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Lições de
Direito Comercial
Prof. Doutor Rui Teixeira Santos
(ISEIT/ISCAD/INP)
2013/2014
Crédito
• Dois elementos:
C. Civ. Artº 362: “Diz documentos qualquer objeto elaborado pelo homem, com o fim
de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto”.
• 1. são documentos escritos
• Conhecimento de depósito
• Guia de transporte
a) Títulos ao portador: não identificam o seu titular e transmitem-se por mera tradição
manual, por entrega real do documento (art. 483º CCom): o titular é quem for o detentor do
documento. Tem como característica a facilidade de circulação, pois se processa com a
simples tradição.
b) Títulos à ordem: mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir o título – e,
com ele, o direito cartular –, apenas de nele exarar o endosso (art. 483º CCom): uma
declaração escrita, no verso do título, ordenando ao devedor que cumpra a obrigação para com
o transmissário e/ou manifestando a vontade de transmitir para este o direito incorporado.
c) Títulos nominativos: mencionam o nome do seu titular e a sua circulação exige um
formalismo complexo, do qual é exemplo modelar o regime da circulação das acções
nominativas (art. 326º CSC): para que a sua transmissão seja válida, deve ser exarada no
próprio título, pelo transmitente, uma declaração de transmissão, bem como nele seja lavrado
o pertence, isto é, que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; além disso, é
ainda necessário o averbamento do acto no livro de registo de acções da sociedade emitente.
Tipologia dos títulos à ordem:
1. O título à ordem pode ser subscrito por mais de um devedor.
a) O titular é quem tem o título em seu poder e por isso está habilitado para
exercer o direito nele referido;
b) Cada titular poderá com toda a facilidade transmitir esse título, para realizar o
valor dele, sem necessitar de esperar pelo cumprimento da obrigação
correspondente ao direito nele mencionado.
d) A posição jurídica do actual detentor do título não poderá ser posta em causa
pela invocação de excepções oponíveis aos anteriores detentores do título.
Princípio da incorporação ou
legitimação
A detenção do título é indispensável para o exercício e a transmissão do direito nele mencionado
(quem for titular de um título é titular de um direito).
Tal característica consiste em que a posse do título legítima o portador para exercer ou
transmitir o direito. Podemos designar esta característica por legitimação activa visto que ela se
refere à posição jurídica do sujeito activo do crédito, à sua aptidão para exercê-lo ou transmiti-
lo.
A posse, ou melhor a detenção material do título segundo as regras de circulação que para ele
estão defendidas,é que confere ao seu possuidor a legitimação formal para exercer ou transmitir
o direito que o título refere.
O regime jurídico dos títulos de crédito assenta numa presunção de boa fé dos sucessivos
detentores do título, através da qual se cimenta e robustece a formação e manutenção da
confiança que constitui a base da aceitação destes documentos.
• A) a letra
• B) a Livrança
• C) o Cheque
A letra
É um título de crédito, através do qual o emitente do título – sacador – dá
uma ordem de pagamento – saque – de uma dada quantia, em dadas
circunstâncias de tempo e lugar, a um devedor – sacado – ordem essa a
favor de uma terceira pessoa – o tomador.
Tem que constar no próprio texto do título e tem de ser expressa na língua que é
utilizada para a reclamação do título, este requisito adverte logo as pessoas, para a
natureza do título e para o seu regime jurídico.
Tem de conter uma ordem de pagamento que deve ser pura e simples e respeitar uma
quantia determinada, essa ordem de pagamento emite a letra e confere à letra, ao título
uma identidade própria com o título de crédito, que tem o regime da letra. O sistema
jurídico exige que a ordem de pagamento puro e simples, não pode ter cláusulas
acessórias que condicionem ou restrinjam o sentido e o alcance da letra (do título). O
saque é um acto jurídico que é incondicionável, tanto assim é, que o art. 2º LULL, vem
dizer que a condição que seja posta no saque “não produzirá efeito como a letra”.
•3º sacado
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certo
esse
efeito.
Se na letra não
o art. 2º II pagável
entenderá houver
LULL determina qualquer menção da época
à vista. supletivamente que a letra se do pagamento,
5º Identificação do lugar a efectuar o pagamento:
Se esta referência não constar do título é suprida, nos termos do art. 2º III LULL,
valendo para este efeito, o lugar indicado ao lado do nome do sacado, como seu
domicílio.
Relaciona-se com este requisito a regra do art. 4º LULL, que permite a chamada
letra domiciliada, isto é, pagável no domicílio de um terceiro. O uso mais corrente
desta faculdade consiste na identificação como local de pagamento de uma
dependência de um banco.
6º O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (tomador):
O endosso deve ser puro e simples (art. 12º LULL). Por vezes, limita-se à assinatura do
endossante, constituindo então o chamado endosso em branco (art. 13º LULL). Três
modalidades legítimas de endosso em branco:
a) O endosso que contém a ordem de pagamento, a assinatura do endossante, mas omite o
nome do endossante;
A LULL prevê que qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu
endosso e dos endossantes subsequentes (art. 50º LULL).
a) Endosso por procuração
Quando o endosso contém a menção – “valor a cobrar” ou “para cobrança” ou “por
procuração” – ou quando o endosso contém qualquer menção que implique um simples
mandato, o art. 18º LULL, diz que o portador pode exercer todos os direitos emergentes da
letra, mas só pode endossar na qualidade de procurador. O mandato não se extingue por
morte ou por incapacidade legal que sobrevenha ao mandatário.
• Pode realizar-se em todos os casos em que o portador de uma letra, aceitável, tem o
direito de acção antes do vencimento (art. 55º LULL). Nas hipóteses de recusa total
ou parcial do aceite ou nos casos de falência do sacado (art. 43º LULL).
• Quando for indicada uma pessoa como aceitante por intervenção, o portador da
letra, nunca pode exercer o seu direito de acção antes do vencimento contra aquele
que indicou essa pessoa e contra os signatários subsequentes, a não ser que tenha
apresentado a letra à pessoa designada e que caso esta tenha recusado o aceite, se
tenha feito protesto.
• A LULL, admite expressamente, sobre certas condições a figura da letra não
aceitável, isto é, a letra que fica proibida de ser apresentada ao aceite. O art. 22º
LULL, estatui que o sacador pode proibir na própria letra a sua apresentação ao
aceite excepto se tratar de uma letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma
letra pagável em localidade diferente do domicílio do sacado ou de uma letra sacada
a termo de vista.
Características
da obrigação cambiária
• a) Incorporação ou legitimação: só o possuidor legítimo da
letra pode exercer o direito cartolar ou transmiti-lo, isto é, só ele
tem legitimação activa;
• b) Literalidade: o conteúdo do direito cartolar e da obrigação a
ele correspectiva são literais, e consequentemente, não podem ser
invocados contra o portador de boa fé quaisquer factos ou
circunstancias que extingam, modifiquem ou impeçam o seu
direito, a não ser que transpareçam do próprio texto do título.
• c) Circulabilidade: a letra é manifestamente vocacionada para a
circulação, como título à ordem que é, demonstra-o o regime do
endosso.
d) Autonomia: comporta dois sentidos distintos:
· Autonomia do direito cartolar (art. 17º LULL): são inoponíveis ao portador, as
excepções decorrentes das relações pessoais do obrigado cambiário com os portadores
anteriores ou com o sacador.
· Autonomia do direito sobre o próprio título: significa, que o adquirente do título
é um adquirente originário, cujo direito sobre a letra não está sujeito à arguição de ser
ilegítima a sua posse, em virtude da ilegitimidade de qualquer dos ante possuidores (art.
216º LULL).
f) Independência recíproca: a nulidade de uma das obrigações que a letra incorpora
não se comunica às demais (art. 7º LULL).
Vencimento e pagamento da letra
A ordem de pagamento que está inscrita numa letra de câmbio surge desde a sua origem
histórica dessa letra, marcada por uma dilação de vencimento sobre a data da sua emissão.
A lei no art. 33º LULL, diz expressamente que as letras com vencimentos diferentes ou
com vencimentos sucessivos, são nulas.
As letras são pagáveis à vista, vencem-se mediante a simples apresentação ao sacado, o que
deverá ser feito no prazo de um ano a contar da sua data, podendo o sacador aumentar ou
reduzir esse prazo e os endossantes encurtá-lo (art. 34º LULL). Também pode o sacador
estabelecer que a letra não seja apresentada antes de certa data, contando-se então o prazo a
partir desta (art. 34º LULL).
Quanto às letras com vencimento em data certa ou a certo termo de data, deverão ser
apresentadas a pagamento na data do vencimento ou num dos dois dias úteis seguintes (art.
38º LULL).
Protesto
a) O protesto por falta de aceite: certifica que o sacado se recusou a aceitar
a letra que para tal lhe foi apresentada, ou que apenas a aceitou parcialmente;
Prescrição
• Art.º. 2.o
• Art. 3.o
• Art. 4.o
• Art. 7.o
• Art. 9.o
• Art. 12.o
• Art. 13.o
• Art. 14.o
• Art. 15.o
• Art. 22.o
• Art. 26.o
• Art. 28.o
• Art. 32.o
• Art. 34.o
• Art. 35.o
Quando uma letra é pagável num dia fixo num lugar em que o
calendário é diferente do lugar de emissão, a data do vencimento é
considerada como fixada segundo o calendário do lugar de
pagamento. Quando uma letra sacada entre duas praças que têm
calendários diferentes é pagável a certo termo de vista, o dia da
emissão é referido ao dia correspondente do calendário do lugar de
pagamento, para o efeito da determinação da data do vencimento.
Os prazos de apresentação das letras são calculados segundo as
regras da alínea precedente. Estas regras não se aplicam se uma
cláusula da letra, ou até o simples enunciado do título, indicar que
houve intenção de adoptar regras diferentes.
DO PAGAMENTO
• Art. 39.o
• O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe
seja entregue com a respectiva quitação. O portador
não pode recusar qualquer pagamento parcial. No caso
de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse
pagamento se faça menção na letra e que dele lhe seja
dada quitação.
Pagamento antes do vencimento e
no vencimento
• Art. 40.o
A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus garantes:
2.o Os juros da dita soma, calculados à taxa de 6 por cento, desde a data
em que a pagou; 3.o As despesas que tiver feito.