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Centro Universitário Adventista de São Paulo Engenheiro

Coelho, SP
Fundamentos da Contabilidade - 1ºAno - 2018
Prof. Waggnoor Macieira Kettle
TEXTO 2 PARA LEITURA E APRENDIZADO

2 – TÉCNICAS CONTÁBEIS
Objetivo:
Identificar as técnicas contábeis; conhecer o campo de aplicação, os usuários, bem como
o mercado de trabalho do profissional da contabilidade; identificar os Princípios
Contábeis (que têm por objetivo nortear a profissão).

2.1 Técnicas contábeis


Como em qualquer outra profissão, na Contabilidade também são necessárias algumas
técnicas específicas, as quais deverão ser utilizadas para que os seus propósitos sejam
alcançados. Dentre as possibilidades existentes, destacamos aqui algumas das
principais, como escrituração, demonstrações contábeis, auditoria, análise de balanços
e consolidações de balanço.

2.1.1 Escrituração
Trata-se da técnica contábil responsável pelo registro de todos os fatos e atos
administrativos que ocorrem no dia a dia das organizações. Como tudo o que acontece
deve obrigatoriamente ser registrado pela Contabilidade em livros específicos, os mais
utilizados são o Livro Diário e o Livro Razão. O Livro Razão é usado no Método das
Partidas Dobradas, cuja origem vimos no item 1.1.2, ao estudarmos a Contabilidade no
mundo medieval.
No Diário, como o próprio nome diz, constam os lançamentos que ocorrem diariamente,
pois, independentemente do pagamento ou até mesmo do recebimento de qualquer
fato, é papel da Contabilidade registrá-lo. Já o Livro Razão apresenta, de forma
individualizada, todos os movimentos registrados no Livro Diário.

2.1.2 Demonstrações contábeis


É a técnica responsável pela parte inerente à finalidade da Contabilidade, que é
apresentar a situação de determinado Patrimônio em determinado momento. Assim, as
demonstrações contábeis podem ser entendidas como quadros técnicos que confirmam
a real situação da empresa. Com isso, administrados e demais usuários podem se
posicionar e tomar as decisões mais adequadas. As demonstrações mais conhecidas são
o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
2.1.3 Auditoria
Diz respeito à técnica contábil que objetiva verificar e validar os dados contidos nas
informações disponibilizadas por meio das demonstrações contábeis. A auditoria efetua
um minucioso exame dos documentos que deram origem às informações repassadas.

2.1.4 Análise de balanços


É a técnica contábil que objetiva aprofundar o estudo das demonstrações contábeis,
pois, como vimos anteriormente, são de fundamental importância e auxílio para a
tomada de decisões. Obviamente, o entendimento dessas análises é extremamente
necessário.

2.1.5 Consolidação de balanços


Se uma empresa é detentora de um grupo de empresas, ela passa a ser entendida como
controladora e as formadoras como controladas. Nesse contexto, é importante fazer a
consolidação dos balanços, de modo que seja possível obter informações unificadas, do
grupo como um todo.
2.2 Campo de aplicação da Contabilidade
Se tomarmos como ponto de partida a Contabilidade Financeira (feita para todos os
tipos de empresas) ou mesmo aquela que é elaborada de forma particular (destinada a
um ramo de atividade específico), a figura a seguir apresenta algumas das formas de se
elaborar Contabilidade. Assim, partimos do pressuposto de que existe uma
Contabilidade que engloba os demais ramos de atividade.

Percebe-se que há várias formas de atuação por parte da Contabilidade, o que corrobora
o que vimos anteriormente. Assim, dependendo das necessidades, existe uma maneira
de ser atendida por parte da Contabilidade, como podemos verificar a seguir:
> caso a empresa seja de comércio em geral, será entendida como Contabilidade
Comercial;
> caso seja uma indústria, será tratada como Contabilidade Industrial;
> em caso de órgãos públicos, será identificada como Contabilidade Pública;
> instituições financeiras e bancos comerciais, identifica-se por Contabilidade Bancária;
e
> se o segmento for o agronegócio, poderá ser entendida como Contabilidade
Agropecuária.

Para as mais diversas formas de atuação da Contabilidade, ela só terá sentido se a sua
finalidade for atingida, qual seja, demonstrar a situação do Patrimônio de determinada
organização em determinado período para os mais diversos usuários.
2.3 Usuários da Contabilidade

Talvez não consigamos identificar, com precisão, quem são os principais usuários da
Contabilidade, visto que tudo vai depender da informação que cada um busca nas
demonstrações contábeis. Além disso, como vimos anteriormente, a Contabilidade
pode ser desenvolvida para os mais diversos fins.

> fornecedores e bancos – a capacidade de a empresa honrar com os seus


compromissos e o seu grau de endividamento;
> sindicatos e ordens de classe – se a entidade está em conformidade com as questões
relacionadas aos funcionários;
> investidores – como está a situação da empresa, se compensa investir ou não na
empresa;
> funcionários – se a empresa tem condições de honrar com seus compromissos e ter
continuidade;
> concorrentes – tentando identificar possíveis estratégias utilizadas pela empresa; e
> governos – como a empresa trata as questões tributárias.
Outra perspectiva de usuários da Contabilidade refere-se ao contexto gerencial. A
Contabilidade Gerencial relaciona-se com as informações pertinentes para os administradores,
fazendo uma conexão entre as ações gerenciais e a lucratividade das organizações, medindo o
desempenho e indicando-o por meio de relatórios.

Comumente, os seus usuários figuram-se pelos sócios, diretores ou donos das


organizações, que utilizam as informações de relatórios e demonstrativos contábeis
para tomadas de decisões com o propósito de melhorar o desempenho da organização
e, por consequência, seus ganhos pessoais ou profissionais.
Na prática, os gerentes querem que o contador forneça sugestões em uma decisão
importante, mesmo que a decisão final seja do executivo operacional.
É notório que não existe um modelo único de Contabilidade, sendo que esta se ajusta à
necessidade de cada um dos usuários que dela necessitem préstimos.

2.4 Mercado de trabalho do profissional contábil


Agora que chegamos até aqui, podemos afirmar que já temos conhecimento sobre o
que é a Contabilidade, a sua utilidade, em quais campos ela pode atuar e quem são os
seus potenciais usuários. É possível também mensurar quão grande é o mercado no qual
esses profissionais podem estar inseridos.
Acerca de quem pode se utilizar dos serviços contábeis, Ribeiro (2013, p. 11-12) afirma
que:
As entidades econômico-administrativas: são organizações que reúnem os seguintes
elementos: pessoas, patrimônio, titular, ações administrativas e fim determinado.
Instituições: são entidades econômico-administrativas com finalidades sociais e
socioeconômicas. As com objetivos sociais são aquelas cuja administração tem por
objetivo o bem estar social da coletividade, como as associações recreativas e
esportivas, os hospitais beneficentes, os asilos etc.; as com finalidades
socioeconômicas são aquelas cuja administração tem interesse no aspecto
econômica da entidade, porém este reverte em benefício da coletividade a que
pertencem. São exemplos os institutos de aposentadorias, pensões, previdência etc.
Empresas: são entidades econômico-administrativas que tem por finalidade econômica, isto
é, visam ao lucro. Desenvolvem os mais variados ramos de atividade, como comércio,
indústria, agricultura, pecuária, transporte, telecomunicação, turismo e uma
infinidade de serviços.

No que tange à constituição de seu capital, as empresas podem se apresentar de três


maneiras:
> privadas – são as empresas constituídas por capitais de particulares;
> públicas – são as empresas constituídas por capitais advindos de órgãos públicos,
sejam eles das esferas municipal, estadual ou federal; e
> mistas – são as empresas constituídas por capitais, parte de particulares e parte de
empresas públicas.

Conclui-se, com isso, que em virtude da grande abrangência de mercado e das mais
diversas finalidades, o profissional contábil deve estar ciente de suas obrigações. Além
disso, ele deverá saber como se comportar. Para tanto, o CFC emitiu algumas normas,
entre as quais destacamos os Princípios Contábeis.

2.5 Princípios de Contabilidade


Os Princípios de Contabilidade são regras que condicionam a execução do trabalho dos
profissionais contábeis, para que tanto a escrituração quanto as demonstrações
contábeis sejam uniformes.
Esses princípios foram regulamentados pela Resolução do CFC n° 750, de 1993, e,
naquele momento, eram denominados Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC).
Posteriormente, foram alterados com a publicação da Resolução do CFC n° 1.282, de
2010, passando então a serem tratados somente como Princípios de Contabilidade (PC).
Eram sete os Princípios de Contabilidade, porém, com o advento da Resolução de CFC n°
1.282, de 2010, passaram a ser seis, pois o princípio de Atualização Monetária foi
revogado. São eles: Entidade, Continuidade, Oportunidade, Registro pelo Valor Original,
Competência e Prudência.

2.5.1 O Princípio da Entidade


A Resolução n° 750 do CFC reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e
afirma a autonomia patrimonial, diferenciando, assim, o Patrimônio de uma entidade
do Patrimônio de outras entidades. Também se distingue o Patrimônio de uma
sociedade e o Patrimônio particular dos sócios da entidade.
Pode-se dizer que o intuito desse princípio é de não haver a mistura de bens entre sócios
e sociedade. Assim, o que pertence à sociedade não pode ser confundido com bens
pessoais, e o contrário também.
Por exemplo, o proprietário da empresa paga contas particulares com cheque da
empresa. Essa atitude vai contra o princípio da entidade, visto que não se pode misturar
os Patrimônios.

2.5.2 O Princípio da Continuidade


Estabelece que toda entidade deve fazer suas escriturações e avaliações a julgar pela,
como o nome já diz, continuidade da empresa, à sua não extinção. Conforme a
Resolução do CFC n° 1.282 (2010), toda entidade deve mensurar e apresentar os
componentes patrimoniais levando em consideração a sua continuidade, ou seja, que
esta continuará em atividade futuramente.
Exemplo: ninguém abre uma empresa com data predeterminada para o seu
fechamento. O que se espera é que ela tenha lucros e prospere, e que, portanto,
apresente os seus componentes patrimoniais.

2.5.3 O Princípio da Oportunidade


Está relacionado ao momento de ocorrência de determinada operação patrimonial na
empresa. Segundo esse princípio, toda operação deve ser registrada com
tempestividade, independentemente de pagamento ou recebimento.
De acordo com a Resolução n° 1.282 do CFC, o Princípio da Oportunidade diz respeito à
mensuração e à apresentação dos componentes patrimoniais de forma íntegra e
tempestiva, para não haver perda em sua relevância.
Por exemplo, a Contabilidade deve efetuar o registro da venda de mercadorias a prazo
mediante aceite de duplicatas, mesmo que o valor ainda não tenha sido recebido pela
empresa. Isso porque esse fato alterou o Patrimônio da empresa naquele exato
momento.

2.5.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original


A Resolução do CFC n° 1.282, de 2010, determina que, com o referido princípio, todos
os componentes do Patrimônio devem ser registrados inicialmente pelos seus valores
originais e expressos em moeda nacional.
Por exemplo, a empresa comprou um computador em uma determinada data por um
valor de R$ 4.000,00 e, no dia seguinte, essa loja disponibilizou o mesmo computador
em oferta pelo valor de R$ 3.500,00. Como o valor do documento fiscal de aquisição é
de R$ 4.000,00, o contador não poderá alterá-lo.
2.5.5 O Princípio da Competência
Trata da mesma questão que o Princípio de Oportunidade: a ocorrência da operação. A
diferença está no fato de a Oportunidade estar relacionada ao Patrimônio como um
todo, e a competência dizer respeito somente às receitas e às despesas.
Segundo a Resolução do CFC 1.282 (2010), esse princípio determina que sejam
reconhecidos nos períodos a que se referem os efeitos das transações, não importando
o pagamento ou o recebimento, além de presumir a simultaneidade de confrontação
entre as receitas e despesas.
Os salários a serem pagos, referentes ao mês de maio, por exemplo, são reconhecidos
dentro do próprio mês, mesmo que pagos somente em junho.

2.5.6 O Princípio da Prudência


Como o próprio nome já diz, deve haver prudência quanto aos valores estimados,
sempre procurando escolher os menores valores quando se tratando de ativos e
receitas, e maiores valores quando se tratando de passivos e despesas.
Sobre esse princípio, a Resolução do CFC 1.282, de 2010, no art. 10, parágrafo único,
conceitua:
[...] o Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no
exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza,
no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e
despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de
mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.

Por exemplo, atendendo ao princípio da prudência, o gestor dará maior valor às suas
dívidas em detrimento do que ele já possui. Assim, estará sendo extremamente
prudente, evitando eventuais surpresas quanto à necessidade de pagamentos e à
disponibilidade para a devida liquidação.
A partir desses seis princípios é que podem ser realizadas as escriturações, as
apresentações e as análises contábeis de forma padronizada e organizada.

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