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Tete, 2023
Introdução
Objetivos
Objectivo Específico:
Metodologia:
Estrutura:
O trabalho apresenta: a introdução, fundamentação teórica, a conclusão e referências
bibliográficas.
O Crédito: Conceito e Elementos.
- Conceito:
O crédito é essencialmente a troca de uma prestação presente por uma prestação futura, ou
seja, o diferimento no tempo de uma contraprestação.
Esta realidade, vária consoante a natureza do negócio jurídico, verificado numa compra
e venda, em que se convenciona o pagamento a prazo de parte ou totalidade do respetivo
preço, possibilitando ao devedor, cumprir mais tarde a prestação diferida, é o que sucede no
contrato de empréstimo, onde existe uma prestação inicial por parte do credor, que terá sua
restituição posterior pelo devedor a qual constituía contraprestação. Para CORREIA (1964,
PG:534) o conceito de crédito comporta dois pressupostos básicos nomeadamente:
Ainda na visão deste autor, são elementos do crédito: a confiança e o prazo. A confiança que
o credor deposita na pessoa a quem concede o crédito de que a mesma lhe restituirá o capital.
O prazo significa a troca de um valor presente por um valor futuro.
Conceito e Função dos Títulos de Crédito
Para ALBERTO ASQUINI (cit por Marlon Tomazette, 2017, pág. 34) título de crédito é “o
documento de um direito literal destinado à circulação, idôneo para conferir de modo
autônomo a titularidade de tal direito ao proprietário do documento e necessário e suficiente
para legitimar o possuidor ao exercício do próprio direito”
Os títulos de crédito são documentos; sem olvidar de roçar o conceito legal constante do
art. 362º do C.Civ. “Diz-se documento qualquer objeto elaborado pelo homem com o fim de
reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto”. Contudo, nem todos os documentos
podem ser considerados como títulos de crédito. Assim sendo, são tidos como tais: Os
documentos escritos, que representem a ciência ou vontade em forma escrita - aquele que
transcreva por meio de caracter gráfico uma mensagem expressa num dado idioma, não são
havidas como tais, as fotografias e gravações. Os títulos de crédito comprovam determinados
fatos – declarações de vontade. Mas não podem ser havidos como documentos meramente
probatórios. Pois também são constitutivos, sendo indispensável para a constituição,
exercício e transmissão dos direitos que nele são mencionados. O título de crédito, tem uma
eficácia que ultrapassa a de mera constituição do direito: pois o título adere permanentemente
ao direito, para que possa ser exercido e transferido de modo que o seu titular possa dispor
dele, sendo assim os títulos de crédito são documentos dispositivos.
Segundo MIGUEL CORREIA (12ª ed. 2011. Pág. 537). Os títulos de crédito destinam-se a
tornar mais simples, rápida e segura a circulação da riqueza e a concessão do crédito.
Tornando mais simples e fácil que as riquezas se transmitam através da circulação, em vez
dos bens.
Assim sendo, o título de crédito tem como função basilar, satisfazer de forma eficaz as
necessidades da vida económica no que toca a simplicidade, rapidez e segurança da
circulação da riqueza, fazendo com que esta se transfira através da mera circulação dos
títulos. Por isso aos títulos de crédito se chama também, títulos circuláveis ou títulos
negociáveis.
Os títulos, denotam-se ser de enorme importância, tanto para o titular do direito, como para
o devedor, como para os terceiros que o adquiram de boa fé.
Com efeito, o título garante ao titular do direito que só a ele pertence o direito e não a
qualquer outra pessoa que pretenda arrogar-se tal titularidade. Assim, a emissão do título de
crédito incentiva poderosamente o credor a conceder o crédito pelo meio próprio de cada
espécie de títulos, já que confere maior segurança à sua posição creditícia.
O título de crédito favorece também a posição do devedor: se este paga a quem se mostra
legitimado pela posse do título segundo a respectiva lei de circulação, libera-se, em princípio,
mesmo que, na realidade, essa pessoa não fosse o verdadeiro titular. Está, pois, o devedor
dispensado de averiguações sobre a titularidade de quem lhe apresente o título. Basta que o
título seja autêntico e legitime o apresentante.
Enfim, o título de crédito dá aos terceiros de boa fé que venham a adquiri-lo a tranquilidade
de que serão, um após outro, sucessivos titulares do direito, sem que lhes possam ser opostas
pelo devedor as excepções oponíveis aos anteriores possuidores. Evidentemente, esta
inoponibilidade reforça consideravelmente a confiança de cada novo titular relativamente ao
crédito representado pelo título, pelo que lhe cria uma muito maior predisposição para aceitar
o título como forma de solver débitos e, portanto, para conceder crédito por essa via.
a) Incorporação / legitimação;
b) Circulabilidade;
c) Literalidade;
d) Autonomia.
É mister salientar que, a confiança constitui a base do desempenho da função dos títulos de
crédito. E para que essa confiança exista, é essencial que o regime para eles traçado proteja
ao máximo os interesses do titular do direito, do devedor e daqueles que venham a adquiri-los
de boa fé. Pois, eles se disporão a aceitar a emissão e transmissão dos títulos se puderem ter
absoluta confiança em que:
i. O titular é quem tem o título em seu poder e por isso está habilitado para exercer o
direito nele referido;
ii. Cada titular poderá com toda a facilidade transmitir esse título, para realizar o valor
dele, sem necessitar de esperar pelo cumprimento da obrigação correspondente ao
direito nele mencionado;
iii. O teor literal do título corresponde ao direito que ele representa; e
iv. A posição jurídica do atual detentor do título não poderá ser posta em causa pela
invocação de excepções oponíveis aos anteriores detentores do título.
a) Incorporação / legitimação:
b) Circulabilidade:
Estes destinam-se a circular, o que significa que, a sua própria destinação jurídico-económica
implica a potencialidade de serem transmitidos da titularidade de uma pessoa para a de outra,
sucessivamente, acarretando cada transmissão do direito sobre o título a transmissão do
direito por ele representado, do direito cartular. Porque assim é, os documentos que não
comportem a possibilidade de circulação não podem ser considerados como títulos de crédito.
Mas note-se que não basta a mera possibilidade da circulação para que determinados
documentos possam como tais seres qualificados: é ainda necessário que esses documentos
sejam destinados à circulação, ou seja, que a sua função jurídico-económica consista em
fomentar a difusão do crédito através da ampla, fácil e sucessiva transmissibilidade dos
direitos neles incorporados. (CORREIA, 1994, P.545-546)
c) Literalidade:
Segundo VIVANTE (apud MARLON TOMAZETTE) diz que o direito mencionado no título de
crédito é literal, no sentido de que ele tem seu conteúdo e seus limites determinados nos
precisos termos do título, ou seja, “ele existe segundo o teor do documento” a literalidade dá
a certeza quanto à natureza, ao conteúdo e a modalidade da prestação prometida ou ordenada.
De acordo com CORREIA (1994, P.546-548) Existe uma estrita ligação entre o título e o
direito incorporado, na qual torna logicamente indispensável que tal direito valha apenas nos
termos que são revelados pelos dizeres do documento. Os sucessivos portadores do título, a
mercê da literalidade, podem estar seguros de que só os termos do próprio título é que os
vinculam, não podendo, por isso, ser colhidos através da invocação contra eles de quaisquer
convenções ou condições que não transpareçam literalmente do documento: nem o possuidor
pode exigir ao devedor o que não conste do título, nem o devedor pode alegar meios de
defesa que o documento não mencione. Os títulos de crédito, valem precisamente segundo os
termos que a sua letra revela, para que a sua circulação seja plena, vinculando-se pela
tipicidade dos factos.
e) Autonomia
Na autonomia do título de crédito, podem decorrer vários direitos, podem surgir várias
relações jurídicas, vale dizer, podendo ter vários devedores, e também vários credores
sucessivos, no entanto cada um desses credores ou devedores do título possui uma obrigação
autônoma, no sentido de que seu crédito ou seu débito não é afetado por questões que digam
respeito a outras pessoas. MARLON TOMAZETTE (8ª edi. 2017. Pág. 60).
Assim sendo, as obrigações representadas por mesmo título de crédito, são independentes
entre si. Se uma destas obrigações possuir vicio e for nula, isso não comprometerá a validade
e eficácia das obrigações restantes neste título.
Segundo CORREIA (3ª edi. 1994, pág. 548) Diz-se que o direito representado pelo título de
crédito é autónomo, em dois sentidos:
A autonomia face ao direito subjacente- verifica-se que o direito cartular tem a sua origem
numa relação jurídica logicamente anterior ao surgimento do título de crédito - a relação
subjacente ou fundamental, e que ele é novo e diferente do direito subjacente ou fundamental.
tendo um regime próprio. Assim, o direito cartular é Autónomo do direito subjacente, e por
isso não podem ser opostos ao portador do título, em princípio, meios de defesa (excepções)
emergentes da relação fundamental. CORREIA (3ª edi. 1994, pág. 548)
Ou seja, o título de crédito se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem, isto é,
questões relativas a esse negócio jurídico subjacente não pode afetar o cumprimento da
obrigação do título de crédito, a medida em que o direito “incorporado” ao título de crédito
existirá por si só, desvinculado da relação jurídica subjacente. MARLON TOMAZETTE (8ª
edi. 2017. Pág. 61).
A autonomia face aos portadores anteriores- O direito cartular é autónomo, segundo este
sentido, porque cada possuidor do título, ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação
"adquire o direito nele referido de um modo originário, isto é, independentemente da
titularidade do seu antecessor e dos possíveis vícios dessa titularidade, como se o direito
tivesse nascido novo nas suas mãos".
Títulos Impróprios
A função própria dos títulos de crédito, aquela que lhes imprime a seu carácter específico e
constitui a razão de ser das suas características e regime, consiste na promoção e facilitação
do desenvolvimento do crédito, através da circulação da riqueza. Dai resulta que a
circulabilidade seja característica essencial destes títulos, por corresponder à sua função
jurídico-económica própria. Não são considerados como títulos de crédito certos documentos
que, muito embora tenham, em geral, as mesmas características daqueles, todavia se afastam
deles no tocante à sua função jurídico-económica e, por isso, quanto à característica da
circulabilidade, sendo designados como títulos impróprios.
Os títulos de legitimação;
Comprovantes de legitimação.
Os títulos de legitimação, têm por função conferir ao seu possuidor a legitimação (activa)
para o exercício de certos direitos e, consequentemente, também conferem à outra parte a
correspetiva legitimação passiva. Mas não têm por função própria a circulação, não se
destinam a viabilizar e facilitar a transmissão de direitos, e, por isso, não são verdadeiros e
próprios títulos de crédito, muito embora não estejam impedidos de circular. É o que sucede
com as apólices de seguro e o bilhete de entrada em salas de espetáculos, etc. nada impede
que a propriedade destes documentos e, com ela, a titularidade dos direitos que eles
legitimam, sejam transmitidas de uma pessoa para outro novo titular; mas não foi para essa
circulação que esses documentos foram concebidos e emitidos.
O art.º. 367° do C.Civ. prevê genericamente a reforma de quaisquer documentos escritos que
tenham desaparecido, a qual deve ser efectuada por via judicial, a fim de lhe conferir a
indispensável segurança.
Ineficácia do Título
A ineficácia dos títulos, pode resultar de norma legal, de decsão judicial ou da vontade do
emitente, resulta de uma declaração judicial, quando o tribunal assim decide, como o caso de
uma acção de anulação de reforma de títulos. Assim sendo é uma é uma permissão legal que
declara a ineficácia de certos títulos, de forma directa ou como consequência indirecta.
Dentre os diversos critérios que a doutrina tem lançado mão para agrupar os título de credito,
iremos apresentar os com mair interesse, tendo em vista a percepção do conteúdo do regime
jurídico destes documentos, nomeadamente:
são causais os títulos que se destinam a realizar uma típica e única causa-função jurídico-
económica, inerente a um determinado tipo de negócio jurídico subjacente, do qual resultam
direitos cuja transmissão e exercício o título de crédito se destina a viabilizar ou facilitar. E o
que sucede, p. ex., com as acções das sociedades anónimas, os conhecimentos de depósito, os
conhecimentos de carga.
Os títulos abstractos são aqueles que não têm uma causa-função típica, pois são aptos a
representar direitos emergentes de uma pluralidade indefinidamente vasta de causas-funções.
Além disso, estes títulos são independentes da respectiva causa: em princípio, o devedor não
pode invocar contra o portador dos títulos excepções fundadas na relação subjacente, que é a
causa (mediata) da sua obrigação e do correlativo direito do portador.
abstracção da causa significa, portanto, que o direito e a obrigação cartular são independentes
da sua causa, no sentido de que eles são vinculativos independentemente dos vícios de que tal
causa possa padecer como ocorre na invalidade da relação fundamental, exceção de não
cumprimento. etc., os quais são inoponíveis ao. (CORREIA, 2011, P.455-456)
Critério do conteúdo do direito cartular
A maior parte dos títulos de crédito hoje em uso incorporam direitos de crédito em sentido
estrito, geralmente direitos a uma prestação pecuniária, e por isso se designam como títulos
de crédito propriamente ditos. É o que sucede com:
Segundo este critério do modo de circulação, os títulos podem ser ao portador, à ordem e
nominativos.
Os títulos ao portador não identificam o seu titular e transmitem-se por mera tradição
manual, por entrega real do documento o titular é quem for o detentor do documento.
Por seu turno, os títulos nominativos mencionam o nome do seu titular e a sua circulação
exige um formalismo complexo, do qual é exemplo modelar o regime da circulação das
acções nominativas para que a sua transmissão seja válida, deve ser exarada no próprio título,
pelo transmitente, uma declaração de transmissão, bem como que nele seja lavrado o
pertence, isto é, que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; além disso, é
ainda necessário o averbamento do acto no livro de registo de acções da sociedade emitente. (
CORREIA, 2011, P.456-457)
São títulos públicos aqueles que são emitidos pelo Estado e por outros entes públicos
legalmente habilitados para tanto, aos quais se refere como "títulos públicos negociáveis":
são, principalmente, os títulos de divida pública.
Todos os demais títulos de crédito são títulos privados, por as pessoas ou entidades que os
emitem não terem a natureza de entes públicos, ou porque, quando tenham esta natureza,
actuam de forma indiferenciada em relação aos entes privados, colocando-se no mesmo plano
de actuação destes: é o que se passa, p. ex., quando um qualquer organismo ou serviço
público emite cheques para efectuar os seus pagamentos. (CORREIA, 2011, P.459)
A letra
Livrança
Menciona uma promessa de pagamento, de uma certa quantia, em dadas condições de tempo
e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de um posterior endossado
que for seu portador legítimo no vencimento. A livrança é, também um, título à ordem,
transmissível por endosso e, rigorosamente formal, como se constata pelos seguintes
requisitos: A palavra "livrança" inserta no próprio texto do título e expressa na língua
empregada para a redação desse título; A promessa pura e simples de pagar uma quantia
determinada; A época do pagamento; A indicação do lugar em que se deve efectuar o
pagamento; Nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga; A indicação da data
em que e do lugar onde a livrança é passada; A assinatura de quem passa a livrança
subscritor. (Prof. Rui Teixeira Santos, 2017)
O Cheque
O cheque exprime também (como a letra) uma ordem de pagamento de determinada quantia,
dada por um sacador a um sacado, com a peculiaridade de este ser necessariamente um
banqueiro, uma instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis
por essa forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, que pode ser ou não ser
individualizada. O cheque constitui, portanto, um meio de pagamento ao próprio depositante
ou a terceiro, a realizar pelas forças do depósito existente na instituição de crédito.
Como, todavia, o cheque é livremente circulável, ele pode desempenhar e amiudadas vezes
desempenha a função de transmitir o crédito, ou seja, o direito ao pagamento pelo banco da
quantia nele mencionada, pelo que não é de duvidar da sua qualidade de título de crédito. E.
porque a ordem de pagamento e os sucessivos actos de transmissão do título não têm uma
causa-função típica, antes podem ter como causa relações subjacentes das mais variadas
espécies, trata-se sem dúvida de um título Abstrato.
Quanto à forma de circulação. o cheque pode ser título à ordem. quando contém o nome do
beneficiário da ordem de pagamento, que o pode transmitir por endosso, denominando-se
então, na prática, impropriamente, cheque nominativo; e pode ser título ao portador, quando
não contém o nome do beneficiário da ordem, sendo transmissível por mera entrega real.
Conclusão:
Referência Bibliográfica: