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Introdução
As Demonstrações Contábeis são elaboradas baseadas nas informações obtidas dos registros con-
tábeis e têm por objetivo revelar aos usuários internos (administradores da companhia, funcionários)
e externos (acionistas, bancos, clientes, fornecedores, Governo, outros credores e agentes regulamen-
tadores) informações sobre a posição patrimonial da companhia e o seu resultado, proporcionando o
conhecimento e a análise de sua situação patrimonial em um determinado momento.
Para a administração da companhia, as informações contidas nas Demonstrações Contábeis além
de demonstrar a evolução de vários grupos contábeis, também servem como um elemento de controle
e auxílio na tomada de decisões, assegurando que o planejamento estabelecido está sendo cumprido e
também atuando como auxiliar na definição das diretrizes que a empresa deverá seguir.
A contabilidade na vida das empresas é o meio mais eficiente de fornecer informações precisas
e ajudar o empresário na gestão e melhoria dos controles do seu negócio. Com a utilização de técnicas
contábeis o empresário controla o seu patrimônio e conhece o resultado no período (lucro ou prejuízo),
permitindo a tomada de decisões mais seguras com base nas informações contábeis.
As Demonstrações Contábeis são um sistema de informação, necessário à gestão das empresas e
um de seus objetivos é o de fornecer informações sobre as mutações que ocorrem no seu patrimônio.
No entanto, muitos consideram e até confundem a contabilidade como mero instrumento de informa-
ção, embora todas as áreas do conhecimento gerem informações.
Estas demonstrações, além de gerar informações, permitem explicar os fenômenos patrimoniais,
construir modelos de prosperidade, efetuar análises, controlar e também prever e projetar exercícios
seguintes. Tais demonstrações, além de possibilitar outras tantas tarefas, constituem um importante
componente da gestão, cujo principal objetivo é o de fornecer informações para o processo de tomada
de decisão e de formulação de estratégias.
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Demonstrações Contábeis | 11
As Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado não são obrigatórias, mas são de
grande importância como ferramenta de análise e gestão da companhia.
Essas demonstrações devem ser publicadas sempre de forma comparativa ao exercício anterior.
Nas empresas de capital aberto, as Demonstrações Contábeis deverão ser examinadas por auditores
independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo o respectivo parecer pu-
blicado junto às referidas Demonstrações Contábeis.
Contas semelhantes e de valores não significativos podem ser agrupadas dentro do que dispõe o
parágrafo 2º do artigo 176:
“§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados,
desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é
vedada a utilização de designações genéricas, como ‘diversas contas’ ou ‘contas-correntes’.”
Notas Explicativas
A elaboração de Notas Explicativas e de outros quadros ou demonstrativos que sirvam para um
melhor esclarecimento das demonstrações é imposta pelo parágrafo 4º do artigo 176:
“§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou Demonstrações
Contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.”
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d) Os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades
eventuais ou contingentes;
e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;
f ) O número, espécies e classes das ações do capital social;
g) As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h) Os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186 parágrafo 1º);
i) Os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante
sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.”
Escrituração
O artigo 177 da Lei 6.404/76 faz referência à escrituração da companhia, que serve de base para
elaboração das Demonstrações Contábeis, o qual reproduzimos a seguir:
“Art. 177 A escrituração da Companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da le-
gislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou
critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.”
O parágrafo 1º do artigo 177 trata da modificação dos métodos ou critérios aplicados pela em-
presa e assim dispõe:
“§ 1º As Demonstrações Contábeis do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de
efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.”
Disposições tributárias ou especiais não podem modificar a escrituração mercantil nem as De-
monstrações Contábeis previstas pela Lei nº. 6.404/76, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 177:
“§ 2º A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações
reguladas nesta Lei, as disposições da Lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu obje-
to, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações
financeiras.”
Balanço Patrimonial
O artigo 178 determina a forma de classificação das contas no Balanço Patrimonial:
“Art. 178 No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de
modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.”
Os grupos de contas que formam o Ativo e o Passivo são apontados nos parágrafos 1º e 2º do
artigo 178:
“§ 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados,
nos seguintes grupos:
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Demonstrações Contábeis | 13
a) Ativo Circulante;
b) Ativo Realizável a Longo Prazo;
c) Ativo Permanente, dividido em Investimentos, Ativo Imobilizado e Ativo Diferido.
§ 2º No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
a) Passivo Circulante;
b) Passivo Exigível a Longo Prazo;
c) Resultados de Exercícios Futuros;
d) Patrimônio Líquido, dividido em Capital Social e Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros e
Lucros ou Prejuízos Acumulados.”
O parágrafo 3º do artigo 178 determina que sejam classificados separadamente os saldos deve-
dores e credores que a companhia não tiver direito de compensar.
Publicação
Os meios pelos quais as Demonstrações Contábeis devem ser publicadas constam do artigo 289:
“Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o
lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em
que está situada a sede da companhia.”
Além das exigências contidas no artigo 289, a CVM pode determinar que as publicações sejam
efetivadas, também, por outros meios, conforme faculta o parágrafo 1º do mesmo artigo:
“§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações, ordenadas pela presente Lei, sejam
feitas, também, em jornal de grande circulação editado nas localidades em que os valores mobiliários da companhia
sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão.”
De acordo com o artigo 289 parágrafo 2º, no caso de não ser editado jornal no local onde estiver
situada a sede da companhia, as publicações devem ser feitas em órgão de grande circulação local.
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Demonstrações Contábeis | 15
Texto complementar
O lento avanço da nova lei das sociedades por Ações
Tramita atualmente no Legislativo Federal, junto à Comissão de Finanças e Tributação, o Pro-
jeto de Lei nº 3.741/2000, que tem por objetivo dar um fecho às revisões e atualizações que vêm
sendo efetuadas na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Esse projeto trata de alterar
e revogar certos dispositivos da Lei nº 6.404/76, definir e estender às empresas de grande porte
disposições relativas à elaboração e divulgação de Demonstrações Contábeis e procura qualificar
um ente único que trate do estudo e divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade
e auditoria no Brasil. Para tal faz-se necessária a completa revisão do Capítulo XV da Lei 6.404/76,
que trata das Demonstrações Financeiras (mais corretamente seriam se denominadas de Demons-
trações Contábeis).
Há cerca de oito anos, um grupo de trabalho composto por representantes das diversas enti-
dades que tratam de Demonstrações Contábeis (preparadores, auditores, analistas, investidores,
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16 | Finanças: fundamentos e processos
usuários, fiscalizadores e pesquisadores); esse grupo foi constituído pela CVM – Comissão de Valo-
res Mobiliários como Comissão Consultiva para Assuntos Contábeis, preparou o que conhecemos
como o primeiro esboço da revisão pretendida. Esse trabalho original serviu de base para a evolu-
ção e atual posicionamento contido no atual Projeto nº 3.741/2000.
Dentre os aspectos mais importantes constantes do projeto e que tem sido amplamente discu-
tido, estão aqueles relacionados à crescente importância da Contabilidade, que tem levado, como
uma tendência mundial, a busca de uma pretendida internacionalização das normas contábeis. Isto
requer uma harmonização interna (há no Brasil, por direito, inúmeras entidades com poderes legais
de emitir normas contábeis) e um inevitável alinhamento com o desenvolvimento contábil que
ocorre no mundo, como decorrência em especial da necessidade de se obter maior credibilidade.
Isso tudo sob o reconhecimento de que a Contabilidade é uma Ciência Social e, portanto, com parâ-
metros de medição e comparabilidade idênticos em qualquer parte do mundo.
O resultado que se busca é a redução dos riscos nos investimentos internacionais (e, porque
não, também nos nacionais), sob a forma de empréstimo financeiro ou de participação societária. A
redução de riscos é a meta principal dos diversos financiadores e investidores e seria mais facilmen-
te obtida se decorresse da obtenção de um melhor entendimento das Demonstrações Contábeis,
que pudesse dar maior facilidade de comunicação local ou internacionalmente, com a redução dos
custos do capital (nacional e internacional) o que é de interesse absolutamente vital para o País. Os
principais mercados financeiros do mundo estão acompanhando e incentivando essa harmoniza-
ção e alinhamento, e há prazos já delineados para mercados importantes como o da Comunidade
Européia.
O Conselho Federal de Contabilidade vem há muito, acompanhando e participando ativamen-
te da evolução desse projeto de Lei que permitirá colocar a Contabilidade Brasileira, unificada, ao
mesmo nível da Contabilidade Internacional.
Os principais aspectos do Projeto pela sua importância em relação às nossas práticas tradicio-
nais, estão voltados, entre outros, para o artigo 3º do projeto e seu parágrafo único. O artigo trata da
obrigatoriedade de adoção, por parte das sociedades de grande porte, ainda que não constituídas
sob a forma de sociedades por ações, de apresentar e divulgar suas Demonstrações Contábeis de
maneira uniforme e em concordância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Nor-
mas Brasileiras de Contabilidade.
É entendimento de que todas as empresas de grande porte (que seriam definidas em Lei),
pela sua importância no cenário financeiro, econômico e social, deveriam ter o mesmo nível de
requisitos com relação à prestação de contas para com a sociedade e terem suas Demonstrações
Contábeis examinadas por auditores independentes.
O compromisso de validação das Demonstrações Contábeis por parte dos auditores indepen-
dentes tem sido amplamente utilizado e traz benefícios incontestáveis no sentido de dar maior cre-
dibilidade a essas demonstrações. É sabido que as empresas auditadas são as que melhor cumprem
suas responsabilidades fiscais, previdenciárias, trabalhistas e, finalmente, suas responsabilidades de
cunho social, cada vez mais exigidas do ponto de vista ético.
Está previsto no Projeto, e conta com o apoio do Conselho Federal de Contabilidade, a criação
de um “ente” que responderia pela edição das normas contábeis brasileiras. Muitas das instituições
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Demonstrações Contábeis | 17
Ampliando conhecimentos
Nos sites indicados podem ser encontrados as normas e pronunciamentos referentes às Demons-
trações Contábeis e as interpretações e comunicados técnicos que auxiliam no entendimento de assun-
tos pertinentes à área contábil.
www.cfc.org.br
www.cvm.gov.br
www.ibracon.com.br
www.crcsp.com.br
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