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Direito Administrativo II Prof Vasco Pereira da Silva Turma B

Aula Teórica nº1 02/03/2022

Princípio da legalidade
• Nasceu com o Estado liberal tendo sido marcado pelos traumas da infância difícil do
DA;
• Dto Administrativo sem fronteiras
o Junção entre a realidade psicanalítica e a realidade sem fronteiras
Contribuição principal dos liberais para o DA
- Princípio da legalidade enquanto princípio máximo do DA

Lei enquanto fonte máxima do poder submetida á Constituição

-Liberais e sua conceção da legalidade: princípio de reserva de lei (âmbito de atuação


reservado á lei) e de preferência de lei (esta impunha-se á Administração)

Visão limitada, formalista, do princípio da legalidade

Lei parlamentar que se reduzia a 1 “constrangimento menor da Administração” (só se faziam


cerca de 6 leis por ano)
- Lógica de Administração agressiva a qual gozava de poderes plenos;
-Elenco mt restrito de leis (Administração atuava a seu bel-prazer sem que para tal existisse
base legal;
- Lei em sentido formal restringia liberdades dos particulares

Administração enquanto detentora do poder público tinha “carta branca” para atuar de modo
discricionário
• É manifestamente inaceitável que atualmente a Administração seja livre, esta
submete-se irrevogavelmente ao controlo de legalidade, é 1 entidade de natureza
coletiva que prossegue fins estipulados pela lei, a qual especifica os seus modos de
concretização;
Poder de construir soluções legais, de vontades normativas que correspondem ao
ordenamento jurídico no seu todo
Esta aparente limitação no contexto do Estado Liberal, paradoxalmente, traduzia-se num
poder livre e desprovido de mecanismos que o restringissem, a Administração gozava de
plenos poderes (Auriot- “Administração gozava de “privilégios exorbitantes”
▪ Poder de execução prévia- Autotutela efetiva das suas decisões;
▪ Poder de decidir acerca dos particulares de forma autoritária;

Mt reduzida; conceção meramente formal do princípio da legalidade

Inadmissível no contexto atual, o seu conteúdo não se esgota na lei, abrange todo o
ordenamento. O princípio da legalidade deve ser entendido materialmente e de modo amplo

Lógica da Administração “multinível” - Ato administrativo não é executório e definitivo; a


Administração não define o Dto, essa tarefa cabe aos tribunais; a Administração é 1 meio
auxiliar do Dto que visa responder ás necessidades coletivas
Ato administrativo não é 1 ato de definição do Dto
≠ Ideia do ato administrativo enquanto ato de definição do Dto não é compatível com a
conceção atual
- A executoriedade prévia, do mesmo modo, não é aceitável atualmente;
- Execução prévia não é característica atual do DA assim como a executoriedade não é
característica do ato administrativo

Apenas as ordens são suscetíveis de execução coativa, os demais atos administrativos não o
são

Legislador do CPA- Põe termo á ideia de executoriedade prévia como característica geral
- Não obstante, o legislador estabeleceu a capacidade de limitar os poderes de execução

Princípio da legalidade: Ideia de reserva de lei remete para 1 noção de “propriedade”, mas
trata-se de 1 realidade incompatível com a conceção de 1 dto real
• O princípio da legalidade não pode ser entendido de modo restrito ou estritamente
delimitado, não se lhe encontra subjacente a ideia de 1 lógica “real” (Prof Lucas Pires)
Regente
✓ Rejeita a conceção “real” de reserva de lei; não se trata de 1 domínio exclusivo, tal
ideia é 1 disparate. A legalidade é 1 realidade que se conjuga ou coaduna com
diferentes aspetos nas suas conexões com os demais elementos

Noção de princípio de legalidade deve ser entendido no seu sentido material e não formal
- Possibilita 1 limitação/restrição efetiva da atuação da Administração

Surgiu com o Estado Social e na lógica de 1 Administração prestadora e infraestruturada


- Dto Alemão
▪ Ideia de juridicidade- noção de âmbito + alargado que a de legalidade

Tem como conteúdo 1 lógica material, ampla, aberta


➢ O legislador português resolveu este problema tendo definido “legalidade” do modo +
amplo possível, sem prescindir do elemento formal;
➢ Art 3º/1 CPA: Órgãos da AP devem atuar de acordo com a lei e o Direito;
o Realidade + ampla e diversificada que a lei;
o Introduziu 1 alargamento no sentido em que tanto os poderes vinculados
como os discricionários se inseriam no âmbito da legalidade;
➢ Art 3º/2: Atos praticados em estado de necessidade contrários aos princípios do nº
anterior são válidos
o Regente considera que este art padece de inconstitucionalidade visto que a
submissão á lei e ao Direito consiste num princípio estruturante;

AP encontra-se subordinada á lei e ao Direito


Em sentido formal, lei da AR, DL do Gov e decreto legislativo regional

- Na nossa ordem jurídica o princípio da legalidade consagra igualmente o princípio da


constitucionalidade, subordinação á CRP, e neste estabelece-se tbm a subordinação ao Dto
Europeu, ao Dto Internacional e ao Dto Global
Cabem no princípio da legalidade atos de cariz regulamentar emitidos pela AP, constituindo
fontes de Dto, impondo a subordinação dos demais atos ás regras vinculativas anteriormente
estabelecidas pela AP
Está vinculada á ordem jurídica que ela própria criou

Dimensão supralegal e infralegal na conceção do Dto Português


- Na nossa ordem jurídica a ideia de legalidade coincide com a de juridicidade

Diversas fontes de Dto Conceção extremamente ampla

Lei enquanto lei constitucional


▪ A ideia de que o Dto Constitucional se sobrepõe á lei é 1 ideia moderna;
▪ Otto Mayer: Verdadeiramente importante é o DA, este sobrepunha-se ao DC;
▪ “O DC passa, o DA fica/permanece/dura”;
▪ Constituições- Conj de regras fundamentais de onde se destaca a separação de
poderes, mas, este é, essencialmente, de cariz político, sendo suscetível de alterações
por força do exercício do poder constituinte originário
(Requerer-se-ia sempre por isso a existência de órgãos jurisdicionais que zelassem pelo
respeito da Constituição)

Art 18º CRP


- No quadro da nossa ordem jurídica a CRP encontra-se sujeita a 1 controlo por parte dos
tribunais constitucionais
Ex: Contexto da Constituição de '33 : DC era meramente político, carecia de eficácia efetiva
(órgão + importante de acordo com a Constituição- PR, poder efetivo residia no Pr do Conselho
de Ministros/ PM)

✓ A existência de 1 lógica constitucional que estabelece princípios e regras estruturantes


de valor supralegal conduz á noção de que o DA é “DC concretizado”;
✓ Relação de dependência recíproca entre o DC e o DA;
o DC depende do DA, o DA é a concretização efetiva do DC;
o DA depende do DC, este estabelece e regula todos os aspetos da vida jurídica

Aula Teórica nº 2 07/03/2022

Princípio da legalidade
Consequências da sua evolução no quadro da Teoria das Fontes
• Construção formal, limitada e fechada enquanto herança do liberalismo;

Parlamento tinha 1 ativ reduzida. Leis eram escassas, Parlamento deveria intervir o mínimo
possível
- Admin estava muito pouco limitada, posição de superioridade face aos particulares;
- Controlo externo é formal/limitado/fechado

Mais tarde com o Estado Social


Noção material de lei
• Alargamento a todo o ordenamento jurídico;
• Teoria da juridicidade;
Atualmente
Equiparar legalidade e juridicidade

Incorporar a noção de legalidade na de juridicidade – solução + adequada
- CPA (Impõe o cumprimento da lei e do Direito- definição + abrangente de legalidade)

Integram a noção material de lei 1 domínio supralegislativo e infralegislativo;


- Normas, princípios e valores que são igualmente fontes de DA
Princípio constitucional
• Dts dos particulares face á AP, regras e princípios de atuação da AP, princípios de
procedimento, regras de processo

AP está diretamente vinculada a estas normas

Legalidade em sentido amplo


- CRP vincula diretamente a AP e demais entidades públicas (art 18º CRP)

DA enquanto DC concretizado (Regente: relação de dupla dependência)


- DA depende do DC dado que as suas grandes opções são reguladas pelo Dto Constitucional;
- DA encontra-se sujeito do mesmo modo a eventuais alterações que ocorram na Constituição;

AP está submetida a princípios constitucionais (Dependência do DC face ao DA)

Se este não aplicasse o DC a Constituição passaria a ser letra morta/morreria

Obriga a introduzir 1 conceção + ampla/+ aberta quanto ás fontes de Dto/realidade jurídica


administrativa
Superação da conceção + redutora de Otto Mayer “O DC passa, o DA permanece/fica”

Verifica-se 1 relação de dupla dependência

Para além do DC há que integrar o Dto Europeu


- Dto comunitário/comum elaborado pelos órgãos da UE mas que engloba o Dto de cada
Estado

Miscigenação entre Dto Interno e Dto Europeu


-Princípio da aplicabilidade direta e princípio do primado;
- Regula todos os aspetos da vida jurídica;
- UE estabelece normas de cariz maioritariamente administrativo

Constelação de Estados que exerce em comum a função administrativa


- Dto Comum Europeu
-Tem 1 conj de normas jurídicas próprias, algo que a diferencia das demais org internacionais
de Estados;
Extrema importância do Dto Europeu no âmbito da regulação dos contratos públicos e outros
setores da ativ administrativa
Não se justifica a distinção entre contratos administrativos e contratos privados
- UE afastou essa distinção, adotando/elaborando 1 regulação comum/geral;

UE possui 1 Constituição material que assegura o princípio da separação de poderes e a


garantia dos dts fundamentais (Ex: Dto á boa administração)

Regente: Tbm se deva considerar que existe 1 dupla dependência entre DA português e Dto
Europeu
- Dto Interno de cada Estado-Membro concretiza as normas administrativas europeias
- Dto Europeu enforma/influencia necessariamente o Dto Interno de cada Estado

Dto Global- Visão + ampla das fontes de Dto, elemento supralegislativo/supralegal no âmbito
das fontes de DA

Casos Tuna Fish Bowl + Caso das tartarugas


- Concluiu-se a necessidade de normas procedimentais adequadas;
- Consagração do princípio da proporcionalidade e do princípio do respeito pelo Dto Global

Fonte de Dto; engloba princípios que, apesar de não estarem consagrados no Dto Interno de 1
dado Estado, fazem parte da Constituição jurídico-material do Dto Global e que se devem
aplicar em todos os ordenamentos

Realidade administrativa é 1 realidade multinivelada apesar de a aplicação do Dto Global não


ser uniforme de Estado para Estado
Regente: Apesar de o CPA cumprir a Constituição material europeia e de ter tentado
concretizar o princípio da boa administração, este ficou aquém de 1 devida concretização da
mesma
Nota: CPA deverá ser interpretado de acordo com a Carta Europeia dos Dts Fundamentais

DA Global
As suas regras jurídicas são diretamente aplicáveis a todos os níveis dos ordenamentos
jurídicos (á semelhança do DIP, por ex)
- Introduz-se 1 juízo valorativo face a Estados que não respeitam os princípios estruturantes da
ordem jurídica internacional ou de 1 ordem constitucional aberta no âmbito do Dto Global

Trata-se de valores jurídicos que possibilitam 1 juízo acerca do seu desrespeito

Caso de Putin, invasão da Ucrânia – Flagrante violação da ordem jurídica internacional +


Ilegalidade
Realidade translegal do Dto Global
• Permite realizar 1 juízo não só ético mas tbm jurídico-material

Dimensão infralegislativa
o Mesmo realidades jurídicas de valor infralegal são suscetíveis de influenciar a ordem
jurídica;
o Ex: Regulamentos (atos normativos);
o Legislador pode entender que serão essas realidades infralegais que irão regular 1
dado setor ou importante setor da vida jurídica. Ex: Dto do Urbanismo ( a sua
regulação assenta, na sua maioria, em regulamentos que estipulam o seu desenv e
concretização no nosso ordenamento

Submetem-se sempre á legalidade, sucede apenas que, dada a sua natureza regulamentar,
estes consistem em atos infralegais mas tratam-se, de qualquer dos modos, de atos
normativos que constituem fontes de Dto infralegais
Ex: Planos de urbanismo municipais (remetem para atos de natureza regulamentar)

Contratos constituem igualmente fontes de Dto


Ex: Contrato Ponte sobre o Tejo (LusoPonte)- Este contrato obrigou a que a construção da
ponte se submetesse/respeitasse normas de proteção ambiental

Menor impacte ambiental, requisitos foram impostos de forma a evitar a perturbação da fauna
e da flora, do mesmo modo que a LusoPonte ficou obrigada a providenciar e assegurar a
manutenção/monitorização do estado da ponte
- AP não pode mudar de opinião de forma retroativa, as normas valem para o futuro assim
como as disposições contratuais a que a mesma se vinculou

Há normas jurídicas que visam assegurar o respeito pelo Dto do caso concreto estabelecido
por atos administrativos (Fonte de DA)

Lógica de realidade multinivelada permite 1 alargamento da noção de legalidade num âmbito


de diversas realidades de fontes jurídicas multilaterais

Aula Teórica nº 3 09/03/2022

No quadro do DA as fontes correspondentes ao princípio da legalidade


-Fontes legislativas em sentido formal;
-Fontes supralegais;
-Fontes infralegais (regulamentos e outros atos administrativos – ex: quando a AP celebra
contratos pratica atos administrativos; contratos podem estipular regras que perduram no
tempo- caso do contrato da ponte sobre o Tejo)

Atos administrativos- Depois de praticados não podem ser alterados sem mais nem menos,
Administração tem a obrigação de os respeitar
- Eventual alteração de critérios só vale para o futuro

DA multinível
A cada nível em que se exerce o poder administrativo existem fontes diferentes que regulam a
ativ jurídica
Há do particular para o Global
- Níveis relacionam-se uns com os outros numa lógica de interpretação da ordem jurídica

Administração só pode atuar segundo a legalidade e nos termos em que a lei o estabelecer

Dependente da legalidade e de forma legal/norma habilitante para atuar


Poder de natureza vinculada
Lei diz que a Administração deverá atuar ponderando as circunstâncias do caso concreto
- Concede-se alguma discricionariedade

A lei não prevê todas as situações nem o deverá fazer, caso assim sucedesse, a ordem jurídica
deixaria de ser flexível
• A lei não pode estipular de forma extremamente rígida todas as soluções para 1 dada
questão;
Deve estipular os critérios pelos quais a Administração deverá decidir/atuar, confiando
que esta atuará acordadamente
o Discricionariedade no âmbito da atuação da Administração é fundamental

Não se trata de 1 “carta em branco” para a Administração, esta encontra-se sujeita ao respeito
de diversas exigências estipuladas por lei
- Havendo critérios/parâmetros de decisão, limites, a AP encontra-se vinculada a estes, caso se
afaste dos mesmos estará a incorrer numa ilegalidade;
- Discricionariedade e vinculação, num contexto de 1 lógica de princípio da legalidade
material/extensa/flexível/ampla, acabam por coincidir, uma não existe sem a outra

AP encontra-se vinculada a respeitar o ordenamento jurídico no seu todo (Dto Interno, Dto
Constitucional, Dto Europeu, Dto Global…)
- Administrar tornou-se + difícil

Aumento do controlo sobre a AP mesmo quando lhe cabe decidir, pois a sua decisão
enquadra-se em objetivos e finalidades pré-estabelecidos de acordo com o espírito do
ordenamento jurídico

Maurice Auriot, João Caupers, MRS


Alargamento do conceito de legalidade

Para estes autores deveria antes falar-se em bloco de legalidade

Regente: Termo/noção incompatível com a ideia de flexibilidade que se pretende


- Ignora a realidade supralegal e infralegal (Visão limitada do princípio da legalidade)

Outra conceção: “Bloco de constitucionalidade”

Regente: “Um pouco melhor”; permite o alargamento á Constituição, mas rejeita ainda a
noção de flexibilidade no âmbito do princípio da legalidade
▪ Esquece de novo a dimensão supraconstitucional e infralegal;
▪ Não é possível que a AP administre de modo vinculativo todas as situações/questões;
▪ Lógica de “bloco” implica rigidez o que iria prejudicar a atuação da AP

Necessita de poder efetuar as suas escolhas, nunca deixando estas de ser reguladas por
determinados critérios e parâmetros

“Discricionariedade é 1 exceção á legalidade”


- Conceção autoritária (Marcello Caetano)
Regente- “Perfeito disparate”
✓ Poderes de escolha deverão sempre existir. Não há situações somente
discricionárias nem somente vinculadas;
✓ Conceção + aberta se bem que + “controlada” da noção de discricionariedade

1) Marcello Caetano – Perspetiva tradicional/clássica (séc. XIX)


• Modelo de Administração autoritária, legalidade meramente formal;
• Poder discricionário enquanto exceção á legalidade;
• Manifestamente inadmissível, lógica fechada de legalidade (Regente);
• 2 vinculações que existiam sempre no âmbito de poderes discricionários
o Elemento da competência;
o Fim legal;
- Competência tem 1 fim, se este não for prosseguido verifica-se 1 ilegalidade;
- Tirando estes 2 elementos tudo o resto eram exceções á legalidade

2) Freitas do Amaral
• Não há na ordem jurídica portuguesa atos totalmente discricionários nem totalmente
vinculados;
• Não se deve olhar á perspetiva do ato, mas á perspetiva do poder

Discricionário OU Vinculado

Atos nunca são apenas discricionários ou apenas vinculados
- Conceção válida até hoje, “atos nunca são apenas 1 coisa”

Problema: Freitas do Amaral- considerava que discricionariedade equivalia a liberdade

AP nunca pode ter liberdade, esta é típica das pessoas e não dos órgãos, AP não atua de
qualquer forma que lhe aprouver tem sempre de respeitar, forçosamente, determinadas
regras e procedimentos, tendo em vista a prossecução do interesse comum

3) Professor Sérvulo Correia


• Lógica alemã transposta para o Dto Português;
• Há, no quadro do poder discricionário, 2 realidades;
a) Margem de livre apreciação
Momento em que a AP aprecia os factos antes de tomar a decisão; fase anterior á decisão
b) Margem de livre decisão
Pode ser maior ou menor
- Regente: Os próprios poderes têm aspetos vinculados e aspetos discricionários
Crítica:
o Interpretar a lei para Sérvulo Correia é 1 ato vinculado~

Regente: Interpretar a lei implica escolhas. A 1ª opção que o intérprete tem de realizar é a
interpretação da lei, o 1º momento de escolha Existem vários outros momentos

Conceção de Sérvulo Correia- Deixa de fora, não considera a interpretação como 1 momento
de escolha

Regente: A margem de escolha não é, mesmo assim, livre, tem de estar de acordo com o
espírito do ordenamento jurídico
- A designação de “livre margem” é inútil, o termo “livre”, aplicado á atuação da AP não faz
sentido
Sérvulo Correia: Estabelece regimes jurídicos diferentes para as figuras de discricionariedade e
vinculação
≠ Isto afigura-se incompreensível para o Regente, tratam-se ambas de figuras/dimensões do
princípio da legalidade, nada justifica que haja regimes diferentes

4) Regente (VPS)
• Há vários momentos onde se verifica/ocorre 1 escolha, nomeadamente na
interpretação da norma;
• Lógica de continuidade;
✓ Interpreta-se o sentido da norma, ativ que vai condicionar a aplicação da
própria norma;
✓ Momento da apreciação;

O que está em causa é 1 realidade em que, desde a interpretação á decisão, se verifica 1 lógica
de continuidade, no sentido em que todos os atos possuem aspetos vinculados e
discricionários

Se a AP não respeitar a vinculação á legalidade deverá ser responsabilizada por essa conduta

Poderes vinculados e discricionários são controlados pelos tribunais

Não existe reserva de administração, os tribunais podem sempre efetuar o controlo das
atuações da AP, não há domínios exclusivos da Administração na medida em que a
intervenção/fiscalização dos tribunais competentes é sempre possível

Aula Teórica nº 4 14/03/2022

Poder discricionário
A aplicação da lei é 1 ato que assenta na interpretação de 1 norma; esta vai ser convertida em
“law in action”, o intérprete faz escolhas que são balizadas pela lei/norma

Momentos
1) Interpretação Elementos normativos/vinculados +
2) Apreciação dos factos Elementos discricionários
3) Decisão

Procedimento em que os 3 momentos se misturam/ligam, apesar de serem logicamente


sucessivos
- Lógica culturalista do entendimento do Dto
Ciência cultural, expressa-se através da ordem jurídica
• Culturalistas: recorrem á cultura para entender diferentes realidades jurídicas
a)Há quem defenda que se trata de 1 tarefa criadora, recorrendo á “tradução” entre
diferentes ordenamentos; esta tradução implica recriar/transpor 1 linguagem noutra;
transporta-se 1 realidade do Dto para 1 realidade dos factos

b)O jurista vai pegar numa norma, interpretá-la, numa tarefa criadora e vai recriá-la em
público numa lógica “cénica”, semelhante ao teatro;
- O jurista, a sua interpretação, será alvo de escrutínio público; esta dimensão cultural é
inerente ao próprio Dto que é em si 1 expressão cultural

1º: Ler para interpretar 2º:Apreciar os factos 3º: Decidir com base nos passos anteriores

O intérprete analisa os factos tendo consciência de que diferentes análises terão diferentes
consequências a nível do resultado final.
- O intérprete, no âmbito da sua discricionariedade, procede a escolhas quanto aos meios a
utilizar mas sempre de acordo com os critérios que a lei tiver estabelecido

Escolha discricionária, trata-se das opções que o legislador providencia/deixa ao aplicador do


Dto

“Fugindo da receita” ou das opções legalmente possíveis/previstas, está-se a cometer 1


ilegalidade
- Cada poder tem aspetos vinculados e aspetos discricionários

Há regras quanto ao modo de escolher/orientações que correspondem a aspetos


vinculados/vinculação

A margem de decisão corresponde a 1 aspeto discricionário (escolha/opção entre as hipóteses
legalmente previstas)

Ir para além das situações/opções legalmente previstas é estar a cometer 1 ilegalidade


- Vinculação e discricionariedade no momento em que se interpreta, no momento em que se
aplica e no momento em que se decide.

Conceitos indeterminados: permitem maior margem de discricionariedade apesar de existirem


sempre aspetos vinculados quanto á sua interpretação sob pena de violar a lei
Se o aplicador do Dto exceder a sua margem de discricionariedade, ignorando det aspetos
vinculados, a decisão concreta irá padecer de ilegalidade

Apesar de se conceder margem de escolha de entre os modelos legalmente possíveis, há


aspetos vinculados a que a decisão se encontra sujeita
- Toma-se 1 decisão cujo conteúdo vincula a Admin podendo esta ser responsabilizada pela
mesma

Interpretar, aplicar e decidir Em todos estes momentos se verificam aspetos vinculados e


aspetos discricionários
Há indicações que estabelecem 1 fim mas conferem ao aplicador do Dto margem de escolha
quanto á sua prossecução/concretização, especialmente no âmbito da interpretação de
conceitos indeterminados
- Legislador estabelece sempre 1 vínculo/norma imperativa cujo desrespeito implica 1
ilegalidade

A possibilidade de optar por outros complementos á decisão tem igualmente aspetos


vinculados
“Olhar para a norma”, interpretá-la, o que implica escolhas tbm na interpretação de conceitos
vagos e indeterminados o que por sua vez pressupõe outras escolhas relativamente á melhor
interpretação ou á interpretação + adequada ao caso concreto
- Os factos, podendo variar assim como as interpretações, podendo ser diferentes, irão levar a
diferentes interpretações, que serão, á partida, igualmente válidas

Regente: Discorda da noção de que interpretar a lei é 1 poder vinculado

Contempla a realização de escolhas/dimensão discricionária


+ Implica a apreciação de factos e seu enquadramento no contexto da norma
- A subsunção dos factos á norma por vezes não é suficiente, há que aferir/procurar outros
factos
Margem de apreciação
- Pode obrigar o aplicador, a Admin, a fazer 1 esforço para apreciar e reconduzir os factos ao
mundo do Dto, segundo vínculos, mas sem abdicar de 1 certa margem de discricionariedade

Margem de apreciação Margem de interpretação Margem de decisão

Cabe ao aplicador, com base nos parâmetros legalmente estabelecidos, realizar escolhas de
caráter discricionário, mas que se submetem sempre a aspetos vinculados

Estas operações são sempre suscetíveis de ser controlados quer por via dos vínculos especiais
estabelecidos nas normas, quer por via dos vínculos gerais da boa administração, da igualdade,
da boa-fé, da proporcionalidade…
(Novo entendimento do princípio da legalidade que permite 1 controlo integral dos atos da AP)

Aula Teórica nº 5 21/03/2022

Escola culturalista
- Utiliza a cultura para explicar esta realidade do Dto;
- Culturalismo: permite entender o processo de aplicação do Dto (Interpretação, Apreciação
dos factos, Decisão)
• Elementos vinculados quanto ao modo de execução;
• Elementos discricionários quanto á decisão;

Pluralidade de SJ
- O mesmo caso pode ter sentenças diferentes quando julgadas por tribunais diferentes;
- Realidade comum ao Dto e ás realidades culturais; diferentes modos de entender o Dto
• Tarefa do jurista tem 1 dimensão criadora e que implica margens de escolha, mas
nunca é livre, há sempre modos de controlo/aspetos vinculados;

Princípios: Valores fundamentais da ordem jurídica têm de ser aplicados tal qual as normas;
têm 1 peso autónomo:
- Fixação de parâmetros, de limites de decisão

Vinculações genéricas ≠ Vinculações especificas


- Princípios que são diretamente aplicáveis
(parâmetros de controlo e decisão)

Visão restritiva de Marcello Caetano


- Não é aceite atualmente, mas este autor introduziu a ideia de vinculação do poder
discricionário ao vínculo de competência (exige-se norma habilitante- parâmetro de
competência, o seu desrespeito implica 1 ilegalidade)

Lógica de incompetência relativa (tem a atribuição, mas não tem a competência)


Ocorre dentro da mesma pessoa coletiva
Ex: Pr da Câmara pratica 1 ato da competência da Assembleia Municipal (competência deveria
ter sido exercida por outro órgão dentro da mesma pessoa coletiva mesmo que no âmbito das
mesmas atribuições)

Quadro do Gov
- Ministros têm competências semelhantes, mas atribuições diferentes;
- Quando 1 Ministro pratica 1 ato da competência de outro ministro dá-se 1 ilegalidade:
• Vício de competência;
• Vício do fim legal/da atribuição;

Marcello Caetano caracterizava esta ilegalidade de “desvio de poder de interesse público”


- Ilegalidade ocorreria em casos de prossecução de fim de interesse público diferente da
atribuição do órgão;
- Vício de desvio de poder por motivo de interesse público
Regente: Vício de fim

Caso da enfermeira, hospital determinou a sua expulsão da função pública alegando falta de
profissionalismo, más práticas…
- Tribunal concluiu que o fim do ato de punir não estava a ser prosseguido na sua dimensão
disciplinar;
- Prosseguiu-se 1 fim diferente daquele que consta da lei
• Sanção de expulsão da Função Pública nunca poderia ocorrer;

Desvio de poderes por motivo de interesse privado


- Titular de poderes públicos utiliza-os para beneficiar 1 conhecido/amigo; Freitas do Amaral:
estamos perante a nulidade do ato, casos de corrupção;
- Marcello Caetano só considerava estes casos, mas “Desvio de poder era o único vício que
podia ser alegado no âmbito do poder discricionário”

Regente considera isto 1 disparate, o poder discricionário é suscetível de todos os vícios
FA tbm admite estas 2 dimensões, não faz sentido limitar o desvio de poder ao poder
discricionário, este tbm ocorre nos casos de poderes vinculados

Poderes vinculados tbm consagram aspetos discricionários e vice-versa

Ilegalidade material: Não faz sentido distinguir entre desvio de poder e ilegalidade, são ambas
ilegalidades em sentido material

Princípios tbm fornecem parâmetros de decisão e controlo para a AP


- Ordem jurídica global, constitucional, CPA;

Princípios que se aplicam diretamente no quadro das RJ administrativas;


- Procedimento equitativo;
- Proporcionalidade

Ordem euro comunitária – CDFUE- Princípio da boa administração- aplica-se no quadro da


ordem jurídica portuguesa desde o CPA de 2015.

Princípios da CRP
- Vinculam a ativ pública e privada diretamente;
- Arts 266º e 267º
• Princípios que se foram alargando em cada revisão constitucional;
• Ex: Princípio da prossecução do interesse público;
• Dicotomia: A AP não pode prosseguir o interesse público sem respeitar os dts dos
particulares, sem os salvaguardar;
 Característica imprescindível no quadro do Estado de Dto (Compromisso entre
os 2 princípios- prossecução do interesse público + respeito pelos dts,
liberdades e garantias dos particulares)

Normas que permitem controlar a atuação da AP + Princípios de natureza organizativa


Exs: Desburocratização, participação… outros deveres de natureza fundamental
CPA, quer na versão de 1990, quer na de 2015, alargaram tbm o âmbito dos princípios
Versão de 2015- Alguns criticaram a existência de “demasiados princípios que não podiam ser
todos cumpridos” ≠ VPS: O que interessa é que estejam bem formulados, o seu nº é
irrelevante

1)Princípio da legalidade (Art 3º CPA)


Art 3º/2: Caracterização do estado de necessidade, para o Regente, é inconstitucional nos
termos do 3º/2 CPA
- Não está em causa a conceção de estado de emergência da CRP;
- “Atos praticados em estado de necessidade” são válidos quando os seus resultados não
pudessem ser alcançados de outro modo
• Como é que se afere que os resultados não poderiam ter sido alcançados de outro
modo?
• Este art 3º/2 para o Regente é inconstitucional

Princípio da proporcionalidade (art 7º CPA)


- Responsabilização da AP por atos lícitos, ou seja, mesmo sendo atos adequados, necessários
e proporcionais podem ser alvo/dar origem a responsabilidade da AP;
Notas: Violação do princípio constitucional- Admitir que o dto á indemnização se cumula com a
responsabilização da AP
- Prossecução do interesse público;
(Formulação correta, pressupõe o respeito pelos dts dos particulares)

Princípio da boa administração (art 5º CPA)


- Legislador concretizou a norma da CDFUE; não era necessário pq esta já se aplicava;
- Foi excessivamente minimalista;
• AP, a sua atuação deve pautar-se por critérios de eficiência, economicidade e
celeridade;
• Elaboração é insuficiente;
• FA: Está em causa o mérito da decisão pelo que este não é 1 princípio jurídico

CDFUE tbm consagra o dto á fundamentação, á audiência prévia
- Princípio da boa administração continua a ser 1 princípio jurídico;
- Princípio do “due process of law”

Portugal: Decisão equitativa; deve procurar-se a norma procedimental e a realidade


procedimental que permitem a melhor decisão para o caso concreto

Aula Teórica nº 6 23/03/2022

Princípio da boa administração


- Concretizado em 2015;
- Consagrado na CDFUE: princípio já era aplicável na ordem jurídica portuguesa;
- Já podia haver atuações da AP que violassem o princípio da boa administração e estas
podiam ser sancionadas pelos tribunais;
Art 5º CPA: Pouco específico, âmbito de atuação é + extenso
• Critérios de eficiência, economicidade e celeridade;
• Admin está sujeita a 1 prazo máximo de resposta, deve responder num prazo razoável
aos particulares

Princípios e critérios já consagrados direta e indiretamente na CRP


- Prof Sousa Franco: Princípios implícitos na CRP em matéria de Finanças Públicas

- Este art tbm deveria integrar


• Princípio da audiência ou da audição dos particulares/princípio da participação (267º/1
CRP) - Princípio e dto fundamental;
• CPA: Obrigatoriedade da audiência dos particulares (exigência genérica)

Dto á informação
- Garantido no dto á boa administração na CDFUE;
- Dto autónomo, conjuga-se com o princípio da administração aberta

Princípio da fundamentação
- Elemento essencial de 1 Admin democrática;
- Fundamentação: através da qual os particulares aferem se os requisitos/critérios legais se
encontram preenchidos/cumpridos

Norma europeia consagra outro princípio que não se encontra consagrado na ordem jurídica
PT
- Princípio da administração equitativa
Fica aquém do princípio do “due process of law”; procedimento deve ser adequado á situação,
permite 1 controlo adicional;
o Ideia de procedimento devido/adequado deveria encontrar-se consagrada no nosso
ordenamento
Princípio da boa administração
- FA considera que este não é 1 princípio jurídico, não é 1 princípio obrigatório

Regente: Todos os princípios são obrigatórios, a lógica de alargamento da legalidade abrange a
extensão de princípios jurídicos/ com juridicidade, os quais são suscetíveis de fiscalização

Lógica da Admin agressiva


Controlo da “mera legalidade”
• Deixava de fora o que se relacionasse com o mérito da atuação da AP

Princípio da proporcionalidade
- Transformação quanto ao modo de entender o poder discricionário;
- Regras de mérito da decisão, o seu desrespeito gera ilegalidades materiais

Princípio da igualdade
- AP não pode discriminar;
- Particulares, ao contrário da AP, e em abstrato, podem ter comportamentos discriminatórios
(desde que não violem princípios fundamentais da ordem jurídica esses comportamentos são
naturais, á partida não levantam problemas de maior- ex: Senhora deixa a herança apenas a 1
dos netos)

Entidades públicas não podem ter comportamentos discriminatórios, têm de tratar todos com
fundamento na igualdade- O dever de respeito pela igualdade que impende sobre a AP é
superior àquele que impende sobre os particulares

Profs Rui Machete e Marcello Caetano


- Critério externo que indiretamente influencia a AP

Princípio da proporcionalidade
• Necessidade; A violação de qualquer 1 deles acarreta a ilegalidade da
• Adequação; decisão/atuação da AP
• Proibição do excesso;
- Permite controlar o próprio exercício da escolha;
- Ex: Estado de necessidade só prevê limites procedimentais e não materiais (“manifestamente
inconstitucional” na sua redação do art 2º CPA)
- Dupla dimensão, implícita na formulação do 7º/1 CPA
Princípio da justiça e da razoabilidade
- Justiça: Valor ético assumido pelo Dto;
- Razoabilidade: Critérios de Dto relacionados com aspetos culturais; juízo de racionalidade,
função do Dto; princípio da razoabilidade é 1 princípio constitucional;
- Ordem jurídica será, forçosamente, racional
Regente: Não percebe a junção destes princípios num só art
• Legislador não fez a distinção, mas esta deverá ser feita;
 “Não quis” definir justiça pelo que agregou no mesmo art os princípios da
justiça e da razoabilidade/racionalidade;
• Princípio só se aplica às situações que violem gravemente o seu conteúdo;
• FA: Critério da razoabilidade é 1 realidade ético-filosófica pelo que não terá
aplicabilidade- Regente discorda

Violação do princípio da justiça


Ex: Não utilização de verbas atribuídas pela EU dentro do prazo previsto, se o dinheiro, que
tinha 1 fim especial, não for aplicado gera 1 injustiça/violação do princípio da justiça

Princípio ético que tbm é 1 princípio jurídico, permitindo o seu controlo em casos de grave
violação

Princípio da imparcialidade
- Externo, mas condiciona a atuação da AP;
- AP não deve decidir situações em que órgãos de natureza coletiva ou individual/titulares de
cargos públicos tenham interesses diretos

Quem tem interesses diretos ou indiretos não pode intervir nem decidir, se o fizer estará a
cometer 1 ilegalidade e a violar o princípio da imparcialidade

Impedimentos: Devem ser declarados pelo próprio interessado; alguém/terceiro pode


levantar a questão do impedimento se o interessado não o fizer
Suspeições: Mecanismos preventivos da violação do princípio da imparcialidade; de âmbito +
amplo, as causas não implicam relação de especial intimidade ao contrário do que sucede nos
impedimentos; não há automaticamente ilegalidade, esta afere-se casuisticamente
Ex: Casos de oferta- Barreiras em relação às suspeições; ofertas até 1 certo montante não
acarretam ilegalidade
Casos de nomeação de familiares- decisão tem de ser tomada sem a intervenção do elo
familiar

Aula Teórica nº 7 28/03/2022

Princípios gerais de DA
- Vínculos autónomos e genéricos;
-Limites ao poder discricionário;
- Responsáveis pela jurisdificação do poder discricionário
Doutrina: Autores que defendem a sua conceção pouco limitativa não concebem poderes
discricionários
Princípio da imparcialidade
Titulares dos órgãos públicos não podem decidir em causa própria ou a favor de familiares,
amigos
• Ilegalidade material;
• É necessário criar garantias de imparcialidade;
 Impedimentos (69º e ss CPA)- casos de maior proximidade; a consequência é a
ilegalidade;
 Suspeições: exigem ponderação para se aferir se houve ou não ilegalidade;

Ex: Critérios de natureza quantitativa para se aferir o que é 1 “quantia avultada”, que não pode
ser aceite no contexto/caso concreto e suas circunstâncias

Mecanismos muito importantes


- Aspeto essencial do Estado de Dto: corrupção atenta contra os seus princípios, deve ser
combatida por via de meios democráticos

Ação do MP
- RJ administrativas onde se prejudique alguém por se ter favorecido 1 elo + próximo padecem
de vícios, tal inquina o ato que deve ser impugnado pelos interessados
• Melhor forma de defender os princípios do Estado de Dto

Princípio da boa-fé
- Inicialmente era 1 princípio de Dto Privado;
- AP deve atuar de acordo com a boa-fé, tratando todos por igual;
- Vincula a AP na sua atuação inicial enquanto entidade tutelar e visa proteger as expectativas
dos particulares;
- Tutela da confiança; particular tem o dto de confiar na palavra dada pela AP

Poderá ter de indemnizar os particulares pela “correção” dessa eventual ilegalidade


- Mudanças de critérios só valem para o futuro por motivos de segurança jurídica

- AP deve relacionar-se segundo as regras da boa-fé (art 10º CPA)


• Parâmetros de decisão que se não forem observados geram a ilegalidade do
comportamento administrativo;

Princípio da colaboração com os particulares (art 11º CPA)


- AP deve atuar em cooperação com os particulares;
- AP deve, tbm neste contexto, agir de boa-fé, informações prestadas pela AP aos particulares
devem ser as corretas, não os pode enganar deliberadamente;

Princípio da participação (art 12º CPA)


Estado de Dto democrático
• Particulares participam no processo de decisão administrativa;
• Princípio da audiência; corolário do 267º/5 CRP;
 Particular tem de ser ouvido antes da decisão final;

Outros autores consideravam que isto era impossível
VPS: Princípio da audiência- essencial no âmbito da defesa dos dts do particular
- É necessário que aqueles que possam ser prejudicados sejam ouvidos pela AP quando a sua
atuação interfira com os seus dts ou afete a sua esfera jurídica
(VPS + MRS+ Vital Moreira/Gomes Canotilho- Não é a perspetiva dominante)

VPS: Não realização da audiência dos interessados implica a ilegalidade do ato


- Cidadão pode atuar de forma ativa no processo administrativo para tutelar os seus dts

Princípio da decisão (art 13º CRP)


- AP tem de responder e decidir rapidamente de forma a satisfazer os interesses dos
particulares;

Assiste-lhes o dto de obter 1 resposta por parte da AP


-Prazo inicial de resposta: 1 ano- passou a 2 anos (Regente não acha que se justifique)

Princípio da administração aberta (art 14º CPA)


- Necessidade de juridificar o recurso aos computadores na ativ administrativa

“O que sai da máq” é 1 ato administrativo como qualquer outro, a realidade que permite obter
aquele resultado é o mesmo, 1 regulamento pelo que o seu controlo pode ser feito do mesmo
modo (Algoritmo consiste no regulamento- denominador comum)

VPS- Problemas do art 14º


- É insuficiente; a regulação é insuficiente, legislação é insatisfatória, o legislador não cria
critérios concretos

Referência á eficiência, celeridade, economicidade não é suficiente para se criar 1 norma


jurídica- Conceitos demasiado vagos, não têm a densidade que deveriam ter
- 14º/3: Não apresenta qualquer eficácia

Concorda, no entanto, que a consagração deste princípio foi extremamente importante


- Garantia do dto ao acesso e criação de + facilidades nos requerimentos/acesso aos meios
administrativos;
- Realidade informática é cada vez + preponderante;
Ex: Se 1 estrangeiro se dirigir á AP tem o dto de obter 1 resposta na mesma língua em que
formulou o seu pedido/requerimento (Deriva de 1 diretiva europeia, não é, contudo, aplicada
em Portugal)

Princípio da gratuitidade
- Despesas devem ser compensadas;
- RC da AP;
- Administração aberta: dto de consulta dos arquivos excetuando os dados pessoais

Princípio da cooperação leal com a EU


- Obriga Portugal enquanto Estado-Membro da UE a cooperar na sua atuação com os demais
Estados-Membros e com a própria UE
Aula Teórica nº 8 30/03/2022

Procura de 1 conceito + amplo que o de ato administrativo, como regulamento ou


procedimento

Conceções clássicas
- AP atuava pouco no quadro social, assegurava apenas a segurança;
• Noções autoritárias advindas do liberalismo;
• Ato administrativo enquanto expressão do autoritarismo do Estado
(Noção autoritária da AP e do ato administrativo)

Otto Mayer: Lógica positivista


- Ato administrativo enquanto espécie de sentença;
• Definição autoritária de 1 posição jurídica do particular;
• Sentença era executada coercivamente, pela força;
Auriot
- Dicotomia/Dualidade; comparação do ato administrativo com o NJ
Poder exorbitante da AP
• Privilégio de definir o Dto aplicável ao particular no caso concreto;
• Privilégio de executar coercivamente, pela força, o ato, a sentença (Privilégio da
executoriedade/execução prévia)
 Noção igualmente autoritária;
 Realidade adequada ao modelo liberal do Estado-Polícia; com o tempo esta
conceção deixará de fazer sentido
Ideias de Otto Mayer e Auriot perduraram até ao séc XX
- Noção já não tinha efeitos jurídicos de aplicabilidade;
- Conceitos já não tinham espaço na realidade da Admin Prestadora do Estado Social de Dto

Marcello Caetano- Aplicou esta noção no contexto do Estado Novo, perfilhando filosofia
autoritária do ato administrativo
- Suscetibilidade de execução prévia; Características do ato administrativo
- Definição autoritária do Dto;
“Para que 1 ato possa ser apreciado este tem de ser definido pelo Dto

Tripla definitividade
- Definitivo por representar o fim do procedimento;
- Ato é definitivo pq é produto do órgão competente + elevado; 1 ato não podia ser
impugnado sem decisão do órgão de topo;
- O ato definia o Dto aplicável ao particular no caso concreto

Com a transição do Estado Liberal para o Estado Social estas características essenciais já não
faziam sentido

Ato administrativo é 1 fim que visa satisfazer necessidades coletivas que não têm de ser
jurídicas, não define o Dto aplicável ao particular
- A maior parte dos atos praticados pela Admin Prestadora envolvem a prestação de bens e
serviços que não definem o Dto
AP usa o Dto para satisfazer necessidades coletivas
- Definição do Dto não pode por isso ser 1 característica do ato administrativo

Lógica da complexificação da ativ administrativa


- Sucessão de procedimentos que se interligam, definitividade horizontal não é 1 característica
do ato administrativo, atos são suscetíveis de impugnação

Lógica de procedimentos que se sucedem uns aos outros, não há nessa sucessão 1 realidade
“final”

Ideia de recurso hierárquico necessário


- Ato do subalterno produz efeitos jurídicos

Ideia do recurso hierárquico necessário servia para o subalterno recorrer ao tribunal
VPS: Totalmente inconstitucional, violação do princípio da separação de poderes, do acesso
aos tribunais/á Justiça, da desconcentração administrativa- é ilegal o particular ter de recorrer
para obter resposta
- Art 25º da Lei do Processo até 2004- Anteriormente exigia o recurso hierárquico necessário

Revisão do CPA
- Recurso hierárquico necessário é excecionalíssimo e só ocorre quando lei especial o prever
(VPS: Ilegal/Inconstitucional á mesma)
- Particular impugna o ato do subalterno pq é este que o afeta, não faz sentido que este tenha
de proceder ao recurso hierárquico necessário

Executoriedade
- Não é característica dos atos administrativos;
- AP não tem poderes executórios sem previsão legal específica;
- Maior parte dos atos da AP não são executórios, os atos de prestação de bens e serviços são
solicitados pelos particulares, não são suscetíveis de execução coativa pq são favoráveis ao
particular

Atos administrativos são insuscetíveis de execução coativa

Não compete á AP, compete á função jurisdicional- execução, por ex de dívidas, cabe aos
tribunais

Procedimento
- Lógica clássica negava a sua existência, apenas importava a decisão final;
- Anos 40, 50: Conceções clássicas foram sendo abandonadas, deu-se o desenvolvimento de
novas realidades

Itália: Valorização do procedimento


- Ativ administrativa complexificou-se de tal maneira que as decisões resultam de 1
procedimento + ou – complexo, sendo este o modo de formação da vontade administrativa;
- Procedimento é 1 realidade comum a todas as formas de atuação, todo o ato administrativo
resulta de 1 dado procedimento
Alemanha: Ideia da RJ- Esta integra o procedimento
RJ pode ser substantiva ou procedimental; implica 2 sujeitos iguais, lógica paritária da relação
Estado-particular

Crise do Estado Pós-Social


- RJ administrativa é multilateral, a conceção bilateral já não era adequada
Ex: Concessão para exploração de 1 esplanada, subvenção atribuída a 1 empresa- todos os
funcionários são sujeitos de 1 RJ administrativa

Após CRP de '76


- Ideia da RJ está consagrada tanto na CRP como no CPA, particulares enquanto partes numa
dada RJ;
- A relatividade do conceito de RJ ajuda a explicar a realidade administrativa

Aula Teórica nº 9 04/04/2022

Evolução do DA
- Anteriormente o centro do DA era o ato administrativo

Art 268º CRP: Dts e deveres das partes nas RJ administrativas (Noção + ampla que a de
procedimento)
No quadro da CRP esta estabelece a necessidade de 1 lei de procedimento (Exigência
constitucional desde 1976)
- 267º/5: Processamento da ativ administrativa será alvo de lei especial;
- O procedimento é 1 forma de org administrativa para execução das funções da AP e para
proteção dos dts dos particulares;
- Mecanismo de racionalização da ativ administrativa e de participação dos particulares
• Dto de audiência dos interessados;

Org democrática da AP
- Quer no 266º, quer no 267º, o legislador estabelece dts e deveres respetivos de cada 1 das
partes

Valorização/Autonomização do procedimento
- Se se revogasse o CPA e este não fosse substituído, haveria 1 inconstitucionalidade em
matéria essencial do Estado de Dto

Anos 90
- Doutrina apercebeu-se de vários défices constitucionais a nível do DA

Obsoleto, desatualizado; realidade administrativa, tendo-se alterado drasticamente, exigia 1


alteração legislativa em matéria administrativa

CPA: Resultado de 1 comissão (incluía FA, VPS…) 1ª Lei do Procedimento Administrativo


- Reconstruiu-se a realidade administrativa portuguesa

Era preciso mudar o DA


- Legislador não se limitou a regular o procedimento administrativo, regulou o seu surgimento,
desenvolvimento, execução e modo de tomada de decisões (Regulou aspetos essenciais da RJ
administrativa)

CPA- Código Administrativo


- Códigos anteriores não eram verdadeiros códigos, mas diplomas parcelares da administração
local;
- + que 1 Código, contém princípios gerais (Parte I); Parte II- Órgãos: regras de competência e
org (ex: lógica da delegação de poderes); Parte III- Procedimento administrativo; Parte IV- Ativ
administrativa (ato, regulamento, operações materiais…)
(Conj de regras que se destinava á regulação de toda a atuação administrativa)

CPA foi alvo de várias críticas (Projeto “demasiado ambicioso”)

Nota: Regente discorda da inclusão de 1 aspeto relacionado com a executoriedade no CPA


(este tem interpretações distintas, mas consagra o “máximo denominador comum” entre
conceções doutrinárias diferentes)

Reforma de 2015: Persistiu ainda 1 lógica de continuidade

Noção de procedimento administrativo (art 1º CPA)


- VPS: Foi crítico desta formulação aquando da Revisão de 2015, mas esta opção é melhor que
optar pela lógica de alternatividade entre “procedimento” e “processo”;
- Este artº foi o último a ser votado, divergências quanto ao nome do Código: “Procedimento
não é processo, não se confunde com processo, é 1 modo de atuação administrativa, não se
coaduna com a lógica autoritária do passado

CRP estabelece diferença entre procedimento e processo (são realidades autónomas)

Art 1º CPA
Procedimento Realidade autónoma, mas que se encontra ligada á atuação
administrativa; lógica de autonomia limitada pela dependência do resultado da atuação
administrativa

Noção desadequada, não é o resultado que condiciona o procedimento, é o procedimento que


condiciona o resultado da ativ administrativa

Formulação do artº acaba por ser contraproducente, VPS critica fortemente a sua manutenção
na Revisão de 2015- Lógica encontra-se datada/desatualizada/desadequada face á realidade
atual

Legislador de 2015
- “Fugiu” a 1 lógica puramente procedimental;
- Noção de procedimento é demasiado limitativa e é incongruente com a autonomia que este
deve ter

Séc XIX- Lógica “atocêntrica” (Negação do procedimento)


A única referência ao procedimento- “Mera formalidade que correspondia á forma do ato”
- Procedimento era completamente ignorado, era tido simplesmente como a “forma pela qual
o ato se expressa”

Ex: Despacho, portaria: Atos menos formais


Decreto-lei + lei da AR: Atos + formais

Procedimento: Conj de etapas/fases sequenciadas que produzem 1 dado resultado final

161º/2, g) CPA
- “Atos que careçam de forma legal” - ilegalidades;
- Vícios de procedimento são realidades autónomas dos vícios de forma

Lógica positivista
- “Sub-autonomizava” o procedimento;
• Velha ideia de fusão entre Justiça e Admnistração (“eram a mesma coisa”);

Marcello Caetano: Administração era 1 ativ processual, “aproximava o ato administrativo da


sentença”
• Desvalorização do procedimento assente na lógica de promiscuidade entre Justiça e
Administração;

Processos ≠ Procedimentos
Função jurisdicional Função administrativa

Lógica procedimental, dando autonomia ao procedimento, deve prevalecer sobre as


“teses processualistas”

Datadas/Desadequadas

Aula Teórica nº 10 06/04/2022

Conceção monista: Procedimento = Processo


- Relativização/Desvalorização do procedimento;
- FA: Procedimento administrativo enquanto “processo administrativo gracioso”;
- Sérvulo Correia: visão processualista do procedimento;
VPS: “Perfeito disparate”;
• Visão procedimental do processo, processo enquanto resultado do procedimento;
• Critica a sub-autonomização do procedimento; procedimento administrativo como
resultado final do processo
Sucessão concatenada de fases que produz 1 ato administrativo

VPS: Conceção atual é + ampla


• Rejeita o predomínio do resultado sobre o procedimento (Conceção presente no CPA);
• 163º CPA: “Procedimento é autónomo, mas pode não existir” (Regula o regime da
anulabilidade)
Atos que vão produzindo efeitos até serem anulados (Efeitos que existirem ter-se-ão como
inexistentes) + O ato administrativo produz efeitos até ser anulado mas a declaração de
anulação é retroativa
Se o ato nunca for anulado, 1 ato ilegal poderá vigorar/produzir efeitos
- Sanção menos grave do ordenamento

VPS: CPA estabelece o mecanismo de aplicação da anulabilidade ou nulidade consoante a


gravidade da violação/invalidade

Efeito anulatório não se produz em 3 casos (163º/5)


a) Quando o conteúdo do ato anulável não puder ser outro

Determinado através do procedimento, vai configurando o conteúdo do ato- se não houver


procedimento como é que o conteúdo poderia ser outro?
Há quem defenda que o conteúdo do ato é vinculado o que é 1 disparate, todos os elementos
são simultaneamente vinculados e discricionários, apresentam aspetos de ambas as naturezas

b) Quando o objeto do ato/fim visado pela exigência procedimental seja atingido de


outro modo
- “Lógica absurda”. Ex: Notificação dos interessados- A lê no jornal/ouviu 1 rumor de que seria
ouvido pela Admin- mesmo assim, o dto de notificação dos interessados tem de ser
concretizado

c) Quando o ato teria sido praticado com o mesmo conteúdo mesmo sem o vício
- Isto só se conseguiria aferir através do procedimento

163º/5 CPA: Manifestamente inconstitucional em razão dos dts fundamentais procedimentais

VPS: Defende interpretação conforme á Constituição desta norma

Dto Alemão: A realidade dos Dts Fundamentais nunca pode ser violada/posta em causa

Ex: Dto á notificação, á audiência, á fundamentação das decisões


- Limite á aplicabilidade desta norma

Se a CRP estabeleceu que estes Dts Fundamentais de natureza procedimental são elementos
essenciais da lógica constitucional e assim sendo, essas normas não podem ser superadas
- Dts Fundamentais: Exigem regime especial- Qualquer decisão no âmbito de Dts
Fundamentais, atendendo ao seu conteúdo, não os poderá violar

Não pode ser afetado, impõe-se 1 condição- Dto fundamental enquanto garantia do
procedimento

Realidades que não se enquadrem no âmbito dos Dts Fundamentais


- Não se irá verificar, em princípio, inconstitucionalidade

VPS: Inadmissível no quadro dos Dts Fundamentais, discorda da opção do legislador dado que
este optou por 1 lógica redutora do procedimento
Nova dimensão do procedimento
- Tem 1 valor em si mesmo (Conceção moderna generalizada);
- Procedimento não está ao serviço do resultado final, é 1 realidade essencial, “os meios são
tão importantes como os fins”;
- Admin tem de tomar as decisões corretas da forma correta

Respeito pelo procedimento é 1 aspeto fulcral no funcionamento do Estado de Dto


democrático
O procedimento que vale em si mesmo caracteriza-se pela sua multilateralidade
- Prossegue diversos objetivos/fins

Funções
• Racionalização de forma lógica da atuação da AP no processo decisório;
- Procedimento enquanto forma de org administrativa (Racionalização lógica da decisão)
267º/5 CRP
• Legitimar a atuação da AP;
- AP goza de legitimidade burocrático-legal, a sua legitimidade não é democrática, não é direta;
o facto de se cumprirem as regras pressupõe 1 realidade participativa por parte dos
particulares, permitindo 1 melhor decisão (Procedimento enquanto realidade legitimadora)
• Para “cozer os interesses antagónicos no seio da AP”;
- Interesses públicos e privados que têm de ser conciliados
Ex: Gov- Cada Ministro tem diferentes atribuições, a localização da ponte Vasco da Gama- a
sua escolha variou de pasta para pasta- teve-se em mente prioridades diferentes- custos,
utilidade para os cidadãos, menor impacto ambiental, importância geoestratégica…

O local inicialmente pensado era o “pior de todos”


- Conflito entre o Ministro da Economia e o do Ambiente + Interesses dos particulares que
tinham especial interesse na construção da ponte num lugar que melhor os servisse
- QUERCUS (ONG): apresentou queixa á Comissão Europeia, construção da ponte num dado
lugar poria em causa o meio ambiente

Alterou-se o local
Equipamento foi criteriosamente escolhido para minimizar o impacto ambiental
(Conciliaram-se interesses antagónicos, a melhor decisão resultou do procedimento)

Essencial para a eficácia das decisões administrativas

• Ouvir os interesses e atender aos dts dos particulares antes de a AP tomar decisões;
• Assegura exigência constitucional/dimensão participativa da Admin através da
coordenação/cooperação com os particulares;
• Fulcral para se aferir quais os interesses que serão afetados com determinada decisão
e desse modo enquadrá-los na decisão final;
• Serve para manifestar os interesses das pessoas
- Melhora as decisões (Dimensão subjetiva)
- Protege os dts dos particulares (Dimensão objetiva)
Aula Teórica nº 11 20/04/2022

Procedimento
- Realidade quadrifásica (FA);
- Passou de trifásico a quadrifásico com o CPA, acrescentando a fase da audiência dos
interessados
• Dto fundamental do particular- audiência prévia;
• Consequências jurídicas
- Noção evolutiva dos Dts Fundamentais (há os de 1ª geração- nascidos no Estado Liberal, os
de 2ª geração – Estado Social e os que vieram com o Estado Pós-Social- dts ao Ambiente, dts
procedimentais e processuais;
- Arts 266º e ss CRP; dto de audiência integra-se no dto á participação;
- Desrespeito de 1 dto fundamental
• Acarreta 1 ilegalidade muito grave;
• VPS: Nulidade da decisão administrativa- posição minoritária (+ Gomes Canotilho,
Marcelo Rebelo de Sousa e Vital Moreira);

Doutrina maioritária: Desrespeito do dto de audiência implica a mera ilegalidade
- Argumentos (FA e Pedro Machete)
Ordem jurídica, perante processos disciplinares é indispensável a audiência do arguido;
- Não realização da audiência leva á anulabilidade da decisão jurídica

VPS: Inconstitucional, está em causa 1 dto fundamental, a sanção não pode ser a mera
anulabilidade, tem de ser a nulidade

Não pode haver 1 sanção de mera anulabilidade, contradiz a lógica da importância deste
dto fundamental
- Tribunais adotaram a tese da anulabilidade, tendo efetivamente anulado as decisões que
careciam de audiência dos interessados;
- Agora as autoridades administrativas sabem que têm de ouvir os interessados, mas
frequentemente não tomam em conta, não têm em ponderação, os interesses manifestados
na audiência, estes não apresentam relevância na decisão

VPS: Impende sobre a Administração o dever de ponderação, sendo que o seu desrespeito
implica 1 ilegalidade

Ordenamento italiano
- O desrespeito do dto á audiência traduz-se numa violação do princípio da imparcialidade

EUA
- Decisão administrativa pode ser “reeviada” para ser “reconsiderada” pelas autoridades
administrativas (lógica do push back);
- Ilegalidade procedimental + Ilegalidade material

Princípio da prossecução do interesse público no respeito pelos dts dos particulares


- 1 entidade administrativa que tenha ouvido particulares mas que “não tenha ligado ” ou não
tenha atendido devidamente aos interesses manifestados, incorre numa inconstitucionalidade
e numa ilegalidade procedimental (Está-se a prosseguir o interesse público mas verifica-se 1
desrespeito pelos dts dos particulares e seus interesses)

“Desconsideração dos valores procedimentais”

É essencial a devida conciliação de interesses antagónicos

Para além da verificação da ilegalidade procedimental que decorre da não realização da


audiência os tribunais têm de ter em conta que tbm se verifica 1 ilegalidade material que
decorre do desrespeito pelos valores procedimentais
(Nova lógica do funcionamento da Administração)

Formas de atuação administrativa


Art 148º: Noção de ato administrativo
- Anteriormente o ato era a única forma de atuação administrativa, correspondia á definição
do Dto e á executoriedade
• Realidade que irá entrar em crise;
• Exigência de novas atuações, multiplicidade de novas atuações- contratos, operações
materiais (ato não é a única forma de atuação);
- Noção autoritária de ato que só desapareceu com o CPA
• Definitividade/Definição material do Dto aplicável, decisão do órgão de topo da
Administração, decisão final do procedimento
≠ Administração não define o Dto, essa não é 1 das suas características- Definitividade
é 1 disparate, assim como a alegada necessidade de ser 1 decisão do órgão de topo- a
maior parte das atuações administrativas é realizada pelos subalternos;

Procedimentos sucedem-se numa multiplicidade de formas que contêm em si atos


juridicamente relevantes

- Executoriedade: Não é 1 característica das formas de atuação administrativa, estas, na sua


maioria, não são suscetíveis de execução coativa
• Os únicos que são suscetíveis de execução coativa são os atos de polícia;

Conceção de ato definitivo executório não faz qualquer sentido á luz da realidade atual
- Já ninguém aceita esta conceção; a mesma encontra-se desatualizada/desadequada, não tem
lugar atualmente no ordenamento jurídico

Pressupostos
- Posição de Otto Mayer VS Auriot
Ato administrativo é de natureza reguladora Ato administrativo enquanto ato
(definição acolhida pela Escola de Coimbra) produtor de efeitos (mas só relevam
Definir o Dto aplicável é ≠ Produção de efeitos jurídicos os efeitos definitivos e executórios)

Prof Sérvulo Correia Sem a componente definitiva e a


Ato é regulador quando produz efeitos novos executória, “sobra” a produção
Só falamos em “verdadeiro ato administrativo” quando de efeitos
este produzir efeitos novos Ex: Atos da Administração
Dto Alemão: Lei enuncia taxativamente prestadora (não são definitivos nem
atos administrativos mas existem atos executórios mas produzem efeitos
que não o são, não se encontram jurídicos relevantes)
tipificados mas produzem efeitos Lógica de dts potestativos
(quase-atos administrativos)

Aula Teórica nº 12 02/05/2022

Ato administrativo
CPA: 148º - Conceito aberto, serve para enquadrar as regras acerca do ato administrativo

É precisa 1 noção suficientemente ampla que inclua todas as espécies de ato administrativo
que foram surgindo com a evolução da AP
- Noção autoritária de ato administrativo durou até 2004, “muito para lá do seu período de
validade”

Modelo do Estado Social


- Administração prestadora trouxe novos atos
• Distribui bens, serviços, praticam atos de natureza jurídica com 1 conteúdo favorável
ao particular;

Estado Pós-Social
- Atos que produzem efeitos múltiplos, destinam-se a 1 multiplicidade de destinatários, na
lógica de 1 AP infraestruturada;
- Conceito de ato tem de ter 1 âmbito muito amplo;
• Ultrapassou-se a lógica do ato executório e definitivo;

Ato administrativo não define o Dto, é 1 meio de satisfação de necessidades coletivas, não
é 1 fim em si

Tem de permitir englobar as várias categorias existentes


- Aprofundamento do princípio da legalidade implica que a executoriedade não seja
característica dos atos administrativos

Não são suscetíveis de execução coativa


- Conceito de ato tem de conter 1 denominador comum (característica que todas as
categorias de atos administrativos apresentam)

Ato: - Unilateral; - Tem de produzir efeitos jurídicos no caso concreto;

VPS: Noção legislativamente adequada para todo o universo do ato administrativo


- Atos administrativos existem num quadro de relações jurídicas;
- Visam produzir efeitos jurídicos unilaterais numa situação individual e concreta
Para a realidade portuguesa há 2 conceções de atos
- Rejeição total do ato definitivo e executório

FA: Vai-se agarrar a 1 construção de cunho alemão, remanescente de Otto Mayer


- Atos administrativos no Dto Alemão encontram-se tipificados, são apenas os que produzem
efeitos novos (atos reguladores);
- Para os demais atos que não se encontram tipificados, esses adotam a designação de “quase
atos administrativos” ou “atos administrativos informais”

Não são simples atuações jurídicas, equivalem aos atos administrativos, apenas não se
encontram tipificados

1)Ato constitutivo e não definitório (FA + Sérvulo Correia + Vieira de Andrade)


- Ato regulador: qualquer ato administrativo produtor de efeitos novos;
+ “Atos administrativos informais”

VPS: Esta distinção não tem fundamento, a produção de efeitos unilaterais é o elemento
comum a todos os atos administrativos, não faz sentido falar em produção de efeitos
reguladores
- Haverá sempre em qualquer dos casos produção de efeitos;
- 1 dto não precisa de ser inovador para ser 1 efeito jurídico/ produzir efeitos unilaterais

Revisão de 2015: Alteração ao art 148º


- Interpretação
FA: Ato administrativo é “1 decisão”

Legislador quis dizer que “decisão” equivalia a 1 ideia de definição do Dto

VPS: A expressão “decisão” apenas se refere a atuações de vontade da Administração, não se


trata de 1 ato definitório do Dto, tal conceção não tem lugar atualmente

FA: Tendo desaparecido o ato administrativo definitivo e executório teve o receio de que
“tudo fosse considerado ato administrativo”

VPS: Receio infundado; conceção de ato administrativo regulador não faz qualquer sentido em
Portugal

Revisão de 2015: Mário Aroso de Almeida


- Conceito intermédio, entre a conceção de FA e a de VPS;
- Acrescenta á noção do 148º a produção de efeitos jurídicos externos

Na produção de efeitos internos não estará em causa 1 ato administrativo


Ex: Projetos de arquitetura- aprovação desses projetos, embora signifique 1 futura atuação
não constitui 1 ato administrativo com efeitos externos, não produz efeitos para particulares

VPS: Distinção entre atos internos e externos deixou de fazer sentido no contexto da
Administração atual, todos os atos são simultaneamente internos e externos

Relativamente a outros órgãos, funcionários ou particulares

Não pode ser feita qualquer distinção entre atos administrativos internos e externos
Projeto de arquitetura, quando aprovado, produz efeitos jurídicos para os particulares, estes
terão o dto de construir
- Esta decisão pode ser impugnada, trata-se de 1 ato simultaneamente interno e externo

VPS rejeita a lógica do Prof Mário Aroso de Almeida

- Legislador, ao recorrer às expressões “decisão” e “efeitos externos”, não teve qualquer


objetivo limitador;
- Qualquer ato será simultaneamente interno e externo

Validade e Eficácia
- Realidade diferente do Dto Civil (no Dto Civil 1 ato inválido não produz efeitos jurídicos);
- DA: 1 ato pode ser elaborado de acordo com os requisitos legais/de validade e mesmo assim
não produzir efeitos pq não cumpre os requisitos de eficácia
Ex: Visto do Tribunal de Contas- Enquanto não for concedido a decisão não produz efeitos

Ex: Enquanto não houver notificação dos particulares, a decisão não produz efeitos, ainda não
se verificou o requisito de eficácia (notificação)

Possibilidade de os atos administrativos inválidos poderem ser eficazes


- A lei distingue entre atos nulos e anuláveis
Produzem efeitos até serem anulados apesar
Não produzem quaisquer efeitos de a anulação poder ser retroativa
desde o início

Apesar de 1 ato ser contrário á lei, se o seu vício for a anulabilidade e esta não for arguida, o
ato pode produzir efeitos eternamente
(Natureza da função administrativa + Garantia de segurança jurídica)
Depois de 2004: Mesmo quando o particular não arguir a anulabilidade o juiz pode declarar a
anulação do ato, este pode conhecer o vício

Arts 165º e ss
168º: Deve ser interpretado como dizendo respeito a prazos meramente indicativos,
Administração pode declarar anulação de atos ilegais a todo o tempo (VPS)

Quando os particulares não agem a atuação ilegal torna-se inatacável por motivos de
segurança jurídica (Ato convalida-se)

Se ninguém recorrer aos meios jurisdicionais, a atuação ilegal continua em vigor/a produzir
efeitos
- As partes do procedimento têm de atuar

Fonte de invalidade
- Atos administrativos são inválidos quando não respeitam os requisitos de validade;
- Procedimento/Forma/Aspetos essenciais/Competência;
- Portugal
• Teoria dos vícios do ato administrativo;
- Evolução histórica do DA;
- Diferentes leis vieram acrescentar novos vícios

De acordo com a teoria dos vícios apenas havia


- Usurpação de poderes; - Ilegalidade material;
- Desvio de poder; - Vício de forma;

Não há nenhuma lei que diga ser obrigatória a utilização de qualquer destes vícios

VPS + André Gonçalves Pereira: Esta teoria é incompleta e ilógica para além de ilegal

CPA: Particular tem de referir a causa do pedido, o seu fundamento, assim como a fonte de
invalidade e não 1 dos vícios formulados por esta teoria

VPS: Usurpação e incompetência correspondem ao mesmo elemento do ato administrativo,


a competência- Vício de incompetência (absoluta ou relativa)

Vício de forma corresponde ao desrespeito da forma e ao vício de procedimento


- Trata-se de 1 único vício respeitante a 2 elementos materiais do ato administrativo;

Lógica do desvio de poderes: Único vício que se verifica nos atos discricionários
VPS: Não há atos puramente discricionários (Lógica inadmissível e irracional)

Esta é 1 teoria incompleta


- Vício da falta de causa (Gonçalves Pereira)

VPS: Falta o procedimento na enumeração dos vícios; faltam tbm os vícios da vontade (erro,
dolo, coação)
Afetam requisitos materiais para a produção de atos administrativos (afetam
a vontade)
-Recurso á teoria dos vícios é totalmente desnecessário;
- Particular, para impugnar 1 decisão, não tem de invocar qualquer vício

161º/2: Usurpação e desvio de poderes (Não é 1 referência á teoria dos vícios, a lei não exige a
a sua utilização)

Modalidades/Formas de invalidade
Nulidade
- Invalidade + grave;
- Pode verificar-se a propósito de qualquer requisito material do ato;

Anulabilidade
- Invalidade menos grave que a nulidade

Art 161º: Condições da nulidade


Versão de 2015 alterou o 161º: Nulidade teria de ser tipificada

“Legislador, ao tipificar atos nulos estaria a restringir o âmbito dos atos nulos”

161º: Não equivale a tipificar os atos que são nulos
• No nº 2 as alíneas são extremamente abrangentes, o legislador abrange tudo, não
haverá tipificação dos casos de nulidade, continua a tratar-se de 1 cláusula aberta;
• As alíneas do 161º/2 referem-se a todos os critérios de validade:
✓ Violação + intensa- Nulidade;
- Violação da competência ou da separação de poderes + Casos de incompetência
absoluta (Violação das atribuições);
- Violação menos intensa (Anulabilidade);
✓ Atos que violem o conteúdo essencial de 1 dto fundamental
- Extremamente graves (Acarretam a nulidade do ato);

Não há nenhuma regra geral de anulabilidade tal qual não há para a nulidade; a qualificação da
invalidade depende da intensidade da violação que se verificou

Aula Teórica nº 13 04/05/2022

Ato administrativo
- Noção dos vícios do ato administrativo não é lógica nem adequada
≠ Deve-se recorrer aos elementos do ato; haverá violação dos requisitos que gera a
invalidade do ato

- Anulabilidade ou Nulidade variam consoante a distinção do art 168º

VPS: A ideia de distinguir as 2 invalidades é necessária


- Faz sentido; antes o que estava em causa era 1 ato sobre 1 ato que o destruía; tratava-se de 1
revogação
▪ Anulatória; Alteração por mérito só produz efeitos para o futuro
▪ Ab-rogante;

Revogação anulatória passa a chamar-se apenas revogação
- Não significa que haja 1 distinção radical entre anulação (168º) e revogação (165º);
- O regime jurídico é o mesmo;
• Quando este ato sobre outro ato se funda em ilegalidade trata-se de 1 anulação,
se o fundamento for de mérito trata-se de 1 revogação;

Questão material subjacente á alteração da norma


Escola de Coimbra: Regras da revogação eram demasiado rígidas, era necessária a
flexibilização dos valores subjacentes á revogação e á anulação
• Revogação anulatória: A partir do prazo limite de 1 ano o ato não poderia + ser
revogado por “fixação” dos efeitos;
VPS: É preciso flexibilizar o sistema

Valores constitucionais em causa


- Legalidade: Anulação é devida e deve ser admitida em termos + flexíveis;
- Princípio da prossecução do interesse público: Alteração só produz efeitos para o futuro;
proteção/tutela da confiança; prazo não deve ser de apenas 1 ano
“Disparate” (VPS): Administração não pratica “atos definitivos/decididos”, qualquer ato seu
deve ser suscetível de anulação dentro de 1 prazo superior a 1 ano
(Necessidade de flexibilizar o sistema)

Art 167º Revogação


Legislador estabeleceu 1 regime flexível de possibilidades de revogação

VPS: Não entende pq é que se mantiveram os prazos no art 168º
- É preciso interpretar os prazos á luz dos princípios constitucionais (legalidade + prossecução
do interesse público);
- Se estes princípios estiverem assegurados, poderão revogar-se atos fora do prazo previsto
(Afastam-se as vinculações legais);
- Ato constitutivo de dts não pode ser anulado sem mais nem menos por motivos de segurança
jurídica, o particular confiou na Administração Limite á anulação, mas no mesmo artº
admitem-se exceções (instrumento de flexibilização- 168º/4)

167º/5: Flexibilização que é contrariada pelos prazos do 168º

- Viola princípios constitucionais;


- O prazo de 1 ano para a impugnação não vale no sentido de o particular solicitar a apreciação
da legalidade de 1 dado ato, tal é possível a todo o tempo

168º/7: VPS “não o entende”


mas sim a 1 tribunal;
- Violação do DUE = Violação Dto Interno; deve haver possibilidade de revogação

Competência (169º)
- Quem pode revogar: Autor do ato e órgão competente;

Execução do ato administrativo


▪ Desapareceu qualquer referência a essa faculdade;
▪ Há 1 tipificação das atuações da Administração;
 179º: Proibição da execução coativa das coimas pecuniárias;
 176º: Parece querer dizer que a Administração pode recorrer á execução
coerciva;
- Note-se que a única forma de controlar o uso da força é por via da proporcionalidade;
- VPS: O critério da legalidade é o da proporcionalidade, este artº deveria referir este princípio;

Regulamento
- AP quando atua unilateralmente tbm pode praticar atos normativos;
- Poder regulamentar da AP: Alguns autores afirmam ser remanescente do poder legislativo,
estando em causa 1 eventual violação da separação de poderes

VPS: Está em causa somente o exercício da função administrativa, o regulamento não é 1 lei
em sentido material, não pode ter os seus requisitos
- Regulamentos: Sujeitos a 1 duplo controlo (constitucionalidade e legalidade)
▪ Tbm são atos criadores apesar de não serem leis, mas essa inovação tem de caber no
quadro da função administrativa, se extravasar esse limite será ilegal;
▪ Legislador “teve 1 expressão infeliz”:
- Ato e regulamento são ambos unilaterais, mas o regulamento é geral e abstrato

VPS: Bastava ter 1 destas características. Ex dos planos- Plano Diretor


Municipal frequentemente é individual ou concreto

Regulamento
- Destinatários são definidos/determinados de 1 forma geral que gera a indeterminabilidade
dos mesmos
≠ Ato é individual e concreto
- Basta a generalidade para estarmos perante 1 ato normativo

Abstração
- Norma diz respeito a 1 pluralidade de situações, podendo abranger determinados
destinatários;
- Embora a lei tenha apenas 1 destinatário, por ex, o PR, esta será abstrata pq se irá aplicar a
todos os futuros PR; tratar-se-á de 1 regulamento (VPS);

- Há outros casos em que está em causa 1 realidade que, apesar de ser formulada em termos
genéricos, apenas se irá aplicar a 1 dada situação
Ex: Norma referente ao feriado de St. António em Lisboa

Outros exs: Como interpretar 1 sinal de trânsito? Quais os destinatários?


- Tem vários destinatários, é geral, mas consiste num ato concreto, diz respeito aos condutores
que passarem por 1 dado local;
- A determinação dos sujeitos/destinatários é geral mas consiste num ato concreto, aplica-se
aos condutores que eventualmente se deparam com aquele sinal de STOP em particular

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