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PROCESSO CIVIL IV

PROFESSOR
EVANDRO MELO

evandroj_melo@hotmail.com

@prof.evandromelo
AULA 02 –
REQUISITOS PARA REALIZAR
QUALQUER EXECUÇÃO -
PRESSUPOSTOS E CONDIÇÕES DA
EXECUÇÃO FORÇADA
Pressupostos processuais e
condições da ação
• Realizam-se, por meio do processo de execução,
pretensões de direito material formuladas pelo
credor em face do devedor. O direito de praticar a
execução forçada, no entanto, é exclusivo do
Estado. Ao credor cabe apenas a faculdade de
requerer a atuação estatal, o que se cumpre por via
do direito de ação. Sendo, destarte, a execução
forçada uma forma de ação, o seu manejo sofre
subordinação aos pressupostos processuais e às
condições da ação, tal como se passa com o
processo de conhecimento.
• Nosso Código estabelece, expressamente, como condições
da ação a legitimidade de parte e o interesse de agir.
• Para a execução forçada prevalecem essas mesmas
condições genéricas, de todas as ações. Mas a aferição
delas se torna mais fácil porque a lei só admite esse tipo
de processo quando o credor possua título executivo e a
obrigação nele documentada já seja exigível (arts. 786 e
783). É, no título, pois, que se revelam todas as condições
da ação executiva.
• Dessa maneira, pode-se dizer que são condições ou
pressupostos específicos da execução forçada:
• o formal, que se traduz na existência do título executivo,
donde se extrai o atestado de certeza e liquidez da
dívida;
• o prático, que é a atitude ilícita do devedor, consistente
no inadimplemento da obrigação, que comprova a
exigibilidade da dívida.
A esses dois requisitos refere-se expressamente o
novo Código de Processo Civil nos arts. 783 a 788, ao
colocar o título executivo e a exigibilidade da obrigação
sob a denominação de “requisitos necessários para
realizar qualquer execução”.
O TÍTULO EXECUTIVO – NATUREZA
JURÍDICA + “FILOSÓFICA” – “PRÁTICA”

• Regra fundamental da nulla executio sine titulo.


• Nenhuma execução forçada é cabível sem o
título executivo que lhe sirva de base.

• Não há consenso doutrinário sobre o conceito e


a natureza do título executivo. Para Liebman, é
ele um elemento constitutivo da ação de
execução forçada; para Carnelutti, é a prova
legal do crédito.
Função do título executivo

• Tríplice função:

• a de autorizar a execução;
• a de definir o fim da execução; e
• a de fixar os limites da execução.
Requisitos do título executivo:
obrigação certa, líquida e exigível
• Para que o título tenha essa força, não basta a
sua denominação legal. É indispensável que, por
seu conteúdo, se revele uma obrigação certa,
líquida e exigível, como dispõe textualmente o
art. 783 do NCPC. Só assim terá o órgão judicial
elementos prévios que lhe assegurem a abertura
da atividade executiva, em situação de completa
definição da existência e dos limites objetivos e
subjetivos do direito a realizar.
Requisitos do título executivo:
obrigação certa, líquida e exigível
• O direito do credor “é certo quando o título não deixa
dúvida em torno de sua existência; líquido quando o
título não deixa dúvida em torno de seu objeto; exigível
quando não deixa dúvida em torno de sua atualidade”.
• A certeza em torno de um crédito quando, em face do
título, não há controvérsia sobre sua existência (an); a
liquidez, quando é determinada a importância da
prestação (quantum); e a exigibilidade, quando o seu
pagamento não depende de termo ou condição, nem
está sujeito a outras limitações
FORMAS DOS TÍTULOS EXECUTIVOS
• Sob o aspecto formal, os títulos que contêm a “declaração
imperativa”, geradora do direito à execução forçada, podem ser
assim classificados: o original da sentença (tanto na condenação
como na homologação de acordos), contido no bojo dos autos da
ação de cognição, onde também se desenvolverá a execução (NCPC,
arts. 513 e 523); a certidão ou cópia autenticada da decisão
exequenda, nos casos de execução provisória (art. 522, parágrafo
único, I), e, em geral, de execução civil da sentença penal
condenatória (art. 515, VI), da sentença arbitral (art. 515, VII) e da
sentença estrangeira homologada (art. 965, parágrafo único), ou
carta de sentença, em hipóteses como a do formal de partilha (art.
515, IV); os documentos extrajudiciais, públicos ou particulares,
sempre sob a forma escrita, a que a lei reconhecer a eficácia
executiva (art. 784).
A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO

• Como já ficou demonstrado, a admissibilidade


da execução forçada exige a concorrência de
dois requisitos básicos e indispensáveis e que
são:
• o título executivo, judicial ou extrajudicial
(requisito formal) (arts. 515 e 784); e
• o inadimplemento do devedor, em relação à
obrigação exigível certificada no título
(requisito material) (NCPC, art. 786).
A RELAÇÃO PROCESSUAL E SEUS
ELEMENTOS –
ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
ELEMENTOS DO PROCESSO EXECUTIVO

• A relação jurídica que se estabelece dentro do processo compõe-


se de elementos que costumam ser classificados em subjetivos e
objetivos, posto que toda relação jurídica é sempre vínculo entre
pessoas a respeito de bens da vida.

• No processo, os elementos subjetivos compreendem as partes e o


órgão judicial, que se apresentam como os seus sujeitos
principais. Mas há outros sujeitos secundários que atuam como
auxiliares no curso da marcha processual, tais como escrivães,
oficiais de justiça, depositários, avaliadores, peritos etc. Quanto
aos elementos objetivos, compreendem ora as provas, ora os
bens, que se revelam como os objetos sobre os quais incide a
atividade processual
• I – subjetivos:
• as partes: credor e devedor;
• o juiz, ou o órgão judicial, e seus auxiliares;

• II – objetivos:
• a prova do direito certo, líquido e exigível do
credor, representada, obrigatoriamente, pelo
• título executivo;
• os bens do devedor, passíveis de execução.
ELEMENTOS E SUBJETIVOS DO
PROCESSO DE EXECUÇÃO
Legitimação ativa
• O novo Código de Processo Civil cuida da legitimação para
propor a execução forçada no art. 778. Nesse dispositivo,
estão previstas a legitimação originária (caput) e a
legitimação superveniente (§ 1º). Por originária, entende-
se a que decorre do conteúdo do próprio título executivo
e compreende: (i) o credor, como tal indicado no título; e
(ii) o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Legitimação derivada ou superveniente corresponde às
situações jurídicas formadas posteriormente à criação do
título e que se verificam nas hipóteses de sucessão, tanto
mortis causa como inter vivos.
Legitimação ativa originária do
credor
• Compete a execução, em primeiro lugar, ao credor “a quem a
lei confere o título executivo” (NCPC, art. 778, caput).
• Por outro lado, o processo de execução acha-se subordinado
aos mesmos princípios gerais que fundamentam o processo
de conhecimento, como bem esclarece o art. 771, parágrafo
único. Por isso, além de ser parte legítima, por figurar no
título como credor, ou por tê-lo legalmente sucedido, para
manejar o processo de execução o interessado terá ainda que:
• ser capaz, ou estar representado de acordo com a lei civil pelo
pai, tutor ou curador; e
• outorgar mandato a advogado.
Legitimação extraordinária do
Ministério Público
• Pode, também, promover a execução forçada “o
Ministério Público, nos casos previstos em lei”
(NCPC, art. 778, § 1º, I).
• A propósito, convém notar que o Ministério Público
é considerado pelo Código ora na função de órgão
agente (art. 177), ora de órgão interveniente (art.
178). Quando, nos casos previstos em lei, exercer o
direito de ação, caber-lhe-ão, obviamente, os
mesmos poderes e ônus que tocam às partes
comuns da relação processual (art. 177 do NCPC).
Legitimação ativa derivada ou
superveniente
• O art. 778, § 1º, II, III e IV,7 do novo Código de Processo Civil
completa o elenco das pessoas legitimadas ativamente para a
execução forçada, arrolando os casos em que estranhos à
formação do título executivo tornaram-se, posteriormente,
sucessores do credor, assumindo, por isso, a posição que lhe
competia no vínculo obrigacional primitivo. o espólio, os herdeiros
ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo;

• o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe


for transferido por ato
• entre vivos;
• o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
Espólio
• Por espólio designa-se o patrimônio deixado pelo falecido,
enquanto não ultimada a partilha entre os sucessores.
Admite o nosso sistema jurídico a atuação do espólio em
juízo, ativa e passivamente, muito embora não lhe
reconheça o caráter de pessoa jurídica. Dá-se, portanto,
com o espólio, um caso de representação anômala, “uma
vez que a lei designa o representante, posto não atribua
personalidade ao representado. Não obstante esta
ausência de personificação legal, o tratamento dado à
herança na qualidade de massa necessária é o de uma
pessoa jurídica, ao menos aparente”.
HERDEIROS E SUCESSORES
• Reconhece o art. 778, § 1º, II, do NCPC que a execução
pode ser ajuizada pelos herdeiros e sucessores do credor
morto.
• Por herdeiro deve-se entender quem sucede ao autor da
herança, a título universal, ou seja, recebendo toda a
massa patrimonial do de cujus, ou uma quota ideal dela,
de modo a compreender todas as relações econômicas
deixadas, tanto ativas como passivas. E por sucessor,
simplesmente, tem-se o legatário, que sucede o de cujus
a título singular, sendo contemplado, no testamento,
com um ou alguns bens especificados e individuados.
CESSIONÁRIO
• Considera-se cessionário o beneficiário da
transferência negocial de um crédito por ato inter
vivos, oneroso ou gratuito. Para que haja a
transferência negocial do crédito é preciso que a isso
não se oponham a natureza da obrigação, a lei ou a
convenção entre as partes (Código Civil, art. 286).
• Casos mais comuns de cessão são os de endosso dos
títulos cambiais, que se regem por legislação
específica e cuja circulabilidade é ampla e da própria
natureza das obrigações neles corporificadas.
SUB-ROGADO
• Diz-se credor sub-rogado aquele que paga a dívida
de outrem, assumindo todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo credor contra o
devedor principal e seus fiadores (Código Civil, art.
349).
• A sub-rogação tanto pode ser legal como
convencional. A legal decorre da lei e não depende
do consentimento das partes. A convencional é
fruto de transferência expressamente ajustada
entre os interessados.
Legitimações supervenientes
extraordinárias: massa falida,
condomínio e
herança jacente ou vacante
• O novo Código, como o anterior, omitiu-se quanto à situação da massa
falida, do condomínio e da herança jacente ou vacante, no processo
executivo, limitando-se a arrolar o “espólio” como universalidade capaz
de promover e sofrer a execução forçada.
• Mas é óbvio que a massa falida, o condomínio e a herança jacente ou
vacante, como massas necessárias que são e que se equiparam ao
espólio, também podem figurar na relação processual da execução. E,
em tal se dando, suas representações caberão, respectivamente, ao
administrador judicial (NCPC, art. 75, V), ao administrador ou síndico
(art. 75, XI) e ao curador (art. 75, VI). O mesmo ocorrerá com a massa do
devedor civil insolvente, que é representada em juízo pelo administrador
(art. 766, II, do CPC/1973, que permanece em vigor em razão do art.
1.052 do NCPC), cujo munus é o mesmo do administrador judicial na
falência do comerciante.
Desnecessidade de consentimento do
executado para o exercício da
legitimidade ativa superveniente

• O novo Código explicitou tese que já era consagrada


pela jurisprudência formada ao tempo do Código
anterior, segundo a qual a sucessão prevista no § 1º do
art. 778 – isto é, aquela em favor Ministério Público,
do espólio e herdeiros, do cessionário e do sub-rogado
– independe de consentimento do executado (§ 2º).
Em verdade, o dispositivo reproduz entendimento do
STJ, reiterado em regime de recurso repetitivo, no
sentido de que “a legitimidade ativa superveniente
não está vinculada ao consentimento da parte
contrária”.
Legitimação Pasiva
• O art. 779 do novo Código indica quem pode ser sujeito passivo
da execução, arrolando:
• o devedor, reconhecido como tal no título executivo (inciso I);
• o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor (inciso II);
• o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a
obrigação resultante do
• título executivo (inciso III);
• o fiador do débito constante em título extrajudicial (inciso IV);
• o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao
pagamento do débito (inciso
• V); e
• o responsável tributário, assim definido em lei (inciso VI).
• Dentro da sistemática do Código, a legitimação passiva
pode ser dividida em:
• devedores originários, segundo a relação obrigacional de
direito substancial: “devedores” definidos pelo próprio
título;
• sucessores do devedor originário: espólio, herdeiros ou
sucessores, bem como o “novo devedor”;
• apenas responsáveis (e não obrigados pela dívida): o
“fiador do débito”, o “responsável titular do bem
vinculado por garantia real ao pagamento do débito” e o
“responsável tributário”.

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