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• Aferir quais os detentores de X bem por força da morte do autor da sucessão/de cuius
; por bens entende-se tanto os ativos como os passivos;
• Dto das Sucessões- tem por ex paradigmático 1 dto potestativo, o de aceitar ou
rejeitar a herança (Fenómeno único no âmbito do Dto Privado);
Classes de sucessores (2133º/1) A ordem por que são chamados os herdeiros, sem prejuízo do
disposto no título da adoção, é a seguinte:
a) Cônjuge e descendentes;
b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
d) Outros colaterais até ao 4º grau;
e) Estado
Nota: Podem-se instituir fundações como sucessores- por ex, a fundação Calouste Gulbenkian
(mecanismo sucessório)
“Testamento digital”: Fotos/ conteúdos na internet respeitantes ao de cuius- não tende a ser
particularmente relevante no Dto das Sucessões
Muitas vezes o de cuius pode criar dts novos; “deixo o usufruto do imóvel Z a X e a sua
propriedade a Y- não se verificou somente a transmissão do bem
Sucessão contratual ou pacticía : Contrato enquanto fig controversa no Dto das Sucessões pelo
que o testamento é 1 negócio unilateral por excelência
Exs: “Deixo todos os meus bens a A”- A é herdeiro; “Deixo a B metade da minha herança”- B é
herdeiro; “Deixo o meu automóvel a C”- C é 1 legatário; “Deixo a D os bens que tenho em
Lisboa” (Se forem devidamente individualizados trata-se de 1 legatário dada a lógica de
especificação que opera)
➢ Responsabilidade externa pelo passivo recai sobre o herdeiro, apenas recai sobre o
legatário caso não haja herdeiros, tendo os legatários de pagar aos credores na
medida daquilo que tenham adquirido com a sucessão;
➢ Qualidade de herdeiro ou legatário depende daquilo que estes adquiram e da forma
como são designados;
➢ Herdeiro enquanto sucessor pessoal? Terá este 1 ligação especial com o de cuius?
(Posição de Oliveira Ascensão)
- Regente discorda, não considera que o herdeiro se trate de 1 “sucessor pessoal”
Nota: Ser herdeiro ou legatário não se funda no facto de receber muito ou pouco; para
os professores JDP, Menezes Leitão e Margarida da Silva Pereira por ex, estes são
ambos adquirentes patrimoniais, independentemente do nº de bens que herdem ou
do seu valor ou quota-parte da herança.
1) Sucessão legitimária
o É a de maior intensidade visto ser imperativa, nem o próprio de cuius pode interferir
ou contrariá-la, oferece maior proteção, é + garantística;
2) Sucessão contratual
o Contrato vale mais que 1 NJ unilateral (veja-se, o testamento, NJ unilateral, por
excelência );
3) Sucessão legítima
o Supletiva;
o Tem 1 título específico (2131º);
o Vale para a ausência de disposições testamentárias do de cuius mas tbm vale para
situações de caducidade ou invalidades;
o Diz respeito aos cônjuges (que não podem estar separados de facto), parentes em
linha reta e colateral e, por último, o Estado (classes de sucessíveis- 2133º); o 2133º
consagra a regra da preferência de grau de parentesco- ex: tendo o de cuius filhos e
netos, têm preferência os filhos;
o Adoção- ressalvada no 2133º/1- é equiparada ao vínculo de parentesco. Nota: Na
filiação por PMA tbm há 1 equiparação legal ao vínculo de parentesco;
- Quando o cônjuge concorre com os ascendentes este concorre com 1 vantagem superior,
cabe-lhe 1 porção maior da herança (cônjuge fica com 2/3 ao passo que os ascendentes ou
pais do de cuius ficam com 1/3 cada um da herança);
- As outras classes- 2133º/c)- irmãos do de cuius e seus descendentes
o Descendentes dos irmãos do de cuius são sucessíveis através do dto de representação
(2138º), o qual tbm se aplica aos descendentes dos descendentes);
- Cônjuge e 2 filhos (Divisão por cabeça);
- Cônjuge e 2 filhos, 1 deles tem por sua vez 2 filhos sendo que 1 desses filhos morre antes do
de cuius (não vai haver divisão por cabeça, não vai caber a cada 1/4 da herança, mas antes os
filhos do filho do de cuius, os seus netos, vão dividir 1/3 da herança entre si)
Exceção á regra da divisão por cabeça, o irmão bilateral recebe o dobro do irmão unilateral, o
meio-irmão ou irmão unilateral recebe metade da herança correspondente ao progenitor em
comum que faleceu ou que possa ter falecido, o irmão bilateral recebe “2 doses, 1 por cada
progenitor” (Entorse á regra da divisão por cabeça)
Quando não há cônjuge, ascendentes, descendentes ou outros parentes na linha colateral, o
Estado surge então como sucessível.
Nota: Regente considera que quando se está a exercer dto de representação em nome de
irmãos do de cuius , não há limite quanto ao grau de parentesco para que este possa ser
exercido
Críticas ao 2133º
✓ Unido de facto/companheiro não surge enquanto sucessível, predomina o formalismo
no Dto das Sucessões não obstante o unido de facto poder vir a adquirir dts bastante +
“valiosos” como o dto á casa de morada de família;
✓ Mesmo que haja separação de facto durante muitos anos, o “cônjuge” sobrevivo pode
surgir como sucessível (Incongruência a nível material; a comunhão de vida anterior há
muito que deixara de existir, a relação conjugal não subsistia, como justificar que o
separado de facto surja numa posição privilegiada no âmbito da sucessão se a relação
deste com o de cuius existia meramente a nível formal?)
JDP: Exceção do 2196º/2 aplicar-se-á tbm a outros casos, bastando a separação de facto
ocorrida há 1 ano
Profª Margarida Silva Pereira: Considera que a norma do 2196º/2, a) não tem qualquer
sentido
Prof Menezes Leitão: Considera que devem valer os 6 anos como regra para aplicar a exceção
do 2196º/2, a) e não apenas 1 ano de separação de facto (ao fim do qual já se poderá requerer
o divórcio – 1781º. a) + 1782º)
▪ 2199º: Previsto para os casos em que o testador apresenta 1 idade avançada; não se
requere que a incapacidade do testador seja notória para que o testamento seja
anulável (“É anulável o testamento feito por quem se encontrava incapacitado de
entender o sentido da sua declaração ou não tinha o livre exercício da sua vontade por
qualquer causa, ainda que transitória”);
Nota: Não existe 1 declaratário, o testamento é 1 NJ unilateral de caráter não receticío, isto é,
a sua eficácia não depende do conhecimento de outras pessoas. Neste sentido:1
A natureza do negócio testamentário afasta a aplicação dos requisitos gerais do erro-vício que
pressupõem a existência de 1 declaratário.
Não é condição de anulação do testamento: o conhecimento ou a cognoscibilidade da
essencialidade do erro pelo beneficiário da liberalidade; o reconhecimento da essencialidade
por acordo entre o beneficiário e o testador; o conhecimento ou a cognoscibilidade, pelo
beneficiário, do dolo proveniente de terceiro que tenha determinado a disposição
testamentária.
Dado o cariz não receticio do testamento, há que adaptar igualmente o regime do erro sobre a
base do negócio, (252º/2): será anulável a DT viciada por erro sobre as circunstâncias que
fundaram a decisão de testar.
Por força do 2201º, é plenamente aplicável ao testamento o art 255º que se refere á coação
moral. Por conseguinte, é anulável a DT determinada pelo receio de 1 mal de que o testador
foi ilicitamente ameaçado com o fim de extorquir a DT. Tanto faz que a coação provenha do
sucessível designado ou de terceiro (256º). Não se impondo 1 tutela do declaratário, os
requisitos de anulação do testamento são idênticos: nunca é necessário que seja grave o mal e
justificado o receio da sua consumação.
NJ testamentário
- Formalismo extremo
• Forma escrita que deve depois ter 1 intervenção direta ou subsequente de 1 notário;
• Não é admissível o testamento meramente oral; a forma escrita constitui 1 requisito
mínimo de validade do testamento;
• Tipos de testamento; 2204º: Testamento público e testamento cerrado. Portugal tem
vindo a consagrar uma terceira forma comum, o testamento internacional, cuja
regulação consta de diploma avulso;
Formas comuns
Testamento público
- Aquele que o próprio notário escreve de acordo com a vontade do testador;
-Não se confunde com a escritura pública;
- Testamento pode ser consultado mediante procuração especial passada pelo testador;
Testamento cerrado
- Escrito pelo próprio testador;
1
JDP “O Direito das Sucessões Contemporâneo”, 3ª edição 2019, pág 98
- Deve ser levado a 1 notário para que este o aprecie formalmente; este não o vai sindicar
materialmente, a nível da sua substância/conteúdo;
- Se o testamento escrito ou assinado pelo testador não for aprovado ou certificado por 1
notário ou por 1 entidade com autoridade equivalente verifica-se a nulidade do testamento
(2206º/4 e 5);
- Tem de ser escrito pelo testador (2206º/1), quer em suporte digital quer em papel, em língua
portuguesa (“mínimo dos mínimos” a nível formal);
Nota: Testamento internacional pode ser feito por escrito/á mão ou por computador, podendo
ser feito em qualquer língua
Nota: Testamento não pode ser gravado/filmado, tal não é válido no nosso ordenamento
Se a pessoa sobrevive e não transpõe as suas disposições para a forma comum, passados uns
meses, o testamento caduca (2222º)
- A lei prevê 1 mínimo formal para o testamento
Quaisquer DT deverão constar do testamento cerrado, o qual por sua vez deverá ser
certificado pelo notário
2187º/1: Na interpretação das DT observar-se-á o que parecer mais ajustado com a vontade
do testador (Deve imperar o respeito pela vontade do testador)
2187º/2: É admitida prova complementar, mas não surtirá qualquer efeito a vontade do
testador que não tenha no contexto um mínimo de correspondência, ainda que
imperfeitamente expressa.
Os requisitos de ordem formal apresentam maior peso na validade do testamento
• Não é admissível a integração de lacunas nos testamentos caso não exista base literal
no texto, no contexto das DT essenciais (instituição de herdeiro, nomeação de
legatário, atribuição de 1 bem específico…)
NJ testamentário
- Importa + o caráter patrimonial embora as DT de cariz não patrimonial tbm possam ser tidas
como válidas
Ex: Perfilhação feita em testamento (tem reflexos patrimoniais, mas não é 1
DT de cariz patrimonial)
Sucessão testamentária
- Revogação (art 2311º e ss)
• Âmbito de revogação (Total ou Parcial);
• Revogação expressa (2312º), tácita(2313º) ou real (2315º e 2316º);
Revogação real
- Fig que se autonomizou da revogação tácita;
- É real, opera através de 1 coisa:
o O próprio doc, o testamento (destruição/inutilização do doc do testamento, este é
deliberadamente rasgado por ex; geralmente é o próprio de cuius a fazê-lo ou alguém
a seu pedido;
o Esta inutilização só pode ocorrer no testamento cerrado, nunca no testamento
público;
- Variante/modalidade de revogação real em que se põe em causa a coisa que se legou
Ex: Após a elaboração do testamento o testador doa em vida 1 bem que havia legado em
testamento- entende-se que há 1 revogação real.
o Esta variante pode suceder tanto no testamento público como no testamento cerrado
(Pode ocorrer revogação real no testamento público desde que na variante de coisa
legada);
Caducidade (2317º)
• Enumeração meramente exemplificativa;
• Ocorre quando qualquer DT perde eficácia por qualquer motivo que não os tipificados
no 2317º (essas situações que estão elencadas não são as únicas situações de
ineficácia);
• 2317º a) Herdeiro ou legatário morre antes do testador, salvo havendo representação
sucessória;
• Há inúmeras situações que geram a caducidade, a enumeração do 2317º não é
taxativa;
Ex: Destrói-se inadvertidamente o testamento, por acidente, sendo que quem rasgou o
testamento não foi o de cuius;
• Caducidade: Todas as situações que geram a ineficácia do testamento e que por isso
podem ser várias e não apenas as do 2317º
Sucessão contratual
• Integra a sucessão voluntária;
• Tem cariz excecional ou muito abertamente na sua proibição e restritivamente na sua
exceção/permissão;
• 2028º/2:
- Contratos sucessórios são apenas os previstos na lei;
- A regra geral é a da sua proibição/invalidade (2028º/1 é 1 art taxativo);
o Pacto sucessório renunciativo em sede de convenção antenupcial;
o Pacto designativo/aquisitivo ou por morte;
o Pacto dispositivo (No nosso ordenamento está totalmente proibido; ex: O pai de A está
muito doente, A faz contrato com C a dizer que lhe deixa todo o património que
atualmente é do seu pai);
1704º: A instituição de herdeiro e a nomeação de legatário feitas por algum dos esposados na
convenção antenupcial em favor de pessoas indeterminadas, ou em favor de pessoa certa e
determinada que não intervenha no ato como aceitante, têm valor meramente testamentário
e não produzem qualquer efeito se a convenção caducar.
DT que se podem incluir na CA que não têm caráter contratual, mas sim testamentário
Nota: Atribuição de capital pela seguradora a terceiros não constitui 1 fenómeno sucessório.
(Consideram-se doações indiretas em vida)
Para efeitos de cálculo da quota do herdeiro contratual conta-se o donatum posterior ao pacto
sucessório.
2156º e ss
- Marca da imperatividade;
- Legitimário está sujeito tanto ao ativo como ao passivo;
- Cônjuge, descendentes e ascendentes;
- Aplicam-se as regras da sucessão legítima (2157º- Aplica-se sempre aos casos de sucessão
legitimária)
- Património divide-se em
• Quota indisponível (2156º): Legítima objetiva- porção de bens de que o testador não
pode dispor por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários; legítima
subjetiva- porção da quota indisponível que cabe a cada herdeiro legitimário;
• Quota disponível: porção de bens de que o testador pode dispor livremente;
Para o cálculo da legítima é preciso ter em conta os bens doados em vida (Donatum- Acresce
ao valor global do património do de cuius)
2162º/1: Cálculo da legítima
Quota indisponível- A legítima do cônjuge e dos filhos, em caso de concurso, é de 2/3 da
herança (2159º/1)
Ex: O relictum é de 100 000 € e o donatum é de 40 000 €, sendo que o de cuius, A, deixou o
seu cônjuge C e o seu filho F, havendo um passivo no valor de 20 000 €.
2168º: Redução de liberalidades (trata-se da redução das liberalidades, entre vivos ou por
morte que ofendam a legítima dos herdeiros legitimários)
- Pactos sucessórios tbm são suscetíveis de redução a par das doações em vida;
- Expectativa do herdeiro legitimário (este pode pôr em causa doações em vida do de cuius
apesar de não poder agir em vida do de cuius/autor da sucessão)
Aula Teórica nº 8 18/03/2022
Pq é que o cônjuge é tão favorecido e o companheiro não tem sequer menção legal no elenco
de sucessíveis? Pq é que o autor da sucessão não pode afastar os herdeiros legitimários
mesmo quando estes não têm 1 relação de especial proximidade com o de cuius?
JDP: Deveria haver 1 maior equilíbrio entre o objetivo de proteger a família e a necessidade de
preservar a liberdade de testar
Dinâmica sucessória
- Quais os titulares das SJ patrimoniais que sobrevivem ao de cuius?
- Preocupação do ordenamento em assegurar que o destino do património não é deixado ao
acaso;
• Legislador visa concretizar/assegurar a sua função social;
Fenómeno sucessório
1)Momento da morte/Abertura da sucessão
Quando é que se abre? Em que lugar? (2031º)
Pressuposto da sucessão
2032º: “Chamamento á sucessão”
- JDP: É o mesmo que vocação ou atribuição do dto de suceder;
• Geralmente coincide com o momento de abertura da sucessão;
• Atribuição do dto de suceder, “ius delationis”, dto de aceitar ou repudiar a herança
Pressupostos
- Prioridade na hierarquia (titularidade de designação prevalente);
- Capacidade jurídica, a qual pressupõe personalidade jurídica (2032º + 2033º)
Leva a excluir que o de cuius atribua património a entidades que não tenham personalidade
jurídica (ex: animais)
- Personalidade jurídica no momento da sucessão (2033º/1)
Indignidade
- 2034º: 2 alíneas referem-se a crimes e outras 2 são atentados á liberdade de testar;
- Tem por base comportamentos censuráveis num sucessível, que podem ou não ter natureza
criminal, Ex: Descendente rasga/destrói testamento que não o beneficia (recai no âmbito do
2034º/d);
- Corresponde a 1 sanção punitiva civil;
- Pode ter tbm outras penalizações, Ex: Caso Rosa Grilo- esta e o amante, 1 funcionário judicial,
mataram o marido de Rosa em conj para receberem a herança
• RG foi presa e na sentença criminal foi afastada da sucessão por força do 2034º/a) +
2035º/1 + 2037º;
JDP: Estamos perante 1 sanção punitiva criminal e, como tal, está
sujeita a 1 tipicidade, não admite interpretação extensiva; deve por isso fazer-se uma
interpretação restritiva do 2034º (Opinião que tbm é partilhada pelo Prof Pamplona Corte-
Real)
Problema: Legislador não incluiu todos os crimes na letra do 2034º + 2035º
Para além de se ter de preencher a tipicidade do 2034º é necessária 1 declaração nos termos
do 2036º para se poder afastar 1 sucessível da herança/sucessão- A indignidade tem de ser
judicialmente declarada
JDP: Parece incongruente que 1 homicida não possa ser afastado caso não haja 1 declaração
de indignidade nos termos do 2036º (sem a declaração não se operam os efeitos do 2037º e o
sucessível que tenha sido condenado não é afastado da sucessão).
- Mesmo na situação extrema de condenação por homicídio doloso (2034º/a), a lei não
contempla a possibilidade de produção de efeitos de indignidade sem declaração judicial
nem de 1 declaração judicial a todo o tempo, pressupondo antes 1 alternativa entre
declaração na sentença penal ou declaração em ação autónoma intentada pelo Ministério
Público dentro de certo prazo (2036º/3)
Pamplona Corte-Real: Tem de se incorrer numa causa tipificada no 2034º, tem de haver
declaração de indignidade e tem de se intentar ação nesse sentido nos termos do 2036º.
Feita a declaração de indignidade o sucessível é afastado.
Nota: Outro efeito da declaração de indignidade é a exclusão do dto de representação dos
seus descendentes na sucessão testamentária. (2037º/2 a contrario sensu)
Polémica déc de 80
O sucessível que for declarado indigno é excluído tbm da sucessão legitimária. Esta questão
dividiu profundamente a doutrina. Pereira Coelho considerou que o instituto da indignidade
não era aplicado á sucessão legitimária, porque, tendo caráter geral, esse instituto cedia
perante a deserdação, instituto específico da sucessão legitimária;
No âmbito da sucessão legitimária, nada justifica que a declaração de indignidade não afaste
tbm os dts sucessórios que o herdeiro legitimário que foi declarado indigno em sede de
sucessão legítima teria; isto é, porque é que o sucessível legitimário teria 1 situação + tutelar
podendo ter cometido crimes + graves?
Reabilitação (2038º)
- Aquele que tiver incorrido numa causa de indignidade pode ser reabilitado; esta reabilitação,
para que opere a reaquisição da capacidade sucessória por parte do sucessível que incorreu
em causas de indignidade ou foi declarado indigno, requer que o autor da sucessão o reabilite
expressamente em testamento ou escritura pública (2038º/1 parte final);
- A reabilitação cabe ao autor da sucessão e pode ser efetuada antes da declaração judicial de
indignidade, desde que ele tenha conhecimento do facto que constitui fundamento da
indignidade; havendo reabilitação anterior á declaração judicial, esta não será eficaz (total ou
parcialmente) - não chega a verificar-se a incapacidade de suceder;
- Havendo reabilitação posterior á declaração, aquele que tiver incorrido em indignidade
“readquire a capacidade sucessória” (2038º/1);
-Reabilitação pode ser total ou parcial, expressa ou tácita;
• Só a reabilitação expressa permite que ocorra o chamamento á herança ou a vocação
no campo da sucessão legal (quer legítima, quer legitimária);
• 2038º/2 (Reabilitação tácita): “Não havendo reabilitação expressa, mas sendo o
indigno contemplado em testamento quando o testador já conhecia a causa da
indignidade, pode ele suceder dentro dos limites da sucessão testamentária” -
Sucessível em questão apenas sucede na medida daquilo que lhe tiver sido deixado
em testamento, não sucede nem a título legítimo, nem a título legitimário, caso fosse
esse o caso.
Deserdação (2166º)
- Em sentido amplo: abrange o ato mediante o qual o de cuius pretende expressamente
afastar da sua herança alguém que foi designado para suceder como herdeiro legitimário,
legítimo, testamentário ou contratual;
- Em sentido restrito: abrange o ato mediante o qual o de cuius pretende expressamente
privar 1 sucessível da posição que lhe caberia enquanto herdeiro legitimário;
Exs: - O de cuius faz testamento em que declara deserdar o seu irmão que é sucessível legítimo
prioritário (Deserdação em sentido amplo- trata-se de sucessão supletiva, o afastamento do
irmão será válido, independentemente de o testador ter ou não apresentado 1 razão que
justifique o ato);
- De cuius faz testamento em que declara deserdar alguém que instituíra como seu herdeiro
noutro testamento (deserdação em sentido amplo; o ato é igualmente válido, consiste num
exercício da faculdade de revogar o testamento; tbm há deserdação em sentido amplo se o de
cuius fizer testamento em que declara deserdar alguém que instituíra como seu herdeiro num
pacto sucessório);
Encontram-se tipificadas. Tal como a indignidade, a deserdação implica 1 sanção punitiva, que
está, consequentemente, submetida a 1 princípio de tipicidade.
Se o de cuius disser que deserda o seu filho “pq é adepto do Sporting”, dá-se 1 situação de
invalidade da deserdação, ineficácia (JDP), alguns autores como Pamplona Corte-Real
defendem que haveria inexistência da deserdação.
≠
Mecanismo da impugnação da deserdação (2167º): Quando a causa de deserdação alegada
em testamento não se verificou na realidade/ quando o de cuius invoque expressamente 1
causa mencionada no art 2166º/1 que afinal não ocorreu.
2167º: Estabelece que a ação de impugnação da deserdação, com fundamento na inexistência
da causa invocada, caduca ao fim de 2 anos a contar da abertura do testamento.
• O prazo previsto para a ação de impugnação no 2167º é curto no pressuposto de que a
abertura do testamento coincide com a tomada de conhecimento do seu teor pelo
legitimário. Não sendo assim, deve entender-se que, por analogia com o art 2308º, o
prazo se conta a partir da data em que o interessado teve conhecimento do
testamento e da deserdação (neste sentido, Oliveira Ascensão);
• Se a deserdação for efetuada sem invocação expressa de 1 causa do 2166º/1, o
sucessível pode arguir a nulidade da cláusula testamentária nos termos do 2308º
(noutro sentido- Pamplona Corte-Real que considera a deserdação nestes casos como
sendo juridicamente inexistente);
O art 2038º sobre reabilitação, aplica-se, com as devidas adaptações, á deserdação, nos
termos do 2166º/2.
- Porque a deserdação é feita por testamento, a reabilitação do deserdado pode ser feita por
revogação expressa da cláusula testamentária de deserdação (2312º);
- A reabilitação tácita, fundada no art 2038º/2 não confere ao deserdado capacidade para
adquirir no âmbito da sucessão legitimária; ele apenas pode suceder no âmbito da sucessão
testamentária;
Deserdação parcial (Nota: Menezes Leitão- 1 dos raros autores que admite esta figura)
-O princípio da indivisibilidade da vocação (2054º/2), não autoriza 1 deserdação parcial;
1 sucessível não pode aceitar nem repudiar em parte a herança ou legado a que foi chamado
- Aquele que é chamado a suceder por um só título de vocação e numa só qualidade
sucessória, ou aceita ou repudia totalmente a sucessão (indivisibilidade da vocação una)
Vocação única; Ex: De cuius só deixa 2 irmãos que apenas sucedem no âmbito da sucessão
legítima (sucessão supletiva)
Vocação múltipla; Ex: De cuius deixa filho e cônjuge, mesmo não havendo testamento, estes
sucedem tanto no âmbito da sucessão legitimária como no âmbito da sucessão legítima
Ex: 1 dos irmãos que suceder ao de cuius não pode dizer que só aceita 1/4 da herança
- Não é permitida a divisibilidade da vocação (2054º/2)
Herança não pode ser aceite nem repudiada apenas em parte, ou se aceita tudo, ou se repudia
tudo.
▪ No caso de vocação múltipla o princípio da indivisibilidade da vocação aplica-se
somente á sucessão legal comum e á sucessão testamentária. O sucessível chamado
como herdeiro legitimário e como herdeiro legítimo não pode aceitar por 1 título e
repudiar pelo outro; e, em regra, o sucessível chamado como herdeiro legal e como
herdeiro testamentário não pode aceitar por 1 título e repudiar pelo outro;
▪ A lei nada diz sobre a sucessão contratual, pq a aceitação do pacto pelo beneficiário
ocorre antes da vocação/chamamento á sucessão, produzindo-se a aquisição
sucessória no momento da abertura da sucessão, sem possibilidade de repúdio;
Exceções ao princípio da indivisibilidade
a) 2250º/2: “O herdeiro que seja ao mesmo tempo legatário tem a faculdade de aceitar
a herança e repudiar o legado, ou de aceitar o legado e repudiar a herança, mas
também só no caso de a deixa repudiada não estar sujeita a encargos”;
b) 2055º/1, 2ª parte: O sucessível chamado á herança, simultânea ou sucessivamente,
por testamento e por lei, pode aceitá-la ou repudiá-la pelo primeiro título, não
obstante a ter repudiado ou aceitado pelo segundo, se ao tempo ignorava a existência
do testamento;
c) 2055º/2: O sucessível legitimário que tbm é chamado á herança por testamento pode
repudiá-la quanto á quota disponível, deferida testamentariamente, e aceitá-la quanto
á quota legitimária;
d) O sucessível chamado a suceder por 1 título contratual e por outro (testamentário,
legítimo ou legitimário) pode repudiar o último, não obstante estar impedido de
repudiar o primeiro;
e) O sucessível chamado a suceder num legado legal (ex: para beneficiar da transmissão
do dto de arrendamento para habitação, da transmissão da indemnização a que
respeita o art 496º, da atribuição de dts reais de habitação e de preferência sobre a
casa de morada nos termos da LUF) e chamado a suceder á herança (legitimária,
legítima ou testamentária) ou a outros legados, pode optar por adquirir ou não o
legado legal , independentemente do que tiver decidido, nos outros casos, quanto á
aceitação ou repúdio
Nota: Usa-se a expressão “optar por adquirir ou não”, em vez de “aceitar ou repudiar”,
para abarcar todas as situações de legados legais; o legado do dto do arrendatário
habitacional, por ex, nas UF, não carece de aceitação, sendo adquirido
automaticamente, com possibilidade de renúncia
-Ex: O cônjuge do de cuius pode aceitar a herança legitimária e renunciar ao legado da posição
de arrendatário habitacional ou as atribuições preferenciais previstas nos arts 2103º-A e
2103º-C;
f) 2306º: O sucessível que é chamado a suceder a uma parte, diretamente, e a outra
parte, por acrescer, pode aceitar aquela e repudiar esta, quando sobre a parte
acrescida recaiam encargos especiais impostos pelo testador;
Vocação anómala
- Tudo o que for diferente da vocação comum;
- Pergunta de oral: “Quantas vocações indiretas conhece?”
JDP: Apenas 3
-Direito de acrescer (2137º/2) - Direito de representação (2039º-2045º);
- Substituição direta (2285º)
Para haver transmissão do dto de suceder é preciso que o sucessível seja chamado á herança
e morra antes de aceitar ou repudiar a herança
- O dto de suceder a A cabe a 3 pessoas, B, C e D, mas C morre; ocorre 1 transmissão do dto de
suceder em benefício dos seus sucessíveis prioritários, E e N; se estes aceitarem a herança de C
terão o dto de suceder á herança de A; poderão suceder nas 2 heranças, desde que aceitem a
herança de C;
Se o filho do de cuius repudiar a herança tal não prejudica o seu próprio filho, o neto do de
cuius
Imaginemos que o filho do de cuius mata-o: este é condenado por homicídio e declarado
indigno
Isto não prejudica a condição sucessória do neto do de cuius
Notas:
- Substituição direta é válida independentemente do grau ;
- Substituição fideicomissária só é válida no 1º grau;
Este tipo de substituições não podem afetar os herdeiros legitimários; a sua quota indisponível
sobrepõe-se á vontade do de cuius.
Substituição fideicomissária
Não está pensada para atribuir definitivamente a herança ao fiduciário, de titular “temporário”
ou “passageiro”, passa a titular definitivo caso o fideicomissário morra primeiro, ou seja,
declarado indigno
Substituição fideicomissária
- De cuius declara que F, fiduciário, fique com uma determinada quota da herança até que
morra, momento em que essa quota da herança será “devolvida” ao fideicomissário- G
Art 2143º: Desvio á regra do acrescer (sucessão legítima) “Se algum ou alguns dos
ascendentes não puderem ou não quiserem aceitar, no caso previsto do nº1 do artigo
anterior, a sua parte acresce á dos outros ascendentes que concorram á sucessão; se estes
não existirem, acrescerá á do cônjuge sobrevivo”.
2142º/1: “Se não houver descendentes e o autor da sucessão deixar cônjuge e ascendentes,
ao cônjuge pertencerão duas terças partes e aos ascendentes uma terça parte da herança.”
Acrescer
- Funciona sempre dentro do mesmo tipo
• Herdeiro legitimário não tem dto de acrescer sobre legatário; legatário não tem
acrescer sobre o herdeiro ou herdeiro não tem acrescer sobre o legatário;
O acrescer serve para evitar que se abra a sucessão legítima quando haja ainda herdeiros
testamentários
2306º, 2ª parte: “(…) exceto quando sobre ela recaiam encargos especiais impostos pelo
testador (…)”. Quando a parte acrescida tem encargos especiais (pagamento de impostos,
pagamento de 1 renda vitalícia…) já não se aplica a regra geral da não exigência de aceitação
para que o outro sucessível que concorre com aquele que repudiou fique com essa parte
1 /2 da herança para T1
A 1/2 da herança para T2
Renda vitalícia a favor da sobrinha de A (encargo especial que deve ser suportado
pelo T1)
- Se T1 repudiar (note-se que não se sabe quando é que a sobrinha do de cuius
morrerá), o T2 não beneficia do acrescer automaticamente, terá de expressar, de aceitar a
parte acrescida (2306º, 2ª parte)
2306º, 3ª parte: “(…) neste caso, sendo objeto de repúdio, a porção acrescida reverte para a
pessoa ou pessoas a favor de quem os encargos hajam sido constituídos.”
• Exigência do “duplo repúdio” - pelos sucessíveis que concorram na mesma classe-
única justificação para o salto de qualidade para o outro sucessível a favor de quem o
encargo foi constituído (no caso em questão, a sobrinha de A); este duplo repúdio
mostra o quão pouco “atrativo” o encargo é;
2301º/1: “Se dois ou mais herdeiros forem instituídos em partes iguais na totalidade ou numa
quota de bens, seja ou não conjunta a instituição, e algum deles não puder ou não quiser
aceitar a herança, acrescerá á sua parte á dos outros herdeiros instituídos na totalidade ou na
quota”;
2301º/2:” Se forem desiguais as quotas dos herdeiros, a parte do que não pôde ou não quis
aceitar é dividida pelos outros, respeitando-se a proporção entre eles”
Testamento
T1- 0,01 % da herança Não se justificaria a divisão da parte acrescida, o outro
A herdeiro ficaria com a totalidade da parte daquele que
T2- 99, 9 % da herança não pôde ou não quis aceitar
A B- 1/2 da herança D (será, caso B não possa ou não queira aceitar a herança, o
B tem 1 filho (E) titular da porção que caberia a B- Caso de substituição
direta
C – 1/2 da herança
- Caso não houvesse a substituição direta, funcionaria o dto de representação (2039º), pelo
que, se B repudiasse a herança, E, filho de B, sendo seu descendente, poderá suceder, a “lei
chama os descendentes de um herdeiro ou legatário a ocupar a posição daquele que não pôde
ou não quis aceitar a herança ou o legado”.
- Não havendo substituição direta nem dto de representação, funcionaria o dto de acrescer
(2137º/2)
Hierarquia
1) Substituição direta (prevalece sobre o dto de representação)
2) Dto de representação (prevalece sobre o dto de acrescer)
3) Dto de acrescer (não se verificando as vocações que têm precedência, este irá
funcionar)
Escola de Coimbra: (R – P) + D
R= 100 (100 – 600) + 400= - 100 (Herança deficitária)
D= 400 De acordo com a Escola de Coimbra, sempre que o passivo é superior ao ativo,
P= 600 a massa patrimonial representada por R, o relictum, é zero; se houver donatum,
este “vale por inteiro”, de modo que a herança em vez de ser deficitária,
corresponderá por inteiro ao valor do donatum caso este exista, pelo que neste
exemplo o VTH será igual ao valor do donatum = 400
Conta-se só com o valor do Donatum para o cálculo do VTH e posteriormente para o cálculo da
quota indisponível (quando o passivo for superior ao passivo)
300 - 200=100 Estes 100 ficam para o cônjuge; os 200 que sobram da quota disponível
têm que ser divididos pelo cônjuge e pelos filhos
200 ÷ 3= 66, 6(6)
QI = 600 QD= 300
C 200 200 + 100 + 66, 66= 366,66
F1 200 200 + 66,66= 266,66
F2 200 200+ 66,66= 266,66
266,66 + 266,66 + 366,66= 900= VTH
Se o de cuius fizer 1 doação em vida a 1 dos filhos não significa que este o tenha querido
beneficiar em detrimento dos outros, entende-se que é 1 antecipação do fenómeno
sucessório.
Colação (2104º): é 1 instituto que visa a igualação dos descendentes na partilha do de cuius,
mediante a restituição (fictícia ou real) á herança dos bens que foram doados em vida por
este a 1 deles- 2104º/1. Tem por fundamento uma presunção de que o autor da sucessão
quando faz 1 doação a 1 dos filhos (ou a outro descendente que seja 1 sucessível legitimário
prioritário) não pretende avantajá-lo relativamente aos demais.
• Na falta de 1 manifestação de vontade do autor da liberalidade em vida, entende-se
que a doação se limita a preencher antecipadamente a quota que caberá ao donatário
na herança do de cuius: pq recebe + agora, o donatário receberá menos do que os
irmãos na altura em que falecer o progenitor comum;
• Quota hereditária legal= legítima subjetiva (300) + quota na herança legítima fictícia,
a QD;
• Nota: Se não existisse doação ocorria apenas divisão por cabeça (200 para cada um),
havendo doação a 1 dos filhos, o seu valor deverá ser dividido pelos 3 (100 para cada
um, já que a doação foi no valor de 300- imaginemos que a doação foi feita a 1 dis
filhos e não ao cônjuge;
• JDP: Cônjuge é beneficiário indireto da colação; este nunca pode ter menos que 1 filho
no que respeita á sua porção da herança;
F1 (recebe 1 doação em vida do de cuius no valor de 400)
A (de cuius)
F2
Sendo a QD de 300 e tendo a doação excedido a mesma, dado ser de 400, a diferença entre
ambas (100), será imputada na quota hereditária restante do donatário (legítima subjetiva –
300 + quota na sucessão legítima- 300÷2= 150, pelo que a quota hereditária será de 300 + 150,
isto é, 450; a estes 450 iremos subtrair ou imputar a diferença dos 100, uma vez que a
liberalidade feita a F1 excede a sua quota indisponível/legítima subjetiva, de modo que na
coluna da QD, F1 ficará com 50 (450 – 100 = 350; desses 350, 300 consistem na quota
indisponível pelo que em vez de F1 ficar com 150 na QD ficará com 50, ou seja, no total, caber-
lhe-ão os 300 da QI + os 50 da QD= 350)
Quanto ao restante da QD, 150 irão para F2 e os 100 que sobram irão para F1.
QI = 600 QD= 300
F1 (600÷2) = 300 50 + 100= 150
F2 (600÷2) = 300 150
Obrigados á colação
- Descendentes (2105º- “Só estão sujeitos á colação os descendentes que eram á data da
doação presuntivos herdeiros legitimários do doador”.)
Oliveira Ascensão
Quando o de cuius nada dissesse, a imputação da doação seria feita na QI antes de se fazer
redução das liberalidades
≠
2114º/1
Se o cônjuge não está obrigado á colação, a imputação da doação faz-se na QD (Tese da Escola
de Coimbra)
JDP: Não se resolve nada; só se resolve a situação em que o de cuius faz 1 doação ao cônjuge
“Não havendo lugar á colação” - Aqui não há colação pq há dispensa nos termos do 2113º
A imputação na QD da doação feita a cônjuge coloca-o numa situação + favorável, +
vantajosa face aos demais herdeiros legitimários
JDP: Doação em vida é 1 antecipação da herança/sucessão/quota, pelo que não se deve
beneficiar excessivamente o herdeiro legitimário, ainda para mais quando essa doação é usada
para o cálculo da herança
Com a abertura da sucessão pode suceder que com a valorização ou desvalorização dos bens
faça com que a partilha deixe de ser igualitária e passe a ser desigual
Cálculo da legítima: Tem em conta o valor dos bens á data da sucessão, independentemente
de os bens terem sido doados há muito tempo
Maioria da doutrina
Ex: 1 pai faz a partilha com conhecimento de todos os filhos menos 1
- Preterição intencional de legitimários;
- Vício: Nulidade geral
O que é que acontece se o de cuius faz partilha em vida julgando que 1 dos legitimários já
tinha morrido, mas afinal ainda se encontrava vivo?
▪ Invalidade (2029º/2): Legitimário que não foi incluído pode exigir que lhe seja
composta em dinheiro a parte correspondente á sua legítima subjetiva;
▪ Nota: O 2029º/2 tbm á aplicável a legitimários que surjam por nascimento;
3 possibilidades
- Art 2165º: Legado em substituição da legítima
▪ Instrumento de flexibilização da sucessão que opera á custa da vontade do legitimário
QI= 30 QD= 15
B 10
C 15 + 5 = 20
Pré-legado
- Vale por inteiro, é instituído em testamento, soma-se á quota;
- É o que se aplica quando o de cuius nada disser, visa salvaguardar a posição de pessoas que
normalmente não seriam beneficiadas por lei, mas que o podem ser por via de testamento;
Há quem defenda que quem aceita o legado em substituição da legítima perde todos os seus
dts no âmbito da sucessão legítima, só tendo dto a receber o que lhe couber por testamento
Nota: Aceitação da herança não pode ser anulada por erro simples, só pode ser anulada em
casos de dolo ou de coação (Lei nunca permitiu anulação da aceitação ou do repúdio da
herança por erro simples- 2060º + 2065º)
QI = 40 QD= 20
B 20 10
C 20 10
Divergência
- Alguns defendem que é 1 “pré-legado”
≠
JDP: Visa evitar que essa pessoa seja excessivamente beneficiada
Analogicamente deve-se aplicar a colação para evitar que haja 1 “avantajamento” de 1 dado
legitimário
Aplicação analógica da colação visa alcançar a igualação já que 1 dos legitimários ficou com +
do que lhe cabia por força da sua QI
-Sempre que se excede a quota hereditária entende-se que o excesso vale como pré-legado;
- Igualação raramente é absoluta;
- Se o legado em substituição da legítima for inferior á legítima subjetiva/porção da QI que
caberia ao legitimário, este perdia o dto á diferença
QI = 40 QD= 20
B 20
C 20
JDP: Quem perde o dto á legítima perde o dto a tudo o resto, logo, está tbm excluído da
sucessão legítima na lógica da “indivisibilidade da vocação”; legitimário perde tbm o dto de
acrescer.
Se perde o dto á + intangível das vocações, sendo herdeiro legitimário, tbm deverá perder o
dto áquilo que é supletivo (dto de suceder quanto á sucessão legítima) - Lógica da hierarquia)
- Ao aceitar o legado em substituição da legítima, o legitimário opta pelo título testamentário
pelo que perde o dto a suceder pela sucessão legitimária e pela sucessão legítima)
≠
PCR: “Solução muito violenta”. A perda do dto á legítima por força da aceitação do legado em
substituição da legítima não implicaria perda do dto de suceder quanto á sucessão legítima ou
quanto á QD
- Quando o legitimário é chamado a suceder nas situações de legado em substituição da
legítima, este pode optar por qualquer 1 dos títulos, legitimário (legítima “pura”) ou
testamentário (o qual irá preencher a porção da legítima);
- Títulos não estão em “alternatividade”;
Ex: O legitimário opta pelo legado em substituição da legítima
Se for declarado indigno, mas tiver 1 filho este pode exercer o dto de representação nos
termos do 2039º e ss, quer pelo título legitimário, quer pelo título testamentário
≠
JDP: Apenas há dto de representação quanto á sucessão legal pura- não há “dto de
preferência” entre o título legitimário e o título testamentário (2037º/2)
Nota: Só se deve imputar liberalidades depois de verificar que vocações indiretas é que podem
funcionar
2103º- A: Atribuição preferencial
Há imputação da liberalidade numa quota específica (imputação é feita na meação dos bens
comuns e na quota sucessória)
Não pode designar quais os bens que devem preencher a sua legítima
Legatário entrega os bens que lhe caberiam por legado aos legitimários e estes entregam-lhe a
quota disponível
Pendencia da sucessão
O fenómeno sucessório em sentido estrito só termina com a aceitação.
No nosso sistema por regra a aquisição só ocorre com a aquisição. Uma pessoa pode
ser chamada, mas nada adquire enquanto não aceita, o tempo de aceitação pode até
caducar e a sucessão passa para outro.
As situações patrimoniais que sobrevivem ao de cujus não tem sucessão, momento da
herança jacente, art.2046º.
Não é desejável prolongar um estado de indefinição de
situações jurídicas, a herança jacente pode trazer problemas, especialmente com a
alteração realizada ao 2046º que foi acrescentada (inseminação post mortem). Ex:
uma varanda cai em cima de um carro, mas a casa onde está a varanda corresponde
aos sucessíveis, o sucessível pode ir reparar a varanda, mas ao fazê-lo não significa que
está a aceitar a herança, 2056º/3.
Pode-se pedir ao tribunal que nomeia um curador da herança jacente, mas tal é um
meio indesejável, a herança pode ficar assim durante 10 anos pois só caduca, o prazo
de aceitação, passado esse prazo e só aí é que se chama a suceder outro herdeiro.
No pacto sucessório designativo não há aceitação após a morte pois tal já ocorreu no
pacto.
Art. 2067º é muito paradoxal pois o art.2066º diz que o repudio é irrevogável, tal como
a aceitação, mas este art.2066º diz que certas pessoas podem aceitar o que o outro
repudiou, estamos perante uma ficção, as pessoas não estão a aceitar o que repudiou,
o repudio é desconsiderado para satisfação dos credores;
ex: M tem filho F, e M deve 100 mil euros e A deixa 90 mil euros, A é pai de M, se M repudiar
para não ter de pagar ao credor e ficar para o seu filho, tal não acontece pois F vai ter de pagar
as dividas, mas os credores têm de pedir a sub-rogação. Mas se a herança fosse 110 mil e as
dividas são de 90 mil, pode-se sub-rogar, mas apenas ficam com 100 mil para pagar as
dividas mas o filho fica com os 10 mil, M tecnicamente nunca adquire nada, o património vai
satisfazer as dividas dos credores.
Testamenteiro – designado pelo testamento para exercer várias situações, pode vir a
ser cabeça de casal
Art.2080º, é apenas imperativo para o testador, mas depois do de cuius morrer pode-
se decidir quem é o cabeça de casal, até pode ser uma terceira pessoa, mas não
admite que o de cuius decida quem é o cabeça de casal.
O cabeça de casal tem acesso privilegiado, daí a que se perceba até certo ponto a
sonegação de bens, mas não é o único que pode realizar esta sonegação.
Sonegação de bens, art.2096º: Ocultação dolosa de bens realizada por herdeiros, para
que os demais não se apercebam que aqueles bens existem na partilha; tem dimensão
criminal e dimensão civil, a sanção civil é a de que quando descoberto o que ocultou já
não tem direito a suceder naquilo
O cargo de cabeça de casal é gratuito, nos termos do artigo 2094º.
Herdeiro transmite a sua posição enquanto, por ex, herdeiro legitimário, pelo que o
adquirente terá dto á quota correspondente, poderá requerer a redução das liberalidades por
inoficiosidade…
JDP: Não se compreende que alguém que já não possui a sua posição de herdeiro seja
beneficiado pelo dto de acrescer
-Não obstante, pode estabelecer-se por via do contrato de alienação que a parte resultante do
dto de acrescer tbm irá beneficiar o adquirente da quota e não o alienante como se pressupõe
supletivamente ou quando nada se diz a esse respeito
Partilha
- Geralmente contempla a posição dos herdeiros, dos credores, dos donatários e dos
legatários;
- No quadro do inventário, pode-se solicitar a redução de inoficiosidades, dá-se a
intervenção/queixa dos credores do de cuius…
- Atos tácitos
▪ Herdeiro legitimário não aceita, mas pretende exercer o dto á redução de
inoficiosidades- entende-se que está a aceitar tacitamente a herança;
- Divide-se entre liquidação e partilha da herança
A lei reparte a herança em liquidação da
Tem em vista o lado do passivo/encargos herança (2097º) e partilha da herança
Os legados tbm são tidos como encargos
para efeitos de liquidação
Liquidação da herança
- Pagamento/Satisfação dos encargos
• O próprio de cuius é fonte de despesas;
• cuius- 2070º/2 + 2068º
Em último lugar estão os legados; não se admitiria que as dívidas do de cuius fossem satisfeitas
depois dos legados (aqueles que sucedem a título gratuito por testamento)
Encargos gerais
Imperatividade do 2070º/2
- Pode haver vários encargos pelo que há 1 ordem de satisfação consoante a sua categoria;
- Ex: Encargos como a pensão de alimentos do cônjuge (não surge no 2070º/2)
“Efetuada a partilha, cada herdeiro só responde pelos encargos em proporção da quota que lhe
tenha cabido na herança”
• O que o de cuius estipular em testamento não vincula as pessoas que vão exigir os
encargos, tem eficácia meramente interna, vincula os herdeiros;
Partilha da herança
• Modo de pôr fim a 1 situação de indivisão, de evitar situações de compropriedade
Partilha
- Deve envolver porções de património, passa a haver dts particulares em vez de 1 dto comum;
- Ideal: Repartir o património em porções iguais
• Não tende a existir paridade na divisão hereditária;
• Antigamente tentava-se compor lotes com bens a sortear mais ou menos do mesmo
valor;
• Partilha paulatina: Herdeiros, conjuntamente, vendem os bens á medida que surgirem
compradores e depois efetuam a divisão do total entre si
Quando todos estão de acordo a partilha pode ser feita de qualquer modo, até pode ser verbal
em casos de recheio; para imóveis é necessária maior formalidade/solenidade; tem-se de
respeitar as regras da alienação
≠
Quando não há acordo, surgem problemas na partilha
Constitui 1 dto, herdeiros não têm de ficar numa situação de indivisão, de contitularidade
- Art 2101º: Cada 1 pode pedir a partilha quando quiser;
• Não se pode renunciar, mas podem dizer que não partilham durante 5 anos e não mais
que esse período; no entanto o mesmo pode ser renovado;
• Nos casos em que 1 criança ainda por nascer tenha sido designada como herdeiro, não
se pode realizar a partilha até que a criança nasça; a herança fica “criopreservada”;
• Partilha pode ser feita no cartório, no registo civil…
Quando não há acordo recorre-se ao inventário
- MP pode intervir para que se recorra ao inventário quando há 1 criança designada como
herdeiro;
Método de partilha por excelência quando não há acordo
1)Inventário divisório
2)Inventário destinado a fazer cessar a comunhão hereditária
Inventário (Crítica)
- A matriz processual é liberal; o inventário foi criado durante o liberalismo para destruir
famílias nobres com vários latifúndios para permitir a licitação por parte de terceiros/pessoas
com menor capacidade económica;
- 2009 (Simplificação)
• Pessoas não estão de acordo, 1 delas requer inventário, juiz fomenta/procura 1
acordo; a seguir ocorre a licitação apenas se não concordarem;
2013: Não se conseguiu flexibilizar a partilha; instituiu-se 1 regime dualista, pessoas podem
recorrer aos cartórios notariais ou aos juízes, mas verifica-se 1 predominância do
requerimento judicial
- Basta que 1 pessoa queira para se recorrer ao inventário
Não está contemplada a possibilidade de esta ser ouvida ao contrário do que acontece com a
regulação de responsabilidades parentais
Partilha
Qual o valor da herança partilhável? (Não se incluem os legados na herança partilhável exceto
se estes forem inoficiosos)
- Há que abater os encargos gerais da herança (despesas com o funeral, dívidas do de cuius…)
para se chegar á herança partilhável;
- Frequentemente o de cuius era casado em regime de comunhão (geral ou de adquiridos) pelo
que há 1 “duplicação do fenómeno particional”