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PRINCÍPIOS GERAIS DA EXECUÇÃO NO PROCESSO

CIVIL

RESUMO
Os princípios norteadores do processo
de execução, nos quais objetivam instruir a ciência jurídica sem
a pretensão de exaurir o tema, mas tão somente na elucidação
de conflitos dentro da responsabilidade civil, quando o estado,
por sua vez, avoca para si, a função jurisdicional de garantir ao
credor a promoção da execução forçada em face do devedor e a
satisfação da obrigação devida, sobre quais devem ser os
instrumentos, e os meios de efetivação mais adequados ao
exercício da função estatal expropriatória. Deste modo, e para
este trabalho, usando material bibliográfico, buscando o
melhor entendimento, fundamentado e amparado naquilo que
traz os dispositivos legais para a concretização da tutela.
Palavras-chave: Princípios gerais. Execução. Processo civil.
Ordenamento jurídico.

SUMARIO: 1. Introdução. 2 princípios norteadores da


execução. 2.1 Não há execução sem título. 2.2 Principio da
tipicidade dos títulos executivos. 2.3 Principio da
responsabilidade patrimonial. 2.4 Princípio do exato
adimplemento ou do resultado. 2.5 Principio da utilidade. 2.6
Princípio da menor onerosidade. 2.7 Princípio do desfecho
único. 2.8 Principio da disponibilidade da execução. 2.9
Princípio do contraditório. 2.1.0 Princípio da lealdade e boa-fé
processual. 2.1.1 Princípio da dignidade da pessoa humana. 3.
Conclusão.

1 INTRODUÇÃO

A tutela jurisdicional eminentemente satisfativa do direito do


credor, decorrente da inevitabilidade da jurisdição, visa através
de atos imperativos inerentes ao patrimônio, ou por vezes a
própria pessoa do devedor, em raros casos, um resultado
equivalente ao do adimplemento da obrigação que se deveria
ter realizado, esta tem cabimento sempre que o credor que
figura no polo ativo da ação, munido de um título executivo
judicial, (art. 515 CPC) ou extrajudicial, (art. 784 CPC) reveste-
se de poderes e habilita-se com esses títulos a dar ensejo a ação
de execução.
A priori, cabe esclarecer que, a execução civil nada mais é que a
absoluta efetivação da fase de conhecimento chancelando um
resultado almejado, o qual, como sua própria definição já
delimita e reconhece como um direito.

Em outras palavras, é sabido que na grande maioria dos


processos que possuem uma sentença condenatória, esta, não
se satisfaz por si só, sendo, portanto, necessária, a execução do
título executivo da sentença.

O processo de execução tal como as demais áreas do sistema


jurídico brasileiro, possui princípios norteadores que definem
cada conduta realizada no pleito, esses princípios, não só
apontam para as partes os direitos e deveres inerentes, como
também enfatiza o conceito de dignidade humana, na
constitucionalidade de liberdade igualdades e fraternidade.

Ao longo dos anos, nas sucessivas mudanças no


comportamento do homem médio, os princípios ganharam
força de norma jurídica, tornando-se paradigma de todo o
sistema, auxiliando no estreitamento entre o direito, valor e
moral, exaltando entre outros, o princípio dá boa-fé objetiva.

A concepção de princípios direciona à um conjunto de regras


escritas a ser seguidas, dá base as fundamentações, sustentam
a ideia de que à aplicabilidade das leis cumprem com o seu
dever jurisdicional, e fortalece o processo da execução.

Para que isso se concretize na pratica, os princípios precisam


ser observados, prestigiado e reconhecido dentro de todos os
atos e acontecimentos, desde a provocação da demanda até a
fase de execução.
2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EXECUÇÃO

Conforme supramencionados, os princípios são responsáveis


por iluminar cada conduta realizada no decorrer do curso
processual, portanto, no processo de execução não poderia ser
diferente, é fase que efetiva o cumprimento de uma obrigação
dentro da responsabilidade civil, onde não será excedido além
do estabelecido no processo, ensejando uma possibilidade de
nulidade quando não há conformidade da lei.

Em via de regra, o processo de execução se funda na existência


de título judicial, sendo, portanto, o marco inicial para a fase
de execução.

2.1 Nulla Executio SineTtítulo. (Não há execução sem título)

O princípio da nulla executio sine título confere ao executado


uma maior segurança jurídica, devido à exigência de um título
que garanta a existência ou a probabilidade de existência de
um crédito.
Embora a atividade executiva em sentido amplo, a qual
engloba o processo de execução autônomo e a fase de
cumprimento de sentença, consiste em um procedimento
advindo de uma frustração, pois pressupõe certos atos de força
do Estado que só têm razão de existir porque o devedor deixou
de cumprir a obrigação que lhe competia, reconhecida em
título executivo judicial ou consubstanciada em título executivo
extrajudicial.

Assim, compreende-se como título, uma forma de certeza ou


uma probabilidade da existência de um crédito, justificando as
desvantagens resistidas pelo executado.

2.2 Principio da tipicidade dos títulos executivos


Este princípio delimita-se a dizer que o rol de títulos executivos
deve estar catalogado em lei, dispostos nos artigos 515 e 784
Código de Processo Civil.

Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento


dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a


exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
fazer ou de entregar coisa;

II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;

III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial


de qualquer natureza;

IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em


relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título
singular ou universal;

V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas,


emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;

VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;

VII - a sentença arbitral;

VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior


Tribunal de Justiça;

IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do


exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:


I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado


pelo devedor;

III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2


(duas) testemunhas;

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério


Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou


outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de


aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como
taxas e despesas de condomínio;

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou


extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro


relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas
pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas
em lei;

XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição


expressa, a lei atribuir força executiva.

Em outras palavras, significa dizer, que os atos executivos são


atos típicos, seguindo rigorosamente o texto da lei.

2.3 Principio da responsabilidade patrimonial

O princípio da patrimônialidade dispõe que o devedor poderá


responder com seus bens presente e futuros para efetivo
cumprimento das obrigações, ressalvadas restrições contidas
em lei. (art. 789 CPC)

Enfatizando que, o devedor perderá tantos bens quanto bastem


para a satisfação de sua obrigação para com o credor. O artigo
supramencionado, ao seu final, resguarda alguns bens do
devedor, quando na essencialidade de sua sobrevivência.

No mesmo contexto…

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não


sujeitos à execução;

II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que


guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor
ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do


executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e
de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os


instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao
exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo


se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei,


desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas


para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência
social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o


limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por


partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades


imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.

§ 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida


relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua
aquisição.
§ 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à
hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais,
devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no
art. 529, § 3o.

§ 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do


caput os equipamentos, os implementos e as máquinas
agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual
produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de
financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio
jurídico ou quando respondam por dívida de natureza
alimentar, trabalhista ou previdenciária.

Tão logo, resta evidenciado que a execução não recai


diretamente sobre a pessoa do devedor, exceto em possíveis
ações originárias de outra competência jurisdicional, mas
sobre seu patrimônio, assim se denomina de responsabilidade
patrimonial.

2.4 Princípio do exato adimplemento ou do resultado

O princípio do exato adimplemento tem o objetivo de medir o


alcance da execução. Isto é, não pode a execução estender-se
para além do necessário para que seja cumprida a obrigação,
não pode se tornar num fenômeno de empobrecimento do
devedor, com isso atingir única e exclusivamente o necessário
para o adimplemento da obrigação.

2.5 Principio da utilidade

O princípio da utilidade se destaca como a justificativa da


execução. De modo que a ação executória tenha competência,
correspondendo ao direito do exequente.

Sendo assim, não é justificável a expropriação patrimonial que


não culminar algum benefício ao credor, entende-se como o
princípio que aprova ou desaprova qualquer ação, que tende a
aumentar ou a diminuir a felicidade da pessoa, cujo interesse
está em jogo, não usar o processo como objeto de vingança.

2.6 Princípio da menor onerosidade

A partir deste princípio é possível absorver que a execução não


pode ser utilizada como meio de vingança privada, é uma
garantia que não permite que o executado sofra perda
patrimonial além do que lhe é devido.

Portanto, nos casos em que houver mais de uma forma de


cumprimento da obrigação, o juiz deverá optar pela forma
menos gravosa ao executado. (Art. 805 do CPC/2015).
“Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo
menos gravoso para o executado”.

2.7 Princípio do desfecho único

Quanto a esse princípio, compreende-se que esta fase


processual tem apenas um fim possível, quando não se discute
mérito, mas se busca sempre a satisfação dos direitos do
exequente.

Logo, ao fim da execução, não se tem uma sentença de mérito e


sim uma sentença declaratória de encerramento do processo,
produzindo coisa julgada formal. (art. 924, 925 CPC)

Art. 924. Extingue-se a execução quando:

I - a petição inicial for indeferida;

II - a obrigação for satisfeita;


III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção
total da dívida;

IV - o exequente renunciar ao crédito;

V - ocorrer a prescrição intercorrente.

Art. 925.a extinção só produz efeitos quando declarada por


sentença.

Assim, não há que se falar em improcedência do pedido do


exequente.

2.8 Principio da disponibilidade

Motivado pelo princípio tratado anteriormente, este princípio


assegura que é permitido ao exequente, a desistência, a
qualquer momento, de alguma medida executiva ou até mesmo
de toda execução, não se fazendo necessário, para isso, que
haja concordância do executado.

A todos os legitimados ativos é assegurada a possibilidade de


desistência, exceto ao Ministério Público, já que o mesmo
tutela direito alheio.

A desistência não se confunde com a renúncia, vez que na


renúncia, o exequente desiste de prosseguir com a execução
naquele momento.

2.9 Princípio de contraditório

O contraditório é um direito das partes e um dever do juiz, e a


sua participação é a garantia imposta pela Constituição do
Brasil em relação a todos e quaisquer processo, seja estes civis
penais ou trabalhistas (Art. 5º, LV. CF/1888).
Assim, nada mais é que o meio pelo qual um processo se
desenvolve, qualquer que seja a sua natureza, tem que existir o
contraditório, para garantir a paridade na disputa a isonomia e
a ampla defesa, sendo este princípio o grande legitimador das
relações processuais.

Embora menos amplo na execução que nas demais ações ou


fases processuais, o contraditório tem sim o seu lugar na
execução.

“O princípio do contraditório compreende o direito de ser


ouvido, o direito de acompanhar os atos processuais, o direito
de produzir provas e manifestar-se sobre a prova produzida, o
direito de ser informado regularmente dos atos praticados no
processo e o direito a motivar e impugnar as decisões”
(FREDIE D, Jr.2017. pg76)

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo- se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

2.1.0 Princípio da lealdade e boa-fé processual ou da


cooperação

A imposição do dever de lealdade no processo é premissa


maior nas legislações modernas, acolhida nos diversos
dispositivos da lei, e como princípio decorre da ideia de que
aquele que participa de um processo deve se comportar de
acordo com a boa-fé, (art. 5º CPC) exigindo-se, portanto, que
as partes pratiquem todos seus atos pautados na probidade e
honestidade.
“Art. 5º- aquele que de qualquer forma participa do processo
deve se comportar-se de
acordo com a boa-fé”.

2.1.1 Princípio da dignidade da pessoa humana

O conceito de dignidade humana é algo que não se consegue


delinear, a contrário senso, tudo aquilo que se contrapõe a uma
norma jurídica, bons costumes a um direito ou um termo da
lei, em face ao cidadão, faz-se a leitura, de que fere a dignidade
da pessoa humana, e como princípio fundamental taxado
na Carta Federal, como sendo considerado o princípio máximo
do estado democrático de direito, por este princípio destaca-se
a impenhorabilidade de bens que sejam essenciais a
sobrevivência do executado preservando a sua dignidade,
estando presente em todas as relações jurídicas direta ou
indiretamente (Art. 1º CF/88)
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

3 CONCLUSÃO

Os princípios representam uma verdadeira estrutura de


sustentação ao ordenamento jurídico brasileiro, auxiliando na
solução de conflitos e embasando importantes decisões
judiciais. Por meio deles torna-se possível a busca pela garantia
de uma relação jurídico- processual justa, seja no desenvolver
de cada processo de conhecimento, seja na fase de liquidação
de sentença.

Pela terminologia do código de processo civil, nos títulos


executivos judiciais se dão a fase de cumprimento da sentença,
enquanto a expressão execução, é reservada para as ações
autônomas diretas, com base num título executivo
extrajudicial.

Vale lembrar, que alguns títulos executivos judiciais, tem


origem em outros processos que não os de origem de
competência civil, são os casos de sentenças penais
condenatórias, estrangeiras e arbitrais, as quais não possuem
em seus antecedentes processo civil de conhecimento. Logo,
demandaram um processo autônomo de execução, seja para
pagamento, seja para a liquidação (art. 515, § 1º CPC).

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