Você está na página 1de 42

Direito das Sucessões Prof Jorge Duarte Pinheiro Turma B

Aula Teórica n º1 23/02/2022

Função do Dto das Sucessões

• Aferir quais os detentores de X bem por força da morte do autor da sucessão/de cuius
; por bens entende-se tanto os ativos como os passivos;
• Dto das Sucessões- tem por ex paradigmático 1 dto potestativo, o de aceitar ou
rejeitar a herança (Fenómeno único no âmbito do Dto Privado);

Classes de sucessores (2133º/1) A ordem por que são chamados os herdeiros, sem prejuízo do
disposto no título da adoção, é a seguinte:

a) Cônjuge e descendentes;
b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
d) Outros colaterais até ao 4º grau;
e) Estado

Nota: Podem-se instituir fundações como sucessores- por ex, a fundação Calouste Gulbenkian
(mecanismo sucessório)

Sucessão: Aquisição por morte de 1 liberalidade

“Testamento digital”: Fotos/ conteúdos na internet respeitantes ao de cuius- não tende a ser
particularmente relevante no Dto das Sucessões

“Testamento vital”- Em caso de eutanásia/desligar as máquinas/morte assistida- Não tem a ver


com o Dto das Sucessões

Muitas vezes o de cuius pode criar dts novos; “deixo o usufruto do imóvel Z a X e a sua
propriedade a Y- não se verificou somente a transmissão do bem

Sucessão contratual ou pacticía : Contrato enquanto fig controversa no Dto das Sucessões pelo
que o testamento é 1 negócio unilateral por excelência

Sucessão legitimária: Imperativa (protege a família)

Sucessão legítima: Supletiva

Aula Teórica nº 2 25/02/2022

• Art 2026º: Sucessão é deferida por lei, testamento ou contrato;


• Sucessão legal (legitimária ou legítima)

Herdeiro legitimário Herdeiro legítimo

• “Herdar” abrange tanto os ativos como os passivos (dívidas)- Frequentemente herda-


se 1 passivo superior ao ativo;
• Pacto sucessório em âmbito de convenção antenupcial (única possibilidade de
sucessão contratual);
• Factos designativos (relações familiares e cidadania):
o Afins não estão indicados para suceder como herdeiros embora possam
herdar como legatários em det circunstâncias;
• Princípio da prioridade (quem tem preferência em função da classe de sucessível e do
grau de parentesco- 2133º/1);
• Ninguém é obrigado a suceder, pode sempre repudiar, podendo haver factos que
impedem o herdeiro de receber a herança (2034º- Ex: homicídio do de cuius);
• 2133º: O cônjuge e os filhos para além de serem herdeiros legítimos são tbm
herdeiros legitimários

Cônjuges e parentes em linha reta (nunca os tios nem os sobrinhos)

- Contraposição entre herdeiro e legatário (2030º)

Sucede na totalidade a 1 quota do património (fração abstrata do património)


- Não havendo disposição do de cuius os herdeiros irão dividir a herança;
- Herdeiro adquire ativos e encontra-se vinculado ao passivo

Legatário: Recebe algo determinado, apenas 1 dado bem ou determinados bens

Exs: “Deixo todos os meus bens a A”- A é herdeiro; “Deixo a B metade da minha herança”- B é
herdeiro; “Deixo o meu automóvel a C”- C é 1 legatário; “Deixo a D os bens que tenho em
Lisboa” (Se forem devidamente individualizados trata-se de 1 legatário dada a lógica de
especificação que opera)

2030º/4: Classificação de herdeiro ou legatário varia em função do objeto/bem que se deixa


em testamento

Hipóteses de herança de coisa determinada (Hipóteses de fronteira; conceito controverso na


doutrina)
1) Legado por conta da legítima
2) Legado por conta da quota
o Manifesta-se através das deixas categoriais dicotómicas que esgotam a
totalidade da herança;
o Ex: “Deixo o meu imóvel em Lisboa ao meu filho por conta da quota que este
possui na herança;
o Antecipação dos bens que vão integrar a quota;
▪ Se a quota for superior ao valor do bem o filho tem dto á diferença
entre ambos;
▪ Se o valor do bem exceder a quota o filho ou o sucessível tem dto ao
bem e ao extra de valor;

Responsabilidade por dívidas


- Herdeiro responde externamente pelas dívidas do de cuius;
- Legatário não responde externamente pelas dívidas do de cuius;
Nota: Posição de herdeiro é + preponderante no nosso ordenamento

Deixas categoriais dicotómicas que esgotam a totalidade da herança:


“Deixo bens imóveis a A e bens imóveis a B (Divide-se a totalidade da herança em 2 quotas;
neste caso não há remanescente- seriam á partida os bens móveis);
- Prof Pamplona Corte-Real: Trata-se de 1 enriquecimento da quota;
- Deixas têm de ser dicotómicas (respeitarem, respetivamente, tanto a bens imóveis como a
bens móveis), tendo tbm de esgotar a totalidade da herança (não podem existir outros bens
que não os referidos nas deixas em questão)

➢ Responsabilidade externa pelo passivo recai sobre o herdeiro, apenas recai sobre o
legatário caso não haja herdeiros, tendo os legatários de pagar aos credores na
medida daquilo que tenham adquirido com a sucessão;
➢ Qualidade de herdeiro ou legatário depende daquilo que estes adquiram e da forma
como são designados;
➢ Herdeiro enquanto sucessor pessoal? Terá este 1 ligação especial com o de cuius?
(Posição de Oliveira Ascensão)
- Regente discorda, não considera que o herdeiro se trate de 1 “sucessor pessoal”
Nota: Ser herdeiro ou legatário não se funda no facto de receber muito ou pouco; para
os professores JDP, Menezes Leitão e Margarida da Silva Pereira por ex, estes são
ambos adquirentes patrimoniais, independentemente do nº de bens que herdem ou
do seu valor ou quota-parte da herança.

Modalidades de sucessão em razão da fonte ou facto designativo: sucessão legítima,


legitimária, contratual
o Património do de cuius pode não ser suficiente para “satisfazer” todos os herdeiros,
que o podem ser em várias modalidades de sucessão;

1) Sucessão legitimária
o É a de maior intensidade visto ser imperativa, nem o próprio de cuius pode interferir
ou contrariá-la, oferece maior proteção, é + garantística;

2) Sucessão contratual
o Contrato vale mais que 1 NJ unilateral (veja-se, o testamento, NJ unilateral, por
excelência );

3) Sucessão legítima
o Supletiva;
o Tem 1 título específico (2131º);
o Vale para a ausência de disposições testamentárias do de cuius mas tbm vale para
situações de caducidade ou invalidades;
o Diz respeito aos cônjuges (que não podem estar separados de facto), parentes em
linha reta e colateral e, por último, o Estado (classes de sucessíveis- 2133º); o 2133º
consagra a regra da preferência de grau de parentesco- ex: tendo o de cuius filhos e
netos, têm preferência os filhos;
o Adoção- ressalvada no 2133º/1- é equiparada ao vínculo de parentesco. Nota: Na
filiação por PMA tbm há 1 equiparação legal ao vínculo de parentesco;

2157º: Remete as regras da sucessão legítima para a sucessão legitimária

Aula Teórica nº 3 02/03/2022


Sucessão legítima comum
• + Aplicável em Portugal;
• Imperativa;
• Modalidade + frágil no quadro da sucessão;
• Tem regras que vão ser aplicadas com algumas modificações á sucessão legitimária;
• Regras da divisão por cabeça;
o Se o de cuius tem filhos estes concorrem ao mesmo nível que o cônjuge
sobrevivo;
o Classes dos cônjuges e ascendentes só concorrem quando o de cuius não
deixou descendentes;
o 2136º: Sucessão por cabeça
- Aplica-se apenas aos parentes e o cônjuge não é propriamente 1 parente do de cuius, a
relação é conjugal e não de parentesco
Nota: Discriminação entre filhos nascidos dentro e fora do casamento foi considerada
inconstitucional, tratava-se de 1 resquício da Constituição de '33
- No nosso ordenamento nunca se fez distinção em termos de herança quanto ao sexo do
herdeiro
o Cônjuge concorre a nível sucessório com os filhos e pais do de cuius?

Aplica-se o princípio da divisão por cabeça (2139º/1)


- Divide-se a herança consoante o nº de herdeiros;
- Exceção á regra da divisão por cabeça Quando o cônjuge concorre com os filhos (cônjuge
é, em regra, o herdeiro/sucessível + favorecido)

Contexto de '77: Procurou-se beneficiar ao máximo o cônjuge sobrevivo (frequentemente


tratava-se de 1 mulher que muitas vezes não trabalhava, visava assegurar 1 fonte de
rendimento

- Quando o cônjuge concorre com os ascendentes este concorre com 1 vantagem superior,
cabe-lhe 1 porção maior da herança (cônjuge fica com 2/3 ao passo que os ascendentes ou
pais do de cuius ficam com 1/3 cada um da herança);
- As outras classes- 2133º/c)- irmãos do de cuius e seus descendentes
o Descendentes dos irmãos do de cuius são sucessíveis através do dto de representação
(2138º), o qual tbm se aplica aos descendentes dos descendentes);
- Cônjuge e 2 filhos (Divisão por cabeça);
- Cônjuge e 2 filhos, 1 deles tem por sua vez 2 filhos sendo que 1 desses filhos morre antes do
de cuius (não vai haver divisão por cabeça, não vai caber a cada 1/4 da herança, mas antes os
filhos do filho do de cuius, os seus netos, vão dividir 1/3 da herança entre si)

2146º: Irmãos germanos- Ambos os progenitores em comum


Irmãos unilaterais- Apenas 1 progenitor em comum

Exceção á regra da divisão por cabeça, o irmão bilateral recebe o dobro do irmão unilateral, o
meio-irmão ou irmão unilateral recebe metade da herança correspondente ao progenitor em
comum que faleceu ou que possa ter falecido, o irmão bilateral recebe “2 doses, 1 por cada
progenitor” (Entorse á regra da divisão por cabeça)
Quando não há cônjuge, ascendentes, descendentes ou outros parentes na linha colateral, o
Estado surge então como sucessível.

Nota: Regente considera que quando se está a exercer dto de representação em nome de
irmãos do de cuius , não há limite quanto ao grau de parentesco para que este possa ser
exercido

Críticas ao 2133º
✓ Unido de facto/companheiro não surge enquanto sucessível, predomina o formalismo
no Dto das Sucessões não obstante o unido de facto poder vir a adquirir dts bastante +
“valiosos” como o dto á casa de morada de família;
✓ Mesmo que haja separação de facto durante muitos anos, o “cônjuge” sobrevivo pode
surgir como sucessível (Incongruência a nível material; a comunhão de vida anterior há
muito que deixara de existir, a relação conjugal não subsistia, como justificar que o
separado de facto surja numa posição privilegiada no âmbito da sucessão se a relação
deste com o de cuius existia meramente a nível formal?)

Sucessão legítima “anómala” (Designação do Regente, não é pacífica na doutrina)


▪ Consagra várias hipóteses;
▪ Supletiva;
▪ Traduz-se num legado (não tem nada a ver com o dto á casa de morada de família nas
UF);
▪ Exs de legados legítimos- dts relacionados com as economias em vida comum;
▪ Atribuições preferenciais (dto á habitação e ao recheio da casa de morada de família)
➢ 2103º-A + 2103º-B: Note-se que o cônjuge já possui dts muito abrangentes,
este goza de 1 regime + garantístico

Sucessão testamentária (2179º e ss)


• Não é a modalidade de sucessão + intensa;
• Testamento (2179º/1)
▪ “Ato unilateral e revogável pelo qual 1 pessoa dispõe, para depois da morte,
de todos os seus bens ou de parte deles”;
• 2179º/2: Contradiz o 2179º/1, introduz exceções
▪ “As disposições de caráter não patrimonial que a lei permite inserir no
testamento são válidas se fizerem parte de 1 ato revestido e forma
testamentária, ainda que nele não figurem disposições de caráter
patrimonial”;
• Regente; noção de testamento do Prof Oliveira Ascensão
- NJ unilateral pelo qual alguém faz disposições mortis causa de caráter patrimonial;
- É livremente revogável, NJ unilateral, solene e extremamente formal, requere
sempre intervenção do notário, não existe a fig de 1 testamento oral e não basta este
estar escrito, é sempre necessária a intervenção do notário;
- Testamento é normalmente singular e pessoal quanto á sua autoria; não se pode
designar 1 procurador para proceder á feitura/elaboração de 1 testamento

Aula Teórica nº 4 04/03/2022


Sucessão testamentária
• Testamento (contém maioritariamente disposições de caráter patrimonial;
• Cariz formal + Livre revogabilidade)
• Não pode ser feito, em regra, por 1 pessoa em nome de outra; não é possível a
representação em âmbito de negócio testamentário;
• Pessoas coletivas não gozam de capacidade de gozo a nível testamentário/ em matéria
de testamento no sentido em que não dispõem de capacidade para elaborar 1
testamento, algo que se justifica dada a natureza extremamente pessoal e singular do
testamento (não ocorre a “morte” de 1 dada pessoa coletiva)

Substituição pupilar (2297º- 2300º)


2297º/1: “O progenitor que não estiver inibido total ou parcialmente do poder paternal tem a
faculdade de substituir aos filhos os herdeiros ou legatários que bem lhe aprouver, para o caso
de os mesmos filhos falecerem antes de perfazer os 18 anos de idade: é o que se chama
substituição pupilar.”
2297º/2: A substituição fica sem efeito logo que o substituído perfaça os 18 anos, ou se falecer
deixando descendentes ou ascendentes.
NJ unilateral com regras próprias embora se possa recorrer á Parte Geral do CC com as
devidas modificações, as quais se prendem com as características do testamento,
principalmente com o seu caráter não-recetício

A sua eficácia não depende do conhecimento dos herdeiros e demais sucessíveis

Requisitos de fundo do testamento


• A nível da legitimidade (testamento só pode ser elaborado pelo próprio, não se admite
representação para a sua elaboração);
• Testamento requer sempre a intervenção do notário;
• Art 2186º- Restrição assente na exigência do respeito pela lei e ordem pública;
- É nula a disposição testamentária que, aquando da interpretação do testamento
resulte que foi essencialmente determinada por 1 fim contrário á lei ou á ordem
pública, ou ofensivo dos bons costumes;
• Cláusulas acessórias (2230º a 2245º)
▪ 2230º (Condições impossíveis, contrárias á lei ou á ordem pública, ou
ofensivas dos bons costumes);
- É válida a atribuição/liberalidade, mas tem-se por não-escrita a parte da disposição que seja
impossível, contrária á lei ou á ordem pública ou ofensiva dos bons costumes, ainda que o
testador haja declarado o contrário salvo o disposto no art 2186º
Ex: É nula a disposição pela qual o de cuius deixe a Lua em testamento (impossibilidade legal
da atribuição)

Situação de ilegitimidade dos sucessíveis


✓ O de cuius, apesar de ter capacidade, não pode testar a favor de determinadas
pessoas;
✓ 2192º a 2198º: Casos de indisponibilidade relativa
▪ 2192º/1: É nula a disposição feita por maior acompanhado a favor de
acompanhante ou administrador legal de bens do disponente;
▪ 2192º/2: É, porém, válida a disposição a favor das mesmas pessoas, quando se
trate de descendentes, ascendentes, colaterais até ao 3º grau, cônjuge do
testador ou pessoa com quem este viva em união de facto; (relação de
proximidade permite, á partida, excluir algum “aproveitamento reprovável por
parte do acompanhante”);
▪ As disposições dos arts 2192º a 2195º visam salvaguardar a liberdade do
testador, prevenindo a ocorrência de situações em que este, se estivesse de
plena posse das suas capacidades, não teria possivelmente desejado testar a
favor de determinado individuo, (dificilmente se considera que a pessoa em
questão quereria testar a favor do seu acompanhante, médico, enfermeiro…);
▪ 1650º: Sanções patrimoniais relativas a casamentos contraídos com
impedimentos impedientes (1604º); ex- tio que casar com sobrinha não pode
receber bens por via de testamento da parte da sobrinha- trata-se de 1 caso
de indisponibilidade relativa inominada visto não constar do enunciado dos
artigos 2192º a 2198º;
▪ 2196º/1: Cúmplice do testador adúltero
- É nula/inválida a disposição a favor da pessoa com quem o testador casado
cometeu adultério;
- 2196º/2, a) estipula exceção ao 2196º/1; o disposto no nº1 não se aplica se o
casamento já estava dissolvido ou se os cônjuges estavam separados
judicialmente de pessoas e bens ou separados de facto há + de 6 anos á data
da abertura da sucessão

JDP: Exceção do 2196º/2 aplicar-se-á tbm a outros casos, bastando a separação de facto
ocorrida há 1 ano
Profª Margarida Silva Pereira: Considera que a norma do 2196º/2, a) não tem qualquer
sentido
Prof Menezes Leitão: Considera que devem valer os 6 anos como regra para aplicar a exceção
do 2196º/2, a) e não apenas 1 ano de separação de facto (ao fim do qual já se poderá requerer
o divórcio – 1781º. a) + 1782º)

▪ 2199º: Previsto para os casos em que o testador apresenta 1 idade avançada; não se
requere que a incapacidade do testador seja notória para que o testamento seja
anulável (“É anulável o testamento feito por quem se encontrava incapacitado de
entender o sentido da sua declaração ou não tinha o livre exercício da sua vontade por
qualquer causa, ainda que transitória”);

Divergências entre a vontade e a declaração (2199º- 2203º)


- Disposição que resulte de simulação não é nula, mas sim anulável; (2200º)
- Erro na declaração (2203º);
- Não se prescinde de 1 articulação com o regime geral dos arts 240º-257º)

Aula Teórica nº5 09/03/2022

Falta e vícios da vontade (2199º-2203º)


2201º: É anulável a deixa testamentária determinada por erro, dolo ou coação.
2202º: O erro, de facto ou de direito, que recaia sobre o motivo da disposição testamentária
só é causa de anulação quando resultar do próprio testamento que o testador não teria feito
a disposição se conhecesse a falsidade do motivo.
Requisitos do erro
- Essencialidade do erro;
- Essencialidade resultante do próprio testamento; tem de existir o mínimo de
correspondência com o texto;

Nota: Não existe 1 declaratário, o testamento é 1 NJ unilateral de caráter não receticío, isto é,
a sua eficácia não depende do conhecimento de outras pessoas. Neste sentido:1

A natureza do negócio testamentário afasta a aplicação dos requisitos gerais do erro-vício que
pressupõem a existência de 1 declaratário.
Não é condição de anulação do testamento: o conhecimento ou a cognoscibilidade da
essencialidade do erro pelo beneficiário da liberalidade; o reconhecimento da essencialidade
por acordo entre o beneficiário e o testador; o conhecimento ou a cognoscibilidade, pelo
beneficiário, do dolo proveniente de terceiro que tenha determinado a disposição
testamentária.
Dado o cariz não receticio do testamento, há que adaptar igualmente o regime do erro sobre a
base do negócio, (252º/2): será anulável a DT viciada por erro sobre as circunstâncias que
fundaram a decisão de testar.
Por força do 2201º, é plenamente aplicável ao testamento o art 255º que se refere á coação
moral. Por conseguinte, é anulável a DT determinada pelo receio de 1 mal de que o testador
foi ilicitamente ameaçado com o fim de extorquir a DT. Tanto faz que a coação provenha do
sucessível designado ou de terceiro (256º). Não se impondo 1 tutela do declaratário, os
requisitos de anulação do testamento são idênticos: nunca é necessário que seja grave o mal e
justificado o receio da sua consumação.

NJ testamentário
- Formalismo extremo
• Forma escrita que deve depois ter 1 intervenção direta ou subsequente de 1 notário;
• Não é admissível o testamento meramente oral; a forma escrita constitui 1 requisito
mínimo de validade do testamento;
• Tipos de testamento; 2204º: Testamento público e testamento cerrado. Portugal tem
vindo a consagrar uma terceira forma comum, o testamento internacional, cuja
regulação consta de diploma avulso;

Não se confunde com 1 testamento feito por português em país


estrangeiro (2223º) - Problema de Dto Priv- Regulamento da EU

Formas comuns
Testamento público
- Aquele que o próprio notário escreve de acordo com a vontade do testador;
-Não se confunde com a escritura pública;
- Testamento pode ser consultado mediante procuração especial passada pelo testador;

Testamento cerrado
- Escrito pelo próprio testador;

1
JDP “O Direito das Sucessões Contemporâneo”, 3ª edição 2019, pág 98
- Deve ser levado a 1 notário para que este o aprecie formalmente; este não o vai sindicar
materialmente, a nível da sua substância/conteúdo;
- Se o testamento escrito ou assinado pelo testador não for aprovado ou certificado por 1
notário ou por 1 entidade com autoridade equivalente verifica-se a nulidade do testamento
(2206º/4 e 5);
- Tem de ser escrito pelo testador (2206º/1), quer em suporte digital quer em papel, em língua
portuguesa (“mínimo dos mínimos” a nível formal);
Nota: Testamento internacional pode ser feito por escrito/á mão ou por computador, podendo
ser feito em qualquer língua

Outras autoridades competentes – Geralmente o consulado do país de origem (compete-lhe


certificar o testamento internacional) - Se não houver certificação o testamento será inválido

Nota: Testamento não pode ser gravado/filmado, tal não é válido no nosso ordenamento

Formas especiais (2210º-2223º)


Ex: 2220º/1 Testamento feito em caso de calamidade pública
- Exige-se sempre 1 entidade com determinada autoridade/competência;
- Testamentos que assumem formas especiais foram pensados para situações de
exceção/catástrofe, têm 1 determinado prazo de eficácia

Se a pessoa sobrevive e não transpõe as suas disposições para a forma comum, passados uns
meses, o testamento caduca (2222º)
- A lei prevê 1 mínimo formal para o testamento

Nota: 38º/2 Código do Notariado


- A propósito da confidencialidade, como se faz o testamento cerrado, como se abre; (Tutela
extrema da confidencialidade)
- A forma tbm serve para salvaguardar a liberdade de testar;
- É essencial a identificação do beneficiário da liberalidade e do objeto ou objetos, ou outros
bens que vão ser deixados em testamento;

As disposições testamentárias têm de se encontrar referidas no doc formal

2184º: Testamento “per relationem”


- É nula a disposição que dependa de instruções ou recomendações feitas a outrem
secretamente ou se reporte a docs não autênticos, ou não escritos e assinados pelo testador
com data anterior á data do testamento ou contemporâneo desta

Quaisquer DT deverão constar do testamento cerrado, o qual por sua vez deverá ser
certificado pelo notário

2187º/1: Na interpretação das DT observar-se-á o que parecer mais ajustado com a vontade
do testador (Deve imperar o respeito pela vontade do testador)
2187º/2: É admitida prova complementar, mas não surtirá qualquer efeito a vontade do
testador que não tenha no contexto um mínimo de correspondência, ainda que
imperfeitamente expressa.
Os requisitos de ordem formal apresentam maior peso na validade do testamento
• Não é admissível a integração de lacunas nos testamentos caso não exista base literal
no texto, no contexto das DT essenciais (instituição de herdeiro, nomeação de
legatário, atribuição de 1 bem específico…)

2185º: Disposições a favor de pessoas incertas


- É nula a disposição feita a favor de pessoa incerta que, por algum modo se não possa tornar
certa

Ex: Alguém é salvo de se afogar, não sabe quem o salvou, mas faz 1 DT em seu favor “Deixo o
bem X, a quem me salvou a vida no dia Y, do ano…) - DT seria, neste caso, válida

NJ testamentário
- Importa + o caráter patrimonial embora as DT de cariz não patrimonial tbm possam ser tidas
como válidas
Ex: Perfilhação feita em testamento (tem reflexos patrimoniais, mas não é 1
DT de cariz patrimonial)

- A margem de liberdade do de cuius na qualificação de herdeiro ou legatário depende daquilo


que a estes deixa, se se trata de bens indeterminados (no caso tratar-se-ia então de 1
herdeiro) ou de bens determinados (seria então 1 legatário)

Cláusulas acessórias (2229º-2243º)


- Disposições condicionais, a termo… (2244º-2248º)

Diz respeito às disposições modais ou encargos


- Estão ligadas aos NJ como as doações em vida;
- O benefício/liberalidade não está dependente do cumprimento da obrigação;
- Encargos
• Pessoa recebe o património em causa, mas se não cumprir a obrigação qualquer
sucessível pode-lhe exigir que cumpra (2248º/2)- não se trata de 1 condição resolutiva
mas sim de 1 cláusula acessória

Validade, nulidade, anulabilidade do testamento

2308º-2310º (Regras próprias)


- No entanto, há desvios em que se deve aplicar a nulidade por geral
Ex: De cuius deixa todo o seu património a 1 org para que esta pratique atos terroristas
- Não faz sentido aplicar a nulidade por via do reconhecimento oficioso dada a flagrante
contrariedade á lei e á ordem pública

Aula Teórica nº 6 11/03/2022

Sucessão testamentária
- Revogação (art 2311º e ss)
• Âmbito de revogação (Total ou Parcial);
• Revogação expressa (2312º), tácita(2313º) ou real (2315º e 2316º);
Revogação real
- Fig que se autonomizou da revogação tácita;
- É real, opera através de 1 coisa:
o O próprio doc, o testamento (destruição/inutilização do doc do testamento, este é
deliberadamente rasgado por ex; geralmente é o próprio de cuius a fazê-lo ou alguém
a seu pedido;
o Esta inutilização só pode ocorrer no testamento cerrado, nunca no testamento
público;
- Variante/modalidade de revogação real em que se põe em causa a coisa que se legou
Ex: Após a elaboração do testamento o testador doa em vida 1 bem que havia legado em
testamento- entende-se que há 1 revogação real.
o Esta variante pode suceder tanto no testamento público como no testamento cerrado
(Pode ocorrer revogação real no testamento público desde que na variante de coisa
legada);

Caducidade (2317º)
• Enumeração meramente exemplificativa;
• Ocorre quando qualquer DT perde eficácia por qualquer motivo que não os tipificados
no 2317º (essas situações que estão elencadas não são as únicas situações de
ineficácia);
• 2317º a) Herdeiro ou legatário morre antes do testador, salvo havendo representação
sucessória;
• Há inúmeras situações que geram a caducidade, a enumeração do 2317º não é
taxativa;
Ex: Destrói-se inadvertidamente o testamento, por acidente, sendo que quem rasgou o
testamento não foi o de cuius;
• Caducidade: Todas as situações que geram a ineficácia do testamento e que por isso
podem ser várias e não apenas as do 2317º

2311º/1: O testador não pode renunciar á faculdade de revogar o seu testamento.

Sucessão contratual
• Integra a sucessão voluntária;
• Tem cariz excecional ou muito abertamente na sua proibição e restritivamente na sua
exceção/permissão;
• 2028º/2:
- Contratos sucessórios são apenas os previstos na lei;
- A regra geral é a da sua proibição/invalidade (2028º/1 é 1 art taxativo);
o Pacto sucessório renunciativo em sede de convenção antenupcial;
o Pacto designativo/aquisitivo ou por morte;
o Pacto dispositivo (No nosso ordenamento está totalmente proibido; ex: O pai de A está
muito doente, A faz contrato com C a dizer que lhe deixa todo o património que
atualmente é do seu pai);

Pacto renunciativo entre nubentes (1700º/1, c)


- Só pode ser realizado em sede de convenção antenupcial;
1700º/1 a) e b) – Pactos designativos
Pacto renunciativo (2028º + 1707º-A)
• Resultado da introdução do pacto renunciativo entre nubentes no 1700º/1, c) em
2018;
• Feito necessariamente em convenção antenupcial;
• Quando a lei que o introduziu se encontrava em vigor (este pacto tem de ter sido feito
já no período de vigência da lei que o introduziu);
• Regime imperativo de separação de bens- requerido para se poder realizar o pacto
renunciativo (Profª Margarida Silva Pereira discorda)
Obj: Proteger os filhos de eventuais relações ou casamentos anteriores
Críticas do Regente
- Antes do casamento a renúncia á condição de herdeiro é feita sem se saber a que é que se
está a renunciar, de que património se está a abdicar ao renunciar á condição de herdeiro;
o Não é normal que se renuncie á condição de herdeiro sem saber em concreto aquilo a
que se está a renunciar (renunciar ao que não se sabe concretamente);
-Renúncia á condição de herdeiro legitimário
o 1707º-A: Condição do cônjuge que renuncia á condição de herdeiro legitimário é
muito semelhante ao estatuto do companheiro na UF;
o Profª Rute Pedro critica este aspeto;
o “Renúncia cega a dts sucessórios”;
o Pacto que permite que os cônjuges percam a expectativa de herdar (a renúncia tem de
ser recíproca)
1700º/1, a) e b): Pactos aquisitivos/designativos, por morte
1700º/ a): Instituição de herdeiro ou nomeação de legatário em favor de qualquer dos
esposados, feita pelo outro esposado ou por terceiro;
1700º/b): Instituição de herdeiro ou nomeação de legatário em favor de terceiro, feita por
qualquer dos esposados

A sua admissão no nosso ordenamento prende-se com 1 lógica de “favorecimento do


casamento”
- Doações por morte são á mesma pactos sucessórios nos termos do art 1700º

1704º: A instituição de herdeiro e a nomeação de legatário feitas por algum dos esposados na
convenção antenupcial em favor de pessoas indeterminadas, ou em favor de pessoa certa e
determinada que não intervenha no ato como aceitante, têm valor meramente testamentário
e não produzem qualquer efeito se a convenção caducar.
DT que se podem incluir na CA que não têm caráter contratual, mas sim testamentário

1705º/2: Os pactos sucessórios estão sujeitos ao mesmo regime de revogação apesar do


disposto no art 1701º. Distinção herdeiro/legatário só importa para as doações mortis causa e
não para as doações em vida
1701º/1: Doações em vida para casamento a favor dos esposados não podem ser revogadas
unilateralmente depois da aceitação assim como as doações por morte mas essas
liberalidades, quando feitas por terceiro, podem ser revogadas a todo o tempo por mútuo
acordo dos contraentes.
1702º/1: Quando se institui algum dos esposados contratualmente como beneficiário e esta
tiver por objeto 1 quota de herança, o cálculo dessa quota será feito conferindo-se os bens de
que o doador haja disposto gratuitamente depois da doação.
1702º/2: Se a instituição tiver por objeto a totalidade da herança, pode o doador dispor, em
vida ou por morte, de 1/3 dela, calculada nos termos do número anterior.

Nota: Sucessão contratual é + forte que a sucessão testamentária.

Aula Teórica nº 7 16/03/2022

Sucessão contratual anómala (institutos que se enquadram na sucessão contratual anómala


têm projeção patrimonial após a morte do de cuius mas não são propriamente sucessão)

Doações em vida (Enorme efeito sucessório)


- Sucessão legitimária, para tutelar os herdeiros imperativos, inclui as doações em vida para o
cálculo da legítima (trata-se de 1 alargamento fictício da legítima)
o Cálculo da quota baseado em património que já não é do de cuius;
o Ex: 1 pai tem 2 filhos; se faz 1 doação a 1 deles é uma antecipação da quota que lhe
caberia por morte do pai. O outro filho terá 1 quota maior para compensar o que foi
recebido pelo filho a que se fez a doação;
o Doações em vida antecipam o preenchimento de 1 quota de 1 herdeiro;
- Serão na verdade pactos sucessórios?
Não. A contraposição entre atos mortis causa e em vida assenta no facto de que nos casos de
mortis causa o seu efeito principal ocorre com a morte.
• Doações em vida- Efeito principal não ocorre com a morte; as doações em vida são 1
contrato/NJ bilateral, não obstante, muitas das suas disposições remetem para
normas do testamento (art 949º semelhante ao 2182º)

Nota: Atribuição de capital pela seguradora a terceiros não constitui 1 fenómeno sucessório.
(Consideram-se doações indiretas em vida)

Para efeitos de cálculo da quota do herdeiro contratual conta-se o donatum posterior ao pacto
sucessório.

Sucessão legitimária comum ≠ Sucessão legitimária anómala

- Aquela de que o companheiro/unido de facto usufrui aquando da morte do companheiro a


título de legado;
- 1707º-A: Cônjuge que renuncia á condição de herdeiro legitimário: Posição similar á do
companheiro;
- Transmissão do arrendamento por morte é imperativa e destina-se apenas ao companheiro
do de cuius

2156º e ss
- Marca da imperatividade;
- Legitimário está sujeito tanto ao ativo como ao passivo;
- Cônjuge, descendentes e ascendentes;
- Aplicam-se as regras da sucessão legítima (2157º- Aplica-se sempre aos casos de sucessão
legitimária)
- Património divide-se em
• Quota indisponível (2156º): Legítima objetiva- porção de bens de que o testador não
pode dispor por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários; legítima
subjetiva- porção da quota indisponível que cabe a cada herdeiro legitimário;
• Quota disponível: porção de bens de que o testador pode dispor livremente;

2158º-2161º: Proporções das quotas disponível e indisponível; pode ir do mínimo, 1/3, ao


máximo do património;
- O + comum é ser de 2/3 ou de 1/2- metade (De cuius só pode dispor livremente, de forma
geral, de 1/3 do seu património.

Para o cálculo da legítima é preciso ter em conta os bens doados em vida (Donatum- Acresce
ao valor global do património do de cuius)
2162º/1: Cálculo da legítima
Quota indisponível- A legítima do cônjuge e dos filhos, em caso de concurso, é de 2/3 da
herança (2159º/1)

Para o cálculo da legítima global deve atender-se ao


- Valor dos bens existentes no património do autor da sucessão á data da sua morte
(Relictum- R);
- Valor dos bens doados em vida ou doações indiretas (Donatum -D);
- Valor do passivo – P (dívidas do de cuius, pagamento de despesas)

VTH (Valor total da herança)= (R + D) – P


- De cuius por vezes tem dívidas que não morrem com ele, possui credores, as dívidas
subtraem-se, retira-se o passivo (P), á soma do Relictum (R) com o Donatum (D);
- Quanto aos bens doados os herdeiros legitimários não podem “reagir” á doação antes da
morte do autor da sucessão/de cuius

Ex: O relictum é de 100 000 € e o donatum é de 40 000 €, sendo que o de cuius, A, deixou o
seu cônjuge C e o seu filho F, havendo um passivo no valor de 20 000 €.

VTH= (R + D) – P OU VTH= (100 + 40) – 20 = 120 VTH = 120= Legítima global


Quota indisponível é de 2/3 (2159º/1) = 120 x 2/3 = 240/3 = 80 QI= 80
2136º: Regra da divisão por cabeça
QI = 80 QD
C 40
F 40
120 – 80 = 40
Herdeiro legitimário tem dto a 1 valor fictício do património do de cuius, a uma quota por
preencher

2168º: Redução de liberalidades (trata-se da redução das liberalidades, entre vivos ou por
morte que ofendam a legítima dos herdeiros legitimários)
- Pactos sucessórios tbm são suscetíveis de redução a par das doações em vida;
- Expectativa do herdeiro legitimário (este pode pôr em causa doações em vida do de cuius
apesar de não poder agir em vida do de cuius/autor da sucessão)
Aula Teórica nº 8 18/03/2022

Apreciação crítica da sucessão legitimária


• Como é que se aceita 1 instituto que fomenta a desigualdade? Que privilegia o grau de
parentesco, mas ignora as relações de proximidade que possam efetivamente existir?
• Perpetua a desigualdade de oportunidades;
• Contraria o dogma de que 1 pessoa pode dispor livremente do seu património;
o Particularmente chocante para os juristas de Common Law- mesmo assim a
liberdade de dispor foi sendo reduzida apesar de esta limitação não implicar as
mesmas “margens de indisponibilidade”

Frequentemente é de 2/3 da herança


- Extensão que é discutível; Código de Seabra previa QI fixa de metade da herança;
- Código de '66 introduziu 1 alargamento da QI

Pq é que o cônjuge é tão favorecido e o companheiro não tem sequer menção legal no elenco
de sucessíveis? Pq é que o autor da sucessão não pode afastar os herdeiros legitimários
mesmo quando estes não têm 1 relação de especial proximidade com o de cuius?

Regras de proteção da família prevalecem sobre a liberdade de testar

JDP: Deveria haver 1 maior equilíbrio entre o objetivo de proteger a família e a necessidade de
preservar a liberdade de testar

- Sucessão legitimária tem 1 grande capacidade de tornar ineficazes os NJ tais como as


doações feitas em vida que podem ser afetadas;
- Morte é realidade que “mexe/modifica” aspetos patrimoniais, interesses…

Dinâmica sucessória
- Quais os titulares das SJ patrimoniais que sobrevivem ao de cuius?
- Preocupação do ordenamento em assegurar que o destino do património não é deixado ao
acaso;
• Legislador visa concretizar/assegurar a sua função social;

Fenómeno sucessório em sentido restrito acaba quando se souber quem é o titular?


- Ninguém pode ser obrigado a aceitar o património do de cuius;
- Ideia + ampla:
• Ao aceitar, as pessoas tornam-se herdeiros, passam de sucessíveis a sucessores,
sabemos que detêm 1 quota abstrata, mas não sabemos ainda de que bens é que
estes são titulares;
• Segue-se o momento da partilha- momento de maior litigiosidade/conflitualidade;

Fenómeno sucessório em sentido amplo


• Abrange, para além da titularidade do bem, a sua administração, a partilha..
• Pode suceder que os credores tenham dts preferenciais sobre o património do de
cuius e este não se tenha “diluído” ainda;

Fenómeno sucessório
1)Momento da morte/Abertura da sucessão
Quando é que se abre? Em que lugar? (2031º)
Pressuposto da sucessão
2032º: “Chamamento á sucessão”
- JDP: É o mesmo que vocação ou atribuição do dto de suceder;
• Geralmente coincide com o momento de abertura da sucessão;
• Atribuição do dto de suceder, “ius delationis”, dto de aceitar ou repudiar a herança

Pressupostos
- Prioridade na hierarquia (titularidade de designação prevalente);
- Capacidade jurídica, a qual pressupõe personalidade jurídica (2032º + 2033º)

Leva a excluir que o de cuius atribua património a entidades que não tenham personalidade
jurídica (ex: animais)
- Personalidade jurídica no momento da sucessão (2033º/1)

Lei nº 72/2021, de 12/11- Altera o 2033º/1 e o 2046º


-Vem incluir os casos de inseminação post mortem;
▪ Antes era proibida, atualmente já não é vedada, é permitida com algumas condições;
▪ 2033º/1: Têm capacidade sucessória… (incluindo indivíduos gerados por inseminação
post mortem- concebidos após a morte do de cuius- alargamento da capacidade
sucessória);
▪ JDP, Crítica ao 2046º- “Congela” a capacidade sucessória;
▪ 2046º/2: Versão atual, novo nº do art 2046º- Congela a herança até que os indivíduos
concebidos por inseminação post mortem nasçam

Aula Teórica nº 9 23/03/2022

Art 2033º-2038º: Casos de indignidade sucessória


• Incapacidade sucessória é sempre em relação a alguém, X individuo é declarado
indigno de suceder em relação a determinada pessoa;
• “Não poder suceder” abrange as situações de incapacidade por indignidade e de
incapacidade por ter sido deserdado pelo de cuius
Impossibilidade jurídica

Indignidade
- 2034º: 2 alíneas referem-se a crimes e outras 2 são atentados á liberdade de testar;
- Tem por base comportamentos censuráveis num sucessível, que podem ou não ter natureza
criminal, Ex: Descendente rasga/destrói testamento que não o beneficia (recai no âmbito do
2034º/d);
- Corresponde a 1 sanção punitiva civil;
- Pode ter tbm outras penalizações, Ex: Caso Rosa Grilo- esta e o amante, 1 funcionário judicial,
mataram o marido de Rosa em conj para receberem a herança
• RG foi presa e na sentença criminal foi afastada da sucessão por força do 2034º/a) +
2035º/1 + 2037º;
JDP: Estamos perante 1 sanção punitiva criminal e, como tal, está
sujeita a 1 tipicidade, não admite interpretação extensiva; deve por isso fazer-se uma
interpretação restritiva do 2034º (Opinião que tbm é partilhada pelo Prof Pamplona Corte-
Real)
Problema: Legislador não incluiu todos os crimes na letra do 2034º + 2035º

Não compete ao julgador/decisor decidir ou julgar quais os “crimes + graves”


Ex: “Furar os olhos/ Agredir o de cuius/ofensa á integridade física do de cuius- não se
encontram previstos no 2034º
- Em situações semelhantes o STJ optou por não aplicar a indignidade, mas recorreu/aplicou o
abuso de direito;

- Lei prevê que o MP tem legitimidade para requerer afastamento do sucessível da


herança/sucessão (2036º/2 e 2036º/3)

Para além de se ter de preencher a tipicidade do 2034º é necessária 1 declaração nos termos
do 2036º para se poder afastar 1 sucessível da herança/sucessão- A indignidade tem de ser
judicialmente declarada

JDP: Parece incongruente que 1 homicida não possa ser afastado caso não haja 1 declaração
de indignidade nos termos do 2036º (sem a declaração não se operam os efeitos do 2037º e o
sucessível que tenha sido condenado não é afastado da sucessão).
- Mesmo na situação extrema de condenação por homicídio doloso (2034º/a), a lei não
contempla a possibilidade de produção de efeitos de indignidade sem declaração judicial
nem de 1 declaração judicial a todo o tempo, pressupondo antes 1 alternativa entre
declaração na sentença penal ou declaração em ação autónoma intentada pelo Ministério
Público dentro de certo prazo (2036º/3)

Oliveira Ascensão: A declaração judicial de indignidade só tem de ser requerida quando a


pessoa que incorreu numa causa de indignidade esteja na posse de bens da herança.
- 1 sucessível que incorreu numa causa de indignidade e que esteja na posse dos bens; para
poder ser afastado da herança requerer-se-ia 1 declaração de indignidade;
- 1 sucessível que tenha incorrido numa causa de indignidade e que não estivesse na posse dos
bens já se encontraria excluído da sucessão;

Pamplona Corte-Real: Tem de se incorrer numa causa tipificada no 2034º, tem de haver
declaração de indignidade e tem de se intentar ação nesse sentido nos termos do 2036º.
Feita a declaração de indignidade o sucessível é afastado.
Nota: Outro efeito da declaração de indignidade é a exclusão do dto de representação dos
seus descendentes na sucessão testamentária. (2037º/2 a contrario sensu)

Polémica déc de 80
O sucessível que for declarado indigno é excluído tbm da sucessão legitimária. Esta questão
dividiu profundamente a doutrina. Pereira Coelho considerou que o instituto da indignidade
não era aplicado á sucessão legitimária, porque, tendo caráter geral, esse instituto cedia
perante a deserdação, instituto específico da sucessão legitimária;

≠ Oliveira Ascensão: A indignidade só operava quando o de cuius não tivesse conseguido


deserdar o sucessível legitimário.
Pamplona Corte-Real (Doutrina maioritária): O sucessível legitimário está totalmente sujeito
ao regime da indignidade.

Na sucessão contratual em casos de indignidade aplica-se os arts 970º-979º


• O afastamento da sucessão contratual, do benefício conferido pela doação por morte,
não ocorre por declaração judicial de indignidade, mas mediante revogação por
ingratidão do donatário;
• 974º: “A doação pode ser revogada por ingratidão, quando o donatário se torne
incapaz, por indignidade, de suceder ao doador, ou quando se verifique alguma das
ocorrências que justificam a deserdação.”
o Este instituto aplica-se às doações (em vida e por morte); depende de 1 ação,
proposta com fundamento em causas de indignidade e deserdação;
o Não obstante a letra do 975º/a) o Prof Daniel Morais considera que as
doações para casamento são revogáveis por ingratidão do donatário;

No âmbito da sucessão legitimária, nada justifica que a declaração de indignidade não afaste
tbm os dts sucessórios que o herdeiro legitimário que foi declarado indigno em sede de
sucessão legítima teria; isto é, porque é que o sucessível legitimário teria 1 situação + tutelar
podendo ter cometido crimes + graves?

JDP: Declaração de indignidade afasta o sucessível tanto da sucessão legítima como da


legitimária, só não afasta a sucessão contratual.

Reabilitação (2038º)
- Aquele que tiver incorrido numa causa de indignidade pode ser reabilitado; esta reabilitação,
para que opere a reaquisição da capacidade sucessória por parte do sucessível que incorreu
em causas de indignidade ou foi declarado indigno, requer que o autor da sucessão o reabilite
expressamente em testamento ou escritura pública (2038º/1 parte final);
- A reabilitação cabe ao autor da sucessão e pode ser efetuada antes da declaração judicial de
indignidade, desde que ele tenha conhecimento do facto que constitui fundamento da
indignidade; havendo reabilitação anterior á declaração judicial, esta não será eficaz (total ou
parcialmente) - não chega a verificar-se a incapacidade de suceder;
- Havendo reabilitação posterior á declaração, aquele que tiver incorrido em indignidade
“readquire a capacidade sucessória” (2038º/1);
-Reabilitação pode ser total ou parcial, expressa ou tácita;
• Só a reabilitação expressa permite que ocorra o chamamento á herança ou a vocação
no campo da sucessão legal (quer legítima, quer legitimária);
• 2038º/2 (Reabilitação tácita): “Não havendo reabilitação expressa, mas sendo o
indigno contemplado em testamento quando o testador já conhecia a causa da
indignidade, pode ele suceder dentro dos limites da sucessão testamentária” -
Sucessível em questão apenas sucede na medida daquilo que lhe tiver sido deixado
em testamento, não sucede nem a título legítimo, nem a título legitimário, caso fosse
esse o caso.

Deserdação (2166º)
- Em sentido amplo: abrange o ato mediante o qual o de cuius pretende expressamente
afastar da sua herança alguém que foi designado para suceder como herdeiro legitimário,
legítimo, testamentário ou contratual;
- Em sentido restrito: abrange o ato mediante o qual o de cuius pretende expressamente
privar 1 sucessível da posição que lhe caberia enquanto herdeiro legitimário;

Exs: - O de cuius faz testamento em que declara deserdar o seu irmão que é sucessível legítimo
prioritário (Deserdação em sentido amplo- trata-se de sucessão supletiva, o afastamento do
irmão será válido, independentemente de o testador ter ou não apresentado 1 razão que
justifique o ato);
- De cuius faz testamento em que declara deserdar alguém que instituíra como seu herdeiro
noutro testamento (deserdação em sentido amplo; o ato é igualmente válido, consiste num
exercício da faculdade de revogar o testamento; tbm há deserdação em sentido amplo se o de
cuius fizer testamento em que declara deserdar alguém que instituíra como seu herdeiro num
pacto sucessório);

No entanto, se o autor da sucessão não tiver reservado para si licitamente a


faculdade de livre revogação do pacto (1705º/2), o ato de afastamento será inválido, uma vez
que não preenche as condições da revogação mortis causa por ingratidão do donatário (974º e
ss)

2166º/1: Deserdação em sentido restrito (doutrina entende que a deserdação é 1 instituto


específico da sucessão legitimária comum).

De cuius pode em testamento, com expressa declaração de causa, deserdar o sucessível


legitimário designado para suceder como herdeiro, privando-o da legítima quando se
verifique alguma das causas do 2166º/1

-Alíneas são muito abrangentes (maior amplitude para afastar 1 sucessível);


- Nos casos das als a) e b) é admissível a deserdação condicional na dependência de uma
ulterior condenação, com base numa aplicação analógica do art 2035º/1; o próprio art
2166º/1 refere-se á analogia, pelo que esta não colide com a tipicidade das causas de
deserdação;
- Tem que ocorrer menção no testamento da deserdação e sua fundamentação (causas da
deserdação)

Encontram-se tipificadas. Tal como a indignidade, a deserdação implica 1 sanção punitiva, que
está, consequentemente, submetida a 1 princípio de tipicidade.
Se o de cuius disser que deserda o seu filho “pq é adepto do Sporting”, dá-se 1 situação de
invalidade da deserdação, ineficácia (JDP), alguns autores como Pamplona Corte-Real
defendem que haveria inexistência da deserdação.

Mecanismo da impugnação da deserdação (2167º): Quando a causa de deserdação alegada
em testamento não se verificou na realidade/ quando o de cuius invoque expressamente 1
causa mencionada no art 2166º/1 que afinal não ocorreu.
2167º: Estabelece que a ação de impugnação da deserdação, com fundamento na inexistência
da causa invocada, caduca ao fim de 2 anos a contar da abertura do testamento.
• O prazo previsto para a ação de impugnação no 2167º é curto no pressuposto de que a
abertura do testamento coincide com a tomada de conhecimento do seu teor pelo
legitimário. Não sendo assim, deve entender-se que, por analogia com o art 2308º, o
prazo se conta a partir da data em que o interessado teve conhecimento do
testamento e da deserdação (neste sentido, Oliveira Ascensão);
• Se a deserdação for efetuada sem invocação expressa de 1 causa do 2166º/1, o
sucessível pode arguir a nulidade da cláusula testamentária nos termos do 2308º
(noutro sentido- Pamplona Corte-Real que considera a deserdação nestes casos como
sendo juridicamente inexistente);

Efeitos da deserdação (2166º/2)


• Impede o acesso á sucessão legitimária, legítima e testamentária, quer por força do
2166º/2 que equipara o deserdado ao indigno para todos os efeitos legais, quer por
força de 1 argumento de maioria de razão- a deserdação afasta o sucessível de 1
espécie de sucessão que é tida como intangível e que se situa hierarquicamente
“acima” das outras espécies de sucessão;
• A deserdação confere ao de cuius a faculdade de afastar o sucessível legitimário de
toda a sucessão (exceto da contratual), sem necessidade de declaração judicial de
indignidade;

O art 2038º sobre reabilitação, aplica-se, com as devidas adaptações, á deserdação, nos
termos do 2166º/2.
- Porque a deserdação é feita por testamento, a reabilitação do deserdado pode ser feita por
revogação expressa da cláusula testamentária de deserdação (2312º);
- A reabilitação tácita, fundada no art 2038º/2 não confere ao deserdado capacidade para
adquirir no âmbito da sucessão legitimária; ele apenas pode suceder no âmbito da sucessão
testamentária;

Deserdação parcial (Nota: Menezes Leitão- 1 dos raros autores que admite esta figura)
-O princípio da indivisibilidade da vocação (2054º/2), não autoriza 1 deserdação parcial;

1 sucessível não pode aceitar nem repudiar em parte a herança ou legado a que foi chamado
- Aquele que é chamado a suceder por um só título de vocação e numa só qualidade
sucessória, ou aceita ou repudia totalmente a sucessão (indivisibilidade da vocação una)

Vocação única; Ex: De cuius só deixa 2 irmãos que apenas sucedem no âmbito da sucessão
legítima (sucessão supletiva)
Vocação múltipla; Ex: De cuius deixa filho e cônjuge, mesmo não havendo testamento, estes
sucedem tanto no âmbito da sucessão legitimária como no âmbito da sucessão legítima

Ex: 1 dos irmãos que suceder ao de cuius não pode dizer que só aceita 1/4 da herança
- Não é permitida a divisibilidade da vocação (2054º/2)

Herança não pode ser aceite nem repudiada apenas em parte, ou se aceita tudo, ou se repudia
tudo.
▪ No caso de vocação múltipla o princípio da indivisibilidade da vocação aplica-se
somente á sucessão legal comum e á sucessão testamentária. O sucessível chamado
como herdeiro legitimário e como herdeiro legítimo não pode aceitar por 1 título e
repudiar pelo outro; e, em regra, o sucessível chamado como herdeiro legal e como
herdeiro testamentário não pode aceitar por 1 título e repudiar pelo outro;
▪ A lei nada diz sobre a sucessão contratual, pq a aceitação do pacto pelo beneficiário
ocorre antes da vocação/chamamento á sucessão, produzindo-se a aquisição
sucessória no momento da abertura da sucessão, sem possibilidade de repúdio;
Exceções ao princípio da indivisibilidade
a) 2250º/2: “O herdeiro que seja ao mesmo tempo legatário tem a faculdade de aceitar
a herança e repudiar o legado, ou de aceitar o legado e repudiar a herança, mas
também só no caso de a deixa repudiada não estar sujeita a encargos”;
b) 2055º/1, 2ª parte: O sucessível chamado á herança, simultânea ou sucessivamente,
por testamento e por lei, pode aceitá-la ou repudiá-la pelo primeiro título, não
obstante a ter repudiado ou aceitado pelo segundo, se ao tempo ignorava a existência
do testamento;
c) 2055º/2: O sucessível legitimário que tbm é chamado á herança por testamento pode
repudiá-la quanto á quota disponível, deferida testamentariamente, e aceitá-la quanto
á quota legitimária;
d) O sucessível chamado a suceder por 1 título contratual e por outro (testamentário,
legítimo ou legitimário) pode repudiar o último, não obstante estar impedido de
repudiar o primeiro;
e) O sucessível chamado a suceder num legado legal (ex: para beneficiar da transmissão
do dto de arrendamento para habitação, da transmissão da indemnização a que
respeita o art 496º, da atribuição de dts reais de habitação e de preferência sobre a
casa de morada nos termos da LUF) e chamado a suceder á herança (legitimária,
legítima ou testamentária) ou a outros legados, pode optar por adquirir ou não o
legado legal , independentemente do que tiver decidido, nos outros casos, quanto á
aceitação ou repúdio
Nota: Usa-se a expressão “optar por adquirir ou não”, em vez de “aceitar ou repudiar”,
para abarcar todas as situações de legados legais; o legado do dto do arrendatário
habitacional, por ex, nas UF, não carece de aceitação, sendo adquirido
automaticamente, com possibilidade de renúncia
-Ex: O cônjuge do de cuius pode aceitar a herança legitimária e renunciar ao legado da posição
de arrendatário habitacional ou as atribuições preferenciais previstas nos arts 2103º-A e
2103º-C;
f) 2306º: O sucessível que é chamado a suceder a uma parte, diretamente, e a outra
parte, por acrescer, pode aceitar aquela e repudiar esta, quando sobre a parte
acrescida recaiam encargos especiais impostos pelo testador;

Vocação anómala
- Tudo o que for diferente da vocação comum;
- Pergunta de oral: “Quantas vocações indiretas conhece?”
JDP: Apenas 3
-Direito de acrescer (2137º/2) - Direito de representação (2039º-2045º);
- Substituição direta (2285º)

Qual a sua hierarquia?- Só costuma funcionar uma delas

Vocações anómalas indiretas


- Substituição fideicomissária (2286º/1); - Transmissão do direito de suceder (2058º);
Aula Teórica nº 10 25/03/2022

Transmissão do dto de suceder (2058º)


-Ocorre quando 1 pessoa morre e 1 sucessível morre tbm antes que este possa aceitar ou
repudiar a herança;
- Só se aplica quando há morte do sucessível;
Ex: A morre no dia 23 e é casado com B, tendo 2 filhos, C e D. C ao saber da morte do pai tem 1
ataque cardíaco e morre tbm mas no dia 24, sendo que é casado com E e tem 1 filho, N.

Para haver transmissão do dto de suceder é preciso que o sucessível seja chamado á herança
e morra antes de aceitar ou repudiar a herança
- O dto de suceder a A cabe a 3 pessoas, B, C e D, mas C morre; ocorre 1 transmissão do dto de
suceder em benefício dos seus sucessíveis prioritários, E e N; se estes aceitarem a herança de C
terão o dto de suceder á herança de A; poderão suceder nas 2 heranças, desde que aceitem a
herança de C;

Chamada á herança: Pressuposto da transmissão o do dto de suceder


D A morre dia 23; C morre dia 24; o cônjuge de A, B e o filho D
A+B C casado com E ficam com 1/3 da herança de A; se E e N aceitarem a
tem 1 filho, N herança de C, a qual contém o dto de suceder a A, terão
dto a 1/6 da herança de A que corresponderá a metade da
porção da herança que caberia a C por força da morte de A
- 1/3

D A morre dia 24; C havia morrido dia 23. A morreu antes de


A+B C casado com E C, ao morrer antes do pai nunca lhe chegou a suceder, C já
tem 1 filho, N não era 1 sucessível de A por ter morrido primeiro.
Não poderia haver disposição que dissesse “Se eu morrer
primeiro que A, considere-se que aceito a herança”

Recai-se no âmbito do dto de representação (2039º)


C morreu- não pôde aceitar a herança
- Quem vai ocupar a posição de C como sucessível será N, descendente/filho de C e neto de A;
C nunca chegou a adquirir o dto de suceder pelo que este caberá ao “filho do filho”- 2039º;
- Único instituto que favorece o filho em detrimento do filho;
- Havendo a morte do de cuius primário e de 1 sucessível seu, dá-se a abertura de 2 sucessões;
- Este instituto é + vasto, pressupõe 1 morte, não necessariamente 2 mortes, em lugar da
morte de 1 sucessível pode-se ter verificado 1 indignidade ou 1 deserdação, situações em que
o sucessível se vê despojado da sua capacidade sucessória em relação ao de cuius, pelo que
não pode aceitar a herança;

Se o filho do de cuius repudiar a herança tal não prejudica o seu próprio filho, o neto do de
cuius
Imaginemos que o filho do de cuius mata-o: este é condenado por homicídio e declarado
indigno
Isto não prejudica a condição sucessória do neto do de cuius

Dto de representação Exceção á regra da divisão por cabeça (2136º)


• Descendentes do sucessível que não pôde ou não quis aceitar a herança/repudiou,
irão suceder ao seu avô, o de cuius, na mesma porção que caberia ao seu pai, não se
aplica a regra da divisão por cabeça
Sucessão testamentária
Ex: J, beneficiado por A no testamento, mata A. O seu filho, F, não irá beneficiar do dto de
representação, este só existe na sucessão legal.

Substituição direta (Vocação anómala indireta)


- O seu desenvolvimento resulta da doutrina; vocações anómalas indiretas são em grande
parte produto de desenvolvimento doutrinário;
- Legislador não reconhece a figura das vocações anómalas indiretas;
- Art 2281º/1: “O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro instituído para o caso de
este não poder ou não querer aceitar a herança”;
- Integra-se na sucessão testamentária; JDP- Tbm é admissível na sucessão contratual através
dos pactos designativos;

Substituição fideicomissária- 2286º/1 (Vocação anómala direta)


B 100% de uma parte da herança C : “Se B não puder, ou não quiser aceitar, a
A a herança caberá a C” C só sucede se
B não quiser ou não puder suceder; a sucessão de C é
1 sucessão condicional; só 1 deles será o titular definitivo,
só 1 deles sucede efetivamente a A (Caso de substituição direta)

B 100% de parte da herança com encargos C


B aceita a herança com o encargo de conservar o património; quando B morrer o
património de A será para C Tanto B como C sucedem
✓ B: Tem de conservar o património que lhe foi atribuído pelo testamento; não o pode
alienar, não pode dispor dele; é o fiduciário, será 1 “proprietário temporário”;
✓ C: É o fideicomissário, será o “proprietário definitivo ou pleno”;
✓ 2286º/1: “Diz-se substituição fideicomissária ou fideicomisso, a disposição pela qual o
testador impõe ao herdeiro instituído, o encargo de conservar a herança, para que
ela reverta, por sua morte, a favor de outrem; o herdeiro gravado com o encargo
chama-se fiduciário, e fideicomissário o beneficiário da substituição”.

Notas:
- Substituição direta é válida independentemente do grau ;
- Substituição fideicomissária só é válida no 1º grau;

Este tipo de substituições não podem afetar os herdeiros legitimários; a sua quota indisponível
sobrepõe-se á vontade do de cuius.

Aula Teórica nº 11 30/03/2022

Substituição fideicomissária

A (de cuius) B (Fiduciário) C (Fideicomissário) 2286º


Depois pode dispor livremente do património que recebe
Qualquer 1 deles tem de sobreviver ao de cuius e o fiduciário tem de sobreviver ao
fideicomissário. Exige-se sempre capacidade sucessória em relação ao de cuius.
2293º/1: Com a morte do fiduciário dá-se o chamamento á vocação do fideicomissário ao qual
é “devolvida” a herança.

2293º/2: (Não funciona a substituição fideicomissária)


- Fideicomissário morre antes do de cuius ou antes do fiduciário: Substituição fica sem efeito;

Não está pensada para atribuir definitivamente a herança ao fiduciário, de titular “temporário”
ou “passageiro”, passa a titular definitivo caso o fideicomissário morra primeiro, ou seja,
declarado indigno

Por força da lei ocorre, supletivamente e no silêncio do testamento, a conversão legal da


substituição fideicomissária em substituição direta (2293º/3)

Substituição fideicomissária
- De cuius declara que F, fiduciário, fique com uma determinada quota da herança até que
morra, momento em que essa quota da herança será “devolvida” ao fideicomissário- G

Se faltar esta formulação no testamento verifica-se 1 substituição fideicomissária irregular


(2295º)

Substituição fideicomissária (2293º/1)


Nestes casos a vocação é sempre direta

Casos do 2293º/2 e 3: Vocação é indireta

Direito de acrescer (2301º- 2308º)- Vocação indireta


- Tbm surge em normas relativas á sucessão legítima e legitimária;
- Regras para o dto de acrescer na sucessão contratual: Este é excecional, só existe se o de
cuius assim o estipular no testamento

Nas demais sucessões (legítima, legitimária, testamentária), o dto de acrescer existe
independentemente das disposições do de cuius.

Art 2143º: Desvio á regra do acrescer (sucessão legítima) “Se algum ou alguns dos
ascendentes não puderem ou não quiserem aceitar, no caso previsto do nº1 do artigo
anterior, a sua parte acresce á dos outros ascendentes que concorram á sucessão; se estes
não existirem, acrescerá á do cônjuge sobrevivo”.
2142º/1: “Se não houver descendentes e o autor da sucessão deixar cônjuge e ascendentes,
ao cônjuge pertencerão duas terças partes e aos ascendentes uma terça parte da herança.”

Regra geral do acrescer (2137º/2)


“Se, porém, apenas algum ou alguns dos sucessíveis não puderem ou não quiserem aceitar, a
sua parte acrescerá á dos outros sucessíveis da mesma classe que com eles concorram á
herança, sem prejuízo do disposto no artigo 2143º”.
2143º é a exceção á regra geral do 2137º/2
Chamamento sucessório “+ típico “

A + C= F ( O de cuius, A, deixou o seu cônjuge, C, e o seu filho, F , tendo A apenas 1 irmão, I.


- C e F terão prioridade na herança. Se não quiserem aceitar a herança aplica-se o 2137º/1 e
chama-se o sucessível subsequente: chamamento sucessível subsequente)

Se apenas 1 destes herdeiros legitimários recusar a herança, aplica-se a regra geral do


2137º/2: “A sua parte acrescerá á dos outros sucessíveis da mesma classe que com eles
concorram á herança”.

Acrescer
- Funciona sempre dentro do mesmo tipo
• Herdeiro legitimário não tem dto de acrescer sobre legatário; legatário não tem
acrescer sobre o herdeiro ou herdeiro não tem acrescer sobre o legatário;

2301º: Herdeiros testamentários


1/2 da herança para T1 T1 recusa a herança. Dá-se então o acrescer ou o “não
A decrescer”
1/2 da herança para T2
Quando alguém não pode ou não quer aceitar a herança
o outro sucessível que concorre na mesma classe do mesmo tipo de sucessão recebe a parte
daquele que repudia sem ter de se pronunciar

Se ambos repudiarem a herança, esta fica, por ex, para o irmão de A caso o de cuius não
tivesse deixado cônjuge, filhos ou ascendentes, abrir-se-ia, portanto, a sucessão legítima

O acrescer serve para evitar que se abra a sucessão legítima quando haja ainda herdeiros
testamentários

Sucessão conjunta sobre o mesmo objeto (2302º/1)


- Se 1 repudiar o outro fica com a totalidade da porção daquele que repudia;
- Se ambos repudiarem ocorre a ineficácia do chamamento pelo que se abre a sucessão
legítima;

2306º, 1ª parte: Regra geral para todos os títulos e qualidades


“A aquisição da parte acrescida dá-se por força da lei, sem necessidade de aceitação do
beneficiário, que não pode repudiar separadamente essa parte, (…)”

2306º, 2ª parte: “(…) exceto quando sobre ela recaiam encargos especiais impostos pelo
testador (…)”. Quando a parte acrescida tem encargos especiais (pagamento de impostos,
pagamento de 1 renda vitalícia…) já não se aplica a regra geral da não exigência de aceitação
para que o outro sucessível que concorre com aquele que repudiou fique com essa parte
1 /2 da herança para T1
A 1/2 da herança para T2
Renda vitalícia a favor da sobrinha de A (encargo especial que deve ser suportado
pelo T1)
- Se T1 repudiar (note-se que não se sabe quando é que a sobrinha do de cuius
morrerá), o T2 não beneficia do acrescer automaticamente, terá de expressar, de aceitar a
parte acrescida (2306º, 2ª parte)

2306º, 3ª parte: “(…) neste caso, sendo objeto de repúdio, a porção acrescida reverte para a
pessoa ou pessoas a favor de quem os encargos hajam sido constituídos.”
• Exigência do “duplo repúdio” - pelos sucessíveis que concorram na mesma classe-
única justificação para o salto de qualidade para o outro sucessível a favor de quem o
encargo foi constituído (no caso em questão, a sobrinha de A); este duplo repúdio
mostra o quão pouco “atrativo” o encargo é;

2301º/1: “Se dois ou mais herdeiros forem instituídos em partes iguais na totalidade ou numa
quota de bens, seja ou não conjunta a instituição, e algum deles não puder ou não quiser
aceitar a herança, acrescerá á sua parte á dos outros herdeiros instituídos na totalidade ou na
quota”;

2301º/2:” Se forem desiguais as quotas dos herdeiros, a parte do que não pôde ou não quis
aceitar é dividida pelos outros, respeitando-se a proporção entre eles”

Testamento
T1- 0,01 % da herança Não se justificaria a divisão da parte acrescida, o outro
A herdeiro ficaria com a totalidade da parte daquele que
T2- 99, 9 % da herança não pôde ou não quis aceitar

A B- 1/2 da herança D (será, caso B não possa ou não queira aceitar a herança, o
B tem 1 filho (E) titular da porção que caberia a B- Caso de substituição
direta
C – 1/2 da herança

Em caso de repúdio, e tendo o de cuius estabelecido uma substituição direta no testamento, é


esta que prevalece, está em 1º lugar, seria D a adquirir, isto é, a substituição direta prevalece
sobre as demais vocações anómalas indiretas.
- Não funciona na sucessão legitimária, não se permite, não é eficaz/não produz efeitos a
substituição direta que afete a quota indisponível.
- Vocações anómalas não podem afetar os herdeiros legitimários e a sua quota indisponível ou
legítima objetiva;
Exs: Sucessão legítima (2156º + 2163º) – “O testador não pode impor encargos sobre a
legítima, nem designar os bens que a devem preencher, contra a vontade do herdeiro.”

- Caso não houvesse a substituição direta, funcionaria o dto de representação (2039º), pelo
que, se B repudiasse a herança, E, filho de B, sendo seu descendente, poderá suceder, a “lei
chama os descendentes de um herdeiro ou legatário a ocupar a posição daquele que não pôde
ou não quis aceitar a herança ou o legado”.

- Não havendo substituição direta nem dto de representação, funcionaria o dto de acrescer
(2137º/2)
Hierarquia
1) Substituição direta (prevalece sobre o dto de representação)
2) Dto de representação (prevalece sobre o dto de acrescer)
3) Dto de acrescer (não se verificando as vocações que têm precedência, este irá
funcionar)

Aula Teórica nº 12 01/04/2022

Polémica na doutrina- Casos em que a herança tem 1 passivo superior ao ativo

Cálculo da QI (2162º/1) + 2163º = (R + D) - P


Relictum: Bens que o de cuius tem realmente na altura da morte
Donatum: Bens doados em vida + despesas sujeitas a colação
Passivo: Dívidas deixadas pelo de cuius

R= 600 Herança superavitária, ativo é superior ao passivo


D= 400 (600 + 400) – 100= 1000-100= 900
P= 100

VTH (Valor total da herança) (R + D) – P

Escola de Lisboa aplica esta fórmula

Escola de Coimbra: (R – P) + D
R= 100 (100 – 600) + 400= - 100 (Herança deficitária)
D= 400 De acordo com a Escola de Coimbra, sempre que o passivo é superior ao ativo,
P= 600 a massa patrimonial representada por R, o relictum, é zero; se houver donatum,
este “vale por inteiro”, de modo que a herança em vez de ser deficitária,
corresponderá por inteiro ao valor do donatum caso este exista, pelo que neste
exemplo o VTH será igual ao valor do donatum = 400

Mesmo com um passivo superior ao ativo consegue-se beneficiar o legitimário pq se


considera que a massa patrimonial é zero

Conta-se só com o valor do Donatum para o cálculo do VTH e posteriormente para o cálculo da
quota indisponível (quando o passivo for superior ao passivo)

A+C F1 A, o de cuius, fez 1 doação a favor de C, cônjuge, no valor de 300 (Donatum=


300), não há passivo e o Relictum é de 600 pelo que o VTH será apenas
F2 (R + D) = 600 + 300= 900
QI = 600 QD= 300
C 200 (600÷3)= Porção da QI para cada
F1 200 herdeiro legitimário
F2 200

Onde é que se enquadra a liberalidade feita ao cônjuge?


Pamplona Corte-Real + Oliveira Ascensão
Por motivos como a proteção da família ao abrigo de princípios constitucionais
- Deve-se subtrair a legítima subjetiva (200, isto é, 600, a quota indisponível a dividir por 3, o
nº de herdeiros legitimários), ao valor da quota disponível (300) e esse valor fica para o
cônjuge, o restante deve ser dividido em partes iguais pelo cônjuge e pelos filhos;

300 - 200=100 Estes 100 ficam para o cônjuge; os 200 que sobram da quota disponível
têm que ser divididos pelo cônjuge e pelos filhos
200 ÷ 3= 66, 6(6)
QI = 600 QD= 300
C 200 200 + 100 + 66, 66= 366,66
F1 200 200 + 66,66= 266,66
F2 200 200+ 66,66= 266,66
266,66 + 266,66 + 366,66= 900= VTH

Se o de cuius fizer 1 doação em vida a 1 dos filhos não significa que este o tenha querido
beneficiar em detrimento dos outros, entende-se que é 1 antecipação do fenómeno
sucessório.

Colação (2104º): é 1 instituto que visa a igualação dos descendentes na partilha do de cuius,
mediante a restituição (fictícia ou real) á herança dos bens que foram doados em vida por
este a 1 deles- 2104º/1. Tem por fundamento uma presunção de que o autor da sucessão
quando faz 1 doação a 1 dos filhos (ou a outro descendente que seja 1 sucessível legitimário
prioritário) não pretende avantajá-lo relativamente aos demais.
• Na falta de 1 manifestação de vontade do autor da liberalidade em vida, entende-se
que a doação se limita a preencher antecipadamente a quota que caberá ao donatário
na herança do de cuius: pq recebe + agora, o donatário receberá menos do que os
irmãos na altura em que falecer o progenitor comum;
• Quota hereditária legal= legítima subjetiva (300) + quota na herança legítima fictícia,
a QD;
• Nota: Se não existisse doação ocorria apenas divisão por cabeça (200 para cada um),
havendo doação a 1 dos filhos, o seu valor deverá ser dividido pelos 3 (100 para cada
um, já que a doação foi no valor de 300- imaginemos que a doação foi feita a 1 dis
filhos e não ao cônjuge;
• JDP: Cônjuge é beneficiário indireto da colação; este nunca pode ter menos que 1 filho
no que respeita á sua porção da herança;
F1 (recebe 1 doação em vida do de cuius no valor de 400)
A (de cuius)
F2
Sendo a QD de 300 e tendo a doação excedido a mesma, dado ser de 400, a diferença entre
ambas (100), será imputada na quota hereditária restante do donatário (legítima subjetiva –
300 + quota na sucessão legítima- 300÷2= 150, pelo que a quota hereditária será de 300 + 150,
isto é, 450; a estes 450 iremos subtrair ou imputar a diferença dos 100, uma vez que a
liberalidade feita a F1 excede a sua quota indisponível/legítima subjetiva, de modo que na
coluna da QD, F1 ficará com 50 (450 – 100 = 350; desses 350, 300 consistem na quota
indisponível pelo que em vez de F1 ficar com 150 na QD ficará com 50, ou seja, no total, caber-
lhe-ão os 300 da QI + os 50 da QD= 350)
Quanto ao restante da QD, 150 irão para F2 e os 100 que sobram irão para F1.
QI = 600 QD= 300
F1 (600÷2) = 300 50 + 100= 150
F2 (600÷2) = 300 150

Note-se que a colação opera a igualação dentro do possível.

Aula Teórica nº 13 06/04/2022


Colação
- Prof Oliveira Ascensão: “Houve 1 excesso relativamente ao regime aplicável ao cônjuge na
partilha em '77 que deve ser colmatado recorrendo á colação”;
- JDP: Visa assegurar 1 tratamento igual entre os filhos; “Sucessão legítima corrigida”

Obrigados á colação
- Descendentes (2105º- “Só estão sujeitos á colação os descendentes que eram á data da
doação presuntivos herdeiros legitimários do doador”.)

R=60 Doação em vida no valor de 30 a F1


QI=60 QD= 30
F1 20 10
F2 20 10 (são atribuídos a F2 para igualar F1)
Cônjuge 20 10

1)Método do cálculo da quota hereditária legal


Usando o ex que está acima; F1 recebeu 1 doação no valor de 30 que corresponde á quota
disponível, demos 10 desses 30 ao F2 para igualar o F1. Resta-nos ainda 10 para distribuir.
Estes 10 restantes serão para o cônjuge (2139º), este tem 1 posição paritária face aos filhos,
nunca pode ficar com menos do que os filhos

Dispensa de colação (2113º + 2114º)

Consequências/Efeitos da dispensa da colação (esta pressupõe que tenha havido 1 doação


em vida a 1 dos herdeiros legitimários- se a doação for feita a terceiro/pessoa que não seja
herdeiro legítimo não há problema pq esta só se insere, á partida, na QD)
O que acontece quando não há colação
- 2114º/1: Não havendo colação, a doação é imputada na QD;
- Nota: O 2107º quando fala em cônjuge refere-se ao cônjuge de 1 dos filhos do de cuius e não
ao cônjuge do próprio de cuius

Oliveira Ascensão
Quando o de cuius nada dissesse, a imputação da doação seria feita na QI antes de se fazer
redução das liberalidades

2114º/1
Se o cônjuge não está obrigado á colação, a imputação da doação faz-se na QD (Tese da Escola
de Coimbra)
JDP: Não se resolve nada; só se resolve a situação em que o de cuius faz 1 doação ao cônjuge

“Não havendo lugar á colação” - Aqui não há colação pq há dispensa nos termos do 2113º
A imputação na QD da doação feita a cônjuge coloca-o numa situação + favorável, +
vantajosa face aos demais herdeiros legitimários
JDP: Doação em vida é 1 antecipação da herança/sucessão/quota, pelo que não se deve
beneficiar excessivamente o herdeiro legitimário, ainda para mais quando essa doação é usada
para o cálculo da herança

- Necessidade da existência de liberdade de testar


Se imputarmos liberalidades em vida na QD estaremos a prejudicar os herdeiros
testamentários; O que é que acontece á deixa testamentária se imputarmos a doação feita ao
cônjuge na QD?
▪ Deve-se evitar o avantajamento excessivo de 1 dos legitimários em relação aos demais
herdeiros;
JDP
Deve fazer-se 1 imputação prioritária na legítima subjetiva (porção da quota indisponível que
cabe ao legitimário que tiver recebido doação em vida) e a diferença irá para a QD
(Isto não é colação, não é sucessão legítima pura)

2114º/1: Vai-se imputar a doação na QD, beneficiando-se os legitimários em detrimento dos
eventuais herdeiros testamentários
2114º/2: 1 pessoa é beneficiada com 1 doação e repudia a herança/sucessão
▪ Esta pessoa não está obrigada á colação;
▪ Não obstante, a sua doação será imputada na QI, criando-se 1 “legítima fictícia”;

Aula Teórica nº 14 08/04/2022


Partilha em vida (2029º)
Tbm se aplica nos casos de pessoas que não têm filhos
- Pessoa faz doações, mas esta ainda não morreu;
- Instrumento admitido, não é 1 pacto sucessório, há 1 efeito transmissivo ainda em vida, não
é sucessão por morte;
- Dirige-se principalmente aos herdeiros legitimários;
- Muitas vezes sucede que o doador seja casado (Interseção do Dto das Sucessões com o Dto
da Família)

Há bens de que o doador pode dispor livremente


- Será de esperar que faça 1 partilha igualitária entre os filhos
▪ Quando a partilha não é igualitária e os outros concordam com a mesma, estarão estes
a renunciar á colação? (Renúncia antecipada á colação)
 Aqueles que consentiram numa partilha desigual poderá ser 1 situação
considerada como “pacto renunciativo impuro”, mas geralmente considera-se
que não é 1 pacto sucessório;

JDP: Defende posição do herdeiro legitimário


Bens partilhados em vida podem valorizar ou desvalorizar apesar de a partilha em vida ser
tendencialmente definitiva

Com a abertura da sucessão pode suceder que com a valorização ou desvalorização dos bens
faça com que a partilha deixe de ser igualitária e passe a ser desigual
Cálculo da legítima: Tem em conta o valor dos bens á data da sucessão, independentemente
de os bens terem sido doados há muito tempo

2170º: Não é permitida em vida do autor da sucessão a renúncia ao dto de reduzir


liberalidades
- Coincide com a proibição da renúncia á legítima e ao valor da legítima

Só é aferida á data da sucessão


(Não pode haver exclusão da tutela dos legitimários)

Maioria dos autores: Partilha em vida é definitiva independentemente da valorização ou


desvalorização dos bens, ou de novos bens que venham á sucessão, os herdeiros legitimários
não terão + dts (houve 1 renúncia antecipada á colação)

Maioria da doutrina
Ex: 1 pai faz a partilha com conhecimento de todos os filhos menos 1
- Preterição intencional de legitimários;
- Vício: Nulidade geral
O que é que acontece se o de cuius faz partilha em vida julgando que 1 dos legitimários já
tinha morrido, mas afinal ainda se encontrava vivo?
▪ Invalidade (2029º/2): Legitimário que não foi incluído pode exigir que lhe seja
composta em dinheiro a parte correspondente á sua legítima subjetiva;
▪ Nota: O 2029º/2 tbm á aplicável a legitimários que surjam por nascimento;

Liberalidades mortis causa de bens determinados/legados


- Legitimário já tem 1 quota na herança e é contemplado com 1 liberalidade, onde é que esta é
imputada?

3 possibilidades
- Art 2165º: Legado em substituição da legítima
▪ Instrumento de flexibilização da sucessão que opera á custa da vontade do legitimário

Frequentemente não quer ficar com menos do que lhe cabe


por lei, mas pode querer receber menos
- 2165º só funciona se o legitimário aceitar o legado em substituição da legítima; a formulação
do legado em substituição da legítima em testamento tem de ser clara, pq é a fig que + limita
os dts do legitimário

QI= 30 QD= 15
B 10
C 15 + 5 = 20

A B (A deixou em testamento um legado em substituição da legítima no valor de 10


- aceita o LSL, em vez de 15 terá dto a 10 e a diferença de 5 irá acrescer á porção do
outro filho, o C
C
Sucederia o mesmo se estivéssemos a falar de 1 legado por conta da quota onde o legado
deixado em testamento corresponde á quota do legitimário na herança
QI= 30 QD= 15
B 10 B- 7,5
C 15 + 5 = 20 C- 7,5

Pré-legado
- Vale por inteiro, é instituído em testamento, soma-se á quota;
- É o que se aplica quando o de cuius nada disser, visa salvaguardar a posição de pessoas que
normalmente não seriam beneficiadas por lei, mas que o podem ser por via de testamento;

Há quem defenda que quem aceita o legado em substituição da legítima perde todos os seus
dts no âmbito da sucessão legítima, só tendo dto a receber o que lhe couber por testamento

Nota: Aceitação da herança não pode ser anulada por erro simples, só pode ser anulada em
casos de dolo ou de coação (Lei nunca permitiu anulação da aceitação ou do repúdio da
herança por erro simples- 2060º + 2065º)

Aula Teórica nº 15 20/04/2022

2163º: Legado por conta da quota


- Testador não pode designar os bens que compõem a quota do legitimário (a contrario o
testador pode fazê-lo com o acordo do legitimário, este pode aceitar o preenchimento da sua
quota; o legitimário pode aceitar a quota “pura”, aceitar em vez da quota pura o legado ou
pode ainda repudiar tudo)
B (A deixa-lhe em testamento 1 legado por conta da quota no valor de 30)
A
C

QI = 40 QD= 20
B 20 10
C 20 10

Divergência
- Alguns defendem que é 1 “pré-legado”

JDP: Visa evitar que essa pessoa seja excessivamente beneficiada
Analogicamente deve-se aplicar a colação para evitar que haja 1 “avantajamento” de 1 dado
legitimário

Aplicação analógica da colação visa alcançar a igualação já que 1 dos legitimários ficou com +
do que lhe cabia por força da sua QI

Legado por conta da quota


- Lógica de “não dar mais que aquilo” a dada pessoa

-Sempre que se excede a quota hereditária entende-se que o excesso vale como pré-legado;
- Igualação raramente é absoluta;
- Se o legado em substituição da legítima for inferior á legítima subjetiva/porção da QI que
caberia ao legitimário, este perdia o dto á diferença

QI = 40 QD= 20
B 20
C 20

B (A deixa-lhe em testamento 1 legado em substituição da legítima no valor de 20)


A
C
Legado em substituição da legítima- 2165º/2: Legitimário que aceite o legado em substituição
da legítima perde o dto á legítima)

JDP: Quem perde o dto á legítima perde o dto a tudo o resto, logo, está tbm excluído da
sucessão legítima na lógica da “indivisibilidade da vocação”; legitimário perde tbm o dto de
acrescer.
Se perde o dto á + intangível das vocações, sendo herdeiro legitimário, tbm deverá perder o
dto áquilo que é supletivo (dto de suceder quanto á sucessão legítima) - Lógica da hierarquia)
- Ao aceitar o legado em substituição da legítima, o legitimário opta pelo título testamentário
pelo que perde o dto a suceder pela sucessão legitimária e pela sucessão legítima)

PCR: “Solução muito violenta”. A perda do dto á legítima por força da aceitação do legado em
substituição da legítima não implicaria perda do dto de suceder quanto á sucessão legítima ou
quanto á QD
- Quando o legitimário é chamado a suceder nas situações de legado em substituição da
legítima, este pode optar por qualquer 1 dos títulos, legitimário (legítima “pura”) ou
testamentário (o qual irá preencher a porção da legítima);
- Títulos não estão em “alternatividade”;
Ex: O legitimário opta pelo legado em substituição da legítima

Se for declarado indigno, mas tiver 1 filho este pode exercer o dto de representação nos
termos do 2039º e ss, quer pelo título legitimário, quer pelo título testamentário

JDP: Apenas há dto de representação quanto á sucessão legal pura- não há “dto de
preferência” entre o título legitimário e o título testamentário (2037º/2)

Legado em substituição da legítima é inferior á legítima subjetiva do legitimário; se este o


aceitar, perde o dto de acrescer- JDP (2137º/2)

PCR: Nada se altera no sentido em que o legitimário não perde o dto de acrescer; se este
tivesse 1 filho, o mesmo poderia representá-lo quanto á parte que o seu pai não quis ou não
pôde aceitar
- Campo das vocações indiretas, prevalece o dto de representação sobre o dto de acrescer;

Nota: Só se deve imputar liberalidades depois de verificar que vocações indiretas é que podem
funcionar
2103º- A: Atribuição preferencial
Há imputação da liberalidade numa quota específica (imputação é feita na meação dos bens
comuns e na quota sucessória)

Deixas a título de herança


- Legado em substituição da legítima não é aceitável num pacto sucessório (JDP);
- Tende-se a imputar na QD; se for 1 porção abstrata da herança deve imputar-se naquilo que
cabe a esse herdeiro
B -Há 1 pré-legado a favor de B, este deve imputar-se prioritariamente na QD;
A - Nada se diz no testamento, só + tarde é que se determina que vale 30;
C - Quando o pré-legado exceder a QD a imputação subsidiária tbm pode ocorrer
da QD para a QI, logo B receberia 20 de legado na QD e os 10 do pré-legado
seriam imputados na QI

Aula Prática nº 16 22/04/2022

- Tutela quantitativa da legítima (relaciona-se com a redução das liberalidades);


- Imperatividade da ordem de redução das liberalidades;
- 2178º: Caducidade da ação de redução de liberalidades por decurso do prazo (2 anos);
- Liberalidades em vida são válidas, só + tarde se vê se são eficazes ou não;
- A eficácia é superveniente, no sentido em que só se afere se as liberalidades em vida não
ofendem/afetam a legítima/são eficazes, após a morte do autor da sucessão/de cuius

Intangibilidade qualitativa da legítima


- Legitimário não se limita a ter 1 porção extensa da QI, este tem dto a 1 quota por preencher,
o de cuius está impedido de definir a porção da legítima que vai caber ao legitimário/ou os
bens/quantia que vai preencher a legítima subjetiva do legitimário contra a vontade do próprio
herdeiro legitimário: o testador não tem essa liberdade;

Não pode designar quais os bens que devem preencher a sua legítima

Ex: “Deixo o usufruto do meu património a 1 terceiro”


- Colide com o 2163º, trata-se de 1 situação de invalidade;
- 2164º: Exceção á proibição de onerações
Legitimários podem aceitar cumprir o legado onerado ou entregar ao legatário a quota
disponível

Legatário entrega os bens que lhe caberiam por legado aos legitimários e estes entregam-lhe a
quota disponível

JDP: Usufruto- Só se sabe o seu valor ao certo após a morte do de cuius


- O mecanismo previsto no 2164º visa evitar conflitos/cálculos + complexos

Legitimário tem a faculdade prevista no 2164º independentemente daquilo que “couber” na


quota disponível

PCR: Esta opção só funciona se o valor da QD for aproximado ao do usufruto que caberia ao
terceiro a título de legado.
Princípio da intangibilidade qualitativa da legítima (“Desdiz-se a si próprio”)
- De cuius pode atribuir bem X a 1 terceiro por testamento sem que haja inoficiosidade.
Imaginando que o de cuius só tem outro bem, o bem Y, o legitimário ficará forçosamente com
o bem Y (de cuius, está, deste modo, a preencher indiretamente a legítima do legitimário);
- De cuius não pode preencher diretamente a legítima, mas pode fazê-lo indiretamente,
deixando legados ou deixas a favor de terceiros/outras pessoas que não os legitimários;

Legitimário tem dto a 1 fração abstrata da herança


- Este não pode ver a sua legítima preenchida por determinados bens ou 1 determinada
quantia contra a sua vontade;
Pars valoris (Parte de 1 valor/1 quantia; 1 crédito que pode ser pecuniário; legitimário tem o
dto de exigir 1 valor em dinheiro correspondente á sua parte da herança)
Pars hereditatis (Parte da herança- 1 quota; sistema PT- legitimário é 1 herdeiro, tem dto a 1
quota abstrata/por preencher da herança, sendo que essa parte da herança envolve tanto 1
ativo como 1 passivo)
Pars bonorum (Parte de 1 bem/parte de 1 ativo)

AULA TEORICA nº 17 27/04/2022

Pendencia da sucessão
O fenómeno sucessório em sentido estrito só termina com a aceitação.
No nosso sistema por regra a aquisição só ocorre com a aquisição. Uma pessoa pode
ser chamada, mas nada adquire enquanto não aceita, o tempo de aceitação pode até
caducar e a sucessão passa para outro.
As situações patrimoniais que sobrevivem ao de cujus não tem sucessão, momento da
herança jacente, art.2046º.
Não é desejável prolongar um estado de indefinição de
situações jurídicas, a herança jacente pode trazer problemas, especialmente com a
alteração realizada ao 2046º que foi acrescentada (inseminação post mortem). Ex:
uma varanda cai em cima de um carro, mas a casa onde está a varanda corresponde
aos sucessíveis, o sucessível pode ir reparar a varanda, mas ao fazê-lo não significa que
está a aceitar a herança, 2056º/3.
Pode-se pedir ao tribunal que nomeia um curador da herança jacente, mas tal é um
meio indesejável, a herança pode ficar assim durante 10 anos pois só caduca, o prazo
de aceitação, passado esse prazo e só aí é que se chama a suceder outro herdeiro.

Um mecanismo que a lei tem é a notificação do sucessível para aceitar ou repudiar,


2049º, estamos perante um ato interrogatório; 2049º/2 o silencio vale como aceitação
neste caso quando não há uma resposta por parte do sucessível.
Quando ninguém aceita a herança e há um dano, não há responsabilidade dos
sucessórios, é o património que vai responder, ex: casos de incendio por terrenos que
não estão limpos e não há aceitação da herança, os sucessíveis não respondem por
esses danos, mas quando aceitarem os sucessíveis só respondem mediante o valor da
herança, não pagam uma indeminização se o valor for superior ao património.
O Estado quando é chamado por sucessível não pode aceitar nem repudiar, apenas
adquire.

No pacto sucessório designativo não há aceitação após a morte pois tal já ocorreu no
pacto.

A aquisição sucessória é a fase da aceitação ou do repúdio. A aceitação tem efeito


retroativo, a pessoa que aceita vê efeitos produzidos deste o momento de abertura da
sucessão, mas se repudiar tem-se como se os efeitos nunca tivessem ocorrido, o
repudio não produz efeitos.
Não se pode anular a aceitação quando tenha sido feita devido a erro simples, o
mesmo acontece no repudio, tem de haver erro por dolo 2065º e 2060º.
A vocação é indivisível, princípio da indivisibilidade da vocação, não se pode aceitar ou
repudiar em parte.

Quando às formas de aceitação e de repudio: o repudio exige a forma da alienação

Herança 2063º+2126º, tem sempre de ser um documento escrito, já a aceitação pode


ser expressa ou tácita, a tacita é aquela que se traduz de outra forma, mas não através
de um ato de administração 2057º/2, um repudio tácito tem de observar forma (ex:
não quero, fica para os meus filhos).

A contraposição da aceitação pura e simples (aceitação simples – aceito a herança) vs a


aceitação de beneficio de inventário (2053º implica um processo de inventário e pode
ser judicial ou notarial, implica saber logo o que há na herança) esta distinção é um
problema de ónus de prova. Qualquer sucessor só pode responder por encargos até ao
valor do ativo da herança,
EX: se o passivo é 10 e ele só tem 9, só paga 9; mas o problema é a prova de que não há bens
suficientes para pagar esse passivo –art.2071º. nestes casos o inventário permite provar os
bens da herança e previne que o herdeiro noa tenha de responder pelo património, nestes
casos a aceitação por inventário é melhor pois a aceitação simples pode implicar que o
herdeiro pague do seu “bolso”.

Art. 2067º é muito paradoxal pois o art.2066º diz que o repudio é irrevogável, tal como
a aceitação, mas este art.2066º diz que certas pessoas podem aceitar o que o outro
repudiou, estamos perante uma ficção, as pessoas não estão a aceitar o que repudiou,
o repudio é desconsiderado para satisfação dos credores;
ex: M tem filho F, e M deve 100 mil euros e A deixa 90 mil euros, A é pai de M, se M repudiar
para não ter de pagar ao credor e ficar para o seu filho, tal não acontece pois F vai ter de pagar
as dividas, mas os credores têm de pedir a sub-rogação. Mas se a herança fosse 110 mil e as
dividas são de 90 mil, pode-se sub-rogar, mas apenas ficam com 100 mil para pagar as
dividas mas o filho fica com os 10 mil, M tecnicamente nunca adquire nada, o património vai
satisfazer as dividas dos credores.

Em rigor, a aquisição termina com o fenómeno em sentido estrito, mas os problemas


não acabam aqui, depois há problemas de partilha, depois de a herança ser aceite, há
também problemas se apenas houver um sucessor, pois quando este vai ao banco para
levantar o dinheiro do pai tem de provar que é o único herdeiro.
AULA TEORICA nº 18 29/04/2022
Habilitação de herdeiros – uma das possibilidades de fazer prova de qualidade de
Sucessor

Habilitação notarial – pode-se fazer com base na declaração de cabeça de casal


REGENTE O que faz mais sentido é que a habilitação seja realizada pelo cabeça de
casal.
Depois da prova de qualidade de sucessor, o sucessor pode-se deparar com o
problema sobre onde estão os bens, 2075ºss, a lei prevê meios de ação de petição da
herança, corresponde a uma ação de reivindicação – raro momento em que se fala de
boa-fé

2078º qualquer herdeiro tem legitimidade para pedir os bens


Tutela do legatário – o herdeiro está em regra onerado, o legatário em regra para ter o
que lhe foi atribuído tem de pedir ao herdeiro e se o herdeiro negar pode interpor
uma ação por incumprimento
2279º – ação direta do legatário diretamente ao terceiro – reivindicação de coisa
Legada

Herança indivisa – antes da partilha da herança

Cotitularidade hereditária – enquanto não há partilha, se se quer vender um bem tal


só é possível com todos os herdeiros em conjunto e por norma os credores também se
dirigem a todos – antes da partilha, atos de administração ordinária
Cabeça de casal – órgão de administração ordinária da herança enquanto esta não for
objeto de partilha, apenas pode agir se não extravasar de atos normais, art. 2079ºss
2089º, as dividas são o passivo, mas no direito sucessório fala-se de dividas ativas
(créditos que a herança tem sobre outros) e dividas passivas (próprias dividas da
herança)

Testamenteiro – designado pelo testamento para exercer várias situações, pode vir a
ser cabeça de casal
Art.2080º, é apenas imperativo para o testador, mas depois do de cuius morrer pode-
se decidir quem é o cabeça de casal, até pode ser uma terceira pessoa, mas não
admite que o de cuius decida quem é o cabeça de casal.
O cabeça de casal tem acesso privilegiado, daí a que se perceba até certo ponto a
sonegação de bens, mas não é o único que pode realizar esta sonegação.

Sonegação de bens, art.2096º: Ocultação dolosa de bens realizada por herdeiros, para
que os demais não se apercebam que aqueles bens existem na partilha; tem dimensão
criminal e dimensão civil, a sanção civil é a de que quando descoberto o que ocultou já
não tem direito a suceder naquilo
O cargo de cabeça de casal é gratuito, nos termos do artigo 2094º.

Aula Teórica nº 19 04/05/2022

- Individualmente, ninguém pode dispor do bem da herança;


- Se o herdeiro não pode individualmente dispor de 1 determinado bem da herança pode
transmitir a sua quota/posição sucessória (2124º - 2130º)
• Alienação da herança;
- Extingue-se por pacto sucessório;
- Não recai na proibição dos pactos dispositivos, a pessoa já morreu, já se abriu a sucessão do
de cuius;
- Abrange qualquer tipo de negócio (pode-se doar a quota, vendê-la, deixá-la em testamento;

• O co-herdeiro pode autoexcluir-se da partilha;


- Mecanismos que permitem mitigar este fenómeno, ex- Dto de preferência

Remete para o regime da compropriedade


- Requer 1 mínimo formal, requer pelo menos doc particular autenticado (2126º);
Consequências da alienação
• Perda das prerrogativas e obrigações da herança;
• Quem aliena a quota não fica totalmente desonerado dos encargos- responde
solidariamente pelos encargos (2128º), tendo dto de regresso sobre o adquirente da
quota;

Herdeiro transmite a sua posição enquanto, por ex, herdeiro legitimário, pelo que o
adquirente terá dto á quota correspondente, poderá requerer a redução das liberalidades por
inoficiosidade…

Limite: Presunção do 2125º/2


B A não deixou testamento, cada filho tem dto a 1/3. D decide vender a quota
A C a T. Este T vai adquirir a quota.
D Após a alienação, o B repudia: Por força do dto de acrescer, esta parte será
“devolvida”, ao alienante, irá beneficiar D e não T; esta parte não se
considera estar incluída na alienação, a parte de B será repartida entre os
outros irmãos, D e C; beneficiar-se-á o D e não o T.

JDP: Não se compreende que alguém que já não possui a sua posição de herdeiro seja
beneficiado pelo dto de acrescer
-Não obstante, pode estabelecer-se por via do contrato de alienação que a parte resultante do
dto de acrescer tbm irá beneficiar o adquirente da quota e não o alienante como se pressupõe
supletivamente ou quando nada se diz a esse respeito

Partilha
- Geralmente contempla a posição dos herdeiros, dos credores, dos donatários e dos
legatários;
- No quadro do inventário, pode-se solicitar a redução de inoficiosidades, dá-se a
intervenção/queixa dos credores do de cuius…
- Atos tácitos
▪ Herdeiro legitimário não aceita, mas pretende exercer o dto á redução de
inoficiosidades- entende-se que está a aceitar tacitamente a herança;
- Divide-se entre liquidação e partilha da herança
A lei reparte a herança em liquidação da
Tem em vista o lado do passivo/encargos herança (2097º) e partilha da herança
Os legados tbm são tidos como encargos
para efeitos de liquidação

Liquidação da herança
- Pagamento/Satisfação dos encargos
• O próprio de cuius é fonte de despesas;
• cuius- 2070º/2 + 2068º

Em último lugar estão os legados; não se admitiria que as dívidas do de cuius fossem satisfeitas
depois dos legados (aqueles que sucedem a título gratuito por testamento)

O herdeiro é “atingido” primeiro, equivale ao “liquidatário da herança”

Encargos gerais
Imperatividade do 2070º/2
- Pode haver vários encargos pelo que há 1 ordem de satisfação consoante a sua categoria;
- Ex: Encargos como a pensão de alimentos do cônjuge (não surge no 2070º/2)

Parte do princípio de que a lista de encargos do 2068º não é exaustiva


“Exigir alimentos á herança”: Não é 1 legado, mas onera a herança

+ 2018º e 2020º: Dto a alimentos do cônjuge e do unido de facto


- Têm impactos/reproduções sucessórias: oneram a herança;
- Estes dts devem ser satisfeitos antes dos legados, “em penúltimo lugar” (JDP);

ML: Devem ser satisfeitos em simultâneo com o pagamento das dívidas do de cuius (encargos
alimentares a favor do cônjuge ou companheiro estão “ao mesmo nível” que o pagamento das
dívidas do falecido/de cuius)

Ideia de limitação da responsabilidade sobre os encargos


- Art 2068º
• Respondem os herdeiros pelo passivo, respondem externamente pelos encargos da
herança;
• 2097º + 2098º/1

“Efetuada a partilha, cada herdeiro só responde pelos encargos em proporção da quota que lhe
tenha cabido na herança”
• O que o de cuius estipular em testamento não vincula as pessoas que vão exigir os
encargos, tem eficácia meramente interna, vincula os herdeiros;

Aula Teórica nº 20 06/05/2022

Partilha da herança
• Modo de pôr fim a 1 situação de indivisão, de evitar situações de compropriedade

Impõe a divisão da coisa para ser desfeita


- Administração, até certo ponto, é possível

Na partilha exige-se unanimidade

Inventário-regulamento: Limita-se a responsabilidade, não se visa proceder á partilha

Inventário divisório: Visa-se proceder á partilha

Divisão conjugal: Mt restritiva/limitativa, cônjuge não pode alienar a sua quota/meação

Partilha
- Deve envolver porções de património, passa a haver dts particulares em vez de 1 dto comum;
- Ideal: Repartir o património em porções iguais
• Não tende a existir paridade na divisão hereditária;
• Antigamente tentava-se compor lotes com bens a sortear mais ou menos do mesmo
valor;
• Partilha paulatina: Herdeiros, conjuntamente, vendem os bens á medida que surgirem
compradores e depois efetuam a divisão do total entre si

Art 1111º/2 Código de Processo Civil


“Quinhão”; apresentam-se as seguintes hipóteses:
- Designar as verbas que vão compor a porção de cada 1 dos interessados;
- Compor lotes de valor igual e sorteá-los pelos interessados;
- Vender todos os bens ou parte deles e dividir o total por cada 1 dos interessados

Casos em que 1 dos bens vale + que os outros


- Pessoa que ficar com ele fica obrigada a dar “tornas”, a dar a diferença ou o excesso aos
outros interessados
Outro problema do inventário: Avaliação
- Interessados podem não estar de acordo quanto ao modo de fazer partilha, não concordam
com a avaliação de 1 dado bem, não concordam com a atribuição de determinada quota…;
- Sucessões: Tende a haver mediação: Muitos dos herdeiros são familiares; partilha gera
frequentemente conflitualidade

Quando todos estão de acordo a partilha pode ser feita de qualquer modo, até pode ser verbal
em casos de recheio; para imóveis é necessária maior formalidade/solenidade; tem-se de
respeitar as regras da alienação

Quando não há acordo, surgem problemas na partilha

Constitui 1 dto, herdeiros não têm de ficar numa situação de indivisão, de contitularidade
- Art 2101º: Cada 1 pode pedir a partilha quando quiser;
• Não se pode renunciar, mas podem dizer que não partilham durante 5 anos e não mais
que esse período; no entanto o mesmo pode ser renovado;
• Nos casos em que 1 criança ainda por nascer tenha sido designada como herdeiro, não
se pode realizar a partilha até que a criança nasça; a herança fica “criopreservada”;
• Partilha pode ser feita no cartório, no registo civil…
Quando não há acordo recorre-se ao inventário
- MP pode intervir para que se recorra ao inventário quando há 1 criança designada como
herdeiro;
Método de partilha por excelência quando não há acordo
1)Inventário divisório
2)Inventário destinado a fazer cessar a comunhão hereditária

Dto das Sucessões


- A matriz de inventário atual aponta para o fracionamento; quando não há acordo dá-se
poder á pessoa com + garantias bancárias/dinheiro/capacidade económica, para compor os
quinhões mediante pagamento;
- Da contitularidade pode-se passar á compropriedade quando não há acordo em relação a 1
dado bem;

Inventário (Crítica)
- A matriz processual é liberal; o inventário foi criado durante o liberalismo para destruir
famílias nobres com vários latifúndios para permitir a licitação por parte de terceiros/pessoas
com menor capacidade económica;
- 2009 (Simplificação)
• Pessoas não estão de acordo, 1 delas requer inventário, juiz fomenta/procura 1
acordo; a seguir ocorre a licitação apenas se não concordarem;

Remeter a partilha para os cartórios


Problema: Cartórios não são juízes, não são imparciais;
- Juiz era sempre chamado a intervir, havendo conflito o juiz tinha de intervir;

2013: Não se conseguiu flexibilizar a partilha; instituiu-se 1 regime dualista, pessoas podem
recorrer aos cartórios notariais ou aos juízes, mas verifica-se 1 predominância do
requerimento judicial
- Basta que 1 pessoa queira para se recorrer ao inventário

Estatuto sucessório da criança sobreviva


- Princípio da audiência da criança não se aplica neste contexto

Não está contemplada a possibilidade de esta ser ouvida ao contrário do que acontece com a
regulação de responsabilidades parentais

Partilha
Qual o valor da herança partilhável? (Não se incluem os legados na herança partilhável exceto
se estes forem inoficiosos)
- Há que abater os encargos gerais da herança (despesas com o funeral, dívidas do de cuius…)
para se chegar á herança partilhável;
- Frequentemente o de cuius era casado em regime de comunhão (geral ou de adquiridos) pelo
que há 1 “duplicação do fenómeno particional”

Atribuições preferenciais (Dizem respeito, principalmente, ao cônjuge)


- Há pessoas que têm dto de preferência sobre determinados bens para efeitos de
preenchimento da sua quota;
Ex: 2103º-A/1: “O cônjuge sobrevivo tem direito a ser encabeçado, no momento da partilha, no
direito de habitação da casa de morada de família e no direito de uso do respetivo recheio,
devendo tornas aos co-herdeiros se o valor recebido exceder o da sua parte sucessória e
meação, se a houver”.
- Quota hereditária + Meação (Quota do cônjuge sobrevivo é muito extensa/representa uma
grande porção da herança)

Encargos: De cuius tinha 1 cônjuge, ou 1 unido de facto/companheiro; herança está onerada


com o dto do companheiro de exigir alimentos

2119º: Efeitos da partilha


- Fenómeno de retroação, considera-se que os herdeiros a que se tiverem atribuído
determinados bens são tidos como “sucessores únicos” daquele ou daqueles bens como se o
tivessem sido logo após a morte do de cuius;
- Princípio da conservação da partilha (2122º - 2123º)
• Quando se descobre a existência de novos bens só se faz a partilha desses bens, a
partilha feita anteriormente não é desfeita, não se vai refazê-la, vai-se procurar
mantê-la na medida do possível;
• Se se descobrir que se partilharam bens que não pertenciam ao de cuius, tenta-se
conservar a partilha e beneficiar quem foi prejudicado;
• Regente: Partilha não tem efeito constitutivo, mas sim declarativo embora tbm se
possa considerar que tem 1 efeito modificativo;

Você também pode gostar