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Direito de Família

• Casamento

i) Conceito: o casamento é o vínculo entro o homem e a mulher (ou entre pessoas do


mesmo sexo – RES. Do CNJ n. 175/2013) que visa o auxílio mútuo material ou
espiritual, de modo que haja uma integração fisicopsíquica e a constituição de uma
família.

ii) Fins do Matrimônio:

(a) Instituição da família matrimonial;

(b) Procriação de filhos;

(c) Legalização das relações sexuais;

(d) Prestação de auxílio mútuo;

(e) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges;

(f) Educação da prole;

(g) Atribuição do nome ao cônjuge e aos filhos;

(h) Reparação de erros do passado;

(i) Regularização de relações econômica;

(j) Legalização de estado de fato.

iii) Natureza Jurídica do casamento:

(a) Teoria Contratualista: o matrimônio é um contrato civil, regido pelas normas


comuns a todos os contratos, aperfeiçoando-se apenas eplo simples
consentimento dos nubentes. Essa concepção sofre algumas variações, pois não
há os que nele veem um contrato especial; em razão de seus efeitos peculiares
não se lhe aplicam os dispositivos legais dos negócios jurídicos relativos à
capacidade das partes e vícios de consentimento.

(b) Concepção Institucionalista: o casamento é uma instituição social, refletindo


uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas normas,
efeitos e forma encontram-se preestabelecidos em lei. Essa teoria é por nós
adotada.
(c) Doutrina eclética ou mista: o casamento é um ato complexo, ou seja, é
concomitantemente contrato (na formação) e instituição (no conteúdo).

iv) Caracteres do Matrimônio;

(a) Liberdade na escolha do nubente;

(b) Solenidade do ato nupcial;

(c) Legislação matrimonial é de ordem pública;

(d) União permanente;

(e) União exclusiva.

v) Princípios do direito matrimonial:

(a) Livre união dos futuros cônjuges;

(b) Monogamia

(c) Comunhão indivisa.

vi) Esponsais:

(a) Conceito: segundo Antônio Chaves, os esponsais consistem num compromisso


de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo diferente, com o escopo
de possibilitar que se conheçam melhor, que se aquilatem mutuamente suas
afinidades e gostos.

(b) Requisitos para haver responsabilidade pela ruptura de promessa de casamento:


Que a promessa de casamento tenha sido feita livremente pelos noivos. Que
tenha havido recusa de cumprir com a promessa esponsalícia por parte do noivo
arrependido e não de seus pais. Que haja ausência de motivo justo. Que acarrete
dano patrimonial ou moral.

(c) Consequências de inadimplemento culposo ou doloso dos esponsais: devolução


dos presentes trocados, cartas e retratos. Indenização dos danos patrimoniais e
morais.

vii) Casamento civil e religioso

(a) Direito romano:

1. Conventio in manum: Confarreatio (casamento religioso, da classe


patrícia). Coemptio (casamento civil, da plebe).

2. Conventio sine manus e Usus.


(b) Direito brasileiro:

1. Casamento religioso até 1889: Católico; Misto; Acatólico.

2. Casamento civil: Decreto n. 181, de 24/1/1890, ora revogada pelo Decreto


n. 11/91; Decreto n. 521, de 26/6/1980, ora revogada pelo Decreto n.
11/91, CF de 1981, art. 72, parag. 4º, CC de 2002, art. 1.512.

3. Casamento civil ou religioso com efeitos civis (matéria disciplinada pela


CF/88, art. 226, parag. 1º e 2º, e CC, arts. 1.515 e 1.516)

viii) Condições necessárias à existência, validade e regularidade do casamento

(a) Condições indispensáveis à existência jurídica do casamento:

1. Diversidade de sexos (em contrário, STF --- Resp. 1.183.378 e Res. n.


175/2013 do CNJ, que admite casamento entre pessoas do mesmo sexo);

2. Celebração na forma prevista em lei;

3. Consentimento.

(b) Condições necessárias à validade do ato nupcial:

1. Condições naturais de aptidão física (puberdade, potência) e intelectual


(consentimento íntegro).

2. Condições de ordem moral e social (CC, arts. 1.521, I a VII, 1.548, II,
1.523, I, II e IV, 1.517, 1.519 e 1.550, II)

(c) Condições essenciais à regularidade do matrimônio:

1. Celebração por autoridade competente.

2. Observância de formalidades legais.

• Impedimentos matrimoniais e causas suspensivas

i) Conceito: segundo Carlo Tributtati, os impedimentos matrimoniais são “condições positivas


ou negativas, de fato ou de diretio, físicas ou jurídicas, expressamente especificadas pela lei,
que, permanente ou temporariamente, proíbem o casamento ou um novo casamento ou um
determinado casamento”. A causa suspensiva é um fato que suspende o processo de
celebração do casamento a ser realizado, ser arguida antes das núpcias.

ii) Impedimentos: CC, art. 1.521, I a VII.

iii) Causas suspensivas: CC, art. 1.523, I a IV.


iv) Classificação dos impedimentos:

(a) Impedimentos resultantes de parentesco:

1. Impedimento de consanguinidade (CC, art. 1.521, I e IV; Decreto-Lei n.


3.200/41, arts. 1º 3º); Impedimento por afinidade (CC, arts. 1.521, II, e 1.595,
parag. 1º e 2º, Lei n, 6.015/73, art. 59); Impedimento por adoção (CC, art.
1.521, I, III, V).

(b) Impedimento de vínculo:

1. CC, arts. 1.521, VI, 1.548 e 1.549; CP, art. 235; CF, art. 226, parag. 6º; Lei n.
6.515/77, art. 2º, parágrafo único; RJTJSP, 37:118, 4,:45; RT, 393:167, 190:790.

(c) Impedimento crime:

1. CC, art. 1.521, VII.

v) Casos de causas suspensivas

(a) Para impedir confusão de patrimônios (CC, arts. 1.523, I, II e parágrafo único, 1.641, I,
e 1.489, II; RT, 167:195).

(b) Para evitar turbatio sanguinis (CC, art. 1.523, II e parágrafo único, e 1.641, I).

(c) Para impedir matrimônio de pessoas que se acham em poder de outrem, que poderia,
por isso, concluir um consentimento não espontâneo (CC, arts. 1.523, IV e parágrafo
único, e 1.641, I)

(d) Para evitar que certas pessoas se casem sem autorização de seus superiores.

vi)Oposição dos impedimentos e das causas suspensivas

(a) Conceito: oposição é o ato praticado por pessoa legitimada que, antes da realização do
casamento, leva ao conhecimento do oficial perante quem se processa a habilitação, ou
do juiz que celebra a solenidade, a existência de um dos impedimentos ou de uma das
causas suspensivas previstos nos arts. 1.521 e 1.523 do Código Civil, entre pessoas que
pretendem convolar núpcias.

(b) Limitações:

1. Pessoais: os impedimentos podem ser apostos, ex officio, pelas pessoas


arroladas n CC, art. 1.522; As causas suspensivas só podem ser arguidas pelas
pessoas do art. 1.524 do CC

2. Formais: quanto à oportunidade:

a. os impedimentos do art. 1.521 do CC podem ser arguidos até a celebração


do casamento, e as causas suspensivas do art. 1.523, dentro do prazo de 15
dias (CC, art. 1.527) da publicação dos proclamas.
b. Quanto aos oponente: não poderá ficar no anonimato; deverá ser capaz (CC,
art. 1.522); alegará o impedimento por escrito, provando-o, com a
observância do CC, art. 1.529; provará, em caso de oposição de causa
suspensivas, o seu grau de parentesco com o nubento.

c. Quanto ao oficial do Registro Civil: receberá a declaração, verificando se


apresenta os requisitos legais; dará ciência aos nubentes (CC, art. 1.530);
remeterá os autos a juízo (Lei n. 6.015/73, art. 57, parag. 5º).

(c) Efeitos

1. Impossibilitar a obtenção do certificado de habilitação;

2. Adiar o casamento.

(d) Sanções ao oponente de má-fé

1. Poderá sofrer ações civis ou criminais (CC, art. 1.530, parágrafo único) movidas
pelos nubentes.

2. Deverá reparar dano moral ou patrimonial que causou com sua conduta dolosa
ou culposa (CC, art. 186)

• Celebração do casamento

i) Formalidades essências da cerimônia nupcial

(a) Requerimento à autoridade competente para designar dia, hora e local da


celebração do matrimônio. (CC, art. 1.533)

(b) Publicidade do ato nupcial. (CC, art. 1.534 e parágrafo único)

(c) Presença real e simultânea dos contraentes ou de procurador especial, em casos


excepcionais (CC, arts. 1.535 e 1.542); das testemunhas (CC, art. 1.534, parag.
1º e 2º; Lei n. 6.015/73, art. 42); do oficial do registro e do juiz de casamento.

(d) Declaração dos nubentes de que pretendem casar-se por livre e espontânea
vontade, sob pena de ser a cerimônia suspensa (CC, art. 1.538 e parágrafo único;
RF, 66:308).

(e) Copartição do celebrante que pronuncia a fórmula sacramental, constituindo o


vínculo matrimonial (CC, art. 1.535).

(f) Lavratura do assento do matrimônio no livro de registro (Lei n. 6.015/73, art.


70).
ix) Casamento por procuração

(a) Permite nosso CC, art. 1.542, parag. 1º e 4º, que, se um dos contraentes não puder estar
presente ao ato nupcial, se celebre o matrimônio por procuração, desde que o nubente
outorgue poderes especiais a alguém para comparecer em seu lugar e receber, em seu
nome, o outro contraente, indicando o nome deste, individuando-o de modo preciso,
mencionando o regime de bens (LINDB, art. 7º, parag. 1º).

x) Casamento nuncupativo

(a) O casamento nuncupativo ou in extremis é uma forma excepcional de celebração do


ato nupcial em que o CC, art. 1.540, possibilita que, quando um dos nubentes se
encontrar em iminente risco de vida, ante a urgência do caso, não se cumpram as
formalidades dos arts. 1.533 e s. do CC, de modo que o oficial do Registro, mediante
despacho da autoridade competente, à vista dos documentos exigidos no art. 1.525,
independentemente de edital de proclamas, dará certidão de habilitação. Chega-se até
mesmo a dispensar a autoridade competente, se impossível sua presença e a de seu
substituto, caso em que os nubentes figurarão como celebrantes, declarando que
querem receber-se por marido e mulher, perante seis testemunhas, que com eles não
tenham parentesco em linha reta ou na colateral em 2º grau (CC, art. 1.540; Lei n.
6.015/73, art. 76). Todavia requer esse casamento habilitação a posteriori e
homologação judicial (CC, art. 1.541, I, II e III) e não se confunde com casamento em
caso de moléstia grave (CC, art. 1.539, parag. 1º e 2º).

xi) Casamento perante autoridade diplomática ou consular

(a) Consultem-se: LINDB, art. 7º, parag. 2º e 18; Lei n. 6.015/73, art. 32, parag. 1º.

xii)Casamento religioso com efeitos civis (CF, art. 226, parag. 2º)

(a) Casamento religioso precedido de habilitação civil (CC, art. 1.516, parag. 1º)

(b) Casamento religioso não precedido de habilitação civil (CC, art. 1.516, parag. 2º)

(c) Efeitos jurídicos (CC, art. 1.515; RT, 427:238)

• União Estável

i) Conceito de União Estável

(a) É uma união duradora de pessoas livres e de sexos diferentes (ou do mesmo sexo
– Res. CNJ n. 175/2013), que não estão ligadas entre si por casamento civil.

ii) Elementos da União Estável


(a) Essenciais

1. Diversidade de sexo (em contraditório, STF, ADI 4.277 e ADPF 132) e


(Res. CNJ n. 175/2013);

2. Continuidade das relações sexuais;

3. Ausência de matrimônio civil válido e de impedimento matrimonial entre


os conviventes;

4. Notoriedade de afeições recíprocas;

5. Honorabilidade;

6. Fidelidade;

7. Coabitação;

8. Colaboração da mulher no sustento do lar.

(b) Secundários

1. Dependência econômica da mulher;

2. Existênciia de prole comum;

3. Compenetração das famílias;

4. Criação e educação pela convivente dos filhos do companheiro;

5. Casamento religioso sem efeito civil;

6. Casamento no estrangeiro;

7. Situação da convivente como empregada doméstica do companheiro;

8. Maior ou menor diferença de idade entre os conviventes;

9. Existência de contato de convivência.

iii) Espécies de uniões de fato

(a) Concubinato puro ou união estável

União duradoura, sem casamento, entre homem e mulher livres e desimpedidos,


isto é: solteiros, viúvos, divorciados ou separados extrajudicial ou judicialmente
ou de fato.

(b) Concubinato impuro

1. Adulterino: Se um dos concubinos for caso;

2. Incestuoso: Se houver parentesco próximo entre os amantes.


iv) Direitos vedados à união concubinária

(a) CC, art. 550;

(b) CC, art. 1.642, V, e 1.645;

(c) CC, art. 1.801;

(d) CC, art. 1.694;

(e) CC, art. 1.521;

(f) RT, 360:395; RF, 124:208;

(g) RT, 159:207;

(h) RT, 140:379.

v) Efeitos Jurídicos da União Estável

CC, art. 1.609;

CF, art. 226, parag. 3º e 4º;

CPC, arts. 53, I, 189, II, 617, I.

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