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Prof. Alessandro P.

Alves Disciplina: Análise Econômico-Financeira

Aula 01 a - Principais relatórios


contábeis

Quais são os principais relatórios contábeis utilizados na prática pelas empresas


brasileiras?

Meta

Apresentar alguns aspectos dos principais relatórios contábeis exigidos pela legislação
societária e dos orientados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

Objetivos

Esperamos que no decorrer dos estudos o aluno seja capaz de:

1 – Relembrar alguns conceitos dos principais relatórios contábeis e sua normatização.

2 – Entender a importância de cada relatório para a análise.

3 – Melhorar a leitura e interpretação de informações desses relatórios.

Pré-requisitos:

 É importante que aluno tenha conhecimento intermediário de contabilidade, sobre-


tudo, na elaboração do Balanço Patrimonial e da DRE, além do conhecimento das
normas contábeis vigentes.

 Recomenda-se fortemente a leitura do livro GRAHAM, B e MEREDITH, S.B. A in-


terpretação das demonstrações financeiras. São Paulo: Ed. Saraiva Uni.
1 Introdução

Saber ler adequadamente uma Demonstração Contábil é muito importante para o


analista contábil e para o usuário de maneira geral. Para tanto, é preciso conhecer bem
as normas vigentes, principalmente com relação aos critérios de reconhecimento,
mensuração e de divulgação dos elementos das demonstrações contábeis.

Como vimos na apresentação inicial da disciplina, utilizaremos as terminologias


“modelo contábil” para nos referir a estrutura de normas contábeis adotadas por
determinadas empresas e “modelo de negócio” para os segmentos de atividade
empresarial. Conhecer o modelo contábil e o modelo de negócio será fundamental para a
realização de uma boa análise.

Desta forma, para esta aula iremos apenas dar uma ligeira relembrada em alguns
aspectos normativos, conceituais, das estruturas de elaboração das demonstrações, da
classificação de algumas contas específicas e outros detalhes, além de buscar
compreender como cada demonstração pode ser importante para efeitos de análise.

2 Demonstrações Contábeis

A norma vigente do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que regula a


Apresentação das Demonstrações Contábeis é o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) -
Apresentação das Demonstrações Contábeis com Correlação às Normas Internacionais
de Contabilidade – IAS 1 (IASB – BV 2011). Esta norma é referendada e aprovada pelo
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e tem a denominação NBC TG 26 (Norma
Brasileira de Contabilidade – Norma Técnica e Geral nº 26). As Normas do CPC e do CFC
são equivalentes e referendadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, para respaldar
a prática dos profissionais de contabilidade. Já que o CPC não tem poder regulador (ou
normativo), ele apenas orienta. Porém, por questões didáticas, trataremos das normas do
CPC.

As demonstrações contábeis orientadas pelo CPC 26 são:

 Balanço Patrimonial

 Demonstração dos Resultados

 Demonstração dos Resultados Abrangentes

 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

 Demonstração dos Fluxos de Caixa

 Demonstração do Valor Adicionado

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Vale destacar que o Art. 176 da lei das S/As apresenta como obrigação de
elaboração as seguintes demonstrações:

I – balanço patrimonial;

II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III – demonstração do resultado do exercício;

IV – demonstração dos fluxos de caixa; e

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

Como, à época, havia a previsão de desatualização da Lei das S/As, considerando


as constantes transformações dos mercados, e de que haveria dificuldades de mudanças
na legislação (faz parte do conhecimento comum que, para que uma lei seja aprovada no
Brasil, pode-se levar muito tempo), houve, então, a abertura de uma “brecha”, por assim
dizer, que possibilitava a adoção de normas internacionais na contabilidade, conforme
consta no artigo 177 da Lei 11.638/2007:

§ 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a


que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em conso-
nância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos
principais mercados de valores mobiliários.
§ 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as nor-
mas sobre demonstrações financeiras expedidas pela Comissão de
Valores Mobiliários para as companhias abertas.

Os padrões internacionais citados pela Lei são acompanhados pelas regras


adotadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), as quais têm sido
referendadas não só pelo órgão regulador das normas contábeis para S/As (CVM), como
também por órgãos reguladores de outros modelos de negócios que atuam em mercados
regulados (Susep, ANS, Aneel, ANP, ANTT etc.), como também pelo Conselho Federal
de Contabilidade.

Para maiores informações a respeito das normas internacionais, o


aluno poderá consultar o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis,
em: http://www.cpc.org.br/CPC/.

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Assim, se observarmos o que a Lei das S/As exige e a orientação do CPC, o que
tem prevalecido, na prática, são as orientações do CPC. Então, embora tenhamos, por
exemplo, a exigência da apresentação da demonstração dos lucros ou prejuízos
acumulados (DLPA) pela Lei das S/As, não há essa previsão pelo CPC. Isso pode ser
explicado, pois as empresa S/A já apresentam a conta de lucros acumulados dentro de
outra demonstração, a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL).

A Lei das S/As também não exige a elaboração da Demonstração dos Resultados
Abrangentes (DRA), mas existe a orientação da elaboração por parte do CPC, o que tem
sido realizado, na prática.

Sobre as demonstrações DLPA e DMPL, vocês deverão (ou já viram) ver o


conteúdo mais detalhado em Contabilidade Intermediária 1. Já sobre DRA, DFC e DVA,
seu detalhamento será apresentado na aula seguinte.

Vale salientar que das demonstrações citadas, a Demonstração do Fluxo de Caixa


(chamada de DFC) não é exigida pela legislação para a companhia de capital fechado
com patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), na data do ba-
lanço. Porém, mesmo para essas empresas, o Conselho Federal de Contabilidade e ou-
tras entidades recomendam a sua elaboração. Além disso, vale ressaltar que boa parte
das instituições financeiras (para efeito de análise de crédito), tem exigido a sua elabora-
ção.

Com relação a Demonstração do Valor Adicionado (também chamada de DVA), ela


não é obrigatória para as companhias fechadas e para outras entidades brasileiras.

A Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) ainda consta na Lei


6.404/1976 como sendo de elaboração obrigatória. No entanto, ela não precisa ser elabo-
rada caso a empresa elabore a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL),
tendo em vista que na DMPL já é elaborada com a DLPA. Atualmente, a grande maioria
das empresas elabora a DMPL incluindo a DLPA numa coluna própria.

É importante dizer também que as demonstrações contábeis têm como propósito


geral apresentar informações que sejam úteis para a tomada de decisão do usuário. Es-
sas demonstrações são padronizadas para facilitar a análise e comparações entre de-
monstrativos de empresas de segmentos semelhantes. Porém, nem tudo são flores, o
analista ainda terá muito trabalho pela frente, pois como vimos, a padronização não signi-
fica “igualar”, é um modelo e como tal visa a simplificação de uma realidade.

Para a continuidade dos estudos veremos a seguir algumas características de dois


dos principais relatórios contábeis, o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado
do Exercício. Em material extra, vocês poderão estudar mais sobre alguns dos demais

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Também disponibilizarei um material extra na aula 2.

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relatórios como a Demonstração de Fluxo de Caixa, a Demonstração de Resultados
Abrangentes e a Demonstração do Valor Adicionado. Essas demonstrações também são
importantes para a análise, mas devido ao nosso tempo que é bem limitado, serão apre-
sentados em material a parte.

2.1 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial (também chamado de BP) é um demonstrativo contábil que


tem por objetivo apresentar a relação de bens, direitos, obrigações e o capital próprio de
determinada entidade.

Essa demonstração é muito importante, pois apresenta a situação financeira e pa-


trimonial de forma quantitativa e qualitativa em determinado período. É possível verificar,
por exemplo, se a empresa tem capacidade de pagamento de dívidas para determinados
períodos. Dá para analisar também a respeito da sua estrutura de capital, seu nível de
endividamento e a relação entre as dívidas (capitais de terceiros) com o capital dos sócios
(capital próprio) entre outras.

No BP as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do patrimônio


que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação
financeira da companhia, de acordo com o artigo 178 da Lei nº 6.404/76.

Os elementos do Balanço Patrimonial são:

 Ativo

 Passivo

 Patrimônio Líquido

A mesma Lei menciona que, no ativo, as contas serão dispostas em ordem de-
crescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:

 Ativo circulante

 Ativo não circulante  composto por ativo realizável a longo prazo,


investimentos, imobilizado e intangível.

No passivo, as contas serão classificadas em ordem decrescente de exigibilidade


das obrigações nos seguintes grupos:

 Passivo circulante

 Passivo não circulante

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O Patrimônio líquido divide o lado direito do Balanço Patrimonial com o passivo
apresentando os subgrupos: capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação pa-
trimonial, reservas de lucro, prejuízo acumulado, ações em tesouraria entre outras.

Embora, pareça bem elementar, classificações corretas de contas em curto e em


longo prazos são importantíssimas para efeito de análise. Algumas contas são por natu-
reza classificadas no longo prazo mesmo que o vencimento esteja próximo.

Vale lembrar também, que nem sempre saberemos ao certo os prazos de venci-
mento de contas de ativos e/ou de passivos, por isso, é preciso cautela para qualquer di-
agnóstico numa análise. O analista iniciante pode cometer o erro, por exemplo, em afir-
mar que uma determinada empresa tem capacidade de pagamento no curto prazo em
determinado período, mas que na verdade não tem. Por exemplo, suponha hipotetica-
mente que no balanço de uma empresa tenha registrado somente as contas a receber no
valor de $100.000,00 com prazos que variam de 90, 120 e até 360 dias e, no passivo, te-
nha contas pagar no valor de $ 90.000,00 com vencimento em 60 dias. Sem a informação
correta dos prazos, o analista é direcionado a dizer que a empresa tem condições de pa-
gar suas obrigações no curto prazo, porém como vimos no exemplo, na verdade, não tem.

Para tanto, quando o analista tem o conhecimento dessa informação ele poderá
realizar ajustes e garantir melhor interpretação para análise.

Agora, vejamos um modelo de Balanço Patrimonial conforme quadro 1.

Esse é um modelo de balanço bem estruturado e utilizado por várias empresas do


ramo comercial/industrial, é um padrão de Balanço orientado pelo CPC 26 (R1).

Não estamos considerando os valores das contas nesse primeiro momento, pois
agora o importante é ter atenção as nomenclaturas das contas. No BP, apresentado no
quadro 1, por exemplo, são apresentadas contas bastante elementares (ou comuns), mas
provavelmente tem contas que vocês ainda não tem conhecimento ainda. Nesse caso,
como atividade, sugiro que procure anotar o nome das contas que ainda não conhece e
faça uma pesquisa na internet para aprofundamento. Esse conhecimento será importante
futuramente para uma melhor interpretação e elaboração do relatório de análise.

Voltando ao assunto da classificação das contas, segundo o CPC 26 (R1), as con-


tas de ativo devem ser classificadas como circulantes quando:

 Houver a pretensão de ser negociado ou realizado (alienado) no perí-


odo de doze meses a partir da data do balanço;

 É caixa ou equivalente de caixa

 O que for diferente disso deve ser classificado no ativo não circulante.

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Assim, a conta que não se enquadrar nessa definição, deve ser classificada no
longo prazo e, dependendo da natureza do ativo de longo prazo ele poderá ser classifica-
do como: Ativo realizável no longo prazo, Investimentos, Imobilizado e/ou em Intangíveis.

Porém, por hora, o analista pode se deparar com contas classificadas erroneamen-
te (ou propositalmente) fora do período correto. Nesse caso, cabe ao analista o julgamen-
to no sentido de ajustar a sua base de dados para uma correta classificação.

Quadro 1 – Balanço Patrimonial da Cia Exemplo

Balanço Patrimonial
Ativo Passivo

-Ativo Circulante: -Passivo Circulante:


 Caixa e equivalente de caixa  Fornecedores (ou contas a pagar)
 Clientes e outros recebíveis  Empréstimos
 Créditos tributários a receber  Salários a pagar
 Estoques  Tributos a pagar
 Ativos financeiros  Passivo financeiro a pagar
 Despesas antecipadas  Outros passivos
 Disponíveis para venda
 Outros ativos -Passivo Não Circulante:
 Financiamentos
 Tributos diferidos a pagar
 Debêntures
-Ativo Não Circulante:  Outros passivos
 Ativo realizável no longo prazo Patrimônio Líquido
 Investimentos
 Imobilizado  Capital social integralizado
 Intangível  Reservas de Capital
 Ajuste de Avaliação Patrimonial
 Reservas de Lucro
 Ações em tesouraria
 Prejuízo Acumulado
 Participação dos não controladores
 Ajuste Acumulado de Conversão

Por exemplo, por um bom tempo, um conjunto de empresas do setor de energia


elétrica que eram controladas por uma outra empresa do mesmo setor, classificava erro-
neamente a conta “Adiantamento para Futuro Aumento de Capital” (AFAC) no passivo
não circulante. Essa conta, geralmente era utilizada quando a controladora emprestava
capital para as controladas (grupo de empresas do setor de energia), mas com a condição
de que se elas não tivessem recursos para quitar a dívida, que a obrigação seria quitada
por participação no capital acionário da controlada. Todavia, era de conhecimento que
esse adiantamento visava o aumento de participação nas controladas. No caso, a regra

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que deveria ter sido aplicada era a da “Essência Sobre a Forma”, mas as empresas não
faziam.

A correta classificação era no PL e não no PNC. Imaginem a diferença que essa


classificação equivocada traria para a interpretação de um relatório. No olhar de um leigo
a empresa poderia até apresentar passivo a descoberto (PL negativo), quando na verda-
de não era. Por isso, a importância de conhecer bem as normas, para saber interpretar
corretamente a informação contábil.

Voltando as contas do BP, uma conta muito importante e que deve ser analisada
com cuidado é a conta caixa e equivalente de caixa. É recomendo sempre verificar a De-
monstração do Fluxo de Caixa em conjunto com o BP.

O caixa ou equivalente de caixa também chamado de “Disponibilidades” inclui caixa


(fundo fixo), bancos c/ movimento e aplicações financeiras prontamente conversíveis em
dinheiro a um custo nulo ou irrelevante. Além de títulos e valores mobiliários (equivalentes
de caixa) adquiridos até 90 dias de seus vencimentos. O conceito de caixa é ampliado
para complementar também os investimentos qualificados como equivalentes de caixa
(CPC 03, R1)

Outro cuidado importante a ser tomado é que como contas semelhantes poderão
ser agrupadas. Por exemplo, na conta clientes é possível incluir outros recebíveis ou cré-
ditos, quando há algo relevante a ser destacado em alguma conta que foi agrupada a ou-
tra, a recomendação é que ela fique em destaque.

Quando nos referimos a “Relevância”, não queremos dizer apenas a questão mate-
rialidade (montante), talvez o mais importante seja a magnitude dessa materialidade. O
quão importante essa informação é para a tomada de decisão, independentemente de ter
o valor de um real ou de dez milhões de reais. Contudo, na ausência de informações (ou
pela falta de conhecimento), na prática, para efeito de análise, costuma-se destacar uma
conta em determinado grupo quando o seu valor representa mais que 10% do montante
daquele grupo.

Por exemplo, suponha que o total de ativo circulante num determinado período seja
de $90.000,00 e na conta “outros ativos de curto prazo” conste uma conta que foi agrega-
da a esse grupo, como as despesas antecipadas no valor de $10.000,00, como esse valor
é maior do que 10% do total do AC, é usual colocá-la em linha destacada dentro do AC.
Mas, é importante salientar que isso é realizado em relatório a parte, é um procedimento
extra contábil e, novamente, vai do discernimento do analista.

Outras contas que merecem atenção também são, a conta clientes (ou contas a re-
ceber) já aparece com o seu valor líquido, pois inclui a Perda Estimada para Crédito de
Liquidação Duvidosa (PECLD), a conta estoque (inclui ativos biológicos, almoxarifado,
produtos em processamento, matéria prima e outros) etc.

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As contas passiveis de classificação no Ativo realizável no longo prazo (ARLP) po-
dem ser as mesmas contas do Ativo circulante (exceto Caixa e equivalente de caixa) des-
de que tenham prazo de vencimento superior a doze meses a contar da data do balanço,
isto é, que possam ser classificadas no longo prazo, isso se o ciclo operacional for igual
ou inferior a doze meses.

A lógica é a mesma para o Passivo não circulante (PNC), as contas apresentadas


no Passivo circulante (PC) também podem ser classificadas no logo prazo, desde que
atenda ao critério para esta classificação.

Em suma, com relação ao agrupamento de contas, para efeito de cálculo dos indi-
cadores, é bem prático porque ele reduz a quantidade de contas o que facilita o cálculo,
mas é preciso cautela, pois pode esconder informações importantes para efeitos de análi-
se. Para isso, sempre que o analista achar conveniente, vale abrir essas contas para que
seja possível identificar alguma inconsistência ou informação escondida. Um dos cami-
nhos é por meio da verificação de notas explicativas.

É importante que o analista também conheça os critérios de mensuração das con-


tas para análise, pois apesar da padronização, algumas empresas podem adotar métodos
diferentes para mensurar. Quando isso ocorre, não se deve comparar indicadores de em-
presas diferentes e as vezes nem com dados da própria empresa, já que pode haver dife-
renças nos critérios de mensuração de período para o outro.

Enfim, imagino que vocês estejam percebendo o quão complexo pode ser realizar
uma boa análise. Não pretendemos esgotar esse assunto aqui, por isso veremos alguns
detalhes também da Demonstração do Resultado.

Atividade 1
Atende aos objetivos 1, 2 e 3

1 – Quais são as demonstrações contábeis orientadas pelas normas internaci-


onais de contabilidade, para o caso brasileiro?

2 - Qual é o conhecimento inicial que o analista precisa ter para realizar uma
boa análise das demonstrações contábeis?

3 – Qual é a importância do Balanço Patrimonial para uma empresa?

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4 - Quais são os elementos da posição patrimonial e financeira de determinada
empresa?

5 – Quais critérios são utilizados para classificar ativos e passivos no Balanço


Patrimonial?

6 – Com base nos saldos das contas abaixo, classifique-as montando a estru-
tura do Balanço Patrimonial de acordo com a norma vigente, supondo que a
data dos saldos seja de 31/12/x1.

a) Fornecedores a vencer, no valor de R$ 150.000,00.


b) Despesas antecipadas, no valor de R$ 100.000,00.
c) Reserva de Capital, no valor de R$ 15.000,00.
d) Contas a receber, no valor de R$ 80.000,00, com prazo de vencimento para 500
dias. Não há perdas estimadas para esta conta.
e) Recursos disponíveis em conta corrente, no valor de R$ 12.000,00.
f) Empréstimos, no valor de R$ 30.000,00
g) Capital social integralizado, no valor de R$ 300.000,00.
h) Mercadorias para revenda, no valor de R$ 25.000,00.
i) Salários a pagar, no valor de R$ 35.000,00.
j) Loja onde são realizadas as vendas das mercadorias, no valor de R$ 150.000,00.
k) Investimentos em empresa controlada, no valor de R$ 42.000,00.
l) Patente tecnológica adquirida recentemente, no valor de R$ 90.000.
m) Contas a receber de clientes, no valor de R$ 83.000,00, com vencimento em até
300 dias.
n) Financiamento de loja, no valor de R$ 50.000,00. Valor referente à 3ª parcela, a ser
paga em 30/10/x3.
o) Tributos a recuperar, no valor de R$ 10.000,00
p) Veículos utilizados pelo pessoal de Servido de Atendimento ao Consumidor, no va-
lor de R$ 38.000,00.
q) Perdas Estimadas de Crédito de Liquidação Duvidosa (PECLD), no valor de R$
8.000,00.

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r) Ajuste de Avaliação Patrimonial, no valor de R$ 42.000,00.

Resposta comentada

1 – Tendo em vista que o CPC é o órgão responsável pelo controle das normas contábeis brasileira,
correlacionadas às normas internacionais, as normas referidas são as apresentadas pelo CPC. As-
sim, as demonstrações contábeis exigidas são BP, DRE, DRA, DFC, DMPL e DVA. Observa-se que a
DFC só é obrigatória para as sociedades por ações de capital aberto e de capital fechado com Pa-
trimônio Líquido Superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais); e a DVA é obrigatória apenas
para as sociedades por ações de capital aberto.

2 – É muito importante que o analista saiba ler adequadamente uma demonstração contábil. Para
isso, é preciso que tenha um razoável conhecimento das normas vigentes a respeito do reconhe-
cimento, mensuração e divulgação dos elementos das demonstrações contábeis.

3 – Essa demonstração é importante, pois apresenta a situação financeira e patrimonial de forma


quantitativa e qualitativa, em determinado período. É possível verificar, por exemplo, se a empre-
sa tem capacidade de pagamento de dívidas para determinados períodos. É possível analisar tam-
bém a sua estrutura de capital, seu nível de endividamento e a relação entre as dívidas (capitais de
terceiros) com o capital dos sócios (capital próprio), dentre outras.
Com essas informações, o gestor da empresa poderá tomar decisões mais acertadas para o melhor
andamento das suas atividades operacionais e financeiras.

4 – Os elementos da posição patrimonial e financeira de uma entidade, isto é, do Balanço Patri-


monial, são o conjunto de ativo, passivo e patrimônio líquido.

5 – Para o ativo, as contas deverão ser classificadas em ordem decrescente de grau de liquidez;
enquanto para o passivo, as contas devem ser classificadas pelo grau de exigibilidade; isto é, pelo
prazo de vencimento das obrigações.

6 – Esse é um Balanço Patrimonial com algumas contas hipotéticas. Não está completo, mas
exemplifica algumas classificações.
Como pode-se observar, os recursos disponíveis em conta corrente foram classificados na conta
caixa e equivalente de caixa.

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Em contas a receber, tivemos duas classificações. Uma no curto prazo, no valor de R$ 83.000,00,
com vencimento em 300 dias a contar da data do balanço – isto é, se a data do balanço é
31/12/x1, 300 dias ainda tem vencimento no fechamento de x2, inferior a doze meses da data de
fechamento do balanço do período seguinte. A outra, no longo prazo, com valor de R$ 80.000,00,
vence no período de x3, tendo em vista que o vencimento é em 500 dias a contar da data do ba-
lanço.
Além disso, há um saldo de PECLD para contas a receber de curto prazo, no valor de R$ 8.000,00.
Geralmente, essa perda vem agrupada com contas a receber, sendo divulgada pela empresa ape-
nas o valor líquido; e a descrição é apresentada em notas explicativas.
No exercício, não foi apresentada a conta PECLD para contas a receber de longo prazo, mas é pro-
vável que haja também, tendo-se em vista o prazo maior, que gera maior incerteza quanto ao seu
recebimento.
Na conta estoque, foi classificada a conta mercadorias para revenda, no valor de R$ 25.000,00.
Porém, nesse subgrupo, poderiam entrar, também: a matéria prima para a produção de mercado-
rias (se for empresa industrial), produtos em processamento, almoxarifado, ativos biológicos etc.
Tributo a recuperar é classificado no ativo, já que é um direito da empresa pelo pagamento a mai-
or ou pela compensação de determinado tributo. É possível que sua classificação também seja
realizada no longo prazo, dependendo da previsão de compensação, ou de estorno do tributo.
Geralmente, quando é classificado no ARLP, tem o nome de tributos diferidos a recuperar.
Os tributos também podem ser classificados no passivo, desde que sejam uma obrigação da em-
presa. Porém, a sua nomenclatura correta, nesse caso, seria tributos a pagar, para classificação no
passivo circulante e tributos diferidos a pagar, para a classificação no passivo não circulante.
Os investimentos em empresas controladas foram classificados no subgrupo de investimento do
ativo não circulante, tendo em vista que são investimentos permanentes.
Neste subgrupo, devem ser classificadas as participações societárias em controladas e coligadas,
as quais a empresa pretende manter por motivos estratégicos em caráter permanente. Além dis-
so, classificam-se neste subgrupo as propriedades para investimento, que são terrenos e edifica-
ções, mantidos para renda ou valorização; os quais não estão sendo utilizados para finalidades
produtivas.
A patente tecnológica adquirida é classificada como um ativo intangível, que é um ativo não mo-
netário, identificável e sem substância física, destinado à manutenção das operações, e não à ven-
da. Trata-se de um direito de produzir algo que trará benefícios econômicos para a empresa, por
vários períodos.
No imobilizado, foram classificados a loja e os veículos, considerando que são utilizados para o
funcionamento da atividade operacional. Como é um exercício simples, não foi considerada a de-
preciação.
No passivo circulante, foram classificadas as obrigações de curto prazo, sendo que as mesmas con-
tas poderiam estar no passivo não circulante, se o vencimento fosse superior a doze meses da da-
ta do balanço.

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Por fim, no patrimônio líquido, foram classificadas as contas de capital social, reserva de capital e
ajuste de avaliação patrimonial, como apresentado na figura abaixo.
Observem que o total do ativo é igual ao total do passivo mais o PL.

Balanço Patrimonial
Em 31/12/x1
Ativo Passivo
Ativo Circulante 222.000,00 Passivo Circulante 215.000,00
Caixa e Equivalente de Caixa 12.000,00 Fornecedores 150.000,00
Contas a receber 83.000,00 Empréstimos 30.000,00
(-) PECLD -8.000,00 Salários a pagar 35.000,00
Contas a receber líquidas 75.000,00 Passivo Não Circulante 50.000,00
Estoque 25.000,00 Financiamento 50.000,00
Tributos a recuperar 10.000,00
Despesas antecipadas 100.000,00 Patrimônio Líquido
Ativo Não Circulante 400.000,00 Capital Social 300.000,00
- ARLP 80.000,00 Reserva de capital 15.000,00
Contas a receber 80.000,00 Ajuste de Avaliação patrimonial 42.000,00
- Investimentos 42.000,00 Total do PL: 357.000,00
- Intangível 90.000,00
- Imobilizado: 188.000,00
Loja 150.000,00
Veículos 38.000,00
Total do Ativo: 622.000,00 Total Passivo + PL 622.000,00

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2.2 Demonstração dos Resultados

Também chamada de Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE), é a


apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o
exercício social, demonstrada de forma a destacar o desempenho do período. O desem-
penho é apresentado em forma de resultados, sendo o resultado liquido do exercício o
mais utilizado pelos gestores.

A DRE mostra o lucro (ou prejuízo) obtido pela empresa ao confrontar as receitas
com as despesas (e/ou custos). Desta forma, ela apresenta a sua importância para análi-
se, pois é possível verificar o desempenho econômico e realizar projeções para os próxi-
mos períodos. Se a empresa vem reduzindo o lucro ou incorrendo em prejuízos, por
exemplo, é possível verificar se há reduções das receitas e/ou aumento das despesas e
ajustar a estratégia realizando um melhor controle das operações para os períodos se-
guintes. Além disso, é possível relacionar algumas medidas de resultado com as contas
do Balanço Patrimonial para verificar a rentabilidade da empresa e, também, relacionar as
medidas de resultado com a receita para verificar o nível de lucratividade em determinado
período. Em suma, é uma demonstração de grande importância para analisar as ativida-
des de uma empresa e identificar se ela é lucrativa, se possui boa margem de lucro, se
possui vantagens competitivas e para melhorar as perspectivas de desempenho. Contu-
do, para um melhor aproveitamento da Demonstração, ela precisa ser analisada em con-
junto com outras demonstrações, sobretudo, com o Balanço Patrimonial.

As contas da DRE são classificadas de acordo os seus elementos, como Receitas


e Despesas, conforme representados na figura 1.

Elementos da Demonstração de Resultados:

DRE

Receitas

Despesas

Figura 1 – Elementos da DRE


A Lei nº 6404/76 define o conteúdo da DRE, que deve ser apresentada na forma
dedutiva, com os detalhes necessários das receitas, despesas, ganhos e perdas, e com a
definição clara do lucro ou prejuízo líquido do exercício e por ação; sem confundir-se com
a conta lucros acumulados, onde é feita a distribuição ou alocação do resultado.

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA BRUTA DE VENDAS / SERVIÇOS


(-) Deduções da Receita / Abatimentos / tributos sobre vendas
= RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS / SERVIÇOS
(-) Custo de mercadorias vendidas / serviços / produtos produzidos
= Resultado Bruto
(-) Despesas Operacionais:
 Despesas com vendas
 Despesas gerais e administrativas
 Outras despesas operacionais*
 Outras receitas operacionais*
 Resultado de equivalência patrimonial
= Resultado antes do resultado financeiro
Resultado financeiro:
(-) Despesas financeiras
(+) Receitas financeiras
(+/-) Variações cambiais
= Resultado antes dos tributos sobre o lucro
Provisões para IRRF e CSLL
Provisões para IRRF e CSLL diferidos
= Resultado das operações continuadas
(+/-) Resultado das operações descontinuadas
(+/-) Outros ajustes
-------------------------------------------------------------------------
= RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Figura 2 - DRE sintética

Acompanhando a Lei 6404/76 e suas atualizações e considerando as recomen-


dações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 26 (R1), temos sintetizado estru-
tura da DRE na figura 2.

Como é possível verificar na Figura 2, a DRE é apresentada iniciando pela Recei-


ta Bruta de vendas, porém para efeitos de divulgação ela é iniciada a partir da Receita
Líquida de vendas, sendo as contas receita bruta, abatimentos, descontos e tributos sobre
vendas apresentados em quadro complementar em notas explicativas.

Além disso, considerando que o Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI) é cal-
culado sobre o valor bruto das vendas, isto é, é calculado “por fora”, ainda deveria haver
outra receita além da receita bruta. Alguns especialistas têm recomendado a adaptação
do plano de contas criando a conta “Faturamento Bruto”, deduzindo o IPI do Faturamento
Bruto. Logo, a DRE iniciaria da seguinte forma:

DRE com estrutura adaptada para considerar o IPI


15 FATURAMENTO BRUTO
(-) IPI SOBRE O FATURAMENTO
= RECEITA BRUTA DE VENDAS / SERVIÇOS
As despesas operacionais com vendas, gerais e administrativas são detalhadas
conforme quadro 2.

Quadro 2 – Despesas operacionais

DESPESAS OPERACIONAIS:

Outras despesas / Outras receitas


Vendas Administrativas
operacionais

Lucros e prejuízos de participações


Despesas com pessoal Despesas com pessoal
em outras sociedades
Vendas esporádicas de sucatas ou
Comissões de vendas Ocupação
sobras de estoque
Ganhos ou perdas na venda
Ocupação Utilidades e serviços
imobilizados
Dividendos e rendimentos de
Utilidades e serviços Honorários
outros investimentos
Ganhos ou perdas na alienação de
Propaganda e publicidade Despesas gerais
investimentos
Despesas gerais Tributos
Tributos
Reversão / Perdas por impairment
Perdas estimadas em créditos de Despesas com provisões
liquidação duvidosa (PECLD)

No subitem “outras despesas e receitas operacionais” são classificadas as outras


despesas e outras receitas não classificadas como despesas de vendas, gerais e admi-
nistrativas. Geralmente, nesta linha se classificam os ganhos e perdas na alienação de
ativos ou quando ocorrem perdas com incêndios, enchentes sem que haja a cobertura de
seguros.

As receitas e despesas financeiras são apresentadas em detalhe no quadro 3.

Quadro 3 – Resultado Financeiro

RESULTADO FINANCEIRO:
- Despesa Financeira
Descontos concedidos por antecipação de pagamento de
duplicatas (contas a receber).
Comissões e despesas bancárias
Perdas com as ações da empresa x
Juros pagos por atraso a fornecedor
Variações monetárias passivas
- Receita Financeira
Descontos obtidos de fornecedores
Juros auferidos pela valorização das ações da empresa z
Variações monetárias ativas
Juros auferidos por AVP de clientes de longo prazo

16
Saber essas classificações é muito importante para efeitos de análise, já que ge-
ralmente é preciso realizar alguns ajustes para o cálculo de alguns indicadores.

As “outras despesas e receitas operacionais” anteriormente eram


classificadas num subgrupo após o resultado operacional chama-
do de “resultado não operacional” e parte em “receita e despesas
operacionais”. Atualmente o resultado operacional é o resultado
antes do resultado financeiro. Mas, alguns especialistas ainda
consideram o resultado financeiro como sendo o resultado das
Segure esta operações usuais da empresa. Eles consideram que os juros pa-
gos pelos empréstimos e/ou os juros recebidos por rendimentos
de investimentos não permanentes estão diretamente atrelados as
atividades operacionais da empresa, por isso, consideram que a
sua classificação correta deveria ser como parte das atividades
operacionais da empresa. Contudo, com o processo de conver-
gência da contabilidade brasileira com as normas internacionais, a
prática atual tem adotado a classificação do resultado financeiro
separado das atividades operacionais.

Com relação ao assunto do resultado operacional, vale salientar que há uma pro-
posta sendo discutida para a modificação da DRE. Essas modificações foram sinalizadas
pelo International Accounting Standards Board (IASB) e poderão impactar várias empre-
sas. É um tema que ainda está em discussão, e que se a minuta for aprovada, só deverá
estar em funcionamento após o ano de 2025. De qualquer forma, se houver interesse na
discussão, caso queiram se antecipar, recomendo a leitura do artigo:

http://ojs.fipecafi.org/index.php/RevFipecafiCCF/article/view/24/11

17
Atividade 2
Atende aos objetivos 1,2 e 3

1 – Qual é a importância da demonstração dos resultados para os gestores?

2 - Quais são os elementos da DRE?

3 – Com base nos dados abaixo, classifique as contas, enumerando-as corretamente,


de acordo com as especificações em 1, 2, ou 3.
1 - Despesas operacionais ad-
( ) Comissões e despesas bancárias
ministrativas
( ) Despesas com o IPVA do veículo do SAC
2 - Despesas operacionais de
( ) Ganho com aplicações financeiras
vendas
( ) Despesa com salários dos gerentes
3 - Resultado financeiro ( ) IPTU do prédio da contabilidade/jurídico
( ) Despesas com Marketing e propaganda
( ) Juros por atraso no pagamento de fornecedores
( ) Despesas de salário da equipe de vendas
( ) Despesa com limpeza e manutenção
( ) Despesas com comissões de venda
( ) Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa
( ) Despesas com salário do pessoal da contabilidade
Despesas com gasolina do veículo de serviço de atendimen-
( )
to ao consumidor

4 – Com base nas demonstrações abaixo, indique com um “X” nas colunas da direita quais são ori-
entadas (ou exigidas) pelo CPC 26, e/ou pela Lei 6.404/76, e marque “NA” quando “não aplicável”.
Demonstrações contábeis CPC 26 Lei 6.404/76
Balanço patrimonial
Demonstração das origens e aplicações de recursos
Demonstração dos resultados
Demonstração dos resultados abrangentes
Demonstração das mutações do patrimônio líquido
Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados
Demonstrações de dívidas acumuladas
Demonstração dos fluxos de caixa
Demonstração do valor adicionado

18
Resposta comentada
1 – A demonstração dos resultados tem grande importância para os gestores, principalmente para
a verificação do desempenho empresarial, pois, por meio da DRE, é possível verificar se a empresa
é lucrativa ou não. Além disso, é importante para a realização de controle das atividades operaci-
onais e para a prospecção de resultados, melhorando a competitividade. Contudo, para seja mais
bem utilizada, é importante a análise em conjunto com outras demonstrações, principalmente
com o balanço patrimonial.

2 – Os elementos da DRE são: as receitas e as despesas.

3 – A correta classificação dos itens da DRE é apresentada a seguir:

(3) Comissões e despesas bancárias – referem-se a despesas fora do escopo da atividade fim da
empresa.
(2) Despesas com o IPVA do veiculo do SAC – uma vez que o veiculo é do serviço de atendimento
ao cliente (SAC), essas despesas estão diretamente relacionadas com vendas.
(3) Ganho com aplicações financeiras – referem-se a recursos aplicados em contas bancárias ou a
investimentos de curto prazo, logo, esses ganhos estão relacionados ao resultado financeiro.
(1) Despesa com salários dos gerentes – os gerentes fazem parte da equipe administrativa, logo,
essas despesas estão relacionadas às despesas administrativas.
(1) IPTU do prédio da Contabilidade/Jurídico – o pessoal da contabilidade ou do jurídico faz parte
do pessoal administrativo, logo o tributo se relaciona às despesas administrativas.
(2) Despesas com Marketing e propaganda - MKT e propaganda têm o objetivo de manter ou gerar
mais vendas, logo essas despesas estão relacionadas às despesas com vendas.
(3) Juros por atraso no pagamento de fornecedores – são despesas financeiras.
(2) Despesas de salário da equipe de vendas – estão relacionadas às despesas com vendas.
(1) Despesas com limpeza e manutenção - essas despesas, como não têm uma especificação, clas-
sificam-se como despesas gerais (ou administrativas).
(2) Despesas com comissões de venda – estão diretamente relacionadas à vendas.
(2) Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa – PECLD reduz a conta de clientes, que
está relacionada a vendas. Logo, a despesa se classifica como despesa de vendas.
(1) Despesas com salário do pessoal da contabilidade – como já foi dito, a contabilidade faz parte
do administrativo; logo, essas despesas estão relacionadas às despesas administrativas.
(2) Gastos com gasolina do veículo de serviço de atendimento ao consumidor – serviço de atendi-
mento ao consumidor (SAC) é um serviço de atendimento às vendas; logo, esses gastos estão dire-
tamente relacionados às despesas com vendas.
Enfim, toda a despesa operacional terá uma especificação, que relacionará sua classificação com
um item da DRE. Quando não há uma especificação, geralmente as despesas são classificadas co-
mo despesas gerais e administrativas.
19
4 – Com base no quadro, as demonstrações são orientadas (ou exigidas) pelo CPC 26 e/ou pela Lei
6.404/76, conforme a seguir.
Demonstrações contábeis CPC 26 Lei 6.404/76
Balanço patrimonial x x
Demonstração das origens e aplicações de recursos NA NA
Demonstração dos resultados x x
Demonstração dos resultados abrangentes x NA
Demonstração das mutações do patrimônio líquido x NA
Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados NA x
Demonstrações de dívidas acumuladas NA NA
Demonstração dos fluxos de caixa x x
Demonstração do valor adicionado x x

Vale destacar que:


 a demonstração das origens e aplicações de recursos não é mais exigida pela lei das S/As;
 a demonstração dos resultados abrangentes só consta na lista de exigência do CPC 26;
 a demonstração das mutações do patrimônio líquido é exigida pelo CPC 26; mas a lei das
S/As aceita a sua elaboração no lugar da DLPA.
 a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados não é exigida pelo CPC 26; e,
 a demonstração de dívidas acumuladas não é uma demonstração exigida nem pelo CPC
26 e nem pela lei 6.404/76.

Conclusão

Vimos nesta aula, que diversos relatórios são exigidos pela lei das S/As, mas que,
de acordo com as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, mais especifica-
mente do CPC 26, há uma brecha normativa para a apresentação dos relatórios conforme
orientações do CPC. Sendo assim, nem todos os relatórios exigidos pela Lei 6.404/76 são
de fato aplicados pelas empresas; por outro lado, existem relatórios que sequer são cita-
dos pela Lei, como a demonstração de resultados abrangentes, mas que têm sido apre-
sentados pelas empresas, na prática.
Além disso, foram apresentados os critérios para a classificação de contas no ba-
lanço patrimonial. Esses critérios são importantes para efeitos de padronização e, conse-
quentemente, para a consistência na apresentação das informações. Na DRE, há também
algumas recomendações para a correta classificação das contas. Cada item deve ser
classificado de acordo com a sua especificação e, normalmente, há uma relação direta
com o item de despesa. Quando não há essa especificação, como para a classificação
20
em despesas com vendas, a prática utilizada é a classificação em despesas gerais e ad-
ministrativas. Quando a despesa operacional não for classificável nem como administra
(ou geral) e nem com vendas, pode ser classificada em outras receitas/despesas operaci-
onais. Nesse subitem, geralmente, classificam-se os ganhos e perdas na alienação de
ativos, ou quando ocorrem perdas com incêndios, enchentes sem que haja a cobertura de
seguros e outros itens.
Destaca-se também que o resultado apresentado na DRE vem do confronto entre
as receitas e as despesas, evidenciando o desempenho econômico; o que é útil para rea-
lizar projeções e ajustar a estratégia, aplicando um melhor controle das operações, para
os períodos seguintes.
Nesse contexto, de forma geral, os relatórios demonstram a sua utilidade para o
controle das operações empresariais. Nesse caso, vimos por enquanto o BP e a DRE, os
quais são os relatórios mais importantes e mais utilizados na Contabilidade. Contudo, é
preciso cautela com a sua análise, que deve ser realizada em conjunto com os demais
relatórios, e nunca de forma isolada.

Resumo

As demonstrações contábeis orientadas pelo CPC 26 são: balanço patrimonial;


demonstração dos resultados; demonstração dos resultados abrangentes; demonstração
das mutações do patrimônio líquido; demonstração dos fluxos de caixa; demonstração do
valor adicionado. O que difere das exigências da lei das S/As com relação a demonstra-
ção dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) e a demonstração dos resultados abran-
gentes (DRA). A Lei das S/As exige a elaboração da DLPA, já o CPC orienta a elaboração
da DRA.
No balanço patrimonial, as contas do ativo são dispostas em ordem decrescente de
grau de liquidez dos elementos nelas registrados; ou seja, de acordo com a sua disponibi-
lidade, de modo que os mais disponíveis são classificados na primeira parte da demons-
tração. Assim, as contas do ativo são classificadas em ativo circulante e ativo não circu-
lante. Já no passivo, as contas serão classificadas em ordem decrescente de exigibilidade
das obrigações; ou seja, aquelas com prazo vencimento mais próximo deverão ser classi-
ficadas primeiro. Quanto a separação em de curto ou de longo prazo, o passivo é classifi-
cado nos em passivo circulante e passivo não circulante.
Há um conjunto de contas que precisam ser classificadas, não só por ordem de
disponibilidade e exigibilidade, mas também por sua natureza no Balanço Patrimonial.
Assim, no ativo, no passivo e no PL existem grupos e subgrupos de contas que precisam
ser classificados de forma padronizada e com alguma consistência (ou seja, não é reco-
mendável alterar a forma de registro de um período para o outro). Existe um modelo de
demonstração com a estrutura mínima de contas apresentado pelo CPC 26. O mesmo
ocorre na DRE, que também apresenta um modelo com a estrutura mínima de contas.
Esse modelo de demonstração pode ser ajustado de acordo com o modelo de negócio.

21
Referências:

GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo; IUDÍCIBUS, Sergio. de; MAR-


TINS, Eliseu. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de
acordo com as normas internacionais do CPC. 3. ed. São Paulo: GEN/Atlas, 2018.

GRAHAM, B e MEREDITH, S.B. A interpretação das demonstrações financeiras.


São Paulo: Ed. Saraiva Uni.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial: Instrumento de análise, gerência


e decisão. E-Book. São Paulo: Atlas, 2018, Ed.18.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26 (R1) - Apresentação


das Demonstrações Contábeis, 2011. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 > Acesso em: 01 Jun. 2021.

BRASIL. Lei Nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades


por Ações. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>
Acesso em: 06 Jun. 2021.

BRASIL. Lei Nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos


da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de
1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e di-
vulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm> Acesso em: 06
Jun.2021.

22
Aula 1 – b - Principais relatórios contá-
beis

Meta
Apresentar alguns aspectos conceituais, normativos e de estruturação das Demonstra-
ções DRA, DFC e DVA.

Objetivos
Esperamos que no decorrer dos estudos que você seja capaz de:

1 – Ter uma visão geral das demonstrações do resultado abrangente, dos fluxos de caixa
e do valor adicionado.
2 - Reconhecer as estruturas das demonstrações e a importância delas para a Contabili-
dade

23
1 Introdução
Na aula anterior vimos alguns aspectos gerais das principais demonstrações contábeis
orientadas pelo CPC 26 com um pouco mais de detalhamento sobre a demonstração do resultado
e do balanço patrimonial. Nesta Aula veremos alguns aspectos da demonstração dos resultados
abrangentes, da demonstração dos fluxos de caixa e da demonstração do valor adicionado. As
demais demonstrações vocês terão o conteúdo em outras disciplinas. Uma parte está na ementa
da disciplina “Contabilidade Intermediária” e, sobre a DVA, provavelmente, terão um conteúdo
mais detalhado na disciplina “Contabilidade Socioambiental”, logo, por aqui veremos algo bem
elementar.

2 Demonstração dos Resultados Abrangentes


A Demonstração dos Resultados Abrangentes (também chamada de DRA) tem por objetivo
apresentar o resultado que vai além daquele resultado demonstrado na DRE (como vimos nas
Aulas anteriores). É como se fosse uma continuação da DRE iniciando pelo lucro líquido do
exercício. A diferença é que na DRE são apresentados os valores de fato realizados pela
Contabilidade, já na DRA os resultados poderão ser realizados num futuro próximo (ou não).
O lucro abrangente é a mudança no patrimônio dos acionistas de uma companhia em um
determinado período, excluindo os efeitos de novas injeções de capital e pagamentos de
dividendos. Ou seja, é uma atualização (ou revisão de valor) do ativo ou do passivo que impacta
temporariamente no patrimônio líquido, contudo o registro é realizado apenas para deixar a
contabilidade mais atualizada, ainda não há a realização contábil daquela “atualização”. A
realização poderá ocorrer num futuro próximo quando houver a alienação (venda, troca, e/ou
baixa) do ativo ou passivo.

Figura 2.1 – Resultado que vai além dos olhos


Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/worlds-beyond-abstract-
landscape_8564749.htm#page=1&query=beyond&position=3 Autoria: Freepik.com

A apresentação da Demonstração de Resultado Abrangente passou a ser obrigatória no Brasil


a partir do início do exercício de 2010 e pode ser apresentada dentro da Demonstração da
24
Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) ou através de relatório próprio, separada da DRE. No
Brasil, as empresas têm elaborado a DRA num quadro separado das demais demonstrações, mas
ao mesmo tempo também apresentam a DRA dentro da DMPL.

Características e utilidade da DRA


A DRA pode ser utilizada para uma relevante decisão gerencial da empresa, já que ela
apresenta um novo valor ao capital próprio dos sócios, isto é, do Patrimônio Líquido que é
atualizado através dos ajustes realizados nas contas do ativo e do passivo em decorrência da
mudança de valor.
As mudanças ocorridas podem gerar resultados de ganhos e/ou de perdas, mas por ser de
realização incerta, visto que decorrem de eventos de longo prazo, sem data prevista para a sua
efetiva realização, não podem ser apresentadas na DRE, mas sim na DRA.
E qual a importância, para os investidores em conhecer o resultado abrangente? É simples,
pois esses resultados criam expectativas futuras, são indícios e sinalizam que algo poderá
ocorrer. Logo, os investidores precisarão ter atenção no lucro abrangente, para decidir se deverão
investir ou não no negócio e, o proprietário poderá agir, de modo a conseguir neutralizar possíveis
perdas ou ampliar os ganhos.

Composição e estrutura
De acordo com o CPC 26, os “outros resultados abrangentes” compreendem:
a) Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente;

b) Ganhos e perdas atuariais em plano de pensão;

c) Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no


exterior;

d) Ajuste de avaliação patrimonial (ganhos e perdas de ativos financeiros disponíveis para


venda);

e) Ajuste de avaliação patrimonial (ganhos e perdas de instrumento de hedge em hedge de fluxo


de caixa).

Além disso, segundo o mesmo pronunciamento, a DRA deve ter como estrutura mínima:
 O resultado líquido do exercício;

 Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme a natureza;

 Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida pelo


Método de Equivalência Patrimonial (MEP); e

 O resultado abrangente do período.

25
Os itens de outros resultados abrangentes ainda precisam ser divididos em:
(i) itens que não serão reclassificados subsequentemente para o resultado do período; e
(ii) itens que serão reclassificados subsequentemente para o resultado do período, quando
condições específicas forem atendidas.
O mesmo deve ser realizado para a parcela dos outros resultados abrangentes de empresas
investidas reconhecida por MEP.
Assim, uma estrutura básica de DRA deve ser elaborada conforme quadro 2.1

Quadro 2.1 – Demonstração dos Resultados Abrangentes


I) Lucro líquido do exercício:
A- Outros resultados abrangentes:
- (i) itens que não serão reclassificados
- (i) itens que serão reclassificados

B - Outros resultados abrangentes de empresas investidas re-


conhecidas por MEP:
- (i) itens que não serão reclassificados
- (i) itens que serão reclassificados

II) Total de Outros Resultados Abrangentes (A+B):

RESULTADO ABRANGENTE TOTAL (I+II):

Enfim, embora a DRA já tenha algum tempinho de existência, pois veio com o processo de
convergência da contabilidade com a sua aplicação a partir de 2010, ela é uma demonstração
ainda pouco explorada na prática. Mas, não deixa de ser um relatório importante no computo dos
relatórios e, os profissionais de contabilidade precisam conhecê-la melhor. Por isso, estamos
apresentando alguns conceitos iniciais aqui para vocês irem se familiarizando, provavelmente ela
será revista em disciplinas mais avançadas ao longo do curso.

Atividade 01 – atende aos objetivos 1 e 2

1) Sobre a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) leia os itens abaixo e, na


sequencia, assinale “V” se verdadeiro e “F” se falso.
a. ( ) A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) apresenta as receitas, despe-
sas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconheci-
das (ou não foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício,
conforme determinam as regras dos CPCs.
26
b. ( ) Com relação as características e utilidades da Demonstração de Resultado
Abrangente, os investidores não necessitam prestar atenção especial ao lucro abran-
gente porque os ajustes só serão realizados no lucro líquido no futuro.
c. ( ) De acordo com o CPC 26, os “outros resultados abrangentes” compreendem:
Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente; Ganhos e perdas
atuariais em plano de pensão; Ganhos e perdas derivados de conversão de demons-
trações contábeis de operações no exterior; Ajuste de avaliação patrimonial (ganhos e
perdas de ativos financeiros disponíveis para venda); e, Ajuste de avaliação patrimoni-
al (ganhos e perdas de instrumento de hedge em hedge de fluxo de caixa).

2) Qual a importância (ou utilidade) da Demonstração de Resultado Abrangente?

3) Complete as lacunas nos itens a seguir:


a) O ______________ é a mudança no patrimônio ________________ de uma com-
panhia em um determinado período, excluindo os efeitos de __________________ e
pagamentos de dividendos.
b) No Brasil, as empresas têm elaborado a DRA num quadro ____________ das de-
mais demonstrações, mas ao mesmo tempo também apresentam a DRA dentro da
_____________.
c) A apresentação da Demonstração de Resultado Abrangente passou a ser obrigató-
ria no Brasil a partir do início do exercício de ___________ e pode ser apresentada
dentro da _______________________________________________________ ou
através de ______________________________________.

4) Com base nas normas do CPC 26, sobre a DRA, apresente a estrutura mínima exi-
gida para a sua elaboração.

Respostas comentadas da atividade 01

1) Sobre a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) leia os itens abaixo e, na


sequência, assinale “V” se verdadeiro e “F” se falso.
a. Resposta verdadeira. A Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) apresenta
as receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que
não são reconhecidas (ou não foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resul-
tado do Exercício, conforme determinam as regras dos CPCs.

27
b. Resposta falsa. Com relação as características e utilidades da Demonstração de
Resultado Abrangente, os investidores necessitam prestar atenção especial ao lucro
abrangente.
c. Resposta verdadeira. De acordo com o CPC 26, os “outros resultados abrangentes”
compreendem: Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente;
Ganhos e perdas atuariais em plano de pensão; Ganhos e perdas derivados de con-
versão de demonstrações contábeis de operações no exterior; Ajuste de avaliação pa-
trimonial (ganhos e perdas de ativos financeiros disponíveis para venda); e, Ajuste de
avaliação patrimonial.

2) Qual a importância (ou utilidade) da Demonstração de Resultado Abrangente?


Como vimos, a DRA pode ser utilizada para a tomada de decisão gerencial, já que ela
apresenta um novo valor ao capital próprio dos sócios, isto é, do Patrimônio Líquido
que é atualizado através dos ajustes realizados nas contas do ativo e do passivo em
decorrência da mudança de valor.
As mudanças ocorridas podem gerar resultados de ganhos e/ou de perdas, mas por
ser de realização incerta, visto que decorrem de eventos de longo prazo, sem data
prevista para a sua efetiva realização
A importância para os investidores decorre do conhecimento sobre as expectativas fu-
turas como indícios os quais sinalizam que algo poderá ocorrer. Logo, os investidores
poderão melhorar o seu poder de decisão ao analisar esse relatório.

3) As lacunas devem ser completadas da seguinte forma:


a) O lucro abrangente é a mudança no patrimônio dos acionistas de uma companhia
em um determinado período, excluindo os efeitos de novas injeções de capital e pa-
gamentos de dividendos.
b) No Brasil, as empresas têm elaborado a DRA num quadro separado das demais
demonstrações, mas ao mesmo tempo também apresentam a DRA dentro da DMPL.
c) A apresentação da Demonstração de Resultado Abrangente passou a ser obrigató-
ria no Brasil a partir do início do exercício de 2010 e pode ser apresentada dentro da
Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) ou através de relatório pró-
prio, separada da DRE.

4) Com base nas normas do CPC 26, sobre a DRA, a estrutura mínima exigida para a
DRA é a seguinte:

28
 O resultado líquido do exercício
 Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme a nature-
za
 Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconheci-
da por MEP; e
 O resultado abrangente do period

3 Demonstração dos Fluxos de Caixa


A Demonstração do Fluxos de Caixa (também chamada de DFC) tem por objetivo apresentar
os saldos resultantes das entradas e saídas de caixa e equivalente de caixa da empresa em
determinado período.
O Equivalente de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de
curto prazo e, não, para investimento ou outros propósitos.
A DFC até a publicação da Lei nº 11.638/07, não era obrigatória no Brasil, exceto em casos
específicos, como, por exemplo, em empresas de setores regulados como o de energia elétrica
(por exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANNEL) e empresas participantes do
novo Mercado.

29
Figura 2.2 – Fluxos de caixa
Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/colorful-infographic-financial-flowchart-money-transfer-
transactions_10703427.htm#page=1&query=cash%20flows&position=1 Autoria: Freepik.com

Contudo, desde 1999 alguns órgãos como o Instituto de Auditores Independentes do Brasil
(Ibracon) e a CVM já vinham recomendando a apresentação da DFC.
A DFC substituiu a antiga Demonstração das Origens e Aplicações de Recurso (DOAR) e deve
ser preparada seguindo as orientações do CPC 03, o qual foi elaborado com base na norma
internacional IAS 7 (Statements of Cash Flows) que é semelhante a norma americana FAZ 97
(Statements of Cash Flows).
Das demonstrações apresentadas, vale dizer que a Demonstração do Fluxo de Caixa não é
exigida pela legislação para a companhia de capital fechado com patrimônio líquido inferior a R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais), na data do balanço. Porém, mesmo para essas empresas, o
Conselho Federal de Contabilidade e outras entidades recomendam a sua elaboração. Além
disso, vale ressaltar que boa parte das instituições financeiras (para efeito de análise de crédito),
tem exigido a sua elaboração.

Estrutura da Demonstração de Fluxo de Caixa


A DFC é elaborada apresentando os fluxos de caixa do período classificados por atividades
operacionais, de investimento e de financiamento.
Segundo o CPC 03 R2, a empresa deve apresentar as atividades que sejam mais apropriada
aos seus negócios. De acordo com a norma, a classificação por atividade proporciona
informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição
financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa. Essas informações
podem ser usadas também para avaliar a relação entre essas atividades.
As atividades são apresentadas na DFC segregadas conforme estrutura sintetizada na figura a
2.3.

30
Demonstração dos Fluxos de Caixa

Fluxo das atividades operacionais

Fluxo das atividades de investimentos

Fluxo das atividades de financiamento

Figura 2.3 – Estrutura da demonstração do fluxo de caixa

Em cada uma das atividades da estrutura apresentada pode ter um conjunto de contas
passíveis de classificação que pode ser alterada de acordo com o modelo de negócio.
Vejam a seguir como ficaria a classificação de algumas contas para uma empresa do ramo
comercial ou industrial.

 Fluxo das atividades operacionais:

 Recebimentos pela venda de produtos e serviços à vista

 Pagamentos a fornecedores referentes a compra de mercadorias

 Pagamentos de tributos

 Fluxo das atividades de investimentos:

 Recebimentos resultantes da venda de imobilizado

 Recebimento pela venda de participações em outras empresas

 Resgates do principal de aplicações financeiras

 Aquisição de imobilizado à vista

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 Fluxo das atividades de financiamento:

 Empréstimos obtidos no mercado

 Pagamento dos empréstimos obtidos

 Entrada de sócio com aporte em dinheiro

A DFC pode ser elaborada, em seu fluxo de atividades operacionais, pelo método direto ou pelo método
indireto. Pelo método direto, a demonstração é apresentada de forma mais simplificada, as principais clas-
ses de recebimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas.

Com base nas contas apresentadas acima, podemos montar uma estrutura de DFC mais
completa conforme quadro 2.2 elaborada, conforme CPC 26 pelo método direto.

Quadro 2.2 – Modelo simplificado de uma DFC pelo método direto


Demonstração de Fluxos de Caixa

(I) Fluxo das atividades operacionais:


(+) Recebimentos pela venda de produtos
(-) Pagamentos a fornecedores
(-) Pagamentos de tributos

(II) Fluxo das atividades de investimento:


(+) Recebimentos da venda de imobilizado
(+) Recebimento pela venda de participações em outras empre-
sas
(+) Resgates do principal de aplicações financeiras
(-) Aquisição de imobilizado à vista

(III) Fluxo das atividades de financiamento:


(+) Empréstimos obtidos no mercado
(-) Pagamento dos empréstimos obtidos
(+) Entrada de sócio com aporte em dinheiro

(A) Variação do caixa no período (I+II+III)


(B) Caixa de início de período (valor do período anterior)
Caixa final (A+B)

Como é possível ver no quadro 2.2, o raciocínio na elaboração da DFC é bem lógico, de modo
que se há saída de recursos financeiros o sinal é negativo e se há entrada de recursos na

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empresa o sinal é positivo. Além disso, as classificações são de acordo com o que de fato ocorre
na empresa, se o gasto é com relação ao que a empresa trabalha, ou seja, está ligado a atividade
fim, são classificados como operacionais, isto é, fazem parte da operação principal. Se está
relacionada a alguma aplicação financeira, a investimentos, compra ou venda a vista de
imobilizados, são classificados como atividade de investimento. Por fim, se estão relacionados a
origem do recurso, isto é, de quem capitaliza ou financia a empresa, normalmente, sócios,
instituições financeiras ou terceiros, são classificados como atividades de financiamento.
Assim, a elaboração e análise da DFC pode ser importante para:
 Verificar a capacidade de pagamento do negócio.

 Realizar a previsão de fluxos de caixa futuros.

 Analisar a capacidade de pagamento de dividendos.

 Administrar a geração de caixa operacional.

 Realizar a reconciliação entre lucro e caixa.

 Verificar os efeitos nas estruturas de financiamento e investimento.

 Dentre outras atividades contábeis.

Para elaborar a DFC pelo método indireto, é preciso realizar alguns ajustes iniciando do Lucro Lí-
quido da Demonstração dos Resultados. O lucro líquido ou o prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações
que não envolvem caixa, pelos efeitos de quaisquer diferimentos ou apropriações por competência sobre
recebimentos de caixa ou pagamentos em caixa operacionais passados ou futuros, e pelos efeitos de itens
de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financiamento.

Como pode ser observado, o método direto parece mais simples. Porém, a empresa que elaborar
a DFC pelo método direto deverá apresentar a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas ativi-
dades operacionais apresentando em notas explicativas. Logo, na prática elas acabam elaborando a de-
monstração pelo método indireto, tendo em vista que a conciliação já é realizada nela.

De certa forma, apesar de o método direto apresentar uma demonstração com informa-
ções mais simplificadas, pois é um espelho dos fluxos de atividades operacionais, de investimento
e de financiamento, o método indireto contém mais informações relevantes, já que apresenta
também a conciliação ente o lucro e o caixa gerado, além dos fluxos do método direto. A concilia-
ção apresenta os ajustes que não afetam o caixa, como exemplo, temos: Depreciação, amortiza-
ção e exaustão; receita de equivalência patrimonial; perda na baixa de imobilizado etc.

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Demonstração dos Fluxos de Caixa
(Método indireto)

Fluxo das atividades operacionais:

(+/-) Lucro ou prejuízo do exercício


(+/-) Ajustes que não afetam o caixa
(+/-) Aumentos ou reduções em ativos e passivos

(+/-) Fluxo das atividades de investimentos

(+/-) Fluxo das atividades de financiamento

(=) Somatório dos Fluxos

Saldo inicial de caixa e equivalentes

(=) Saldo FINAL de caixa e equivalentes

Além disso, há também as transações de investimento e financiamento que não afetam o caixa ou
equivalentes de caixa. Essas transações devem ser excluídas da demonstração dos fluxos de caixa. Tais
transações devem ser divulgadas nas notas explicativas às demonstrações contábeis, de modo que forne-
çam todas as informações relevantes sobre essas atividades de investimento e de financiamento.

Vejam um modelo mais completo de Demonstração de Fluxos de Caixa pelo método direto:

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DEMONSTRAÇÕES DO FLUXO DE CAIXA
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
(Em Reais mil)
2006 2005
Atividades operacionais
Recebimento de Clientes 655.143 706.896
Outros Recebimentos 40.454 41.948
Pagamento de Fornecedores (117.539) (103.608)
Pagamento de Salários e Encargos Sociais (47.188) (45.325)
Pagamento de Impostos e Contribuições (74.010) (137.270)
Outras Despesas (71.755) (203.037)
Caixa gerado pelas atividades operacionais 385.105 259.604

Atividades de investimento
Recebimentos de Aplicações e Outros Recebimentos 6.926 1.643
Pagamento pela Aquisição de Imobilizado (2.400) (48.815)
Caixa aplicado em atividades de investimento 4.526 (47.172)

Atividades de financiamento
Pagamento de Empréstimos (Principal e Juros) (237.988) (279.214)
Distribuição de Dividendos (104.415) (44.100)
Caixa aplicado nas atividades de financiamento (342.403) (323.314)

Diminuição Líquida nas Disponibilidades 47.228 (110.882)

Saldo inicial de caixa e aplicações financeiras 10.094 120.976


Saldo final de caixa e aplicações financeiras 57.322 10.094
Variação no caixa 47.228 (110.882)

Agora um modelo de Demonstração de Fluxos de Caixa pelo método indireto:

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Em suma, a intenção aqui foi só apresentar alguns aspectos gerais da demonstração dos
fluxos de caixa, em disciplinas mais avançadas os alunos terão a oportunidade de elaborá-la e
trabalhar com maior profundidade outros elementos.

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sor Mario Jorge.
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ATIVIDADE 02 - atende aos objetivos 1 e 2

1- O que é uma Demonstração de Fluxo de Caixa?

2 - Por que analisar a Demonstração do Fluxo de Caixa?

3 – Como é estruturada a Demonstração dos Fluxos de Caixa?

4 - Apresente “V” para “Verdadeiro” e “F” para “Falso” nas assertivas abaixo.
a) ( ) Equivalente de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liqui-
dez que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que es-
tão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Assim, um investimento
normalmente qualifica-se como equivalente de caixa somente quando tem venci-
mento de curto prazo, por exemplo, seis meses ou menos, a contar da data da
aquisição.
b) ( ) Demonstração de Fluxos de Caixa veio em substituição à Demonstração Lu-
cros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) e deve ser preparada seguindo as orienta-
ções do CPC 26 R2.
c) ( ) As sociedades por ações de capital aberto são obrigadas a apresentar a De-
monstração de Fluxo de Caixa.

5 - (EXAME DE SUFICIÊNCIA – CFC – 02/12 - adaptada) Na Demonstração dos Flu-


xos de Caixa (DFC), serão evidenciados como Atividades Operacionais, Atividades de
Investimento e Atividades de Financiamento, respectivamente:
a) pagamento de empréstimos, aquisição de imobilizado e aumento de capital com re-
servas de lucros.
b) pagamento de fornecedores, venda de imobilizado à vista e aumento de capital em
dinheiro.
c) recebimentos de clientes, transferência do saldo em conta corrente para aplicações
de liquidez imediata e integralização de capital com terrenos.
d) recebimentos por vendas de mercadorias à vista, compra de veículo financiado a
longo prazo e venda de imóveis de uso.

Respostas comentadas da atividade 02

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1 - A DFC é um relatório contábil de apresentação obrigatória para as empresa de ca-
pital aberto e para aquelas de capital fechado com patrimônio líquido superior a R$
2.000.000,00 (dois milhões de reais). Esse relatório tem o propósito de demonstrar as
entradas e saídas de caixa realizadas por uma empresa em determinado período.

2 - A análise da DFC pode ser importante para:


 Verificar a capacidade de pagamento do negócio.
 Realizar a previsão de fluxos de caixa futuros.
 Analisar a capacidade de pagamento de dividendos.
 Administrar a geração de caixa operacional.
 Realizar a reconciliação entre lucro e caixa.
 Verificar os efeitos nas estruturas de financiamento e investimento.

3 – A DFC pelo método direto é estruturada da seguinte forma:


Inicia-se pelo fluxo das atividades operacionais seguido do fluxo das atividades de in-
vestimento e do fluxo das atividades de financiamento resultando no saldo da variação
do caixa no período. Na parte final, somando a variação do caixa do período com o
saldo de caixa do período anterior, tem-se o caixa final do exercício.

4 – As respostas são as seguintes:


a) A resposta é falsa. Um investimento normalmente qualifica-se como equivalente
de caixa somente quando tem vencimento de curto prazo, de três meses ou me-
nos, a contar da data da aquisição.
b) A resposta é falsa. A Demonstração de Fluxos de Caixa veio em substituição à
Demonstração Origens e Aplicação de Recursos (DOAR) e deve ser preparada
seguindo as orientações do CPC 03 R2.
c) A resposta é verdadeira. As sociedades por ações são obrigadas a apresentar a
Demonstração de Fluxo de Caixa.

5 - Na Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), serão evidenciados como Atividades


Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de Financiamento, respectiva-
mente: pagamento de fornecedores, venda de imobilizado à vista e aumento de capital
em dinheiro. A resposta correta é a letra “b”.
Fim atividade

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4 Demonstração do Valor Adicionado
A Demonstração do Valor Adicionado (também chamada de DVA) tem por objetivo apresentar
o valor agregado (riqueza gerada) por uma empresa em determinado período e a sua distribuição
para os atores da sociedade.
O valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela
diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros.” Inclui também o valor
adicionado recebido em transferência, isto é, produzidos por terceiros e transferidos à entidade.
Desse modo, a DVA presta informações a todos os agentes econômicos interessados na
empresa, como: empregados, clientes, fornecedores, financiadores e governo.

Figura 2.4 – Riqueza gerada e riqueza distribuída


Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/income-inequality-abstract-concept-vector-illustration-
country-income-distribution-financial-gender-discrimination-social-economic-inequality-gini-coefficient-
salary-gap-abstract-
metaphor_12083709.htm#page=1&query=wealth%20generated%20and%20distributed&position=0
Autoria: Freepik.com

A DVA não era obrigatória no Brasil até a promulgação da Lei nº 11.638/2007, desde então,
passou a ser obrigatória para as Sociedades por Ações (companhias abertas). Contudo, mesmo
antes de ser obrigatória era incentiva e sua divulgação apoiada pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).

A DVA é um relatório contábil elaborado pelas empresas para demonstrar aos usuários da
contabilidade o valor da riqueza econômica gerada e a sua distribuição entre os elementos que
contribuíram para a sua criação.

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A regra atual que regula a elaboração e apresentação da DVA é o Comitê de Pronunciamento
nº 09 (CPC 09) aprovado em 30/10/2008 e divulgado em 12/11/2008. O CPC 09 foi aprovado e
referendado pelos órgãos reguladores:
 CVM - Deliberação CVM nº 557/08;

 CFC - Resolução nº 1.138/08, NBC TG 09;

 ANTT - Resolução 3.847 e 3.848/12 Manual;

 ANS - Resolução Normativa nº 322/13 Anexo I; e

 ANEEL - Resolução Normativa 605/14 Manual.

Para os usuários de maneira geral a DVA permite visualizar a realidade empresarial sob dois
enfoques:
a) o econômico, relativo ao valor gerado; e

b) o social, correspondente as rendas distribuídas.

A DVA oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da


sociedade na qual está inserida. Além disso, ainda pode ser importante nas seguintes situações:
 Um município, por exemplo, pode ser interessante saber o quanto de riqueza determinada
empresa está gerando. Assim como o quanto está distribuindo em forma de pagamento de pesso-
al, tributos, juros e rendimentos.
 A DVA elaborada por segmento (tipo de clientes, atividades, produtos, área geográfica e ou-
tros) pode representar informações ainda mais valiosas no auxílio da formulação de predições.
 Pode identificar quais são os maiores, ou menores beneficiários da riqueza gerada e distribuída
pela empresa.

Estrutura da Demonstração do Valor Adicionado


Sua elaboração deve levar em conta além do CPC 09, alguns aspectos do CPC 00 para efeitos
de base conceitual e de mensuração, e o CPC 26 para a Elaboração e apresentação das
Demonstrações Contábeis. Seus dados, em sua grande maioria, são obtidos principalmente a
partir da Demonstração do Resultado. Mas, também tem uma interface com a Demonstração de
Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).
A elaboração da DVA deve seguir a estrutura básica conforme figura 2.5.

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Estrutura básica da DVA:

1 - Receita

2 – Insumos adquiridos de terceiros

3 - Valor Adicionado Bruto (1-2)

4 – Depreciação, Amortização e Exaustão

5 - Valor Adicionado Líquido (3-4)

6 – Valor Adicionado Recebido em Transferên-


cia
7 - Valor Adicionado Total a Distribuir (5+6)

8 – Distribuição do Valor Adicionado:

Figura 2.5 – Estrutura básica da demonstração do valor adicionado Fonte: https://www.flaticon.com/free-


icon/invoice_1236940 Autoria: Flaticon.com

Segundo o CPC 09, a entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das
suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social.
Conforme visto na figura 2.5, sobre a estrutura básica da DVA, ela é dividida em 8 grupos,
onde a soma dos itens do grupo 1 apresenta o somatório da riqueza gerada pela empresa e a
soma dos itens do grupo 2 apresenta os custos para a geração dessa riqueza. Assim, subtraindo
os custos (insumos adquiridos de terceiros) da riqueza gera (receita), tem-se o Valor Adicionado
Bruto (grupo 3). Na sequencia, é apresentado o somatório do grupo 4 (depreciação, amortização e
exaustão). Com a subtração do somatório do grupo 4 pelo somatório do grupo 3, tem-se valor
adicionado líquido produzido pela entidade (grupo 5). Posteriormente são adicionados os valores
recebidos em transferência formando o total do grupo 6. Com a soma dos grupos 5 e 6, tem-se o
Valor Adicionado total a distribuir. Por fim, é apresentado o detalhamento da distribuição do valor
adicionado a distribuir.
Assim, a DVA em sua primeira parte, deve apresentar de forma detalhada a riqueza criada pela
entidade. Os principais componentes da riqueza criada estão apresentados a seguir nos seguintes
itens:
Receitas
 Venda de mercadorias, produtos e serviços  inclui os valores dos tributos incidentes
sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao

41
ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais
tributos estejam fora do cômputo dessas receitas.
 Outras receitas  da mesma forma que o item anterior, inclui os tributos incidentes
sobre essas receitas.
 Provisão para créditos de liquidação duvidosa  Constituição/Reversão. Inclui os
valores relativos à constituição e reversão dessa provisão.

Insumos adquiridos de terceiros


 Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos  inclui os valores das
matérias-primas adquiridas junto a terceiros e contidas no custo do produto vendido,
das mercadorias e dos serviços vendidos adquiridos de terceiros; não inclui gastos com
pessoal próprio.
 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros  inclui valores relativos às despesas
originadas da utilização desses bens, utilidades e serviços adquiridos junto a terceiros.
 Perda e recuperação de valores ativos  inclui valores relativos a ajustes por avaliação
a valor de mercado de estoques, imobilizados, investimentos etc. Também devem ser
incluídos os valores reconhecidos no resultado do período, tanto na constituição quanto
na reversão de provisão para perdas por desvalorização de ativos.

Depreciação, amortização e exaustão


 Nesse grupo incluem as despesas ou os custos contabilizados no período.

Valor adicionado recebido em transferência


 Resultado de equivalência patrimonial  o resultado da equivalência pode representar
receita ou despesa; se despesa, deve ser considerado como redução ou valor negativo.
 Receitas financeiras  inclui todas as receitas financeiras, inclusive as variações
cambiais ativas, independentemente de sua origem.
 Outras receitas  inclui os dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo,
aluguéis, direitos de franquia etc.

A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza obtida pela
entidade foi distribuída. Os principais componentes dessa distribuição estão apresentados a
seguir:

Distribuição da riqueza
A distribuição da riqueza gerada pode ser resumida em quatro subgrupos:

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1. Pessoal  valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: remunera-
ção direta, benefícios e FGTS.
2. Impostos, taxas e contribuições  valores relativos a tributos federais, estaduais e municipais.
3. Remuneração de capitais de terceiros  valores pagos ou creditados aos financiadores exter-
nos de capital, como: juros, aluguéis, royalties e outros.
4. Remuneração de capitais próprios  inclui os valores pagos ou creditados aos sócios e acio-
nistas por conta do resultado do período, tais quais: juros sobre o capital próprio (JCP), divi-
dendos, lucros retidos e prejuízos do exercício, lucros retidos etc.

Para um melhor entendimento, a seguir é apresentada uma estrutura de DVA com um pouco
mais de detalhes.
Quadro 2.4 - Modelo da Demonstração de Valor Adicionado
1 – RECEITA
1.1 – Venda de mercadorias, produtos ou serviços
1.2 – Outras receitas
1.3 – Receita relativas à construção de ativos próprios
1.4 PECLD/ reversão
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS:
2.1 – Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos
2.2 – Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.3 – Perda/ recuperação de valores ativos
2.4 – Outras
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO ( 1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1 – Resultado de equivalência patrimonial
6.2 – Receitas Financeiras
6.3 – Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO:
8.1 – Pessoal:
8.1.1 – Remuneração direta
8.1.2 – Benefícios
8.1.3 - FGTS
8.2 – Tributos;
8.2.1 – Federais
8.2.2 – Estaduais
8.2.3 - Municipais
8.3 – Remuneração de capitais de terceiros;
8.3.1 – Juros
8.3.2 – Alugueis
8.3.3 - Outras
8.4 - Remuneração de capitais próprios.

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8.4.1 – JSCP
8.4.2 – Dividendos
8.4.3 – Lucros retidos/ prejuízos do exercício
8.4.4 – Participação dos não controladores nos lucros

Assim, como a DRA e a DFC, a apresentação da DVA nesta aula teve apenas o propósito de
familiarizar o aluno com alguns aspectos gerais desses importantes relatórios da contabilidade.
Neste momento, você não tem que se preocupar em decorar as contas constantes nas estruturas
dessas demonstrações, mais importante é saber da sua existência e utilidade na contabilidade.

ATIVIDADE 03 - atende aos objetivos 1 e 2

1 – Qual é o objetivo da Demonstração do Valor Adicionado?


2 – Em que consiste a estrutura de elaboração da Demonstração do Valor Adiciona-
do?
3 - Qual é a importância da análise da DVA?

4 - Acerca da demonstração do valor adicionado (DVA), assinale os itens a seguir com


“V” se verdadeiro e com “F” se for falso, de acordo com os atuais pronunciamentos
contábeis brasileiros.
a) ( ) Sua elaboração deve levar em conta além do CPC 03, alguns aspectos do
CPC 00 para efeitos de base conceitual e de mensuração, e o CPC 26 para a Ela-
boração e apresentação das Demonstrações Contábeis.
b) ( ) Seus dados, em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da
Demonstração do Resultado. Mas, também tem uma interface com a Demonstra-
ção de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).
c) ( ) A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza
obtida pela entidade foi distribuída. Desta forma, os principais componentes desta
distribuição são Pessoal, Tributos, Remuneração de Capitais de Terceiro e Remu-
neração de Capitais Próprios.

Respostas comentadas da atividade 03


1 – A DVA tem como objetivo apresentar a riqueza gerada pela empresa, assim como
de que maneira essa riqueza foi distribuída entre os diferente atores da sociedade.

44
2 – A estrutura da DVA consiste na apresentação da realidade empresarial sob dois
enfoques: a) o econômico, relativo ao valor gerado; e b) o social, correspondente as
rendas distribuídas.

3 – A DVA oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade


dentro da sociedade na qual está inserida. Além disso, ainda pode ser importante nas
seguintes situações:
 Um município, por exemplo, pode ser interessante saber o quanto de riqueza de-
terminada empresa está gerando. Assim como o quanto está distribuindo em forma de
pagamento de pessoal, tributos, juros e rendimentos.
 A DVA elaborada por segmento (tipo de clientes, atividades, produtos, área geográ-
fica e outros) pode representar informações ainda mais valiosas no auxílio da formula-
ção de predições.
 Pode Identificar quais são os maiores, ou menores beneficiários da riqueza gerada
e distribuída pela empresa.

4-
a) A resposta é falsa. Sua elaboração deve levar em conta além do CPC 09, alguns
aspectos do CPC 00 para efeitos de base conceitual e de mensuração, e o CPC 26
para a Elaboração e apresentação das Demonstrações Contábeis.
b) A resposta é verdadeira. Os dados da DVA, em sua grande maioria, são obtidos
principalmente a partir da Demonstração do Resultado. Mas, também tem uma in-
terface com a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA).
c) A resposta é verdadeira. A segunda parte da DVA deve apresentar de forma de-
talhada como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Desta forma, os princi-
pais componentes desta distribuição são Pessoal, Tributos, Remuneração de Capi-
tais de Terceiro e Remuneração de Capitais Próprios.
Fim atividade

Conclusão
Vimos nesta Aula complementar que dos relatórios apresentados apenas a DRA é obrigatória
para todas as empresas. A DVA é obrigatória para todas as sociedade por ações de capital aberto
(S/As) e a DFC é obrigatória para todas as S/As e para as sociedades de capital fechado com
patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), na data do balanço. Desta
forma, as sociedades de pequeno porte de capital fechado não estariam obrigados, por lei, a

45
apresentar a DFC. Contudo, vale ressaltar que mesmo assim o Conselho Federal de
Contabilidade e outras entidades recomendam a sua elaboração para todas as empresas.
Sobre as estruturas de elaboração, vimos que as três demonstrações apresentam estruturas
relativamente simples, cada um com o seu propósito específico. A DRA, parte do lucro líquido
para demonstrar o resultado abrangente, a DFC apresenta os fluxos de entrada e saída e de
recursos classificados em operacionais, de investimento e de financiamento com o intuito de
segregar as suas funções na contabilidade chegando ao saldo final de caixa disponível no
período. Por fim, a DVA apresenta no início da estrutura, as receitas como riquezas geradas pela
entidade e, na segunda parte (final), apresenta como essa riqueza foi distribuída para alguns
atores da sociedade.
Desta forma, concluímos que a DRA tem sua importância na contabilidade, pois mesmo que os
resultados ainda não tenham sido realizados eles podem demonstrar indícios do que pode
acontecer no futuro, numa perspectiva abrangente do lucro. Já a DFC tem sua importância, pois
mostra como tem ocorrido os fluxos de acordo com suas classificações. Assim, como mostra a
geração de caixa operacional para manter o negócio em funcionamento e dar suporte aos fluxos
de investimento e de financiamento, além de poder realizar previsões para futuros fluxo de caixa.
Por fim, a DVA tem sua importância condicionada, sobretudo, a informação que traz sobre os
fatores econômicos e sociais, ou seja, de geração de riqueza e de distribuição dessa riqueza
perante a sociedade.

Resumo
A Demonstração dos Resultados Abrangentes tem por objetivo apresentar o resultado que
vai além do resultado demonstrado na DRE. São valores de realizações incertas, isto é, que pode-
rão ser realizados ou não num futuro próximo. O lucro abrangente ocorre por uma atualização dos
valores do ativo ou do passivo que impacta temporariamente no patrimônio líquido. O registro é
realizado apenas para deixar a contabilidade mais atualizada, ainda não há a realização contábil
daquela “atualização”. No Brasil, a DRA é de elaboração obrigatória para todas as empresas e
poderá ser apresentada em quadro próprio ou dentro da DMPL. A sua estrutura inicia pelo lucro
líquido, computando os outros resultados abrangentes ocorridos no períodos e chegando ao resul-
tado abrangente total. Para os investidores é uma importante demonstração contábil, já que o re-
sultados criam expectativas futuras e poderão ser indícios sinalizando que algo poderá ocorrer.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa tem por objetivo apresentar os saldos resultantes
das entradas e saídas de caixa e equivalente de caixa da empresa em determinado período. Os
equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez que são pronta-
mente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco
de mudança de valor. No Brasil, a DFC veio em substituição a antiga DOAR, ela não é exigida
para a companhia de capital fechado com patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois mi-
lhões de reais), na data do balanço. Mas, o Conselho Federal de Contabilidade e outras entidades
46
recomendam a sua elaboração para todas as empresas. Dentre outras finalidades, a DFC é im-
portante para verificar a capacidade de pagamento do negócio; realizar a previsão de fluxos de
caixa futuros; analisar a capacidade de pagamento de dividendos; administrar a geração de caixa
operacional etc.
A Demonstração do Valor Adicionado tem por objetivo apresentar o valor agregado (rique-
za gerada) por uma empresa em determinado período e a sua distribuição para os atores da soci-
edade. O valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa e a distribuição aos atores
sociais estão na forma de pagamentos e benefícios com pessoal, tributos, capitais de terceiros e
capitais próprios. Assim, a DVA permite visualizar a realidade empresarial sob os enfoques eco-
nômico, relativo ao valor gerado; e o social, correspondente as rendas distribuídas. No Brasil, a
DVA é obrigatória para as sociedade por ações de capital aberto e sua a estrutura básica é dividi-
da em 8 grupos. A sua importância na contabilidade pode ser demonstrada, sobretudo, para saber
o quanto de riqueza determinada empresa está gerando e o quanto está distribuindo em forma de
pagamento de pessoal, tributos, juros e rendimentos.

Referências:
GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo; IUDÍCIBUS, Sergio. de; e MARTINS, Eliseu;
Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas
internacionais do CPC. São Paulo: 3ª edição. ed. GEN/Atlas, 2018.

MARION, José Carlos. E-Book - Contabilidade Empresarial - Instrumento de Análise, Gerência e


Decisão. Editora: Atlas, 2018, Ed.18.
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Informações para a próxima aula
Na próxima Aula veremos um novo assunto, sobre introdução à análise.

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