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Mercado de Capitais

Sistema Financeiro Nacional


Sumário
Desenvolvimento do material Sistema Financeiro Nacional
Cristiane Valente
Para Início de Conversa... ................................................................................ 4
Objetivos .......................................................................................................... 4
1ª Edição 1. Os Órgãos Normativos ................................................................................ 5
Copyright © 2023, Afya. 1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) ............................................. 5
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 1.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) ........................ 6
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico,
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 1.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) .... 6
autorização, por escrito, da Afya.
2. Entidades Supervisoras ............................................................................. 7
2.1 Banco Central do Brasil (Bacen) ....................................................... 7
2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ......................................... 9
2.3 Superintendência de Seguros Privados (Susep) ......................... 9
2.4 Superintendência de Previdência Complementar (Previc) ....... 9
3. Instituições Operadoras .............................................................................. 9
3.1 Bancos e Caixa Econômica ................................................................ 10
3.1.1 Bancos Comerciais ............................................................................ 10
3.1.2 Bancos de Investimento ................................................................... 10
3.1.3 Bancos Múltiplos ............................................................................... 10
3.1.4 Bancos de Câmbio ............................................................................. 11
3.1.5 Caixa Econômica Federal (CEF) .................................................... 11
3.1.6 Bancos de Desenvolvimento ......................................................... 11
3.1.7 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) .................................................................................... 12
3.2 Instituições de Pagamento ................................................................ 12
3.3 Corretoras e Distribuidoras ................................................................ 12
3.3.1 Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs) ..... 12
3.3.2 Corretoras de Câmbio ....................................................................... 13
3.4 Cooperativas de Crédito ....................................................................... 14
3.5 Administradoras de Consórcios ........................................................ 14
3.6 Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e Futuros ............. 14
3.7 Seguradoras e Resseguradoras ......................................................... 15
3.8 Entidades Abertas de Previdência Complementar .................... 15
3.9 Sociedades de Capitalização ............................................................. 16
3.10 Entidades Fechadas de
Previdência Complementar (EFPC) .................................................. 16
3.11 Demais Instituições Não Bancárias ............................................... 16
Referências ......................................................................................................... 17

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Para Início de Conversa... Objetivos
O processo de poupança-investimento que vimos no capítulo anterior ▪ Reconhecer os órgãos normativos e as entidades supervisoras do SFN.
precisa de um suporte para acontecer, e, para viabilizar esse processo, ▪ Reconhecer as instituições operadoras do SFN.
existe o Sistema Financeiro, formado por um conjunto de instituições ▪ Identificar as funções de cada instituição.
financeiras atuando em diferentes mercados, permitindo a concretização
do processo de poupança-investimento.

Atualmente, todas as economias precisam de um sistema financeiro


saudável e seguro que possa fazer a intermediação entre a captação de
poupança dos indivíduos e direcionar essa poupança para financiar os
investimentos. Neste capítulo, vamos apresentar a estrutura do Sistema
Financeiro Brasileiro, suas instituições e como essas interações irão
acontecer.

Dado o importante papel que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) possui


na economia, é necessário destacar os órgãos normativos e as entidades
supervisoras, além das instituições que o operam. Nesta abordagem,
vamos apresentar as funções de cada instituição que faz parte do SFN.

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1. Os Órgãos Normativos No Brasil, os três órgãos normativos do Sistema Financeiro Nacional são:

1. Conselho Monetário Nacional (CMN);


São considerados órgãos normativos as instituições responsáveis
2. Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP);
por elaborar as políticas e estabelecer as diretrizes gerais do sistema
financeiro; em outras palavras, os agentes normativos determinam as 3. Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
regras gerais para o bom funcionamento do SFN. Vejamos, em detalhes, cada um deles.
O nosso SFN possui a seguinte configuração, disponibilizada na Figura 1:
1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)
O CMN foi criado junto com o Banco Central, pela Lei nº 4.595, de
31 de dezembro de 1964. O Conselho deu início às suas atividades
90 dias depois, em 31 de março de 1965, e é o órgão superior do
Sistema Financeiro Nacional. De uma forma simplificada, o CMN tem
a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, com
o objetivo de garantir a estabilidade da moeda e o desenvolvimento
econômico e social do país.

O Ministro da Economia é o presidente do órgão, sendo que fazem parte


do Conselho o Presidente do Banco Central e o Secretário Especial de
Fazenda do Ministério da Economia.

Figura 1: Composição e segmentos do Sistema Financeiro Nacional. Fonte: BCB (2023).

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As principais funções do CMN são: e dos seguros. As responsabilidades do CNSP residem na fixação de
diretrizes e normas da política de seguros privados.

Compõem o CNSP: o Ministro da Economia (presidente), um representante


As principais funções do CMN do Ministério da Justiça, um representante do Ministério da Previdência
Social, o Superintendente da Superintendência de Seguros Privados,
um representante do Banco Central do Brasil e um representante da
Comissão de Valores Mobiliários.

As principais funções do CNSP são:


Adaptar o volume dos meios de Viabilizar o aperfeiçoamento

As principais
pagamento para atender às reais das instituições e dos
necessidades da economia. instrumentos financeiros.

funções do CNSP
Regular, por meio das políticas Desempenhar o papel de Regular a constituição, organização,
monetária e cambial, os valores coordenador das políticas funcionamento e fiscalização dos que
Definir as diretrizes gerais para as
interno e externo da moeda. monetária, creditícia, exercem atividades na área do CNSP.
operações de resseguro.
orçamentária e da dívida Impor as penalidades previstas, quando
pública interna e externa. for o caso.
Regulamentar a corretagem de seguros e
a profissão de corretor.
Estabelecer as características gerais dos
contratos de seguro, previdência privada
aberta, capitalização e resseguro. Estabelecer os critérios de constituição das
Sociedades Seguradoras, de Capitalização,
Entidades de Previdência Privada Aberta e
Promover o equilíbrio do balanço Orientar as instituições financeiras Preservar a liquidez e solvência Resseguradores, com fixação dos limites
legais e técnicos das respectivas operações.
de pagamentos. na aplicação dos seus recursos. das instituições financeiras.

Figura 3: As principais funções do CNSP. Fonte: Elaborada pela autora.


Figura 2: As principais funções do CMN. Fonte: Elaborada pela autora.

1.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 1.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
CNSP é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de O CNPC é um órgão colegiado que faz parte da estrutura do Ministério
seguros privados, da capitalização, da previdência aberta complementar do Trabalho e Previdência Social. Ele consiste em regular o regime de

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previdência complementar promovido pelas entidades fechadas de
previdência complementar (fundos de pensão). 2. Entidades Supervisoras
Fazem parte do CNPC: o Ministro do Trabalho e Previdência (presidente), As entidades supervisoras têm várias funções executivas, com o
sendo composto por representantes da Superintendência Nacional objetivo de fiscalizar as instituições financeiras que estão sob sua
de Previdência Complementar (Previc), da Casa Civil da Presidência responsabilidade, e possuem funções normativas, que regulamentam as
da República, do Ministério da Economia, das entidades fechadas de diretrizes definidas pelos órgãos normativos ou as atividades que lhes
previdência complementar, dos patrocinadores e instituidores de planos são outorgadas por dispositivo legal.
de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar e dos
São quatro as entidades supervisoras: Banco Central do Brasil (Bacen),
participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas entidades.
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros
O CNPC foi criado em março de 2010, a partir do Decreto nº 7.123, e seu Privados (Susep) e a Superintendência Nacional de Previdência
Regimento Interno definido pela Portaria MPS nº Complementar (Previc).
132, de 14 de março de 2011. A sua principal
função é regular o regime de previdência
2.1 Banco Central do Brasil (Bacen)
complementar operado pelas entidades
fechadas de previdência complementar. O Banco Central (Figura 2) foi criado em 1964, com a reforma do SFN.
A Lei Complementar nº 179/2021 estabeleceu a autonomia do Banco
Conforme estabelece o Decreto nº
Central, que, atualmente, é uma autarquia especial, com autonomia
9.003, de 13 de março de 2017, a
técnica, operacional, administrativa e financeira. As metas relacionadas
Secretaria de Política Econômica (SPE)
ao controle da inflação anual são de responsabilidade do Conselho
deve formular e avaliar medidas para
Monetário Nacional (CMN), e o Banco Central utiliza seus instrumentos
o desenvolvimento dos mercados de
de política monetária para atingi-las.
previdência complementar e analisar e
propor votos e resoluções do CNPC.

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e outros papéis; realizar operações de compra e venda de títulos
públicos federais no mercado aberto (Open Market); controlar o crédito;
O Banco Central emitiu e divulgou o Comunicado nº 25.306, em 2017,
fiscalizar as instituições financeiras e conceder autorização para o seu
sobre as transações das chamadas “moedas virtuais”, alertando que estas
funcionamento; intervir em instituições financeiras insolventes ou que
não são garantidas nem emitidas por qualquer autoridade monetária
e, por isso, não têm conversão em moedas soberanas, tampouco são tenham praticado gestão temerária ou fraudulenta, além de controlar
lastreadas em ativo real de qualquer espécie, ficando todo o risco com os o fluxo de capitais estrangeiros no país.
detentores. Seu valor decorre, exclusivamente, da confiança emitida pelo
indivíduo ao seu emissor.

As funções do Bacen são:

▪ garantir o poder de compra da moeda nacional e zelar pela adequada


liquidez da economia;
▪ garantir a manutenção de um nível adequado de reservas
internacionais;
▪ estimular a geração de poupança e garantir a estabilidade; Figura 4: Logotipo do Banco Central do Brasil. Fonte: Wikimedia Commons.

▪ prezar pelo permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro.

Para que possa cumprir essas funções, o Bacen possui as atribuições


De acordo com informações oficiais, o primeiro Banco Central do mundo
de: emitir papel-moeda e moeda metálica; receber os depósitos
foi o Banco Central da Inglaterra (Bank of England - BoE), criado, em 1694,
compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias;
como sociedade anônima privada. Com o crescimento de sua importância,
conceder empréstimos às instituições financeiras através de operações a instituição foi estatizada somente em 1946.
de redesconto; regularizar serviços de compensação de cheques

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2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política
traçada pelo CNSP.
A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia, e sua
criação ocorreu em 07 de dezembro de 1976, pela Lei nº 6.385/1976, com Além disso, deve defender os interesses dos consumidores dos mercados
o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado que ela supervisiona; promover a estabilidade dos mercados sob
de valores mobiliários no Brasil. É uma autarquia em regime especial, sua jurisdição, zelando pela liquidez e solvência das sociedades que
com personalidade jurídica e patrimônio próprios; possui autoridade integram o mercado; cumprir as deliberações do CNSP, e exercer as
administrativa independente, não tem subordinação hierárquica, seus atividades que forem delegadas por ele.
dirigentes possuem mandato fixo e estável, além de possuir autonomia
financeira e orçamentária. 2.4 Superintendência de Previdência Complementar (Previc)
A CVM deve: garantir o funcionamento regular e eficiente dos mercados É uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Previdência
de bolsa e de balcão organizados; coibir modalidades de fraude ou Social. A Previc tem como responsabilidade fiscalizar as atividades
manipulação no mercado; garantir que o público tenha acesso às das entidades fechadas de previdência complementar, atuando na
informações sobre valores mobiliários negociados e sobre as companhias fiscalização e na supervisão das atividades das entidades fechadas de
que emitiram; estimular as aplicações em ações do capital social das previdência complementar, bem como na execução das políticas para o
companhias abertas, promovendo o crescimento do mercado de ações. regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas
de previdência complementar.
2.3 Superintendência de Seguros Privados (Susep)
A Susep é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia e com 3. Instituições Operadoras
a responsabilidade de controlar e fiscalizar os mercados de seguros,
previdência privada aberta e de capitalização. De uma forma resumida, As instituições operadoras são empresas financeiras que realizam,
ela deve fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação diariamente, operações nos mercados que constituem o Sistema
das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Financeiro Nacional. Elas devem ser autorizadas, regulamentadas e

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fiscalizadas pelas entidades supervisoras. O processo de intermediação para suprimento de capital fixo e de giro; e administração de recursos
financeira — ou seja, de captar dos agentes superavitários e repassar aos de terceiros.
agentes deficitários — é feito pelas instituições operadoras.
Eles devem ser constituídos como sociedades anônimas e ter,
obrigatoriamente, na sua razão social, a expressão “Banco de
3.1 Bancos e Caixa Econômica Investimento”. Diferentemente dos bancos comerciais, eles não recebem
Vejamos, a seguir, seus tipos e como funcionam. depósitos à vista, captando recursos por meio de depósitos a prazo, de
repasses de recursos externos ou internos e da venda de cotas de fundos
de investimento por eles administrados.
3.1.1 Bancos Comerciais
São chamados de bancos comerciais as instituições financeiras privadas 3.1.3 Bancos Múltiplos
ou públicas que captam recursos por meio de depósitos à vista ou a
prazo para financiar suas operações ativas. Eles têm como objetivo o Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas
suprimento de recursos necessários para financiar, em curto e médio que podem ter várias carteiras de atuação em uma única personalidade
prazos, as atividades comerciais, industriais e de prestação de serviços, jurídica. Eles estão autorizados a realizar operações ativas, passivas e
bem como a concessão de crédito para as pessoas físicas. acessórias das diversas instituições financeiras, por meio das carteiras
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito
Eles devem estar constituídos como sociedades anônimas e apresentar a imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e
expressão “Banco” em sua razão social. investimento.

São operações sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares


3.1.2 Bancos de Investimento que são aplicadas às instituições que possuem apenas uma dessas
Já os bancos de investimento são instituições financeiras privadas que se carteiras. É importante destacar que somente um banco público será
especializam nas atividades de operações de participação societária de habilitado a operar a carteira de desenvolvimento; para ser um banco
caráter temporário; concessão de financiamento da atividade produtiva múltiplo, a instituição deve ser uma sociedade anônima e ter, pelo

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menos, duas carteiras, sendo que uma delas deve ser comercial ou de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e
de investimento. Os bancos múltiplos com carteira comercial podem esporte. Ela está habilitada a operar com crédito direto ao consumidor,
captar depósitos à vista. financiando bens de consumo duráveis e fornecendo empréstimo sob
garantia de penhor industrial e caução de títulos.
Na sua razão social, deverá constar a expressão “Banco”.

3.1.4 Bancos de Câmbio


São instituições financeiras autorizadas a realizar operações cambiais.
Eles também podem conceder crédito para as atividades relacionadas às Figura 5: Logotipo da Caixa Econômica Federal. Fonte: Wikimedia Commons.
operações de câmbio, e receber depósitos em contas sem remuneração
cujos recursos sejam destinados à realização de operações cambiais. Além disso, a CEF possui o monopólio do empréstimo sob penhor de
bens pessoais e sob consignação e tem a exclusividade da venda de
Na razão social dessas instituições, deve constar a expressão “Banco bilhetes da loteria federal. A CEF centraliza, ainda, o recolhimento e a
de Câmbio”. aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) e é integrante do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
3.1.5 Caixa Econômica Federal (CEF) (SBPE) e do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
A Caixa Econômica Federal foi criada no Império, em 1861. Trata-se de
uma empresa pública vinculada ao Ministério da Economia e se parece 3.1.6 Bancos de Desenvolvimento
com os bancos múltiplos com carteira comercial, podendo, portanto,
São instituições financeiras controladas pelos governos estaduais
captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar prestação de
e objetivam dar suporte às políticas regionais e setoriais de
serviços.
desenvolvimento econômico e social dos estados, por meio da concessão
Por ser uma instituição pública, a CEF está voltada para a concessão de financiamentos, de médio e longo prazos, para programas e projetos
de empréstimos e financiamentos aos programas e projetos nas áreas que atendam a esses objetivos.

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Os bancos de desenvolvimento devem estar constituídos como de compra e venda e de movimentação de recursos, no âmbito de um
sociedades anônimas, devendo adotar, em sua razão social, a expressão arranjo de pagamento, sem conceder empréstimos e financiamentos a
“Banco de Desenvolvimento” seguida do nome do Estado controlador. seus clientes.

Elas permitem que o cidadão possa fazer pagamentos sem que haja a
3.1.7 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico necessidade de se relacionar com bancos ou outras instituições financeiras.
e Social (BNDES) Utiliza-se um recurso financeiro movimentável — por exemplo, por meio
de um cartão pré-pago —, e o usuário pode portar valores e efetuar
O BNDES foi fundado em 1952 e é considerado um dos maiores bancos
de desenvolvimento do mundo. Atualmente, ele é o principal instrumento transações sem estar com moeda física; podemos citar como exemplos os
do Governo Federal para a concessão de crédito em longo prazo voltado cartões de vale-refeição e cartões pré-pagos em moeda nacional.
para o investimento em todos os segmentos econômicos do país. É importante destacar que as instituições de pagamento não são
Ele dá suporte aos empreendedores de todos os portes, inclusive pessoas empresas financeiras e não podem realizar as atividades privativas
físicas, na realização de seus planos de modernização, de expansão e na dessas instituições, como empréstimos e financiamentos. Mesmo assim,
viabilização de novos negócios, tendo sempre como meta a geração de a IP está sujeita à supervisão do Banco Central e deve se constituir como
empregos, de renda e de inclusão social no Brasil. sociedade empresária limitada ou anônima.
Como se trata de uma empresa pública, e não de um banco comercial, possui
critérios de avaliação na concessão de crédito que incluem os impactos 3.3 Corretoras e Distribuidoras
socioambientais e econômicos no país. Suas metas prioritárias são o
Vejamos, a seguir, seus tipos e como funcionam.
desenvolvimento regional, o desenvolvimento socioambiental e a inovação.

3.3.1 Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs)


3.2 Instituições de Pagamento
Tanto a Corretora de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) como a
Na configuração de instituições operadoras, uma Instituição de
Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) atuam nos
Pagamento (IP) é a empresa que torna possível a realização de serviços

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mercados financeiro, de capitais e cambial, intermediando a negociação
de títulos e valores mobiliários entre investidores e tomadores de
recursos. Elas oferecem serviços como: Qual a diferença entre corretoras e distribuidoras? Nenhuma!
Antes de 2009, somente a corretora podia atuar no mercado de ações.
▪ home broker (plataformas de investimento pela internet); Com a Decisão Conjunta 17/2009, a Comissão de Valores Mobiliários
▪ consultoria financeira; (CVM) e o Banco Central permitiram que as distribuidoras atuassem
▪ administração e custódia de títulos e valores mobiliários dos clientes. no mercado de ações, o que fez com que a diferença entre corretora
e distribuidora não existisse mais, já que, hoje, ambas podem realizar
Essas instituições podem cobrar comissões e taxas pela remuneração praticamente as mesmas operações.
dos serviços, devendo ser constituídas sob a forma de sociedade
anônima ou por quotas de responsabilidade limitada; além disso, são
supervisionadas tanto pelo Banco Central quanto pela Comissão de
Valores Mobiliários. 3.3.2 Corretoras de Câmbio
Dentre as atividades das corretoras e distribuidoras de títulos e valores Elas atuam, exclusivamente, no mercado cambial, fazendo a
mobiliários, as principais são: intermediação de operações entre clientes e bancos ou comprando e
vendendo moedas estrangeiras para seus clientes. São popularmente
▪ comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de
terceiros; conhecidas como casas de câmbio e são responsáveis pela realização de
operações financeiras de ingresso e envio de valores para o exterior e de
▪ operar em bolsas de mercadorias e de futuros por conta própria e de
terceiros; operações vinculadas à importação e exportação, desde que limitadas
ao valor de 100 mil dólares ou o seu equivalente nas demais moedas.
▪ intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores
mobiliários no mercado; ▪ Mas atenção: a diferença das corretoras de câmbio em relação aos
▪ operar em bolsas de valores; bancos que operam em câmbio é que estes atuam sem limites de
▪ administrar carteiras; valor e ainda podem realizar outras modalidades de operação, tais
▪ custodiar títulos e valores mobiliários. como financiamentos a exportações e importações, adiantamentos

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sobre contratos de câmbio e operações no mercado futuro de dólar A administradora de consórcios é uma pessoa jurídica prestadora de
em bolsa de valores. serviços, com objeto social principal voltado à administração de grupos
de consórcio, sendo constituída sob a forma de sociedade limitada ou
3.4 Cooperativas de Crédito sociedade anônima.

São instituições financeiras formadas pela associação de pessoas para Os grupos de consórcio caracterizam-se como sociedade não
prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Os personificada, com patrimônio próprio, que não deve ser confundido com
cooperados são, ao mesmo tempo, donos e usuários da cooperativa, o patrimônio dos demais grupos nem com o da administradora.
participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços.
3.6 Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e Futuros
Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais
serviços disponíveis nos bancos, como conta corrente, aplicações As bolsas de valores são sociedades anônimas ou associações civis
financeiras, cartão de crédito, empréstimos e financiamentos. Os que garantem um local adequado para que os agentes possam realizar
associados têm poder igual de voto, independentemente da sua cota transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. Elas são
de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não fiscalizadas e organizadas pela Comissão de Valores Mobiliários e possuem
visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais, e a adesão é livre autonomia financeira, patrimonial e administrativa (BRASIL, 2000).
e voluntária. As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, e
seus objetivos são distintos: devem fazer o registro, a compensação e
3.5 Administradoras de Consórcios a liquidação física e financeira das operações que foram realizadas em
pregão ou em sistema eletrônico.
O consórcio é a reunião de pessoas físicas e jurídicas, com prazo de
duração e número de cotas preestabelecidas, promovida por uma As bolsas de mercadorias e futuros são fiscalizadas pela Comissão
administradora. O objetivo do consórcio é proporcionar aos seus membros de Valores Mobiliários e também possuem autonomia financeira,
a aquisição de bens ou serviços, por meio do autofinanciamento. patrimonial e administrativa.

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Na Figura 4, temos a B3, a única instituição em funcionamento no país
que atua tanto no segmento de bolsas de valores como no segmento de
bolsas de mercadorias e futuros. Até 2008, havia, no Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa),
que negociava ações, e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que
negociava mercado futuro; as duas se fundiram, formando uma única
Bolsa, a BM&FBovespa. Em 2017, a ocorreu a fusão entre a BM&FBovespa
e a Central de Custódia e Liquidação de Títulos (Cetip), dando origem à
B3 (em referência às palavras “Brasil”, “Bolsa” e “Balcão”), que está ligada
a todas as bolsas de valores brasileiras. No entanto, mesmo sendo uma
única Bolsa, elas continuam atuando nos diferentes segmentos.

3.7 Seguradoras e Resseguradoras


As seguradoras, instituições constituídas sob a forma de sociedade
anônima, estabelecem contratos assumindo a obrigação de pagar
ao contratante (segurado) uma indenização caso ocorra o sinistro,
recebendo, para isso, o prêmio estabelecido.

Já as resseguradoras são instituições que realizam as operações de resseguro


e retrocessão e são organizadas sob a forma de sociedades anônimas.

3.8 Entidades Abertas de Previdência Complementar


Elas instituem e operam planos de benefícios previdenciários para as
Figura 6: Sede da B3 no centro de São Paulo. Fonte: Wikimedia Commons. pessoas físicas e são constituídas unicamente sob a forma de sociedades

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anônimas. A fiscalização é feita pelo Conselho Nacional de Seguros Imobiliário; Sociedade de Arrendamento Mercantil e Sociedade de
Privados (CNSP) e pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), Crédito ao Microempreendedor.
tendo o Ministério da Economia como órgão regulador e fiscalizador.
Neste capítulo, vimos que, dentro da economia mundial, de um modo
geral, sempre haverá agentes econômicos superavitários e agentes
3.9 Sociedades de Capitalização econômicos deficitários — é aí que entra o Sistema Financeiro Nacional,
As sociedades de capitalização fazem as transações de títulos de que nada mais é do que um conjunto imenso de entidades e instituições
capitalização. O titular deposita periodicamente e possui o direito de que, trabalhando em sintonia, ajudará a fazer essa troca do modo mais
resgatar parte do montante depositado, após o vencimento dos títulos, eficiente possível.
corrigido, por uma taxa de juros estabelecida contratualmente; ainda Como um órgão supervisor importante do SFN está o Banco Central, que
possui direito de concorrer a sorteios de prêmios em dinheiro, quando zela pela moeda e é o principal executor da política monetária, cuidando
previsto. Estão organizadas sob a forma de sociedades anônimas. para manter a inflação controlada e garantindo o poder de compra da
nossa moeda.
3.10 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC)
Os operadores do SFN, como os Bancos, seguradoras, corretoras dentre
Mais conhecidas como fundos de pensão, elas são operadoras de planos outros, são fiscalizados pelos seus supervisores específicos, os quais
de benefícios, sem fins lucrativos, constituídas na forma de sociedade atendem às normas feitas pelos órgãos normativos. É um organismo que
civil ou fundação. deve funcionar em equilíbrio, para o bem da economia e de todos.

3.11 Demais Instituições Não Bancárias


Ainda como instituições operadoras temos as agências de fomento;
Associação de Poupança e Empréstimo; Companhia Hipotecárias;
Sociedade Crédito, Financiamento e Investimento; Sociedade de Crédito

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Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2014.

BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social empresarial e


empresa sustentável: teoria prática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

BCB. Composição e segmentos do Sistema Financeiro Nacional. 2023.


Disponível em https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.
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BRASIL. BCB. Resolução nº 2690. Altera e consolida as normas que


disciplinam a constituição, a organização e o funcionamento das bolsas
de valores. 2000. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/
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HILÁRIO, E. Diferença entre bolsa de valores e bolsa de mercadorias e


futuros. StoneX, 2022. Disponível em: https://mercadosagricolas.com.br/
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PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

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