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CURSOS DE
GESTÃO
E
CONTABILIDADE E FINANÇAS
Docentes:
Elisabete Duarte
Joaquim Simão Duarte
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Índice
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
1. INTRODUÇÃO
Numa economia de mercado convivem diversos agentes cujas motivações são diferencia-
das. No que toca ao processo de poupança-investimento, esses agentes económicos (famí-
lias, empresas, Estado) podem ser divididos em duas categorias fundamentais:
O problema económico que se coloca é o de saber como podem os investidores obter re-
cursos para financiarem os seus projetos de investimento e quais as alternativas ao dispor
dos aforradores para uma aplicação adequada dos seus recursos excedentários.
Fonte: http://www.apb.pt/sistema_financeiro/o_que_e/
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
2. Os Mercados Financeiros
2.1. Objetivos
As consequências mais imediatas desta intermediação são a criação de ativos, uma maior
eficiência e liquidez.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
2.2. Funções
2.3. Segmentação
Mercado Financeiro
M. Primário M. Secundário
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Quanto ao tempo que medeia entre a fixação dos preços e a efetiva transação do bem te-
mos:
● Mercado à vista, a contado ou spot: onde as transações se fazem com entrega ime-
diata do bem;
● Mercado cambial: diz respeito às operações efetuadas com o exterior que envolvem
a compra ou venda de divisas. Estabelece a ligação entre a procura e a oferta de
moeda, definindo a própria taxa de câmbio. Esta última serve também para assegu-
rar a adequada competitividade dos produtos nacionais nos mercados internacionais.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
● Hedgers: o seu objetivo é fazer a cobertura total ou parcial do risco em que incorrem;
caracterizam-se por terem uma grande aversão ao risco.
● Famílias.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
https://www.bportugal.pt/pt-PT/Legislacaoenormas/Documents/RegimeGeral.pdf
A nova classificação das empresas financeiras faz uma distinção essencial subdividindo em
dois grupos principais as instituições de crédito e as sociedades financeiras. O sector dos
seguros e dos fundos de pensões passam a ter uma classificação autónoma como outras
instituições financeiras.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Fonte:http://www.apb.pt/sistema_financeiro/instituicoes_financeiras/
Fonte: http://www.apb.pt/sistema_financeiro/instituicoes_financeiras/
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
As sociedades financeiras são empresas que, não sendo classificadas como instituições de
crédito, têm como atividade uma ou mais das seguintes operações:
● Operações de pagamento;
Fonte: http://www.apb.pt/sistema_financeiro/modelo_de_supervisao_portugues
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
4. MERCADOS MONETÁRIOS
4.1. Funcionamento
No mercado monetário transacionam-se ativos financeiros que, por serem de curto prazo e
pela sua elevada segurança, podem ser considerados dinheiro.
1. Transferir fundos dos agentes que detêm excedentes temporários para as que têm
défices temporários;
2. Permitir a obtenção de um preço de equilíbrio (juro) que incentive o investimento e
desincentive o entesouramento;
3. Assegurar a competitividade com outros países, através de uma adequada taxa de
convertibilidade com outras divisas.
É comum quando se fala do mercado monetário, distinguir os produtos da dívida privada dos
produtos da dívida pública. É que estes últimos têm um peso muito grande no mercado mo-
netário e paralelamente podem servir fins de política monetária.
Torna-se também importante destacar um segmento muito especial dentro do mercado mo-
netário – os mercados interbancários –, pois é aí que são transacionados a maioria dos pro-
dutos de dívida pública de curto prazo.
Como parte do SEBC passou a falar-se do Eurossistema que é formado pelo BCE e pelos
BCNs dos Estados-membros integrantes da moeda única. É o Eurossistema, e não o SEBC
que leva a cabo a política monetária unificada. Assim sendo, os BCNs do Reino-Unido, Di-
namarca e Suécia – assim como os novos Estados-membros – fazem parte do SEBC mas
não do Eurossistema.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
O Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), instituído pelo Tratado da União Europeia em 1 de
junho de 1998, é composto pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais nacionais
dos Estados-Membros da União Europeia (UE).
O Eurosistema é constituído pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros da
UE que participam na área do euro, isto é, que adotaram o euro como moeda. Existem Estados-
Membros da UE que ainda não adotaram o euro, porque beneficiam de uma derrogação (não cum-
prem os necessários critérios) ou de um estatuto especial (estão abrangidos por uma cláusula de
isenção), pelo que é relevante a distinção conceptual entre SEBC e Eurosistema.
Atualmente, o SEBC é formado pelo BCE e pelos bancos centrais nacionais dos 28 Estados-
Membros da União Europeia. Os Estados-Membros participantes na área do euro são: Bélgica,
Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre, Letónia, Lituânia, Luxemburgo,
Malta, Países Baixos, Áustria, Portugal, Eslovénia, Eslováquia e Finlândia, pelo que os respetivos
bancos centrais e o BCE fazem parte do Eurosistema.
O SEBC inclui, além do Eurosistema, os bancos centrais da Bulgária, República Checa, Croácia,
Dinamarca, Hungria, Polónia, Roménia, Suécia e Reino Unido. Portugal é um Estado-Membro parti-
cipante, pelo que o Banco de Portugal integra, além do SEBC, o Eurosistema.
Os Estatutos do SEBC/BCE (Estatutos) constam de um protocolo anexo ao Tratado da União Euro-
peia e ao Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (Tratados). Entre outras disposições,
os Estatutos definem os objetivos, atribuições e organização do SEBC/BCE. Refletem a noção de
que os Estados-Membros adotarão o euro, mas contemplam os necessários ajustamentos relativa-
mente aos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros não participantes.
O objetivo primordial do SEBC/BCE é a manutenção da estabilidade de preços. Sem prejuízo deste
objetivo, o SEBC apoia as políticas económicas gerais e contribui para a realização dos objetivos
da União previstos nos Tratados.
As atribuições básicas cometidas ao SEBC/BCE são a definição e execução da política monetária
da União (concretamente da área do euro), a realização de operações cambiais e a detenção e
gestão de reservas cambiais oficiais dos Estados-Membros e a promoção do bom funcionamento
dos sistemas de pagamentos.
As atribuições estatutárias do SEBC/BCE incluem a contribuição para a boa condução das políticas
desenvolvidas pelas autoridades competentes no domínio da supervisão prudencial das instituições
de crédito e da estabilidade do sistema financeiro.
O BCE tem também funções consultivas, no domínio das suas atribuições, relativamente quer à
legislação comunitária quer à legislação nacional, sendo consultado pelas correspondentes autori-
dades.
Para o cumprimento das suas atribuições, o BCE atua ainda no domínio da compilação de informa-
ção estatística, coadjuvado pelos bancos centrais do SEBC, bem como no da cooperação e repre-
sentação internacional.
Fonte: http://www.bportugal.pt/pt-pt/obancoeoeurosistema/sistemaeuropeudebancoscentrais/Paginas/default.aspx
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
As operações do MMI podem ser de dois tipos – com ou sem garantia de títulos –, sendo
dominantes as operações sem garantia de títulos.
Nas operações sem garantia, as instituições podem ceder, sob confiança, fundos detidos
nas suas contas de depósito à ordem no Banco de Portugal a outras instituições autorizadas
a participar no mercado. As instituições intervenientes negoceiam livremente estas opera-
ções de permuta de fundos, no que respeita a:
A informação sobre cada operação é comunicada ao Banco de Portugal, que efetua os mo-
vimentos necessários à liquidação financeira e contabilização nas contas de depósito das
instituições envolvidas. Na data de vencimento das operações, o Banco de Portugal procede
automaticamente ao reembolso da operação e à liquidação dos respetivos juros, sem ne-
cessidade de intervenção das partes.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
ficados de Dívida) ou por outras entidades que emitam títulos reconhecidos por lei como
tendo natureza monetária.
● A taxa Eonia é divulgada diariamente pelo BCE, no início do dia e reflete a taxa mé-
dia ponderada das operações overnigth realizadas pelos bancos da zona Euro no dia
anterior.
Os Bilhetes do Tesouro (BT) são títulos de dívida pública emitidos a desconto por prazos
até um ano (91, 182, 364 dias), cuja responsabilidade de emissão e colocação compete, no
caso português, à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, E.P.E.
(www.igcp.pt). São valores mobiliários escriturais representativos de empréstimos da Repú-
blica Portuguesa inscritos em contas-títulos abertas na central de valores mobiliários SITE-
ME, gerida pelo Banco de Portugal, em nome das instituições registadoras.
Os Bilhetes de Tesouro são valores mobiliários de curto prazo com um valor unitário de um
euro, podendo ser emitidos com prazos até um ano, colocados a desconto através de leilão
ou subscrição limitada e reembolsáveis no vencimento pelo seu valor nominal.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Os Bilhetes de Tesouro constituíram desde a sua criação em 1985 e até 1998 um importan-
te instrumento de financiamento do Estado e de intervenção monetária. A alteração das
condições de definição e execução da política monetária resultante da criação da U.E.M. em
1999 e a adoção de uma estratégia de financiamento do Estado orientada prioritariamente
no sentido de desenvolver um mercado de títulos de médio e longo prazo com dimensão
europeia e suficiente liquidez, levaram à suspensão da emissão de Bilhetes de Tesouro no
início de 1999, situação que manteve até 2003.
O mercado secundário dos títulos da dívida pública portuguesa sofreu uma profunda trans-
formação com a criação do Mercado Especial da Dívida Pública (MEDIP) em 2000. O sur-
gimento do MEDIP veio criar condições para uma maior participação por parte de investido-
res e intermediários financeiros não residentes induzindo o aumento da liquidez e dos turno-
vers no mercado da dívida pública.
Após essa reforma que envolveu o IGCP enquanto representante do emitente, os Operado-
res Especializados em Valores do Tesouro (OEVT) enquanto principais participantes no
mercado e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e o Ministério das Fi-
nanças enquanto autoridades do mercado, a nível doméstico, o mercado secundário dos
títulos de dívida do Estado passou a apresentar uma estrutura assente em três segmentos
complementares:
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
mercado monetário interbancário com garantia do SITEME. Estas transações são registadas
na central de valores SITEME e podem ter ou não liquidação financeira em moeda banco
central.
Na data de vencimento dos títulos, as contas de depósito à ordem no Banco de Portugal das
instituições financeiras são creditadas pelo valor nominal dos BT detidos por contrapartida
do débito da conta de depósito à ordem do Tesouro no Banco de Portugal.
O rendimento dos Bilhetes de Tesouro é o resultante da taxa de juro à qual são negociados.
No mercado secundário a taxa de juro praticada é inferior à negociada no mercado primário,
de forma a garantir uma remuneração para as instituições financeiras. Os Bilhetes de Te-
souro são vendidos a desconto por dentro, isto é, o valor de aquisição dos Bilhetes de Te-
souro resulta da diferença entre o valor nominal e o juro (calculado sobre o valor de aquisi-
ção):
VA = VN –J (1)
J = VA × i × t (2)
Onde i é a taxa de juro anual e t é o prazo até ao vencimento (em anos, contando inclusive o
dia de vencimento).
VA = VN - VA × i × t
VN = VA × (1 + i × t) (3)
Logo:
V
Ni
V
A
t
1
(4)
︵ ︶
Exemplo 1:
O Banco X pretende comprar BT com o valor nominal de € 1 000 000,00. O prazo de aplicação é de
91 dias e a taxa oferecida é de 2,9%. Qual é o valor de aquisição a pagar?
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N
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
O papel comercial é um instrumento cuja emissão compete às empresas com vista ao seu
financiamento de curto prazo, através da captação de fundos diretamente no mercado mo-
netário. É um instrumento vocacionado para o financiamento de tesouraria das grandes em-
presas com boa imagem no mercado.
O papel comercial é o único valor mobiliário do mercado monetário da dívida privada. O de-
creto-lei que o regulamenta proíbe expressamente a emissão de valores mobiliários com
prazo inferior a um ano que não cumpram os requisitos do papel comercial. O decreto lei
que regulamenta a disciplina aplicável ao papel comercial, Dec. Lei 69/2004, data de 25 de
Março de 2004, tendo sido alterado Dec. Lei 52/2006 e, mais recentemente, pelo Dec. Lei
29/2014. Tem como objetivo permitir um funcionamento mais eficiente do mercado, mais
próximo da realidade europeia e ainda contribuir para a dinamização do mercado financeiro
português. A utilização deste tipo de títulos dispensa o registo comercial com o objetivo de
garantir uma maior funcionalidade e rapidez de procedimentos.
A definição de papel comercial diz que são papel comercial todos os valores mobiliários,
representativos de títulos de dívida, emitidos por sociedades comerciais ou civis por um pra-
zo inferior a um ano.
2. Obter, a favor dos detentores do PC, uma garantia que assegure o cumprimento
das obrigações de pagamento.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Tipos de emissão:
● Emissão simples
O papel comercial pode ser reembolsado até ao fim do prazo de emissão, ou seja pode ser
reembolsado antes do fim do prazo de emissão de acordo com as condições previstas no
programa de emissão. Eventualmente pode ser adquirido, em mercado secundário, pela
própria entidade emitente. Sempre que tal aconteça esse movimento é equivalente ao re-
embolso.
Os títulos podem ser nominativos ou ao portador registado e devem ter sempre a forma es-
critural. A taxa de juro depende das condições de mercado e da qualidade do emitente.
Atendendo aos montantes envolvidos em cada emissão estes instrumentos são subscritos,
normalmente, por investidores institucionais.
VR = VN + J (5)
J = VN × i × t (6)
Onde i é a taxa de juro anual e t é o prazo até ao vencimento (em anos, contando inclusive o
dia de vencimento).
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
VR = VN + VN × i × t
VR = VN × (1 + i × t) (7)
Logo:
V
Ri
V
N
t
1
(8)
︵ ︶
VA = VN –J (9)
J = VA × i × t (10)
Onde i é a taxa de juro anual e t é o prazo até ao vencimento (em anos, contando inclusive o
dia de vencimento).
VA = VN - VA × i × t
VN = VA × (1 + i × t) (11)
Logo:
V
Ni
V
A
t
1
(12)
︵ ︶
VA = VN - J (13)
J = VN × i × t (14)
Onde i é a taxa de juro anual e t é o prazo até ao vencimento (em anos, contando inclusive o
dia de vencimento).
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
VA = VN - VN × i × t
VA = VN × (1 - i × t) (15)
Logo:
V
Ai
V
N
t
1
(16)
︵ - ︶
Exemplo 2:
A empresa A emitiu papel comercial que foi colocado pelo valor nominal. Um investidor adquiriu papel
comercial da empresa A com o valor nominal de € 50 000,00, uma taxa de juro anual de 5% e por um
prazo de 90 dias.
Neste caso, o investidor adquire o papel comercial pelo valor nominal, ou seja, paga VN = €
50 000,00. Daí por 90 dias, o investidor será reembolsado pelo valor nominal acrescido dos juros, isto
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0
é,
Exemplo 3:
A empresa A emitiu papel comercial que foi colocado a desconto por dentro (Portugal). Um investidor
adquiriu papel comercial da empresa A com o valor nominal de € 50 000,00, uma taxa de juro anual
de 5% e por um prazo de 90 dias.
Agora, o investidor adquire o papel comercial por um valor inferior ao valor nominal, ou seja, paga
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t
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Exemplo 4:
A empresa A emitiu papel comercial que foi colocado a desconto por fora (E.U.A.). Um investidor
adquiriu papel comercial da empresa A com o valor nominal de € 50 000,00, uma taxa de juro anual
de 5% e por um prazo de 90 dias. Agora, o investidor adquire o papel comercial por um valor inferior
ao valor nominal, ou seja, paga
9 3
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A
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N
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.
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. Daí por 90 dias, o
investidor será reembolsado pelo valor nominal, isto é, VR = VN = € 50 000,00.
O papel comercial é representado por títulos nominativos que são transacionados livremente
e transmissíveis por endosso. Os prazos de emissão são livremente estabelecidos pelo emi-
tente e, no caso português, podem ir até aos dois anos, embora geralmente sejam inferiores
a um ano.
O papel comercial oferece vantagens quer para o seu emissor quer para o investidor: o pri-
meiro tem a possibilidade de se financiar a taxas de juro mais baixas e o segundo obtém
taxas de rendibilidade superiores às de outros instrumentos financeiros com um perfil de
risco e maturidade semelhantes.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
● Emissão com subscrição pública – Neste caso os valores mobiliários emitidos são
oferecidos a um número indeterminado de pessoas, que não estão previamente iden-
tificadas e sempre quando os títulos se transacionam publicamente, recorrendo à
publicidade através dos serviços fornecidos pelas instituições financeiras. Note-se
que no caso de ações emitidas por sociedades cotadas em Bolsa de Valores existe
sempre subscrição pública, ainda que a emissão seja exclusivamente destinada aos
acionistas.
1 Ambas as sociedades são intermediários financeiros cuja atividade geral está associada à realização de opera-
ções de bolsa. As sociedades financeiras de corretagem distinguem-se das sociedades corretoras na medida em
que as primeiras podem executar operações por conta própria enquanto as últimas apenas o podem fazer por
conta de clientes.
2 Títulos representativos dos direitos adquiridos pelos subscritores.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
● Emissão com subscrição direta – quando é realizada diretamente pela entidade emi-
tente embora possa ter o apoio de entidades financeiras.
● Emissão com subscrição indireta – quando a subscrição dos títulos é feita indireta-
mente através de uma, ou mais, instituições financeiras.
A execução das suas funções, no caso de uma subscrição pública, pode ser faseada em
quatro:
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para o bom funcionamento deste mercado é necessário que existam mecanismos que facili-
tem as transações dos valores mobiliários. Uma das instituições mais importantes do mer-
cado secundário é a bolsa de valores. Esta é uma instituição especializada onde existe um
mercado livre onde, por intervenção de agentes autorizados, se realizam operações de
compra e venda de valores mobiliários. Neste ponto da matéria vamos centrar a nossa aten-
ção nos mercados em bolsa, dado que são um tipo de mercado secundário organizado com
características muito próprias que nos interessa aqui aprofundar.
A origem da bolsa de valores pode ir-se buscar a épocas tão longínquas como o início da
troca indireta motivada pela divisão do trabalho e pelas dificuldades inerentes à troca direta
de bens. O enorme desenvolvimento do comércio na idade média, o desenvolvimento de
processos de comercialização assentes em grandes feiras que se realizavam um pouco por
toda a Europa, trouxe a impulso decisivo para a formação da bolsa.
Podem sintetizar-se três origens possíveis do termo “bolsa” aplicadas aos mercados em que
se transacionam valores mobiliários:
1. O termo deriva do nome de uma família de banqueiros de Bruges os Van Der Bur-
se. No século XIV era usual reunirem-se em casa da família agentes, como por
exemplo armadores e cambistas, para realizar operações de natureza financeira.
Ia-se a casa dos Burse e passou-se a ir à bolsa.
2. Outra versão relaciona o nome com as insígnias da família Van Der Burse que
eram três bolsas.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para comprar ou vender valores mobiliários em bolsa, os investidores têm que transmitir
uma ordem a um intermediário financeiro que aí possa intervir diretamente. As ofertas de
compra e venda de valores mobiliários podem ser dadas por escrito, oralmente3 ou através
da Internet. Os investidores fazem as suas ofertas de compra ou venda de valores mobiliá-
rios aos corretores, mas para que os mercados sejam funcionais é necessário uniformizá-
las.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
O preço stop é um preço de referência a partir do qual a ordem se torna ativa. No ca-
so de uma ordem de venda stop o raciocínio será o inverso.
Os investidores podem também definir um prazo de validade para as suas ordens. Se não o
fizerem, as ordens são válidas apenas até ao fim do dia em que forem dadas. O prazo de
validade das ordens não pode, em qualquer caso, exceder um ano.
1. Negociação de viva voz – em que os corretores fazem a apresentação oral das su-
as ordens;
2. Negociação por sistema automático – em que as ordens são inseridas num sistema
informático que faz depois a conjugação entre as ordens de compra e de venda em
torno de um título;
3. Negociação mista – em que é feito uso dos dois sistemas anteriormente descritos.
● Negociação em contínuo;
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
2.º - Havendo vários preços nessa situação, deve-se escolher o que deixar uma menor
quantidade por transacionar;
3.º - Se mais do que um preço deixar por transacionar a mesma quantidade, é escolhido
o preço que provocar menor variação face ao último preço de fecho realizado em
sessão de Bolsa anterior;
4.º - Se não existir o último preço de fecho, será escolhido o preço que provocar menor
variação face a um preço de referência;
5.º - Não sendo viáveis os quatro critérios anteriores, seleciona-se o preço mais baixo.
Negociação em contínuo
Regras de prioridade
● As ofertas a melhor preço têm prioridade sobre as de pior preço (prioridade preço);
● Havendo ofertas a preço igual, têm prioridade as ofertas introduzidas há mais tempo
no sistema de negociação (prioridade tempo)
Exemplo 5:
Formação das cotações
Negociação em leilão
Ação da sociedade X
Última cotação: 21,35
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Ordens de bolsa
Quadro resumo
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
2. O regime de amortização:
● reembolso na maturidade – o reembolso é efetuado de uma única vez no fim
da vida do título;
● reembolsos periódicos constantes;
● reembolsos periódicos de valor progressivo.
● Obrigações com opção de compra (call option) – conferem à entidade emitente o di-
reito de amortizar, parcial ou totalmente, os títulos antes de estes atingirem a sua
maturidade;
● Obrigações com opção de venda (put option) – conferem aos investidores ou obriga-
cionistas o direito de serem reembolsados antes da maturidade dos títulos;
● Obrigações participantes – proporcionam aos seus titulares o direito a um juro fixo e
a um juro suplementar ou prémio de reembolso cuja existência e montante depen-
dem dos lucros realizados pela empresa emitente;
● Obrigações com warrants – além de terem as características das obrigações clássi-
cas, têm também associado um direito (warrant) de subscrever um número pré-
determinado de ações a um determinado preço que, em geral, é determinado na altu-
ra da emissão;
● Obrigações convertíveis – conferem aos seus titulares o direito de conversão em
ações da sociedade emitente, num número pré-fixado;
● Junk bonds – obrigações emitidas por empresas que se situam num nível de rating
inferior aos quatro primeiros.
O montante do empréstimo que tem de ser pago na maturidade é geralmente designado por
capital ou principal. O reembolso do capital pode ser feito pela totalidade de uma só vez, na
maturidade, ou em várias parcelas do total ao longo da vida do empréstimo. O cupão é o
juro pago periodicamente aos subscritores durante a vida do contrato e obtém-se por aplica-
ção de uma taxa de juro.
Quando se pretende transacionar uma obrigação importa identificar todos os cash-flows que
a mesma irá gerar até ao fim da sua vida útil.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
As cotações (preços) da maioria das obrigações são dadas em percentagem do valor nomi-
nal. Para converter a cotação de percentagem para valor monetário basta multiplicar a cota-
ção pelo valor nominal.
Exemplo 6
Suponha uma obrigação, com valor nominal de € 5,00, cotada a 90,55. O preço desta obrigação é de
90,55% x VN = 0,9055 x 5,00 = 4,5275 = € 4,53.
Exemplo 7
Suponha uma obrigação, com valor nominal de € 5,00, cotada a 102,25. O preço desta obrigação é
de 102,25% x VN = 1,0225 x 5,00 = 5,1125 = € 5,11.
i VN
rC
PC
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Exemplo 8
Uma obrigação, com valor nominal de € 5,00, paga um cupão anual à taxa de 5%. Esta obrigação
está cotada a 90,55. Qual é a taxa de rendimento corrente?
i VN 0,05 5,00
r 0,0552 5,52%
c P 4,5275
c
Pt Pt 1 j t
rt ,
Pt 1
Exemplo 9
Uma obrigação, com valor nominal de € 5,00, paga um cupão anual à taxa de 5%. Um investidor ad-
quiriu esta obrigação a 90,55 e vendeu-a passado um ano por 102,25. Qual é a taxa de rendibilidade
periódica do investimento?
● C - Valor atual
O valor ou preço atual ( P0 ) de uma obrigação é dado como a soma dos cash-flows futuros
atualizados, ou seja,
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
N
CFt
P0 (1 r )
t 1
t
,
Exemplo 10
Uma obrigação, com valor nominal de € 5,00, paga um cupão anual à taxa de 5% e é reembolsada
pelo valor nominal daqui a 2 anos. As obrigações com um nível de risco semelhante oferecem uma
rendibilidade de 4%. Qual é o seu valor atual?
N
CFt 0,05 5,00 0,05 5,00 5,00
P0 5,0943 €5,09
t 1 1 r
t
1 0,04
1
1 0,042
Exemplo 11
bom investimento pois existem possibilidades de realizar mais-valias ou obter uma rendibilidade su-
perior.
36
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
N
CFt
PC (1 y )
t 1
t
,
Se o preço da obrigação for igual ao valor nominal, então a taxa de rendimento até à maturi-
dade é igual à taxa de cupão.
Exemplo 12
N
CFt 0,05 5,00 0,05 5,00 5,00
PC 4,5275 y 0,1048 y 10,48%
t 1 1 y t
1 y
1
1 y 2
37
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
A cotação de uma obrigação nem sempre representa, mesmo que em equilíbrio, o seu valor.
Isto porque, quando se transacionam obrigações, há que ter em conta não só o preço, mas
também os juros decorridos entre a data de vencimento do último cupão e a data de liquida-
ção da transação.
Assim, a cotação das obrigações – que toma a designação de "preço ex-juro" ou clean price
- difere do seu valor dado que não incorpora o valor dos juros decorridos nem entra em con-
sideração com os encargos existentes na transação de títulos.
Com efeito, a transação de obrigações, no período que medeia entre o pagamento de dois
cupões consecutivos, leva a que o comprador tenha de pagar ao vendedor o valor dos juros
decorridos desde o último cupão.
Uma vez que este valor não está incorporado na cotação, há este esforço financeiro adicio-
nal, pois quem deteve o título em carteira, desde a data do último vencimento de juros, foi o
vendedor; logo, tem direito a essa parcela do cupão. Não pense, no entanto, que o compra-
dor sai lesado deste processo, pois ele paga no ato da compra o valor dos juros decorridos,
mas, no final do período de contagem de juros, recebe o cupão por inteiro, pelo que, em
termos líquidos, ele apenas fica com a parcela do juro correspondente à fração do período
de tempo em que teve o titulo em carteira.
Para a determinação dos juros decorridos é necessário contar os dias entre a data de ven-
cimento do último cupão e a data de liquidação financeira da transação. Assim, para além
do preço da obrigação, o comprador vai entregar ao vendedor um valor igual ao produto do
número de dias decorridos pelo juro diário da obrigação.
Para além do cálculo dos juros decorridos, a realização de transações em Bolsa ou fora de
Bolsa envolve o pagamento de taxas ou comissões que acrescem ao preço de compra e
deduzem ao preço de venda. Neste sentido, para ambos os agentes intervenientes na ope-
ração, comprador e vendedor, qualquer comissão corresponderá a um encargo adicional: o
comprador adiciona-as para saber qual o valor total a pagar, enquanto o vendedor subtrai
esta despesa ao valor a receber.
38
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Exemplo 13
Considere a OT Setembro 2013 – 5,45%
● Valor Nominal: 1 000 euros
● Vencimento de juros: anual, a 23 de setembro
● Taxa de juro anual: 5,45%
● Ano de emissão: 1998
● Data de amortização: 23 de setembro de 2013
● Base de contagem dos juros: atual/ 360
Suponha que vendeu estas obrigações no dia 19 de novembro de 2007 pelo preço de 104,61%.
Qual o encaixe unitário da venda se os custos totais da transação forem de 3,2‰?
→ Valor da transação = 104,61 % x 1000 euros = 1.046,1
→ Juro decorrido = Dias decorridos x Juro Diário
→ Dias decorridos entre o último vencimento e a liquidação:
Último vencimento de cupão: 23 de Setembro de 2007
Data de Liquidação: 22 de Novembro de 2007 (3 dias úteis depois da transação)
Número de dias decorridos: 60 dias (7 dias de Setembro + 31 dias de Outubro + 22 dias de Novembro)
→ Juro Diário = 5,45%/360 x € 1.000 = € 0,151388889
→ Juro Decorrido = 60 dias x € 0,151388889 = € 9,08
→ Custos da Transação =3,2 ‰ x € 1.046,1 = € 3,35
→ Encaixe unitário da venda = € 1.046,1 + € 9,08 – € 3,35 = € 1.051,71
→ Despesas do Comprador = € 1 046,1 + € 9,08 + € 3,35 = € 1 058,41
A duração de Macaulay (D) é uma medida que serve para quantificar a exposição do preço
da obrigação ao risco de taxa de juro, dado que evidencia o tempo médio necessário à re-
cuperação do preço pago pelo investidor, através do recebimento dos juros e do capital. A
duração corresponde à vida média ponderada do valor atual dos cash-flows gerados por
uma obrigação, sendo o fator de ponderação a proporção do valor atual de cada um desses
fluxos em relação ao valor atual da obrigação.
N
t CFt
(1 r )
t 1
t
D ,
P0
39
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Exemplo 14
Isto significa que o investidor demora 1,95 anos (1 ano e 347 dias) a recuperar o investimento reali-
zado nesta obrigação.
40
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para imunizar uma carteira de obrigações apenas temos que garantir que o horizonte tem-
poral do investimento é igual à duração da carteira4. A técnica garante-nos a obtenção de
um determinado valor fixo no término do horizonte temporal do investimento. Note-se que só
é aplicável à gestão de carteiras de obrigações com rendimentos fixos que são, no entanto,
também as que estão mais sujeitas ao risco de taxa de juro.
Exemplo 15
Suponha que um determinado investidor necessita de ter disponível, dentro de 4 anos, 50.000 euros
para fazer face a um pagamento.
Ao analisar as obrigações disponíveis no mercado encontrou as obrigações da empresa Alfa S.A. nas
seguintes condições:
● Valor nominal = € 1
● Taxa de juro fixa anual: 12,5%
● Maturidade: 5 anos
● Tipo de reembolso: in fine
● Obrigações com o mesmo nível de risco rendibilidade: 12,5%
41
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Significa que uma obrigação que atualmente se compra por € 1 vale daqui a quatro anos €
1,602. Logo é necessário, para que tenha disponíveis 50.000 euros daqui a quatro anos,
que este investidor adquira neste momento 31.250 obrigações da empresa Alfa S.A..
Neste caso particular imunizar uma carteira constituída por obrigações da empresa Alfa S.A.
é garantir que no término do horizonte temporal de investimento (neste caso 4 anos) cada
uma das obrigações vai render exatamente € 1,60.
Estes resultados derivam do facto de a variação da taxa de juro ter dois efeitos distintos:
42
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Em resumo:
Preço da obrigação
Convém apenas não esquecer que determinados riscos, como sejam o risco de crédito e
risco de incumprimento, não se conseguem contornar com o uso desta técnica.
O exemplo dado tem apenas uma única obrigação, no caso de uma carteira de obrigações a
duração da carteira é obtida como uma média ponderada (pela percentagem do ativo na
carteira) das durações dos títulos que a compõem. Assim, a estratégia de imunização permi-
te, quando aplicada a uma carteira de obrigações, garantir um dado rendimento futuro cor-
rendo apenas um risco pré-determinado (a diversificação do investimento aliada ao uso do
rating permite diminuir os riscos de crédito e de liquidez).
43
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
6.2. Ações
As ações são títulos de rendimento variável representativos do capital social das socieda-
des anónimas, que têm vida ilimitada.
Cotação
PER ,
RLPA
Resultado Líquido
RLPA .
nº de acções
44
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Este indicador pode interpretar-se como o número de anos que o investidor demora a recu-
perar o investimento em ações, assumindo que os resultados da empresa se mantêm está-
veis.
Cotação
PCF ,
CFPA
Cotação
PBV ,
VCPA
Capital Próprio
VCPA .
nº de acções
Este indicador permite verificar até que ponto o valor da cotação se afasta do valor contabi-
lístico, o que pode indiciar um salto especulativo se o rácio apresentar valores muito eleva-
dos.
45
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Relativamente aos aumentos de capital por novas entradas alguns autores, nomeadamente
Silva, Pereira e Rodrigues (2006), distinguem:
Os aumentos de capital por incorporação de reservas implicam apenas uma alteração quali-
tativa do capital próprio, não havendo qualquer alteração do seu valor. É uma mera opera-
ção contabilística que consiste em transferir para o capital social um valor de reservas que já
integrava os capitais próprios, implicando assim a distribuição gratuita de ações pelos acio-
nistas ou a alterar o valor nominal das ações já existentes, caso de ações com valor nominal
(Silva, Pereira e Rodrigues, 2006; Alarcão et. Al., 1999).
Os aumentos de capital por novas entradas implicam sempre um aumento do valor do capi-
tal próprio. No caso das novas entradas serem em dinheiro ou outros bens implica um
acréscimo efetivo dos meios de ação da sociedade, pois o aumento do ativo corresponde às
entradas efetuadas contribuindo assim para um acréscimo efetivo do seu potencial econó-
mico. Se as entradas são consistentes em créditos sobre a sociedade o ativo não se altera,
verificando-se apenas uma diminuição do passivo (Silva, Pereira e Rodrigues, 2006; Alarcão
et. Al., 1999).
46
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Convém no entanto referir que na modalidade de aumento de capital por novas entradas só
existem direitos de preferência para os acionistas se as entradas forem consubstanciadas
em dinheiro e outros bens e se estivermos na presença da emissão de novas ações. Assim,
vamos apenas considerar para este efeito as seguintes modalidades de aumentos de capi-
tal:
Como se viu no ponto anterior, os aumentos de capital social proporcionam direitos aos aci-
onistas, mas dependem do tipo de aumento de capital. Os aumentos de capital por incorpo-
ração de reservas proporcionam direitos de incorporação e os aumentos de capital por no-
vas entradas com emissão de novas ações proporcionam direitos de subscrição. Pode ainda
haver situações em que as empresas optem por aumentar em simultâneo o capital por no-
vas entradas e incorporação de reservas e nesta situação haverá lugar a dois tipos de direi-
tos.
Existe ainda um outro período que serve para os detentores dos direitos (já possuídos ante-
riormente ou adquiridos especificamente) poderem exercê-los. Neste período, os detentores
dos direitos (valores mobiliários) podem optar por confirmar que pretendem por subscrever
ações ou receber ações gratuitamente (embora esta situação seja quase sempre automáti-
ca) e caso não o façam perdem o valor que lhe está inerente (Alarcão et. all, 1999; BVLP,
2001a; Mota e Tomé, 1992; Brealey, Myers e Allen, 2007)
47
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Como já foi referido anteriormente os aumentos de capital por incorporação de reservas não
implicam qualquer alteração no valor do capital próprio e na maior parte dos casos procede-
se à emissão de novas ações que são distribuídas gratuitamente pelos acionistas. Esta dis-
tribuição é feita de forma proporcional em função das ações detidas anteriormente e consti-
tui assim um direito para o acionista, que passaremos a designar por Direitos de Incorpora-
ção (DI).
Como veremos adiante, o acionista pode ter interesse em alienar ou até adquirir direitos e
para isso é necessário determinar o valor desses direitos.
Assim para mostrar a forma como se determina o valor dos direitos de incorporação apre-
senta-se seguidamente um caso prático adaptado de Alarcão et. Al., (1999)
Caso Prático:
Um dos acionistas da empresa Alfa, SA era o acionista K que detinha 1000 ações antes do
aumento de capital. A principal questão que se coloca nesta fase é:
Para responder a esta questão é necessário em primeiro lugar encontrar o fator de incorpo-
ração:
Esta fração indica-nos que cada acionista receberá uma ação por cada duas que possuía
(ou por cada dois direitos de incorporação). O numerador da fração indica-nos por isso o
número de ações novas a receber enquanto o denominador indica-nos a quantidade de
ações que é necessário possuir (ou o número de direitos de incorporação que é necessário
deter). Convém também referir que este fator pode ser apresentado sob a forma de uma
fração ou sob a forma de um número decimal.
Como o acionista K possuía 1.000 ações significa que detinha 1.000 direitos de incorpora-
ção (DI) e vai receber, neste aumento de capital:
Nesta situação o acionista K não tem necessidade de transacionar os direitos que possuía,
limitando-se a receber as ações, mas poderia acontecer essa situação.
Suponhamos que o acionista W possuía 801 ações antes do aumento de capital. Para ver
quantas ações o acionista receberia, aplicamos novamente o FI ao número de ações ou de
direitos:
49
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Como este acionista não poderá receber 400 ações e mais metade de outra, já que as
ações são indivisíveis, colocam-se três possibilidades ao acionista:
Limitar-se a receber apenas o maior dos números inteiros que cabem no número
400,5, perdendo assim 0,5 acções;
Repare-se que em nenhuma das possibilidades o acionista W transaciona ações. Ele conti-
nua com as 801 ações que possuía anteriormente. O que ele vende ou compra são direitos
de incorporação.
Na segunda situação ele fica no final com 1201 ações (801 detidas anteriormente mais 400
recebidas gratuitamente).
Na terceira situação ele fica no final com 1202 ações (801 detidas anteriormente mais 401
recebidas gratuitamente).
Como na primeira situação há uma perda de valor, vamos abandonar esta possibilidade.
Então como nos resta apenas a possibilidade em que há transação de direitos, coloca-se
neste momento a seguinte questão:
Há que encontrar um preço justo a que esses direitos possam ser transacionados. Este pre-
ço está intimamente ligado com o preço de mercado das próprias ações, já que os direitos
dão acesso a possui-las.
Neste caso de aumento de capital por incorporação de reservas, o valor da empresa man-
tém-se constante. Não há qualquer valor novo a entrar na empresa. O valor do ativo ou do
património líquido não se altera, há apenas uma alteração qualitativa na composição do ca-
50
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
pital próprio, modificando-se apenas o seu capital social e por conseguinte o número de
ações representativas desse capital.
Assim, antes de calcular o valor dos direitos de incorporação há que encontrar o valor ajus-
tado do preço das ações em mercado, porque se a capitalização bolsista se mantém (já que
não há alteração alguma no valor da empresa, no seu património líquido ou ativo), mas au-
menta o número de ações, consequentemente o valor de cada ação no mercado diminui
exclusivamente em consequência deste aumento de capital.
O preço teórico, preço ajustado ou preço de equilíbrio, para a ação (Pt), após o aumento de
capital é dado pela expressão:
Pt = [3]
Nº total de ações emitidas
Ou então:
Pt = [4]
nº de ações antigas + nº Ações novas
O valor da capitalização bolsista não sofre qualquer alteração em consequência desta ope-
ração, por isso o numerador da fração é apenas a capitalização bolsista antes do aumento
de capital.
Aplicando agora esta expressão ao nosso caso prático e considerando que as ações da
empresa Alfa, SA estavam cotadas a € 2,1 imediatamente antes do aumento de capital, ou
seja a última cotação antes das ações entrarem no período ex-direitos:
51
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Após termos encontrado o valor ajustado da ação à operação em causa ou preço teórico (Pt)
a etapa seguinte consiste então em encontrar o valor dos direitos de incorporação (VDI).
Vamos agora supor que o investidor H não possui qualquer ação da empresa Alfa, SA mas
pretende obter uma ação. Supomos ainda que estamos no período em que as ações são
negociadas ex-direitos e que se podem transacionar direitos de incorporação. Então este
investidor tem duas possibilidades de alcançar o seu objetivo – deter uma ação da empresa
Alfa, SA:
Adquirir uma ação ao preço de mercado (consideramos que a cotação não se altera
e por conseguinte este valor seria Pt)
Adquirir dois direitos de incorporação para lhe ser atribuído uma ação (recorde-se
que o FI é igual a 1/2)
Havendo então estas duas possibilidades o valor dos direitos de incorporação que preten-
demos encontrar será aquele que torne indiferente, para o investidor, estas duas possibili-
dades, ou seja, adquirir a ação diretamente no mercado ou adquirir direitos de incorporação
e receber a ação gratuitamente.
Situação de indiferença:
2 x VDI = 1 x Pt
VDI = (1/2) x Pt
VDI = FI x Pt
VDI = (1/2) x € 1,4 = € 0,7
Este valor é um valor teórico ou de equilíbrio para os direitos de incorporação. Valor a que
os direitos se deveriam transacionar em bolsa, tendo em consideração o valor teórico ou
ajustado das ações de € 1,4.
Genericamente temos:
VDI = FI x Pt [5]
ra, ou seja, o aumento de capital por incorporação de reservas de per si não altera a sua
situação:
Antes do aumento detinha 1.000 ações avaliadas a € 2,1, pelo que a sua carteira
valia € 2.100.
Os atuais acionistas poderão subscrever as novas ações, com preferência relativamente aos
novos investidores (art. 458.º do CSC). Esta preferência tem um valor e cada acionista pode
transacionar esses direitos, havendo assim que calcular o valor desses direitos, tal como foi
efetuado para os direitos de incorporação.
Tal como se fez anteriormente vamos continuar com o Caso Prático da empresa Alfa, SA
para exemplificarmos a forma como encontrar o valor teórico desses direitos (Alarcão et
al,1999).
Supondo que a empresa Alfa, SA, pretende efetuar um grande investimento, necessitando
assim de mais fundos. Após vários estudos foi decidido em Assembleia Geral um aumento
de capital por entrada de dinheiro.
53
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
A cotação das ações da empresa Alfa, SA, imediatamente antes do aumento de capital (an-
tes de entrarem no período ex-direitos) era de € 1,5.
Questão 1:
O acionista K, tal como os outros acionistas, tem direito à aquisição de um número proporci-
onal às ações detidas, de forma a que mantenha a mesma quota parte no capital.
Isto significa que cada acionista poderá subscrever 2 ações por cada 3 ações (ou direitos de
subscrição) que possua. Esta relação de proporcionalidade é o Fator de Subscrição (FS). À
semelhança do que se referiu para o fator de incorporação também aqui o numerador da
fração indica-nos o número de ações novas (neste caso a subscrever), enquanto o denomi-
nador indica-nos a quantidade de ações que é necessário possuir (ou o número de direitos
de subscrição que é necessário deter). Também agora este fator pode ser apresentado sob
a forma de uma fração ou sob a forma de um número decimal.
54
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para se obter o número de ações que cada acionista poderá subscrever teremos que multi-
plicar o fator de subscrição (FS) pelo número de ações detidas antes do aumento (ou direi-
tos de subscrição).
Questão 2:
O acionista K pode subscrever 1.000 ações. É uma opção que ele tem. Pode fazê-lo ou não.
É uma decisão dele. Esta decisão vai depender fundamentalmente do valor que terá que
despender. Como o preço de subscrição definido é de € 1,3 então terá que pagar:
Questão 3:
Para se encontrar o novo valor teórico das ações ou ajustado, também designado de equilí-
brio, vamos usar o mesmo princípio anterior: Divisão do valor de mercado pelo número total
de ações. A principal diferença entre esta situação e a anterior (aumento de capital por in-
corporação de reservas) é que agora há um acréscimo de valor na capitalização bolsista,
porque os acionistas ao subscreverem as ações entregam o preço de subscrição. Há um
aumento do ativo e do capital próprio.
55
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Assim, é necessário adicionar este valor do aumento do capital próprio à capitalização bol-
sista da empresa antes do aumento de capital e posteriormente dividir esta soma pelo total
de ações emitidas:
7.100.000
Pt = = € 1,42
5.000.000
O valor € 1,42 é então o novo valor das ações, o preço teórico ou valor ajustado.
Questão 4:
56
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Após termos encontrado o valor teórico das ações, importa agora encontrar o valor dos direi-
tos de subscrição (VDS). Esta questão é importante na medida em que qualquer investidor
pode querer transacionar direitos, não só pela razão apresentada anteriormente para os
direitos de incorporação (não se obter um número inteiro para as ações a receber ou a
subscrever), mas porque podem não querer subscrever ações por implicar dispêndio de
fundos, podendo assim não desperdiçar os direitos que possuem.
Então para se encontrar o valor dos direitos, usamos o mesmo raciocínio ao efetuado para
os direitos de incorporação. Admitamos um investidor F que não possui qualquer ação da
empresa Alfa, SA, mas pretende obter duas ações. Supomos ainda que estamos no período
em que as ações são negociadas ex-direitos e que se podem transacionar direitos de subs-
crição. Então este investidor tem duas possibilidades de alcançar o seu objetivo – deter du-
as ações da empresa Alfa, SA:
Adquirir duas ações ao preço de mercado (consideramos que a cotação não se al-
tera e por conseguinte este valor seria Pt)
Adquirir três direitos de subscrição para poder subscrever duas ações pagando o
preço de subscrição estipulado (recorde-se que o FS é igual a 2/3)
Havendo então estas duas possibilidades, o valor dos direitos de subscrição que pretende-
mos encontrar será aquele que torne indiferente, para o investidor, estas duas possibilida-
des, ou seja, adquirir as ações diretamente no mercado ou adquirir direitos de subscrição e
exercer os direitos subscrevendo as ações.
Situação de indiferença:
2 x Pt = 3 x VDS + 2 x PS
2 x Pt ̶ 2 x PS
VDS = = 2/3 x (Pt ̶ PS)
3
Então:
57
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Este valor é um valor teórico ou de equilíbrio para os direitos de subscrição. Valor a que os
direitos se deveriam transacionar em bolsa, tendo em consideração o valor teórico ou ajus-
tado das ações de € 1,42.
Genericamente temos :
Antes do aumento detinha 1500 ações avaliadas a € 1,5, pelo que a sua carteira va-
lia € 2.250.
Nesta fase e antes de estudarmos a terceira situação em que simultaneamente temos incor-
poração de reservas e subscrição de ações reservada a acionistas, é importante realçar que
quer o valor dos direitos de incorporação quer o valor dos direitos de subscrição são valores
teóricos e não passam disso mesmo.
É possível efetuar aumentos de capital divididos em duas partes: uma parte por incorpora-
ção de reservas e outra parte por subscrição de novas ações.
Nesta situação os acionistas têm dois tipos de direitos: Os direitos de incorporação e os di-
reitos de subscrição. O valor destes direitos depende do preço teórico ou ajustado das
ações após o aumento de capital pela sua totalidade, já que é em simultâneo.
58
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
O valor teórico das ações encontra-se usando o mesmo raciocínio anterior ou seja o preço
teórico das ações é o valor de mercado da empresa tendo em consideração o aumento de
capital (capitalização bolsista antes do aumento adicionada pelas entradas de valores resul-
tantes do aumento) dividido pelo número total de ações.
VDI = FI x Pt [12]
Voltando novamente ao caso prático, consideremos que se a empresa Alfa, SA tivesse efe-
tuado apenas um aumento de capital em simultâneo por incorporação de reservas e por
novas entradas com subscrição reservada a acionistas em vez de os ter feito em separado
como consideramos anteriormente, então teria passado de uma só vez de € 2.000.000 para
€ 5.000.000 emitindo 3.000.000 de ações assim distribuídas:
Consideremos ainda que a cotação das ações no momento antes do aumento de capital
(antes de entrarem no período ex-direitos) era de €1,9.
59
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para encontrar o valor dos direitos temos que encontrar primeiro os fatores de incorporação
e de subscrição:
1.000.000
Fator de Incorporação (FI) = = 1/2
2.000.000
2.000.000
Fator de Subscrição (FS) = = 2/2 = 1/1
2.000.000
Assim cada acionista recebe uma ação gratuitamente por cada duas ações (ou direitos de
incorporação) que detenha, em virtude da parte da incorporação de reservas no capital e
60
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
poderá subscrever uma ação por cada ação (ou direito de subscrição) que possua em rela-
ção à parte do aumento de capital por subscrição de ações.
Tal como anteriormente se mostrou, também nesta situação o valor da carteira de um acio-
nista não se altera em virtude do aumento de capital porque estamos a trabalhar com valo-
res de equilíbrio. Se considerarmos novamente o acionista K e considerando que ele detinha
1.000 ações (recorde-se que voltamos à posição inicial), então podemos ver que a situação
patrimonial mais uma vez continua inalterada.
Antes do aumento detinha 1.000 ações avaliadas a € 1,9, pelo que a sua carteira
valia € 1.900.
Após o aumento (e antes do exercício de direitos) possuía as mesmas 1.000 ações,
mas agora com um preço teórico ou ajustado de € 1,24, mais 1.000 direitos de in-
corporação com um valor de € 0,62 mais 1.000 direitos de subscrição com um valor
de € 0,04. Se somarmos os três valores (€ 1.240 + € 620 + € 40) verificamos que a
sua carteira continua a ter um valor de € 1.900.
61
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
7. Operações em Conta-Margem
Expetativas
Subida de preços Descida de preços
Mercado à vista Compra de ativos Venda de ativos
62
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
63
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
8. Mercados a prazo
Não é mais possível a um profissional deixar de estar preparado com conhecimentos que
lhe permitam atuar nos mercados e compreender os contratos de futuros e opções cuja ne-
gociação se estabelece nas bolsas, ou os contratos forward, os acordos de swap e uma
variedade de outras opções negociadas fora das bolsas, naquilo que convencionou chamar-
se mercados over-the-counter.
64
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Para fazer face a estes problemas, surgem os contratos firmes a prazo, ou seja, contratos a
prazo transacionados em bolsa.
Assim, deixa de ser necessário procurar a contraparte e é mais fácil obter um acordo sobre
as cláusulas do contrato, graças à estandardização, o que leva a uma diminuição da moro-
sidade negocial. Para além disso, por se efetuarem numa bolsa, proporcionam uma maior
segurança (superintendência das operações por organismos isentos e alheios às partes) e
uma melhor informação, conduzindo ao desaparecimento do risco de crédito (a bolsa garan-
te o cumprimento dos contratos). Finalmente, o facto do preço em bolsa depender das ex-
pectativas de um elevado número de investidores torna-o mais justo do que o preço dos
contratos a prazo derivado de uma negociação particular.
Todas as relações contratuais que o comprador mantém passam a ser com a Câmara
de Compensação, sendo esta entidade que lhe vai exigir a realização dos pagamen-
tos e o cumprimento das margens e é a ela que o comprador pode exigir o cumpri-
mento do contrato;
É da Câmara de Compensação que o vendedor vai receber o preço, é perante ela
que tem de prestar garantias de que vai cumprir o contrato (depositando as margens)
e é ela que lhe pode exigir a venda/compra do ativo em causa.
65
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
No que se refere aos futuros, sempre que alguém compra ou vende um contrato tem de de-
positar e manter uma margem junto do seu corretor (seu representante junto da Câmara de
Compensação). Estes fundos não constituem um custo para o investidor, na medida em que
lhe são devolvidos (depois de debitadas as perdas e creditados os ganhos) no momento em
que sai do mercado.
66
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Os mercados de futuros funcionam num sistema de liquidação diária: no fim do dia, os con-
tratos são reavaliados. Se houve perdas na posição de um investidor, a conta margem é
debitada pelo respetivo montante; se houve ganhos, a conta é creditada. Este mecanismo
designa-se por marking-to-the-market.
Assim, uma vez que o comprador da opção não perde mais do que o valor do prémio, mais
nenhum tipo de pagamento lhe é exigido. Já no caso do vendedor da opção, que recebe o
valor do prémio em troca da posição de submissão face à vontade do comprador, é exigido
o depósito de uma margem.
67
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Os Forward Rate Agreements (FRAs) são contratos em que as duas partes, geralmente
duas instituições financeiras ou uma instituição financeira e um seu cliente, acordam entre si
trocar juros numa data futura, sendo esses juros referidos a uma importância teórica deter-
minada e a um período específico de tempo, com início e vencimento no futuro. Não existin-
do uma transferência de capital, apenas é paga a diferença líquida entre os dois fluxos de
pagamento de juros, um deles a uma taxa fixa, estabelecida na data do acordo, e o outro a
uma taxa indexada.
Note-se que um FRA não representa para o banco um compromisso de emprestar ou inves-
tir. A operação de garantia de taxa é distinta do empréstimo ou colocação que lhe dá ori-
gem, podendo inclusivamente ter lugar numa outra instituição financeira que não aquela que
concede o empréstimo ou aceita o depósito. O banco simplesmente garante ao seu cliente,
numa certa data, uma taxa para um determinado montante teórico (igual ao montante da
operação que o cliente deseja cobrir), entre uma data-valor futura (que corresponde à data
em que o empréstimo ou a colocação em causa se iniciará) e uma dada data de vencimento
(que equivale à data de vencimento dessa operação). Atingida a data-valor, as duas partes
regularizam a diferença entre a taxa garantida pelo banco e a taxa de mercado subjacente à
posição que a empresa vai cobrir (taxa de liquidação).
Os FRAs servem para cobrir o risco de variação da taxa de juro no período que medeia en-
tre a data em que é decidida a realização de um empréstimo ou um depósito e a data em
que este é efetivamente concretizado (data-valor).
68
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
N
(TL TG ) M
Resultado do FRA 360 , (33)
N
1 TL
360
Exemplo 16
Considere-se uma empresa que daqui a três meses pretende realizar um financiamento de
GBP 500 000,00, por um prazo de seis meses. Sujeita ao risco de subida da taxa de juro
durante os próximos três meses, compra a um banco um FRA 3x95, sendo acordada entre
as partes uma taxa efetiva anual garantida de 6,5%. Admita-se que, três meses depois, a
LIBOR para o GBP a seis meses se situava nos 7,5%. O resultado do FRA será então favo-
rável para a empresa no montante de:
5 O primeiro algarismo (3) representa o período que decorre entre a celebração do FRA e o momento para o qual
se fixa a taxa de juro (data-valor); o segundo (9) representa o período que decorre desde a celebração do FRA
até à liquidação da operação a cobrir (data de vencimento), sendo ambos geralmente apresentados em meses.
9 meses
69
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
N 180
TL TG M 0,075 0,065 500000
Resultado do FRA = 360 360 GBP 2 409,64,
N 180
1 TL 1 0,075
360 360
que será a quantia que receberá do contrato FRA no momento da contração do empréstimo.
180
Por sua vez, os juros a pagar por este serão de 500000 0,075 GBP 18 750,00. Ao
360
capitalizar o lucro obtido no FRA para o momento de vencimento do financiamento tem-se
180
2409,64 1 0,075 GBP 2 500,00. O custo efetivamente suportado com o financi-
360
amento foi então de 18 750,00 – 2 500,00 = GBP 16 250,00, que não é mais do que o valor
180
que se obteria se a taxa de liquidação fosse de 6,5%: 500000 0,065 GBP
360
16 250,00.
70
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Exemplo 17
Considere-se uma empresa que daqui a três meses pretende realizar uma aplicação de
USD 500 000,00, por um prazo de seis meses. Sujeita ao risco de descida da taxa de juro
durante os próximos três meses, contrata com um banco um FRA 3x9, sendo acordada en-
tre as partes uma taxa efetiva anual garantida de 5%. Admita-se que, três meses depois, a
LIBOR para o USD a seis meses se situava nos 5,25%. O resultado do FRA será então des-
favorável para a empresa no montante de
N 180
TL TG M 0,0525 0,05 500000
Resultado do FRA = 360 360 USD 609,01,
N 180
1 TL 1 0,0525
360 360
que será a quantia que a empresa terá a pagar ao banco no momento da realização da apli-
cação. Por sua vez, os juros a receber da aplicação serão de
180
500000 0,0525 USD 13 125,00. Ao capitalizar o resultado desfavorável obtido no
360
FRA para o momento de vencimento da aplicação tem-se
180
609,01 1 0,0525 USD 625,00. O rendimento efetivo da aplicação foi então de
360
13 125,00 – 625,00 = USD 12 500,00, que não é mais do que o valor que se obteria se a
180
taxa de liquidação fosse de 5%: 500000 0,05 USD 12 500,00.
360
8.2.2. Swaps
Uma operação de swap é um contrato bilateral em que duas partes, cujas necessidades em
matéria de divisas ou de taxas de juro são complementares, acordam intercambiar uma im-
portância específica de cash-flows futuros, associados a um certo capital em dívida, em da-
tas pré-determinadas. Esta transação é feita, geralmente, através de um intermediário finan-
ceiro.
71
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Swap de divisas: é uma operação pela qual duas entidades trocam entre si um con-
junto de fluxos estabelecidos numa divisa por outro conjunto de fluxos de valor equi-
valente mas fixado noutra divisa, sendo esta operação efetuada a uma taxa conven-
cionada entre as partes.
Currency swap ou swap a taxa fixa – troca de fluxos relativos a operações de
taxa de juro fixa;
Cross currency interest rate swap ou swap cruzado – troca de fluxos em que
uma das operações beneficia de taxa de juro fixa e a outra de taxa de juro va-
riável;
Um swap de taxas de juro, conforme se referiu acima, traduz-se geralmente numa troca de
fluxos a taxa fixa por fluxos a taxa variável, expressos numa mesma divisa.
Exemplo 18
Supondo que a empresa A deseja financiar-se a taxa variável e a empresa B a taxa fixa,
tem-se que a empresa A pagará uma taxa igual a Euribor e a empresa B pagará uma taxa
de 7,5%.
72
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Mas a empresa A pode obter um financiamento a taxa fixa e a empresa B a taxa variável,
trocando fluxos de juro entre si, em condições vantajosas para ambas, através de um swap
nas seguintes condições: a empresa A contrai o financiamento a taxa fixa e paga à empresa
B a taxa Euribor + 1% e a empresa B contrai o financiamento a taxa variável e paga à em-
presa A a taxa de 7%. Desta situação resultam os seguintes fluxos:
Esquematicamente,
8.3.1. Futuros
É de imaginar a posição de um agricultor que semeou uma seara de trigo, cuja colheita
ocorrerá em Junho de um determinado ano. No mês de Janeiro desse ano, o agricultor não
tem certezas quanto ao preço por que vai ser vendido o trigo. Se ocorrer um ano de abun-
dância o preço será baixo; pelo contrário, se o ano for de escassez o preço será alto, espe-
cialmente se o agricultor não estiver pressionado pela necessidade de vender. Um comerci-
ante que tenha uma encomenda de trigo para esse ano também está exposto ao risco, em-
bora numa posição simétrica à do agricultor. No mesmo mês de Janeiro não tem quaisquer
certezas quanto ao preço do trigo que terá de comprar em Junho. Se houver abundância
beneficiará de preços favoráveis, mas se houver escassez os preços serão desfavoráveis.
73
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
O mercado de futuros desenvolveu-se nos EUA no século XIX, tendo por referência deter-
minados produtos agrícolas e algumas matérias-primas, por forma a facultar aos produtores
daqueles produtos proteção contra as flutuações de preço a que os mesmos estavam sujei-
tos por razões sazonais ou conjunturais.
Um futuro é um contrato, negociável num mercado organizado (a Bolsa), que consiste num
acordo padronizado, reversível, de compra e venda de uma dada quantidade e qualidade de
um ativo (uma mercadoria, índice de ações, uma taxa de juro de um instrumento financeiro
selecionado ou uma taxa de câmbio), num local e numa data futura específica, a um preço
fixado no presente, o qual permite colocar vendedores e compradores a coberto de oscila-
ções de preços e garantir antecipadamente o acesso a um dado ativo – caso do comprador
– ou a procura para esse ativo – caso do vendedor.
74
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
8.3.2. Opções
As primeiras opções transacionadas em bolsa tinham como ativo subjacente ações e surgi-
ram em 1973 nos EUA, na Chicago Board Options Exchange. Quando o seu sucesso deixou
de oferecer dúvidas começaram a ser aplicadas a outros ativos.
As opções sobre divisas foram transacionadas pela primeira vez numa bolsa organizada em
1983 na Bolsa de Valores de Filadélfia. Hoje em dia as duas maiores bolsas onde se transa-
cionam opções nos EUA são o IMM e a Bolsa de Valores de Filadélfia; outros mercados
importantes são a European Options Exchange em Amesterdão, a Bolsa de Valores de
Montreal, etc. Nestes mercados são transacionados contratos estandardizados sobre as
principais divisas.
Contudo, são igualmente transacionadas opções no mercado de balcão, entre bancos co-
merciais e de investimento. As opções sobre divisas negociadas neste mercado têm um
menor grau de estandardização, adequando-se melhor às necessidades dos utilizadores.
Atualmente, são transacionadas opções sobre ações, obrigações, mercadorias, futuros (de
mercadorias, de obrigações, de índices, de divisas, de taxa de juro, de swaps e de serviços),
divisas, índices e taxas de juro.
Uma opção é um contrato negociável num mercado organizado que confere ao seu detentor
o direito, mas não a obrigação, de comprar (call) ou vender (put) até/ou6 numa determinada
data (data de expiração ou data de vencimento ou data de exercício ou data de maturidade)
um ativo7, de acordo com condições pré-especificadas a um preço pré-fixado (preço de
exercício ou striking price) e em contrapartida de um montante monetário (prémio ou preço
da opção). Este prémio tem sempre que ser pago independentemente do exercício ou não
da opção e é o único elemento que é discutido entre as partes, através do confronto entre a
oferta e a procura.
6 Se a opção puder ser exercida em qualquer momento até à data de maturidade, ela diz-se americana; se ape-
nas puder ser exercida na data de maturidade diz-se europeia.
7 O activo subjacente ou de referência de uma opção poderá ser uma mercadoria, um activo mobiliário, divisas,
taxas de juro, índices bolsistas, futuros, etc.
75
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
comprador possa exercer a opção. Como contrapartida, o vendedor recebe o prémio, mes-
mo quando a opção não é exercida.
O prémio de uma opção é constituído por duas componentes: o valor intrínseco e o valor
temporal. O valor intrínseco é o valor da opção se esta for exercida imediatamente, resul-
tando da diferença entre o preço de exercício da opção e o preço do ativo no mercado à
vista. O valor temporal é o valor da opção devido ao facto de, faltando algum tempo para a
maturidade, o preço poder variar favoravelmente.
O valor de uma opção (valor temporal + valor intrínseco) é influenciado por fatores como o
preço do ativo subjacente, o preço de exercício, a maturidade, a taxa de juro e a volatilidade
do ativo subjacente, conforme se pode comprovar na Tabela 7.
Call Put
Preço do ativo subjacente Quanto maior o preço do ativo Quanto maior o preço do ativo
subjacente, maior a probabilidade subjacente, menor a probabilida-
da opção ser exercida, logo maior de da opção ser exercida, logo
o seu valor menor o seu valor
Preço de exercício Quanto maior o preço de exercí- Quanto maior o preço de exercí-
cio, menor a probabilidade da cio, maior a probabilidade da op-
opção ser exercida, logo menor o ção ser exercida, logo maior o
seu valor seu valor
Maturidade Quanto maior o prazo de maturidade, maior a probabilidade da opção
ser exercida, logo maior o seu valor
Taxa de juro Quanto maior a taxa de juro, me- Quanto maior a taxa de juro, me-
nor o valor atual do preço de nor o valor atual do preço de
exercício, logo maior o valor da exercício, logo menor o valor da
opção opção
Volatilidade Quanto maior a volatilidade, maior a probabilidade da opção ser exer-
cida, logo maior o seu valor
76
INSTRUMENTOS FINANCEIROS
ao ganho do vendedor. Neste caso, a call diz-se out of the money, na medida em que
conduziria a um cash-flow negativo se exercida imediatamente.
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
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INSTRUMENTOS FINANCEIROS
9. Bibliografia
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