuir título de propriedade do terreno. Por fim, Tício
compareceu à delegacia de polícia, acusando Caio de ter praticado crime de exercício arbitrário das próprias razões. Acerca do caso
narrado, pode-se corretamente afirmar que a alegação de Tício de que é proprietário do terreno não poderia ser apresentada em
ação possessória, tendo em vista o acolhimento, pelo Código Civil, da absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.
(certa) VUNESP - 2022 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA

PETITÓRIAS (IUS POSSIDENDI) POSSESSÓRIAS (IUS POSSESSIONIS)

CAUSA DE PEDIR REMOTA VIOLAÇÃO DE POSSE CAUSA DE PEDIR REMOTA VIOLAÇÃO DE POSSE

CAUSA DE PEDIR PROXIMA Art. 1.228. CAUSA DE PEDIR PROXIMA Art. 1.210.

PEDIDO POSSE PEDIDO POSSE

CAUSA DE PEDIR PRÓXIMA: fundamento jurídico


CAUSA DE PEDIR REMOTA: fatos ou pelo conjunto de fatos narrados pelo autor.
• A ação em que o autor pleiteia a posse fundada no domínio tem natureza possessória PETITÓRIA. (errada) 2012 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
• O pleito de posse fundado no domínio tem natureza petitória em razão da causa de pedir. (certa) 2012 - PC-GO - Delegado de Polícia

“Com as ações possessórias, o legítimo possuidor pretende efetivar o seu direito de ser mantido ou restituído na posse, previsto
no art. 1.210 do CC, enquanto, com as ações petitórias, o proprietário pretende efetivar o seu direito de reaver a coisa do poder de
quem quer que injustamente a possua ou detenha, previsto no art. 1.228 do CC. Desse modo, em ambas as situações, o respectivo
legitimado ativo, ao final, objetiva, pelo menos no mundo dos fatos, a posse da coisa”. (REsp n. 1.992.184/SP, 3ª Turma, DJe de 3/6/2022.)
“As ações petitórias são baseadas na propriedade ou em outro direito real. Há diversas espécies de ações petitórias, as quais
dependerão da demonstração da existência da propriedade ou de outro direito real”.
• Segundo o STJ, o usufrutuário pode valer-se de ações possessórias contra o nu-proprietário e de ações de natureza petitória. (certa) CESPE -
2015 - DPE-RN

Pode ser identificada como REIVINDICATÓRIA a ação do proprietário não possuidor contra o possuidor não proprietário que
injustamente possua ou detenha a coisa. (certa) FCC - 2018 - PGE-AP
Ex.: João X, que se estabelecera em um terreno abandonado havia um (01) ano e nele construíra um casebre, foi surpreendido
com a citação para defender-se em ação de reintegração de posse, movida por José Y, que alegava e provava ter adquirido o imóvel,
conforme escritura de compra e venda devidamente registrada, três (03) anos atrás. A ação POSSESSÓRIA deverá ser julgada
IMPROCEDENTE, mas José Y NÃO FICARÁ INIBIDO DE AJUIZAR AÇÃO REIVINDICATÓRIA. (certa) FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
Diferentemente, no caso das ações possessórias o importante é comprovar que havia exercício da posse para que ela possa
ser protegida.
Em matéria de compromisso de compra e venda, admite-se o uso da ação reivindicatória por iniciativa de adquirente titular de compromisso de
compra e venda quitado e registrado. (certa) FCC - 2012 - PGE-SP
É possível ao usufrutuário propor ação reivindicatória para a defesa de seu usufruto vitalício? Sim, pois, na condição de titular de um direito
real limitado, dotado de direito de sequela, tem legitimidade e interesse processual. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
Compõem o direito de propriedade as faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de quem injustamente a possua, de
modo que, tendo-se como certo o conceito de posse injusta como aquela violenta, clandestina ou precária, não será possível obter
27
elaborado por @fredsmcezar
a posse por meio de reivindicatória se a pessoa que detém a coisa não o faz mediante qualquer dos mencionados vícios. (errada)
CESPE - 2009 - DPE-AL

“Posse injusta para efeito possessório é aquela que tem vícios de origem na violência, clandestinidade e precariedade. Mas para
ação reivindicatória, posse injusta é aquela sem causa jurídica que possa justificá-la”. (certa) 2017 - MPE-RS

5.4 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE


A atual Constituição Federal dispõe que a propriedade atenderá a sua função social (art. 5º, XXIII). Também determina que a
ordem econômica observará a função da propriedade, impondo freios à atividade empresarial (art. 170, III).”24
CF, art. 5º.

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]

III - função social da propriedade;


.
CC, art. 1.228. § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais,
o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2 º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção
de prejudicar outrem.
• O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com a sua finalidade social e econômica, observada a função ambiental da
propriedade. (certa) FCC - 2013 - DPE-SP
• Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceito de ordem pública, tal como o estabelecido pelo Código Civil para assegurar a função
social da propriedade. (certa) FCC - 2013 - DPE-SP
• Ainda que o proprietário tenha a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem quer que, injustamente,
a possua ou detenha, ele terá de respeitar, entre outros, o equilíbrio ambiental e os patrimônios históricos e artísticos, na forma e nos limites
estabelecidos pelas leis especiais respectivas. (certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem. Essa norma, prevista no Código Civil, diz respeito à vedação do abuso do direito, considerado ato ilícito pela
legislação civil, e interpreta-se em harmonia com o princípio da função social da propriedade. (certa) FCC - 2019 - MPE-MT
Os parâmetros são os seguintes, que devem estar presentes de forma simultânea: 25

Aproveitamento racional e adequado da propriedade.

Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.

Observância das disposições que regulam as relações de trabalho.

Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Configuram abuso do direito de propriedade os atos emulativos como também aquele que exerce o poder/dever de propriedade,
sem dar-lhe função social e econômica. (certa) 2018 - MPE-MS

5.4.1 DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA


Em hipóteses de descumprimento da função social da propriedade urbana, o art. 182, §4º, da CR/88, enumera as sanções
cabíveis. Essas sanções estão regulamentadas nos arts. 5º a 8º da Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade).
CF. art. 182 § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

24
(Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 119, 13ª ed.)
25
(Tartuce, Vol. Único, p. 833, 9ª ed.)
28
elaborado por @fredsmcezar
• O instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana previsto na CF é o plano diretor, obrigatório para cidades com
mais de 10 20 mil habitantes. (errada) CESPE - 2023 - MPE-PA

Ex.: O Município de Tombadinho, que possui 49 mil habitantes, edita lei específica que estabelece que, em delimitadas
áreas, o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, deve promover o seu adequado aproveitamento,
sob pena de parcelamento ou edificação compulsória. O instrumento de política urbana concretizado pela referida lei é o plano
diretor. (certa) FGV - 2021 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO
CF, art. 182, § 4º É facultado ao Poder Público MUNICIPAL, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: FCC - 2009 - DPE-MT / 2011 – MPDFT / 2011 - MPE-MG / FCC - 2011 - MPE-CE / 2012 - MPE-MT / CESPE - 2013 – AGU / 2013 - MPE-
MG / FCC - 2015 - DPE-MA / FCC - 2016 - PGE-MA / 2022 - DPE-PR /

• O Poder Público estadual MUNICIPAL é obrigado a exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento. (errada) 2018 - PGE-SC
• É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir do proprietário do solo urbano não
edificado, subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, nos termos da lei municipal FEDERAL. (errada) CESPE - 2023 -
MPE-PA

I - PARCELAMENTO OU EDIFICAÇÃO COMPULSÓRIOS;

II - IMPOSTO sobre a propriedade predial e territorial urbana PROGRESSIVO NO TEMPO;

III - DESAPROPRIAÇÃO com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo senado federal,
com prazo de resgate de até 10 (dez) anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e
os juros legais.
Ex.: O Município Beta, em matéria de política pública de desenvolvimento urbano, deseja adotar medidas que tenham por objetivo
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Assim, de acordo com
o que dispõe a Constituição da República de 1988, o Município Beta, com base no Estatuto da Cidade e em lei específica para área
incluída em seu plano diretor, pode exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de parcelamento ou edificação compulsórios; imposto sobre a
propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais. (certa) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
5.4.2 EDIFICAR / UTILIZAR / PARCELAR O SOLO URBANO (ART. 5º DO ESTATUTO DA CIDADE)
O proprietário pode ser compelido a edificar, utilizar ou parcelar o solo urbano.
Art. 5º. Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização
compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para
implementação da referida obrigação. VUNESP - 2013 - MPE-ES / 2016 - MPE-RS
§ 1º Considera-se subutilizado o imóvel:
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente;
II – (VETADO)
§ 2º O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser
averbada no cartório de registro de imóveis.
Art. 6º A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de
parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5º desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos.
• A edificação compulsória da propriedade urbana que não cumpria sua função social não se transfere ao novo adquirente do imóvel. (errada)
CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Nos casos de desatendimento da função social da propriedade em áreas urbanas com mais de vinte mil habitantes, a imposição de imposto
sobre a propriedade territorial urbana progressivo independe da existência de plano diretor, ao contrário do que ocorre com a edificação
compulsória e a desapropriação-sanção. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

João, proprietário de terreno no centro da cidade de Pouso Feliz, subutiliza-o, sem edificar ou parcelar, mantendo-o abandonado,
com vegetação aleatória, acúmulo de água, entre outras situações que deixam claro o não cumprimento do princípio da função
social. Nesse caso, a melhor conduta a ser tomada é o Município onde está localizado o terreno deverá intimar João a edificar,
parcelar ou utilizar o terreno, sob pena de estipulação de alíquotas progressivas de IPTU. (certa) FGV - 2022 - TJ-PE - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
5.4.3 IPTU PROGRESSIVO (ART. 7º DO ESTATUTO DA CIDADE)
Caso o proprietário não cumpra a função social conforme art. 5º (edificar, utilizar ou parcelar o solo urbano), o Poder Público
poderá estipular alíquotas progressivas do IPTU.
29
elaborado por @fredsmcezar
Art. 7º Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5º desta Lei, ou não sendo
cumpridas as etapas previstas no § 5º do art. 5º desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial
e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de 5 anos consecutivos.
FCC - 2011 - MPE-CE / FCC - 2015 - DPE-MA / 2022 - DPE-PR

A finalidade é constranger o proprietário inadimplente da função social a edificar, utilizar ou parcelar o solo urbano. Não há
finalidade arrecadatória.

5.4.4 DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO (ART. 8º DO ESTATUTO DA CIDADE)


A desapropriação será a primeira medida a ser tomada pelo Poder Público municipal quando identificar territórios que não
cumprem sua função social. (errada) 2013 - MPE-ES
Art. 8º Decorridos 5 anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento,
edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública.
FCC - 2011 - MPE-CE / FCC - 2015 - DPE-MA / 2022 - DPE-PR

§ 1º Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até 10 anos, em
prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano.
§ 2º O valor real da indenização:
I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder
Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2º do art. 5º desta Lei;
II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios.
§ 3º Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos.
§ 4º O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua
incorporação ao patrimônio público.
• A desapropriação-sanção, aplicada à propriedade urbana que não cumpra sua função social, tem por finalidade transferir permanentemente
o imóvel ao poder público. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

§ 5º O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a
terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório.
§ 6º Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5º as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou
utilização previstas no art. 5º desta Lei.
Ex.: Ao tratar da política urbana, a Constituição Federal institui a desapropriação por descumprimento da função social da
propriedade urbana, como sanção ao não aproveitamento adequado do solo urbano. Essa medida há de ser promovida pelo poder
público municipal, mediante lei específica para área incluída no Plano Diretor, após a aplicação do IPTU progressivo. (certa) 2013 - PC-GO
- DELEGADO DE POLÍCIA

Ao desapropriar, o Município terá que dar, necessariamente, um aproveitamento àquele imóvel em 05 anos , sob pena de
improbidade administrativa do agente público que promoveu a desapropriação, conforme art. 52, inc. II, do referido estatuto
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito
incorre em improbidade administrativa, nos termos da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, quando: [...]
II – deixar de proceder, no prazo de 5 anos, o adequado aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio público, conforme o
disposto no § 4º do art. 8º desta Lei; [...]

5.4.5 DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL


A Constituição Federal determina a desapropriação da propriedade rural que não cumpra sua função social. Segundo o artigo
186 da Carta Magna, a função social se cumpre pelo aproveitamento racional e adequado e pela preservação do meio ambiente,
requisitos necessários exigidos para a não desapropriação para fins de reforma agrária. (certa) 2013 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: CESPE - 2017 - MPE-RR / FCC - 2021 - DPE-GO / CESPE - 2022 - MPE-SE
I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

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elaborado por @fredsmcezar
Art. 184. Compete à UNIÃO desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo
sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. [...]
2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - MPE-SP / FCC - 2012 - MPE-AL / CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC - 2015 - TJ-GO - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO / 2015 - PGE-PR / FCC - 2016 - DPE-ES / CESPE - 2019 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2022 - DPE-PR / CESPE - 2022 - MPE-SE

• O Município, com finalidade de promover a reforma agrária, não tem competência para declarar de interesse social um imóvel rural situado
nos limites de sua circunscrição. (certa) 2012 - MPE-RS
• Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
dezVINTE anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (errada) 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Apenas a União Federal pode desapropriar para fins de reforma agrária. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de
desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender
ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º São isentas* de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins
de reforma agrária. *IMUNIDADE
CESPE - 2012 - TJ-PI - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2012 - TJ-GO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - MPE-MG /

• As operações de transferência de imóveis rurais desapropriados por interesse social para fins de reforma agrária são isentas apenas dos
impostos federais. (errada) CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A desapropriação para fins de reforma agrária isenta as operações de transferência do imóvel desapropriado de impostos federais, estaduais
e municipais. (certa) FCC - 2018 - DPE-MA

5.4.5.1 BENFEITORIAS ÚTEIS E NECESÁRIAS: INDENIZAÇÃO EM DINHEIRO


Tratando-se de desapropriação para fins de reforma agrária, a indenização das benfeitorias úteis e necessárias será prévia e em
dinheiro, ao passo que a das voluptuárias será paga em títulos da dívida agrária. (certa) CESPE - 2012 - TJ-CE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Art. 184, §1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. FCC - 2012 - TJ-GO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2015 - MPE-SP
5.4.5.2 PEQUENAS E MÉDIAS PROPRIEDADES RURAIS IMPRODUTIVAS
Ainda que improdutivas, a pequena e a média propriedades rurais, desde que sejam a única propriedade, não serão
desapropriadas para fins de reforma agrária, conforme art. 185, inc. I, da CR/88.
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim definida
em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
2009 - TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2012 – PGFN / CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO / FCC - 2018 - DPE-MA

• A pequena e a média propriedade rural, assim definidas em lei, mesmo que seu proprietário possua outra, são insuscetíveis de
desapropriação para fins de reforma agrária. (errada) 2022 - DPE-PR

A pequena e a média propriedades podem, contudo, ser desapropriadas sob outros fundamentos.
5.4.5.3 BENEFICIÁRIOS
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de
uso, inegociáveis pelo prazo de 10 anos. CESPE - 2012 - TJ-PA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2021 - MPDFT / CESPE - 2023 - MPE-PA
• Prevê a Constituição da República que os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou
de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de quinze DEZ anos. (errada) 2014 - MPE-SC

5.4.6 DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO / EXPROPRIAÇÃO


“A doutrina denomina este art. 243 de “desapropriação confiscatória” em virtude de não conferir ao proprietário direito à
indenização, como ocorre com as demais espécies de desapropriação. Outros autores preferem falar em "confisco".26
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a

26
https://www.dizerodireito.com.br/2017/01/expropriacao-por-cultivo-de-drogas-pode.html
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elaborado por @fredsmcezar
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,
observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (EC nº 81/2014)
CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC - 2009 - DPE-MT / FCC - 2014 - MPE-PA / FCC - 2014 - PGE-RN / FCC - 2015 - TJ-GO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FGV - 2021 - PC-RN - DELEGADO DE
POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO / CESPE - 2023 - MPE-AM

• O confisco decorrente da cultura ilegal de plantas psicotrópicas e pela exploração de trabalho escravo aplica-se somente às propriedades
rurais. (errada) FCC - 2016 - DPE-ES
.
▪ A expropriação irá recair sobre a totalidade do imóvel, ainda que o cultivo ilegal ou a utilização de trabalho escravo tenham
ocorrido em apenas parte dele. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 543974, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 26/03/2009.
▪ A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não
incorreu em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão
geral) (Info 851). 2019 - MPE-GO

A redação original do art. 243, caput, da CF determinava a imediata expropriação das glebas de qualquer região do país onde
fossem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas, impondo sua destinação ao assentamento de colonos e ao cultivo de
produtos alimentícios e de medicamentos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em
lei. A Emenda Constitucional (EC) n.º 81/2014 alterou a redação original do art. 243 da CF, incluindo a expropriação, para fins de
reforma agrária e de programas de habitação popular, das propriedades rurais e urbanas utilizadas para a exploração de trabalho
escravo, impondo o confisco a fundo especial de todo bem de valor econômico apreendido em decorrência da referida prática.
Entretanto, desde a edição da EC n.º 81/2014, ainda não foi editada lei federal que regulamente a nova redação do art. 243 da CF.
Por essa razão, o Ministério Público Federal ingressou, perante o STF, com ação direta de inconstitucionalidade por omissão. (certa)
CESPE - 2023 – AGU

5.4.7 DESAPROPRIAÇÃO PRIVADA


“O Código Civil de 2002 introduziu instituto jurídico inédito ao prever que o proprietário poderá ser privado de coisa imóvel,
desde que constitua área extensa e esteja na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável número de
pessoas que tenham nela realizado obras e serviços considerados pelo juiz de relevante interesse social e econômico”. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1. 228, § 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse
ininterrupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2011 - MPE-PR / 2011 - PGE-PR / 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC - 2017 - DPE-PR / 2022 - DPE-PR /

Art. 1. 228, § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá
a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
A figura jurídica tratada nos dispositivos acima diz respeito a desapropriação de natureza privada, sem previsão de necessária
ingerência do poder executivo. (certa) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Caso considerável número de pessoas venha a exercer posse de boa-fé sobre extensa área, por ao menos cinco anos, tendo ali realizado
obras ou serviços de caráter social ou econômico relevante, adquirirão a propriedade por usucapião coletiva, sendo que, em qualquer
hipótese, não haverá a necessidade de pagamento de indenização ao proprietário que for privado da área. (errada) 2011 - MPE-PR
• O proprietário pode ser privado da coisa em determinadas situações, como, por exemplo, por desapropriação judicial decorrente da posse-
trabalho, garantindo-lhe a justa indenização fixada pelo Juiz, sendo que, uma vez pago o preço, valerá a sentença como título para o registro
do imóvel em nome dos possuidores. (certa) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• A posse-trabalho pode gerar ao proprietário a privação da coisa reivindicada, se for exercida em extensa área por prazo ininterrupto de cinco
anos, mas o proprietário tem direito à fixação de justa indenização. (certa) FCC - 2016 - DPE-BA
• Foi ajuizada uma ação reivindicatória de uma extensa área urbana, de 20000 m², ocupada há 6 (seis) anos, de boa-fé, por 50 (cinquenta)
famílias, que a usam para moradia. Deverá a ação ser improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu
o imóvel, em razão da desapropriação judicial por interesse social, fixando a indenização devida, valendo a sentença como título para o
registro no cartório de registro de imóveis. (certa) VUNESP - 2018 - TJ-MT - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: José era proprietário de uma extensa área urbana não edificada, com mais de 50.000 m2. Essa área não era vigiada e nem
utilizada para qualquer finalidade. O imóvel foi ocupado, no mês de janeiro de 2010, por um considerável número de pessoas, que
construíram suas moradias. Os ocupantes, por sua própria conta, em mutirão, além de construírem suas casas, realizaram a abertura
de viários posteriormente reconhecidos pelo poder público municipal, bem como construíram espaços destinados a escolas e
creches que estão em pleno funcionamento. Cada moradia tem área superior a 350 m2. Em março de 2016, José ajuizou uma ação
reivindicatória que deverá ser julgada improcedente, tendo em vista que o juiz deverá declarar que o proprietário perdeu o imóvel
reivindicado, em razão das obras de interesse social realizadas pelos moradores, fixando a justa indenização devida ao proprietário;
pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. (certa) VUNESP - 2018 - TJ-RS - JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

32
elaborado por @fredsmcezar
Ex.: Acerca da propriedade e de suas formas de aquisição, aquele que reivindica extensa área de terras de sua propriedade,
atualmente ocupada por trinta famílias que ingressaram a nove anos no local, de boa-fé, em razão de um processo irregular de
loteamento, vindo a urbanizar a área com recursos próprios, pode vir a ser privado da coisa, desde que devidamente indenizado
pelos possuidores. (certa) FCC - 2012 - DPE-PR

Posse por 5 anos ininterruptos; Posse de boa-fé (os sujeitos ignoram os vícios);

Posse exercida sobre extensa área; Posse exercida por um considerável número de pessoas;

Realização de obras de interesse social e econômico relevante.

5.4.7.1 ENUNCIADO 236 DO CJF


III JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 236: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade
desprovida de personalidade jurídica.
5.4.7.2 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA
IV JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 310: Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 1.228, §
4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório.
5.4.7.3 QUEM DEVE PAGAR A INDENIZAÇÃO?
I JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 84: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228,
§§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento
da indenização.

IV JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 308: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial
(art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana
ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e DESDE QUE tenha havido intervenção daquela nos termos da lei
processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
5.4.7.4 JUSTA INDENIZAÇÃO
III JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 240: A justa indenização a que alude o § 5º do art. 1.228 não tem como critério
valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros compensatórios.
5.4.7.5 REGISTRO DA SENTENÇA
III JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 241: O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da
propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, § 5º), É CONDICIONADA AO PAGAMENTO
da RESPECTIVA INDENIZAÇÃO, cujo prazo será fixado pelo juiz.
Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito
correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores. (IV JORNADA
DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 311)
5.4.7.6 PRETENSÃO AUTÔNOMA
V JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 496: O conteúdo do art. 1.228, §§ 4º e 5º, pode ser objeto de ação autônoma, não se
restringindo à defesa em pretensões reivindicatórias.
Bruno Zampier: “Contudo, do ponto de vista estratégico, é muito melhor para o grupo aguardar o preenchimento dos requisitos
da usucapião e não pagar qualquer indenização”.
5.4.7.7 IMÓVEL PÚBLICO
I JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 83: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as
disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.

IV JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 304: São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às
ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil,
no que concerne às demais classificações dos bens públicos.
Logo, hoje a DOUTRINA entende que as disposições dos §§4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil (desapropriação judicial indireta)
são aplicáveis aos bens públicos dominicais, não se aplicando aos bens de uso comum do povo nem aos bens de uso especial.

33
elaborado por @fredsmcezar
5.5 PROPRIEDADE RESOLÚVEL
A propriedade terá caráter resolúvel quando houver, no título de sua constituição, cláusula, condição ou termo que preveja as
possibilidades de sua extinção, de modo que, resolvida a propriedade, a sua extinção ocorre retroativamente, produzindo efeitos ex
tunc. (certa) CESPE - 2013 - STM - JUIZ-AUDITOR SUBSTITUTO
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os
direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do
poder de quem a possua ou detenha.
2010 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FCC - 2011 - DPE-RS / 2012 - TJ-PR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Em regra, o imóvel sujeito ao domínio resolúvel pode ser hipotecado. (certa) FCC - 2012 - PROCURADOR MUNICIPAL

• O proprietário resolúvel pode conceder o bem em hipoteca, não lhe sendo vedado onerar a coisa; no entanto, verificado o evento futuro e
incerto, o ônus real subsistirá, gravando-se a coisa. CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à
sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele
cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.
“Três hipóteses são comumente citadas para exemplificar a revogação da propriedade: a revogação da doação por
descumprimento do encargo (art. 555 do CC), por ingratidão do donatário (art. 557 do CC) e o descumprimento do
encargo pelo legatário (art. 1.938 do CC). Em todas essas situações, o evento revocatório da propriedade somente
acontece após a constituição do direito real, decorrendo desse fato a impossibilidade de a revogação retroagir. Não podendo
reivindicar a propriedade das mãos do terceiro adquirente de boa-fé, restará à pessoa beneficiada pelo evento que
revogou o direito de propriedade pleitear o equivalente em dinheiro acrescido de perdas e danos, conforme o caso. No que tange
à revogação da doação por ingratidão do donatário, a doutrina é unânime com relação à vedação de efeito retroativo, mesmo
porque a lei assim determina no art. 563 do Código Civil: “A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos
por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores,
e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio-termo do seu valor”.27
V JORNADA DE DIREITO CIVIL - ENUNCIADO 509: A resolução da propriedade, quando determinada por causa originária, prevista
no título, opera ex tunc e erga omnes; se decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes.

5.5.1 ALGUNS EXEMPLOS

Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA escopo de garantia, transfere ao credor. (art. 1.361)
CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO / FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ / 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte,
a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua
FIDEICOMISSO morte, a certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de
fideicomissário. (art. 1.951)
2009 – MPDFT / 2012 - PGE-SC / 2014 - MPE-SC / CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2018 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
SUBSTITUTO /

O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao
DOAÇÃO COM CLÁUSULA DE donatário. (art. 547)
REVERSÃO 2011 – MPDFT / 2011 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / VUNESP - 2012 - TJ-RJ – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL / 2013 – MPDFT / 2023 - MPE-RR

O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de


decadência de 3 anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do
RETROVENDA comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. (art. 505)
2011 – MPDFT / 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA / 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - MPE-MG / FCC - 2014 - PGE-RN / CESPE
- 2016 - TJ-AM - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2017 - PGE-SE / CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO /

Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço
esteja integralmente pago. (art. 521)
DA VENDA COM RESERVA
DE DOMÍNIO “O comprador recebe a mera posse direta do bem, mas a propriedade do vendedor é
resolúvel, eis que o primeiro poderá adquirir a propriedade com o pagamento integral
do preço”. (Tartuce, 1.214)

27
Código Civil comentado (2021), p. 2905, 3ª ed., editora Gen.
34
elaborado por @fredsmcezar
A propriedade pode ser resolvida pelo implemento da condição ou pelo advento de termo. Assim, no caso de doação com
cláusula de reversão, como regra geral, a resolução da propriedade tem efeitos ex nunc EX TUNC. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

O fideicomisso, a propriedade fiduciária e a doação com cláusula de reversão são casos de propriedade resolúvel, que produz
efeitos ex tunc. (certa) 2017 - MPE-RS
Ex.: Caio realizou a doação de um bem para Fernando. No contrato celebrado entre ambos, consta cláusula que determina que
o bem doado volte para o patrimônio do doador se ele sobreviver ao donatário. Nessa situação, a cláusula é nula VÁLIDA, pois o
direito brasileiro não admite a denominada propriedade resolúvel. (errada) CESPE - 2017 - PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO.
• O direito de superfície importa uma concessão temporária, mas isso não implica uma propriedade resolúvel. (errada) FCC - 2010 - TJ-MS - JUIZ

• Na venda de coisa móvel, o vendedor pode reservar para si a propriedade da coisa até que o preço esteja integralmente pago; nesse caso,
embora se transfira a posse direta da coisa alienada, a transferência da propriedade ao comprador ocorrerá no momento em que o preço estiver
integralmente pago, respondendo o comprador pelos riscos da coisa, a partir do momento em que esta lhe seja entregue . (certa) CESPE - 2012 -
DPE-SE

5.5.2 DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA


Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com ESCOPO DE GARANTIA,
transfere ao credor.
“Comparando-se as garantias decorrentes da alienação fiduciária de bem imóvel e da hipoteca, pode-se afirmar que, na alienação
fiduciária, o fiduciante transfere a propriedade resolúvel ao fiduciário, enquanto na hipoteca a propriedade não é transferida ao
credor, mas apenas sujeita o imóvel por vínculo real ao cumprimento da obrigação, atribuindo ao credor título de preferência e
direito de sequela.” (certa) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO
• Qualquer bem móvel por natureza, durável e consumível, pode ser objeto do contrato de alienação fiduciária. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

• Não há óbice à efetivação da penhora do bem alienado fiduciariamente por dívidas do devedor fiduciante. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO -
JUIZ FEDERA

• Na alienação fiduciária em garantia, o fiduciante transfere ao fiduciário a propriedade resolúvel do bem oferecido em garantia. (certa) FCC - 2014
- TJ-AP – JUIZ

• Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel fungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. (errada)
FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O bem alienado fiduciariamente está sob o domínio do credor, enquanto o devedor fica somente com a sua posse. (certa) FCC - 2022 - DPE-CE

• A alienação fiduciária constitui espécie de garantia pessoal REAL


de uma dívida ou crédito decorrente do financiamento de um bem móvel ou
imóvel. (errada) FCC - 2022 - DPE-CE
• Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a proteção ao bem de família não se aplica quanto ao inadimplemento de parcelas de um contrato
de financiamento de um imóvel dado em alienação fiduciária do utilizado para fins de moradia familiar. (certa) FCC - 2022 - DPE-CE
• De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a teoria do adimplemento substancial não é prevista expressamente em lei
e decorre de interpretação extensiva de dispositivos do Código Civil, de modo que não pode se sobrepor à lei especial que rege a alienação
fiduciária, por violação à regra de que lei especial prevalece sobre lei geral. (certa) FCC - 2022 - DPE-CE

§ 1º Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe
serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de VEÍCULOS, na repartição
competente para o licenciamento, fazendo-se anotação no certificado de registro. CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• No caso de veículos, a propriedade fiduciária só se constitui após o registro do contrato na repartição competente para o licenciamento,
procedendo-se à anotação no certificado de registro. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
.
SÚMULA 92 STJ: A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no Certificado de Registro do veículo
automotor. CESPE - 2010 - MPE-RO / CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
A propriedade fiduciária constitui-se mediante negócio jurídico de disposição condicional porquanto o domínio da coisa móvel
ou imóvel cessa em favor do fiduciário FIDUCIANTE uma vez verificado o implemento da condição resolutiva. Segundo entendimento
do STJ, em se tratando de veículo, para formalização do pacto a exigência de registro em cartório não é requisito de validade do
negócio jurídico. (errada) 2011 – MPDFT
O registro em cartório do contrato de alienação fiduciária não é um requisito de validade. Contudo, uma vez registrado terá
eficácia erga omnes
§ 2º Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da
coisa.

35
elaborado por @fredsmcezar
• O credor fiduciário adquire o direito de propriedade resolúvel e a posse indireta do bem. (certa) FCC - 2010 - DPE-SP

• O devedor fiduciante pode valer-se das ações possessórias contra terceiros, mas não manejá-las contra o credor fiduciário em razão de ser
eventual o direito. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL - art. 1.197 CC
• Na alienação fiduciária de bem imóvel, o fiduciário é titular da propriedade e o fiduciante é pleno possuidor do imóvel. (errada) VUNESP - 2015 -
TJ-MS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 3º A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a transferência da propriedade
fiduciária.
Ex.: Se José dá em garantia um imóvel que ainda não lhe pertence, esse contrato é inicialmente anulável. Contudo, caso José
se torne proprietário (herdou o imóvel que deu em garantia), haverá convalidação desde ato de transferência com efeitos ex tunc.
• De acordo com a legislação civil, somente quem puder alienar poderá também empenhar, hipotecar ou dar em anticrese, sendo, portanto,
ineficazes as garantias reais estabelecidas por qualquer um que não seja dono, ainda que adquira supervenientemente a propriedade dos
bens oferecidos. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ
• A garantia real constituída por quem não é dono é ineficaz em relação ao proprietário. A posterior aquisição do bem, no entanto, a torna
eficaz, desde o registro. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A constituição de penhor sobre coisa móvel exige do proprietário a capacidade de aliená-lo. A aquisição superveniente da propriedade não
torna eficaz a garantia real outorgada por quem não era proprietário do bem gravado pelo penhor. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo
obrigado, como depositário:
I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza;
II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento.
• Constituída a propriedade fiduciária, o devedor não pode usar a coisa, que permanece em sua posse a título de depósito, até o vencimento
da dívida. (errada) FCC - 2014 - PROCURADOR MUNICIPAL

O STJ exige que o devedor seja comunicado previamente das condições da alienação, para que possa defender seus interesses
(STJ, REsp 327.291/RS, 2001). Ainda,
o devedor pode exigir contas do credor. (STJ, Resp 67.295/GG, 1996).
Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o
devedor obrigado pelo restante.

Art. 1.368. O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de pleno direito no crédito e na propriedade
fiduciária.
• Ao terceiro não interessado que pagar a dívida garantida é permitido sub-rogar-se no crédito, tendo os privilégios do credor originário. (certa)
CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O terceiro que pagar a dívida, mesmo que não interessado, se sub-rogará no crédito e na propriedade fiduciária. (certa) FCC - 2014 - PROCURADOR
MUNICIPAL
• O terceiro interessado que pagar a dívida se sub-rogará de pleno direito no crédito, mas não se sub-rogará na propriedade fiduciária. (errada)
FAURGS - 2022 - TJ-RS - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu
cessionário ou sucessor. (Lei nº 13.043/2014)
Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da garantia, mediante
consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a
responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros
encargos, tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir da data em que vier a ser imitido na posse direta
do bem. (Lei nº 13.043/2014)

5.5.3 CLÁUSULA COMISSÓRIA


Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga
no vencimento. 2011 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• No sistema de alienação fiduciária de imóveis, doutrina e jurisprudência dominantes consideram legítima a cláusula que autoriza o credor a
ficar com bem o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. (errada) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O credor fiduciário se transformará em proprietário do bem em caso de inadimplemento absoluto da dívida. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

• Desde que haja previsão expressa, o proprietário fiduciário pode ficar com a coisa alienada em garantia se a dívida não for paga no
vencimento. (errada) FCC - 2014 – PGM

36
elaborado por @fredsmcezar
• Na alienação fiduciária em garantia, o fiduciário automaticamente adquire a propriedade plena do bem oferecido em garantia, se a dívida não
for paga no vencimento. (errada) FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O contrato celebrado pelas partes que tenha por objeto a constituição da propriedade fiduciária poderá conter cláusula que autorize o
proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, caso a dívida não seja paga no vencimento. (errada) CESPE - 2015 - DPE-RN
• Um devedor pretende transferir a seu credor, a título de garantia, a propriedade resolúvel de determinado bem móvel infungível. Nessa
situação, o credor poderá manter a coisa caso haja inadimplemento absoluto. (errada) CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

5.5.3.1 DAÇÃO EM PAGAMENTO


Art. 1.365. Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida,
após o vencimento desta.
Um devedor pretende transferir a seu credor, a título de garantia, a propriedade resolúvel de determinado bem móvel infungível.
Nessa situação, o devedor poderá ceder o direito eventual que advém do contrato. (certa) CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• A cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento, é nula, mas
o devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta. (certa) 2012
- TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O credor fiduciário se transformará em proprietário do bem em caso de inadimplemento absoluto da dívida. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

“Por fim, merece registro que é cabível a dação em pagamento como mecanismo de extinção da obrigação, pois no estágio
pós-i-nadimplemento, credor e devedor já reúnem condições de saber o montante da dívida e o valor do bem e daí averiguar se
é conveniente ou não a movimentação do aparelho judicial para resolver o conflito ou se é melhor extinguir a obrigação pela entrega
do bem dado em garantia”. 28

28
Código Civil comentado (2021), p. 2939, 3ª ed., editora Gen.
37
elaborado por @fredsmcezar
6. FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

• ILHAS
• ALUVIÃO
ACESSÃO • AVULSÃO
FORMAS DE ORIGINÁRIAS • ÁLVEO ABANDONADO
AQUISIÇÃO DA • PLANTAÇÕES; CONSTRUÇÕES
PROPRIEDADE
IMÓVEL USUCAPIÃO

REGISTRO DO TÍTULO
DERIVADAS
SUCESSÃO HEREDITÁRIA

“Na prática, a distinção entre as formas originárias e derivadas é importante. Isso porque nas formas originárias a pessoa que
adquire a propriedade o faz sem que esta tenha as características anteriores, do anterior proprietário. De forma didática, afirma-se
que a propriedade começa do zero, ou seja, é “resetada”. É o que ocorre na usucapião, por exemplo. Por outra via, nas formas
derivadas, há um sentido de continuidade da propriedade anterior, como ocorre na compra e venda.”29
A propriedade imóvel se realiza independentemente de ato translativo do possuidor precedente, se a aquisição não se der pelo
modo derivado. (certa) 2010 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente
tenha gravado o referido bem. (certa) 2018 - MPE-MS
• Na aquisição originária, o adquirente assume o domínio em lugar do transmitente e nas condições em que a propriedade mobiliária ou
imobiliária se encontrava. (errada) 2010 - MPE-SC

JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ - EDIÇÃO N. 133: DO DIREITO DAS COISAS


8) A usucapião é forma de aquisição originária da propriedade, de modo que não permanecem os ônus reais que gravavam o
imóvel antes da sua declaração.

Usucapião é modalidade de aquisição originária da propriedade, diante da qual não são oponíveis restrições anteriores sobre o
imóvel. (STJ. 3ª. 02.2016).

6.1 ACESSÕES NATURAIS E ARTIFICIAS


A acessão é uma forma de aquisição de bens imóveis (arts. 1.248-1.259, do CC/2002). Há uma clássica divisão: NATURAL x
ARTIFICIAL
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
NATURAL ARTIFICIAL
I - POR FORMAÇÃO DE ILHAS; V - POR PLANTAÇÕES OU CONSTRUÇÕES.
II - POR ALUVIÃO;
III - POR AVULSÃO;
IV - POR ABANDONO DE ÁLVEO;

São formas de aquisição da propriedade imóvel por acessão: formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo e
plantações ou construções. (certa) 2014 - MPE-MA

6.1.1 DA FORMAÇÃO DE ILHAS


Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros,
observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as
margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais; 2014 - MPE-MA

29
(Tartuce, Vol. Único, p. 856, 9ª ed.)
38
elaborado por @fredsmcezar
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros
desse mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à
custa dos quais se constituíram. 2014 - MPE-MA

• As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, mesmo se o rio for
público; (errada) 2011 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

CÓDIGO DE ÁGUAS, art. 23. As ilhas ou ilhotas, que se formarem no álveo de uma corrente, pertencem ao domínio público, no caso
das águas públicas, e ao domínio particular, no caso das águas comuns ou particulares.

39
elaborado por @fredsmcezar
6.1.2 ALUVIÃO
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e IMPERCEPTIVELMENTE, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens
das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. FUNDEP - 2021 - MPE-
MG

• A aluvião, mesmo sendo fenômeno da natureza, obriga o favorecido a pagar indenização ao prejudicado, ante a vedação do enriquecimento
sem causa. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• Adquire-se propriedade por avulsão ALUVIÃO em decorrência de acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros
naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas desta. (errada) 2019 - MPE-SP
• O aumento que o rio acresce às terras de modo vagaroso recebe o nome de aluvião, e estes acréscimos pertencem aos donos dos terrenos
marginais, mediante indenização. (errada) 2019 - MPE-SP

Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na
proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.

6.1.2.1 ALUVIÃO PRÓPRIA x IMPRÓPRIA30


ALUVIÃO PRÓPRIA ALUVIÃO IMPRÓPRIA

“É o acréscimo paulatino de terras às margens de um “As partes descobertas pelo afastamento das águas de um curso são
curso de água, de forma lenta e imperceptível. São assim denominadas, hipótese em que a água vai, ou seja, do rio que
depósitos naturais ou desvios das águas. Esses vai embora.
acréscimos pertencem aos donos do terreno marginal. Na
Ex.: O proprietário percebe que adquiriu propriedade pois o rio que
aluvião própria a terra vem.”
fazia frente do seu rancho recuou.”
“Ex.: O proprietário “A” tem um rancho à beira de um rio.
Aos poucos sua propriedade vai aumentando, pois o
movimento dás águas traz terra para sua margem.”

30
(Tartuce, Vol. Único, p. 861, 9ª ed.)
40
elaborado por @fredsmcezar
6.1.3 AVULSÃO
Art. 1.251. Quando, por força natural VIOLENTA, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste
adquirirá a propriedade do acréscimo: FUNDEP - 2021 - MPE-MG / FCC - 2021 - DPE-AM / CESPE - 2023 - AGU

se indenizar o dono do primeiro


ou, sem indenização, se, em 1 (um) ano, ninguém houver reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer
a que se remova a parte acrescida.

• Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade
do acréscimo somente se indenizar o dono do primeiro. (errada) 2012 - PGE-SC
• Caracteriza-se a forma de aquisição denominada aluvião AVULSÃO quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destaca de um
prédio e se junta a outro, e o dono deste adquire a propriedade do acréscimo mediante indenização ao dono do primeiro, ou, sem indenização,
após dois anos, se ninguém a houver reclamado. (errada) CESPE - 2012 - DPE-RO
• Avulsão é o modo de aquisição da propriedade por acessão e se dá pelo deslocamento brusco, por força natural violenta, que destaca uma
porção de terra de um prédio e o acrescenta a outro, importando, por força maior, o acréscimo ao patrimônio do proprietário do prédio
acrescido, de imediato e independentemente de indenização. (errada) FMP - 2015 - DPE-PA
• Adquire-se a propriedade imóvel, como forma originária, em razão de aluvião AVULSÃO quando, por força natural violenta, uma porção de terra
se destacar de um imóvel e se juntar a outro, cabendo ao dono do imóvel que perdeu a porção de terra escolher entre pleitear indenização
ou a remoção da parte acrescida ao outro imóvel. (errada) CESPE - 2013 - STM - JUIZ-AUDITOR SUBSTITUTO
• Ao deslocamento de uma porção de terra, por força natural violenta, desprendendo-se de um prédio para se juntar a outro, dá-se o nome de
avulsão. (certa) 2017 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

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elaborado por @fredsmcezar
6.1.4 ÁLVEO ABANDONADO
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem
até o meio do álveo.

• A acessão natural por abandono de álveo de uma corrente ocorre quando um rio seca ou se desvia em decorrência de um fenômeno da
natureza; (certa) 2011 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• Adquire-se a propriedade por abandono de álveo quando houver acréscimo de terras às margens de um rio, provocado pelo desvio de águas
por força natural violenta, desde que sejam indenizados os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso. (errada) 2019 - MPE-SP

6.1.4.1 CÓDIGO DE ÁGUAS


Art. 9º Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o sólo natural e ordinariamente enxuto.

Art. 10. O álveo será público de uso comum, ou dominical, conforme a propriedade das respectivas águas; e será particular no
caso das águas comuns ou das águas particulares.

§ 1º Na hipótese de uma corrente que sirva de divisa entre diversos proprietários, o direito de cada um deles se estende a todo o
comprimento de sua testada até a linha que divide o álveo ao meio.

§ 2º Na hipótese de um lago ou lagoa nas mesmas condições, o direito de cada proprietário estender-se-á desde a margem até a
linha ou ponto mais conveniente para divisão equitativa das águas, na extensão da testada de cada quinhoeiro, linha ou ponto
locados, de preferência, segundo o próprio uso dos ribeirinhos.
Ex.: Dez anos atrás o Município de São Paulo realizou obra que acabou por definir novo traçado ao rio Tietê, cujas águas
abandonaram parte do antigo leito e passaram a correr em outra região. Com o desvio do rio e consequentemente esvaziamento
das águas, a “Sociedade Especial Veículos e Peças Ltda” que era proprietária de terreno localizado às margens do antigo traçado
do rio Tietê, tomou posse da área do álveo descoberto que ficava no limite de sua testada, totalizando 791,5 m2. Dois sujeitos se
insurgiram contra tal ocupação: a) o dono do imóvel ribeirinho localizado na mesma direção da Sociedade, mas na outra margem;
b) o Município de São Paulo. A propriedade do álveo abandonado é do Município. (certa) 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Art. 27. Se a mudança da corrente se fez por utilidade pública, o prédio ocupado pelo novo álveo deve ser indenizado, e o álveo
abandonado passa a pertencer ao expropriante para que se compense da despesa feita.

NÃO OCORRERÁ ACESSÃO SE O LEITO DO RIO FOR DESVIADO POR ATIVIDADE HUMANA E NÃO POR FORÇA DA NATUREZA.
Ementa: Processo Civil. Agravo no Recurso Especial. Ação de divisão. Desvio do curso do rio. Utilidade pública. Álveo abandonado.
Propriedade do Estado. Código de Águas, art. 27. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. (...) Se o rio teve seu curso alterado por ingerência
do Poder Público, e não por fato exclusivo da natureza, pertence ao expropriante a fração de terra correspondente ao álveo
abandonado (...) [STJ, 3ªT, AgRg no REsp 431698/SP, 30/09/02]

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6.1.5 AS PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se
prove o contrário.
• A construção existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, mas esta presunção é relativa; (certa) 2013 - MPE-PR

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a
propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
• A presunção relativa de que pertence ao proprietário a construção ou plantação feita em seu terreno opera em seu favor no caso da utilização
de materiais ou sementes alheias, embora, provada a utilização de bens alheios por tal proprietário, sejam devidos reposição patrimonial e
até perdas e danos, estes condicionados à prova da má-fé do referido proprietário. (certa) CESPE - 2009 - AGU

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
• Presume-se, até que se prove o contrário, que as construções ou plantações existentes na propriedade sejam feitas pelo proprietário e às
suas expensas. Entretanto, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio, ainda que tenha procedido de boa-fé, perde, em proveito
do proprietário, as sementes, plantas e construções. (errada) CESPE - 2012 - DPE-SE
• Terá direito a indenização, se agiu de boa-fé, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio. (certa) FUNDEP - 2014 - DPE-MG

• A acessão artificial configura modo de aquisição originária da propriedade imóvel, razão pela qual não é devida indenização ao possuidor que
tenha semeado e plantado, ainda que de boa-fé, em terreno alheio. (errada) CESPE - 2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Em se tratando da regra geral das construções e plantações estabelecidas no nosso Código Civil Brasileiro, aquele que semeia, planta ou
edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções, mas tem direito à indenização, caso tenha
procedido de boa-fé. (certa) CESPE - 2022 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o
valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem
impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de
boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida,
quando não puder havê-la do plantador ou construtor.

6.1.6 CONSTRUÇÃO EM SOLO PRÓPRIO QUE INVADE SOLO ALHEIO EM ATÉ 1/20
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte
deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
• O construtor de má-fé em zona lindeira, que exceder a vigésima parte do solo alheio, é obrigado a demolir a construção, indenizando a
desvalorização da área perdida. (errada) 2011 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA
• Caso o invasor de solo alheio esteja de boa-fé e a área invadida exceda a vigésima parte do solo invadido, o invasor poderá adquirir a
propriedade da parte invadida, mas deverá responder por perdas e danos, abrangendo os limites dos danos tanto o valor que a invasão
acrescer à construção quanto o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente. (certa) CESPE - 2012 - DPE-SE

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da
parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa
parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da
parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área
perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas
e danos apurados, que serão devidos em dobro.

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7. USUCAPIÃO
A usucapião é uma forma de aquisição originária e, ao mesmo tempo, uma forma de perda. Sendo aquisição originária não
haverá pagamento de ITBI. Conforme art. 1.241 CC, o possuidor será considerado proprietário desde o momento em que preencher
os requisitos da usucapião. Logo, a sentença de usucapião é declaratória.
• A usucapião não é forma de aquisição de propriedade móvel. (errada) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• A decisão judicial que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião, a despeito dos efeitos ex tunc, não prevalece
sobre a hipoteca judicial que tenha anteriormente gravado o bem. (errada) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: Imagine que uma pessoa completou os requisitos em 2000, mas apenas ajuizou a demanda em 2020. Haverá uma eficácia
ex tunc (retroativa) da declaração de aquisição da usucapião. A pessoa se torna proprietária desde o momento em que preenche
os requisitos da usucapião, independentemente do momento de declaração judicial daquela aquisição;

7.1 FORMA ORIGINIÁRIA DE AQUISIÇÃO


• Usucapião é uma forma derivada de aquisição de bem imóvel. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• A aquisição de imóvel por usucapião constitui exceção ao princípio da continuidade dos registros públicos, uma vez que corresponde a forma
originária de aquisição da propriedade, caracterizada pela transferência do bem sem os vícios anteriores, permanecendo apenas os gravames
que sobre ele já existiam. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Por ser a usucapião forma de aquisição originária, dispensa-se o recolhimento do imposto de transmissão quando do registro da sentença,
não obstante os direitos reais limitados e eventuais defeitos que gravam ou viciam a propriedade serem transmitidos ao usucapiente. (errada)
CESPE - 2014 - MPE-AC

• A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião não desconstitui hipoteca judicial que tenha gravado
anteriormente o referido bem, onerando o novo proprietário. (errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• A usucapião é modo originário de aquisição da propriedade, em razão da posse prolongada e qualificada por requisitos estabelecidos em lei.
(certa) 2016 - MPE-RS

• A prescrição aquisitiva – usucapião –, não poderá ser reconhecida se houver gravame hipotecário, ou outro direito real que importe em
garantia, sobre o imóvel em que se exerce a posse ad usucapionem. (errada) VUNESP - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL
• A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião prevalece sobre a hipoteca que anteriormente tenha
gravado o referido bem. (certa) VUNESP - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL

A decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião prevalece sobre a hipoteca judicial que
anteriormente tenha gravado o referido bem. DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 620610-DF, 3/9/2013 (Info 527).

7.2 NATUREZA DA SENTENÇA: DECLARATÓRIA


A sentença que declara a usucapião é meramente declaratória, segundo a doutrina majoritária. (certa) 2009 - DPE-MG
• É forma originária de aquisição da propriedade, que se obtém mediante sentença judicial de natureza constitutiva. (errada) FCC - 2009 - MPE-CE
• Segundo a orientação do Superior Tribunal de Justiça, a usucapião é modo de aquisição originária da propriedade imóvel, tendo a sentença
judicial que a reconhece natureza constitutiva do domínio. (errada) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• De acordo com o que estabelece o Código Civil, o registro da sentença de usucapião e do formal de partilha são fatos aquisitivos do domínio.
(errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A sentença declaratória de usucapião não serve de título para registro no Cartório de Registro de Imóveis. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS

• A sentença que reconhece a usucapião tem natureza constitutiva. (errada) CESPE - 2016 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

7.3 PROCEDIMENTO
O procedimento é especial e a sentença tem natureza constitutiva. (errada) VUNESP - 2017 - DPE-RO / CESPE - 2016 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO

7.4 REQUISITOS
Envolvem o possuidor que quer usucapir e o proprietário que irá perder a propriedade pela posse qualificada
PESSOAIS
de outrem.
Referem-se ao objeto da usucapião (analisa-se que tipo de bem se pretende usucapir). Ex.: é aqui que há a
REAIS
discussão sobre a possibilidade de usucapião ou não de bens públicos.
Variam conforme cada modalidade de usucapião. Ex.: metragem do imóvel na usucapião rural, existência de
FORMAIS
outros bens em nome do possuidor, finalidade da utilização (com ou sem função social da posse).
Em qualquer das hipóteses de usucapião previstas no Código Civil, exige-se a posse de boa-fé e justo título. (errada) CESPE - 2013 -
TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A coletividade desprovida de personalidade jurídica também pode ser possuidora. (certa) CESPE - 2012 - MPE-RR

• Nas ações de usucapião em que a ré e proprietária do imóvel seja falida, a competência deve ser atribuída ao juízo universal, em detrimento
do foro de situação da coisa. (certa) 2016 - DPE-MT
44
elaborado por @fredsmcezar
7.5 POSSE AD USUCAPIONEM
“A posse ad usucapionem é aquela que se exerce com intenção de dono - cum animo domini. Este requisito psíquico de tal
maneira se integra na posse, que adquire tônus de essencialidade. De início, afasta-se a mera detenção, pois, conforme visto acima
não se confunde ela com a posse, uma vez que lhe falta a vontade de tê-la. E exclui, igualmente, toda posse que não se faça
acompanhar a intenção de ter a coisa para si - animus rem sibi habendi, como por exemplo a posse direta do locatário, do
usufrutuário, do credor pignoratício, que, tendo embora o ius possidendi, que os habilita a invocar os interditos para defesa de sua
situação de possuidores contra terceiros e até contra o possuidor indireto (proprietário), não têm nem podem ter a faculdade de
usucapir. E é óbvio, pois aquele que possui com base num título que o obriga a restituir desfruta de uma situação incompatível com
a aquisição da coisa para si mesmo. Completando-lhe a qualificação é que se impõe o requisito anímico, que reside na intenção de
dono: possuir cum animo domini.”31
• A posse ad interdicta é aquela que conduz à usucapião e que, quando molestada, pode ser defendida pelas ações possessórias. (errada) CESPE
- 2014 - PGE-PI

Ex.: Augusto, em fevereiro de 1992, alugou de Breno imóvel urbano para fins residenciais, pelo prazo de trinta meses, tendo
sido prorrogado automaticamente o contrato até o falecimento do locador Breno, em junho de 1996, sendo este o último mês de
pagamento do aluguel. Em agosto de 2020, o espólio de Breno ajuizou ação de despejo cumulada com cobrança em face de Augusto.
O juiz determina a citação e, na forma da lei, faculta ao réu a purga da mora a fim de evitar o desalijo forçado. Augusto contesta,
alegando que houve a interversão do caráter da posse e que teria adquirido o imóvel anteriormente locado por usucapião. Nesse
contexto, é correto afirmar que a usucapião poderá ser reconhecida em favor do locatário se este provar ato exterior e inequívoco
de oposição ao locador, tendo por efeito a caracterização do animus domini. (certa) FGV - 2021 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO
A modificação da posse, pela denominada “interversio possessionis”, ocorre quando uma posse exercida licitamente de forma
inicial, vem a ter modificada a sua natureza, se o possuidor direto manifestar oposição inequívoca ao possuidor indireto, tendo por
efeito a caracterização do animus dominum. (certa) FCC - 2017 - DPE-SC

7.6 TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA


O termo inicial da prescrição aquisitiva é o do exercício da posse ad usucapionem, não da ciência do titular do imóvel da
violação ao seu direito de propriedade, ainda que constatada somente após ação demarcatória, devendo ser afastada a aplicação da
teoria da actio nata em seu viés subjetivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.837.425-PR, 13/6/2023 (Info 779).

7.7 SOMA DO TEMPO DE POSSE


Art. 1.207. O sucessor universal CONTINUA de direito a posse do seu antecessor; (SUCESSIO POSSESSIONIS)
e ao sucessor singular é FACULTADO unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. (ACESSIO POSSESSIONIS)
FCC - 2009 - MPE-CE / FCC - 2012 - MPE-AL / 2017 - PGE-AC

Na sucessão inter vivos a título singular, a acessio possessionis é facultativa. (certa) CESPE - 2010 - DPE-BA
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos
seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de
boa-fé.
• O possuidor, objetivando adquirir um imóvel pela usucapião extraordinária, para atingir o prazo exigido por lei, pode acrescentar à sua posse
a dos seus antecessores, facultativamente na sucessão singular, sendo que isto se dá, de pleno direito, na sucessão universal. (certa) FCC -
2011 - TJ-PE – JUIZ

• Para o alcance do prazo de usucapião, o possuidor de boa fé não poderá acrescentar a sua posse a dos seus antecessores, ainda que sejam
contínuas e pacíficas. (errada) 2013 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA
• O sucessor universal continua de direito à posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é proibido unir sua posse à do antecessor, para
os efeitos legais. (errada) 2014 - DPE-GO
• É facultado ao sucessor singular unir sua posse à de seu antecessor, para os efeitos legais. (certa) VUNESP - 2015 - PC-CE - DELEGADO DE POLÍCIA
CIVIL

• Não é permitida a acessão de posses para fins de contagem do tempo exigido para a usucapião. (errada) 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

Ex.: Determinada empresa adquiriu de Paulo a posse de um imóvel urbano particular que, havia alguns anos, ele ocupava de
forma mansa, pacífica e com justo título. Nessa situação, para efeito de tempo exigido para a aquisição por usucapião, a empresa
poderá contar com o tempo da posse exercida por Paulo. (certa) CESPE - 2016 - PGE-AM
Ex.: O Sr. Valdomiro, sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente, possui há 6 anos, como seu, imóvel na
praia para passar alguns feriados, tendo adquirido por doação de seu tio-avô, que o possuía, quando da doação, há 10 anos, de
igual modo sem interrupção e continuamente, sem oposição e pacificamente. Inexistem documentos das aquisições, sendo as

31
(Instituições de direito civil: direito reais. 27ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 121-122)
45
elaborado por @fredsmcezar
posses adquiridas por contrato verbal. O Sr. Valdomiro poderá requerer a aquisição da propriedade do imóvel por usucapião, por
ter preenchido os requisitos legais. (certa) FEPESE - 2018 - PGE-SC
Com a morte do possuidor, ela se transmite aos herdeiros ou legatários do possuidor, sanando-se os vícios originários. (errada)
FCC - 2021 - DPE-BA

Nonato, pai de Danilo, em 1980, realizou contrato particular de compra e venda, tendo como objeto um pequeno imóvel urbano
em Aparecida de Goiânia. Entretanto, o instrumento não foi devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Quando
Danilo anunciou o desejo de firmar união estável com Maria, Nonato emprestou o imóvel ao casal para que estabelecessem
residência por meio de contrato verbal de comodato por tempo indeterminado. Com o rompimento do relacionamento do casal,
Nonato pretende retomar a posse do bem. Assim, Nonato detém a posse indireta do imóvel, motivo pelo qual poderá ajuizar ação
de reintegração de posse para a retomada do bem, bem como poderá ajuizar ação de usucapião para declarar a aquisição da
propriedade em relação ao imóvel. (certa) FCC - 2021 - DPE-GO

7.8 POSSIBILIDADE DE COMPLETAR O TEMPO DURANTE A TRAMITAÇÃO DA AÇÃO DE USUCAPIÃO


O prazo, na ação de usucapião, pode ser completado no curso do processo, em conformidade com o disposto no art. 493 do
CPC/2015. (REsp n. 1.361.226/MG, 3ª Turma, DJe de 9/8/2018.) (Info 630).

7.9 IMPEDIMENTO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DOS PRAZOS DE USUCAPIÃO


Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a
prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
• As normas do Código Civil que instituem causas obstativas, suspensivas ou interruptivas dos prazos prescricionais não são aplicáveis à
disciplina específica das ações de usucapião. (errada) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Imagine que alguém invadiu um imóvel cujo titular é um absolutamente incapaz (uma criança de 10 anos). Enquanto o
menor for absolutamente incapaz não correrá a prescrição contra ele. Logo, o marco para o início do prazo é a idade de 16 anos
e não 18 anos. Não corre prescrição contra o absolutamente incapaz (art. 198, inciso I), mas contra o relativamente incapaz corre
prescrição.
• O imóvel de propriedade de pessoas relativamente incapazes não pode ser adquirido por terceiro que esteja na sua posse, ainda que
preenchidos os requisitos legais para a usucapião. (errada) FCC - 2009 - MPE-CE
• O imóvel doado a pessoa absolutamente incapaz com cláusula de inalienabilidade e o bem de família são passíveis de aquisição por usucapião,
pois sendo modo originário de aquisição, o possuidor adquire a coisa sem qualquer limitação imposta ao antigo proprietário. (errada) 2009 -
MPDFT

• Na hipótese de ocorrer o falecimento do dono do imóvel usucapiendo e havendo entre os seus herdeiros menor impúbere ou incapaz, ficará
suspenso o prazo da prescrição aquisitiva enquanto durar a incapacidade absoluta do herdeiro. (certa) 2010 - MPE-PB

Ex.: Não sendo proprietário de imóvel, Nelson passa a ocupar como seu, no ano de 2005, imóvel localizado em área urbana de
Brasília, com 450 metros quadrados. Ali estabelece sua moradia habitual, tornando pública a posse. O imóvel é de propriedade de
Fábio, embaixador brasileiro em atividade na Bélgica desde o ano 2000. Quando retorna ao Brasil no ano de 2008, Fábio se
aposenta e fixa residência em Santa Catarina. No ano de 2016, Nelson propõe ação de usucapião contra Fábio. Considerando ser
incontroverso que Nelson exerce a posse, sem quaisquer vícios, assinale a alternativa correta. A ação é improcedente, pois, embora
a posse tenha sido exercida com animus domini, de forma contínua e pacífica, faltou o preenchimento do requisito temporal de
10 (dez) anos, em razão da existência de causa impeditiva atinente à ausência de Fábio do país, o que impediu a contagem do
prazo da prescrição aquisitiva entre 2005 e 2008. (certa) VUNESP - 2017 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
Art. 198. Também não corre a prescrição: II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios;
Ex.: [...] Tício foi convidado para ser o Diretor Executivo de uma empresa multinacional, mudando-se para a Alemanha [...].
Caio ajuizou uma ação de usucapião. Sobre o caso relatado, pode-se afirmar corretamente: não houve a aquisição pela usucapião,
tendo em vista que o prazo da prescrição estava suspenso no período em que o proprietário do imóvel estava fora do Brasil, a
trabalho. (errada) VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Ex.: Rony, há 6 (seis) anos ininterruptos e sem oposição, possui como sua uma pequena casa de 90 m², em área urbana, onde
reside com sua família. Não é proprietário de outro imóvel, urbano ou rural. Anteriormente à sua posse, a casa era ocupada por um
amigo seu que se mudou para outro Estado, mas Rony não sabe a que título seu amigo ocupava o imóvel. Dois anos após a ocupação
por Rony, foi averbada na matrícula do imóvel uma certidão de distribuição de uma ação de execução em face do formal proprietário
do bem. Rony não recebeu notícia da averbação realizada. Diante dessas circunstâncias, é correto afirmar que se operou a prescrição
aquisitiva em favor de Rony, pela denominada usucapião especial urbana residencial individual. (certa) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO
• A averbação da certidão de distribuição da execução suspende o prazo para prescrição aquisitiva, até que seja cancelada a averbação por
algum motivo. (errada) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO
• A averbação da certidão de distribuição da execução interrompeu o prazo para prescrição aquisitiva. (errada) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

46
elaborado por @fredsmcezar
7.10 USUCAPIÃO DE BENS PÚBLICOS
CRFB. Art. 191. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
CC. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
• Presentes os pressupostos elencados no enunciado da questão, é possível, à luz do Código Civil, que os bens dominicais possam ser
usucapidos. (errada) 2013 - MPE-MS; 2010 - MPE-SP
• Ao contrário dos bens de uso comum do povo e dos bens de uso especial, os bens dominicais estão sujeitos à usucapião. (errada) VUNESP -
2014 - DPE-MS

• Os bens públicos dominicais não estão sujeitos à prescrição aquisitiva. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a ocupação indevida de bem público não gera posse, mas mera detenção.
Essa mesma jurisprudência estabelece que o Estado está obrigado a indenizar eventuais acessões e suportar o direito de retenção pelas
benfeitorias eventualmente realizadas. (errada) FAPEMS - 2017 - PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA

Ex.: A DP realizou mutirão com famílias que ocupam um imóvel público urbano situado na encosta de um morro. O objetivo era
verificar quais diligências poderiam ser feitas em favor daquela comunidade, tendo em vista a intensa fiscalização ambiental e
urbanística no local. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item subsequente. Será cabível o ajuizamento de ação de
usucapião pró-moradia para benefício das famílias da referida ocupação que possuam como sua área de até duzentos e cinquenta
metros quadrados por período superior a cinco anos. (errada) CESPE - 2017 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL

7.10.1 SÚMULA-619-STJ: OCUPAÇÃO INDENCIA DE BEM PÚBLICO: DETENÇA


SÚMULA 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção
ou indenização por acessões e benfeitorias.
CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2012 - DPE-AC / CESPE - 2012 - MPE-RR / CESPE - 2014 - MPE-AC / CESPE - 2015 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO / CESPE - 2016
- TJ-AM – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA / FCC - 2017 - DPE-PR / 2018 - MPE-MS / FCC - 2018 - DPE-AM / FCC - 2021 - DPE-BA / CESPE - 2021 - PGE-CE / 2022 - DPE-PR
/ VUNESP - 2023 - MPE-SP

Ex.: Gustavo e sua família passaram a ocupar bem público dominical de 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados), em
área urbana, utilizando-o como moradia da família e realizando diversas benfeitorias úteis e voluptuárias. O bem estava sem utilização
pela Administração Pública, mas, passados 5 (cinco) anos, o município pretendia utilizá-lo para determinadas funções. Assim, foi
ajuizada ação com o objetivo de retirar a família do local. Nesse panorama, partindo da premissa que a família sabia se tratar de bem
público, é correto afirmar que o município tem pretensão de retomada do bem, independentemente de qualquer indenização.
(certa) VUNESP - 2014 - PGM - SP - PROCURADOR MUNICIPAL

7.10.2 USUCAPIÃO DE DOMÍNIO ÚTIL DE BEM PÚBLICO


Usucapião de domínio útil de bem público (terreno de marinha). (…) O ajuizamento de ação contra o foreiro, na qual se pretende
usucapião do domínio útil do bem, não viola a regra de que os bens públicos não se adquirem por usucapião. Precedente: RE
82.106, RTJ 87/505. (RE 218.324-AgR, DJE de 28-5-2010)

É possível reconhecer a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual tinha sido, anteriormente, instituída enfiteuse,
pois, nesta circunstância, existe apenas a substituição do enfiteuta pelo usucapiente, não trazendo qualquer prejuízo ao Estado.
Precedentes.(AgInt no REsp n. 1.642.495/RO, 4ª Turma, DJe de 1/6/2017) 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ SUBSTITUTO
Ex.: Em maio de 2015, Gaio intenta ação objetivando ver reconhecida a usucapião sobre imóvel de 150 m², localizado em terreno
de marinha, com enfiteuse regularmente constituída em favor de Tício em 1980. Gaio mostra que, diante do aparente abandono
local, desde 1997 passou a exercer posse contínua e não incomodada sobre a área, com ânimo de proprietário, realizando melhorias
e pagando as despesas, impostos e foro sobre o bem. Os autos revelam que Tício fora interditado em 2004, e afirmado, segundo a
lei vigente, absolutamente incapaz. Desde então não ocorreu a mudança de seu quadro de interdição.
Considerados corretos todos os dados acima, assinale a opção certa: A jurisprudência é assente ao admitir, em terreno de
marinha objeto de aforamento, a possibilidade de usucapião extraordinária do domínio útil, mas no caso os pressupostos não
estão presentes. (certa) 2017 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• O ajuizamento de ação contra o foreiro, na qual se pretende usucapião do domínio útil do bem, não viola a regra de que os bens públicos
não se adquirem por usucapião, prevista no artigo 183, § 3º, da Constituição Federal. (certa) 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O titular de domínio útil de imóvel foreiro à União Federal pode hipotecá-lo, nos limites de seu direito real. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

• Segundo posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, é possível reconhecer a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual
tinha sido, anteriormente, instituída enfiteuse, pois, nessa circunstância, existe apenas a substituição do enfiteuta pelo usucapiente, não
havendo qualquer prejuízo ao Estado. (certa) 2019 - MPE-SC
• Não se reconhece a usucapião do domínio útil de bem público sobre o qual tinha sido, anteriormente, instituída enfiteuse. (errada) 2022 - DPE-
PR

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elaborado por @fredsmcezar
7.10.3 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA
DA POLÍTICA URBANA
CF. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento)

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.

§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

“A origem da concessão de uso especial para fins de moradia se inicia com a emenda popular de reforma urbana apresentada
no processo da Assembleia Nacional Constituinte de 1987. (SAULE JUNIOR, 2004, p. 398). Na proposta inicial, a posse não
contestada por até três anos de terras públicas ou privadas, com metragem até o limite de 300 m², utilizando para sua moradia
adquiriria o domínio, independente de justo título e boa fé. Nota-se que nessa proposta não se cogitou a concessão de uso,
simplesmente a usucapião urbana. Essa proposta não foi aceita, pois com relação à propriedade pública os Constituintes
ainda tinham a postura absolutista do Código Civil de 1916, afirmando que as terras públicas são bens públicos, detendo assim de
inalienabilidade, imprescritibilidade e impenhorabilidade. Portanto, não é possível a aquisição do domínio sobre tal bem. Entretanto,
mesmo os constituintes assumindo esta posição e não aceitando a proposta, eles ao menos incorporaram o sentido teleológico
desta emenda popular, reconhecendo o ‘direito à moradia da população de baixa renda que mora em assentamentos
consolidados para fins de moradia’, em áreas públicas, através do instrumento da concessão de uso. (SAULE JUNIOR, 2004, p.
400) Desta forma, a concessão de uso passa a ter status constitucional, garantindo a segurança da posse aos cidadãos
que habitam imóveis públicos, assegurando o princípio da igualdade, conferindo assim, tratamento isonômico à garantia do
direito a moradia, independente do fato de se estar habitando uma área pública ou privada. (SAULE JUNIOR, 2004, p. 399)”32
Bruno Zampier: “A concessão de uso especial para fins de moradia foi prevista pela primeira vez nos arts. 15 a 20 da Lei
10.257/2001 (Estatuto da Cidade), mas o presidente à época e vetou a parte relativa à concessão de uso especial para fins de
moradia. Depois de vetar, o FHC resolveu editar a MPV 2.220/2001, que logo depois, com o advento da EC nº 32, nem chegou a
ser convertida em lei. A MP 2.220/2001 foi recepcionada pela nova ordem constitucional instaurada pela EC 32 como lei ordinária.
Posteriormente, a Lei 11.481/2007, acrescentou a concessão de uso especial para fins de moradia ao art. 1.225 CC. A
concessão de uso especial para fins de moradia é um direito real (art. 1.225, XII). Sabe-se que não é possível usucapir um bem
público, mas quando alguém ocupa um bem público por um período relevante, dando àquele bem público uma função social, a
CRFB/88 preza pela regularização fundiária.
Há milhares de famílias que ocupam bens públicos no Brasil de maneira irregular. Em 2001, pensou-se num instrumento jurídico
para isso (concessão de uso especial para fins de moradia). A pessoa não é titular de um bem público, mas terá sua ocupação
regularizada. A concessão de uso especial para fins de moradia é um direito real que se exerce sobre um bem público.”
Art. 1.225. São direitos reais: XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
• Pelo Código Civil, a concessão de uso especial para fins de moradia é considerado direito real. (certa) 2011 - MPE-MG
• São tipos de direitos reais: o direito do promitente comprador do imóvel, o uso e a concessão especial para fins de moradia. (certa) 2016 - MPE-
RS

MP 2.220/2001
Art. 1º. Aquele que, até 22 de dezembro de 2016,:

possuiu como seu, por 5 (cinco) anos, ininterruptamente e sem oposição,

até 250 (duzentos e cinquenta) metros quadrados de imóvel público situado em área com características e finalidade urbanas,

e que o utilize para sua moradia ou de sua família,

tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse,

desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou rural. (Lei nº 13.465, de 2017)

Art. 6º O título de concessão de uso especial para fins de moradia será obtido pela via administrativa perante o órgão competente
da Administração Pública ou, em caso de recusa ou omissão deste, pela via judicial.

§ 1º A Administração Pública terá o prazo máximo de 12 (doze) meses para decidir o pedido, contado da data de seu protocolo.

32
Manual de Direito Civil – Vol. único, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, p. 1
48
elaborado por @fredsmcezar
§ 2º Na hipótese de bem imóvel da União ou dos Estados, o interessado deverá instruir o requerimento de concessão de uso especial
para fins de moradia com certidão expedida pelo Poder Público municipal, que ateste a localização do imóvel em área urbana e a
sua destinação para moradia do ocupante ou de sua família.

§ 3º Em caso de ação judicial, a concessão de uso especial para fins de moradia será declarada pelo juiz, mediante sentença.

§ 4º O título conferido por via administrativa ou por sentença judicial servirá para efeito de registro no cartório de registro de
imóveis.
Bruno Zampier: “Verifica-se que a concessão de uso especial para fins de moradia não se trata de ato discricionário do Poder
Público (art. 6º, §3º, MP 2.220). Se ficar provado que o particular preencheu os requisitos, o Poder Público terá que reconhecer.
A concessão de uso especial para fins de moradia é ato vinculado. Deve ser declarado e registrado no cartório de registro de
imóveis.”
Art. 7º O direito de concessão de uso especial para fins de moradia é transferível por ato inter vivos ou causa mortis.
Art. 8º O direito à concessão de uso especial para fins de moradia extingue-se no caso de:
I - o concessionário dar ao imóvel destinação diversa da moradia para si ou para sua família; ou
II - o concessionário adquirir a propriedade ou a concessão de uso de outro imóvel urbano ou rural.
Parágrafo único. A extinção de que trata este artigo será averbada no cartório de registro de imóveis, por meio de declaração do
Poder Público concedente.
A concessão de uso especial para fins comerciais é facultativa.
Art. 9º É facultado ao poder público competente conceder autorização de uso àquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu
como seu, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de imóvel público situado
em área com características e finalidade urbanas para fins comerciais. (Lei nº 13.465, de 2017)
§ 1º A autorização de uso de que trata este artigo será conferida de forma gratuita.
§ 2º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto
que ambas sejam contínuas.
§ 3º Aplica-se à autorização de uso prevista no caput deste artigo, no que couber, o disposto nos arts. 4º e 5º desta Medida Provisória.
Ex.: Denise procura a Defensoria Pública alegando que ocupa, desde julho de 2011, um pequeno terreno abandonado situado
na zona urbana de Itaguaí. Ali ergueu uma casa de 200m2 , que lhe serve de moradia. Seu sustento é proveniente da venda de
sanduíches, produzidos num imóvel que aluga no centro daquela cidade. Contou que recebeu notificação do Estado do Rio de Janeiro
para que desocupasse o local em trinta dias, pois o imóvel era de sua propriedade, como constava da certidão de ônus reais obtida.
Desesperada, sem ter outro lugar para morar, ela solicita assistência jurídica. Sobre a situação em questão e o regime jurídico dos
bens públicos, é correto afirmar que deve ser ajuizada ação possessória em favor de Denise, pois ela preenche os requisitos para
o reconhecimento da concessão especial de uso para fins de moradia, previsto na MP nº 2.220/2001, sendo certo que a notificação
empreendida configura ameaça ao citado direito. (certa) FGV - 2021 - DPE-RJ

7.10.4 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE IUSO


Cristiano Chaves De Farias e Nelson Rosenvald “o objetivo do legislador foi inserir a concessão de uso dentre os instrumentos
hábeis à legitimação de posse sobre bens públicos ocupados informalmente por populações de baixa renda, estendendo-se
mesmo a terrenos de marinha e acrescidos, antes limitados à enfiteuse (art. 18, § 1º, Lei n. 9.363/98). Ademais, busca-se encontrar
uma solução para as populações de varzenteiros que habitam, há várias gerações, as margens dos rios federais”.
Em suma, a concessão de uso:
a) alcança terrenos públicos ou particulares;
b) pode ser gratuita ou onerosa;
c) admite estipulação por tempo certo ou indeterminado;
d) é direito real resolúvel;
e) tem por finalidade a regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra,
aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras
modalidades de interesse social e áreas urbanas;
f) admite transmissão por ato inter vivos ou causa mortis;
g) é outorgada por termo administrativo ou escritura pública;
h) requer registro no Cartório de Registro de Imóveis.
49
elaborado por @fredsmcezar
Será ela resolvida antes de seu termo final se o concessionário der ao imóvel destinação diversa da estabelecida no instrumento
de concessão ou descumprir cláusula resolutória do ajuste, perdendo, nesse caso, as benfeitorias de qualquer natureza que tenha
introduzido no imóvel (art. 7º, § 3º, do Decretolei n. 271/67). 33

7.11 USUCAPIÃO x TERRAS DEVOLUTAS


Art. 20. São bens da UNIÃO as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; (II)
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: as terras devolutas não compreendidas entre as da União. (IV)
225, §5º, da CF: §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias
à proteção dos ecossistemas naturais.
• As terras devolutas necessárias à proteção da floresta amazônica devem ser tratadas como indisponíveis. (certa) CESPE - 2010 - MPE-RO

• Terras devolutas são bens dominicais sujeitos à prescrição aquisitiva, à exceção daquelas que se encontrem em faixa de fronteira. (errada)
FEPESE - 2014 - MPE-SC

• As terras devolutas podem ser livremente e em qualquer hipótese usucapidas. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

7.11.1 PROCESSO DISCRIMINATÓRIO


A Lei 6.383/76 inaugurou um procedimento próprio para que os Estados possam fazer a discriminação de suas terras.
Art. 1º - O processo discriminatório das terras devolutas da União será regulado por esta Lei.
Parágrafo único. O processo discriminatório será administrativo ou judicial.
A Lei 6.383/1976 incumbe à UNIÃO o dever de realizar o processo discriminatório para comprovar que uma terra que não está
registrada em nome de ninguém. Logo, só será terra devoluta aquela terra que tiver sido submetida ao processo discriminatório
previsto na Lei 6.383/1976.
• O processo discriminatório de terras devolutas da União sempre se inicia por via administrativa, com a criação de comissões especiais, e
assumirá caráter judicial, da competência da justiça estadual, quando incidirem sobre a área discriminada documentos de propriedade de
terceiros cuja origem seja duvidosa. (errada) CESPE - 2014
.

TERRA DEVOLUTA TERRA RES NULLIUS (adéspotas)


É a terra que sofreu processo discriminatório (administrativo STJ → Se a terra não se submeteu ao processo discriminatório,
ou judicial). ela é terra sem titulariedade. (Info 476/STJ)
STJ → A terra devoluta é pública e não pode ser usucapida. Poderá ser usucapida.

Art. 23 - O processo discriminatório judicial tem caráter preferencial e prejudicial em relação às ações em andamento, referentes
a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em parte, na área discriminada, determinando o imediato deslocamento da
competência para a Justiça Federal.
Parágrafo único. Nas ações em que a União não for parte, dar-se-á, para os efeitos previstos neste artigo, a sua intervenção.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ - EDIÇÃO N. 133: DO DIREITO DAS COISAS

7) A inexistência de registro imobiliário de imóvel objeto de ação de usucapião não induz presunção de que o bem seja público
(terras devolutas), cabendo ao Estado provar a titularidade do terreno como óbice ao reconhecimento da prescrição aquisitiva.
• Não havendo registro de propriedade de terras, existe, em favor do Estado, a presunção iuris tantum de que sejam terras devolutas, sendo,
então, desnecessária a prova da titularidade pública do bem, o que torna tais imóveis inalcançáveis pela usucapião. (errada) CESPE - 2014 - MPE-
AC

7.12 FAIXA DE FRONTEIRA


LEI Nº 6.634/1979: DISPÕE SOBRE A FAIXA DE FRONTEIRA
Art. 1º. É considerada área indispensável à Segurança Nacional a faixa interna de 150 KM (cento e cinqüenta quilômetros) de
largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que será designada como Faixa de Fronteira.
Art. 2º. Salvo com o assentimento prévio do conselho de segurança nacional, será vedada, na Faixa de Fronteira, a prática dos
atos referentes a:

33
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 260, 13ª ed)
50
elaborado por @fredsmcezar
I - alienação e concessão de terras públicas, abertura de vias de transporte e instalação de meios de comunicação destinados à
exploração de serviços de radiodifusão de sons ou radiodifusão de sons e imagens;
II - Construção de pontes, estradas internacionais e campos de pouso;
III - estabelecimento ou exploração de indústrias que interessem à Segurança Nacional, assim relacionadas em decreto do Poder
Executivo.
IV - instalação de empresas que se dedicarem às seguintes atividades:
a) pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerais, salvo aqueles de imediata aplicação na construção civil, assim
classificados no Código de Mineração;
b) colonização e loteamento rurais;
V - transações com imóvel rural, que impliquem a obtenção, por estrangeiro, do domínio, da posse ou de qualquer direito real
sobre o imóvel;
VI - participação, a qualquer título, de estrangeiro, pessoa natural ou jurídica, em pessoa jurídica que seja titular de direito real
sobre imóvel rural;
§ 4º Excetuam-se do disposto nos incisos V e VI do caput deste artigo a hipótese de constituição de garantia real, inclusive a
transmissão da propriedade fiduciária, em favor de pessoa jurídica nacional ou estrangeira, ou de pessoa jurídica nacional da qual
participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e que residam
ou tenham sede no exterior, bem como o recebimento de imóvel rural em liquidação de transação com pessoa jurídica nacional
ou estrangeira por meio de realização de garantia real, de dação em pagamento ou de outra forma. (Lei nº 13.986/2020)
Art. 3º. Na faixa de Fronteira, as empresas que se dedicarem às indústrias ou atividades previstas nos itens III e IV do artigo 2º
deverão, obrigatoriamente, satisfazer às seguintes condições:
I - pelo menos 51% (cinqüenta e um por cento) do capital pertencer a brasileiros;
II - pelo menos 2/3 (dois terços) de trabalhadores serem brasileiros; e
III - caber a administração ou gerência a maioria de brasileiros, assegurados a estes os poderes predominantes.
Parágrafo único - No caso de pessoa física ou empresa individual, só a brasileiro será permitido o estabelecimento ou exploração
das indústrias ou das atividades referidas neste artigo.
Art. 4º As autoridades, entidades e serventuários públicos exigirão prova do assentimento do Conselho de Defesa Nacional para
prática de qualquer ato regulado por esta Lei, exceto quando se tratar de transferência de terras a que se refere a Lei nº 10.304, de
5 de novembro de 2001. (Lei nº 14.004/2020)
Art. 8º. A alienação e a concessão de terras públicas, na faixa de Fronteira, não poderão exceder de 3000 ha (três mil hectares),
sendo consideradas como uma só unidade as alienações e concessões feitas a pessoas jurídicas que tenham administradores, ou
detentores da maioria do capital comuns.
§ 1º. - O Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional e mediante prévia autorização do Senado Federal,
poderá autorizar a alienação e a concessão de terras públicas acima do limite estabelecido neste artigo, desde que haja manifesto
interesse para a economia regional.
§ 2º. A alienação e a concessão de terrenos urbanos reger-se-ão por legislação específica.

Art. 8º-A. Fica dispensado o assentimento previsto nesta Lei quando se tratar de transferência de terras a que se refere a Lei nº
10.304, de 5 de novembro de 2001. (Lei nº 14.004/2020)

* Lei 10.304/2001: Transfere ao domínio dos Estados de Roraima e do Amapá terras pertencentes à União e dá outras providências.

Art. 9º. Toda vez que existir interesse para a Segurança Nacional, a UNIÃO poderá concorrer com o custo, ou parte deste, para a
construção de obras públicas a cargo dos Municípios total ou parcialmente abrangidos pela Faixa de Fronteira.
SÚMULA 477 STF: As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos estados, autorizam, apenas, o
uso, permanecendo o domínio com a União, AINDA QUE SE MANTENHA INERTE OU TOLERANTE, em relação aos possuidores.
.
A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que as terras situadas em faixa de fronteira NÃO SÃO, por si só,
terras devolutas, cabendo à UNIÃO o encargo de provar a titularidade pública do bem. (AgRg no AREsp n. 692.824/SC, 3ª Turma, DJe de
28/3/2016.)

A Segunda Seção do STJ tem firmado sua orientação no sentido de que o terreno localizado em faixa de fronteira, APENAS
POR ESSA CIRCUNSTÂNCIA, não é considerado de domínio público, sendo ônus do Estado comprovar a titularidade pública
do bem. (AgInt no REsp n. 1.508.890/RS, 4ª Turma, DJe de 18/2/2020)
51
elaborado por @fredsmcezar
Ex.: Aldo, que era proprietário de um imóvel na cidade de Boa Vista – RR, ocupou um imóvel rural de quarenta hectares
localizado na fronteira do Brasil com a Venezuela e lá estabeleceu moradia, sem que possuísse qualquer título legitimador. Onze
anos depois, ele recebeu uma notificação da União, que nunca havia apresentado qualquer oposição à presença de Aldo no local,
determinando que ele desocupasse a área no prazo de trinta dias, pois esta constituía faixa de fronteira e, portanto, área pública.
Durante o período em que ocupou o referido imóvel, Aldo figurou como réu de uma ação possessória contra ele ajuizada por um
vizinho, dela tendo-se saído vencedor. Aldo adquiriu a propriedade do bem por meio de usucapião extraordinário, já que possuiu,
mansa e pacificamente, o imóvel por mais de dez anos ininterruptos. (certa) CESPE - 2013 - DPE-RR.

JURISPRUDÊNCIA EM TESE STJ - EDIÇÃO N. 124: BENS PÚBLICOS

7) Terras em faixas de fronteira e aquelas sem registro imobiliário não são, por si só, terras devolutas, cabendo ao ente
federativo comprovar a titularidade desses terrenos.
Terras em faixas de fronteira sem registro imobiliário presumem-se terras devolutas, cabendo ao ente federativo comprovar a
titularidade desses terrenos quando situados em área rural. (errada) 2022 - DPE-PR

7.13 USUCAPIÃO DE BENS PERETENCENTES ÀS EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA


“A jurisprudência desta Corte Superior entende que os bens de sociedade de economia mista estão sujeitos à usucapião,
exceto quando afetados à prestação de serviço público.” (AgInt no AREsp n. 1.744.947/SE, 4ª Turma, DJe de 12/2/2021)
• É incabível a usucapião de bens pertencentes à sociedade de economia mista que explore atividade econômica. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR
• Os bens integrantes do acervo patrimonial das sociedades de economia mista cuja destinação seja de natureza pública são equiparados a
bens públicos, sendo, portanto, sujeitos a usucapião. (errada) CESPE - 2021 - MPE-SC
• Os bens de sociedade de economia mista estão sujeitos à usucapião, inclusive quando afetados à prestação de serviço público. (errada) CESPE
- 2023 - AGU

Aos bens originariamente integrantes do acervo das estradas de ferro incorporadas pela União, à Rede Ferroviária Federal S.A.,
nos termos da Lei número 3.115, de 16 de março de 1957, aplica-se o disposto no artigo 200 do Decreto-lei número 9.760, de
5 de setembro de 1946, segundo o qual os bens imóveis, seja qual for a sua natureza, não são sujeitos a usucapião. 2. Tratando-
se de bens públicos propriamente ditos, de uso especial, integrados no patrimônio do ente político e afetados à execução de
um serviço público, são eles inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis. REsp 242073 / SC, DJe 11/05/2009
“Com relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, cuja natureza jurídica é de direito privado, há duas
situações distintas, uma vez que essas entidades estatais podem ser prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade
econômica. Os bens das empresas públicas ou sociedades de economia mista prestadoras de serviço público e que estejam
afetados a essa finalidade são considerados bens públicos. Já os bens das estatais exploradoras de atividade econômica são bens
privados, pois, atuando nessa qualidade, sujeitam-se ao regramento previsto no art. 173, da Carta Magna, que determina, em seu §
1º, II, a submissão ao regime jurídico próprio das empresas privadas.” (STF, RE 536297, rel. min. Ellen Gracie; ver também RE 220.906/DF, rel. min. Carmen
Lúcia).

O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, porque afetado à prestação de serviço
público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível. 6. Alterar o decidido pelo Tribunal de origem, no que tange
ao preenchimento dos requisitos legais para o reconhecimento da usucapião, seja a especial urbana, a ordinária ou a
extraordinária, exige o reexame de fatos e provas, o que é vedado em recurso especial pela Súmula 7/STJ. 7. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. (REsp 1448026/PE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 17/11/2016, DJe 21/11/2016)
• Considera-se que o imóvel financiado pela Caixa Econômica Federal com recursos do Sistema Financeiro Habitacional não se equipara a bem
público, sendo, portanto, admissível a ocorrência da usucapião. (errada) 2022 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ SUBSTITUTO

Com relação a bem imóvel urbano vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e registrado em nome de banco estatal
que possua personalidade jurídica de direito privado e atue como agente financeiro na implementação de política nacional de
habitação, a jurisprudência do STJ estabelece que esse bem não pode ser adquirido por usucapião, em razão do caráter público
dos serviços prestados pelo banco estatal na implementação da política nacional de habitação. (certa) CESPE - 2020 - MPE-CE

7.14 TERRAS INDÍGENAS


"Terras indígenas" versadas pela Constituição Federal de 1988 fazem parte de um território estatal-brasileiro sobre o qual
incide, com exclusividade, o Direito nacional. Todas as “terras indígenas” são um bem público federal (inciso XI do art. 20 da CF).
(Pet 3388 RR)

• Um sitiante instalou-se com sua família em uma área rural que considerava abandonada e ali residiu durante 10 (dez) anos, cultivando a
referida terra. Decidiu entrar com ação de usucapião e, durante o processo, foi constatado que se tratava de terras indígenas. Diante disso,
é correto afirmar que as terras indígenas são bens públicos da União, e portanto, não podem ser usucapidas e, por força de mandamento
da Constituição, são inalienáveis e indisponíveis. (certa) 2011 - PGE-RO

52
elaborado por @fredsmcezar
• As terras indígenas são de propriedade privada dos índios, e portanto o sitiante fará jus ao reconhecimento da usucapião. (errada) 2011 - PGE-
RO

7.15 TERRAS OCUPADAS POR REMANESCENTES DAS COMUNIDADES DOS QUILOMBOS


ADCT, Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade
definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Da leitura do dispositivo, extrai-se que deve o Estado emitir o título de propriedade. Contudo, caso não faça, é possível que a
própria comunidade quilombolas adquiria o título de propriedade daquela área específica por meio da usucapião.
“(...)Por outro lado, na medida em que assegura uma proteção especial, a previsão do art. 68 do ADCT não prejudica nem
interfere na aquisição da propriedade por meio do usucapião que já se tenha eventualmente operado: se já ocorreu
o usucapião em favor dos remanescentes das comunidades quilombolas, não há razão para a instauração do procedimento de
desapropriação. Diversamente, se por alguma razão não se operou a prescrição aquisitiva – pela intercorrência de alguma causa
suspensiva ou interruptiva – aí sim tem lugar a desapropriação.(...)” (ADI 3239, VOTO-VISTA Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 08/02/2018,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-019 DIVULG 31-01-2019 PUBLIC 01-02-2019, fls. 3576)

7.15.1 DECRETO Nº 4.887/2003


Art. 17. A titulação prevista neste Decreto será reconhecida e registrada mediante outorga de título coletivo e pró-indiviso às
comunidades a que se refere o art. 2º, caput, com obrigatória inserção de cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade e de
impenhorabilidade.

Art. 2º Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais,
segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de
ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida. Vide ADIN nº 3.239

§ 1º Para os fins deste Decreto, a caracterização dos remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada mediante
autodefinição da própria comunidade.

§ 2º São terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos as utilizadas para a garantia de sua reprodução
física, social, econômica e cultural.

§ 3º Para a medição e demarcação das terras, serão levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos
remanescentes das comunidades dos quilombos, sendo facultado à comunidade interessada apresentar as peças técnicas para a
instrução procedimental.

7.15.2 ADIN nº 3.239: CONSTITUCIONALIDADE DO DECRETO 4.887/200334


“Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação, reconhecimento,
delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. O STF entendeu
que este Decreto NÃO INVADIU esfera reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão somente o de regular o comportamento do
Estado na implementação do comando constitucional previsto no art. 68 do ADCT. Houve o mero exercício do poder regulamentar
da Administração, nos limites estabelecidos pelo art. 84, VI, da Constituição.
O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público para a identificação
dos quilombolas. O critério escolhido foi o da autoatribuição (autodefinição). O STF entendeu que a escolha desse critério não foi
arbitrária, não sendo contrária à Constituição.
O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na identificação, medição e demarcação das terras dos quilombolas devem ser
levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. O STF afirmou
que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o Decreto está garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam
ouvidas, não significando que a demarcação será feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas.
O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação de determinadas áreas caso os
territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em locais pertencentes a particulares.
O STF reputou válida essa previsão, tendo em vista que em nenhum momento a Constituição afirma que são nulos ou extintos os
títulos eventualmente incidentes sobre as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Assim, o art. 68 do
ADCT, apesar de reconhecer um direito aos quilombolas, não invalida os títulos de propriedade eventualmente existentes, de modo
que, para que haja a regularização do registro em favor das comunidades quilombolas, exige-se a realização do procedimento de
desapropriação.
Por fim, o STF não acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aquelas que estivessem
sendo ocupadas por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988). Em outras palavras, mesmo que na data

34
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Constitucionalidade do Decreto 4.887/2003, que regulamenta o procedimento para titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3b5e2c9be5002e87e0477099db5ff21b>.
Acesso em: 08/08/2023
53
elaborado por @fredsmcezar
da promulgação da CF/88 a terra não mais estivesse sendo ocupada pelas comunidades quilombolas, é possível, em tese, que seja
garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT”. STF. Plenário. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 8/2/2018 (Info
890)

7.15.3 USUCAPIÃO DE IMÓVEL INSERIDO EM ÁREA REMANESCENTE DE QUILOMBO


Não encontrei informação no âmbito dos tribunais superiores. Abaixo reproduzo parte de um acórdão do TRF4 que reconheceu
a possibilidade.
“Em suma, a interpretação sistemática da questão, à luz da Constituição, conduz à conclusão prática de que é possível usucapir
imóvel inserido em área remanescente de quilombo, DESDE QUE os requisitos para a aquisição da propriedade
por usucapião tenham sido IMPLEMENTADOS anteriormente à titulação da propriedade pela comunidade quilombola. Não há
incompatibilidade entre usucapião consumada em momento anterior à titulação da propriedade do território remanescente de
quilombo e a imprescritibilidade do imóvel. (TRF4 5000998-18.2017.4.04.7119, 4ª TURMA, 19/07/2023)”
Acórdão na íntegra: aqui.

7.15.4 DISPUTA POR ÁREA OCUPADA POR QUILOMBOLAS É COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
“De acordo com o relator, o processo de demarcação e titulação das terras ocupadas por comunidade remanescente de
quilombo compete ao Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Assim, o ministro considera “evidente” que as
demandas judiciais sobre a posse dessas áreas repercutem no processo demarcatório de responsabilidade da autarquia federal
agrária. Daí o interesse da União em tais demandas, razão pela qual a Seção fixou a competência da Justiça Federal para o seu
processamento e julgamento, conforme o artigo 109, I, da Constituição.”35 (CC 129229)

7.16 O BEM DE FAMÍLIA É USUCAPÍVEL?


O bem de família, sobrevindo mudança ou abandono, é suscetível de usucapião. (REsp n. 174.108/SP, 4ª Turma, DJ de 24/10/2005, p. 327.)

7.17 BEM EM CONDOMÍNIO x USUCAPIÃO


CONDOMÍNIO PRO DIVISO CONDOMÍNIO PRO INDIVISO

Há indivisibilidade jurídica, mas no campo dos fatos já houve A indivisibilidade é fática e jurídica. Tanto no registro do cartório
fracionamento. É possível a usucapião se um dos condôminos quanto no plano fático não há uma exata divisão da ocupação
ocupar a área exclusiva do outro condômino. exclusiva para cada proprietário.
Ex.: “A” e “B” são proprietários de toda a área conforme registro Regra: Não é possível a usucapião.
mobiliário, mas existe um muro erguido que separa as áreas de
Exceção: Será possível desde que a posse de um condomínio
ocupação.
exclua definitivamente a do outro.

Ademais, a posse de um condômino sobre bem imóvel exercida por si mesma, com ânimo de dono, ainda que na qualidade de
possuidor indireto, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários, nem reivindicação dos frutos e direitos que lhes são
inerentes, confere à posse o caráter de ad usucapionem, a legitimar a procedência da usucapião em face dos demais condôminos
que resignaram do seu direito sobre o bem, desde que preenchidos os demais requisitos legais. (REsp n. 1.840.561/SP, 3ª Turma, DJe de
17/5/2022.)

• Se determinado condomínio for pro indiviso e a posse recair sobre a integralidade do imóvel, é possível que um dos condôminos usucape
contra os demais comproprietários. (certa) CESPE - 2010 - MPE-ES
• Se um condômino ocupar área comum, como se sua fosse, e sem qualquer oposição, a duradoura inércia do condomínio, aliada ao prazo
legal, poderá provocar a usucapião. (errada) CESPE - 2010 - MPE-ES
• Considere que dois irmãos tenham a posse de uma fazenda e que ambos a exerçam sobre todo o imóvel, nele produzindo hortaliças. Nesse
caso, há a denominada composse pro diviso INDIVISO. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

7.18 VAGA DE GARAGEM


“Esta Corte já decidiu que, “em condomínio edilício, a vaga de garagem pode ser enquadrada como: (i) unidade autônoma (art.
1.331, § 1º, do CC), desde que lhe caiba matrícula independente no Registro de Imóveis, sendo, então, de uso exclusivo do titular;
(ii) direito acessório, quando vinculado a um apartamento, sendo, assim, de uso particular; ou (iii) área comum, quando sua fruição
couber a todos os condôminos indistintamente.” (AgInt no AREsp n. 2.170.905/SP, 4ª Turma, DJe de 20/3/2023)
VAGA COM MATRÍCULA PRÓPRIA VAGA COMO ÁREA COMUM DA EDIFICAÇÃO
É possível usucapir. (STJ) Não é possível usucapir. (STJ)

35
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2014/2014-10-29_17-30_Disputa-por-area-ocupada-por-quilombolas-e-competencia-da-Justica-Federal.aspx
54
elaborado por @fredsmcezar
“A vaga em garagem, com fração ideal do terreno, matricula individual e designação numérica própria, tendo sua área,
localização e confrontações convenientemente descritas, sendo possível, ainda, o estabelecimento de algum tipo de divisão, constitui
unidade autônoma, a qual tem aplicação os princípios que vigoram para os titulares de apartamentos, lojas e salas em edifícios
coletivos. Tendo o pedido cunho reivindicatório, e inoponível o fato simples da posse em face do direito de propriedade, salvo
exceção (defesa) de usucapião, de que não se cogitou na espécie.” (REsp n. 37.928/SP, 4ª Turma, julgado em 31/5/1994, DJ de 15/8/1994, p. 20338)

7.19 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL


A aquisição de bem imóvel por usucapião poderá ocorrer sob a forma judicial ou extrajudicial. (certa) 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

É possível que as partes solicitem diretamente no registro de imóveis o reconhecimento da usucapião. Trata-se da usucapião
extrajudicial, a qual é possível apenas quando não houver lide. (art. 1.071, do CPC/2015.)
A tentativa de usucapião extrajudicial não é condição indispensável para o ajuizamento da ação de usucapião. Mesmo que
estejam preenchidos os requisitos para a usucapião extrajudicial, o interessado pode livremente optar pela propositura de ação
judicial. STJ. 3ª 11/02/2020 (Info 665).

• Sendo cabível usucapião extrajudicial, não será possível a propositura de ação judicial. (errada) VUNESP - 2017 - DPE-RO

• Atualmente há previsão legal da usucapião administrativa no âmbito da regularização fundiária, nos casos em que o título de legitimação de
posse é convertido em propriedade. (certa) FCC - 2015 - DPE-SP

Por cerca de doze anos, Gustavo exerceu a posse mansa e pacífica de um imóvel rural registrado em nome de Francisco. Após
a morte de Gustavo, a posse foi transferida para seu filho, João, que permanece exercendo-a, sem nenhum embargo, há
aproximadamente dez anos. Com o intuito de legalizar o imóvel e obter financiamento bancário, João pretende formalizar pedido
administrativo de usucapião. O procedimento administrativo será admitido ainda que o imóvel a ser usucapido não contenha matrícula
no registro de imóveis competente. (certa) CESPE - 2023 - MPE-AM
A existência de ônus reais e de outros gravames registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo é fator impeditivo
à aquisição da propriedade pela via da usucapião extrajudicial. (errada) FCC - 2023 - DPE-SP

7.20 QUESTÕES PROCESSUAIS


De outro lado, configurado o loteamento irregular/ocupação clandestina de bens dominicais do Poder Público, o impedimento
da fruição coletiva enseja a possibilidade de o autor da ação civil pública demandar contra qualquer transgressor,
isoladamente ou em conjunto, não se fazendo obrigatória a formação de litisconsórcio. REsp 1699488 / RS, DJe 19/02/2019
• Os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando a ação tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em
que tal citação é dispensada, pois a delimitação do referido imóvel já está definida no registro da matrícula do imóvel ou na convenção do
condomínio. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG
• Tratando-se de unidade autônoma situada em condomínio, a citação dos confinantes é dispensada. (certa) VUNESP - 2017 - DPE-RO

A declaração de utilidade pública, seguida de imissão de posse do expropriante, não impede que se desenvolva entre
particulares ação de usucapião anterior à efetivação da medida expropriatória. (certa) 2010 - MPE-PB.
• A declaração de utilidade pública, seguida de imissão de posse do expropriante, impede que se desenvolva entre particulares ação de
usucapião anterior à efetivação da medida expropriatória. (errada) 2010 - MPE-PB

O interesse processual permanece uma vez que a sentença declarando o domínio, será possível averiguar quem tem direito à
indenização pelo bem desapropriado.

7.21 LEI N° 14.010/2020 (COVID) – SUSPENSÃO DOS PRAZOS DE AQUISIÇÃO


Art. 10. Suspendem-se os prazos de aquisição para a propriedade imobiliária ou mobiliária, nas diversas espécies de usucapião,
a partir da entrada em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.
• Os prazos para aquisição de propriedade imobiliária ou mobiliária, nas diversas modalidades de usucapião, não foram suspensos. (errada) FCC
- 2021 - DPE-RR

7.22 TEMA 985 - TESE FIXADA


Para que seja deferido o direito à usucapião extraordinária basta o preenchimento dos requisitos exigidos pelo Código Civil, de modo
que não se pode impor obstáculos, através de leis municipais, para impedir que se aperfeiçoe, em favor de parte interessada, o
modo originário de aquisição de propriedade. STJ, REsp 1.667.842, 2020, Tese firmada em Recursos Repetitivos n. 985.
• Não será possível o reconhecimento da usucapião extraordinária pelo juízo competente, mesmo quando preenchidos os requisitos
específicos descritos no dispositivo pertinente do Código Civil, se a área do imóvel a ser usucapida for inferior ao módulo estabelecido em
lei municipal, por violação ao princípio da especialidade objetiva registral. (errada) CESPE - 2021 - PGE-CE

55
elaborado por @fredsmcezar
• O reconhecimento da usucapião extraordinária pressupõe o atendimento do requisito de exercício de posse mansa, pacífica e sem oposição,
pelo prazo determinado em lei, conforme a hipótese e a observância do módulo estabelecido por lei municipal de acordo com as normas
de parcelamento do solo urbano. (errada) FGV - 2022 - MPE-GO
• Preenchidos os requisitos da Constituição Federal, o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por
legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel (dimensão do lote). (certa) 2022 -
DPE-PR

• O imóvel poderá ser usucapido, a despeito de a área ser inferior ao módulo urbano definido na legislação municipal. (certa) CESPE - 2022 - PGE-
PA

• O reconhecimento da usucapião extraordinária, mediante o preenchimento dos requisitos específicos, não pode ser obstado em razão de a
área usucapienda ser inferior ao módulo estabelecido em lei municipal. (certa) FUNDEP - 2022 - MPE-MG
• O reconhecimento da usucapião extraordinária, mediante o preenchimento dos requisitos específicos, pode ser obstado em razão de a área
usucapienda ser inferior ao módulo estabelecido em lei municipal. (errada) 2022 - MPE-MS
• Nos termos da jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, a aquisição da propriedade imobiliária urbana pela usucapião
extraordinária independe de observância da metragem correspondente ao módulo mínimo estabelecido em lei municipal. (certa) FCC - 2023 - DPE-
SP

• A legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em que situado o imóvel pode obstar o reconhecimento
do direito à usucapião especial urbana. (errada) VUNESP - 2023 - MPE-SP

7.23 JURISPRUDÊNCIA

Não configura decisão extra petita a sentença que, reconhecendo a usucapião, determina a liquidação para individualizar a área
usucapida, ainda que não haja pedido expresso na inicial. DOD. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.802.192-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
12/12/2022 (Info 765).

A existência de bem público não demarcado em condomínio pro indiviso com particulares não impede ação de usucapião parcial.
DOD. STJ. 4ª Turma. REsp 1.504.916-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 27/09/2022 (Info 752).

É cabível a aquisição de imóveis particulares situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por usucapião, ainda que pendente o
processo de regularização urbanística. DOD. STJ. 2ª Seção. REsp 1.818.564-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1025) (Info
700).

Se forem preenchidos os requisitos do art. 1238 do CC/2002, a pessoa terá direito à usucapião extraordinária e o fato de o imóvel
em questão não atender ao mínimo dos módulos urbanos exigidos pela legislação municipal para a respectiva área (dimensão do
lote) não é motivo suficiente para se negar esse direito, pois não há na legislação ordinária própria à disciplina da usucapião regra
que especifique área mínima. Para que seja deferido o direito à usucapião extraordinária basta o preenchimento dos requisitos
exigidos pelo Código Civil, de modo que não se pode impor obstáculos, através de leis municipais, para impedir que se aperfeiçoe,
em favor de parte interessada, o modo originário de aquisição de propriedade. DOD. STJ. 2ª Seção. REsp 1667842/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 03/12/2020 (Tema 985 - Repetitivo).

Presentes os requisitos exigidos no art. 191 da CF/88, o imóvel rural cuja área seja inferior ao "módulo rural" estabelecido para a
região (art. 4º, III, da Lei 4.504/1964) poderá ser adquirido por meio de usucapião especial rural. DOD. STJ. 4ª Turma. REsp 1.040.296-ES, Rel.
originário Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/6/2015 (Info 566).

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elaborado por @fredsmcezar
8. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (15 anos ou 10 anos)

Art. 1.238. Aquele que, por 15 (quinze) anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a
propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 2013 - MPE-MS

REQUISITOS

15 ou 10 anos*

s/ interrupção e s/ oposição

Independentemente de título ou boa-fé

* Como o requerente não tem nenhum título e não depende de boa-fé, o prazo para usucapir é um pouco maior. Esse prazo é
reduzido para 10 anos em caso posse social (parágrafo único).
• José da Silva tomou conhecimento da existência de uma rudimentar casa urbana de veraneio, construída sobre um terreno de 300 m², que
estava desocupada e, com sua esposa e dois filhos, esbulhou o imóvel em 5 de abril de 1998. Desde então, estabeleceu no imóvel sua
moradia habitual, mantendo posse com ânimo de dono, de forma pública, contínua, mansa e pacífica. Em 10 de junho de 2010, por contrato
particular de compra e venda, José alienou o imóvel a Pedro de Souza, pelo valor de R$ 14.000,00, tendo o comprador passado a utilizar o
imóvel também para sua moradia, mantendo as mesmas características da posse exercida pelo vendedor. Em 10 de junho de 2014, Pedro
recebeu citação em ação reivindicatória ajuizada pelo espólio do proprietário registral do imóvel, procurando a Defensoria Pública para a
defesa de seus direitos. Nesse caso, Pedro poderá, em sua defesa, alegar a ocorrência da prescrição aquisitiva, na modalidade
extraordinária, hábil a ensejar a improcedência da ação reivindicatória contra si manejada. (certa) FCC - 2014 - DPE-RS
• O prazo da usucapião extraordinária é de 10 anos, podendo ser reduzido para 5 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel sua
moradia habitual ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. (errada) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• Pedro reside com a sua família, por mais de quinze anos, sem interrupção nem oposição, em um imóvel, de trezentos metros quadrados, de
propriedade de João. Mesmo sem comprovar boa-fé quanto à posse, Pedro ajuizou ação por meio da qual pleiteia que seja julgado procedente
seu pedido de propriedade do imóvel. Nessa situação hipotética, observa-se um caso de usucapião extraordinária. (certa) CESPE - 2017 - MPE-RR
• A usucapião extraordinária exige, para sua configuração, a posse ad usucapionem bem como o lapso temporal, independentemente de boa-
fé. (certa) 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

8.1 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA DECORRENTE DA POSSE-TRABALHO (§ ÚNICO)


Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a 10 (dez) anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua
moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 2011 - MPE-PR
“O prazo cai para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou houver realizado obras ou
serviços de caráter produtivo, ou seja, se a função social da posse estiver sendo cumprida pela presença da posse-trabalho. (...)
Por fim, consigne-se que a nova modalidade de usucapião extraordinária, fundada na posse-trabalho, vem sendo objeto de
numerosos julgados nacionais”.36
• O trabalho humano pode qualificar a posse para o efeito da usucapião. (certa) 2010 - PGE-RS

• .O artigo 1238, parágrafo único, do Código Civil de 2002, que trata da usucapião extraordinária com prazo reduzido, tem aplicação imediata
às posses ad usucapionem já iniciadas, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do Código anterior, devendo apenas ser respeitada
a fórmula de transição, segundo a qual serão acrescidos 2 anos ao novo prazo, nos 2 anos após a entrada em vigor do Código de 2002. (certa)
2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Por 10 anos, sem interrupção nem oposição, Fábio possuiu, como seu, bem imóvel no qual estabeleceu sua moradia habitual, podendo
requerer ao juiz que declare desde logo adquirida a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé. (certa) FCC - 2015 - TJ-GO -
JUIZ SUBSTITUTO

• Marcelo possuiu, como seu, imóvel no qual estabeleceu sua moradia habitual, por onze anos, sem interrupção nem oposição, e não
ostentando justo título. No imóvel, foram descobertas jazidas e recursos minerais. Em ação de usucapião, Marcelo requereu fosse declarada
aquisição do imóvel e das jazidas e recursos minerais, pelo transcurso do tempo. A pretensão procede em parte, porque a usucapião
extraordinária independe de justo título e seu prazo é reduzido de quinze para dez anos quando o possuidor estabelece no imóvel sua moradia
habitual, porém, a usucapião não alcançará as jazidas e recursos minerais, porque a propriedade do solo não as abrange. (certa) FCC - 2016
- SEGEP-MA

• Adquire a propriedade do bem imóvel aquele que exercer a posse direta, com animus domini por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
independentemente de justo título e boa-fé, sem possibilidade de redução do prazo no caso do imóvel ser considerado como moradia
habitual do possuidor. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO

36
(Tartuce, Vol. único, p. 871, 9ª ed.)
57
elaborado por @fredsmcezar
Ex.: Eugênio, empresário, faleceu em acidente de avião em 10 de janeiro de 2013, deixando diversos bens móveis e imóveis na
capital paulista, e não possuindo herdeiros necessários ou testamento. Dentre os bens imóveis, existem 5 (cinco) casas, de modo
que 4 (quatro) delas estavam na posse do empresário e 1 (uma), de 300 m² (trezentos metros quadrados), era ocupada por uma
família simples, que lá se instalou para moradia habitual, sem título e sem qualquer resistência por parte de Eugênio. Em 6 de maio
de 2013, por iniciativa do Ministério Público, iniciou-se a arrecadação dos bens do falecido. Em 31 de julho de 2013 completaram
10 (dez) anos que a família morava no imóvel do empresário, data na qual ainda não havia sido declarada a vacância da herança. A
família poderá adquirir a propriedade pela usucapião, mesmo em se tratando de herança jacente, na medida em que o prazo aquisitivo
da propriedade se deu antes da declaração de vacância. (certa) VUNESP - 2014 - PGM
Ex.: Acerca da propriedade e de suas formas de aquisição, aquele que invadiu imóvel alheio e ali estabeleceu sua moradia
habitual há onze anos, cultivando no local hortaliças para venda na região, terá de aguardar mais quatro anos para adquirir direito
à aquisição da propriedade por usucapião. (errada) FCC - 2012 - DPE-PR
Ex.: Caio e Tício celebraram, em 01.01.2007, um compromisso de compra e venda por meio do qual este promete àquele vender
um imóvel urbano, de 1800 m2 de terreno. O compromisso previu uma entrada no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e 60
parcelas de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). Caio pagou o valor da entrada, edificou no terreno e mudou-se para o imóvel no
final do ano de 2007, estabelecendo sua moradia definitiva e ininterrupta, e então deixou de pagar as demais prestações. Em razão
do inadimplemento, Tício notificou Caio extrajudicialmente, em 01.01.2008, para que pagasse os valores em atraso. Este, por sua
vez, em 01.02.2008, contranotificou Tício, alegando que não mais pagaria qualquer valor, em razão da edificação que realizou,
afirmando textualmente que já se considerava “dono” do terreno. Tício foi convidado para ser o Diretor Executivo de uma empresa
multinacional, mudando-se para a Alemanha em 01.05.2008, somente retornando ao Brasil em 01.01.2019. Em 01.06.2019, Caio
ajuizou uma ação de usucapião. Sobre o caso relatado, pode-se afirmar corretamente: Pode ser reconhecida a usucapião, tendo
em vista que houve a interversio possessionis, bem como o decurso do prazo e dos requisitos para o reconhecimento da
usucapião extraordinária decorrente da posse-trabalho. (certa) VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ - EDIÇÃO N. 133: DO DIREITO DAS COISAS:
6) O contrato de promessa de compra e venda constitui justo título apto a ensejar a aquisição da propriedade por usucapião. A
posse advinda do contrato de promessa de compra e venda, em princípio, não induz, de fato, usucapião. Entretanto, há casos em
que a prescrição aquisitiva pode se consumar, especialmente se verificada a conversão da posse não própria em própria,
momento a partir do qual o possuidor passa a se comportar como se dono fosse em decorrência da interversio possessionis,
como sucedeu no caso em exame. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 987.167/SP, 16/05/2017.

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elaborado por @fredsmcezar
9. USUCAPIÃO ORDINÁRIA – (10 ou 5 anos)

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o
possuir por 10 (dez) anos.

REQUISITOS

10 anos

s/ interrupção e s/ oposição

Com título e boa-fé

9.1 JUSTO TÍTULO


“Em suma, é o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não contivesse nenhum vício impeditivo dessa
transmissão. Uma escritura de compra e venda, devidamente registrada, por exemplo, é um título hábil para a transmissão de
imóvel. No entanto, se o vendedor não era o verdadeiro dono (aquisição a non domino) ou se era um menor não assistido por seu
representante legal, a aquisição não se perfecciona e pode ser anulada. Porém a posse do adquirente presume-se ser de boa-fé,
porque estribada em justo título”. (Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 53, 13ª ed.)
A jurisprudência considera que o instrumento de compra e venda configura justo título, apto a ensejar a declaração de usucapião
ordinária, pois o promitente comprador tem o direito à adjudicação compulsória do imóvel independentemente do registro e,
quando registrado, o compromisso de compra e venda passa a integrar a categoria de direito real pela legislação civil. (certa) CESPE -
2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Para os fins da disciplina da usucapião ordinária, considera-se justo o título hábil, em tese, à transferência do domínio, sendo exemplo o
título aquisitivo a non domino. (certa) 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O compromisso de compra e venda não é título hábil a fundamentar usucapião ordinária. (errada) VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O título anulável não é óbice para obtenção da usucapião, porquanto enquanto não for decretada sua anulação é válido, sendo eficaz e capaz
de produzir efeitos. (certa) 2013 - MPE-MS

A existência de justo título instaura a presunção de que a posse é exercida de boa-fé, mas a sua falta não autoriza a conclusão
de que há má-fé. (certa) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Na usucapião ordinária o justo título pode ser substituído pela boa-fé, de modo que se pode afirmar que são eles requisitos alternativos
dessa modalidade derivada de aquisição da propriedade. (errada) 2011 - MPE-PR
• Sobre o imóvel urbano de 350 m² que, sem interrupção e nem oposição, está na posse de Cícero desde fevereiro de 2003, tanto que nele
construiu casa pré-fabricada de madeira, onde habita com sua família, é correto dizer que em fevereiro de 2013, Cícero já pode ajuizar a
ação de usucapião para ver reconhecido seu direito de propriedade sobre o imóvel. (certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ
• A boa-fé, dispensável na modalidade de usucapião extraordinária, mas indispensável na modalidade ordinária, é aquela relativa à dimensão
psicológica. (certa) FMP CONCURSOS - 2014 - TJ-MT – JUIZ
• A existência de justo título não interfere no prazo para consumação da prescrição aquisitiva. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS

• Em relação à usucapião, adquire a propriedade do bem imóvel aquele que exercer a posse direta, com animus domini por dez anos, podendo
ser considerado o tempo de posse do herdeiro, contanto que os períodos de posse ocorram sem interrupção, nem oposição, mediante justo
título e boa-fé. (certa) FCC - 2021 - DPE-GO

Ex.: Pedro, residente em Brasília e casado sob o regime de comunhão parcial de bens, alienou uma casa de 400 m² situada no
Rio Grande do Sul. Na ocasião, ocultou sua condição de casado. A escritura pública foi lavrada e registrada no cartório de registro
de imóveis. Após doze anos, nos quais o comprador, de forma pacífica, residiu com sua família na casa, descobriu-se o estado de
casado do alienante.

O comprador, para contar o tempo exigido para o usucapião, deve ter exercido pessoalmente a posse durante todo o período, pois
(errada)
não pode acrescentar à sua posse a de seus antecessores.

O comprador pode adquirir a propriedade da casa pelo usucapião urbano. (errada)

No caso de aquisição da propriedade da casa pelo usucapião ordinário, exige-se que o possuidor tenha exercido a posse de boa-fé. (certa)

O comprador pode adquirir a propriedade da casa pelo usucapião ordinário. (certa)

CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Ex.: Em 2003, Francisco adquiriu de Pedro lote de terreno de 330 m , em área urbana, através de contrato particular de compra
2

e venda, contrato esse não levado a registro. No contrato estava previsto o pagamento de 30 parcelas de R$ 300,00. Francisco
59
elaborado por @fredsmcezar
reside no local desde 2003 e não possui qualquer outro imóvel urbano ou rural. Em janeiro de 2021, Francisco procura o Defensor
Público da Comarca em que reside para regularizar a situação imobiliária do imóvel. O Defensor Público, ao analisar a documentação,
verifica o seguinte a parte apresentou comprovante de pagamento de todas as parcelas, o contrato não está assinado por Pedro
e o lote em questão não é registrado no Registro de Imóveis competente. O Defensor Público deverá ajuizar ação de usucapião
ordinário. (certa) FGV - 2021 - DPE-RJ
Ex.: Desde novembro de 2007, Tício exerce posse mansa, pacífica, ininterrupta e com fim de moradia sobre imóvel urbano com
área de 260 m2, baseado em compromisso de compra e venda quitado, mas não registrado, celebrado com Caio. Mévio, de boa-fé,
adquiriu o mesmo imóvel de Caio em fevereiro de 2018, mediante pagamento à vista, seguido de posterior registro da escritura
pública de compra e venda no Cartório de Imóveis. Em seguida, Mévio move ação de imissão na posse em face de Tício. Nesse
caso, Tício poderá alegar a usucapião ordinária como matéria de defesa para impedir a procedência do pedido, mediante prova da
existência de compromisso de compra e venda quitado, ainda que não registrado, e da posse prolongada exercida com boa-fé.
(certa) VUNESP - 2018 - PGE-SP

9.2 USUCAPIÃO TABULAR


Art. 1.242. Parágrafo único. Será de 5 (cinco) anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente,
com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem
estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 2012 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
O prazo da usucapião documental, também conhecida como tabular, é de 5 anos. (certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO;
2012 - MPE-PR

REQUISITOS

05 anos Adquirido onerosamente

Registro cancelado Moradia ou investimento social/econ.

Usucapião tabular é modalidade de usucapião ordinária, com prazo de cinco anos, se o imóvel houver sido adquirido,
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelado posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. (certa) FCC - 2022 - PGE-AM
• Na usucapião tabular, o lapso temporal para aquisição da propriedade é de dez anos. (errada) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO
• A usucapião ordinária ocorre quando o ocupante de boa-fé possui o imóvel por dez anos, de forma contínua e pacífica, e com justo título,
documentado por compromisso de compra e venda, ainda que recaia sobre o bem cláusula de inalienabilidade, de ciência do possuidor.
(errada) FCC - 2015 - DPE-SP

• Paulo mora e detém a posse mansa e pacífica de imóvel, com animus domni, justo título e boa-fé, há cinco anos e seis meses. O imóvel
havia sido adquirido, de forma onerosa, com base em registro constante em cartório, mas esse registro foi posteriormente cancelado. Nessa
situação hipotética, Paulo cumpre os requisitos necessários para a usucapião tabular. (certa) CESPE - 2019 - TJ-PA - JUIZ SUBSTITUTO
• Adquire a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por cinco anos, se o houver
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelado posteriormente, desde que os possuidores nele
tiverem estabelecido a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico. (certa) 2022 - DPE-PR

Ex.: Acerca da propriedade e de suas formas de aquisição, aquele que estabeleceu sua moradia habitual há sete anos em
determinado imóvel, após firmar e adimplir com os ditames de contrato de compra e venda registrado e recentemente anulado
por falta de capacidade civil do vendedor, terá de aguardar mais três anos para adquirir direito à aquisição da propriedade por
usucapião. (errada) FCC - 2012 - DPE-PR - DEFENSOR PÚBLICO

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elaborado por @fredsmcezar
10. USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a 50ha cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. CESPE - 2023 - MPE-SC

REQUISITOS

Não ser proprietário de outro bem imóvel RURAL/URBANO.

05 anos ininterruptos sem oposição

área em zona rural não superior a 50 hectares.

produtiva por seu trabalho ou de sua família

ou ter nela sua moradia

No que diz respeito à usucapião especial rural, ou pro labore, é correto afirmar que dispensa tanto o justo título como a posse
de boa-fé. (certa) FGV - 2009 - TJ-PA - JUIZ
• Não será reconhecido mais de uma vez ao mesmo possuidor o direito de adquirir imóvel rural pela usucapião pro-labore, em que o prazo
exigido para a aquisição é de cinco (05) anos. (certa) FCC - 2009 - MPE-CE
• Uma família sem teto para morar invade pacificamente um terreno urbano de pouco mais de 150 metros quadrados e ali constrói sua casa
de moradia, permanecendo por cinco anos e meio no local, sem nunca ter sido incomodada pelo proprietário. Tal situação caracteriza
usucapião. (certa) UEG - 2013 - PC-GO
• O prazo da usucapião pro labore, também conhecida como especial rural, é de 5 anos. (certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Francisco Augusto ajuizou ação de usucapião agrário. Ele não é proprietário de imóvel rural ou urbano, e possuiu como sua, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
nela sua moradia. Durante a instrução, verificou-se, contudo, que a posse agrária é exercida sobre uma área de noventa hectares.
A ação deverá ser julgada improcedente. (certa) FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO

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elaborado por @fredsmcezar
11. USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA (PRO MISERO)

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados), por 5 (cinco)
anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

O fato de o autor da ação de usucapião utilizar uma parte do imóvel para uma atividade comercial que serve ao sustento da família
domiciliada no imóvel não inviabiliza a prescrição aquisitiva buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.777.404-TO, 05/05/2020 (Info 671).
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.

§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

REQUISITOS

Não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Área urbana de 250 m²

05 anos ininterruptamente e sem oposição.

Sua moradia ou de sua família.

Ex. José da Silva encontrou um terreno urbano de 200m2 e lá construiu uma pequena residência onde passou a morar com sua
família por 7 anos. O cidadão já possuía um imóvel na zona rural do município, mas era distante de seu local de trabalho, de forma
que passou a residir no terreno urbano com animus domini, exercendo posse contínua e sem oposição de terceiros. José da Silva
não poderá usucapir na modalidade de usucapião especial porque já possuía um imóvel antes de residir no terreno que pretende
usucapir. (certa) VUNESP - 2016 - PROCURADOR MUNICIPAL
• Rony, há 6 (seis) anos ininterruptos e sem oposição, possui como sua uma pequena casa de 90 m², em área urbana, onde reside com sua
família. Não é proprietário de outro imóvel, urbano ou rural. Anteriormente à sua posse, a casa era ocupada por um amigo seu que se mudou
para outro Estado, mas Rony não sabe a que título seu amigo ocupava o imóvel. Dois anos após a ocupação por Rony, foi averbada na
matrícula do imóvel uma certidão de distribuição de uma ação de execução em face do formal proprietário do bem. Rony não recebeu notícia
da averbação realizada. Diante dessas circunstâncias, é correto afirmar que se operou a prescrição aquisitiva em favor de Rony, pela
denominada usucapião especial urbana residencial individual. (certa) VUNESP - 2016 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO
• Sobre o instituto da usucapião especial urbana, é correto afirmar que pode ser reconhecida extrajudicialmente, sendo a aquisição do
respectivo imóvel registrada pelo oficial do registro de imóveis competente. (certa) IBADE - 2017 - PC-AC – DELEGADO
• A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título hábil
para registro perante o CRI, não dispensando, no entanto, cuidados formais, como apresentação de planta descritiva, intimação das Fazendas
Pública e terceiros interessados, evitando-se, assim, futuras nulidades no título de propriedade a ser constituído. (certa) FUNDEP - 2019 - DPE-MG
• Sobre o imóvel urbano de 350 m² que, sem interrupção e nem oposição, está na posse de Cícero desde fevereiro de 2003, tanto que nele
construiu casa pré-fabricada de madeira, onde habita com sua família, é correto dizer que em 2008, já poderia ter sido usucapido de acordo
com a regra da usucapião especial urbana. (errada) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ
• A usucapião especial urbana atinge imóveis ocupados por cinco anos ininterruptos e utilizados para moradia do ocupante ou de su a família,
desde que não seja proprietário de outro imóvel. Ainda, o bem deve possuir no máximo 250 m2 e obedecer a fração mínima de parcelamento.
(errada) FCC - 2015 - DPE-SP

Ex.: Os pais de Daniel viveram desde 4 de dezembro de 2000 em uma casa de 75 m 2 no centro da cidade, exercendo posse
como se donos fossem do imóvel, pois não possuíam outro imóvel, no entanto, faleceram em um trágico acidente ocorrido em 11
de agosto de 2008. Ficando o imóvel fechado e vazio por três meses, Ana, que possuía escritura de propriedade do imóvel, inscrita
no Registro Público, retomou o imóvel e lá se encontra residindo há seis meses. Daniel, não se conformando com a situação,
ingressou com ação objetivando reaver o imóvel. Diante desse fato, é correto afirmar que Daniel adquiriu o imóvel por
sucessão causa mortis, razão pela qual poderá intentar a retomada do imóvel por via judicial em face de Ana. (certa) VUNESP - 2009 -
TJ-MT - JUIZ

Explicação: Em 2008 o prazo para a usucapião já havia sido atingido. Sendo assim, por foça da usucapião a propriedade do
imóvel já havia sido adquirida. É oportuno lembrar que eventual sentença em ação de usucapião tem natureza meramente declaratória
– não constitutiva -. Sendo assim, quando do falecimento dos pais, o imóvel já integrava o patrimônio dos de cujus e foi transmitido
ao herdeiro pelo instituto da saisine.

62
elaborado por @fredsmcezar
O fato de os possuidores serem proprietários de metade do imóvel usucapiendo não faz incidir a vedação de não possuir ‘outro
imóvel’ urbano, contida no art. 1.240 do Código Civil 37
“Caso hipotético: João e Pedro eram proprietários de uma casa. Cada um tinha 50% da fração ideal do imóvel. João foi executado
e os seus 50% sobre o imóvel levados alienados em hasta pública. Geraldo e Regina arremataram esses 50% sobre o imóvel. Como
Pedro não dava muita atenção a esse imóvel, Geraldo e Regina passaram a morar na casa. Depois de mais de cinco anos residindo,
eles ajuizaram ação pedindo o reconhecimento de usucapião especial urbana, nos termos do art. 1.240 do Código Civil: “Aquele que
possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.”
O juiz julgou o pedido improcedente sob o argumento de que os autores já são proprietários de 50% do imóvel. Logo, eles não
teriam direito à usucapião especial urbana considerando que não atende à parte final do art. 1.240 do CC.
O STJ afirmou que havia sim direito à usucapião. A usucapião especial urbana foi idealizada para contemplar as pessoas sem
moradia própria. Por isso, é que se exigiu que o indivíduo não seja proprietário de outro imóvel. Sob essa perspectiva, o fato de
os autores serem proprietários da metade ideal do imóvel que pretendem usucapir não constitui o impedimento de que trata o
art. 1.240 do Código Civil, pois não possuem moradia própria, já que eventualmente teriam que remunerar o coproprietário (em
nosso exemplo, João) para usufruir com exclusividade do bem”. DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 1909276-RJ, 27/09/2022 (Info 753).

37
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O fato de os possuidores serem proprietários de metade do imóvel usucapiendo não faz incidir a vedação de não possuir ‘outro imóvel’ urbano,
contida no art. 1.240 do Código Civil. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7de64fd4ad48b97aa81f0250c25b899a>. Acesso em: 08/08/2023
63
elaborado por @fredsmcezar
12. USUCAPIÃO POR ABANDONO DO LAR (FAMILIAR)

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre
imóvel urbano de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Lei nº 12.424/2011)
FCC - 2012 - MPE-AL / CESPE - 2014 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2º (VETADO) . (Lei nº 12.424, de 2011)

REQUISITOS

2 (dois) anos ininterruptamente e sem Ex-cônjuge ou ex-companheiro que


oposição abandonou o lar

Posse direta com exclusividade Utilizar para moradia de sua família

Propriedade dividida Não ser proprietário de outro imóvel


urbano ou rural

Imóvel urbano de até 250 m²

Ex.: Maria casou-se em regime de comunhão parcial de bens com João, com quem teve 3 filhos e adquiriu um imóvel. João
abandonou a família quando os filhos contavam com 10, 8 e 6 anos de idade e Maria permaneceu residindo no imóvel adquirido
na constância da união. Após a separação de fato, João não contribuiu com o sustento dos filhos, tampouco deu notícias após a
saída do lar. Após quinze anos, João ajuizou ação de divórcio em face de Maria pleiteando a dissolução do vínculo conjugal e a
partilha do bem imóvel adquirido pelo esforço comum. Considerando que houve separação de fato, Maria terá direito à aquisição
da propriedade por usucapião do bem, desde que não seja proprietária de outro imóvel urbano ou rural, tenha utilizado o imóvel
para fins residenciais e que o imóvel urbano conte com até 250 m2. (certa) FCC - 2021 - DPE-BA
Ex.: Joaquina, casada em regime de comunhão parcial de bens com Reinaldo, deixou o seu lar e foi morar em uma casa abrigo
para vítimas de violência doméstica e familiar, em razão de ter sido vítima de violência doméstica praticada por seu marido. O imóvel,
de 120 m², estava registrado apenas no nome dela, mas fora adquirido onerosamente na constância do casamento. Reinaldo não
tinha imóvel registrado em seu nome e utilizava o bem para a sua moradia. Depois de quatro anos, antes do divórcio, Joaquina
acionou o Poder Judiciário para retirar Reinaldo do imóvel. Não é possível a caracterização da usucapião por abandono do lar, pois
a violência doméstica sofrida por Joaquina descaracteriza a voluntariedade do abandono. (certa) CESPE - 2022 - MPE-TO
• O prazo da usucapião especial por abandono do lar, também conhecida como conjugal, é de 2 anos. (certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

• A usucapião especial urbana residencial familiar exige, como condições para que o(a) interessado(a) possa vir a ser declarado(a)
proprietário(a) pela referida usucapião, que a posse ad usucapionem seja exercida, sem interrupção ou oposição, por no mínimo 5 (cinco)
anos, por aquele(a) que dividia o imóvel com ex-cônjuge ou ex- companheiro(a) que abandonou o lar, e desde que esteja presente a finalidade
de utilização do imóvel para fins de moradia própria, individual ou de sua família. (errada) 2014 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
• A usucapião familiar depende de boa-fé e justo título. (errada) [adaptada] FCC - 2017 - DPE-SC
• Considere que Ana e João tenham vivido como companheiros em determinado imóvel urbano de 100 m 2 , cuja propriedade era dividida pelo
casal e que João tenha abandonado o lar há dois anos. Nessa situação hipotética, Ana poderá adquirir a propriedade do imóvel mediante
usucapião, desde que tenha exercido a posse direta sobre o bem ininterruptamente e sem oposição e não seja proprietária de imóvel rural
superior a 50 hectares. (errada) CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA
• Na usucapião familiar, será possível adquirir a propriedade dividida com excônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, mesmo que seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (errada) 2022 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO

Ex.: Cícero é proprietário de vários imóveis urbanos de pequeno valor, e veio a casar-se com Josefa pelo regime legal de bens,
em 10/01/2006, sendo que ela de nenhum imóvel era proprietária. O casal foi residir em um dos imóveis de 250 m² pertencente
ao varão e, a partir daí, nada mais adquiriram, em virtude de seus gastos excessivos. Passados dez anos, Cícero abandonou o
cônjuge e passou a viver maritalmente com Roberta, tendo um filho. Nesse caso, Josefa NÃO ADQUIRIRÁ o imóvel onde reside pela
usucapião familiar ou conjugal, mesmo se decorridos dois anos ininterruptamente e sem oposição de sua posse direta e com
exclusividade sobre o imóvel, por FALTAR-LHE REQUISITO estabelecido em lei para essa forma especial de aquisição da propriedade.
(certa) FCC - 2016 - DPE-ES.

Obs.: Neste caso o cônjuge não dividia a propriedade. Como a propriedade pertencia integralmente a um de deles, não foi
preenchido o referido requisito legal.

64
elaborado por @fredsmcezar
• Adquire a propriedade pela usucapião o cônjuge abandonado pelo outro que exercer por dois anos ininterruptamente e sem oposição posse
direta sobre imóvel urbano de até 250 m2, onde conviviam, utilizando-o para sua moradia, qualquer que seja o regime de bens do casamento.
(errada) FCC - 2018 - PGE-AP

Ex.: José e Maria, casados sob o regime da comunhão parcial de bens, adquiriram um terreno em loteamento devidamente
registrado com área de 300 m2, nele construindo uma casa para residência da família, que ocupa 250 m2, sendo essa área murada,
embora restassem nos fundos 50 m2, contíguos a uma outra área destinada a uma praça que, entretanto, não foi concluída, nem
pela municipalidade, nem pelo loteador. José abandonou a família e Maria pediu separação judicial, convertida posteriormente em
divórcio, sendo o cônjuge citado por edital, mas não houve a partilha de bens. Decorridos 6 anos do divórcio, José retornou e
passou a ocupar a área remanescente de 50 m2 do imóvel referido e mais 200 m2 contíguos, onde se situaria a praça, nelas
construindo sua moradia. As casas de José e Maria são as únicas de cada um. Passados 10 anos do divórcio e 5 anos desde que
José veio a residir, com ânimo de dono, no local mencionado e sem que sofressem oposição às respectivas posses, Maria terá
adquirido o domínio integral da área em que ficou residindo com a família, depois de 2 anos ininterruptos de sua posse exclusiva,
mas José não poderá adquirir por usucapião a área total que ocupa com exclusividade. (certa) FCC - 2014 - TJ-AP - JUIZ
Ex.: Roberto abandonou o lar e sua companheira, Francisca, no Recife – PE e foi para São Paulo – SP, deixando um imóvel
urbano de 120 m2 , adquirido onerosamente na constância da união estável, mas registrado no cartório de imóveis apenas no nome
de Roberto. Francisca não tinha outra propriedade imóvel e residiu no local ininterruptamente e sem oposição. Após três anos,
Roberto voltou ao Recife – PE com o propósito de retirar Francisca do imóvel. CESPE - 2018 - DPE-PE

Roberto, por ter abandonado o lar, não terá direito ao imóvel, porque Francisca usucapiu o bem. (certa)

Francisca não terá direito ao imóvel, uma vez que o bem estava registrado apenas no nome de Roberto. (errada)
.

A separação de fato por longo período afasta a regra de impedimento da fluência da prescrição entre cônjuges prevista no art.
197, I, CC e viabiliza a efetivação da prescrição aquisitiva por usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp 1.693.732-MG, 05/05/2020 (INFO 671).
Se há a consolidação de uma separação de fato, não é devido aplicar o impeditivo do curso da prescrição. Para o STJ, a separação
de fato consolidada no tempo afasta a regra que impede a fluência da prescrição entre cônjuges (art. 197, I, CC), viabilizando-
se, assim, o reconhecimento da usucapião.

65
elaborado por @fredsmcezar
13. USUCAPIÃO COLETIVA (ESTATUTO DA CIDADE)
Conforme regrada no Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001), com suas alterações posteriores, a usucapião coletiva, modalidade
da usucapião especial urbana, pressupõe a impossibilidade de identificação dos terrenos ocupados por cada possuidor
individualmente considerado. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de
possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. (Lei nº 13.465/2017) FCC - 2012 - DPE-SP
/ 2012 - MPE-MG

• É aplicada aos núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos cujos possuidores não sejam proprietários de outro
imóvel. (certa) FCC - 2021 - DPE-GO
• O prazo da usucapião especial coletiva de bem imóvel, previsto no Estatuto das Cidades, é de 5 anos. (certa) 2016 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
SUBSTITUTO

§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto
que ambas sejam contínuas.
§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo JUIZ, mediante sentença, a qual servirá de título para
registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3º Na sentença, o JUIZ atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que
cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
• Na usucapião coletiva, prevista na Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade), como regra geral, a cada possuidor será atribuída, por decisão
judicial, igual fração ideal de terreno. (certa) 2010 - MPE-SP
• [...] será declarada por sentença que constituirá, em regra, um condomínio com frações ideais diferenciadas a cada possuidor, segundo a
extensão de sua posse. (errada) FCC - 2021 - DPE-GO
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no
mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.

§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos
presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou
possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo. 2014 - MPE-MT

Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana:

I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente;

II – os possuidores, em estado de composse;

III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica,
desde que explicitamente autorizada pelos representados.

§ 1º Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público.

§ 2º O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis.

14. USUCAPIÃO INDÍGENA

Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta
hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. FCC - 2018 - PGE-AP

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas
reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.

REQUISITOS
INTEGRADO ou NÃO
10 ANOS
TRECHO INFERIOR A 50HA.

• Adquire a propriedade pela usucapião o índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior
a cinquenta hectares. (certa) FCC - 2018 - PGE-AP

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elaborado por @fredsmcezar
15. FORMAS DE AQUISIÇÃO DERIVADAS

REGISTRO DO TÍTULO
DERIVADAS
SUCESSÃO HEREDITÁRIA

15.1 REGISTRO IMOBILIÁRIO


Nas formas derivadas, há relação jurídica entre o atual proprietário e o seu antecessor. Logo, eventuais vícios, ônus e
cláusulas restritivas que recaiam/venham a recair sobre o bem serão transmitidos ao novo proprietário.
Ex. de aquisição derivada: sucessão causa mortis, registro e tradição. Anote-se que a compra e venda são a causa (motivo –
relação jurídica base) que fazem com que, na sequência, ocorra o registro para os bens imóveis ou a tradição para os bens móveis.

REGISTRO IMOBILIÁRIO

SUCESSÃO HEREDITÁRIA
.
• A propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus, pelo registro do formal de partilha no Cartório de Registro de Imóveis.
(errada) FCC - 2009 - DPE-MA

• A propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus independentemente de registro do formal de partilha no Cartório de
Registro de Imóveis. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA

Obs.: O registro é forma derivada de aquisição de bem imóvel. Não confundir: MATRÍCULA x REGISTRO x AVERBAÇÃO.

15.1.1 MATRÍCULA
É a primeira inscrição do imóvel no registro imobiliário (RI). É como se fosse uma “certidão de nascimento” de um imóvel.
Cada imóvel terá sua matrícula própria. Ex.: Ao adquirir uma nova casa, o número da matrícula não vai mudar. Como regra geral
matrícula é estável, salvo fusão/união ou cisão/desmembramento do imóvel.

15.1.2 AVERBAÇÃO
Tem por finalidade fazer constar alterações secundárias junto à matrícula do imóvel e do registro. É possível averbar uma nova
construção, seja uma acessão ou benfeitoria.
Ex.: Imagine o registro de um lote vago e posteriormente o proprietário constrói uma casa de 300m². Será possível averbar a
referida construção.
Ex.: O adquirente era solteiro quando comprou um imóvel, mas se casou posteriormente. Logo, será possível averbar a alteração
no estado civil.
Além disso, serão averbados os cancelamentos de ônus e gravames. A doutrina ensina que a averbação serve para adequar o
registro imobiliário à realidade atual.
É cabível a averbação de protesto contra alienação em matrícula de imóvel considerado bem de família. STJ. 4ª Turma. REsp 1.236.057-
SP, 06/04/2021 (Info 692).

15.1.3 REGISTRO
O registro é o ato subsequente à matrícula. O registro é normalmente realizado quando houver a prática de um negócio jurídico
de disposição, como um contrato de compra e venda, doação, mútuo hipotecário. Além disso, o registro tem lugar quando forem
constituídos sobre o imóvel direitos reais sobre coisas alheias. Há uma matrícula e vários atos são praticados na forma de
registro.
• Enquanto a propriedade de bem imóvel é adquirida no momento da averbação REGISTRO em Cartório de Registro de Imóveis do título aquisitivo,
tratando-se de ato inter vivos, ou do formal de partilha, no caso de sucessão mortis causa, a do bem móvel ocorre pela simples tradição
em qualquer caso. (errada) FCC - 2009 - DPE-MA

Não confundir “registro” com “escritura pública”. A escritura não serve para a aquisição de propriedade móvel, sendo apenas
uma formalidade que está no plano da validade. O registro se situa no plano da eficácia e gera a aquisição da propriedade.

ESCRITURA plano da VALIDADE

REGISTRO plano da EFICÁCIA

67
elaborado por @fredsmcezar
Nos atos inter vivos de transmissão da propriedade imobiliária, é indispensável o registro do título que, uma vez procedido, goza
de presunção absoluta (“princípio da presunção absoluta do registro imobiliário”). (errada) 2010 - PGE-RS
• A escritura pública é suficiente para a aquisição da propriedade imobiliária, sendo uma formalidade situada no plano de validade dos
contratos de constituição ou transmissão de bens. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
.
SÚMULA 239-STJ: O direito à adjudicação não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de
imóveis.
.
• Como o promitente comprador é titular de direito real, não se admite a medida de adjudicação compulsória por aquele, em caso de recusa
da escrituração pelo vendedor, sem o prévio registro público do contrato; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O direito do promitente comprador de imóvel é considerado um direito real de aquisição e, uma vez pago o preço, independentemente de
registro imobiliário, aquele faz jus à titularidade do bem, podendo ajuizar adjudicação compulsória em caso de recusa do transmitente; (certa)
2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

15.2 SISTEMAS DE REGISTRO IMOBILIÁRIO 38


Tradicionalmente, a doutrina nos traz três sistemas registrais ao longo do tempo: romano, francês e alemão.

ROMANO PRESUNÇÃO RELATIVA


FRANÇA PRESUNÇÃO RELATIVA
ALEMANHA PRESUNÇÃO ABSOLUTA

São três os sistemas referentes ao sistema registral estabelecidos pelo direito comparado: o romano, o francês e o alemão,
tendo o ordenamento jurídico brasileiro adotado o sistema francês de aquisição da propriedade imobiliária. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA –
JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

15.2.1 SISTEMA REGISTRAL ROMANO


Os negócios jurídicos são celebrados e terão a devida publicidade. A publicidade permitirá a eficácia erga omnes. O negócio
jurídico celebrado entre particulares será levado ao Estado para adquirir publicidade.
O registro confere publicidade e daí adquire-se a titularidade do bem. No sistema romano a presunção de propriedade é relativa.

15.2.2 SISTEMA REGISTRAL FRANCÊS


Por razões históricas ligadas à Revolução Francesa, os liberais burgueses não queriam o Estado nas relações privadas. Assim,
desde o Código Napoleônico (1804), o mero negócio jurídico translativo de direito sobre imóveis já é suficiente para transmitir o
domínio. O registro tem finalidade não constitutiva do direito de propriedade.
O registro é feito apenas e tão somente com o caráter de publicização do domínio. A partir de celebração do negócio jurídico,
já há uma presunção relativa de propriedade. Na França, os contratos possuem força translatícia de domínio. Há um elemento
comum entre os sistemas romano e francês: presunção relativa.

15.2.3 SISTEMA REGISTRAL ALEMÃO/GERMÂNICO


Na Alemanha, as partes celebram um negócio jurídico, o qual é transformado, pelo Estado alemão, no chamado convênio
jurídico real e depois haverá o registro imobiliário. As partes celebram um negócio jurídico privado, posteriormente o Estado faz
uma formalidade, que é o convênio jurídico real, ocasião em que o Estado irá verificar e sanar todo e qualquer vício que porventura
exista naquela negociação anterior. Isso se faz para que, quando aquele convênio jurídico real seja levado a registro, as partes
tenham a mais completa segurança de que aquele registro será inquestionável.
Na Alemanha, o registro imobiliário traz presunção absoluta de propriedade. Ex.: se alguém demonstrar que a outra pessoa não
é a proprietária do imóvel, daí o problema é do Estado. Aqui, fala-se em responsabilidade estatal.

15.2.4 SISTEMA REGISTRAL BRASILEIRO (REGISTRO – PRESUNÇÃO RELATIVA)


No Brasil, é certo que não adotamos o sistema francês, uma vez que a mera contratação não tem a força de transmitir a
propriedade. No sistema brasileiro, se um imóvel tiver um valor superior a 30 salários-mínimos, o art. 108 do Código Civil exige
que aquela contratação se revista da forma pública (lavratura de escritura pública no cartório de notas).
Depois, essa escritura pública deve ser levada ao cartório do registro de imóveis. A partir daqui, conforme art. 1.227, do CC,
nós teremos a constituição de direitos reais sobre aquele determinado imóvel. Feito o registro imobiliário, surge uma presunção
relativa de domínio. Isto é, se uma pessoa possui um imóvel registrado em seu nome, em tese, não há mais nada a ser provado.

38
Anotações de aula do Prof. Bruno Zampier (Curso Supremo)
68
elaborado por @fredsmcezar
O sistema brasileiro não é puramente romano, nem puramente alemão. Há autores que dizem que o sistema brasileiro é
alemão mitigado, visto ser necessário a pessoa se dirigir duas vezes ao Estado:

1ª VEZ: CARTÓRIO DE NOTAS (ESCRITURA)

2ª VEZ: CARTÓRIO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO (REGISTRO)

15.2.5 RESPONSABILIDADE DOS TABELIÃOES, NOTARIAIS E REGISTRADORES

O Estado possui responsabilidade civil direta, primária e objetiva pelos danos que notários e oficiais de registro, no exercício
de serviço público por delegação, causem a terceiros. STF. Plenário. RE 842846/RJ, 27/2/2019 (repercussão geral) (Info 932).
Os Estados-membros não possuem competência legislativa para determinar a microfilmagem de documentos arquivados nos
cartórios extrajudiciais do Estado. Esse tema envolve registros públicos e responsabilidade civil dos notários e registros, matéria
que é de competência privativa da União, nos termos do art. 22, XXV, da CF/88. STF. Plenário. ADI 3723, 27/03/2020.
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/abebb7c39f4b5e46bbcfab2b565ef32b

15.3 DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA DE BENS IMÓVEIS


Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
A propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus independentemente de registro do formal de partilha no
Cartório de Registro de Imóveis. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA
No direito brasileiro, a aquisição da propriedade imóvel por sucessão exige a transcrição ou registro do título (formal de partilha)
no Registro de Imóveis; (errada) 2013 - MPE-PR
• A propriedade de bem imóvel transmite-se ao herdeiro do de cujus, pelo registro do formal de partilha no Cartório de Registro de Imóveis.
(errada) FCC - 2009 - DPE-MA

• A posse precária adquirida pelo de cujus não perde esse caráter quando transmitida mortis causa aos seus sucessores, ainda que estes
estejam de boa-fé. (certa) CESPE - 2009 - DPE-ES
• Em se tratando de posse adquirida de forma clandestina pelo autor da herança, tal característica não mais subsistirá após seu falecimento,
pelo princípio da saisine. (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Com base no princípio da saisine, ainda que o herdeiro nunca tenha tido a posse sobre o bem do autor da herança, bastará intentar ação de
reintegração de posse, após a morte deste, para reavê-la de terceiros que o ocupem indevidamente; (certa) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• A aquisição da propriedade imobiliária em decorrência do direito hereditário se dá com o registro do título na serventia extrajudicial
competente. (errada) CESPE - 2014 - PGE-PI

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16. FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL

MÓVEL
ORIGINÁRIAS DERIVADAS

• OCUPAÇÃO • ESPECIFICAÇÃO
• ACHADO DO TESOURO • CONFUSÃO
• USUCAPIÃO • COMISTÃO
• ADJUNÇÃO
• TRADIÇÃO
• SUCESSÃO

A propriedade mobiliária pode ser adquirida pela usucapião, ocupação, achado de tesouro, especificação, confusão, comistão e
adjunção. (certa) FCC - 2018 - PROCURADOR DO MUNICÍPIO

16.1 DA USUCAPIÃO DE BENS MÓVEIS


ORDINÁRIA (art. 1.260) EXTRAORDINÁRIA (art. 1.261)

JUSTO TÍTULO + BOA FÉ INDEPENDENTEENTE DE JUSTO TÍTULO ou BOA FÉ


3 anos 5 anos

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante 3 (três) anos, com justo título e
boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por 5 (cinco) anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-
fé.
• Não será admitida a usucapião de bens móveis quando a posse não for de boa-fé. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Se determinada pessoa possuir coisa móvel como sua por dois TRÊS anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. (errada) CESPE
- 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA

• Aquele que possuiu de forma contínua e de boa-fé bem móvel como seu pelo período de dois TRÊS anos, tem direito à aquisição da propriedade
por usucapião. (errada) FCC - 2012 - DPE-PR
• Segundo o Código Civil brasileiro em vigor, aquele que possuir, de boa-fé, coisa alheia móvel como sua, de forma justa, pacífica, contínua e
inconteste, durante cinco TRÊS anos ininterruptos, adquirir-lhe-á a propriedade. (errada) CESPE - 2012 - DPE-SE
• Segundo a jurisprudência do STJ, é possível a usucapião de bem móvel em contrato de alienação fiduciária em garantia quando a aquisição
da posse por terceiro ocorre sem o consentimento do credor, desde que preenchidos os pressupostos legais. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª
REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• A usucapião de bem móvel pressupõe posse contínua e inconteste por três anos, desde que haja justo título e boa-fé. (certa) 2013 - MPE-PR
• A usucapião trienal de coisa móvel independe de justo título e boa-fé. (errada) 2014 - MPE-MG
• A usucapião não é forma de aquisição de propriedade móvel. (errada) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Será admitido o usucapião de bens móveis quando a posse for de boa-fé, contínua e inconteste por cinco TRÊS anos. (errada) 2019 - MPE-SP

Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
O art. 1.262 prevê que é possível fazer a união de posses no caso de usucapião de bem móvel, bem como prevê que os
requisitos pessoais também se aplicam à usucapião de bem móvel.

16.1.1 USUCAPIÃO DE VEÍCULOS


Em se tratando de veículo, a falta de transferência da propriedade no órgão de trânsito correspondente limita o exercício da
propriedade plena, uma vez que torna impossível ao proprietário que não consta do registro tomar qualquer ato inerente ao
seu direito de propriedade, como o de alienar ou de gravar o bem. Dessarte, para a formalização da aquisição do domínio, bem
como o exercício pleno da propriedade nos casos de veículos registrados em nome de terceiros, é indispensável que o possuidor
proponha ação própria contra aquele em cujo nome a propriedade se encontre registrada. Outrossim, apesar de se observar a
posse direta do bem, aquele que a detém terá de elidir a cadeia sucessória dos antigos proprietários, além dos sucessores
do proprietário constante dos registros do DETRAN, para exercer a propriedade plena do veículo em questão. Sob esse prisma,

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elaborado por @fredsmcezar
a ação de usucapião poderá ser utilizada para o fim pretendido com o fito de possibilitar a transferência administrativa do
veículo no órgão de trânsito. REsp 1.582.177-RJ, 25/10/2016, DJe 9/11/2016.

16.1.2 USUCAPIÃO DE VEÍCULO FURTADO39


Em 2003, João adquiriu um caminhão de Ricardo, por meio de financiamento bancário. Vale ressaltar que foi feito o registro e
licenciamento regular perante o DETRAN. Em 2013, apareceu Pedro dizendo que o caminhão era seu e que Ricardo havia
furtado o veículo em 2002.
Diante disso, Pedro ajuizou ação de reintegração de posse contra João pedindo de volta o caminhão. João, por sua vez, formulou
pedido contraposto para que fosse reconhecida a usucapião extraordinária sobre o bem, considerando que ele estava na posse
mansa e pacífica durante todos esses anos. Pedro argumentou que não havia posse porque se trata de bem objeto de furto.
Assim, nem sempre será proibido que o bem furtado seja objeto de usucapião. É necessário analisar, no caso concreto, se
houve a cessação da clandestinidade, especialmente quando o bem furtado é transferido a terceiros de boa-fé. O exercício
ostensivo da posse perante a comunidade, ou seja, a aparência de dono é fato, por si só, apto a provocar o início da contagem
do prazo de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.370-RJ, 10/09/2019 (Info 656).

16.2 DA OCUPAÇÃO
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por
lei.
• Não é admitido, na lei civil, o assenhoramento de coisa sem dono. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• Ainda que a ocupação seja defesa em lei, se alguém se assenhorear de coisa sem dono, adquirir-lhe-á a propriedade. (errada) CESPE - 2009 - PC-
RN - DELEGADO DE POLÍCIA

• O direito real não se adquire pela ocupação. (errada) 2011 - MPE-SP


• No direito brasileiro, não é admitido o assenhoramento de coisa sem dono. (errada) 2019 - MPE-SP

Segundo Orlando Gomes, a coisa abandonada (res derelictae) não se confunde com a coisa perdida (res perdita), pois quem
perde uma coisa não perde a sua propriedade; privado estará, enquanto não a encontrar, de exercer o domínio, mas, nem por isso
a coisa deixará de ter dono.
• A descoberta não é forma de aquisição da propriedade móvel. (certa) 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

16.3 DO ACHADO DO TESOURO


Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o
proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.

Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou
por terceiro não autorizado.

Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por
inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
• O dito popular de que “achado não é roubado" encontra respaldo no Código Civil Brasileiro, quando trata da descoberta de coisa alheia
perdida, permitindo ao descobridor a apropriação da coisa quando não encontrar o dono ou legítimo possuidor. (errada) 2015 – MPDFT
• A ocupação constitui modo de aquisição de coisa móvel ou semovente sem dono. (certa) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

16.4 DA TRADIÇÃO
O art. 481 CC inaugura os contratos em espécie. Esse art. Enuncia de forma bem clara que o contrato gera a obrigação de
transferir a propriedade. No Brasil, o contrato não transfere a propriedade, mas gera a obrigação de transferir.
Após o contrato, teremos a tradição se for bem móvel e o registro se for bem imóvel. A causa é a compra e venda, mas a forma
de transmissão é a tradição (se for bem móvel) ou registro (se for bem imóvel).
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
• A propriedade das coisas móveis é transferida por negócios jurídicos antes da tradição. (errada) CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA
• A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. (certa) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição. (certa) 2015 - DPE-PA

39
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Bem furtado pode ser objeto de usucapião, desde que tenha cessado a clandestinidade. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1819fb9034f796275e6f64950a134e2a>. Acesso em: 08/08/2023
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elaborado por @fredsmcezar
• A propriedade das coisas móveis pode se transferir antes da tradição. (errada) FUNCAB - 2016 - PC-PA - DELEGADO DE POLICIA CIVIL
• A propriedade das coisas móveis transfere-se pelos negócios jurídicos praticados antes da tradição. (errada) 2019 - MPE-SP

16.4.1 CONSTITUTO-POSSESSÓRIO
Art. 1.267. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório;
quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está
na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
• “Constituto possessório é modo de transferência da posse indireta ao adquirente do bem”. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-SP – JUIZ
Cláusula contratual que faz com que o possuidor pleno se torne mero possuidor direto. Ex.: “A” mora no apartamento e faz
doação para “B” com reserva de usufruto. “A” se mantém na posse direta da coisa. Contudo, para efeitos legais ainda que “A”
continue na posse do bem, considera-se que a tradição foi realizada. *Lembrar que a Tia Ruth fez isso c/ a casa de Lagoa Santa.
Doou a casa para o meu pai e continuo morando lá casa.
Ex.: Tadeu, apesar de ser o legítimo possuidor de uma chácara em bairro afastado da cidade de Maceió, disputa
judicialmente a posse do imóvel com Alberto, que, além de se dizer possuidor, sabidamente não adquiriu a posse que defende de
modo vicioso. No caso em apreço, por exceção, admite-se que o proprietário ajuíze ação possessória sem que tenha exercido
qualquer ato possessório sobre o bem, caso esteja presente a cláusula de constituto possessório no negócio jurídico celebrado.
(certa) CESPE - 2009 - DPE-AL

Ex.: A aquisição da posse se dá também pela cláusula constituti inserida em escritura pública de compra e venda de imóvel, o
que autoriza o manejo dos interditos possessórios pelo adquirente, mesmo que nunca tenha exercido atos de posse direta sobre
o bem; (certa) 2011 - MPE-MS
• O CC/2002, considera o constituto possessório como forma de aquisição da posse de coisa imóvel; (errada) 2011 - MPE-MS
• É possuidor indireto o proprietário de um imóvel adquirido com cláusula constituti. (certa) 2012 - TJ-RS – JUIZ
• O constituto-possessório ocorre quando o possuidor possui em nome alheio PRÓPRIO e passa a possuir em nome próprio ALHEIO. (errada) CESPE -
2012 - MPE-RR

• Não se admite a aquisição da posse por meio do constituto possessório. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• No constituto-possessório, subentende-se a tradição quando o transmitente continua na posse do bem. (certa) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ
SUBSTITUTO

Ex.: Alienação fiduciária de carro. Uma pessoa vai ao banco, celebra um contrato de alienação fiduciária de automóvel e
aliena o bem para a financeira (banco), mas fica na posse do carro. No contrato de alienação fiduciária em garantia há uma cláusula
constituti. Uma pessoa que era proprietário e possuidor passa a ser apenas possuidor direto.

16.4.2 ALIENAÇÃO A NON DOMINO


Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, A TRADIÇÃO NÃO ALIENA A PROPRIEDADE, exceto se a coisa, oferecida ao
público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a
qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
• Tradição é a forma geral e necessária de alienação voluntária das coisas móveis com a intenção de transferir a propriedade, nunca alienando
a coisa se não feita pelo proprietário. (errada) 2010 - TJ-PR - JUIZ
• A venda a non domino não constitui exemplo de propriedade aparente. (errada) CESPE - 2012 - MPE-RR

• Na venda a non domino, estando o adquirente de boa fé e o alienante adquirir depois a propriedade, convalida-se o ato, considerando-se
realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. (certa) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ
• Na venda de coisa alheia, feita a tradição, a propriedade se transfere imediata e automaticamente, independentemente de qualquer
circunstância. (errada) VUNESP - 2014 - TJ-SP – JUIZ

Trata-se de caso de ineficácia da venda. Não se pode dizer que é caso de validade, uma vez que não existe previsão de que o
negócio seja nulo ou anulável.40
Se alguém adquiriu o bem de boa-fé, esta deve prevalecer sobre a ineficácia decorrente da venda a non domino. Trata-se da
boa-fé objetiva. Tem-se aplicação da teoria da aparência e da eticidade.

16.4.3 EFICÁCIA SUPERVENIENTE (EFEITOS EX TUNC)


§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o
momento em que ocorreu a tradição.

40
(Tartuce, Vol. Único, p. 899, 9ª ed.)
72
elaborado por @fredsmcezar
Ex.: O filho vende o carro do pai. Ora, o filho não era proprietário do veículo no momento da venda. Contudo, tempo depois, o
pai vem a falecer e como consequência o filho torna-se proprietário do veículo que alienou. Logo, considera-se realizada a
transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. É como se ocorre uma convalidação retroativa. Efeitos ex tunc.
§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo.

16.5 ESPECIFICAÇÃO
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se
puder restituir à forma anterior. 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA / FCC - 2020 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie
nova.
• Aquele que, trabalhando em matéria prima totalmente alheia, obtiver espécie nova, a perderá para o dono do material utilizado, ainda que
haja boa-fé. (errada) 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• A especificação é forma de aquisição originária de propriedade móvel. (errada) NUCEPE - 2014 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA

• Adquire a propriedade pela confusão ESPECIFICAÇÃO aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, se não se
puder restituir à forma anterior. (errada) 2019 - MPE-SP

§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-
prima.
§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação
à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador
de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente, quando irredutível a especificação.

16.6 DA CONFUSÃO, DA COMISTÃO E DA ADJUNÇÃO


CONFUSÃO Mistura entre coisas líquidas ou gases em que não é possível a separação. Ex.: Água e vinho.

COMISTÃO Mistura entre coisas sólidas ou secas, não possível a separação. Ex.: Cereais, areias e cimento.

Justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre a outra, sendo impossível a separação. Ex.: Tinta sobre a
ADJUNÇÃO
parede.

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles,
continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração. 2011 - MPE-PB /
• Adjunção é uma forma de aquisição da propriedade móvel prevista no Código Civil. (certa) 2019 - MPE-SP

§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um
dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade
do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que
será indenizado.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as
normas dos arts. 1.272 e 1.273.

16.7 DA SUCESSÃO HEREDITÁRIA DE BENS MÓVEIS


Pelo art. 1.784, o direito sucessório pode gerar a aquisição derivada da propriedade móvel, seja a sucessão legítima ou
testamentária.

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17. PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL E MÓVEL

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: (ROL EXEMPLIFICATIVO)

I POR ALIENAÇÃO; (registro de título no registro de imóveis)

II PELA RENÚNCIA; (registro de título no registro de imóveis)

III POR ABANDONO;

IV POR PERECIMENTO DA COISA;

V POR DESAPROPRIAÇÃO.

Não é causa de perda da propriedade a deterioração da coisa. (certa) 2011 - PGE-RS

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título
transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
• São formas de perda da propriedade imóvel a alienação, a renúncia, o abandono, o perecimento da coisa e a desapropriação. Os efeitos da
perda da propriedade imóvel, nos casos de renúncia e desapropriação, não estão subordinados ao registro no Ofício de Registro de Imóveis
correspondente; (errada) 2014 - MPE-MA

17.1 ALIENAÇÃO
Trata-se de ato bilateral (acordo de vontade) que transmite o direito de propriedade de um patrimônio a outro. A alienação pode
ser onerosa ou gratuita (ex. doação). Em casos envolvendo imóveis haverá necessidade de registro no CRI (Cartório de Registro
Imobiliário).
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de DIREITOS REAIS SOBRE IMÓVEIS de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
Em caso de bens móveis é necessária a tradição (art. 1.267 CC).

17.2 RENÚNCIA
Constitui um ato unilateral, não dependendo de aceitação. Basta a vontade do renunciante. Irrevogável, expressa e deve ser
registrada. Abre-se mão de um direito sem transferir a outrem.

17.3 ABANDONO
O proprietário se desfaz da coisa. O simples desuso não pode ser interpretado como abandono. Este ato material precisa estar
muito bem caracterizado.
Perde-se a propriedade por abandono. (certa) 2012 - TJ-DFT - JUIZ
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se
não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, 3 (três) anos depois, à propriedade do
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - MPE-SC / 2015 - MPE-AM

§ 1º O imóvel situado na ZONA RURAL, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar,
3 (três) anos depois, à propriedade da UNIÃO, onde quer que ele se localize.

§ 2º Presumir-se-á de modo ABSOLUTO a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o
proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
• Como causa de perda de propriedade de bem móvel, o abandono pode ser presumido, desde que presente a intenção do proprietário; como
causa de perda de propriedade de imóvel, será o abandono absolutamente presumido ante o inadimplemento de ônus fiscais, depois de
cessados os atos de posse. (certa) CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA
• O Código Civil PRESUME como ABSOLUTO o abandono de imóvel urbano quando, cessados os atos de posse, o proprietário deixar de
satisfazer os ônus fiscais. (certa) FCC - 2013 - DPE-SP
• O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse
de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou a do Distrito Federal, se se
achar nas respectivas circunscrições. (certa) 2013 - MPE-SC

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elaborado por @fredsmcezar
• Na hipótese de o imóvel haver sido arrecadado como bem vago em agosto de 2011, a propriedade desse imóvel, transcorrido o prazo legal,
poderá ser transmitida ao Distrito Federal, observado o devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não
cessação da posse. (certa) 2015 - PC-DF - DELEGADO DE POLÍCIA
• A cessação dos atos de posse e o não pagamento dos ônus fiscais relativos ao bem resultam em presunção RELATIVA de abandono do
imóvel urbano. (errada) CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO

Nos termos da lei civil, o imóvel urbano abandonado, que foi arrecadado como bem vago, poderá ser incorporado ao domínio
do Município, passado o prazo mínimo de 5 (cinco) anos. (certa) UFMT - 2018 - PROCURADOR MUNICIPAL
O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não
encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, decorrido o prazo legal, à propriedade do Município
ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições. (certa) FUNDEP - 2021 - MPE-MG
ENUNCIADO 597 CJF: A posse impeditiva da arrecadação, prevista no art. 1.276 do Código Civil, é efetiva e qualificada por sua
função social.
.
ENUNCIADO 242 – CJF: A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado
demonstrar a não-cessação da posse.
.
ENUNCIADO 243 – CJF: A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-
princípio do art. 150, inc. IV, da Constituição da República.
.
ENUNCIADO 316 – CJF: Eventual ação judicial de abandono de imóvel, caso procedente, impede o sucesso de demanda petitória.

ENUNCIADO 565 – CJF: Não ocorre a perda da propriedade por abandono de resíduos sólidos, que são considerados bens
socioambientais, nos termos da Lei n. 12.305/2012.

17.4 REGRAS PROCEDIMENTAIS PARA A ARRECADAÇÃO DE BENS VAGOS


Lei nº 13.465/2017
Art. 64. Os imóveis urbanos privados abandonados cujos proprietários não possuam a intenção de conservá-los em seu patrimônio
ficam sujeitos à arrecadação pelo Município ou pelo Distrito Federal na condição de bem vago.
§ 1º A intenção referida no caput deste artigo será presumida quando o proprietário, cessados os atos de posse sobre o imóvel,
não adimplir os ônus fiscais instituídos sobre a propriedade predial e territorial urbana, por cinco anos.
§ 2º O procedimento de arrecadação de imóveis urbanos abandonados obedecerá ao disposto em ato do Poder Executivo municipal
ou distrital e observará, no mínimo:

I - abertura de processo administrativo para tratar da arrecadação;

II - comprovação do tempo de abandono e de inadimplência fiscal;

III - notificação ao titular do domínio para, querendo, apresentar impugnação no prazo de trinta dias, contado da data de
recebimento da notificação.

§ 3º A ausência de manifestação do titular do domínio será interpretada como concordância com a arrecadação.
§ 4º Respeitado o procedimento de arrecadação, o Município poderá realizar, diretamente ou por meio de terceiros, os investimentos
necessários para que o imóvel urbano arrecadado atinja prontamente os objetivos sociais a que se destina.
§ 5º Na hipótese de o proprietário reivindicar a posse do imóvel declarado abandonado, no transcorrer do triênio a que alude o art.
1.276 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), fica assegurado ao Poder Executivo municipal ou distrital o direito
ao ressarcimento prévio, e em valor atualizado, de todas as despesas em que eventualmente houver incorrido, inclusive tributárias,
em razão do exercício da posse provisória.
Art. 65. Os imóveis arrecadados pelos Municípios ou pelo Distrito Federal poderão ser destinados aos programas habitacionais, à
prestação de serviços públicos, ao fomento da Reurb-S ou serão objeto de concessão de direito real de uso a entidades civis que
comprovadamente tenham fins filantrópicos, assistenciais, educativos, esportivos ou outros, no interesse do Município ou do Distrito
Federal.
Se a sentença de declaração de vacância foi proferida depois de completado o prazo da prescrição aquisitiva em favor do autor
da ação de usucapião, não procede a alegação de que o bem não poderia ser usucapido porque do domínio público, uma vez que
deste somente se poderia cogitar depois da sentença que declarou vagos os bens jacentes. (certa) 2011 - MPE-MS

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elaborado por @fredsmcezar
18. DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA

18.1 SUPERFÍCIE
O direito de superfície é um direito autônomo, sendo assim, é possível o aluguel, dar em comodato, usufruto e até mesmo ser
dado em hipoteca (garantia real).
• Roberto possui direito real de superfície de bem imóvel e deseja hipotecar esse direito pelo prazo de vigência do direito real. Nesse caso, a
estipulação de direito real de garantia é ilegal porque a hipoteca somente pode ser constituída pelo proprietário do bem. (errada) CESPE - 2017 -
PC-GO - DELEGADO DE POLÍCIA SUBSTITUTO

Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. 2016 - MPE-SC / FCC - 2018 - PGE-TO
• O direito de superfície importa uma concessão temporária, mas isso não implica uma propriedade resolúvel. (errada) FCC - 2010 - TJ-MS – JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

• Durante o período do contrato o proprietário confere ao superficiário a propriedade útil do seu imóvel, como titular de um direito real
oponível erga omnes. (certa) FCC - 2010 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O direito de superfície é concedido a outrem pelo proprietário ou possuidor, caracterizado pelo direito de construir ou de plantar em terreno
do concedente, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. (errada) FCC -
2013 - TJ-PE – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Como a superfície é direito diverso do direito de propriedade, a sua aquisição não depende de registro de escritura pública. (errada) CESPE -
2013 - MPE-RO

• A propriedade superficiária não pode ser, de forma autônoma, objeto de direitos reais de gozo e de garantia, como é o caso, por exemplo,
da hipoteca. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O direito de superfície pode ser estabelecido de forma perpétua, ressalvados todos os direitos do proprietário. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS

• Admite-se a constituição do direito de superfície por instrumento público ou particular, que deverá ser registrado no Cartório de Registro de
Imóveis. (errada) VUNESP - 2014 - DPE-MS
• O proprietário pode conceder o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, sendo o direito de superfície um
direito real sobre imóvel, que somente se adquire com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. (certa) 2015 - MPDFT
• O direito de superfície abrange a autorização para obra no subsolo, salvo se expressamente excluído no instrumento de concessão celebrado
entre as partes. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir em seu terreno, por tempo indeterminado, mediante instrumento particular,
devidamente registrado no Cartório de Títulos e Documentos. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO; 2016 - MPE-RS
• Se, mediante escritura pública, o proprietário de um terreno conceder a terceiro, por tempo determinado, o direito de plantar em seu terreno,
então, nesse caso, estará configurado o direito de superfície. (certa) CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO
• O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura
pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Este enunciado refere-se ao direito de superfície. (certa) FCC - 2020 - TJ-MS -
JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.369. Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
• O superficiário deverá efetuar ao proprietário do solo pagamento pela transferência do direito de superfície a terceiros, salvo estipulação
contratual em contrário. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de
uma só vez, ou parceladamente.
Se o contrato for oneroso, haverá o pagamento do solarium. Trata-se de quantia devida pelo superficiário ao dono do solo/nu-
proprietário se o contrato for oneroso. Pode ser um pagamento único ou fracionado no tempo.
Ex.: Renata é proprietária de um terreno na área rural de um município no Estado de São Paulo. Com dificuldades financeiras,
decide conceder a Marcelo o direito de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente
registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Essa situação hipotética trata de uma hipótese do direito real de superfície. (certa) VUNESP
– 2019 – PROCURADOR MUNICIPAL

Ex.: Por meio de escritura pública devidamente registrada, Pedro concedeu a Rodolfo a propriedade, por prazo determinado, de
construção que efetuar em área de seu terreno. Essa relação reflete o direito de superfície. (certa) CESPE - 2018 - PGE-PE

18.1.1 RESPONSABILIDADE DO SUPERFICIÁRIO


Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
• O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidem sobre o imóvel, não se admitindo deliberação em sentido contrário. (errada)
VUNESP - 2014 - DPE-MS

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elaborado por @fredsmcezar
• De acordo com a legislação civil, o direito de superfície pode ser transferido a terceiro mediante prévio pagamento do valor estipulado pelo
concedente para a respectiva transferência. (errada) CESPE - 2015 - DPE-RN

18.1.2 TRANSFERÊNCIA DA SUPERFÍCIE


Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
• O direito de superfície é intransferível e, no caso de morte do superficiário, retorna ao concedente. (errada) FGV - 2013 - TJ-AM – JUIZ

• O direito subjetivo integra o patrimônio do superficiário, podendo este transferir o direito de superfície a terceiro por negócio jurídico; no
entanto, não haverá a saisine em favor dos herdeiros quando do seu falecimento. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O direito de superfície não pode ser transferido a terceiros, exceto, por morte do superficiário, aos seus herdeiros. (errada) FAURGS - 2016 - TJ-
RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• O direito de superfície pode transferir-se, por morte do superficiário, aos seus herdeiros. (certa) 2014 - MPE-PR

Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.

Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência,
em igualdade de condições.
O superficiário pode alienar o seu direito de superfície → O fundieiro tem o direito preferência. O fundieiro pode ter interesse
em readquirir a superfície sem aguardar o termo resolutivo.
No entanto, o Código Civil não tratou do prazo decadencial para exercício desse direito potestativo (direito de preferência). A
doutrina recomenda a aplicação do prazo de 180 dias, aplicando-se, analogicamente, o art. 504, do Código Civil (compra e venda
no condomínio).
Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que
foi concedida.

18.1.3 EXTINÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE


Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação,
independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário. 2009 - PC-PI - DELEGADO DE POLÍCIA
• O proprietário, extinta a concessão, passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de
indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário . (certa) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em conseqüência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e
ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um.
Ex.: Carlos, proprietário de um terreno, concedeu a Pedro, mediante escritura pública registrada, o direito de cultivar esse terreno
pelo período de três anos. Nessa situação hipotética, de acordo com o que dispõe o Código Civil, caso o imóvel seja desapropriado,
Pedro também fará jus à indenização. (certa) CESPE - 2017 - PGE-SE

18.1.4 DIREITO DE SUPERFÍCIE CONSTITUÍDO POR PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO
O direito de superfície pode ser constituído por pessoa jurídica de direito público interno. (certa) VUNESP - 2014 - DPE-MS

Art. 1.377. O direito de superfície, constituído por pessoa jurídica de direito público interno, rege-se por este Código, no que não
for diversamente disciplinado em lei especial.

18.1.5 DIREITO DE SUPERFÍCIE SEGUNDO O ESTATUTO DA CIDADE


ENUNCIADO 93 CJF: As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície não revogam as relativas a direito de superfície
constantes do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/2001) por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano.
• Com relação ao direito de superfície para a propriedade urbana aplicam-se as regras do Estatuto da Cidade e, nas demais situações, aplica-
se o Código Civil. (certa) 2009 - PC-RJ - DELEGADO DE POLÍCIA
• As normas previstas no Código Civil sobre direito de superfície revogaram as do Estatuto da Cidade relativas ao mesmo tema. (errada) CESPE -
2012 - MPE-PI

ESTATUTO DA CIDADE - Lei Nº 10.257/2001.


Art. 21. O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo determinado ou
indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis.

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elaborado por @fredsmcezar
• O direito de superfície constitui instituto real por meio do qual o proprietário cede a outrem, por tempo determinado ou não, de forma gratuita
ou onerosa, o direito de construir ou plantar em seu terreno, recaindo o direito sobre bens imóveis, mediante escritura pública, devidamente
registrada em cartório de registro de imóveis. (certa) CESPE- 2012 - MPE-TO

18.1.6 ENFITEUSE
“O direito real de superfície surgiu para substituir a enfiteuse, banida pela nova codificação, nos termos do art. 2.038 do CC/2002
(“Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do
Código Civil, Lei 3.071, de 1.º de janeiro de 1916, e leis posteriores”. (Tartuce, Vol. Único, p. 974, 9ª ed.)
CC. Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às
disposições do Código Civil anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, e leis posteriores. 2015 - MPDFT
§ 1º Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2º A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.
• O Código Civil vigente proibiu a constituição de aforamentos, subordinando os existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil
anterior, Lei nº 3.071/1916, e leis posteriores, dispondo, ainda, que o aforamento de terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei
especial. (certa) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

18.2 SERVIDÃO
Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono,
e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro
de Imóveis. CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A voluntariedade é da essência da servidão predial e não se presume. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O direito real de servidão de trânsito exige que reste configurado o encravamento do imóvel dominante. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ
SUBSTITUTO

• A servidão predial é considerada um ônus real imposto por lei. (errada) CESPE - 2014 - PGE-PI

A servidão, em razão de sua natureza, é compulsória. (errada) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Ainda que contínua e aparente, a servidão não será presumida. (certa) CESPE - 2010 - AGU
• Não há servidão sobre direitos, ainda que reais. (errada) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A servidão não se constitui se o dono do prédio dominante é proprietário em condomínio do prédio serviente. (errada) 2012 - TJ-RS – JUIZ DE
DIREITO SUBSTITUTO

• A servidão predial é ônus imposto coativamente ao proprietário do prédio serviente, que perderá o exercício de algum dos direitos dominicais
sobre o seu prédio. (errada) CESPE - 2013 - MPE-RO
• O prédio serviente e o prédio dominante podem ser de propriedade da mesma pessoa. (errada) VUNESP - 2014 - PROCURADOR MUNICIPAL
• A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, constituindo-se mediante
declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. (certa) FCC - 2015 - TJ-PI -
JUIZ SUBSTITUTO

A proibição de construir pode ser uma espécie de servidão, classificada como servidão negativa. (certa) VUNESP - 2014 - PROCURADOR
MUNICIPAL

Passagem forçada e servidão de trânsito implicam restrição ao direito de propriedade e decorrem, a primeira, da lei, a segunda,
de manifestação de vontade. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-SP – JUIZ
O titular do prédio dominante pode alienar a servidão em separado da propriedade, em favor de outro imóvel vizinho, pertencente
a terceiro, mas o ato apenas é oponível ao titular do prédio serviente após o registro do título no assento imobiliário. (errada) 2014 - TRF
- 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

“Os prédios devem ser vizinhos (praedia debent esse vicina), embora não haja necessidade de que sejam contíguos. Hão de
guardar tal proximidade que a servidão se exerça em efetiva utilidade do prédio dominante. É o que sucede, por exemplo, na servidão
de aqueduto, em que o proprietário de um prédio tem o direito real de passar água por muitos outros, dos quais só um deles lhe é
contíguo.” 41
• A servidão, que consiste na obrigação de possibilitar a utilização mais cômoda do prédio dominante, tem como pressuposto a existência de
prédios contíguos, pertencentes ao mesmo dono e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários ou por testamento. (errada)
2013 – MPDFT

41
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 226, 13ª ed.
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elaborado por @fredsmcezar
18.2.1 USUCAPIÃO DA SERVIDÃO APARENTE
Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o
interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a
usucapião.
• A usucapião pode ter por objeto coisas móveis, coisas imóveis e servidões aparentes. (certa) FCC - 2009 - MPE-CE
• Não é possível a usucapião de servidão aparente, pois a usucapião é sempre uma forma de aquisição do direito de propriedade. (errada) 2011
- DPE-AM

• Exercida a servidão aparente de forma contínua e sem oposição por 10 anos, pode ser ela usucapida. (certa) VUNESP - 2013 - TJ-SP – JUIZ

• O exercício incontestado e contínuo, com justo título e boa- fé, de uma servidão aparente, por cinco anos, autoriza o interessado a registrá-
la em seu nome no Registro de Imóveis. (errada) FGV - 2013 - TJ-AM - JUIZ
• Não se admite a constituição de uma servidão aparente por prescrição aquisitiva. (errada) VUNESP - 2014 - PROCURADOR MUNICIPAL
• Não se admite a constituição de servidão por testamento. (errada) VUNESP - 2014 - PROCURADOR MUNICIPAL

Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
É inviável usucapir, na forma extraordinária, servidão não aparente e descontínua. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O exercício incontestado de uma servidão aparente com o preenchimento dos demais requisitos legais, autoriza o possuidor sem justo título
a adquiri-la por usucapião após 20 anos. (certa) 2012 - AGE-MG

18.2.2 EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES


Art. 1.380. O dono de uma servidão pode fazer todas as obras necessárias à sua conservação e uso, e, se a servidão pertencer a
mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os respectivos donos.
• As obras necessárias ao uso da servidão, em regra, são realizadas pelo dono do prédio dominante. (certa) CESPE - 2015 - PROCURADOR MUNICIPAL

Art. 1.381. As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo dono do prédio dominante, se o contrário não
dispuser expressamente o título.
Art. 1.382. Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderá exonerar-se, abandonando, total ou
parcialmente, a propriedade ao dono do dominante.
Parágrafo único. Se o proprietário do prédio dominante se recusar a receber a propriedade do serviente, ou parte dela, caber-lhe-
á custear as obras.
Art. 1.383. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão. 2011 - DPE-AM

• Se determinada família possuir servidão de passagem no terreno de João, ainda que a passagem incomode o sossego de João, este não
poderá fixar horário de passagem unilateralmente. (certa) CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA
• É facultado ao dono do prédio serviente obstar o exercício legítimo da servidão caso queira. (errada) NC-UFPR - 2012 - TJ-PR - JUIZ

Art. 1.384. A servidão pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédio serviente e à sua custa, se em nada diminuir
as vantagens do prédio dominante, ou pelo dono deste e à sua custa, se houver considerável incremento da utilidade e não
prejudicar o prédio serviente.
• A servidão pode ser removida, de um local para outro, pelo dono do prédio serviente e à sua custa, se em nada diminuir as vantagens do
prédio dominante, ou pelo dono deste e à sua custa, se houver considerável incremento da utilidade e não prejudicar o prédio serviente.
(certa) VUNESP - 2012 - TJ-RJ - JUIZ

• Dispõe o Código Civil que a servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono,
e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, registrada no cartório de registro de imóveis, não podendo ser removida de
um local para outro sem a anuência do proprietário do prédio dominante. (errada) 2019 - MPE-SC

Art. 1.385. Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades do prédio dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o
encargo ao prédio serviente.
§ 1º Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a outro.
§ 2º Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor exclui a mais onerosa.
§ 3º Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à servidão maior largueza, o dono do serviente
é obrigado a sofrê-la; mas tem direito a ser indenizado pelo excesso.
• Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à servidão maior largueza, o dono do serviente é obrigado
a sofrê-la, sem direito à indenização pelo excesso. (errada) VUNESP - 2012 - TJ-RJ - JUIZ

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elaborado por @fredsmcezar
Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das
porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se
aplicarem a certa parte de um ou de outro.
• As servidões prediais têm como característica a divisibilidade, podendo ser instituídas em favor de parte ideal do prédio dominante e incidir
sobre parte ideal do prédio serviente. (errada) VUNESP - 2012 - TJ-RJ - JUIZ

Ex.: João, proprietário de um imóvel rural, denominado Fazenda São João, de difícil acesso a estrada, adquiriu servidão de
passagem com dois mil metros de extensão, pela Fazenda dos Coqueiros, de propriedade de Pedro, levando o título aquisitivo ao
Registro de Imóveis. Falecendo João, sua Fazenda foi partilhada entre seus filhos Antônio e José, que promoveram a divisão
geodésia, passando, cada qual, a ser dono de um imóvel com registro distinto no Registro Imobiliário. Em seguida, José vendeu seu
imóvel para Joaquim. Nesse caso, a servidão subsiste, em benefício de cada porção do prédio dominante, salvo se a servidão se
aplicar apenas a certa parte de um dos imóveis resultantes da divisão. (certa) FCC - 2021 - TJ-GO - JUIZ SUBSTITUTO
A servidão de passagem, direito real que surge em razão da necessidade/utilidade de trânsito através de determinado imóvel,
por constituir forma de proteção à função social da propriedade, embora se presuma, deve ser interpretada restritivamente. (errada)
CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

18.2.3 DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES


Art. 1.387. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada.
Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso,
para a cancelar, o consentimento do credor.
Um bem imóvel gravado do ônus real de servidão não pode ser objeto de hipoteca. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Se o prédio dominante estiver hipotecado e a servidão não estiver mencionada no título hipotecário, será também preciso, para cancelar a
servidão, o consentimento do credor. (errada) 2011 - DPE-AM
• Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para cancelar, o
consentimento do credor. (certa) 2011 - MPE-MS
• O desuso da servidão, passados pelo menos quinze anos e desde que notificado o titular do prédio dominante, gera a sua extinção. (errada)
2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio
dominante lho impugne:
I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; FCC - 2012 - MPE-AL
II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão;
III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.
• É vedada a renúncia à servidão por parte do titular do prédio dominante. (errada) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a
prova da extinção:
I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;
II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso;
III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. FCC - 2012 - MPE-AL
• A reunião do prédio dominante e do serviente no domínio da mesma pessoa não extingue a servidão, pois sempre haverá a possibilidade de
os imóveis serem novamente desmembrados. (errada) 2011 - DPE-AM
• A servidão extingue-se pelo não uso, durante dez anos consecutivos; (certa) 2014 - MPE-PR

18.3 USUFRUTO
Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-
lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.
FCC - 2009 - DPE-SP / 2011 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - MPE-BA / FCC - 2011 - DPE-RS / CESPE - 2012 - MPE-TO / CESPE - 2012 - MPE-PI / FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO / CESPE - 2016
- PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA / 2016 - MPE-RS / CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL / FCC - 2022 - DPE-AP / 2023 - MPE-RR

No usufruto os poderes de uso e fruição da coisa são transferidos ao usufrutuário, surgindo um direito real, oponível erga omnes.
Assim, ocorrendo a alienação da nua- propriedade, o usufrutuário manterá a posse direta sobre o bem até o advento do termo ou
condição ajustados com o proprietário primitivo. (certa) 2013 - MPDFT
• Enquanto direito real, o usufruto pode ser instituído visando a uma finalidade alimentar. (certa) 2010 - MPE-BA

• o nu-proprietário, observados os direitos do usufrutuário, pode dispor do bem que se encontra gravado com o usufruto. (certa) 2010 - MPE-SP

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elaborado por @fredsmcezar
• Não é cabível a constituição de usufruto que recaia em bens móveis e em um patrimônio inteiro. (errada) FCC - 2011 - DPE-RS
• O usufruto por retenção caracteriza-se pela concessão realizada pelo proprietário de usufruto a terceiro, conservando o proprietário a nua
propriedade. (errada) CESPE - 2012 - MPE-TO
• O conteúdo do usufruto é mais amplo que o da servidão, pois esta só se estabelece sobre imóvel, enquanto aquele não tem essa limitação.
(certa) CESPE - 2012 - MPE-PI

• O usufruto não é direito real de garantia. (certa) 2014 - PGE-AC


• O usufruto pode ser instituído por testamento ou por ato inter vivos. (certa) FCC - 2015 - DPE-SP
• O direito real, que se notabiliza por autorizar que seu titular retire de coisa alheia os frutos e as utilidades que dela advierem, denomina-se
usufruto. (certa) CESPE - 2016 - PC-PE - DELEGADO DE POLÍCIA
• O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. (certa) 2016 - MPE-RS

Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de
Imóveis.
• O registro do usufruto de imóvel que não resulte de usucapião tem natureza constitutiva. (certa) CESPE - 2009 - DPE-ES
• O usufruto deducto possui natureza jurídica de direito real de fruição de caráter temporário, de origem voluntária, e, se incidente sobre bem
imóvel, torna-se eficaz com o registro do título no cartório de registro de imóveis, retroagindo seus efeitos à data da prenotação. (certa) FCC -
2015 - DPE-SP

Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos.
§ 1º Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto,
as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado
ao tempo da restituição.
§ 2º Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que se refere o art. 1.230, devem o dono e o
usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de exploração.
§ 3º Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-parte de bens, o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por
outrem, e ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado.

Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.
• João doou para sua filha Célia cotas de estabelecimento comercial, permanecendo como seu usufrutuário. João percebe rendimentos dessas
cotas e deseja transferir parte do usufruto à pessoa jurídica constituída por seu irmão Marcelo. Nesse caso, é possível a transferência por
cessão de parte do usufruto para pessoa jurídica a título gratuito. (certa) VUNESP - 2009 - TJ-MT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Por estipulação expressa, o direito real de usufruto pode ser transferido aos herdeiros. (errada) 2009 - DPE-MG
• O exercício do usufruto não é transferível a título oneroso. (errada) 2011 - MPE-SP

• O usufruto é inalienável, mas é possível ceder o exercício do bem usufrutuário em comodato ou locação. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 5ª REGIÃO -
JUIZ FEDERAL

• O exercício do usufruto é concedido apenas a título gratuito, sendo vedado a título oneroso. (errada) 2014 - MPE-SC
• O usufruto pode recair sobre bens móveis ou imóveis, devendo o usufrutuário deles utilizar, não podendo alugá-los ou emprestá-los. (errada)
FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

• O usufrutuário tem o direito de ceder o exercício do usufruto, a título gratuito ou oneroso, independentemente de autorização do nu-
proprietário. (certa) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Ronaldo doou um imóvel a Renato e resguardou para si usufruto vitalício sobre o bem. O contrato foi firmado por escritura
pública e registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Passado algum tempo, Ronaldo resolveu ceder o exercício do usufruto a
João, a título oneroso, enquanto Renato houve por bem vender o imóvel a Daniela. Esta venda é possível, continuando existente
o usufruto, em nome de Ronaldo, e podendo João exercê-lo, em razão da cessão operada a seu favor. (certa) FCC - 2014 - DPE-PB
Ex.: Ana Lúcia, brasileira, solteira, ocupante e usufrutuária de um único imóvel residencial, sem nenhum outro bem, adquiriu
dívida, decorrente de um cheque não quitado, junto a uma empresa de cosméticos. Esta ajuizou execução judicial do título de crédito
e, ciente de que o imóvel tinha usufruto, pediu a penhora deste. No entanto, a nua propriedade do imóvel de Ana Lúcia, antes do
ajuizamento da execução, havia sido doada a sua filha, Patrícia, com a devida reserva do usufruto vitalício a Ana Lúcia. Na escritura
de doação, que também foi registrada antes da propositura da execução, foram previstas cláusulas de inalienabilidade,
impenhorabilidade, incomunicabilidade e reversão do imóvel. Nessa situação hipotética, o usufruto deverá ser considerado
impenhorável, pois o bem foi declarado inalienável. (certa) CESPE - 2017 - DPE-AC [Resp 883.085/Sp]
Ex.: Josefina, viúva, doou um imóvel com reserva de usufruto para cada um de seus três filhos, a saber: Pedro, casado sob o
regime da comunhão parcial de bens, com Antonia, que possuem um filho, Roberto; Joaquim, solteiro, sem descendentes, nem
outros ascendentes, possuindo parentes colaterais os sobrinhos e um tio de nome Epaminondas; e João, casado com Antonieta,
sob o regime da comunhão parcial de bens, sendo que a doação feita a João foi também em comum a seu cônjuge, e possuem uma
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elaborado por @fredsmcezar
filha, Romilda. Em um acidente de veículo, morreram Josefina e seus três filhos, não se podendo apurar quem morreu primeiro.
Nesse caso, os imóveis doados não precisarão ser incluídos no inventário e partilha dos bens de Josefina, bastando que seja
cancelado o usufruto perante o Registro Imobiliário; o imóvel doado a Pedro pertencerá a Roberto; o doado a Joaquim, pertencerá
a Roberto e Romilda; e o doado a João, pertencerá a Antonieta. (certa) FCC - 2014 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
▪ NUA PROPRIEDADE PODE ser objeto de PENHORA e alienação em hasta pública, situação em que ficará ressalvado o direito
real de usufruto já existente até sua extinção, mesmo após a arrematação e adjudicação do bem alienado. (certa) CESPE - 2023 - MPE-
AM (REsp n. 1.712.097/RS, 3ª Turma, DJe de 13/4/2018)

▪ USUFRUTO → IMPENHORÁVEL. São IMPENHORÁVEIS: os bens INALIENÁVEIS (...); (CPC, art. 833. I) + (CC. 1.393 e 1.394)

▪ FRUTOS DO USUFRUTO → “Os frutos são PENHORÁVEIS; o usufruto não” (AgRg no Ag n. 1.370.942/SP, DJe de 20/8/2012.)

18.3.1 DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO


Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos.
Paulo doou o imóvel em que reside a Fábio, seu filho mais novo, reservando para si o direito de usufruto. No ato de doação, não
foi colhido consentimento de Rafael, o filho mais velho. Posteriormente, Fábio veio a se desentender com a nova companheira de
seu pai, Valquíria, ocasião em que a ofendeu. Todos os envolvidos são maiores e capazes. Diante desta situação, embora Fábio seja
o proprietário do imóvel, é Paulo quem pode alugar a casa e, caso o faça, não precisará repassar os valores ou prestar contas a
Fábio. (certa) FCC - 2018 - DPE-AP
Segundo o STJ, o usufrutuário pode valer-se de ações possessórias contra o nu-proprietário, mas não de ações de natureza
petitória. (errada) CESPE - 2015 - DPE-RN
Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas
dívidas.
Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em
títulos da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.
Art. 1.396. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem
encargo de pagar as despesas de produção.
Parágrafo único. Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação
das despesas.
Art. 1.397. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças de gado existentes
ao começar o usufruto.
Art. 1.398. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data
em que cessa o usufruto.
Ex.: Nívea é proprietária de uma casa localizada no Município de João Pessoa. Sua mãe, Genilda, é usufrutuária dessa casa e,
em decorrência deste usufruto, aluga o referido imóvel para Clara. Neste caso, de acordo com o Código Civil brasileiro, os frutos
civis vencidos na data inicial do usufruto, pertencem a Nívea em sua totalidade. (certa) FCC - 2012 - PROCURADOR MUNICIPAL
Art. 1.399. O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe a destinação
econômica, sem expressa autorização do proprietário.

18.3.2 USUFRUTÁRIO E AÇÃO REIVINDICATÓRIA


É possível ao usufrutuário propor ação reivindicatória para a defesa de seu usufruto vitalício? Sim, pois, na condição de titular
de um direito real limitado, dotado de direito de sequela, tem legitimidade e interesse processual. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-MS - JUIZ
SUBSTITUTO

• Segundo o STJ, o usufrutuário pode valer-se de ações possessórias contra o nu-proprietário, mas não de ações de natureza petitória. (errada)
CESPE - 2015 - DPE-RN

18.3.3 DOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO


Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em
que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.
Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.
Art. 1.401. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste
caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento
deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do
administrador.
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elaborado por @fredsmcezar
Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
Art. 1.403. Incumbem ao usufrutuário:
I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;
II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída.
• No usufruto, incumbem ao nu-proprietário os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa; (errada) 2014 - MPE-PR

• O usufrutuário tem o direito de usufruir exclusivamente de bem imóvel assumindo as despesas ordinárias de sua conservação, inclusive os
impostos e taxas que supõem o uso e fruto da propriedade. (certa) 2015 - MPDFT

Art. 1.404. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará
os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída.
§ 1º Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendimento em um ano.
§ 2º Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode
realizá-las, cobrando daquele a importância despendida.
Art. 1.405. Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o
patrimônio ou a parte dele.
Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos
deste.
Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do seguro.
§ 1º Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante contra o segurador.
§ 2º Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro.
Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o
usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à
reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.
Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indenização paga, se ele for desapropriado, ou a
importância do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no caso de danificação ou perda.

18.3.4 DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO


A alienação da nua propriedade em hasta pública é, segundo o Código Civil, causa de extinção do direito real de usufruto. (errada)
CESPE - 2015 - DPE-RN

Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:


I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
• A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação, que decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge sobrevivente, mantendo-
o no imóvel destinado à residência da família. (certa) CESPE - 2011 - TJ-PB - JUIZ

II - pelo termo de sua duração;


III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos
da data em que se começou a exercer;
• O usufruto em favor de pessoa jurídica extingui-se após o decurso do prazo máximo de trinta anos da data em que se começou a exercer.
(certa) FGV - 2013 - TJ-AM – JUIZ

IV - pela cessação do motivo de que se origina;


V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de
conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único
do art. 1.395;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
No intuito de assegurar o cumprimento da função social da propriedade gravada, o Código Civil, sem prever prazo determinado,
autoriza a extinção do usufruto pelo não uso ou pela não fruição do bem sobre o qual ele recai. (certa) CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

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elaborado por @fredsmcezar
• O usufruto pode extinguir-se pelo não uso da coisa sobre a qual recai. (certa) 2015 - DPE-PA

Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que
falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente. CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO
• Falecendo o usufrutuário, o direito de usufruto transmite-se aos seus herdeiros. (errada) 2010 - MPE-SP
• É possível o usufruto simultâneo. (certa) 2010 - MPE-SP
• “A” e “B” possuem o usufruto de um mesmo imóvel. De acordo com a regra geral, falecendo “A”, ao quinhão de “B” será acrescida a parte
de “A”, passando “B” a desfrutar do bem com exclusividade. (errada) 2011 - MPDFT
• No usufruto constituído em favor de duas pessoas, falecendo uma delas e salvo disposição em contrário, o quinhão do falecido acrescerá
ao do sobrevivente. (errada) 2012 - PGE-PA
• A morte do usufrutuário casado é causa de transmissão do usufruto ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de casamento.
(errada) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO

• Ainda que o usufruto tenha sido estabelecido com prazo determinado, o falecimento do usufrutuário não gera direito à sucessão hereditária
legítima desse usufruto. (certa) CESPE - 2015 - DPE-PE
• Caso seja instituído o usufruto em favor de dois usufrutuários, o falecimento de um deles gerará de pleno direito o acréscimo ao sobrevivente.
(errada) CESPE - 2017 - TJ-PR - JUIZ SUBSTITUTO

No inventário de José X, foi atribuída à filha Rosa X, a nua propriedade de um imóvel urbano, cujo usufruto foi reservado à
viúva meeira, Ana X. Falecendo, posteriormente, Ana X, seus bens foram inventariados e partilhados, exceto o referido imóvel. Rosa
X compareceu ao Serviço de Registro de Imóveis requerendo o cancelamento do usufruto, exibindo o comprovante de pagamento de
tributos incidentes para esse ato. O Oficial do Registro recusou-se a promover o cancelamento sob o argumento de que o usufruto
teria de ser, também, objeto do inventário de Ana X, e suscitou dúvida a requerimento de Rosa X. A dúvida é improcedente,
porque o usufruto não é objeto de herança, extinguindo-se com a morte do usufrutuário. (certa) FCC - 2015 - TJ-SE - JUIZ SUBSTITUTO
Adolfo casou-se em 15/11/2013 com Pedrina, contando os nubentes naquela data setenta e cinco e quarenta e cinco anos de
idade, respectivamente. Adolfo possuía grande patrimônio, e em seguida, firmou testamento deixando para Pedrina um valioso
imóvel rural, e o usufruto vitalício de um imóvel urbano, os quais não representavam mais do que 10% (dez por cento) de seu
patrimônio. O restante dos bens destinou a seus filhos. Adolfo faleceu em 10/01/2015. Nesse caso, o casamento teve de realizar-se
pelo regime de separação obrigatória de bens, Pedrina não concorrerá com os filhos de Adolfo na sucessão legítima; entretanto,
poderá receber os bens que lhe foram deixados por testamento. (certa) FCC - 2015 - TJ-PI - JUIZ SUBSTITUTO

18.3.5 USUFRUTO LEGAL (DIREITO DE FAMÍLIA)


Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar: I - são usufrutuários dos bens dos filhos;
O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens
dos filhos menores sob sua autoridade. (certa) FCC - 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO

18.3.6 USUFRUTO IMPRÓPRIO – “QUASE USUFRUTO”


O usufruto impróprio é aquele que recai sobre coisas consumíveis e fungíveis. Nesse caso, o usufrutuário passa a ser
proprietário do bem, obrigando-se a restituir coisa equivalente ou o seu valor. (certa) 2018 - MPE-MS
CC Art. 1.392. § 1º Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir,
findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o
seu valor, estimado ao tempo da restituição.

18.3.7 USUFRUTO SUCESSIVO


O direito brasileiro permite o usufruto sucessivo se este for concedido em favor de descendente do usufrutuário. (errada) CESPE -
2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO

18.4 USO
Diferentemente do usufruto, o direito de uso sobre coisa não constitui direito real. (errada) VUNESP - 2013 - TJ-SP - JUIZ
Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as necessidades suas e de sua família.
§ 1º Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e o lugar onde viver.
§ 2º As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos solteiros e das pessoas de seu serviço
doméstico.

Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.

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elaborado por @fredsmcezar
“O uso é considerado um usufruto restrito, porque ostenta as mesmas características de direito real, temporário e resultante
do desmembramento da propriedade, distinguindo-se, entretanto, pelo fato de o usufrutuário auferir o uso e a fruição da coisa,
enquanto ao usuário não é concedida senão a utilização restrita aos limites das necessidades suas e de sua família.”42

18.4.1 DA EXTINÇÃO DO USO


“O uso constitui-se do mesmo modo e extingue-se pela mesma forma do usufruto. Assim, pode ocorrer a extinção do uso pelos
mesmos modos elencados no art. 1.410 do Código Civil, como, por exemplo, a renúncia, a destruição da coisa, a consolidação e
outros, com exceção apenas do não uso.” 43

18.5 HABITAÇÃO
“Destarte, em se tratando de constituição, tem-se que o título pode ser gerado por contrato, testamento, usucapião
ou por força de lei. O instrumento deve ser levado ao Registro de Imóveis, seja ele particular ou por escritura pública.
Esta é indispensável quando o valor do imóvel superar a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”. (Nader)
Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem
emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família. FCC - 2009 - DPE-SP / CESPE - 2015 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO / 2016 - MPE-SC
Ex.: Roberto foi casado com Beatriz, em segundas núpcias, no regime da separação obrigatória de bens. Quando faleceu, deixou
2 filhos do primeiro casamento e um único imóvel a inventariar, que havia sido adquirido antes do casamento com Beatriz. Durante
a união, Roberto e Beatriz residiram juntos no referido imóvel. Com a abertura da sucessão, o imóvel será transmitido aos filhos de
Roberto, somente, assegurando-se a Beatriz direito real de habitação, que lhe possibilita ocupar o bem, mas não alugar. (certa) FCC -
2014 - MPE-PA

O direito real de habitação, assegurado ao cônjuge sobrevivente não dá direito aos frutos. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-SP - JUIZ SUBSTITUTO
/ VUNESP - 2022 - PC-RR - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL

Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa NÃO TERÁ
de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de
habitá-la. FGV - 2021 - DPE-RJ
• Direito real de habitação é o direito personalíssimo e temporário de residir em imóvel, podendo ser cedido, e, quando conferido a mais de
uma pessoa conjuntamente, dispensa os coabitadores de pagar aluguel uns aos outros, ainda que não residam todos no imóvel. (errada) 2012
- TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• Conferido direito real de habitação a mais de uma pessoa, aquele que sozinho habitar o imóvel terá que pagar aluguel à outra, ou às outras.
(errada) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• Sendo o direito de habitação concedido a mais de uma pessoa, a que habitar o imóvel deverá pagar à outra aluguel proporcional. (errada)
CESPE - 2013 - MPE-RO

• Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa terá de pagar aluguel à outra,
deduzida a parte que cabe ao ocupante. (errada) FGV - 2013 - TJ-AM – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
Ex.: O não uso do direito real de habitação sobre determinado imóvel é causa de sua extinção. (certa) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ
SUBSTITUTO / CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO

18.5.1 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO ASSEGURO AO CÔNJUGE SOBREVIVENTE


“O direito real de habitação é concedido sem prejuízo da participação da viúva ou do viúvo na herança. Mesmo que o cônjuge
sobrevivente seja herdeiro ou legatário, não perde o direito de habitação.”44
O objetivo do legislador, ao criar o instituto do direito real de habitação, foi o de promover a proteção ao cônjuge supérstite
que, desfavorecido de fortuna, corresse o risco de cair em situação de penúria ou grande inferioridade em comparação àquela de
que desfrutava quando vivo o consorte, de modo que, mesmo havendo dois imóveis a serem inventariados, pode-se garantir ao
cônjuge supérstite o direito real de habitação por sua utilidade, como fonte de sobrevivência. (certa) CESPE - 2014 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

Falecendo o titular, o direito se extingue, ainda que haja cônjuge e familiares.” 45


Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe
caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único
daquela natureza a inventariar. VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

42
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 250, 13ª ed
43
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 250, 13ª ed
44
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 252, 13ª ed.
45
Carlos Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 250, 13ª ed
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elaborado por @fredsmcezar
Ex.: Maria Junqueira falece. Ela era brasileira e casada com João Melo, que após o casamento decidira adotar o sobrenome da
esposa e passou a se chamar João Melo Junqueira. Maria e João eram casados sob o regime de separação de bens. Viviam felizes
e residiam na Rua das Flores, 1582, no centro da cidade de Horizonte Lindo, Estado de São Paulo. O casal possuía três filhos e
quatro imóveis, além daquele imóvel da Rua das Flores, em que habitavam quando do momento do falecimento de Maria. O viúvo
pretende continuar morando no mesmo imóvel. Assim sendo, assiste ao cônjuge sobrevivente, com relação ao imóvel de
residência do casal, na Rua das Flores, o direito real de habitação, relativamente ao imóvel destinado à residência da família.
(certa) 2017 - MPE-SP

O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o art. 1.831 do Código Civil, não pressupõe a inexistência de
outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente. DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.178-RJ, 11/09/2018 (Info 633).
Em outras palavras, mesmo que o cônjuge ou companheiro sobrevivente possua outros bens, ele terá direito real de habitação.
Isso se justifica porque o objetivo da lei é permitir que o cônjuge/companheiro sobrevivente permaneça no mesmo imóvel familiar
que residia ao tempo da morte como forma, não apenas de concretizar o direito constitucional à moradia, mas também por razões
de ordem humanitária e social, já que não se pode negar a existência de vínculo afetivo e psicológico estabelecido pelos
cônjuges/companheiros com o imóvel em que, no transcurso de sua convivência, constituíram não somente residência, mas um
lar. DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 1.582.178-RJ, 11/09/2018 (Info 633). VUNESP - 2019 - TJ-AC - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Na habitação, falecendo o titular, o direito será transferido ao cônjuge, se houver. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O direito real de habitação, assegurado ao cônjuge sobrevivente não é extensível o regime da separação de bens. (errada) VUNESP - 2015 - TJ-SP
- JUIZ SUBSTITUTO

• Direito real de habitação assegura moradia vitalícia ao cônjuge sobrevivente, casado sob regime da comunhão universal de bens, no imóvel
em que residia o casal, desde que seja o único dessa natureza e que integre o patrimônio comum ou o particular de cada cônjuge no momento
da abertura da sucessão. (errada) 2013 - MPDFT
• Direito real de habitação é o direito personalíssimo e temporário de residir em imóvel, podendo ser cedido. (errada) 2012 - TRF - 4ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

• O direito real de habitação, assegurado ao cônjuge sobrevivente não dá direito aos frutos. (certa) VUNESP - 2015 - TJ-SP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O direito real de habitação previsto nas normas que tratam da sucessão legítima, diferentemente do usufruto, decorre da lei e independe de
registro, sendo atribuível apenas ao cônjuge supérstite casado no regime da comunhão parcial de bens e incidindo, por analogia, na união
estável. (errada) FCC - 2015 - DPE-SP

O STJ possui precedentes afirmando que o direito real de habitação em favor do cônjuge sobrevivente se dá ex vi legis, ou seja,
por força de lei, dispensando registro no registro imobiliário, já que guarda estreita relação com o direito de família (STJ. 3ª Turma.
REsp 565.820/PR, julgado em 16/09/2004).

• O direito real de habitação, assegurado ao cônjuge sobrevivente exige registro imobiliário para a sua constituição . (errada) VUNESP - 2015 - TJ-SP
- JUIZ DE DIRIETO SUBSTITUTO

A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação, que decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge
sobrevivente, mantendo-o no imóvel destinado à residência da família. (certa) CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Apesar de não estar previsto no Código Civil, o companheiro supérstite tem o direito real de habitação sobre o imóvel de
propriedade do falecido onde o casal residia. (certa) CESPE - 2015 - TJ-DFT - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
O Código Civil assegura o direito real de habitação no imóvel destinado à moradia da família, dentre outros requisitos, ao cônjuge
supérstite, silenciando em relação ao companheiro sobrevivente, que pode invocar tal direito com fundamento no princípio da
isonomia entre as entidades familiares e na Lei nº 9.278/96 (União Estável). (certa) FCC - 2013 - DPE-SP
Lei 9.278/96, art. 7º, § único. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de
habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família.
FCC - 2013 - DPE-SP / CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / VUNESP - 2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2016 - DPE-MT / FGV - 2021 - DPE-RJ /

• O direito real de habitação não pode ser estendido ao companheiro. (errada) CESPE - 2014 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

JURISPRUDÊNCIA
Não há direito real de habitação sobre imóvel comprado pelo falecido em copropriedade com terceiro. O STJ negou o pedido de
uma viúva que pretendia ver reconhecido o direito real de habitação sobre o imóvel em que morava, comprado pelo seu falecido
marido em copropriedade com um filho dele, antes do casamento. DOD. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.520.294-SP, 26/08/2020 (Info 680).
• O cônjuge supérstite pode opor o direito real de habitação aos irmãos do cônjuge falecido, caso eles já fossem, antes da abertura da sucessão,
coproprietários do imóvel em que ela e o marido residiam. (errada) CESPE - 2016 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O direito real de habitação tem caráter gratuito, razão pela qual os herdeiros não podem exigir remuneração
do(a) companheiro(a) ou cônjuge sobrevivente pelo fato de estar usando o imóvel. Seria um contrassenso dizer que a pessoa tem
direito de permanecer no imóvel em que residia antes do falecimento do seu companheiro ou cônjuge, e, ao mesmo tempo, exigir
dela o pagamento de uma contrapartida (uma espécie de “aluguel”) pelo uso exclusivo do bem. DOD. STJ. 3ª Turma. REsp 1.846.167-SP,
09/02/2021 (Info 685)

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elaborado por @fredsmcezar
18.6 DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR DO IMÓVEL
“Consiste a promessa irretratável de compra e venda no contrato pelo qual o promitente vendedor obriga-se a vender ao
compromissário comprador determinado imóvel, pelo preço, condições e modos convencionados, outorgando-lhe a escritura
definitiva quando houver o adimplemento da obrigação. O compromissário comprador, por sua vez, obriga-se a pagar o preço e
cumprir todas as condições estipuladas na avença, adquirindo, em consequência, direito real sobre o imóvel, com a faculdade de
reclamar a outorga da escritura definitiva, ou sua adjudicação compulsória havendo recusa por parte do promitente vendedor. (Carlos
Roberto Gonçalves, Direito das Coisas (V5), p. 253, 13ª ed.)

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público
ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
• Mediante promessa de compra e venda de imóvel, em que se não pactuou arrependimento, celebrado por instrumento particular, o promitente
comprador adquire legalmente direito real à sua aquisição se o instrumento foi registrado no Cartório de Registro de Imóveis. (certa) FCC - 2015
- TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os
direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar;
e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. CESPE - 2010 - DPE-BA
Mediante promessa de compra e venda, em que não se pactuou arrependimento, celebrada por instituto particular, registrada
no Serviço de Registro de Imóveis, o promitente comprador adquire direito real à aquisição do imóvel, podendo, depois de satisfeitas
suas obrigações, obter judicialmente a adjudicação, se o promitente vendedor se recusar à outorga da escritura de compra e venda,
e, no caso de negócio decorrente de parcelamento de solo para fins urbanos, os compromissos de compra e venda, as cessões e
as promessas de cessão valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando acompanhados da respectiva
prova de quitação. (certa) FCC - 2018 - MPE-PB
SÚMULA 239-STJ: O direito à adjudicação não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de
imóveis. 2014 - MPE-PR
Conforme disposição expressa no Código Civil, o direito do promitente comprador à adjudicação compulsória não está
condicionado ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. (errada) CESPE - 2013 - TJ-MA – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• O direito à adjudicação compulsória, quando exercido em face do promitente vendedor, não se condiciona ao registro da promessa de compra
e venda no cartório do registro imobiliário. (certa) 2011 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Como o promitente comprador é titular de direito real, não se admite a medida de adjudicação compulsória por aquele, em caso de recusa
da escrituração pelo vendedor, sem o prévio registro público do contrato; (errada) 2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• O direito do promitente comprador de imóvel é considerado um direito real de aquisição e, uma vez pago o preço, independentemente de
registro imobiliário, aquele faz jus à titularidade do bem, podendo ajuizar adjudicação compulsória em caso de recusa do transmitente; (certa)
2013 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

• O direito à adjudicação compulsória quando exercido em face do promitente vendedor, se condiciona ao registro da promessa de compra e
venda no cartório de registro imobiliário. (errada) 2014 - MPE-SC
• O direito à adjudicação compulsória se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. (errada) VUNESP -
2014 - TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: José Roberto visitou o stand de vendas de uma construtora, em Porto Velho/RO, e adquiriu um dos apartamentos do
empreendimento que seria construído. Assinou, portanto, um compromisso de venda e compra, pagando parte do valor à vista e o
restante em 36 (trinta e seis) meses. Ao final do 36º mês, José Roberto quitou a última parcela, recebeu o termo de quitação e
também recebeu as chaves do imóvel. Prometeu a construtora que outorgaria a escritura em até 30 (trinta) dias. Passado o prazo,
José Roberto enviou notificação extrajudicial à construtora para requerer a outorga da escritura, recebendo como resposta que a
construtora ainda não poderia outorgá-la, na medida em que o apartamento permanecia servindo de garantia (hipoteca) à instituição
que financiou o empreendimento. O compromisso de venda e compra firmado entre a construtora e José Roberto não está registrado
na matrícula do imóvel. Nesse panorama:

José Roberto poderá pleitear judicialmente a adjudicação compulsória do imóvel, desde que proceda ao prévio
errada
registro do compromisso de venda e compra na matrícula.

A existência de garantia hipotecária, em favor de terceiro, ilide a pretensão de José Roberto de pleitear a adjudicação
errada
compulsória em face da construtora.

José Roberto já reúne todas as condições necessárias para pleitear judicialmente a adjudicação compulsória do
certa
imóvel.
VUNESP - 2017 - DPE-RO

Ex.: Luiz comparece à defensoria pública dizendo e comprovando com documentos que assinou contrato de promessa de
compra de imóvel, por meio de instrumento público devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis e sem previsão
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elaborado por @fredsmcezar
de cláusula de arrependimento, com empresa de habitação social. Ele reside no imóvel há três anos; o imóvel tem 150 m2 e Luiz
não é titular de qualquer outro bem imóvel. Diante desta situação, Luiz ainda não pode ser considerado proprietário, mas terá
direito real à aquisição do imóvel, inclusive mediante adjudicação compulsória. (certa) FCC - 2017 - DPE-SC
A jurisprudência considera que o instrumento de compra e venda configura justo título, apto a ensejar a declaração de usucapião
ordinária, pois o promitente comprador tem o direito à adjudicação compulsória do imóvel independentemente do registro e, quando
registrado, o compromisso de compra e venda passa a integrar a categoria de direito real pela legislação civil. (certa) CESPE - 2015 - TJ-DFT
- JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

18.7 CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA E CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO
Estudado no tópico 7.10.3

18.8 LAJE
Quanto ao direito de laje, é correto afirmar que: é negócio bifronte. (certa) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de
que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. (Lei nº 13.465/2017) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ
SUBSTITUTO

§ 1º O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical,
como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da
construção-base. (Lei nº 13.465/2017) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
§ 2º O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua unidade. (Lei nº 13.465/2017)

§ 3º Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. (Lei nº
13.465/2017) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

• As unidades autônomas constituídas em matrícula própria poderão ser alienadas por seu titular sem necessidade de prévia anuência do
proprietário da construção-base. (certa) VUNESP - 2018 - PGE-SP
• Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. (certa) CONSULPLAN - 2018
- TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 4º A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação
proporcional em áreas já edificadas. (Lei nº 13.465/2017) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• (...) contempla espaço aéreo e subsolo, tomados em projeção vertical, atribuindo ao seu titular fração ideal de terreno que comporte
construção. (errada) VUNESP - 2018 - PGE-SP
• A instituição do direito real de laje implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já
edificadas. (errada) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 5º Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje. (Lei
nº 13.465/2017)

§ 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que
haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas
vigentes. (Lei nº 13.465/2017)
• confere ao seu titular o direito de sobrelevações sucessivas, mediante autorização expressa ou tácita do proprietário da construção-base,
desde que observadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes . (errada) VUNESP - 2018 - PGE-SP
• O seu titular poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização
expressa dostitulares da construção-base e das demais lajes, e que sejam respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. (certa)
CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

I. Caso o proprietário do solo e o superficiário não sejam a mesma pessoa, para que este conceda o direito de laje em segundo
grau é indispensável o consentimento do dono do solo. PORQUE II. O contrato deve prever de maneira específica o direito de laje
em segundo grau, presumindo-se a vedação no caso de silêncio. (certa) FCC - 2021 - DPE-BA
Art. 1.510-B. É expressamente vedado ao titular da laje prejudicar com obras novas ou com falta de reparação a segurança, a
linha arquitetônica ou o arranjo estético do edifício, observadas as posturas previstas em legislação local. (Lei nº 13.465/2017)
Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no que couber, das normas aplicáveis aos condomínios edilícios, para fins do direito real de laje, as
despesas necessárias à conservação e fruição das partes que sirvam a todo o edifício e ao pagamento de serviços de interesse
comum serão partilhadas entre o proprietário da construção-base e o titular da laje, na proporção que venha a ser estipulada em
contrato. (Lei nº 13.465/2017)
§ 1º São partes que servem a todo o edifício: (Lei nº 13.465/2017)
I - os alicerces, colunas, pilares, paredes-mestras e todas as partes restantes que constituam a estrutura do prédio; (Lei nº 13.465/2017)

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elaborado por @fredsmcezar
II - o telhado ou os terraços de cobertura, ainda que destinados ao uso exclusivo do titular da laje; (Lei nº 13.465/2017)
III - as instalações gerais de água, esgoto, eletricidade, aquecimento, ar condicionado, gás, comunicações e semelhantes que
sirvam a todo o edifício; e (Lei nº 13.465/2017)
IV - em geral, as coisas que sejam afetadas ao uso de todo o edifício. (Lei nº 13.465/2017)
§ 2º É assegurado, em qualquer caso, o direito de qualquer interessado em promover reparações urgentes na construção na forma
do parágrafo único do art. 249 deste Código. (Lei nº 13.465/2017)
Art. 1.510-D. Em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de
condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que se
manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso. (Lei nº 13.465/2017) FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO
• No caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, os
titulares da construção-base e da laje, nessa ordem. (certa) CONSULPLAN - 2018 - TJ-MG - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

§ 1º O titular da construção-base ou da laje a quem não se der conhecimento da alienação poderá, mediante depósito do respectivo
preço, haver para si a parte alienada a terceiros, se o requerer no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado da data de
alienação. (Lei nº 13.465/2017)
• É prescricional o prazo de 180 dias previsto para que o titular da construção-base ou da laje. (errada) FUNDEP - 2022 - MPE-MG

§ 2º Se houver mais de uma laje, terá preferência, sucessivamente, o titular das lajes ascendentes e o titular das lajes
descendentes, assegurada a prioridade para a laje mais próxima à unidade sobreposta a ser alienada. (Lei nº 13.465/2017)
Art. 1.510-E. A ruína da construção-base implica extinção do direito real de laje, salvo: (Lei nº 13.465/2017)
I - se este tiver sido instituído sobre o subsolo; (Lei nº 13.465/2017)
II - se a construção-base não for reconstruída no prazo de 5 anos. (Lei nº 13.465/2017)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não afasta o direito a eventual reparação civil contra o culpado pela ruína. (Lei nº 13.465/2017)

• A ruína da construção-base não implica extinção do direito real de laje se houver sua reconstrução no prazo de 10 5 anos. (errada) VUNESP - 2018
- PGE-SP

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elaborado por @fredsmcezar
19. MULTIPROPRIEDADE
O regime da multipropriedade poderá ser adotado por condomínio edilício na totalidade de suas unidades autônomas, por meio
da deliberação da maioria absoluta dos condôminos. (certa) CESPE - 2019 - DPE-DF
Art. 1.358-C. Multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma
fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida pelos
proprietários de forma alternada. FUNDEP - 2022 - MPE-MG

Parágrafo único. A multipropriedade não se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo
multiproprietário.

Art. 1.358-C, Parágrafo único. A multipropriedade não se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo forem do
mesmo multiproprietário. 2021 - MPE-RS

Art. 1.358-D. O imóvel objeto da multipropriedade: I - é indivisível, não se sujeitando a ação de divisão ou de extinção de
condomínio; 2021 - MPE-RS / FGV - 2023 - TJ-MS - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.358-E. Cada fração de tempo é indivisível. § 1º O período correspondente a cada fração de tempo será de, no mínimo, 7
(sete) dias, seguidos ou intercalados, e poderá ser: (...) 2021 - MPE-RS

Art. 1.358-F. Institui-se a multipropriedade por ato entre vivos ou testamento, registrado no competente cartório de registro de
imóveis, devendo constar daquele ato a duração dos períodos correspondentes a cada fração de tempo. CESPE - 2019 - DPE-DF

Art. 1.358-L. A transferência do direito de multipropriedade e a sua produção de efeitos perante terceiros dar-se-ão na forma da lei
civil e não dependerão da anuência ou cientificação dos demais multiproprietários. 2021 - MPE-RS / FUNDEP - 2022 - MPE-MG

Art. 1.358-J. São obrigações do multiproprietário, além daquelas previstas no instrumento de instituição e na convenção de
condomínio em multipropriedade: IV - não modificar, alterar ou substituir o mobiliário, os equipamentos e as instalações do
imóvel; 2021 - MPE-RS

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elaborado por @fredsmcezar
20. DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA
São direitos reais de garantia sobre coisa alheia o penhor, a hipoteca e a anticrese, que têm regras gerais entre os arts. 1.419
e 1.430 do CC.
• O Código Civil considera direito real hipoteca. (certa) 2009 - PC-PA - DELEGADO DE POLÍCIA

• O penhor, a anticrese e a hipoteca São direitos reais de garantia. (certa) 2014 - PGE-AC

Pois bem, a respeito das características básicas dos direitos reais de garantia sobre coisa alheia, pode-se montar mais um
acróstico que indica os seus efeitos (PISE)46:

Conforme o art. 1.422 do CC o credor hipotecário e o pignoratício têm preferência no pagamento a outros
credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro. Nos termos do seu parágrafo único,
excetuam-se dessa regra as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a
quaisquer outros créditos. Para ilustrar, nos termos do art. 83 da Lei de Falências (Lei 11.101/2005), a
classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 1º) os créditos derivados da legislação do
PREFERÊNCIA trabalho, limitados a cento e cinquenta salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de
trabalho; 2º) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado.
Em suma, na falência, o crédito trabalhista prevalece na ordem sobre o crédito real de garantia. Além disso,
editou o Superior Tribunal de Justiça súmula, prescrevendo que “na execução de crédito relativo a cotas
condominiais, este tem preferência sobre o hipotecário” (Súmula 478-STJ).

O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia,
ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação (art. 1.421 do
CC). Sendo assim, mesmo sendo paga parcialmente a dívida, o direito real permanece incólume, em regra,
INDIVISIBILIDADE salvo previsão em contrário na sua instituição ou quando do pagamento.
Além disso, conforme decisão do STJ, “não pode a penhora, em execução movida a um dos coproprietários,
recair sobre parte dele. Sendo indivisível o bem, importa indivisibilidade da garantia real” (STJ, REsp
282.478/SP, 2002).

Representada pela seguinte máxima: para onde o bem vai, o direito real de garantia o acompanha. Desse
modo, se um bem garantido é vendido, o direito real de garantia permanece, servindo para exemplificar:

SEQUELA “Compra de salas comerciais. Hipoteca. Direito à sequela. 1. Não se tratando de aquisição de casa própria
pelo Sistema Financeiro da Habitação, que dispõe de legislação protetiva especial, não há como dispensar
o direito do credor hipotecário à sequela, tal e qual estampado na legislação civil. 2. Recurso especial
conhecido e provido” (STJ, REsp 651.323/GO, 2005).

O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada (art. 1.422
do CC). Desse modo, pode o referido credor ingressar com a ação de execução pignoratícia ou hipotecária
para promover a alienação judicial da coisa garantida, visando a receber o seu crédito que tem garantia.
Consigne-se que o credor anticrético não tem tal direito, podendo apenas reter em seu poder o bem,
enquanto a dívida não for paga (art. 1.423 do CC). Esse direito do credor anticrético é
EXCUSSÃO extinto decorridos quinze anos da data de sua constituição (perempção da anticrese).
Enuncia o art. 1.428 do CC que é nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário
a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Ademais, após o vencimento,
poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida. O último comando consagra a nulidade absoluta do
pacto comissório real, que vem a ser a cláusula que autoriza o credor de um direito real de garantia a ficar
com o bem sem levá-lo a excussão.

Podem ser apontadas como características de penhor, da anticrese e da hipoteca: o poder de sequela, o direito de preferência,
a excussão e a divisibilidade da garantia. (errada) 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA
A indivisibilidade das garantias reais pode ser afastada por convenção em contrário. (errada) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
O penhor oferecido por terceiro representa uma obrigação com HAFTUNG (responsabilidade) sem SCHULD (débito) próprio.
(certa) VUNESP - 2019 - TJ-RJ - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.
• A entrega de objeto empenhado dado em penhor, como garantia real, pelo credor ao devedor presume o perdão da dívida. (errada) 2017 - MPE-
RS

46
Tartuce, 9ª ed. (2019), p. 1904.
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elaborado por @fredsmcezar
Ex.: Lupércio, precisando de dinheiro, tomou emprestado R$ 20.000,00 de Jonas, oferecendo-lhe em penhor alguns móveis que
guarnecem sua residência, e R$ 200.000,00 de Clodoaldo, oferecendo-lhe em hipoteca sua casa de moradia. Lupércio pagou metade
das dívidas contraídas com esses amigos, sendo que Jonas, em razão da amizade, restituiu ao devedor os móveis empenhados.
Neste caso, ficou extinta a garantia oferecida a Jonas, mas não ficou extinto o restante da dívida, e a garantia oferecida a Clodoaldo
permaneceu íntegra, embora paga metade da dívida. (certa) FCC - 2014 - TJ-AP - JUIZ

20.1 DISPOSIÇÕES GERAIS


Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao
cumprimento da obrigação. FCC - 2011 - MPE-CE / 2013 - TJ-PR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo pessoal, ao cumprimento da
obrigação. (errada) 2010 - PGE-GO

Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão
ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.FCC - 2011 - MPE-CE / 2013 - TJ-PR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2015 - PGR
• A constituição de penhor sobre coisa móvel exige do proprietário a capacidade de aliená-lo. A aquisição superveniente da propriedade não
torna eficaz a garantia real outorgada por quem não era proprietário do bem gravado pelo penhor. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL

• Mesmo os bens inalienáveis podem ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca. (errada) 2010 - PGE-GO
• Em relação a cláusula de inalienabilidade, não são ineficazes o penhor e a hipoteca, uma vez que não implicam na alienação do bem, mas
apenas em garantia ao credor. (errada) 2015 - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA

Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, desde que em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores
públicos. (errada) 2015 - PGE-RS
Os bens públicos podem ser hipotecados. (errada) 2017 - PC-MS - DELEGADO DE POLÍCIA
§ 1º A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono.
• De acordo com a legislação civil, somente quem puder alienar poderá também empenhar, hipotecar ou dar em anticrese, sendo, portanto,
ineficazes as garantias reais estabelecidas por qualquer um que não seja dono, ainda que adquira supervenientemente a propriedade dos
bens oferecidos. (errada) CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
§ 2º A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de
todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
• O condômino que deseje dar em garantia sua parte ideal necessitará do consentimento dos demais condôminos. (errada) CESPE - 2012 - TJ-BA -
JUIZ SUBSTITUTO

Ex.: João e Marcelo são coproprietários de um apartamento. João pretende obter um empréstimo e, para atender a uma exigência
bancária, deseja dar o referido apartamento como garantia da dívida que será contraída. Nessa situação, mesmo sendo o apartamento
um bem indivisível, João poderá, sem o consentimento de Marcelo, dar em garantia hipotecária a parte que lhe pertence no referido
imóvel. (certa) CESPE - 2019 - PROCURADOR MUNICIPAL
Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que
esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação. FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - TRF - 2ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

• Ainda que não conste do título, caso o devedor pague parte da dívida, haverá correspondente exoneração da garantia hipotecária. (errada)
CESPE - 2009 - PGE-AL

Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir47 a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no
pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro. 2011 - MPDFT / 2012 – PGFN / 2012 - TJ-MS – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO / 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2013 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas
precipuamente a quaisquer outros créditos.

Art. 1.423. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga; extingue-se esse direito
decorridos 15 (quinze) anos da data de sua constituição. 2012 – PGFN / 2013 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
• Não assiste ao credor anticrético o direito de reter em seu poder o bem, enquanto a dívida não for paga. (errada) 2010 - PGE-GO

Art. 1.424. Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia: 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA /
CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / CESPE - 2013 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL / FCC - 2015 - TJ-PI – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;


II - o prazo fixado para pagamento;

47
“Excutir” é empregado no sentido de executar; coisa “empenhada” significa “objeto de penhor”. (Pablo Stolze)
92
elaborado por @fredsmcezar
III - a taxa dos juros, se houver;
IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.
• O prazo para pagamento, se não constar no contrato de hipoteca, será determinado pelos usos do lugar hipotecado. (errada) CESPE - 2012 - TJ-
BA - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.425. A dívida considera-se vencida: 2011 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar
ou substituir;

II - se o devedor cair em insolvência ou falir;

III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o
recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;

IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;

V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for necessária para o
pagamento integral do credor.

A dívida garantida por penhor, anticrese ou hipoteca considera-se vencida se o bem dado em garantia vier a perecer e não for
substituído. (certa) 2011 - TJ-RO - JUIZ SUBSTITUTO
§ 1º Nos casos de perecimento da coisa dada em garantia, esta se sub-rogará na indenização do seguro, ou no ressarcimento do
dano, em benefício do credor, a quem assistirá sobre ela preferência até seu completo reembolso.

§ 2º Nos casos dos incisos IV e V, só se vencerá a hipoteca antes do prazo estipulado, se o perecimento, ou a desapropriação recair
sobre o bem dado em garantia, e esta não abranger outras; subsistindo, no caso contrário, a dívida reduzida, com a respectiva
garantia sobre os demais bens, não desapropriados ou destruídos.

Art. 1.426. Nas hipóteses do artigo anterior, de vencimento antecipado da dívida, não se compreendem os juros correspondentes
ao tempo ainda não decorrido.

Art. 1.427. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida alheia não fica obrigado a substituí-la, ou
reforçá-la, quando, sem culpa sua, se perca, deteriore, ou desvalorize. 2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

Art. 1.428. É NULA a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a
dívida não for paga no vencimento. CESPE - 2009 - PGE-AL / FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - PGE-GO / 2011 - MPDFT / 2012 - PGE-PA / CESPE - 2012 - DPE-RO /
FCC - 2015 - DPE-MA / FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.
• No contrato de hipoteca, é lícita a instituição da cláusula comissória. (errada) CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA

• Será anulável a cláusula que permita ao credor hipotecário ficar com o imóvel dado em garantia, caso a dívida não seja paga no vencimento.
(errada) CESPE - 2009 - PGE-AL

• Na constituição do penhor, anticrese ou hipoteca é expressamente vedada à imposição de cláusula comissória no bojo do contrato. (certa)
2011 - PC-MG - DELEGADO DE POLÍCIA

• Ao contrário do que ocorre com a hipoteca, no contrato de penhor, é lícita a pactuação de cláusula comissória. (errada) CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO

• É nulo o pacto comissório, mas, vencida a dívida, o devedor poderá dar a coisa em pagamento. (certa) CESPE - 2012 - TJ-BA - JUIZ SUBSTITUTO
• Quando da constituição de penhor, anticrese ou hipoteca, admite-se a imposição de cláusula comissória no contrato. (errada) CESPE - 2016 - TJ-
AM - JUIZ SUBSTITUTO

• A garantia por hipoteca faz que o credor assuma a propriedade da coisa hipotecada se a dívida não for paga no vencimento. (errada) CESPE -
2017 - DPE-AC

• O pacto comissório é a cláusula contratual que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objet o da garantia, se
a dívida não for paga no vencimento, sendo considerada válida segundo o Código Civil. (errada) 2022 - DPE-PR

Art. 1.429. Os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus quinhões;
qualquer deles, porém, pode fazê-lo no todo. FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2009 - PGE-AL / FCC - 2011 - MPE-CE

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Parágrafo único. O herdeiro ou sucessor que fizer a remição fica sub-rogado nos direitos do credor pelas quotas que houver
satisfeito.

Art. 1.430. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não bastar para pagamento da dívida e despesas
judiciais, continuará o devedor obrigado pessoalmente pelo restante. 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

20.2 DO PENHOR

20.2.1 DA CONSTITUIÇÃO DO PENHOR


No penhor, o objeto da garantia é coisa móvel. (certa) 2010 - PGE-RS

Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente,
faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa MÓVEL, suscetível de alienação.
No penhor, o devedor CREDOR permanece com o objeto sob sua guarda e custódia, na qualidade de depositário, assumindo a
posição de possuidor imediato da coisa. (errada) CESPE - 2013 - STM - JUIZ-AUDITOR SUBSTITUTO
O credor pignoratício tem direito à posse da coisa empenhada. (certa) 2014 - MPE-PR

Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que
as deve guardar e conservar. CESPE - 2009 - PC-PB - DELEGADO DE POLÍCIA / VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O instituto do penhor rural diferencia-se da modalidade geral do penhor, entre outras razões, porque não
confere ao credor pignoratício a posse da coisa empenhada. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA
Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será
registrado no Cartório de Títulos e Documentos. 2010 - DPE-GO / CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ SUBSTITUTO / 2011 - MPE-PB / CESPE - 2013 - MPE-RO / VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO

• Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis. (errada) FAURGS -
2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, no caso de penhor comum no Cartório de Títulos e Documentos e, no
caso de penhor rural, no Cartório de Registo de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas . (certa)
FCC - 2015 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO

20.2.2 DOS DIREITOS DO CREDOR PIGNORATÍCIO


Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:

I - à posse da coisa empenhada;

II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa
sua; CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada; CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / CESPE - 2013 - MPE-
RO

IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor
mediante procuração;

V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; 2009 - DPE-MG / 2012 - PGE-PA

VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa
empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada,
substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. VUNESP - 2019 - TJ-RO - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente
pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa
empenhada, suficiente para o pagamento do credor. CESPE - 2011 - TJ-ES - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

20.2.3 DAS OBRIGAÇÕES DO CREDOR PIGNORATÍCIO


Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado:
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser
compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;

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II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de
ação possessória;
Ex.: O credor pignoratício é obrigado a defender a posse do bem empenhado e a dar ciência ao dono do respectivo bem a
respeito das circunstâncias que possam tornar necessário o exercício da ação possessória. (certa) CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO
SUBSTITUTO

III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no
capital da obrigação garantida, sucessivamente;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; CESPE - 2013 - TJ-RN – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.

20.2.4 DA EXTINÇÃO DO PENHOR


Art. 1.436. Extingue-se o penhor:

I - extinguindo-se a obrigação;

II - perecendo a coisa;

III - renunciando o credor;

IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa; CESPE - 2011 - TJ-PB – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada.

§ 1º Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhor sem reserva de preço, quando restituir a
sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua substituição por outra garantia.

§ 2º Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.

Art. 1.437. Produz efeitos a extinção do penhor depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.
20.2.5 DO PENHOR RURAL
O instituto do penhor rural diferencia-se da modalidade geral do penhor, entre outras razões, porque não confere ao credor
pignoratício a posse da coisa empenhada. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA
Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis
da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas. CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Os contratos de penhor rural estão sujeitos a registro no Cartório de Registro de Imóveis. (certa) FCC - 2009 - DPE-MA
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor rural, o devedor poderá emitir, em favor do
credor, cédula rural pignoratícia, na forma determinada em lei especial.

Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser convencionados por prazos superiores aos das obrigações
garantidas. (Lei nº 12.873/2013)

§ 1º Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto subsistirem os bens que a constituem.

§ 2º A prorrogação deve ser averbada à margem do registro respectivo, mediante requerimento do credor e do devedor.

Art. 1.440. Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá constituir-se independentemente da anuência do credor
hipotecário, mas não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a extensão da hipoteca, ao ser executada.
É direito do credor hipotecário impedir que sobre o prédio hipotecado se constitua penhor rural. (errada) 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ
FEDERAL SUBSTITUTO

Art. 1.441. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por
pessoa que credenciar.

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20.2.6 DO PENHOR AGRÍCOLA
Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor:

I - máquinas e instrumentos de agricultura;

II - colheitas pendentes, ou em via de formação;

III - frutos acondicionados ou armazenados;

IV - lenha cortada e carvão vegetal;

V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.

Art. 1.443. O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, ou em via de formação, abrange a imediatamente seguinte, no
caso de frustrar-se ou ser insuficiente a que se deu em garantia.

Parágrafo único. Se o credor não financiar a nova safra, poderá o devedor constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima
equivalente à do primeiro; o segundo penhor terá preferência sobre o primeiro, abrangendo este apenas o excesso apurado na
colheita seguinte.

20.2.7 DO PENHOR PECUÁRIO


Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.

Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem prévio consentimento, por escrito, do credor.

Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado empenhado ou, por negligência, ameace prejudicar o credor, poderá
este requerer se depositem os animais sob a guarda de terceiro, ou exigir que se lhe pague a dívida de imediato.

Art. 1.446. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos, ficam sub-rogados no penhor.

Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste artigo, mas não terá eficácia contra terceiros, se não constar de menção
adicional ao respectivo contrato, a qual deverá ser averbada.

20.2.8 DO PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL


Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os
acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura,
animais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados.

Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos armazéns gerais o penhor das mercadorias neles depositadas.

Art. 1.448. Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas.

Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante com penhor industrial ou mercantil, o devedor poderá emitir,
em favor do credor, cédula do respectivo crédito, na forma e para os fins que a lei especial determinar.
• O penhor industrial deve ser constituído mediante a lavratura de instrumento público ou particular e levado a registro no cartório de títulos e
documentos. (errada) CESPE - 2016 - TJ-AM - JUIZ SUBSTITUTO

Art. 1.449. O devedor não pode, sem o consentimento por escrito do credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a
situação, nem delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, alienar as coisas empenhadas, deverá repor outros bens da mesma
natureza, que ficarão sub-rogados no penhor.

Art. 1.450. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por
pessoa que credenciar.

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20.2.9 DO PENHOR DE DIREITOS E TÍTULOS DE CRÉDITO
Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão, sobre coisas móveis.

Art. 1.452. Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Registro de Títulos e
Documentos.

Parágrafo único. O titular de direito empenhado deverá entregar ao credor pignoratício os documentos comprobatórios desse direito,
salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los.

Art. 1.453. O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado ao devedor; por notificado tem-se o devedor que, em
instrumento público ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor. 2011 - MPE-PB

Art. 1.454. O credor pignoratício deve praticar os atos necessários à conservação e defesa do direito empenhado e cobrar os juros
e mais prestações acessórias compreendidas na garantia.

Art. 1.455. Deverá o credor pignoratício cobrar o crédito empenhado, assim que se torne exigível. Se este consistir numa prestação
pecuniária, depositará a importância recebida, de acordo com o devedor pignoratício, ou onde o juiz determinar; se consistir na
entrega da coisa, nesta se sub-rogará o penhor.

Parágrafo único. Estando vencido o crédito pignoratício, tem o credor direito a reter, da quantia recebida, o que lhe é devido,
restituindo o restante ao devedor; ou a excutir a coisa a ele entregue.

Art. 1.456. Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só ao credor pignoratício, cujo direito prefira aos demais, o devedor
deve pagar; responde por perdas e danos aos demais credores o credor preferente que, notificado por qualquer um deles, não
promover oportunamente a cobrança.

Art. 1.457. O titular do crédito empenhado só pode receber o pagamento com a anuência, por escrito, do credor pignoratício, caso
em que o penhor se extinguirá.

Art. 1.458. O penhor, que recai sobre título de crédito, constitui-se mediante instrumento público ou particular ou endosso
pignoratício, com a tradição do título ao credor, regendo-se pelas Disposições Gerais deste Título e, no que couber, pela presente
Seção.
• Não se admite o penhor de títulos de crédito. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Art. 1.459. Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o direito de:

I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha;

II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos, e os do credor do título empenhado;

III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu credor, enquanto durar o penhor;

IV - receber a importância consubstanciada no título e os respectivos juros, se exigíveis, restituindo o título ao devedor, quando este
solver a obrigação.

Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a intimação prevista no inciso III do artigo antecedente, ou se der por ciente
do penhor, não poderá pagar ao seu credor. Se o fizer, responderá solidariamente por este, por perdas e danos, perante o credor
pignoratício.

Parágrafo único. Se o credor der quitação ao devedor do título empenhado, deverá saldar imediatamente a dívida, em cuja garantia
se constituiu o penhor.

20.2.10 DO PENHOR DE VEÍCULOS


Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução.

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Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente, mediante instrumento público ou particular, registrado no
Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, e anotado no certificado de propriedade. CESPE - 2016 - PGE-AM

Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida garantida com o penhor, poderá o devedor emitir cédula de crédito, na
forma e para os fins que a lei especial determinar.

Art. 1.463. Art. 1.463. Não se fará o penhor de veículos sem que estejam previamente segurados contra furto, avaria, perecimento
e danos causados a terceiros. (Revogado pela Lei nº 14.179/2021)

Art. 1.464. Tem o credor direito a verificar o estado do veículo empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa
que credenciar.

Art. 1.465. A alienação, ou a mudança, do veículo empenhado sem prévia comunicação ao credor importa no vencimento antecipado
do crédito pignoratício.

Art. 1.466. O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo máximo de 2 (dois) anos, prorrogável até o limite de igual
tempo, averbada a prorrogação à margem do registro respectivo.
2011 - MPE-SP

É legítimo o contrato de penhor de veículo firmado mediante instrumento público ou particular, cujo prazo máximo de vigência
é de dois anos, prorrogável até o limite de igual período. (certa) CESPE - 2016 - PGE-AM

20.2.11 DO PENHOR LEGAL


Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:

I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus
consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem
feito;
Ex.: Se um hóspede não pagar as despesas relativas ao consumo dos produtos do frigobar da pousada em que se hospedou
durante determinado período, o fornecedor torna-se credor pignoratício das bagagens, dinheiro ou jóias que o devedor tiver consigo
no estabelecimento. (certa) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio,
pelos aluguéis ou rendas.

Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo antecedente será extraída conforme a tabela impressa, prévia e
ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do
penhor.

Art. 1.469. Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida.

Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária,
sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovante dos bens de que se apossarem.

Art. 1.471. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a sua homologação judicial.

Art. 1.472. Pode o locatário impedir a constituição do penhor mediante caução idônea.

20.2.12 JURISPRUDÊNCIA
SÚMULA 638-STJ: É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos
decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil. VUNESP - 2021 - TJ-SP - JUIZ
DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex48.: A Caixa Econômica Federal oferece uma forma de conferir empréstimo de modo mais ágil e sem burocracia. Trata-se do
empréstimo com penhor. A pessoa interessada em obter um empréstimo procura a CEF e obtém o empréstimo, oferecendo, como
garantia, joias, pedras preciosas, canetas, relógios etc. Quando a pessoa paga o empréstimo, recebe de volta o bem empenhado.
Se o mutuário não quitar o empréstimo, a coisa apenhada é leiloada.

48
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É nula a cláusula que limite o valor da indenização na hipótese de eventual furto, roubo ou extravio do bem empenhado. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5637f327937ff2beb7d0a499a0b99d3c>. Acesso em: 01/08/2022
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Uma semana após Pedro dar o bem em garantia, houve um furto na agência da CEF e levaram o anel, que estava guardado em
um cofre. O furto ocorrido deve ser entendido como fortuito interno, inerente à atividade explorada pelo banco. Assim, a instituição
financeira é responsável por furtos ou mesmo roubos em seus cofres. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.250.997/SP, 5/2/2013).
O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo
prescricional de 5 anos para a ação de indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 1.369.579-PR, 24/10/2017 (Info
616).

O furto de joias que sejam objetos de penhor constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, e não mero
inadimplemento contratual, devendo incidir o prazo prescricional de cinco anos para o ajuizamento das competentes ações de
indenização, conforme previsto no CDC. (certa) CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
A cláusula contratual que restringe a responsabilidade civil de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto
ou extravio de bem entregue como garantia de contrato de penhor é abusiva e, portanto, nula de pleno direito. (certa) 2021 - MPDFT

20.3 DA HIPOTECA
A hipoteca pode ser transmitida por atos inter vivos ou por causa mortis. (certa) CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
A garantia por hipoteca é uma obrigação restrita às partes contratantes. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AC
O titular de domínio útil de imóvel foreiro à União Federal pode hipotecá-lo, nos limites de seu direito real. (certa) 2014 - TRF - 2ª REGIÃO
- JUIZ FEDERAL

Na hipoteca a propriedade não é transferida ao credor, mas apenas sujeita o imóvel por vínculo real ao cumprimento da obrigação,
atribuindo ao credor título de preferência e direito de sequela. (certa) FCC - 2015 - TJ-RR - JUIZ SUBSTITUTO

20.3.1 DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves.

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

X - a propriedade superficiária . (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

O imóvel objeto de contrato de promessa de compra e venda devidamente registrado pode ser objeto de hipoteca. (certa) CESPE -
2017 - PROCURADOR MUNICIPAL

• A hipoteca é garantia real que tem por objeto coisa imóvel, não podendo ser hipotecados quaisquer bens naturalmente móveis. (errada) FCC -
2009 - TJ-AP – JUIZ

• A hipoteca é direito real de garantia reservado exclusivamente aos imóveis. [adaptada] (errada) FCC - 2018 - PROCURADOR MUNICIPAL

• Aeronaves podem ser objeto de hipoteca. (certa) 2019 - MPE-PR


§ 1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº
11.481, de 2007)

§ 2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput deste artigo ficam limitados à duração da concessão
ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos por período determinado. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

Art. 1.474. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus reais
constituídos e registrados, anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel. CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL /

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• A hipoteca não abrange as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel, sendo nula de pleno direito a alienação de imóvel hipotecado.
(errada) FAURGS - 2016 - TJ-RS - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

• A hipoteca abrange as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel, sendo nula a proibição da alienação do imóvel hipotecado. (certa)
2016 - MPE-RS

Art. 1.475. É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. FCC - 2009 - TJ-AP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2010 - PGE-GO / FCC -
2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - MPE-PR

• É legítima a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. (errada) 2010 - PGE-GO

• É válida cláusula que proíba a venda do imóvel hipotecado pelo devedor. (errada) CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

Antes de vencida a dívida, o devedor hipotecário continua explorando o bem e pode constituir sobre ele outros ônus reais, como
o usufruto. (certa) CESPE - 2013 - MPE-RO
Parágrafo único. Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado.

Art. 1.476. O dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou
de outro credor. FCC - 2012 - TJ-GO – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2017 - MPE-SP

Art. 1.477. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca, embora vencida, não poderá executar o imóvel
antes de vencida a primeira. FCC - 2012 - TJ-GO - JUIZ

Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor por faltar ao pagamento das obrigações garantidas por hipotecas posteriores
à primeira.

Art. 1.478. Se o devedor da obrigação garantida pela primeira hipoteca não se oferecer, no vencimento, para pagá-la, o credor da
segunda pode promover-lhe a extinção, consignando a importância e citando o primeiro credor para recebê-la e o devedor para
pagá-la; se este não pagar, o segundo credor, efetuando o pagamento, se sub-rogará nos direitos da hipoteca anterior, sem prejuízo
dos que lhe competirem contra o devedor comum. 2013 - TJ-PR - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Parágrafo único. Se o primeiro credor estiver promovendo a execução da hipoteca, o credor da segunda depositará a importância
do débito e as despesas judiciais.

Art. 1.479. O adquirente do imóvel hipotecado, desde que não se tenha obrigado pessoalmente a pagar as dívidas aos credores
hipotecários, poderá exonerar-se da hipoteca, abandonando-lhes o imóvel. 2011 - MPE-SP

Art. 1.480. O adquirente notificará o vendedor e os credores hipotecários, deferindo-lhes, conjuntamente, a posse do imóvel, ou o
depositará em juízo.

Parágrafo único. Poderá o adquirente exercer a faculdade de abandonar o imóvel hipotecado, até as vinte e quatro horas
subseqüentes à citação, com que se inicia o procedimento executivo.

Art. 1.481. Dentro em trinta dias, contados do registro do título aquisitivo, tem o adquirente do imóvel hipotecado o direito de remi-
lo, citando os credores hipotecários e propondo importância não inferior ao preço por que o adquiriu.

§ 1º Se o credor impugnar o preço da aquisição ou a importância oferecida, realizar-se-á licitação, efetuando-se a venda judicial a
quem oferecer maior preço, assegurada preferência ao adquirente do imóvel.

§ 2º Não impugnado pelo credor, o preço da aquisição ou o preço proposto pelo adquirente, haver-se-á por definitivamente fixado
para a remissão do imóvel, que ficará livre de hipoteca, uma vez pago ou depositado o preço.

§ 3º Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o a execução, ficará obrigado a ressarcir os credores hipotecários da
desvalorização que, por sua culpa, o mesmo vier a sofrer, além das despesas judiciais da execução.

§ 4º Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente que ficar privado do imóvel em conseqüência de licitação ou penhora,
o que pagar a hipoteca, o que, por causa de adjudicação ou licitação, desembolsar com o pagamento da hipoteca importância
excedente à da compra e o que suportar custas e despesas judiciais.

Art. 1.482. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 1.483 . (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

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Art. 1.484. É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si ajustado dos imóveis hipotecados, o qual,
devidamente atualizado, será a base para as arrematações, adjudicações e remições, dispensada a avaliação.

Art. 1.485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorrogar-se a hipoteca, até 30 (trinta) anos da
data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo
registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe competir. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

Art. 1.486. Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hipoteca, autorizar a emissão da correspondente cédula hipotecária,
na forma e para os fins previstos em lei especial.

Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituída para garantia de dívida futura ou condicionada, desde que determinado o valor máximo
do crédito a ser garantido. CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL
• Permite-se a constituição de hipoteca para garantir dívidas futuras, desde que incondicionadas. (errada) CESPE - 2015 - PROCURADOR MUNICIPAL

§ 1º Nos casos deste artigo, a execução da hipoteca dependerá de prévia e expressa concordância do devedor quanto à verificação
da condição, ou ao montante da dívida.
§ 2º Havendo divergência entre o credor e o devedor, caberá àquele fazer prova de seu crédito. Reconhecido este, o devedor
responderá, inclusive, por perdas e danos, em razão da superveniente desvalorização do imóvel.

Art. 1.488. Se o imóvel, dado em garantia hipotecária, vier a ser loteado, ou se nele se constituir condomínio edilício, poderá o
ônus ser dividido, gravando cada lote ou unidade autônoma, se o requererem ao juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a
proporção entre o valor de cada um deles e o crédito.

§ 1º O credor só poderá se opor ao pedido de desmembramento do ônus, provando que o mesmo importa em diminuição de sua
garantia.

§ 2º Salvo convenção em contrário, todas as despesas judiciais ou extrajudiciais necessárias ao desmembramento do ônus correm
por conta de quem o requerer.

§ 3º O desmembramento do ônus não exonera o devedor originário da responsabilidade a que se refere o art. 1.430, salvo anuência
do credor.

20.3.2 DA HIPOTECA LEGAL

Art. 1.489. A lei confere hipoteca:


I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou
administração dos respectivos fundos e rendas;
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior;
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento
das despesas judiciais;
IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;
V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação.

Art. 1.490. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, provando a insuficiência dos imóveis especializados, exigir
do devedor que seja reforçado com outros.
É direito do credor hipotecário: Sendo ele credor de hipoteca legal, exigir do devedor que reforce a garantia com outros bens,
se demonstrar a insuficiência dos imóveis especializados. (certa) 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO
Art. 1.491. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida pública federal ou estadual, recebidos pelo valor de
sua cotação mínima no ano corrente; ou por outra garantia, a critério do juiz, a requerimento do devedor.

20.3.3 DO REGISTRO DA HIPOTECA


Art. 1.492. As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel, ou no de cada um deles, se o título se referir a mais de
um.
Parágrafo único. Compete aos interessados, exibido o título, requerer o registro da hipoteca.
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Art. 1.493. Os registros e averbações seguirão a ordem em que forem requeridas, verificando-se ela pela da sua numeração
sucessiva no protocolo.
Parágrafo único. O número de ordem determina a prioridade, e esta a preferência entre as hipotecas.

Art. 1.494. Não se registrarão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca e outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em favor
de pessoas diversas, salvo se as escrituras, do mesmo dia, indicarem a hora em que foram lavradas. (Revogado pela Lei nº 14.382,
de 2022)

Art. 1.495 . Quando se apresentar ao oficial do registro título de hipoteca que mencione a constituição de anterior, não registrada,
sobrestará ele na inscrição da nova, depois de a prenotar, até trinta dias, aguardando que o interessado inscreva a precedente;
esgotado o prazo, sem que se requeira a inscrição desta, a hipoteca ulterior será registrada e obterá preferência.

Art. 1.496. Se tiver dúvida sobre a legalidade do registro requerido, o oficial fará, ainda assim, a prenotação do pedido. Se a dúvida,
dentro em noventa dias, for julgada improcedente, o registro efetuar-se-á com o mesmo número que teria na data da prenotação;
no caso contrário, cancelada esta, receberá o registro o número correspondente à data em que se tornar a requerer.

Art. 1.497. As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão ser registradas e especializadas.

§ 1º O registro e a especialização das hipotecas legais incumbem a quem está obrigado a prestar a garantia, mas os interessados
podem promover a inscrição delas, ou solicitar ao Ministério Público que o faça.

§ 2º As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização das hipotecas legais, estão sujeitas a perdas e danos pela omissão.

Art. 1.498 . Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a especialização, em completando 20 (vinte) anos,
deve ser renovada. CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL

20.3.4 DA EXTINÇÃO DA HIPOTECA


Art. 1.499. A hipoteca extingue-se: CESPE - 2013 - AGU

I - pela extinção da obrigação principal

II - pelo perecimento da coisa

III - pela resolução da propriedade

IV - pela renúncia do credor

V - pela remição

VI - pela arrematação ou adjudicação.

A garantia por hipoteca extingue-se pela alienação da coisa hipotecada. (errada) CESPE - 2017 - DPE-AC
Art. 1.500. Extingue-se ainda a hipoteca com a averbação, no Registro de Imóveis, do cancelamento do registro, à vista da respectiva
prova.

Art. 1.501. Não extinguirá a hipoteca, devidamente registrada, a arrematação ou adjudicação, sem que tenham sido notificados
judicialmente os respectivos credores hipotecários, que não forem de qualquer modo partes na execução.

20.3.5 DA HIPOTECA DE VIAS FÉRREAS


Art. 1.502. As hipotecas sobre as estradas de ferro serão registradas no Município da estação inicial da respectiva linha.

Art. 1.503. Os credores hipotecários não podem embaraçar a exploração da linha, nem contrariar as modificações, que a
administração deliberar, no leito da estrada, em suas dependências, ou no seu material.

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Art. 1.504. A hipoteca será circunscrita à linha ou às linhas especificadas na escritura e ao respectivo material de exploração, no
estado em que ao tempo da execução estiverem; mas os credores hipotecários poderão opor-se à venda da estrada, à de suas
linhas, de seus ramais ou de parte considerável do material de exploração; bem como à fusão com outra empresa, sempre que com
isso a garantia do débito enfraquecer.

Art. 1.505. Na execução das hipotecas será intimado o representante da União ou do Estado, para, dentro em quinze dias, remir a
estrada de ferro hipotecada, pagando o preço da arrematação ou da adjudicação.

20.3.6 SÚMULA 308-STJ


SÚMULA 308-STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa
de compra e venda, NÃO TEM eficácia perante os adquirentes do imóvel. 2013 - TJ-SC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO / 2014 - MPE-PR /
A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro tem eficácia perante os adquirentes do imóvel. (errada) VUNESP - 2014 -
TJ-PA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

Ex.: Ana Paula celebrou promessa de compra e venda de imóvel com “Construtora Agia Certo Ltda.”. Esta, por sua vez, ofereceu
o bem em hipoteca a “Banco da Construção S.A.”, agente financiador do empreendimento. De acordo com Súmula do Superior
Tribunal de Justiça, não pago o débito contraído pela construtora perante o agente financiador, a hipoteca não terá eficácia perante
Ana Paula, mesmo que seja anterior à celebração da promessa de compra e venda. (certa) FCC - 2014 - DPE-CE

20.4 DA ANTICRESE
A anticrese pode recair sobre bem móvel ou imóvel. (errada) 2012 - TJ-DFT – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO
Na anticrese o objeto da garantia é qualquer espécie de bem. (errada) 2010 - PGE-RS
A anticrese é um direito real de garantia. (certa) 2014 - PGE-AC
Art. 1.506. Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do IMÓVEL ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em
compensação da dívida, os frutos e rendimentos. 2011 - TJ-RO - JUIZ SUBSTITUTO / CESPE - 2012 - MPE-PI

§ 1º É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo credor à conta de juros, mas se o seu valor
ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para as operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital.

§ 2º Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá ser hipotecado pelo devedor ao credor anticrético, ou a terceiros,
assim como o imóvel hipotecado poderá ser dado em anticrese.

É lícita a incidência simultânea sobre um mesmo bem imóvel, de uma anticrese e de uma hipoteca. (certa) 2018 - MPE-MS

Art. 1.507. O credor anticrético pode administrar os bens dados em anticrese e fruir seus frutos e utilidades, mas deverá apresentar
anualmente balanço, exato e fiel, de sua administração.

§ 1º Se o devedor anticrético não concordar com o que se contém no balanço, por ser inexato, ou ruinosa a administração, poderá
impugná-lo, e, se o quiser, requerer a transformação em arrendamento, fixando o juiz o valor mensal do aluguel, o qual poderá ser
corrigido anualmente.

§ 2º O credor anticrético pode, salvo pacto em sentido contrário, arrendar os bens dados em anticrese a terceiro, mantendo, até ser
pago, direito de retenção do imóvel, embora o aluguel desse arrendamento não seja vinculativo para o devedor.

Art. 1.508. O credor anticrético responde pelas deteriorações que, por culpa sua, o imóvel vier a sofrer, e pelos frutos e
rendimentos que, por sua negligência, deixar de perceber.

Art. 1.509. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dos bens, os credores quirografários e os
hipotecários posteriores ao registro da anticrese.

§ 1º Se executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credor o execute, sem opor o seu direito de
retenção ao exeqüente, não terá preferência sobre o preço.

§ 2º O credor anticrético não terá preferência sobre a indenização do seguro, quando o prédio seja destruído, nem, se forem
desapropriados os bens, com relação à desapropriação.

Art. 1.510. O adquirente dos bens dados em anticrese poderá remi-los, antes do vencimento da dívida, pagando a sua totalidade à
data do pedido de remição e imitir-se-á, se for o caso, na sua posse. 2012 - TJ-PR – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO

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