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CONSELHO MUNICIPAL DA CIDADE DA MATOLA

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Manual Metodológico

Matola, Maio de 2016


SIGLAS

CMCM Conselho Municipal da Cidade da Matola

DAES Departamento de Acção Social e Serviços

DASSC Departamento de Acção Social e Sociedade Civil

DCJD Departamento de Cultura, Juventude e Desportos

DFAM Departamento de Finanças e Administração Municipal

DOIM Departamento de Obras e Infra-estruturas Municipais

DPP Departamento de Planificação e Património

DPTU Departamento de Planeamento Territorial e Urbanização

DRT Departamento de Receitas e Tributação

DSAJM Departamento de Salubridade, Ambiente e Jardins Municipais

GC Gabinete de Comunicação

GEP Gabinete de Estudos e Projectos

INE Instituto Nacional de Estatística

OP Orçamento Participativo

PA Posto Administrativo

PCM Presidente do Conselho Municipal

PERPU Plano Estratégico de Redução da Pobreza Urbana

RHFP Recursos Humanos e Formação Profissional

UGEA Unidade Gestora e Executora de Aquisições

UPOP Unidade de Planificação e Orçamento Participativo

VOIM Vereação de Obras e Infra-estruturas Municipais

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LISTA DE TABELAS E QUADROS FIGURAS

Tabela nº 1 - População do Município da Matola por Postos Administrativos ……………… 7


Tabela nº 2 - Projecção da População do Município da Matola Por Postos Administrativos.7
Tabela nº 3 - População do Município da Matola …………………………………………..… 8

Tabela nº 4 - População do Conselho Municipal da Matola …………………………….…… 9

Tabela nº 5 - População do Conselho Municipal da Matola …………………………….…... 10

Quadro 1 - Financiamento do Orçamento Municipal …………………………………..….… 15

Quadro 2 - Áreas de Competência do Município …………………………………...……….. 18

Quadro 3 - Âmbito territorial do OP de 2015/2016 ……………………………………..….… 20

Figura 2 - Organigrama Funcional do OP do CMCM …………………………………...…. 14

Figura 1 - Organograma do Conselho Municipal …………………………………...…….... 19

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ÍNDICE

CAPITULO I – INTRODUÇÃO.................................................................................................5
1.1. Enquadramento.........................................................................................................5
1.2. Objectivos..................................................................................................................5
CAPITULO II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DA MATOLA........................................6
2.1. Caracterização Político e Legal.................................................................................6
2.2. População..................................................................................................................6
2.3. Caracterização Demográfica...................................................................................10
2.4. Caracterização Económico - Social.........................................................................11
2.5. Divisão Administrativa e Urbanização.....................................................................11
2.6. Estrutura Orgânica do CMCM.................................................................................12
2.7. Quadro Orçamental do CMCM................................................................................15
CAPITULO III – ENQUADRAMENTO DO OP.......................................................................16
3.1. Processo de Formulação da Metodologia...............................................................16
3.2. Princípios Básicos...................................................................................................16
3.3. Áreas de Competência do Município (menu de investimentos)..............................17
3.4. Arranjo Institucional e Responsabilidades na Gestão do Processo........................19
3.5. Âmbito Territorial do OP..........................................................................................20
CAPITULO IV - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DOS CICLOS DO OP..........................22
4. DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DO CICLO DE PLANIFICAÇÃO.............................22
4.1. Preparação do Processo (Fase 1 - Janeiro a Março)..............................................23
4.2. Divulgação e mobilização pública (Fase 2 - a iniciar em Maio)...............................24
4.3. Definição de projectos prioritários (Fase 3 - Maio a Junho)....................................25
4.4. Análise e validação técnica (Fase 4 - Agosto a Setembro).....................................28
4.5. Aprovação do Plano e Orçamento (Fase 5 - Outubro a Dezembro).......................30
4.6. Monitoria e Avaliação global do processo (Fase 6 - Janeiro a Dezembro).............30
5. DESCRIÇÃO DO CICLO DE EXECUÇÃO DO OP........................................................32
5.1. Preparação dos projectos (Fase 1 - Janeiro a Abril)...............................................32
5.2. Abertura dos concursos e contratualização (Fase 2 - Janeiro a Agosto)................33
5.3. Execução dos projectos (Fase 3 - Janeiro a Agosto)..............................................33
5.4. Entrega dos projectos (Fase 4 - Janeiro a Dezembro)............................................35

4
5.5. Avaliação global (Fase 5 - Janeiro a Dezembro).....................................................35

CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Enquadramento
O Orçamento Participativo (OP) é uma prática de gestão municipal inovadora que promove
a transparência das despesas, impulsiona o crescimento da receita, estimula o
envolvimento dos cidadãos na tomada de decisão sobre recursos públicos, redirecciona o
investimento para a satisfação de necessidades ao nível de infra-estruturas básicas e
fortalece a interacção social.

Ao ampliar e aprofundar a participação dos cidadãos na alocação de recursos públicos, o


Orçamento Participativo constitui um processo positivo para a construção de municípios
inclusivos, onde os que são geralmente marginalizados conseguem escapar ao ciclo de
exclusão. É uma ferramenta importante para a democratização dos municípios e, deste
modo, o OP contribui para a boa governação municipal.

O presente documento constitui a metodologia a ser adoptada para a implementação do


Orçamento Participativo da Matola. Ela procura definir os aspectos de conteúdo (ao nível de
critérios e ciclo de definição e execução) e de organização institucional.

De referir que, para além dos mecanismos de participação e de partilha directa de poder
decisório entre os governos e as populações, o Conselho Municipal da Cidade da Matola
(CMCM) realiza tem as sessões da Presidência Sem Paredes orientadas pelo Presidente do
Município, onde participam todos Vereadores.

1.2. Objectivos
O principal objectivo do OP é criar um espaço de convivência democrática pautado pelo
debate e pela tomada de decisões sobre a alocação de recursos públicos em prol do
desenvolvimento municipal.

Para alcançar tal objectivo, o Orçamento Participativo preconiza:

 Estimular de forma metódica, a participação dos munícipes, na identificação e


resolução dos problemas locais auscultando as suas preocupações e prioridades a
partir dos bairros;
 Permitir que os munícipes decidam juntamente com o Conselho Municipal, sobre os
investimentos identificados através do processo participativo;
 Assegurar maior participação dos munícipes através das organizações sociais;
 Sensibilizar os munícipes para o cumprimento das suas obrigações fiscais;
 Iniciar uma nova lógica de distribuição de recursos públicos, com prioridade para os
grupos de renda baixa, fortalecer a solidariedade e a cooperação entre os vários
grupos sociais participantes;

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CAPITULO II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DA MATOLA

Matola localiza-se na província de Maputo ao sul do país sendo um dos municípios que
conformam a região metropolitana da cidade de Maputo.

É limitada a noroeste e norte por Moamba; a oeste e sudoeste por Boane; ao sul por
Catembe e a leste por Maputo e a noroeste também faz fronteira com o distrito de
Marracuene.

Matola possui uma taxa de crescimento efectivo maior que Maputo, evidenciando a
aceleração do processo de crescimento urbano nos distritos da região metropolitana da
capital do país. Embora cerca de 65% do território municipal é rural, Matola possui um
parque industrial de tamanho significativo. Além disso Matola torna-se numa opção
importante para os habitantes da região que procuram habitações ou terra a preços
acessíveis. O desenvolvimento da infra-estrutura básica deve manter ritmo com esta
demanda crescente.

2.1. Caracterização Político e Legal


Na vertente político-legal, o Município da Matola nasceu no âmbito da democratização de
Moçambique e posterior municipalização, cujas primeiras eleições autárquicas tiveram lugar
a 30 de Junho de 1998 envolvendo 33 Cidades e Vilas do país.

A realização das eleições autárquicas tem cobertura constitucional, ao abrigo do artigo 271,
alínea a), que reza que “o poder local tem como objectivos organizar a participação dos
cidadãos na solução dos problemas próprios da sua comunidade e promover o
desenvolvimento local, o aprofundamento e a consolidação da democracia, no quadro da
unidade do Estado Moçambicano”, conjugado com a lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro, que cria
o quadro jurídico-legal para a implantação das autarquias locais.

A partir deste marco, o governo central tem-se engajado numa estratégia de contexto de
democracia e descentralização, outorgando, progressivamente, mais poder aos órgãos
municipais, para gestão e definição de estratégias orientadas para melhoria das condições
de vida e de realização de actividades económicas e/ou produtivas representativas da
vocação municipal.

O Município da Matola ocupa um espaço que corresponde à Cidade da Matola, sendo por
isso um Município de Nível “B”, de acordo com a Resolução nº 7/87 de 25 de Abril do
Conselho de Ministros, que classifica as Cidades em quatro Níveis.

A situação decorrente do quadro legal acima referido, “pressiona” os gestores municipais a


buscarem, cada vez mais, políticas e estratégias inovadoras com potencial de agregar a
sociedade em torno da sua proposta de desenvolvimento estratégico, identificando pontos
fracos e ameaças, e definindo as acções tácticas da sua implementação, sob o risco de não
conseguirem passar a mensagem solicitando a renovação do mandato, no escrutínio
eleitoral.

2.2. População
Recorrendo ao censo populacional de 2007, a Tabela n° 1 abaixo, apresenta o total da
população do Município da Matola, agregada em Postos Administrativos.

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Tabela nº 1: População do Município da Matola Grupos etários
Total
Por Postos Administrativos 0-14 15-64 65+
Homens 45,622 60,546 2,162 108,330
Posto Administrativo da Machava Mulheres 46,718 67,065 3,316 117,099
Total 92,340 127,611 5,478 225,429
Homens 41,012 64,187 2,113 107,312
Posto Administrativo da Matola Sede Mulheres 41,840 68,845 3,024 113,709
Total 82,852 133,032 5,137 221,021
Homens 46,028 60,810 1,805 108,643
Posto Administrativo do Infulene Mulheres 47,295 67,253 2,867 117,415
Total 93,323 128,063 4,672 226,058
Total Geral 268,515 388,706 15,287 672,508

Do total de 672.508 pessoas (dados do censo de 2007) que é a população apresentada na


Tabela nº 2 abaixo, e usando o critério geográfico, se chega à seguinte distribuição:

 39% da população da Matola vive na zona urbana;


 14% na zona rural, e os restantes 47% ao nível da zona peri-urbana.

Tabela nº 2: Projecção da População do Município da Matola Projecção


Por Postos Administrativos Total (2007) Total (2012) Total (2021)
Homens 108,330 121,374 152,364
Posto Administrativo da Machava Mulheres 117,099 131,199 164,698
Total 225,429 252,574 317,062
Homens 107,312 120,234 150,933
Posto Administrativo da Matola Sede Mulheres 113,709 127,401 159,930
Total 221,021 247,635 310,862
Homens 108,643 121,725 152,805
Posto Administrativo do Infulene Mulheres 117,415 131,553 165,142
Total 226,058 253,278 317,947
Total Geral 672,508 753,487 945,871

Considerando a taxa de crescimento anual da população que é cifrada nos 2,3%, um


exercício de projecção nos leva a um total de 753.487 pessoas no ano de 2012 e 945.871
pessoas no ano em de 2021 (ver a Tabela nº 2).

No que se refere aos bairros, as Tabela nº 3 a 5 abaixo indicam como a população do


Município da Matola se distribui pelos diferentes aglomerados populacionais que constituem
os seus três Postos Administrativos do Município.
2.2.1. Densidade Populacional por Bairros
Apesar da sua menor área territorial (14% da área da urbe), o Posto Administrativo da
Matola Sede apresenta um significativo peso demográfico (32.65% da população da
2
cidade). Estas condições conferem-lhe uma densidade populacional - 3638,64 Hab/Km -
2
duas vezes maior em relação a média da cidade - 1.758,85 Hab/Km .

7
Em contrapartida, o Posto Administrativo do Infulene apresenta uma realidade exactamente
contrária, ocupando a maior parte do território da Cidade (46,6%), este absorve apenas
32,83% do total da população, o que lhe confere a densidade mais baixa de toda a urbe,
2
cerca de 1599.025Hab/Km . já o Posto Administrativo da Machava encontra-se numa
posição intermédia, apresentando uma densidade populacional de cerca de
2
1855.33Hab/Km (INE, 2009).

Tabela nº 3: População do Município da Matola Grupos etários


Por Bairros do Posto Administrativo Matola Sede 0-14 15-64 65+ Total
Homens 11,071 16,982 406 28,459
Bairro Matola "A" Mulheres 11,300 17,436 563 29,299
Total 22,371 34,418 969 57,758
Homens 5,333 9,081 223 14,637
Bairro Fomento Mulheres 5,403 9,804 276 15,483
Total 10,736 18,885 499 30,120
Homens 6,650 10,630 322 17,602
Bairro Liberdade Mulheres 6,873 11,572 467 18,912
Total 13,523 22,202 789 36,514
Homens 948 1,266 38 2,252
Bairro Malhampsene Mulheres 954 1,398 53 2,405
Total 1,902 2,664 91 4,657
Homens 918 1,941 213 3,072
Bairro Matola "B" Mulheres 963 2,193 251 3,407
Total 1,881 4,134 464 6,479
Homens 3,397 5,263 140 8,800
Bairro Matola "C" Mulheres 3,448 5,613 228 9,289
Total 6,845 10,876 368 18,089
Homens 982 1,620 103 2,705
Bairro Matola "D" Mulheres 988 1,733 148 2,869
Total 1,970 3,353 251 5,574
Homens 2,145 3,802 169 6,116
Bairro Matola "F" Mulheres 2,147 4,013 208 6,368
Total 4,292 7,815 377 12,484
Homens 699 1,238 83 2,020
Bairro Matola "G" Mulheres 691 1,470 94 2,255
Total 1,390 2,708 177 4,275
Homens 2,788 4,260 185 7,233
Bairro Matola "H" Mulheres 2,761 4,691 290 7,742
Total 5,549 8,951 475 14,975
Homens 780 1,167 34 1,981
Bairro Matola "J" Mulheres 713 1,277 63 2,053
Total 1,493 2,444 97 4,034
Homens 2,520 3,535 93 6,148
Bairro Mussumbuluco Mulheres 2,718 3,817 178 6,713
Total 5,238 7,352 271 12,861
Homens 2,364 2,972 60 5,396
Bairro Sikwama Mulheres 2,503 3,331 139 5,973
Total 4,867 6,303 199 11,369

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Tabela nº 4: População do Conselho Municipal da Matola Grupos etários
Por Bairros do Posto Administrativo do Infulene 0-14 15-64 65+ Total
Homens 2,427 3,731 145 6,303
Bairro Acordos de Lusaka Mulheres 2,471 4,094 189 6,754
Total 4,898 7,825 334 13,057
Homens 319 344 53 716
Bairro Boquisso "A" Mulheres 322 457 107 886
Total 641 801 160 1,602
Homens 327 440 41 808
Bairro Boquisso "B" Mulheres 315 427 98 840
Total 642 867 139 1,648
Homens 50 71 6 127
Bairro Ngolhosa Mulheres 63 88 12 163
Total 113 159 18 290
Homens 3,965 5,714 209 9,888
Bairro Infulene "D" Mulheres 4,193 6,376 281 10,850
Total 8,158 12,090 490 20,738
Homens 12,302 15,427 261 27,990
Bairro Ndlavela Mulheres 12,619 16,814 422 29,855
Total 24,921 32,241 683 57,845
Homens 1,477 1,879 135 3,491
Bairro Intaca Mulheres 1,537 2,091 236 3,864
Total 3,014 3,970 371 7,355
Homens 6,022 7,131 138 13,291
Bairro Kongolote Mulheres 6,361 8,115 269 14,745
Total 12,383 15,246 407 28,036
Homens 190 202 41 433
Bairro Mali Mulheres 162 244 71 477
Total 352 446 112 910
Homens 176 197 12 385
Bairro Mucatine Mulheres 171 242 35 448
Total 347 439 47 833
Homens 746 739 66 1,551
Bairro Muhalaze Mulheres 647 997 172 1,816
Total 1,393 1,736 238 3,367
Homens 2,851 4,668 254 7,773
Bairro T-3 Mulheres 2,940 5,050 316 8,306
Total 5,791 9,718 570 16,079
Homens 2,618 4,128 57 6,803
Bairro Vale de Infulene Mulheres 2,722 4,242 107 7,071
Total 5,340 8,370 164 13,874
Homens 7,897 10,811 277 18,985
Bairro Zona Verde Mulheres 8,060 11,873 366 20,299
Total 15,957 22,684 643 39,284
Homens 4,551 5,197 106 9,854
Bairro 1° de Maio Mulheres 4,607 5,996 182 10,785
Total 9,158 11,193 288 20,639

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Tabela nº 5: População do Conselho Municipal da Matola Grupos etários
Por Bairros do Posto Administrativo da Machava 0-14 15-64 65+ Total
Homens 6,816 9,712 325 16,853
Bairro Machava Sede
Mulheres 6,987 10,547 493 18,027

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Total 13,803 20,259 818 34,880
Homens 6,771 8,205 143 15,119
Bairro Bunhiça Mulheres 6,888 9,055 242 16,185
Total 13,659 17,260 385 31,304
Homens 2,354 3,129 67 5,550
Bairro Singatela Mulheres 2,440 3,490 119 6,049
Total 4,794 6,619 186 11,599
Homens 1,864 2,343 98 4,305
Bairro Cobe Mulheres 1,964 2,601 158 4,723
Total 3,828 4,944 256 9,028
Homens 2,744 3,376 120 6,240
Bairro Kilómetro 15 Mulheres 2,883 3,858 214 6,955
Total 5,627 7,234 334 13,195
Homens 597 762 91 1,450
Bairro Matleamele Mulheres 605 888 102 1,595
Total 1,202 1,650 193 3,045
Homens 3,255 5,068 276 8,599
Bairro Patrice Lumumba Mulheres 3,297 5,740 352 9,389
Total 6,552 10,808 628 17,988
Homens 6,233 7,518 170 13,921
Bairro São-Damaso Mulheres 6,516 8,432 299 15,247
Total 12,749 15,950 469 29,168
Homens 3,957 5,711 180 9,848
Bairro Trevo Mulheres 3,951 6,101 258 10,310
Total 7,908 11,812 438 20,158
Homens 6,071 7,746 195 14,012
Bairro Tsalala Mulheres 6,262 8,492 312 15,066
Total 12,333 16,238 507 29,078
Homens 2,248 3,915 152 6,315
Bairro Infulene "A" Mulheres 2,329 4,094 196 6,619
Total 4,577 8,009 348 12,934
Homens 2,239 2,572 259 5,070
Bairro Matola-Gare Mulheres 2,180 3,139 419 5,738
Total 4,419 5,711 678 10,808
Homens 473 489 86 1,048
Bairro Nuamatibwane Mulheres 416 628 152 1,196
Total 889 1,117 238 2,244

O factor aumento da população, determina a diferenças em termos de bairros que se nota


olhando para as Tabelas nºs 3 à 5, pois nestas o total de bairros é diferente do total de 42
bairros.

2.2.2. Caracterização Demográfica


A Tabela nº 1 mostra claramente que cerca de 40% da população do Município da
Matola tem entre zero (0) e catorze (14) anos enquanto 58% tem idade compreendida
entre quinze (15) e sessenta e quatro anos (64), o que permite caracterizar a população
do Município da Matola como sendo jovem. Este cenário impulsiona o desenvolvimento de
estratégias eficazes com vista a resolver as diversas demandas por serviços sociais. Ainda

11
no tocante às políticas sociais, estendendo-as à assistência ao idoso, há que reparar que
apenas 2% da população do Município tem 65 anos ou mais.

2.2.3. Caracterização Económico - Social


A população da Matola, em termos económicos e sociais, não se dissocia da realidade do
país. Pois esta experimenta várias dificuldades económicas e sociais, decorrentes do
número reduzido de infra-estruturas para os serviços básicos de saneamento, água,
saúde, educação, redes viária, eléctrica e de telecomunicações, transportes públicos,
recolha de resíduos sólidos, etc.
O Município da Matola regista, tal como os restantes Municípios do País, elevados níveis
de pobreza urbana, consequência do crescimento em exponencial da sua população,
sendo assim, o Governo Central percebeu que o nível de pobreza urbana exige medidas
atinentes à sua redução, sob o risco da ausência destas medidas, provocar o aumento de
fenómenos sociais a ela ligados, como a criminalidade, o alcoolismo, a prostituição, o
consumo da droga, etc.
A medida encontrada pelo Governo Central, foi a extensão da estratégia dos “sete milhões”,
passando esta a abranger também as Cidades, sob a designação de PERPU (Plano
Estratégico de Redução da Pobreza Urbana).
No âmbito do PERPU, os Conselhos Consultivos (dos Postos Administrativos e dos
Bairros) analisam as propostas de financiamento apresentadas pelos Munícipes e
apensam uma proposta, ao que o expediente é seguidamente enviado ao núcleo do
Município que gere o projecto, o qual por sua vez remete o expediente, após análise, ao
Conselho Municipal para decisão final.

2.2.4. Divisão Administrativa e Urbanização


A Autarquia da Matola a b r a n g e um território com 373 Km2 de superfície e subdivide-
se em três Postos Administrativos, nomeadamente:
 Matola Sede;
 Machava;
 Infulene;

Os Postos Administrativos são constituídos por 41 Bairros (segundo o censo de 2007). No


intervalo de tempo que separa o censo até ao momento, o Posto Administrativo do Infulene
cresceu em dois (2) Bairros (ver as tabelas n° 3 a 5), totalizando 43 Bairros para todo o
Município.
O processo de urbanização na Matola caracteriza-se por apresentar dois aspectos
fundamentais interligados, o aumento da proporção da população residente nas áreas
urbanas, especialmente devido à migração campo-cidade, como consequência dos
diferentes níveis de desenvolvimento, seca, pobreza rural, a situação político militar
anterior, o crescimento do espaço físico das cidades e perspectivas para um futuro melhor.
Em termos comparativos, a população urbana da Matola, ocupa o segundo lugar no
conjunto do país, perfazendo uma média de 12% depois de Maputo que tem 25% da
população total.
A Matola urbana é constituída por 10 bairros, nomeadamente: Matola A, Matola B, Matola
C, Matola D, Matola F, Matola G, Matola H, Matola J, Fomento e Liberdade.

12
2.2.5. Estrutura Orgânica do CMCM
O Conselho Municipal é um órgão executivo colegial do Município e exerce os seus poderes
em conformidade com a Constituição, a lei e os seus regulamentos. Este órgão é
constituído por um presidente eleito pelos cidadãos eleitores residentes na Cidade da
Matola, por sufrágio universal, igual, directo e secreto, para mandato de cinco (5) anos e por
dez (10) vereadores por ele designados, sendo que três (3) dirigem os Postos
Administrativos. O CMCM compreende também quadros de apoio ao presidente do CMCM
(Figura 1 – Organograma do Conselho Municipal da Cidade da Matola).

13
Figura 1 - Organograma do Conselho Municipal
2.3. Quadro Orçamental do CMCM
O conselho Municipal da Matola tem duas fontes de financiamento: interna e externa. O
financiamento interno corresponde as receitas próprias, enquanto que o externo
corresponde as transferências do Governo central e de outras entidades estrangeiras.

O orçamento de 2016, conta com recursos próprios, na ordem de 335.177.076,19MT o que


representa 26%, e 74% transferências do Governo Central e outros fundos como créditos e
donativos, na ordem de 965.570.105,15MT.

Quadro 1 - Orçamento do Conselho Municipal

Ord. Designação Valor Estrutura %

1 FINANCIAMENTO INTERNO 335.177.076,19


25,77
1.1 Receitas Próprias do Município 335.177.076,19

2 FINANCIAMENTO EXTERNO 965.570.105,15


74,23
2.1. Transferências do Estado 310.577.440,00
2.1.1. Fundo de Compensação Autárquica 202.687.240,00
2.1.2. Fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica 88.790.140,00
PERPU 19.100.060,00
2.2. OUTROS FUNDOS 654.992.665,15
2.2.1. Créditos 556.461.605,48
2.4.2. Donativos 40.262.520,00
Outros 58.268.539,67

(1+2) TOTAL RECEITAS 1.300.747.181,34


100,00

3 DESPESAS DE FUNCIONAMENTO 366.545.355,21


28,18
3.1 DESPESAS CORRENTES 366.545.355,21
3.1.1 Despesas com o Pessoal 180.992.743,94
3.1.2 Bens e Serviços 182.219.871,51
3.1.3 Transferências Correntes 2.612.739,76
3.1.4 Outras Despesas Correntes 720.000,00
3.1.5 Exercícios Findos
-

4 DESPESAS DE INVESTIMENTO 934.201.826,11


71,82
4.1 Componente Interna 834.800.781,06
4.2 Componente Externa 99.401.045,05

(3+4) TOTAL DESPESAS 1.300.747.181,32

15
0,9
Rácio Rec. Próprias /Despesas Correntes
1

CAPITULO III – ENQUADRAMENTO DO OP

3.1. Processo de Formulação da Metodologia


Esta versão da metodologia do OP foi desenvolvida do seguinte modo:

I. Numa primeira fase foram efectuadas auscultações aos técnicos das diversas áreas
do Conselho Municipal e das Administrações dos Postos Administrativos. Estes
encontros serviram para avaliar o nível de envolvimento e capacidade dos técnicos e
as suas aspirações no processo do OP.
II. De seguida foram individualmente entrevistados vereadores dos Postos
Administrativos para perceber o seu nível de entendimento e suas expectativas
relativamente ao OP.
III. Realizaram-se encontros técnicos com alguns Vereadores, como por exemplo o
Pelouro das Finanças, e foi também ouvido o Presidente do Conselho Municipal da
Cidade da Matola.
IV. Realizaram-se formações aos técnicos do OP, troca de experiencias com municípios
nacionais e internacionais e participação dos técnicos em seminários nacionais e
internacionais relacionados ao OP;
V. Por fim elaborou-se uma proposta de Metodologia do OP cujos elementos foram
discutidos e aprovados pelo Conselho Municipal.

3.2. Princípios Básicos


A metodologia do OP da Cidade da Matola deve garantir a vigência de cinco princípios
básicos, designadamente:

I. Ao nível de cada bairro, os munícipes podem apresentar propostas de investimento


municipal e priorizar, através do voto, os que consideram ser os mais necessários
em cada momento.
II. As propostas priorizadas pelos munícipes serão analisadas tecnicamente pelo
CMCM e orçamentadas.
III. O CMCM (ao nível central) respeitará as prioridades e alocações do OP definidas
pelo processo ao nível dos Postos Administrativos.
IV. Elaboração de um Plano de Comunicação para o OP que incluirá a divulgação das
normas e procedimentos, os papéis dos vários actores e instituições no processo,
bem como os resultados do OP em termos das decisões sobre investimentos e a
monitoria dos projectos do OP.
V. Os munícipes desempenham papel importante na monitoria da implementação dos
projectos do OP incluindo as decisões finais sobre os investimentos, o processo de
aquisição para os projectos, a execução física e financeira dos projectos do OP.
O OP adopta o Bairro como unidade de planificação, ou seja, de identificação de
prioridades, e o Posto Administrativo a unidade de definição de projectos e orçamentação.

16
3.3. Áreas de Competência do Município (menu de investimentos)
O menu de investimentos compreende o conjunto de áreas da competência do Município,
conforme estabelecido pela legislação. Assim, o Orçamento Participativo abrange, conforme
define a Lei das Finanças Autárquicas (Lei No. 1/2008, de 16 de Fevereiro), projectos,
empreendimentos e equipamentos resultantes de investimentos a serem executados no
Município.

A definição prévia de áreas de investimentos para o Orçamento Participativo visa:

I. Facilitar e tornar eficiente a identificação e a definição dos projectos de investimento;


II. Reduzir as expectativas geradas no processo de OP, pois possibilita a apresentação
de um leque de investimentos a serem discutidos com a população, bem como
permite identificar as áreas de investimento sob responsabilidade do Estado;
III. Facilitar a identificação das fontes de recursos para os diferentes projectos de
investimentos;
IV. Facilitar a identificação dos intervenientes do CMCM, responsáveis pela execução
dos projectos de investimento, de forma a melhorar o processo de monitoramento da
execução dos projectos.
O Quadro 2 abaixo, apresenta as áreas de investimento tipificadas pela Lei Nº 1/2008, de
16 de Fevereiro. Preconizando que, uma área de investimento pode ser conceituada como
um segmento de determinada competência municipal no âmbito dos investimentos públicos.
Por sua vez, a realização de investimentos públicos compreende:

I. A identificação, elaboração e aprovação dos projectos;

II. O financiamento e a execução dos empreendimentos;

III. A respectiva manutenção, gestão e funcionamento dos projectos e dos


equipamentos.

17
Quadro 2 - Áreas de Competência do Município

1. INFRA-ESTRUTURAS RURAIS E URBANAS


1.1 Espaços verdes, incluindo jardins e viveiros da Autarquia
1.2 Rodovias, incluindo passeios
1.3 Habitação económica
1.4 Cemitérios públicos
1.5 Instalações dos serviços públicos da Autarquia
1.6 Mercados e feiras
1.7 Bombeiros
2. SANEAMENTO BÁSICO
2.1 Sistemas autárquicos de abastecimento de água
2.2 Sistemas de esgoto
2.3 Sistemas de recolha, tratamento de lixo e limpeza pública
3. ENERGIA
3.1 Distribuição de energia eléctrica
3.2 Iluminação pública, urbana e rural
4. TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
4.1 Rede viária urbana e rural
Transportes colectivos que se desenvolvam exclusivamente na área da respectiva
4.2
Autarquia
5. EDUCAÇÃO E ENSINO
5.1 Centros de educação pré-escolar
5.2 Escolas para o ensino primário
5.3 Transportes escolares
5.4 Equipamento para educação de base de adultos
Outras actividades complementares da acção educativa, designadamente nos domínios
5.5
da acção social, escolar e da ocupação de tempos livres
6. CULTURA, TEMPOS LIVRES E DESPORTOS
6.1 Casas de cultura, bibliotecas e museus
6.2 Património cultural, paisagístico e urbanístico da autarquia
6.3 Parques de campismo
6.4 Instalações e equipamentos para a prática desportiva e recreativa
7. SAÚDE
7.1 Unidade de cuidados primários de saúde
8. ACÇÃO SOCIAL
8.1 Actividade de apoio às camadas de população vulnerável
8.2 Habitação social
9. GESTÃO AMBIENTAL
9.1 Protecção ou recuperação do meio ambiente
9.2 Florestamento, plantio e conservação de árvores
9.3 Estabelecimento de reservas municipais
Fonte: Lei Nº. 1/2008, de 16 de Fevereiro, artigo 27

18
3.4. Arranjo Institucional e Responsabilidades na Gestão do Processo
O funcionamento do processo de OP exige uma forte cooperação entre diferentes Unidades
Orgânicas do CMCM, caracterizando-se em quatro níveis de condução do processo:

I. Coordenação política, sedeada na Vereação de Finanças e Administração


Municipal, tendo como coordenador global do processo, o Vereador de Finanças e
Administração Municipal;
II. Gestão técnico-metodológica, assegurada pelo Serviço de Planificação e
Orçamento Participativo (UPOP);
III. Gestão da Execução de Projectos do OP, assegurada pela Vereação de Obras e
Infra-estruturas Municipais;
IV. Condução operacional do processo, a cargo dos Postos Administrativos.
Face ao exposto, de seguida apresenta-se o organigrama funcional para o OP do CMCM.

Figura 2 – Organigrama Funcional do OP do CMCM

19
A operacionalização do processo de OP do CMCM exige a criação de diferentes equipas,
bem como a preparação de conteúdos formativos específicos. Deste modo o OP é
constituído pelas seguintes equipas:

i. Equipa de gestão do OP, à qual compete a condução técnica global do processo,


nomeadamente a elaboração e actualização das normas e dos instrumentos de
participação, a produção de material informativo, a articulação com as diferentes
Unidades Orgânicas do CMCM, o acompanhamento de todas as fases do OP, a
monitorização e avaliação global do processo. Esta equipa responde em termos
directos e hierárquicos à coordenação política do OP;
ii. Equipa de Projectos do OP, sedeada na Vereação de Obras e Infra-estruturas
Municipais assegurando articulação com todas as Unidades Orgânicas do CMCM
que se justifiquem. Compete a esta efectuar a análise técnica de viabilidade das
propostas. Esta equipa inclui também a participação dos Chefe de Serviços Urbanos
dos Postos Administrativos;
iii. Equipas dos Postos Administrativos, compostas pelo Vereador do Posto
Administrativo, enquanto responsável político local, pelo Chefe de Serviços Urbanos
e pelo moderador das Sessões Públicas de Bairro. Os moderadores são técnicos
dos CMCM responsáveis por assegurar a metodologia participativa ao nível dos
bairros e Postos Administrativos.

3.5. Âmbito Territorial do OP


Devido a constrangimentos financeiros enfrentados pelo CMCM, a implementação desta
metodologia será gradual, abrangendo os 42 bairros da Matola.

Procurando manter o princípio previsto na proposta metodológica de direccionar o OP para


a execução de pequenos investimentos, com um capital médio de aproximadamente
2.000.000,00 Mt por bairro, a Vereação de Finanças e Administração Municipal definiu que
anualmente serão disponibilizados 4% do orçamento de investimento financiado apenas por
receitas propiás, para as actividades do OP. Para as actividades do OP da edição 2016-
2017, definiu-se o valor de 12.000.000Mt e seleccionados 6 bairros. Importa referir que a
definição do número de bairros a constar nos anos subsequentes depende da
disponibilidade financeira do CMCM.

Quadro 3 - Âmbito territorial do OP de 2016/2017

Postos Administrativos Total da População Bairros abrangidos


Matola Sede 221,021 Matola J
Sikuama
Infulene 226,058 Muhalaze
Mali
Machava 225,429 Infulena A
Matlemele

20
Observações metodológicas

A proposta de divisão territorial e orçamental ao nível dos bairros funda-se nos


seguintes elementos:
1. Concentração dos investimentos em dois grupos de bairros e de forma
alternada, assegurando que todos são contemplados com investimentos
públicos;
2. Garantir que todos os bairros serão contemplados com pelo menos um
investimento público, no valor médio de 2.000.000,00 MT, correspondendo
desse modo às expectativas geradas pelo despoletar do próprio processo e
assegurando uma maior distribuição dos recursos públicos;
3. Circunscrever o OP da Cidade da Matola a pequenos investimentos, como
forma de ampliar a sua viabilidade, evitando alguns problemas.

A esta divisão territorial corresponde a atribuição orçamental igualmente faseada, com


verbas provenientes das receitas próprias do CMCM. A proposta metodológica que aqui se
apresenta tem por base a alocação de 12.000.000,00 MT ao processo, cuja segunda
imputação será inscrita ao orçamento municipal de 2017. O mesmo valor, com as devidas
actualizações, deverá ser salvaguardado no orçamento municipal de 2018 de forma a
viabilizar a participação dos restantes bairros pertencentes aos 3 Postos Administrativos.

A selecção dos bairros obedeceu a uma fórmula com três grandes variáveis,
nomeadamente:

I. População
II. Área
III. Infra-estruturas existentes
IV. Maior índice de contribuição do Imposto Pessoal Autárquico (IPA).

21
CAPITULO IV - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DOS CICLOS DO OP

O OP do CMCM assenta em dois grandes ciclos, nomeadamente, o Ciclo de Planificação,


que decorrerá entre Janeiro e Dezembro, e o Ciclo da Execução, que terá lugar de Janeiro
a Dezembro do ano seguinte ao da realização do ciclo de planificação.

1. Ciclo de planificação que corresponde ao procedimento de apresentação de


propostas, de análise técnica e votação pelos munícipes;

2. Ciclo de execução que consiste na concretização/execução das propostas


aprovadas e na sua entrega à população.

4. DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DO CICLO DE PLANIFICAÇÃO


No primeiro ciclo serão recolhidas propostas, em sessões de participação, com o objectivo
de promover a sua apresentação e favorecer a definição colectiva de prioridades através de
um debate entre os participantes, consensualizando e elegendo as propostas que têm
condições para prosseguir para a fase de análise técnica.

As sessões do OP de Matola são abertas à participação de cidadãos, com mais de 18 anos,


e as propostas só podem ser apresentadas em nome individual. Os cidadãos podem
participar em quaisquer sessões de participação do bairro onde reside e as propostas
apresentadas na sessão de um determinado bairro têm de ser para esse bairro.

O Ciclo de Planificação estrutura-se com base em 6 grandes fases, conforme exposto na


Figura abaixo.

Figura 3 - Fases do Ciclo de Planificação do Orçamento Participativo da Cidade da Matola

22
4.1. Preparação do Processo (Fase 1 - Janeiro a Março)
Esta fase contempla as seguintes acções:

4.1.1. Formação das equipas operacionais


O desenvolvimento do processo de OP da Cidade da Matola exige a criação de diferentes
equipas, assim como a preparação de conteúdos formativos específicos.

4.1.2. Estruturação de parcerias externas em prol do OP


A este nível prioriza-se a criação de uma rede de parceiros estratégicos do OP, constituída
por organizações muito diversas, que irão desempenhar um papel determinante na difusão
pública de informação, na divulgação do processo e na monitorização participativa das
diferentes fases do OP. Conta-se, assim, com o envolvimento das seguintes tipologias de
parceiros:

I. Municípios nacionais e cidades de outros países;


II. Comunicação social (televisão, imprensa escrita, rádios comunitárias…);
III. Organizações da sociedade civil (associações comunitárias, agentes da cooperação
descentralizada…);
IV. Grupos comunitários (teatro, rádios comunitárias…);
V. Universidades, entre outros.
O estabelecimento desta rede de parceiros numa fase prévia ao arranque do OP é útil na
medida em que:

I. Cria um ambiente favorável à implementação do OP em diferentes e importantes


sectores da sociedade local;
II. Permite a prestação dos devidos esclarecimentos sobre o processo e a metodologia
prevista, contribuindo desse modo para evitar as habituais dinâmicas de contra-
informação;
III. Amplia a capacidade comunicativa do CMCM, com uma consequente redução de
custos associados à divulgação de informação referentes às diferentes fases do
processo;
IV. Contribui para reforçar o carácter participativo do OP.

Participantes
4.2.
 Conselho Municipal da Cidade da Matola (Equipa de Coordenação Técnica do OP, GC,
GEP, DFAM, VOIM);
 Postos Administrativos;
 Líderes comunitários;
 Secretários dos Bairros/Chefes de serviço;
 Sector Privado;
 Rede de Parceiros Estratégicos do OP.

Divulgação e mobilização pública (Fase 2 - a iniciar em Maio)


Esta fase deverá ser trabalhada de forma específica no âmbito do Plano de Comunicação
do OP. Contudo, as duas grandes acções que se indicam são de extrema importância:

23
4.2.1. Organização de acções de informação e divulgação do OP

De forma a ampliar a capacidade de mobilização dos munícipes para a participação nas


Sessões Públicas nos Bairros, recomenda-se a organização de acções de divulgação sobre
o OP dirigidas à rede de parceiros estratégicos, com o objectivo de solicitar a sua
colaboração na difusão da informação. O papel desta rede não substituiu o necessário
esforço do CMCM, dos Postos Administrativos e dos Conselhos Consultivos de Bairro na
mobilização dos munícipes através dos seus canais de comunicação.

4.2.2. Divulgação das reuniões nos bairros


a) Uso dos canais de comunicação do Posto Administrativo Municipal
A informação deve ser disseminada com recurso aos secretários dos bairros/ chefes de
serviço, chefes dos quarteirões, Conselhos Consultivos de Bairro e aos parceiros
estratégicos do Posto Administrativo Municipal localizados em cada bairro, para ajudarem
na mobilização dos munícipes por forma a garantir uma boa participação. Neste sentido,
serão capacitados os secretários de bairros e as organizações da sociedade civil que
funcionam nos Postos Administrativos.

A equipa de coordenação do OP, com particular intervenção do Gabinete de Comunicação


vai garantir, através dos Chefe de Serviços Urbanos que todas as informações,
cronogramas de actividades e actas abranjam estes canais e por via deles cheguem aos
munícipes.
b) Uso das rádios comunitárias
Na fase da preparação das reuniões nos bairros, o Conselho Municipal vai produzir
comunicados de imprensa dirigidos a estas rádios, actualizando-as sobre as reuniões a ter
lugar, o local e a hora.

c) Uso de entidades influentes no bairro


Serão identificadas em cada bairro entidades influentes que possam ajudar o CMCM a
passar a mensagem. Os vereadores dos Postos Administrativos em coordenação com os
Secretários dos Bairros e os técnicos do Gabinete de Comunicação deverão manter uma
lista actualizada das entidades e respectivos contactos.
d) Uso de espaços de antena
O Conselho Municipal vai desenvolver contactos nos meios de comunicação social de modo
a ocupar espaços de antena em programas informativos das rádios comunitárias e outras
para falar sobre o OP da Cidade da Matola.
e) Uso de materiais impressos
O Conselho Municipal vai disponibilizar cartazes, panfletos e outros materiais com vista a
auxiliar a disseminação da informação nos bairros.

Participantes

 Equipa de Coordenação Técnica do OP, GC e VOIM;


 Postos Administrativos (Vereadores, Equipa do OP, Conselhos Consultivos dos
Posto Administrativos);
 Secretários dos Bairros/Chefes de serviço e Conselhos Consultivos dos Bairros;
 Líderes comunitários;
 Rede de Parceiros Estratégicos do OP.

24
Instrumentos

 Plano de Comunicação;
 Material de formação e informação para Rede de Parceiros Estratégicos;
 Materiais de informação e divulgação do OP (Cartazes, panfletos, entre outros). Esta
informação será detalhada no Plano de Comunicação.

Produtos

 Campanha de comunicação do OP.

4.3. Definição de projectos prioritários (Fase 3 - Maio a Junho)


Esta fase contempla exclusivamente a realização das Sessões Públicas de Bairro.
O ciclo de planificação deste grupo deverá decorrer ao longo do ano, para a orçamentação
dos projectos no ano seguinte e período de execução de Janeiro a Dezembro do mesmo
ano.
As Sessões Públicas de Bairro deverão ser orientadas de acordo com a seguinte
metodologia:
I. Acolhimento dos participantes. Esta acção destina-se a receber as pessoas que
vão participar, prestar esclarecimentos adicionais e distribuir informação sobre a
Sessão. Recomenda-se que esta função possa ser assegurada pela equipa técnica
do OP e pelo Secretário de Bairro;

II. Mensagem de abertura. Este deve ser um momento muito breve que servirá
apenas para dar as boas-vindas aos presentes e iniciar os trabalhos. Sugere-se que
esta função seja garantida pelo Secretário de Bairro.

III. Explicação da metodologia. Trata-se de apresentar de forma sucinta as diferentes


fases do OP, assim como o funcionamento da Sessão de Participação. A equipa do
OP é a mais indicada para assumir esta função;

IV. Organização em subgrupos. Os presentes devem ser organizados em grupos de


aproximadamente 10 a 15 pessoas. Sugere-se que seja o Moderador, com o apoio
da restante equipa, a dirigir esta acção;

V. Apresentação e consensualização de projectos. Cada participante terá a


possibilidade de apresentar um projecto no seu grupo. Isto significa que em grupos
de 10 pessoas poderão surgir no máximo 10 propostas de projectos, sendo uma por
cada um dos participantes. Depois da apresentação individual dos projectos deverá
existir um espaço de debate. Este poderá conduzir à fusão ou eliminação de
propostas. Depois de partilhadas as diferentes opiniões, os participantes deverão
eleger o projecto mais prioritário do grupo que passará à fase de plenário. O ideal é
poder assegurar esta priorização com base numa estratégia de construção de
consensos, mas se tal não for possível deve ser realizada uma votação das
propostas. Os projectos devem ser expressamente localizados no território para que
não existam dúvidas na fase de votação em plenário.

25
O produto a extrair de cada grupo é uma lista de projectos dispostos pela ordem de
prioridade definida pelos participantes. O moderador, apoiado pela restante equipa
do OP, irá circular pelos grupos prestando apoio aos participantes sempre que tal se
justifique. O Chefe de Serviços Urbanos desempenhará um papel importante nesta
fase das Sessões, no apoio à triagem de projectos. O objectivo é aconselhar os
diferentes grupos de participantes a não aprovarem projectos que excedam
claramente o âmbito do OP. Isto visa evitar o envio para análise técnica de projectos
que não se adequam às características definidas para o OP. De referir que a decisão
final de viabilidade dos projectos cabe à equipa de análise técnica, que contará
também com a participação dos Chefe de Serviços Urbanos dos Postos
Administrativos.
VI. Apresentação dos projectos em plenária – Deverá ser designado em cada grupo
um porta-voz, cuja missão será a de apresentar em plenária o projecto considerado
prioritário. Cabe ao moderador da sessão assegurar a uniformidade dos tempos
utilizados por parte dos diferentes porta-vozes. As apresentações devem ser
sintéticas, não excedendo 1 minuto cada;
VII. Priorização dos projectos – É nesta fase que terá lugar a hierarquização dos
projectos do Bairro, através de voto secreto e individual. A votação deverá
processar-se da seguinte forma:

 Identificação dos projectos a votação através de uma folha A3 com o nome e uma
imagem alusiva ao tipo de investimento proposto;
 Junto de cada projecto existirá uma urna;
 Cada participante terá direito a um cartão de voto que deverá depositar na urna
correspondente ao projecto que defende;
 Contagem pública dos votos e divulgação dos resultados;
VIII. Constituição do Núcleo de Monitorização Participativa – No final de cada sessão
deverá ser criado este núcleo ao nível do bairro, composto por cinco à sete
munícipes não integrantes de qualquer estrutura da Administração Pública Local,
para acompanhar todas as fases do processo ao nível do bairro, incluindo a
execução dos projectos. Este assunto será abordado no ponto referente à avaliação
do ciclo de execução dos projectos do OP.

Observações metodológicas
Metodologia dos subgrupos
A metodologia proposta para as Sessões Públicas de Bairros visa assegurar condições
mais igualitárias de participação entre as diferentes pessoas. O formato de pequenos
grupos cria um ambiente mais propício à intervenção de todos os participantes. Por
oposição, o formato de assembleia é mais difícil de gerir e impeditivo da intervenção de
um número mais alargado de pessoas. O contexto de assembleia favorece os elementos
mais activos, normalmente os líderes locais, e inibe as pessoas menos confiantes.
Para sessões até aproximadamente duzentos participantes recomenda-se que os
subgrupos tenham no máximo 10 pessoas.
Caso se verifique um número de participantes situado entre os duzentos e os trezentos
sugere-se a criação de subgrupos com cerca de 20 pessoas.

26
Se o número de participantes exceder as trezentas pessoas devemos equacionar um
reforço da equipa de moderação ou eventualmente uma metodologia diferente.

Elegibilidade dos projectos


Para serem considerados elegíveis no OP, os projectos devem obedecer aos seguintes
critérios:
 Inserirem-se nas áreas de competência do CMCM;
 Corresponderem a pequenos investimentos (cujo valor máximo orçamental será
definido pelo montante atribuído ao Bairro);
 Ser para aplicação em Investimento ou aquisição de Equipamentos para benefício
directo dos munícipes;
 Não excederem os dois anos de execução (incluindo a elaboração, o processo de
concurso e a contratualização);
 Não ser um projecto já previsto no Plano de Actividades e Orçamento do CMCM.

Votação dos projectos


Recomenda-se a criação de desenhos alusivos aos vários tipos de projectos
frequentemente identificados e passíveis de realização no âmbito do OP da Cidade da
Matola, que servirão para ilustrar as propostas colocadas a votação nos plenários. Estes
desenhos serão certamente muito úteis para as pessoas que não sabem ler, nem
escrever.

Por cada Sessão Pública de Bairro deverá ser produzida uma acta com os resultados
obtidos em termos de participantes, projectos propostos e sua priorização, assim como dos
membros que vão compor o Grupo de Monitorização Participativa. Esta acta deverá ser
publicitada e endereçada à equipa da análise técnica dos projectos, com toda a
documentação anexa.

Participantes

 Munícipes;
 Secretário de Bairro;
 Equipa do Posto Administrativo Municipal (Chefe de Serviços Urbanos, Moderador);
 Equipa de Coordenação Técnica do OP, VOIM.
Instrumentos

 Guião metodológico das Sessões Públicas;


 Folha de presenças;
 Ficha de caracterização dos participantes;
 Apresentação sintética do orçamento municipal;
 Ficha de prestação de contas (estado de execução dos projectos do OP);
 Ficha dos projectos dos sub-grupos;
 Ficha com tipologias de projectos do OP;
 Cartão de voto;
 Urnas de voto;
 Desenhos ilustrativos dos projectos-tipo do OP;
 Boletim de contagem dos votos por projecto;
 Ficha de avaliação das Sessões;
 Modelo de Acta da Sessão Pública.
Produtos

 Acta da Sessão Pública.

27
4.4. Análise e validação técnica (Fase 4 - Agosto a Setembro)

Esta é uma fase decisiva do OP. Uma correcta avaliação técnica da viabilidade dos
projectos é essencial. Será criado um grupo de inter-serviços que irá assegurar a análise
técnica dos projectos priorizados nos Bairros. Este grupo é denominado por Equipa de
Análise Técnica e é coordenado pelo VOIM contando com a colaboração de representantes
de outras unidades orgânicas do CMCM, incluindo os Chefe de Serviços Urbanos dos
Postos Administrativos.

A análise técnica irá incidir sobre o projecto mais votado em cada bairro, passando ao
segundo mais votado sempre que o primeiro não seja viável ou se o orçamento atribuído a
cada bairro permita financiar mais do que um projecto.
O trabalho de análise técnica deverá contemplar visitas aos bairros para avaliar as
condições de implementação física de cada projecto. Estas visitas serão articuladas com os
Chefe de Serviços Urbanos dos Postos Administrativos, os Secretários de Bairro e os
proponentes dos projectos.
Caso se conclua pela viabilidade de um dado projecto, o chefe dos serviços urbanos deve
assegurar que as condições físicas de implementação no terreno não sofram alterações até
à fase de execução da obra. Isto significa, por exemplo, não permitir a instalação de outras
edificações ou o desenvolvimento de intervenções que impliquem alterações às condições
estruturais de execução dos projectos tal como previsto em sede de análise técnica.
Concluída a análise técnica, os projectos deverão ser organizados em Carteiras de
Investimentos que serão enviadas para os Postos Administrativos para seguimento do
lançamento de concursos em coordenação com a UGEA. Segue-se a adjudicação e
execução das empreitadas.
A Análise e Avaliação Técnica das propostas são compostas pelas fases que abaixo se
descrevem, distribuindo as tarefas pelo, VOIM, UGEA e Postos Administrativos:
4.4.1. Preparação dos Projectos
Tendo em conta que as propostas sujeitas à votação já terão passado por uma
triagem preliminar no que respeita à obediência dos critérios de elegibilidade, a equipa
de Análise Técnica passa a preparar a carteira de projectos seguindo critérios
técnicos e distribuindo as competências dos membros da equipa do seguinte modo:
a) O Posto Administrativo Municipal (Chefe de Serviços Urbanos e
Económicos):
 Identificar o local alvo de intervenção ou a parcela para implementação do
projecto;
 Fazer o levantamento do local proposto para implementação do projecto
preparando a planta de localização e/ou a planta topográfica;
 Preparar uma memória descritiva das condições encontradas (como sendo
dados sobre a existência de rede de abastecimento de água, luz e esgoto,
sobre o acesso ao terreno, entre outros) e da proposta de intervenção;
 Garantir o levantamento físico e a recolha toda informação adicional que vai
apoiar na formalização do projecto.

28
Sendo assim, o Posto representa o Dono da Obra, traduzindo a necessidade da
comunidade em ideia que posteriormente é convertida em projecto pela VOIM.
b) A VOIM:
Passa a avaliação das propostas para a elaboração dos projectos, seguindo os
seguintes passos:
 Avaliação da proposta, que consiste na verificação dos critérios de
elegibilidade do OP (custo, prazo de execução, impactos, sustentabilidade,
área de competência, plano de actividades do CMCM);
 Preparação do projecto executivo, que envolve a elaboração das peças
desenhadas (plantas, alçados, cortes, detalhes e cálculo estrutural), peças
escritas (memória descritiva e especificações técnicas) e mapa de medições e
estimativa de custos;
 Validação da proposta;

Participantes
 Equipa de Projectos do OP, Equipa de Coordenação do OP;
 Postos Administrativos (Chefe de Serviços Urbanos).
Instrumentos
 Ficha-modelo para análise técnica dos projectos;
 Lista de custos médios de investimento;
 Portefólio de projectos-modelo do OP.
Produtos
 Carteira de Investimento dos postos Administrativos.

4.5. Aprovação do Plano e Orçamento (Fase 5 - Outubro a Dezembro)


Esta fase corresponde à inclusão dos projectos do OP na proposta de Plano e Orçamento
do CMCM para o ano seguinte.

Os projectos do OP serão comtemplados no plano de actividades e devidamente


orçamentados, assegurando em simultâneo que cada projecto corresponde a um
investimento específico. Só assim se torna possível isolar as intervenções do OP, de forma
a conseguir avaliar os graus de eficácia e de eficiência associados ao processo,
comparando-os com os graus correspondentes à execução dos restantes investimentos
realizados pelo CMCM no mesmo período. Esta pode ser uma análise interessante para
ajudar a compreender de que forma o OP permite a introdução de melhorias no
funcionamento interno do próprio CMCM.
Os prazos para a aprovação do Orçamento Municipal no CMCM e na Assembleia Municipal
são os que se encontram consagrados na lei, pelo que os serviços devem assegurar a
compatibilização do OP com essas exigências.

Participantes

 Equipa de Coordenação Técnica do OP,VOIM.


Produtos

 Plano de actividades;
 Orçamento Municipal.

29
4.6. Monitoria e Avaliação global do processo (Fase 6 - Janeiro a Dezembro)
A avaliação global do OP, cuja responsabilidade é da Equipe de coordenação técnico do
OP, exige a criação de instrumentos de gestão e monitorização de todas as fases do
processo que serão essenciais para a constituição de uma base documental sobre toda a
dinâmica de participação.

O modelo de monitorização e avaliação do OP da Cidade da Matola deverá integrar os


ciclos de definição e de execução, assegurando desse modo uma visão mais abrangente
sobre o processo, os seus resultados e impactos, sustentando-se em cinco princípios
essenciais:
 Selectividade - Sugere-se um exercício de selecção que deverá centrar a análise
do OP nos aspectos considerados mais relevantes, diferenciando-se deste modo de
uma pesquisa exaustiva.
 Evolutividade - Recomenda-se que o modelo se desenvolva a partir de um conjunto
determinado de instrumentos e de três níveis de complexidade, nomeadamente: i) o
primeiro corresponde às informações recolhidas pelo próprio CMCM; ii) o segundo,
com maior grau de complexidade, derivado de um painel de organizações da
sociedade civil às quais caberá uma monitorização participativa do OP; iii) o terceiro,
dos próprios participantes do OP. Caso seja possível reunir as condições técnicas e
logísticas poder-se-á equacionar um quarto nível de complexidade dirigido à
população em geral.
 Auto-reflexividade / Auto-formação - O modelo de monitorização e avaliação
deverá ser concebido de forma a funcionar como um instrumento de aprendizagem
para o CMCM, permitindo que este possa compreender as potencialidades e as
fragilidades do processo, suportando de forma sustentada a tomada de decisão em
relação à introdução de melhorias no funcionamento e na metodologia do OP.
 Comunicabilidade - A informação recolhida no âmbito do modelo deve ser
inteligível e de fácil compreensão para qualquer interessado, destacando quatro
públicos essenciais: o CMCM, a rede de parceiros estratégicos, o painel de
monitorização participativa e os munícipes.
 Arquivo documental - O modelo deverá permitir o registo de toda a informação
escrita e multimédia referente ao OP, viabilizando a construção de um historial do
processo que sirva os propósitos do CMCM, mas também de outros agentes
externos, como é o caso da rede de parceiros estratégicos do OP, a comunidade
académica (investigadores e docentes universitários), outras administrações locais
moçambicanas ou estrangeiras, entre outros.
Face ao exposto, recomenda-se o mapeamento de todos os envolvidos no modelo de
monitorização e avaliação do OP e das respectivas funções. Destaca-se a nível interno o
papel das Unidades Orgânicas implicadas no processo (ver proposta de organigrama
funcional do OP), assim como da equipa do OP à qual caberá a condução técnica de todo
este trabalho.
Em termos externos recomenda-se a criação de dois tipos de estrutura para apoiar a
monitorização e a avaliação participativa do OP. Uma delas, referida na fase das Sessões
Públicas, deverá actuar ao nível de cada bairro e será composta quatro pessoas que não
integram qualquer organismo da Administração Pública Local, a que designamos de
Núcleos de Monitorização Participativa. A outra deverá funcionar ao nível macro,

30
recomendando-se o recurso à Rede de Parceiros Estratégicos como interlocutores que
podem acompanhar o desenvolvimento do processo.
Cumprindo os requisitos de transparência e de prestação de contas exigidos em qualquer
processo de OP, o CMCM deverá produzir anualmente um relatório global de avaliação e
assegurar a sua divulgação pública.

Participantes

 CMCM
 Postos Administrativos
 Secretários de Bairro/Chefes de serviço
 Munícipes;
 Organizações da Sociedade Civil (onde se inclui a rede de parceiros estratégicos e o
painel de organizações responsáveis pela monitorização e avaliação participativa do
OP.
 Sector privado.
Instrumentos

 Todos os instrumentos de gestão do processo.


 Ficha de avaliação da satisfação dos participantes.
Produtos

 Sistema de informação sobre o OP (base documental);


 Relatório anual de avaliação do OP da Cidade da Matola.

31
5. DESCRIÇÃO DO CICLO DE EXECUÇÃO DO OP

O Ciclo da Execução estrutura-se com base em 5 grandes fases, conforme proposto na


Figura que se segue.
Figura 4 - Fases do Ciclo de Execução do Orçamento Participativo

1. Preparação dos
projectos

2. Abertura dos
5. Avaliação global concursos e
contratualização

4. Entrega dos 3. Execução dos


projectos projectos

5.1. Preparação dos projectos (Fase 1 - Janeiro a Abril)


A preparação dos projectos é da responsabilidade da VOIM em articulação com as
Unidades Orgânicas das áreas de competência respectivas aos investimentos em causa.
Este trabalho deverá ter como base de referência a análise técnica efectuada
anteriormente.

Tendo por base o processo de desconcentração de competências e funções em curso,


recomenda-se que este trabalho possa passar gradualmente para a competência dos
Postos Administrativos. A lista de custos médios de investimento, devida e
permanentemente actualizada, assim como os desenhos modelos do OP, servirão de
auxílio a esta passagem.
Depois de preparados, os projectos devem ser endereçados à UGEA e aos Postos
Administrativos para a elaboração dos cadernos de encargos e abertura dos respectivos
concursos.

Participantes

 CMCM (Vereação de Obras e Infra-estruturas);


 Postos Administrativos.
Instrumentos

 Ficha-modelo para a elaboração dos projectos;

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 Ficha de análise técnica dos projectos elaboradas no ciclo de planificação;
 Lista de custos médios de investimento, devidamente actualizada;
 Portefólio de projectos-modelo.
Produtos

 Carteira de projectos do OP.

5.2. Abertura dos concursos e contratualização (Fase 2 - Janeiro a Agosto)


A abertura dos concursos é uma atribuição da UGEA, que implica assegurar
necessariamente os trâmites internos e os procedimentos previstos na legislação.

De forma a agilizar os processos, dotando o CMCM de um maior nível de eficácia e


eficiência na execução dos projectos, os Postos Administrativos irão assumir a função de
abertura de concursos e a gestão dos contractos depois de adjudicados pelo CMCM. Esta
medida visa melhorar o desempenho do CMCM na execução dos projectos do OP,
assegurando maior celeridade na abertura dos concursos e na contratualização.

Após a validação das propostas e elaboração dos projectos, a carteira de projectos é


enviada aos Postos Administrativos, para prossecução dos seguintes passos:
I. Preparação dos Cadernos de Encargos;
II. Lançamento dos Concursos;
III. Avaliação das Propostas;
IV. Preparação de parecer para a UGEA.

Concluídas as actividades acima referidas e enviados os documentos para a UGEA, este


tem as seguintes funções:
V. Adjudicação das obras;
VI. Elaboração de contractos;
VII. Autorização de pagamento do adiantamento aos empreiteiros.

Participantes

 Equipa de Projectos do OP, UGEA;


 Postos Administrativos.
Instrumentos

 Formulário de abertura de concursos.


Produtos

 Projectos elaborados e adjudicados.

5.3. Execução dos projectos (Fase 3 - Janeiro a Agosto)


Esta fase inicia-se com a adjudicação dos projectos às entidades executoras, devendo a
implementação dos mesmos ter início impreterivelmente entre Julho e Novembro
(contractos assinados e execução física iniciada), de forma a garantir uma efectiva e
atempada realização dos compromissos assumidos pelo CMCM no ciclo de planificação.

Durante esta fase de execução das obras, as competências dos órgãos estão distribuídas
da seguinte forma:

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5.3.1. O Empreiteiro/Prestador de Serviços:
Compete a este a execução da obra de acordo com o projecto e mediante o
pagamento dos trabalhos realizados mensalmente, devendo cumprir:
 Cronograma da obra para alcance do prazo estipulado;
 Especificações técnicas;
 Facturação dos trabalhos;
 Participar e facilitar a realização de reuniões semanais de obra com Chefe de
Serviços Urbanos e mensais com a equipa de análise técnica e os núcleos de
monitorização participativa.

5.3.2. O Posto Administrativo Municipal (Chefe de Serviços Urbanos):


 Acompanhar as obras, elaborando relatórios semanais (ficha de monitoria) para
envio à Chefe da Equipa de Análise de Projectos;
 Representar os interesses do Dono da Obra;
 Desembaraçar constrangimentos e apoiar na contratação de serviços de água e
energia para a nova infra-estrutura;
 Verificar autos de medições das facturas do empreiteiro;
 Coordenar visitas do Excelentíssimo PCM, de Vereadores, Órgãos de
Comunicação, Conselhos Consultivos, da Comunidade, etc;
 Prever a sustentabilidade do projecto.

5.3.3. A VOIM:
 Prestar assistência técnica ao Posto Administrativo Municipal (PA);
 Efectuar visitas mensais à obra;
 Validar facturas do empreiteiro para pagamento pelo Posto Administrativo;
 Elaborar relatórios mensais para a Equipa de Coordenação do OP;

5.3.4. Os Conselhos Consultivos:


Os Conselhos Consultivos de Posto Administrativo e de Bairro irão assumir um papel
importante no acompanhamento desta fase do processo, juntamente com a
Administração do Posto Administrativo, à qual cabe a monitorização da execução dos
projectos.

Participantes

 Postos Administrativos (Chefe de Serviços Urbanos);


 Conselho Consultivo de Posto Administrativo;
 Conselhos Consultivos de Bairro;
 Núcleo de Monitorização Participativa de Bairro;
 Equipa de Coordenação Técnica do OP e VOIM;
 Munícipes.
Instrumentos

 Ficha de monitorização da execução dos projectos.


Produtos

 Projectos acompanhados e realizados dentro dos prazos previstos no Ciclo de


Execução.

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5.4. Entrega dos projectos (Fase 4 - Janeiro a Dezembro)

Esta fase corresponde à finalização da execução física dos projectos e à sua entrega à
população. Após a conclusão, os projectos serão entregues à comunidade, devendo o
Posto Administrativo preparar:
 A cerimónia de recepção provisória a nível técnico ou de inauguração a nível
superior;
 A informação ao Gabinete de Comunicação para divulgação nos órgãos de
comunicação;
 A imagem do OP deverá ser colocada em todos os projectos, de forma a ficar visível
para os munícipes.

Os Conselhos Consultivos de Posto Administrativo e de Bairro irão assegurar a função de


monitorização da utilização dos projectos.

Participantes

 Equipe de coordenação do OP;


 Postos Administrativos;
 Conselhos Consultivos de Bairro;
 Sector privado,
 Munícipes.
Instrumentos

 Nenhum instrumento em particular, recomendando no entanto uma ampla divulgação


das cerimónias de entrega dos projectos, o que poderá requerer a criação de
instrumentos de informação do OP. Esta questão deverá ser respondida no âmbito do
Plano de Comunicação.
Produtos

 Projectos realizados, identificados com a imagem do OP e entregues à população


dentro dos prazos previstos.

5.5. Avaliação global (Fase 5 - Janeiro a Dezembro)

Esta fase está intimamente relacionada com a avaliação prevista no ciclo de planificação,
correspondendo grosso modo à avaliação da execução dos projectos, o que nos remete
necessariamente para um balanço sobre os resultados e os impactos do OP ao nível na
melhoria das condições de vida das pessoas, da democratização da gestão dos recursos
públicos, do reforço da sociedade civil, entre muitos outros aspectos.

Esta avaliação é feita a nível global, envolvendo a comunidade, os Conselhos Consultivos e


outros órgãos de monitoria do CMCM, devendo ser verificado fundamentalmente:
I. Se responde às especificações do projecto (qualidade e prazos);
II. Se responde à espectativa ou necessidade do Bairro;
III. Se melhora a vida dos munícipes do Bairro.
O exercício de avaliação requer a articulação de diferentes visões do processo,
nomeadamente a institucional, protagonizada pelo CMCM, e a participativa, assegurada
pelos participantes, pela rede de parceiros estratégicos e por um painel de organizações
criado para o efeito. Sintetizando, o processo de Orçamento Participativo deverá assegurar

35
dois sistemas complementares de monitorização e avaliação, nomeadamente a
“Administrativa” e a “Participativa”.
A primeira é protagonizada pelo CMCM, assegurando uma articulação eficaz entre as
diferentes instâncias de representação, nomeadamente os Pelouros, as Unidades
Orgânicas, onde se incluem os Postos Administrativos, os Conselhos Consultivos dos Posto
Administrativos e dos Bairros.
Cabe aos Chefe de Serviços Urbanos dos Postos Administrativos visitar semanalmente as
obras1, para acompanhar a evolução das mesmas e o cronograma de execução. De cada
visita deve ser produzida uma síntese informativa para a Equipa de Coordenação do OP, a
VOIM e os Secretários de Bairro. A estes últimos solicita-se que informem os Chefes de
Quarteirão e restante população interessadas. Ainda no âmbito da monitorização
administrativa, cabe a VOIM realizar visitas periódicas às obras, para fiscalização técnica
dos investimentos em curso. Estas devem ser acompanhadas pelos Chefe de Serviços
Urbanos e pelos secretários de bairro.
Relativamente à monitorização participativa, esta deve basear-se na criação de grupos de
cinco a sete pessoas constituídos ao nível de cada bairro, devendo ser assegurados os
seguintes critérios na constituição dos grupos:
 Cidadãos não integrantes da Administração (inclui Chefes de Quarteirão, Secretários
de Bairro, Chefes das 10 casas, Conselhos Consultivos);
 Dois homens e duas mulheres;
 Moradores do bairro;
 Proponentes dos projectos;

A estes quatro critérios devem ainda somar-se duas preocupações, nomeadamente a


selecção de pessoas em situações de vulnerabilidade e de jovens.
Estes grupos devem acompanhar as visitas mensais às obras, realizadas pela VOIM e
pelos Chefe de Serviços Urbanos.

Participantes

 Postos Administrativos
 Conselhos Consultivos de Posto Administrativo;
 Conselhos Consultivos de Bairro;
 CMCM
 Munícipes;
 Organizações da Sociedade Civil (onde se inclui a rede de parceiros estratégicos e o
painel de organizações responsáveis pela monitorização e avaliação participativa do OP.
Instrumentos

 Todos os instrumentos de gestão do processo;

1
A VOIM deve organizar uma acção de formação para os Chefes de Serviços, para que estes se preparem da
melhor forma possível para as visitas semanais de acompanhamento das obras.

36
 Ficha de avaliação da satisfação dos participantes.
Produtos

 Ficha de avaliação de cada um dos projectos.

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