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Cátia da Lucrência Julião Cabral

Elisa Armando Bila

Mimosa Shirley Machava

Nazia de Lurdes

Pabla Celestino Chavana

Raufa Bibi Miraly Baudine

Walter Simione da Silva Malambane

Lugar e Papel das Finanças Públicas na Integração Regional

Licenciatura em Ambiente e Sustentabildade Comunitária

Universidade Save
Maxixe
2023
Cátia da Lucrência Julião Cabral

Elisa Armando Bila

Mimosa Shirley Machava

Nazia de Lurdes

Pabla Celestino Chavana

Raufa Bibi Miraly Baudine

Walter Simione da Silva Malambane

Lugar e Papel das Finanças Públicas na Integração Regional

Trabalho de pesquisa da Disciplina de:


Finanças Públicas; para efeitos de
pesquisa, sob orientação do Docente.

Docente: MSc. Flin Rodrigues Muendane

Universidade Save
Maxixe
2023
2

Índice

Índice...........................................................................................................................................2

Introdução...................................................................................................................................3

1.1. Objectivo Geral................................................................................................................3

1.2. Objectivos Específicos.....................................................................................................3

1.3. Metodologia.....................................................................................................................3

2. Conceito de Integração Regional.........................................................................................4

2.1. Blocos regionais...............................................................................................................5

2.2. Fases da integração regional............................................................................................6

2.3. Papel das Finanças Públicas na Integração Regional......................................................7

2.4. Relação entre Finanças Públicas e Integração Regional..................................................7

2.5. Lugar das Finanças Públicas na Integração Regional......................................................8

2.6. Integração Regional Africana..........................................................................................8

2.7. Integração Regional de Moçambique..............................................................................9

2.7.1. Exportações e Importação de Moçambique para SADC............................................10

2.8. Instrumentos de Comércio Estratégico na Integração Regional....................................11

2.9. Impacto da Integração Regional nas Finanças Públicas................................................11

Conclusão..................................................................................................................................12

Referência Bibliográfica...........................................................................................................13
3

Introdução

A integração regional é um elemento crucial no panorama econômico e político


contemporâneo, especialmente no continente africano, onde Estados ou Nações buscam unir
forças para alcançar objectivos comuns de desenvolvimento e prosperidade. No âmbito dessa
integração, as finanças públicas desempenham um papel central ao fornecer os recursos
necessários para impulsionar projectos e iniciativas de grande escala que transcendem
fronteiras nacionais. Este estudo se propõe a analisar o lugar e o papel das finanças públicas
na integração regional, com um foco particular em Moçambique enquanto membro activo da
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Ao explorar as dinâmicas
específicas de Moçambique e da SADC em geral, almejamos compreender de que maneira as
finanças públicas contribuem para o avanço dos objectivos de integração regional e para o
fortalecimento das economias africanas.

1.1. Objectivo Geral

O objectivo principal deste estudo é compreender a dinâmica das finanças públicas no


contexto da integração regional, com ênfase na participação de Moçambique na SADC.
Busca-se também avaliar como as políticas fiscais e orçamentárias contribuem para o
processo de convergência econômica e social entre os países membros.

1.2. Objectivos Específicos

i. Conceitualizar e contextualizar o objecto de estudo;


ii. Analisar o impacto das políticas fiscais na coesão econômica e social entre os países
da SADC.
iii. Investigar as políticas de convergência fiscal adoptadas por Moçambique em
consonância com as diretrizes da SADC.

1.3. Metodologia

O processo de elaboração do trabalho o grupo centrou-se da metodologia de analise e


interpretação documental das referências citadas com intuito de trazer uma pesquisa autêntica
e que esteja dentro das Normas de Produção de Trabalhos de pesquisa da UNISAVE.
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2. Conceito de Integração Regional

BALASSA (1973) propõe que se defina Integração regional como um processo e uma
situação, isto é:

- Como processo, implica medidas destinadas á abolição de descriminações entre unidades


económicas de diferentes Estados; e

- Como situação, pode corresponder á ausência de várias formas de discriminação entre


economias nacionais.

Afirma PADULA (2010, citado em CALICH, 2018) que partimos da premissa inicial de que
o objectivo de um processo (ou um projecto) de integração regional deve ser que os países
partícipes se desenvolvam economicamente e socialmente, reduzam sua dependência e
vulnerabilidade externa, ganhem autonomia estratégica e projecção de poder no sistema
internacional. Dessa forma, acredita-se que integração regional seria, como lembra COUTO
(2013), a transformação de um “espaço geográfico num ambiente de integração política,
econômica e social”, sendo parte de um processo de desenvolvimento holístico e conjunto.

A titulo de exemplo temos os seguintes blocos regionais e suas características:

 União Europeia (UE), a UE possui uma série de instrumentos de finanças públicas, como
o Orçamento Geral da União Europeia, que financia políticas e programas em áreas como
agricultura, coesão regional e inovação;
 União Monetária da África Ocidental (UMOA), esta união compreende oito países da
África Ocidental que compartilham uma moeda comum, o franco CFA. Os membros
coordenam suas políticas fiscais e monetárias em conjunto;
 O MERCOSUL, formado por países da América do Sul, trabalha em conjunto para
coordenar políticas econômicas e comerciais, incluindo questões fiscais;
 Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), busca promover a integração
econômica entre os países membros, o que inclui a coordenação de políticas fiscais para
facilitar o comércio e o investimento;
 União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), esta organização procura a integração e a
cooperação entre os países sul-americanos, o que inclui a discussão e coordenação de
políticas fiscais;
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 Organização de Cooperação de Xangai (SCO), a SCO reúne países da Ásia Central e


Oriental, promovendo a cooperação econômica e financeira, o que também envolve a
coordenação de políticas fiscais;
 Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), A SADC é uma
organização regional na África Austral que busca promover o desenvolvimento
econômico e a integração regional, o que envolve a coordenação de políticas fiscais.
 Comunidade dos Estados Independentes (CEI), esta organização é composta por países
pós-soviéticos que buscam cooperação em várias áreas, incluindo finanças públicas e
políticas fiscais.

PADULA (2010, citado em CALICH, 2018) afirma que a primeira “onda regionalista” com
preponderância no cenário internacional contemporâneo teve início no pós-Segunda Guerra
Mundial, quando houve o início da conformação da União Europeia.

2.1. Blocos regionais

Para ALMEIDA (2001) o processo de formação dos blocos regionais contemporâneos


coincide com o desenvolvimento dos processos de integração econômica, cujo primeiro
exemplo bem-sucedido foi o Mercado Comum Europeu criado pelo tratado de Roma de 1957,
convertido depois em Comunidade Européia e mais recentemente (1992) em União Européia,
contendo inclusive dispositivos sobre moeda única. Como forma de sobrevivência no período
pós-Segunda Guerra Mundial, em razão do processo de internacionalização, surgiu a
“formação de grupos regionais para integração económica dos países participantes, com
redução das barreiras alfandegarias entre eles e o fortalecimento do bloco instituído perante os
demais grupos e países plenamente desenvolvidos”, pratica que se constitui em modalidade de
autodefesa.

Estes processos surgiram, principalmente, como uma forma de resposta no fenómeno


económico que se denominou globalização. Foi uma tentativa de união para a sobrevivência
dos Estados neste contexto de busca de mercado consumidor, criado pelas potencias
hegemónicas da actualidade (MATIAS PEREIRA 2006).

Os blocos regionais classificam-se em:

 Blocos económicos;
 Blocos comerciais; e
 Blocos de produção.
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Os blocos de integração regional, tanto quanto as nações e as entidades internacionais, na


esfera,

são consideradas sujeitas de Direito Internacional e concebidos como uma síntese de poderes

soberanos. A ideia de integração regional foi se expandido e invadiu áreas anteriormente


exclusivas dos Estados soberanos. A partir desta ideia de expansão, que tomou por base as
organizações internacionais, nasceram os blocos regionais. O processo constituído pela
reunião de Estados ou Nações, dando origem a blocos regionais que possuem interesses
socioeconómicos, “parece ser a consequência histórica de vários factores, dentre os quis
podem ser destacados a globalização da economia o fim da fase colonialista, o termino da
Guerra Fria e o gigantismo das empresas multinacionais (Idem)

2.2. Fases da integração regional

Segundo Luizella Giardino 2010 diversas são as fases de integração passiveis de escolha a
partir do grau pretendido de aprofundamento no processo integracionista. Para formar um
grupo regional é necessário que os Estados passem por diversas fases de integração tais como:

i. Zona de Livre Comércio: Uma zona de livre comércio caracteriza-se inicialmente


pelo estabelecimento de tarifas preferenciais para, no momento seguinte, eliminar
todas as barreiras interiores à circulação de mercadorias, sejam de natureza aduaneira
ou não;
ii. União Aduaneira: Além da eliminação recíproca de gravames (como na zona de livre
comércio), os Estados membros passam a adoptar uma política comercial uniforme em
relação aos países exteriores à união;
iii. Mercado Comum: Superadas as etapas anteriores, o que pressupõe a consolidação de
uma tarifa exterior comum, o processo integracionista exige a liberalização de todos os
factores produtivos, não somente das mercadorias, objectivo já atingido, mas também
de trabalhadores, serviços e capitais entre os nacionais dos Estados-membros. O
Mercado comum cria prioritariamente quatro liberdades:
 Livre circulação de bens;
 Livre circulação de serviços;
 Livre circulação de pessoas; e
 Livre circulação do capitais
iv. União Económica: De acordo com a doutrina da integração, constitui o último estágio
do processo integracionista. O objectivo a ser alcançado é a atribuição da política
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monetária e cambial para uma autoridade comunitária supranacional que obrigue com
suas decisões aos Estados membros; e
v. Integração Económica Total: Passa-se a adoptar uma política monetária, fiscal,
social e anticiclica uniforme, bem como se delega a uma autoridade supranacional
poderes para elaborar e aplicar essas políticas. As decisões dessa autoridade devem ser
acatadas por todos os Estados-membros.

2.3. Papel das Finanças Públicas na Integração Regional

Para LOURENÇO (2020) quando se fala de finanças faz-se referência a tudo o que tem haver
com os fenómenos de captação de receitas e de realização de despesas que permitam a
satisfação de necessidades económicas. E em particular nas finanças públicas, aponta-se para
a actividade económica de um ente publico tendente a afectar bens à satisfação de
necessidades que lhe são confiadas.

Por outro lado, a integração regional, quando em sua forma multidimensional (GUDYNAS &
BUONOMO, 2007) ou seja, englobando tanto aspectos econômicos quanto políticos,
estratégicos e sociais-, pode representar uma ferramenta de recuperação do dinamismo
econômico para os países envolvidos, além de possibilitar a absorção de economias de escala,
sendo uma influência positiva na atração de investimentos e no aumento da eficiência
econômica (GONÇALVES, 2004). Desta forma, os processos de formação de blocos
regionais podem ser uma ferramenta para a articulação de estratégias de desenvolvimento
econômico conjunto, implicando, outrossim, ganhos sociais.

2.4. Relação entre Finanças Públicas e Integração Regional

Como explica SOUSA FRANCO, a expressão finanças públicas pode utilizar-se em vários
sentidos:

 Em sentido orgânico, designando o conjunto de órgãos do Estado ou outro ente publico a


quem compete gerir recursos económicos para a satisfação de certas necessidades;
 Em sentido objectivo, designando a actividade através da qual o Estado afecta bens
económicos à satisfação de certas necessidades sociais; e
 Em sentido subjectivo, designando a disciplina cientifica que estuda os princípios e
regras que regem a actividade do Estado com o fim de satisfazer as necessidades que lhe
estão confiadas.
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Por outro lado, de acordo com TRINDADE (2006) a integração regional é o processo pelo
qual dois ou mais Estados ou Nações concordam em cooperar e trabalhar em conjunto para
alcançar a paz, estabilidade e a riqueza. Normalmente a integração envolve um ou mais
acordos escritos que descrevem detalhadamente as áreas de cooperação, bem como alguns
órgãos de coordenação que representam os países envolvidos. A integração regional pode ser
definida como o meio pelo qual se procura reunir noções em busca de igual objectivo,
visando-se, principalmente, ao crescimento mútuo.

Assim sendo, podemos dizer que a relação entre Finança Públicas e Integração Regional singe
no facto de que a Integração Regional assume dois pontos importantes das Finanças Públicas
no acto de celebração de acordos de cooperação entre dois ou mais Estados ou Nações em
sentido orgânico e em sentido objectivo.

2.5. Lugar das Finanças Públicas na Integração Regional

Segundo HAFFNER e MAMPAVA (2010) o lugar das Finanças Públicas é o de elaborar de


políticas que determinam os objectivos a serem alcançados por cada país. As Finanças
Públicas na Integração Regional ocupam um lugar que se confunde com o seu papel, que é o
da redução da lacuna entre os gastos e os ganhos, isto é, reduzir as despesas de um Estado ou
Nação e aumentar as receitas, pois perante a Integração Regional (regionalização), estamos
concretamente no plano da globalização e, nesta, para que um Estado possa decididamente
ocupar um lugar de preponderância, passa-se primeiro por criar uma economia tipicamente
forte.

Ao nível da região da SADC, seu tratado constitutivo de 1992 coloca como objectivos
primários da organização:

- Atingir desenvolvimento e crescimento econômico, aliviar a pobreza, elevar o padrão e a


qualidade de vida das pessoas na África Austral e auxiliar os socialmente desfavorecidos por
meio da Integração Regional;

- Desenvolver valores políticos, sistema e instituições comuns;

- Promover e defender a paz e a segurança;

- Promover desenvolvimento autossustentado na base da autoconfiança coletiva e da


interdependência dos Estados-Membros;

- Atingir complementaridade entre estratégias e programas nacionais e regionais;


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- Promover e maximizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos da região;

- Atingir utilização sustentável dos recursos naturais e proteção efetiva do meio-ambiente; e

- Fortalecer e consolidar os vínculos históricos, sociais e afinidades culturais entre os povos


da região (SADC, 2016)

2.6. Integração Regional Africana

Os progressos feitos pelas economias africanas em termos de crescimento económico deverão


ser acompanhados por esforços para promover a competitividade de longo prazo, para que o
continente possa garantir melhorias sustentáveis nos seus padrões de vida.

A integração regional é um veículo fundamental para ajudar África a aumentar a sua


competitividade, diversificar a sua economia de base e criar emprego suficiente para uma
população jovem e em urbanização acelerada. Este ponto constitui ainda um desafio onde
pode ver a seguir:

- Diminuir as diferenças de competitividade;

- Facilitar as trocas comerciais;

- Construir melhores infraestruturas; e

- Investir em polos de desenvolvimento.

2.7. Integração Regional de Moçambique

No processo de Integração Regional de Moçambique o mercado externo pode ser dividido em


duas áreas a saber: mercado regional (SADC) e o resto do mundo.

Moçambique faz parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral – SADC,


onde muitos países membros são vizinhos de Moçambique.

Existem na África Austral outros organismos de que Moçambique não faz parte como a
SACU (União Aduaneira da África Austral) e a COMESA (Mercado Comum da África
Oriental e Austral) e que aplicam tarifas elevadas para países não membros. Todavia,
Moçambique para além de ser membro da SADC tem acordos bilaterais com diversos
membros da COMESA.

De acordo com MATIMBE (2008) a política externa de Moçambique tem sido caracterizada
por um grande protagonismo nos assuntos regionais, o que fez com que o país se destacasse
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em várias etapas da integração regional. Apesar da política externa diversificada virada para a
“procura de mais amigos e mais parcerias” a nível internacional, é na região da SADC e no
continente africano que se localiza a maior parte das representações diplomáticas de
Moçambique.

A integração regional constitui um dos principais pilares da política externa de Moçambique,


de onde se espera tirar proveito das suas vantagens comparativas devidas à sua localização

geoestratégica e a abundância de recursos naturais para além de ter uma grande capacidade de

fornecer energia elétrica à maioria dos países da região através da Barragem de Cahora Bassa,
a maior barragem hidrelétrica existente na região, que ainda se encontra subutilizada.
(MATIMBE, 2008)

O papel histórico desempenhado por este país na libertação dos países da região, que ainda se
encontravam sob dominação de regimes minoritários, atribui-lhe um lugar de destaque na
política regional.

Para além do desempenho de importantes papéis na gestão política da organização regional,


Moçambique tem se empenhado no cumprimento de suas obrigações na SADC, organização
de que é membro fundador e na qual se empenha com grande entusiasmo. No âmbito do
Protocolo Comercial da SADC, que preconizava a criação de uma a Zona de Comércio Livre
da África Austral em 2008, Moçambique foi exemplar no cumprimento dos calendários de
desarmamento tarifário e na aprovação dos instrumentos legais visando a abertura do mercado
nacional aos parceiros da região. Tem exercido mandatos de presidência das cúpulas da
SADC e do Órgão de Cooperação em Política, Defesa e Segurança, tendo liderado iniciativas
de fortalecimento ou de manutenção da paz em alguns Estados da região (MATIMBE 2008).

A SADC estabeleceu diversos protocolos entre os quais o protocolo comercial que define
prazos para a retirada total de direitos de importação entre os países membros, segundo o
Ministério da Indústria e Comercio (MIC) a saber:

o Criação da zona de livre comércio em 2008;


o A criação de uma união aduaneira, onde as negociações deveram ser concluídas até 2010;
o O estabelecimento do mercado comum da SADC, com negociações concluídas até 2015;
o A união monetária, com a introdução da moeda única em 2018 (MIC, 2003).
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Para HAFFNER E MAMPAVA (2010), a integração da África Austral tem se tornado um


instrumento fundamental para o crescimento económico em Moçambique. O primeiro efeito
do processo de integração regional começou pela necessidade de Moçambique fazer grandes
esforços no sentido de cumprir com as metas de convergência. Como tal, o país teve que
estabelecer estratégias que levassem ao cumprimento das referidas metas, que directa ou
indirectamente tiveram impacto na economia.

Segundo CHICHAVA (2007), em termos económicos, o processo de integração regional


implica necessidade de convergência das economias, de modo a reduzir a heterogeneidade das
economias dos países membros.

Nesse contexto, em matéria de convergência económica, a SADC definiu como suas metas os
seguintes objectivos, que deveriam ser atingidos pelos países que iriam integrar o grupo:

o O Índice de inflação de um só dígito, até 2008, 5% até 2012, e 3% até 2018;


o A Relação entre o déficit orçamentário e o PIB inferior a 5% até 2008, e 3% até 2012,
devendo manter-se como uma referência na faixa de 1% até 2018;
o O Valor actual Líquido da dívida pública deve situar-se em menos de 60% do PIB, até
2008, devendo se manter durante todo o período do plano, ou seja, até 2018.
(CHICHAVA, 2007)

2.7.1. Exportações e Importação de Moçambique para SADC

Segundo o Presidente da República, o volume de exportações dentro da SADC passou de


15.2%, em 2008, para 19.5% em 2018, comparado com um total de exportações de todos os
países da região, estimado em 154 mil milhões de dólares norte-americanos. No que diz
respeito às importações, de um total de 149 mil milhões de dólares, em 2018, apenas 19.1%
corresponderam à troca entre os países da SADC. (MIC, 2021)

2.8. Instrumentos de Comércio Estratégico na Integração Regional

Adopta-se a ideia de MEDEIROS (2008) de “comércio estratégico”, segundo a qual a


regionalização possibilitaria a industrialização devido à “expansão dos mercados nacionais e
do comércio intrarregional” e requereria “cooperação especial entre os países da região de
forma a estabelecer as políticas comuns e os investimentos em infraestrutura e a compensar,
sobretudo, os desequilíbrios intrarregionais”.
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2.9. Impacto da Integração Regional nas Finanças Públicas

De acordo com a Agenda 2025 (2013:49) os acordos no âmbito da SADC que permitem a
importação de bens sem pagamento de tarifas alfandegárias prejudicam a produção nacional.
Por um lado, implicam a entrada massiva de bens alimentares, não tendo os produtores
nacionais capacidades para competir nos preços. Por outro lado, a indústria de bebidas e
algumas indústrias alimentares de capital sul-africano implantado em Moçambique resultam,
principalmente, das vantagens dos elevados custos de transporte de bens pesados. A abertura
da economia nacional pode aumentar a vulnerabilidade da eficiência produtiva nacional, por
meio da distorção dos incentivos do mercado nacional, pela ausência da competitividade e
especialização produtiva.
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Conclusão

A partir da análise realizada, é evidente que as finanças públicas desempenham um papel


fundamental na integração regional de Moçamique, influenciando a estabilidade econômica e
a coesão social entre os países membros. No caso de Moçambique, a gestão eficaz dos
recursos públicos, aliada a políticas de convergência fiscal, tem sido crucial para a integração
bem-sucedida na SADC.

Em suma, a integração regional na África, e particularmente dentro da SADC, representa uma


promessa de crescimento econômico sustentado e desenvolvimento duradouro. O papel das
finanças públicas é, sem dúvida, central nesse processo. Moçambique, como membro ativo
desta comunidade, tem demonstrado um compromisso notável em utilizar seus recursos
públicos de maneira estratégica para promover os objetivos da SADC. No entanto, desafios
persistentes persistem, especialmente no que diz respeito à mobilização eficaz de recursos e à
gestão transparente e eficiente dos mesmos. À medida que Moçambique e outros membros da
SADC avançam em direção a uma maior integração, é imperativo que estratégias inovadoras
de gestão financeira sejam implementadas, garantindo que os recursos públicos sejam
direcionados de forma eficaz para projetos que beneficiem a região como um todo. Somente
através dessa abordagem coerente e colaborativa poderemos esperar alcançar os objetivos
ambiciosos de crescimento e prosperidade compartilhada no continente africano.

No entanto, persistem desafios, como a necessidade de equilibrar as demandas regionais e as


metas de convergência, bem como a adaptação a cenários econômicos variáveis.
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Referência Bibliográfica

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LOURENÇO, D. (2020) Finanças Publicas. Faculdade de Direito de Lisboa

MATIAS-PEREIRA, José. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2006.

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15

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https://aterraeredonda.com.br/blocos-regionais/

https://www.mic.gov.mz/por/Noticias/Mocambique-acolhe-primeiro-Forum-de-Negocios-da-
SADC

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