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1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
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Fortuna (2005, p. 561) em sua obra sobre o mercado financeiro define que
“[...] uma cuidadosa análise dos últimos balanços e as perspectivas futuras da
empresa é que darão os melhores indicadores para qualquer decisão”.
Tendo em vista a necessidade de confiabilidade da informação contábil
apresentada pelas empresas no ambiente do mercado de ações, Iudícibus (2006, p.
40) enfatiza que “predomina, nos textos americanos, a preocupação com o usuário
da informação contábil. A Contabilidade é sempre utilizada e apresentada como algo
útil para a tomada de decisões”.
Corroborando a importância da Lei 6.404/1976 para a relação entre a
contabilidade e o mercado de capitais, Weffort (2005) ensina que:
Constata-se, claramente, uma relação entre o desenvolvimento do mercado
de capitais e as práticas contábeis [...], na medida em que um mercado de
capitais forte depende, em grande parte, das demonstrações contábeis
confiáveis e transparentes para garantir seu funcionamento. (WEFFORT,
2005, P. 87).
Entretanto, com o passar das décadas, a Lei das S.A. estava se tornando
obsoleta, conforme Gelbcke et al. (prefácio, 2018) explanam que “se, por um lado, a
Lei das S.A. de 1976 havia nos colocado num elevado nível comparativamente a
outros países, a demora na sua renovação nos colocou em atraso.” O mundo estava
se organizando em torno das IFRS, conforme orientam Carvalho, Lemes e Costa
(2011):
A aprovação da IFRS 1 ganhou importância substancial com a
obrigatoriedade de as empresas listadas nas bolsas da União Europeia
implementarem as Normas Internacionais do IASB a partir de 2005, além da
manifestação de outros países, como a Austrália, a Rússia e o Uruguai, em
adotar as IFRS nos próximos anos. (CARVALHO; LEMES; COSTA, 2011, P.
19).
Chegava o momento de o Brasil adequar-se a esta nova realidade contábil
internacional, pois uma contabilidade internacional, ainda citando Carvalho, Lemes e
Costa (2011) minoram as agruras de quem quer investir fora de seu país e até hoje
tinha que manusear balanços de dezenas de normas contábeis distintas, tentando
compatibilizá-las para comparar.
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2.3 ADOÇÃO, PELO BRASIL, ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE
CONTABILIDADE
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Esta adoção às normas internacionais de contabilidade não se dá apenas por
questões metodológicas, conforme explana Weffort (2005):
[...] migrar de um conjunto qualquer de normas contábeis para as IFRS seria
então um mero exercício metodológico, confinado ao ambiente contábil e do
qual o resto do mundo empresarial ficaria naturalmente alheio? Novamente,
a resposta é não: é um exercício de repensar como as organizações são
administradas e como os balanços passam a ser entendidos como
promessas de fluxos de caixa e, portanto, voltados para a leitura de como
os gestores veem o futuro, abandonando a arcaica e míope postura de que
são retratos do passado. (WEFFORT, 2005, P. 13).
Neto, Dias e Pinheiro (2009, p. 136) complementam que “o processo de
convergência das normas contábeis brasileiras para as normas internacionais de
contabilidade iniciou-se, efetivamente, com a promulgação da Lei no 11.638/07”.
Ademais, Neto Dias e Pinheiro (2009) complementam que o CFC e a CVM têm
buscado integrar o Brasil no contexto da harmonização contábil, bem como que o
CPC é o órgão que tem como principal objetivo a convergência da contabilidade
brasileira aos padrões internacionais.
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Continuação...
Pronunciamento Técnico IASB CFC NBC TG
CPC 20
Custos de Empréstimos IAS 23 NBC TG 20 (R2)
(R1)
CPC 21
Demonstração Intermediária IAS 34 NBC TG 21 (R4)
(R1)
CPC 22 Informações por Segmento IFRS 8 NBC TG 22 (R2)
Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
CPC 23 IAS 8 NBC TG 23 (R2)
Retificação de Erro
CPC 24 Evento Subsequente IAS 10 NBC TG 24 (R2)
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
CPC 25 IAS 37 NBC TG 25 (R2)
Contingentes
CPC 26
Apresentação das Demonstrações Contábeis IAS 1 NBC TG 26 (R5)
(R1)
CPC 27 Ativo Imobilizado IAS 16 NBC TG 27 (R4)
CPC 28 Propriedade para Investimento IAS 40 NBC TG 28 (R4)
CPC 29 Ativo Biológico e Produto Agrícola IAS 41 NBC TG 29 (R2)
Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação
CPC 31 IFRS 5 NBC TG 31 (R4)
Descontinuada
CPC 32 Tributos sobre o Lucro IAS 12 NBC TG 32 (R4)
CPC 33
Benefícios a Empregados IAS 19 NBC TG 33 (R2)
(R1)
CPC 35
Demonstrações Separadas IAS 27 NBC TG 35 (R2)
(R2)
CPC 36
Demonstrações Consolidadas IFRS 10 NBC TG 36 (R3)
(R3)
CPC 37 Adoção Inicial das Normas Internacionais de
IFRS 1 NBC TG 37 (R5)
(R1) Contabilidade
CPC 39 Instrumentos Financeiros: Apresentação IAS 32 NBC TG 39 (R5)
CPC 40
Instrumentos Financeiros: Evidenciação IFRS 7 NBC TG 40 (R3)
(R1)
CPC 41 Resultado por Ação IAS 33 NBC TG 41 (R2)
CPC 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs
IFRS 1 NBC TG 43
(R1) 15 a 41
Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs
CPC 44 - NBC TG 44
15 a 41
CPC 45 Divulgação de Participações em outras Entidades IFRS 12 NBC TG 45 (R3)
CPC 46 Mensuração do Valor Justo IFRS 13 NBC TG 46 (R2)
CPC 47 Receita de Contrato com Cliente IFRS 15 NBC TG 47
CPC 48 Instrumentos Financeiros IFRS 9 NBC TG 48
CPC Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas IFRS for
NBC TG 1000 (R1)
PME com Glossário de Termos SMES
Fonte: adaptado de CPC (2017)
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
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De acordo com Severino (2007), o conhecimento é a capacidade de
reconstrução simbólica dos dados de nossas experiências, onde definimos os nexos
pelos quais os objetos e fenômenos manifestam sentido para nós, sujeitos
cognoscentes. “Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a
atividade de pesquisa científica torna-se elemento fundamental e imprescindível no
processo de ensino/aprendizagem.” (SEVERINO, 2007, p. 25).
Neste processo, era preciso compreender o que é uma pesquisa científica e
qual o seu real objetivo. Para entender esses preceitos, Chizzotti (2011) explana
que:
A pesquisa científica caracteriza-se pelo esforço sistemático de – usando
critérios claros, explícitos e estruturados, com teoria, método e linguagem
adequada – explicar ou compreender os dados encontrados, e
eventualmente, orientar a natureza ou as atividades humanas (CHIZZOTTI,
2011, p. 20).
Para Severino (2007, p. 117 e 118) “a ciência se constitui aplicando técnicas,
seguindo um método e apoiando-se em fundamentos epistemológicos”, entretanto,
dado a infinita diversidade de objetos e fenômenos a serem pesquisados, “[...] várias
são as modalidades de pesquisa que se podem praticar, o que implica coerência
epistemológica, metodológica e técnica, para o seu adequado desenvolvimento.”
(SEVERINO, 2007, p. 118).
Classificando a presente pesquisa por sua natureza, constatou-se que é uma
pesquisa aplicada, pois conforme explana Gil (2008, p. 27) “[...] tem como
característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências
práticas dos conhecimentos.”, enquanto “a pesquisa pura busca o progresso da
ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta
com suas aplicações e consequências práticas.” (GIL, 2008, p. 26).
Quanto à abordagem do problema, Chizzotti (2011) define:
A pesquisa atual em ciências humanas e sociais segue duas orientações
básicas a partir dos fundamentos e práticas de pesquisa, com pressupostos
teóricos, modos de abordar a realidade e meios de colher informações
diferentes, genericamente designadas de pesquisas quantitativas e
qualitativas.” (CHIZZOTTI, 2011, p. 27).
Para Stake, (2011, p. 21) pesquisa “quantitativa significa que seu raciocínio se
baseia fortemente em raciocínios lineares, medições e análises estatísticas”,
enquanto a pesquisa “qualitativa significa que seu raciocínio se baseia
principalmente na percepção e na compreensão humana.” (STAKE, 2011, p. 21).
Com base nesses conceitos, foi possível afirmar que a abordagem do problema de
pesquisa do presente trabalho é a qualitativa.
O objetivo da presenta pesquisa enquadra-se no campo das pesquisas
descritivas, pois ao analisar os conceitos concebidos por Gil (2008), entendeu-se
que as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis, enquanto “as pesquisas exploratórias tem como principal
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias [...].” (GIL, 2008, p.
27). Já as pesquisas explicativas, como explana Gil (2008, p.27), “são aquelas
pesquisas que tem como preocupação central identificar os fatores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”.
Adiante, quanto aos procedimentos técnicos adotados para a presente
pesquisa, definiu-se que é um estudo de caso, pois conforme conceitua Gil (2008, p.
57 e 58) “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um
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ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado
[...]”.
No tocante à classificação das técnicas de pesquisa utilizadas para a coleta e
para a análise dos dados, definiu-se que são, respectivamente, a coleta documental
e a análise de conteúdo, pois conforme ensina Lakatos (2003):
São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que
variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em
linhas gerais, as técnicas de pesquisa são: 1. Coleta Documental [...] 10.
Análise de Conteúdo. (LAKATOS, 2003, P. 166).
Stake (2011, p. 30) complementa que “a observação, a entrevista e análise
dos materiais (inclusive de documentos) são os métodos de pesquisa qualitativa
mais comuns.” Adiante, Severino (2007) complementa da seguinte forma:
No caso da pesquisa documental, tem-se como fonte documentos no
sentido amplo, ou seja, não só de documentos impressos, mas sobretudo
de outros tipos de documentos, tais como jornais, fotos, filmes, gravações,
documentos legais. Nestes casos, os conteúdos dos textos não tiveram
nenhum tratamento analítico, são ainda matéria-prima, a partir da qual o
pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise. (SEVERINO, 2007,
p. 122 e 123).
Na execução da presente pesquisa, foram analisados quais os
pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC que eram aplicáveis à empresa objeto
de estudo. Também foram coletados os documentos relativos aos registros
contábeis (livro-diário e documentação-base) e às demonstrações financeiras. Por
fim, a presente pesquisa restringiu-se à avaliação do nível de observância dos
registros contábeis e das demonstrações financeiras, referentes ao exercício de
2017, da empresa objeto do estudo às orientações constantes nos pronunciamentos
técnicos emitidos pelo CPC.
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Este foi o primeiro passo necessário para levantar quais os pronunciamentos
técnicos a empresa deveria ter observado, independente de tê-los observado ou
não, fato que foi demonstrado no subcapítulo 4.2.
Os fatos contábeis
REFERÊNCIAS
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SILVA, César Augusto Tibúrcio. Lei 6.404/76: Uma Análise dos Principais
Avanços Proporcionados à Contabilidade no Brasil. Revista de Gestão e
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Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em
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BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Brasília, DF, mai 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm Acesso
em 21 de junho de 2018.
CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fabio Moraes da. Contabilidade
Internacional. 1. ed. 5. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2011, 271 p.
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MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 12. ed. – São Paulo: Atlas,
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MARTINS, Eliseu; MARTINS, Vinícius A.; MARTINS, Éric A. Normatização
Contábil: Ensaio sobre sua evolução e o papel do CPC. RIC/UFPE, Pernambuco,
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