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09/03/2023 13:06 UNINTER

ESTRUTURA DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
AULA 1

Prof. Ivanildo Viana Moura


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CONVERSA INICIAL

Olá Aluno(a), tudo bem? Desejamos boas-vindas a essa aula.

O objetivo da disciplina é possibilitar um entendimento sobre a obrigatoriedade das


demonstrações contábeis, bem como dos itens que as compõe.

Nesta aula, vamos estudar o Balanço Patrimonial e sua estrutura. O objetivo desta aula é
possibilitar a você o conhecimento acerca da obrigatoriedade dessa demonstração, e a compreensão

a respeito do conjunto de informações necessárias na elaboração do Balanço Patrimonial, conforme

as exigências legais.

Para atingir a esse objetivo, iremos estudar os seguintes tópicos:

Informação a ser apresentada no balanço patrimonial;

Distinção entre circulante e não circulante;

Ativo circulante;
Passivo circulante;

Ativo e passivo não circulantes.

Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os exercícios. Lembre-se:

a melhor maneira de aprender é praticando.

Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

A contabilidade como linguagem dos negócios (Marion, 2009, p. 24) possui o papel social

fundamental de garantir a transparência dos negócios realizados pelas entidades públicas, privadas e

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do terceiro setor, sendo também a base para aferição do desempenho empresarial, o qual é realizado

com base nas demonstrações contábeis (Oyadomari et al., 2018).

Nesse contexto, a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre:

Demonstrações Financeiras

Disposições Gerais

Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração

mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com


clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício:

I - balanço patrimonial;

II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

III - demonstração do resultado do exercício; e

IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído pela Lei nº 11.638,de

2007)

§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores

correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos

poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo)

do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas,

como "diversas contas" ou "contas-correntes".

§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta

dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral.

§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros

analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e


dos resultados do exercício.

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O texto dado pela lei das SA busca orientar a publicação de demonstrativos que devem
obrigatoriamente ser elaborados e divulgados pelas sociedades anônimas. No entanto, com a

padronização das demonstrações contábeis em decorrência da aderência do Brasil às normas


internacionais de contabilidade, visando à harmonização das práticas contábeis em nível global,

surgiram a Lei n.  11.638/2007 e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), responsável pela
emissão de pronunciamentos técnicos, interpretações técnicas e orientações, fazendo com que
houvesse uma revolução na contabilidade brasileira (Gelbecke et al., 2018).

Dentre as principais mudanças, aLei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007 “Altera e revoga


dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de

1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de


demonstrações financeiras”.

Dentre outras alterações, em seu artigo terceiro, a Lei n. 11.638/2007 (grifo nosso) determina:

Art. 3o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de

sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre


escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria

independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários.

Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou

conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total

superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior
a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).

Dessa forma, ambas as leis (Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e Lei n. 11.638, de 28 de

dezembro de 2007) determinam a obrigatoriedade das demonstrações contábeis, impondo quais

demonstrativos são obrigatórios e quais empresas devem elaborá-los. Por sua vez, o papel do CPC

no que tange aos relatórios contábeis está mais voltado para a estrutura dos demonstrativos (CPC-

00 (R2) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro) e a

base para a apresentação destes (CPC26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis).

De acordo com Borinelli e Pimentel (2018, p. 51), o CPC foi com base na necessidade de (1)

convergência internacional das normas contábeis; (2) centralização na emissão de normas contábeis

no Brasil; e (3) representação e processo democrático na produção de normas, considerando opiniões

de acadêmicos, usuários, contadores, auditores, intermediários e governo.

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As demonstrações contábeis têm por objetivo fornecer informações sobre a posição


patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam

úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica


(Oyadomari et al., 2018). Conforme Gelbcke et al. (2018, p. 83), “para que as demonstrações contábeis

representem apropriadamente a posição patrimonial e financeira, o desempenho financeiro e os


fluxos de caixa da entidade, devem ser seguidas as orientações do CPC” Conforme os autores
supracitados, “presume-se que a aplicação dos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do
CPC garante às demonstrações contábeis a adequação necessária”.

As demonstrações contábeis são apresentadas de forma sintética, obedecendo a uma

padronização e formalização adequadas e em linguagem apropriada das operações que ocorrem no


dia a dia das empresas (Oyadomari, et al., 2018). Os autores apontam como principais demonstrações

contábeis que fornecem informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as

mudanças na posição financeira da entidade os seguintes itens:

Balanço Patrimonial (BP);

Demonstração de Resultados do Exercício (DRE);


Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC).

Levando em consideração esse contexto, é apresentado um esquema com características sobre


cada uma das demonstrações contábeis, conforme exposto na figura abaixo:

Figura 1 – Forma simplificada e utilidade das principais demonstrações contábeis

Fonte: Oyadomari et al., 2018, p. 4.

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Embora os autores apontem apenas essas três demonstrações, a obrigatoriedade da lei ainda
abrange outros demonstrativos, como o Demonstrativo de Lucros ou Prejuízos Acumulados e o

Demonstrativo de Valor Adicionado. Nesse entendimento, a disciplina de Estrutura das


Demonstrações Contábeis visa apresentar esses demonstrativos, além de notas explicativas e

relatório da administração.

Figura 2 – Important

Créditos: K.-U. HAESSLER/Shutterstock.

Não podemos iniciar nossa aula sem antes falar sobre um ponto importante em relação aos

demonstrativos financeiros. Bom, vamos estudamos o Balanço Patrimonial, suas contas, e ver como
esse demonstrativo é importante para a contabilidade. No entanto, surge um fato que precisa ser

pontuado em relação não somente ao BP, mas a todos os demais demonstrativos obrigatórios por lei
e pelo CPC. Pergunta: como apresentar os demonstrativos quando a entidade é controladora de

outras empresas? Esse contexto é explicado por Gilbeck et al. (2018, p. 5):

As normas internacionais obrigam à consolidação toda vez em que existe investimento em

controlada, e isso foi seguido pelo CPC no Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Assim, não restam mais alternativas de não

consolidação quando de investimento em controlada.

Você deve estar se perguntando, o que vem a ser a consolidação das demonstrações contábeis?

A consolidação leva à combinação das demonstrações financeiras, ou seja, é a junção das


demonstrações de uma empresa e suas subsidiárias. Quando se faz a consolidação, as

demonstrações apresentam os dados não somente da controladora, mas de um grupo como um

todo.

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Entende-se então que a consolidação acontece quando uma empresa detém o controle sobre

outra ou outras empresas, havendo então a necessidade de combinar as demonstrações do grupo.


Não adentraremos o assunto acerca de consolidação de demonstrações contábeis, mas é importante
que se tenha o conhecimento acerca da existência dessa consolidação, visto que as empresas que

possuem subsidiárias devem fazer a apresentação de suas demonstrações de forma consolidada.

No fim da aula, apresenta-se um exemplo de balanço patrimonial de uma empresa, balanço

consolidado apresentando dados da controladora e subsidiárias.

Vamos, então, iniciar nossa aula contextualizando sobre o principal demonstrativo apresentado

pela lei, o qual apresenta as principais informações que serão base para outros demonstrativos, o
então conceituado Balanço Patrimonial.

TEMA 1 – INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NO BALANÇO


PATRIMONIAL

O mais importante relatório gerado pela contabilidade é o Balanço Patrimonial (BP), pois esse
demonstrativo possibilita identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano ou

em qualquer data prefixada (Marion, 2018). Esse relatório apresenta a posição estática da empresa,
demonstrando a situação do patrimônio em uma determinada data, ao fim de um período (Borinelli,

2017), e por conta disso, o BP pode ser definido como  a representação estática do patrimônio
(Padoveze, 2018).

A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, mais conhecida como Lei das Sociedades por Ações,

ou lei das SA, dispõe sobre a obrigatoriedade do BP. Os artigos 178 a 185 da referida lei estabelecem
que o BP deve representar de forma quantitativa e qualitativa a posição financeira e patrimonial da

empresa, evidenciando o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade num determinado

momento (Gelbecke et al., 2018; Silva, 2019).

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Para fazer essa evidenciação, as contas patrimoniais devem ser dispostas de forma a separar a
origem da aplicação dos recursos. Dessa forma, o BP é dividido em duas colunas, sendo a coluna
da esquerda denominada Ativo e a da direita denominada Passivo (Marion, 2018). Conforme o
autor supracitado, “o ideal seria denominar a segunda coluna Passivo e Patrimônio Líquido.
Entretanto, a Lei das Sociedades por Ações apresenta apenas o termo “Passivo”” (Marion, 2018, p. 40).

A figura a seguir mostra a representação do balanço com as duas divisões:

Figura 3 – Representação do Balanço Patrimonial

Fonte: Adaptado de Gelbcke et al., 2018, p. 67.

Mesmo com essa separação, em decorrência do fato de que as contas do passivo representem a

origem de recursos e as contas do ativo representem a aplicação destes, conforme o método das

partidas dobradas, os dois lados devem fechar em valores iguais, e por conta disso, “o nome Balanço

vem da ideia de equilíbrio entre Ativo e Passivo. Assim, o Ativo compreende os bens e direitos, e o

Passivo compreende as obrigações e o Patrimônio Líquido” (Padoveze, 2018, p. 7) .

Até o momento, trabalhamos somente com os grupos de contas, mas não evidenciamos as

contas que devem compor cada grupo. Nesse sentido, recorremos ao CPC 26 para buscar o

esclarecimento a respeito de quais seriam essas contas, uma vez que, conforme já comentado

anteriormente, a lei determina quais entidades devem divulgar os demonstrativos, e o CPC instrui
sobre as informações que esses demonstrativos devem apresentar, bem como a forma de

apresentação destes. Diante disso, sobre as contas do ativo, o CPC 26 faz a seguinte colocação:

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Figura 4 – CPC 26

Fonte: CPC 26 (R1).

Conforme demonstrado, o balanço patrimonial engloba uma variedade de itens que, no seu

conjunto, entre bens direitos e obrigações, forma o patrimônio da entidade. É percebível que, dentre

as contas apresentadas, tem-se a configuração de todas as contas que podem ser formadas no

decorrer da vida de uma entidade, desde sua formação, com a formalização e integralização do

capital social, até a sua maturidade, com a apresentação de contas voltadas à participação de não

controladores.

Bom, o CPC 26 nos mostra, nesse trecho, os itens que devem compor o patrimônio, mas não

apresenta nele a forma como devem ser classificados esses itens para serem colocados no BP. No

entanto, se observarmos a Lei n. 6.404/1976, já teremos então um indicativo dos grupos de contas

que dividem o patrimônio, possibilitando uma melhor identificação e distinção entre contas de

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origem e contas de aplicação de recursos em seu artigo 178, no qual ela apresenta o ativo e o

passivo como os dois grupos do demonstrativo.

Embora a lei não apresente o grupo do patrimônio líquido como uma conta separada do

passivo, as contas correspondentes a ele são classificadas em separado no BP, conforme estrutura
determinada pelo CPC 00. Nesse contexto, o CPC dispõe sobre todos esses itens patrimoniais,
dispondo da classificação destes; e em relação à estrutura do balanço, o CPC 00 dispõe acerca da

mensuração dos elementos, definindo os respectivos grupos que compõem a demonstração.

Dessa forma, o CPC 00 define os grupos, para que seja então possível realizar a classificação dos

itens que compõem o patrimônio, com base nessa definição, de acordo com suas características,
possibilitando uma interpretação sobre o grupo de contas ao qual deve pertencer cada elemento,

possibilitando então a caracterização como um bem ou direito (ativo), uma obrigação para com

terceiros (passivo) ou um interesse de sócios ou proprietários na entidade (patrimônio líquido).

A seguir, tem-se a definição dada pelo CPC 00 (R2) para ativos, passivos e patrimônio líquido:

(a) Ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos

passados;

(b) Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como

resultado de eventos passados;

(c) Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os

seus passivos.

Perceba que o CPC aponta claramente a formação de três grupos de contas no balanço

patrimonial, sendo essa a estrutura que deve ser utilizada para a elaboração do demonstrativo.

É importante ressaltar que, com base na estrutura trazida pelo CPC e pela lei das SA, deve-se

proceder com a classificação das contas em subgrupos, nos quais os itens são agrupados conforme
suas características, respeitando também a ordem de liquidez (para itens do ativo) e a ordem de

liquidação (para itens do passivo). Nesse contexto, o fator tempo é considerado, e as contas do ativo

e passivo são divididas em curto prazo e longo prazo, tendo como referência o exercício social da

entidade.

Diante disso, o entendimento entre circulante e não circulante se faz necessário, sendo esse o
assunto a ser tratado no nosso Tema 2, possibilitando então maior entendimento sobre o assunto.

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TEMA 2 – DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

Estudamos anteriormente sobre os itens que o balanço patrimonial deve apresentar, sendo que
esses itens representam o patrimônio da entidade, basicamente o seu conjunto de bens, direitos e

obrigações (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido). Conforme comentado, as contas desse


demonstrativo devem ser separadas de acordo com sua natureza: do lado direito, a origem de
recursos, do lado esquerdo, a aplicação. No entanto, ainda não falamos da forma como as contas

pertencentes a esses grupos devem estar dispostas no BP.

Ainda que respeitemos as classificações quanto a natureza das contas, caso misturemos estas

dentro de seu respectivo grupo (por exemplo, somando-se caixa com máquinas, duplicatas a receber

com veículos e assim por diante), a interpretação e análise do BP seria muito complexa (Marion,

2018). Nesse contexto, o autor aponta que essa é a razão pela qual as contas de mesma natureza
devem ser agrupadas, para facilitar a leitura do balanço.

Portanto, as contas devem ser classificadas não somente por natureza, mas também quanto às
suas características. Além disso, outro fator que deve ser considerado na elaboração do BP é o fator

“tempo”, pois deve-se levar em conta o prazo de realização ou de vencimento das contas para uma

melhor estruturação do demonstrativo, o que também possibilitará aos usuários uma melhor
interpretação e análise do relatório. O quadro a seguir apresenta o artigo 178 da lei das SA, o qual

dispõe sobre a classificação das contas em cada grupo.

Quadro 1 – Classificação das contas

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No mesmo sentido, o CPC 26 complementa a forma que deve ser utilizada para fazer essa

classificação, conforme apresentado abaixo:

A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não

circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial [...], exceto quando uma
apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa
exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez.

O entendimento acerca dos textos trazidos pela lei das SA e pelo CPC nos leva então a separação
das contas dentro de seus respectivos grupos em “Circulante” e “Não Circulante”. Mas afinal, o que
seriam esses termos dentro da contabilidade?

Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como “curto prazo” e “longo

prazo”. Em contabilidade, o curto prazo compreende o período de até um ano. Por conseguinte,

ao se apresentar um balanço, todas as contas a receber e a pagar nos próximos 365 dias devem ser
classificadas a curto prazo. O longo prazo, por sua vez, está relacionado a um período superior a

um ano (Marion, 2018), o que significa dizer que contas do ativo e passivo que se realizam ou
vencem após 365 do fechamento do balanço devem ser classificadas no longo prazo.

Esse contexto é dado pelo CPC 26 (grifo nosso), ao determinar que “a entidade deve divulgar o
montante esperado a ser recuperado ou liquidado em até doze meses ou mais do que doze

meses, após o período de reporte, para cada item de ativo e passivo”. Perceba que essa classificação

está então relacionada com a data de fechamento do balanço, o que implica dizer que, para
classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data de fechamento do balanço,

sendo esse método válido tanto para ativos quanto para passivos, pois ambos os grupos de contas

devem ser classificados em circulante e não circulante, conforme determinado pelo CPC 26.

Para ficar mais fácil o entendimento, vamos considerar que a Indústria Limpex tem o seu
exercício social dentro do período de 01/01/2019 e enceramento em 31/12/2019. Dessa forma, todas

as contas do ativo cuja realização esteja prevista para até 31/12/2020 devem ser classificadas no

circulante, assim como todas as contas do passivo com previsão de vencimento para até 31/12/2020,

devem também ser classificadas no curto prazo. Contas de ambos os grupos, que tiverem prazo

superior a essa data, serão classificadas no longo prazo.

Vamos ver o esquema gráfico do curto e longo prazo da Indústria Limpex:

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Figura 5 – Indústria Limpex

Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de matéria-prima no dia
15/10/2019 com pagamento para 15 vezes com entrada. A pergunta é: como devemos classificar
essa compra, no curto prazo ou no longo prazo? Para resolver esse problema, vamos analisar os
dados.

Primeiro: sabemos que o exercício social da empresa compreende o período de um ano, ou


seja, inicia-se em 01/01/2019 e encerra-se em 31/12/2019.

Segundo: sabemos que o curto prazo abrange o período de até um ano após encerrado o
exercício social (365 dias após a data do balanço, conforme determinado pelo CPC 26).

Terceiro: se o exercício social da Indústria Limpex se encerra em 31/12/2019, significa que o


curto prazo se dará até 31/12/2020.

Bom, com essas informações, fica fácil definir em qual grupo deve ser classificada a operação.

Vamos lá! Se a compra foi realizada em 15/10/2019 em 15 vezes com entrada, precisamos então

identificar até quando vai a última prestação. Fica fácil de visualizar se fizermos isso numa planilha e a
confrontarmos com o nosso esquema gráfico de curto e longo prazo, pois dessa forma poderemos

visualizar cada parcela dentro do seu respectivo mês de ocorrência, facilitando a identificação do que

seria circulante e não circulante:

Figura 6 – Indústria Limpex

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Perceba que a última parcela será paga em dezembro de 2020, o que significa que todo o valor
deve ser contabilizado no curto prazo, ou seja, no passivo circulante.

Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de matéria prima no dia

15/10/2019 no valor de R$150.000,00 com pagamento para 15 vezes com entrada para 30 dias. E
agora, como devemos classificar essa compra, no curto prazo, no longo prazo, ou em ambos? Bom,

primeiro você deve fazer a mesma análise que fizemos antes, e após isso, vamos lançar os dados
numa planilha para ficar mais fácil a visualização. Teremos então:

Figura 7 – Indústria Limpex

Perceba que, no momento da compra, não foi dada nenhuma entrada, portanto, como a compra

foi feita para pagamento em 15 prestações com a primeira parcela paga em novembro de 2019, isso

fez com que a última parcela fosse paga somente em 2021, levando-a a ser registrada no longo
prazo, ou seja, no passivo não circulante. Nesse contexto, temos parte da operação contabilizada no

curto prazo, e o valor referente a uma única parcela contabilizada no longo prazo.

Desse modo, você compreende o quanto é importante se atentar ao conceito de curto e longo

prazo e o entendimento quanto a tais conceitos? O contador deve estar sempre atento, pois qualquer

detalhe pode implicar num registro incorreto, podendo levar a empresa a ser autuada e pagar multas,

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dependendo da gravidade da situação relacionada ao lançamento incorreto. Outro aspecto a ser

considerado é que a informação mal estimada ou apresentada com distorções induz os tomadores de
decisões ao erro, fazendo com que o objetivo principal da contabilidade (fornecer informações úteis
aos tomadores de decisão) não seja atingido.

Ainda em relação ao circulante e não circulante, outro ponto deve ser observado, o qual diz
respeito ao ciclo operacional. A Lei n. 6.404/76, em seu art. 179, Parágrafo único, diz que “na

companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo”. O mesmo contexto é
dado pelo CPC 26:

Figura 8 – CPC 26

Esse conceito de curto e longo prazo em relação ao ciclo operacional é colocado em caráter de

exceção, sendo aplicado quando relacionado a atividades muito específicas, cujos processos podem

implicar em prazos muito longos para que se produza um determinado item. Um exemplo disso é
dado por Marion (2018, p. 53) assim exposto:

Figura 9 – Exemplo dado por Marion

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Créditos: KAMONTAD999/Shutterstock.

Conforme o autor supracitado, o ciclo operacional representa o tempo demorado para a


produção, venda e recebimento do produto. Nesse contexto, “sempre que o ciclo operacional
ultrapassar um ano, o curto prazo será o tempo do ciclo operacional” (Marion, 2018, p. 53).

Vamos ver então o ciclo operacional no texto dado pelo próprio CPC:

Figura 10 – CPC

Agora que já sabemos o que é o curto e o longo prazo, é hora de conhecermos quais contas do

ativo e quais contas do passivo devem ser classificadas no circulante e no não circulante.

TEMA 3 – ATIVO CIRCULANTE

Iniciamos, então, fazendo a classificação das contas que devem compor o ativo circulante. “No

Ativo, são apresentadas em primeiro lugar as contas mais rapidamente conversíveis em

disponibilidades, iniciando com o disponível (caixa e bancos), contas a receber, estoques, e assim

sucessivamente” (Gelbecke et al., 2018, p. 67). A disposição das contas do ativo também é pontuada

por Padoveze (2018, p. 65):

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Figura 11 – Disposição das contas do ativo

Créditos: K.-U. HAESSLER/Shutterstock.

Iniciamos, então, buscando o que nos traz a Lei n. 6.404/76 sobre o ativo circulante:

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social

subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte;

Para atender às exigências legais, o CPC 26 dispõe então sobre essa classificação: “o ativo deve

ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios” (CPC 26, grifo

nosso):

Para esse primeiro item, é importante que nos atentemos aos seguintes termos: realizado,
vendido ou consumido. Nesse contexto, o CPC classifica praticamente três tipos de ativos, sendo

eles alguns direitos, estoques e bens de consumo.

Quando se fala em realizado, tem-se em mente os potenciais direitos que a empresa possui, e

que devem se realizar dentro do período estabelecido para a característica de circulante. Assim,

poderíamos destacar aqui os valores referentes à conta clientes, duplicatas a receber, empréstimos a
funcionários, adiantamento a fornecedores etc. No entanto, ainda temos que considerar que algumas

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aplicações financeiras também podem ser resgatadas no curto prazo, estando essas também

enquadradas no conceito de “realizado”.

O termo “vendido” nos remete aos estoques da empresa, sejam eles de mercadorias ou de

produtos fabricados. Percebam que, de um modo geral, as empresas esperam que seus estoques
sejam vendidos no menor espaço de tempo possível, geralmente no período máximo de um ano.
Quando as empresas percebem que determinado produto não tem uma boa saída, geralmente são

feitos saldos para liquidação destes, pois não é interessante manter no estoque produtos cujo giro
sejam muito baixo. Por isso, os estoques são sempre classificados no curto prazo.

O termo “consumido” é relacionado aos itens que a empresa consome em suas atividades

operacionais. Esses itens podem abranger várias coisas, dentre eles, material de limpeza, material de
escritório, combustíveis ou qualquer outro bem que seja consumido nos processos operacionais.

Nesse item, se encaixam ativos que se encontram exclusivamente com o propósito de serem

vendidos, como por exemplo instalações, equipamentos e outros ativos que a empresa não utiliza
mais e que pretende colocá-los à venda. Também se encaixam os ativos financeiros que a entidade

mantém exclusivamente para negociação. Segundo o CPC 38, a negociação reflete a compra e a

venda ativa e frequente, e os instrumentos financeiros mantidos para negociação são usados com o
objetivo de gerar lucro de flutuações de curto prazo no preço ou na margem do revendedor.

A estimativa de realização está relacionada às contas do ativo que tendem a se tornarem caixa

ou equivalentes de caixa futuramente. Nessa classificação, entram os estoques da empresa,

aplicações de liquidez imediata e outras contas com vencimento até o fim do próximo exercício social

(aplicações, investimentos, contas de clientes, duplicatas a receber).

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Nesse item, entram as contas relacionadas aos bens já realizados. São numerários (dinheiro em
espécie), ou saldos em bancos e aplicações financeiras com resgate imediato. Nesse item, estão as
contas do patrimônio que representam a disponibilidade da empresa em pagar suas contas naquele

exato momento.

As contas do ativo circulante podem ser visualizadas de forma sintética abaixo (Borinelli, 2018):

Contas do Ativo circulante:

Disponibilidade: “Representam os recursos existentes em caixa (dinheiro em espécie disponível)


ou equivalentes de caixa, tais como saldo em bancos e em aplicações financeiras de curto prazo

e alta liquidez, e que não tenham riscos significativos de mudanças de valor” (Borinelli;

Pimentel, 2018, p. 111).

Aplicações financeiras: “São ativos representados substancialmente por aplicações em títulos de


renda fixa, como certificado de depósito bancário (CDB), títulos públicos e títulos privados ou

aplicações de curto prazo em títulos de renda variável” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111).

Contas a receber de clientes: “Compreendem os direitos ou valores a receber de terceiros,

realizáveis (conversíveis) em dinheiro no exercício social em curso ou até o final do exercício

subsequente (12 meses), decorrentes de vendas ou prestação de serviços ligados à operação da


entidade” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111).

Estoques: “Registra as contas referentes às mercadorias destinadas à venda ou materiais

destinados à produção, consumo ou venda” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111).

Tributos a recuperar: tributos que a empresa paga no momento de aquisição de bens e que

podem ser recuperados quando da venda destes, não podendo então compor os custos de

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aquisição desses itens, devendo o direito de recuperação ser registrado no ato de sua aquisição

em conta do ativo como tributos a recuperar (Gelbecke et al., 2018).


Despesas pagas antecipadamente: valores referentes a despesas que são pagas antes do seu
vencimento e, portanto, devem ser registradas no ativo circulante da entidade.

Por fim, o CPC 26 coloca que “todos os demais ativos devem ser classificados como não
circulantes”. Dessa forma, itens que não se classificam nas categorias apresentadas anteriormente,

serão então classificadas como ativos não circulante.

TEMA 4 – PASSIVO CIRCULANTE

Diferentemente das contas do ativo cuja classificação se dá por ordem de liquidez, “no Passivo,
classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocorre antes” (Gelbecke et al., 2018, p.

67).

Recorremos novamente ao CPC 26 para um melhor entendimento e detalhamento das contas:

O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes

critérios:

Os passivos compreendem as obrigações da empresa, são valores a pagar tanto para terceiros

(obrigações exigíveis) quanto também as obrigações para com sócios/proprietários (obrigações não

exigíveis). Nesse contexto, devemos nos atentar primeiramente ao termo “liquidado” trazido pelo CPC

26. Esse termo nos remete ao fato de que, para ser classificada no circulante, primeiramente a conta
deve representar uma obrigação exigível, pois obrigações não exigíveis não são liquidadas. Esse é o

primeiro ponto que devemos considerar.

O outro ponto nos remete novamente ao entendimento quanto ao ciclo operacional da empresa.

O CPC novamente nos traz o contexto acerca deste, o qual é utilizado como referência para o curto

prazo. Importante lembrar novamente que o curto prazo compreende o período de doze meses após

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o fechamento do balanço, sendo somente utilizado o ciclo operacional como referência, quando este

se prolongar por período superior aos doze meses.

Diz respeito aos instrumentos financeiros que a entidade mantém exclusivamente para

negociação. Dentre outros exemplos, o CPC 38 aponta os passivos financeiros que são contabilizados
como instrumentos de hedge.

Aqui, entra o prazo de pagamento da obrigação. Para ser classificada no curto prazo, é
obrigatório que esteja com o prazo final de vencimento dentro do período de até doze meses após a

data de fechamento do BP. As contas cujo vencimento for superior a esse prazo, mesmo que
atendidos os itens anteriores, devem ser classificadas no longo prazo, passivo não circulante.

O último item trazido pelo CPC 26 coloca como condição final para classificação de passivos no

curto prazo o fato de que a entidade não pode ter poder de postergar o prazo de liquidação do item

para período superior a doze meses após a data do balanço.

Perceba que, anteriormente, tratamos do fato de que a entidade pode entrar em acordo com
seus fornecedores e negociar novos prazos para pagamento das obrigações. No presente item, o

entendimento que se tem é que ela não pode fazê-lo por conta própria, não pode ter o direito de

definir por si só os prazos de vencimento de obrigações, sendo esses impostos por algum tipo de

documento legal, o que possibilita a classificação em atendimento ao item.

As contas do passivo circulante podem ser visualizadas de forma sintética abaixo (Borinelli, 2018):

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Contas do Passivo circulante:

Fornecedores;

Empréstimos e financiamentos de curto prazo;


Juros a pagar;
Salários a pagar;
Tributos a pagar;

Contas a pagar;
Dividendos a pagar.

O CPC, então, aponta que “todos os outros passivos devem ser classificados como não

circulantes”. Vamos então ver quais contas do ativo e do passivo devem ser classificadas no longo
prazo.

TEMA 5 – ATIVO E PASSIVO NÃO CIRCULANTE

A partir da classificação dos itens patrimoniais em circulantes, temos então a classificação destes

em não circulantes, conforme determinado pelo CPC. Nessa classificação, faremos então a inclusão
do grupo patrimônio líquido de forma separada do passivo, conforme disposto pelo CPC 00.

5.1 ATIVO NÃO CIRCULANTE

Esse grupo do ativo apresenta as contas que devem ser transformadas em dinheiro após o

exercício social, e também aquelas que não têm o objetivo de ser realizadas. De acordo com a Lei n.

6.404/76, em seu art. 178, as contas do ativo não circulante são as seguintes:

Ativo realizável a longo prazo;

Investimentos;

Ativo imobilizado;

Ativo intangível.

A mesma lei dispõe sobre as características de cada uma dessas contas:

Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo:

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II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte,

assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou


controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não

constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia;

III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de

qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da
atividade da companhia ou da empresa;

IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade,

inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle

desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009)

VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção

da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído

pela Lei nº 11.638, de 2007)

No contexto da Lei, percebe-se que a única conta que possui a finalidade de realização é a conta

realiável a longo prazo, a qual diz respeito a itens do ativo que tendem a se converter em numerários
em prazo superior a 12 meses após a data do balanço. Todas as demais contas são relativas a itens

que a empresa deve manter para suporte a suas atividades operacionais.

5.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Esse grupo apresenta as exigibilidades da empresa que possuem prazo superior a doze meses

após a data do balanço. As contas do passivo exigível dizem respeito a obrigações para com

terceiros, e por conta disso, devem ser mantidas separadas o patrimônio líquido.

Sobre esse grupo, a Lei n. 6.404/76 dispõe:

Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo

não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte,
e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no

parágrafo único do art. 179 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

No geral, a maioria das contas do passivo não circulante está relacionada com investimentos e

financiamentos de longo prazo, mas também podem representar outras formas de exigibilidades

com terceiros cujo vencimento seja superior ao ciclo operacional da entidade.

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5.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O último grupo de contas do patrimônio da entidade possui várias particularidades por se tratar
de um grupo muito específico, o qual representa os direitos dos sócios ou proprietários em caso de

liquidação da entidade. Esse grupo possui ligação direta com a demonstração do resultado e a
demonstração do resultado abrangente, pois é o resultado líquido evidenciado por essas
demonstrações que irá alterar o patrimônio líquido da entidade.

A lei das SA também caracteriza as contas que devem compor esse grupo:

Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda
não realizada.

§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem:


a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de

emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do

capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;

c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)

d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)

§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital

realizado, enquanto não-capitalizado.

§ 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no

resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou

diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação


a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em

normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo §
3o do art. 177 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros
da companhia.

§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do


patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.

Pelo texto dado pela lei, é percebível que as contas do patrimônio líquido abrangem um leque

maior de itens que devem tornar esse grupo mais complexo que os outros dois. Lembrando que isso
acontece pelo fato de se tratarem de contas que representam direitos dos proprietários, e por conta

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disso a lei busca estabelecer critérios tanto de reconhecimento quanto de mensuração para que se

possa proteger os direitos relacionados a esse grupo.

As contas que compõe o patrimônio líquido podem ser elencadas a seguir (Moura, 2018, p. 11-
12):

Capital social: “Representa o valor inicial pelo qual a empresa iniciou suas atividades e
incorpora também acréscimos posteriores que podem ocorrer, tanto por aporte de novos
recursos, quanto por meio de reinvestimento de parte dos lucros” (Coelho; Lins, 2010, p. 53).
Reservas de capital: Conforme Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), as reservas de capital

representam valores recebidos que não transitam pelo resultado, como acontece com as

receitas. Isso acontece porque os valores destinados às reservas de capital não têm relação com
a entrega de bens ou serviços da empresa.

Ajuste de avaliação patrimonial: “Essa conta é decorrente das contrapartidas de aumentos ou


diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo” (Araújo; Assaf Neto, 2010).

Reservas de lucros: “Essa conta é formada por valores que dizem respeito à parcela de lucros

não distribuídos pela empresa com objetivo específico definido” (Ribeiro Filho; Lopes;
Pederneiras, 2009). As reservas de lucros são compostas pelas seguintes contas:

Reserva legal;

Reservas estatutárias;

Reservas para contingências;

Reservas de lucros para expansão;

Reservas de lucros a realizar.

Ações em tesouraria: De acordo com Araújo e Assaf Neto (2010), esta conta é redutora do
Patrimônio Líquido. Nela são registrados os valores relacionados às compras que a empresa faz

de suas próprias ações no mercado.

Prejuízos acumulados: Representam valores negativos que a empresa retifica no seu

Patrimônio Líquido, reduzindo assim, o valor deste (Araújo; Assaf Neto, 2010).

A representação do patrimônio líquido e suas contas é dada a seguir:

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Figura 12 – Contas do Patrimônio Líquido

Fonte: Adaptado de Moura, 2018, p. 12.

Conforme o CPC 00 (R2), “Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade

após a dedução de todos os seus passivos” e por conta disso existe tanto cuidado por parte da lei no
que tange a classificação, mensuração e reconhecimento de contas desse grupo.

Está em dúvida sobre o interesse residual? Pense assim: digamos que você possua um
determinado patrimônio (casa, dinheiro no banco, automóvel, computador, celular etc.). Veja só,

elencamos apenas bens aqui, mas o patrimônio não é o conjunto de bens, direitos e obrigações?
Nesse caso, se você possui direitos em relação a outras pessoas, também podemos elencar nesse rol.

Por exemplo, você possui dinheiro a receber de empréstimos que fez a outra pessoa, ou vendeu

algum bem e a pessoa está pagando parcelado. Esses direitos entram na conta também. Agora,

temos as obrigações. Se você possui dívidas com outras pessoas, tem a obrigação de pagá-las. Dessa

forma, o interesse residual se configura no que “resta” para você após cobrir todas as suas obrigações

para com terceiros.

Bom, agora que já conhecemos todas as contas do BP, a sua divisão em grupos, bem como a
classificação de contas de origem e aplicação de recursos, torna-se importante visualizar esse

demonstrativo. Para tanto, escolhemos um Balanço de uma empresa controladora, para que se possa

observar um demonstrativo consolidado, o qual é apresentado a seguir:

Figura 13 – Demonstrativo consolidado

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O balanço patrimonial da empresa natura demonstra a forma correta de apresentação do BP,

apresentado em separados os grupos de contas conforme estudado nesta aula. No balanço, também
é possível observar que os dados são apresentados de dois em dois anos, o ano do exercício e o ano
anterior. Mas qual seria a finalidade disso? Bem, a finalidade é para que se possa fazer a comparação

de períodos diferentes.

Observe também que o balanço apresenta os dados individuais das contas da controladora, mas

em seguida observa-se os dados consolidados do grupo como um todo, ou seja, a soma das contas
individuais da controladora com as contas do grupo como um todo. Essa apresentação, conforme já
dito na parte introdutória da aula, é obrigatória por lei para as empresas que possuem participação

em outras sociedades.

Último ponto a ser considerado é o link que o balanço apresenta com as notas explicativas.

Repare que, em várias contas, apresenta-se um número relacionado a uma nota explicativa. Dessa
forma, caso o usuário do relatório tenha interesse em saber das práticas contábeis adotadas pela

empresa para a elaboração de suas demonstrações, poderá fazê-lo verificando nas notas explicativas

qual link está relacionado a sua conta de interesse. Entenderemos mais sobre notas explicativas mais
adiante.

TROCANDO IDEIAS

Nesta aula, conseguimos entender a estrutura do balanço patrimonial e as contas que

pertencem a esse demonstrativo. Geralmente, o balanço é considerado como o principal

demonstrativo contábil a ser divulgado pelas empresas. Nesse sentido, você consegue dizer por qual

motivo o BP possui essa característica de ser considerado o demonstrativo mais importante?

Consegue estabelecer uma relação deste com os outros demonstrativos obrigatórios? Entre no fórum

e debata o assunto com seus colegas.

NA PRÁTICA

1. O mais importante relatório gerado pela contabilidade, é o Balanço Patrimonial (BP) , pois esse
demonstrativo possibilita identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano

ou em qualquer data prefixada (MARION, 2018).

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Sobre o balanço patrimonial, analise as asserções a seguir e a relação entre elas:

I. O Balanço Patrimonial pode ser definido como a representação estática do patrimônio.

Porque

II. Esse demonstrativo demonstra a situação do patrimônio em uma determinada data, ao


fim de um período.

Assinale a alternativa correta:

a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.

b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.


c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.

d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

e. As asserções I e II são proposições falsas.


2. Segundo o artigo 178 da lei das SA, No balanço, as contas serão classificadas segundo os

elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a


análise da situação financeira da companhia.

Considerando o texto anterior, avalie as asserções a seguir.

I. – No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos

elementos nelas registrados.

II. – No passivo as contas serão classificadas em passivo circulante, passivo não circulante e

passivo realizável a longo prazo.

III. – Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como “curto prazo” e

“longo prazo”.

IV. – Para classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data do fato gerador
da transação.

V. – Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o

exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse

ciclo.

Assinale a alternativa correta:

a. Está correto o que se afirma em I, II e III apenas

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b. Está correto o que se afirma em I, II, III e IV apenas

c. Está correto o que se afirma em I, III e V apenas


d. Está correto o que se afirma em II, III e IV apenas
e. Está correto o que se afirma em III, IV e V apenas

3. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 01/02/2019 com pagamento para
18 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses, iniciando
sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida
a obrigação. Explique por que.
4. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 31/12/2019 com vencimento do

total para 13 meses sem entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses,

iniciando sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser
reconhecida a obrigação. Explique por quê.

5. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 25/05/2019 com pagamento para
36 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses, iniciando

sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida

a obrigação. Explique por quê.

FINALIZANDO

Chegamos ao fim desta aula, e conseguimos aprender acerca dos itens que compõe o
patrimônio da entidade. Nesta aula, vimos como o CPC e a lei das SA agem no sentido de nortear a

elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, tendo focado exclusivamente no balanço

patrimonial.

Esse demonstrativo, por apresentar as contas patrimoniais, fornece base para os demais

demonstrativos financeiros, sendo então possível observar a sua relação com os demais relatórios

conforme a figura a seguir:

Figura 14 – Balanço patrimonial

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Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 86.

Com base no balanço patrimonial, conseguiremos então entender os outros demonstrativos,

sendo eles apresentados mais adiante.

REFERÊNCIAS

BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas e outros

profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e


IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades: de

acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

MARION, J. C. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

_____. Introdução à contabilidade: com ênfase em teoria. Campinas, SP: Alínea, 2009.

MOURA, I. V. Abordagens Teóricas da Contabilidade. Curitiba: Uninter, 2018.

OYADOMARI, J. C. T. et. al. Contabilidade gerencial: ferramentas para melhoria de


desempenho empresarial. São Paulo: Atlas, 2018.

PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária.

10. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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09/03/2023 13:06 UNINTER

SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São

Paulo: Atlas, 2019.

VISCONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade Básica. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

GABARITO:

1. A

2. C
3. A obrigação deve ser reconhecida integralmente no passivo circulante, pois a última prestação
será paga em julho de 2020, ou seja, ainda estará dentro dos doze meses após a data do

balanço.
4. A obrigação deve ser reconhecida integralmente no passivo não circulante, pois a empresa

negociou para pagar toda a transação numa única parcela, sendo o vencimento desta em

janeiro de 2021, o que ultrapassa os 365 dias da data de fechamento do balanço.


5. Parte da obrigação deve ser reconhecida no curto prazo, ou seja, as parcelas cujo vencimento

se dê em até 365 dias após a data do balanço. Por outro lado, as parcelas cujo vencimento
ultrapassarem os 365 dias da data do balanço, deverão ser classificadas no longo prazo.

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