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A técnica contábil

Prof. José Américo Pereira Antunes

Descrição

Funcionamento das contas. Técnica de escrituração contábil. Balancete de verificação. Demonstrações contábeis simplificadas.

Propósito

Apresentar os conceitos essenciais ao entendimento da técnica contábil, bem como o processo de reconhecimento e mensuração contábil de
eventos econômicos e o levantamento de demonstrações contábeis simplificadas.

Objetivos
Módulo 1

A definição e os objetivos da Contabilidade


Definir a Contabilidade e seus objetivos.

Módulo 2

Equação fundamental da Contabilidade


Identificar a natureza e a dinâmica de funcionamento das contas: a equação fundamental da Contabilidade
Módulo 3

Escrituração contábil
Descrever a escrituração contábil e os livros contábeis obrigatórios.

Módulo 4

Demonstrações contábeis simplificadas


Esquematizar o balancete de verificação e as demonstrações contábeis simplificadas.

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Introdução
O que veremos neste tema?

Neste conteúdo, iremos estabelecer os propósitos e fundamentos da Contabilidade.

Falaremos, de maneira específica, sobre a dinâmica contábil fundamentada na relação entre origens e aplicações de recursos.

Abordaremos também a escrituração contábil (registro da natureza de todos os fatos que ocorrem na empresa) e as demonstrações contábeis
simplificadas.
1 - A definição e os objetivos da Contabilidade
Ao final deste módulo, você será capaz de definir a Contabilidade e seus objetivos.

Objetivo, usuários e tipos


A Contabilidade é o processo sistemático de medir a atividade econômica de uma empresa e fornecer informações úteis para subsidiar a tomada de
decisões econômicas.

Qual é o objetivo da Contabilidade?

Ele é tríplice:

Registrar ou traduzir os eventos econômicos para uma linguagem universal.

Mensurar ou atribuir valor aos eventos econômicos traduzidos.

Divulgá-los ou apresentá-los aos usuários da informação contábil.

Sejam eles complexos ou triviais, esses eventos são processados, reduzidos às suas partes elementares e ordenados de forma lógica.

Periodicamente, essas informações são resumidas em relatórios contábeis que contêm as variações de riqueza ao longo do tempo. Eles podem ser
utilizados pelos usuários para compreender a situação financeira da empresa e subsidiar a tomada de decisões.

Eventos econômicos

Processo da contabilidade financeira

Demonstrações contábeis

Eventos econômicos

Mas quem são os usuários da informação contábil?

Elaborado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o documento CPC 00 - estrutura conceitual para relatório financeiro é claro ao defini-los
como provedores de financiamento para a entidade. Esses usuários, portanto, são exaustivamente citados no documento em questão como
investidores e credores existentes e em potencial.
Além disso, o CPC versa sobre a condição secundária de outros usuários, como os reguladores e o público em geral, em relação a investidores e
credores:

Outras partes, como reguladores e o público em geral, que não investidores, credores por empréstimos e outros
credores, podem também considerar relatórios financeiros para fins gerais úteis. Contudo, esses relatórios não
são direcionados essencialmente a esses outros grupos.

(COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2019, p. 1.)

Ainda que a divulgação da informação contábil esteja voltada a provedores de financiamento para a entidade, como investidores e credores, sua
utilização como elemento de apoio à tomada de decisão não se limita a esses grupos.

Com isso em mente, elencaremos agora os principais usuários da informação contábil e suas necessidades de informação.

Usuários Necessidade de informação

Investidores Retorno sobre o capital investido; potencial de crescimento do valor econômico da entidade.

Segurança no emprego; parcela da riqueza gerada direcionada aos empregados em comparação com os
Empregados
proprietários.

Credores Capacidade de pagamento de principal e juros; garantias disponíveis em caso de inadimplência.

Fornecedores Risco de crédito da organização; prazo de pagamento de fornecedores.

Clientes Segurança na oferta de suprimentos e serviços; capacidade de continuidade da empresa.

Governo Recolhimento de impostos.

BRITTON; WATERSTON, 2006

Um tipo adicional de usuário da informação contábil é representado pelos administradores da entidade.

Contudo, a administração não precisa se basear em relatórios financeiros para fins gerais, pois ela pode obter internamente as informações
financeiras de que necessita, podendo recorrer, inclusive, a análises gerenciais sob diferentes cenários e pressupostos que não se limitem às regras
estritas da contabilidade financeira.

Tipos de Contabilidade
Essa divisão é um arranjo criado para contextualizar as diversas aplicações do setor, constituindo, assim, um misto de doutrina e pronunciamentos.

Há quatro tipos de aplicações da Contabilidade:

Financeira

Objeto de nosso material de estudo, a contabilidade financeira segue estritamente os pronunciamentos, sendo a responsável pela principal fonte de
informações das empresas comerciais aos usuários externos.

Pública

Segue uma lógica similar à da contabilidade financeira, mas aplica-se aos entes públicos, como a União, os estados e os municípios.

Gerencial

Trata-se de uma versão das contabilidades financeira e pública – sobretudo, a primeira – voltada para usuários internos, não estando limitada às leis
ou a outros regulamentos vinculantes. É uma reelaboração das informações contábeis originadas nessas duas contabilidades sob cenários e
pressupostos definidos pela administração.

Fiscal

Ajuste aplicado na contabilidade financeira com o propósito de transformar o resultado contábil em fiscal, o que representa o fato gerador e a base
de cálculo de tributos sobre o lucro, como o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido.

video_library
Usuários e Tipos de Contabilidade
Neste vídeo, um especialista contextualiza os conceitos apresentados até o momento.

Base normativa da contabilidade


Vamos entender um pouco mais sobre as bases da contabilidade a seguir:

Seus princípios representam a essência de doutrinas e teorias relativas à Contabilidade de acordo com o entendimento predominante nos
universos científico e profissional. Tais princípios regem o fenômeno contábil e devem ser observados pelas entidades na aplicação da
contabilidade financeira.
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No Brasil, os princípios de contabilidade são definidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) desde que houve a decisão de
convergi-los aos padrões contábeis internacionais por meio da Lei nº 11.638/17. A partir daí, o comitê foi o encarregado de realizar a transição
dos padrões contábeis emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB) para o ambiente doméstico.
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo:

[...] o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a


divulgação de informações dessa natureza para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora
brasileira, visando à centralização e à uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a
convergência da Contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

(COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2005)

O CPC possui quatorze membros: cada uma das sete entidades que o formam pode nomear dois deles. Além desse contingente, são convidados a
participar representantes de outras entidades privadas e de reguladores do mercado financeiro.

Sete entidades
Associação de Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional);
Brasil, Bolsa, Balcão (B3); Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon); Fundação Instituto de
Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi); e entidades representativas de investidores do mercado de capitais.

Saiba mais
Em 4 de outubro de 2016, o CFC revogou duas resoluções (as de nº 750/93 e 1282/10) que estabeleciam os enunciados dos princípios
fundamentais de Contabilidade.

A partir daí, a referência para a elaboração de padrões contábeis passou a ser a estabelecida no CPC 00 - estrutura conceitual para relatório
financeiro.

Produtos elaborados pelo CPC, os pronunciamentos técnicos, as orientações e as interpretações não têm valor normativo, pois o comitê não tem
competência legal para tal.

Isso garante que:

A divulgação financeira será relevante para os investidores.

Os requisitos de reconhecimento e de mensuração serão baseados nas características qualitativas da informação contábil.

Dessa forma, para que eles se tornem obrigatórios, é necessário que os reguladores, que detêm a competência normativa, os referendem por meio
de atos normativos.

Exemplo
Para que os Comitês de Pronunciamento Contábil (CPCs) se tornem obrigatórios para as sociedades anônimas de capital aberto, a Comissão de
Valores Mobiliários precisa referendá-los. No caso das instituições financeiras, é o Conselho Monetário Nacional.

De maneira geral, os reguladores referendam os pronunciamentos assim que o CPC os emite. A única exceção é o CMN. Este conselho referendou
poucos pronunciamentos para o Sistema Financeiro Nacional, como, por exemplo, o IFRS 9 (CPC 48), que trata de instrumentos financeiros.

O profundo efeito desse pronunciamento nas instituições financeiras e o risco que uma convergência precipitada poderia trazer para a estabilidade
financeira levaram o CMN e o Banco Central a estabelecerem um cronograma de convergência que estimasse os impactos dessa norma no sistema
financeiro.

Saiba mais
Mesmo emitido pelo CPC no final de 2016 e em vigor para as demais entidades a partir de janeiro de 2018, o IFRS 9 (CPC 48) não foi referendado
pelo CMN até o primeiro semestre de 2020.
Além dos CPCs, as entidades comerciais que atuam no Brasil estão sujeitas a outras normas que afetam a contabilidade financeira, como, por
exemplo, a Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas).

Profundamente alterada pela Lei nº 11.638/07, que instituiu a obrigatoriedade da convergência às normas internacionais de Contabilidade, a Lei das
Sociedades Anônimas aplica-se a:

Sociedades por ações de capital aberto ou fechado.

Empresas de grande porte, ainda que elas sejam constituídas na forma de sociedade de capital limitado.

A adoção das normas internacionais de Contabilidade fundiu os CPCs à base normativa aplicável às empresas comerciais.

Sendo assim, o que existe atualmente são leis comerciais combinadas com os CPCs.

As organizações estão sujeitas à normatização emitida pelas próprias autoridades regulatórias do setor econômico em que atuam.

Empresas de grande porte


São consideradas empresas limitadas de grande porte as que possuem um ativo total superior a R$240 milhões ou uma receita bruta anual acima de
R$300 milhões.

Pressupostos básicos
Os pressupostos básicos da informação contábil representam o ponto de partida de qualquer desenvolvimento contábil, já que eles constituem a
base dos critérios de reconhecimento e mensuração dos fenômenos econômicos.

Esses pressupostos são:

Continuidade expand_more

Pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro; portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio
levam em conta tal circunstância. Decorre deste pressuposto que a entidade contábil continuará funcionando por tempo suficiente para
cumprir seus compromissos existentes.

Regime de competência expand_more

Determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente de
recebimento ou pagamento. Em oposição ao regime de caixa, o de competência desconsidera o efetivo recebimento e pagamento como
determinantes do período ao qual as receitas e as despesas se referem. Seu pressuposto define o regime de apropriação de receitas e
despesas da Contabilidade – e é a construção contábil mais relevante.

Tendo por alicerce esses pressupostos básicos, o CPC (2019) afirma que o objetivo das demonstrações financeiras é fornecer informações
financeiras úteis para investidores e credores atuais e potenciais na tomada de decisões sobre o fornecimento de recursos para a entidade.

Tais decisões podem envolver:


monetization_on
Compra, venda ou manutenção de instrumento de patrimônio e de dívida.

monetization_on
Concessão ou liquidação de empréstimos ou outras formas de crédito.

monetization_on
Exercício de direito de votar ou influenciar de outro modo os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.

Para que sejam úteis, as informações apresentadas devem ser relevantes e representar fielmente o que dizem representar. Por isso, a relevância e a
representação fidedigna são características qualitativas fundamentais da informação contábil útil.

A relevância e a representação fidedigna devem estar capacitadas, seja por seu valor preditivo ou confirmatório, para fazer a diferença nas decisões
tomadas.

Relevância
É considerada relevante a informação útil, compreensível, oportuna e pertinente para uma tomada de decisão eficaz.

Representação fidedigna
Informação completa, neutra e isenta de erros que representa a essência dos fenômenos econômicos.

Características qualitativas da informação contábil


Além das características qualitativas fundamentais da informação contábil, o CPC (2019) elenca outras qualitativas de melhoria que ampliam o seu
escopo, sendo capazes de fornecer uma representação fidedigna:

Características
Definição
qualitativas de melhoria

Permite aos usuários a comparação entre as entidades, assim como aquela realizada em uma mesma entidade
Comparabilidade
em períodos distintos, possibilitando a identificação e a compreensão de similaridades e diferenças entre itens.

Ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos
Verificabilidade que pretendem representar. Verificabilidade significa que diferentes observadores bem informados e
independentes podem chegar a um consenso de que uma representação específica é fidedigna.

Significa disponibilizar informações aos tomadores de decisões a tempo para elas serem capazes de
Tempestividade
influenciar suas decisões.

Compreensibilidade Decorre da adequada classificação, caracterização e apresentação de informações de modo claro e conciso.

José Américo Pereira Antunes


O desafio do preparador da informação contábil é:

Maximizar as características qualitativas de melhoria tendo em mente o objetivo de produzir uma informação útil. O exercício que ele não pode
evitar é a busca constante de um equilíbrio entre as diversas características qualitativas.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

As características qualitativas de melhoria ampliam e reforçam o alcance daquelas consideradas fundamentais para a informação contábil útil.
Qual dessas características permite aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre itens?

A Verificabilidade

B Comparabilidade

C Tempestividade

D Compreensibilidade

E Legalidade

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20decis%C3%B5es%20dos%20usu%C3%A1rios%20envolvem%20a%20escolha%20entre%20investir%20em%20uma%20ou%20outra

Questão 2

A Contabilidade apresenta pressupostos básicos que representam tanto os fundamentos da ciência contábil quanto as características
qualitativas fundamentais da informação contábil útil. Esses dois conceitos se relacionam e criam as condições para que ela cumpra seu
objetivo. Entre as alternativas a seguir, assinale a que representa os pressupostos básicos.

A Regime de competência

B Relevância

C Verificabilidade

D Representação fidedigna

E Legalidade

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20regime%20de%20compet%C3%AAncia%20e%20a%20continuidade%20s%C3%A3o%20dois%20pressupostos%20b%C3%A1sicos%

2 - Equação fundamental da Contabilidade


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a natureza e a dinâmica de
funcionamento das contas: a equação fundamental da Contabilidade.

Origens e aplicações de recursos


A dinâmica contábil é fundamentada na relação entre origens e aplicações de recursos. De maneira bem simples:

A origem

Indica a procedência deles.


close

As aplicações

Definem para onde eles vão.

Como o sistema contábil é fechado, toda origem implica uma aplicação, assim como toda aplicação exige uma origem. As origens de recursos
derivam de:

Sócios e credores: representam os provedores de financiamento para a entidade.

Atividade operacional: representa os fluxos de caixa orgânicos gerados pela empresa.

Os sócios
Aportam recursos sem direito de regresso contra a entidade, ou seja, eles não poderão exigir a devolução dos que forem aportados.

close
Os credores

Fazem isso na forma de crédito, possuindo uma previsão de reembolso desses recursos por parte da entidade.

As origens podem ser:

Origens Reconhecimento

Sócios Capital social (também denominado capital próprio).

Capital de terceiros: operações de crédito contratadas pela empresa e títulos de dívida (debêntures, notas
Credores
promissórias e outros) emitidos pela entidade.

Receitas de vendas Fluxos de caixa operacionais decorrentes da atividade operacional da entidade.

Receitas de
Fluxos de caixa operacionais decorrentes da atividade operacional da entidade.
serviços

José Américo Pereira Antunes

As aplicações representam a destinação das origens. Tal destinação se dá por meio da inversão desses recursos em:

1. Bens ou direitos;

2. Gastos voltados para a manutenção da atividade operacional da entidade e a consequente geração de fluxos de caixa.

Aplicações Reconhecimento

Bens tangíveis Dinheiro, estoques, máquinas e equipamentos, veículos e instalações.

Bens intangíveis Patentes, marcas, softwares e direitos autorais.

Direitos Contas e receber, operações de crédito, aplicações financeiras e contas bancárias.

Despesas Gastos necessários para a geração de receitas e a manutenção da atividade operacional da empresa.

José Américo Pereira Antunes

Contas e planos de contas


O passo seguinte na compreensão da dinâmica contábil é o entendimento das contas ou rubricas contábeis. Elas são os elementos que refletem a
tradução do evento econômico e acumulam os valores de sua mensuração.

As contas ou rubricas contábeis serão sensibilizadas quantitativamente quando os eventos econômicos forem processados contabilmente.
Dessa forma, é fundamental uma entidade possuir tantas contas quantas forem necessárias para expressar seu universo de possibilidades de
eventos econômicos. Esse conjunto de contas é chamado de plano de contas.

O que é um plano de contas?

Trata-se do conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplina o uso das contas contábeis e uniformiza seus registros. Ele descreve a função e o
uso de cada conta da empresa, estruturando e organizando, desse modo, a contabilidade dela.

As contas se agrupam em dois tipos distintos. As contas patrimoniais:

Ativo
Recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual são esperados benefícios econômicos para ela.

Passivo
Obrigação presente da entidade derivada de eventos já ocorridos cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos.

Patrimônio líquido (PL)


Valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.

E as contas de resultado:

Receita
Consequência de um aumento do ativo ou de uma redução do passivo.

Despesa
Consequência de uma redução do ativo ou de um aumento do passivo.

Veremos a seguir um exemplo de conta:

Título da conta Código

Data Operações Débito Crédito D/C Saldo

José Américo Pereira Antunes

Conforme frisamos, um sistema contábil possuirá tantas contas quantas forem necessárias para reconhecer os eventos econômicos praticados
pela entidade.

Verificaremos a seguir um exemplo de plano de conta:


Plano de contas

Conta Conta

Ativo 100

Caixa 101

Aplicações financeiras 102

Contas a receber 103

Estoques 104

Máquinas e equipamentos 105

Instalações 106

Veículos 107

Passivo 400

Fornecedores 401

Empréstimos e financiamentos 402

Títulos a pagar 403

Patrimônio líquido 600

Capital social 601

José Américo Pereira Antunes

Natureza das contas e equação fundamental da


Contabilidade
Conectando os conceitos de origens e aplicações de recursos com os tipos de contas, notamos a seguinte constituição:

Aplicações de recursos

Aplicações de recursos correspondem ao termo latino debere, que era utilizado na Idade Média para abreviar a expressão “deve sua existência”.
Dessa forma, as aplicações de recursos (ou ativos e despesas) apresentam uma natureza devedora.
close

Origens de recursos
As origens de recursos correspondem ao latim credere, que era empregado na mesma época como uma abreviação da sentença “à confiança
de”. Dessa maneira, as origens de recursos (ou passivos, patrimônio líquido e receitas) apresentam uma natureza credora.

Nosso passo seguinte será a definição da natureza das contas. A sensibilização delas é feita por meio de um mecanismo denominado lançamento.
Ele obedece ao método das partidas dobradas, cuja premissa é:

A todo débito (ou aplicação) corresponde um crédito (ou origem) de igual valor.

O que isso significa?

Resposta
Significa que o lançamento se manifesta por meio de débitos e créditos que devem ser iguais. No entanto, para compreendermos melhor a dinâmica
das contas e o lançamento contábil, será fundamental trazermos para essa discussão a natureza das contas.

Lançamentos da mesma natureza da conta aumentam seu saldo e lançamento de natureza oposta reduzem o saldo dela.

O quadro a seguir apresenta os tipos de contas, sua natureza e a dinâmica de funcionamento delas:

Contas Natureza Aumentam Diminuem

Ativo Devedora Lançamentos a débito Lançamentos a crédito

Passivo Credora Lançamentos a crédito Lançamentos a débito

Patrimônio líquido Credora Lançamentos a crédito Lançamentos a crédito

Receita Credora Lançamentos a crédito Lançamentos a débito

Despesa Devedora Lançamentos a débito Lançamentos a crédito

José Américo Pereira Antunes

Combinando as informações apresentadas até aqui, notamos que:

A contabilidade é um sistema fechado.

As origens igualam as aplicações, ou os débitos igualam os créditos.

As contas se agrupam em dois grupos distintos: patrimoniais e de resultado.

Podemos formular igualdades entre os diversos elementos da Contabilidade que darão origem às suas equações fundamentais. Tomando as contas
patrimoniais, vemos que:

attach_money
Aplicações = origens
attach_money
Ativo = passivo + patrimônio líquido
attach_money
Ativo - passivo = patrimônio líquido
A equação fundamental da Contabilidade configura apenas a expressão algébrica do balanço patrimonial. Conheceremos uma versão simplificada
disso a seguir:

Cia ZZZ

Balanço patrimonial

31.12.10x0

Ativos Passivos e patrimônio líquido

Bancos 32.500 Contas a pagar 30.000

Aplicações financeiras 11.000 Salários a pagar 170

Contas a receber 4.400 Empréstimos 20.133

Estoques 27.800 Passivos totais 50.303

Máquinas e equipamentos 24.792 Capital social 50.189

Ativos totais 100.492 Passivos e patrimônio líquido totais 100.492

José Américo Pereira Antunes

Do ponto de vista das contas de resultado, temos:

Receitas - despesas = resultado

Por sua vez, a equação do resultado compõe a expressão algébrica da demonstração dele. Notemos a seguir uma versão simplificada disso:

Cia ZZZ

Demonstração do resultado

Para o exercício de 20x0

Receitas

Receita de vendas 4.000

Receita de serviços 650

Receita total 4.650

Despesas

Custo das mercadorias vendidas 2.200

Aluguéis 1.000
Cia ZZZ

Salários 700

Depreciação 208

Despesas financeiras 253

Despesa total 4.361

Lucro líquido 289

José Américo Pereira Antunes

Possíveis estados patrimoniais


O patrimônio líquido é a diferença entre ativos e passivos. Com um caráter abstrato, ele representa a riqueza líquida da entidade.

Exemplo
No encerramento das atividades de uma entidade, a realização dos ativos e, em seguida, a liquidação dos passivos teriam como resíduo o
patrimônio líquido.

Dependendo da composição dos ativos e passivos, o PL, enquanto valor residual de ambos, pode assumir cinco estados distintos:

A > P → PL > 0 expand_more

A entidade apresenta riqueza própria.

A > P | P = 0 → A = PL, PL > 0 expand_more

Ela não possui obrigações junto a terceiros.


A = P → PL = 0 expand_more

Não tem riqueza própria, pois todo o ativo dela é oriundo de obrigações junto a terceiros.

A < P → PL < 0 expand_more

Apresenta passivo a descoberto, pois, ainda que realize os ativos integralmente, ela não é capaz de honrar os passivos.

P > A | A = 0 → PL = - P, PL < 0 expand_more

Não detém bens ou direitos, assim como nenhuma expectativa de geração de caixa futuro. Há apenas dívidas.

video_library
Dinâmica contábil
Neste vídeo, um especialista comenta sobre os tópicos e princípios abordados neste módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

A situação líquida negativa é caracterizada quando o ativo total se revela:


maior que o patrimônio líquido.
A

B maior que o passivo.

C negativo.

D menor que o passivo.

E menor que o patrimônio líquido.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20situa%C3%A7%C3%A3o%20l%C3%ADquida%20negativa%20%C3%A9%20caracterizada%20pelo%20PL%20%3C%200.%20Como%2
%20passivo%20%3D%20patrim%C3%B4nio%20l%C3%ADquido%E2%80%9D%2C%20para%20que%20o%20PL%20assuma%20valores%20negativos%2C

Questão 2

Assinale a alternativa que indica fontes de recursos para a empresa.

A Caixa e bancos

B Contas do ativo circulante

C Empréstimos concedidos

D Fornecedores

E Investidores

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOrigens%20ou%20fontes%20representam%20de%20onde%20os%20recursos%20v%C3%AAm%2C%20enquanto%20as%20aplica%C3%A
3 - Escrituração contábil
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a escrituração contábil e os livros
contábeis obrigatórios.

Escrituração
Apresentaremos a seguir as normas de escrituração contábil. Delineada segundo as diretrizes das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), a
NBC T 2 normatiza essa escrituração.

A ITG 2000 (R1), por sua vez, estabelece critérios e procedimentos a serem adotados pela entidade para a escrituração contábil de seus fatos
patrimoniais.

Observemos uma compilação das prescrições mais relevantes da NBC T 2:

A entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus atos e fatos administrativos, por meio de processo manual,
mecanizado ou eletrônico.

A escrituração será executada:

a) em idioma e moeda corrente nacionais;


b) em forma contábil;
c) em ordem cronológica de dia, mês e ano;
d) com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens;
e) com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a
prática de atos administrativos.
A terminologia utilizada deve expressar o verdadeiro significado das transações.

O "diário" e o "razão" constituem os registros permanentes da Entidade.

A documentação contábil compreende todos os documentos, livros, papéis, registros e outras peças, que apoiam ou compõem a
escrituração contábil.

Atos e fatos administrativos

Conceito
Vejamos a seguir os conceitos de atos e fatos administrativos.

Atos administrativos
Os atos administrativos não provocam alterações dos elementos do patrimônio ou do resultado, não fazendo, portanto, parte do escopo da
Contabilidade. Exemplo: orientar os estagiários e parabenizar os aniversariantes do mês.

Fatos administrativos
Também denominados fatos contábeis, os fatos administrativos, por outro lado, provocam alterações dos elementos de ambos, constituindo, desse
modo, parte do escopo da Contabilidade. Por conta disso, eles serão nosso objeto de estudo neste módulo.

Classificação
Os fatos administrativos (ou contábeis) classificam-se em:

Fatos permutativos (ou compensativos)


Apesar de não provocarem alterações no valor do patrimônio líquido, eles têm a capacidade de modificar a composição dos demais elementos
patrimoniais.

Os fatos permutativos podem refletir:

Reclassificações dentro do mesmo grupamento contábil (ativos, passivos ou PL).

Trocas entre ativos e passivos.


Apresentaremos alguns exemplos a seguir:

Aquisição de veículos à vista no valor de R$5.000 expand_more

Ocorre apenas uma reclassificação, ou seja, uma permuta, já que a redução no saldo bancário (diminuição do ativo) é compensada pela
aquisição do veículo (aumento de mesmo valor do ativo). Não há qualquer reflexo no PL da entidade.

Aquisição de veículos por meio de financiamento bancário no valor de R$5.000 expand_more

A aquisição do veículo corresponde a um aumento do ativo, o qual, por sua vez, se vê compensado por um aumento do mesmo valor no
passivo (operação de crédito). No entanto, o PL fica inalterado.

Liquidação de operação de crédito no valor de R$5.000 expand_more

A redução no saldo bancário corresponde a uma diminuição do ativo compensada por outra equivalente no passivo (baixa do financiamento
bancário). Não há reflexos no PL.

Aumento de capital com incorporação de reservas no valor de R$5.000 expand_more

Há apenas uma reclassificação entre contas do patrimônio líquido, cujo valor permanece inalterado.
Fatos modificativos aumentativos e diminutivos
Eles provocam alterações no valor do PL que correspondem a um aumento ou a uma redução de valor equivalente no passivo ou no ativo.

Aumentativos

Instigam um aumento no valor do patrimônio líquido.

Exemplo:

Diminutivos

Suscitam uma diminuição no valor do patrimônio líquido.

Exemplo:
Fatos mistos ou compostos
Combinando fatos permutativos e modificativos, eles podem ser:

Aumentativos

Combinam fatos permutativos e modificativos aumentativos.


close

Diminutivos

Mesclam fatos permutativos e modificativos diminutivos.

Destacaremos, a seguir, um exemplo dos fatos mistos aumentativos.

Venda de ativos por preço superior ao valor contábil, havendo, portanto, lucro. Neste caso, a permuta entre o valor do ativo e os recursos recebidos
não é equivalente, pois estes excedem o valor daquele. Essa diferença (lucro) aumenta o patrimônio líquido.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Diversos 6.000

A diversos 6.000

Bancos 5.000

Depreciação acumulada 1.000

A ganhos ou perdas de capital 1.000

A imobilizado 5.000
Lançamento Débitos Créditos

Pela alienação de imobilizado por valor acima do contábil líquido.

José Américo Pereira Antunes

Agora, observaremos um exemplo dos diminutivos.

Venda de ativos por preço inferior ao valor contábil, havendo, portanto, um prejuízo. Neste caso, a desigualdade na permuta é desfavorável à
entidade, pois o valor do ativo excede o dos recursos recebidos. Essa diferença (prejuízo) reduz o patrimônio líquido.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Diversos 5.000

A imobilizado 5.000

Bancos 3.000

Depreciação acumulada 1.000

Ganhos ou perdas de capital 1.000

Pela alienação de imobilizado por valor inferior ao contábil líquido.

José Américo Pereira Antunes

Escrituração contábil e lançamento


Técnica contábil utilizada para o registro dos fatos administrativos ocorridos na entidade, a escrituração é feita por intermédio de lançamentos
registrados em livros contábeis obrigatórios.

Exemplo
Livro diário e livro razão (ambos serão explorados mais à frente).

Conforme indica a imagem a seguir, a escrituração forma a base do processo contábil:

O que é o lançamento?

Resposta
Trata-se de um procedimento contábil por meio do qual as contas ou as rubricas contábeis são sensibilizadas. O lançamento obedece ao método
das partidas dobradas, cuja premissa é de que todo débito (ou aplicação) corresponde a um crédito (ou origem) de igual valor.
Isso significa que o lançamento se manifesta por meio de débitos e créditos que devem ser iguais.

Qual é o conjunto de informações obrigatórias presentes no lançamento?

1. Local e data do registro.

2. Contas debitadas.

3. Contas creditadas.

4. Histórico da operação.

5. Valor da operação.

Vejamos o seguinte exemplo:

Aquisição de máquinas e equipamentos no valor de R$20.000 conforme nota fiscal XYZ001, com pagamento à vista de metade do valor em
02.01.X1.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Instalações 20.000

A bancos 10.000

A títulos a pagar 10.000

Aquisição de máquinas e equipamentos conforme nota fiscal XYZ001.

José Américo Pereira Antunes

O lançamento contábil pode assumir quatro representações distintas. Denominados fórmulas, esses lançamentos se distinguem pela quantidade de
contas que é envolvida em um processo:

Lançamento de 1ª fórmula
Débito e crédito de apenas uma conta.

Observemos este exemplo:

Recebimento de serviços prestados no valor de R$100.000 por meio de TED.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Bancos 100.000

A receita de serviços 100.000


Lançamento Débitos Créditos

Pelo recebimento por serviços prestados conforme nota fiscal XYZ010.

José Américo Pereira Antunes

Lançamento de 2ª fórmula
Débito de uma conta e crédito de mais de uma conta.

Notemos o exemplo a seguir:

Refinanciamento parcial de empréstimo no banco pelo valor de R$100.000, metade por meio de resgate em conta corrente e a outra por intermédio
de emissão de nota promissória.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Empréstimos 100.000

A diversos 100.000

A bancos 50.000

A nota promissória a pagar 50.000

Pelo refinanciamento parcial de empréstimo bancário.

José Américo Pereira Antunes

Lançamento de 3ª fórmula
Débito de mais de uma conta e crédito de apenas uma conta.

Vejamos este exemplo:

Subscrição de capital no valor de R$100.000, metade por meio de TED e a outra por intermédio de mercadorias.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Diversos 100.000

A capital 100.000

Bancos 50.000

Mercadorias 50.000
Lançamento Débitos Créditos

Pela subscrição de capital em dinheiro e mercadorias

José Américo Pereira Antunes

Lançamento de 4ª fórmula
Débito e crédito de mais de uma conta.

Olhemos o exemplo a seguir:

Venda de imobilizado por R$100.000 com lucro de R$20.000. Metade do valor é recebido à vista por meio de TED; o restante, a prazo.

Lançamento Débitos Créditos

Rio de Janeiro XX.YY.KK

Diversos 100.000

A diversos 100.000

Bancos 50.000

Contas a receber 50.000

A imobilizado 80.000

A ganho ou perda de capital 20.000

Pela alienação de imobilizado com ganho de capital

José Américo Pereira Antunes

Livro diário e livro razão


Vamos entender um pouco mais sobre o que são livro diário e livro razão.

Livro diário
Deve registrar todas as movimentações diárias de valor que possam modificar a situação patrimonial de uma empresa. Todas as operações devem
ser lançadas nele em ordem cronológica, do primeiro ao último dia do ano, com individualização, clareza e referência aos documentos
comprobatórios dos fatos.

Livro razão
Também é um livro contábil obrigatório para as empresas. Sua finalidade é apresentar a movimentação analítica das contas escrituradas no livro
diário e constantes no balanço da empresa. Por meio dele, é possível fazer o controle de forma individualizada e detalhada, além de manter os
registros de todos os dados em aberto e contas a pagar ou a receber.
Os livros diário e razão, portanto, são complementares.

Livro diário

Mantém a escrituração de todas as operações realizadas pela entidade.

close

Livro razão

Toma esses registros e os classifica segundo cada conta envolvida.

Na sequência, veremos um exemplo da aplicação desses livros obrigatórios.

A empresa ABC realizou os seguintes as operações:

Constituição da empresa com aporte de capital em dinheiro no valor de R$100.000 em 01.01.X1.

Aquisição de instalações por R$20.000, metade à vista, em 01.02.X1.

Aquisição de máquinas e equipamentos à vista por R$10.000 em 01.03.X1.


Aquisição de estoques a prazo por R$15.000 em 01.04.X1.

Compra de veículos à vista por R$5.000 em 01.05.X1.

Pagamento de fornecedores no valor de R$7.500 em 01.06.X1.

O livro diário recebe toda a escrituração da companhia conforme aponta esta tabela:

Lançamento Débitos Créditos

1) Em 01.01.X1

D Bancos 100.000

C Capital Social 100.000

Pela integralização do capital em dinheiro

(2) Em 01.02.X1

D Instalações 20.000

C Banco conta Movimento 10.000

C Títulos a Pagar 10.000

Pela aquisição de instalações com metade à vista.

(3) Em 01.03.X1

D Máquinas e equipamentos 10.000

C Bancos 10.000

Pela aquisição de máquinas e equipamentos à vista

(4) Em 01.04.X1

D Estoques 15.000

C Fornecedores 15.000

Pela aquisição de estoques a prazo


Lançamento Débitos Créditos

(5) Em 01.05.X1

D Veículos 5.000

C Bancos 5.000

Pela aquisição de veículos à vista

(6) Em 01.06.X1

D Fornecedores 7.500

C Bancos 7.500

Pelo pagamento de fornecedores

José Américo Pereira Antunes

O livro razão detalha o efeito de cada registro do livro diário nas contas envolvidas:

Bancos Código 101

Data Operações Débito Crédito D/c Saldo

01.01.X1 A capital social (1) 100.000 D 100.000

01.02.X1 De instalações (2) 10.000 C 90.000

De máquinas e
01.03.X1 10.000 C 80.000
equipamentos (3)

01.05.X1 De veículos (4) 5.000 C 75.000

De fornecedores
01.06.X1 7.500 C 67.500
(5)

José Américo Pereira Antunes

O livro razão também pode ser apresentado na forma de razonetes.

Notemos que a movimentação das contas nas duas representações obedece à natureza devedora ou credora:

Bancos
Capital social

Instalações

Títulos a pagar

Máquinas a pagar

Estoques

Fornecedores
Veículos

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Escrituração
Neste vídeo, um especialista aborda conceitos e princípios discutidos neste módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

Verifique este lançamento:

Ele caracteriza um fato administrativo:

A permutativo

B modificativo aumentativo

C misto aumentativo

D misto diminutivo

E misto

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOs%20fatos%20permutativos%20n%C3%A3o%20provocam%20altera%C3%A7%C3%B5es%20no%20valor%20do%20patrim%C3%B4nio%
Questão 2

Assinale a alternativa que afeta o resultado contábil de uma entidade.

A Valorização de propriedades para investimento.

B Integralização de capital em dinheiro.

C Integralização de capital com reservas de lucros.

D Aquisição de seguros antecipados.

E Integralização de capital em serviços.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-paragraph'%3EO%20resultado%20origina-
se%20do%20confronto%20entre%20receitas%20e%20despesas.%20A%20valoriza%C3%A7%C3%A3o%20de%20propriedades%20para%20investimento

4 - Demonstrações contábeis simplificadas


Ao final deste módulo, você será capaz de esquematizar o balancete de verificação e as
demonstrações contábeis simplificadas.

Balancete de verificação
Resgatando uma vez mais a ideia de que a Contabilidade forma um sistema fechado, no qual, em cada lançamento, o total de débitos iguala o de
créditos, é fácil deduzir o seguinte:

A qualquer momento, o total de débitos também iguala o total de créditos para o conjunto de lançamentos
registrado no livro diário.

A igualdade é feita por meio do balancete de verificação.

Em que consiste o balancete de verificação?

Trata-se da listagem de todas as contas de uma entidade que, apresentando seus respectivos saldos, são ordenadas segundo o grupo
patrimonial ou de resultado a que pertencem.

Qual é o propósito desse balancete? arrow_forward

Checar a consistência dos lançamentos realizados no período, ou seja, a igualdade entre o total de saldos devedores e credores, para autorizar
o uso das contas na preparação das demais demonstrações contábeis.

A tabela a seguir apresenta um exemplo de balancete de verificação baseado nos dados utilizados nos exemplos anteriores:

CIA ABC

Balancete de verificação em 30.06.X4

Contas Saldos

Devedores Credores

Bancos 67.500 -

Capital social - 100.000

Instalações 20.000 -

Títulos a pagar - 10.000

Máquinas e equipamentos 10.000 -

Estoques 15.000 -

Fornecedores - 7.500

Veículos 5.000 -

Total 117.500 117.500

José Américo Pereira Antunes


Detalhamento dos grupos patrimoniais
Analisaremos agora o detalhamento dos seguintes grupos.

Ativos
Enquanto recursos controlados pela entidade como o resultado de eventos passados e dos quais são esperados benefícios econômicos para ela, os
ativos podem ser resumidos objetivamente como bens e direitos.

Tangíveis: dinheiro, estoques, veículos, máquinas, instalações, terrenos etc.


Bens
Ativo Intangíveis: marcas, patentes, softwares etc.

Direitos: contas bancárias, duplicatas a receber, aplicações financeiras etc.

José Américo Pereira Antunes

Em ordem decrescente de liquidez, os ativos podem ser classificados como:

Ativos circulantes expand_more

Segundo o CPC (2011, p. 66), isso ocorre quando eles satisfazem a qualquer um destes critérios:

Realizados, vendidos ou consumidos no decurso normal do ciclo operacional da entidade

Mantidos essencialmente com o propósito de serem negociados;

Realizados até doze meses após a data do balanço;

São caixa ou o equivalente de caixa.

Exemplo: Caixa, aplicações, contas a receber, estoques e despesas antecipadas.

Ativos não circulantes expand_more

Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulantes, inclusive os tangíveis, intangíveis e financeiros de natureza de longo
prazo. De acordo com o CPC (2011, p. 67), o ativo não circulante precisa ser subdividido em:

Realizável a longo prazo;

Investimentos;

Imobilizado;

Intangível.
Passivos
Os passivos são obrigações presentes da entidade derivadas de eventos já ocorridos cuja liquidação gere a expectativa de que ela irá resultar na
saída de recursos.

Eles também podem ser classificados como:

Passivos circulantes expand_more

Segundo o CPC (2011, p. 69), eles serão circulantes se satisfizerem a qualquer um dos seguintes critérios:

Liquidados durante o ciclo operacional normal da entidade;

Mantidos essencialmente para a finalidade de serem negociados;

Liquidados no período de até doze meses após a data do balanço.

Os exemplos de passivos circulantes e não circulantes são, em geral, idênticos, à exceção do prazo de vencimento: contas a pagar,
empréstimos e financiamentos, obrigações diversas, contingências etc.

Passivos não circulantes expand_more

Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Em regra, tratam-se daqueles cujo vencimento se dá após o término
do exercício seguinte.

Atenção!
Os exemplos de passivos circulantes e não circulantes são, em geral, idênticos. A exceção fica por conta dos exemplos do prazo de vencimento,
como contas a pagar, empréstimos e financiamentos, obrigações diversas e contingências.

Patrimônio líquido
Valor residual dos ativos da entidade depois da dedução de todos os seus passivos.

O PL deve apresentar:

Capital social.

Reservas de capital.

Ajustes de avaliação patrimonial.

Reservas de lucros.

Ações ou quotas em tesouraria.

Prejuízos acumulados.

Lucros acumulados (legalmente admitidos).

Demais contas exigidas pelos pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC.


Demonstrações contábeis
O passo final é organizar as contas para a apresentação. Há várias maneiras de organizá-las – e cada uma delas corresponde a um determinado
ponto de vista sobre a situação econômico-financeira da entidade.

Balanço patrimonial simplificado


O balanço patrimonial é a demonstração contábil de uma organização que apresenta o saldo das contas patrimoniais no encerramento do período.

Quais itens devem constar no balanço patrimonial?

Todos os bens e direitos (ativos).

Obrigações (passivos).

Patrimônio líquido em determinada data.

Trata-se de uma posição de estoque, uma posição estática ou uma fotografia de certo momento da empresa.

A imagem a seguir traduz um exemplo de balanço patrimonial simplificado, baseado nos exemplos indicados ao longo deste tema:

CIA ABC

Balanço patrimonial em 30.06.X4

Ativos Passivos e patrimônio líquido

Bancos 67.500 Passivo

Estoques 15.000 Fornecedores 7.500

Máq. E equipamentos 10.000 Títulos a pagar 10.000 17.500

Veículos 5.000 Patrimônio líquido

Instalações 20.000 Capital social 100.000 100.000

Total 117.500 Total 117.500

José Américo Pereira Antunes

Demonstração de resultado
A demonstração de resultado (DR) é a que detalha a variação das contas de resultado, ou seja, as receitas e as despesas. O produto da DR resulta do
confronto entre ambas, podendo ser positivo ou negativo.

Caso a variação das receitas exceda a das despesas, ocorre o lucro, havendo, desse modo, um aumento do patrimônio líquido. Do contrário, registra-
se um prejuízo, ou seja, a redução desse patrimônio.

Enquanto o balanço patrimonial configura uma demonstração de estoque, a DR é uma demonstração de fluxo.

O produto da DR (lucro ou prejuízo do período) constitui um fluxo a ser adicionado ao balanço patrimonial por meio do PL, revelando o aumento ou
a diminuição da riqueza da entidade no período. Seu conceito, que é subjacente à DR, deriva da natureza temporária das contas de receita e
despesa.

As contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido) são permanentes, isto é, seus saldos não se encerram no final do período, sendo
transferidos para o seguinte. Já as de resultado (receitas e despesas) são temporárias; logo, seus saldos são encerrados no final dele. Este
procedimento é chamado de apuração de resultados.

Adaptado de Iudícibus (1998), o exemplo a seguir ilustra de forma simplificada os procedimentos para a elaboração de uma DR:

A companhia DEF realizou as seguintes operações envolvendo receitas e despesas:

Em 01.01.X1
Pagamento de despesas de material de escritório no valor de R$25.000.

Em 01.02.X1
Compra a prazo de peças para reparo (empregadas nos serviços prestados) no valor de R$110.000.

Em 01.03.X1
Recebimento de receita por serviços prestados no valor de R$445.000.

Em 01.04.X1
Emissão de fatura por serviços prestados no valor de R$580.000.

Em 01.05.X1
Pagamento de salários no valor de R$450.000.
Em 01.06.X1
Pagamento de aluguel da loja no valor de R$40.000.

Partidas de diário:

Lançamentos Débitos Créditos

(1) Em 01.01.X1

D Despesas de material de escritório 25.000

C Bancos 25.000

Pago à papelaria Líder Ltda. conforme nota fiscal n° 00582

(2) Em 01.02.X1

D Despesas de peças para reparos 110.000

C Fornecedores 110.000

A Silva e Cia., compra de materiais conforme fatura n° 13210

(3) Em 01.03.X1

D Bancos 445.000

C Receita de serviço 445.000

Recebido de J. Alves Ltda. conforme recibo n° 00335

(4) Em 01.04.X1

D Contas a receber 580.000

C Receita de serviço 580.000

Casa Penumbra Ltda. conforme fatura n° 0251

(5) Em 01.05.X1

D Despesas de salários 450.000

C Bancos 450.000

Folha de pagamentos do mês

(6) Em 01.06.X1

D Despesas de aluguel 40.000


Lançamentos Débitos Créditos

C Bancos 40.000

Aluguel do mês conforme recibo n° 201

José Américo Pereira Antunes

Apresentaremos agora o transporte das partidas de diário para os razonetes apenas das contas de receita e despesa:

Despesas de material de escritório

Despesas de peças para reparos

Receita de serviços

Despesas de salários

Despesas de aluguel
Apuração do resultado ao final do período
Ela é realizada pelo emprego de dois lançamentos cuja contrapartida é feita pela rubrica apuração do resultado.

1º lançamento

Encerra todas as contas de despesa, transferindo seus saldos para essa apuração.

close
2º lançamento

Encerra todas as contas de receita, havendo a mesma transferência.

Do confronto de receitas e despesas nessa apuração, obtém-se o resultado líquido do período: lucro ou prejuízo.

Vejamos um exemplo.

Transferência dos saldos de despesas para a apuração do resultado:

Lançamentos Débitos Créditos

(7) Em 31.12.X1

D Apuração do resultado 625.000

C Diversos

C Despesas de material de escritório 25.000

C Despesas de peças para reparos 110.000

C Despesas de salários 450.000

C Despesas de aluguel 40.000

Encerramento das contas de despesa para a apuração do resultado

José Américo Pereira Antunes

Transferência dos saldos de receitas para a apuração do resultado:

Lançamentos Débitos Créditos

(8) Em 31.12.X1

D Receita de serviços 1.025.000


Lançamentos Débitos Créditos

C Apuração do resultado 1.025.000

Encerramento das contas de receita para a apuração do resultado

José Américo Pereira Antunes

Ajustando os razonetes, temos:

Despesas de material de escritório

Despesas de peças para reparos

Receita de serviços

Despesas de salários

Despesas de aluguel
Apuração do resultado
Por fim, a demonstração do resultado:

CIA DEF

Demonstração do resultado de X1

1. Receitas

Receita de serviços 1.025.000

2. Despesas

Despesa de material para escritório 25.000

Despesa de peças para reparos 110.000

Despesa de salários 450.000

Despesa de aluguel 40.000

3. Lucro líquido 400.000

José Américo Pereira Antunes

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Demonstrações contábeis
Neste vídeo, um especialista discute os tópicos pertinentes a este módulo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

(FMP Concursos - 2012 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Técnico em Contabilidade) De acordo com os elementos patrimoniais a seguir,
identifique os bens, os direitos e as obrigações:

( ) Aluguéis a receber
( ) Aluguéis pagos antecipadamente
( ) Bancos conta movimento
( ) Caixa
( ) Capital social
( ) Estoque
( ) Fornecedores

Considere (B) para bem; (O), para obrigações; e (D), para direito. A sequência correta é:

A D; D; D; B; O; B; O.

B D; O; D; B; O; B; O.

C D; D; B; B; B; B; O.

D D; O; B; B; O; B; O.

E D; O; O; B; O; B; B.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAtivos%20(bens%20e%20direitos)%20e%20passivos%20(obriga%C3%A7%C3%B5es)%20s%C3%A3o%20grupamentos%20cont%C3%A1b

Questão 2

Uma sociedade empresária apresentou as seguintes contas em 31.12.20X1 com seus respectivos saldos:

Os saldos apresentados já foram ajustados, assim como foram realizadas as respectivas apropriações. Considerando apenas as informações
apresentadas, o total do ativo, em 31.12.20X1, é de:

A R$153.425

B R$174.850

C R$327.575

D R$334.075
E R$163.425

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20rubricas%20do%20ativo%20s%C3%A3o%20caixa%2C%20deprecia%C3%A7%C3%A3o%20acumulada%2C%20duplicatas%20a%20

Considerações finais
Neste tema, você aprendeu a aplicar a técnica contábil. A partir da identificação da natureza e da dinâmica de funcionamento das contas combinada
com a técnica de escrituração contábil, foram levantados o balancete de verificação e as demonstrações contábeis simplificadas.

A Contabilidade é um processo essencial para o funcionamento das empresas. Por meio dela, os eventos econômicos são traduzidos e divulgados
para o usuário final. A partir de exemplos concretos e objetivos, apresentamos conceitos essenciais ao entendimento da técnica contábil, como
origens, aplicações, contas e lançamentos.

Em seguida, avançamos para o processo de reconhecimento e mensuração contábil de eventos econômicos. Por fim, analisamos o levantamento
das demonstrações contábeis simplificadas.

headset
Podcast
Ouça, no podcast a seguir, um resumo do tema.

Referências
BRITTON, A.; WATERSTON, C. Financial accounting. Philadelphia: Trans-Atlantic Publications, 2006.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R2) - estrutura conceitual para relatório financeiro. Publicado em: 10 dez. 2019.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26 (R1) - apresentação das demonstrações contábeis. Publicado em: 15 dez. 2011.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Resolução 1.055/05. Publicado em: 7 out. 2005.

IUDÍCIBUS, S. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE. NBC T 2 – da escrituração contábil. Consultado em meio eletrônico em: 21 jul. 2020.
Explore +
A técnica contábil é o mecanismo que viabiliza a aplicação da Contabilidade. A seguinte sugestão de leitura oferece uma visão rica sobre o tema:

ALMEIDA, M. C. Contabilidade introdutória em IFRS e CPC. Rio de Janeiro: Atlas, 2014.

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