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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia


(FAGRENM)

Tema: Descentralização e Governação Local em Moçambique


Disciplina: Ciências Políticas
Curso: Direito
1º ano

Discentes:

Alcídes Fernando Chicombo


Amado Luís Bechane
Beauty Memory Kenneth
Dorivaldo Andrade
Lisa Ferreira
Sheila Cadeado

Docente:
DR. Jacques Kazadi

Tete, 2021
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................ 3
1.1. Objectivos: ....................................................................................................................... 3
1.1.3. Metodologia .................................................................................................................. 3
1.1.4. Estrutura do Trabalho ................................................................................................... 3
2. Caracterização de Moçambique ........................................................................................... 4
3. Governação Local .................................................................................................................... 4
3.1. Descentralização............................................................................................................... 4
3.2. Tipos de Descentralização ................................................................................................ 4
3.2.1. Descentralização Administrativa .............................................................................. 5
3.2.2. Descentralização Política .......................................................................................... 5
3.2.3. Descentralização Fiscal ............................................................................................. 5
4. Descentralização em Moçambique .......................................................................................... 5
4.1. Objectivos da Descentralização ....................................................................................... 5
5. Governação .............................................................................................................................. 6
5.1. Governação em Moçambique........................................................................................... 6
5.2. Governação Local ............................................................................................................ 6
6. Autarquias Locais .................................................................................................................... 6
6.1. Autarquias Locais em Moçambique ................................................................................. 7
6.2. Municípios .................................................................................................................... 7
6.3. Povoações ..................................................................................................................... 7
7. Descentralização e Desconcentração ....................................................................................... 8
8. Conclusão ..........................................................................................................................9
9. Referencias Bibliográficas...............................................................................................10
1. Introdução
Desde 1980, muitos dos países da África subsariana iniciaram reformas de descentralização. Com
a conquista da independência dos países africanos, iniciou-se o precesso de construção de um
estado desenvolvimentista, nesta época já se verificavam problemas na capacidade de regulação
política efectiva e de provisão de serviços básicos. O presente trabalho tem como tema de
abordagem, A Descentralização e a Governação local, onde buscaremos compreender o tema em
estudo, falando especificamente de Moçambique. Moçambique iniciou o processo de
descentralização concretamente no ano de 1987, momento em que iniciaram as primeiras reformas
políticas, econômicas e sociais. Nesta época foi lançado o PRE- Programa de Reabilitação
Económica-, que influenciou bastante na orientação do Estado e da sociedade.
1.1.Objectivos:

1.1.1. Objectivo Geral: analisar e compreender no que consiste a descentralização e as suas


formas.

1.1.2. Objectivo Específico: roçar no que concerne os tipos de descentralização; o


surgimento e o número das autarquias locais; abordar respeito da descentralização e
desconcentração.
1.1.3. Metodologia
No que tange a realização do trabalho, este passou por um processo de pesquisa qualitativa e
análise documental de informações referentes ao tema em estudo, como forma de encontrar o ratio
correto do referido tema.
1.1.4. Estrutura do Trabalho
O trabalho apresenta: a introdução; a revisão da literatura; a conclusão e as referências
bibliográficas.
2. Caracterização de Moçambique
Moçambique localiza-se na costa sudeste da África e faz fronteira a norte com a República da
Tanzânia, a noroeste com a República do Malawi e a República da Zâmbia, a este é banhado pelo
Oceano índico, a oeste a República do Zimbabwe, a sul com Suazilândia e sudoeste pela República
da África do Sul.
Os modelos de governação implantados em Moçambique ao longo dos tempos refletem claramente
na divisão administrativa do país. Este foi sofrendo alterações consecutivas com base no modelo
implementado. Quando em 1896, Portugal temendo a ocupação das suas terras pelos seus
concorrentes tentou o mais rápido possível estabelecer companhias fora da capital, como é o caso
da Companhia de Moçambique, que compreende as atuais províncias de Manica e Sofala e a
companha do Niassa nas atuais províncias de Niassa e Cabo Delgado. Os restantes distritos
ultramarinos permaneceram com o mesmo nome de Maputo, Gaza, Sofala, Moçambique (atual
Nampula), Tete e Quelimane (atual Zambézia).
Logo após a independência e da implementação do sistema com características do socialismo,
Moçambique reestruturou os distritos ultramarinos em províncias.

3. Governação Local

3.1. Descentralização
"A descentralização pode ser entendida como um processo planificado que tem por objetivo,
produzir mudanças na geografia e na sociologia de um dado poder central, a favor de "níveis de
poder" mais baixos da administração do Estado, sem pôr em causa as forças políticas que a
constituem e que controlam a distribuição da riqueza, dos recurso e do tal poder." (WEIMER.
2012, apud SAIDE JAMAL, 2015, p.2).
A descentralização é a dispersão de funções, responsabilidades; é a recolocação dos funcionários
de escalões superiores do governo em diferentes pontos do territorio nacional, de modo a efectivar
e fortificar a autoridade do governo. A ideia de descentralização surge como uma forma de
melhorar a eficiência e qualidade da governação, e como forma de promover o desenvolvimento
do país.

3.2.Tipos de Descentralização
O conceito da descentralização diz respeito à transferência de poder, autoridade, funções e
competências do Estado central para os níveis mais baixos. Este conceito possui , pelo menos, três
significados que são a Administrativa, politica e por ultimo a fiscal.
3.2.1. Descentralização Administrativa - quando a transferência de autoridade e recursos se
efectua para agentes do Estado central situados a diferentes níveis (região, província,
distrito).

3.2.2. Descentralização Política -quando a transferência de poder e recursos acontece para


unidades subnacionais eleitas, autónomas e com personalidade jurídica diferente do
Estado central. Este é o caso das autarquias locais (e, recentemente, das províncias).

3.2.3. Descentralização Fiscal- quando a transferência de responsabilidades relativamente


aos orçamentos e decisões financeiras.

4. Descentralização em Moçambique
A descentralização em Moçambique emergiu num contexto de transição do regime socialista
para a democracia multipartidária, ela estava ligada ao reforço da democracia e um maior
envolvimento de novos actores, como a sociedade civil em práticas de governação participativa,
retirando o domínio do espaço público pelo Estado centralizador na provisão dos serviços
públicos.
O regime centralizador do Estado acarretava muitos custos e impedia uma administração
equilibrada em todo o território nacional, verificando-se em algumas regiões a falta de alguns
serviços básicos de educação condigna, saúde, abastecimento de água, entre outros serviços.
Neste contexto, devido à estes e outros problemas, na década 1990 viu-se a necessidade de se
introduzir reformas na administração do Estado e algumas dessas reformas passaram
necessariamente por descentralizar a administração, com o objectivo de gerar crescimento e
desenvolvimento económico e ajudar na reconstrução e legitimação do Estado a nível territorial.
No princípio, descentralização em Moçambique para além de promover o desenvolvimento,
visava também resolver os conflitos políticos entre os dois maiores partidos do país, a FRELIMO
e a RENAMO.
As reformas de descentralização foram concebidas dentro de um argumento teórico comum, como
uma estratégia e um requisito necessário para a melhoria na provisão dos serviços públicos de
educação, saúde, infra-estrutura, saneamento do meio e abastecimento de água a nível local, na
medida em que facilitaria o envolvimento da comunidade no processo de gestão, particularmente
da planificação descentralizada, dentro de uma justificativa de que os governos sub-nacionais,
diferentemente do Governo central, estão mais próximos dos cidadãos o que implica terem mais
informações sobre as preferências das comunidades locais do que o Governo central.

4.1. Objectivos da Descentralização


Conforme consagrado no artigo 267 da Constituição da República, a descentralização tem como
objectivo:
• Organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios da
comunidade.
• Promover o desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da democracia,
no quadro da unidade do Estado Moçambicano.

São entidades descentralizadas: os órgãos de governação descentralizada provincial e distrital e


as autarquias locais. Estes órgãos gozam de autonomia administrativa, financeira e patrimonial,
porém, os mesmo possuem limites na actuação, os órgãos descentralizados não actuam em
matérias que são da exclusiva competência dos órgãos centrais do Estado, como: as relações
diplomáticas, a definição de políticas nacionais, a definição e organização do 5

território, entre outras matérias. Em Moçambique a descentralização é parcial ( só em áreas


urbanas) e a lei estabelece expressamente a divisão de competências entre a governação
descentralizada e os órgãos centrais do Estado.

5. Governação

5.1.Governação em Moçambique
Moçambique é um país democrático baseado num sistema político multipartidário. O sistema
Parlamentar é baseado em representação proporcional de listas de partidos políticos em que os
votos contam para os partidos políticos concorrentes e não para indivíduos. Todos os partidos
submetem listas de candidatos, indicando quem os vai representar no parlamento, no caso de
vitória nas urnas (Mário, Minnie, & Bussiek, 2010, p. 2). Este sistema permite a inclusão dos
partidos mais pequenos, permitindo que todos possam ter voz e representação no parlamento.

5.2.Governação Local

Segundo (SHAH, 2006, pp. 1-2 cit), governação local, é a formulação e a execução de uma ação
coletiva a nível local, englobando papéis diretos e indiretos de instituições formais de governo
local e central, assim como as funções de normas informais, redes e organizações comunitárias e
associações de bairro na prossecução da ação coletiva, definindo o quadro de interação entre os
cidadãos e este com o Estado na tomada de decisão e na prestação de serviços públicos.

6. Autarquias Locais

A palavra Autarquia significa "auto comandar-se". Em Moçambique as autarquias locais são uma
forma de poder local, conforme definido em título próprio na constituição: As autarquias locais
são pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a
prossecução dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da
participação do Estado ( Artigo 286 da CRM, pág 99).
Em 1997, o govrno Moçambicano criou os primeiros 33 municípios, que incluiam as 11 capitais
provinciais, as 12 cidades da época e 10 vilas. Em 2009 foram criadas mais 10 municípios,
totalizando 43, dos quais, 41 estavam sub governação do partido FRELIMO e 2 do partido MDM.
Todos municípios localizados em áreas urbanas do país. E em 2013 o governo criou mais 10
municípios, que reuniam condições para introduzir este modelo de governação, totalizando assim
53 municípios. A criação das autarquias locais tem como objectivo o bem estar e a melhoria da
renda e da qualidade de vida do cidadão, através do desenvolvimento econômico local.

6.1. Autarquias Locais em Moçambique

6.2. Municípios: correspondem ao território das cidades e das vilas;

6.3. Povoações: territórios das sedes dos postos administrativos, aos quais o Estado pode
conferir o poder de autogovernarem-se, através de órgãos representativos da sua população.

6.3.1. Requisitos para a criação das Autarquias Locais

Para que uma determinada área seja considerada Autarquia Local deve ter em conta:

• O desenvolvimento Económico e Social local;


• Localização e população;
• Infraestruturas essenciais;
• Serviços básicos e equipamentos públicos;
• Cultura e desporto;
• Polícia da autarquia;
• Urbanização, Habitação e construção.
As autarquias locais são constituídas por órgãos democraticamente eleitos através do voto secreto,
pelos cidadãos recenseados na respectiva autarquia. São órgãos da autarquia local:

6.3.2. Órgão Executivo: o conselho municipal que constitui o governo municipal, é dirigido
pelo presidente do conselho municipal;

6.3.3. Órgão Representativo: é o órgão deliberativo em que têm assento os membros da


Assembleia Municipal.
Os órgãos municipais têm poderes que estão limitados ao espaço de jurisdição do município e
subordinados às leis nacionais.

6.4. Competências dos Órgãos Locais

6.5. Compete ao conselho municipal:

• Regular os transportes públicos;


• Manutenção da educação básica;
• Conservação do património histórico e cultural;
• Gestão e conservação dos equipamentos públicos;
• Conceder licenças para construção e conservação dos edifícios.

6.6. Compete a Assembleia Municipal:

. Deliberar sobre vários assuntos de interesse para o desenvolvimento da comunidade;


• Criar e aprovar os regulamentos e planos do município;
• Aprovar a criação ou extinção da polícia municipal;
• Aprovar o orçamento da autarquia e fiscalizar o conselho municipal;
• É na assembleia municipal que o presidente do município e seus vereadores prestam contas de
suas atividades e os gastos do orçamento.

7. Descentralização e Desconcentração

As dinâmicas sociais e políticas que se vivem em Moçambique no âmbito das reformas políticas
iniciadas na década de 1990, concretamente os processos de descentralização e desconcentração
do Estado central, a partir de autarquias que resultam nos distintos poderes locais. A reforma da
governação local tem vindo a ser objeto de estudos no quadro das políticas locais. Procura-se
enraizar as formas mais efetivas de ação e atuação do Estado no exercício do poder local.
Esse mecanismo pode se assentar em duas vertentes: desconcentrada e descentralizada. A primeira
diz respeito à atuação dos órgãos do Estado de domínio local, ao passo que a segunda diz respeito
às estruturas locais do exercício do poder (autarquias locais, instituições e outras formas de
organização e participação). Além disso, é também de referir que não se considerou, a
possibilidade de descentralização de alguns serviços públicos mais relevantes para o governo local,
que torna o poder central concentrado.
Constata-se porém, que em Moçambique coexistem no mesmo espaço-geográfico, poderes
políticos de origens e atuações diferentes e, por vezes, conflitantes na sua lógica da procura pela
democracia local. Este tipo de gestão política, torna possível a descentralização porém não abrange
a desconcentração, surgindo conflitos entre os dois poderes políticos.
No caso concreto, no âmbito da descentralização, o representante legal do poder central, é o
governador, que responde e implementava os objetivos do poder central, surgindo assim um novo
sistema concentrado de governação, implementado em todas as províncias a secretaria do estado,
que contrariamente ao governador, não é eleito pelo povo e sim indicado pelo poder central.
Deixando o governador de responder, e passa a ser a secretaria do estado que responde diretamente
ao poder central, evidenciando claramente a existência da concentração de poderes. "E é
impossível, que haja descentralização, sem que haja a desconcentração".
8. Conclusão
Concluído o trabalho, podemos perceber que após a independência, Moçambique experimentou
diversificadas formas de governo, dentre as quais o governo centralizado, onde predominava o
centralismo democrático; e o actual governo descentralizado, baseado na unidade nacional,
soberania, indivisibilidade e inalienabilidade do Estado. Em Moçambique descentralização surge
como um mecanismo de desenvolvimento econômico, cultural e social e como forma de permitir
que os cidadãos participem na governação. Com o governo centralizado, o Estado se via com um
défice naquela que é capacidade de regulação política efectiva e provisão de serviços básicos, ou
seja, o Estado era incapaz de prover as necessidades de todas as comunidades, daí a necessidade
de existência de um governo descentralizado, pois só este poderia melhorar a provisão de serviços
públicos e tornaria o estado efectivo e legítimo.
9. Referências Bibliográficas

• JAMAL, Saide. Um olhar sobre o processo de descentralização em Moçambique. Coimbra:


2015
• DAUCE, Vicente Domingos. A governação em Moçambique: Fazes e Progressos.
Universidade de Aveiro: 2013.
• FORQUINHA, Salvador. Cadente. O impacto das reformas de descentralização no
processo da governação local. Instituto de estudos sociais e econômicos. Acedido a 20 de
Novembro de 2021, em: https://www.iese.ac.mz libPDF“Remendo novo em pano velho”:
Desafios do processo de governação local ... - IESE. .
• ADAMOLEKUN, Leonel. Descentralização. Maputo: Administração Africana, 1999.
• ANAMM & Banco Mundial. Desenvolvimento Municipal em Moçambique: Lições da
Primeira Década. Maputo: 2009.
• MACUACUA, Edson da Graça. Constituição da República de Moçambique. Maputo:
Escolar Editora, 2018.
• Lei n° 2/97, de 28 de Maio (Lei de bases das autarquias).
• Decreto-lei n° 11/2005 de 10 de junho: Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do
Estado.

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