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Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

10.11.2022

CASAMENTO PUTATIVO:

Art.º 1647 e 1648 CC

NOÇÃO: Atribuiçã o da efeito a um casamento que será considerado invalido – anulado ou nulo. É o casamento invalido ao
qual a lei atribui certo efeitos semelhantes ao casamento celebrado validamente.

Um casamento que venha a ser declarado nulo ou anulá vel pode produzir certos efeitos até à data da declaraçã o de
nulidade ou anulaçã o quando se verificam certos requisitos.

REGIME GERAL DE ANULABILIDADE OU NULIDADE: – artigo 289º CC – ao casamento invalido nã o se poderia atribuir
qualquer efeito. Ou seja, era como se aquele casamento nunca tivesse sido celebrado, teria consequências a nível de efeitos
sucessó rios. Consequências a nível da filiaçã o porque se o casamento é como se nunca tivesse existido os filhos nascido
seriam considerados nascidos fora do casamento, alem de consequências a nível dos efeitos patrimoniais do casamento.

Para editar estes inconvenientes aparece o regime do casamento rotativo que embora se reconheça que aquela uniã o tem de
cessar mas há que proteger um conjunto de efeitos que já se verificaram té que venha ser declarado nulo ou anulá vel. E para
que haja a proteçã o desses efeitos jurídicos, para que o casamento rotativo possa intervir é necessá rio cumulativamente o
preenchimento de 3 requisitos:

 Existência do casamento – casamento inexistente nã o produz efeitos nem mesmo rotativo (art.º 1630 CC),
 Tenha sido declarado nulo ou anulado (art.º 1647 nº1 e nº3) – a invalidade do casamento só se opera depois de
ter sido reconhecido por sentença – art.º 1632 CC.
 Boa-fé – de ambos os conjugues ou só de um – necessá ria para que o casamento produza efeitos em relaçã o aos
conjugues ou em relaçã o à quele que está de boa-fé e também vai produzir efeitos reflexamente nas relaçõ es com
terceiros.

A boa-fé nã o é exige nos efeitos em relaçã o aos filhos, para os efeitos em relaçã o aos filhos vã o se verificar
independentemente da boa ou má -fé dos conjugues.

A lei presume a boa-fé art.º 1648 nº1 CC a qual consiste em regra na ignorâ ncia desculpá vel da circunstâ ncia que causou a
nulidade ou anulabilidade – art.º 1648 nº1 também se considera de boa-fé o conjugue cujo consentimento tenha sido obtido
através de coaçã o, esta boa-fé é aferida à luz do momento da celebraçã o do casamento.

No casamento cató lico declarado nulo pelos tribunais eclesiá sticos, a regulaçã o dos efeitos deste casamento é efetuado à luz
do direito civil e é da exclusiva competência dos tribunais do estado o conhecimento negocial do conceito de boa-fé, art.º
1648 nº2 CC

Preenchidos os três requisitos podemos ter a produção de efeitos putativos, art.º 1647 nº1 CC, os efeitos putativos vã o se
manter até à data do transito em julgado da sentença de anulaçã o do casamento ou até à data do averbamento da sentença do
tribunal eclesiá stico que declarada a anualidade do casamente cató lico, art.º 1647 nº3 CC os efeitos já produzidos deste
casamento mas nã o se produzem novos efeitos, há uma manutençã o dos efeitos que já forma produzidos desde a data de
celebraçã o do casamento mas nã o há produçã o de novos efeitos, a declaraçã o de nulidade e anulaçã o do casamento só operam
para o futuro.
Principais efeitos do casamento putativo:

 Das relações entre os conjugues. Temos de distinguir 3 situações


1. Se ambos estiverem de boa-fé, o casamento invalido vai produzir todos efeitos entre eles até à data do nº1
e nº3 art.º 1647 CC. EX: A é casado com B, mas o casamento sofre de um problema, mas antes da sentença o
B morre, logo A iria ser herdeiro. Depois de ser declarada a sentença de anulaçã o, iria ocorrer efeitos
retroativos como se A e B nunca fossem casados, por isso existe os efeitos putativos para A ser herdeiro,
proteçã o dos direitos já produzidos.

2. Se só um estiver em boa-fé – o casamento que venha a ser declarado invalido vai produzir os efeitos que
forem favorá veis à quele que está de boa-fé, só esse é que pode invocar os efeitos do casamento, só esse que
os pode aproveitar. EX: B que faleceu estava de boa-fé e A que estava de má -fé. Neste caso A nã o pode
invocar os efeitos.

3. Quando ambos estão de má-fé – aqui ninguém pode invocar efeitos, neste caso o casamento nã o tem
eficá cia rotativo, nã o produzem nem efeitos pessoas nem patrimoniais.

 Relações externas (aos filhos) a lei nã o distingue entre a boa e má -fé, aqui vã o-se produzir todos os efeitos
nomeadamente em questõ es de estabelecimento de filiaçã o, vigora a paternidade art.º 1827 CC

 Em relação a terceiros que por qualquer motivo celebraram negó cio com os conjugues etc. a proteçã o que a lei
confere nestes casos é uma proteçã o lateral e reflexa da pró pria relaçã o entre os conjugues, art.º 1647 nº2 CC. Há
que distinguir a situaçã o da boa ou má -fé
o Se estiverem de má-fé nã o há a produçã o de qualquer efeito rotativo nem em relaçã o aos conjugues nem
em relaçã o a terceiros. Nã o produz efeitos.
o Se ambos tiverem de boa-fé o casamento invalido também ira produzir efeitos rotativos em relaçã o a
terceiros até ao transito em julgado.
o Quando só um está de boa-fé art.º 1647 nº2 – diz-nos que vã o-se manter os efeitos que forem reflexo da
relaçã o estabelecida entre os cô njuges e beneficiarem aquele que está de boa-fé porque se for um efeito que
prejudica o que está de boa-fé nã o se mantém esse efeito nem mesmo nestas relaçõ es. Temos de ver se
aquela relaçã o é uma relaçã o reflexa da pró pria relaçã o entre os conjugues. Há uma conjunto de relaçõ es
que se vã o estabelecer entre cada um dos conjugues e terceiros que até podem estar dependentes do estado
pessoa de casado (afinidade), estas situaçõ es porque nã o sã o mero reflexos nã o vã o produzir qualquer tipo
de efeitos rotativos. EX: casamento declarado nulo ou que é anulado nã o pode vir o C que era afim de B
invocar que quer que se mantenha a produçã o deste efeito.

Há dois casos da relação putativo:

o Questão de alimentos – determina que o conjugue que esta de boa-fé confere o direito a alimentos mesmo apos o
transito julgado da respetiva decisã o. Ultrapassa a data do transito em julgado ou abreviamento.
o Nacionalidade – art.º 3 nº2 da lei da nacionalidade estabelece que a declaraçã o de nulidade ou anulaçã o do
casamento nã o prejudica a nacionalidade obtido pelo cô njuge que estava de boa-fé.

CASAMENTO CATÓLICO

Esta inserido na 2ª modalidade do casamento civil facultativo. Temos dois institutos jurídicos a regular o casamento o direito
civil e o direito canó nico.

Quanto à questã o dos requisitos temos requisitos de fundo e de forma. No de fundo temos o consentimento e capacidade.
1. REQUESITOS DE FUNDO:

1.1. CONSENTIMENTO: é regulado pelo direito canó nico:

O cânone 1095 considera incapazes de contrair casamento o consentimento de nã o prestarem o consentimento valido por
todos aqueles que se encontrassem em uma destas 3 situações:

 os que carecerem de suficiente uso da razã o o qual se presume a partir dos 7 anos.
 os que sofrem de grave defeito de discernimento sobre os direitos e deveres essenciais do matrimonio
 os que por causa de natureza psíquica nã o podem assumir as obrigaçõ es essenciais do matrimonio.

O direito canó nico tal como o direito civil exige que o casamento seja atual, pessoal, puro e simples, perfeito e livre. Mas têm
particularidades. Admite o casamento por procuraçã o mas ambos podem estar representados por procurador cânone 1105.

Permitido o casamento sob condiçã o nos termos do cânone 1102 nº3 ao contrá rio do que vimos no casamento civil.

Relativamente as faltas de vontade câ none 1101, há uma presunçã o de conformidade entre a vontade real e a vontade
declarada.

O casamento nulo, é através do casamento simulado sendo esta absoluta ou relativa.

Vícios da vontade: cânone 1096 e ssg

 Erro:
o erros sobre a natureza do contrato de casamento: há erro quando um deles ignora que o casamento é uma
uniã o permanente entre homem e mulher que tem finalidade a procuraçã o mediante alguma cooperaçã o sexual.
Se os nubentes ignoravam esta natureza do matrimonio há um erro e o casamento é invalido.
o erro acerca da pessoa do outro nubente ou acerca das qualidades dessa pessoa: cânone 1097 esta
questã o só será motivo de invalidar o casamento se diretamente se pretendeu essa qualidade verificada
naquela pessoa.
o erro sobre as próprias características do casamento católico: nomeadamente a ideia da unidade, que o
casamento nã o deve ser dissolvido e da dignidade do casamento enquanto sacramento câ none 1099.

 Dolo: cânone 1098 o casamento contraído com dolo será fundamento de nulidade se estiver preenchido o
condicionalismo deste câ none de acordo com este preceito o casa mento é invalido se quem o contraiu foi engando por
dolo, dolo esse que foi perpetuado para obter o consentimento do outro conjugue.

 Cânone 1103: considera invalido o casamento celebrado por violência ou medo grave incutido por uma causa externa
ainda que nã o tenha sido essa ameaça dirigida diretamente para obter o consentimento mas se houver uma
ameaça/violência há possibilidade de invalidar o casamento.

1.2. CAPACIDADE: regulado tanto pelo direito civil como o direito canó nico

 Regra geral: só pode casar quem tiver capacidade à luz do direito civil.

E temos impedimentos específico do direito canó nico.


 Impedimentos dirimentes: . O casamento cató lico nã o pode acontecer se existir algum dos impedimentos dirimentes
previstos nos cânones 1073 e SS
 Gerais: câ nones 1073º a 1080º
 Especiais: câ nones 1083º a 1094
 Falta de idade nupcial: para o homem sã o 16 anos e para a mulher sã o os 14 anos
 Impotência: câ none 1084
 Vínculo anterior não dissolvido: câ none 1085
 Diferença de culto: câ none 1086 (é dispensá vel)
 O padre não pode casar : câ none 1087
 Voto publico perpetuo de castidade imitido no instituto religiosa: câ none 1088
 Pratica de crime: rapto (1089); crime geral (1090);
 Relação de consanguinidade: câ none 1091
 Afinidade: câ none 1092
 Parentesco legal: câ none 1094
 Honestidade publica: câ none 1093
 Nã o existe expressã o direta sobre impedimento impediente, embora pareça existir um impedimento desta natureza
no câ none 1071º que diz que o casamento cató lico só pode ser celebrado em certa situaçõ es se houver autorizaçã o para
esse matrimonio, a partida parece que pode ser suprido).
 Impedimento temporários
 Impedimento perpétuos
 Impedimento públicos: (tem de fazer prova)
 Impedimento ocultos: (prova)

NOTA: Processo preliminar: É o pá roco que vai aferir a existência ou nã o de impedimento do direito canó nico. O pá roco só
pode celebrar o casamento depois do conservador imitir o certificado a autorizaçã o a celebraçã o do casamento, porque nã o
há impedimento do direito civil. Existe consequência jurídicas para o paraco que celebre o casamento cató lico sem certificado
– artigo 296º CRC.

Consequências:
O casamento católico nã o pode ser anulado nos tribunais civis, se o casamento nã o podia ter realizado porque existia
impedimento do direito civil nã o sã o os tribunais civis que se podem pronunciar sobre a validade do casamento (embora já
tivemos o protocolo adicional de 2004 que veio dizer que se poderia ter atribuído competência aos tribunais civis, mas nã o
ocorreu alteraçã o a lei).
O problema de um problema cató lico que seria invá lido pelo direito civil vai manifestar-se ao nível do registo, saber se
pode ser transcrito ou nã o o casamento. Nã o é automá tica que a invalidade do casamento cató lico vai impedir a transcriçã o.
Existe um conjunto de interesses pú blicos subjacentes a realizaçã o do casamento, nem o sistema legal é tao rigoroso que
afaste em absoluto a possibilidade de transcriaçã o.

Existe normas do direito civil que visam a proteçã o de interesse pú blicos. Contudo a celebraçã o do casamento cató lico faz
nascer um interesse pú blico, o interesse que o casamento venha a produzir efeitos civis para que nã o exista uniã o legitima
face a igreja cató lica e ilegítimas face aos estado.

Recusa da transcrição
 Impedimento dirimente do direito civil (embora o Impedimento pudesse existir na data da celebrado do
casamento nã o existir a data do pedido da transcriçã o esta é possível)
Artigo 174º CRC – falta de idade nupcial ; sentença de maior acompanhado; demência notó ria; casamento anterior nã o
dissolvido.
2. REQUISITO FORMAL:
 Processo preliminar do direito civil
 O pá roco pode incitar o pedido para o processo preliminar de casamento civil – artigo 135º nº 2 CRC
 Processo preliminar especial do católico
 Necessitada de um certificado passado pelo conservador que os nubentes tem capacidade para a celebraçã o do
casamento

 Celebração: exclusiva do direito canó nico

 Posterior á celebração: é relativo ao registo que é feito pela transcriçã o.


 O pá roco vai lavrar o respetivo assento paroquial – artigo 167º CRC.
 Vã o ao conservató rio para transcrever, pode existir diferença de dias ou semanas para a transcriçã o, mas
depois do registo tem efeitos retroativos.
 O envio deve ser feito no prazo de 3 dias a contar da data da cerimó nia e se o pá roco nã o enviar pode incorrer
em sançõ es – artigo 296º CRC.
 Conservador faz a transcriçã o – 172º CRC. Se existir impedimento dirimente que sã o Impedimento
temporá rios o conservador pode suspender para que o Impedimento cesse e depois faz a transcriçã o do
casamento.
 No caso de omissã o do processo preliminar do casamento civil a transcriaçã o só pode ser efetuada depois de
correr o processo que se destina a averiguar a existência de Impedimento para a celebraçã o do casamento.

NOTA: no caso de termos um casamento civil e depois querer casamento cató lico, nã o corre registo.

CASAMENTO URGENTE CATÓLICO


Iminência de parto: possível o casamento urgente para o canó nico, exte é celebrado sem o certificado de autorizaçã o para
realizar o casamento e também é celebrado sem processo preliminar do casamento – artigo 151º nº1 CRC

CASAMENTO DE CONSCÊNCIA CATÓLICO


Motivo de ordem moral que justifica a celebraçã o deste casamento que pode configurar um
vertente secreta. Nã o deixa de ser urgente, mas tem particularidade que é o motivo moral:
Ex.: Duas pessoas que viveram em mera uniã o de facto durante muitos anos, onde todos suponham que eram casados, por
isso permite o casamento secreto para evitar o escâ ndalo.
Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

16.11.2022

NULIDADE DO CASAMENTO CATÓLICO:


A regra é que a competência para declarar a nulidade deste casamento é da competência dos tribunais eclesiá sticos - artigos
1625 e 1626 CC, - embora a Concordata de 2004 no artigo 16 veio alargar a competência aos tribunais do estado para regular
os efeitos para decisã o da declaraçã o de nulidade. Todavia, o artigo 1625 CC mantém-se inalterado, existe uma discordâ ncia.

DECLARAÇÃO DE NULIDADE E OS SEUS EFEITOS NA ORDEM CIVIL:


 Até 2004 os tribunais eclesiá sticos pronunciavam-se sobre a nulidade do casamento cató lico e a decisã o destes
tribunais era comunicada automaticamente ao tribunal da relaçã o e este tribunal aplicava a decisã o, só podia o tribunal
da relaçã o a precisar questõ es de forma, mandava proceder ao respetivo registo daquela decisã o.
 Após a concordata de 2004 e nos termos do art 1626 CC, atualmente é necessá rio um requerimento a pedido das
partes dirigido ao tribunal da relaçã o e além disso é a necessá rio a revisã o e confirmaçã o da decisã o dos tribunais
eclesiá sticos pelo tribunal da relaçã o.

PROCEDIMENTO: os interessados vã o apresentar um requerimento ao Supremo tribunal da assinatura apostólica para


que este tribunal envie o processo para o tribunal da relaçã o. O tribunal da relaçã o vai fazer o processo de revisã o e
confirmaçã o de sentença estrangeira regulado nos termos do artigo 980 CPC. Isso significa que atualmente a nulidade do
casamento cató lica nã o é reconhecida automaticamente na ordem civil. Se nã o existir este processo pode ser considerado
nulo à luz da ordem cató lica, mas vá lido na ordem civil.

CONVALIDAÇÃO DO CASAMENTO CATÓLICO INVÁLIDO: a convalidaçã o pode ser simples ou raiz.


 Simples: cânones 1156 a 1160 -» é uma forma ordiná ria de validaçã o do casamento cató lico, há possibilidade de
tornar o casamento vá lido através da prestaçã o de um novo consentimento. Um novo ato de vontade que só vai
produzir efeitos para o futuro. Esta pressupõ e que os cô njuges possam contrair matrimó nio vá lido por ter cessado a
causa de invalidade. – cô njuges renovam o seu consentimento.

Esta convalidaçã o está relacionada com os impedimentos temporá rios ou impedimentos dispensá veis.

 Raiz: cânones 1161 – 1165 -» é uma forma extraordiná ria de validaçã o que se traduz numa verdadeira retificaçã o.

Para seja possível é necessá rio:


 nulidade procedente de um impedimento de direito eclesiá stico ou falta de forma
 consentimento de forma insuficiente, mas eficaz e claro de forma a fazer surgir o casamento
 existir causa grave a justificar a retificaçã o. Esta retificaçã o é concedida pela autoridade eclesiá stica competente e
tem efeitos retroativos, porque se vai aproveitar o consentimento anterior.

Se estiverem preenchidos estes requisitos a entidade eclesiá stica vai proceder à retificaçã o e convalidar o casamento -
artigo 70º nº1 d) CRC e 177º nº1.

NULIDADE DA TRANSCRIÇÃO: artigo 87 d) CRC


Quando exista uma causa de recusa da transcriçã o e mesmo assim o casamento foi transcrito para o registo, neste caso, os
tribunais têm competência para se pronunciar sobre a nulidade com um regime especial:
 tem de ser reconhecida pelos interessados
 nã o é de reconhecimento automá tico.
EFEITOS DO CASAMENTO:
Os efeitos legais do casamento consistem na aquisiçã o do estado de casado e na respetiva sujeiçã o das partes ao respetivo
regime jurídico. Dois tipos de efeitos: pessoais e patrimoniais do casamento

 EFEITOS PESSOAIS:
Desde logo o casamento afeta o estado das pessoas, ou seja, adquirem o estatuto de “casado”. Os efeitos pessoais do
casamento integram o estatuto:
 matrimonial primá rio
 base

Estes efeitos contemplam um conjunto de normas que se vã o aplicar a todos os casamentos independentemente da
modalidade, da forma de celebraçã o e do regime de bens que escolheram.

Alguns efeitos pessoais estã o ligados aos efeitos patrimoniais. Ex.: dever de assistência, que é o dever de prestar alimentos,
tem cariz patrimonial.

(NOTA: todas estas normas referentes aos efeitos pessoais do casamento sã o imperativas, nã o podem ser afastadas mediante
vontade das partes)

Efeitos pessoais do casamento que são regulados no 1671 a 1677 ??


 Artigo 1671: resultam dois princípios essenciais:
a. Princípio da igualdade: está consagrado no artigo 36º nº3 CRP e deriva do artigo 13 CRP. Todas estas
disposiçõ es que afetem o princípio da igualdade serã o consideradas inconstitucionais. Antes da reforma de 77 o
tratamento desigual entre os cô njuges era considerado constitucional.
b. Princípio da direção conjunta da família: rege o princípio da igualdade entre os cô njuges, logo pertence a
ambos a direçã o da família (imperativo). Será nulo o contrato que os cô njuges realizarem sobre a direçã o da
família ficar a cargo apenas de um deles.
Este princípio acarreta um direito- dever, ou seja, têm o dever de decidir em conjunto sobre a orientaçã o da vida em
comum tendo em conta o bem da família e os interesses de um e de outro - direito e um dever pessoal. Este princípio leva ao
surgimento do princípio da autorregulação.

Princípio da autorregulação: tem de haver disponibilidade para procurar uma soluçã o para as discordâ ncias.

Qual é o objeto deste acordo sobre a direção conjunta da família? Está em causa um conjunto de questõ es que dizem
respeito à orientaçã o da vida em comum que podem incluir o comprar vender e arrendar um imó vel, relacionado com os
nú meros de filhos que vã o querer ter, quando, onde será a casa de morada de família. Este acordo que tem de existir é
diferente do poder de ser executado por qualquer um deles. A execuçã o dessas questõ es pode recair sobre qualquer um deles
sobre aquilo que decidiram. A execuçã o de algumas questõ es desse acordo pode ser feita por qualquer um deles. Em relaçã o
aos direitos individuais, a pessoa casa, mas nã o acarreta essa perda. A pessoa mantém em pleno os seus direitos individuais,
de personalidade, exceto o da liberdade sexual que fica limitada face ao dever de fidelidade.

NOTA: liberdade – escolha política, religiosa, escolher o que vestir, exercício de atividade desportiva

 Artigo 1777: consagra a liberdade de exercício da profissão ou qualquer atividade sem ser necessário de obter o
consentimento do outro cônjuge. Estes princípios têm de ser harmonizá veis com o dever de os cô njuges orientarem a
sua vida em comum, tendo em vista o bem da família, e dos interesses um do outro. Isso pode levar em que determinadas
situaçõ es, embora haja liberdade de exercício de certas atividades, houve um diá logo entre eles a profissã o que cada um
deveriam exercer.
Ex: bailarina salã o eró tico.
Natureza jurídica do acordo sobre a vida em comum:
Discute-se se este acordo tem relevâ ncia jurídica, isto é, impondo direitos e obrigaçõ es, consubstanciando-se num negó cio
jurídico, embora nã o pode ser objeto de execuçã o específico, ou, nã o sendo considerado um negó cio jurídico, é um mero
acordo celebrado entre os cô njuges e vai ser sempre renovado. Esta posiçã o é a que melhor se enquadra no direito da família.
Em princípio se surgir algum problema, algum desacordo entre os cô njuges, vã o ter de chegar a uma soluçã o, o direito nã o
permite uma intervençã o judicial aqui – princípio da autorregulação das questões pessoais.

Há , no entanto, três situaçõ es que permitem a intervençã o do tribunal em matéria de efeitos pessoais:
1. Situações em que é manifestamente necessário ou urgente a questão do conflito
2. Situação relativa à casa de morada de família: no caso de desacordo quanto à fixaçã o ou alteraçã o da casa de
morada de família, o tribunal vem fixar qual é. Se estiverem de desacordo quanto ao nome pró prio ou apelidos do
filho 1875 n2.
3. Situação é relativamente às responsabilidades parentais: nomeadamente, quanto à s questõ es de particular
importâ ncia para a vida da criança. Se nã o chegam a acordo sobre estas questõ es vai ser o tribunal a decidir 1901 n2.
(As três situaçõ es demonstram que algo nã o vai bem na relaçã o)

Deveres conjugais- artigo 1672 CC


 Dever de respeito
 Dever de fidelidade
 Dever de coabitaçã o
 Dever de cooperaçã o
 Dever de assistência

Consequência da violação dos deveres:


-» Desde a alteraçã o legislativa de 2008 a violaçã o destes deveres conjugais nã o é causa do divórcio. – A violaçã o destes
deveres vai-se diluir na rutura do pró prio matrimó nio

Cumprimento dos deveres:


-» O cumprimento dos deveres conjugais corresponde ao que se espera de uma plena comunhão de vida.

Analise dos deveres:


 Dever de respeito: só ganha relevâ ncia autó noma de forma residual. Quando alguém comete adultério está a violar o
dever de fidelidade e respeito. O respeito está sempre associado a outra. O dever de respeito tem dupla dimensã o:
a. Negativo: traduz-se nã o fazer, nenhum dos cô njuges pode maltratar ou ofender o outro física ou moralmente,
nem pode adotar condutas comportamentos que possam suscitar as ofensas ou maltratos. Por exemplo, se um
recorre à PMA sem o consentimento do outro.

O dever de respeito é manifestado de forma indireta por exemplo através de comportamentos que nã o se coadunam com a
vida familiar – ex.: comportamentos indignos. Nã o podem esquecer que sã o casados, há uma ideia de unidade moral, respeito
pela honra, reputaçã o e dignidade do outro. Ex: cô njuge num café, em estado de embriaguez, a envergonhar o outro.
Comportamentos pú blicos inapropriados.
b. Positiva: é o fazer, o dever positivo está relacionado com o cuidado, a preocupaçã o para com o outro, vai violar
esta dimensã o aquele cô njuge que simplesmente nã o fala para o outro, nã o tem respeito pela família que tem
constituída. Cada um dos cô njuges tem a especial obrigaçã o de respeitar o outro, nã o lesando os seus direitos.

 Dever de fidelidade: só tem o conteú do negativo – nã o fazer – nã o ter relaçõ es sexuais consumadas com outra pessoa, é
considerada a infraçã o mais grave, abrange o elemento objetivo que é a prá tica e o subjetivo que é a intençã o ou
consciência da violaçã o do dever de fidelidade. Nã o cabe aqui a coaçã o ou violaçã o. Este dever de fidelidade nã o se
restringe à prá tica consumada, é a ligaçã o, correspondência.
 Dever de coabitação: é a partilha de leito, mesa e habitaçã o. O casamento leva à comunhã o de leito, mesa e habitaçã o.
Leito – débito conjugal. Os cô njuges têm o dever de ter relaçõ es conjugais um com o outro e de nã o ter relaçõ es sexuais
com mais ninguém. A concretizaçã o deste dever implica o respeito pelo outro. A recusa da consumaçã o do casamento ou
de manter relaçõ es com o outro, constitui uma violaçã o deste dever, a nã o ser justificada por uma causa, impotência,
doença.

 Comunhão de mês: no sentido de existir vida em economia comum.

 Comunhão de habitação: a regra é que os cô njuges devem morar juntos e de acordo com o princípio da igualdade
devem estar de acordo quanto à escolha de morada de família 1673. Para esta escolha devem ter em consideraçã o as
exigências da vida profissionais, os interesses dos filhos e a salvaguarda da unidade da vida familiar. A residência da
família representa o lugar do cumprimento do dever de coabitaçã o. Uma vez escolhida esta residência, ambos têm o
dever de aí habitar, salvo situaçõ es excecionais.
Ex.: se um dos cô njuges trabalha fora durante a semana. O acordo sobre a casa de morada de família nã o pode ser alterado
unilateralmente. Em casos excecionais, quando nã o estã o de acordo, têm de recorrer ao tribunal 1673 n3.

 Dever de cooperação: artigo 1674, este dever nã o é mais que a obrigaçã o de socorro e auxílio mú tuo. Têm de se
amparar e apoiar mutuamente. Está aqui em causa o dever de assumirem em conjunto as responsabilidades inerentes à
vida família que criaram. Há aqui um dever que se aplica na relaçã o para com a pró pria família que criaram.

 Dever de assistência contempla a obrigação de prestar alimentos e contribuir para os encargos da vida familiar:
artº 1675 e 1676. A obrigaçã o de prestar alimentos só faz sentido ou tem autonomia quando os cô njuges estã o
separados, estejam separados de direito ou de facto porque enquanto vivem juntos esta obrigaçã o de alimentos está
incluída nos encargos a vida familiar. Vamos ver que eles podem estar separados de direito ou de facto. Quando vivem
juntos está no â mbito dos encargos da vida familiar. No caso da separaçã o de pessoas e bens nem faz sentido falar em
vida familiar. A obrigaçã o de prestar alimentos aplica-se no caso do divó rcio também. No caso de separaçã o de facto o
dever de alimentos está regulado no 1675 e tem como critério de que compete prestar alimentos aquele que possa ter
sido responsá vel ou culpado pela separaçã o, o que nã o deixa de ser uma situaçã o peculiar porque a lei já eliminou a culpa
em muitas questõ es.

E qual o objeto desta prestação? Sujeito ao princípio geral do art 2004 segundo o qual o montante de alimentos depende da
necessidade de quem pede e das possibilidades de quem presta. Há aqui um problema de conceito indeterminado – como
podemos delimitar esta necessidade? Será que o credor de alimentos tem apenas de pedir o necessá rio ou mais além no
sentido de assegurar o padrã o de vida anterior? Nã o. A obrigaçã o de prestar alimentos vai ser limitada para o sustento,
alimentaçã o e vestuá rio. Nos casos concretos vai variar consoante a situaçã o econó mica das partes. Nã o se pode exigir a
manutençã o da vida anterior. Quanto à obrigaçã o de contribuir para os encargos da vida familiar 1676 pressupõ e-se que seja
igualitá ria no sentido que deve ser proporcional à vida de cada um. A contribuiçã o pode ser pelo trabalho que é exercido fora
de casa e vai afetar-se por aí, ou pelo trabalho do lar, nomeadamente, cuidar, arrumar, educaçã o dos filhos tem valor
econó mico.
E, portanto, se os cô njuges do tal acordo de decidir sobre a vida em comum, trabalho em casa tem valor econó mico, e havendo
rompimento de casamento há obrigaçã o de compensar este trabalho feito. Em regra, e diz-nos o n2 um deles até pode
contribuir mais que o outro sem que haja consequências de maior relevâ ncia, mas o n2 estabelece uma compensaçã o que é
excecional no caso de isso acontecer e obriga ao preenchimento de certos requisitos. Só pode ser exigida no momento da
dissoluçã o do casamento. Quais as situaçõ es que pode haver lugar a esta compensaçã o? A contribuiçã o de um foi
consideravelmente superior ao outro. Cada um deles trabalha fora de casa, têm salá rios diferentes, mas só um deles se dedica
ao trabalho doméstico, este está a contribuir mais para o encargo da vida familiar, por exemplo equivalente a 500 euros, mas
nã o, tem de ser superior, além disso um deles tem de ter renunciado de forma excessiva ou sacrificou-se de forma
manifestamente … em favor da vida comum, Ex renú ncia à vida profissional. Esta situaçã o tem como consequência prejuízos
patrimoniais importantes significativos. À luz do 1676 se houver esta situaçã o de manifestaçã o de um superior à do outro,
poderá levar à tal compensaçã o. Só pode ser exigida no momento do divó rcio. A violaçã o grave e reiterada destes deveres é
causa de rutura do casamento e nos termos do 1781 vai fundamentar a açã o de divó rcio.

Analise dos direitos:


 Direito ao nome: artigo 1677 - cada um deles conserva os seus apelidos, mas pode até ao má ximo de dois. O acrescentar
significa intercalar. A qualquer momento podem renunciar aos apelidos adotados art 104 n2 d) CRC. Em regra, quando
querem adotar os apelidos do outro o momento ideal é à data da celebraçã o do casamento. Porém, é permitido
acrescentar os apelidos em momento posterior à celebraçã o do casamento art 69 n1 n) CRC. Se a escolha dos apelidos
for feita à data da celebraçã o do casamento já consta 167 n1 h) CRC. No caso do casamento civil art 181 g) CRC. Porém
podem escolher adotar apelidos em momento posterior.
Se ocorrer a separaçã o de pessoas e bens ou dissoluçã o do casamento por morte de um dos cô njuges conserva-se o
direito a manter os apelidos adotados 1677 a) e b), embora sã o livres de renunciar. Podem renunciar aos apelidos 104
n2 d) CRC. No caso do divó rcio cada um dos cô njuges perde o apelido do outro, porém nos termos do 1677 b) n1 2 parte
podem conservar esses apelidos mesmo em caso de divó rcio se o Ex cô njuge der o seu consentimento nos termos
previstos no n2 desse art ou se for autorizado pelo tribunal nas situaçõ es do n3. Este pedido para continuar a usar os
apelidos pode ser feita em açã o autó noma ou na pró pria açã o de divó rcio.
Uma nota para o caso da viuvez. Mantém-se a conservaçã o à manutençã o do anterior, mas se casar novamente e quer
manter os apelidos do anterior nã o pode acrescentar do novo. Quando celebra novo casamento e quer manter os apelidos
do anterior n pode adquirir os do novo. Ou entã o se quer adquirir do novo companheiro, tem de renunciar aos anteriores.
Situaçã o do 1677 c) privaçã o judicial do uso do nome aquela situaçã o em que houve o falecimento ou divó rcio ou
separaçã o de pessoas e bens, quando há conservaçã o dos apelidos do outro cô njuge, pode acontecer que o cô njuge que
continua com os apelidos seja privado de os usar. Isso acontecer quando o uso desses apelidos lese gravemente os
interesses morais do outro cô njuge ou da sua família. Ex há uma situaçã o de viuvez e a viú va havia traído o falecido, a
regra é que manteria o direito a conservar, mas a família tem legitimidade n2 deste artigo privaçã o judicial dos apelidos
por parte desse cô njuge.

 Direito à conceção da nacionalidade: o casamento permite que o estrangeiro que case com português adquira
nacionalidade portuguesa apó s 3 anos do casamento – art 3 n1 lei nacionalidade. Art 8 o português que case com
estrangeiro nã o perde a nacionalidade portuguesa, salvo se tendo adquirido a nacionalidade estrangeira, venha a declarar
que nã o quer ser português. Estas declaraçõ es têm de ser registadas art 16 e 18 e abrevadas ao registo de nacimento art
19 lei da nacionalidade.

17.11.2022

Casos Práticos Nº14, 15, 16 e 17


Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

23/11/2022
EFEITOS DO CASAMENTO (CONTINUAÇÃO)

 EFEITOS PATRIMONIAIS

CONVENÇÃO ANTINUPCIAL (artigo 1698 ssg CC + artigo 189 a 191 CRC)

estamos perante um acordo entre os nubentes que se destina a fixar o regime de bens, mas que também pode fixar outras
questõ es que estejam na disponibilidade dos nubentes. Este acordo é um contrato acessó rio cuja existência e validade supõ e o
ato do casamento.

No â mbito das convençõ es antenupciais temos dois princípios dominantes:

1. Princípio da liberdade (artigo 1698 CC) – as partes podem fixar na convençã o antenupcial o regime de bens do
casamento quer escolhendo um dos regimes previstos na lei, quer estipulando um regime que possa estar fora do có digo
civil desde que essa escolha nã o configure uma mera remissã o geral e abstrata, desde que nã o seja meramente genérica.
Além, disso esta lei diz que os nubentes podem na convençã o antenupcial estabelecer um conjunto de clá usulas que
digam respeito a questõ es patrimoniais e a questõ es extrapatrimoniais.

o A nível de questões patrimoniais: podem fixar uma clá usula que estabeleça relaçõ es entre os cô njuges, podem
por exemplo estabelecer uma clá usula de uma promessa de arrendamento a favor dos pais de um deles. Podem
estabelecer também uma clá usula em que fixam um modo de contribuiçã o para os encargos domésticos.

o A nível de questões extrapatrimoniais: podem ser estabelecidas clá usulas que nã o tenham qualquer dignidade
pela tutela do direito, podem fixar na convençã o antenupcial quem é que vai tratar das lides domésticas. Podem por
exemplo estabelecer algumas clá usulas sobre a proibiçã o de segundas nú pcias. Podem estabelecer uma clá usula
que fixa para quem ficará a guarda dos filhos em caso de divó rcio, no entanto, esta questã o de quem fica com os
filhos em caso de divó rcio ou separaçã o, embora possam ser colocadas na convençã o antenupcial, isso nã o significa
que se houver por exemplo o divó rcio se vai ter de cumprir a clá usula à risca porque havendo divó rcio e crianças na
situaçã o em concreto atendendo ao superior interesse da criança poderá a criança ficar com os progenitores que
nã o tinham sido fixados na clá usula. Vai ter de se readaptar estas clá usulas à realidade, a outros interesses que
possam ter surgido. Além disso, nã o pode ser estabelecida qualquer tipo de clá usula que viole normas imperativas,
a ordem pú blica e os bons costumes.

Restrições ao princípio da liberdade:


- O artigo 1699 CC vem fixar algumas restriçõ es ao princípio da liberdade embora nã o seja um elenco taxativo.

 Regulamentação da sucessão dos cônjuges, isto é, nã o podem por exemplo na convençã o antinupcial dizer o seguinte:
“eu renuncio a ser herdeira legítima ou legitimá ria”, salvo as situaçõ es previstas no artigo 1700 a 1707 CC.
 Exceçõ es:
o situaçõ es que estã o nos artigos 1700 a 1707º CC. – pactos sucessó rios dizem respeito a um modalidade da
sucessã o (contratual) na prá tica é uma doaçã o, mas por morte, porque esta só produz os efeitos apos a morte
do doador, em egra estas doaçõ es por morte sã o proibidas salvo as situaçõ es reguladas nos pactos
sucessó rios. Desta pactos sucessó rio existe um possibilidade de os nubentes renunciarem mutuamente a
qualidade de herdeiro legitimá rio – caso de casarem em regime de separado de bens podem estabelecer uma
clausula em que renunciam a qualidade de herdeiro numa clausula anti nupcial. Estes pactos sã o realizados
nas convecçõ es anti nupcial.
o Estipulaçã o da comunicabilidade dos bens consagrados no artigo 1733ºCC: estipular uma clausula que diga
que os bens sã o considerados bens comuns. O artigo aplica-se a todos os regimes de bens, mesmo na
comunhã o geral d obvéns existem bens pró prios , este do artigo 1733º CC sã o sempre pró prios nã o pode
existir por vontade das partes afastar estes bens pró prios.
o Clausula que digam respeito aos direitos e deveres paternais ou conjugais que violem normas imperativas:
o Se o casamento for celebrado por quem tenha filhos e entende-se que nã o sejam filhos comuns do casal,
ainda que maiores emancipados, nã o poderá ser celebrado no regime da comunhã o geral de bens, nem pode
ser estipulada uma clausula de comunicabilidade dos bens proferidos no artigo 1722º CC, esta norma vis
assegurar a proteçã o dos filhos fazendo com eu o progenitor mantenha os seus bens pró prios.

2. Princípio da imutabilidade (artigo 1714 CC) – quer no regime que tenha sido escolhido pelos nubentes, quer no
regime supletivo de bens nos termos do artigo 1717 CC, este regime nã o pode ser modificado na constâ ncia do
matrimó nio. Portanto, a convençã o antenupcial vai-se tornar imutá vel a partir do momento em que é celebrado o
casamento. Até lá será livremente revogada ou modificada (artigo 1712 CC).

A justificaçã o deste princípio é que por um lado este princípio tem como objetivo:
 evitar que um dos cô njuges abuse do ascendente ou influência que pode ter sobre o outro e que levasse a que
apó s o casamento devido a essa influência desse ascendente pressionasse o outro cô njuge a consentir a
alteraçã o do regime de bens, que lhe seria prejudicial, portanto, pretende-se evitar que haja aqui qualquer
possibilidade de modificaçã o do regime de bens. Há quem considere atualmente que esta justificaçã o já nã o faz
sentido até porque existem formas de atacar faltas da vontade, vícios da vontade e, portanto, nã o se justifica
limitar a possibilidade de alterar o regime de bens.
 Questã o de segurança e certeza jurídica associada aos reflexos do casamento também nas relaçõ es externas;
para garantir a estabilidade das relaçõ es jurídicas que sejam estabelecidas entre os cô njuges e terceiros é
necessá rio que mantem o mesmo regime de bens

As exceções ao princípio da imutabilidade estã o previstas no artigo 1715 CC.


- Alínea b) simples separado judicial de bens e separaçã o de bens e pessoa
- Alínea c) – remissã o para 108º a 115º CC – situaçã o de ausência + 141º CIRE (situaçã o de insolvência) + 140 CPC (execuçã o
movida contra um dos cô njuges)

Além desta particularidade do artigo 1715 CC são proibidos certos negócios jurídicos durante a constância do
casamento, nomeadamente entre os cônjuges. Sã o proibidos os contratos de compra e venda entre cô njuges (artigo 1714
nº2 CC). No entanto, há alguns negó cios que podem ser celebrados, é possível celebrarem doaçõ es mú tuas (artigo 1761 ssg
CC). A daçã o em cumprimento também é possível (artigo 1714 nº3 CC). Podem celebrar o contrato de mandato a atribuir ao
outro poderes para administrar bens pró prios (artigo 1679 CC). Podem entrar com bens pró prios para sociedades comerciais
das quais façam parte desde que só um deles assuma a responsabilidade ilimitada (artigo 8 Código das Sociedades
Comerciais).
PROCEDIMENTO DA CONVENÇÃO ANTI-NUPCIAL:

REQUISITOS DE FUNDO:
a. Consentimento: esta sujeitã o regras gerais das faltasse vividos da vontade
b. Capacidade. Em princípio é a mesma para a celebraçã o do casamento – artigo 1708º CC. Existe exceçõ es quanto aos
mentos – nº2 e maiores acompanhados – nº3 . Se faltar capacidade a convençã o é suscetível de anulaçã o em
requerimento do incapaz, dos seus herdeiros ou daqueles que competir conceder autorizaçã o para suprir
capacidades, no prazo de 1 ano a contar da celebraçã o do casamento. A anulaçã o será saná vel se o casamento vir a ser
celebrado depois de cessar a incapacidade – 1709º CC.

REQUISITOS DE FORMA:
Forma de celebração: O artigo 1710º CC a reforma da conceçã o tem de ser celebrado pro declaraçã o por declaraçã o
prestada perante funcioná rio do registo civil ou por escritura publica ou documento particular autenticado – artigo 1711 CC
+ 191 n1 alínea e)CRC

Registo: a convençã o tem de ser registada para produzir efeitos na relaçõ es externas, se nã o for registado e cumprir tidos os
demais requisitos a convençã o é valida entre as partes , mas nã o produz efeitos em relaçã o a terceiros.

Caducidade: a convençã o anti nupcial caduca se o casamento nã o for celebrado no prazo de 1 ano ou se tiver sido declarado
nulo ou anulá vel – 1716º CC. Fica ressalvado só efeitos putativos do casamento e por isso mesmo que o casamento seja
declarado nulo ou anulado se ambos tiverem de boa-fé a convençã o vai produzir todos os seus efeitos até a data da declaraçã o
(art.º 1647 nº1 CC). SE apenas um deles estava de boa-fé vai aproveitar os efeitos da convençã o que o beneficia quer no
â mbito da relaçõ es com o outro cô njuge e relaçõ es externas, relativamente aos efeitos sã o meros reflexos das relaçõ es entre
os cô njuges (art.º 1647 nº2 CC).

DOAÇÕES PARA O CASAMENTO:

Falamos de um negó cio celebrado antes do casamento que pode se celebrado entre os nubentes ou a favor dos nubentes.
Trem em vista a celebrado do casamento. o regime é constituído por vá rios desvios as regras gerais do contrato as regras
gerais do contrato de doaçã o, precisamente porque as doaçõ es sã o justificadas por serem feitas a favor do casamento, muitas
vezes para encorajar o casamento e por isso se o casamento for dissolvido, nem se seja a realizar, se for declarado nulo temos
um regime especial para estas doaçõ es:
 Relações entre nubentes escusados: sã o feitas por um a favor do outro, podem ser mú tuos e tem em vista a futura
celebrado casamento. O objeto destas doaçõ es pode ser dois tipos:
3. Bens presentes: acontece na generalidade – 942º nº1
4. Bem futuro: esta doaçã o poder ter por objeto a totalidade ou parte determinada ou
indeterminada da herança do doador. Ex.: pactos sucessó rios onde é permitido em termos
excecionais – 1707 + 946º CC- estas constituem um desvio a regra geral.

Desta forma podemos falar dentro destas doaçõ es de 3 modalidades:

 Doação inter vivos (artigo 1753 ssg CC) – o objeto é um bem presente
 Doação mortis causa de bens presentes certos e determinados (artigo 1700 ss
CC)
 Doação mortis causa de parte ou totalidade da herança (artigo 1700 ssg CC)

Forma das doações: Estas doaçõ es (artigo 1756 CC) só podem ser feitas na convençã o antenupcial, têm de seguir a forma de
escritura pú blica ou documento particular autenticado. Porém, a doutrina, a jurisprudência diz-nos que a redaçã o do artigo
1756 CC é demasiado redutora porque se entende que esta doaçã o pode ser feita por qualquer outra escritura pú blica,
documento particular autenticado que nã o seja o documento que é a convençã o antenupcial. Aliá s, os nubentes podem querer
fazer uma doaçã o mortis causa e fazem uma mera escritura pú blica logo entende-se que temos de admitir que estas doaçõ es
possam ser celebradas em outras escrituras pú blicas e documentos.

Efeitos da doação: Variam consoante a modalidade em causa.

 Doação inter vivos – vamos aplicar as regras gerais do contrato de doaçã o com uma particularidade. Em regra, num
contrato de doaçã o transfere-se a propriedade da coisa ou do direito por mera transferência só que aqui temos uma
particularidade, nesta doaçã o temos uma condiçã o, é uma doaçã o condicional sujeita a uma condiçã o legal
suspensiva e isto significa que esta doaçã o só produz os seus efeitos a partir da celebraçã o do casamento (artigo
1755 CC), salvo estipulaçã o em contrá rio.

 Doação mortis causa de bens presentes certos e determinados – neste caso só com a morte do doador é que se
transfere a propriedade dos bens para o donatá rio, portanto, em vida do doador o donatá rio nã o tem qualquer
direito ou quaisquer poderes sobre os bens doados, tem uma mera espectativa de os vir a receber à morte do doador.
Só que esta espectativa é fortemente tutelada porque esta doaçã o é irrevogá vel (artigo 1701 nº1 CC). Ao ser
irrevogá vel isso significa que o doador nã o pode dispor dos bens doados nem a título gratuito nem a título oneroso
porque essa disposiçã o significaria revogar a doaçã o feita (artigo 1701 nº2 e nº3 CC).

 Doação mortis causa de parte ou totalidade da herança – os efeitos só se produzem apó s a morte do doador, isso
significa que só apó s a morte do doador é que se transmite a propriedade para o donatá rio. Neste caso a espectativa
nã o é tã o fortemente tutelada porque o doador em vida, embora nã o possa dispor do bem gratuitamente, pode
dispor desse bem a título oneroso daí que nã o seja uma espectativa tao forte como na situaçã o anterior.

Artigo 1757 CC – em regra, o bem doado por um nubente ao outro será considerado bem pró prio do donatá rio
independentemente do regime de bens.

Quanto à caducidade:
 A doaçã o caduca se o casamento nã o for celebrado ou se vier a ser declarado nulo ou anulado sem
prejuízo dos efeitos putativos quanto a esta ú ltima parte (artigo 1760 CC)
 Em caso de divó rcio ou separaçã o judicial de pessoas e bens, por culpa do donatá rio, se este for
considerado o ú nico ou principal culpado também aqui a doaçã o caduca (artigo 1760 CC)

Esta norma na verdade já nã o tem razã o de ser porque em 2008 o regime de divó rcio deixou de considerar o elemento culpa.
Além disso, podemos fazer remissã o para o artigo 1791 CC porque este artigo vai-nos dizer que um dos efeitos do divó rcio é a
perda de benefícios e esta perda de benefícios inclui doaçõ es e, portanto, qualquer um que tenha recebido doaçõ es tenha ou
nã o culpa vai ter de restituir.

 Artigo 1703 nº1 CC – caducam estas doaçõ es, no caso dos pactos sucessó rios, no caso de o donatá rio falecer
primeiro do que o doador.
RELAÇÕES FEITAS AOS ESCUSADOS EM VISTA DA CELEBRAÇÃO CASAMENTO:
(Aplica-se na generalidade o regime da relaçã o entre escusados) – doaçõ es a favor dos nubentes

Nestas doaçõ es aplica-se na generalidade o regime da doaçã o entre nubentes.

Objeto: bens presentes ou bens futuros.

Modalidades: sã o idênticas, o que muda é a pessoa que faz a doaçã o.

Forma também é a mesma.

Efeitos sã o iguais.

Caducidade, temos causas que sã o semelhantes com uma ressalva da morte prévia do donatá rio. Nos pactos sucessó rios, se o
donatá rio falecer primeiro do que o doador, a doaçã o nã o vai caducar porque neste caso podem ser chamados a suceder nos
bens doados os herdeiros nomeadamente os descendentes do donatá rio (artigo 1703 nº1 CC).

NOTA: Todas estas doações estão sujeitas ao regime da inoficiosidade (artigo 1759 CC) – em vida o falecido pode ter
disposto dos seus bens como pode fazer doaçõ es na constâ ncia do seu casamento, sempre que qualquer disposiçã o feita pelo
autor seja em vida, seja por via do testamento, sempre que essa doaçã o afete a legítima dos herdeiros legitimá rios, vamos ter
o regime da inoficiosidade. Este regime permite atacar essa doaçã o no sentido de que se foi na totalidade vamos ter de
revogar essa doaçã o, tem de se restituir o bem ou entã o reduzir essa doaçã o à parcela necessá ria para garantir a legítima do
herdeiro legitimá rio.

REGIME DE BENS DO CASAMENTO

Noção: Refere-se ao conjunto de regras cuja aplicação define a propriedade sobre os bens do casal, isto é, a sua
repartição entre o património comum e o património próprio de cada um dos cônjuges.

Quanto ao regime de bens vai ser aplicado o princípio da liberdade – os nubentes têm a liberdade para escolher o regime
que quiserem, embora essa liberdade tenha algumas limitações nomeadamente nos casos em que vigora imperativamente o
regime de separaçã o de bens (artigo 1720 CC). Uma das situaçõ es é quando o casamento é celebrado sem processo
preliminar. Vigora imperativamente também quando o casamento é celebrado por quem tenha mais de 60 anos. Portanto,
uma das razõ es que justificam a imperatividade deste regime, o legislador por um lado tentou evitar o aproveitamento
sobretudo econó mico de um dos cô njuges sobre o outro. Atualmente já nã o se justifica esta restriçã o da idade porque a
esperança de vida é maior. A verdade é que o legislador nã o alterou o artigo e a questã o de o cô njuge ser herdeiro é uma
questã o recente. Além desta situaçã o, temos o artigo 1699 nº2 CC, quando o casamento é celebrado por alguém que já tenha
filhos mesmo que maiores e emancipados, neste caso nã o podem escolher o regime de comunhã o geral de bens.

Regimes típicos que temos no código civil:


 Regime da comunhão de adquiridos (artigo 1721 a 1731 CC)
 Regime da comunhão geral de bens (artigo 1732 a 1734 CC)
 Regime da separação de bens (artigo 1735 e 1736 CC)

O regime supletivo, se nada disserem, é o regime da comunhã o de adquiridos.


Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

24/11/2022

REGIME DE BENS DO CASAMENTO (CONTINUAÇÃO)


Para além dos regimes típicos, temos também regimes atípicos, ou seja, ao abrigo do princípio da liberdade os nubentes têm
a possibilidade de criar um regime novo ou combinar de algum modo características dos regimes que estã o tipificados na lei.
Nã o podem fazer uma remissã o genérica para um regime qualquer, é o que nos diz o artigo 1718 CC.

REGIME DA COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS


(ARTIGO 1721 A 1731 CC)

Neste regime existem bens próprios e bens comuns:


ü Bens próprios – sã o aqueles que sã o levados para o casamento ou adquiridos a título gratuito na constâ ncia do
casamento
ü Bens comuns – bens adquiridos no decurso do casamento a título oneroso e que traduzem o esforço patrimonial de
ambos ou a colaboraçã o de ambos na aquisiçã o. Estes bens sã o, portanto, bens que se comunicam.

O regime de comunhã o de adquiridos é o regime supletivo (artigo 1717 CC) e, portanto, ele pode ser por um lado escolhido
diretamente pelos nubentes na convençã o antenupcial ou entã o se nada for dito, que acontece na maior parte das situaçõ es,
aplica-se o regime da comunhã o de adquiridos.

NATUREZA JURÍDICA DOS BENS COMUNS


Os bens comuns constituem uma massa patrimonial autó noma que atende à especial afetaçã o, sã o bens utilizados para e
pela família. A lei por esse motivo concede uma certa autonomia nesta matéria. Os bens comuns pertencem aos dois cô njuges
em bloco, é um direito uno sobre o todo e, portanto, eles sã o os dois titulares de um ú nico direito. Este patrimó nio coletivo é
diferente da compropriedade. Isto é importante porque no regime da comunhã o de adquiridos nã o há possibilidade da divisã o
deste patrimó nio comum enquanto durar o casamento. Nã o acontece o mesmo quando falamos do regime da separaçã o de
bens. Também há uma particularidade nesta matéria na participaçã o de cada um dos cô njuges nomeadamente por força do
artigo 1730 CC, cada um deles participa por metade no ativo e no passivo. Isto nã o significa que seja uma participaçã o
individual face a cada um dos bens em concreto que compõ em esse patrimó nio comum, mas sim face ao valor global dos bens
comuns. Está aqui em causa um direito ao valor da metade. Consideram-se nulas todas as disposiçõ es em sentido contrá rio ao
artigo 1730 CC.

Há também uma particularidade no regime de dívidas, por dívidas pró prias, de cada um dos cô njuges, podem ser
chamados a responder bens comuns. Por dívidas comuns podem ser chamados a responder bens pró prios.

1. BENS PRÓPRIOS (artigo 1722, 1723 e 1726 a 1729):


Artigo 1722 nº1 CC

ü Alínea a) – bens que cada um leve para o casamento, bens que já tinham à data do casamento e vão
permanecer seus – naturalmente que há determinados bens que é fá cil fazer prova de que o bem era pró prio. A
maior dificuldade pode estar na prova de bens mó veis nã o sujeitos a registo

ü Alínea b) – bens que advierem a cada um dos cônjuges depois do casamento individualmente por sucessão ou
por doação – sã o considerados bens pró prios e nã o se justifica que haja a comunicaçã o destes bens, nã o se justifica
que sejam transformados em bens comuns
ü Alínea c) + nº2 – bens adquiridos na constância do matrimónio por direito próprio anterior – estamos a falar
aqui de bens que embora sejam adquiridos depois da celebraçã o do casamento estes bens sustentam-se, baseiam-se
num direito que foi constituído anteriormente ao casamento. Portanto, como foram constituídos num direito
anterior ao casamento também nã o houve esforço conjunto do casal para adquirir esse bem e por isso é que é um
bem pró prio. O nº2 dá -nos 4 exemplos deste tipo de bens (nã o é um elenco taxativo) que vã o ser considerados
bens pró prios sem prejuízo de eventualmente poder existir compensaçã o sobre o patrimó nio comum:
o Bens comprados antes do casamento com reserva de propriedade (alínea c)) – exemplo: imaginemos
que A, marido, antes do casamento celebra um contrato de compra e venda com reserva de propriedade,
contrato de compra e venda a prestaçõ es de um automó vel que foi celebrado antes do casamento no entanto
este contrato só vai terminar apó s o pagamento de todas as prestaçõ es e só aí é que há a transferência da
propriedade, se ainda faltasse pagar 6 prestaçõ es, pagas na constâ ncia do casamento e uma ou duas delas
foram pagas com dinheiro comum, isso nã o transforma o bem num bem comum mas permite que depois
haja
compensaçã o, esta compensaçã o só é possível quando há a dissoluçã o do casamento ou em caso de
separaçã o

o Bens adquiridos em consequência de direitos anteriores ao casamento sobre patrimónios ilíquidos


partilhados depois do casamento (alínea a)) – neste caso um dos cô njuges era herdeiro, mas já era
herdeiro antes do casamento já tinha sido chamado à herança só que a herança ainda nã o tinha sido
partilhada, a partilha da herança só ocorreu depois do casamento e, portanto, é considerado também um
bem pró prio

o Bens adquiridos por usucapião fundada em posse que tenha sido iniciada antes do casamento
(alínea b)) – a constituiçã o do direito é anterior ao casamento mesmo que ele invoque a usucapiã o já depois
do casamento

o Bens adquiridos no exercício de direito de preferência de situação já existente à data do casamento


(alínea d)) – exemplo: contrato de promessa com eficá cia real, o marido tinha celebrado este contrato
antes do casamento, só realiza o contrato definitivo depois do casamento, mesmo que a aquisiçã o seja
onerosa como o direito foi constituído anteriormente é considerado um bem pró prio

Artigo 1723 CC – bens sub-rogados no lugar de bens próprios – estamos aqui a falar de bens adquiridos durante o
casamento, mas que substituem, tomam o lugar dos anteriores. Sai um bem, vai entrar outro.

ü Alínea a) – sub-rogação através de troca direta – exemplo: A, marido, antes do casamento era proprietá rio de
uma casa, troca a casa durante o casamento por outra, é considerado um bem pró prio
ü Alínea b) – possibilidade de a sub-rogação se traduzir na alienação de bens próprios quanto ao respetivo
preço – aqui sai o bem, mas entra dinheiro. Exemplo: o marido tinha um automó vel, vende-o, recebe 5 mil euros,
mas esse dinheiro é bem pró prio, líquida o carro
ü Alínea c) – bens adquiridos ou as benfeitorias feitas com dinheiro ou valores próprios de cada um dos
cônjuges – há uma particularidade porque a lei exige que a proveniência do dinheiro ou dos valores seja
devidamente mencionada no documento de aquisiçã o ou documento equivalente com assinatura de ambos os
cô njuges. Se nã o for devidamente mencionada a proveniência do dinheiro estes bens vã o ser considerados bens
comuns. Tem de se dizer que a proveniência daquele dinheiro era dinheiro pró prio para ser considerado um bem
pró prio, sem prejuízo também de compensaçã o para o cô njuge que seja prejudicado

Artigo 1726 CC
Bens adquiridos em parte com dinheiro ou bens próprios de um dos cônjuges e noutra parte com dinheiro ou
bens comuns – exemplo: os cô njuges compram um automó vel em que 70% do valor pago do automó vel foi com dinheiro
pró prio do marido, 30% foi com dinheiro comum, neste caso como a maior percentagem na aquisiçã o daquele bem foi com
dinheiro pró prio, o bem é considerado bem pró prio, se for o contrá rio, o bem seria um bem comum. Se for 50/50 é um bem
comum

Artigo 1727 CC
Bens indivisos adquiridos em parte por um dos cônjuges que deles tinha já uma outra parte – exemplo: caso da
compropriedade, um deles era comproprietá rio com mais 3 de uma casa só que no decurso do casamento tornasse o
proprietá rio, e, portanto, este bem embora tenha sido adquirido a título oneroso na constâ ncia do casamento é um bem
considerado pró prio, sem prejuízo de compensaçõ es que possam existir se o patrimó nio comum contribuiu para a aquisiçã o
deste bem

Artigo 1728 CC
Bens adquiridos por virtude da titularidade de bens próprios e que não se possam considerar como frutos destes
– em regra, os frutos dos bens pró prios sã o considerados comuns no regime da comunhã o de adquiridos. Neste caso estamos
perante frutos que sã o considerados pró prios em que nã o há possibilidade de comunicabilidade. O artigo 1728 nº2 CC dá-nos
4 exemplos de frutos que são considerados bens próprios (nã o é um elenco taxativo):
 Acessões (alínea a)) – exemplo: imó vel pró prio em que é construído um anexo que é considerado também um bem
pró prio
 Materiais resultantes da demoliçã o ou da destruiçã o dos bens pró prios (alínea b))
 Parte do tesouro adquirido pelo cônjuge na qualidade de proprietário (alínea c))
 Prémios de amortização de títulos de crédito ou de outros valores mobiliários próprios (alínea d))

OUTROS BENS PRÓPRIOS:


 Bens que pela sua natureza não podem ser separados da pessoa – exemplos: direitos de autor, correspondência
pessoal, distinçã o de um título, um prémio que tenha recebido por motivo profissional ou académico, medalhas,
diplomas etc.
 Bens que por força da vontade das partes serão próprios nomeadamente porque estabeleceram na
convenção antenupcial que determinados bens seriam bens próprios desde que não haja a violação de
normas imperativas

Artigo 1733 CC – embora esteja inserido no â mbito da comunhã o geral de bens, vai-se aplicar também aqui. Neste artigo
temos os bens que sã o sempre pró prios, a incomunicabilidade é imperativa:
ü Alínea a) – bens doados ou deixados ainda que por conta da legítima com cláusula de incomunicabilidade –
se nã o houver esta clá usula estes bens podem no caso de o regime da comunhã o geral de bens serem considerados
bens comuns. Este artigo quase que nã o é preciso no regime da comunhã o e adquiridos porque os bens doados e
deixados em herança sã o considerados bens pró prios, no entanto, o legislador pretendeu afastar de forma absoluta a
possibilidade de mesmo no regime da comunhã o de adquiridos se estabelecer uma clá usula que permitisse a
comunicabilidade destes bens.

ü Alínea b) – bens doados ou deixados com cláusula de reversão (artigo 960 CC) – ou com cláusula
fideicomissária (artigo 962 CC + artigo 2286 CC) – uma clá usula de reversã o é voltar o bem para o doador. Se
existir um bem que foi doado ou deixado com estas clá usulas nã o é possível estes bens serem bens comuns a nã o ser
que a clá usula tenha caducado, se caducou já podem ser considerados bens comuns

ü Alínea c) – direito de usufruto, direito de uso e habitação e demais direitos estritamente pessoais – exemplo:
situaçõ es em que alguém tem direito de desconto em funçã o da idade, em funçã o da atividade profissional, estes
direitos sã o direitos que se traduzem em bens pró prios de cada um dos cô njuges

ü Alínea d) – indemnizações decorrentes de factos verificados contra a pessoa de cada um dos cônjuges ou
contra os seus bens próprios – exemplo: o bem pró prio era o automó vel do marido que ardeu e tem direito a uma
indemnizaçã o ou ele foi atropelado, essa indemnizaçã o é um bem pró prio. No entanto, por exemplo se o marido tiver
um acidente de trabalho, deixa de poder trabalhar, recebe uma indemnizaçã o por causa desse acidente ou o subsídio
que receba, ou a reforma isso é considerado bem comum e nã o bem pró prio

ü Alínea e) – seguros que sejam constituídos a favor de cada um deles ou para cobrir riscos de bens próprios –
exemplo: seguro de saú de, seguro de vida, sem prejuízo de poder haver compensaçã o

ü Alínea f) – vestidos, roupa, e outros objetos de uso pessoal e exclusivo de cada um dos cônjuges bem como os
seus diplomas e correspondência – sã o considerados bens pró prios, no entanto, se estivermos a falar de roupa de
cama, toalhas de mesa etc. isso pode ser considerado um bem comum, sã o de utilizaçã o da família, utilizaçã o comum
e mesmo nas roupas e objetos que sã o bens pró prios pode-se discutir

ü Alínea g) – recordações de família de diminuto valor económico – exemplos:


fotografias, á lbum de família

ü Alínea h) – animais de companhia que cada um deles leva para o casamento – sã o considerados seres
suscetíveis de sensibilidade pró prios de cada um

Artigo 1764 nº2 CC – relativamente aos bens doados pelos cô njuges entre si durante a constâ ncia do casamento e ainda as
doaçõ es pelos nubentes um ao outro

2. BENS COMUNS (ARTIGO 1724 A 1726 CC)

REGIME DA COMUNHÃO GERAL DE BENS


(ARTIGO 1732 A 1734 CC)
Na comunhã o geral de bens, em regra, todos os bens presentes e futuros, isto é, levados para o casamento, adquiridos a título
oneroso e gratuito antes e depois do casamento, sã o considerados bens comuns (artigo 1732 CC). Portanto, neste regime só
serã o considerados bens pró prios os que estã o consagrados no artigo 1733 CC. Este regime vigora quando for escolhido
pelos nubentes na convençã o antenupcial, nã o pode vigorar na situaçã o do artigo 1699 nº2 CC. O artigo 1734 CC manda
aplicar com as devidas adaptaçõ es as disposiçõ es relativas à comunhã o de adquiridos.

REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS


(ARTIGO 1735 E 1736 CC)

Neste regime só existem bens pró prios, seja os bens levados para o casamento seja os bens adquiridos durante o casamento.
Há uma clara separaçã o entre o patrimó nio dos cô njuges, mas nã o é só ao nível do patrimó nio, é também na administraçã o
desses bens, sem prejuízo da situaçã o particular da casa de morada de família. Este regime vigora imperativamente no artigo
1720 CC. Também pode vigorar se for escolhido pelos nubentes. Nada proíbe que os cô njuges possam adquirir o mesmo bem,
mas nesse caso vai vigorar o regime da compropriedade. A particularidade é que a qualquer momento podem exigir a sua
parte (artigo 1412 CC). No caso da compropriedade dos bens mó veis a lei estabelece uma presunçã o (artigo 1736 nº2 CC), a
lei presume, portanto, que os bens mó veis pertencem a ambos em regime de compropriedade sem prejuízo de os nubentes
poderem afastar esta presunçã o e podem inclusive na convençã o antenupcial estabelecer uma clá usula que afaste esta regra.

Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

30.11.2022

REGIME DA COMUNHÃO DE ADQUIRIDOS


(artigo 1721º a 1731º CC)
(regra geral)
Artigo 1724º CC
Alínea a) é considerado bem comum no regime de adquirido o produto de trabalho, todos os rendimentos auferidos seja por
trabalho dependente ou independente, de forma regular ou esporá dica , pago em dinheiro ou género, bem como as
prestaçõ es retribuídas com prémios de produtividade laboral e ainda prémios ou gratificaçõ es que nã o resultem da pura
sorte , isto é, que impliquem uma contraprestaçã o de força, destreza, ciência ou de aptidã o como aquelas que podem decorrer
da participaçã o numa competiçã o desportiva ou concurso televisivo. Bens adquiridos em substituiçã o do salá rios. Casos de
reformas; indemnizaçã o que se destinam a compensar um acidente de trabalho. (também é na comunhã o geral de bens).

Alínea b) é considerado bem comum o bem adquirido na constâ ncia do matrimonio desde que nã o excetuado por lei.
 Bens adquiridos a título oneroso que seja por virtude de uma conta ou troca, exceto se tratar de um caso de sub-rogaçã o
de bens pró prios.
 Bens adquiridos pelas formas de aquisiçã o originaria nomeadamente por ocupaçã o, acessã o e usucapiã o, desde que na
usucapiã o a posse nã o seja anterior ao casamento (se for é bem pró prio).
 Os bens doados ou deixado em sucessã o aos dois: temos liberalidade que é feita em favor dos dois (artigo 1729º CC).

 Exceção: ficara afastada a liberalidade que é feita no â mbito da legitima de qualquer um dos cô njuges. Ex.: alguém
deixa um automó vel ao A por conta da legitima. Neste caso sã o sempre considerado bens pró prios.
 Frutos e rendimentos de bens pró prios e o valor das benfeitorias uteis feitas nestes bens sã o considerados bens
comuns. Ex.: casa bem pró prios, mas as rendas sã o bens comuns (remissão para 1728º nº1 á contrário + 1733º
nº2 CC)
 Bens moveis sã o considerados bens comuns, salvo prova em contrá rio (artigo 1725 escabece uma presunçã o de
comunicabilidade quando haja dú vida sobre a sua titularidade e portante em regra se nã o se provar que é pró prio,
presume-se que é bem comum.
 Bens sob rogados no lugar de bens comuns: Ex.: tenho um automó vel que é bem comum por adquirimos na
constâ ncia do casamento, decidimos trocar o automó vel, o produto da venda é um bem comum.
 Artigo 1726º bens adquiridos em parte com dinheiro comum e dinheiro pró prios sã o considerados bens comuns
quando a maior parte corresponder a dinheiro comum, sem prejuízo das compensaçõ es que possam ser feitas ao
patrimó nio pró prio de cada um.

NOTA: estas regras também se vã o aplicar a comunhã o geral de bens. Na separado de bens só temos bens pró prios, sem
prejuízo da presunçã o quanto a dú vida sobre a titularidade dos bens moveis e sem prejuízo da aquisiçã o de regime de
copropriedade.

Administração do património:
Continuamos do â mbito dos efeitos patrimoniais do casamento. Este feitos estã o sujeitos ao princípio da igualdade e a
reforma de 77 contribuiu para a mudança das regras quanto a administraçã o dos bens do casal. Por até aí a administraçã o
cabia ao marido independente se eram bens pró prios ou nã o.

A questã o de administraçã o estã o incluídas no regime patrimonial primá rio onde incluímos todas aquelas normas
imperativas que se vã o aplicar independente do regime de bem em causa. Atentando a natureza da relação jurídica
familiar que é o casamento o regime da administração e bens é diferente da regras comuns quanto a administração
de um bem, porque em geral o titular do bem é que administra o seu bem. No â mbito do casamento podemos ter qualquer
um dos conjunges a administrar bens pró prios do outro , podemos ter apenas um aa administra bens comuns.

Sã o regras imperativas das convençõ es anti nupciais. Os nubentes nã o podem nas convençõ es antinupciais – 1699 nº1 c)
nã o podem estipular regras pró prios quanto ao regime da administraçã o dos bens, nã o podem afastar a regras do CC , é uma
limitaçã o ao princípio da liberdade contratual, mas esta justifica-se pelo facto de uma vez celebrada a convençã o antinupcial e
nomeadamente celebrado o casamento esta torna-se irrevogá vel.
 Esta imperatividade nã o afasta a possibilidade de pô r força de um contrato de mandato que é livremente revogá vel os
cô njuges possam atribuir poderes um ao outro ou apenas a um deles para administrar bens pró prios ou bens comuns
– 1678º nº2 g) CC.

Artigo1678º CC: fixa os poderes de administraçã o dos bens do casal sejam bens pró prios ou comuns. Regula os atos de
administraçã o que podem ser atos ordiná rios ou extraordiná rios. Nã o está incluído os atos de disposiçã o (alienaçã o, oneraçã o
de bem) – 1678 –» 1682 –» 1683 = este dois artigos regulam os atos de disposiçã o (diz quem e quando podem alienar bem
pró prio ou comum).

Nº1:Adminsitarcao dos bens próprios -» cada um dos cô njuges vaio administra os bens pró prios em qualquer regime de
bens -» princípio da administração singular.
 Exceção: nº2 a administraçã o pode nã o ser com exclusividade. Situaçõ es que a lei permite que qualquer um dos
cô njuges possam administra bens pró prios do outro.
 Aliena e) quando se trate de um bem mó vel que embora pertença ao outro é utilizado exclusivamente como
instrumento de trabalho pelo cô njuge administrador. Ex.: automó vel do marido que permite a esposa para se deslocar
a empresa dela.
 Aliena f) Ausência ou impedimento do cô njuge que é titular do bem o outro pode administrar.
 Alínea g) por força de contrato de mandato, se o titular do bem atribui poder de administraçã o ao outro cô njuge, ele
pode administrar.

Nº3: Administraçã o de bens comuns: cabe a ambos administra o patrimó nio comum – princípio da administraçã o conjunta
(artigo 1678º nº3 CC).
 Exceção: embora seja um bem comum qualquer um pode administrar sozinho.
 Aliena a) nº2 os rendimentos do trabalho embora possam ser considerados bens comuns a alei admite que esses
rendimentos sejam administrados exclusivamente apenas por um dos cô njuges.
 Alínea b) Direitos patrimoniais de autores. Embora este direitos possam ser comuns em determinados regimes de
bens, podem ser administrados exclusivamente apenas por um.
 Alínea c) os bens comuns que tenham sido levados para o casamento ou adquiridos depois do casamento a título
gratuito, bem como os bens sob rogados no lugar deles, caso sejam considerados bens comuns (ex.: comunhã o
geral de bens) vai ser possível a administraçã o apenas por um dos cô njuges.
 Alínea d) “bens doação ou deixados a ambos por sucessão, com exclusão da administração do outro, salvo se se
tratar de um bem doação ou deixado por conta da legitima desse cônjuge” – neste caso a lei permite que haja
administraçã o por um deles.
 Alínea e) bens moveis comuns, este bem é utilizado exclusivamente como instrumento de trabalho por um dos
cô njuges e portanto a lei admite que seja esse a administra o bem embora seja bem comum. Sozinho para ter
legitimidade para tomar decisõ es quanto a administraçã o daquele bem. Para que tenha estes poderes de
administrar o bem sozinho é necessá rio que se preveja antecipadamente a sua utilizaçã o como instrumento de
trabalho existindo acordo entre o casal que permitiu essa utilizaçã o e portanto nã o pode ser uma decisã o
unilateral.
 Aline f) todos os bens comuns do casal podem ser administrados apenas por um deles quando o outro se encontre
ausente ou impedindo de administrar. Particularidade: em causa de ausência o cô njuge passar uma procuraçã o a
o outra pessoa externa ao casal para que ele possa administrar os seus bens pró prios e teoricamente e também o
poderá fazer para administrar bens, mas relativamente a este em termos prá ticos fica estranho.
 Alínea g) quando aos bens comuns do casal é possível a administraçã o singular por força de um mandato em que
se atribui a competência exclusiva para administrar ao outro. O mandato é revogá vel a todo o tempo.
 Nº3 primeira parte: em relaçã o aos bens comuns se apenas se tratar de um atos de administraçã o ordiná ria essa
administraçã o pode ser exercida por qualquer de um deles. Esta regra vem tornar o regime da administrarã o mais
leva e fá cil de praticar , porque permite em relaçã o aos atos mais frequentes e rotineiros, qualquer um deles possa
tomar decisõ es (2º parte)

Atos ordinários: portanto quando se fala de atos de administraçã o ordiná ria falamos daquelas atos que correspondem a
gestã o comum, isto é, atos que nã o alteraçã o a substâ ncia da coisa. Se destinam apenas a sua conservaçã o, frutificaçã o e
opõ em-se aos atos de administraçã o extraordiná ria.
Ex.: compra de produtos alimentares bá sicos da casa
Atos extraordinários: atos esses que afetam a raiz do bem e só podem ser praticados com o consentimento dos dois. (2º
parte).

Distinção dos atos: é a normalidade da prá tica ou gestã o desse ato em causa. Requisitos que tem de ser analisados com
vá rios aspetos:
1. Frequência com que o ato em geral tende a ser praticado
2. Condiçõ es econó micas do casal
3. O grau de reproduçã o que esse ato está nas esfera jurídica do casal.
Ex.: pintar a casa de 10 em 10 anos é ordiná rio ou extraordiná rio? Depende, se for casal com graves situaçã o econó mica, pode
ser um ato extraordiná rio. Se for um rico é ordiná rio.

Particularidades da administração dos bens do casal quanto aos poderes do cônjuge administrador:
1. Poderes contemplam a mera administraçã o dos bens, mas também podem contemplar a disposiçã o dos bens moveis
comuns ou pró prios dos cô njuges administrador quando se trate de um ato de administraçã o ordiná rio – 1682º nº1 CC. Ex.:
vai poder vender o bem.

2. Depósitos bancários: (artigo 1680º CC) atribui a ambos o poder de fazer depó sitos bancá rios em seu nome exclusivo e de
os movimentar livremente o dinheiro independente do regime de bens que estejam casados. Esta liberdade deve estar de
acordo com os poderes de administraçã o que cada um deles tem. ( na prá tica esta liberdade nã o vem atribuir, nem tirar
poderes de administraçã o que resulte das regras gerais). Ex.: nã o é por abrir uma conta pró prio que os bens comuns passem a
bens pró prios.
3. Exercício concreto da administração e da responsabilidade do cônjuge administrador: os exercício e as respetivas
responsabilidades vai variar conjunte os poderes de administraçã o tenham sido atribuídos por lei ou pro força de contrato de
mandato.
o Quando a administraçã o resulta da lei (1681º nº1 1º parte)
 situaçõ es em que o cô njuge administrador tem por força da lei o poder de admitir bens que nã o sã o seus na
totalidade ou em parte ( remissão 1678º nº2 a) a f) CC). Nestas situaçõ es estabelece-se o princípio da
irresponsabilidade do cônjuge administrador, o objetivo é evitar que o tribunal intervenha excessivamente na
família e por esse motivo para evitar que por qualquer razã o sempre que o outro cô njuge nã o tiver satisfeito com a
administraçã o destes bens estabelece a irresponsabilidade do cô njuge administrador.
 visa nã o fazer das exceçõ es a regra e acautelar o cuidado e diligencia ao permitir que o outro administra
bens pró prios ou comuns.
 O cô njuge administrador nã o é obrigado a prestar contas e só vai responder pelos atos que
intencionalmente (por dolo) tenha praticado para prejudicar o casal ou o outro cô njuge.
o Quando a administraçã o dos bens excecional resulta do mandato: (1681º nº2 CC)
 Por força de acordo dos cô njuge, neste mandato por estar subjacente as necessidades, capacidade , diligencia do
outro na administraçã o dos bens e portanto, neste caso independentemente de o mandato ter sido expresso ou
tá cito a responsabilidade é mais ampla que no casos do Nº1. Aplicamos as regras gerais do contrato de mandato o
cô njuge administrador terá de prestar contas. No enanto, a prestaçã o de contas tem regime pró prio face ao
casamento: o administrador de bens comuns ou do outro só é obrigado a prestar contas e entregar o saldo dos
ú ltimos 5 anos. O mandate pode exigir a prestaçã o de 5 em 5 anos.

 Nº3 tem em consideraçã o a natureza especial do casamento tem em conta os poderes e conflitos que podem surgir
entre os cô njuges e que levam a situaçõ es que o contrato e mandato nã o é imitido de forma estrito da maior parte
das vezes é tá cito e para acautelar essas situaçõ es e mandatos forçados temos uma proteçã o:
 1º parte: pratica abusiva por parte do cô njuge administrador, o titular ou cotitular embora tenha
conhecimento parece adotar atitude passiva, tolerante muitas das vezes para evitar problemas maiores. Neste
casos em que nã o se consegue detetar essas prá ticas a lei abstêm-se de exigir a prova de que houve um
contrato de mandato perfeito. Independente de ter existido ou nã o contrato de mandato vã o ser aplicadas as
regras do contrato de mandato e isto significa que o cô njuge administrador abusivo terá de responder nos
termos do nº2 do 1681º CC.
 Parte final: situaçã o em que o titular ou cotitular dos bens opõ e-se expressamente a intervençã o abusiva. Tal
sugere que nã o existiu contrato de mandato ou nã o for nos termos que está a ser exercido. A responsabilidade
do cô njuge administrador abusador é agravada. Neste caso vai responder como possuidor de má -fé ou seja,
responde pela perda da coisa (1269º) devera restituir os fartos que nã o colhei, mas que um proprietá rio
diligente o teria feito (1271º) e perdera benfeitorias (1275).

 Quando há responsabilidade do cônjuge administrador vai ser necessário decidir se o crédito da


indemnização é bem próprio ou comum:
a. Se o dano indemnizado for de bem pró prio o crédito ser um bem pró prio, porque é uma das situaçõ es da
incomunicabilidade da lei (1733 nº1).
b. Se for dano em bens comuns:
 Ou o crédito integral vai pertencer ao patrimó nio comum
 Ou o crédito corresponde a metade do dano e pertence ao cô njuge meeiro que ficou prejudicado

Solução:
 A 1º forma de resolver a questã o reconhece ao cô njuge autor a qualidade de defensor da comunhã o. É uma soluçã o
que protege mais o patrimó nio comum como um todo e restabelece o valor total ao patrimó nio comum.
 A 2º forma só tem sentido se o cô njuge lesado poder considerar o crédito correspondente à sua metade do crédito
como um bem pró prio porque, só neste caso, ele será verdadeiramente ressarcido pelo prejuízo causado pelo outro.
Momento para o pedido da indemnização: em teoria pode ser antes ou depois da partilha dos bens do casal. Antes da
partilha dificilmente será . A lei nã o consagra momento ideal.
1. Doutrina: artigo 1697º -» estas indemnizaçõ es devem ser exigidas no momento ou depois da partilha e nã o durante a
constâ ncia do casamento, para evitar a afetaçã o das relaçõ es familiares.

O cônjuge não administrador tem possibilidade de evitar futuros danos: podemos recorrer a simples separado judicial
de bens – 1767º CC. Situaçã o que obriga ao preenchimento de requisitos cumulativos:
a. Risco de perda do que é seu (seja bem pró prio ou comum)
b. Risco resultado da má administraçã o do outro cô njuge

Poderes do cônjuge não administrador: - artigo 1679º CC pode tomar certas providencias se o cô njuge administrador
estiver possibilidade de o fazer ou nã o o fizer. Estã o em causa situaçõ es de impedimentos temporá rios, ficando o cô njuge nã o
administrador com poderes de administrar, mas só para efeitos de requerer providencias necessá rias quanto aquele bem. Ex.:
chamar um canalizador.

Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

07.12.2022

DISPOSIÇÃO DE BENS NO ÂMBITO DO CASAMENTO


Nota: está relacionada com as chamadas ilegitimidades conjugais

Ilegitimidade conjugal: atendendo a posiçã o de determinada pessoa, neste caso a posiçã o de casado, nã o podem ser
celebrados certos negó cios jurídicos, nomeadamente a prá tica de atos de disposiçã o sem o consentimento de ambos os
cô njuges. – com o consentimento do outro.

Tipo de bem em causa


 Móvel: 1682º CC
 Imóvel: artigo 1682º alínea a), b) + 1683º CC.

BENS MÓVEIS
Regra geral: nº1 e 2 do 1682º CC -» quem administra determinado bem vai poder dispor sobre esse bem.
 Se tiver caso no regime de separação de bens cada um dos cô njuges vai poder dispor livremente dos bens pró prios
que administra, salvo no caso da situaçã o prevista na alínea a) do nº3 do artigo 1682º CC.
 Limite: nem dos cô njuges pode dispor dos bens do outro, sob pena de na nulidade do ato porque é venda de coisa
alheia, por exemplo.

 No regime de comunhão cada um pode dispor livremente dos seus bens pró prios e bens comuns se os administrar.
Disposiçã o associada ao ato de administraçã o dos bens nos termos das alíneas a) a f) do artigo 1678º nº2 CC.
 Limite: 1683º nº3 alínea a) -» nã o podem dispor livremente. Cada um pode dispor de bens moveis comuns se se
tratar de um ato de administraçã o extraordiná rio, mesmo que a administraçã o fosse dos dois. – 1682º nº1 à
contraria.

 Quando a administraçã o compete ao dois só gera exigido o consentimento de ambos se se tratar de um ato de
administraçã o extraordiná rio.
 Podem dizer livremente dos bens pró prios do outro mesmo que nã o o administrem se se tratar de um mero ato de
administraçã o ordiná ria.
 Se for extraordiná rio nã o pode dispor dos bens moveis do outro sob pena de caso nã o tenha a administraçã o do bem se
tratar de um ato que será nulo. Caso tenha administraçã o e disponha gera apenas a anulabilidade.

Desta forma, podemos concluir que as exceçõ es que impõ em o consentimento de ambos para a disposiçã o de bens mó veis
sã o:
1) Artigo 1682º nº1 alienaçã o ou oneraçã o de moveis comuns cuja administraçã o compete aos dois quando se trata de
um ato extraordiná rio
2) Artigo 1682º nº3 alínea a) estiver em causa bens moveis utilizados conjuntamente por ambos na vida do lar ou
como instrumento comum de trabalho. Ex.: fogã o -» bens moveis que sã o indispensá veis para o funcionamento da
casa. O receio da casa inclui todos os bens moveis que sã o afetos a fruiçã o normal da habitaçã o, mesmo que a
utilizaçã o desses bens possa ser considerada dispensá vel.
3) Artigo 1682º nº3 alínea b) bens moveis pertencentes exclusivamente ao cô njuge que nã o os administra (bens
pró prios daquele) quando se trate de um ato de administraçã o extraordiná rio.

BENS IMÓVEIS 8incluindo estabelecimento comercial – considerado bem mó vel, mas pela sua importâ ncia esta inserida nos
bens imoveis)

 Regime de separado de bens: qualquer um dos cô njuges pode dispor dos seus bens, salvo a situaçã o do nº2 que é a
casa de morada de família. Nã o pode dispor dos bens imoveis do outro sob pena de nulidade do ato.
 Regime de comunhão: sempre necessá rio o consentimento de ambos para alienaçã o ou oneraçã o, ou locaçã o,
constituiçã o de outro direito pessoal de gozo, sejam bens pró prios ou comuns, a disposiçã o de bens imoveis exigi
consentimento de ambos, sob pena de anulabilidade (1687º nº1 )

A particulada do 1682º nº2 alínea a) é um limite a qualquer regime de bens está relacionado com a casa de família,
qualquer ato sobre essa casa vai exigir o consentimento de ambos. (tal aplica-se ao estabelecimento comercial).
 Casa de mora de família: representa a estabilidade da habitaçã o familiar. Tem um valor acrescido que impõ e o
consentimento de ambos para a prá tica de atos de disposiçã o. Esta importâ ncia vai se notar no â mbito da matéria da
responsabilidade por dividas. Em geral , se for divida da SS a penhora fica suspensa.
 Doutrina: existe quem entenda que esta casa de família deveria estender a casa de família secundaria. –
esta doutrina nã o é aceite pela doutrina

Limites:
 Artigo 1682º aliena b) – disposiçã o dos contratos de arrendamento -» quando o arrendamento tem por objeto a
casa de morada de família também em qualquer regime de bens será exigido o consentimento de ambos.
 O contrato promessa podem ser feitos livremente sem consentimento do outro, porque este nã o ira produzir o
efeito real de transmissã o da propriedade. No momento da celebraçã o do contrato definitivo é necessá rio a
prestaçã o do consentimento do outro cô njuge sob pena de anulabilidade.
 Atos de oneraçã o de bens imoveis: como o caso de constituiçã o de uma garantia vai impor o consentimento de
ambos. A constituiçã o de uma garantia pode acabar num alienaçã o forçada, sempre que a obrigaçã o nã o é cumprida
voluntariamente.
 Direitos reais de gozo: como implique uma limitaçã o ao direito de propriedade também vai impor a exigência do
consentimento de ambos no regime de comunhã o. SE for a casa de morada de família também no regime de separado
exige o consentimento.
 Aceitação de doação e heranças legais: quem sucede no legal, sucesso num bem certo específico. A herança
sucesso num bem indefinido, só com a partilha se ira concretizar. A regra diz quer nã o é exigido o consentimento
para aceitar, porque constitui benefício, logo a aceitaçã o nunca exigi o consentimento. -» 1683º CC-.
 Ato de repudio
 Separação de bens: qualquer um dos cô njuges pode repudiar sem ter de pedir o consentimento do outro
 Comunhão de bens: para repudiar heranças ou legado exige consentimento de ambos.

É uma perda patrimonial que ira ter reflexos no patrimó nio comuns quando estã o casados na cominua o geral dos bens. Alem
disso, essa exigência do consentimento impõ e-se porque independente do bem legado ou da herança integrar o patrimó nio
comum ou o patrimó nio pró prio da cada um dos cô njuges, os cô njuges tem interesse na aceitaçã o da herança porque podem
participar em metade dos frutos desse bem – 1728º nº1 + 1733º nº2 CC.

Se o cô njuges tem boas razoes para repudiara e o outro nã o autoriza, o cô njuge pode recorrer ao meio de suprimento do
consentimento conjugal – 1684º CC -» 1000 e 1001º CPC

CONSENTIMENTO
Quando é exigido o consentimento deve ser prestado para cada um dos atos, individualmente e nã o geral.

O CONSENTIMENTO PODE SER:


 Expresso
 Tá cito

FORMA: forma exigida para a procuraçã o – 262º nº2 CC. Todavia, o consentimento pode nã o ter forma especifica, porque é
aceitá vel o consentimento tá cito.

SUPRIMENTO DO CONSENTIMENTO: está associado as situaçõ es em que um dos cô njuges nã o tem legitimidade para
praticar sozinho determinado ato, casos que exige o consentimento de ambos, e como o outro se ope a consentir, se
considerar que é essencial alienar determinado bem imó vel pode pedir o suprimento do consentimento ao tribunal. O MP
(1000 + 1001º CPC) vai suprir o consentimento.

REVOGAÇÃO DO CONSENTIMENTO: o cô njuge que preste o consentimento pode revogar livremente até a celebraçã o do ato
em causa. Apos a celebraçã o do negó cio esta revogaçã o ficará limitada porque poderá prejudicar direitos do novo adquirente.

EFEITOS: validar os atos que o outro cô njuge pratica no caso de nã o o poder fazer sozinho.

CONSEQUÊNCIA DA FALTA DE CONSENTIMENTO: artigo 1687º


2. Nº1 e nº2 -» quando é exigido o consentimento de ambos e o ato é pratica sem obter esse consentimento a
consequência é a anulabilidade do ato.

LEGITIMIDADE: a açã o de anulaçã o será intentada pelo cô njuge que nã o prestou o consentimento ou os herdeiros.

PRAZO: 6 meses posteriores a data em que o requerente teve conhecimento da celebraçã o do negó cio jurídico, mas nunca
depois decorridos 3 anos sobre a celebraçã o deste ato.

A anulabilidade é saná vel mediante confirmaçã o nos termos ferais do artigo 288º CC. Esta confirmaçã o pode ser:
3. expressa
4. tacita Ex.: aceitaçã o do dinheiro da venda

LIMITES Nº3 E Nº4


 Nº3: protege o adquirente de boa-fé relativamente a alienaçã o ou oneraçã o de bens moveis nã o sujeitos a registo. Se
tiver em causa a anulabilidade relativa a um deste bens nã o pode ser posta se o adquirente de boa-fé. A lei visa
proteger o adquirente porque sã o situaçõ es que em regra tem valor econó mico mais baixo e mais frente. Sã o negó cio
do cotidiano e que a outra parte nã o tem e saber que o outro é casado.
 Nº4: consequência jurídica de nulidade do ato de alienaçã o ou oneraçã o de bens pró prios quando essa alienaçã o vai
configurar a venda de coisa alheia.

ARTIGO 1685º CC – disposiçõ es para depois da morte -» feitas no testamento. Possibilidade de qualquer um dos cô njuges
poder dispor dos seus bens (pró prios e da parte que cabe nos bens comuns), sã o disposiçõ es feitas em vida, mas se só vã o
produzir os efeitos apos a morte do disponente.
 Problema: esta relacionado cos bens comuns, que no decurso do casamento nã o é possível a partilha, portanto
quando se fala de disposiçõ es separa depois da morte de bens que integram patrimó nio comum, estas disposiçõ es
serã o validas quanto ao valor, mas nã o quanto ao bem em concreto, porque antes da partilha nã o se sabe os bens
que vã o calhar a cada um, dos cô njuges.
 Exceção: pode ser exigido o bem em espécie nas situaçõ es elencadas no nº3

DIVIDAS
Artigo 1690º a 1697º

Faz a natureza especial do casamento e da respetiva comunhã o de vida. O regime da responsabilidade por dividas tem um
regime especial em comparaçã o com o regime geral das obrigaçõ es.

Regime especial tem dois aspetos diferentes das obrigações em geral:


1. Qualquer um dos cô njuges poderá se obrigado a responder pelas dividas do outro, mesmo nã o tendo praticado no
negó cio jurídico, mesmo que nã o haja mandatam ou dos requisitos da gestã o do negó cio
2. Patrimó nio pró prio de um dos cô njuges ou comum pode ser chamado para pagar as dividas alem da quota de
responsabilidade que competia a esse cô njuge. Sem prejuízo do direito de regresso.

LEGITIMIDADE PARA CONTRAIR DIVIDAS:


Regra geral: 1690º nº1 CC -» qualquer um tem legitimidade para contrair dividas sem o consentimento do outro

Artigo 1690 Nº2 CC: Para a determinaçã o da responsabiliza de cada cô njuges entende-se que a data que as dividas foram
contraídas e a data do facto que lhes deu origem.

Caso de família pode ser penhorada por dividas do outro?


 A legislaçã o nã o protege a casa de família de um penhora ou venda de processo judicial apesar de alteraçõ es mais
recentes em matéria de dividas fiscal.
 Há quem defenda que está nã o deve ser penhorada.

Dividas da responsabilidade ambos: artigo 1691º CC


 Aliena a) -» dívidas contraídas pelos dois ou por um deles com o consentimento do outro está em causa dividas
posteriores se anteriores ao casamento e independente de qualquer regime de bens. – princípio da liberdade de
forma
 Alínea b) estã o em causa dividas de pequeno valor (proporcional ao padrã o de vida do casal). Em geral sã o situaçõ es
nã o frequentes. Ex.: despesas de alimentaçã o. Nã o importa se foram contraídas antes ou depois do casamento, mas
se for antes do casamento estã o em causa encargos da vida familiar.
 Alínea c)
1. Temos de averiguar se a divida esta relacionada com bens que esse cô njuge tenha a administraçã o.
2. Necessá rio que o devedor administrador tenha agido nos limites dos seus poderes de administraçã o.
3. Noçã o de proveito comum, este nã o se presume exceto nos casos que a lei declarar nº3 1691º CC. O proveito
comum e aferido pela aplicaçã o da divida. É aferido atendendo ao fim visado pelo devedor que contrai a divida e
exige-se uma intençã o objetiva de proveito comum o que significa que é necessá rio que a divida se possa
considerar aplicar em proveito comum atendendo ao critério do homem medio das regras da experiência e da
regra das probabilidade normal. Este interesse comum pode ser meramente material ou um interesse de ordem
moral ou intelectual.

Temos de verificar simultaneamente uma questã o de facto que é averiguar o destino dado ao dinheiro e um questã o de
direito de decidir atendendo ao destinado do dená rio se a divida foi contraída em proveito comum do casal.

 Alínea d) proteger os credores que exigem comercio com um cô njuge – 15 CCom. O cô njuge do comerciante está
numa posiçã o delicada devido a presunçã o, mas pode ser afastada a comutabilidade da divida demostrando que a
divida nã o foi contraída no exercício do comercio. Se figurar o regime da separaçã o de bens nã o se aplica a regar do
artigo 15º CCom, sã o patrimó nios autó nomos logo o risco de um nã o afeta o outro.
 Alínea e) dívidas consideradas comunicáveis nos termos do artigo 1693 nº2 CC

Outras situações:
 Artigo 1691º Nº2: dividas contraídas antes do casamento por qualquer um deles em proveito do casal quando
vigora o regime da comunhã o geral de bens, faz sentido ser da responsabilidade de ambos porque estes bens
integram o patrimó nio comum no momento do casamento e por isso o outro cô njuge passa a receber metade do
ativo e do passivo.
 Artigo 1694º nº1 : dividas que onerem bens comuns, se o bem é comum a divida contraída tem de ser de ambos.
 Artigo 1694º nº2: em regime de comunhã o onerem bens pró prios se tiverem como causa a perceçã o dos respetivos
rendimentos. Neste caso temos de averiguar se a divida esta relacionado com o bem em si mesmo ou com a perceçã o
dos rendimentos desse bem.

Bens que respondem pela dividas da responsabilidade comum: artigo 1695º CC


Pelas dividas da responsabilidade de ambos vã o responder em primeiro os bens comuns. Na falta ou insuficiência deste os
bens pró prios de cada um dos cô njuges.
A responsabilidade dos cô njuges é solidaria nos regime da comunhã o de bens e parciá ria no regime da separado, sem
prejuízo das partes poderem convencionar a solidariedade.
A parte que pode caber a cada um dos cô njuges nesta responsabilidade nã o tem de ser metade/metade, mas pode nã o ser
quando as dividas estã o relacionadas com os encargos normais da vida familiar, a responsabilidade de cada um deles deve
responder a medida dos seus deveres de contribuir para esse encargos – 1676º nº1 o dever de contribuir para os encargos da
vida familiar é determinado pela possibilidade de cada um.

Dividas da exclusiva responsabilidade de cada um dos cônjuges: - artigo 1692


 Aliena a) dividas contraídas por cada um dos cô njuges sem consentimento do outro. Se nã o existir circunstâ ncias
especiais, aplicam se as regras gerais do direito das obrigaçõ es, significa que cada um é responsá vel pelas dividas que
contrai. A lei ressalva ao caso das dividas terem sido contraídas para fazer face aos encargos da vida familiar ou pelo
cô njuge administrador em proveito comum do casal. Embora nã o existe consentimento como estamos perante
encargo familiar é uma divida comum pelo 1691º CC. – dividas contraídas antes ou depois do casamento.
 Aliena b) divida proveniente de crime ou outro facto imputá vel a esse conjunge -» dividas que tem uma origem de
indemnizaçã o, restituiçã o, custa judicias, multas, coimas derivadas de fatos imputá veis a um dos cô njuges , neste
caso a lei quer abranger todos os factos constitutivos de responsabilidade civil que estejam relacionados com a
responsabilidade penal. SE o facto que depois da origem a divida, se apenas tiver subjacente uma questã o de
responsabilidade civil essa citaçã o pode estar abrangida pelo 1691º nº1 CC, ou seja, ser divida comum.
 Alínea c) divida que onera bens pró prios desse cô njuge. Se por força do regime de bens do casamento os
rendimentos forem considerados comuns as dividas que tiverem como causa a perceçã o desse rendimentos sã o da
responsabilidade comum
 Artigo 1693º nº1 : dividas que onerem doaçõ es, heranças ou legados quando os respetivos bens sã o pró prios.

Se tivermos perante estas dividas os bens que respondem são: artigo 1696º CC
Regra geral: corresponde os bens pró prios do devedor e a sua meaçã o dos bens comuns.
 No caso de insuficiência ou falta de bens do devedor é possível penhorar de imediato os bens do casal, contando que
o exequente ao nomear a penhora peça a citaçã o do cô njuge executados para querer se quiser a separaçã o de bens –
740º CPC.

Nº2 do artigo 1696º CC: responde ao mesmo tempo pelos bens pró prios do cô njuge devedor todos os bens elencados nas
alíneas do artigo. Embora alguns dos bens possam ser considerados comuns por força do regime de bens e dos bens comuns
só responderem título subsidiá rio por dividas pró prias, a lei veio estabelecer uma execuçã o sacrificando bens comuns,
dizendo que os bens comuns respondem ao lado dos bens pró prios, favorecendo a expectativa do credor do cô njuge dever.

Artigo 1697º CC: vem regular a questã o da compensaçã o pelo pagamento de dividas comuns ou dividas pró prias .
 Nº1: prevê o caso dos bens pró prios de um dos cô njuges terem sido chamados responder pela dividas de
responsabilidade comum para alem do que competia a esse cô njuge. Nesta situaçã o vai surgir um crédito de
compensaçã o a favor daquela que pagou mais do que devia porque ficou enfraquecido no seu patrimó nio enquanto o
outro saiu enriquecido. Desta forma, existe o direito a compensaçã o no momento da partilha dos bens do casal
exceto se vigorar o regime da separaçã o de bens.
 Nº2: trata a situaçã o inversa – trata do caso de os bens comuns do casal terem respondido por dividas da exclusiva
responsabilidade de um dos cô njuges. Neste caso haverá direito a compensaçã o que é feita no momento da partilha,
exceto se vigorar o regime da separaçã o.
Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

14.12.2022

PARTILHA
-» O momento da partilha está relacionado com o fim das relaçõ es patrimoniais entre os cô njuges.

Quando cessa a relações patrimoniais?


 Artigo 1688º: as relaçõ es patrimoniais vã o cessar com:
 dissoluçã o do casamento: morte ou divorcio;
 declaraçã o de nulidade ou anulaçã o do casamento
 Extinçã o das relaçõ es patrimoniais e separaçã o de pessoas e bens – art. 1795º - A
 Casos de simples separaçã o judicial de bens – art. 1770º
 Caso de ausência de um dos cô njuges – art. 108º CC
 Caso de insolvência de qualquer um deles – art. 141º nº1 b) CIRE

Esta partilha pode ser feita extrajudicial ou judicialmente através do processo de inventário: Notem que, antes de
2020, o processo de inventá rio apenas podia correr nos tribunais comuns.
 Lei 117/2019 o processo de inventá rio passa a poder correr na conservató ria, sem prejuízo que quando existe
questã o sem entendimento a questã o é remetida para os tribunais comuns.

COMPOSIÇÃO DA PARTILHA:
-» O objetivo da partilha é separar os bens pró prios de cada um dos cô njuges e proceder a partilha dos bens comuns.

1. SEPARAÇÃO DOS BENS PRÓPRIOS (operaçã o preliminar): retirada dos bens pró prios de cada um dos cô njuges de acordo
com o regime de bens que estã o casados. Na prá tica é só restituir a cada um deles aquilo que é seu. O seu grande objetivo é
evitar que junto do patrimó nio comum estejam bens pró prios.

Problemas: Quando se discute se determinado bem é pró prio ou bem comum.


2. LIQUIDAÇÃO DO PATRIMÓNIO COMUM tem como objetivo determinar em concreto aquilo que será partilhado. Divide-se
em 3 momentos:

A. Relacionamento dos bens comuns: incluir bens, direitos classificados como comum de acordo com o regime de bens.
Trata de uma mera descriçã o do ativo comum.

B. Compensações: nos casos em que é necessá rio. Sempre que o patrimó nio de um deles ficou empobrecido e o outro
enriquecido sem causa aparente. Acontece no â mbito das responsabilidade por dividas, mas também porque um deles
utilizou direito comum.

Tem como finalidade corrigir os desequilíbrios de transferência entre patrimó nio e, embora a lei expressamente nã o diga,
mas por aplicaçã o analó gica do artigo 550º CC – princípio do nominalismo, o momento a considerar para aferir o valor a pagar
é aferido tendo como referência o momento em que ocorreu o enriquecimento ou empobrecimento.

 Doutrina: tem defendido que nesta questã o da partilha deveríamos aplicar uma ló gica semelhante ao que acontece
com o valor de doaçõ es que sã o feitas em vida de alguém e depois sã o chamadas à partilha da herança. Nessa questã o
das sucessõ es, o momento a considerar é o momento da abertura da sucessã o, o momento em que a pessoa falece.

Juros: Em relação aos créditos de compensação podem vencer juros desde o momento que ocorreu o movimento de
valores entre patrimónios até a partilha? Nã o, os juros sã o símbolo de mora (atraso de pagamento), como os créditos sã o
exigidos no momento da partilha nã o podem ser contados de momento anterior.

-» As verdadeiras compensaçõ es existem no regime de comunhão de bens que sã o caraterizados pela existência de
patrimó nio comum. Justifica- se que só aconteça no momento da partilha. Por isso se diz que quando estamos no regime da
separação de bens nã o existem verdadeiras compensaçõ es, o que existe é um crédito que um dos cô njuges pode ter sobre o
outro e pode exigir no decurso do casamento.

C. Pagamento de dividas: podem existir:


 Dividas entre os cônjuges: pagas em primeiro lugar pela meaçã o do cô njuge devedor no patrimó nio comum e
nã o havendo bens comuns ou sendo insuficientes serã o chamados os bens pró prios – art. 1689º nº3
 Dividas a terceiros: art. 1689º nº2 diz que é chamado o patrimó nio comum para pagar em primeiro lugar as
dividas comuns e só depois sã o pagas as dividas pró prias. Se o patrimó nio comum nã o chegar para pagar recorre
ao patrimó nio pró prio dos cô njuges.

3. PARTILHA PROPRIAMENTE DITA: contempla algumas particularidades: até ser feita a partilha vamos ter um período que
deverá ser regulado de acordo com certas regras.
Ex.: existe um período entre o casamento terminar e a partilha, será que durante esse período podem ainda ser usado bens
comuns?
 Período de comunhão pós conjugal: desde o momento que cessa a relaçã o patrimonial até à realizaçã o e conclusã o
de todas as etapas da família. Embora o casamento já tenha terminado ainda tem de regular estes aspetos
patrimoniais: alienaçã o de bens; administraçã o, etc.
 Doutrina: entende que deve ser regulado como o regime da compropriedade, porque ao artigo 1404º CC manda
aplicar o regime geral da compropriedades com as devidas adaptaçõ es à comunhã o de quaisquer direitos -» nã o
existindo regime específico determinado na lei para regular este momento aplicamos estas regras.

FORMA DA PARTILHA:
 Existe acordo e não existe bens imóveis: nã o é necessá rio observâ ncia forma legal
 Existe acordo e existe bens imóveis: a partilha terá de ser formalizada por escritura pú blica ou documento
particular autenticado
Nota: Artigo 22º aliena f) Dl. 116/2008: Esta partilha pode ser feita na conservató ria do registo civil - artigo 272 a) a c).

 Sem acordo: a partilha pode ser feita na conservató ria ou no tribunal – Lei nº 117/2019 art. 3º

CONTRATO PROMESSA:
O CC nã o fala nada de contrato de promessa de partilha. Tem vindo a ser rejeitado pela jurisprudência, mas existe
doutrina que aceita desde que o mesmo nã o afete a distribuiçã o dos bens de acordo com o regime que estavam casados.
A este contrato iriam ser aplicadas as regras gerais do contrato promessa. Tem sempre como limite imperativo o respeito
pelas regras gerais da partilha, nomeadamente uma regra que diz que “quando a partilha ocorre na consequência de divó rcio
de acordo com o artigo 1790º CC nenhum dos cô njuges pode na partilha receber mais do que receberia se o regime do
casamento tivesse o regime de comunhã o de adquiridos.

SITUAÇÃO ESPECIAL EM CASO DE DIVÓRCIO:


-» Artigo 1790º: nã o significa que se está a substituir o regime de bens, nomeadamente o regime da comunhã o pelo regime
da comunhã o de adquiridos, só significa que cada um deles nã o vai poder receber na partilha mais do que receberia se
tivessem acordado o regime da comunhã o de adquiridos, servindo apenas como limite aos valores e nã o como limite dos bens.
Ex.: se o casamento se dissolver por morte a partilha é feita de acordo com o regime em que estavam casados respeitando o
plano inicial, salvo se estipularem outra coisa em contrá rio na convençã o antinupcial.

PARTILHA SOBRE CONDIÇÃO SUSPENSIVA: quando é feita a partilha ainda nã o houve o término das relaçõ es patrimoniais.
Esta partilha terá ed respeitar a regra da metade – 1730º CC + 1790º CC.

EXISTÊNCIA DE DESCENTES COMUNS E A QUESTÃO DA COMUNHÃO GERAL DE BENS – art.1719º CC


É possível na convençã o antinupcial os nubentes estipularem uma clá usula que refira que no caso de existir descendentes
comuns em caso de partilha esta será feita de acordo com o regime geral de bens, independentemente do regime que
adotaram. Eles podem escolher o regime de adquiridos, mas para efeitos de partilha e porque há descendentes comuns esta
deve ser feita de acordo com o regime da comunhã o geral.

CASA DE MORADA DE FAMÍLIA:


 Casa tomada de arrendamento: art. 1105º CC -» trata da situaçã o em cujo cô njuges viviam em casa arrendada e
podem acordar que em caso de divó rcio ou separaçã o de pessoas e bens que a posiçã o de arrendatá rio passa a ser de
qualquer um deles, mesmo nã o sendo aquele que tinha o nome no contrato de arrendamento;
 Casa própria: art.1793º -» prevê a hipó tese de os cô njuges divorciados ou separaçã o de pessoas e bens viverem em
casa pró pria permitindo ao tribunal dar de arrendamento a qualquer um deles a seu pedido a casa de morada de
família.

ATRIBUIÇÕES PREFERENCIAIS:
 Artigos 1731º e 2103º -A: a lei vai reservar certos bens para algum dos cô njuges atendendo a especial ligaçã o que esse
cô njuge tem com o bem - valoriza a relaçã o particular entre o cô njuge e certos bens e que se fosse apenas por mero
acordo das partes poderia nã o permanecer com esse bem:
a) Art.1731º: instrumento de trabalho do cô njuge que por força no regime de bens tenham integrado no patrimó nio
comum. Reconhece o direito ao cô njuge que dele necessite para o exercício da sua profissã o o direito de ficar com
os bens, porque utiliza como instrumento de trabalho.

b) Art.2103º - A: Atribui ao cô njuge sobrevivo:


 Direito de ser encabeçado no momento de partilha
 Direito de habitaçã o na casa de morada de família
 Direito do uso do respetivo receio tendo de efetuar o pagamento das “tornas” aos co-herdeiros se o valor
recebido exceder o da sua parte sucessó ria e da meaçã o se houver.
 Existe possibilidade de, por mero acordo ou força da vontade dos cô njuges, estipularem atribuiçõ es
preferenciais, ou seja, determinar quem fica com determinado bem.

CONTRATOS CELEBRADOS DURANTE O CASAMENTO


-» Em regra se nada resultar da lei os cô njuges tem legitimidade e capacidade para celebrar contratos entre si.

 Contrato de sociedade – artigo 8º nº1 CSC + 1714º nº3 CC -» é permitida a constituiçã o de sociedade bem como a
participaçã o destes em sociedade desde que apenas um assumia a responsabilidade ilimitada

 Contrato de compra e venda: art.1714º nº2 1º parte -» proíbe a celebraçã o de contratos de copra e venda entre os
cô njuges, porque o legislador entendeu que estes contratos na verdade averigua grande probabilidade de estar a
esconder um outro negó cio que as partes queriam celebrar e portanto estes contratos seriam uma forma de conseguirem
afastar o princípio da revogabilidade das doaçõ es entre os cô njuges
 Exceção: no regime da separado de bens é possível a celebraçã o destes contratos, nomeadamente quando estã o
separaçã o judicialmente de pessoas e bens é permitida a venda executiva entre os cô njuges, porque estamos
perante um verdadeiro contrato de compra e venda, já passa pelo tribunal.

 Contrato de trabalho

 Contrato de mútuo e comodato: podem ser celebrados inclusive podem ser celebrados em virtude do dever de
cooperaçã o que existe entre os cô njuges sobre aforma de socorro.
 Podem existe dificuldade praticas quando é um muto oneroso.

 Contrato de locação: a lei nã o impede, mas podem gerar problemas devido ao carater oneroso e os bens em causa.

 Contrato de doação: durante o casamento, é permitido mas com algumas reservas.

 Regime especial – artigo 1761º a 1766º CC - há o receio que a doaçã o resulte de uma influência, descente de um
sobre o outro condicionado a sua vontade, procura proteger interesses de terceiros que passam ficar prejudicados,
nomeadamente os credores, porque poderiam fazer as doaçõ es para fingir aos credores.

NA NOSSA ORDEM JURÍDICA É ADMITIDO COM AS SEGUINTES LIMITAÇÕES:


 CAPACIDADE: os cô njuges tem capacidade para fazer doaçõ es.
 Exceção: nã o é possível a doaçã o quando vigorar o regime da separado de bens (imperativamente) – arts.1762º +
1720º CC

 Forma: artigo 947º CC -» Existe particularidades:


 Doação de coisas móveis: mesmo acompanhado pela tradiçã o tem de ser feita por escrito. Ocorre, porque pretende
publicitar a tradiçã o da coisa (deixar reduzido a escrito) para evitar no futuro conflitos entre os conjugues.
 Doação de coisas imóveis: escritura pú blica ou documento particular autenticado
DOAÇÕES RECÍPROCAS: nã o podem ser feitas doaçõ es recíprocas no mesmo ato – artigo 1736º nº2 – as razoes da proibiçã o
sã o as mesmas quanto a proibiçã o do testamento de mã o comum, quer se garantir a liberdade de doar, a vontade manifestada
nã o seja coagida e em virtude do receio de influência que um dos cô njuges podem ter sobre o outro proibi estas doaçõ es.

REVOGAÇÃO:
Em regra, a doaçã o a partir do momento que é aceite nã o pode ser revogá vel. Neste caso sã o livremente revogá veis nã o só
no caso da ingratidã o do que recebe.

 Exceção: artigo 1763º nº3 – reserva de usufruto e de rendas vitalícias a favor do cô njuge sobrevivente
estipuladas, umas e outras, em doaçã o dos cô njuges a terceiro. Ex.: os pais fazem uma doaçã o aos filhos de
determinados bens comuns, mas estipulam uma clá usula de reserva de usufruto desses bens até a morte do
ú ltimo doador e portanto eles embora a titularidade do bem passe para o donatá rio que seriam os filhos eles
mantêm a possibilidade de continuarem a usufruir o bem até à morte do ú ltimo. -» Possibilidade de fazer
doaçã o em conjunto.

Artigo 1755º nº1 CC: a todo o tempo a doaçã o pode ser revogada pelo doador, sem que lhe seja lícito renunciar a este
direito. Podem ser revogados por qualquer motivo e nã o apenas por ingratidã o do donatá rio, na prá tica esta revogaçã o na
carece de ser motivada ou fundamentada.
A revogaçã o pode ocorrer mesmo depois da morte do donatá rio, mesmo que a faculdade de revogar nã o se transmite aos
herdeiros do doador.

OBJETO DA DOAÇÃO:
 Bens presentes: As doaçõ es só podem ter por objeto bens presentes – arts. 942º nº1 CC + 1753º nº2 CC. As doaçõ es
de bens futuros sã o nulas.
 Bens próprios

CADUCIDADE:
 Artigo 1766º nº1 - A: A doaçõ es entre casados vã o caducar se o donatá rio falecer antes do doador, salvo se este
conformar a doaçã o nos 3 meses subsequentes a morte do donatá rio.
 Artigo 1647º: caducam no caso de declaraçã o de nulidade ou anulaçã o do casamento, sem prejuízo dos efeitos do
casamento putativo.

O fundamento de caducidade previsto no 1766º nº1 aliena c), já nã o deveria estar formulado nestes termos, nem é
necessá rio, porque no caso de divó rcio, independente da culpa, um dos efeitos é a perda do benefício resultante da doaçã o –
art. 1791º CC.

MODIFICAÇÃO DA RELAÇÃO MATRIMONIAL


Duas situaçõ es:
1. Simples separação judicial de bens/simples separação de bens
2. Separação de pessoas e bens

3. (Separação de pessoas: nã o é admitida no ordenamento jurídico PT)

CARACTERÍSTICAS:
 As duas situaçõ es modificam a relaçã o patrimonial, mas nã o dissolvem o casamento (dissolver o casamento apenas a
morte e o divó rcio).
 Alteram a relaçã o matrimonial para resolver uma crise entre o casal
 Sã o dois casos de separaçã o legal (apenas estes é que operam a modificaçã o)
 Distinguem-se da separaçã o de facto.

PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE: constituem uma exceçã o: a proibiçã o de modificar o regime de bens apó s o casamento.

1. SIMPLES SEPARAÇÃO JUDICIAL DE BENS


Artigos 1767º 1772º CC

 Nesta hipó tese ocorrerá apenas a separaçã o dos bens do casal mantendo se os efeitos pessoais do casamento.
 É uma ferramenta que pode ser utiliza pelo cô njuge que considerar que está em perigo de perder o que é seu em virtude
da má administraçã o do outro.
 Esta açã o terá como fundamento a defesa dos interesses patrimoniais do cô njuge lesado – art. 1769º .

Nessas situaçõ es a açã o de simples separaçã o judicial de bens vais aparecer como uma separaçã o judicial autó noma em que
um deles, mediantes certos requisitos, vai intentar uma açã o de simples separaçã o de bens. No entanto, também pode
ocorrer no â mbito de uma outra açã o que já esteja a correr, pode aparecer de forma nã o autó noma quando é decretada em
processo que tinha outro objetivo e a separaçã o de bens será o mero reflexo desse processo.
Ex.: Se estiver a correr uma açã o de insolvência de um dos cô njuges. No â mbito desta açã o pode ser decretada a separaçã o de
bens e aí é reflexo da açã o de insolvência e aparece de forma nã o autó noma e, nesses casos, não tem de preencher os
requisitos do artigo 1768º.

SEPARAÇÃO JUDICIAL DE BENS INTENTADA DE FORMA AUTÓNOMA: Esta açã o tem sempre um carater litigioso, nã o é
uma vertente de muto consentimento, açã o intentada por um dos cô njuges contra o outro. Segue o processo comum do CC.

Requisitos para intentar a ação:


1. Existência de perigo de perder o que é seu: nã o basta um mero ato de má administraçã o do outro cô njuge para que
ele possa por si só intentar esta açã o, tem de traduzir num ato ou conjunto de atos graves uma má administraçã o
continuada e onde existe uma possibilidade de perder o que é seu. Portanto esta açã o poderá ter um cariz preventivo.
2. Saber o que é seu: falamos dos bens pró prios que sã o administrados pelo outro cô njuge ou a sua parte no patrimó nio
comum e que o outro tenha a administraçã o em virtude do art. 1768º CC
3. Má administração: consiste na prá tica reiterada de atos que diminuem os bens pró prios ou os bens comuns. Pode
resultar também de um excessivo endividamento que vai comprometer diretamente o patrimó nio comum.

Será necessário culpa ou negligência?


 Critério do administrador médio: podemos ter má administraçã o mesmo sem culpa, mesmo que seja a prá tica de
um ato por pouca experiência do cô njuge. Com culpa ou sem culpa temos de aferir como o administrador médio
(experiência média) teria agido, se da maneira que o cô njuge atuou ou nã o.

Efeitos da separação:
 Passamos a aplicar o regime da separaçã o de bens (art. 1770º CC). Este efeito verifica-se a partir do transito em julgado
da sentença que decretou a separaçã o.
 Partilha dos bens comuns: judicial ou extrajudicial. Com a partilha dos bens comuns passa a existir só bens pró prios,
deixam de se aplicar as regras de administraçã o que vigoravam até à data.

Estes efeitos são irrevogáveis, uma vez decretada a simples separaçã o de bens nã o permite que voltem ao regime de
comunhã o, nem por decisã o judicial, nem pela vontade das partes – art. 1771º CC.
 Há sempre a possibilidade de estabelecerem algumas coisas do passado, ou seja, se quiser atribuir o mandato ao
outro. – art. 1678º nº1 alínea g)

Artigo 1772º: casos em que a açã o de simples separaçã o de bens nã o aparece de forma autó noma, mas cujo efeitos sã o os
mesmos.

Direito da Família – 1º semestre – 4º Ano – Teórica – 2º teste

15.12.2022

MODIFICAÇAO DA RELAÇÃO MATRIMONIAL (CONTINUAÇÃO)

2. SEPARAÇÃO DE PESSOAS E BENS

Art.º 1794 e ssg CC

- Aplicam-se em determinados aspetos as regras do divó rcio

NOÇÃO: Estamos perante uma alteração da relação matrimonial que tem efeitos a nível patrimonial e a nível pessoal. Vai
ocorrer a cessaçã o da vida em comum, deixam de coabitar, deixa de haver vida familiar. Temos efeitos a níveis patrimonial
mas o casamento nã o está dissolvido, continuam casados, alguns efeitos do casamento vã o-se manter.

NATUREZA JURÍDICA: varia consoante os ordenamentos jurídicos admitam ou nã o o divorcio.

 Nos caso em que nã o se admite divorcio, a separaçã o de pessoas e bens é uma situaçã o definitiva para as crises
matrimoniais.
 Quando se admite o divorcio (nosso ordenamento jurídico) esta separaçã o terá apenas um cará cter transitó rio. A
separaçã o termina ou com a reconciliaçã o ou converte-se em, divorcio

O legislador tem uma preferência para o divorcio em detrimento da separaçã o, esta denota-se pela possibilidade de converter
a separaçã o em divorcio

MODALIDADES DA SEPARAÇAO DE PESSOAS E BENS:

1. Mútuo consentimento:
 separaçã o nã o litigiosa
 requerida por ambos, sem necessidade de indicar uma causa; tem de estar de acordo quanto à separaçã o;
 pode ser judicial ou administrativa consonante seja decretada pelo tribunal (judicial) ou conservató rio do
registo civil (administrativa).
2. Sem consentimento do outro conjugue:
 sempre litigiosa;
 corre nos tribunais - judicial;
 tem de se fundamentar numa causa (aplicam-se as causas do divó rcio sem consentimento de outros conjugues);
 pedida de um contra o outro.

REGRA GERAL DE APLICAÇÃO: Em regra ao regime de separaçã o de pessoas e bens por força do art.º 1794 CC aplicamos as
regras do divó rcio nomeadamente quanto aos fundamentos, requisitos, processo em que vai ocorrer cada uma das
modalidades

De acordo com o art.º 1795 CC proposta um açã o de divorcio poderá o reu pedir a separaçã o judicial de pessoa e bens em
reconvençã o.

Face a um pedido de divó rcio, normalmente ira proceder o pedido de divorcio a nã o ser que nã o estejam verificados os
fundamentos para a procedência desse pedido.

EFEITOS GERAIS DA SEPARAÇAO:

Efeitos da separação: Casamento mantém-se, nã o podem beneficiar dos direitos que decorrem da dissoluçã o do casamento.
Ao mantem o estado de casado, com todas as implicaçõ es jurídicas nã o podem contrair novo casamento.

Efeitos pessoais mantem-se o dever de fidelidade, dever de cooperaçã o, dever de respeito, embora o seu conteú do possa ser
suscetível de mudança face ao estado da separaçã o, art.º 1795 A CC.

→ Vão desaparecer: os deveres de coabitaçã o, dever de assistência extingue-se, deixa de haver de contribuir para os
encargos da vida família, mas pode haver dever de alimentos.
→ Quanto aos apelidos cada um tem direito a usar o apelido.
→ Quanto aos filhos, com a separaçã o de pessoas bens cessa a presunçã o de paternidade art.º 1829 CC e nos termos
dos art.º 1905 CC será regulado questõ es como o direito a alimento de filhos, o destino em relaçã o a filhos menores,
sendo aplicá veis as mesmas regras em caso de divorcio.

Efeitos patrimoniais: termina o regime matrimonial que vigorava para o casamento, esta separaçã o tem consequências mais
fortes. Vai-se proceder à partilha dos bens do casal, a separaçã o vai produzir os mesmo efeitos patrimoniais que produz a
dissoluçã o de casamento por divorcio.

A separação termina com:

A. RECONCILIAÇÃO art.º 1795 C CC – a todo o tempo os conjugues podem estabelecer a vida em comum e o exercício
pleno dos direitos e deveres conjugais. Com esta reconciliaçã o reinicia-se a presunçã o de paternidade art.º 1830 a) CC.
 O processo de reconciliação é da competência das conservatórias do registo civil,
 Poder ser decretada por decisão judicial, porque o direito nã o admite a mera reconciliaçã o tacita, resultante da
mera coabitaçã o.
 Tem de ser formulado o pedido de reconciliação eu será homologado pelo conservador do registo civil. Se
verificar que estã o preenchidos os requisitos legais sendo que o conservador pode pedir a produçã o de prova,
 A decisão de reconciliação dever ser oficiosamente registada por averbamento aos acentos de nascimento e
casamento.
 Os efeitos da reconciliação só se produzem a partir da homologaçã o entre os conjugue e a partir do registo em
relaçã o a terceiros. Art.º 1795 nº4 c) CC.

Com a homologação e reconciliação, restabeleceram a vida em comum a lei diz que deve vigorar o mesmo regime de bens
que vigorava antes da separaçã o art.º 1795 C CC, embora nã o seja unanime esta posiçã o, pois há uma doutrina que refere que
já que houve uma partilha de bens, justufica.se que para uns fosse implementado o regime de separaçã o e para outros
pudesses escolher o regime de bens

B. NÃO HÁ RECONCILIAÇÃO – CONVERSÃO DA SEPARAÇÃO EM DIVÓRCIO art.º 1795 D CC, ocorre se no prazo de 1
ano a contar do transito em julgado da sentença ou da decisã o do conservador que decretou a separaçã o, nã o tiver
ocorrido a reconciliaçã o, nesse caso qualquer um deles pode pedir a conversã o da separaçã o em divorcio.
 A conversã o pode ocorrer antes do prazo de um ano se houver acordo entre os conjugues para avançarem com o
divorcio por mú tuo consentimento.

O processo de conversão vai variar consoante a modalidade de separação de pessoas e bens. Se foi por consentimento
ou sem.

 Separação sem consentimento o processo vai seguir as regras do art.º 993 CPC. Pode haver a oposiçã o à
conversã o, com o fundamento à conciliaçã o. Nã o havendo oposiçã o vai ser proferida a sentença de divorcio.
 Separação por mútuo consentimento , se a decisã o de separaçã o foi decretada pelo tribunal também se vai aplicar
o art.º 993 CPC, se foi decretada pelo conservador do registo civil vã o-se aplicar os artigos 7 a 11 do decreto-lei nº
272/2001.

Efeito da conversão da separação em divorcio: fazer cessar as consequências do casamento que ainda se mantinham
durante a separaçã o.

FORMAS DE DISSOLVER/EXTINGUIR O CASAMENTO:

 Invalidação do casamento: terminar em consequência de um vicio originá rio através do qual o casamento foi
construído. A invalidaçã o tem efeitos retroativos. Declarado nulo ou anulado.
 Dissolução: o casamento termina em consequência de um facto superveniente a celebraçã o vá lida de um casamento. A
dissoluçã o só produz efeitos para o futuro. Pode ocorrer:
1. Morte
2. Divórcio

-» O direito português reconhece uma forma especifica de extinçã o da relaçã o matrimonial que é a dispensa do casamento
ratio e nã o consumado.

1. MORTE
art.º 115 e 116 CC

Morte presumida: esta nã o dissolve o casamento mas permite que o conjugue do ausente possa contrair novo casamento e
nesse caso vai-se dissolver o primeiro pela celebraçã o do segundo e na eventualidade do ausente regressar esta dissoluçã o
será uma dissoluçã o por divorcio.

Efeitos: serã o praticamente os mesmo da dissoluçã o do casamento por divorcio as principiais diferenças estã o ao nível:
 Uso dos apelido art.º 1677 A CC;
 Manutençã o das relaçõ es de afinidade;
 Diferenças a nível sucessó rio o conjugue sobrevivo continua a ser herdeiro tanto legal ou testamentá rio;
 Nível de pensã o de alimentos;
 Nível de subsídio por morte

2. DIVÓRCIO

NOÇÃO: É entendido atualmente como a dissoluçã o do casamento decretada pelo tribunal ou pelo conservador do registo
civil a requerimento de um ou de ambos os conjugues nos termos autorizados por lei. É portanto a verificaçã o da rotura
conjugal em que atualmente ao interessa a culpa nem para as causas nem para os efeitos que decorrem do divorcio, deixou de
ser critério relevante (mas nem sempre foi assim, até 2008 o divorcio litigioso assentava na culpa de um dos conjugues e era
visto como uma sançã o para um deles por um comportamento culposo). Atualmente nã o existindo o critério de culpa, o
divorcio é entendido como um remedio a melhor soluçã o para uma crise matrimonial e foi em 2008 que se verificaram a
principais alteraçõ es do regime.

TERMOS HISTÓRICOS:

o 1910: surgiu em Portugal o divorcio


o 1940: a concordata da boa-fé veio proibir o divorcio a quem tivesse casado catolicamente;
o 1976: O protocolo adicional à concordata veio permitir que os cató licos se pudessem divorciar o que foi adotado na
constituiçã o de 1976
o Reforma do CC de 1977 o legislador preocupou-se em 1º lugar em regular o divorcio e só depois regulou a separaçã o de
pessoas e bens, é entendido como um mal necessá rio. Regulou primeiro o divó rcio por mú tuo consentimento e só depois
o divorcio litigioso.
o 2001 com a atribuiçã o da competência as conservató rias do registo civil para decretarem o divorcio por mú tuo
consentimento.
o As mais significativas foram em 2008, em que se eliminou a expressou de divorcio litigioso que passou a ser chamado de
divorcio sem consentimento do outro consentimento; eliminou-se a culpa

ATUALMENTE:

MODALIDADES DO DIVORCIO: Art.º 1773 CC

1. Mútuo consentimento
2. Sem consentimento

1. MÚTUO CONSENTIMENTO:
 Nã o tem de haver qualquer fundamento para se quererem divorciar, basta a vontade dos conjugues no divorcio. Permite
as partes de em qualquer altura o poder converter em mú tuo consentimento.
 Obriga o juiz a procurar o acordo com conjugues nesta modalidade no caso da tentativa de conciliaçã o em processo de
divorcio sem consentimento nã o resultar.

REQUISITOS: Implica que o pedido de divorcio seja apresentado por ambos em comum acordo, pode ser requerida a todo o
tempo sem necessidade de indicar a causa. o ú nico requisito é a vontade dos conjugues se querem divorciar.

 No entanto, ao lado desta vontade têm de estar de acordo quanto a um conjunto de elementos essenciais art.º 1775
CC, art.º 272 nº1 CRC. Vai ser necessá rio definir um conjunto de questõ es essenciais para que possa ser decretado o
divorcio.
 O ato de nã o estarem de acordo quanto aos factos do art.º 1775 CC nã o afasta o divorcio, vai apenas limitar a
possibilidade de ser o conservador a decretar o processo. Faltando um dos acordos o conservador tem de remeter
para o tribunal.

Art.º 1773 nº2 CC duas formas de divorcio por mú tuo consentimento:

A. Divorcio administrativo: pode ser intentado na conservató ria do registo civil que deve ser a regra porque têm
competência para tal,
B. Divorcio judicial: poderá ser intentado no tribunal diretamente quando estã o de acordo quanto ao facto de se
quererem divorciar mas nã o há consenso de alguns aspetos do art.º 1775 CC. No caso de correr no tribunal seja
diretamente seja porque a conservató ria vai remeter o processo para o tribunal vamos aplicar o art.º 1778 A CC –
divorcio judicial

DIVÓRCIO POR MÚTUO CONSENTIMENTO SOB A FORMA ADMINISTRATIVA:

É feito o pedido à conservató ria. terá de ser acompanhado de acordo quanto a aspetos essenciais art.º 1775 CC que vã o ser
aplicado consoante o caso concreto.

Art.º 1775 CC:

 Acordo quanto ao destino da casa de morada de família


 Acordo quanto as responsabilidades parentais
 Acordo quanto ao destino dos animais de estimaçã o
 Acordo quanto a uma eventual pensã o de alimentos ao cô njuge necessitado
 Tem de apresentar a relaçã o de bens ou acordo quanto a partilha
 Se houve convençã o antinupcial tem de juntar ao pedido

 O processo de divorcio por mú tuo consentimento pode ser instaurado em qualquer conservató ria do registo civil
mediante requerimento assinado por ambos ou por procurador. Devem juntar todos os elementos referidos.

No caso de o exercício das responsabilidades parentais ainda não estiver regulados judicialmente -> Art.º 1776 CC,
vem distinguir a questã o do divó rcio por mú tuo consentimento quanto à existência ou nã o de filhos menores em relaçã o aos
quais as responsabilidades parentais ainda nã o foram reguladas.

 PRIMEIRA HIPÓTESE: Se não existirem filhos ou existindo filhos as responsabilidades parentais já estiverem
reguladas: Nesta hipó tese o conservador vai realizar o requerimento. Vai convocar os cô njuges para uma conferência em
que os informa da existência dos serviços de mediação familiar.
 Se os cô njuges ou algum deles desistir do pedido o conservador fará consignar em ata a desistência e homologa
a desistência
 Se mantiverem a vontade de divorciar vai analisar os acordos que foram apresentados ao abrigo do artigo
1775º CC + 272º CRC
 Se tudo estiver em conformidade vai poder decretar o divó rcio. O conservador vai homologar os
acordos e decreta o divó rcio procede ao respetivo registo por averbamento aos assentos de
nascimento e de casamento.
 Se nã o estiver em conformidade o conservador pode convidar os cô njuges a alterar os acordos,
porque o conservador pode considerar que nã o existe uma proteçã o a alguma das partes.
 Se nã o houver alteraçã o solicitada pode recusar a homologaçã o e nesse caso remete o processo para o tribunal –
artigo 1778º CC
 SEGUNDA HIPÓTESE: Se não tiverem as responsabilidades parentais reguladas: Nesta hipó tese o conservador nã o
pode atuar de imediato, terá de remeter o acordo das responsabilidades parentais para ser apreciado pelo MP junto do
tribunal de família e menores para que o MP se possa pronunciar sobre este acordo de responsabilidades parentais – art.
1776º - A CC. Uma vez recebido o acordo o MP tem 30 dias para se pronunciar:
 Se o MP entender que aquele acordo nã o tutela o superior interesse dos filhos vai convidar os cô njuges a
alterarem o acordo da regulaçã o das responsabilidades parentais. Feita a alteraçã o será novamente remetida
para o MP para nova apreciaçã o:
 Se tiver tudo em conformidade vai enviar o acordo para a conservató ria para que prossiga a
tramitaçã o do divó rcio por mú tuo consentimento;
 Se o acordo continuar a nã o titular o superior interessa da criança o MP vai remeter a questã o para o
tribunal, seguindo-se a tramitaçã o do artigo 1778º CC.

NOTA: Nestas situaçõ es em que se intentou o pedido e a situaçã o tem de passar para o tribunal, continuam a estar em divorcio
por mú tuo consentimento mas será o tribunal que o irá decretar, neste acaso aplica-se o art.º 1778 A CC remete para o art.º
1775 CC.

 O divorcio por mú tuo consentimento pode ser intentado pelo tribunal quando embora esteja, de acordo quanto à
vontade de se quererem divorciar, mas desde o início nã o chegaram a um consenso sobre os elementos essências do art.º
1775 CC.

2. SEM CONSENTIMENTO:

Irá ocorrer sempre no tribunal sem prejuízo de depois ser convertido em divorcio de mú tuo consentimento; terá de se
fundamentar numa causa de rutura do casamento e é uma modalidade em que o pedido é de um dos conjugue contra o outro.

É sempre judicial, fundamenta-se numa das causas do art.º 1781 CC

Causas deste tipo de divorcio art.º 1781 CC, todas estas sã o causas objetivas porque a culpa já deixou de ser uma causa.
Causa que simbolizam a rutura definitiva da vida em comum, que pode ser consideradas:

 Causas determinadas alínea a) a c)


 Causas indeterminadas alínea d).

Artigo 1781 CC:

a) É causa de divó rcio mas implica a verificaçã o cumulativa de 2 elementos + 1 elemento temporal, o elemento objetivo é a
inexistência de coabitaçã o: o elemento subjetivo é a intençã o da parte de 1 ou de ambos de nã o restabelecer essa vida
em comum; elemento temporal a separaçã o já decorre á mais de 1 anos consecutivo, as recaídas obstam à contagem do
prazo de 1 ano; pode haver separaçã o de facto desde que habitem na mesma casa.
b) Situaçõ es em que houve alteraçã o de faculdades mentais, nã o necessita de ser uma doença incurá vel, mas a alteraçã o é
definitivamente grave que oneram de forma significativa o outro conjugue que nã o justifica a manutençã o do casamento,
nã o interessa o motivo que levou à alteraçã o das faculdades mentais.
c) Ausência sem notícias por tempo nã o inferior a um ano
d) Qualquer outra causa que nã o estejam incluídas nas alíneas anteriores, desde que haja uma rutura definitiva do
casamento. Incluímos a violaçã o dos deveres conjugais em geral, violência doméstica, adultero, negligência, tentativa de
homicídio – os factos alegados vã o ter de demonstrar que houve a rotura definitiva de casamento
Efeitos do divórcio: art.º 1792 nº1 em regra nã o há indemnização; o facto de ter violado um dever conjugal é que vai ser
obrigado a indemnizar, só tem de indemnizar pode é levar nos casos da responsabilidade civil. EX: no caso de cometer
adultério nã o tem de indemnizar, mas tem no caso de violência doméstica.

TRANSMISSAO DO DIVÓRCIO POR MORTE: O direito ao divorcio não se transmite por morte, é um direito pessoal, art.º
1775 nº1 e nº3 CC. Mas é possível aos herdeiros do autor continuarem em açã o de divó rcio que já tinha sido intentada para
efeitos patrimoniais.

PROCESSO: Art.º 931 e 932 CPC

 Divórcio sem consentimento decorre nos termos destes artigos, o tribunal competente é o tribunal de família e
menores da á rea da residência se nã o existir terá que ser o tribunal comum no caso do juízo civil local a existir ou de
competência genérica art.º 72 CPC.
 O tribunal deve informar da existência e dos objetivos da mediaçã o familiar art.º 1774 CC,
 O juiz ira designar a data para tentativa de conciliaçã o art.º 1779 CC, nã o havendo conciliaçã o tenta a conversã o em
mú tuo consentimento, se nã o o conseguir ainda assim o juiz irá tentar que chegue a acordo quanto aos elementos do
art.º 1775 CC. Mesmo que nã o cheguem a consenso sobre estes elementos fundamentais a açã o continua, podendo ser o
juiz a fixar o regime. O reu é chamado a contestar podendo reduzir pedido reconvencional, se nã o contestar nã o se
verificam os efeitos (a nã o contestaçã o nã o implica a revelia do reu),

Sentença: quando julga precedente o pedido de divorcio nã o se vai limitar a decretar o divorcio, vai também fixar:

 destino da casa de morada de família,


 pode condenar na prestaçã o de alimentos
 determinar o destino dos animais de companhia caso existam,
 pode valorizar a conservaçã o do uso dos apelidos adotados
 vai regular a questã o das responsabilidade parentais caso exitam filhos.

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