Mercado de Capitais

Mercado de Crédito

Desenvolvimento do material
Cristiane Valente
1ª Edição
Copyright © 2023, Afya.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida,
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico,
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Mercado de Crédito
Para Início de Conversa... ................................................................................ 4
Objetivo .......................................................................................................... 4
1 Participantes do Mercado de Crédito .................................................... 5
2 As Normas Contratuais e modalidade de créditos ............................ 6
2.1 Desconto Bancário de Títulos. ........................................................... 7
2.2 Contas Garantidas e Créditos Rotativos ........................................ 8
2.3 Operações Hot Money ......................................................................... 8
2.4 Empréstimos para Capital de Giro e Pagamento de Tributos .8
2.5 Operações de Vendor ........................................................................... 9
2.6 Repasse de Recursos Externos ........................................................... 9
2.7 Crédito Direto ao Consumidor. .......................................................... 10
2.8 Assunção de Dívidas. ............................................................................ 10
 2.9 Adiantamento de Contrato de Câmbio – ACC. ............................. 11
2.10 Commercial Paper .............................................................................. 12
2.11 Export Note .......................................................................................... 12
2.12 Cessão de Crédito ............................................................................... 12
2.13 Crédito Consignado ............................................................................ 13
2.14 Portabilidade do Crédito ................................................................... 13
3 Sistema de Informações de Crédito e a Constituição de
Garantias ......................................................................................................... 13
3.1 Sistema de Informações de Crédito ............................................... 13
3.2 Constituição de Garantias .................................................................. 14
Referências .......................................................................................................... 15

Mercado de Capitais 3
Para Início de Conversa... Objetivo
O mercado financeiro é segmentado em quatro subdivisões, a saber: ▪ Reconhecer a estrutura do mercado de crédito;
mercado de crédito; mercado monetário; mercado cambial e mercado ▪ Identificar as instituições que atuam no mercado de crédito;
de capitais. Esses segmentos são referência para o estudo do mercado ▪ Analisar os instrumentos e garantias utilizados no mercado de crédito.
financeiro e, por diversas vezes, se confundem na prática. Possuem uma
referência comum para as diversas negociações financeiras: a taxa de
juros.

Neste capítulo, vamos nos dedicar ao estudo do mercado de crédito,

que englobam as operações de financiamento de curto e médio prazos,
direcionadas aos ativos permanentes e capital de giro das empresas.

O mercado de crédito realiza a intermediação de recursos de curto e

médio prazos de agentes superavitários para os agentes deficitários.
Os agentes deficitários são pessoas físicas e jurídicas que necessitam
atender suas necessidades de consumo (pessoas físicas) e de capital de
giro (pessoas jurídicas)

Mercado de Capitais 4
1 Participantes do Mercado de Crédito
A finalidade fundamental do mercado de crédito é suprir as necessidades
de caixa de curto e médio prazos dos agentes econômicos, através
da concessão de créditos às pessoas físicas e por empréstimos e
financiamentos às pessoas jurídicas (empresas). Essas operações são
tipicamente realizadas por bancos comerciais e múltiplos, que são
as instituições financeiras bancárias. Também é possível incluir no
mercado de crédito as operações de financiamento de bens de consumo
duráveis praticadas pelas sociedades financeiras. É uma atuação mais
abrangente do mercado, que disponibilizar recursos a médio prazo, aos
consumidores de bens de consumo, através de instituições financeiras
não bancárias.
Vejamos na Figura 1 como se estabelece o processo de intermediação
financeira para as operações de crédito: a mesma instituição pode atuar
como sujeito ativo, ou seja, como credor de empréstimos de recursos ,
e sujeito passivo ,devedor de recursos captados. O poupador aplica na
instituição financeira que irá prover o empréstimo para o tomador de
recursos. O pagamento é feito para a instituição financeira que repassará
para o agente poupador.
Mercado de Capitais
Crédito Aplica
Tomador de Instituição Poupador
Recursos Financeira (aplicador)
Resgate Resgate
Operações Ativas Operações Passivas
Figura 1 - Intermediação financeira. Fonte: Adapatado de NETO (2021).
A Instituição Financeira recebe recursos de poupador e assume a
obrigação de devolver o principal acrescido de juros. O banco realiza
operações de empréstimos e financiamentos a tomadores carentes de
recursos, na expectativa de receber no futuro o principal acrescido de
juros. As taxas que são cobradas nas operações ativas são maiores do
que as pagas nas operações passivas, estabelecendo uma diferença
entre as taxas que é chamada de spread.
A supervisão e a fiscalização do mercado de crédito é feito pelo Banco
Central do Brasil, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo
Conselho Monetário Nacional. Os bancos comerciais e múltiplos, as
financeiras, companhias de fomento mercantil (factorings), operadoras
de cartões de crédito, cooperativas de crédito, sociedades de crédito
imobiliário e sociedades de arrendamento mercantil participam como
operadores de mercado. Essas instituições são intermediárias dos
recursos que captam dos agentes superavitários para os agentes
deficitários. Os agentes deficitários que podem ser pessoas físicas que
buscam recursos para financiar suas necessidades de consumo pessoal
5
( figura 2 ), aquisições de bens e da casa própria; ou pessoas jurídicas que
precisam de financiamentos para capital de giro ( figura 3 ) e aquisições
de equipamentos.
Figura 2 - consumo pessoal Fonte: Wikimidia
Mercado de Capitais
Figura 3 – Financiamento pessoa jurídica Fonte: Dreamstime
2 As Normas Contratuais e modalidade de
créditos
O mercado de crédito possui um conjunto de normas contratuais, que
definirão de forma bastante clara, os diversos aspectos que deverão
constar em praticamente todos os contratos de crédito. Entre esses
aspectos, destacam-se: a qualificação das partes envolvidas: nomes,
6
documentações, áreas de atuação, endereços etc.; o valor do crédito
contratado; o prazo da operação; a remuneração do crédito; a taxa de
juros a ser utilizada na operação; liquidação da operação: se será em
parcelas ou de uma só vez ao final da operação; as responsabilidades
e obrigações fiscais de cada parte; a constituição de garantias e o foro
para a resolução de conflitos que porventura possam surgir.
As instituições bancárias realizam diversas modalidades de créditos no
mercado, destacando-se o desconto de títulos, contas garantidas, créditos
rotativos, hot money, empréstimos para capital de giro e para pagamento
de tributos das empresas, vendor, repasse de recursos externos e crédito
direto ao consumidor, assunção de dívidas e adiantamentos de contratos
de exportação (ACC e ACE).
2.1 Desconto Bancário de Títulos.
Essa é uma operação de crédito muito comum do sistema bancário
envolvendo duplicatas e notas promissórias. Nessa modalidade, a
instituição financeira concede um empréstimo ao tomador mediante
a garantia de um título representativo de um crédito futuro. É uma
maneira de antecipar o recebimento do crédito por meio da cessão de
seus direitos a um mutuante. Veja um exemplo: suponha que o credor
de uma duplicata de um vencimento futuro precisa do dinheiro agora.
Ele pode negociar dessa duplicata junto a um banco, recebendo à vista
Mercado de Capitais
o valor de seu crédito mediante o pagamento de alguma compensação
financeira. Parece claro que o valor liberado ao tomador é inferior ao
valor nominal dos títulos, pois serão cobrados os encargos financeiros.
Também é considerado empréstimo a curto prazo, a emissão de uma
nota promissória. Ela também é considerada como uma operação de
desconto, pois existe um crédito com vencimento em data posterior
a sua negociação. É importante destacar que nessas operações de
desconto bancário, a responsabilidade final da liquidação do título
negociado perante a instituição financeira é do tomador de recursos
(cedente), caso o sacado não pague no vencimento.
Duplicata é um título de crédito derivado de uma transação comercial de
compra e venda ou de prestação de serviços.
No fluxo de uma relação mercantil são emitidos três papéis:
a)Nota Fiscal – documento fiscal obrigatório do produto/mercadoria
comercializado, ou dos serviços prestados.
b)Fatura – documento que atesta a venda realizada. A fatura pode incluir
mais de uma nota fiscal.
c)Duplicata – emitida com base na fatura, podendo ser emitida mais de
uma duplicata correspondente a mesma fatura. A duplicata é emitida
pelo sacador contra o sacado.
7
 A titularidade (propriedade) da duplicata pode ser transferida através
de endosso. A duplicata é negociada no mercado de crédito (bancos
comerciais) através de operação de desconto bancário.
2.2 Contas Garantidas e Créditos Rotativos
São créditos oferecidos às empresas com limites preestabelecidos. A
empresa pode sacar todo o saldo num único momento, ou, de acordo
com suas necessidades, realizar retiradas repetidas.
Os juros destas linhas de crédito são calculados sobre o saldo devedor
diário e cobrados geralmente ao final do mês.
2.3 Operações Hot Money
Essas operações são empréstimos de curto e curtíssimo prazos, e suas
taxas são formadas com base nas taxas do mercado interfinanceiro, a
taxa CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro). As taxas de CDI
são negociadas diariamente, pois ela lastreia as operações feitas nesse
mercado), podendo gerar rápidas mudanças de posição de acordo com
as variações que venham a ocorrer em seus percentuais.
As operações do mercado interfinanceiro acontecem por um dia, tendo
a taxa over como padrão dos juros do CDI. Algumas vezes, as operações
Mercado de Capitais
ocorrem com prazos maiores, mas a taxa
de juros geralmente é computada com
base na cotação diária do mercado.
Elas estabelecem a taxa de juros-
base para operações de curtíssimo
prazo, CDI-over também conhecidas
por hot money. O custo dessas
operações é baseado na taxa dia do CDI,
adicionada do spread cobrado pelo banco
intermediador.
As taxas cobradas no hot money seguem os juros
do mercado interfinanceiro, sendo que as operações
hot money objetivam liberar recursos a curto prazo para as empresas
para suprir suas necessidades mais imediatas de caixa.
2.4 Empréstimos para Capital de Giro e Pagamento de Tributos
Os bancos oferecem para as empresas empréstimos para capital de giro
através de uma formalização contratual onde as condições básicas da
operação ficam estabelecidas, como informações de garantias, prazo de
resgate, encargos financeiros etc. Já os empréstimos para pagamento
de tributos são adiantamentos que são concedidos às empresas para
pagamento de impostos e tarifas públicas, como IPI, ICMS, IR, INSS etc.
8
2.5 Operações de Vendor
É uma operação de crédito onde uma instituição bancária paga a uma
empresa comercial à vista pelos direitos relativos às vendas realizadas
e recebidos em cessão, em troca de uma taxa de juros de intermediação.
Na operação de vendor, a empresa vendedora age como cedente do
crédito, e o banco como cessionário e financiador do comprador.
O pagamento ao vendedor é feito à vista pelo banco, porém a
responsabilidade principal do pagamento dos títulos ao banco é da
empresa compradora. Desta forma, geralmente há uma exigência de que
seja cliente conhecida da instituição.
Mas qual seria as vantagens da operação de vendor ? Para a empresa
vendedora pode ocorrer a possibilidade de recebimento à vista além da
redução da base de cálculo de impostos e comissões incidentes sobre
o faturamento (PIS, Cofins, ICMS, IPI etc.). Para a empresa compradora, o
maior interesse é obter taxas de juros cobradas pelo banco na operação
mais baixas do que se tomasse o empréstimo de forma isolada no
mercado.
O principal objetivo dessa operação é possibilitar as vendas comerciais
a prazo, com empresa vendedora recendo à vista e, ao mesmo tempo,
um repasse um crédito ao comprador.
Mercado de Capitais
2.6 Repasse de Recursos Externos
A Resolução 2.770/00 (antiga Resolução 63) do Banco Central do Brasil
regulamentou o repasse de recursos contratados por meio de captações
em moeda estrangeira efetuadas pelos bancos comerciais e múltiplos e
bancos de investimentos. Esses recursos são obtidos no exterior pelas
instituições financeiras por meio de empréstimos ou colocação de
títulos e repassados às empresas nacionais, visando ao financiamento de
capital de giro e capital fixo. Existem vários encargos para as empresas
nacionais beneficiárias do repasse: como juros, definidos pela taxa de
juros interbancária do mercado de Londres (Libor); o spread que é o
adicional que ultrapassa a Libor, servindo de remuneração da instituição
credora externa; a comissão de repasse cobrada pelo banco nacional
repassador dos recursos; e a variação cambial.
A Libor – Taxa Interbancária do Mercado de Londres – é uma taxa
referencial de juros praticada em operações de empréstimos, geralmente
de montante elevado, entre instituições financeiras que operam no
mercado de euro-moedas. Esta taxa flutua de acordo com a situação de
mercado.
9
Quando ocorre a operação diretamente entre o banco estrangeiro
e uma empresa não financeira nacional, o empréstimo passa a ser
regulamentado pela Lei no 4.131 e a instituição financeira nacional irá
atuar somente como intermediadora da operação
2.7 Crédito Direto ao Consumidor.
Mais conhecido no mercado como CDC, o crédito direto ao consumidor
é uma operação tipicamente destinada a financiar aquisições de bens
e serviços por consumidores ou usuários finais. Essa concessão do
crédito é efetuada por uma financeira e a garantia usual da operação é a
alienação fiduciária do bem objeto do financiamento.
Existe a modalidade de CDC com interveniência, ou seja, um crédito
bancário concedido às empresas para repassar a seus clientes, com o
objetivo de financiar bens e serviços a serem resgatados em prestações
mensais. A empresa comercial passa assim a se constituir na interveniente
da operação, assumindo o risco do crédito.
Ainda existe a modalidade de CDC direto, onde a instituição financeira
assume a carteira dos lojistas e, consequentemente, todo o risco dos
créditos concedidos. Como essa operação envolve mais riscos, os juros
nessa alternativa de crédito são mais elevados do que os cobrados nas
operações com interveniência.
Mercado de Capitais
2.8 Assunção de Dívidas.
É uma operação para as empresas com recursos em caixa para
quitação de uma dívida futura. O banco negocia a liberação de recursos
equivalentes ao valor de liquidação da dívida vincenda, garantindo uma
aplicação financeira a taxas superiores às geralmente praticadas, para
os fundos a serem utilizados na quitação. Com isso, a empresa consegue
baratear o custo de sua dívida. Essa modalidade de crédito também pode
ocorrer em operações comerciais internacionais.
Os devedores nacionais tendem a alongar o prazo de quitação de
seus compromissos com empresas internacionais, incentivados
pela diferença das taxas de juros internas e externas, e mediante a
intermediação de garantia concedida por um banco. A ideia é aproveitar
os juros internacionais, que são inferiores aos praticados dentro do país,
prolongando os pagamentos externos em uma operação casada entre
uma empresa não financeira e uma instituição financeira.
Para simplificar vamos a um exemplo: suponha que um importador
tenha uma dívida internacional. Ele liquida antecipadamente a
dívida ganhando um desconto por essa antecipação e repassa a
responsabilidade do pagamento a uma instituição financeira. Ou seja, a
instituição financeira passa a ser responsável pelo pagamento da dívida
(com a aceitação prévia do credor internacional) e pode transferir esses
recursos a tomadores interessados em créditos vinculados à variação
10
cambial e obter um ganho medido pelo diferencial de taxa (spread). O lastro das operações de ACC são as mercadorias entregues para
Quando a dívida estiver no vencimento, os tomadores de recursos embarque, e caberá aos exportadores os encargos , caso os contratos não
devolvem o dinheiro à instituição intermediadora para a liquidação sejam cumpridos. Se o juro cobrado na operação de ACC for inferior aos
junto ao credor internacional. rendimentos das aplicações financeiras, é interessante para o exportador
antecipar suas receitas futuras. Com isso, consegue ganhos adicionais
2.9 Adiantamento de Contrato de Câmbio – ACC. com a diferença favorável entre a taxa das aplicações financeiras e o
custo da operação de ACC.
Mais conhecido no mercado como ACC, trata-se de uma operação
incentivadora de crédito aos exportadores. Foi planejada para dinamizar
as exportações nacionais, fazendo com que elas sejam mais competitivas
no mercado. Como funciona? As instituições financeiras (autorizadas a
operar com câmbio) antecipam os recursos aos exportadores com lastros
nos contratos de câmbio (ACC) que foram firmados com importadores
estrangeiros. Ou seja, eles antecipam recursos às empresas nacionais
exportadoras (vendedoras).

Essa operação pode ocorrer em fases diferentes do processo. Se ocorrer

na fase de produção da mercadoria a ser embarcada ao exterior, essa
operação é conhecida por ACC – Adiantamento de Contrato de Câmbio.
Se o exportador solicitar o adiantamento dos recursos somente após
o embarque da mercadoria ao importador, essa operação passa a ser
chamada de ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues.

Figura 4 – Acordo Financeiro. Fonte: Dreamstime

Mercado de Capitais 11
2.10 Commercial Paper
Na prática, trata-se de uma Nota Promissória Comercial de curto prazo ,
geralmente prazo máximo de um ano. Ela é emitida por uma sociedade
tomadora de recursos para financiar suas necessidades de capital de
giro. O próprio desempenho da empresa emissora é a garantia do título;
e os papéis podem ser adquiridos pelas instituições financeiras para sua
carteira própria ou repasse a seus clientes investidores.
Como as sociedades anônimas que precisam de recursos podem emitir
estes títulos e colocá-los diretamente junto aos investidores no mercado,
há uma eliminação de intermediação bancária entre o processo de
captação e de aplicação dos recursos. Com isso, há um barateamento das
taxas pagas ao commercial paper, fazendo com que o emissor do título
pague um custo inferior às taxas de juros praticadas nos empréstimos
bancários.
As carteiras de bancos, fundos de pensão e empresas seguradoras são
os principais investidores interessados em aplicar em commercial paper,
pois são atraídos pela diversificação que o título pode proporcionar em
suas carteiras de investimento, e também por sua maturidade mais curta.
Mercado de Capitais
2.11 Export Note
Traduzindo para o português é uma Nota de
Exportação. É uma cessão de créditos provenientes
de contratos de exportação de bens e serviços
firmados por empresas brasileiras. Neste caso, o
exportador brasileiro transfere (cede) a um investidor,
através de um export note, seus direitos provenientes da
exportação realizada, recebendo em troca o correspondente em moeda
nacional.
Esse título é emitido pelo exportador, no mercado doméstico, com lastro
em um contrato firmado com um importador para uma entrega futura de
mercadorias e pode ser negociado no mercado financeiro. Desta forma, o
exportador consegue recursos para financiar suas vendas no exterior. Ele
é expresso em moeda estrangeira e, é possível também a realização de
uma proteção cambial (hedge) para empresas que mantenham dívidas
em moeda estrangeira, frente a qualquer desvalorização na paridade
da moeda nacional.
2.12 Cessão de Crédito
Como o nome deixa claro, a operação de cessão de crédito acontece
entre instituições financeiras interessadas em negociar carteiras de
crédito. Como o spread é maior quando a instituição compradora dos
12
direitos assume integralmente o risco da carteira, os créditos podem ser
cedidos com a transferência total ou parcial de seu risco, alterando-se
em razão dessa decisão o spread cobrado na operação.
2.13 Crédito Consignado
É a linha de crédito concedida a funcionários públicos e trabalhadores
de empresas privadas regularmente registados, com a liquidação
realizada através de desconto das prestações em folha de pagamento.
Para o tomador, os juros costumam ser mais baixos que outras formas
convencionais de empréstimos, como cartão de crédito, cheque especial
e crédito pessoal. As partes negociam o montante e juros da operação
entre as partes.
2.14 Portabilidade do Crédito
É quando o cliente, que tomou recursos de uma instituição financeira,
pode transferir sua dívida (empréstimos, financiamentos ou arrendamento
mercantil) para outra instituição financeira. Essa transferência ocorre
mediante a liquidação antecipada do crédito original. As condições
dessa operação são negociadas diretamente entre o cliente interessado
na transferência e a instituição que liberará o novo crédito.
Mercado de Capitais
3 Sistema de Informações de Crédito e a
Constituição de Garantias
Uma das grandes questões que se coloca no mercado de crédito é a
inadimplência. Como as instituições financeiras podem tentar minimizar
o risco da inadimplênicia? Obter informações sobre os clientes e suas
garantias são instrumentos importantes para o setor de crédito.
3.1 Sistema de Informações de Crédito
O Banco Central administra um sistema de banco de dados com as
informações das operações de crédito concedidas pelas instituições
financeiras às pessoas físicas e jurídicas, é o Sistema de Informações
de Crédito. Ele substituiu o antigo Central de Risco de Crédito (CRC).
Mensalmente, as instituições enviam ao Sistema de Informações de
Crédito as informações de todas as operações de crédito vencidas e a
vencer, assim como os valores referentes às fianças e avais prestados
pelos bancos a seus clientes.
O Sistema armazena somente as informações sobre as dívidas dos
clientes, sua posição de adimplência e inadimplência, mostra o
comportamento dos clientes de bancos relativos aos créditos contraídos
no sistema financeiro. A tarefa de avaliar a capacidade de pagamento
dos tomadores de empréstimos é de cada instituição financeira, pois o
Sistema de Informações de Crédito não faz essa avaliação, só a oferece.
13
O sistema é o banco de dados importante para que as instituições
financeiras tomem suas decisões de crédito, façam sua gestão de risco
e reduza a inadimplência. O Banco Central consegue, com esse Sistema,
fazer uma avaliação dos riscos e atuando na prevenção de crises.
Essas informações do Sistema de Informações de Crédito podem ser
consultadas pelas Instituições Financeiras participantes do sistema (
com uma autorização expressa dos clientes para acessar seus dados);
os clientes, tomadores de crédito (pessoas físicas e jurídicas) e o Banco
Central. Ao acessar as informações de crédito do Sistema de Informações
de Crédito, o Banco Central é capaz de avaliar, com maior precisão, as
instituições financeiras que apresentam problemas com os créditos
concedidos, e que exijam um acompanhamento especial.
Pelo site do Banco Central é possível você consultar suas Informações
sobre empréstimos e financiamento em seu nome, cheques devolvidos,
contas, chaves Pix e operações de câmbio.
3.2 Constituição de Garantias
O outro ponto importante é a garantia. Quando a empresa possui capital
próprio para fazer um aporte, por exemplo, com o dinheiro dos sócios,
ele só será remunerado se a empresa der lucros. Mas quando o capital
Mercado de Capitais
é de terceiros , quando os recursos são provenientes de financiamentos
e empréstimos, a remuneração será os juros, independente do fato de
a firma lucrar ou não. De forma similar a instituição financeira também
utiliza esse raciocínio para o tomador pessoa física: a instituição que
forneceu o crédito quer receber seus juros, mesmo que o cliente não
esteja passando por um bom momento financeiro. Para minimizar o risco
de prejuízos nos casos de inadimplência, provavelmente a instituição
exigirá em contrato a constituição de garantias. Os principais tipos de
garantias utilizados nas operações de crédito são:
▪ Garantias reais: quando os bens imóveis garantem a operação por
meio de uma hipoteca;
▪ Garantias Pignoratícias: quando um bem é a garantia da operação,
por meio de uma alienação fiduciária. Geralmente é o próprio bem
financiado. É muito comum no financiamento de veículos;
▪ Garantias Fidejussórias: quando o que está garantindo a operação é a
idoneidade e o patrimônio de um devedor solidário, por meio de um
aval ou de uma fiança.
▪ Garantias Acessórias: como o próprio nome sugere, trata-se de uma
garantia complementar à garantia principal. O melhor exemplo é a
exigência que alguns financiadores fazem de se contratar um seguro
para o bem que é dado em garantia da operação de crédito.
14
O desenvolvimento econômico de um país depende de um mercado
de crédito estruturado que estabeleça uma ligação entre os credores e Referências
tomadores de empréstimo . Nesta unidade de aprendizagem, vimos o PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas,
mercado de crédito, a sua dinâmica operacional, os seus participantes 2016.(Minha Biblioteca)
e os seus principais instrumentos. Destacou-se a importância desse
segmento do mercado financeiro para a economia de um país, pois NETO, Alexandre A. Mercado Financeiro. São Paulo : Grupo GEN, 2021.
é através dele que são movimentados os recursos para financiar a (Minha Biblioteca)
aquisição de bens de consumo para as famílias e o capital de giro para
as empresas. Toda operação de crédito envolve um contrato e foram
destacadas algumas modalidades importantes . A transparência de
informações no mercado, assim como as garantias estabelecidas nessas
relações de crédito são fundamentais para garantir a serenidade do
mercado.

Mercado de Capitais 15