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CONTABILIDADE GERAL
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
No decorrer deste material, nós discutiremos inúmeros elementos e operações que implicam o
o processo decisório.
Apesar de todo o conteúdo ser ancorado nos pronunciamentos contábeis (CPC), que possuem
uma linguagem bastante técnica, procuramos simplificar os temas por meio de uma linguagem mais
usual. Além disso, no decorrer da leitura, teremos exemplos de contabilizações, mapas mentais e do
Super Tira-dúvidas, que nos ajudará a compreender os conceitos discutidos, além de exemplos de
questões que mostram como a temática é estudada e abordada em provas do Exame de Suficiência
do Conselho Federal de Contabilidade e em concursos em geral.
E, por falar em expectativas, espero que você faça uma ótima leitura e que este material possa
agregar conhecimento, fazendo com que você se apaixone ainda mais por este ramo do
CONTEXTUALIZANDO
As operações financeiras fazem parte das operações rotineiras das empresas e são uma forma de
como fonte de recurso (operações financeiras passivas). Por vezes, tais operações se configuram
como um instrumento financeiro que demanda, a depender do modelo de negócio da empresa,
tratamentos contábeis específicos. Essas operações financeiras também podem ser classificadas de
forma distinta a depender do prazo (curto prazo e longo prazo) e da forma como os juros são
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calculados (prefixados e pós-fixados). Mas como diferenciar essas operações e como saber os
tratamentos contábeis a serem realizados? Esse é o objetivo desta aula. Vamos aprender um pouco
Em algum momento, você certamente já ouviu falar que a Contabilidade é a “linguagem dos
negócios”. E isso faz sentido, à medida que a Contabilidade consegue traduzir em uma linguagem
monetária todas as transações realizadas entre os diferentes tipos de pessoas, jurídicas ou físicas, que
interagem na sociedade. Quer ver um exemplo disso? Imagine que a loja de roupas Vírus da Grife
tenha adquirido 10 calças jeans no valor de R$ 100 cada, pagas à vista, da indústria de confecções
Indiana Jeans. Agora, imagine que a administradora da Vírus da Grife queira saber a situação da
riqueza da entidade, ou seja, do patrimônio da empresa. Provavelmente ela estará mais interessada
em saber que há R$ 1.000 (10 quantidade x R$ 100 custo) de estoque do que propriamente saber a
quantidade de calças (10 unidades). Na figura 1, é apresentada a transação realizada entre ambas as
empresas.
Figura 1 – Exemplificação da operação realizada à vista entre a Vírus da Grife e a Indiana Jeans
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Observe que no exemplo anterior a Vírus da Grife repassou R$ 1.000 para a Indiana Jeans, e a
última, por sua vez, entregou 10 unidades de calças jeans, e os setores contábil de ambas as
empresas registraram essa informação de forma monetária. Essa é a grande função da Contabilidade:
transformar as diferentes transações que ocorrem na sociedade em uma linguagem comum, a
monetária.
Perceba que nessa transação não ficou nenhuma obrigação pendente entre ambas as
organizações, ou seja, a Vírus da Grife pagou os R$ 1.000 e a Indiana Jeans entregou as calças. Mas
há situações – e elas são muito comuns – em que as transações são realizadas originando obrigações
para uma parte e direitos para a outra envolvida no evento. Imagine o seguinte: a Vírus da Grife
adquiriu tais mercadorias a prazo, logo, a Indiana Jeans teria um direito de receber R$ 1.000 e a Vírus
da Grife uma obrigação de pagar R$ 1.000 para a Indiana Jeans. Portanto, há um contrato
(representado pela duplicata emitida pela Indiana Jeans) de que a Vírus da Grife deverá quitar no
futuro R$ 1.000 referente a essa transação. E pasme (ou não), a contabilidade irá registrar esses
valores.
Mas por que estamos tratando desse exemplo em um tópico que aborda Instrumentos
Financeiros? Ocorre que esses contratos formalizados, que em uma empresa geram um ativo
patrimonial? Vamos dar uma pausa na nossa linha de raciocínio e deixar o Super Tira-dúvidas explicar
esses conceitos:
Ativos financeiros: são contratos que dão direito ao recebimento de valor monetário ou outro
contratos que podem ser liquidados com instrumentos patrimoniais (exemplos: cotas e ações) da
própria entidade em uma situação favorável. Exemplos mais comuns de ativos financeiros:
dinheiro, investimentos em títulos emitidos por outras organizações (debêntures, ações) e valores a
receber, como duplicatas e empréstimos a receber, entre outros.
Passivos financeiros: são obrigações que implicam a entrega de caixa ou outros ativos financeiros
para outra entidade. Podem ser contratos que podem ser liquidados por instrumentos patrimoniais
(exemplos: cotas e ações) em uma situação desfavorável. Exemplos mais comuns: duplicatas a
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pagar, fornecedores, empréstimos a pagar, títulos de dívida emitidos (exemplo: debêntures), entre
outros.
Títulos patrimoniais: qualquer contrato que seja representado pelo interesse no Patrimônio
Líquido (valor residual) de uma empresa. Exemplos mais comuns: ações, cotas de empresas
Crédito: Popicon/Shutterstock.
Apesar de aparentar ser um tema complexo, o nosso dia a dia está rodeado de diferentes tipos
de Instrumentos Financeiros, os quais são representados por diferentes tipos de contratos. Vamos
Vimos que no segundo cenário, a Vírus da Grife comprou a prazo e foi gerada uma duplicata a
pagar para a loja (passivo financeiro) e um direito a receber para a Indiana Jeans (ativo financeiro),
logo, esse contrato pode ser classificado como um Instrumento Financeiro. Na figura 2, é apresentada
essa interação.
Figura 2 – Exemplificação da operação realizada a prazo entre a Vírus da Grife e a Indiana Jeans
Portanto, o instrumento financeiro é o contrato que representa esse tipo de transação. Vamos
analisar outro exemplo. Se a Indiana Jeans adquirisse R$ 10.000 em ações da panificadora Petter Pão
S. A., teríamos também um instrumento financeiro, pois foi gerado um ativo financeiro na Indiana
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Jeans, nesse caso, as ações, que são títulos patrimoniais da Petter Pão S. A. Assim, poderíamos
simular inúmeras outras situações abrangidas pelos instrumentos financeiros.
Um dos desafios para compreender e dominar a temática inerente aos instrumentos financeiros
é a classificação, a mensuração e, consequentemente, o reconhecimento dos mesmos. Algumas
perguntas podem nos guiar nesta missão. Quando falamos de classificação e mensuração, esses dois
atributos são indistintos no processo de análise dos instrumentos financeiros, ou seja, a análise de
como classificar e atribuir valor a este contrato ocorre ao mesmo tempo. Nessa dimensão, estamos
preocupados em responder às seguintes questões: Qual é o tipo de instrumento financeiro? E,
qual é o valor atribuído ao instrumento financeiro? Como resposta, temos que os instrumentos
financeiros são classificados entre aqueles mensurados pelo valor justo por meio do resultado (VJPR),
valor justo por meio de outros resultados abrangentes (VJORA) e, por fim, os classificados e
Mas qual é a diferença entre avaliar um contrato que é um instrumento financeiro por meio do
CA, VJORA ou VJPR? Antes de verificarmos isso na prática, é importante compreender como cada um
Custo Amortizado (CA): ativos financeiros mantidos sob um modelo de negócios cujo objetivo é
Valor Justo por Meio de Outros Resultados Abrangentes (VJORA): ativos financeiros mantidos
sob um modelo de negócios cujo objetivo é atendido tanto com o recebimento de fluxos de caixa
contratuais como com a venda dos ativos.
Valor Justo por Meio do Resultado: ativos financeiros devem ser mensurados por meio do
resultado, a menos que sejam mensurados pelo CA ou VJORA.
semelhantes historicamente, portanto, não depende das intenções da organização (olhar para o
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futuro), mas sim do seu histórico de procedimentos (olhar para o passado). Agora complicou de vez,
Imagine que a panificadora Petter Pão S. A. investiu em 31 de janeiro de 20X0 todo o saldo da
conta Bancos em um título do Tesouro Nacional no valor de R$ 100.000 a uma taxa de rentabilidade
de 0,50% ao mês, sendo que o tempo de resgate desse título será de dois meses. Nesse caso, temos
um exemplo de um contrato no qual a Petter Pão S. A. alocou R$ 100.000, esperando ter um retorno
de 0,50% ao mês, durante dois meses. Historicamente, a empresa não negocia esses títulos de forma
antecipada, ou seja, mantém ele sob seu controle para receber os juros até o final do período. Veja
que, como o modelo de negócios indica que o objetivo da empresa é manter o ativo (título do
Tesouro Nacional) para receber seus fluxos de caixa contratuais ( juros), então esse título será avaliado
pelo custo amortizável. Na Tabela 3 é demonstrado o valor acumulado do título em cada mês.
0 31/01/20X0 R$ 100.000
Quando avaliamos um instrumento financeiro pelo custo amortizado, o seu valor será o
montante pago pelo título, menos as amortizações que possam ocorrer, mais ou menos os juros
calculados, menos qualquer redução que possa ocorrer no seu valor recuperável. Traduzindo, nós
estamos preocupados em avaliar o potencial impacto desse ativo financeiro no fluxo de caixa da
empresa por meio da sua capacidade de gerar benefícios econômicos futuros (rentabilidade),
O valor de mercado é o preço pelo qual esse título está sendo comercializado atualmente.
Saiba mais
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Para mais informações sobre as diferenças entre ambos os conceitos, sugerimos a leitura do
Veja o mês de fevereiro, suponha que o valor de mercado desse título seja R$ 100.600. Como
historicamente a Petter Pão S. A. não tem interesse em vender esse título, mas somente esperar a
data de resgate, o valor do título na contabilidade estará avaliado pelo seu custo no reconhecimento
inicial (R$ 100.000) somada à rentabilidade obtida no mês de fevereiro (R$ 500), então, se torna
Pão S. A. realizou uma aplicação financeira de curto prazo, então os seguintes lançamentos contábeis
D – Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) a recuperar (ativo circulante)[1] R$ 225,56
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Tabela 4 – Razonetes
E se a empresa tivesse a intenção de negociar esse título antes do período de resgate, o que
aconteceria? Então, esse título seria avaliado pelo valor justo por meio de outros resultados
abrangentes (VJORA) e a diferença entre o valor contábil do título e o seu valor de mercado seria
lançada em uma conta de Ajuste a Valor Justo no grupo de Ajuste de Avaliação Patrimonial no
Ajuste
Mês Data Rendimento Custo Amortizável Valor Justo
Valor Justo
Perceba que, na coluna custo amortizável, são lançados os valores pagos pelo título somado ao
valor da rentabilidade desse título. Já na coluna valor justo é apresentado o valor de mercado do
título e o ajuste a valor justo será a diferença entre ambos os valores. Vamos ver a contabilização
dessa operação:
Tabela 6 – Razonetes
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Por último, e não menos importante, o que aconteceria se a empresa tivesse a intenção de
negociar esse título antes do período de resgate levando em consideração que o seu modelo de
negócios é o reconhecimento pelo valor justo por meio de resultados (VJR)? Nesse caso, a diferença
entre o valor contábil do título e o valor de mercado será lançado em uma conta de Receita com
Ajuste a Valor Justo.
Tabela 6 – Contabilização
D – Ajuste a Valor Justo – Aplicação Financeira (ativo circulante) R$ 100
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C – Ajuste a Valor Justo – Aplicação Financeira (ativo circulante) R$ 2,50
Tabela 7 – Razonetes
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Assim, podemos ver como será o tratamento aplicado aos instrumentos financeiros a depender
do modelo de negócios da empresa. E temos como resumir de forma simples e prática a melhor
forma para a classificação e mensuração desses instrumentos financeiros? Temos sim! Veja o nosso
mapa mental (figura 3), que poderá auxiliar nessa decisão:
financeiros são utilizados pela empresa, haverá uma distinção na sua classificação e mensuração. Por
fim, vamos verificar no nosso quadro “Como o tema é cobrado nas provas” como este assunto tem
Nas provas...
(Exame de Suficiência – CFC – Consulplan – Prova 2018.2) A empresa Bem-Aventurança adquiriu um instrumento financeiro
para venda futura, com recursos disponíveis na conta bancária, que foi classificado como disponível para venda por R$
50.000,00. Decorrido determinado prazo, rendeu juros no valor de R$ 4.000,00 e passou a ter um valor de mercado de R$
58.000,00. Posteriormente, o referido instrumento financeiro foi vendido a terceiros. Assinale o valor contabilizado na conta
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a. R$ 4.000
b. R$ 8.000
c. R$ 50.000
d. R$ 54.000
Veja que se houve a movimentação na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, significa que o instrumento financeiro é
avaliado pelo modelo de negócios VJORA. Portanto, se a empresa adquiriu o instrumento financeiro por R$ 50.000 e esse
instrumento financeiro rendeu R$ 4.000 no período, logo o seu valor contábil é de R$ 54.000 (R$ 50.000 do principal + R$
4.000 de juros). A diferença a ser lançada na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial é de R$ 4.000, ou seja, o valor
Saiba mais
Para mais informações sobre o assunto, sugerimos a leitura do CPC 48, que trata
Para uma empresa realizar seus investimentos, é necessário haver a disponibilidade de recursos
financeiros. Os recursos financeiros de uma empresa podem advir do capital próprio, ou seja, daquele
capital pertencente aos sócios e, também, do capital de terceiros, que representa os recursos
A obtenção desses recursos, em especial os de terceiros, pode ser operacionalizada por meio de
operações financeiras que são firmadas no mercado financeiro. Essas operações ocorrem entre
agentes que possuem recursos disponíveis para serem cedidos e investidos mediante um retorno
pré-estabelecido e agentes que necessitam de recursos para investir em suas operações e estão
dispostos a remunerar o capital de terceiros, a fim de poder fazer uso desse recurso.
Vamos a um exemplo prático. Imagine a seguinte situação: Tiphany é proprietária de uma loja de
roupas chamada Tiphanyc Modas. A proprietária da Tiphanyc Modas identificou que a empresa
possui uma excelente oportunidade de expansão das vendas no mercado on-line (e-commerce),
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empresa não possui a disponibilidade desse recurso. Nesse sentido, a Tiphanyc Modas pode recorrer
a linhas de créditos para pessoas jurídicas a fim de conseguir captar esses valores e realizar a sua
expansão.
Esse é um exemplo básico de como funciona o mercado financeiro, no qual há uma estrutura de
instituições e instrumentos financeiros que possibilitam as operações financeiras entre diferentes
agentes a fim de promover a liquidez e a alocação de capital. As operações financeiras normalmente
envolvem os agentes deficitários (tomadores de recursos), que são aqueles que buscam recursos em
troca do pagamento de juros pelo capital emprestado, e os agentes superavitários (doadores de
recursos), que são aqueles que cedem os recursos para os agentes deficitários em troca de uma
remuneração de capital.
Assim, como temos agentes deficitários e agentes superavitários agindo nesse sistema, é
valores por meio do recebimento de juros. Por sua vez, as operações financeiras passivas ocorrem
quando a empresa utiliza uma fonte de recursos que lhe gera um passivo, sendo que esse passivo é
aumentado pelos juros devidos que representam os custos desse dinheiro obtido ao longo do tempo
Mas quais são os principais tipos de operações financeiras ativas e operações financeiras
passivas? Entre os principais tipos de operações financeiras ativas, temos os investimentos em títulos
públicos, poupança, certificado de depósito interbancário (CDB), ações, cotas de fundos ou clubes de
investimentos, investimentos atrelados ao rendimento de certificados de depósitos interbancários
(CDI), investimentos em debêntures, entre outros. Perceba que todos os exemplos de operações
financeiras ativas possuem como objetivo a geração de retornos financeiros para a organização.
Por sua vez, as operações financeiras passivas consistem em fontes de recursos para a
organização, que possivelmente geraram um custo para a empresa. Entre os principais exemplos de
desconto de duplicatas, entre outros. Note que as operações financeiras passivas provavelmente
Em resumo, por que uma empresa realiza operações financeiras ativas? A resposta é simples:
para investir os seus recursos financeiros a fim de obter uma rentabilidade. E, por que uma empresa
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realiza operações financeiras passivas? Para obter recursos financeiros de fontes a fim de investir em
suas operações e, em troca, a empresa paga juros que remuneram esses recursos. Veja o nosso
esquema ilustrado na Figura 4, que resume as operações financeiras.
Note que para quem fornece o recurso, tem-se uma operação financeira ativa, pois o detentor
de recurso receberá juros por disponibilizar o seu capital. Por sua vez, quem toma esse recurso irá
pagar juros, portanto, para o tomador de recurso, tem-se uma operação financeira passiva.
As aplicações financeiras são valores investidos em títulos de renda fixa ou de renda variável.
Essas aplicações podem ser tanto de curto como de longo prazo. As aplicações financeiras são
direitos a receber de caixa (dinheiro) ou de algum outro ativo financeiro de outra organização. À
medida que uma empresa aplica o seu dinheiro, está confiando os seus recursos a terceiros e,
portanto, passa a ter um direito junto à instituição na qual confiou esses valores.
Iudícibus e Marion (2019) comentam que é importante que as empresas realizem a aplicação do
excedente de caixa a fim de gerar mais dinheiro. Assim, quando houver mais entrada do que saída de
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caixa, é importante que o valor excedente, ou seja, aquele que não esteja sendo utilizado, seja
classificação dos tipos de aplicações financeiras depende do número de dias que o investidor deverá
aguardar para ter o seu dinheiro disponível para resgate (saque).
As aplicações financeiras mais comuns são em títulos públicos, fundos de investimentos, letras
de câmbio, certificado de depósito bancário (CDB), entre outros. Normalmente, os rendimentos das
aplicações financeiras são tributados pelo imposto de renda, o qual é retido na fonte, ou seja, a fonte
pagadora da rentabilidade desconta o imposto de renda do valor a ser resgatado pela empresa e
financeiras são contabilizados como receitas financeiras conforme são gerados, seguindo o regime de
competência. Por exemplo, suponha que uma empresa investiu R$ 10.000 em CDB e houve uma
rentabilidade de R$ 40 no mês. Esse valor será reconhecido como receita financeira, mesmo a
empresa não tenha o resgatado.
aplicação financeira. Já as aplicações financeiras pós-fixadas têm o seu retorno conhecido ao final do
investimento.
Referente à classificação das aplicações financeiras em curto e longo prazo, é comum imaginar
que todos os valores aplicados em investimentos com resgate de até 12 meses após a data de
aplicações financeiras. Nesse sentido, é importante destacar que conforme as normas internacionais
de contabilidade, as aplicações financeiras em títulos de alta liquidez, que são resgatáveis em até três
mudança de valor, são classificadas como equivalentes de caixa, sendo controladas em conta
Por sua vez, as aplicações financeiras resgatáveis após três meses da data de aquisição e até 12
meses após a data de encerramento do balanço patrimonial do exercício social seguinte são
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Por fim, as aplicações financeiras com resgate após 12 meses da data do Balanço Patrimonial do
exercício social seguinte são reconhecidas no ativo não circulante no grupo de ativo realizável a
longo prazo. Vamos ver um exemplo desses diferentes tipos de reconhecimentos de aplicações
financeiras nas demonstrações contábeis da Grendene S. A (figura 5).
Com base na figura, nota-se que a Grendene S. A. apresenta equivalentes de caixa, e ao analisar
as notas explicativas, é possível perceber que além do valor em dinheiro, há também os depósitos
bancários e as aplicações financeiras de liquidez imediata com resgate de até três meses após a data
de aquisição e com risco insignificante de mudança de valor. Nota-se também que as aplicações
financeiras de curto prazo e de longo prazo são compostas por certificados de depósitos bancários,
cessão de direito de crédito, debêntures, letras financeiras, títulos do tesouro nacional, entre outros
títulos que configuram as aplicações financeiras.
financeiras.
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Vamos, agora, verificar como este assunto tem sido cobrado em provas de concursos públicos.
Nas provas...
(CESPE – 2014 – Câmara dos Deputados – Analista Legislativo – Consultor Legislativo Área IV)
A respeito da contabilidade geral, pública e comercial, julgue o item que se segue.
Equivalente de caixa é o conjunto de aplicações financeiras de curto prazo, conversíveis em um montante conhecido de
( ) Errado
As aplicações financeiras classificadas como equivalente de caixa são aquelas resgatáveis em até três meses da data de
aquisição do investimento, que possuem liquidez imediata e que estão sujeitas a um risco insignificante de mudança de
Saiba mais
Para mais informações sobre o assunto, sugerimos a leitura do CPC 03 (R2): Demonstração
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tomada de recursos para suprir as necessidades de caixa das empresas ou expandir as suas
atividades. As operações de empréstimos e financiamentos envolvem o ato de o detentor dos
recursos confiar o seu dinheiro em alguém durante um período de tempo determinado e ser
restituído com ou sem acréscimos de juros (Ribeiro, 2017).
Assim, tais operações financeiras representam um passivo para a entidade tomadora desses
recursos, pois são obrigações presentes, derivadas de um evento passado e que para serem
Essas operações normalmente estão detalhadas em contratos formais que estabelecem o valor
aos prazos de liquidação (curto ou longo prazo) e frente à forma de definição dos encargos
financeiros (prefixado ou pós-fixado). Referente aos prazos, todas as operações nas quais o prazo de
pagamento seja superior à data de encerramento do exercício social seguinte (data do balanço)
deverão figurar em contas de longo prazo que estão classificadas no passivo não circulante. De forma
contrária, os empréstimos e financiamentos a serem quitados em um período inferior à data de
encerramento do exercício social seguinte (data do balanço) deverão ser lançados em contas de
quitado em 10 parcelas com o primeiro pagamento para janeiro de 20X1. Já o segundo empréstimo é
no valor de R$ 24.000, também incide 0,50% de juros ao mês e a primeira parcela deverá ser paga em
janeiro de 20X2. Nesse caso, no Balanço Patrimonial de 20X0, o primeiro empréstimo será
encerramento do exercício social seguinte (data do balanço de 20X1), e o segundo empréstimo irá
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figurar no passivo não circulante, pois o período para a liquidação do empréstimo é superior à data
Mas o que acontecerá se o empréstimo ou o financiamento for pago em parcelas que englobem
datas inferiores e superiores à data de encerramento do balanço do exercício social seguinte? Então
caberá à entidade segregar as parcelas e os encargos financeiros ( juros) de curto prazo alocadas no
passivo circulante e as de longo prazo no passivo não circulante.
Vamos analisar um exemplo com este caso. A panificadora Petter Pão S. A. adquiriu, em 31 de
dezembro de 20X0, um terceiro empréstimo no valor de R$ 30.000, com juros de 0,50% ao mês, a ser
quitado em 24 parcelas, sendo a primeira com vencimento para janeiro de 20X1. Nesse caso, a
empresa deverá identificar quais parcelas estão englobadas no curto prazo e quais parcelas são
abrangidas pelo longo prazo para, então, realizar o reconhecimento desses valores de forma
A Figura 7 apresenta uma linha do tempo que indica como as parcelas devem ser separadas em
passivo circulante, por serem de curto prazo, e outras 12 foram classificadas como passivo não
circulante, por serem de longo prazo. A contabilização de tais operações serão detalhadas em tópico
adiante.
prefixados são aqueles em que as taxas de juros do contrato são conhecidas previamente. Nesse
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encargos financeiros ao longo do contrato. Por sua vez, os empréstimos e financiamentos com juros
pós-fixados são aqueles em que a taxa de juros é definida com base em índices de inflação e demais
indexadores, como a taxa básica de juros (Selic).
É importante destacar que o tipo de empréstimo e financiamento adquirido, bem como o seu
prazo de pagamento, geram impactos diretos na contabilização desses valores. Por isso, adiante é
31/01/20X1 um título prefixado com resgate para dois meses a um custo de R$ 70.000, sendo que o
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10.000, sendo R$ 5.000 relativos a cada mês. Portanto, os lançamentos contábeis a serem realizados
são os seguintes:
C – Receita financeira a apropriar (ativo circulante – redutora) R$ 10.000
D – Receita financeira a apropriar (ativo circulante – redutora) R$ 5.000
D – Receita financeira a apropriar (ativo circulante – redutora) R$ 5.000
D – Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) a recuperar (ativo circulante)[4] R$ 2.250
Tabela 10 – Razonetes
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R$ 70.000), sendo a contrapartida à conta de receita financeira a apropriar que é uma redutora do
ativo. A receita financeira a apropriar será utilizada como contrapartida à conta de resultado de
receita financeira quando houver a apropriação da receita.
valor da receita financeira, realizar o débito na conta de aplicação financeira e o crédito na conta de
receita financeira. Esse método foi utilizado no primeiro tema, quando exemplificamos os
Cabe destacar que realizamos o lançamento do Imposto de Renda Retido na Fonte e lançamos
na conta de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) a recuperar do grupo ativo circulante, pois
empresas do regime tributário lucro real e lucro presumido podem deduzir esse valor do imposto de
renda a ser recolhido para o Fisco. Se a Vírus da Grife fosse do regime tributário Simples Nacional,
então não haveria a possibilidade da dedução desse valor e o lançamento do imposto de renda seria
realizado a débito contra uma conta de despesa com tributos.
Contas redutoras: são também denominadas de contas retificadoras e são utilizadas para ajustar
o saldo do ativo, passivo, patrimônio líquido ou das contas de resultados a fim de propiciar uma
informação mais fidedigna acerca da realidade da empresa. Essas contas têm natureza contrária ao
grupo ao qual pertencem, se do ativo, sua natureza é a crédito, se contas do passivo, sua natureza
é a débito, e assim por diante. Como exemplo de contas retificadoras, temos os encargos ou juros
a transcorrer, receita financeira a apropriar, depreciação acumulada, capital a integralizar, entre
outras.
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Considere que a Vírus da Grife possuía R$ 70.000 em caixa, seus administradores decidiram adquirir
em 31/01/20X1 um título pós-fixado com resgate para dois meses a um custo de R$ 70.000, sendo
que a rentabilidade é atrelada à taxa de rendimento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Em 28/02/20X1, foi verificado que a rentabilidade do CDI rendeu R$ 700 para a Vírus da Grife.
Em 31/03/20X1, foi verificado que a rentabilidade do CDI rendeu R$ 800 para a Vírus da Grife.
D – Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) a recuperar (ativo circulante)[5] R$ 337,50
Tabela 12 – Razonetes
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Perceba que a contabilização de uma aplicação financeira pós-fixada não envolve a conta de
receita financeira a apropriar, visto que no momento da aquisição do título, não é conhecida a sua
adquirir um empréstimo de R$ 100.000 em 31/12/20X1 para ser liquidado em três meses, incidindo
R$ 4.000 de juros por mês (R$ 4.000 x 3 = R$ 12.000 de juros no total), os lançamentos contábeis
realizados nesse tipo de operação serão os seguintes:
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Tabela 13 – Razonetes
Perceba que da mesma forma que nas aplicações financeiras prefixadas, nos empréstimos e
financiamentos prefixados também é utilizada uma conta redutora que permite a apropriação dos
juros de forma mais acurada. Portanto, apesar de ter sido reconhecido R$ 112.000 de empréstimos a
pagar, a conta redutora de encargos a transcorrer indica que desses R$ 112.000 há um total de R$
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para pagamento em parcela única após seis meses, sendo que a taxa de juros do período é de 3% e a
inflação foi de 2% (31/12/20X1 a 30/06/20X2). Os lançamentos contábeis serão os expostos a seguir:
Tabela 14 – Razonetes
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A depender das práticas contábeis da empresa, pode ser interessante separar a despesa
financeira em subcontas que evidenciem o valor dos juros separado da variação monetária provocada
pela inflação. Essa informação também pode ser exposta em notas explicativas.
Nas provas...
Foi descontada, no ato da liberação do referido empréstimo, a importância de R$2.000,00, a título de juros relativos ao
contrato de empréstimo.
a) DÉBITO Bancos Conta Movimento – Ativo R$22.000,00
empréstimos. Nota-se que houve o desconto de R$ 2.000 referente aos juros da operação, o que implica na entrada de R$
22.000 na conta bancária (R$ 24.000 empréstimo - R$ 2.000 juros = R$ 22.000 depositados na conta bancária). Como os
juros devem ser reconhecidos ao longo dos meses seguindo o regime de competência, então os R$ 2.000 deverão ser
reconhecidos inicialmente na conta de Juros a Transcorrer, que é uma conta redutora do passivo.
Portanto, o gabarito é a letra A.
TROCANDO IDEIAS
procure as demonstrações contábeis de uma empresa listada na bolsa de valores Brasil, Bolsa, Balcão
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NA PRÁTICA
31/03/20X1:
a. A conta de aplicação financeira possui um saldo de R$ 101.500
b. Houve o reconhecimento de R$ 1.500 na conta de ajuste de avaliação patrimonial
c. Houve o reconhecimento de R$ 1.500 de receita financeira
características:
I. Custo amortizado
( ) Modelo aplicado para ativos financeiros mantidos sob um modelo de negócios cujo
objetivo é atendido tanto com o recebimento de fluxos de caixa contratuais como com a
( ) Modelo aplicado para ativos financeiros mantidos sob um modelo de negócios cujo
objetivo é manter os ativos para receber seus fluxos de caixa contratuais.
PORQUE
II. Torna a informação contábil mais acurada e é possível, pois para títulos prefixados, há
como identificar a rentabilidade do título no momento da sua aquisição.
correta da I
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O gabarito para as atividades propostas pode ser consultado ao final deste material.
FINALIZANDO
Aprendemos nesta aula que há inúmeros tipos de instrumentos financeiros e estes são
classificados e mensurados de acordo com o modelo de negócio da entidade. Vimos também que as
operações financeiras fazem parte do dia a dia das organizações e são capazes de gerar instrumentos
financeiros para a organização. Adiante, aprendemos os diferentes tipos de aplicações financeiras,
Recomendamos que você realize a leitura dos CPCs sugeridos, revise o material, resolva os exercícios
propostos e continue buscando conhecimento nesta área tão envolvente que é a contabilidade!
REFERÊNCIAS
GELBECK, E. R. et al. Manual de Contabilidade Societária. 1. ed. São Paulo: Gen/Atlas, 2018.
IUDÍCIBUS, S. de.; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Gen, 2019.
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GABARITO
variação do valor justo desse ativo. Portanto, em 31/03/20X1 somente será reconhecida a
receita financeira de R$ 1.000 em contrapartida à conta de aplicação financeira. Logo, o
gabarito é a letra D, pois no ato da aquisição do título, foi realizado um débito na conta de
aplicação financeira no valor de R$ 100.000 e em 31/03/20X1 foi realizado outro lançamento a
letra B.
[1] Alíquota de 22,50% sobre o rendimento, visto que o título foi resgatado com menos de 180
dias.
[2] Alíquota de 22,50% sobre o rendimento, visto que o título foi resgatado com menos de 180
dias.
[3] Alíquota de 22,50% sobre o rendimento, visto que o título foi resgatado com menos de 180
dias.
[4] Alíquota de 22,50% sobre o rendimento, visto que o título foi resgatado com menos de 180
dias.
[5] Alíquota de 22,50% sobre o rendimento, visto que o título foi resgatado com menos de 180
dias.
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