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GRAU DE OBSERVÂNCIA DOS REGISTROS CONTÁBEIS E DAS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE UMA INDÚSTRIA DE MÉDIO


PORTE AOS PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS EMITIDOS PELO CPC

Orientando: Patrick da Rocha Oliveira Antunes1


Orientador: Prof. Me. José Wolnei Schwartzhaupt

1. INTRODUÇÃO

Aos quinze dias do mês de dezembro de 1976, o então Presidente da


República, Ernesto Geisel, sancionava a Lei n.º 6.404, a Lei das Sociedades
Anônimas.
A Lei 6.404/1976 nasceu do trabalho em conjunto de diversas entidades do
ambiente empresarial brasileiro, tais como o Instituto dos Auditores Independentes
do Brasil - IBRACON, a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras - FIPECAFI, a Comissão dos Valores Mobiliários - CVM, o Conselho
Federal de Contabilidade - CFC, o Banco Central do Brasil - BACEN e a Receita
Federal do Brasil – RFB, dentre outros. Visava fomentar o crescimento das
sociedades anônimas, regulando detalhadamente as relações entre os acionistas e
as companhias, os direitos e deveres básicos de cada um, bem como consolidar o
modelo das sociedades por ações no Brasil, pois é o modelo que permite um
mercado de ações forte, a captação de recursos para as companhias com custos
menores do que os do sistema bancário e a possibilidade de investimento produtivo
para os investidores, tudo isso em um ambiente seguro e institucionalizado.
A partir de sua publicação, a Lei 6.404/1976 passou a ser o norte para todas
as empresas que possuíam escrita contábil, pois orientava como registrar os fatos
contábeis, como elaborar e publicar as demonstrações financeiras, como distribuir
os lucros, dentre tantas outras normas imprescindíveis para a atuação da profissão
contábil.
Entretanto, a partir da primeira década do século 21, a contabilidade no Brasil
entrou em uma nova era.
Os adventos da Lei 11.638/2007 e da Lei 11.941/2009, que alteraram
profundamente a Lei 6.404/1976, bem como da Lei 12.973/2014, que adaptou a
legislação tributária ao novo cenário societário brasileiro, adicionados ao Sistema
Público de Escrituração Digital - SPED, construíram um cenário completamente
novo para os profissionais da contabilidade e novos desafios surgiram.
A Lei 11.638/2007 incluiu a obrigatoriedade de elaboração das
demonstrações financeiras em consonância com os padrões internacionais de
contabilidade, conhecidos internacionalmente como International Financial Reporting
Standards – IFRS. Entretanto, havia muitas lacunas entre a legislação societária
brasileira vigente desde 1977 e essas novas normas contábeis. Era preciso entender
as IFRS, traduzi-las e adaptá-las para a realidade brasileira. Com o objetivo de
atender essa demanda, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC.
A partir de sua criação em 2005, o CPC estudou, traduziu e adaptou as
International Accounting Standards – IAS e as International Financial Reporting
Standards – IFRS, bem como outros documentos emitidos pelo International
Accounting Standards Board – IASB, órgão internacional responsável pelas normas
internacionais de contabilidade.
1
Graduando em Ciências Contábeis do Centro Universitário Metodista – IPA.
E-mail: proantunes@gmail.com
1
Adiante, o CPC publicou pronunciamentos enumerados sequencialmente, um
para cada norma internacional, que orientam os profissionais da contabilidade na
execução dos registros contábeis, na confecção das demonstrações financeiras e
em como ler cada operação ou fato contábil, de acordo com a premissa fundamental
das IFRS, isto é, priorizar a essência sobre a forma.
A principal mudança inserida pelos padrões internacionais de contabilidade
está na leitura dos fatos contábeis e em seus respectivos registros. Todo profissional
de contabilidade que se deparou com os pronunciamentos, percebeu que não há
mais orientações diretas sobre como se deve contabilizar esta ou aquela operação,
mas sim, orientações sobre como entender os fatos por sua essência e sobre como
registrá-los de forma que seus reflexos, econômico e financeiro, estejam explícitos
nas demonstrações financeiras.
Uma boa forma de contribuir para este processo, de adoção às normas
internacionais de contabilidade no Brasil, é entender quais pronunciamentos
técnicos o profissional deve observar, relacionando-os com as operações que a
empresa realiza. Para atender esta demanda, foi realizado um estudo de caso com
uma indústria de médio porte, a qual engloba inúmeros fatos contábeis e atende
perfeitamente a necessidade do presente estudo.
A empresa objeto de estudo do presente trabalho é uma sociedade
empresária limitada, que exerce a atividade de fabricação de embalagens de
papelão, possui aproximadamente 100 funcionários e seu faturamento anual gira em
torno de trinta milhões de reais, enquadrando-se, portanto, na seara das pequenas e
médias empresas. A companhia está obrigada a observar os padrões internacionais
de contabilidade pela força da resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº
1.255 de 2009, que aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) nº 19.41,
atual Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral (NBG TG) nº 1000, que
estendeu a obrigatoriedade dos padrões internacionais de contabilidade às
pequenas e médias empresas.
Diante do exposto acima, resumimos nossas demandas em responder o
seguinte problema: qual é o grau de observância dos registros contábeis e das
demonstrações financeiras da empresa objeto do estudo aos pronunciamentos
técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis?
Este trabalho teve como objetivo principal identificar o grau de observância
dos registros contábeis e das demonstrações financeiras de uma indústria de médio
porte aos pronunciamentos técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis - CPC.
O objetivo principal supracitado desmembrou-se em três objetivos
específicos, todos voltados a responder ao problema de pesquisa e estão dispostos
da seguinte forma: a) levantar quais são os pronunciamentos técnicos que a
empresa deve observar; b) confeccionar uma matriz que relacione os grupos do
balancete de verificação e das demonstrações financeiras com os pronunciamentos
técnicos; c) identificar os pronunciamentos técnicos que não são observados e
sugerir adequações pertinentes.
A contabilidade é um reflexo da rotina diária das empresas, onde cada fato
contábil que gere alteração patrimonial deve ser registrado no livro-diário de acordo
com as orientações técnicas vigentes. A correta observância aos pronunciamentos
técnicos permite às companhias emitirem demonstrações financeiras, e demais
relatórios contábeis, que expressem de forma profícua e acurada a situação
econômico-financeira das empresas. Uma empresa que analisa seus números desta
forma, certamente possui maior capacidade de gestão e, consequentemente, torna-
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se mais competitiva. Esta pesquisa servirá como ferramenta de apoio no dia a dia
dos profissionais da contabilidade, pois estabeleceu um elo entre a teoria e a prática,
facilitando assim a contabilização correta dos fatos contábeis.
O presente estudo enquadra-se na linha de pesquisa de Controladoria,
Contabilidade e Finanças, pois objetiva estudar as normas contábeis e sua
aplicabilidade, com ênfase nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo foram abordados os temas “A Lei 6.404/1976 e a


Contabilidade”, “Introdução às Normas Internacionais de Contabilidade”, “Adoção,
pelo Brasil, às Normas Internacionais de Contabilidade”, “Comitê de
Pronunciamentos Contábeis – CPC” e “Pronunciamentos Técnicos e as Normas
Brasileiras de Contabilidade”.

2.1 A LEI 6.404/1976 E A CONTABILIDADE

Para se entender a importância da adoção às normas internacionais de


contabilidade, antes são necessárias algumas considerações acerca da
contabilidade no Brasil, a partir da publicação da Lei 6.404/1976 até a época da
adoção das normas internacionais de contabilidade pela Lei 11.638/2007.
Conforme definem Araújo, Pureza e Silva (2015, p.18) “a base da legislação
societária brasileira encontra-se na Lei 6.404, aprovada no final do ano de 1976”.
A Lei 6.404/1976 oficializou no Brasil a adoção da escola anglo-saxônica de
contabilidade, conforme discorre Marion (2006, p. 31) ao afirmar que “o domínio da
escola americana, iniciado com a Circular nº 179/72 do Banco Central, tornou-se
evidente com o advento da Lei nº 6.404/76, Lei das Sociedades por Ações, que
passa a adotar uma filosofia nitidamente norte-americana”.
Ao ensinar sobre este modelo contábil norte-americano, Schmidt & Santos
(2008) definem:
O interesse dos norte-americanos pela qualificação da informação contábil
acabou polarizando o desenvolvimento de sua escola em dois grandes
grupos de atuação contábil. De um lado, todo o progresso doutrinário da
Contabilidade Financeira e dos relatórios contábeis, com intensa
participação das associações profissionais no desenvolvimento prático e
teórico da disciplina; de outro, a enorme expansão da contabilidade
gerencial, especialmente no que tange à qualidade da informação interna
para a tomada de decisão. (SCHMIDT; SANTOS, 2008, P. 74).
A adoção por este modelo norte-americano visava modernizar o mercado de
capitais e retirá-lo de uma estagnação que já existia desde a década de 60,
conforme explanam Araújo, Pureza e Silva (2015). Araújo, Pureza e Silva (2015, p.
24) complementam que “além de recuperar o mercado, uma nova lei tratando das
sociedades anônimas se fazia necessária pela nova estrutura econômica do país”.
No tocante à nova estrutura econômica do país na década de 70, cabe
salientar que a CVM foi criada espelhada na Securities and Exchange Comission -
SEC Americana, para regular o mercado de capitais, conforme nos elucidam
Carvalho, Lemes e Costa (2011, p. 13), informando que “[...] a SEC, em cujo modelo
nos inspiramos no Brasil em 1976 para criar nossa CVM, mais de 40 anos depois e
sobre os escombros de nossa crise particular de mercado de capitais, o
afundamento das bolsas brasileiras no início dos anos 70”.

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Fortuna (2005, p. 561) em sua obra sobre o mercado financeiro define que
“[...] uma cuidadosa análise dos últimos balanços e as perspectivas futuras da
empresa é que darão os melhores indicadores para qualquer decisão”.
Tendo em vista a necessidade de confiabilidade da informação contábil
apresentada pelas empresas no ambiente do mercado de ações, Iudícibus (2006, p.
40) enfatiza que “predomina, nos textos americanos, a preocupação com o usuário
da informação contábil. A Contabilidade é sempre utilizada e apresentada como algo
útil para a tomada de decisões”.
Corroborando a importância da Lei 6.404/1976 para a relação entre a
contabilidade e o mercado de capitais, Weffort (2005) ensina que:
Constata-se, claramente, uma relação entre o desenvolvimento do mercado
de capitais e as práticas contábeis [...], na medida em que um mercado de
capitais forte depende, em grande parte, das demonstrações contábeis
confiáveis e transparentes para garantir seu funcionamento. (WEFFORT,
2005, P. 87).
Entretanto, com o passar das décadas, a Lei das S.A. estava se tornando
obsoleta, conforme Gelbcke et al. (prefácio, 2018) explanam que “se, por um lado, a
Lei das S.A. de 1976 havia nos colocado num elevado nível comparativamente a
outros países, a demora na sua renovação nos colocou em atraso.” O mundo estava
se organizando em torno das IFRS, conforme orientam Carvalho, Lemes e Costa
(2011):
A aprovação da IFRS 1 ganhou importância substancial com a
obrigatoriedade de as empresas listadas nas bolsas da União Europeia
implementarem as Normas Internacionais do IASB a partir de 2005, além da
manifestação de outros países, como a Austrália, a Rússia e o Uruguai, em
adotar as IFRS nos próximos anos. (CARVALHO; LEMES; COSTA, 2011, P.
19).
Chegava o momento de o Brasil adequar-se a esta nova realidade contábil
internacional, pois uma contabilidade internacional, ainda citando Carvalho, Lemes e
Costa (2011) minoram as agruras de quem quer investir fora de seu país e até hoje
tinha que manusear balanços de dezenas de normas contábeis distintas, tentando
compatibilizá-las para comparar.

2.2 INTRODUÇÃO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

A origem das normas internacionais de contabilidade está na criação do


International Accounting Standards Committee - IASC, conforme define Weffort
(2005, p. 72) “sobre a questão da harmonização contábil internacional, pode-se
considerar que os esforços organizados nesta direção foram iniciados efetivamente
em 1973, com a criação do International Accounting Standards Committee (IASC)”.
Conforme explana Zeff (2014, p. 302) “o IASC foi a primeira tentativa de
normalização contábil internacional. Em 1973, poucos países tinham comitês ou
conselhos cujas recomendações influenciavam o curso da prática contábil.” Foi
criado, conforme observa Weffort (2005) pela formalização da intenção de alguns
países, através de entidades profissionais, de buscar um conjunto de padrões para
as normas contábeis.
Antunes et al. (2012) completam que o IASB, criado em 1973 para estudar,
preparar e emitir normas internacionais de contabilidade, com sede em Londres, foi
constituído por mais de 140 entidades profissionais de todo o mundo, inclusive do
Brasil.
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Zeff (2014) salienta que:
Entre 1973 e 2000, mais de 200 indivíduos altamente qualificados, com
diversas trajetórias profissionais, serviram em 22 delegações o conselho do
IASC, assistidos por uma equipe talentosa e grupos de voluntários
dedicados de todo o mundo, que elaboraram os documentos preliminares
como membros dos comitês. Essa foi uma colaboração global realmente
sem precedentes entre os profissionais contábeis. Nesse período, o IASC
realizou 87 reuniões em 37 cidades ao redor do mundo e emitiu um
arcabouço conceitual, 41 normas e 24 interpretações. (ZEFF, 2005, p. 310).
Zeff (2014, p. 304) define que “a primeira norma do IASC sobre a divulgação
das políticas contábeis foi divulgada em janeiro de 1975 e foi recebida com grande
alarde ao redor do mundo. Entre 1975 e 1987, o IASC publicou mais 25 normas [...]”.
Weffort (2005) complementa que entre 1985 e 1994, o IASC publicou as
International Accounting Standards – IAS, o que coincide com o aumento nas
discussões sobre harmonização contábil no mundo (tanto no ambiente profissional
como no acadêmico). Completa Zeff (2014) que entre 1994 e 1998 o conselho se
dedicou incansavelmente para completar o trabalho das principais normas e que
enfim, em dezembro de 1998, aprovou a IAS 39, sobre instrumentos financeiros [...].
Complementando sobre o processo de adoção das IFRS ao redor do mundo,
Carvalho, Lemes e Costa (2011) explanam que:
A interpretação SIC 8, emitida em 1998 e em vigor até dezembro de 2003,
propunha-se a dar orientações sobre preparação e apresentação das
demonstrações contábeis para o período em que as Normas Contábeis
Internacionais emitidas pelo IASB eram adotadas pela primeira vez.
(CARVALHO; LEMES; COSTA, 2011, P. 18).
Entretanto, após muitas críticas ao Standing Interpretations Committee – SIC
8, conforme explicam Carvalho Lemes e Costa (2011), “o Board do IASB iniciou a
revisão da Interpretação SIC 8 [...], resultando, em junho de 2003, na aprovação da
IFRS 1 – Adoção pela Primeira Vez das Normas Internacionais de Relatórios
Financeiros – que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2004.” (CARVALHO;
LEMES; COSTA; 2011, P. 19).
Adiante, no tocante aos fatos históricos relevantes pode-se salientar que,
conforme ressalta Weffort (2005), em 2001 o IASC transforma-se na International
Accounting Standards Board - IASB, pela transformação do comitê em junta.
Também “em 2001, a Comissão Europeia determina o uso dos padrões do IASC
para todas as companhias listadas a partir de 2005”, e que em 2002 há “a primeira
tradução oficial no Brasil dos IAS (2002).” (WEFFORT, 2005, p. 75).
Por fim, Martins, Martins e Martins (2007) explanam que esta adoção das
IFRS em âmbito mundial, serve para que o mundo saia de dois caminhos
completamente diferentes e chegue a um denominador comum. Os países que
tinham um processo de normatização contábil puramente estatal ou code law, vão
para um processo misto onde o Estado apenas acompanha e às vezes participa;
enquanto os países que tinham um processo totalmente deixado aos próprios
contadores ou commom law, evoluíram para um modelo com um órgão colegiado
com participantes das várias áreas interessadas e afetadas pela normatização
contábil.

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2.3 ADOÇÃO, PELO BRASIL, ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE
CONTABILIDADE

O Brasil adotou os padrões internacionais de contabilidade para as


companhias abertas através da Lei 11.638/2007, inserindo o parágrafo 5º ao artigo
nº 177 da Lei 6.404/1976, definindo que “as normas expedidas pela Comissão de
Valores Mobiliários a que se refere o § 3 o deste artigo deverão ser elaboradas em
consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos
principais mercados de valores mobiliários” (BRASIL, 2007).
O referido § 3º, alterado pela Lei 11.941/09, explana que “as demonstrações
financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente submetidas à auditoria
por auditores independentes nela registrados.” (BRASIL, 2009).
Adiante, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Resolução CFC nº
1.255 de 2009, que aprovou a NBC TG 1.000, estendendo às pequenas e médias
empresas os padrões internacionais de contabilidade. O item P1 da referida
resolução explana que “o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emite suas
normas, interpretações e comunicados técnicos de forma convergente com as
Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB [...]” (CFC, 2009) e em
seu item P6 que “o CFC está emitindo em separado esta Norma para aplicação às
demonstrações contábeis para fins gerais de empresas de pequeno e médio porte
(PMEs)” (CFC, 2009).
Gelbcke et al. (2018) elucidam que:
Com a edição das Leis nº 11.638/07, da Medida Provisória nº 449/08 que se
converteu na Lei 11.941/09, com a criação do CPC e da emissão de seus
Pronunciamentos Técnicos, Interpretações Técnicas e Orientações, a
Contabilidade brasileira está sofrendo uma outra “revolução”, provavelmente
maior do que a anterior. (GELBCKE ET AL., 2018, P. 1).
Esta revolução se dá porque o nível de qualidade das normas internacionais
de contabilidade é muito superior ao das normas brasileiras à época. Gelbcke et al.
(2018, prefácio) complementam: “Lembramos que a qualidade média das normas
internacionais do IASB é muito alta e, ao adotá-las, estamos melhorando a nossa”.
Ainda, Sá (2008) complementa:
Na segunda metade da primeira década do século XXI, o referido Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC), o International Accounting Standards
Board (IASB) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aproximaram-se
expressivamente, inclusive para a realização de um Encontro Latino-
americano sobre Normas Internacionais de Contabilidade. (SÁ, 2008, P.
263).
No processo de adoção, também a CVM se manifestou, conforme ensina Sá
(2008, p. 262) ao afirmar que “finalmente, a CVM - Comissão de Valores Mobiliários
aderiu a todo o movimento, homologando a harmonização das normas do IASB
aceitas pela Comissão de Pronunciamentos Contábeis (Deliberação CVM nº 520, de
15 de maio de 2007)”.
Oliveira e Lemes (2011) complementam:
O processo de convergência, no Brasil, culminou com a assinatura do
Memorando de Entendimentos entre o CFC, o CPC e o IASB, em 28 de
janeiro de 2010 e, de acordo com o CPC (2010), constitui-se em um
importante marco na inserção do Brasil no diálogo internacional sobre a
elaboração e adoção das IFRS. (OLIVEIRA; LEMES, 2011, P. 159).

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Esta adoção às normas internacionais de contabilidade não se dá apenas por
questões metodológicas, conforme explana Weffort (2005):
[...] migrar de um conjunto qualquer de normas contábeis para as IFRS seria
então um mero exercício metodológico, confinado ao ambiente contábil e do
qual o resto do mundo empresarial ficaria naturalmente alheio? Novamente,
a resposta é não: é um exercício de repensar como as organizações são
administradas e como os balanços passam a ser entendidos como
promessas de fluxos de caixa e, portanto, voltados para a leitura de como
os gestores veem o futuro, abandonando a arcaica e míope postura de que
são retratos do passado. (WEFFORT, 2005, P. 13).
Neto, Dias e Pinheiro (2009, p. 136) complementam que “o processo de
convergência das normas contábeis brasileiras para as normas internacionais de
contabilidade iniciou-se, efetivamente, com a promulgação da Lei no 11.638/07”.
Ademais, Neto Dias e Pinheiro (2009) complementam que o CFC e a CVM têm
buscado integrar o Brasil no contexto da harmonização contábil, bem como que o
CPC é o órgão que tem como principal objetivo a convergência da contabilidade
brasileira aos padrões internacionais.

2.4 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC


A Resolução CFC nº 1.055/2005, em seu artigo 1º, criou o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis. Adiante, o artigo 3º da referida resolução estabelece
que o CPC tem por objetivo:
O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade
Brasileira aos padrões internacionais. (CFC, 2005).
A composição do CPC é explicada por Sá (2008):
A novel e independente instituição passou a ter em sua composição
representantes de seis entidades: Associação Brasileira das Companhias
Abertas, Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais, Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, Conselho
Federal de Contabilidade, IBRACON e Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras. (SÁ, 2008, p. 259).
Cabe salientar em relação aos componentes do CPC, que houve uma
mudança na nomenclatura da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo e que a
Resolução CFC nº 1.055/2005 foi alterada pela Resolução CFC nº 1.339/2011 para
atualizar esta nova nomenclatura. Define a Resolução CFC 1.339/2011, em seu
artigo 1º: “Alterar a alínea “c” do art. 2º da Resolução CFC nº 1.055/05, que passa a
vigorar com a seguinte redação: c) BM&FBOVESPA S.A. Bolsa de Valores,
Mercadorias e Futuros”. (CFC, 2011).
Sá (2008, p. 260) complementa que “o referido instituto [...] reuniu pela
primeira vez entidades de naturezas profissionais e funcionais heterogêneas em
torno de um só objetivo, como também definir uma linha de convergência com as
normas da entidade IASB”.
Adiante, no tocante à importância da criação do CPC, Antunes et al. (2012)
explanam que:
A principal inovação trazida por esse processo de convergência às normas
internacionais é que a prática contábil brasileira passa a estar muito mais
baseada na interpretação dos pronunciamentos do Comitê de
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Pronunciamentos Contábeis do que na mera aplicação de regras nacionais,
como no passado recente. (ANTUNES ET AL., 2012, P. 5).
Antunes et al. (2012) elencam os três principais pontos para a criação do
CPC, resultantes da convergência às normas internacionais de contabilidade: a)
redução de riscos de investimentos internacionais; b) a maior facilidade de
comunicação internacional no mundo dos negócios com o uso de uma linguagem
contábil bem mais homogênea e; c) a redução no custo do capital que deriva dessa
harmonização, o que no caso é de interesse vital para o Brasil.
Ainda, em relação ao CPC, é fundamental comentar a forma de apresentação
dos pronunciamentos técnicos emitidos, pois é um dos principais motivos do
presente trabalho.
Iudícibus (2009, p. 80) define que “trata-se de um documento bastante
diferente de todos com os quais estamos acostumados, de conteúdo denso e de
difícil entendimento e absorção por parte de nossos contadores, acostumados a
formas mais codificadas de apresentação”. Esta mudança drástica deriva da origem
de tais documentos, pois os pronunciamentos são traduções e adaptações das IAS,
emitidas pelo IASB, adaptadas ao modelo contábil brasileiro e não normas
produzidas desde sua concepção pelo CPC, conforme explanam Teodoro et al.
(2011, p. 8) “Dados os objetivos do CPC, principalmente voltados à emissão de
Pronunciamentos que contribuam para o processo de harmonização das normas
contábeis internacionais, cada procedimento do CPC está amplamente baseado nas
IAS e IFRS do IASB”.
Martins, Martins e Martins (2007) ensinam que o CPC tem como produto do
seu trabalho três diferentes instrumentos: a) pronunciamentos técnicos; b)
interpretações e; c) orientações.
O presente trabalho tem seu foco nos pronunciamentos técnicos, pois como
explanam Martins, Martins e Martins (2007, p. 25) os pronunciamentos técnicos “são
as normas propriamente ditas, que não tem esse nome pelo que já se comentou: as
normas serão emitidas pelos órgãos reguladores próprios aprovando esses
Pronunciamentos Técnicos”.

2.5 PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS EMITIDOS PELO CPC E AS NORMAS


BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

Analisando pela perspectiva dos pronunciamentos técnicos, vem à tona


novamente o art. 3º da já citada Resolução CFC nº 1.055/2005, que define o objetivo
do CPC como “[...] o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos
sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira
[...]”.
A entidade reguladora que tem a prerrogativa de emitir as normas brasileiras
de contabilidade é o CFC, conforme preconiza o inciso IV, do § 1, da Resolução
CFC nº 1.458/2013: “Compete ao CFC, nos termos da legislação em vigor: IV -
editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional, bem
como os Princípios de Contabilidade e Orientações Técnicas.” (CFC, 2013).
Para que os pronunciamentos técnicos sejam convertidos em normas,
Martins, Martins e Martins (2007, p.22) explicam que “[...] o CPC emite seus
Pronunciamentos (note-se que não são chamados de “Normas”) e eles precisarão
ser aprovados por todos os órgãos reguladores envolvidos (BACEN, CVM, CFC,
IBRACON e outros)”.
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Complementando, ainda sobre as normas brasileiras de contabilidade, temos
a Resolução CFC nº 1.328/2011, a qual define em seu art. 1º que:
As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padrões de elaboração e
estilo utilizados nas normas internacionais e compreendem as Normas
propriamente ditas, as Interpretações Técnicas e os Comunicados Técnicos.
(CFC, 2011, P.1).
Por fim, é interessante elencar os pronunciamentos técnicos aprovados até 31
de dezembro de 2017 e suas correlações com as IAS e as IFRS, bem como com as
normas brasileiras de contabilidade. O último relatório de atividades do CPC,
referente ao exercício de 2017, demonstra que entre a sua concepção e o final do
exercício de 2017, o CPC emitiu e aprovou quarenta e quatro pronunciamentos
técnicos, dispostos conforme o quadro a seguir:

Quadro 1 – Pronunciamentos técnicos emitidos e aprovados até dezembro de 2017


Pronunciamento Técnico IASB CFC NBC TG
NBC TG
CPC 00 Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação
Framework ESTRUTURA
(R1) de Relatório Contábil-Financeiro
CONCEITUAL
CPC 01
Redução ao Valor Recuperável de Ativos IAS 36 NBC TG 01 (R4)
(R1)
CPC 02 Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e
IAS 21 NBC TG 02 (R3)
(R2) Conversão de Demonstrações Contábeis
CPC 03
Demonstração dos Fluxos de Caixa IAS 7 NBC TG 03 (R3)
(R2)
CPC 04
Ativo Intangível IAS 38 NBC TG 04 (R4)
(R1)
CPC 05
Divulgação sobre Partes Relacionadas IAS 24 NBC TG 05 (R3)
(R1)
CPC 06
Operações de Arrendamento Mercantil IAS 16 NBC TG 06 (R3)
(R2)
CPC 07
Subvenção e Assistência Governamentais IAS 20 NBC TG 07 (R2)
(R1)
CPC 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de IAS 39
NBC TG 08
(R1) Títulos e Valores Mobiliários (partes)
CPC 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) - NBC TG 09
CPC 10
Pagamento Baseado em Ações IFRS 2 NBC TG 10 (R3)
(R1)
CPC 11 Contratos de Seguro IFRS 4 NBC TG 11 (R2)
CPC 12 Ajuste a Valor Presente - NBC TG 12
Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida
CPC 13 - NBC TG 13
Provisória nº. 449/08
CPC 15
Combinação de Negócios IFRS 3 NBC TG 15 (R4)
(R1)
CPC 16
Estoques IAS 2 NBC TG 16 (R2)
(R1)
CPC 18 Investimento em Coligada, em Controlada e em
IAS 28 NBC TG 18 (R3)
(R2) Empreendimento Controlado em Conjunto
CPC 19
Negócios em Conjunto IFRS 11 NBC TG 19 (R2)
(R2)
Continua...

9
Continuação...
Pronunciamento Técnico IASB CFC NBC TG
CPC 20
Custos de Empréstimos IAS 23 NBC TG 20 (R2)
(R1)
CPC 21
Demonstração Intermediária IAS 34 NBC TG 21 (R4)
(R1)
CPC 22 Informações por Segmento IFRS 8 NBC TG 22 (R2)
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
CPC 23 IAS 8 NBC TG 23 (R2)
Retificação de Erro
CPC 24 Evento Subsequente IAS 10 NBC TG 24 (R2)
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
CPC 25 IAS 37 NBC TG 25 (R2)
Contingentes
CPC 26
Apresentação das Demonstrações Contábeis IAS 1 NBC TG 26 (R5)
(R1)
CPC 27 Ativo Imobilizado IAS 16 NBC TG 27 (R4)
CPC 28 Propriedade para Investimento IAS 40 NBC TG 28 (R4)
CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola IAS 41 NBC TG 29 (R2)
Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação
CPC 31 IFRS 5 NBC TG 31 (R4)
Descontinuada
CPC 32 Tributos sobre o Lucro IAS 12 NBC TG 32 (R4)
CPC 33
Benefícios a Empregados IAS 19 NBC TG 33 (R2)
(R1)
CPC 35
Demonstrações Separadas IAS 27 NBC TG 35 (R2)
(R2)
CPC 36
Demonstrações Consolidadas IFRS 10 NBC TG 36 (R3)
(R3)
CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de
IFRS 1 NBC TG 37 (R5)
(R1) Contabilidade
CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação IAS 32 NBC TG 39 (R5)
CPC 40
Instrumentos Financeiros: Evidenciação IFRS 7 NBC TG 40 (R3)
(R1)
CPC 41 Resultado por Ação IAS 33 NBC TG 41 (R2)
CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs
IFRS 1 NBC TG 43
(R1) 15 a 41
Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs
CPC 44 - NBC TG 44
15 a 41
CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades IFRS 12 NBC TG 45 (R3)
CPC 46 Mensuração do Valor Justo IFRS 13 NBC TG 46 (R2)
CPC 47 Receita de Contrato com Cliente IFRS 15 NBC TG 47
CPC 48 Instrumentos Financeiros IFRS 9 NBC TG 48
CPC Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas IFRS for
NBC TG 1000 (R1)
PME com Glossário de Termos SMES
Fonte: adaptado de CPC (2017)

Conclui-se, portanto, que os pronunciamentos técnicos subsidiam as Normas


Brasileiras de Contabilidade em conteúdo e que estas devem estar em consonância
com as normas internacionais de contabilidade.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

10
De acordo com Severino (2007), o conhecimento é a capacidade de
reconstrução simbólica dos dados de nossas experiências, onde definimos os nexos
pelos quais os objetos e fenômenos manifestam sentido para nós, sujeitos
cognoscentes. “Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a
atividade de pesquisa científica torna-se elemento fundamental e imprescindível no
processo de ensino/aprendizagem.” (SEVERINO, 2007, p. 25).
Neste processo, era preciso compreender o que é uma pesquisa científica e
qual o seu real objetivo. Para entender esses preceitos, Chizzotti (2011) explana
que:
A pesquisa científica caracteriza-se pelo esforço sistemático de – usando
critérios claros, explícitos e estruturados, com teoria, método e linguagem
adequada – explicar ou compreender os dados encontrados, e
eventualmente, orientar a natureza ou as atividades humanas (CHIZZOTTI,
2011, p. 20).
Para Severino (2007, p. 117 e 118) “a ciência se constitui aplicando técnicas,
seguindo um método e apoiando-se em fundamentos epistemológicos”, entretanto,
dado a infinita diversidade de objetos e fenômenos a serem pesquisados, “[...] várias
são as modalidades de pesquisa que se podem praticar, o que implica coerência
epistemológica, metodológica e técnica, para o seu adequado desenvolvimento.”
(SEVERINO, 2007, p. 118).
Classificando a presente pesquisa por sua natureza, constatou-se que é uma
pesquisa aplicada, pois conforme explana Gil (2008, p. 27) “[...] tem como
característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências
práticas dos conhecimentos.”, enquanto “a pesquisa pura busca o progresso da
ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta
com suas aplicações e consequências práticas.” (GIL, 2008, p. 26).
Quanto à abordagem do problema, Chizzotti (2011) define:
A pesquisa atual em ciências humanas e sociais segue duas orientações
básicas a partir dos fundamentos e práticas de pesquisa, com pressupostos
teóricos, modos de abordar a realidade e meios de colher informações
diferentes, genericamente designadas de pesquisas quantitativas e
qualitativas.” (CHIZZOTTI, 2011, p. 27).

Para Stake, (2011, p. 21) pesquisa “quantitativa significa que seu raciocínio se
baseia fortemente em raciocínios lineares, medições e análises estatísticas”,
enquanto a pesquisa “qualitativa significa que seu raciocínio se baseia
principalmente na percepção e na compreensão humana.” (STAKE, 2011, p. 21).
Com base nesses conceitos, foi possível afirmar que a abordagem do problema de
pesquisa do presente trabalho é a qualitativa.
O objetivo da presenta pesquisa enquadra-se no campo das pesquisas
descritivas, pois ao analisar os conceitos concebidos por Gil (2008), entendeu-se
que as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis, enquanto “as pesquisas exploratórias tem como principal
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias [...].” (GIL, 2008, p.
27). Já as pesquisas explicativas, como explana Gil (2008, p.27), “são aquelas
pesquisas que tem como preocupação central identificar os fatores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”.
Adiante, quanto aos procedimentos técnicos adotados para a presente
pesquisa, definiu-se que é um estudo de caso, pois conforme conceitua Gil (2008, p.
57 e 58) “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um
11
ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado
[...]”.
No tocante à classificação das técnicas de pesquisa utilizadas para a coleta e
para a análise dos dados, definiu-se que são, respectivamente, a coleta documental
e a análise de conteúdo, pois conforme ensina Lakatos (2003):
São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que
variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em
linhas gerais, as técnicas de pesquisa são: 1. Coleta Documental [...] 10.
Análise de Conteúdo. (LAKATOS, 2003, P. 166).
Stake (2011, p. 30) complementa que “a observação, a entrevista e análise
dos materiais (inclusive de documentos) são os métodos de pesquisa qualitativa
mais comuns.” Adiante, Severino (2007) complementa da seguinte forma:
No caso da pesquisa documental, tem-se como fonte documentos no
sentido amplo, ou seja, não só de documentos impressos, mas sobretudo
de outros tipos de documentos, tais como jornais, fotos, filmes, gravações,
documentos legais. Nestes casos, os conteúdos dos textos não tiveram
nenhum tratamento analítico, são ainda matéria-prima, a partir da qual o
pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise. (SEVERINO, 2007,
p. 122 e 123).
Na execução da presente pesquisa, foram analisados quais os
pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC que eram aplicáveis à empresa objeto
de estudo. Também foram coletados os documentos relativos aos registros
contábeis (livro-diário e documentação-base) e às demonstrações financeiras. Por
fim, a presente pesquisa restringiu-se à avaliação do nível de observância dos
registros contábeis e das demonstrações financeiras, referentes ao exercício de
2017, da empresa objeto do estudo às orientações constantes nos pronunciamentos
técnicos emitidos pelo CPC.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados da presente pesquisa serão apresentados neste capítulo,


elencados de forma a responder os objetivos específicos propostos no capítulo 1.

4.1 ANÁLISE DOS PRONUNCIAMENTOS TÉCNICOS QUE A EMPRESA DEVE


OBSERVAR NO EXERCÍCIO DE 2017

Com base nos registros contábeis e nas demonstrações financeiras da


empresa, foi possível elencar os fatos contábeis em grupos para relacioná-los com
os pronunciamentos técnicos. Primeiro, emitiu-se o balancete de verificação (anexo
1) e o registro diário (anexo 2), ambos do período de 01 de janeiro de 2017 a 31 de
dezembro de 2017, a fim de analisar quais contas contábeis sofreram movimentação
e assim relacionar os fatos contábeis que ocorreram no período. Cabe salientar que
tanto os registros contábeis quanto as demonstrações financeiras que estão
sendo objeto deste estudo, foram auditadas por auditoria externa em um
trabalho de procedimentos previamente acordados.
Após, planilhou-se as demonstrações financeiras (anexo 2) para verificar
como estes fatos contábeis foram demonstrados na emissão das mesmas,
atendendo as especificações sobre publicação constantes nos CPC (aqui vai DF e
Nota explicativa x orientação sobre publicação dos fatos);

12
Este foi o primeiro passo necessário para levantar quais os pronunciamentos
técnicos a empresa deveria ter observado, independente de tê-los observado ou
não, fato que foi demonstrado no subcapítulo 4.2.
Os fatos contábeis

REFERÊNCIAS

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