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Suely Mitie Kusano – Direito das Sucessões

ABERTURA – lugar do último domicílio do falecido.


– lei material vigente ao tempo da abertura.

• CC de 1916 – ITBI causa mortis: até 31.12.2000.


• CC de 1916 – ITCMD causa mortis: até 11.01.2003.
• CC de 2002 – ITCMD causa mortis: a partir de 12.01.2003.
• ITCMD doações de bens e direitos: a partir de 1º.01.2001.

HERANÇA – todo unitário e indivisível (universalidade) – condomínio,


embora a sucessão aberta ou o quinhão hereditário possa ser objeto
de cessão por escritura pública com autorização judicial e respeitada a
preferência do coerdeiro.

CESSÃO DE QUINHÃO HEREDITÁRIO (CC, 1793/1795):


- Coerdeiro tem preferência na aquisição (se forem vários os coerdeiros
interessados, o quinhão cedido deve ser distribuído na proporção das
respectivas quotas hereditárias).
- Coerdeiro preterido na prelação (não dado conhecimento da cessão)
pode, em 180 dias da transmissão, haver para si a quota cedida a
estranho, mediante depósito do preço.
- Não havendo coerdeiro interessado na aquisição da quota do
cedente, a cessão a estranho deve ser efetuada mediante escritura
pública, com prévia autorização do juiz da sucessão.
- A cessão pode ter como objeto a herança toda ou quinhão hereditário
(NÃO pode ser cedido bem singularizado), incluindo direitos e
obrigações.
- A cessão não abrange bens/direitos conferidos ao herdeiro cedente
em consequência de substituição ou de direito de acrescer ocorridos
depois da cessão hereditária.

RESPONSABILIDADE – forças da herança e no limite do quinhão de


cada herdeiro, inclusive depois de expedido o formal de partilha (os
herdeiros devem provar o excesso, salvo se houver inventário que
comprove o valor dos bens herdados) – quando o credor requerer
pagamento de dívida antes da partilha, o juiz determinará reserva do
valor suficiente em poder do inventariante e o credor deve iniciar a
ação de cobrança no prazo de 30 dias, pena de tornar sem efeito a
reserva.
- As despesas do funeral sairão do monte (as de sufrágio por alma
dependem de ordenação em testamento).
- Os legatários e credores da herança preferem no pagamento, se em
concurso com credores do herdeiro.

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- Em ação regressiva entre coerdeiros, a parte do insolvente é dividida


proporcionalmente entre os demais; assim como há solidariedade e
reciprocidade entre os coerdeiros na obrigação decorrente da evicção
dos bens aquinhoados (exceto convenção em contrário ou se a evicção
for por culpa exclusiva do evicto ou se decorrente de fato posterior à
partilha).

ADMINISTRAÇÃO (inventariante):
1- cônjuge ou companheiro sobrevivente
2- herdeiro que estiver na posse dos bens (se mais de 2 herdeiros
possuidores, o mais velho)
3- testamenteiro
4- pessoa de confiança do juiz, na falta ou destituição dos anteriores.

1 – LEGÍTIMA

SUCESSÃO TESTAMENTO PÚBLICO


CERRADO
2- TESTAMENTÁRIA PARTICULAR
* ESPECIAIS:
- marítimo
- aeronáutico
- militar
LEGADO
CODICILO

ACEITAÇÃO da herança: expressa ou tácita (não se considera


aceitação os atos oficiosos como o funeral, os meramente
conservatórios como a administração, benfeitorias necessárias e
guarda provisória). A cessão gratuita, pura e simples, da herança aos
demais coerdeiros (renúncia abdicativa ou renúncia in favorem) implica
em aceitação seguida de doação.

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RENÚNCIA da herança: instrumento público ou termo judicial.


- não cabe renúncia sob condição ou a termo.
- herdeiro com títulos sucessórios diversos (ex.: legítimo e legatário)
pode aceitar uma parte e renunciar a outra.
- o direito de aceitar ou renunciar transfere-se ao sucessor, se o
herdeiro falecer antes da manifestação.
- se o herdeiro já renunciou à herança, seus sucessores não tem direito
de representação.
- na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce aos dos outros
herdeiros da mesma classe (sendo único, devolve-se aos
subsequentes).
- o interessado na renúncia pode requerer que o herdeiro se manifeste
no prazo de 20 dias da abertura da sucessão (prorrogável até 30 dias
c/ autorização judicial).
- os credores do herdeiro podem aceitar a herança renunciada,
procedendo-se à habilitação dos credores no prazo de 30 dias
seguintes (o remanescente da herança, depois de pagos os débitos
para com o credor, continuam renunciados).

EXCLUSÃO DA SUCESSÃO:

INDIGNIDADE (CC, 1814 a 1818) – herdeiros e legatários, declarado


por sentença (a exclusão deve ser demandada no prazo de 4 anos,
contados da abertura da sucessão).
-efeitos pessoais ao excluído (descendentes sucedem como se o
excluído fosse morto antes da abertura da sucessão).
-o autor da herança pode reabilitar o indigno em testamento ou outro
ato autêntico (se não houver reabilitação expressa, o indigno sucede
no limite da disposição testamentária).
-o excluído não tem direito a usufruto ou administração dos bens, fica
obrigado a restituir os bens e os rendimentos (pagar perdas e danos
correspondentes, se houve alienação a terceiro de boa fé), mas tem
direito de ser indenizado pelas despesas com a conservação
necessária.
-CAUSAS:
1) autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso ou
tentativa contra o autor da herança, cônjuge, companheiro,
ascendente ou descendente.
2) acusação caluniosa em juízo ou crime contra honra do
autor da herança, cônjuge ou companheiro.
3) inibir ou obstar o autor de dispor livremente de seus bens
por ato de última vontade, mediante violência ou fraude.

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DESERDAÇÃO (CC, 1961 a 1965) – herdeiros necessários, com causa


da deserdação expressa em testamento (após a abertura da sucessão,
o herdeiro instituído ou quem aproveita a deserdação deve provar a
veracidade da causa alegada pelo testador, no prazo de 4 anos
contados da abertura da sucessão).
- efeitos (há divergência, por nada constar no CC):
a) pessoais (não atingem sucessores do deserdado, como
indigno).
b) sem herança, os sucessores do deserdado não herdam tais
bens.

-CAUSAS: idem causas da indignidade e mais:


-ofensa física.
-injúria grave.
-relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto /
desamparo do ascendente em alienação mental ou grave
enfermidade –deserdação de descendente pelo ascendente.
-relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a
do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da
neta / desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou
grave enfermidade – deserdação do ascendente pelo
descendente.

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SUCESSÃO LEGÍTIMA – VOCAÇÃO HEREDITÁRIA:

1– descendentes, em concorrência com o cônjuge supérstite ou


companheiro sobrevivente
2- ascendentes, em concorrência com o cônjuge supérstite ou
companheiro sobrevivente
3- cônjuge sobrevivente
4- colaterais
# companheiro em união estável
5- Município ou DF

OBSERVAÇÕES:

Herdeiros necessários: descendentes, ascendentes e cônjuge.

a) CÔNJUGE (não separados judicialmente ou não separados de fato


há mais de 2 anos, salvo prova de inexistência de culpa do supérstite)
-direito real de habitação da única residência (qualquer regime de
bens do casamento)
-concorre com os descendentes, exceto se no regime de bens do
casamento COMUNHÃO UNIVERSAL, SEPARAÇÃO LEGAL
(obrigatória) ou COMUNHÃO PARCIAL, SEM BENS
PARTICULARES DO FALECIDO.

-o cônjuge concorre com os descendentes quando adotado o


regime de COMUNHÃO PARCIAL COM BENS PARTICULARES
DO FALECIDO; PARTICIPAÇÃO FINAL DE AQUESTOS ou
SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS, sendo que, se todos os
descendentes do falecido também forem descendentes do cônjuge
supérstite, este terá garantia do quinhão mínimo de 1/4 da herança;
se o cônjuge supérstite concorrer só com descendentes
exclusivamente do falecido, a concorrência é por cabeça (a herança
é dividida pelo número de herdeiros + cônjuge sobrevivente).

-o cônjuge concorre com ascendentes do falecido, recebendo 1/3 da


herança se em concurso com ascendentes de 1º grau ou 1/2 da
herança se houver apenas um dos ascendentes de 1º grau ou se
os ascendentes forem de maior grau (a outra metade é dividida
entre as linhas paterna e materna).

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b)COMPANHEIRO:
-concorrência c/ filhos comuns: quinhão igual por cabeça.
-concorrência c/ filho do falecido: metade do quinhão por cabeça
-concorrência c/ outros parentes: 1/3 da herança
-não havendo parentes sucessíveis: total da herança

CONCORRÊNCIA DO COMPANHEIRO COM FILHOS COMUNS E


EXCLUSIVOS DO FALECIDO – fórmula:

qF = __________H_____________
[(1. xC + 0,5. xE) : xF] + xF

onde:
qF = quinhão de cada filho [(1. xC + 0,5. xE) : xF] + xF = quantidade
de partes em que a herança deve ser dividida

H = valor da herança
xC = quantidade de filhos comuns
xE = quantidade de filhos exclusivos
xF = quantidade (total) de filhos

sendo:
[(1. xC + 0,5. xE) : xF] = concorrência ao companheiro (a participação
do companheiro é apurada multiplicando-se o quinhão de cada
herdeiro pelo resultado desta equação), i.é:
qC = [(1. xC + 0,5. xE) : xF] . qF

onde qC = quinhão do companheiro

Assim, a partilha dos bens hereditários deve ser apurada:


(qF . xF) + qC = H

c)DESCENDENTE:
-mais próximo exclui mais remoto, salvo direito de representação.
-mesmo grau: por cabeça (grau diferente: por estirpe).

d)ASCENDENTE:
-grau mais próximo exclui mais remoto, sem distinção de linha.
-mesmo grau e linha diversa: metade p/ cada linha
(paterna/materna).

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e)COLATERAIS – até o 4º GRAU: 2º irmãos, 3º sobrinhos / tios, 4º


sobrinhos-netos/ primos (grau e estirpe mais próximo exclui mais o
mais remoto)
-direito de representação na linha colateral apenas dos FILHOS DE
IRMÃO PRÉ-MORTO (sobrinhos), se concorrerem com irmãos
sobrevivos
-concorrência: irmãos bilaterais (um quinhão) e unilaterais (1/2 do
quinhão).
-se não tiver irmãos bilaterais, os unilaterais recebem o quinhão por
igual.
-concorrência: sobrinhos bilaterais (um quinhão) e unilaterais (1/2
quinhão).

# JACÊNCIA: Não havendo descendentes, ascendentes, cônjuge ou


companheiro, nem parente sucessível ou havendo renúncia, a herança
destina-se ao MUNICÍPIO ou DF, cf. localização dos bens ou à UNIÃO
se situados em Território Federal. IDEM sucessão definitiva em
AUSÊNCIA: citação de eventuais interessados por edital por 180 dias –
30 dias p/ interessado abrir inventário – passado 1 ano da arrecadação
dos bens do ausente c/ representante/procurador ou 3 anos sem
procurador, declara-se a ausência e sucessão provisória – 10 anos
após a sucessão provisória abre-se a sucessão definitiva (5 anos se o
ausente contar com mais de 80 anos de idade). Se o ausente regressar
antes da sucessão definitiva, cessam as vantagens dos sucessores
imitidos na posse / Se regressar até 10 anos da sucessão definitiva,
devolvem-se os bens ainda existentes no estado em que se encontrem
e o preço recebido pela alienação após esse tempo.

# LEGÍTIMA E METADE DISPONÍVEL: Calcula-se a legítima sobre o


valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas
e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos
bens sujeitos à colação.
Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, NÃO pode o
testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade sobre os bens da legítima (a inalienabilidade dos
bens por ato de liberalidade – herdeiro testamentário – implica na
impenhorabilidade e incomunicabilidade). NÃO é permitido ao testador
estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie
diversa.

# DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: ocorre quando a lei chama certos


parentes do falecido para suceder em todos os direitos, em que ele
sucederia, se fosse vivo.
- O direito de representação dá-se na linha RETA DESCENDENTE,
mas nunca na ascendente.

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- Na linha TRANSVERSAL (colateral), somente se dá o direito de


representação em favor dos FILHOS DE IRMÃOS (sobrinhos) DO
FALECIDO, quando com irmãos deste concorrerem.
- Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o
representado, se fosse vivo.

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA – Extingue-se em 5 anos o direito de


impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data de seu
registro – CC, 1859 (4 anos para anular disposição testamentária
inquinada de erro, dolo ou coação, contados do conhecimento do vício
– CC, 1909).
- São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial,
ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
- São INCAPAZES, ativamente, para fazer testamento: 1) menores de
16 anos de idade; 2) os que não estiverem em seu juízo perfeito no ato
de fazer testamento; 3) os surdos-mudos que não puderem exprimir
sua vontade; 4) as pessoas jurídicas.
- É proibido o testamento conjuntivo (de 2 testadores ao mesmo
tempo), seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.

DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS:
- A nomeação de herdeiro ou legatário pode ser pura e simples, sob
condição, para certo fim ou modo ou por certo motivo (quando a
cláusula testamentária for dúbia, prevalecerá a interpretação que
melhor observa a vontade do testador). A designação do tempo em
que deva começar ou cessar o direito do herdeiro é tido por não
escrito, exceto nas disposições fideicomissárias.
CAPACIDADE P/ HERDAR (VOCAÇÃO HEREDITÁRIA - CC,
1798/1803):
- pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da
sucessão,
- filhos ainda não concebidos de pessoas indicadas pelo testador,
desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão (a administração dos
bens cabe ao genitor do herdeiro testamentário ou ao curador
nomeado pelo juiz, exceto se indicado outro curador dos bens pelo
testador) – a concepção do herdeiro esperado deve se dar no prazo de
2 anos.
- pessoas jurídicas, incluindo-se fundação a ser criada cf. determinação
do testador

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# REGRAS PROIBITIVAS – A disposição é NULA:


- que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que
este disponha, também por testamento, em benefício do testador ou de
terceiro;
- que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa
averiguar;
- que favoreça pessoa incerta, cuja identificação ou determinação é
atribuída a terceiro;
- que deixa a arbítrio do herdeiro ou de outrem fixar o valor do legado;
- que favoreça as pessoas que não podem ser herdeiras e nem
legitimadas a suceder (CC,1801 e 1802: pessoa que escreveu o
testamento a rogo; testemunhas do testamento; concubino do testador
casado, exceto se estiver separado de fato há mais de 5 anos; o
tabelião, civil ou militar ou comandante ou escrivão, além das pessoas
interpostas: seu cônjuge, companheiro, descendentes, ascendentes e
irmãos).

a) TESTAMENTO PÚBLICO – Requisitos:


1) ser escrito por tabelião ou seu substituto legal, em seu livro de
notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este
servir-se de minuta, notas ou apontamentos;
2) lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião (ou pelo
próprio testador na presença do tabelião) ao testador e 2
testemunhas, a um só tempo;
3) ser o instrumento, após a leitura, assinado pelo testador, pelas
testemunhas e pelo tabelião.
- Pode ser escrito manual ou mecanicamente ou pela inserção da
declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde
que rubricadas todas as páginas pelo testador, se o testamento tiver
mais de 1 folha.
- Se o testador não souber ou não puder assinar, o tabelião assim o
declarará, assinando uma das testemunhas instrumentárias, a seu
rogo.
- O testador inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento (se
não souber ler, designará quem o leia em seu lugar, presentes as
testemunhas).
- Ao cego só se permite o testamento público, que será lido, em voz
alta, duas vezes – 1 pelo tabelião e 1 por uma das testemunhas

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designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção


no testamento.

b) TESTAMENTO CERRADO – O testamento escrito pelo testador ou


por outra pessoa a seu rogo (pode ser o próprio tabelião, mas sempre
assinado pelo testador), será válido se aprovado pelo tabelião ou seu
substituto. Deve observar as seguintes formalidades:
- que o testador o entregue ao tabelião na presença de 2 testemunhas,
- que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja
aprovado,
- que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença
de 2 testemunhas e o leia (o auto de aprovação – o testamento não é
lido), em seguida, ao testador e testemunhas,
- que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião (mesmo que
seja ele a escrever o testamento a rogo), pelas testemunhas e pelo
testador.
O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, mas o
subscritor deve numerar e autenticar, com sua assinatura, todas as
páginas. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente
depois da última PALAVRA do testador, declarando, sob sua fé, que o
testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas,
passando a cerrar e coser o instrumento aprovado (se não houver
espaço na última folha do testamento, o tabelião, no início da
aprovação, aporá nele o seu sinal e mencionará a circunstância no
auto).
O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira
– não pode dispor em testamento cerrado quem não saiba ou não
possa ler (o surdo-mudo pode fazê-lo, desde que o escreva todo e, ao
entregá-lo ao tabelião, escreva na face externa do papel ou do
envoltório que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede).
Depois de aprovado e cerrado, o testamento será entregue ao
testador e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano
em que o testamento foi aprovado e entregue (o testador deixa seu
testamento sob custódia do testamenteiro, que deve entregá-lo, sem
violação, ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja
cumprido).

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c) TESTAMENTO PARTICULAR – Pode ser escrito de próprio punho


ou mecanicamente (neste caso, não pode haver rasuras ou espaços
em branco), devendo ser assinado pelo testador, lido na presença de 3
testemunhas e por elas subscrito. O testamento particular pode ser
escrito em língua estrangeira, contando que as testemunhas a
compreendam.
Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com
citação dos herdeiros legítimos.
Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição e
sua leitura perante elas, mas reconhecerem as próprias assinaturas e a
do testador, o testamento será confirmado. Se faltarem testemunhas
por morte ou ausência, mas pelo menos 1 delas o reconhecer, o
testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova
suficiente de sua veracidade (em circunstâncias excepcionais
declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e
assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a
critério do juiz).

d) CODICILOS – Disposições especiais sobre o seu enterro, sobre


esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas ou
indeterminadamente aos pobres de certo lugar, podendo referir-se a
móveis, roupas ou jóias de pouco valor. Pode haver nomeação e
substituição de testamenteiro – se o codicilo estiver fechado, abrir-se-á
do mesmo modo que o testamento cerrado.

TESTAMENTOS ESPECIAIS - MARÍTIMO


(não há outros testamentos - AERONÁUTICO
especiais além dos previstos) - MILITAR

TESTAMENTO MARÍTIMO e AERONÁUTICO – testador em viagem ou


a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, aeronave militar ou
comercial. O testamento é feito perante pessoa designada pelo
comandante e diante de 2 testemunhas, registrado no diário de bordo,
ficando sob custódia do comandante, que o entregará às autoridades
administrativas no primeiro porto ou aeroporto nacional, contra-recibo
averbado no diário de bordo. Há caducidade do testamento se o
testador não morrer na viagem nem nos 90 dias subsequentes ao seu
desembarque em terra, onde possa fazer outro testamento na forma
normal.

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TESTAMENTO MILITAR – testador militar ou pessoa a serviço das


Forças Armadas em campanha, dentro ou fora do país, não havendo
tabelião ou seu substituto, devendo o testamento ser feito ante 2 ou 3
testemunhas (se o testador não puder ou não souber assinar, 1 das
testemunhas assinará por ele):
- se o testador pertencer ao corpo ou seção de corpo destacado, o
testamento será escrito pelo respectivo comandante, ainda que de
graduação ou posto inferior.
- se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será
escrito pelo respectivo Oficial de Saúde ou pelo Diretor do
estabelecimento.
- se o testador for o Oficial mais graduado, o testamento será escrito
por aquele que o substituir.
- se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu
punho, contanto que o date e assine por extenso e o apresente, aberto
ou cerrado, na presença de 2 testemunhas ao auditor ou ao Oficial de
patente, que notará, em qualquer parte do testamento, o lugar, dia,
mês e ano em que lhe foi apresentado (nota essa assinada por ele e
pelas testemunhas).
- Caduca o testamento militar se o testador, nos próximos 90 dias,
esteja em lugar onde possa testar na forma ordinária, salvo se o
testamento apresentar as solenidades prescritas.

- O testador em combate ou ferido pode testar oralmente, confiando a


sua última vontade a 2 testemunhas (o testamento não terá efeito se o
testador não morrer na guerra ou se convalescer do ferimento).

LEGADO: deixa testamentária DETERMINADA (bens ou direitos


específicos, pormenorizados) dentro do acervo transmitido pelo autor
da herança – sucessão a título singular.
- O objeto do legado pode ser coisa móvel (fungível, incerta,
determinada), imóvel, usufruto, alimentos, crédito ou quitação de
dívida, renda vitalícia, dinheiro. As despesas e os riscos da entrega do
legado são do legatário, salvo disposição diversa expressada pelo
testador.
- A coisa certa legada pertence ao legatário desde a abertura da
sucessão, exceto se sob condição suspensiva, termo inicial ou litígio

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sobre a validade do testamento. Não se defere de imediato a posse do


legado (depende de autorização judicial) – o legado em dinheiro só
vence juros desde o dia em que constituído em mora a pessoa
obrigada a prestá-lo.
- Legado coisa pertencente a um dos herdeiros ou legatários, só a ele
incumbirá cumpri-lo (pena de renúncia à herança ou legado –
CC,1913), com regresso contra os coerdeiros, pela cota de cada um,
salvo se o testador dispor expressamente em contrário (CC,1935).

DIREITO DE ACRESCER (CC, 1941/1946): o quinhão do herdeiro que


não puder ou não quiser aceitar a herança, sua parte acrescerá à dos
co-herdeiros testamentários (caso estes também não possam ou não
queiram, o quinhão acrescerá aos herdeiros legítimos).

SUBSTITUIÇÕES VULGAR e RECÍPROCA (cc, 1947/1950):


substituição de um herdeiro testamentário por outro ou de um por
muitas pessoas (VULGAR) ou vice-versa (RECÍPROCA).

SUBSTITUIÇÃO FIDEICOMISSÁRIA (CC, 1951/1960): testamento em


contemplação de pessoa não concebida ao tempo da morte do
testador, designado fideicomissário (concepção em até 2 anos do
óbito), deferindo-se ao fiduciário a propriedade resolúvel do quinhão
hereditário até o nascimento do fideicomissário e usufruto desses bens
ao fiduciário a partir da transmissão da propriedade da herança ao
fideicomissário até que atinja a maioridade civil – a substituição
fideicomissária não pode ser além do segundo grau.

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SUBSTITUIÇÕES VULGAR: testador indica outra pessoa em


substituição ao herdeiro ou ao legatário, para o
(CC, 1947 ss)
caso deste não querer ou não poder aceitar a
herança ou legado
RECÍPROCA: testador indica muitas pessoas para
substituir uma só ou vice-versa, reciprocamente
FIDEICOMISSÁRIA: testador institui herdeiro ou
legatário, estabelecendo que, quando o instituído
(fiduciário) morrer ou a certo tempo ou sob certa
condição, transmita a herança ou o legado a
outrem (fideicomissário).
- a SUBSTITUIÇÃO fideicomissária só se permite
em favor dos não concebidos ao tempo da morte
do testador
- FIDEICOMISSO: se o fideicomissário já for
nascido, a propriedade dos bens fideicometidos lhe
pertencem, convertendo-se em usufruto o direito
do fiduciário
- FIDEICOMISSO é nulo além do segundo grau (só
pode haver uma retransmissão – o testador não
pode instituir 2º fideicomisso). Caduca o
fideicomisso se o fideicomissário renunciar à
herança ou legado, morrer antes do fiduciário ou
morrer antes de realizar a condição resolutória do
fiduciário (nestes casos, a propriedade consolida-
se no fiduciário)
- a nulidade da SUBSTITUIÇÃO
FIDEICOMISSÁRIA ilegal não anula nem prejudica
o FIDEICOMISSO.

REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS: ...


- O excedente integra, de preferência, o quinhão de certos herdeiros ou
legatário, conforme dispor o testador.
- Se o excedente consistir em prédio divisível, a divisão será
proporcional. Se indivisível e o excesso do legado for superior a ¼ do
valor do prédio, a compensação será sobre a parte disponível – se
menos de ¼, converte-se em indenização.
- Se não houver disposição testamentária sobre o excesso do
disponível, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos.

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CADUCIDADE DO TESTAMENTO OU DO LEGADO :


- modificação do legado ou da coisa legada,
- alienação da coisa, no todo ou parte (até onde deixou de ser do
testador),
- perecimento ou evicção, vivo ou morto o testador, sem culpa do
herdeiro incumbido do cumprimento da entrega,
- exclusão herdeiro por deserdação ou indignidade,
- herdeiro testamentário ou legatário renunciante ou falecido antes do
testador,
- não implementação da condição imposta para contemplação,
- testamento marítimo ou aeronáutico caduca se o testador não morrer
na viagem ou nos 90 dias subsequentes ao desembarque em terra,
onde possa fazer testamento ordinário,
- testamento militar: idem, a menos que o auditor ou oficial tenha
anotado o dia, mês e ano em que lhe foi apresentado o testamento
militar por escrito, assinado também pelas testemunhas (2 ou 3, se o
testador não puder escrever e assinar).

REVOGAÇÃO
- Novo testamento, dispondo de forma diversa da do anterior (pode ser
total ou parcial, persistindo as disposições anteriores que não forem
contrárias às novas disposições).
- A revogação é válida ainda que o testamento revocatório vier a
caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele
nomeado.
- A revogação é inválida se o novo testamento for anulado por omissão
ou infração de solenidade essencial ou por vícios intrínsecos.
- Considera-se revogado o testamento cerrado que for aberto ou
dilacerado pelo testador ou outrem com autorização do testador.

ROMPIMENTO DO TESTAMENTO:
- Há rompimento do testamento se existir herdeiro necessário
desconhecido ou descendente sucessível ao testador que não o
conhecia ou não sabia de sua existência, desde que o descendente
sobreviva ao testador.
- Não há rompimento do testamento se o testador não contemplar a
parte disponível a herdeiros necessários conhecidos.

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TESTAMENTEIRO:

- O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, em conjunto ou


separadamente: há responsabilidade solidária entre os vários
testamenteiros nomeados.
- O testador pode conceder posse e administração dos bens ao
testamenteiro.
- Se o testamenteiro não for herdeiro ou legatário, terá direito ao prêmio
fixado pelo testador (se não foi fixado, o prêmio será arbitrado pelo juiz
em 1% a 5% sobre a herança líquida, conforme a dificuldade na
execução do testamento. Se o testamenteiro for herdeiro ou legatário,
pode preferir o pagamento do prêmio à herança.
- O testamenteiro deve prestar contas e cumprir as disposições
testamentárias no prazo assinalado pelo testador (se não fixado pelo
testador, o prazo é de 180 dias contados da aceitação da testamentaria
– pode ser prorrogado, se houver motivo justo).
- O prêmio do testamenteiro removido ou que não cumpriu o
testamento reverte à herança.

INVENTÁRIO/ ARROLAMENTO e PARTILHA:

INVENTÁRIO:

- CPC, 983: abertura (competência: último domicílio do falecido)


- CPC, 993: Primeiras Declarações (20 dias)
- CPC, 1000: impugnações (10 CC, 2000
dias) CPC, 56 ss
- CPC, 1017: habilitações
- CPC, 1022: partilha

ARROLAMENTO JUDICIAL: herdeiros civilmente capazes,


inexistência de controvérsia entre eles. A petição inicial noticia óbito,
nomeia inventariante, apresenta Primeiras Declarações e Proposta de
Partilha com recolhimento dos tributos devidos.

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ARROLAMENTO EXTRAJUDICIAL: herdeiros civilmente capazes,


sem controvérsia entre eles sobre a partilha dos bens hereditários –
processamento administrativo perante Cartório

a) SONEGADOS (CC, arts.1992/1996):


- Bens hereditários em poder do herdeiro e não descritos, omitidos na
colação ou não restituídos: o sonegador perde o direito sobre eles (se o
sonegador for inventariante, também será removido).
- Necessária a Ação de Sonegados, movida pelos herdeiros ou
credores da herança (a ação proposta por apenas um deles, aproveita
a todos), ajuizada depois de encerrada a descrição dos bens, com
declaração de inexistirem outros por inventariar.
- O sonegador deve restituir os bens/direitos sonegados. Se não os
tiver, há conversão em pagamento da importância ocultada mais
perdas e danos.

# SOBREPARTILHA: divisão de bens/direitos desconhecidos à época


da partilha (não caracteriza sonegação)

b) PAGAMENTO DAS DÍVIDAS


- As dívidas do falecido devem ser pagas com a força da herança (os
herdeiros respondem na proporção de seu quinhão)

c) COLAÇÃO: informação do herdeiro necessário, por ocasião da


abertura da sucessão causa mortis, acerca do recebimento de bens ou
direitos havidos por doação feita pelo autor da herança COM dispensa
da colação (dedução da parte disponível da herança) ou SEM dispensa
da colação (dedução da parte legítima da herança, considerando-se a
doação como antecipação da legítima). Se o termo da doação for
omisso, considera-se doação sem dispensa da colação.

d) PETIÇÃO DE HERANÇA
- Reconhecimento da qualidade de herdeiro e restituição da herança,
no todo ou em parte, contra o possuidor dos bens hereditários (herdeiro
ou terceiro)
- O possuidor dos bens da herança responde como possuidor de boa
ou de má fé, conforme o caso (a partir da citação da petição de
herança, aplicam-se as regras da posse posse de má fé e à mora)

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- Herdeiro aparente de boa fé que paga legado não está obrigado a


prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor (pode exigir contra quem
o recebeu).

e) PARTILHA: Auto de orçamento onde constam nome do autor da


herança, inventariante, cônjuge, herdeiros, legatários e credores
admitidos; ativo, passivo e líquido partível, valor de cada quinhão
(CPC, 1025).
- O Formal de Partilha deve conter (CPC, 1027): termo de inventariante
e título de herdeiros, avaliação dos bens do quinhão de cada herdeiro e
seu pagamento, quitação dos impostos e sentença (o Formal de
Partilha pode ser substituído por Certidão do pagamento do quinhão
hereditário que não exceder 5 salários-mínimos) – levar a registro
imobiliário se houver bens imóveis na herança.
- O Formal de Partilha pode ser anulado no prazo de 1 ano, por dolo,
coação, erro essencial ou intervenção de incapaz. Não sendo caso de
sonegação, o Formal de Partilha, ainda que passado em julgado, pode
ser emendado para corrigir erros de fato na descrição dos bens ou
sobrepartilha de bens ou direitos dos quais se desconheciam a
existência.

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