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Princípio da legalidade
• Nasceu com o Estado liberal tendo sido marcado pelos traumas da infância difícil do
DA;
• Dto Administrativo sem fronteiras
o Junção entre a realidade psicanalítica e a realidade sem fronteiras
Contribuição principal dos liberais para o DA
- Princípio da legalidade enquanto princípio máximo do DA
Administração enquanto detentora do poder público tinha “carta branca” para atuar de modo
discricionário
• É manifestamente inaceitável que atualmente a Administração seja livre, esta
submete-se irrevogavelmente ao controlo de legalidade, é 1 entidade de natureza
coletiva que prossegue fins estipulados pela lei, a qual especifica os seus modos de
concretização;
Poder de construir soluções legais, de vontades normativas que correspondem ao
ordenamento jurídico no seu todo
Esta aparente limitação no contexto do Estado Liberal, paradoxalmente, traduzia-se num
poder livre e desprovido de mecanismos que o restringissem, a Administração gozava de
plenos poderes (Auriot- “Administração gozava de “privilégios exorbitantes”
▪ Poder de execução prévia- Autotutela efetiva das suas decisões;
▪ Poder de decidir acerca dos particulares de forma autoritária;
Inadmissível no contexto atual, o seu conteúdo não se esgota na lei, abrange todo o
ordenamento. O princípio da legalidade deve ser entendido materialmente e de modo amplo
Apenas as ordens são suscetíveis de execução coativa, os demais atos administrativos não o
são
Legislador do CPA- Põe termo á ideia de executoriedade prévia como característica geral
- Não obstante, o legislador estabeleceu a capacidade de limitar os poderes de execução
Princípio da legalidade: Ideia de reserva de lei remete para 1 noção de “propriedade”, mas
trata-se de 1 realidade incompatível com a conceção de 1 dto real
• O princípio da legalidade não pode ser entendido de modo restrito ou estritamente
delimitado, não se lhe encontra subjacente a ideia de 1 lógica “real” (Prof Lucas Pires)
Regente
✓ Rejeita a conceção “real” de reserva de lei; não se trata de 1 domínio exclusivo, tal
ideia é 1 disparate. A legalidade é 1 realidade que se conjuga ou coaduna com
diferentes aspetos nas suas conexões com os demais elementos
Noção de princípio de legalidade deve ser entendido no seu sentido material e não formal
- Possibilita 1 limitação/restrição efetiva da atuação da Administração
Princípio da legalidade
Consequências da sua evolução no quadro da Teoria das Fontes
• Construção formal, limitada e fechada enquanto herança do liberalismo;
Parlamento tinha 1 ativ reduzida. Leis eram escassas, Parlamento deveria intervir o mínimo
possível
- Admin estava muito pouco limitada, posição de superioridade face aos particulares;
- Controlo externo é formal/limitado/fechado
Regente: Tbm se deva considerar que existe 1 dupla dependência entre DA português e Dto
Europeu
- Dto Interno de cada Estado-Membro concretiza as normas administrativas europeias
- Dto Europeu enforma/influencia necessariamente o Dto Interno de cada Estado
Dto Global- Visão + ampla das fontes de Dto, elemento supralegislativo/supralegal no âmbito
das fontes de DA
Fonte de Dto; engloba princípios que, apesar de não estarem consagrados no Dto Interno de 1
dado Estado, fazem parte da Constituição jurídico-material do Dto Global e que se devem
aplicar em todos os ordenamentos
DA Global
As suas regras jurídicas são diretamente aplicáveis a todos os níveis dos ordenamentos
jurídicos (á semelhança do DIP, por ex)
- Introduz-se 1 juízo valorativo face a Estados que não respeitam os princípios estruturantes da
ordem jurídica internacional ou de 1 ordem constitucional aberta no âmbito do Dto Global
Dimensão infralegislativa
o Mesmo realidades jurídicas de valor infralegal são suscetíveis de influenciar a ordem
jurídica;
o Ex: Regulamentos (atos normativos);
o Legislador pode entender que serão essas realidades infralegais que irão regular 1
dado setor ou importante setor da vida jurídica. Ex: Dto do Urbanismo ( a sua
regulação assenta, na sua maioria, em regulamentos que estipulam o seu desenv e
concretização no nosso ordenamento
Submetem-se sempre á legalidade, sucede apenas que, dada a sua natureza regulamentar,
estes consistem em atos infralegais mas tratam-se, de qualquer dos modos, de atos
normativos que constituem fontes de Dto infralegais
Ex: Planos de urbanismo municipais (remetem para atos de natureza regulamentar)
Menor impacte ambiental, requisitos foram impostos de forma a evitar a perturbação da fauna
e da flora, do mesmo modo que a LusoPonte ficou obrigada a providenciar e assegurar a
manutenção/monitorização do estado da ponte
- AP não pode mudar de opinião de forma retroativa, as normas valem para o futuro assim
como as disposições contratuais a que a mesma se vinculou
Há normas jurídicas que visam assegurar o respeito pelo Dto do caso concreto estabelecido
por atos administrativos (Fonte de DA)
Atos administrativos- Depois de praticados não podem ser alterados sem mais nem menos,
Administração tem a obrigação de os respeitar
- Eventual alteração de critérios só vale para o futuro
DA multinível
A cada nível em que se exerce o poder administrativo existem fontes diferentes que regulam a
ativ jurídica
Há do particular para o Global
- Níveis relacionam-se uns com os outros numa lógica de interpretação da ordem jurídica
Administração só pode atuar segundo a legalidade e nos termos em que a lei o estabelecer
A lei não prevê todas as situações nem o deverá fazer, caso assim sucedesse, a ordem jurídica
deixaria de ser flexível
• A lei não pode estipular de forma extremamente rígida todas as soluções para 1 dada
questão;
Deve estipular os critérios pelos quais a Administração deverá decidir/atuar, confiando
que esta atuará acordadamente
o Discricionariedade no âmbito da atuação da Administração é fundamental
Não se trata de 1 “carta em branco” para a Administração, esta encontra-se sujeita ao respeito
de diversas exigências estipuladas por lei
- Havendo critérios/parâmetros de decisão, limites, a AP encontra-se vinculada a estes, caso se
afaste dos mesmos estará a incorrer numa ilegalidade;
- Discricionariedade e vinculação, num contexto de 1 lógica de princípio da legalidade
material/extensa/flexível/ampla, acabam por coincidir, uma não existe sem a outra
AP encontra-se vinculada a respeitar o ordenamento jurídico no seu todo (Dto Interno, Dto
Constitucional, Dto Europeu, Dto Global…)
- Administrar tornou-se + difícil
Aumento do controlo sobre a AP mesmo quando lhe cabe decidir, pois a sua decisão
enquadra-se em objetivos e finalidades pré-estabelecidos de acordo com o espírito do
ordenamento jurídico
Regente: “Um pouco melhor”; permite o alargamento á Constituição, mas rejeita ainda a
noção de flexibilidade no âmbito do princípio da legalidade
▪ Esquece de novo a dimensão supraconstitucional e infralegal;
▪ Não é possível que a AP administre de modo vinculativo todas as situações/questões;
▪ Lógica de “bloco” implica rigidez o que iria prejudicar a atuação da AP
Necessita de poder efetuar as suas escolhas, nunca deixando estas de ser reguladas por
determinados critérios e parâmetros
2) Freitas do Amaral
• Não há na ordem jurídica portuguesa atos totalmente discricionários nem totalmente
vinculados;
• Não se deve olhar á perspetiva do ato, mas á perspetiva do poder
Discricionário OU Vinculado
≠
Atos nunca são apenas discricionários ou apenas vinculados
- Conceção válida até hoje, “atos nunca são apenas 1 coisa”
AP nunca pode ter liberdade, esta é típica das pessoas e não dos órgãos, AP não atua de
qualquer forma que lhe aprouver tem sempre de respeitar, forçosamente, determinadas
regras e procedimentos, tendo em vista a prossecução do interesse comum
Conceção de Sérvulo Correia- Deixa de fora, não considera a interpretação como 1 momento
de escolha
≠
Regente: A margem de escolha não é, mesmo assim, livre, tem de estar de acordo com o
espírito do ordenamento jurídico
- A designação de “livre margem” é inútil, o termo “livre”, aplicado á atuação da AP não faz
sentido
Sérvulo Correia: Estabelece regimes jurídicos diferentes para as figuras de discricionariedade e
vinculação
≠ Isto afigura-se incompreensível para o Regente, tratam-se ambas de figuras/dimensões do
princípio da legalidade, nada justifica que haja regimes diferentes
4) Regente (VPS)
• Há vários momentos onde se verifica/ocorre 1 escolha, nomeadamente na
interpretação da norma;
• Lógica de continuidade;
✓ Interpreta-se o sentido da norma, ativ que vai condicionar a aplicação da
própria norma;
✓ Momento da apreciação;
O que está em causa é 1 realidade em que, desde a interpretação á decisão, se verifica 1 lógica
de continuidade, no sentido em que todos os atos possuem aspetos vinculados e
discricionários
Se a AP não respeitar a vinculação á legalidade deverá ser responsabilizada por essa conduta
Não existe reserva de administração, os tribunais podem sempre efetuar o controlo das
atuações da AP, não há domínios exclusivos da Administração na medida em que a
intervenção/fiscalização dos tribunais competentes é sempre possível
Poder discricionário
A aplicação da lei é 1 ato que assenta na interpretação de 1 norma; esta vai ser convertida em
“law in action”, o intérprete faz escolhas que são balizadas pela lei/norma
Momentos
1) Interpretação Elementos normativos/vinculados +
2) Apreciação dos factos Elementos discricionários
3) Decisão
b)O jurista vai pegar numa norma, interpretá-la, numa tarefa criadora e vai recriá-la em
público numa lógica “cénica”, semelhante ao teatro;
- O jurista, a sua interpretação, será alvo de escrutínio público; esta dimensão cultural é
inerente ao próprio Dto que é em si 1 expressão cultural
1º: Ler para interpretar 2º:Apreciar os factos 3º: Decidir com base nos passos anteriores
O intérprete analisa os factos tendo consciência de que diferentes análises terão diferentes
consequências a nível do resultado final.
- O intérprete, no âmbito da sua discricionariedade, procede a escolhas quanto aos meios a
utilizar mas sempre de acordo com os critérios que a lei tiver estabelecido
Cabe ao aplicador, com base nos parâmetros legalmente estabelecidos, realizar escolhas de
caráter discricionário, mas que se submetem sempre a aspetos vinculados
Estas operações são sempre suscetíveis de ser controlados quer por via dos vínculos especiais
estabelecidos nas normas, quer por via dos vínculos gerais da boa administração, da igualdade,
da boa-fé, da proporcionalidade…
(Novo entendimento do princípio da legalidade que permite 1 controlo integral dos atos da AP)
Escola culturalista
- Utiliza a cultura para explicar esta realidade do Dto;
- Culturalismo: permite entender o processo de aplicação do Dto (Interpretação, Apreciação
dos factos, Decisão)
• Elementos vinculados quanto ao modo de execução;
• Elementos discricionários quanto á decisão;
Pluralidade de SJ
- O mesmo caso pode ter sentenças diferentes quando julgadas por tribunais diferentes;
- Realidade comum ao Dto e ás realidades culturais; diferentes modos de entender o Dto
• Tarefa do jurista tem 1 dimensão criadora e que implica margens de escolha, mas
nunca é livre, há sempre modos de controlo/aspetos vinculados;
Princípios: Valores fundamentais da ordem jurídica têm de ser aplicados tal qual as normas;
têm 1 peso autónomo:
- Fixação de parâmetros, de limites de decisão
Quadro do Gov
- Ministros têm competências semelhantes, mas atribuições diferentes;
- Quando 1 Ministro pratica 1 ato da competência de outro ministro dá-se 1 ilegalidade:
• Vício de competência;
• Vício do fim legal/da atribuição;
Caso da enfermeira, hospital determinou a sua expulsão da função pública alegando falta de
profissionalismo, más práticas…
- Tribunal concluiu que o fim do ato de punir não estava a ser prosseguido na sua dimensão
disciplinar;
- Prosseguiu-se 1 fim diferente daquele que consta da lei
• Sanção de expulsão da Função Pública nunca poderia ocorrer;
Ilegalidade material: Não faz sentido distinguir entre desvio de poder e ilegalidade, são ambas
ilegalidades em sentido material
Princípios da CRP
- Vinculam a ativ pública e privada diretamente;
- Arts 266º e 267º
• Princípios que se foram alargando em cada revisão constitucional;
• Ex: Princípio da prossecução do interesse público;
• Dicotomia: A AP não pode prosseguir o interesse público sem respeitar os dts dos
particulares, sem os salvaguardar;
Característica imprescindível no quadro do Estado de Dto (Compromisso entre
os 2 princípios- prossecução do interesse público + respeito pelos dts,
liberdades e garantias dos particulares)
Dto á informação
- Garantido no dto á boa administração na CDFUE;
- Dto autónomo, conjuga-se com o princípio da administração aberta
Princípio da fundamentação
- Elemento essencial de 1 Admin democrática;
- Fundamentação: através da qual os particulares aferem se os requisitos/critérios legais se
encontram preenchidos/cumpridos
Norma europeia consagra outro princípio que não se encontra consagrado na ordem jurídica
PT
- Princípio da administração equitativa
Fica aquém do princípio do “due process of law”; procedimento deve ser adequado á situação,
permite 1 controlo adicional;
o Ideia de procedimento devido/adequado deveria encontrar-se consagrada no nosso
ordenamento
Princípio da boa administração
- FA considera que este não é 1 princípio jurídico, não é 1 princípio obrigatório
≠
Regente: Todos os princípios são obrigatórios, a lógica de alargamento da legalidade abrange a
extensão de princípios jurídicos/ com juridicidade, os quais são suscetíveis de fiscalização
Princípio da proporcionalidade
- Transformação quanto ao modo de entender o poder discricionário;
- Regras de mérito da decisão, o seu desrespeito gera ilegalidades materiais
Princípio da igualdade
- AP não pode discriminar;
- Particulares, ao contrário da AP, e em abstrato, podem ter comportamentos discriminatórios
(desde que não violem princípios fundamentais da ordem jurídica esses comportamentos são
naturais, á partida não levantam problemas de maior- ex: Senhora deixa a herança apenas a 1
dos netos)
≠
Entidades públicas não podem ter comportamentos discriminatórios, têm de tratar todos com
fundamento na igualdade- O dever de respeito pela igualdade que impende sobre a AP é
superior àquele que impende sobre os particulares
Princípio da proporcionalidade
• Necessidade; A violação de qualquer 1 deles acarreta a ilegalidade da
• Adequação; decisão/atuação da AP
• Proibição do excesso;
- Permite controlar o próprio exercício da escolha;
- Ex: Estado de necessidade só prevê limites procedimentais e não materiais (“manifestamente
inconstitucional” na sua redação do art 2º CPA)
- Dupla dimensão, implícita na formulação do 7º/1 CPA
Princípio da justiça e da razoabilidade
- Justiça: Valor ético assumido pelo Dto;
- Razoabilidade: Critérios de Dto relacionados com aspetos culturais; juízo de racionalidade,
função do Dto; princípio da razoabilidade é 1 princípio constitucional;
- Ordem jurídica será, forçosamente, racional
Regente: Não percebe a junção destes princípios num só art
• Legislador não fez a distinção, mas esta deverá ser feita;
“Não quis” definir justiça pelo que agregou no mesmo art os princípios da
justiça e da razoabilidade/racionalidade;
• Princípio só se aplica às situações que violem gravemente o seu conteúdo;
• FA: Critério da razoabilidade é 1 realidade ético-filosófica pelo que não terá
aplicabilidade- Regente discorda
Princípio ético que tbm é 1 princípio jurídico, permitindo o seu controlo em casos de grave
violação
Princípio da imparcialidade
- Externo, mas condiciona a atuação da AP;
- AP não deve decidir situações em que órgãos de natureza coletiva ou individual/titulares de
cargos públicos tenham interesses diretos
Quem tem interesses diretos ou indiretos não pode intervir nem decidir, se o fizer estará a
cometer 1 ilegalidade e a violar o princípio da imparcialidade
Princípios gerais de DA
- Vínculos autónomos e genéricos;
-Limites ao poder discricionário;
- Responsáveis pela jurisdificação do poder discricionário
Doutrina: Autores que defendem a sua conceção pouco limitativa não concebem poderes
discricionários
Princípio da imparcialidade
Titulares dos órgãos públicos não podem decidir em causa própria ou a favor de familiares,
amigos
• Ilegalidade material;
• É necessário criar garantias de imparcialidade;
Impedimentos (69º e ss CPA)- casos de maior proximidade; a consequência é a
ilegalidade;
Suspeições: exigem ponderação para se aferir se houve ou não ilegalidade;
Ex: Critérios de natureza quantitativa para se aferir o que é 1 “quantia avultada”, que não pode
ser aceite no contexto/caso concreto e suas circunstâncias
Ação do MP
- RJ administrativas onde se prejudique alguém por se ter favorecido 1 elo + próximo padecem
de vícios, tal inquina o ato que deve ser impugnado pelos interessados
• Melhor forma de defender os princípios do Estado de Dto
Princípio da boa-fé
- Inicialmente era 1 princípio de Dto Privado;
- AP deve atuar de acordo com a boa-fé, tratando todos por igual;
- Vincula a AP na sua atuação inicial enquanto entidade tutelar e visa proteger as expectativas
dos particulares;
- Tutela da confiança; particular tem o dto de confiar na palavra dada pela AP
“O que sai da máq” é 1 ato administrativo como qualquer outro, a realidade que permite obter
aquele resultado é o mesmo, 1 regulamento pelo que o seu controlo pode ser feito do mesmo
modo (Algoritmo consiste no regulamento- denominador comum)
Princípio da gratuitidade
- Despesas devem ser compensadas;
- RC da AP;
- Administração aberta: dto de consulta dos arquivos excetuando os dados pessoais
Conceções clássicas
- AP atuava pouco no quadro social, assegurava apenas a segurança;
• Noções autoritárias advindas do liberalismo;
• Ato administrativo enquanto expressão do autoritarismo do Estado
(Noção autoritária da AP e do ato administrativo)
Marcello Caetano- Aplicou esta noção no contexto do Estado Novo, perfilhando filosofia
autoritária do ato administrativo
- Suscetibilidade de execução prévia; Características do ato administrativo
- Definição autoritária do Dto;
“Para que 1 ato possa ser apreciado este tem de ser definido pelo Dto
Tripla definitividade
- Definitivo por representar o fim do procedimento;
- Ato é definitivo pq é produto do órgão competente + elevado; 1 ato não podia ser
impugnado sem decisão do órgão de topo;
- O ato definia o Dto aplicável ao particular no caso concreto
Com a transição do Estado Liberal para o Estado Social estas características essenciais já não
faziam sentido
Ato administrativo é 1 fim que visa satisfazer necessidades coletivas que não têm de ser
jurídicas, não define o Dto aplicável ao particular
- A maior parte dos atos praticados pela Admin Prestadora envolvem a prestação de bens e
serviços que não definem o Dto
AP usa o Dto para satisfazer necessidades coletivas
- Definição do Dto não pode por isso ser 1 característica do ato administrativo
Lógica de procedimentos que se sucedem uns aos outros, não há nessa sucessão 1 realidade
“final”
Revisão do CPA
- Recurso hierárquico necessário é excecionalíssimo e só ocorre quando lei especial o prever
(VPS: Ilegal/Inconstitucional á mesma)
- Particular impugna o ato do subalterno pq é este que o afeta, não faz sentido que este tenha
de proceder ao recurso hierárquico necessário
Executoriedade
- Não é característica dos atos administrativos;
- AP não tem poderes executórios sem previsão legal específica;
- Maior parte dos atos da AP não são executórios, os atos de prestação de bens e serviços são
solicitados pelos particulares, não são suscetíveis de execução coativa pq são favoráveis ao
particular
Não compete á AP, compete á função jurisdicional- execução, por ex de dívidas, cabe aos
tribunais
Procedimento
- Lógica clássica negava a sua existência, apenas importava a decisão final;
- Anos 40, 50: Conceções clássicas foram sendo abandonadas, deu-se o desenvolvimento de
novas realidades
Evolução do DA
- Anteriormente o centro do DA era o ato administrativo
Art 268º CRP: Dts e deveres das partes nas RJ administrativas (Noção + ampla que a de
procedimento)
No quadro da CRP esta estabelece a necessidade de 1 lei de procedimento (Exigência
constitucional desde 1976)
- 267º/5: Processamento da ativ administrativa será alvo de lei especial;
- O procedimento é 1 forma de org administrativa para execução das funções da AP e para
proteção dos dts dos particulares;
- Mecanismo de racionalização da ativ administrativa e de participação dos particulares
• Dto de audiência dos interessados;
Org democrática da AP
- Quer no 266º, quer no 267º, o legislador estabelece dts e deveres respetivos de cada 1 das
partes
Valorização/Autonomização do procedimento
- Se se revogasse o CPA e este não fosse substituído, haveria 1 inconstitucionalidade em
matéria essencial do Estado de Dto
Anos 90
- Doutrina apercebeu-se de vários défices constitucionais a nível do DA
Art 1º CPA
Procedimento Realidade autónoma, mas que se encontra ligada á atuação
administrativa; lógica de autonomia limitada pela dependência do resultado da atuação
administrativa
Formulação do artº acaba por ser contraproducente, VPS critica fortemente a sua manutenção
na Revisão de 2015- Lógica encontra-se datada/desatualizada/desadequada face á realidade
atual
Legislador de 2015
- “Fugiu” a 1 lógica puramente procedimental;
- Noção de procedimento é demasiado limitativa e é incongruente com a autonomia que este
deve ter
161º/2, g) CPA
- “Atos que careçam de forma legal” - ilegalidades;
- Vícios de procedimento são realidades autónomas dos vícios de forma
Lógica positivista
- “Sub-autonomizava” o procedimento;
• Velha ideia de fusão entre Justiça e Admnistração (“eram a mesma coisa”);
Processos ≠ Procedimentos
Função jurisdicional Função administrativa
Datadas/Desadequadas
c) Quando o ato teria sido praticado com o mesmo conteúdo mesmo sem o vício
- Isto só se conseguiria aferir através do procedimento
Dto Alemão: A realidade dos Dts Fundamentais nunca pode ser violada/posta em causa
Se a CRP estabeleceu que estes Dts Fundamentais de natureza procedimental são elementos
essenciais da lógica constitucional e assim sendo, essas normas não podem ser superadas
- Dts Fundamentais: Exigem regime especial- Qualquer decisão no âmbito de Dts
Fundamentais, atendendo ao seu conteúdo, não os poderá violar
Não pode ser afetado, impõe-se 1 condição- Dto fundamental enquanto garantia do
procedimento
VPS: Inadmissível no quadro dos Dts Fundamentais, discorda da opção do legislador dado que
este optou por 1 lógica redutora do procedimento
Nova dimensão do procedimento
- Tem 1 valor em si mesmo (Conceção moderna generalizada);
- Procedimento não está ao serviço do resultado final, é 1 realidade essencial, “os meios são
tão importantes como os fins”;
- Admin tem de tomar as decisões corretas da forma correta
Funções
• Racionalização de forma lógica da atuação da AP no processo decisório;
- Procedimento enquanto forma de org administrativa (Racionalização lógica da decisão)
267º/5 CRP
• Legitimar a atuação da AP;
- AP goza de legitimidade burocrático-legal, a sua legitimidade não é democrática, não é direta;
o facto de se cumprirem as regras pressupõe 1 realidade participativa por parte dos
particulares, permitindo 1 melhor decisão (Procedimento enquanto realidade legitimadora)
• Para “cozer os interesses antagónicos no seio da AP”;
- Interesses públicos e privados que têm de ser conciliados
Ex: Gov- Cada Ministro tem diferentes atribuições, a localização da ponte Vasco da Gama- a
sua escolha variou de pasta para pasta- teve-se em mente prioridades diferentes- custos,
utilidade para os cidadãos, menor impacto ambiental, importância geoestratégica…
Alterou-se o local
Equipamento foi criteriosamente escolhido para minimizar o impacto ambiental
(Conciliaram-se interesses antagónicos, a melhor decisão resultou do procedimento)
• Ouvir os interesses e atender aos dts dos particulares antes de a AP tomar decisões;
• Assegura exigência constitucional/dimensão participativa da Admin através da
coordenação/cooperação com os particulares;
• Fulcral para se aferir quais os interesses que serão afetados com determinada decisão
e desse modo enquadrá-los na decisão final;
• Serve para manifestar os interesses das pessoas
- Melhora as decisões (Dimensão subjetiva)
- Protege os dts dos particulares (Dimensão objetiva)
Aula Teórica nº 11 20/04/2022
Procedimento
- Realidade quadrifásica (FA);
- Passou de trifásico a quadrifásico com o CPA, acrescentando a fase da audiência dos
interessados
• Dto fundamental do particular- audiência prévia;
• Consequências jurídicas
- Noção evolutiva dos Dts Fundamentais (há os de 1ª geração- nascidos no Estado Liberal, os
de 2ª geração – Estado Social e os que vieram com o Estado Pós-Social- dts ao Ambiente, dts
procedimentais e processuais;
- Arts 266º e ss CRP; dto de audiência integra-se no dto á participação;
- Desrespeito de 1 dto fundamental
• Acarreta 1 ilegalidade muito grave;
• VPS: Nulidade da decisão administrativa- posição minoritária (+ Gomes Canotilho,
Marcelo Rebelo de Sousa e Vital Moreira);
≠
Doutrina maioritária: Desrespeito do dto de audiência implica a mera ilegalidade
- Argumentos (FA e Pedro Machete)
Ordem jurídica, perante processos disciplinares é indispensável a audiência do arguido;
- Não realização da audiência leva á anulabilidade da decisão jurídica
≠
VPS: Inconstitucional, está em causa 1 dto fundamental, a sanção não pode ser a mera
anulabilidade, tem de ser a nulidade
Não pode haver 1 sanção de mera anulabilidade, contradiz a lógica da importância deste
dto fundamental
- Tribunais adotaram a tese da anulabilidade, tendo efetivamente anulado as decisões que
careciam de audiência dos interessados;
- Agora as autoridades administrativas sabem que têm de ouvir os interessados, mas
frequentemente não tomam em conta, não têm em ponderação, os interesses manifestados
na audiência, estes não apresentam relevância na decisão
VPS: Impende sobre a Administração o dever de ponderação, sendo que o seu desrespeito
implica 1 ilegalidade
Ordenamento italiano
- O desrespeito do dto á audiência traduz-se numa violação do princípio da imparcialidade
EUA
- Decisão administrativa pode ser “reeviada” para ser “reconsiderada” pelas autoridades
administrativas (lógica do push back);
- Ilegalidade procedimental + Ilegalidade material
Conceção de ato definitivo executório não faz qualquer sentido á luz da realidade atual
- Já ninguém aceita esta conceção; a mesma encontra-se desatualizada/desadequada, não tem
lugar atualmente no ordenamento jurídico
Pressupostos
- Posição de Otto Mayer VS Auriot
Ato administrativo é de natureza reguladora Ato administrativo enquanto ato
(definição acolhida pela Escola de Coimbra) produtor de efeitos (mas só relevam
Definir o Dto aplicável é ≠ Produção de efeitos jurídicos os efeitos definitivos e executórios)
Ato administrativo
CPA: 148º - Conceito aberto, serve para enquadrar as regras acerca do ato administrativo
É precisa 1 noção suficientemente ampla que inclua todas as espécies de ato administrativo
que foram surgindo com a evolução da AP
- Noção autoritária de ato administrativo durou até 2004, “muito para lá do seu período de
validade”
Estado Pós-Social
- Atos que produzem efeitos múltiplos, destinam-se a 1 multiplicidade de destinatários, na
lógica de 1 AP infraestruturada;
- Conceito de ato tem de ter 1 âmbito muito amplo;
• Ultrapassou-se a lógica do ato executório e definitivo;
≠
Ato administrativo não define o Dto, é 1 meio de satisfação de necessidades coletivas, não
é 1 fim em si
Não são simples atuações jurídicas, equivalem aos atos administrativos, apenas não se
encontram tipificados
FA: Tendo desaparecido o ato administrativo definitivo e executório teve o receio de que
“tudo fosse considerado ato administrativo”
VPS: Receio infundado; conceção de ato administrativo regulador não faz qualquer sentido em
Portugal
Não pode ser feita qualquer distinção entre atos administrativos internos e externos
Projeto de arquitetura, quando aprovado, produz efeitos jurídicos para os particulares, estes
terão o dto de construir
- Esta decisão pode ser impugnada, trata-se de 1 ato simultaneamente interno e externo
Validade e Eficácia
- Realidade diferente do Dto Civil (no Dto Civil 1 ato inválido não produz efeitos jurídicos);
- DA: 1 ato pode ser elaborado de acordo com os requisitos legais/de validade e mesmo assim
não produzir efeitos pq não cumpre os requisitos de eficácia
Ex: Visto do Tribunal de Contas- Enquanto não for concedido a decisão não produz efeitos
Ex: Enquanto não houver notificação dos particulares, a decisão não produz efeitos, ainda não
se verificou o requisito de eficácia (notificação)
Apesar de 1 ato ser contrário á lei, se o seu vício for a anulabilidade e esta não for arguida, o
ato pode produzir efeitos eternamente
(Natureza da função administrativa + Garantia de segurança jurídica)
Depois de 2004: Mesmo quando o particular não arguir a anulabilidade o juiz pode declarar a
anulação do ato, este pode conhecer o vício
Arts 165º e ss
168º: Deve ser interpretado como dizendo respeito a prazos meramente indicativos,
Administração pode declarar anulação de atos ilegais a todo o tempo (VPS)
Quando os particulares não agem a atuação ilegal torna-se inatacável por motivos de
segurança jurídica (Ato convalida-se)
Se ninguém recorrer aos meios jurisdicionais, a atuação ilegal continua em vigor/a produzir
efeitos
- As partes do procedimento têm de atuar
Fonte de invalidade
- Atos administrativos são inválidos quando não respeitam os requisitos de validade;
- Procedimento/Forma/Aspetos essenciais/Competência;
- Portugal
• Teoria dos vícios do ato administrativo;
- Evolução histórica do DA;
- Diferentes leis vieram acrescentar novos vícios
Não há nenhuma lei que diga ser obrigatória a utilização de qualquer destes vícios
VPS + André Gonçalves Pereira: Esta teoria é incompleta e ilógica para além de ilegal
CPA: Particular tem de referir a causa do pedido, o seu fundamento, assim como a fonte de
invalidade e não 1 dos vícios formulados por esta teoria
Lógica do desvio de poderes: Único vício que se verifica nos atos discricionários
VPS: Não há atos puramente discricionários (Lógica inadmissível e irracional)
161º/2: Usurpação e desvio de poderes (Não é 1 referência á teoria dos vícios, a lei não exige a
a sua utilização)
Modalidades/Formas de invalidade
Nulidade
- Invalidade + grave;
- Pode verificar-se a propósito de qualquer requisito material do ato;
Anulabilidade
- Invalidade menos grave que a nulidade
“Legislador, ao tipificar atos nulos estaria a restringir o âmbito dos atos nulos”
≠
161º: Não equivale a tipificar os atos que são nulos
• No nº 2 as alíneas são extremamente abrangentes, o legislador abrange tudo, não
haverá tipificação dos casos de nulidade, continua a tratar-se de 1 cláusula aberta;
• As alíneas do 161º/2 referem-se a todos os critérios de validade:
✓ Violação + intensa- Nulidade;
- Violação da competência ou da separação de poderes + Casos de incompetência
absoluta (Violação das atribuições);
- Violação menos intensa (Anulabilidade);
✓ Atos que violem o conteúdo essencial de 1 dto fundamental
- Extremamente graves (Acarretam a nulidade do ato);
Não há nenhuma regra geral de anulabilidade tal qual não há para a nulidade; a qualificação da
invalidade depende da intensidade da violação que se verificou
Ato administrativo
- Noção dos vícios do ato administrativo não é lógica nem adequada
≠ Deve-se recorrer aos elementos do ato; haverá violação dos requisitos que gera a
invalidade do ato
Competência (169º)
- Quem pode revogar: Autor do ato e órgão competente;
Regulamento
- AP quando atua unilateralmente tbm pode praticar atos normativos;
- Poder regulamentar da AP: Alguns autores afirmam ser remanescente do poder legislativo,
estando em causa 1 eventual violação da separação de poderes
≠
VPS: Está em causa somente o exercício da função administrativa, o regulamento não é 1 lei
em sentido material, não pode ter os seus requisitos
- Regulamentos: Sujeitos a 1 duplo controlo (constitucionalidade e legalidade)
▪ Tbm são atos criadores apesar de não serem leis, mas essa inovação tem de caber no
quadro da função administrativa, se extravasar esse limite será ilegal;
▪ Legislador “teve 1 expressão infeliz”:
- Ato e regulamento são ambos unilaterais, mas o regulamento é geral e abstrato
Regulamento
- Destinatários são definidos/determinados de 1 forma geral que gera a indeterminabilidade
dos mesmos
≠ Ato é individual e concreto
- Basta a generalidade para estarmos perante 1 ato normativo
Abstração
- Norma diz respeito a 1 pluralidade de situações, podendo abranger determinados
destinatários;
- Embora a lei tenha apenas 1 destinatário, por ex, o PR, esta será abstrata pq se irá aplicar a
todos os futuros PR; tratar-se-á de 1 regulamento (VPS);
- Há outros casos em que está em causa 1 realidade que, apesar de ser formulada em termos
genéricos, apenas se irá aplicar a 1 dada situação
Ex: Norma referente ao feriado de St. António em Lisboa