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ESTRUTURA DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
AULA 1
CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos estudar o Balanço Patrimonial e sua estrutura. O objetivo desta aula é
possibilitar a você o conhecimento acerca da obrigatoriedade dessa demonstração, e a compreensão
as exigências legais.
Ativo circulante;
Passivo circulante;
Bons estudos!
CONTEXTUALIZANDO
A contabilidade como linguagem dos negócios (Marion, 2009, p. 24) possui o papel social
fundamental de garantir a transparência dos negócios realizados pelas entidades públicas, privadas e
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do terceiro setor, sendo também a base para aferição do desempenho empresarial, o qual é realizado
Demonstrações Financeiras
Disposições Gerais
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração
I - balanço patrimonial;
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
2007)
poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo)
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O texto dado pela lei das SA busca orientar a publicação de demonstrativos que devem
obrigatoriamente ser elaborados e divulgados pelas sociedades anônimas. No entanto, com a
surgiram a Lei n. 11.638/2007 e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), responsável pela
emissão de pronunciamentos técnicos, interpretações técnicas e orientações, fazendo com que
houvesse uma revolução na contabilidade brasileira (Gelbecke et al., 2018).
Dentre outras alterações, em seu artigo terceiro, a Lei n. 11.638/2007 (grifo nosso) determina:
Art. 3o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de
Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou
conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total
superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior
a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).
Dessa forma, ambas as leis (Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e Lei n. 11.638, de 28 de
demonstrativos são obrigatórios e quais empresas devem elaborá-los. Por sua vez, o papel do CPC
no que tange aos relatórios contábeis está mais voltado para a estrutura dos demonstrativos (CPC-
base para a apresentação destes (CPC26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis).
De acordo com Borinelli e Pimentel (2018, p. 51), o CPC foi com base na necessidade de (1)
convergência internacional das normas contábeis; (2) centralização na emissão de normas contábeis
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Embora os autores apontem apenas essas três demonstrações, a obrigatoriedade da lei ainda
abrange outros demonstrativos, como o Demonstrativo de Lucros ou Prejuízos Acumulados e o
relatório da administração.
Figura 2 – Important
Não podemos iniciar nossa aula sem antes falar sobre um ponto importante em relação aos
demonstrativos financeiros. Bom, vamos estudamos o Balanço Patrimonial, suas contas, e ver como
esse demonstrativo é importante para a contabilidade. No entanto, surge um fato que precisa ser
pontuado em relação não somente ao BP, mas a todos os demais demonstrativos obrigatórios por lei
e pelo CPC. Pergunta: como apresentar os demonstrativos quando a entidade é controladora de
outras empresas? Esse contexto é explicado por Gilbeck et al. (2018, p. 5):
controlada, e isso foi seguido pelo CPC no Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Assim, não restam mais alternativas de não
Você deve estar se perguntando, o que vem a ser a consolidação das demonstrações contábeis?
todo.
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Entende-se então que a consolidação acontece quando uma empresa detém o controle sobre
Vamos, então, iniciar nossa aula contextualizando sobre o principal demonstrativo apresentado
pela lei, o qual apresenta as principais informações que serão base para outros demonstrativos, o
então conceituado Balanço Patrimonial.
O mais importante relatório gerado pela contabilidade é o Balanço Patrimonial (BP), pois esse
demonstrativo possibilita identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano ou
em qualquer data prefixada (Marion, 2018). Esse relatório apresenta a posição estática da empresa,
demonstrando a situação do patrimônio em uma determinada data, ao fim de um período (Borinelli,
2017), e por conta disso, o BP pode ser definido como a representação estática do patrimônio
(Padoveze, 2018).
A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, mais conhecida como Lei das Sociedades por Ações,
ou lei das SA, dispõe sobre a obrigatoriedade do BP. Os artigos 178 a 185 da referida lei estabelecem
que o BP deve representar de forma quantitativa e qualitativa a posição financeira e patrimonial da
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Para fazer essa evidenciação, as contas patrimoniais devem ser dispostas de forma a separar a
origem da aplicação dos recursos. Dessa forma, o BP é dividido em duas colunas, sendo a coluna
da esquerda denominada Ativo e a da direita denominada Passivo (Marion, 2018). Conforme o
autor supracitado, “o ideal seria denominar a segunda coluna Passivo e Patrimônio Líquido.
Entretanto, a Lei das Sociedades por Ações apresenta apenas o termo “Passivo”” (Marion, 2018, p. 40).
Mesmo com essa separação, em decorrência do fato de que as contas do passivo representem a
origem de recursos e as contas do ativo representem a aplicação destes, conforme o método das
partidas dobradas, os dois lados devem fechar em valores iguais, e por conta disso, “o nome Balanço
vem da ideia de equilíbrio entre Ativo e Passivo. Assim, o Ativo compreende os bens e direitos, e o
Até o momento, trabalhamos somente com os grupos de contas, mas não evidenciamos as
contas que devem compor cada grupo. Nesse sentido, recorremos ao CPC 26 para buscar o
esclarecimento a respeito de quais seriam essas contas, uma vez que, conforme já comentado
anteriormente, a lei determina quais entidades devem divulgar os demonstrativos, e o CPC instrui
sobre as informações que esses demonstrativos devem apresentar, bem como a forma de
apresentação destes. Diante disso, sobre as contas do ativo, o CPC 26 faz a seguinte colocação:
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Figura 4 – CPC 26
Conforme demonstrado, o balanço patrimonial engloba uma variedade de itens que, no seu
conjunto, entre bens direitos e obrigações, forma o patrimônio da entidade. É percebível que, dentre
as contas apresentadas, tem-se a configuração de todas as contas que podem ser formadas no
decorrer da vida de uma entidade, desde sua formação, com a formalização e integralização do
capital social, até a sua maturidade, com a apresentação de contas voltadas à participação de não
controladores.
Bom, o CPC 26 nos mostra, nesse trecho, os itens que devem compor o patrimônio, mas não
apresenta nele a forma como devem ser classificados esses itens para serem colocados no BP. No
entanto, se observarmos a Lei n. 6.404/1976, já teremos então um indicativo dos grupos de contas
que dividem o patrimônio, possibilitando uma melhor identificação e distinção entre contas de
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origem e contas de aplicação de recursos em seu artigo 178, no qual ela apresenta o ativo e o
Embora a lei não apresente o grupo do patrimônio líquido como uma conta separada do
passivo, as contas correspondentes a ele são classificadas em separado no BP, conforme estrutura
determinada pelo CPC 00. Nesse contexto, o CPC dispõe sobre todos esses itens patrimoniais,
dispondo da classificação destes; e em relação à estrutura do balanço, o CPC 00 dispõe acerca da
Dessa forma, o CPC 00 define os grupos, para que seja então possível realizar a classificação dos
itens que compõem o patrimônio, com base nessa definição, de acordo com suas características,
possibilitando uma interpretação sobre o grupo de contas ao qual deve pertencer cada elemento,
possibilitando então a caracterização como um bem ou direito (ativo), uma obrigação para com
A seguir, tem-se a definição dada pelo CPC 00 (R2) para ativos, passivos e patrimônio líquido:
(a) Ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos
passados;
(b) Passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como
(c) Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os
seus passivos.
Perceba que o CPC aponta claramente a formação de três grupos de contas no balanço
patrimonial, sendo essa a estrutura que deve ser utilizada para a elaboração do demonstrativo.
É importante ressaltar que, com base na estrutura trazida pelo CPC e pela lei das SA, deve-se
proceder com a classificação das contas em subgrupos, nos quais os itens são agrupados conforme
suas características, respeitando também a ordem de liquidez (para itens do ativo) e a ordem de
liquidação (para itens do passivo). Nesse contexto, o fator tempo é considerado, e as contas do ativo
e passivo são divididas em curto prazo e longo prazo, tendo como referência o exercício social da
entidade.
Diante disso, o entendimento entre circulante e não circulante se faz necessário, sendo esse o
assunto a ser tratado no nosso Tema 2, possibilitando então maior entendimento sobre o assunto.
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Estudamos anteriormente sobre os itens que o balanço patrimonial deve apresentar, sendo que
esses itens representam o patrimônio da entidade, basicamente o seu conjunto de bens, direitos e
Ainda que respeitemos as classificações quanto a natureza das contas, caso misturemos estas
dentro de seu respectivo grupo (por exemplo, somando-se caixa com máquinas, duplicatas a receber
com veículos e assim por diante), a interpretação e análise do BP seria muito complexa (Marion,
2018). Nesse contexto, o autor aponta que essa é a razão pela qual as contas de mesma natureza
devem ser agrupadas, para facilitar a leitura do balanço.
Portanto, as contas devem ser classificadas não somente por natureza, mas também quanto às
suas características. Além disso, outro fator que deve ser considerado na elaboração do BP é o fator
“tempo”, pois deve-se levar em conta o prazo de realização ou de vencimento das contas para uma
melhor estruturação do demonstrativo, o que também possibilitará aos usuários uma melhor
interpretação e análise do relatório. O quadro a seguir apresenta o artigo 178 da lei das SA, o qual
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No mesmo sentido, o CPC 26 complementa a forma que deve ser utilizada para fazer essa
A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não
circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial [...], exceto quando uma
apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa
exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez.
O entendimento acerca dos textos trazidos pela lei das SA e pelo CPC nos leva então a separação
das contas dentro de seus respectivos grupos em “Circulante” e “Não Circulante”. Mas afinal, o que
seriam esses termos dentro da contabilidade?
Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como “curto prazo” e “longo
prazo”. Em contabilidade, o curto prazo compreende o período de até um ano. Por conseguinte,
ao se apresentar um balanço, todas as contas a receber e a pagar nos próximos 365 dias devem ser
classificadas a curto prazo. O longo prazo, por sua vez, está relacionado a um período superior a
um ano (Marion, 2018), o que significa dizer que contas do ativo e passivo que se realizam ou
vencem após 365 do fechamento do balanço devem ser classificadas no longo prazo.
Esse contexto é dado pelo CPC 26 (grifo nosso), ao determinar que “a entidade deve divulgar o
montante esperado a ser recuperado ou liquidado em até doze meses ou mais do que doze
meses, após o período de reporte, para cada item de ativo e passivo”. Perceba que essa classificação
está então relacionada com a data de fechamento do balanço, o que implica dizer que, para
classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data de fechamento do balanço,
sendo esse método válido tanto para ativos quanto para passivos, pois ambos os grupos de contas
devem ser classificados em circulante e não circulante, conforme determinado pelo CPC 26.
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos considerar que a Indústria Limpex tem o seu
exercício social dentro do período de 01/01/2019 e enceramento em 31/12/2019. Dessa forma, todas
as contas do ativo cuja realização esteja prevista para até 31/12/2020 devem ser classificadas no
circulante, assim como todas as contas do passivo com previsão de vencimento para até 31/12/2020,
devem também ser classificadas no curto prazo. Contas de ambos os grupos, que tiverem prazo
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Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de matéria-prima no dia
15/10/2019 com pagamento para 15 vezes com entrada. A pergunta é: como devemos classificar
essa compra, no curto prazo ou no longo prazo? Para resolver esse problema, vamos analisar os
dados.
Segundo: sabemos que o curto prazo abrange o período de até um ano após encerrado o
exercício social (365 dias após a data do balanço, conforme determinado pelo CPC 26).
Bom, com essas informações, fica fácil definir em qual grupo deve ser classificada a operação.
Vamos lá! Se a compra foi realizada em 15/10/2019 em 15 vezes com entrada, precisamos então
identificar até quando vai a última prestação. Fica fácil de visualizar se fizermos isso numa planilha e a
confrontarmos com o nosso esquema gráfico de curto e longo prazo, pois dessa forma poderemos
visualizar cada parcela dentro do seu respectivo mês de ocorrência, facilitando a identificação do que
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Perceba que a última parcela será paga em dezembro de 2020, o que significa que todo o valor
deve ser contabilizado no curto prazo, ou seja, no passivo circulante.
Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de matéria prima no dia
15/10/2019 no valor de R$150.000,00 com pagamento para 15 vezes com entrada para 30 dias. E
agora, como devemos classificar essa compra, no curto prazo, no longo prazo, ou em ambos? Bom,
primeiro você deve fazer a mesma análise que fizemos antes, e após isso, vamos lançar os dados
numa planilha para ficar mais fácil a visualização. Teremos então:
Perceba que, no momento da compra, não foi dada nenhuma entrada, portanto, como a compra
foi feita para pagamento em 15 prestações com a primeira parcela paga em novembro de 2019, isso
fez com que a última parcela fosse paga somente em 2021, levando-a a ser registrada no longo
prazo, ou seja, no passivo não circulante. Nesse contexto, temos parte da operação contabilizada no
curto prazo, e o valor referente a uma única parcela contabilizada no longo prazo.
Desse modo, você compreende o quanto é importante se atentar ao conceito de curto e longo
prazo e o entendimento quanto a tais conceitos? O contador deve estar sempre atento, pois qualquer
detalhe pode implicar num registro incorreto, podendo levar a empresa a ser autuada e pagar multas,
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considerado é que a informação mal estimada ou apresentada com distorções induz os tomadores de
decisões ao erro, fazendo com que o objetivo principal da contabilidade (fornecer informações úteis
aos tomadores de decisão) não seja atingido.
Ainda em relação ao circulante e não circulante, outro ponto deve ser observado, o qual diz
respeito ao ciclo operacional. A Lei n. 6.404/76, em seu art. 179, Parágrafo único, diz que “na
companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a
classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo”. O mesmo contexto é
dado pelo CPC 26:
Figura 8 – CPC 26
Esse conceito de curto e longo prazo em relação ao ciclo operacional é colocado em caráter de
exceção, sendo aplicado quando relacionado a atividades muito específicas, cujos processos podem
implicar em prazos muito longos para que se produza um determinado item. Um exemplo disso é
dado por Marion (2018, p. 53) assim exposto:
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Créditos: KAMONTAD999/Shutterstock.
Vamos ver então o ciclo operacional no texto dado pelo próprio CPC:
Figura 10 – CPC
Agora que já sabemos o que é o curto e o longo prazo, é hora de conhecermos quais contas do
ativo e quais contas do passivo devem ser classificadas no circulante e no não circulante.
Iniciamos, então, fazendo a classificação das contas que devem compor o ativo circulante. “No
disponibilidades, iniciando com o disponível (caixa e bancos), contas a receber, estoques, e assim
sucessivamente” (Gelbecke et al., 2018, p. 67). A disposição das contas do ativo também é pontuada
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Iniciamos, então, buscando o que nos traz a Lei n. 6.404/76 sobre o ativo circulante:
Para atender às exigências legais, o CPC 26 dispõe então sobre essa classificação: “o ativo deve
ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios” (CPC 26, grifo
nosso):
Para esse primeiro item, é importante que nos atentemos aos seguintes termos: realizado,
vendido ou consumido. Nesse contexto, o CPC classifica praticamente três tipos de ativos, sendo
Quando se fala em realizado, tem-se em mente os potenciais direitos que a empresa possui, e
que devem se realizar dentro do período estabelecido para a característica de circulante. Assim,
poderíamos destacar aqui os valores referentes à conta clientes, duplicatas a receber, empréstimos a
funcionários, adiantamento a fornecedores etc. No entanto, ainda temos que considerar que algumas
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aplicações financeiras também podem ser resgatadas no curto prazo, estando essas também
O termo “vendido” nos remete aos estoques da empresa, sejam eles de mercadorias ou de
produtos fabricados. Percebam que, de um modo geral, as empresas esperam que seus estoques
sejam vendidos no menor espaço de tempo possível, geralmente no período máximo de um ano.
Quando as empresas percebem que determinado produto não tem uma boa saída, geralmente são
feitos saldos para liquidação destes, pois não é interessante manter no estoque produtos cujo giro
sejam muito baixo. Por isso, os estoques são sempre classificados no curto prazo.
O termo “consumido” é relacionado aos itens que a empresa consome em suas atividades
operacionais. Esses itens podem abranger várias coisas, dentre eles, material de limpeza, material de
escritório, combustíveis ou qualquer outro bem que seja consumido nos processos operacionais.
Nesse item, se encaixam ativos que se encontram exclusivamente com o propósito de serem
vendidos, como por exemplo instalações, equipamentos e outros ativos que a empresa não utiliza
mais e que pretende colocá-los à venda. Também se encaixam os ativos financeiros que a entidade
mantém exclusivamente para negociação. Segundo o CPC 38, a negociação reflete a compra e a
venda ativa e frequente, e os instrumentos financeiros mantidos para negociação são usados com o
objetivo de gerar lucro de flutuações de curto prazo no preço ou na margem do revendedor.
A estimativa de realização está relacionada às contas do ativo que tendem a se tornarem caixa
aplicações de liquidez imediata e outras contas com vencimento até o fim do próximo exercício social
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Nesse item, entram as contas relacionadas aos bens já realizados. São numerários (dinheiro em
espécie), ou saldos em bancos e aplicações financeiras com resgate imediato. Nesse item, estão as
contas do patrimônio que representam a disponibilidade da empresa em pagar suas contas naquele
exato momento.
As contas do ativo circulante podem ser visualizadas de forma sintética abaixo (Borinelli, 2018):
e alta liquidez, e que não tenham riscos significativos de mudanças de valor” (Borinelli;
aplicações de curto prazo em títulos de renda variável” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111).
Tributos a recuperar: tributos que a empresa paga no momento de aquisição de bens e que
podem ser recuperados quando da venda destes, não podendo então compor os custos de
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aquisição desses itens, devendo o direito de recuperação ser registrado no ato de sua aquisição
Por fim, o CPC 26 coloca que “todos os demais ativos devem ser classificados como não
circulantes”. Dessa forma, itens que não se classificam nas categorias apresentadas anteriormente,
Diferentemente das contas do ativo cuja classificação se dá por ordem de liquidez, “no Passivo,
classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocorre antes” (Gelbecke et al., 2018, p.
67).
O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes
critérios:
Os passivos compreendem as obrigações da empresa, são valores a pagar tanto para terceiros
(obrigações exigíveis) quanto também as obrigações para com sócios/proprietários (obrigações não
exigíveis). Nesse contexto, devemos nos atentar primeiramente ao termo “liquidado” trazido pelo CPC
26. Esse termo nos remete ao fato de que, para ser classificada no circulante, primeiramente a conta
deve representar uma obrigação exigível, pois obrigações não exigíveis não são liquidadas. Esse é o
O outro ponto nos remete novamente ao entendimento quanto ao ciclo operacional da empresa.
O CPC novamente nos traz o contexto acerca deste, o qual é utilizado como referência para o curto
prazo. Importante lembrar novamente que o curto prazo compreende o período de doze meses após
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o fechamento do balanço, sendo somente utilizado o ciclo operacional como referência, quando este
Diz respeito aos instrumentos financeiros que a entidade mantém exclusivamente para
negociação. Dentre outros exemplos, o CPC 38 aponta os passivos financeiros que são contabilizados
como instrumentos de hedge.
Aqui, entra o prazo de pagamento da obrigação. Para ser classificada no curto prazo, é
obrigatório que esteja com o prazo final de vencimento dentro do período de até doze meses após a
data de fechamento do BP. As contas cujo vencimento for superior a esse prazo, mesmo que
atendidos os itens anteriores, devem ser classificadas no longo prazo, passivo não circulante.
O último item trazido pelo CPC 26 coloca como condição final para classificação de passivos no
curto prazo o fato de que a entidade não pode ter poder de postergar o prazo de liquidação do item
Perceba que, anteriormente, tratamos do fato de que a entidade pode entrar em acordo com
seus fornecedores e negociar novos prazos para pagamento das obrigações. No presente item, o
entendimento que se tem é que ela não pode fazê-lo por conta própria, não pode ter o direito de
definir por si só os prazos de vencimento de obrigações, sendo esses impostos por algum tipo de
As contas do passivo circulante podem ser visualizadas de forma sintética abaixo (Borinelli, 2018):
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Fornecedores;
Contas a pagar;
Dividendos a pagar.
O CPC, então, aponta que “todos os outros passivos devem ser classificados como não
circulantes”. Vamos então ver quais contas do ativo e do passivo devem ser classificadas no longo
prazo.
A partir da classificação dos itens patrimoniais em circulantes, temos então a classificação destes
em não circulantes, conforme determinado pelo CPC. Nessa classificação, faremos então a inclusão
do grupo patrimônio líquido de forma separada do passivo, conforme disposto pelo CPC 00.
Esse grupo do ativo apresenta as contas que devem ser transformadas em dinheiro após o
exercício social, e também aquelas que não têm o objetivo de ser realizadas. De acordo com a Lei n.
6.404/76, em seu art. 178, as contas do ativo não circulante são as seguintes:
Investimentos;
Ativo imobilizado;
Ativo intangível.
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II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte,
qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da
atividade da companhia ou da empresa;
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade,
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção
da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído
No contexto da Lei, percebe-se que a única conta que possui a finalidade de realização é a conta
realiável a longo prazo, a qual diz respeito a itens do ativo que tendem a se converter em numerários
em prazo superior a 12 meses após a data do balanço. Todas as demais contas são relativas a itens
Esse grupo apresenta as exigibilidades da empresa que possuem prazo superior a doze meses
após a data do balanço. As contas do passivo exigível dizem respeito a obrigações para com
terceiros, e por conta disso, devem ser mantidas separadas o patrimônio líquido.
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo
não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte,
e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no
parágrafo único do art. 179 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
No geral, a maioria das contas do passivo não circulante está relacionada com investimentos e
financiamentos de longo prazo, mas também podem representar outras formas de exigibilidades
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O último grupo de contas do patrimônio da entidade possui várias particularidades por se tratar
de um grupo muito específico, o qual representa os direitos dos sócios ou proprietários em caso de
liquidação da entidade. Esse grupo possui ligação direta com a demonstração do resultado e a
demonstração do resultado abrangente, pois é o resultado líquido evidenciado por essas
demonstrações que irá alterar o patrimônio líquido da entidade.
A lei das SA também caracteriza as contas que devem compor esse grupo:
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda
não realizada.
emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do
capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias;
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)
d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado pela Lei nº 11.638,de 2007)
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na competência conferida pelo §
3o do art. 177 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros
da companhia.
Pelo texto dado pela lei, é percebível que as contas do patrimônio líquido abrangem um leque
maior de itens que devem tornar esse grupo mais complexo que os outros dois. Lembrando que isso
acontece pelo fato de se tratarem de contas que representam direitos dos proprietários, e por conta
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disso a lei busca estabelecer critérios tanto de reconhecimento quanto de mensuração para que se
As contas que compõe o patrimônio líquido podem ser elencadas a seguir (Moura, 2018, p. 11-
12):
Capital social: “Representa o valor inicial pelo qual a empresa iniciou suas atividades e
incorpora também acréscimos posteriores que podem ocorrer, tanto por aporte de novos
recursos, quanto por meio de reinvestimento de parte dos lucros” (Coelho; Lins, 2010, p. 53).
Reservas de capital: Conforme Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), as reservas de capital
representam valores recebidos que não transitam pelo resultado, como acontece com as
receitas. Isso acontece porque os valores destinados às reservas de capital não têm relação com
a entrega de bens ou serviços da empresa.
Reservas de lucros: “Essa conta é formada por valores que dizem respeito à parcela de lucros
não distribuídos pela empresa com objetivo específico definido” (Ribeiro Filho; Lopes;
Pederneiras, 2009). As reservas de lucros são compostas pelas seguintes contas:
Reserva legal;
Reservas estatutárias;
Ações em tesouraria: De acordo com Araújo e Assaf Neto (2010), esta conta é redutora do
Patrimônio Líquido. Nela são registrados os valores relacionados às compras que a empresa faz
Patrimônio Líquido, reduzindo assim, o valor deste (Araújo; Assaf Neto, 2010).
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Conforme o CPC 00 (R2), “Patrimônio líquido é a participação residual nos ativos da entidade
após a dedução de todos os seus passivos” e por conta disso existe tanto cuidado por parte da lei no
que tange a classificação, mensuração e reconhecimento de contas desse grupo.
Está em dúvida sobre o interesse residual? Pense assim: digamos que você possua um
determinado patrimônio (casa, dinheiro no banco, automóvel, computador, celular etc.). Veja só,
elencamos apenas bens aqui, mas o patrimônio não é o conjunto de bens, direitos e obrigações?
Nesse caso, se você possui direitos em relação a outras pessoas, também podemos elencar nesse rol.
Por exemplo, você possui dinheiro a receber de empréstimos que fez a outra pessoa, ou vendeu
algum bem e a pessoa está pagando parcelado. Esses direitos entram na conta também. Agora,
temos as obrigações. Se você possui dívidas com outras pessoas, tem a obrigação de pagá-las. Dessa
forma, o interesse residual se configura no que “resta” para você após cobrir todas as suas obrigações
Bom, agora que já conhecemos todas as contas do BP, a sua divisão em grupos, bem como a
classificação de contas de origem e aplicação de recursos, torna-se importante visualizar esse
demonstrativo. Para tanto, escolhemos um Balanço de uma empresa controladora, para que se possa
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apresentado em separados os grupos de contas conforme estudado nesta aula. No balanço, também
é possível observar que os dados são apresentados de dois em dois anos, o ano do exercício e o ano
anterior. Mas qual seria a finalidade disso? Bem, a finalidade é para que se possa fazer a comparação
de períodos diferentes.
Observe também que o balanço apresenta os dados individuais das contas da controladora, mas
em seguida observa-se os dados consolidados do grupo como um todo, ou seja, a soma das contas
individuais da controladora com as contas do grupo como um todo. Essa apresentação, conforme já
dito na parte introdutória da aula, é obrigatória por lei para as empresas que possuem participação
em outras sociedades.
Último ponto a ser considerado é o link que o balanço apresenta com as notas explicativas.
Repare que, em várias contas, apresenta-se um número relacionado a uma nota explicativa. Dessa
forma, caso o usuário do relatório tenha interesse em saber das práticas contábeis adotadas pela
empresa para a elaboração de suas demonstrações, poderá fazê-lo verificando nas notas explicativas
qual link está relacionado a sua conta de interesse. Entenderemos mais sobre notas explicativas mais
adiante.
TROCANDO IDEIAS
demonstrativo contábil a ser divulgado pelas empresas. Nesse sentido, você consegue dizer por qual
Consegue estabelecer uma relação deste com os outros demonstrativos obrigatórios? Entre no fórum
NA PRÁTICA
1. O mais importante relatório gerado pela contabilidade, é o Balanço Patrimonial (BP) , pois esse
demonstrativo possibilita identificar a saúde financeira e econômica da empresa no fim do ano
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Porque
II. – No passivo as contas serão classificadas em passivo circulante, passivo não circulante e
III. – Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como “curto prazo” e
“longo prazo”.
IV. – Para classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data do fato gerador
da transação.
exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse
ciclo.
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3. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 01/02/2019 com pagamento para
18 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses, iniciando
sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida
a obrigação. Explique por que.
4. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 31/12/2019 com vencimento do
total para 13 meses sem entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses,
iniciando sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser
reconhecida a obrigação. Explique por quê.
5. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 25/05/2019 com pagamento para
36 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da empresa é de 12 meses, iniciando
sempre em 01 de Janeiro de cada ano, responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida
FINALIZANDO
Chegamos ao fim desta aula, e conseguimos aprender acerca dos itens que compõe o
patrimônio da entidade. Nesta aula, vimos como o CPC e a lei das SA agem no sentido de nortear a
patrimonial.
Esse demonstrativo, por apresentar as contas patrimoniais, fornece base para os demais
demonstrativos financeiros, sendo então possível observar a sua relação com os demais relatórios
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REFERÊNCIAS
acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
_____. Introdução à contabilidade: com ênfase em teoria. Campinas, SP: Alínea, 2009.
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SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São
VISCONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade Básica. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
GABARITO:
1. A
2. C
3. A obrigação deve ser reconhecida integralmente no passivo circulante, pois a última prestação
será paga em julho de 2020, ou seja, ainda estará dentro dos doze meses após a data do
balanço.
4. A obrigação deve ser reconhecida integralmente no passivo não circulante, pois a empresa
negociou para pagar toda a transação numa única parcela, sendo o vencimento desta em
se dê em até 365 dias após a data do balanço. Por outro lado, as parcelas cujo vencimento
ultrapassarem os 365 dias da data do balanço, deverão ser classificadas no longo prazo.
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