O profissional da contabilidade é o responsável pelo registo dos factos administrativos,
pela elaboração e análise dos relatórios contabilísticas para que a administração da entidade obtenha suporte para tomar decisões e alavancar os rumos do negócio, sempre que possível maximizar os seus resultados (lucro). 1. Conceito da Contabilidade Existe várias definições de contabilidade pois alguns definem como ciência e outros como técnica. No entanto a definição mais aceitada actualmente é do célebre professor João Esteves Pereira que define a contabilidade como uma ciência. Contabilidade é um conjunto de técnicas para controlar o património das organizações mediante a aplicação do seu grupo de princípios, técnicas, normas e procedimentos próprios, medindo, interpretando e informando os factos contabilísticos aos donos das empresas. A contabilidade é um sistema de recolha, classificação, interpretação e registo dos factos patrimoniais das empresas ou organizações, ocupando-se deste modo do registo dos valores em repouso (valores do caixa, do banco, das mercadorias, das matérias-primas etc.) e dos valores em movimento (valores de clientes, fornecedores, estado compras, vendas, custos de funcionameto etc.). Este sistema tem como base a recolha, classificação, interpretação e registo das operações ou dos factos patrimoniais. Como técnica: define-se a contabilidade como uma técnica de registos das variações patrimoniais de uma entidade ou dos factos patrimoniais de uma entidade. Contabilidade é definida como sendo uma ciência de natureza económica cujo objectivo é realidade económicas de qualquer entidade seja ela pública ou privada analisada em termos quantitativos e por métodos específicos com o fim de obter informação económico-financeira indispensável para a gestão dessa entidade - João Esteves Pereira 1.2. Objectivo da Contabilidade Contabilidade é uma ciência social, cujo objecto é o Património das entidades. O objectivo da Contabilidade: “é dar informações contabilísticas sobre a posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa que sejam úteis a um grande número de usuários em suas tomadas de decisões”, isto é, de uma forma geral o objectivo da contabilidade é de produzir demonstrações financeiras que sirvam de suporte para a tomada de decisões pelos gestores da empresa ou organizações.
2. Normas e regulamentos para o exercício da actividade contabilística em
Moçambique: Decreto 70/2009 de 22 de Dezembro, Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro, Imposto Sobre Valor Acrescentado Lei no 34/2007, de 31 de Dezembro, Código de IRPC (artigo 74,75) Lei nº 20/2013, de 23 de Setembro, Código de Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Singulares Lei no 2/2005, de 27 de Dezembro, Código Comercial de Moçambique (de artigo 16, 42-65) Lei 4/2007 de 7 de Fevereiro, Lei de Protecção Social
Imposto sobre o Valor acrescentado – IVA : Taxa normal é de 17%
Imposto sobre o rendimento de pessoas colectivas – IRPC: Taxa normal varia de 10% a 32 % Imposto sobre o rendimento de pessoas Singulares –IRPS : Taxa é variável segundo o número de dependente e rendimentos (inclusive a sua proveniência) que o indivíduo aufere. Segurança Social –INSS: Taxa normal 7% dos quais 3% ao encargo do trabalhador
e 4% ao encargo da entidade patronal (empresa).
3. Contabilidade financeira vs gestão
A contabilidade tem a flexibilidade de se adaptar à natureza da actividade que a empresa desenvolve. Nos dias que correm e onde é necessária cada vez mais informação em tempo real a contabilidade financeira e de gestão são preponderantes na tomada de decisões e como tal aliadas ao desenvolvimento da empresa. Em termos teóricos a contabilidade financeira ou externa, também conhecida como contabilidade geral trata essencialmente de relatar a parte financeira (posição, desempenho financeiro) da empresa através das demonstrações financeiras, informação essa que tem como principais utentes os accionistas, investidores, fornecedores, clientes, entre outros interessados. A elaboração da contabilidade financeira é obrigatória por Lei, actualmente normalizada pelo sistema de normalização contabilístico e tem por base princípios contabilísticos geralmente aceites. A sua periodicidade de apresentação pode ser mensal, trimestral ou anual consoante as necessidades da empresa. Por outro lado surge a contabilidade de gestão ou interna, também conhecida como contabilidade analítica, tem como principal objectivo a gestão dos custos dos produtos vendidos e serviços prestados, assim como fornecer informação que não se encontra na contabilidade financeira, por norma esta informação reporta apenas aos directores e chefias, não chegando até aos accionistas. Não é uma contabilidade obrigatória por Lei, nem estão definidos princípios contabilísticos para a mesma, baseia-se essencialmente em relatórios internos que têm como foco a estratégia e desempenho da empresa.
Quadro resumo da diferença entre contabilidade financeira e de gestão
Quanto a: CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE DE GESTÃO
Obrigatoriedade É obrigatória por lei Não é obrigatória
Periodicidade Tem periodicidade definida Não tem periodicidade definida Objectivo Produzir demonstrações Produzir informação específica financeiras para auxílio a gestão e controlo da empresa Horizonte Voltada para o passado da Voltada para a projecção do temporal empresa futuro da empresa a partir do histórico contabilístico Utentes/Usuários Internos e externos (Investidores, Gestores (directores e chefes) e instituições financeiras, clientes, consultores fornecedores, Estado, trabalhadores, sócios e publico em geral)
4. USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTABÍLISTICA
As informações geradas pela Contabilidade devem propiciar os seus usuários base segura às suas decisões pela compreensão do estado em que se encontra a entidade ou a empresa, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece. Os usuários da Contabilidade são todas as pessoas – físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas - com interesse na entidade, sejam: administradores, sócios ou accionistas, empregados, fornecedores, financiadores e demais credores, clientes, governos nos diversos níveis, integrantes do mercado financeiro e de capitais, além dos meios de comunicação e do público em geral, isto é, trata-se das pessoas e entidades externas à entidade. A informação contabilística é requerida por vários utilizadores os quais a analisam para tomada de decisões e outros propósitos. Assim os utilizadores ou os interessados da informação contabilística são: Investidores sócios ou prioritários – cujo interesse é de ter informações que lhes permitam acompanhar a evolução do negócio da empresa de modo assegurar o retorno dos seus investimentos feitos na empresa. Ou seja estão interessados na informação contabilística para poder avaliar a capacidade de retorno dos investimentos feitos. Também precisa de informações para poder avaliar e tomar de decisões de comprar, manter ou vender seus investimentos. Gestores e administradores – cujo interesse é de ter informações que lhes fazer um bom planeamento, organização e controlo das actividades da empresa e para melhor tomada de decisões . Estado – tem interesse na alocação de recursos financeiros a partir de impostos. Por isso exigem obrigatoriamente que as empresas a produzam sempre informações contabilísticas com objectivo é de poder fazer cálculo de imposto, fazer estáticas e elaboração de política económica e regular a actividade das mesmas. Instituições Financeiras (Bancos etc.) – cujo interesse é de avaliar a segurança de retorno dos empréstimos concedidos a empresa e os respectivos juros. Ou seja estão interessados m informações que lhes permitam determinar se os empréstimos concedidos e os respectivos juros sarão pagos na data do seu vencimento. Trabalhadores – cujo interesse é de avaliar a segurança dos seus postos de trabalho e das condições salarial e social. Ou seja avaliar a capacidade de a empresa apagar as suas remunerações e as pensões. Fornecedores – os fornecedores e outros credores comerciais estão interessados em informações que lhes permita avaliar se os montantes devidos serão pagos na data do seu vencimento. Devedores ou Clientes – cujo interesse é de avaliar a possibilidade de continuação de venda de bens e serviços pela empresa ou seja avaliar a continuidade de fornecimento de bens e serviços pela empresa. Comunidade ou o publico em geral – cujo interesse é de avaliar a capacidade de apoio a comunidade em termos de apoio as actividades de responsabilidade social e em termos de satisfação das necessidades de bens e serviços.
5. Causas da Adpção das Normas Internacionais de Contabilidade NIC
Definição Normalização contabilística consiste no estabelecimento de normas, princípios, regras, procedimentos que norteiam a actividade contabilística a classificação, processamento da informação contabilística, elaboração e apresentação das demonstrações financeiras. A normalização contabilística O fenómeno Globalização pode ser entendido como sendo o processo pelo qual os mercados e a produção de diferentes continentes se tornam crescentemente interdependentes como consequência do desenvolvimento dos fluxos de capitais e das transferências de capital e das tecnologias. Com a crescente inter penetração e crescimento dos mercados económicos e financeiros surgiu a necessidade de minimizar as inconsistências nos procedimentos contabilísticos, entre os diversos países. Tornou-se assim urgente a implementação de um corpo de normas, aceites internacionalmente, por forma a assegurar que a informação financeira fosse transparente, compreensível, fiável, consistente e comparável à escala internacional, uma vez que as linhas orientadoras usadas para o tratamento da informação financeira num país podia ter um impacto diferente num outro país, podendo assim conduzir a diferenças de resultados nas demonstrações financeiras. Essa ausência de comparabilidade conduzia os destinatários da informação financeira a situações indesejáveis pois, se se tratasse de uma empresa multinacional teria que preparar vários relatos financeiros de acordo com o número de países destinados e isso tornava o processo mais caro. Outro factor que conduziu a necessidadede normalização contabilística foi a crescente necessidade das empresas emitirem títulos mobiliários para o incremento do capital bem como a necessidade de pedido de financiamento a instituições financeiras no exterior e era necessário que as demonstrações financeiras fossem uniformes. O processo de convergência contabilística possui como objetivo integrar as práticas contabilísticas entre os países, atendendo a necessidade de informação contabilística padronizada por parte dos usuários, principalmente dos mercados financeiros e de capitais. Esse processo busca harmonizar diferenças de padrões contabilísticas existentes, tornando possível a comparabilidade da informação com os Generally Accepted Accounting Principles (GAAP) e a maior mobilidade de capitais entre as economias envolvidas.
A mudança de paradigma das Normas Internacionais de Contabilidade (centrada na
técnica contabilística e no custo histórico) para as Normas Contabilidade de Relato Financeiro envolve uma mudança de fundo: Enquanto a primeira (NIC) abrange apenas a contabilidade, a segunda (NCRF) passa a abranger o relato financeiro. Essa mudança aconteceu porque pretendia-se enfatizar a importância do relatório financeiro e não meramente o tratamento de aspectos contabilísticos. Portanto, a aderência das empresas as NIRF ou NCRF funda-se no facto deste transmitir as melhores práticas de relato financeiro das empresas, com maior enfoque na elevada qualidade e uma maior aproximação e harmonização destas práticas, num contexto internacional cada vez mais alargado e globalizante.
6. Instrumentos de suporte para a normalização contabilística
Plano Geral de Contabilidade-PGC-NIRF - Aplicável a medias e grandes empresas (criado pelo Decreto n⁰70/2009 de 22 de Dezembro) é um conjunto completo de princípios, regras e procedimentos, baseado nas normas Internacionais de Contabilidade (NIC) e nas Normas Internacionais de Relato Financeiro (NIRF) emitido pelo IASB (International Acconting Standard Board), com o objectivo de criar transparência para os utilizadores e permitir com que as informações sejam comparáveis em todos os períodos contabilísticos apresentados. Plano Geral de Contabilidade para as Pequenas Entidades PGC-PE- (Aplicável às pequenas empresas) é um normativo cuja estrutura se baseia nos conceitos contabilísticos previstos no PGC–NIRF. Contudo, estabelece um conjunto de regras de reconhecimento, de mensuração, sendo que não é aplicável as empresas públicas ou empresas de capitais maioritariamente públicos; As sociedades cujos títulos estejam cotados na Bolsa de Valores de Moçambique ou aquelas cujos títulos estejam cotados em qualquer outra bolsa de valores, desde que estas tenham a sua sede em Moçambique; Instituições e empresas dos sectores bancários e de seguros sujeitas aos Planos de Contas para as actividades bancárias e seguradora. Normas de Contabilidade de Relato Financeiro (NCRF)- são normas de contabilidade que objectivam proporcionar informação contabilística uniforme a nível internacional.