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Disciplina: Introdução a Contabilidade Prof: Sidmar Almeida – Apostila 1

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Introdução a
Contabilidade

Professor: Sidmar Almeida

Apostila 1

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Disciplina: Introdução a Contabilidade Prof: Sidmar Almeida – Apostila 1
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OBJETIVO: Esta apostila tem como objetivo familiarizar o aluno com


o que é Contabilidade, conceitos iniciais.

Ao final da apostila, espera-se que o aluno compreenda:

 O conceito de contabilidade, sua finalidade e o seu objeto


 Os usuários da Contabilidade
 As técnicas contábeis
 Base legal que cerca a contabilidade
 Princípios contábeis
 Origem x Aplicação de Recursos: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido
 Notas Explicativas

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Contabilidade Básica
1- CONCEITO DE CONTABILIDADE

A Contabilidade é uma ciência social que estuda o Patrimônio de uma entidade econômico-administrativa,
pessoa física ou jurídica, com o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua
situação patrimonial e financeira.
O grande desafio do profissional de Contabilidade é o registro e a classificação de dados semelhantes (fatos
contábeis) para sua posterior sintetização em contas nos relatórios financeiros que serão analisados pelo público interno
e externo interessado em informações da entidade (empresa). Esses relatórios financeiros são chamados de
demonstrações financeiras.
A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e
fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do
tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos a torna obrigatória para a maioria das empresas.

Definição formal de contabilidade: Contabilidade é a ciência que estuda a pratica as funções de orientação, de
controle e de registro dos atos e fatos de uma administração econômica

A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações aos seus usuários.

Definição formal de contabilidade: Contabilidade é a ciência que estuda a pratica as funções de orientação, de controle e
de registro dos atos e fatos de uma administração econômica (1º Congresso Brasileiro de Contabilidade/1924).

Se você é um grande investidor e quer empregar o seu capital em uma grande rede de supermercados brasileira, não vai
querer esmiuçar contrato a contrato, pegar todas as notas fiscais de venda, de compra, para saber como anda a saúde
financeira daquela companhia, não é?

Pois então, a contabilidade irá te fornecer todas essas informações, de modo prático, através das demonstrações
financeiras. A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações aos seus usuários.

Portanto, se você quer investir em uma empresa, não vá até ela procurar suas notas fiscais, seus contratos e procurar
saber o quanto ela tem de lucro! Faça mais simples, veja a contabilidade. As grandes empresas, como as que têm ações
em bolsa, publicam no mínimo anualmente as suas demonstrações contábeis. Basta lembrar que muitas vezes vemos
nos noticiários as notícias: Banco X publica as suas demonstrações contábeis e tem crescimento de Y%. Empresa
Petrolífera Z tem prejuízo de ordem histórica, e assim por diante.

Fonte: https://www.infomoney.com.br/mercados/via-varejo-conclui-investigacao-de-fraude-contabil-com-impacto-de-r-119-bi-prejuizo-de-r-9-bi-da-oi-em-2019-e-mais/

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1.1- FINALIDADE DA CONTABILIDADE
Controle: é o acompanhamento das atividades da organização.
Planejamento: é o conjunto de linhas de ação e a maneira de executá-las para alcance dos objetivos.

1.2- OBJETO DA CONTABILIDADE


O objeto da Contabilidade é o Patrimônio da entidade. Tanto pode ser patrimônio de Pessoa Física, como de Pessoa
Jurídica.
O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio.
Por patrimônio, entenda o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade.

De acordo com a Estrutura Conceitual da Contabilidade:

“OB2. O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações contábil-financeiras


acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em
potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de
recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos
patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.”

1.3- USUÁRIOS DA CONTABILIDADE


Abaixo são listados alguns usuários da contabilidade:

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Exemplo de um organograma empresarial:

De acordo com a Estrutura Conceitual da Contabilidade: “As demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas
para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, órgãos
reguladores ou autoridades tributárias, por exemplo, podem determinar especificamente exigências para atender a seus
próprios interesses. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as demonstrações contábeis elaboradas segundo essa
Estrutura Conceitual.”

1.4- TÉCNICAS CONTÁBEIS


Técnica é o conjunto de métodos organizados de forma sistemática, desenvolvidos e postos em execução com o
propósito de se alcançar determinado fim.
Escrituração: Registro em livros especiais e em linguagem própria, com a observância dos princípios e convenções
geralmente aceitos, de todos os fatos que influem na composição do patrimônio.

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Cada nota fiscal de compra de mercadoria, cada NF de venda, cada cheque emitido, cada compra de ativo imobilizado
para a produção, tudo isso tem de ser controlado. Pensem vocês se não houvesse um controle de todos os atos e fatos
que ocorrem o âmbito de uma empresa. O que seria desta empresa?! O que seria do mercado? E o que seria da
economia nacional?

Pois bem, todos esses eventos devem ser contabilizados. Então, no período de competência, colheremos todos os
documentos necessários e lançaremos nos respectivos livros contábeis. A técnica utilizada para o registro dos fatos
contábeis é chamada de escrituração.

Então, em um primeiro momento, devemos escriturar, por meio de lançamentos contábeis, todas as notas fiscais e
documentos que comprovem alteração no patrimônio da entidade.

Segundo a Lei 6.404/76:

Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da
legislação comercial e desta Lei (a própria 6.404) e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo
observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de
competência.

Ainda segundo a Lei 6.404/76: a companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer
modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de
legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de
métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras
demonstrações financeiras (LSA, art. 177, §2º).

A obrigatoriedade da escrituração contábil encontra-se na Lei n.o 10.406/02 (Código Civil Brasileiro), artigo 1.179:
O empresário e a sociedade empresaria são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com
base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar
anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

Ainda de acordo com a Lei n.o 10.406/02, estão dispensados da escrituração contábil apenas "o produtor rural" e "o
pequeno empresário".

Considera-se pequeno empresário. para efeito de aplicação desta dispensa, o empresário individual caracterizado como
microempresa na forma da Lei Complementar n.o 123/2006 que aufira receita bruta anual de ate R$ 60.000,00 (sessenta
mil reais).

Demonstrações Contábeis: o simples registro dos fatos que afetam o patrimônio não possibilita ao administrador ter
uma visão abrangente e consolidada da situação patrimonial da entidade de modo a subsidiar o processo decisório. Por
isso, desenvolveu-se a técnica de elaboração periódica de relatórios sobre o estado do patrimônio e o efeito da gestão
administrativa sobre este ao longo do tempo. A tais relatórios damos o nome de Demonstrações Contábeis.

As entidades, em sua constituição, elegem o que chamamos de exercício social. Segundo a Lei das SAs:

Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término será fixada no estatuto. Parágrafo único.
Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária o exercício social poderá ter duração diversa.

O exercício social tem duração de 1 ano. Isso não equivale a 12 meses (juridicamente falando).

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1 ano 365 dias
1 mês 30 dias
12 meses 360 dias.

Ao término do exercício, as sociedades têm de publicar o que chamamos de demonstrações financeiras. Todo mês
faremos os lançamentos de fatos contábeis, procedendo à escrituração dos livros. As demonstrações financeiras são um
compilado de tudo o que ocorreu na empresa durante o exercício social. Vejam que se trata de uma sequência
cronológica. Se somarmos todas as vendas realizadas no exercício, encontraremos a chamada receita bruta de vendas,
na demonstração do resultado do exercício.

Se somarmos tudo o que entrou e tudo o que saiu do caixa, teremos achado então o saldo da conta caixa. E assim por
diante.

Segundo a Lei 6.404/76:

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia,
as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as
mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

Além dessas, o CPC 26 – Apresentação das demonstrações contábeis – lista como demonstrações contábeis a
demonstração das mutações do patrimônio líquido – DMPL e a demonstração dos resultados abrangentes.

Auditoria: técnica de verificação e avaliação da qualidade e confiabilidade dos registros contábeis e das informações
produzidas.
Uma vez elaborada as demonstrações contábeis, elas precisam passar pela verificação sobre se a escrituração está
correta nos termos do que prescrevem as normas contábeis. Esse processo é chamado de auditoria.

Segundo a Lei 6.404:

Art. 176: § 3o As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por auditores independentes nela
registrados.

A auditoria realizada por auditores da CVM em companhias abertas e nas fechadas de grande porte é denominada de
auditoria independente. Além da independente, temos as auditorias interna (elaborada por empregados da companhia) e
fiscal (elaborada por auditores fiscais da União, Estados, Municípios e/ou Distrito Federal, no âmbito de suas
competências).

Análise das demonstrações financeiras: processo de avaliação da situação real do patrimônio, no que se refere à
capacidade financeira, ao desempenho operacional, à sobrevivência da entidade, suas possibilidades de expansão e
desenvolvimento.

Depois que as demonstrações foram publicadas e auditadas, os seus usuários têm interesse nas informações nelas
contidas.

Um investidor desejará saber, por exemplo, o quanto essa empresa está dando de retorno para cada ação do capital
social.

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O credor por empréstimo desejará saber o quanto tem de garantia para poder conceder tranquilamente o empréstimo que
deseja. E assim por diante. Tudo isso é feito através da técnica contábil chamada de análise das demonstrações
contábeis ou análise de balanços.

1.5 BASE LEGAL PARA O ESTUDO DA CONTABILIDADE

 Lei 6.404/76: Lei das sociedades por ações. (a)


 Lei 11.638/07 e 11.941/09: As principais alterações promovidas por essas leis na Lei 6.404/76. (a)
 Pronunciamentos Contábeis (b)

a) Destacamos alguns trechos importantes retirados da Lei 6.404/76:

Características e Natureza da Companhia ou Sociedade Anônima

Características

Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou
acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

Escrituração

Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da
legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou
critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.

§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de


efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.

Pronunciamentos Contábeis (b)


Origem

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos
das seguintes entidades:

 Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca);


 Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional);
 B3 Brasil Bolsa Balcão;
 Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon);
 Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi);
 Entidades representativas de investidores do mercado de capitais.

Em função das necessidades de:

 convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis,
redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital);
 centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem);
 representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil,
auditor, usuário, intermediário, academia, governo).

Criação e Objetivo

Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo "o estudo, o preparo e a emissão de documentos
técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão
de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção,
levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais".
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Características Básicas

 O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 de seus membros;
 O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária;
 As sete entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas futuramente;
 Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, não auferem remuneração.

1.6 POSTULADOS, PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES CONTÁBEIS

1.7 SEGUNDO A ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA:

Pressupostos básicos (2):

REGIME DE COMPETÊNCIA: Este princípio está ligado ao fato de registrar no momento certo as vendas e as
despesas que competem (pertencem) a um período de tempo para apurar se a empresa deu lucro ou prejuízo.

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CONTINUIDADE: Pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro previsível. Dessa forma, presume
que a entidade não tem a intenção nem a necessidade de interromper os negócios, entrar em liquidação ou reduzir
materialmente a escala de suas operações.

Características Qualitativas (4):

COMPREENSIBILIDADE: As informações apresentadas nos Relatórios Contábeis devem ser prontamente


entendidas pelos usurários. O relatório contábil deverá ser acessível a leigos.

RELEVÂNCIA: Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às necessidades dos usuários na tomada de
decisões. As informações são relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-
os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes e futuros, ou confirmando ou corrigindo avaliações
anteriores.

CONFIABILIDADE: Para ser útil, a informação deve ser confiável, deve estar livre de erros ou vieses relevantes
e representar adequadamente aquilo que se propõe representar.

COMPARABILIDADE: Os usuários devem pode comparar os relatórios contábeis de uma entidade ao longo do
tempo, nos períodos sucessivos. Não devem ser mudados os critérios, os padrões sem avisar aos usuários.

2- ESTÁTICA PATRIMONIAL: O BALANÇO PATRIMONIAL


O Balanço Patrimonial é uma das mais importantes demonstrações contábeis, por meio do qual podemos
apurar a situação patrimonial e financeira de uma entidade em determinado momento, dentro de certas regras. Sua
estrutura é a seguinte:

2.1 - PATRIMÔNIO
Conjunto de bens pertencente a uma pessoa ou a uma empresa. Compõe-se também de valores a receber (ou
dinheiro a receber), denominados direitos a receber ou, simplesmente, direitos.
E as obrigações (dívidas) referentes aos bens e direitos.

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2.2 - ATIVO
Bens e direitos da entidade expressos em moeda:
 Bens – coisas úteis, capazes de satisfazer às necessidades das pessoas e das empresas.

Bens como tudo aquilo que pode proporcionar ao homem qualquer satisfação. Os bens hoje, basicamente, podem ser
divididos em bens corpóreos e incorpóreos (os chamados ativos intangíveis).

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Entendem-se por bens as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas. Se eles têm
forma física, são palpáveis, denominam-se bens tangíveis: veículos, imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro, móveis
e utensílios (moveis de escritórios), ferramentas etc.

Os bens incorpóreos, isto é, não constituídos de matérias, denominam-se bens intangíveis. Normalmente são as marcas
e as patentes de invenção.

Código Civil brasileiro distingue os bens em:

 Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos: edifícios,
construções, árvores etc.

 Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas,
equipamentos, estoques de mercadorias etc.

 Direitos – o poder de exigir alguma coisa, são valores a receber, títulos a receber, contas a receber,
Clientes.
Os direitos são aquelas quantias que nossa entidade tem a receber ou a recuperar em negócios jurídicos celebrados com
terceiros, tal como uma venda a prazo realizada, um adiantamento feito a um fornecedor, um cheque que tenho a
receber.

Em Contabilidade entende-se por Direito ou Direito a Receber o poder de exigir alguma coisa. São valores a receber,
títulos a receber, contas a receber. O direito a receber mais comum decorre das vendas a prazo, ou seja, quando se
vendem mercadorias a outras empresas, o pagamento não é efetuado no ato mas no futuro; a empresa vendedora emite
uma duplica como um documento comprobatório. Esse direito denomina-se duplicatas a receber.

Os direitos também integram o grupo que estamos chamando de ativo.

Ativos são os bens e direitos da empresa. Assim, quando a empresa compra uma máquina para ser usada na produção,
está comprando um Ativo.

Exemplos de Ativo: Caixa, Bancos, Imóveis, Veículos, Equipamentos, Estoque (de Mercadorias), Contas a Receber de
Clientes, Aplicações Financeiras, Terrenos, Edifícios.

Por convenção, os elementos componentes do Ativo acham-se discriminados no lado esquerdo do Balanço Patrimonial.

Importante saber o ativo é classificado conforme o Grau Decrescente de Liquidez (Inicia-se com as contas que se
transformam mais rapidamente em dinheiro, para as contas menos líquidas).

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Ativo

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as


aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;

II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os
derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores,
acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da
companhia;

III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não
classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa;

IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da
companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à
companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia
ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº
11.638,de 2007)

Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício
social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

2.3 - PASSIVO
Obrigações a pagar, isto é, as quantias que a empresa deve a terceiros.

- Passivos são as obrigações da empresa. Aquilo que ela tem que pagar. Digamos que uma empresa compre uma
máquina para usar na produção e irá pagar em 12 prestações mensais. A máquina (já vimos) é um ativo. A dívida com o
fornecedor (as 12 prestações que a empresa tem que pagar) é um Passivo.

Grosso modo, são valores que a minha empresa deve a terceiros, tais como impostos a pagar, salários a pagar,
financiamentos a pagar, empréstimos a pagar. As obrigações, por seu turno, compõem o grupo que chamamos de
passivo.

Exemplo de Passivo: Contas a Pagar, Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar, Financiamentos a Pagar,
Empréstimos. Impostos a Recolher.

Por convenção, os elementos componentes do Passivo acham-se discriminados no lado direito do Balanço Patrimonial.

Importante saber o ativo é classificado conforme o Grau de Decrescente de Exigibilidade (Inicia-se com as contas que
devem ser pagas mais rapidamente, para as contas de prazo mais longo de pagamento).

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Passivo Exigível
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante,
serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se
tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do art. 179 desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).

2.4 -PATRIMÔNIO LÍQUIDO


Diferença entre o valor do Ativo e do Passivo de uma entidade.
Se um amigo tem um grande apartamento, um carro novo e outros bens, esse patrimônio elevado não significa
necessariamente grandes vantagens pois pode estar devendo muitas prestações ao banco financiador, a sua dívida pode
ser grande.
A riqueza líquida da pessoa ou empresa é o somatório os bens e os direitos, e desse total, subtraem-se as
obrigações. Chamada de Patrimônio Líquido ou Situação Líquida.
Fontes do Patrimônio Líquido – O Patrimônio Líquido de uma entidade pode ser proveniente das seguintes fontes:
a) Investimentos dos Sócios – Efetuados pelos proprietários em troca de ações, quotas ou outras participações.
b) Lucros – Acumulados na entidade e não distribuídos aos sócios como fonte (adicional) de financiamento.

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2.5 – EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO PATRIMÔNIO

2.6 - ORIGENS x APLICAÇÕES

Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo passivo e patrimônio líquido. Os recursos (financeiros ou
materiais) são originados dos proprietários (PL), fornecedores, governo, bancos, financeiras etc. que representam
origens de recursos. Através do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens de recursos.

O ativo, por sua vez, evidencia, todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em
imóveis etc.

A principal origem de recurso para as empresa é o lucro obtido no negócio.

O lucro é a remuneração ao capital investido na empresa pelos proprietários. O lucro é sobra líquida à disposição dos
proprietários da empresa que darão as várias destinações ao mesmo.

COMEÇANDO A ENTENDER A CONTAS

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A, B, e C seremos sócios. Criaremos a sociedade Alfa Ltda, que terá sede física, e cujo objeto será a venda de
mercadorias. O contrato social prevê: os sócios A e B entregaram R$ 100.000,00 cada e o sócio C entrega R$
50.000,00. Todo o valor será entregue em dinheiro.

Então, a sociedade ficará assim:

Capital social
A 100.000,00
B 100.000,00
C 50.000,00
Total 250.000,00

O capital social é um recurso que provém da entidade ou de terceiro? Da entidade, correto? É um recurso que
pertence à própria entidade. A origem deste valor é o dinheiro que os sócios entregaram. Com efeito, entenda que o
capital social é uma origem de recursos. É uma fonte de recursos própria. Os sócios estão entregando dinheiro para
a sociedade, que vai ser aplicado em bens e direitos.

Os sócios entregaram dinheiro (origem) para a sociedade, que irá aplicar em um bem, nesse caso chamado caixa
(aplicação), já que foi dito, no contrato social, que seria entregue dinheiro.

Como raciocinar contabilmente? Três sócios entregam R$ 250.000,00 para a sociedade. O que
está acontecendo?

Resposta: Bem, a sociedade está sendo constituída. O dinheiro que os sócios entregaram para a sociedade
compõe uma conta chamada capital social. Essa origem terá algum tipo de aplicação, seja em bem, seja em
direito. Neste caso, como o contrato exige a aplicação em dinheiro, irá para a conta caixa. Ficará no numerário
da empresa.

O conjunto de contas de que a entidade se utiliza é chamado de plano de contas.

FINALIDADE DA CONTABILIDADE E USUÁRIOS DAS DEMONSTRAÇÕES

A finalidade principal da ciência contábil é fornecer a seus usuários informações sobre a situação patrimonial e
financeira da entidade.

Faz-se essencial a investidores, credores, fornecedores, governo e até mesmo aos próprios administradores da entidade
que tenham a plena convicção de como anda a “saúde” da empresa gerenciada.

As demonstrações contábeis são preparadas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas
finalidades distintas e necessidades diversas.

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Esquema Básico de um Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido - Capital Próprio

NOTAS EXPLICATIVAS

As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos ou outras
demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa.

A lei enumera o mínimo dessas notas e induz à sua ampliação quando for necessário para o devido “esclarecimento da
situação patrimonial e dos resultados do exercício”.

Nesse mínimo incluem-se divulgar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas
contábeis aplicadas, divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam
apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações contábeis, descrição dos critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais e das práticas contábeis adotadas, dos ajustes dos exercícios anteriores, reavaliações, ônus sobre ativos,
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detalhamentos das dívidas de longo prazo, do capital e dos investimentos relevantes em outras empresas, eventos
subsequentes importantes após a data do balanço etc.

Fonte: Manual de Contabilidade Societária 2018 3ed.

RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES

As demonstrações contábeis são sempre de responsabilidade da administração da empresa e são assinadas pelo
contabilista devidamente autorizado. O Relatório de auditores independentes sobre elas é de fundamental importância e
obrigatório em certas circunstâncias. Por esse motivo, a Lei das Sociedades por Ações determinou que as
demonstrações contábeis das companhias abertas sejam auditadas por auditores independentes registrados na CVM. A
partir da Lei no 11.638/07 também são alcançadas por essa exigência as sociedades de grande porte, definidas como
sendo aquelas que têm ativo ou receita bruta anual superior a 240 ou 300 milhões de reais, respectivamente. Além disso,
normas específicas exigem que as instituições subordinadas ao Banco Central do Brasil, à Superintendência de Seguros
Privados, à Agência Nacional de Energia Elétrica e outras também tenham suas demonstrações contábeis auditadas.

Destaque-se que ainda é pequeno o número de empresas que se preocupam com a transparência e a credibilidade de
suas demonstrações contábeis e submetem seus balanços ao exame dos auditores independentes e os divulgam, mesmo
não tendo obrigatoriedade legal. Essa situação contrasta drasticamente com países de economias mais avançadas, onde a
auditoria é uma obrigatoriedade para a grande maioria das empresas e entidades, inclusive governamentais, senão por
lei, por exigência natural da sociedade e da comunidade de negócios. Empréstimos, relações comerciais, transações
importantes e linhas de crédito normalmente só se concretizam naqueles países se acompanhadas de demonstrações
contábeis avalizadas por auditores independentes.

O Brasil, mesmo com essa nova exigência para as sociedades de grande porte, ainda é considerado um dos menos
auditados no mundo dos negócios, como comprovam os dados da proporção do número de auditores em relação à
população, ou do volume de empresas e entidades, inclusive governamentais. A função, no Brasil, requererá ser
multiplicada algumas vezes para se equiparar aos padrões dos países avançados.

O fato importante a ser destacado é que com um sistema mais transparente de informações e de prestações de contas e
com uma atuação de auditoria bem maior, muito se aplicará na segurança dos negócios, com redução de riscos e
inadimplências, permitindo inclusive menores taxas de juros. Além disso, haveria contribuições na diminuição de
corrupção e de sonegação de impostos. Contribuiria, finalmente, para a melhoria do nosso país, quanto ao grau de
atratividade de capitais e de investimentos internacionais e sua competitividade.

Fonte: Manual de Contabilidade Societária 2018 3ed.

EXERCÍCIO 1
Com base nas contas abaixo descritas monte o Balanço Patrimonial:
Caixa R$ 1.000
Contas a Pagar R$ 3.500
Contas a Receber R$ 3.000
Fornecedores R$ 1.800
Bancos R$ 800
Estoque de Materiais R$ 3.000
Terrenos R$ 1.700
Capital Social R$ 4.000
Veículos R$ 500
Lucros Acumulados R$ 700

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Disciplina: Introdução a Contabilidade Prof: Sidmar Almeida – Apostila 1
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BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Caixa 1.000 Contas a Pagar 3.500
Capital de Terceiros
Bancos 800 Fornecedores 1.800
Contas a Receber 3.000
Estoques 3.000
Terrenos 1.700 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Veículos 500 Capital 4.000
Capital Próprio
Lucros Acumulados 700

TOTAL 10.000 TOTAL 10.000

Total de Bens e Direitos = 10.000 (Total do Ativo).


Total de Obrigações com Terceiros = 5.300 (Total do Passivo) – Capital de Terceiros.
Patrimônio Líquido = Situação Líquida = 4.700 - Capital Próprio.

EXERCÍCIO 2
Com base nas contas abaixo descritas monte o Balanço Patrimonial:
Edifícios R$ 2.000
Caixa R$ 1.000
Impostos a Pagar R$ 2.500
Clientes R$ 2.000
Fornecedores R$ 2.800
Bancos R$ 1.800
Estoque de Materiais R$ 3.000
Capital Social R$ 4.000
Veículos R$ 2.200
Lucros Acumulados R$ 2.700

Total de Bens e Direitos = _____________ (Total do Ativo).


Total de Obrigações com Terceiros = _____________ (Total do Passivo) – Capital de Terceiros.
Patrimônio Líquido = Situação Líquida = ______________- Capital Próprio.

EXERCÍCIO 3
Com base nas contas abaixo descritas monte o Balanço Patrimonial:
Títulos a Pagar R$ 27.000
Móveis e utensílios R$ 3.000
Bancos R$ 15.000
Fornecedores R$ 3.500
Estoques R$ 17.000
Caixa R$ 17.000
Capital Social R$ 45.000

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Disciplina: Introdução a Contabilidade Prof: Sidmar Almeida – Apostila 1
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Equipamentos R$ 8.500
Empréstimos Obtidos R$ 15.000
Imóveis R$ 30.000

Total de Bens e Direitos = _____________ (Total do Ativo).


Total de Obrigações com Terceiros = _____________ (Total do Passivo) – Capital de Terceiros.
Patrimônio Líquido = Situação Líquida = ______________- Capital Próprio.

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