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Gestão Financeira

Autor
Johny Henrique Magalhães Casado

Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022

Elaboração:
Johny Henrique Magalhães Casado

Revisão, Diagramação e Produção:


Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI


Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Apresentação
Olá, aluno! Ao longo da disciplina de Gestão Financeira, vamos abordar con-
teúdos que trarão uma série de ferramentas para fazer uso nas empresas. Assim, é
importante que você observe cada parte deste material como se fosse um manual
que vai permitir entender o funcionamento financeiro de uma empresa, possibili-
tando atuar para que ela possa apurar suas receitas e saídas financeiras.
A gestão financeira é uma das principais áreas da gestão de empresas, por-
tanto, é muito importante que os profissionais que estiverem ocupando funções
nela busquem compreender todas as especificidades e características que fazem
parte dela, bem como entender as perspectivas que poderão tornar o seu traba-
lho mais fácil e eficiente. Destaca-se, ainda, que as empresas estão enfrentando
uma grande competitividade na atualidade, ou seja, o número de concorrentes está
crescendo cada vez mais, então realizar uma boa gestão financeira dos seus re-
cursos é uma forma de proporcionar bons resultados para que a empresa possa se
posicionar no mercado em que atua.
Ao longo desta disciplina, serão apresentados conceitos que devem ser ob-
servados para um melhor entendimento da gestão financeira – alguns deles com
certeza já são de seu conhecimento, outros nem tanto, por isso, deve-se avaliar
qual o significado desses conceitos e como eles devem ser aplicados no dia a dia
das empresas. Durante a leitura, traremos exemplos de empresas fictícias que es-
tão em busca de melhor organizar os seus resultados financeiros, então, será pos-
sível entender a aplicação dos conceitos como se eles fossem utilizados na prática.
Na Unidade 1, estudaremos temas como finanças corporativas, ambiente
organizacional, demonstrações financeiras, conceitos fundamentais financeiros, o
papel do dinheiro ao longo do tempo, as diferenças entre risco e retorno, bem como
os aspectos sobre a inflação e a administração do capital de giro.
Na Unidade 2, aprenderemos sobre a importância do planejamento no ambien-
te empresarial, trataremos sobre técnicas e ferramentas que podem ser utilizadas para
realizar esse planejamento e como alinhá-lo com as necessidades financeiras da em-
presa. Ainda, serão abordados os conceitos de fluxo de caixa e orçamento de caixa.
Na Unidade 3, entenderemos como funciona o sistema financeiro brasileiro,
sua influência nas atividades e funcionamento das empresas. Também serão apre-
sentadas quais são as principais decisões tomadas pelos gestores financeiros das
empresas, como eles estabelecem a política de investimento dos seus negócios e
como isso pode impactar os resultados futuros das empresas.
Bons estudos!
Johny Henrique Magalhães Casado
SUMÁRIO
UNIDADE 1 GESTÃO FINANCEIRA.................................................................9
TÓPICO 1 FINANÇAS CORPORATIVAS................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
2 FINANÇAS CORPORATIVAS ......................................................................... 11
2.1 FINANÇAS CORPORATIVAS .......................................................................12
3 PRINCIPIOS DA GESTÃO FINANCEIRA...................................................... 14
3.1 CONCEITOS ESSENCIAIS EM GESTÃO E FINANÇAS............................15
3.2 O AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA..........................................21
3.3 A ORGANIZAÇÃO COMO SISTEMA..........................................................23
4 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS.............................................................. 26
4.1 BALANÇO PATRIMONIAL............................................................................ 27
RESUMO DO TÓPICO 1...............................................................................................31
AUTOATIVIDADE........................................................................................................32
TÓPICO 2 CONCEITOS FINANCEIROS FUNDAMENTAIS...................................35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................35
2 CONHECENDO OS CONCEITOS FINANCEIROS FUNDAMENTAIS........35
2.1 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO.........................................................36
2.2 VALOR FUTURO E VALOR PRESENTE.................................................... 37
2.2.1 VALOR FUTURO........................................................................................ 37
2.2.2 VALOR PRESENTE...................................................................................38
2.3 RISCO E RETORNO...................................................................................... 39
3 TAXAS DE JUROS...........................................................................................41
3.1 INFLAÇÃO...................................................................................................... 42
3.1.1 INFLAÇÃO DE DEMANDA.........................................................................43
3.1.2 INFLAÇÃO DE CUSTO..............................................................................44
3.1.3 INFLAÇÃO INERCIAL................................................................................44
RESUMO DO TÓPICO 2.............................................................................................45
AUTOATIVIDADE........................................................................................................46
TÓPICO 3 DECISÕES FINANCEIRAS DE CURTO PRAZO..................................49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................49
2 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO...................................................49
2.1 CICLO OPERACIONAL..................................................................................51
2.2 CICLO FINANCEIRO..................................................................................... 52
3 GIRO DE CAIXA................................................................................................54
4 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO........................................................54
4.1 CÁLCULO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO...........................54
RESUMO DO TÓPICO 3............................................................................................. 57
AUTOATIVIDADE........................................................................................................58
REFERÊNCIAS............................................................................................................64

UNIDADE 2 TRIBUTOS E SEUS IMPACTOS NA GESTÃO FINANCEIRA


DAS EMPRESAS............................................................................................67
TÓPICO 1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: DA NÃO CUMULATIVIDADE
E DA SELETIVIDADE.................................................................................................69
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................69
2 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS NO BRASIL .................................................... 70
2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS..................................... 70
2.2 PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE E DA SELETIVIDADE......... 88
RESUMO DO TÓPICO 1..............................................................................................92
AUTOATIVIDADE........................................................................................................ 93
TÓPICO 2 CONTABILIDADE FISCAL E A GESTÃO FINANCEIRA......................95
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................95
2 COMPREENDENDO A CONTABILIDADE FISCAL E SUA RELAÇÃO
COM A GESTÃO FINANCEIRA..........................................................................96
RESUMO DO TÓPICO 2...........................................................................................100
AUTOATIVIDADE.......................................................................................................101
TÓPICO 3 FISCALIZAÇÃO E OBRIGAÇÕES NAS EMPRESAS........................ 103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 103
2 COMPREENDENDO A FISCALIZAÇÃO E OBRIGAÇÕES
NAS EMPRESAS .............................................................................................. 103
RESUMO DO TÓPICO 3.............................................................................................111
AUTOATIVIDADE.......................................................................................................112
REFERÊNCIAS...........................................................................................................116

UNIDADE 3 INVESTIMENTO NOS NEGÓCIOS E SISTEMA FINANCEIRO


NACIONAL.................................................................................................... 119
TÓPICO 1 INTRODUÇÃO À POLÍTICA DE INVESTIMENTOS
NAS EMPRESAS........................................................................................................121
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................121
2 A POLÍTICA DE INVESTIMENTOS ..............................................................121
3 FLUXO DE CAIXA NAS EMPRESAS.......................................................... 129
3.1 MODELOS DE FLUXO DE CAIXA ............................................................ 132
4 INVESTIMENTOS NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS....................................140
4.1 MÉTODOS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL..............................................141
RESUMO DO TÓPICO 1............................................................................................144
AUTOATIVIDADE...................................................................................................... 145
TÓPICO 2 DECISÕES DE LONGO PRAZO E TENDÊNCIAS NA
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA.............................................................................147
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................147
2 DECISÕES DE LONGO PRAZO E TENDÊNCIAS NA
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA......................................................................147
2.1 INTRODUÇÃO AOS FINANCIAMENTOS DE LONGO PRAZO.............148
2.2 TÊNDENCIAS EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA............................. 149
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE...................................................................................................... 153
TÓPICO 3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL................................................... 155
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 155
2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL........................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................... 159
AUTOATIVIDADE......................................................................................................160
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 165
UNIDADE 1

GESTÃO FINANCEIRA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• identificar o funcionamento da gestão financeira para os negócios
na atualidade;
• compreender o papel do gestor financeiro nas empresas;
• avaliar quais são as principais atividades e operações financeiras que são
realizadas pelas empresas;
• analisar o papel do planejamento financeiro no sucesso das organizações.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – FINANÇAS CORPORATIVAS
TÓPICO 2 – CONCEITOS FINANCEIROS FUNDAMENTAIS
TÓPICO 3 – DECISÕES FINANCEIRAS DE CURTO PRAZO
TÓPICO 1

FINANÇAS
CORPORATIVAS
1 INTRODUÇÃO
As empresas estão passando por diversas pressões, seja por conta da alta
concorrência em praticamente todos os setores, ou, ainda, devido às sucessivas cri-
ses econômicas. Temos que esse é um ambiente que tem desafiado muito os ges-
tores, assim, é importante compreender como ocorre o funcionamento das finanças
corporativas do seu negócio, possibilitando, dessa forma, que a empresa possa apre-
sentar bons resultados financeiros mesmo em um ambiente difícil e complexo.
Ao longo deste tópico, serão abordados diversos conceitos acerca da ges-
tão financeira, quais as principais definições que devem ser conhecidas pelos pro-
fissionais, além de ser trazido também o ambiente operacional da empresa. Ainda,
como forma de entender o funcionamento das organizações, será apresentada
a teoria da organização como sistema, o que demonstra aspectos sobre a forma
como a gestão organizacional deve ocorrer na atualidade. Por fim, o tópico aborda-
rá as principais demonstrações financeiras que são utilizadas para demonstrar os
resultados das organizações.

2 FINANÇAS CORPORATIVAS
As finanças corporativas devem ser compreendidas como o esforço que
as empresas realizam para organizar as entradas e saídas de recursos financei-
ros. Então, é importante avaliar que essa é uma área da organização que sempre
se encontra em mudança, pois as finanças são dinâmicas e estão em constan-
te alteração para proporcionar os resultados e o atendimento das necessidades
informacionais dos gestores.

11
2.1 FINANÇAS CORPORATIVAS
Uma organização realiza diversas operações que interferem em sua entrada
ou saída de recursos financeiros, sendo muito comum que elas acabem necessitando
serem organizadas para que a empresa tenha o máximo de controle. Alguns especia-
listas em gestão afirmam que a gestão financeira é o coração de qualquer empresa,
pois é por meio dela que as outras atividades são irrigadas com recursos que permitem
o funcionamento da empresa conforme a sua missão (MEGLIORINI; SILVA, 2009).
Sobre o processo de tomada de decisão dos profissionais que estiverem
cuidando das finanças, é importante que eles avaliem que essas decisões estão
separadas de acordo com o seu prazo, conforme Figura 1, a seguir:

FIGURA 1 – ASPECTOS TEMPORAIS DAS DECISÕES NAS FINANÇAS CORPORATIVAS

Aqui estão as decisões estratégicas que são


Médio e
tomadas nas empresas, como a compra de
longo prazo equipamentos por meio de empréstimos.

Aqui estão as decisões operacionais que são


Curto prazo tomadas nas empresas, como a concessão
de crédito e a gestão de inventário.

FONTE: Maçães (2017, p. 24).

Um outro importante objetivo que as finanças corporativas possuem é a


constante busca pela maximização dos rendimentos da empresa, assim, o pro-
cesso de mensuração dos resultados da empresa se faz importante para que seja
possível melhorá-los e criar maior valor para os negócios. Dessa forma, temos que
“seja qual for a atividade da empresa, os gestores financeiros têm que tomar de-
cisões referentes à alocação de recursos e ao seu financiamento, com o objetivo
de maximizar o valor da empresa” (MAÇÃES, 2017, p. 25). Destaca-se, ainda, que
qualquer tipo de investimento estará sempre associado a um determinado grau
risco, portanto, será preciso minimizar esse risco para que seja possível melhorar o
rendimento da empresa e não a colocar frente a situações de extremo.
No Quadro 1, é possível observar quais são os tipos de riscos que mais po-
dem impactar as ações das finanças corporativas nas empresas:

12
QUADRO 1 – TIPOS DE RISCOS DAS FINANÇAS CORPORATIVAS

Tipo de risco Definição


Consiste na possibilidade de a empresa não conseguir cumprir seus compromissos financeiros.
Acontece quando uma parcela de empréstimo ou compra, um aluguel ou outro tipo de acordo
não é pago. Todos sabemos que os bancos analisam meticulosamente qualquer solicitação de
Risco de crédito crédito, seja para pessoa física ou jurídica. Logo, dívidas não pagas podem resultar em pro-
blemas para pedidos de empréstimo no futuro. Companhias que contam com esse fator para
acelerar o crescimento, expandir sua operação ou até investir em novas tecnologias acabam
sendo prejudicadas pela falta de crédito no mercado.

Trata-se da dificuldade ou da facilidade de recuperar o dinheiro que foi investido, sem que ele
perca valor. Há investimentos que podem ser convertidos em retorno financeiro mais rapida-
Riscos de liquidez mente do que outros. Isso é o risco de liquidez. Quando se trata de um negócio, esse risco está
geralmente relacionado a capacidade ou falta dela em pagar suas dívidas, funcionários e outras
despesas. Geralmente, este risco está ligado a uma gestão financeira ineficiente.

Diz respeito às oscilações que acontecem nas bolsas de valores. Essas oscilações dizem respeito
a commodities, ações de empresas, economias nacionais e internacionais, bem como moedas.
Riscos de mercado A flutuação que ocorre na bolsa pode afetar positiva ou negativamente as organizações, poden-
do gerar lucro ou prejuízo. Por este motivo, é imprescindível analisar as flutuações do mercado
para tomar as decisões da melhor forma possível.

O risco operacional envolve os erros que podem acontecer durante a operação de uma ativida-
de. É decorrente de um erro e pode ser acarretado por falha humana, de sistemas, processos,
entre outros fatores. Entre os tipos, essa ameaça é, talvez, a mais difícil de ser prevista. Porém,
a melhor maneira de mitigar é garantir uma operação ajustada e organizada, com o auxílio da
Riscos operacionais
tecnologia para evitar erros humanos, visando otimização máxima. Quando falamos em risco
financeiro, qualquer falha pode representar um bom dinheiro desperdiçado. Por isso, contar
com a automação de processos e análises baseadas em dados seguros é o melhor caminho para
afastar esse perigo.

São aqueles que envolvem o descumprimento de acordos que foram feitos sem respaldo jurídi-
co ou qualquer garantia da justiça. Compromissos feitos na base da palavra criam, automatica-
mente, um risco legal para o negócio. A melhor forma de evitá-lo é escolher bem as instituições
Riscos legais que mantêm relações com a sua companhia. Lembre-se sempre de buscar regulamentações,
certificados e autorizações para basear a decisão de forma segura. Contudo, também é reco-
mendado que qualquer tipo de acordo, seja ele comercial ou não, seja documentado e assinado
por ambas as partes.

FONTE: Silva (2021, on-line).

As tomadas de decisões acerca das finanças corporativas podem envol-


ver uma enorme quantidade de dados e informações, o que acaba por dificultar e
tornar mais complexo o papel dos profissionais envolvidos na área. Sabe-se, por
exemplo, que a grande maioria dos profissionais divide essas tomadas de decisões
em dois tipos principais, são eles:

13
•  Tomadas de decisões relacionadas à tesouraria: quando se abor-
da o tema tesouraria dentro das empresas, é importante reconhecer
que as decisões estarão relacionadas a atividades de: administração
do caixa da empresa; administração da política de crédito e cobrança
empregada no setor de vendas; administração de quais riscos a alta
administração da empresa está disposta a correr; avaliação da política
de compra de moeda estrangeira e de como o câmbio pode interferir no
negócio; decisões sobre financiamento para investimento na empresa;
avaliação dos setores que receberão investimentos e que serão expan-
didos; realização do planejamento e do controle financeiro; proteção de
ativos; relações com acionistas e investidores; relações com os bancos
com os quais a empresa possua algum tipo de relação comercial ou de
investimento/contratação de serviço (CRUZ; ANDRICH, 2013).
•  Tomadas de decisões relacionadas à controladoria: quando se
aborda o tema controladoria dentro das empresas, deve-se reconhecer
que as decisões estarão relacionadas a atividades de: administração
dos custos e dos preços dentro das empresas; implementação de ins-
trumentos de auditoria, tanto a interna quanto a externa; avaliação dos
aspectos contábeis que influenciam o negócio; definição do orçamen-
to empresarial para os próximos períodos; avaliação do patrimônio da
empresa; realização do planejamento tributário em busca de diminuir o
impacto dos tributos nos negócios; elaboração e emissão de relatórios
gerenciais; desenvolvimento e acompanhamento da implantação de
sistemas de informação financeira (CRUZ; ANDRICH, 2013).

Em termos conceituais, é relevante que todos os profissionais que estiverem


atuando nas finanças corporativas possam compreender o conjunto de termos que
são amplamente utilizados na área, assim, será possível alinhar a comunicação, de
forma a garantir que as finanças corporativas da empresa estejam de fato represen-
tadas pelo conjunto de teorias que representa a base desse tipo de conhecimento.

3 PRINCIPIOS DA GESTÃO FINANCEIRA


A gestão financeira, como outras formas de gestão, também deve ser en-
tendida como uma área que se encontra em constante alteração. Dessa maneira,
é necessário avaliar que todos os apontamentos realizados pelos profissionais da
área são passíveis de serem mudados com o passar do tempo. Novas tecnologias
e novas oportunidades têm tornado a gestão financeira uma área que se modifica
cada vez mais, então, é importante que todos os profissionais possam avaliar e
entender que alguns temas são imutáveis, como é o caso dos princípios da gestão
financeira, sendo preciso que todos os profissionais que estiverem atuando na área
que busquem conhecer quais são esses princípios e como eles funcionam.
14
3.1 CONCEITOS ESSENCIAIS EM GESTÃO E
FINANÇAS
O maior desafio que organizações e gestores precisam lidar em seu dia a dia
“está relacionado à falta de recursos, mesmo que em médias e grandes empresas,
é natural que os recursos não sejam infinitos, por isso, os gestores devem se preo-
cupar em realizar a correta alocação desses recursos” (FILHO, 2014, p. 33), assim
como devem buscar proporcionar todos os recursos necessários para que as orga-
nizações possam realizar suas atividades e atingir suas metas, objetivos e missão.

FIGURA 2 – FUNÇÃO DO GESTOR

Recursos
financeiros

Organização

Recursos não
financeiros

FONTE: O autor (2022).

Dentre os recursos que são de extrema necessidade para que as empresas


possam funcionar corretamente, destacam-se os financeiros, mas “nem sempre as
empresas dispõem de todos os recursos necessários para realizar as suas ativida-
des, algumas vezes, os recursos não são suficientes para que ela possa custear as
suas despesas fixas até a entrada dos recursos oriundos de suas vendas” (FILHO,
2014, p. 33). Portanto, sempre é interessante que gestores tenham o conhecimento
sobre a quantidade de recursos financeiros para que a organização possa realizar
todas as atividades necessárias para o seu funcionamento.

15
Em alguns casos, temos que as organizações possuem sobras de recur-
sos financeiros ao final do período, por isso, ela deverá buscar algumas opções de
aplicações financeiras para que possa protegê-los da inflação, bem como para que
possa também buscar rendimentos em relação a esses recursos. No que se refere
ao conceito de aplicações financeira, segundo Salotti et al. (2019, p. 41), trata-se de:
ativos representados substancialmente por aplicações de curto prazo
em títulos de renda fixa ou de renda variável, tais aplicações financeiras
diferem daquelas classificadas em equivalentes de caixa, pois podem
não apresentar liquidez imediata ou podem não ser destinadas às ativi-
dades de pagamentos rotineiros.

As empresas buscam nas aplicações financeiras atender a um ou mais


requisitos, a seguir apresentados:

FIGURA 3 – REQUISITOS QUE DEVEM SER ATENDIDOS PELAS APLICAÇÕES FINANCEIRAS

Guardar os recursos
Preservar o valor dos seus Buscar rendimentos que possam
financeiros excedentes em
recursos em relação ao tempo propiciar ganhos financeiros em
uma instituição financeiras em
e aos efeitos da inflação relação ao dinheiro investido
algum tipo de investimento

FONTE: O autor (2022).

Os profissionais que são responsáveis pela gestão financeira das organi-


zações devem buscar propiciar conhecer todas as opções de investimentos dis-
poníveis para que os seus negócios realizem as aplicações mais próximas da sua
necessidade, portanto, é de extrema importância “que os gestores busquem co-
nhecer todas especificidades dessas aplicações, pois somente assim, as organiza-
ções poderão fazer uso das melhores opções disponíveis no mercado financeiro de
acordo com a sua realidade” (FILHO, 2014, p. 34).
Como mencionado, a gestão financeira é área que está em constante evo-
lução – a todo momento novas tecnologias estão sendo lançadas, o que tem feito
com que o mercado evolua e se torne ainda mais complexo. Uma das principais
mudanças que tem ocorrido no mundo em relação às finanças é a questão das
moedas digitais – cada vez mais essas moedas têm ganhado mais destaque e têm
feito parte das preocupações dos profissionais que atuam nas empresas.

16
IMPORTANTE
O desenvolvimento de novas tecnologias, como o blockchain, tem provoca-
do uma verdadeira revolução no universo empresarial, pois além de todas as
mudanças causadas, ainda foi possível avaliar gerar a base para o surgimento
de inúmeras moedas digitais. Atualmente, já há inúmeras empresas que estão
aceitando o pagamento de suas mercadorias e serviços por meio de moedas
digitais, o que tem aumentado a complexidade de seus negócios.

Em termos conceituais, é necessário que todos os profissionais que


estiverem atuando na área financeira possam dominar as seguintes definições,
apresentadas na Figura 4:

FIGURA 4 – PRINCIPAIS CONCEITOS DAS FINANÇAS CORPORATIVAS

Investimentos

Ponto de equilíbrio Faturamento

Custos fixos
Lucro
e variáveis

Endividamento Recebimento

FONTE: O autor (2022).

O conceito de investimentos está relacionado aos processos de aplica-


ções de recursos, e essa aplicação pode ocorrer em operações financeiras ou, ain-
da, ser realizada como forma de aumentar a atividade operacional da organização.
Além disso, é importante destacar que os investimentos sempre objetivam algum
tipo de retorno financeiro – ou seja, se a organização aplica R$ 10.000,00 em uma
determinada operação financeira, é esperado que, ao fim do período, ela tenha um
rendimento além do valor já aplicado.

17
Dentre os tipos de investimentos que podem ser realizados pelas empresas
está a compra de uma nova máquina, sendo relevante que sejam realizados estu-
dos que justifiquem esse investimento, demonstrando que a empresa obterá retor-
nos financeiros positivos após a máquina ser colocada em condições de operações.

IMPORTANTE
As empresas devem estar sempre atentas às necessidades de investimentos
que devem ser realizadas em cada período, dessa maneira, é preciso que os
profissionais ligados à área da gestão financeira possam atuar em conjunto
com os demais departamentos, de forma a entender as necessidades deles.

O conceito de faturamento também deve ser compreendido pelos profis-


sionais que cuidam da gestão financeira dos seus negócios. Em termos conceituais,
temos que o faturamento está relacionado ao volume total de dinheiro que a em-
presa conseguiu faturar em um dado período. Muitas empresas compram sistemas
de gestão financeira que permitem acompanhar os valores de faturamento dos
seus negócios de forma imediata, a chamada real time, ou seja, a qualquer mo-
mento o gestor do negócio poderá tirar um relatório do seu sistema com o objetivo
de saber o faturamento do negócio naquele dia.
O lucro é um conceito de grande importância para os profissionais da ges-
tão financeira, pois representa dados e informações relevantes acerca da saúde
financeira de quaisquer negócios. Qualquer empresa é aberta com o objetivo de
gerar lucro, dessa maneira, é natural que os empreendedores e gestores busquem
nessa métrica uma forma de entender como anda o funcionamento do seu ne-
gócio. Sabe-se, ainda, que para uma empresa apresentar lucro, basicamente ela
precisa faturar mais do que gastou no período, gerando, então, um saldo financeiro
positivo no período.

18
FIGURA 5 – AS AÇÕES DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES ALMEJAM SEMPRE O LUCRO

AÇÕES
Atividades

Processos

FONTE: O autor (2022).

Os recebimentos são todos os valores que as empresas receberão de seus


clientes ou parceiros de negócios, valores que, em sua grande parte, são compostos
pelos resultados das vendas que foram realizadas no período. Assim, é importante
que as empresas possuem um bom controle em relação aos valores que possuem
para receber de seus clientes – quanto melhor forem os controles, mais fácil será
para o gestor financeiro projetar quais valores ainda têm a receber. Destaca-se,
ainda, que em termos de recebimentos, eles devem ser avaliados de acordo com a
forma como ocorrerão nas operações das empresas, pois pode haver recebimentos
à vista e a prazo. Essa condicionante está relacionada à concessão de benefícios
aos clientes para que eles paguem a prazo as suas compras.
O conceito de endividamento também deve ser acompanhado de perto por
todos os profissionais que atuam nas finanças corporativas, pois ele demonstra o
quanto a empresa está comprometendo dos seu faturamento para pagamento de
despesas. Muitas empresas utilizam do endividamento para inflar o seu faturamen-
to, entretanto, esses valores acabam não representando a realidade do negócio.
Assim, sempre que um gestor financeiro analisar os resultados de uma empresa,
é necessário observar quanto ela está devendo no curto, médio e longo prazo e,
principalmente, se ela apresenta condições de diminuir o seu endividamento no
curto ou médio prazo.

19
O controle de custos também é importante de ser observado pelos gestores
financeiros, pois de nada adianta uma empresa apresentar recordes de faturamen-
to se os seus custos estão descontrolados e corroendo a sua lucratividade. Dessa
maneira, é necessário que instrumentos de controle sejam implementados, bem
como que o gestor financeiro saiba que nem todos os custos são iguais.

FIGURA 6 – DEFINIÇÃO DE CUSTOS FIXOS

Custos fixos

Alguns custos se comportam como custos fixos,


ou seja, custos que deverão ocorrer independentemente
do funcionamento da empresa.

Exemplos de custos fixos: custos de aluguel, Imposto


Predial e Territorial Urbano (IPTU), custos com
departamento administrativo etc. – estes ocorrerão mesmo
que a empresa não venda ou não produza no período.

FONTE: O autor (2022).

O processo de avaliação dos custos ainda deve considerar os custos variá-


veis, que são aqueles custos que apresentam variação de acordo com o faturamen-
to e o volume de vendas da empresa, pois eles estão relacionados à quantidade que
a empresa está vendendo ou produzindo diretamente. Dessa forma, deve-se ava-
liar que os custos variáveis nos negócios podem se apresentar como custos com
matéria-prima, insumos e todos os demais itens que são utilizados diretamente no
processo produtivo das empresas.
O conceito de ponto de equilíbrio também é de grande importância para
as finanças corporativas. Basicamente, tal conceito é explicado quando o total de
despesas (fixas e variáveis) e o total de receitas em determinado período se equi-
param, assim, temos que a empresa não apresenta lucros, mas também não apre-
senta nenhum tipo de prejuízo em seu negócio.

20
FIGURA 7 – A IMPORTÂNCIA DO PONTO DE EQUILÍBRIO PARA O GESTOR

O cálculo do ponto de equilíbrio é importante para


todos os tipos de negócio

Por meio dele, o gestor financeiro poderá entender que


a partir de um certo valor de faturamento o seu negócio
começará a apresentar o desejado lucro

FONTE: O autor (2022).

Os sistemas financeiros que são utilizados pelas empresas atualmente ofe-


recem inúmeros relatórios que apresentam o cálculo do ponto de equilíbrio para
que os gestores possam analisar, tornando, com o passar dos anos, ainda mais fácil
lidar com essa ferramenta.

3.2 O AMBIENTE OPERACIONAL DA EMPRESA


A organização das empresas, em termos de gestão financeira, pode variar
de acordo com o setor em que elas atuam. Enquanto em alguns tipos de empre-
sas essa área é pequena e não apresenta uma grande complexidade, temos que
em outras se trata de uma área mais complexa e que realiza atividades diversas
para atender às necessidades organizacionais. Para que seja possível entender o
ambiente operacional de um departamento financeiro, é necessário avaliar que ele
pode se dividir em três áreas distintas, conforme Figura 8:

FIGURA 8 – PRINCIPAIS ÁREAS OPERACIONAIS NA GESTÃO FINANCEIRA

É a parte que tem a responsabilidade de administrar o caixa


Tesouraria da empresa e onde ficam alocadas atividades como as contas
a pagar e a receber, o fluxo de caixa e a análise de crédito.

A área executa o controle financeiro e tem sob sua


Controladoria responsabilidade o planejamento, a contabilidade, o
controle do orçamento e os custos da organização.

Departamento responsável por, dentre outras questões,


Fiscal observar e cumprir a legislação e controlar a emissão de
notas fiscais.

FONTE: Fortes (2021, p. 1).

21
A organização apresentada na Figura 8 pode variar de acordo com a neces-
sidade de cada empresa e do setor em que ela estiver inserida, por isso, é muito im-
portante avaliar todas as características internas e externas do negócio. Destaca-
mos, ainda, que as empresas podem implementar uma estrutura financeira quando
são criadas e irem aperfeiçoando essa estrutura de acordo com o crescimento das
suas operações. Nota-se também que a gestão financeira pode ser um reflexo das
atividades que são realizadas pelas empresas, portanto, quanto mais uma organi-
zação crescer, mais ela precisará de um departamento financeiro alinhado com as
atividades realizadas.

ESTUDOS FUTUROS
O fluxo de caixa é uma importante demonstração financeira utilizada na ges-
tão de empresas de todos os portes e tamanhos, assim, é importante que
todos que estiverem estudando essa área possam avaliar o processo de ela-
boração e evidenciação dele. Por isso, você conhecerá um pouco mais sobre
o fluxo de caixa na Unidade 2 desta disciplina.

•  Controle das contas a receber: as empresas realizam todos os esfor-


ços possíveis para realizar suas vendas, então é muito importante que
ela também controle o recebimento delas. Por isso, compete à gestão
financeira operacionalizar todos os processos relacionados à eviden-
ciação do que a empresa está recebendo em cada período, auxiliando,
assim, no controle dessas atividades.
•  Controle das contas a pagar: em suas atividades operacionais, é
perceptível que as empresas acabem gerando contas, bem como que
essas contas precisam ser pagas. Portanto, temos que faz parte das
atividades da gestão financeira controlar se a empresa está realizan-
do o pagamento de todas as suas contas nos prazos acordados com
os seus fornecedores.
•  Atividades de auditoria: o processo de auditoria ainda não é muito
difundido entre toda as empresas, sendo geralmente mais utilizado por
grandes corporações. Entretanto, cada vez mais tem se tornado comum
que os profissionais da gestão financeira tenham de conhecer mais so-
bre a auditoria por ela interferir diretamente em suas atividades. Acerca
da auditoria, temos que considerar esse processo como uma verifica-
ção, por um terceiro, de todos os processos que foram realizados na
organização, então temos que uma pessoa externa atesta tudo que foi
feito, gerando maior confiabilidade em relação aos dados divulgados.

22
•  Atividades realizadas ao faturamento: essa é uma das atividades
mais operacionais da gestão financeira, a partir da qual é possível emitir
as notas fiscais de tudo que foi comercializado por ela, sendo necessá-
rio integrar essas informações com o departamento de contas a receber
da empresa também. Destaca-se, ainda, que é mediante a atividade de
faturamento que as empresas efetuam todos os cálculos relacionados
ao pagamento dos impostos devidos por relação às suas vendas.

O ambiente operacional da gestão financeira impõe às empresas uma série


de decisões, então temos que alguns autores que escrevem sobre a área acabam
apresentando cinco funções principais que devem ser realizadas pelos gestores
financeiros de qualquer negócio. No Quadro 2, veja quais funções são essas:

QUADRO 2 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO GESTOR FINANCEIRO

Função Descrição
Escolha de Decisão sobre as alternativas de investimento em quais tipos de ativos os recursos devem ser
investimento investidos e que montante deverá ser investido.

Decisão sobre as alternativas de financiamento em como a empresa deverá financiar suas


Escolha de
atividades, se com recursos próprios ou de terceiros e, se das duas formas, qual a composição
financiamento
adequada de financiamento para o seu ramo de atividade.

Realização do Planejamento financeiro: elaboração das projeções financeiras para um determinado período,
planejamento em linha com os propósitos das demais áreas da empresa.

Definição das
Decisão sobre as políticas de crédito: para quem vender? Quanto vender? Em que condições vender?
políticas de vendas
Gestão das Administração das disponibilidades: administração do fluxo de entradas e saídas de caixa para
disponibilidades garantir o andamento das atividades operacionais e a saúde financeira da empresa.

FONTE: Hoji (2019, p. 2).

A operacionalização da gestão financeira de uma empresa não é uma ati-


vidade fácil e, por isso, é necessário que todos os profissionais que estiverem nela
envolvidos compreendam exatamente como se dá o funcionamento desse setor
e, principalmente, como ele pode funcionar para colaborar para a melhoria dos
resultados organizacional.

3.3 A ORGANIZAÇÃO COMO SISTEMA


Os estudos da administração não focaram apenas na administração cientí-
fica e na escola de relações humanas – é percebido que, ao longo da evolução do
papel das organizações na sociedade, esses estudos passaram a se desenvolver
muito com outros enfoques e outras abordagens. Dentre essas abordagens, é im-
portante avaliar que o pensamento sistêmico acabou ganhando enorme relevância
por sua grande abrangência e aplicabilidade nas organizações. Sobre o pensamen-
to sistêmico, Maximiano (2010, p. 66) diz que,

23
[...] depois de estudar os clássicos, os organizadores e os humanistas do
enfoque comportamental, você vai conhecer uma teoria que é funda-
mental na moderna administração: o pensamento ou enfoque sistêmico.
Todas as teorias modernas são sistêmicas, já que procuram integrar di-
ferentes enfoques ao mesmo tempo. O pensamento sistêmico é a ferra-
menta do administrador moderno para lidar com situações complexas.

A teoria do sistema apresenta que um sistema deve ser considerado como


um todo complexo ou organizado, e, nesse todo, temos que o conjunto de partes
ou elementos acabam formando um todo unitário. Assim, temos que partes distin-
tas acabam interagindo para que o todo possa apresentar as soluções esperadas. O
estudo do pensamento sistêmico apresenta que “qualquer sistema pode ser repre-
sentado como conjunto de elementos ou componentes interdependentes, que se
organizam em três partes: entradas, processo e saída, a representação concreta que
mais facilmente ilustra um sistema é a fábrica (ou qualquer sistema de produção)”
(MAXIMIANO, 2010, p. 66).

FIGURA 9 – MODELO DE UM SISTEMA ORGANIZACIONAL

Entrada Processo Saída

FONTE: O autor (2022).

No Quadro 3, apresentado a seguir, é possível observar como o pensamento


sistêmico entende as partes de um sistema:

24
QUADRO 3 – PARTES DE UM SISTEMA

Parte da estrutura Definição


As entradas ou insumos (inputs) compreendem os elementos ou recursos físicos e abstratos de que o
sistema é feito, incluindo todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente. Por exemplo,
um sistema de produção de veículos compreende os seguintes componentes, dentre outros:
• Projeto do produto.
• Fornecimento de peças intercambiáveis.
• Máquinas e equipamentos.
• Trabalhadores especializados.
• Procedimentos padronizados de montagem.
• Instalações de montagem.
Entrada
Um sistema de transporte compreende os seguintes elementos:
• Veículos.
• Rodovias.
• Sinalização.
• Postos de combustíveis e serviços.
• Fiscalização e licenciamento de veículos etc.
Cada um desses sistemas, por sua vez, é formado por outros sistemas ou partes. Você pode
tentar descrever um sistema qualquer, identificando seus elementos. Tente fazer isso, por exemplo,
com sua classe.

Todo sistema é dinâmico e tem processos que interligam os componentes e transformam os ele-
mentos de entrada em resultados. Cada tipo de sistema tem um processo ou dinâmica próprios.
Todas as organizações usam pessoas, dinheiro, materiais e informação, mas um banco é diferente
de um exército e os dois de uma escola e esses três de um hospital por causa das diferenças
nos processos internos e nos resultados de cada um. São diferentes a tecnologia, as normas e
Processo
regulamentos, a cultura e os produtos e serviços que cada um produz. O que define a natureza do
sistema é o processo, a natureza das relações entre as partes, e não apenas as partes, que são muito
similares em todos os sistemas. Um sistema conceitual trabalha exclusivamente com a matéria-
-prima do intelecto. Entram informações, que são processadas para produzir novas informações.
Os sistemas conceituais são formas de raciocinar.

As saídas (outputs) são os resultados do sistema, os objetivos que o sistema pretende atingir ou
efetivamente atinge. Para uma empresa, considerada como sistema, as saídas compreendem os
produtos e serviços para os clientes ou usuários, os salários e impostos que paga, o lucro de seus
Saída acionistas, o aumento das qualificações de sua mão de obra e outros efeitos de sua ação, como
a poluição que provoca ou o nível de renda na cidade em que se localiza. O sistema empresa é
formado de inúmeros sistemas menores, como o sistema de produção e o sistema administrativo,
cada um dos quais tem suas saídas específicas.

FONTE: Maximiano (2010, p. 69).

Uma boa avaliação de qualquer tipo de sistema demanda o que os estu-


diosos compreendem como feedback, assim, temos que o administrador poderá
analisar a eficiência do seu sistema, podendo, também, realizar ajustes que torna-
rão o sistema mais eficiente. Salienta-se, ainda, que o feedback tem como função
principal oferecer o controle, que é tão importante e necessário para todas as ati-
vidades realizadas na gestão.

25
ATENÇÃO
A implantação do feedback dentro de qualquer sistema pode ser algo plane-
jado, por isso, é importante avaliar essa atividade como algo de grande impor-
tância e relevância para o correto funcionamento do sistema. O administrador
sempre terá a necessidade de controlar todos os recursos da organização,
então é natural que ele implemente o feedback em todos os seus sistemas
como forma de garantir a melhoria dos resultados obtidos.

Ao implementar a teoria dos sistemas nos estudos da gestão financeira, é


possível entender como se dá o funcionamento desse setor, pois ele acaba rece-
bendo dados e informações de outros departamentos, realiza os processos por
meio das suas atividades operacionais e oferta a sua saída mediante mais controle
organizacional, que pode ser evidenciado a partir dos relatórios e dos efeitos de
uma boa gestão financeira.

4 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As informações que são produzidas pelos profissionais da gestão financeira
basicamente aparecem na forma de demonstrações financeiras, que, por sua vez,
são estruturadas para transmitirem uma série de informações e detalhes que po-
dem ajudar qualquer um que tiver acesso a uma série de dados sobre o a saúde
financeira do negócio. Uma das principais atividades de todos os gestores finan-
ceiros é contribuir para que seja possível projetar resultados financeiros, então, é
natural que essas informações sejam de grande ajuda para quem de fato toma
decisão dentro do negócio.
Sobre o processo de projeção das demonstrações financeiras, temos que o
autor Padoveze (2010, p. 283) afirma:
A projeção dos demonstrativos contábeis, encerrando o processo orça-
mentário anual, permite à alta administração da empresa fazer as análi-
ses financeiras e de retorno de investimento que justificarão ou não todo
o plano orçamentário. Além disso, são imprescindíveis tais projeções,
tendo em vista que tanto o balanço patrimonial como a demonstração
de resultados são os pontos-chave para o encerramento fiscal e socie-
tário da empresa, em que se apurarão os impostos sobre o lucro e as
perspectivas de distribuição de resultados.

As empresas podem publicar diversos tipos de demonstrações fi-


nanceiras ao final de cada período. Geralmente esse período tem duração de um
ano, entretanto, há um tipo de demonstração que chama mais atenção devido à
sua importância e relevância, que é o balanço patrimonial.

26
4.1 BALANÇO PATRIMONIAL
O balanço patrimonial é a demonstração responsável por informar quais são
os ativos que organização tem à sua disposição para que possa realizar as suas
atividades, tendo também como função apresentar o passivo e o patrimônio líquido
da organização, para que, com essas informações, os gestores possam tomar as
suas decisões (PINTO; VASQUEZ, 2019).
É por meio dele que é possível observar quantitativa e qualitativamente o
patrimônio pertencente à entidade. É elaborado no encerramento do exercício ou
sempre que a entidade julgar, podendo ainda ser compreendido como a relação
nominal de todos os componentes do patrimônio com seus valores finais no último
dia do exercício social.
No balanço patrimonial, são apresentadas as seguintes contas:

•  Ativo: representa os bens e o direitos pertencentes à entidade. Dentro


dos ativos, estão apresentados, ainda:
•  Ativo circulante: é o primeiro grupo do ativo, possuindo a ca-
racterística de apresentar a maior liquidez. Representa a movi-
mentação dos valores da entidade dentro do ciclo operacional ou
no máximo até o fim do exercício subsequente, sendo, por isso,
compreendido como de curto prazo. Dentro do ativo circulante
estão as contas disponíveis, os bens e direitos de curto prazo e as
despesas que foram pagas antecipadamente.
•  Disponíveis: aqui estão descritas todas as contas com alta
liquidez, como caixa, banco conta movimento, equivalentes
de caixa, aplicações financeiras com liquidez imediata, sal-
dos em moeda estrangeira e outros.
•  Bens e direitos de curto prazo: “consistem nos que se-
rão realizáveis dentro do ano corrente e até o final do ano
seguinte, como, por exemplo: em bens, os estoques, e em
direitos, duplicatas a receber” (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 36).
Aqui estão as contas como investimentos temporários, apli-
cações financeiras em fundos, duplicatas a receber e outras.
•  Despesas pagas antecipadamente: são desembolsos de
recursos que poderão afetar diversos períodos contábeis.
Até́ o final do exercício seguinte, tais contas estão de acordo
com o regime de Regime de Competência.

27
•  Ativo não circulante: é composto pelas contas de longo prazo
da entidade, estando dividido em: realizável em longo prazo, in-
vestimentos, imobilizado e intangível.
•  Realizável em longo prazo: são os direitos que possuam
prazo de realização superior a um ano. São contabilizados
como realizável em longo prazo as contas a receber de
longo prazo, as despesas antecipadas de longo prazo, os
incentivos fiscais ou, ainda, os investimentos temporários
de longo prazo.
•  Investimentos: são as participações voluntarias ou incen-
tivadas que a entidade dispõe em outras entidades ou, ain-
da, direitos de propriedade que não podem ser enquadrados
como um ativo circulante ou realizável em longo prazo, não
sendo enquadrados também no imobilizado.
•  Imobilizado: trata-se de todos os bens que entidade pos-
sua e que são necessários para que suas operações con-
tinuem a funcionar. Aqui são alocados máquinas, equipa-
mentos, computadores e instalações.
•  Intangível: são os bens incorpóreos, ou seja, que não podem
ser tocados, mas que possuam materialidade e relevância.
Marcas e patentes são exemplos de itens do ativo intangível.
•  Passivo: representa o conjunto de obrigações que uma entidade
possui no período a que o balanço patrimonial se refere. Dentro do pas-
sivo, temos, ainda:
•  Passivo circulante: aqui são enquadradas todas as exigibilida-
des da entidade que possuam liquidação para no máximo até o fim
do exercício subsequente. Dentre algumas obrigações classifica-
das como passivo circulante, estão “compra de matérias-primas a
serem usadas no processo produtivo, ou mercadorias destinadas
à revenda; compra de bens, insumos e outros materiais para uso
pela empresa; arrendamento financeiro de bens para uso da em-
presa” (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 47) e muitas outras apresentadas
na legislação.

28
•  Passivo não circulante: aqui são apresentadas todas as exigi-
bilidades que a entidade possui e que possuam liquidação com
prazo superior a um ano. Dentre as contas que podem ser en-
quadradas como passivo não circulante, estão: empréstimos e
financiamentos realizados para aquisição ou arrendamento finan-
ceiro de bens; fornecedores de longo prazo; imposto de renda (IR),
contribuição social (CS) diferidos; emissão de debêntures e outros
títulos de dívida ou, ainda, retenções contratuais.
•  Patrimônio líquido: aqui são apresentadas o valor contábil dis-
ponível aos sócios no momento do fechamento do balanço patri-
monial. Dentre as contas possíveis para serem apresentadas no
patrimônio líquido, estão: capital social, reservas de capital, ajus-
tes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesou-
raria e prejuízos acumulado.

Na Tabela 1, está apresentado um modelo de balanço patrimonial que uma


entidade pode apresentar:

TABELA 1 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo Ano X1 Passivo Ano X1


Ativo circulante 1.890.000 Passivo circulante 1.445.000

Disponível 460.000 Salários 350.000

Caixa 100.000 Empréstimos 450.000

Aplicações 160.000 Fornecedores 590.000

Realizável de curto
1.430.000 Outras contas 55.000
prazo

Recebíveis 1.130.000 Passivo não circulante 450.850

Estoques 250.000 Empréstimos e financiamentos 450.850

Outras contas a receber 50.000 Patrimônio líquido 3.594.150

Ativo não circulante 3.600.000 Capital social 2.594.150

Investimentos 3.000.000 Reservas 1.000.000

Imobilizado 600.000

TOTAL DO ATIVO 5.490.000 TOTAL DO PASSIVO 5.490.000

Fonte: O autor (2022).

29
A estrutura do balanço patrimonial das entidades deve seguir um mode-
lo previamente estabelecido, com isso, será possível garantir a comparabilidades
entre diferentes balanços de empresas de um mesmo setor ou, ainda, de setores
distintos. Essa é uma demonstração que é amplamente utilizada pela gestão fi-
nanceira, pois por meio do balanço patrimonial, é possível observar as seguintes
informações de uma empresa:

•  Analisar: é possível analisar o comportamento financeiro de um negócio.


•  Avaliar o percurso do dinheiro dentro da empresa: pode-se com-
preender o trajeto dos recursos financeiros da empresa.
•  Auxiliar no planejamento estratégico: pode ser utilizado como base
para a elaboração do planejamento estratégico.
•  Realizar o planejamento tributário: é possível ajudar na composição do
planejamento tributário, identificando tributos pagos e meios de reduzi-los.
•  Melhorar as decisões: pode-se tomar decisões financeiras mais
assertivas.
•  Divulgar informações: pode-se apresentar dados financeiros e con-
tábeis a possíveis investidores.

O processo de elaboração do balanço patrimonial é uma atividade que é


realizada pelos profissionais da área contábil. Em muitas empresas, esses profissio-
nais trabalham dentro da estrutura operacional da gestão financeira; em outras, é
possível que esses profissionais estejam vinculados a departamentos específicos.
Independentemente de onde esteja locado o profissional de contabilidade, é fato
que todos que estiverem atuando dentro do departamento financeiro estarão con-
tribuindo para o processo de elaboração do balanço patrimonial.

30
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância das finanças corporativas por meio dos principais conceitos que
são utilizados na área.
• A necessidade de se analisar quais são as principais atividades operacionais da
gestão financeiras.
• A teoria de sistemas e de como ela pode ser aplicado dentro da realidade empresarial.
• A observação sobre os itens que compõem o balanço patrimonial e de como as
informações que ele possui podem ser entendidas.

31
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro é um profissional de grande relevância no ambiente or-


ganizacional, tendo ganhado importância cada vez mais nos processos de
tomada de decisões para que o negócio ganhe mais eficiência e eficácia.
Assim, é importante para todos os estudantes de gestão que busquem
compreender quais são as principais funções desenvolvidas por esses
profissionais. Considerando o exposto, assinale a alternativa CORRETA da
função do gestor financeiro relacionada à escolha de investimentos:
a. ( ) Decisão sobre as alternativas de investimento, em quais ti-
pos de ativos os recursos devem ser investidos e que montante
deverá ser investido.
b. ( ) Decisão sobre as alternativas de financiamento e em como a
empresa deverá financiar suas atividades operacionais.
c. ( ) Elaboração das projeções financeiras para um determinado pe-
ríodo, em linha com os propósitos das demais áreas da empresa.
d. ( ) Administração do fluxo de entradas e saídas de caixa para
garantir o andamento das atividades operacionais e a saúde fi-
nanceira da empresa.

2. As organizações estão enfrentando um ambiente de negócios cada vez


mais competitivo, assim, é importante que essas empresas busquem de-
senvolver todas as áreas dos seus negócios. Temos, então, que tem se
tornado cada vez mais natural que se acabe impondo novas responsa-
bilidades aos gestores financeiros. Com base nas definições das funções
dos profissionais de gestão financeira, analise as sentenças a seguir:
I. Os profissionais da gestão financeira são os responsáveis
por tomar as decisões acerca de financiamento e investimento
das empresas.
II. Compete aos gestores financeiros serem os únicos profissionais res-
ponsáveis pela elaboração do balanço patrimonial nas empresas.
III. O gestor financeiro no ambiente das empresas deverá cuidar da
administração das disponibilidades, portanto, ele deverá adminis-
trar o fluxo de entradas e saídas de caixa para garantir a saúde
financeira da empresa.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

32
3. O balanço patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis fi-
nanceiras que são publicadas pelas empresas ao final de cada período.
Apesar de ser uma demonstração relacionada à estática patrimonial, ou
seja, que representa a foto do patrimônio da empresa em uma deter-
minada data, temos que ela gera inúmeras informações para todos os
tomadores de decisões das empresas. De acordo com as principais infor-
mações observadas por meio do balanço patrimonial, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Por intermédio do balanço patrimonial, é possível analisar o compor-


tamento financeiro de um negócio.
( ) Mediante o balanço patrimonial, a empresa divulga o custo da merca-
doria vendida e o seu resultado diário.
( ) Por meio do balanço patrimonial, pode-se compreender o trajeto dos
recursos financeiros da empresa.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. A produção de informações é uma das principais funções dos profissionais


da gestão financeira, assim, gerar dados para que possam ser utilizados por
outros profissionais dentro do ambiente empresarial também integra as fun-
ções que são realizadas por esses profissionais. Com isso em mente, disserte
sobre as principais utilidade de se elaborar um balanço patrimonial.

5. As funções realizadas dentro da gestão financeira são cada vez mais


complexas e, por conta disso, tem se tornado mais desafiador ao gestor
financeiro realizar todas as funções relacionadas à operacionalização da
gestão financeira. Destaca-se, ainda, que dependendo do tipo de empre-
sa, bem como do setor em que ela atua, a gestão financeira pode ser mais
complexa, portanto, conhecer as principais atividades realizadas por esse
setor é essencial. Considerando o exposto, apresente quais são as ativi-
dades realizadas no controle bancário.

33
TÓPICO 2

CONCEITOS
FINANCEIROS
FUNDAMENTAIS
1 INTRODUÇÃO
Os profissionais que estiverem atuando na gestão financeira necessitam com-
preender o funcionamento dos processos e atividades que compreendem o escopo
dessa área, por isso, é sempre importante avaliar quais são as especificidades que
podem impactar diretamente nos resultados do negócio. Um dos principais aspectos
que devem ser levados em consideração é a questão de quanto a organização está
exposta ao risco – sabe-se, por exemplo, que, independentemente do tipo de negó-
cio, as empresas precisam aprender a lidar com os riscos em suas operações.
Ao longo deste tópico, vamos conhecer alguns dos conceitos principais no
processo de aprendizagem da gestão financeira, que são conhecimentos que estão
relacionados basicamente ao uso da matemática financeira, além de serem ele-
mentos que precisam ser tratados no processo de formação de gestores. Serão
abordados conceitos sobre a importância de se compreender o valor do dinheiro ao
longo do tempo, aspectos do valor futuro, valor presente, bem como serão apre-
sentados também os tipos de inflação que mais impactam o dia a dia das empresas
e que alteram os seus negócios.

2 CONHECENDO OS CONCEITOS FINANCEIROS


FUNDAMENTAIS
A gestão financeira é uma das áreas da administração que mais se utiliza de
conceitos matemáticos para entender as funções e atividades empresariais, por-
tanto, a todos que estiverem atuando com ela, é importante desenvolver ao menos
conceitos básicos sobre o funcionamento e o emprego da matemática na rotina
desse departamento. Ressalta-se, ainda, que ao aliar os estudos matemáticos e

35
das ciências econômicas, é possível entender, por exemplo, que o valor do dinheiro
acaba se alterando no decorrer do tempo. Então, é necessário que as empresas
levem em consideração essas mudanças para que possam tomar todas as precau-
ções possíveis em busca de proteger o seu patrimônio.

2.1 O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO


O aparecimento da moeda – não o objeto metálico e com valor financeiro,
mas a moeda como conceito de intermediário na troca de bens e serviços – tam-
bém auxiliou no desenvolvimento da contabilidade. A moeda possibilitou que os
gestores pudessem avaliar bens, direitos e obrigações, periodicamente, derivar,
portanto, o patrimônio líquido das empresas (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018).
Assim, é necessário avaliar que o surgimento da moeda acabou influenciando em
grande parte a gestão financeira das empresas desde os primórdios da sociedade.

FIGURA 10 – CARACTERÍSTICAS DAS MOEDAS

Oferece uma forma de mensurar


o valor das coisas

Fácil de ser transportada

Serve para guardar o patrimônio


das pessoas e empresas

FONTE: O autor (2022).

Com o passar do tempo, é comum notar que, com um determinado valor


financeiro se comprava um determinado produto e agora não mais. Por exemplo,
se no ano de 2009 uma empresa comprava veículo automotor pelo valor de R$
30.000,00 para ser utilizado em sua operação, sabe-se que, após passados cinco
anos, dificilmente essa mesma empresa conseguira comprar o mesmo modelo de
veículo pelo valor de R$ 30.000,00. O que acontece é que, por inúmeros fatores que
precisam ser compreendidos pelos gestores financeiros, mercadorias e serviços
acabam tendo seus preços reajustados ao longo do tempo, ou seja, elas se tornam
mais caras, por isso, é preciso entender que o valor do dinheiro pode ser impactado
por essa mudança.

36
2.2 VALOR FUTURO E VALOR PRESENTE
O valor do dinheiro se modifica com o passar das estações, dessa manei-
ra, é sempre importante que os empresários e profissionais que estiverem atuan-
do na gestão financeira de seus negócios busquem compreender os conceitos e
as diferentes aplicações que a matemática financeira e as ciências econômicas
possuem sobre essas mudanças. Dentre os conceitos mais importantes de serem
compreendidos estão os conceitos de valor futuro e de valor presente do dinheiro.

2.2.1 VALOR FUTURO


O termo “valor futuro” é conhecido como a capitalização de um valor atual
aplicado a uma taxa de juros pré-definida, portanto, temos que essa taxa de juros
deverá compensar a desvalorização do valor de face da moeda. Como forma de
entender o conceito de valor futuro, é basicamente avaliar que ter R$ 1.000,00 no
dia de hoje não é a mesma coisa que ter R$ 1.000,00 daqui a cinco anos, pois o que
se compra nos dias atuais com esse valor não pode ser comprado igual quando
passar os cinco anos.
Considerando o conceito de valor futuro, deve-se entender que ele é muito
utilizado no mercado de investimento, pois quando se realiza algum tipo de apli-
cação, temos que os investidores buscam garantir o valor do seu dinheiro mesmo
com o passar do tempo. Então, estudar as taxas de juros do investimento é sem-
pre importante para garantir que, mesmo passado o tempo da aplicação, aquele
valor garantirá bons resultados para o seu negócio. Ressalta-se, também, que as
incertezas presentes na economia e no mundo dos negócios podem impactar o
valor futuro dos bens.
O cálculo do valor futuro pode ser efetuado por meio uma fórmula que é
amplamente utilizada na matemática financeira:
M = P . (1 + i)n
Onde P é também conhecido como valor presente (PV = present value) e
o montante M é também conhecido como valor futuro (FV = future value). Então,
essa fórmula pode ser escrita como:
FV = PV . (1 + i)n
Isolando PV na fórmula, temos:
PV = FV / (1+i)n

37
Como forma de aplicar o cálculo do valor futuro, temos o seguinte exemplo:
o sr. Manoel é gestor financeiro de uma grande empresa de sapatos e, no último
dia 22, ele obteve a informação de que a empresa teria uma sobra de capital de
R$ 1.500,00. Por isso, ele gostaria de aplicar esse valor pelo período de no mínimo
12 meses. Ele foi a até o banco e o gerente do seu banco ofereceu um investimento
que renderia 2% ao mês. Qual, então, seria o valor futuro obtido pelo sr. Manoel?
M = P . (1 + i)n
FV = 1500 . (1 + 0,02)12 = R$ 1.902,36
Após efetuar o cálculo do valor futuro, temos que o sr. Manoel teria
R$ 1.902,36 após os 12 meses da aplicação de valor futuro.

2.2.2 VALOR PRESENTE


O termo “valor presente” pode ser utilizado para indicar quanto um determi-
nado montante vale atualmente. A percepção sobre quanto um bem ou mercadoria
vale pode se alterar com o passar do tempo. Assim, temos que o “meio externo e
as motivações pessoais, bem como a disponibilidade do recurso, são capazes de
aumentar ou diminuir a relevância que um item tem dentro de uma negociação”
(MAIS, 2022, on-line). Portanto, temos que o uso do conceito de valor presente tem
como função indicar a visão conjunta a respeito de um capital.
O cálculo do valor presente pode ser efetuado por intermédio uma fórmula
que é amplamente utilizada na matemática financeira:
VP = VF/ (1 + i)t
Onde:

•  VP é o valor presente.
•  VF é o valor futuro.
•  I é a taxa de juros vigente.
•  T é o tempo entre o primeiro e segundo elemento.

Como forma de aplicar o cálculo do valor presente, temos o seguinte exem-


plo: o sr. Paulo está avaliando uma empresa que é capaz de gerar um fluxo de caixa
de R$ 30 milhões em 12 meses. Sabe-se que a taxa utilizada nessa avaliação será
de 2% ao ano, representativa da Selic em outubro de 2020. Assim, qual será o valor
presente desta operação?
VP = VF/ (1 + i)t
VP = 30.000.000 / (1 + 0,02). 1
VP = 29.411.764,71
38
Após efetuar o cálculo do valor presente, concluímos que o sr. Paulo teria
R$ 29.411.764,71 após esse investimento.

2.3 RISCO E RETORNO


As empresas necessitam de dados a todo momento, por isso, os seus ges-
tores financeiros devem procurar gerar e interpretar esses dados para subsidiar
os processos de tomada de decisão a todo o instante. Esses dados em sua maio-
ria são utilizados para que a empresa possa avaliar os riscos e o retorno de cada
uma das operações que são realizadas por ela. Quanto mais informações de qua-
lidade e que atendam às necessidades dos tomadores de decisões, maior será a
possibilidade de se tomar as melhores decisões e buscar os melhores resultados
para as organizações.
Os profissionais que atuarem no processo de geração de informações para
controle organizacional deverão apresentar pleno conhecimento sobre as ferra-
mentas contábeis e financeiras que são necessárias para uma gestão eficiente em
seus negócios. Recomenda-se, ainda, que esses profissionais busquem conhecer
quais são as necessidades informacionais que o seu negócio demanda, para que
assim seja possível a produção de informações adequadas e que subsidiem boas
tomadas de decisões.
Um dos aspectos que mais impõe risco aos negócios é a alta taxa de utili-
zação do capital de terceiros pela empresa, então é importante avaliar como se dá
a diferenciação entre capital próprio e capital de terceiros conforme demonstrado
no Quadro 4, a seguir:

QUADRO 4 – DIFERENÇA ENTRE CAPITAL PRÓPRIO E CAPITAL DE TERCEIRO

Tipo de capital Definição


Conjunto de recursos que são pertencentes à organização ou porque foram investidos pelos s
Capital próprio eus sócios em sua constituição ou que foi gerado pelas atividades operacionais realizadas pela
organização, como venda e comercialização de produtos ou serviços aos seus clientes.

Conjunto de recursos que são pertencentes a terceiros e que foram obtidos por meio de
Capital de terceiros
empréstimos ou operações de crédito realizada pela organização.

FONTE: O autor (2022).

Quanto mais dependente de capital de terceiros uma empresa for, maior


será o risco do seu negócio, bem como, menor será o seu retorno também. Quan-
do uma empresa faz uso de muito capital de terceiros, é comum que ela tenha
aumentado os riscos dos seu negócio, pois ela aumentará o pagamento de juros e
remuneração por estar utilizando esse capital, bem como terá maximizado diver-

39
sos outros custos que afetarão o retorno financeiro esperado na operação. Uma
das formas de se avaliar os riscos e o retorno que uma empresa possui nos negó-
cios é fazendo uso do cálculo do custo médio ponderado de capital, conforme o
exemplo a seguir:

O grupo empresarial Sapatos e Cia. é uma grande empresa do setor


de calçados que tem atuação no Sul do país, atendendo a organiza-
ções que têm buscado implementar uma estrutura moderna para lidar
com seus recursos financeiros. Suponhamos que o gestor financeiro
que cuida dos rendimentos da organização detectou que a estrutura
de capital da empresa é composta pelos seguintes valores que estão
apresentados a seguir:

•  40% de sua dívida ao custo de 5% líquido; e


•  60% de capital próprio, que tem um custo de 20%.

Portanto, o custo médio ponderado do capital (CMPC) será calculado


da seguinte forma:

CMPC = 4% X 0,50 + 20% X 0,60


CMPC = 0,02 + 0,12
CMPC = 0,14 x 100
CMPC = 14%

O custo médio ponderado de capital do grupo empresarial Sapatos e


Cia. é de, então, 14%. A partir da análise dos dados apresentados nesse
exemplo, temos que, a partir de então, ela deverá analisar se esse in-
vestimento garante um retorno positivo para ela.

Os gestores financeiros ainda precisam lidar com riscos que são provocados
pela gestão na economia no país, sendo tais riscos, em sua maioria, causados pelo
impacto do dólar, pela gestão financeira do governo, pelos tomadores de decisões efe-
tuadas no âmbito do Banco Central, enfim, são decisões macroeconômicas que podem
impactar diretamente nos resultados das empresas e no retorno esperado por elas.

40
3 TAXAS DE JUROS
O conceito de juros é utilizado para descrever a remuneração atribuída ao
capital de acordo com um tempo específico, portanto, ele é o aumento de valor
sofrido por um determinado capital. Assim, sempre que se fala sobre o juro relativo
a um capital, deve-se entender que está tratando da remuneração desse capital
durante um intervalo de tempo. Esse período de tempo é conhecido como período
financeiro ou período de capitalização.
O cálculo dos juros depende, portanto, do capital e do tempo. Dessa ma-
neira, temos que o valor do juro em determinado tempo é expresso como uma
porcentagem do capital, por meio de uma taxa. Geralmente, nos cálculos matemá-
ticos, costuma-se adotar a letra “i” para representar a taxa de juros. Na matemática
financeira, costuma-se chamar de regime de capitalização o processo de formação
de juro, sendo que há duas formas de capitalizar um capital por intermédio dos
juros simples ou dos juros compostos, que possuem as características presentes
na Figura 11, apresentada na sequência:

FIGURA 11 – JUROS SIMPLES X JUROS COMPOSTOS

Juros Juros
simples compostos

O juro pago em cada


Os juros compostos são
período é sempre
aqueles nos quais os
constante. Nesse regime,
juros do mês são
apenas o capital inicial
incorporados ao capital.
rende juro.

Fórmula: J = C.i.n Fórmula: M = C. (1-i)n


Onde: Onde:
J = juros M = montante
C = capital C = capital
i = taxa i = taxa
n = período n = período

FONTE: O autor (2022).

41
Ao realizar o cálculo dos juros, é importante que os profissionais da gestão
financeira busquem avaliar qual é o tipo de juros que estão sendo cobrados, pois,
conforme demonstrado na Figura 11, cada tipo vai impor uma fórmula diferente
para ser avaliada. A prática de cálculos de juros é algo realizado quase que diaria-
mente em todas as empresas, pois a todo momento estão sendo realizados vendas
a prazo, pagamento de contas em atraso, investimentos ou financiamentos que im-
põem o cálculo dos juros como algo de grande importância no dia a dia da empresa.

3.1 INFLAÇÃO
O conceito de inflação pode ser compreendido como o aumento generali-
zado do índice de preços. Esse conceito influencia de diversas formas em todos os
tipos de negócios e deve ser assimilado por todos os profissionais que estiverem
atuando no ambiente empresarial. O Brasil possui diversos índices de inflação que
são calculados por órgãos oficiais, ou seja, ligados ao Governo Federal ou outros
órgãos, assim, é importante que, sempre que estiver tratando do tema inflação, que
se avalie exatamente qual índice está sendo tratado.
Na Figura 12, estão apresentadas as principais causas da inflação segun-
do o Banco Central do Brasil, que é o órgão responsável por conter os efeitos da
inflação no país.

FIGURA 12 – CAUSAS DA INFLAÇÃO SEGUNDO O BANCO CENTRAL DO BRASIL

Pressões por demanda

Pressões de custos

Inércio inflacionária

Expectativa de inflação

FONTE: Banco Central do Brasil ([s. d.], on-line).

42
O Governo Federal é o responsável por conter a inflação em todo o território
e, para isso, ele se utiliza de diversos instrumentos econômicos que auxiliam nessa
importante tarefa. Sabe-se que, em geral, a inflação é vista como positivo e que deve
ser controlada, pois as suas causas acabam impactando de sobremaneira as par-
celas mais pobres da população. Segundo o Banco Central do Brasil ([s. d.], on-line):
A inflação gera incertezas importantes na economia, desestimulando o
investimento e, assim, prejudicando o crescimento econômico. Os pre-
ços relativos ficam distorcidos, gerando várias ineficiências na econo-
mia. As pessoas e as firmas perdem noção dos preços relativos e, assim,
fica difícil avaliar se algo está barato ou caro. A inflação afeta particu-
larmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm
menos acesso a instrumentos financeiros para se defender da inflação.
Inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública, pois as
taxas de juros da dívida pública têm de compensar não só o efeito da in-
flação, mas também têm de incluir um prêmio de risco para compensar
as incertezas associadas com a inflação mais alta.

Importante ressaltar, ainda, que nem toda a inflação é igual, portanto, de-
ve-se avaliar com detalhes quais são as causas da inflação, assim será possível
entender quais serão as principais atividades para combater a inflação. Então, é
importante conhecer os conceitos de inflação de demanda, inflação de custos e
inflação inercial, os quais estudaremos na sequência.

3.1.1 INFLAÇÃO DE DEMANDA


A inflação de demanda está relacionada à alta procura por determinados
bens ou serviços – basicamente, esse conceito possui relação direta com a lei da
oferta da procura, que diz que, quanto mais procurado um bem, maior será o valor
cobrado por ele. No Brasil, temos que a primeira vez que se observou a inflação
da demanda foi no início do Plano Real, quando as famílias tiveram um aumento
expressivo em seus salários e, literalmente, foram às compras. Dessa maneira, elas
passaram a demandar produtos que a indústria nacional não tinha condições de
entregar, provocando, assim, um aumento expressivo nos valores dos preços co-
brados por esses produtos.

43
3.1.2 INFLAÇÃO DE CUSTO
O conceito de inflação de custo pode ser entendido como aquele tipo de
aumento de preços ocasionado por alguma situação relacionada ao processo pro-
dutivo, portanto, as empresas identificam situações que apresentarão uma ne-
cessidade para que os seus preços sejam ajustados imediatamente. Muitas são as
situações que podem provocar a inflação de custos, dentre as principais, temos as
seguintes: aumento nos custos da matéria-prima, aumento no custo da mão de
obra, encargos trabalhistas, salários, aumento nos custos dos tributos, elevação
nos custos das fontes de energia, bem como aumento nas taxas de juros.

3.1.3 INFLAÇÃO INERCIAL


Entre os tipos de inflação existentes em uma economia, temos que a
inflação inercial não possui relação com a oferta ou a demanda de um deter-
minado bem. No caso, a inflação inercial possui relação direta com a perspectiva
de inflação, que é baseada no histórica da situação econômica de um país. Dessa
forma, temos que esse tipo de inflação sofre diretamente com a ação de questões
especulativas presentes no mercado financeiro de quaisquer países. Em suma, te-
mos que a “falta de confiança por parte do mercado gera um círculo vicioso no
qual há a indexação da economia, em outras palavras, índices de inflação são cria-
dos, servindo de reajuste de salários e preços e causam uma espiral inflacionária”
(TIPOS..., 2019, on-line). Portanto, é necessário que os gestores financeiros possam
observar se a inflação tem características inerciais.

44
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância de se entender os efeitos do tempo em relação ao valor do dinheiro.


• A necessidade de se calcular o valor presente e valor futuro nos recursos financeiros.
• Os impactos da inflação no mercado consumidor.
• Os tipos de inflação que podem existir em uma economia.

45
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro é o profissional dentro da empresa que deve estar


constantemente atento a tudo que acontece na economia do país, pois é
necessário que faça a leitura da situação econômica do país e que pos-
sa avaliar como ela afetará os resultados do seu negócio. Considerando
o exposto, assinale a alternativa CORRETA dos efeitos do aumento dos
gastos públicos na economia:

a. ( ) Quanto mais um governo gasta, mais ele necessitará de re-


cursos para cobrir esses gastos, aumentando, dessa forma, os
valores dos impostos.
b. ( ) As empresas são as maiores influenciadores dos gastos públi-
cos, pois são elas que cobram vantagens dos governos.
c. ( ) As famílias não sofrem nenhum tipo de revés com o aumento
dos gastos públicos, já que elas não pagam impostos.
d. ( ) Os impostos são valores cobrados apenas das empresas que
não sofrem com os efeitos da inflação.

2. A inflação é um índice que precisa ser controlado pelos governos. Sabe-se


que existem diversos instrumentos macroeconômicos que são utilizados,
em especial pelo Banco Central do Brasil, para diminuir a inflação e fazer com
que os seus efeitos sejam o mais limitados possível. Com base nas definições
da inflação ocasionada pelos custos, analise as sentenças a seguir:

I. O aumento dos custos com mão de obra acaba impactando para


que as empresas aumentem os custos de seus produtos.
II. A expectativa de aumento dos preços, ou seja, a questão da inér-
cia, possui relação direta com a inflação de custos no Brasil.
III. O aumento dos custos de produção, como o aumento de insumos
e matéria-prima, acabam impactando diretamente na inflação
de custos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

46
3. O cálculo da inflação no Brasil é realizado por diversas entidades. Exis-
tem entidades públicas e privadas, que calculam índices de inflação para
variadas situações, e os profissionais da gestão financeira devem estar
sempre atentos a qual índice está sendo utilizado para que possa se ba-
sear as suas decisões futuras. De acordo com as principais informações
observadas por meio dos estudos da inflação, classifique V para aa sen-
tenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O Governo Federal se utiliza do Banco Central do Brasil para conter a


inflação e controlar a inflação no país.
( ) A inflação de demanda somente não foi observada no país durante o
início do Plano Real no Brasil.
( ) A inflação inercial é aquela causa pela expectativa de aumento
de preços.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os gestores financeiros possuem inúmeras tarefas no ambiente organi-


zacional, assim, é muito importante que eles avaliem qual é a exposição
de risco do seu negócio ou, ainda, como é possível obter melhores re-
tornos financeiros para o acionista. Para isso, ele pode buscar conhecer
como se dá o processo de diferenciação entre capital próprio e capital de
terceiros em sua empresa. Com isso em mente, disserte sobre o conceito
de capital próprio e de terceiro.

5. A perda de poder aquisito é algo que está presente na vida de inúmeros


brasileiros, pois, em momentos de crises econômicas, é comum que os
preços aumentem, e isso faz com que os salários não consigam dar con-
ta das despesas que famílias possuem. Dessa forma, é muito importante
entender quais são as causas principais da perda de valor do dinheiro, em
especial, a causa que possui relação direta com o funcionamento das em-
presas, que é a baixa produção. Considerando o exposto, apresente quais
são os impactos que a baixa produção tem na perda do valor do dinheiro.

47
TÓPICO 3

DECISÕES FINANCEIRAS
DE CURTO PRAZO
1 INTRODUÇÃO
O processo de tomada de decisão no ambiente organizacional é sempre
voltado para a melhoria dos resultados empresariais, assim, é necessário que os
profissionais envolvidos nessas atividades possam entender quais são as perspec-
tivas dos negócios e, principalmente, quais são os desejos dos empreendedores.
A definição da visão e da missão de um negócio é um dos principais direcionado-
res do processo de tomada de decisão, entretanto, por mais nobre e social que a
missão seja, é sempre importante que a empresa busque atingir bons resultados
financeiros na forma de lucro, para que o seu negócio possa continuar em pleno
funcionamento nos próximos períodos.
Ao longo deste tópico, serão abordados aspectos sobre o capital de giro,
seu funcionamento e como as empresas devem buscar compreender a necessi-
dade desse tipo de capital para que o negócio possa funcionar de maneira correta.
Destaca-se, ainda, que o capital de giro de uma empresa faz com que ela honre
com os pagamentos no curto prazo, ou seja, esse é um valor de extrema necessi-
dade e que deve ser suprido para que as empresas possam ter o seu funcionamen-
to adequado. Ainda ao longo da unidade, serão tratados assuntos sobre o giro de
capital, necessidade de capital de giro e ciclo financeiro.

2 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO


O capital de giro é considerado um dos principais elementos que influen-
ciam os processos de tomada de decisão nas empresas, dessa forma, todos os
profissionais devem buscar conhecer a aplicabilidade do capital de giro em variados
cenários como uma das formas de se buscar contribuir para a geração de informa-
ções no ambiente das empresas (ASSAF NETO; SILVA, 2007).

49
O processo conhecido como sofisticação das análises financeiras é uma das
principais demandas que a alta competitividade no mundo dos negócios tem im-
posto a todas as organizações, por isso, é altamente recomendável que os gestores
financeiros compreendam o papel do capital de giro no ambiente das suas empre-
sas. Saber administrar o capital de giro, entender o seu funcionamento e avaliar
o seu uso são conhecimentos indispensáveis a todos os profissionais de gestão
financeira. Para Assaf Neto e Silva (2007, p. 3):
O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circu-
lante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas
disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo,
o capital de giro representa os recursos demandados por uma empre-
sa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a
aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até́ o recebimento pela
venda do produto acabado.

O cálculo do capital de giro pode ser calculado por meio da fórmula que está
apresentada a seguir:
Capital de Giro = Ativo Circulante – Passivo Circulante
Ao observar a fórmula do capital de giro, devemos considerar que as infor-
mações para o seu cálculo são todas retiradas do balanço patrimonial da organi-
zação, por isso, é de fundamental importância essa demonstração para o cálculo
dele. Assim, a partir do momento que o gestor financeiro efetua o cálculo do ca-
pital de giro em seu negócio, ele deve buscar compreender quais são as formas
de melhorar a sua administração. No Quadro 5, são apresentadas algumas dessas
estratégias, confira:

QUADRO 5 – COMO ADMINISTRAR O CAPITAL DE GIRO DO NEGÓCIO

Formas de administrar
Descrição
o capital de giro
A qualquer momento você pode precisar do seu capital de giro. Por isso, administrá-lo é es-
sencial, porque nunca se sabe quando esse momento chegará. O planejamento é parte crucial
para que a gestão de seu capital de giro seja um sucesso. Para tal, é necessário saber onde você
Planeje a gestão do seu pode, por exemplo, reduzir e otimizar alguns custos, assim como planejar gastos futuros. O
capital de giro planejamento vai garantir que você tenha um fluxo de caixa saudável e pode evitar proble-
mas futuros de má administração. Um bom planejamento vai manter a sua empresa longe
da necessidade de empréstimos para pagar as próprias contas e, de quebra, ainda possibilita
investimentos futuros em seu negócio.

Ao realizar uma boa gestão de capital de giro, você dificilmente precisará recorrer à antecipa-
ção de recebíveis para manter a empresa em pleno fluxo de processos internos. Ao acompa-
nhar seus recebíveis de perto, é possível elaborar previsões de quando será mais necessária a
Acompanhe seus
contenção do capital de giro da empresa. Também é possível saber quando este capital será
recebíveis
maior, o que pode resultar em possíveis investimentos em seu negócio. Esta previsão propor-
ciona tomadas de decisões mais assertivas, baseadas em um cenário real que é entregue pelo
acompanhamento próximo dos recebíveis.

50
Formas de administrar
Descrição
o capital de giro
O cálculo é feito através da soma de todas as contas a receber + o valor que existe em estoque.
É necessário somar também as contas a pagar, o valor de todos os impostos e as despesas da
Utilize a matemática
empresa. Por fim, você precisa subtrair um pelo outro. A partir deste resultado, você saberá
no controle
quanto a sua empresa necessita para funcionar durante o período dos próximos recebimen-
tos. No caso, este resultado é o capital de giro.

Comprar mais não significa vender mais. Muitos empreendedores e gestores acabam
investindo dinheiro na alimentação do estoque de forma impensada, o que resulta em itens
parados, perdendo validade e ocupando espaço que poderia ser ocupado por itens que têm
Gerencie os estoques mais saída. A falta de planejamento é um dos motivos para que esse erro - bastante comum -
aconteça. A compra de mais produtos resulta, muitas vezes, em valores menores por produto,
o que de fato é positivo. Porém, para realizar certas compras, é necessário acompanhar o
estoque de perto, para ter consciência se aquela compra vai, de fato, gerar vendas rápidas.

Existem fornecedores que estão mais abertos a negociações, principalmente se vocês já


trabalham juntos há algum tempo. A credibilidade adquirida com o passar do tempo permite
Negociar com os
que você possa tentar negociar novos prazos de pagamento pelos produtos. Contudo, caso o
fornecedores
desconto na compra à vista seja maior do que o custo do capital de giro, você deve agarrar a
oportunidade.

Sabemos que o trabalho para manter uma empresa em pleno funcionamento e com uma boa
saúde financeira é complexo e extenso. São diversas atividades diárias necessárias para acom-
panhar todas as movimentações que ocorrem internamente e saber se, de fato, a empresa está
Automatizar processos
caminhando de acordo com os objetivos traçados. Algumas destas atividades já podem ser
realizadas de forma mais prática e rápida, através da automação de processos com sistemas de
gestão ou plataformas voltadas para algumas tarefas específicas.

FONTE: Barros (2019, p. 2).

A administração do capital de giro nas empresas é uma das tarefas mais im-
portantes que são realizadas pela equipe da gestão financeira, assim, é de grande
necessidade que esses profissionais possam ter acesso às informações adequadas
para que possam efetuar esses cálculos de acordo com as práticas de mercado.

2.1 CICLO OPERACIONAL


Quando o profissional de gestão financeira estiver efetuando a administra-
ção do capital de giro do seu negócio, será necessário que ele efetue o cálculo de
alguns indicadores que são essenciais no processo de administração do capital de
giro. Dentre esses indicadores, temos o ciclo operacional, que é responsável por
apresentar “a soma de todos os acontecimentos referentes a uma operação em-
presarial (inicia com a compra de matéria-prima, passa pela produção, avançando
pela venda do produto e vai até o recebimento relacionado às vendas realizadas)”
(CAMARGO, 2016, p. 33).

51
FIGURA 13 – FUNÇÃO DO CICLO OPERACIONAL

O ciclo operacional tem como principal função apresentar o


período entre os desembolsos para entradas e as operações
de caixa da empresa – lembrando que os seus resultados são
sempre em termos de valores médios.

FONTE: O autor (2022).

O cálculo do ciclo operacional de uma empresa leva em consideração duas


importantes métricas, são elas:

•  Prazo Médio de Estocagem (PME): essa métrica é responsável por


apresentar o período médio que a matéria-prima ou o produto final fica
em estoque dentro da empresa.
•  Prazo Médio de Recebimento (PMR): essa métrica é responsável
por apresentar o prazo que a empresa demorou para receber a venda
do cliente.

Em termos de fórmula, temos que o ciclo operacional é obtido por meio


da seguinte:

CICLO OPERACIONAL = Prazo Médio de Estocagem (PME) +


Prazo Médio de Recebimento (PMR)

Como exemplo, pode-se utilizar o caso de uma empresa que apresentou


um PME de cerca de 30 dias e um PMR de cerca de 25 dias, o que leva a um total
de 55 dias de ciclo operacional. Com o resultado apresentado, temos que, então,
a empresa leva 55 dias para comprar matéria-prima, produzir, vender e receber o
valor correspondente.

2.2 CICLO FINANCEIRO


Um outro importante indicador que é calculado pelos profissionais da gestão
financeira é o ciclo financeiro, que diz respeito ao tempo de pagamento aos for-
necedores até o recebimento do valor das vendas do produto final que foi efetuado
na empresa. Portanto, temos que o ciclo financeiro representa todo o caminho que
foi realizado pelo dinheiro da empresa entre essas duas datas, e, “quanto maior for
o prazo dos fornecedores, mais dinheiro a empresa terá em caixa e menor será o
Ciclo Financeiro, com isso, a empresa terá uma menor dependência de pagamento
de juros bancários, para citar um exemplo” (CAMARGO, 2016, p. 33).

52
Em termos de fórmula, temos que o ciclo financeiro é obtido mediante
a seguinte:

CICLO FINANCEIRO = Ciclo Operacional –


Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF)

Como forma de calcular o ciclo financeiro, será utilizado o resultado do ciclo


operacional efetuado no exemplo anterior, assim, temos que uma empresa apre-
senta um ciclo operacional de 55 dias, sendo que o gestor financeiro calculou um
prazo médio de pagamento a fornecedores de 15 dias. Então, a empresa apresenta
um ciclo financeiro de 40 dias. Na Figura 14 estão apresentadas algumas dicas im-
portantes para manter o ciclo financeiro em números ideias para o negócio:

FIGURA 14 – ADMINISTRANDO O CICLO FINANCEIRO

Reduzir os prazos de pagamentos


dos produtos vendidos

Reduzir prazo de financiamento


dos clientes

Aumentar o prazo de pagamento


aos fornecedores

Reduzir o prazo de estoque

FONTE: Camargo (2016, p. 22).

Os gestores financeiros deverão sempre analisar as relações que o seu ne-


gócio possui com fornecedores e clientes, sendo possível encontrar boas formas
de proporcionar um ciclo financeiro mais próximo do ideal para o seu negócio.

53
3 GIRO DE CAIXA
O giro de caixa é um dos principais indicadores financeiros de uma empre-
sa, pois, por meio dele, é possível que a gestão do negócio apresente quantos ciclos
financeiros uma empresa possui. Basicamente, temos que o giro de caixa traz em
números absolutos quando uma o capital circulou pela empresa, ou seja, quantas
vezes ele saiu do caixa das empresas dentro de um período de um ano. Os profis-
sionais da gestão financeira fazem uso do giro do caixa para analisar a situação
financeira do seu negócio, mas muitos também utilizam essa métrica para comprar
empresas concorrentes.
Em termos de fórmula, temos que o giro de caixa é obtido por intermédio
da seguinte:

GIRO DE CAIXA = 365/Ciclo Financeiro

Como forma de calcular o giro de caixa, será utilizado o resultado do ciclo


financeiro efetuado no exemplo anterior, dessa forma, temos que uma empresa
apresenta um ciclo financeiro de 40 dias, sendo que o gestor financeiro calculou o
giro de caixa e obteve o valor de 9,125. Assim, a empresa apresenta um gira o seu
caixa cerca de 9,1 vezes ao ano. Quanto mais uma empresa consegue fazer o seu
giro de caixa ser mais rápido, maior será a possibilidade de ela obter lucro maior em
seu negócio.

4 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO


A cálculo da necessidade de capital de giro é um elemento muito sensí-
vel às mudanças do ambiente econômico em que a organização está inserida, as-
sim, é altamente recomendável que os gestores financeiros busquem reconhecer
quais são as necessidades de capital da sua empresa para que possam tomar as
melhores decisões em seus negócios.

4.1 CÁLCULO DA NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO


Os gestores financeiros das empresas devem estar sempre atentos ao tipo
de informação necessária, bem como aos tipos de negócios. Existem empresas
que necessariamente lidam com uma maior sazonalidade do que outras, por isso,
nesses casos, essa variável deve ser considerada no cálculo do capital de giro dela.
A seguir, são apresentadas as principais diferenças existentes entre necessidade
de capital de giro constante e necessidade de capital de giro ocasional:

54
•  Necessidade de capital de giro constante: na gestão financeira,
temos que ativos permanentes somados à porção permanente dos
ativos circulantes da entidade acabam permanecendo o ano todo sem
nenhum tipo de mudança na organização – assim, uma parte do ati-
vo circulante da empresa acaba se tornando permanente; montante
definido pelo nível mínimo de necessidades de recursos demandados
pelo ciclo operacional.
•  Necessidade de capital de giro ocasional: a necessidade sazonal,
que consiste na porção temporária dos ativos circulantes, varia durante
o ano; é financiada com fundos de médio e longo prazo, pois ao utilizar
esses fundos, a empresa tem mais tempo de trabalhar para levantar o
capital necessário à liquidação dessa dívida; é determinada pelas va-
riações temporárias que ocorrem normalmente nos negócios de uma
empresa; picos entre grandes vendas durante o ano.

A necessidade de capital de giro dentro de uma entidade deverá ser calcu-


lada considerando o perfil e o tipo de negócio dessa empresa, sendo fundamental
avaliar todas as especificidades dessa operação, tornando possível analisar todas
as particularidades existentes.
Como forma de observar o cálculo da necessidade de capital de giro, vamos
ao seguinte exemplo:

As Organizações JHMC, após passarem por um processo de expansão


das suas atividades, estão buscando conhecer a sua realidade finan-
ceira para que possam realizar algumas melhorias em sua gestão. A
empresa possui obteve uma receita líquida de R$ 5.500.000,00 no ano
um e de R$ 4.560.000 no ano dois, além disso, apresentou os seguintes
resultados em seu balanço patrimonial:

55
TABELA 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA ORGANIZAÇÕES JHMC

Ativo Ano 1 Passivo Ano 2


Ativo circulante 1.890.000 Passivo circulante 1.445.000

Disponível 460.000 Salários 350.000

Caixa 100.000 Empréstimos 450.000

Aplicações 160.000 Fornecedores 590.000

Realizável de curto
1.430.000 Outras contas 55.000
prazo

Recebíveis 1.130.000 Passivo não circulante 450.850

Estoques 250.000 Empréstimos e financiamentos 450.850

Outras contas a receber 50.000 Patrimônio líquido 3.594.150

Ativo não circulante 3.600.000 Capital social 2.594.150

Investimentos 3.000.000 Reservas 1.000.000

Imobilizado 600.000

TOTAL DO ATIVO 5.490.000 TOTAL DO PASSIVO 5.490.000

Fonte: O autor (2022).

Após a empresa apresentar o valor do seu balanço patrimonial, ela


calculou o valor do seu NCG, conforme apresentado a seguir:
ANO 1: NCG = Realizável de curto prazo – exigível de curto prazo
Sendo:

Realizável de curto prazo = Recebíveis + Estoques + Outras contas a receber


Realizável de curto prazo = 1.130.000 + 250.000 + 50.000
Realizável de curto prazo = 1.430.000

Exigível de curto prazo = Salários + Fornecedores + Outras contas a pagar


Exigível de curto prazo = 350.000 + 590.000 + 55.000
Exigível de curto prazo = 995.000

Necessidade de capital de giro = 1.430.00 – 995.000


Necessidade de capital de giro = 435.000

Os gestores financeiros precisam utilizar todas as ferramentas financeiras


que os auxiliem à melhor tomada de decisão e à apresentação de dados passíveis
de serem analisados. Por conta disso, é relevante que o estudo sobre a gestão
financeira seja algo frequente em todas as organizações.

56
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância das tomadas de decisões no curto prazo.


• A necessidade de se calcular índices financeiros para avaliar o desempenho
da empresa.
• Os impactos dos prazos concedidos aos clientes nas contas da empresa.
• A forma de calcular a necessidade de capital de giro na empresa.

57
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro deve calcular inúmeros índices e indicadores financei-


ros em seu negócio, sendo, então, de grande importância que ele possa
avaliar a situação do seu negócio. Considerando uma empresa que apre-
senta em um dado período um prazo médio de estoque de 80 dias e um
prazo médio de recebimento de 55 dias, temos que ele poderia calcular
o ciclo operacional do negócio. Considerando o exposto, assinale a alter-
nativa CORRETO que apresente o valor do ciclo operacional da empresa:

a. ( ) 135 dias.
b. ( ) 25 dias.
c. ( ) 35 dias.
d. ( ) 125 dias.

2. O cálculo do ciclo financeiro dos negócios é uma das principais funções


dos profissionais que atuam na gestão financeira, sendo essencial avaliar
que, além desse cálculo, busque-se compreender quais ações devem ser
desenvolvidas para melhorar esse indicador. Com base nas ações acerca
da melhoria do ciclo financeiro, analise as sentenças a seguir:

I. Reduzir os prazos de pagamentos dos produtos vendidos.


II. Diminuir o prazo de pagamento aos fornecedores.
III. Reduzir prazo de financiamento dos clientes.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

58
3. As empresas estão sempre buscando aumentar suas vendas, gerar mais
caixa e obter melhores resultados em seus negócio, e, para isso, é comum
que o gestor financeiro sempre esteja atento às formas de se buscar pro-
porcionar um maior caixa para que as empresas possam atingir os seus
resultados. De acordo com os estudos realizados sobre a necessidade de
capital de giro constante, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Ativos permanentes mais a porção permanente dos ativos circulantes


da empresa permanecem sem mudança o ano todo.
( ) Definição de que o ativo circulante não pode ser permanente na empresa.
( ) Montante definido pelo nível mínimo de necessidades de recursos de-
mandados pelo ciclo operacional.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os gestores financeiros estão em busca de aperfeiçoar cada vez mais


as técnicas da sua área, dessa maneira, é normal que esses profissio-
nais busquem novos cálculos e novos indicadores que, de fato, alterem
os resultados do seu negócio. É necessário avaliar, ainda, que a gestão
financeira integra a área da gestão e está em franco desenvolvimento.
Assim, disserte sobre a sofisticação das análises financeiras.

5. As demonstrações financeiras são de fato a principal fonte de informação


para a tomada de decisão dos acionistas, então é comum que a elaboração
dessas demonstrações esteja de acordo com as normas contábeis e as
legislações financeiras. Considerando o exposto, apresente quais são as
relações do balanço patrimonial e do capital de giro dentro dos negócios.

59
LEITURA COMPLEMENTAR

DESCUBRA QUAIS SÃO OS 7 ERROS MAIS COMUNS


NA GESTÃO FINANCEIRA EMPRESARIAL E
ENTENDA COMO EVITÁ-LOS!
Leonardo Rodrigues

Você sabe quais são os erros mais comuns na gestão financeira e como eles
podem atingir o seu negócio?
Se você acompanha nosso blog, com certeza já sabe o que é gestão finan-
ceira, já sabe que o dinheiro possui valor no tempo, dentre outros aspectos ligados
a esse tipo de gestão. Certo?
Realmente, todo mundo erra, mas é claro que temos que buscar não errar e,
para isso, precisamos aprender com os erros dos outros. Afinal, se a gestão de um ne-
gócio for gerida com métodos infundados você pode ter sérios problemas financeiros.
Pensando nisso, resolvi listar os 7 erros mais comuns na gestão financeira
para que você não os cometa também. Vamos lá?!

1. Confundir finanças empresariais com finanças pessoais

Entre os 7 erros mais comuns na gestão financeira, esse acaba sendo muito
comum em pequenas empresas e em empresas familiares. É de prática que o dono
misture o dinheiro pessoal com o dinheiro da empresa, e isso é extremamente ne-
gativo, pois a pessoa acaba não entendendo exatamente o nível de capital que a
empresa está gerando nem a sua rentabilidade.
Assim, acaba ocorrendo um sangramento da empresa. Com a retirada de
dinheiro para fatores pessoais, a saúde financeira da empresa é prejudicada em
prol das finanças pessoais.

2. Falta de controle de estoque

Ter uma gestão de estoque é fundamental para que as finanças da orga-


nização funcionem de forma correta. O estoque precisa ser visto como dinheiro
parado, e dinheiro parado é fatal para a gestão financeira.
Se tenho estoque em excesso, tenho muito dinheiro parado, assim, o di-
nheiro parado está perdendo valor. Por outro lado, se tenho pouco estoque, eu
corro risco de perder vendas por falta de produto, e isso também não é legal nem
para a empresa e nem para a gestão financeira.

60
O ideal é encontrar o ponto de equilíbrio em que não se perca a venda e nem
tenha muito dinheiro parado. Não ter esse tipo de controle é muito comum e bem
prejudicial para o negócio.

3. Não projetar o fluxo de caixa

As próprias empresas de médio e grande porte, embora possuam a DRE


projetada, em sua grande maioria não possuem um bom fluxo de caixa projetado.
Com isso, a empresa não consegue entender qual o saldo que vai ter para girar ao
longo daquele período e isso leva a erros na gestão financeira.
Além de se projetar uma DRE, também é muito importante se projetar o flu-
xo de caixa, pois só assim é possível entender o saldo de capital e entender o saldo
acumulado que a empresa vai encontrar ao longo do tempo.

4. Não elaborar um plano financeiro

Um erro bem comum na gestão financeira está relacionado ao planejamento


financeiro, ou melhor, à falta dele. Isto é, viver só com as finanças de curto prazo, ou
seja, viver pagando conta, recebendo conta e fazendo apenas disso a rotina do dia
a dia da parte financeira.
Essas finanças de curto prazo são importantes o problema se dá quando
são feitas sem um plano maior, de médio e longo prazo, sem saber onde se quer
chegar, sem ter uma estratégia financeira de busca de resultados.
Não elaborar um plano financeiro é um dos 7 erros que acaba comprome-
tendo os maiores objetivos da empresa, os objetivos de longo prazo da organização.
O segredo para sustentabilidade de uma organização está em ter lucro
sempre, certo?
Por isso, preparamos para você o curso Fundamentos Essenciais da Gestão
Financeira com as principais ações e procedimentos que envolvem planejar, anali-
sar e controlar as atividades financeiras de uma empresa.
Com ele, você saberá o que é e como fazer um Demonstrativo de Resulta-
dos do Exercício e suas aplicações, entenderá o que é Balanço Patrimonial e como
ele funciona, aprenderá a diferença entre despesa, gasto e custo, além de entender
de forma mais profunda sobre Fluxo de Caixa, como superar os desafios e erros
mais comuns da Gestão Financeira, e muito mais!
E então, que tal conhecer a plataforma Voitto e ainda aprender a controlar
as finanças de sua empresa e crescer de maneira sustentável? É só inserir o cupom
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61
5. Não saber calcular o preço de venda

Geralmente, na hora de precificar um produto, os responsáveis não levam


em conta o custo da mercadoria nem o preço da concorrência, e muito menos o
valor agregado embutido no produto. Calcular isso corretamente é necessário para
obter o retorno almejado.
Se eu colocar um preço muito baixo, levando em consideração apenas o
custo, ou seja, comprei muito barato, vou vender muito barato, mas sem levar em
consideração que a concorrência está vendendo com um preço mais elevado, o
que acontece? Um erro muito comum na gestão financeira do negócio.
Nesse cenário, eu estaria perdendo uma oportunidade de ter uma margem
financeira de lucro maior.
Por outro lado, se eu colocar o produto com preço elevado, porque comprei
muito caro, por exemplo, mas a concorrência está vendendo mais barato, eu com
certeza vou perder muitas vendas.
Por isso, é preciso saber calcular o preço de venda ideal, juntando todas
essas variáveis: o custo do produto, o valor agregado que o produto tem, a expe-
riência de consumo que está sendo proporcionada ao cliente.

6. Não elaborar uma ferramenta padrão para gerir as finanças

Esse erro comum na gestão financeira ocorre quando cada controle finan-
ceiro vem sendo usado em um tipo de planilha ou ferramenta diferente. Isto é, não
se tem uma ferramenta agregadora que faça isso tudo conversar e ser mostrado
de forma mais eficaz.
O que acontece geralmente é que a empresa controla o fluxo de caixa em uma
planilha, a DRE em outra, às vezes uma anotação em Word ou até mesmo em um ca-
derno, e isso tudo acaba não conversando. E por conta disso, se tem ausência de in-
dicadores financeiros relevantes, que são cruciais para o crescimento da organização.
Pode-se usar uma planilha de Excel, não há problemas nisso, na realidade é
uma ótima ferramenta para registrar todos os controles. Mas tem que ser de forma
padronizada, utilizando-a como uma ferramenta padrão para organizar a área de
gestão financeira.

62
7. Não saber gerir o lucro obtido

Muitas organizações obtêm lucro e não sabem o que fazer com esse lucro,
não sabem se reinvestem, se redistribuem, e nem como fazer isso. Esse é um dos
erros mais comuns na gestão financeira.
O correto é se analisar para saber onde investir, e então, fazer um balan-
ceamento perfeito entre o melhor investimento e a melhor fonte de financiamento,
para assim alocar de maneira concisa esse capital.

FONTE: RODRIGUES, L. Descubra quais são os 7 erros mais comuns na ges-


tão financeira empresarial e entenda como evitá-los!. Voitto, 28 abr. 2020.
Disponível em: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/erros-mais-comuns-na-ges-
tao-financeira. Acesso em: 10 maio 2022.

63
REFERÊNCIAS

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São Paulo: Atlas, 2007.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Causas da inflação. [s. d.]. Disponível em:


https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/oqueinflacao. Acesso em: 2 mai. 2022.

BARROS, M. 7 dicas para gerenciar o capital de giro da sua empresa. Confere, 30


jan. 2019. Disponível em: https://www.conferecartoes.com.br/blog/dicas-geren-
ciar-capital-de-giro. Acesso em: 2 mai. 2022.

CAMARGO, R. F. Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro: o que é, importância e como


aplicarno seu negócio. Treasy, 17 nov. 2019. Disponível em: https://www.treasy.
com.br/blog/ciclo-operacional-x-ciclo-financeiro/. Acesso em: 2 mai. 2022.

CRUZ, J. A. W.; ANDRICH, E. G. Gestão Financeira Moderna: uma abordagem


prática. Curitiba: Intersaberes, 2013. (On-line Plataforma Pearson).

FILHO, V. P. F. Finanças. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.


(On-line Plataforma Pearson).

FORTES, T. Como estruturar o setor financeiro? Veja o guia completo.


20 fev. 2021. Disponível em: https://blog.fortestecnologia.com.br/gestao-financei-
ra/como-estruturar-o-setor-financeiro/. Acesso em: 2 mai. 2022.

HOJI, M. Gestão financeira e econômica: didática, objetiva e prática. 1. ed.


São Paulo: Atlas, 2019.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; FARIA, A. C. Introdução à teoria da contabilidade:


para graduação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

MAÇÃES, A. A. R. Gestão Financeira, Orçamentação e Controlo Orçamental.


Lisboa, Portugal: Conjuntura Actual Editora, 2017.

MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores. São Paulo:


Pearson Universidades, 2010.

MEGLIORINI, E.; SILVA, M. A. V. R. da. Administração Financeira: uma abordagem


brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. (On-line Plataforma Pearson).

PADOVEZE, C. L. Introdução à administração financeira: texto e exercícios.


2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

64
PINTO, M. N.; VASQUEZ, S. C. Contabilidade geral: fundamentos e práticas.
São Paulo: Érica, 2019.

SALOTTI, B. M. et al. Contabilidade financeira. São Paulo: Atlas, 2019.

SANTOS, F. A.; VEIGA, W. E. Contabilidade: com ênfase em micro, pequenas e


médias empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

SILVA, R. O que são riscos financeiros para a empresa? 5 tipos e como evitá-los.
Expenseon, 29 out. 2021. Disponível em: https://expenseon.com/gestao-de-
-despesas/risco-financeiro-tipos-e-gestao/. Acesso em: 2 mai. 2022.

TIPOS de inflação: conheça todos e entenda como impactam a economia de um


país. Capital Now, 18 set. 2019. Disponível em: https://capitalresearch.com.br/
blog/tipos-de-inflacao/#:~:text=Infla%C3%A7%C3%A3o%20inercial&text=A%20
falta%20de%20confian%C3%A7a%20por,e%20causam%20uma%20espiral%20in-
flacion%C3%A1ria. Acesso em: 2 mai. 2022.

65
UNIDADE 2

TRIBUTOS E SEUS
IMPACTOS NA GESTÃO
FINANCEIRA DAS
EMPRESAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• identificar os fundamentos dos tributos no Brasil;
• compreender o papel dos tributos nos processos de gestão financeiras;
• avaliar quais são os princípios tributários existentes na legislação nacional;
• analisar o papel da fiscalização na gestão tributária nacional.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: DA NÃO CUMULATIVIDADE E
DA SELETIVIDADE
TÓPICO 2 – CONTABILIDADE FISCAL E GESTÃO FINANCEIRA
TÓPICO 3 – FISCALIZAÇÃO E OBRIGAÇÕES NAS EMPRESAS
TÓPICO 1

PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS: DA
NÃO CUMULATIVIDADE E
DA SELETIVIDADE
1 INTRODUÇÃO
As organizações estão passando por um processo de intensa competitivi-
dade em seus negócios, assim, é muito importante avaliar todos os setores, depar-
tamentos e tomadas de decisões que possam afetar o funcionamento da empresa
de alguma forma. Dessa maneira, temos que todos os colaboradores que estiverem
atuando na gestão das empresas devem buscar compreender as características,
fatores e aspectos que podem afetar os resultados do seu negócio.
No Brasil, é comum que os empresários e profissionais estejam sempre apon-
tando a alta carga tributária como um grande impeditivo para o desenvolvimento do
seu negócio. Em termos de carga tributária, é muito importante que os profissionais
possam conhecer o motivo da cobrança dos impostos, dessa maneira, fica mais fácil
compreender o real motivo da sua existência. Então, ao longo deste tópico, serão tra-
balhados aspectos de grande relevância para proporcionar esse tipo de compreen-
são, além de apenas tratar do impacto dos tributos nas operações empresariais.
Em termos de assuntos abordados, aqui serão apresentados aspectos so-
bre o processo de elaboração dos tributos, ou seja, como os tributos são pensados
e criados na sociedade brasileira. Faz-se necessário compreender esses aspectos,
pois os tributos possuem características muito particulares, sendo preciso ava-
liar se a criação deles respeitaram o conjunto de princípios que existem dentro da
legislação nacional.

69
2 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS NO BRASIL
Os tributos são uma forma de toda a sociedade contribuir para o custea-
mento dos gastos governamentais e da manutenção do Estado, portanto, a ques-
tão tributária no Brasil e no mundo nada mais é do que um pacto social entre todos
os indivíduos, visando uma sociedade justa e que possibilite melhores condições de
vida a todos. A existência de uma legislação obrigando o pagamento de impostos
todos os cidadãos, mesmo que uns paguem mais ou menos que os outros, impõe
um grande desafio a todos os participantes desse sistema, bem como torna o rela-
cionamento dos indivíduos e do governo algo complexo e dotado de uma enorme
singularidade em variados aspectos.

2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS


Os princípios tributários são os normativos que devem ser utilizados pelos
legisladores ou profissionais do direito para qualquer tipo de tomada de decisão
que esteja relacionada aos processos sobre tributos no país. Na Figura 1, é possível
observar os conceitos que tornam os princípios tributários tão importantes para
toda a sociedade, bem como compreender como eles podem colaborar para que
indivíduos e organizações possam contribuir para a o Estado:

FIGURA 1 – A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS


NA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Normas jurídicas de
posição privilegiada de
valor expressivo

Estipulação de
Limite hierárquico
limites objetivos

Valores insertos em
regras jurídicas
independentemente das
estruturas normativas

FONTE: O autor (2022).

70
Os princípios tributários que norteiam a aplicação do direito tributário na-
cional têm como objetivo maior servir como base de valores independentemente
das estruturas normativas, ou seja, eles auxiliam a toda a sociedade e, principal-
mente, a todos as esferas judiciais na organização do sistema arrecadatório que se
faz necessário para bancar os custos do Estado nacional e aplicação das políticas
públicas no país.
Quando abordamos que um princípio tributário tem como característica
norteadora o fato de ele ser uma norma jurídica de posição privilegiada de valor
expressivo, estamos afirmando que ele tem o poder de irradiar o ordenamento ju-
rídico vigente – ou seja, sempre que uma dúvida surgir ao longo do processo legal,
esse princípio poderá ser utilizado para defender um indivíduo, uma empresa ou um
ente da federação que se baseou nele em um devido processo legal. Portanto, pro-
fissionais da contabilidade, da gestão e do direito devem compreender a importân-
cia desse princípio para que seja possível utilizá-lo sempre que se fizer necessário,
fazendo, assim, a incorporação dele em todas as atividades.

FIGURA 2 – CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS

Profissionais
de direito

Profissionais da
contabilidade, da gestão e
do direito devem
compreender a importância
desse princípio para que
seja possível utilizá-lo
sempre que se fizer
necessário, fazendo, assim,
a incorporação dele em
todas as atividades.

Profissionais
de gestão

FONTE: O autor (2022).

Ressalta-se que a norma jurídica de posição privilegiada de valor expressivo


torna os princípios tributários um importante ponto de apoio em processos que
estejam relacionados à legalidade de um tributo ou de uma ação fiscal de algum
ente da federação. Suponhamos que um estado tenha implementado um novo im-
posto para uma atividade comercial, portanto, a entidade representativa dessas

71
empresas acabou ingressando na justiça para impedir a cobrança desse imposto
que ela julga ilegal. Nesse caso, tanto o representante jurídico do estado quanto o
representante jurídico da entidade que representa as empresas nesse processo
poderão fazer uso dos princípios tributários para defenderem a sua posição, bem
como para fazer valer o seu ponto de vista junto à justiça.

IMPORTANTE
Em um processo que julga a legalidade da implantação de um princípio tri-
butário contra a cobrança de um tributo parafiscal, é importante considerar
que o Superior Tribunal Federal, mais conhecido como STF, ao considerar o
princípio da legalidade, estabeleceu que o seu valor é o norteador para o es-
tabelecimento de qualquer decisão relacionada a sua legalidade.

Em se tratando da estipulação de limites objetivos, temos de considerar que


os princípios tributários possuem um limite constitucional acerca da liberdade in-
terpretativa e da aplicação das normas infraconstitucionais, ou seja, as pessoas
não podem utilizar os princípios tributários interpretando o seu conteúdo como
bem entenderem. Deve-se sempre garantir uma proximidade entre o que as em-
presas compreendem como princípios tributários junto ao que a legislação define
como funções desses princípios e da sua aplicabilidade.
Em um processo de defesa em um litígio sobre um tributo, por exemplo, os
advogados de uma organização não poderão se utilizar dos princípios tributários
livremente para fazerem valer o seu ponto de vista ou, ainda, para facilitar o ganho
de causa para os seus clientes. A utilização dos princípios tributários no devido
curso legal de um processo deve vir sempre acompanhada da jurisprudência que
reforça o valor do conceito que se está utilizando, portanto, criatividade e inventi-
vidade acerca dos princípios tributários não são bem-vindas quando se está utili-
zando a aplicabilidade de alguns desses princípios.

72
ATENÇÃO
O termo “jurisprudência” é muito utilizado nas áreas do direito e da contabi-
lidade para apresentar um conjunto de decisões que tenham sido tomadas
no mesmo sentido do esperado no caso específico. Portanto, sempre que
um profissional ingressar na justiça com algum tipo de processo, convém a
ele buscar como as decisões vêm sendo tomadas em relação a esse tipo de
processo. Caso seja possível, sempre é importante informar em sua funda-
mentação a jurisprudência que vem sendo formada acerca da sua demanda.

Sobre a característica intitulada de valores incertos em regras jurídicas


independentemente das estruturas normativas, temos que avaliar que, em um pro-
cesso, todos que estão participando dele – seja o advogado da defesa, o advogado
da outra parte ou ainda o juiz – devem ter do princípio tributário a mesma interpre-
tação. Não é possível, portanto, que as partes tenham intepretação diferenciada
acerca do que se entende sobre cada um dos princípios tributários vigentes em
nossa sociedade.
Um ponto importante ainda sobre tais valores é que, por meio dos princípios
tributários, é possível que eventuais lacunas interpretativas da legislação tributária
sejam preenchidas, garantindo assim que nenhuma parte da sociedade possa ficar
sem a devida compreensão dos motivos da existência e, principalmente, da aplica-
ção de um princípio tributário em sua realidade.
O último conceito que trata dos princípios tributários e que norteia a aplica-
ção desses princípios em nossa sociedade está relacionado ao limite hierárquico,
conceito que aborda basicamente a necessidade de existirem balizas da interpre-
tação sistemática da área do direito que cuida dos tributos, portanto, do direito
tributário. Não é admitido, portanto, que entes da federação ultrapassem os seus
limites para poder tributar uma determinada atividade produtiva ou, ainda, que ela
possa se utilizar os seus poderes fiscalizatórios para exercer poder sobre um as-
sunto que não está entre as suas responsabilidades legalmente postas. Os princí-
pios tributários devem cuidar para que municípios, Estados e União possam apenas
tributar as atividades que são autorizadas por constituição ou, ainda, somente as
atividades em que estejam habilitadas pelo Código Tributário Nacional.

73
FIGURA 3 – SOBRE LIMITES HIERÁRQUICOS

Esse imposto por lei é cobrado pelos


Os limites hierárquico aparecem municípios sobre todos os imóveis que
muito entre as demandas judiciais ficam dentro de sua zona urbana. Já para
que definem a cobrança de os imóveis que estão localizados na zona
impostos, como é o caso do Imposto rural, não compete ao município a cobrança
Predial Territorial Urbano (IPTU). do IPTU, pois esses imóveis pagam um
outro imposto, de origem federal.

FONTE: O autor (2022).

Complementando a Figura 3, a respeito dos limites hierárquicos, diferente-


mente do IPTU, imposto cobrado pelos municípios sobre imóveis da zona urbana,
compete à União a cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), que, como o nome
sugere, é o imposto sobre os imóveis rurais. Portanto, há muitas demandas na jus-
tiça brasileira para determinar quem de fato pode cobrar impostos sobre determi-
nada área, demonstrando, portanto, que a hierarquia é um conceito importante
para toda a área tributária nacional.
Os princípios constitucionais tributários são a base de todo o Sistema Tribu-
tário Nacional, são eles, por exemplo, que estabelecem limites para impedir que os
entes da federação possam criar impostos deliberadamente, sufocando a socieda-
de com mais e mais impostos a cada ano. É por meio desses princípios também que
são apresentados os fundamentos que norteiam a tomada de decisão no campo
jurídico sempre que alguma demanda for realizada na sociedade com o intuito de
validar um desejo ou objetivo de uma parte. Diz Carvalho (2012, p. 229) a respeito
dos princípios tributários:
Sendo objeto do mundo da cultura, o direito e, mais particularmente,
as normas jurídicas estão sempre impregnadas de valor. Esse compo-
nente axiológico, invariavelmente presente na comunicação normativa,
experimenta variações de intensidade de norma para norma, de tal sorte
que existem preceitos fortemente carregados de valor e que, em função
do seu papel sintático no conjunto, acabam exercendo significativa in-
fluência sobre grandes porções do ordenamento, informando o vector
de compreensão de múltiplos segmentos. Em Direito, utiliza-se o ter-
mo “princípio” para denotar as regras de que falamos, mas também se
emprega a palavra para apontar normas que fixam importantes critérios
objetivos, além de ser usada, igualmente, para significar o próprio va-
lor, independentemente da estrutura a que está agregado e, do mesmo
modo, o limite objetivo sem a consideração da norma.

74
Considerando a defesa sobre a importância dos princípios tributários, bem
como sobre a necessidade desses princípios estarem apresentados na Constitui-
ção Federal, faz-se necessário reafirmar que esses princípios visam contribuir para
que toda a sociedade possa ter a devida organização em seu sistema tributário. Em
relação ao uso desses princípios como uma norma privilegiada de forma indepen-
dente das estruturas das normas vigentes, temos que:
Costuma-se falar, também, ao invocarem-se os princípios para suprir
lacunas da lei, em analogia juris, a par da analogia legis. Nesta, busca-
-se uma norma para suprir a lacuna; naquela, a solução para a lacuna
acha-se por meio de processo lógico de conformação do regramento
do caso concreto com o conjunto do direito vigente, o que supõe que se
invoquem os princípios integrantes desse sistema, e não uma norma; a
utilização de certa norma posta no sistema traduziria hipótese de analo-
gia legis. (AMARO, 2016, p. 213)

Os princípios tributários que estão apresentados na Constituição têm a fun-


ção de ser uma norma privilegiada e portadora com um grande valor expressivo
para orientar o sistema jurídico, de “maneira que a legislação infraconstitucional
ou a constitucional de ordem normativa valorativa devem seguir as diretrizes su-
periores fornecidas pelos princípios do ordenamento jurídico” (ELTZ, 2018, p. 104).
Portanto, considerando a mesma perspectiva, eles auxiliam na definição dos limi-
tes objetivos do sistema tributário nacional, delineando todas as fronteiras da apli-
cação das normas constitucionais e infraconstitucionais que estão presentes na
Constituição aplicada a todos.

ATENÇÃO
Os profissionais que atuam na gestão financeira devem buscar compreender
todos os aspectos relacionados aos tributos, pois são esses profissionais que,
juntamente com os contadores, deverão operacionalizar o pagamento dos
tributos dentro do ambiente empresarial. É necessário inclusive que os pro-
fissionais de gestão financeira saibam mais sobre o funcionamento desses
princípios para que possam entender qual é o destino dos recostos que são
gastos, como o pagamento dos impostos.

Dentre os princípios tributários existentes no Brasil, cinco deles ganham


maior destaque por estarem representados diretamente na Constituição por meio
de artigos e dispostos que apresentam e reforçam a sua importância. No Quadro 1,
é possível observar qual princípio e qual artigo estão atrelados a eles.

75
QUADRO 1 – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS E SEUS DISPOSTOS CONSTITUCIONAIS

Princípios tributários Artigos constitucionais Especificidades


O art. 5º, II, CF prescreve que:

Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma


coisa senão em virtude de lei”
Art. 5º, II, da Constituição
Princípio Federal e o princípio da
Já o art. 150, I, CF:
da Legalidade legalidade tributária no art.
150, I, da Carta Magna
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri-
buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça

O art. 5º, II, CF prescreve que a União, os estados e os


municípios são proibidos de:

Princípio Art. 150, II, II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que
da Isonomia Constituição Federal se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação profissional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

O art. 5º, III, CF prescreve que não é possível cobrar


tributos de pessoas no período anterior a sua vigência:
Princípio Art. 150, III, ‘a’,
da Irretroatividade da Carta Magna Cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

O art. 5º, III, CF prescreve que não é possível cobrar um


imposto imediatamente a sua aplicação:
Princípio Art. 150, III, ‘b’,
da Anterioridade da Constituição Cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publi-
cada a lei que os instituiu ou aumentou.

Princípio Os tributos não podem ser utilizados com efeito


Art. 150, IV
do Não confisco de confisco.

FONTE: Adaptado de Brasil (1988).

A aplicação de cada um dos princípios tributários que estão na Constituição


Federal se torna obrigatória à medida que o sistema tributário nacional se apresen-
ta como um sistema complexo e que não permite que todos os participantes dele
o compreendam de fato.

76
FIGURA 4 – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

Princípio da Princípio da Princípio da


Legalidade Isonomia Irretroatividade

Princípio da Princípio do
Anterioridade Não confisco

FONTE: O autor (2022).

Segundo Eltz (2018, p. 103):


Os princípios constitucionais são a base axiológica de todo o sistema
legal. Eles representam os valores eleitos pela comunidade constituinte
do Estado para servir como baliza para a aplicação das regras presentes
no ordenamento jurídico e também são fundações para a criação dessas
mesmas regras.

As organizações, as pessoas e todas as instituições que atuam de forma


direta ou indireta junto ao Sistema Tributário Nacional devem buscar compreender
como os princípios tributários podem influenciar o dia a dia de suas operações, bem
como comprometer a sua competitividade. Não é possível esquecer que os tribu-
tos, quando analisado pela lógica dos negócios, estão relacionados diretamente
aos custos das mercadorias e serviços que são comercializados pelas empresas.
Isso torna, portanto, as empresas entidades responsáveis por arrecadar os impos-
tos que são oriundos do consumo dos seus produtos. As organizações devem in-
corporar todos os custos tributários presentes em sua organização, sendo assim,
conhecer a fundo como cada um dos princípios devem ser aplicados é uma tarefa
que deve nortear os gestores tributários em todo o país.

FIGURA 5 – INCORPORAÇÃO DOS CUSTOS

As empresas

devem incorporar todos


os custos tributários

de sua operação.

FONTE: O autor (2022).

77
Considerando a importância de se conhecer especificamente a aplicabili-
dade de cada um dos princípios tributários na sociedade, a partir de agora apre-
sentaremos o conceito dos cinco principais que estão presentes na Constituição
Federal. Com isso, espera-se tornar este material um importante guia para desper-
tar o conhecimento entre os profissionais, bem como contribuir para que todas as
organizações possam compreender de fato a importância desses ordenamentos
jurídicos para a toda a sociedade. Apresentaremos cada um dos princípios a partir
da seguinte ordem: Princípio da Legalidade, Princípio da Isonomia, Princípio da Irre-
troatividade, Princípio da Anterioridade e Princípio do Não confisco.
O princípio da legalidade é o responsável por tratar do fato de que todos
os novos tributos que forem implementados na sociedade sejam por meio de uma
lei municipal, lei estadual ou lei federal, que deverá estar de acordo com a norma ju-
rídica vigente que determina o ente federativo responsável por regulamentar esse
tributo em especial. Sobre o princípio da legalidade, Sabbag (2020, p. 3) afirma:
A premissa deste princípio é que os entes tributantes (União, Estados, Mu-
nicípios e Distrito Federal) só poderão criar ou aumentar tributo por meio
de lei. Tal princípio deve ser assimilado conjuntamente com o princípio da
legalidade genérica, previsto no art. 5.º, II, da CF. Por regra, a lei adequada
para instituir tributo é a lei ordinária. Nessa medida, quem cria tributos é
o Poder Legislativo, não cabendo ao Poder Executivo o mister legiferante.
Destaca-se em nosso país o fenômeno da unicidade das casas legislati-
vas, preceituando que: o tributo federal deve ser criado por lei ordinária
federal, no Congresso Nacional; o tributo estadual deve ser criado por lei
ordinária estadual, na Assembleia Legislativa; o tributo municipal deve ser
criado por lei ordinária municipal, na Câmara dos Vereadores.

O Sistema Tributário Nacional é organizado seguindo a própria organização


do Estado brasileiro, portanto, município, Estados e a União possuem responsabili-
dade muito bem definidas acerca do conjunto de serviços e políticas públicas que
são apresentadas para a população. Com isso, surge também a necessidade de
custear a execução desses serviços, o que faz com que cada um desses órgãos
tenha uma capacidade limitada de cobrar impostos sobre determinadas ativida-
des comerciais, industriais, ou, ainda, cobrar impostos sobre a prestação de ser-
viços. Essas cobranças, porém, somente são possíveis desde que esses órgãos
sigam estritamente ao princípio da legalidade, o que faz com que eles publiquem
uma lei ou uma norma que permita a sociedade conhecer todo o processo de
cobrança desse novo tributo.
Na Figura 6, está apresentada a hierarquia jurídica sobre onde podem ser
expostas as normas a respeito de um tributo.

78
FIGURA 6 – HIERARQUIA DAS LEIS QUE DEVEM SER SEGUIDAS A PARTIR DO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Carta Magna

Leis, atos
e tratados

Normas
secundárias

FONTE: O autor (2022).

O princípio da legalidade apregoa que nenhum novo imposto pode ser im-
plementado por um ente da federação se ele não estiver de acordo com uma le-
gislação, segundo Bonavides (2000, p. 140), “a legalidade nos sistemas políticos
exprime basicamente a observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade
em consonância estrita com o direito estabelecido”, portanto, ele sempre deverá
estar de acordo com as regras jurídicas vigentes. Nesse quesito, é importante con-
siderar que o ordenamento jurídico deve seguir as normas que estejam de acordo
em primeiro lugar com a Carta Magna, ou seja, com a Constituição Federal.
Em hipótese alguma alguns municípios, Estados e a União podem apresen-
tar uma legislação que apresente um novo tributo que entre em desacordo com a
Constituição Federal, portanto, todos os legisladores devem levar em consideração
que seus atos tributários, ou não, devem respeitar os preceitos apresentados nela.
Mesmo esse princípio estando claro, ainda assim muitos entes acabam fazendo o
uso da criatividade para burlar alguma regra ou norma apresentada na Constituição
Federal, por isso, ao identificar esse tipo de ação, qualquer cidadão tem o direito de
ingressar na justiça para impedir que essa norma passe a valer e possa ser aplicada
para toda a sociedade. Compete, em última instância da análise de qualquer tipo
de processo, ao STF a análise sobre divergência de entendimento da Constituição
Nacional. Ele atua então, como o guardião e responsável pelo cumprimento dela em
todo o território nacional brasileiro.
Ainda analisando a hierarquia das leis quando lidamos com o princípio da
legalidade, temos de considerar que, abaixo da Carta Magna, está o conjunto de
leis, atos e tratados que também são importantes para a implementação dos novos
tributos. Então, esses estão dividido segundo três categorias distintas, apresenta-
das no Quadro 2, na sequência:

79
QUADRO 2 – LEIS, ATOS E TRATADOS NA HIERARQUIA DAS LEIS APLICADOS
AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Item Tipo Especificidade


Norma que retira o seu fundamento da própria Constituição Federal.
Atos normativos Esses atos, portanto, têm a função de inovar no ordenamento jurídico,
Atos
primários sendo responsáveis pela criação, modificação e extinção de direitos ou
obrigações.

São a base do direito. Por meio dessas normas, os indivíduos têm


guiada a sua conduta. As pessoas ou organizações que conhecem e
Normas Normas jurídicas
cumprem as normas não possuem nenhum tipo de problema em
relação à legislação vigente.

A lei ordinária é considerada um ato normativo primário, portanto,


geralmente esse tipo de lei é aprovado por maioria simples no congresso
nacional, no caso de uma lei federal, ou por maioria simples nas câmaras
estaduais de cada um dos estados. É importante ainda considerar que os
municípios também possuem leis complementares que devem passar pelo
Leis ordinárias e leis seu legislativo (câmara dos vereadores).
Leis
complementares A lei complementar é aquela que se faz necessária para explicar ou para
tornar mais fácil de ser entendido algum aspecto relevante da Constituição
Federal. Com a lei complementar, a sociedade terá um real entendimento
sobre como aquela legislação deverá ser seguida, quais os seus impactos
no dia a dia das pessoas, bem como quais são os problemas que poderão
existir do não cumprimento dessa legislação.

A medida provisória é um ato realizado pelo Presidente da República


que tem como função a edição de uma lei que deve ser cumprida de
forma imediata pela sociedade. É importante ainda considerar que ela
Medidas Medida provisória tem uma validade, ou seja, não é eterna. Para que seja aplicada por um
período maior, a medida provisória deverá ser avaliada pelo Congresso
Nacional e, após a sua aprovação, ela poderá de fato se tornar uma
legislação.

É uma ordem, geralmente proferida pelo Poder Executivo, e que tem


como função primordial apresentar uma vontade desse poder em
Decretos Decreto
relação a alguma situação ou atividade em especial. Um decreto ainda
pode ser proferido por uma entidade militar.

No Brasil, o termo “resolução” é utilizado para expressar um ato do


Congresso Nacional sobre algum assunto de interesse nacional. Quan-
Resoluções Resolução
do se refere ao Congresso Nacional, é importante considerar a Câmara
dos Deputados e também o Senado nacional.

Como um país de dimensões continentais e com uma grande importância


internacional, é comum que as relações exteriores do Brasil sejam muito
ativas e dinâmicas, por isso, é importante considerar que o país assine,
Tratados
Tratados sempre que julgar necessário, tratados internacionais com outros países
internacionais
ou com blocos econômicos. Muitos desses tratados acabam resvalando na
questão tributária, principalmente, quando se está lidando com o comércio
exterior nacional.

80
Item Tipo Especificidade
Refere-se a um documento de uma organização pública que contenha
um ordenamento administrativo interno. Por meio dele, será possível
estabelecer diretrizes, normatizar métodos e procedimentos que se
Instrução normativa aplicam sobre alguma atividade. Por meio da instrução normativa,
é possível também regulamentar matéria específica anteriormente
disciplinada com a finalidade de orientar os dirigentes e servidores no
desempenho de suas funções.

Os regulamentos são um conjunto de regras que são apresentadas por


algum órgão com o intuito de orientar as empresas e indivíduos sobre os
procedimentos que devem ser realizados em alguma atividade específica.
A Receita Federal possui alguns regulamentos acerca das suas funções
Regulamentos
Atos relacionadas ao Sistema Tributária Nacional. Também existe o Regulamen-
secundários to Aduaneiro, que possui uma importância fundamental sobre os tipos
atividades que devem ser realizadas pelas empresas que realizam processos
de importação, exportação ou de outros.

As portarias são publicadas por entidades que têm o intuito de regula-


mentar um determinado setor. Geralmente uma portaria tem a função
de trazer mais informações sobre uma lei ordinária, um regulamento
Portarias
ou ainda alguma atividade que deve ser cumprida pelas empresas e
indivíduos. Importante considerar que as portarias não são leis, entre-
tanto, elas devem ser cumpridas por todos.

As deliberações são atos emitidos por vários órgãos que têm a função de
Deliberações orientar e apresentar os procedimentos que devem ser cumpridos por
organizações e indivíduos sobre algum tipo de obrigação.

FONTE: O autor (2022).

Um aspecto importante do processo de análise do princípio da legalidade é


que ele impõe a necessidade de impor “determinadas matérias, como instituição e
majoração de tributos, fixação de alíquota, definição de fato gerador, entre outras,
sujeitam-se, expressamente, à reserva legal, além disso, a análise do referido artigo
também sinaliza que é obrigatória a toda lei tributária a presença de determinados
componentes” (SABBAG, 2020, p. 3), caso a legislação que apresenta um imposto
não traga esses itens, o tributo poderá ser considerado ilegal. Na Figura 7, estão
apresentados os principais componentes que se fazem necessários para que uma
legislação tributária possa cumprir o princípio da legalidade corretamente.

81
FIGURA 7 – COMPONENTES QUE UMA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NECESSITA
TER PARA CUMPRIR COM O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Alíquota e base de cálculo


(aspecto quantificativo)

legislação tributária
Componentes da
Sujeito passivo
(aspecto pessoal passivo)

Fato gerador
(aspecto material)

Multa

FONTE: O autor (2022).

Os profissionais que atuam na gestão financeira ou com o direito tributário


devem buscar junto ao princípio da legalidade todas as definições necessárias para
implementar a defesa de seus interesses quando notar que um tributo não esteja
de acordo com a norma legal vigente. Considera-se importante ainda analisar que,
apesar de todos os esforços da justiça e também da sociedade de uma forma geral,
há tentativas de se criar impostos e obrigações tributárias de forma deliberada.

ATENÇÃO
Importante ressaltar que o prazo para pagamento do imposto não faz par-
te dos componentes da legislação tributária, já há decisão formada junto ao
Superior Tribunal Federal que o prazo para pagamento do tributo pode ser
apresentado em portaria específica pelo ente federado competente.

Em relação ao princípio da isonomia tributária, é importante considerar


que ele busca tratar as pessoas e organizações da mesma forma. Segundo a nor-
ma que apresenta esse princípio, ele “constitui uma limitação ao poder de tributar
vinculada à ideia de justiça tributária, veda tratamento desigual entre os contri-
buintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida” (PAULSEN, 2020,
p. 65). É relevante ainda refletir que esse princípio impõe que, independentemente
da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos, as pessoas devem ser
tratadas de maneira igual.

82
Ao implementar o princípio da isonomia na legislação tributária, o legisla-
dor buscou impedir que o Poder Público – e, nesse caso, estamos tratando ba-
sicamente dos entes federativos que possam se utilizar de uma legislação tri-
butária mais abusiva para prejudicar uma pessoa ou organização, ou, ainda, que
busque beneficiar alguém em especial. Em linhas gerais, o princípio da isonomia
proporciona a todos os contribuintes a mesma capacidade contributiva tratamen-
to igual, bem como tratamento desigual a todos os contribuintes que revelarem
riquezas diferentes apuradas.
A distinção tributária somente se torna possível graças ao princípio da iso-
nomia, pois, segundo Paulsein (2020, p. 38):
Justifica-se a diferenciação tributária quando, presente uma finalidade
constitucionalmente amparada, o tratamento diferenciado seja estabe-
lecido em função de critério que com ela guarde relação e que efeti-
vamente seja apto a levar ao fim colimado. A adoção de condutas, por
parte do destinatário da norma da igualdade, ocorre com base na com-
preensão e na consideração dos quatro elementos que compõem (ou
integram) a sua estrutura: (i) os sujeitos, (ii) o critério de comparação,
(iii) o fator de diferenciação, e (iv) o fim constitucionalmente protegido.

O princípio da isonomia tem uma grande importância para todo o Siste-


ma Tributário Nacional, por isso, ele acaba se dividindo em dois outros princípios,
apresentados na Figura 8:

FIGURA 8 – SUBPRINCÍPIOS ORIUNDOS DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA


NO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Princípio da interpretação
objetiva do fato gerador
Isonomia
tributária
Princípio da capacidade
contributiva

FONTE: O autor (2022).

Em relação ao subprincípio da capacidade contributiva, ele apregoa


que as pessoas devem contribuir com o Estado de acordo com a sua capacidade
de custear os impostos, entretanto, são poucos os tributos que consideram esse
subprincípio, sendo o principal o Imposto de Renda, que aumenta os percentuais da
sua alíquota de acordo com o valor ganho de cada um dos indivíduos. Considerar
esse subprincípio tem sido um desafio para os legisladores que elaboram as legis-
lações tributárias, sendo assim, existem três meios de exteriorização, conforme o
Quadro 3, que demonstram a dificuldade de adoção desse subprincípio:

83
QUADRO 3 – PRINCIPAIS MEIOS DE EXTERIORIZAÇÃO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA

Meio de exteriorização Especificidade


Técnica de incidência de alíquotas variadas, cujo aumento se dá na medida em que se
majora a base de cálculo do gravame, sem haver, é claro, uma relação de proporcionalidade.
O critério refere-se ao aspecto quantitativo, do qual decorre a progressividade fiscal e a
Progressividade extrafiscal. A primeira alinha-se ao brocardo “quanto mais se ganha, mais se paga”, de fina-
lidade meramente arrecadatória, admitindo onerar mais gravosamente a riqueza tributável
de maior monta. A segunda, por seu turno, atua na modulação de condutas, no âmbito do
interesse regulatório, promovendo a correção de externalidades.

Meio de exteriorização da capacidade contributiva, que se mostra pela técnica de incidên-


cia de alíquotas fixas, em razão de bases de cálculo variáveis. Dessa forma, qualquer que
seja a base de cálculo, a alíquota sobre ela terá o mesmo percentual. Registre-se que a pro-
Proporcionalidade porcionalidade, ao contrário da progressividade, não vem explícita no texto constitucional.
Ademais, a proporcionalidade se dá nos impostos chamados “reais”, cujos fatos geradores
acontecem sobre elementos econômicos do bem, como propriedade de bem, circulação de
bem etc., desprezando-se qualquer consideração relativa à situação pessoal do contribuinte.

Forma de exteriorização da capacidade contributiva, mostrando-se como técnica de incidência


de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade do bem. Vale dizer, em outras pala-
Seletividade
vras, que a técnica permite gravar-se com uma maior alíquota o bem mais inessencial, ou seja,
na razão direta da superfluidade do bem.

FONTE: Sabbag (2020, p. 12),

O princípio da isonomia ainda origina um segundo subprincípio, denominado


de interpretação objetiva do fato gerador, o qual vem sendo apresentado em
várias legislações tributárias, visando:
[...] que se deve interpretar o fato gerador em seu aspecto objetivo, não
importando os aspectos subjetivos, que dizem respeito à pessoa desti-
natária da cobrança tributo. Dessa maneira, não se analisa a nulidade/
anulabilidade do ato jurídico, a incapacidade civil do sujeito passivo ou a
ilicitude do ato que gera o fato presuntivo de riqueza tributável. Predo-
mina, sim, em caráter exclusivo, a investigação do aspecto objetivo do
fato gerador. (SABBAG, 2020, p. 22)

O terceiro princípio que abordaremos trata do princípio da irretroatividade,


que apregoa que a lei deve abranger apenas fatos geradores que ocorram de forma
posterior a sua edição, portanto, não “deve a lei, desse modo, retroceder com a fina-
lidade de abarcar situações pretéritas, sob pena de se verificar uma retroatividade.
Será aplicada, portanto, a lei vigente no momento do fato gerador” (SABBAG, 2020,
p. 9). Sendo assim, é possível afirmar que esse princípio garante que não ocorram
as três situações a seguir:

a. adoção de uma legislação que institua novos critérios para a apuração


ou os processos de fiscalização;
b. adoção de uma legislação que amplie os poderes de investigação das
autoridades administrativas responsáveis pela fiscalização ou pela apli-
cação das legislações tributárias nas mais diferentes situações;
c. adoção de uma legislação que outorgue ao crédito maiores privilégios
ou garantias, entretanto, é possível que, no caso de atribuição de res-
ponsabilidade tributária a terceiros, tal princípio não seja aplicado.

84
As empresas devem sempre buscar se adaptar a qualquer mudança que
possa ocorrer devido à implementação de uma nova legislação tributária, no en-
tanto, por intermédio do princípio da irretroatividade, elas têm guardado alguns
direitos sobre a aplicabilidade dessa legislação. Importante ainda considerar que
“esse princípio da irretroatividade não comporta exceções relativas aos tributos,
de modo que toda modificação só será aplicável aos próximos fatos geradores”
(NOVAIS, 2019, p. 111).
O quarto princípio que está relacionado ao Sistema Tributário Nacional é o
que trata da anterioridade, que pode se apresentar de duas formas, conforme a
Figura 9 a seguir:

FIGURA 9 – O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE E SUAS PERSPECTIVAS

• O princípio da anterioridade anual, também chamado de


anterioridade de exercício financeiro ou simplesmente
anterioridade, determina proibição aos entes políticos
quanto à instituição ou aumento de tributo e exigência
no mesmo exercício financeiro em que haja sido
Anterioridade publicada a respectiva lei.
anual
• Nesses termos, a vedação visa impedir que União,
Estados, Distrito Federal e municípios realizem a criação
ou majoração de tributo e passem a lhes exigir dentro do
mesmo ano de publicação da respectiva lei.

• A regra da anterioridade nonagesimal, também


denominada de noventena ou anterioridade mitigada,
Anterioridade determina que União, Estados, Distrito Federal e
nonagesimal municípios não poderão exigir criação ou aumento de
tributo antes de transcorridos 90 dias da data em que
tenha sido publicada a respectiva lei instituidora.

FONTE: Adaptado de Novais (2019).

O princípio da anterioridade, quando aplicado ao Sistema Tributário Na-


cional, possui algumas exceções que devem ser consideradas em relação a sua
aplicabilidade. Basicamente são quatro exceções:

85
•  Exceções constitucionais: a Constituição Federal apresenta alguns
dispositivos que trazem casos em o princípio da anterioridade poderá
não ser aplicado – geralmente, são casos extremos em que há uma
grande necessidade do Estado em aumentar a sua arrecadação para
lidar com alguma situação de urgência e emergência. Dentre os prin-
cipais casos em que esse princípio não é aplicado é o caso do estado
de guerra ou de calamidade pública que possa interferir nas contas
públicas. Considerando o exposto, as seguintes situações poderão im-
por uma alíquota alterada sem considerar os prazos necessários para o
cumprimento do princípio da anterioridade
•  empréstimos compulsórios para calamidade pública e guerra;
•  Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF);
•  Imposto Extraordinário de Guerra (IEG);
•  redução e restabelecimento das alíquotas do ICMS-Combustíveis;
•  redução e restabelecimento das alíquotas da CIDE Combustíveis;
•  instituição ou modificação das Contribuições Sociais da Seguri-
dade Social.
•  Modificação do prazo: o STF já entendeu em suas várias decisões que
a decisão tomada pelo agente público sobre uma eventual mudança no
recolhimento de um tributo – podendo, então, postergar o seu pagamen-
to ou adiantá-lo – não possui o mesmo significado de aumento da carga
tributária ao contribuinte, portanto, não fere o princípio da anterioridade.
•  Atualização monetária: as perdas monetárias causadas pelo fato de a
moeda estar se desvalorizando ao longo do tempo, bem como a proposta
da correção dos valores cobrados em relação à carga tributária, não é
considerada como um aumento de impostos, por isso, quando a União,
um Estado ou um município aumenta um tributo levando em conta essa
justificativa, ele não pode ter sua atitude considerada uma infração ao
princípio da anterioridade. Importante ter em mente que o ente respon-
sável pelo tributo não pode aumentar os tributos de acordo com o que
bem desejar afirmando ser uma correção monetária nos valores pagos,
ele deverá buscar um índice oficial para fazer a correção – como exemplo,
podem ser utilizados os índices calculados por órgãos oficiais, como é o
caso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

86
•  Retirada de desconto e revogação de isenção: como benefícios e
descontos são concedidos pelos entes como forma de incentivar al-
guma prática do contribuinte, é importante considerar que ele poderá,
sempre que julgar necessário, retirar esse benefício. Segundo entendi-
mento do STF, o contribuinte já tem acesso ao valor da carga tributária
total, não sendo responsável, portanto, e os descontos poderão ser re-
tirados sempre que necessário.

O quinto e último princípio de legislação tributária é o que trata do não con-


fisco – o princípio do não confisco, portanto –, pois se supõe que uma carga
tributária alta acaba elevando e comprometendo o direito da propriedade, bem
como o exercício da atividade econômica. Então, torna-se importante considerar
que esse princípio garante que os tributos não podem ser utilizados com o efeito de
confiscar bens. Qualquer novo tributo deve garantir três condições essenciais para
a sociedade, são elas:

1. a tributação não pode, sob nenhum pretexto válido e legal, ser excessi-
vamente onerosa para a sociedade;
2. a tributação não pode se tornar insuportável, portanto, as pessoas não po-
dem comprometer sua sobrevivência em nome de pagar impostos altos;
3. a tributação não pode ser baseada na não razoabilidade, portanto,
a sua legislação e cobrança devem se basear em uma fonte própria
de tributação.

Em relação a esse princípio, é importante considerar, ainda, que a sociedade


deve ter um conhecimento pleno a respeito da carga tributária que é implementada
para cada um dos entes federativos. Observa-se que essa:
[...] norma que estabelece a proibição de utilizar tributo com efeito de
confisco não é regra, pois não se aplica por subsunção, nem princípio
no sentido mais restrito (mandamento prima facie), mas um dos prin-
cípios (em sentido lato) que regem a aplicação dos demais e é medi-
da da ponderação destes: é norma de colisão. E prossegue: norma de
colisão (tal qual a proporcionalidade) que, nos casos mais afetos à sua
operatividade, substitui o princípio da proporcionalidade, como norma
para solução de hipóteses de colisão de princípios em sentido estrito.
(PAULSEIN, 2020, p. 65)

O uso dos princípios tributários tem a intenção de tornar o processo de cria-


ção de novos tributos algo mais facilmente compreendido por toda a sociedade, que
é de fato quem arcará com o pagamento dos tributos. Esses princípios possuem
uma importância fundamental para nortear os poderes executivos, legislativos e
judiciários quando estes estiverem observando os processos relativos a qualquer
aspecto da legislação tributária nacional.

87
2.2 PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE E DA
SELETIVIDADE
A legislação tributária impõe também a necessidade de novos princípios
tributários, além dos já apresentados na Constituição Federal. Esses princípios são
também importantes para analisar a criação e a consolidação de impostos da le-
gislação tributária em municípios, Estado e na União. Dentre eles, destacam-se os
princípios da não cumulatividade e da seletividade, que nem sempre estão atrelados
diretamente a todos os impostos. Em relação ao princípio da não cumulatividade,
ele se refere a apenas três tributos em especial, os quais estão apresentados a seguir:

•  Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, mais conhecido


pela sua sigla ICMS, que é um imposto estadual;
•  Imposto sobre Produtos Industrializados, mais conhecido pela sua sigla
IPI, que é um imposto federal;
•  Impostos residuais, que são outros criados pela esfera federal com o
objetivo específico em relação a sua arrecadação.

Quando analisado o princípio da não cumulatividade, deve-se considerar


também que tem função fundamental para que a sociedade não pague impostos
sobre impostos, com isso, ele visa impedir que se tenha um custo excessivo em
uma data operação comercial. Sobre o princípio da não cumulatividade em relação
às contribuições sociais, considera-se que “caso haja aumento da carga tributária
para determinados contribuintes, isso é fruto da política tributária vigente em nos-
so país, cuja iniciativa privada já vem, há muito tempo, manifestando sua inconfor-
midade com os excessivos encargos fiscais exigidos” (RIBEIRO, 2007, on-line).
Na Figura 10, é possível observar algumas das principais especificidades
acerca da apuração do ICMS e da sua relação com o princípio da não cumulativi-
dade, portanto, é importante considerar a existência de dois conceitos que estão
relacionados diretamente ao processo de apuração desse imposto: o conceito de
crédito tributário e o de crédito apurado:

88
FIGURA 10 – CONCEITOS RELACIONADOS AO PRINCÍPIO DA NÃO
CUMULATIVIDADE NO IMPOSTO DO ICMS

Crédito menor
que o débito =
imposto a pagar
Crédito
apurado
Débito menor
que o crédito =
ICMS crédito apurado

Crédito Valor quantificado


tributário da obrigação

FONTE: O autor (2022).

No Quadro 4, é possível conhecer algumas especificidades a respeito do prin-


cípio da não cumulatividade, as quais estão relacionadas basicamente à forma como
a justiça brasileira julga a aplicação desse princípio em relação ao ICMS e ao IPI:

QUADRO 4 – ESPECIFICIDADES SOBRE A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE

Tipo Especificidade
A não cumulatividade é uma técnica de tributação que visa impedir que incidências su-
cessivas nas diversas operações de uma cadeia econômica de produção ou comercializa-
Não cumulatividade como
ção de um produto impliquem ônus tributário muito elevado, decorrente da tributação
técnica de tributação
da mesma riqueza diversas vezes. Em outras palavras, a não cumulatividade consiste em
fazer com que os tributos não onerem em cascata o mesmo produto.

Quanto mais ampla for a não cumulatividade, mais neutra será a tributação. As pro-
postas de reforma tributária, no que dizem respeito ao imposto sobre bens e serviços
Não cumulatividade
(IBS) e à contribuição sobre bens e serviços (CBS) seguem essa linha. Ao unificarem
como forma de neutralizar
a tributação do consumo, ensejam a apropriação e compensação de créditos de modo
a tributação
pleno, abrangente, o que também dá transparência quanto à carga tributária que grava
as mercadorias e serviços.

A não cumulatividade não A não cumulatividade não é argumento para dizer-se da incidência ou não de um
pode ser utilizada como tributo, mas para buscar-se mecanismo que neutralize a tributação ao longo da cadeia
argumento para definir a econômica, de modo que não tenha os efeitos perversos da tributação em cascata, em
incidência de um tributo que incidências sucessivas sobre as mesmas bases resultem em gravame demasiado.

A não cumulatividade, no sistema brasileiro, costuma operar mediante a apropriação de


créditos quando da aquisição de um produto ou mercadoria onerado pelo tributo e sua
A não cumulatividade e a utilização para compensação com o mesmo tributo quando devido novamente na inci-
apropriação de créditos dência sobre a operação posterior com tal objeto incorporado a outro ou simplesmente
revendido. Os créditos assegurados para evitar a cumulatividade são denominados de
créditos básicos, correspondendo ao tributo já cobrado sobre a operação anterior.

Essa denominação de créditos “físicos” procura vincular o direito ao crédito à aquisição


A não cumulatividade e de produto que será incorporado a outro produto objeto de incidência posterior. Daí
a apropriação de créditos por que o direito ao crédito, no IPI, diz respeito aos insumos, aos produtos interme-
físicos diários e ao material de embalagem, ou seja, aos produtos que de algum modo estarão
incorporados ao novo produto industrializado a ser produzido.

FONTE: Paulsein (2020, p. 72).

89
Os diferentes aspectos relacionados a não cumulatividade também apre-
sentam importantes discussões no campo da legislação tributária, dentre elas, te-
mos a questão da tributação monofásica, que tem o objetivo de concentrar a tribu-
tação, facilitando, assim, o funcionamento das operações de arrecadação tributária
por parte dos Estados. Segundo Sabbag (2020, p. 73):
[...] o que se objetiva com a fixação da sistemática monofásica de tri-
butação, em geral, é simplesmente concentrar a obrigação pelo reco-
lhimento das contribuições que seriam devidas ao longo da cadeia de
circulação econômica em uma determinada etapa – via de regra, na pro-
dução ou importação da mercadoria sujeita a tal modalidade de tribu-
tação –, sem que isso represente redução da carga incidente sobre os
respectivos produtos

Sobre o princípio da seletividade, o entendimento necessário acerca


desse princípio é que ele também se refere a um importante princípio que auxilia no
melhor entendimento da legislação tributária nacional. Ele trata basicamente sobre
o trabalho que o legislador, ou seja, quem faz e estabelece as leis em vigência, tem
de escolher qual será a atividade, os bens ou os serviços que serão tributos. Esse
princípio é considerado o impulso que ajuda na orientação e também na movi-
mentação do legislador em direção à definição das melhores alíquotas para cada
tipo de incidência, portanto, “quando da aplicação deste princípio, no momento de
sua positivação em lei, o legislador deve valer-se da essencialidade para praticar a
tributação, sempre ponderando o que seria mais essencial e o que seria supérfluo”
(SAMPAIO, 2019, on-line).

ATENÇÃO
O ICMS é um imposto de origem estadual, portanto, cada um dos estados pos-
sui um regulamento próprio. Uma organização que atua comercializando seus
produtos para todos os estados brasileiros precisa conhecer profundamente
o que apregoa cada um desses regulamentos para que seja possível cumprir
corretamente com todos os dispositivos legais de todas as suas operações.

O princípio da seletividade, assim como o princípio da não cumulatividade,


não está relacionado a todos os elementos os tributos. Ele é ainda mais restritivo,
podendo ser relacionado a, apenas:

•  Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, mais conhecido


pela sua sigla ICMS, que é um imposto estadual.
•  Imposto sobre Produtos Industrializados, mais conhecido pela sua sigla
IPI, que é um imposto federal.

90
Ao analisar as informações relacionadas ao princípio da seletividade, bem
como a sua correta aplicabilidade, temos que ele possui uma relação estreita com
a capacidade contributiva, já que, por meio dele, produtos diferentes poderão ter
alíquotas de impostos diferentes respeitando o grau de uso desses produtos pela
sociedade. Portanto, conforme apresentado por Paulsein (2020, p. 71):
A seletividade se presta para a concretização do princípio da capacidade
contributiva ao implicar tributação mais pesada de produtos ou serviços
supérfluos e, portanto, acessíveis a pessoas com maior riqueza. Certo é,
em regra, que os produtos essenciais são consumidos por toda a popu-
lação e que os produtos supérfluos são consumidos apenas por aque-
les que, já tendo satisfeito suas necessidades essenciais, dispõem de
recursos adicionais para tanto. A essencialidade do produto, portanto,
realmente constitui critério para diferenciação das alíquotas que acaba
implicando homenagem ao princípio da capacidade contributiva.

Como forma de tornar a assimilação do princípio da seletividade mais próximo


da realidade de todos, vamos analisar as alíquotas do IPI divulgadas em janeiro de 2013
para a comercialização de diferentes veículos (RECEITA FEDERAL, 2013, on-line):

•  Veículos com motorização 1.0: alíquota de IPI aprovada para entrar


em vigor em janeiro de 2013 de 3%.
•  Veículo flex motorização entre 1.0 e 2.0: alíquota de IPI aprovada
para entrar em vigor em janeiro de 2013 de 9%.
•  Veículo movidos à gasolina com motorização entre 1.0 e 2.0: alíquota
de IPI aprovada para entrar em vigor em janeiro de 2013 de 10%.
•  Veículos utilitários e utilizados para transporte de cargas: alíquota
de IPI aprovada para entrar em vigor em janeiro de 2013 de 3%.
•  Caminhões: alíquota de IPI aprovada para entrar em vigor em janeiro
de 2013 de 0%.

Ao observar a descrição das alíquotas e da sua incidência para cada tipo de


veículo, torna-se claro que, mediante a alíquota do IPI, o Governo Federal, respon-
sável por esse imposto, pode incentivar a compra de um tipo de modelo especifico
ou pode utilizar da seletividade também para reduzir os custos de uma atividade
empresarial (RECEITA FEDERAL, 2013, on-line) Analisando o caso dos transportes
rodoviários, podemos chegar à conclusão de que o governo está se utilizando da
seletividade para isentar a cobrando do IPI como forma de incentivar esse tipo de
transporte ou, ainda, como forma de contribuir para que se tenha a renovação da
frota brasileira de veículos.

91
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância Constituição Federal no processo de entendimento dos impostos


no Brasil.
• A necessidade que os profissionais de gestão financeira possuem em entender
um pouco mais sobre as particularidades dos impostos.
• A teoria que dá suporte para a criação de princípios tributários.
• A observação sobre o impacto dos tributos nas operações das empresas e suas
relações com os negócios.

92
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro é um profissional de grande relevância dentro das


empresas, muitas vezes sendo o responsável por orientar os demais se-
tores acerca dos processos que devem ser realizados por eles, assim,
conhecer a área dos tributos é essencial. Dentre os conhecimentos que
são necessários para os profissionais da gestão financeira, temos que
ele deve saber quais são os princípios que impactam a área de tributos
dos seus negócios. Considerando o exposto, assinale a alternativa COR-
RETA que apresente um tipo de imposto que pode ser impactado pelo
princípio da seletividade:

a. ( ) Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.


b. ( ) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
c. ( ) Imposto Predial, Territorial Urbano.
d. ( ) Taxa paga pelo Microempreendedor Individual.

2. As organizações estão enfrentando um ambiente de negócios de inten-


sa competitividade, dessa maneira, é importante que os profissionais da
gestão financeira possam estar atentos a todas as mudanças que aca-
bam por impactar diretamente as suas funções. Dentre essas funções,
é preciso avaliar o entendimento sobre os princípios da não cumulativi-
dade, que é de grande relevância sobre a atividade das empresas. Com
base nas especificidades relacionadas ao princípio da não cumulativida-
de, analise as sentenças a seguir:

I. A não cumulatividade deve ser observada como técnica de


tributação.
II. A não cumulatividade e a apropriação de créditos são aspectos de
grande relevância pelas empresas.
III. O gestor financeiro no ambiente das empresas deverá analisar a
não cumulatividade e a apropriação de créditos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) Somente a sentença I está correta.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

93
3. A contabilidade que trata sobre os tributos é um dos grandes desafios de
todos os profissionais que atuam na gestão financeira, pois essa é uma
área que acaba impactando muita a realização dos seu trabalho dentro
da empresa. Ainda, é necessário que todos os profissionais busquem co-
nhecer todos os elementos que estejam relacionados às características
dos impostos, seus principais conceitos e todas as especificidades rela-
cionadas a ele. De acordo com os principais conceitos acerca dos impos-
tos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Um dos principais itens que compõem a legislação tributária é a com-


preensão sobre quem é o sujeito passivo e o fato gerador do imposto.
( ) Os profissionais formados em ciências econômicas são aqueles res-
ponsáveis por realizar a gestão tributária dentro das empresas.
( ) Conceitos como alíquota, base de cálculo, sujeito passivo, fato gerador
e multa são itens que devem ser observados na legislação tributária.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. A existência de princípios tributários contribui para que as empresas, pro-


fissionais e toda a sociedade possam compreender de igual maneira sobre
a importância de existir do sistema tributário nacional. Considerando o ex-
posto, apresente o principal motivo da existência dos principais tributários.

5. O princípio de não cumulatividade tem um papel especial na compreen-


são de como o regulamento do ICMS deve ser aplicado na sociedade.
Dentre os efeitos principais está a questão da repercussão tributária.
Analise essa questão.

94
TÓPICO 2

CONTABILIDADE FISCAL
E A GESTÃO FINANCEIRA
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade fiscal, ou tributária, como alguns preferem, é uma área que
vem ganhando grande relevância nos últimos anos, por isso, é necessário que os
profissionais da gestão financeira possam buscar entender qual o papel dessa área
da contabilidade e de como ela pode impactar diretamente o centro de decisões
da sua área. Sabe-se que a gestão financeira é uma área dentro das empresas que
deve compreender como as variáveis acabam impactando a forma como o negócio
funciona, assim, é necessário que todos os profissionais envolvidos possam obser-
var como funciona.
Quando se aborda o ambiente organizacional, é necessário avaliar que as
organizações necessitam compreender seus ativos, portanto, é importante consi-
derar quais são os métodos que a contabilidade dispõe para a avaliação dos ativos
de uma organização. Outro ponto importante a ser considerado é que, diante dos
métodos disponíveis para avaliação dos ativos, as organizações devem ter o pleno
conhecimento sobre quando adotar o método de equivalência patrimonial na divul-
gação das suas demonstrações financeiras, sobre quais ativos esse método pode
ser utilizado e quais são as suas principais especificidades.
Considerando todas as especificidades da contabilidade em relação à ges-
tão financeira, temos que as principais serão apresentadas ao longo desta unidade
para proporcionar reflexão acerca dos processos e atividades existentes dentro das
organizações. Os profissionais que atuam na gestão financeira devem buscar sem-
pre compreender qual é o tipo de atividade por ele desenvolvida que mais depende
da contabilidade, assim, será possível ganhar ainda mais eficiência em relação às
atividades realizadas por ele.

95
2 COMPREENDENDO A CONTABILIDADE FISCAL E
SUA RELAÇÃO COM A GESTÃO FINANCEIRA
A contabilidade é uma ciência social aplicada, com isso, ela evolui com o
passar dos anos e de acordo com o processo evolutivo da sociedade. Estudar a
evolução da contabilidade é acompanhar o processo evolutivo da própria socieda-
de, sendo assim, compreender como a contabilidade também é compreender como
organizações e indivíduos lidam com o patrimônio.
Entender como o patrimônio das organizações deve ser registrado, conta-
bilizado, mensurado e evidenciado é um dos objetivos que serão aqui abordados.
Serão apresentados diversos conceitos de grande importância para a contabili-
dade. Tais conceitos não têm como função apresentar todo o arcabouço teórico
e metodológico que a ciência contábil possui, mas, com certeza, permitirá es-
tudar uma série de conteúdos que possuem grande importância na gestão das
organizações na sociedade.
Conhecer as especificidades da contabilidade e de como ela está relaciona-
da à contabilização do patrimônio da organização, bem como compreender como
esse patrimônio se modifica com as diferentes operações e de como ele pode ser
evidenciado, visa contribuir para que a contabilidade possa gerar informações que
permitam o controle e a tomada de decisão por parte dos gestores.
Como comentado, a contabilidade surge junto com a necessidade da socie-
dade em acompanhar e controlar seu patrimônio. É importante destacar que, na an-
tiguidade, a palavra “patrimônio” não possuía a mesma conotação que se tem hoje. A
contabilidade nasce, então, junto à necessidade dos indivíduos de contar e registrar
seus alimentos e pertences, precisando, dessa forma, fazer registros para que seu
patrimônio pudesse ser preservado e não se misturasse com o de outros indivíduos.
A realização de inventário surgido com os primórdios da civilização é o mo-
mento em que se pode atestar que a contabilidade surge, bem como acaba por
se sofisticar à medida que a matemática apresenta novas possibilidades. A con-
tabilidade não pode ser considerada uma ciência exata como a matemática, por
exemplo – “ela é uma ciência social aplicada, pois é a ação humana que gera e mo-
difica o fenômeno patrimonial. Todavia, a Contabilidade utiliza os métodos quan-
titativos (matemática e estatística) como sua principal ferramenta” (IUDÍCIBUS;
MARION; FARIA, 2018, p. 9).

96
A contabilidade possui diversos conceitos como já apresentados, também
possui objeto e objetivo bem definidos de acordo com as necessidades dos seus
diversos tipos de usuários. Sendo assim, para que ela possa atender ao que se es-
pera dela, faz-se necessário que esteja organizada. A função de organizar a forma
como a contabilidade deverá ser apresentada é da estrutura conceitual, que, por
sua vez, pode ser observada no Pronunciamento Técnico n. 00, que se encontra
em sua segunda versão e que foi apresentado pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis no ano de 2019.

FIGURA 11 – ORIGEM DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO

Todos os
Comite de
pronunciamentos
Pronunciamentos
técnicos contábeis
Contábeis
tem origem no

Fonte: O autor (2022).

A estrutura conceitual da contabilidade tem como principal objetivo des-


crever e apresentar conceitos relacionados aos relatórios financeiros emitidos pela
contabilidade. Compreende ainda os objetivos da estrutura conceitual:
(a) auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabili-
dade (IFRS) para que tenham base em conceitos consistentes; (b) auxi-
liar os responsáveis pela elaboração (preparadores) dos relatórios finan-
ceiros a desenvolver políticas contábeis consistentes quando nenhum
pronunciamento se aplica à determinada transação ou outro evento, ou
quando o pronunciamento permite uma escolha de política contábil; e
(c) auxiliar todas as partes a entender e interpretar os Pronunciamentos.
(CPC, 2019, p. 3)

Os relatórios financeiros têm como objetivo fornecer informações sobre a en-


tidade para que os seus usuários possam realizar a tomada de decisão. Devemos
também considerar que esses relatórios podem ainda envolver decisões de diversos
níveis na organização, dentre elas, temos: compras, vendas, liquidação de emprésti-
mos e qualquer outra informação que possa impactar o patrimônio da entidade.
A elaboração de relatórios financeiros visa informar “sobre a posição finan-
ceira da entidade que reporta, as quais consistem em informações sobre os recur-
sos econômicos da entidade e as reivindicações contra a entidade que reporta”
(CPC, 2019, p. 6), além de fornecer informações relacionadas aos efeitos das tran-
sações que são realizadas no período e que impactem de alguma forma o patrimô-
nio e alteram o volume de recursos econômicos disponíveis para a entidade.

97
A contabilidade possui inúmeros elementos de grande importância para que
o patrimônio da entidade possa ser mensurado e evidenciado, sendo os principais
o ativo, o passivo e o patrimônio líquido, que podem ser observados no balanço
patrimonial, e também as despesas e as receitas, que podem ser observadas nas
demonstrações dos resultados do exercício da empresa.
O ativo de uma entidade pode ser compreendido pelo conjunto de bens e
direitos pertencente a ela. Graficamente, ele pode representar onde “foram aplicados
e são controlados os recursos, dos quais se esperam benefícios econômicos futuros.
Essas aplicações de recursos aparecem no balanço patrimonial de forma resumida,
ou seja, são representadas de forma sintética” (SANTOS; VEIGA, 2014, p. 22).
Os elementos pertencentes ao passivo estão relacionados às obrigações
que as entidades têm a pagar no período; os passivos são obrigações presentes
e derivadas de eventos já ocorridos e cuja liquidação resulte da saída de recursos
que possam originar benefícios econômicos à entidade. As exigibilidades repre-
sentadas pelo passivo “podem estar inclusas no ciclo operacional ou terem seus
vencimentos até́ o final do ano subsequente, enquadrando-se, assim, no passivo
circulante, e se tiverem prazo maior serão enquadradas no passivo não circulante”
(SANTOS; VEIGA, 2014, p. 45).
Patrimônio líquido é o elemento que corresponde ao valor residual entre os
ativos e passivos de uma entidade em um dado período, em suma, os valores re-
presentados no patrimônio líquido de uma entidade é o conjunto de valores que
estariam disponíveis aos sócios e proprietários na data de fechamento do balanço
patrimonial. Uma outra definição para o patrimônio líquido é que ele representa a
riqueza residual dos acionistas da entidade.
O termo “resultado” é muito intuitivo, sendo relacionado também ao desem-
penho em alguma atividade – quando aplicado à contabilidade, é “frequentemente
utilizado como medida de performance ou como base para outras medidas, tais
como o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos diretamente
relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas” (MA-
LACRIDA; YAMAMOTO; PACCEZ, 2019, p. 49). Sendo assim, observe a Figura 12, que
apresenta sua relação com a as receitas e as despesas.

FIGURA 12 – EQUAÇÃO DO RESULTADO

Receitas Despesas Resultado

FONTE: O autor (2022).

98
As receitas podem ser definidas como “aumentos nos benefícios econômi-
cos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento
de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio
líquido” (MALACRIDA; YAMAMOTO; PACCEZ, 2019, p. 50). Uma importante conside-
ração a ser feita sobre as receitas é que elas não podem estar relacionadas à con-
tribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Já as despesas podem ser
conceituadas como os decréscimos nos benefícios econômicos ocorridos durante
um período contábil. As se despesas apresentam como saída de recursos ou qual-
quer tipo de redução de ativos ou também assunção de passivos que provocam
decréscimo no patrimônio da entidade.

99
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância da contabilidade para os processos que são realizados no


ambiente organizacional.
• A necessidade dos profissionais de gestão financeira de compreender os con-
ceitos relacionados à contabilidade.
• A importância que os relatórios financeiros possuem para a gestão das empresas.
• A capacidade que despesas e receitas têm de impactar os resultados nos curto
e médio prazos das empresas.

100
AUTOATIVIDADE

1. A gestão financeira é uma área que vem ganhando muita relevância den-
tro das empresas e, em especial, isso tem ocorrido pois é por meio dela
que são geradas inúmeras informações que orientam os tomadores de
decisões acerca dos processos, atividades e aspectos que devem ser ob-
servados para um bom resultado empresarial. Considerando o exposto,
assinale a alternativa CORRETA que apresente como pode ser apurado o
resultado dentro de uma organização ao final do período:

a. ( ) O resultado pode ser apurado diminuindo as despesas das


receitas.
b. ( ) O resultado é a soma das receitas mais as despesas no
período.
c. ( ) O resultado pode ser obtido somando patrimônio líquido e
despesas.
d. ( ) O resultado pode ser obtida diminuindo as despesas do ativo
circulante.

2. A integração da contabilidade com a área da gestão financeira é de grande


importância no processo de gestão de negócios e, em especial, isso acon-
tece pois são áreas do negócio que auxiliam os tomadores de decisões a
compreenderem como os resultados são possíveis de serem gerados. Com
base nas especificidades relacionadas à contabilidade e sua relação com a
gestão financeira nas empresas, analise as sentenças a seguir:
I. Compreender como o patrimônio das organizações deve ser re-
gistrado, contabilizado, mensurado e evidenciado é um dos obje-
tivos da contabilidade.
II. A contabilidade fiscal é uma área que tem caído em desuso no
ambiente empresarial.
III. Os resultados são importantes para os tomadores de decisões
analisarem as perspectivas dos seus negócios, resultados estes
que são obtidos pela diminuição do valor das despesas dos valo-
res das receitas.
Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

101
3. Os relatórios financeiros têm como objetivo fornecer informações sobre a
entidade para que os seus usuários possam realizar a tomada de decisão.
Faz-se importante também considerar que esses relatórios podem ainda
envolver decisões de diversos níveis na organização. De acordo com as
principais decisões que são tomadas no campo financeiro das empresas,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Decisões sobre vendas e compras.


( ) Decisões sobre investimento na agropecuária.
( ) Decisões que possam impactar o patrimônio da entidade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os relatórios financeiros são a principal forma que os profissionais da con-


tabilidade têm para apresentar os resultados dos seus trabalhos, assim,
eles acabam demandando uma série de elementos que devem ser obser-
vados pelos tomadores de decisões e transformam esses elementos em
dados quantitativos e qualitativos. Considerando o exposto, apresente qual
o principal conceito relacionado à elaboração dos relatórios financeiros.

5. Os tomadores de decisões estão a todo momento buscando dados e


informações que fornecem suporte para que eles tomem as melhores
decisões em seus negócios, dessa maneira, é muito importante que eles
busquem boas oportunidades em termos de informações de qualidade.
Considerando o papel que a contabilidade tem dentro das empresas, bem
como sua relevância para o tomador de decisões, apresente a importân-
cia de conhecer as especificidades da contabilidade nas empresas.

102
TÓPICO 3

FISCALIZAÇÃO E
OBRIGAÇÕES NAS
EMPRESAS
1 INTRODUÇÃO
Os profissionais devem estar sempre atentos às necessidades das organi-
zações em relação à geração da informação e também aos processos de tomada
de decisão. Os processos que ocorrem dentro das empresas devem acompanhar
tanto as necessidades internas quanto as externas. Uma organização não funciona
de forma isolada do resto do mundo, ela necessita se relacionar com seus clientes,
fornecedores, governos, bem como com todas as demais pessoas e organizações
que possuem algum nível de relacionamento com o seu negócio.
Quando tratamos dos princípios tributários, devemos compreender como
esses são empregados nas discussões que estejam relacionadas à implementa-
ção ou consolidação da carga tributária do país. Conforme abordado ao longo da
disciplina, os impostos são fundamentais para que os governos possam custear as
suas atividades, prestar serviços a sua população, além de implementar políticas
públicas para que todos tenham condições dignas de vida e a sociedade possa ser
menos desigual. Sendo assim, quando lidamos com a questão tributária, temos
de considerar os processos que levam à adoção de alguns tipos de impostos em
detrimento de outros ou, ainda, da forma como os diferentes entes governamentais
resolvem taxar as suas respectivas populações.

2 COMPREENDENDO A FISCALIZAÇÃO E
OBRIGAÇÕES NAS EMPRESAS
A modernização de processos a e constante digitalização têm causado mui-
tos avanços no dia a dia das organizações. O Brasil é caracterizado por possuir um
sistema arrecadatório de impostos e tributos muito eficiente, sendo assim, cons-
tantemente são implementadas inovações para facilitar o trabalho dos órgãos que
atuam em todo o sistema fiscal nacional. O processo, implementado nos últimos

103
anos, de informatização de procedimentos, tem ocasionado uma verdadeira revo-
lução na forma como as empresas brasileiras prestam contas de suas operações às
diferentes esferas governamentais, por isso, gestores e profissionais devem estar
sempre atentos a esses processos para adequar os procedimentos internos das
suas organizações.

FIGURA 13 – INFORMATIZAÇÃO NAS EMPRESAS

INCLUSIVE NA
OCORRE EM
A GESTÃO PÚBLICA
TODOS OS
INFORMATIZAÇÃO E COBRANÇA DE
SETORES
IMPOSTOS

Fonte: O autor (2022).

Gestores e profissionais contábeis devem sempre estarem atentos sobre


as regras e leis que mudam a todo o instante. Acompanhar o que é apresentado
como regra por municípios, Estados e União é uma tarefa de grande importância
para que a organização possa estar de acordo com esses órgãos fiscalizadores. Ao
profissional da contabilidade, cabe, então, a tarefa de ser buscar tais informações e
de realizar todos os esforços necessários para que os processos internos estejam
de acordo com os dispostos na legislação.
No ano de 2010, a Secretaria da Receita Federal do Brasil publicou a instru-
ção normativa (IN) de número 1.052, atualmente ela instrução é conhecida como
EFD Contribuições e está relacionada às contribuições previdenciárias, mas tam-
bém ao Imposto por Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e ao Imposto sobre
Produtos Industrializados.
A Escrituração Fiscal Digital (EFD) passou a ser obrigatória em 2009 a partir
do Convênio ICMS n. 143, de 2006, convênio que, assinado pela União, no ato repre-
sentada pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e pelo Conselho Nacional de Po-
lítica Fazendária (CONFAZ), proporcionou o período de três anos para que Estados
pudessem adaptar seus sistemas para implementação da EFD em suas respectivas
receitas estaduais. No convênio, o EFD foi definido por:
A Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui
de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras in-
formações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Receita
Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos re-
ferentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Este
arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao
ambiente Sped (SPED PR, 2010, on-line).

104
A EFD se divide em três obrigações para as organizações, e cada um abarca
a respeito de impostos específicos (Figura 14).

FIGURA 14 – TIPOS EXISTENTES DE EFD’S

EFD

EFD ICMS IPI

EFD Contribuições

EFD-Reinf

FONTE: Adaptado de SPED (2020).

A EFD-Reinf é utilizada por pessoas físicas e jurídicas e visa complementar


as obrigações existentes em relação às obrigações fiscais, previdenciárias – eSo-
cial. Essa EFD objetiva reestruturar a prestação de informações relacionadas às
retenções de impostos de renda e contribuição social, portanto, ela substituirá
o módulo da EFD Contribuições que apura a Contribuição Previdenciária sobre a
receita bruta, também conhecida como CPRB. Dentre as informações que serão
prestadas pela EFD Reinf, estão:

•  Sobre os serviços tomados ou prestados mediante cessão de mão de


obra ou empreitada.
•  Sobre as retenções na fonte dos seguintes impostos: Imposto de Renda
(IR), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Programa de Integra-
ção Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Pú-
blico (PASEP). Esses impostos e contribuições incidem sobre diversos
pagamentos efetuados a pessoas físicas e jurídicas.
•  Sobre os recursos que foram recebidos ou repassados para associa-
ções desportivas que mantenham equipe profissional de futebol.
•  Sobre a comercialização da produção e as devidas contribuições previ-
denciárias que são substituídas pelas agroindústrias e demais produto-
res rurais que atuam na condição pessoa jurídica.

105
•  Sobre as empresas que estão sujeitas ao pagamento da contribuição
previdenciária sobre a receita bruta (BRASIL, 2011).
•  Sobre as entidades que sejam promotoras de eventos esportivos que
envolvam ou mantenham clubes profissionais de futebol.

Importante destacar que a apresentação da EFD-Reinf foi instituída pela


IN RFB n. 1.701, de 2017. Nesta instrução, a Receita Federal apresentou diversos
prazos para que as empresas começassem a prestar tais informações, sendo
que o terceiro grupo, composto pelas empresas optantes pelo Simples Nacional,
começaria a prestar tais informações apenas a partir do 2020 de acordo com
deliberações do órgão.

FIGURA 15 – COMPOSIÇÃO DO TERCEIRO GRUPO DA EFD-REINF

Empresas optantes
EFD-Reinf
pelo Simples Nacional

Fonte: O autor (2022).

O adiamento ocorreu pois o sistema não ficou pronto no prazo, e ele tem
sido desenvolvido “pelas Secretarias Especiais da Receita Federal e de Previdência
e Trabalho, que simplificará o envio de informações atualmente exigidas pelo Sis-
tema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas
(eSocial)” (SPED, 2020, on-line).
A EFD ICMS-IPI é de uso obrigatório para todas as organizações que sejam
contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) e também do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Essa EFD envolve obrigações das organizações que necessitam realizar “um con-
junto de registros de apuração de impostos, referentes às operações e prestações
praticadas pelo contribuinte, bem como de documentos fiscais e de outras infor-
mações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita
Federal do Brasil” (BRASIL, 2019b, p. 2). Sobre os impostos que estão relacionados
à tal EFD, é importante ressaltar, a respeito do ICMS:

106
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um im-
posto estadual, ou seja, somente o Distrito Federal e os estados podem
instituí-lo ou modificá-lo [...] Compreende-se por circulação toda movi-
mentação de mercadoria ou serviço, implicando uma transferência ou
transporte entre dois estabelecimentos distintos. Como exemplos de
operações de circulação sujeitas ao ICMS estão à venda, a transferência
entre estabelecimentos da mesma empresa, a doação, os brindes e as
amostra. (PADOVEZE et al., 2017, p. 79)

De competência estadual, o ICMS, para fazer parte da EFD, necessitou que


Receita Federal chegasse em um acordo com as receitas estaduais de cada esta-
do e do Distrito Estadual. Com isso, foram necessárias diversas modificações nas
legislações estaduais para que o EFD ser incorporado como uma nova obrigato-
riedade. O IPI já tem como característica ser um imposto federal, por isso, coube
à Receita Federal efetuar a regulamentação deste em relação à prestação das in-
formações relacionadas a EFD. Este imposto incide sobre a circulação econômica,
incidindo sobre a produção ou importação de mercadorias, portanto, é arrecadado
pelo estabelecimento industrial, mas esse estabelecimento “não é o contribuinte
de fato, mas de direito, pois o contribuinte de fato é o consumidor, o comprador do
produto” (PADOVEZE et al., 2017, p. 55).
A EFD-Contribuições foi disciplinada a partir da Instrução Normativa RFB
n. 1.252, de 1 de março de 201;, segundo ela, essa EFD envolverá a prestação das
informações referentes às seguintes contribuições:

FIGURA 16 – INFORMAÇÕES SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES DA EFD

Contribuição para
o PIS/Pasep
Instrução Normativa
RFB n. 1.252

Cofins

Contribuição
previdenciária

Fonte: O autor (2022).

A contribuição relacionada ao Programa de Integração Social (PIS) incide


diretamente sobre o faturamento mensal da empresa, que compreende desde a
receita bruta, que é entendida como o total das receitas auferidas, quanto às ope-
racionais e às não operacionais.

107
Sobre a Cofins, é importante considerar que “incide sobre o valor do fatu-
ramento mensal das empresas. O faturamento compreende a receita bruta, assim
entendida a totalidade das receitas auferidas, inclusive as receitas classificadas
como não operacional” (CREPALDI; CREPALDI, 2019, p. 278). Em relação à EFD Con-
tribuições, ressalta-se ainda que:
O empresário, a sociedade empresária e demais pessoas jurídicas devem
escriturar e prestar as informações referentes às suas operações, de na-
tureza fiscal e/ou contábil, representativas de seu faturamento mensal,
assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, inde-
pendentemente de sua denominação ou classificação contábil, corres-
pondente à receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em
conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa
jurídica. (BRASIL, 2019a, p. 11)

Os profissionais responsáveis pelo setor fiscal das organizações devem es-


tar atentos às legislações que se referem ao recolhimento desses impostos, bem
como ao prazo que eles possuem para prestar tais informações. Como a presta-
ção das informações do EFD estão relacionadas a contribuições específicas, nem
todas as organizações estão obrigadas a prestar tais informações, tendo em vista
que algumas são imunes ou isentas de realizar tais contribuições. Em relação à
EFD ICMS-IPI, todos as organizações que sejam contribuintes do ICMS ou do IPI
são obrigadas a apresentá-la, somente em caso das organizações dispensadas e
com a devida anuência do Estado e da Receita Federal poderá deixar de ser con-
tribuinte. As organizações que recolhem o ICMS são obrigadas a cumprir com as
obrigações da EFD ICMS-IPI, sendo assim, podemos definir que o imposto incide
sobre as seguintes organizações:
I - Operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o forneci-
mento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabeleci-
mentos similares. II - Prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou va-
lores. III - Prestações onerosas de serviços de comunicação, por qual-
quer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a
retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer
natureza. IV - Fornecimento de mercadorias com prestação de serviços
não compreendidos na competência tributária dos Municípios. V - For-
necimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao im-
posto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei com-
plementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto
estadual. (BRASIL, 1996, p. 1)

O ICMS ainda incide sobre algumas operações realizadas por organizações


que atuam no comércio exterior, destacam-se aqui as importações de mercadorias
ou ainda a prestação de serviços no exterior. Incide também ICMS operações de
entrada “de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à
industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao
Estado onde estiver localizado o adquirente” (BRASIL, 1996, p. 1).

108
Como a EFD ICMS-IPI incide sobre as operações que geram a obrigação de
recolher o IPI, é importante considerar todas as organizações que realizam ope-
rações industriais ou importam mercadorias são obrigadas a recolher tal imposto.
Consideram-se produtos industrializados “os modificados ou aperfeiçoados para o
consumo. A industrialização consiste em beneficiamento, transformação, monta-
gem, acondicionamento ou renovação” (CREPALDI; CREPALDI, 2019, p. 209).
Na Figura 17, constam as informações relacionadas ao prazo para apresen-
tação da EFD ICMS-IPI aos órgãos competentes:

FIGURA 17 – PRAZO DE APRESENTAÇÃO DA EFD ICMS-IPI

FONTE: Adaptado de Brasil (2019b, p. 3).

Em relação à EFD Contribuições, trata-se de uma obrigação de todas


as pessoas jurídicas de direito privado em geral e as que lhes são equiparadas pela
legislação do Imposto de Renda, que apuram a Contribuição para o PIS/Pasep e
a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins com base no
faturamento mensal” (BRASIL, 2019a, p. 10). Ainda são obrigadas a gerar a EFD
Contribuições as seguintes organizações:

•  as pessoas jurídicas que são sujeitas à tributação do Imposto sobre a


Renda com base no Lucro Real;
•  as pessoas jurídicas que são sujeitas à tributação do Imposto sobre a
Renda com base no Lucro Presumido ou Arbitrado;

109
O prazo para apresentação da EFD Contribuições segue a lógica parecida
com o prazo estabelecido em relação a EFD ICMS-IPI, portanto:
Os arquivos da EFD-Contribuições têm periodicidade mensal e devem
apresentar informações relativas a um mês civil ou fração, ainda que
a apuração das contribuições e/ou créditos seja efetuada em períodos
inferiores a um mês, como nos casos de abertura, sucessão e encer-
ramento. Portanto a data inicial constante do registro 0000 deve ser
sempre o primeiro dia do mês ou outro, se for início das atividades, ou de
qualquer outro evento que altere a forma e período de escrituração fiscal
do estabelecimento. A data final constante do mesmo registro deve ser
o último dia do mesmo mês informado na data inicial ou a data de encer-
ramento das atividades ou de qualquer outro fato determinante para pa-
ralisação das atividades daquele estabelecimento. (BRASIL, 2019a, p. 14)

O arquivo digital produzido pelas organizações que realizam a apresenta-


ção da EFD Contribuições deverá ser gerado de forma centralizada pelo estabe-
lecimento matriz da pessoa jurídica, sendo, então, submetido para validação do
órgão competente e contendo a assinatura digital da organização. As empresas do
Simples Nacional e as organizações imunes e isentas do Imposto sobre a Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ), cuja soma dos valores mensais da Contribuição para o PIS/
Pasep (sobre a receita), da Cofins e da CPRB seja igual ou inferior a R$ 10.000,00
(dez mil reais), estão dispensadas de apresentar a EFD Contribuições.

110
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância das obrigações existentes em termos fiscais que devem ser ob-
servadas pelos gestores financeiras.
• A necessidade de as empresas cumprirem com todas as obrigações dos
seus negócios.
• Os impactos tributários e fiscais que estão relacionados aos processos
contábeis e financeiros.
• A forma de lidar com as prestações de informações dos órgãos fiscalizadores
no Brasil.

111
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro deve procurar conhecer todas as obrigações exis-


tentes em relação a todos os departamentos da sua empresa, assim, é
necessário que ele busque compreender todas as especificidades rela-
cionada também à área contábil. Dentre os assuntos que acabam ge-
rando obrigações que devem ser analisadas pela gestão financeira está
o processo de obrigações de prestação de contas que precisam ser ava-
liadas pelos profissionais. Considerando o exposto, assinale a alternativa
CORRETA que apresente o nome do órgão responsável que implementou
a EFD Contribuições:

a. ( ) Secretaria da Receita Federal.


b. ( ) Polícia Federal.
c. ( ) Secretaria Estadual das Receitas.
d. ( ) Ministério da Economia.

2. A área fiscal do Brasil é uma das mais organizadas, assim, é necessário


que as empresas estejam atentas às suas obrigações relacionadas a essa
área. Avalia-se ainda, que as empresas não possuem apenas obrigações
fiscais, mas também necessitam enviar uma série de informações para os
órgãos fiscalizadores avaliarem o faturamento e a evolução das empre-
sas. Com base nos tipos de EFDs, analise as sentenças a seguir:

I. EFD ICMS IPI.


II. EFD Recursos Humanos.
III. EFF Contribuições.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

112
3. As entidades governamentais estão sempre em busca de melhorar o pro-
cesso de cobrança e de gestão de impostos, assim, são criados novos
processos que devem compreender todas as perspectivas que fazem
parte da gestão dos negócios de tempos em tempos. De acordo com as
principais as informações prestadas na EFD, classifique V para as senten-
ças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Por meio dela é que as empresas acabam prestando informações


acerca do PIS/PASEP.
( ) Detalhes sobre o pagamento de comissões aos funcionários são
transmitidas nessas EFDs.
( ) Contribuições previdenciárias e Cofins são informações enviadas
através da EFD.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os gestores financeiros estão de sempre modernizar os processos em


seus departamentos, assim, é possível proporcionar para as empresas
uma grande oportunidade para que possam melhorar os resultados
em termos de eficiência e eficácia. Uma das formas de melhorar os re-
sultados é oferecer capacitação aos colaboradores da empresa que
atuam nesse e nos demais departamentos. Assim, disserte sobre a im-
portância de os colaboradores estarem preparados para lidar com as
obrigações das empresas.

5. O lançamento de novas tecnologias tem crescido muito nos últimos anos,


assim, é necessário avaliar que elas também têm sido amplamente utili-
zadas pelas empresas e organizações para melhorarem os seus proces-
sos. Destaca-se ainda, que as entidades públicas também têm busca-
do absorver essas novas tecnologias para fazer uso em seus negócios.
Considerando o exposto, apresente quais são os aspectos que devem
ser observados para entender a digitalização de processos na gestão
financeira e contábil.

113
LEITURA COMPLEMENTAR

VANTAGENS E OBSTÁCULOS DE FAZER A


TRANSIÇÃO PARA O GOVERNO ELETRÔNICO
Singer Force

Durante seu famoso discurso após a Batalha de Gettysburg, o presidente


Abraham Lincoln identificou uma característica essencial do governo dos Estados
Unidos, a saber, que deveria ser um governo “do povo, pelo povo, [e] para o povo”.
Afinal, o governo existe e opera para melhor servir a vontade de seus cidadãos, e
não o contrário.
No entanto, advento e o avanço da era digital redefiniram a forma como os
cidadãos se comunicam e interagem, e de muitas maneiras o governo não seguiu
o exemplo. Os cidadãos modernos estão agora mais totalmente “conectados” do
que nunca – contando com grandes quantidades de tecnologia da informação para
tudo, desde entretenimento, educação, comércio e muito mais. Os cidadãos tam-
bém esperam poder se conectar com seu governo por meio dos mesmos canais
digitais avançados. Infelizmente, de muitas maneiras, o governo não está conse-
guindo atender a essa expectativa.
De acordo com Mary Meeker, da KPCB, o governo mudou seu comporta-
mento apenas 12,5% como resultado das novas tecnologias da internet, em compa-
ração com outros setores, como saúde ou educação, que mudaram 25%, ou servi-
ços ao consumidor que estão em plena capacidade. Também vale a pena notar que,
de acordo com uma pesquisa recente publicada pelas Nações Unidas, os Estados
Unidos ocupam o 12º lugar no mundo em uso efetivo da tecnologia da Internet para
integrar a formulação de políticas, envolver os cidadãos on-line e melhorar a aces-
sibilidade por meio de tecnologias móveis.
Para permanecer relevante com seus cidadãos – para ser um governo “do
povo” – o governo dos EUA precisa se adaptar melhor para atender às necessida-
des do cidadão eletrônico moderno. Em essência, ele precisa se tornar um governo
eletrônico funcional.

114
O que é governo eletrônico
O governo eletrônico é um termo usado para denotar quaisquer sistemas,
processos ou funções governamentais que dependem da tecnologia da informa-
ção digital e que são executados pela internet. As vantagens do governo eletrônico
incluem um fluxo aprimorado de informações do cidadão para o governo, do go-
verno para o cidadão e dentro do próprio governo. Além disso, o governo eletrônico
ajuda a modernizar os procedimentos administrativos, melhorando as economias e
promovendo a transparência no processo.
Embora essa definição de governo eletrônico seja naturalmente muito am-
pla, sua funcionalidade pode ser dividida em quatro fatores principais, conforme
identificado pela Universidade de Albany:

•  Serviços eletrônicos: informações, programas e serviços governa-


mentais fornecidos em formato digital.
•  E-Democracy: Maior participação do cidadão no governo.
•  E-Commerce: Troca digital de dinheiro na forma de pagamento de im-
postos, registro de veículos etc.
•  Gestão eletrônica: Gestão do governo, incluindo manutenção de re-
gistros e fluxo de informações.
Simplificando, a tecnologia da informação digital tem a capacidade de re-
volucionar essencialmente todos os aspectos do governo. Com isso em mente, a
transição para o governo eletrônico traz consigo uma série de potenciais impactos
positivos. O governo eletrônico oferece vantagens em todos os aspectos do governo.
Embora a ideia principal por trás do governo eletrônico seja melhorar a efi-
ciência e a relação custo-benefício em todos os aspectos, há muitos benefícios
exclusivos para áreas específicas do governo que valem a pena considerar.
Por um lado, a mudança para tecnologias modernas é algo que muitos ame-
ricanos esperam, com 76% dos americanos usando a internet para acessar infor-
mações do governo. Como tal, o fato de certas agências federais estarem usando
tecnologias ultrapassadas (que em alguns casos estão 50 anos atrasadas) tem o
potencial de alienar certos cidadãos. Por exemplo, a partir de 2016, o Departamento
do Tesouro estava usando uma linguagem de programação de 56 anos conhecida
como código de linguagem assembly. Esse código é usado para manter fontes de
dados para impostos, reembolsos e outras atualizações, sendo difícil de integrar
aos sistemas atuais.

FONTE: Traduzido de: FORCE, S. Of the People: Advantages and Obstacles of


Making the Transition to E-Government. Sales Force, [s. d.]. Disponível em:
https://www.salesforce.com/solutions/industries/government/resources/advan-
tages-and-obstacles-of-e-government/. Acesso em: 10 mai. 2022

115
REFERÊNCIAS

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Acesso em: 10 maio 2022.

BRASIL. Lei complementar n. 87, de 13 de setembro de 1996. Diário Oficial da


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BRASIL. Lei n. 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Diário Oficial da União,


Brasília, 15 dez. 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
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SANTOS, F. A.; VEIGA, W. E. Contabilidade: com ênfase em micro, pequenas e


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SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Conheça o SPED. 2020.


Disponível em: http://sped.rfb.gov.br/pagina/show/970. Acesso em: 10 maio 2022.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL DO PARANÁ – SPEDPR. Escritura-


ção Fiscal Digital - EFD. O que é? 2020. Disponível em: http://www.sped.fazenda.
pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=3. Acesso em: 10 maio 2022.

117
UNIDADE 3

INVESTIMENTO NOS
NEGÓCIOS E SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender o que são investimentos no ambiente de negócios;
• avaliar os fatores que compõem o ambiente de negócios nas empresas;
• entender como ocorre a tomada de decisão nas empresas a longo e
curto prazo;
• avaliar a importância do sistema financeiro nacional.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À POLÍTICA DE INVESTIMENTOS NAS EMPRESAS
TÓPICO 2 – DECISÕES DE LONGO PRAZO E TENDÊNCIAS NA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
TÓPICO 3 – SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TÓPICO 1

INTRODUÇÃO À POLÍTICA
DE INVESTIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
NAS EMPRESAS
Os profissionais que atuam no ambiente empresarial devem buscar sempre
compreender as características e especificidades dos seus negócios, assim, tor-
na-se importante avaliar a todo o momento a saúde financeira da organização. Em
muitos casos, as empresas, quando bem administradas, apresentam bons índices
econômicos, o que torna o trabalho dos profissionais da gestão financeira um pou-
co mais fácil. Entretanto, há muitas empresas que, por inúmeros motivos, trazem
resultados não muito positivos e, com isso, mudanças no curso da gestão precisam
ser realizadas para que essas organizações possam melhorar os seus resultados a
curto, médio e longo prazo.
Ao longo desta unidade, serão apresentados inúmeros conceitos que auxi-
liam os profissionais do ambiente interno das empresas a compreenderem melhor
os investimentos em seus negócios. Estudaremos alguns instrumentos que permi-
tem a avaliação do negócio, em especial, veremos a demonstração do fluxo de cai-
xa e suas fórmulas de cálculo. Ainda, abordaremos aspectos sobre investimentos
no ambiente de negócios e, principalmente, quais são os fatores que influenciam as
tomadas de decisões desses investimentos nas empresas.

2 A POLÍTICA DE INVESTIMENTOS
O mercado está cada vez mais dinâmico, dessa maneira, torna-se mais difí-
cil e complexo para os profissionais que atuam com gestão financeira nas empresas
compreenderem o cenário para que seus negócios possam crescer, aumentando
de tamanho, bem como gerando novas oportunidades para o atendimento de me-
tas e estratégias elaboradas. Entender que o cenário econômico produz incerte-
zas pode ser considerado um dos principais aprendizados que os profissionais da
gestão financeira possuem ao longo da sua jornada financeira. Por isso, é cada vez
mais importante que esse profissional saiba fazer a leitura do ambiente onde sua
empresa está inserida, bem como saiba também quais são as características que
podem impactar diretamente a sua política de investimentos.

121
Os profissionais de gestão financeira ainda precisam avaliar que a forma de
administrar suas empresas está muito relacionada à época em que são analisadas.
Por exemplo, a gestão financeira apresenta que, até a década de 1990, as empresas
consideravam alguns fatores ao analisar investimentos, enquanto após esse perío-
do direcionavam a sua política de investimentos levando em consideração outros
fatores. No Quadro 1, é possível observar quais são os itens relacionados a cada
época conforme as necessidades das empresas:

QUADRO 1 – CONCEPÇÃO TRADICIONAL E CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA


DA FUNÇÃO FINANCEIRA

Concepção tradicional – até a década de 1990 Concepção contemporânea – após a década de 1990
Liquidez versus rentabilidade Liquidez e rentabilidade

Ênfase no lucro Ênfase no valor da empresa

Primazia no endividamento Primazia na capitalização

Papel disciplinador e mecanicista da área financeira Papel estrategista e orientador da área financeira

Informação como poder Transparência total

FONTE: Adaptado de Souza (2007, p. 5).

Os profissionais que atuam na gestão financeira das empresas têm buscado


cada vez mais criar valor para o seu negócio. Nesse momento, é necessário avaliar
que não é “que o lucro tenha perdido sua importância ou tenha se tornado pres-
cindível, todos sabem que nenhuma empresa poderá́ subsistir, por muito tempo, se
não obtiver lucro e se seus investimentos tiverem retorno compatível com o custo
explicito e com o custo de oportunidade dos recursos financeiros utilizados” (SOU-
ZA, 2007, p. 6). A criação de valor tem sido uma das maiores preocupações desses
profissionais, sendo importante avaliar que essa preocupação tem feito parte, a
cada dia mais, do processo de planejamento estratégico das corporações.

IMPORTANTE
As empresas têm buscado aumentar cada vez o valor do seu negócio pois so-
mente assim é possível melhorar o seu posicionamento no mercado em que
se está atuando. É importante avaliar, ainda, que o valor está relacionado à
imagem de como os seus clientes veem a empresa, por isso, quando se trata
de valor, não está se referindo ao valor pecuniário que é pago pelos bens e
serviços que são comercializados pela empresa. Os profissionais de todas as
áreas da empresa têm o dever de contribuir para que ela possa aumentar o
seu valor, entretanto, é necessário avaliar que compete ao departamento de
marketing e de finanças cooperar para que isso se torne realidade.

122
O processo de mensuração de valor de um negócio não é uma tarefa fácil
– nem sempre todas as empresas possuem de maneira clara quais são os seus
elementos que impactam diretamente nos resultados dos seus negócios. Na Figura
1, a seguir, são apresentados fatores que podem ser utilizados para formular o valor
de um negócio, são eles:

FIGURA 1 – FATORES QUE INFLUENCIAM NO VALOR DE UM NEGÓCIO

Receita e
lucratividade

Taxa de vendas Quota de mercado

Parcela da Satisfação
carteira do cliente

Fidelização Reconhecimento
de clientes de marca

Lealdade do
consumidor

FONTE: Adaptada de Brown (2021, on-line).

Ainda sobre os processos de criação de valor nas empresas, muitas vezes


é importante que os profissionais entendam que isso contempla um processo que
deve ser integrado às atividades das empresas para que torne a criação de valor um
procedimento natural dentro da organização. Na Figura 2, vamos observar algumas
etapas que podem ser utilizadas para criação desse valor:

FIGURA 2 – ETAPAS PARA CRIAÇÃO DE VALOR NAS EMPRESAS

Seja claro sobre o Informe a


Entenda a visão
valor comercial da equipe sobre o
do negócio
empresa valor do negócio

Mensure o valor do Crie um ambiente


negócio sempre com bom clima
que possível organizacional

FONTE: Adaptada de Brown (2021, on-line).

123
O processo de criação de valor em um negócio precisa contar com o apoio
do máximo de pessoas de dentro da empresa, assim, é necessário avaliar todas as
possibilidades que existem para que a empresa possa atender às perspectivas que
fazem parte do mercado em que atua. Por exemplo, é necessário que os colabora-
dores avaliem que “a ênfase na criação de valor, além de atender diretamente aos
interesses dos investidores, é mais que uma simples operação aritmética de recei-
tas menos despesas ou de lucro/investimento” (SOUZA, 2007, p. 6). O conhecimen-
to sobre as dimensões que impactam a criação de valor no ambiente empresarial
deve ser observado e conhecido por todos os colaboradores. No Quadro 2, essas
dimensões podem ser conhecidas em detalhe:

QUADRO 2 – DIMENSÕES DE ANÁLISE E DE IMPACTO DA CRIAÇÃO DE VALOR NAS EMPRESAS

Dimensão Características
Um dos mais importantes princípios que orientam as decisões gerenciais é o da continuidade,
segundo o qual as inevitáveis decisões de curto prazo e do cotidiano devem levar em conta
o fato de que as instituições integram um tecido social mais amplo; desse modo, não têm
duração condicionada à esperança de vida dos seus mantenedores. Isso remete à permanente
Perspectiva de
preocupação de que os atos e os fatos administrativos contemplem a maior quantidade possível
longo prazo
de fatores que possam circunstanciar a sobrevivência da entidade, o que compreende desde
o perfil de projetos empreendidos e sua cultura organizacional até o relacionamento com os
diversos seguimentos da sociedade: governo, sindicatos, fornecedores, clientes, concorrentes,
bancos e investidores.

Quando os principais investidores em um empreendimento, seus acionistas ou quotistas aplicam


dinheiro em um negócio, estão tomando uma decisão intermediária relativa à satisfação que
pretendem obter com tais recursos. É natural que esses investidores queiram dispor de condições
para planejar a futura utilização desses recursos na produção de realizações pessoais, as quais
não se satisfarão apenas em ver um belo e intocável patrimônio pré-qualificado a integrar seus
testamentos. Certamente, esses investidores terão expectativa de obter, ainda em vida, pelo
menos parte dos ganhos decorrentes de seu empreendimento, de modo a realizar a satisfação
Expectativa de
que, em algum momento, justificou o sacrifício de não consumir e de efetuar a poupança que deu
realização de ganhos
origem a tal investimento. Desse modo, mesmo que gere lucros, é razoável supor que a empresa
pelos investidores
tenha uma política de destinação desses resultados, a fim de satisfazer tanto suas necessidades de
reinvestimento e de capitalização quanto as prováveis expectativas dos investidores com relação
a esses resultados. Essa política de destinação dos resultados – política de dividendos, no caso de
uma sociedade anônima (S. A.) – é um capítulo muito importante no campo das finanças empre-
sariais, o qual poderá ser tratado oportunamente. O que não se pode desconsiderar é o fato de
esse aspecto ser importante para o investidor tomar sua decisão quanto à taxa mínima de retorno
que exigirá, bem como de prosseguir ou não com o investimento.

Considerando que as decisões mais importantes têm reflexos mais duradouros em uma pers-
pectiva de longo prazo, é importante lembrar que um dos fatores de risco é o tempo. Como
o essencial de um empreendimento é seu crescimento sustentável, os olhos de quem toma a
decisão deverão focar o futuro com maior vigor que o passado; é nesse aspecto que as dimen-
Dimensões de risco sões risco e retorno ganham importância. Um investidor minimamente informado somente
e retorno colocará recursos em empreendimentos cuja expectativa de retorno seja suficiente para cobrir
os ganhos livres de riscos existentes no mercado e compense a magnitude do risco inerente a
tal investimento. Como a aferição de retorno somente ocorrerá no futuro, o verdadeiro lucro
do investidor consistirá no quanto sua riqueza puder ser maximizada; ou seja, quanto valor
puder ser agregado, no futuro, ao investimento que tiver feito no presente.

124
Dimensão Características
Para ser abordado com a profundidade que merece, este quarto aspecto mereceria um espaço
um pouco maior. Sua abrangência precisaria ser segmentada pelo menos em outras quatro
partes: cliente; recursos naturais; recursos humanos; mantenedores:
• Cliente – o cliente nem sempre conhece detalhes técnicos de materiais, de componentes e
de outros elementos de qualidade do produto ou serviço que somente os mais experientes
profissionais da empresa dominam.
• Recursos naturais – essa é outra dimensão de responsabilidade social importante e nem
sempre considerada pelas empresas. Não se fala aqui de ecochatos eventualmente preocu-
pados apenas com a extinção deste ou daquele animal. Deve-se retomar a questão do cres-
cimento sustentável em que a preocupação precisa incluir a sobrevivência das empresas e
Responsabilidade do próprio ser humano no presente e no futuro.
social • Recursos humanos – nos tratados de valuation, é recorrente a recomendação de que
os avaliadores não deixem de considerar o clima organizacional antes de concluir seus
trabalhos em uma empresa. Enfatiza-se a importância dos recursos humanos e de seu
papel transformador na cultura das organizações. Como mudança de cultura implica in-
vestimento e outros desembolsos na mudança das pessoas, as empresas mais preocupadas
com esse fator têm materializado essas preocupações por meio dos programas de educação
continuada para seus executivos e funcionários dos demais níveis funcionais.
• Mantenedores – tanto proprietários como fornecedores e instituições financeiras são
investidores que dependem do sucesso das instituições com as quais operam. Sobre esse
aspecto, a questão de responsabilidade social tratada aqui diz respeito ao dano a toda
sociedade, a partir da própria empresa, que pode causar eventual extravio de recursos
desses mantenedores.

FONTE: Adaptado de Souza (2007, p. 7-9).

O valor de um negócio nem sempre é avaliado de maneira correta ao longo


do tempo, por isso, é preciso avaliar todas as características que podem influenciar
o valor de uma empresa em todas as etapas do seu negócio. A compreensão de to-
dos os elementos que impactam a gestão de um negócio é de grande importância
para todas as empresas, sendo necessário o comportamento dos stakeholders em
relação ao negócio. Sobre a avaliação de investimentos e a compreensão do valor,
deve-se entender que:
Esses agentes são geralmente chamados de stakeholders pelo fato de
terem interesse, de algum modo, nos destinos da entidade em questão.
São funcionários, concorrentes, instituições financeiras, fornecedores,
clientes, governo, proprietários e a sociedade em geral. Kaplan1 os define
como indivíduos, grupos de indivíduos e instituições que definem o su-
cesso das organizações ou afetam a capacidade que a organização tem
em atingir os seus objetivos, o que se comprova plenamente no cotidia-
no das organizações. Por essa razão, um grande desafio da empresa e
dos seus administradores, especialmente dos administradores financei-
ros, consiste em compatibilizar os objetivos adversos desses diferentes
grupos de interesse, por meio de freqüentes alternativas de oportunida-
des financeiras, internas ou externamente ao país, eventualmente me-
nos arriscadas e com maior liquidez. (SOUZA, 2007, p. 10)

Os profissionais de gestão financeira precisam estar atentos a todos os mé-


todos que estejam relacionados ao processo de avaliação de valor dos seus negó-
cios, então, devemos entender que esses métodos podem ser baseados em três
tipos de estratégias, apresentadas na Figura 3:

125
FIGURA 3 – ESTRATÉGIAS PARA AVALIAÇÃO DO VALOR DOS NEGÓCIOS

• Este método de avaliação mede o valor atual de


uma empresa observando as métricas de outras
Análise empresas em seu setor. A análise comparável é uma
forma relativa de avaliação e analisa o tamanho da
comparável empresa, o preço das ações, a capitalização de
mercado e o lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização (EBITDA).

• A análise de transações precedentes também é


Análise de uma forma de avaliação relativa. Ele compara o
negócio com outras empresas do setor que foram
transações vendidas recentemente. No entanto, os valores
precedentes podem facilmente ficar desatualizados com o
passar do tempo.

• Ao contrário dos outros dois métodos de


Análise de avaliação, a análise de fluxo de caixa descontado
fluxo de caixa (DCF) é uma forma de avaliação intrínseca.
descontado A análise DCF mede o valor de uma empresa com
base em seu fluxo de caixa futuro esperado.

FONTE: Adaptada de Conlin (2022, on-line).

As finanças corporativas compreendem basicamente todas as atividades


realizadas dentro das empresas que tenham algum tipo de relação com entradas
ou saídas de dinheiro, assim, é preciso que essas finanças sejam realizadas consi-
derando todas as teorias da gestão, além de observar também as exigências legais
que são impostas para as empresas na gestão dos seus recursos. Sabe-se, por
exemplo, que uma empresa necessita seguir todas as normas e leis que recaem
sobre o seu setor, dessa forma, é dever do gestor financeiro compreender quais são
essas leis que interferem em suas finanças corporativas.
Em relação às finanças corporativas, é essencial que se observe quais são
as atividades que devem ser desempenhadas nessa área para trazer os resultados
esperados. Basicamente, temos que compete a ela criar e administrar controles
que permitam aos gestores do negócio saberem exatamente quanto está entrando
ou saindo dos seus negócios. Dessa maneira, é de grande importância que os ges-
tores possam desempenhar funções que efetivamente contribuam para o sucesso
de seus negócios, sendo necessário também que eles reconheçam quais são as
relações desenvolvidas pelas empresas que podem impactar diretamente a forma
como gerem os seus recursos. Segundo Maçães (2017, p. 22):

126
Qualquer organização desenvolve várias relações, não só no seio da pró-
pria organização, mas também com o meio envolvente, que lhe fornece
os inputs (matéria-prima, mão-de-obra, energia, capital, equipamentos)
de que necessita para a sua atividade e onde coloca os seus outputs
(produtos e serviços). As relações que uma empresa desenvolve com o
meio externo são suscetíveis de ter uma expressão quantitativa que a
contabilidade financeira regista. Numa definição clássica, a contabilida-
de financeira regista as relações da empresa com o exterior, enquanto a
contabilidade de gestão (contabilidade de custos) regista as relações no
seio da própria empresa. Estes dois ramos da contabilidade distinguem-
-se pelos destinatários da informação.

As finanças corporativas não são um tipo de atividade que atua de maneira


isolada dentro da empresa, ela necessita de outras áreas que vão fornecer dados
e informações que possibilitarão a criação de instrumentos de controle ou, ainda,
que viabilizarão que ela possa atuar com vistas a proporcionar melhores resultados
para o seu negócio. Destaca-se, também, que a contabilidade é a principal parceira
da gestão financeira, pois é ela que realiza todas as atividades de contabilização,
mensuração e evidenciação de todos os fatos contábeis que podem influenciar no
patrimônio das empresas.
É relevante dizer, ainda, que as finanças corporativas sempre precisarão
de profissionais que estejam alinhados com as necessidades dos negócios, dessa
forma, é natural que eles compreendam a necessidade de tomada de decisões no
ambiente das empresas. Aliás, tomar decisões é algo que os profissionais de gestão
financeira fazem a todo momento dentro das empresas, por isso, é importante que
ele esteja preparado para separar quais são as decisões operacionais e quais são as
decisões estratégicas dentro do universo das empresas:

•  Decisões estratégicas dentro da gestão financeira: possuem rela-


ção direta “com as políticas de investimento e de financiamento da em-
presa, as quais se traduzem na elaboração do plano de investimentos,
por exemplo, uma empresa pretende comprar uma nova máquina para
aumentar a sua capacidade produtiva” (MAÇÃES, 2017, p. 22). O pro-
fissional gestor financeiro deverá analisar todos os investimentos com
vistas a escolher a melhor alternativa de financiamento possível que
gerará melhores resultados para as suas empresas.
•  Decisões operacionais dentro da gestão financeira: possuem rela-
ção “com a definição da política de crédito da empresa, designadamen-
te o prazo concedido aos clientes para fazerem os seus pagamentos ou
a política de pagamento a fornecedores” (MAÇÃES, 2017, p. 22). Assim,
temos que a decisão de concessão de crédito deve ser encarada como
uma decisão operacional que possui relação com as condições de mer-
cado que a empresa deve seguir para lidar com as demandas dos seus
clientes e a estratégia dos seus clientes.

127
Quando os profissionais relacionados à gestão financeira avaliam o am-
biente de negócios das suas empresas, eles devem considerar todo o conjunto
de stakeholders que possa influenciar os processos de tomada de decisão. No
Quadro 3, temos os aspectos acerca de todos os stakeholders que possam im-
pactar, de maneira direta e indireta, os seus processos de tomadas de decisões
sobre investimentos:

QUADRO 3 – O PAPEL DOS STAKEHOLDERS NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS

Stakeholders Características
Em seu papel de escudeiros do mais importante recurso à disposição da empresa, poderão
solicitar revisões de planos, de programas ou de projetos originalmente traçados. Níveis gerais
de emprego e de preço, comportamento dos salários, melhoria das condições de trabalho e
Sindicatos
outros sinalizadores da economia poderão, em benefício da melhor imagem institucional,
fundamentar o redirecionamento de objetivos e de procedimentos para assegurar as relações
entre o capital e o trabalho do modo mais amistoso e cordial possível.

Podem ser os menos controláveis dos agentes, mas, sem dúvida, são os maiores estimuladores da
criatividade. No mercado, não se conhecem todas as peças do jogo, nem todas as peças em jogo
Concorrentes e, mesmo que as conhecessem, a dinâmica dos negócios funciona como um organismo vivo ao
produzir variáveis novas a todo instante. Uma oportunidade de investimento não identificada, ou
uma ameaça não percebida em um estudo de viabilidade, e o jogo poderá estar perdido.

Após os clientes, simbolizam o papel desempenhado pelo mercado financeiro e de capitais


e representam a segunda fonte de oxigenação do caixa da empresa. O uso do capital próprio
pode ser sinônimo de segurança na estrutura de capital e o uso de empréstimos e de financia-
Bancos mentos pode significar melhoria de rentabilidade para o proprietário a partir de alavancagens
financeiras favoráveis. Para ambas as situações, no momento de melhor conveniência, os
bancos funcionam no sistema econômico como agentes facilitadores de novos investimentos e
como termômetros da inconveniência ou da inoportunidade da sua realização.

Representam os supridores do aprovisionamento em geral, são parceiros importantes a partir


do momento em que uma decisão de investimento tem levado em conta a conveniência de não
verticalização. No entanto, ao firmar contrato para entrega futura, por exemplo, um cliente é
pouco sensível a eventuais desculpas de não cumprimentos que possam decorrer de suprimentos
Fornecedores
não atendidos. Situação similar poderá ocorrer com a qualidade indesejável de insumos ou com-
ponentes utilizados em um produto final que chega ao cliente. Isto passa a constituir-se em mais
uma necessidade de prontidão em relação ao comportamento desses stakeholders, até pelo fato
de, em determinadas circunstâncias, poderem estar movidos por interesses de concorrentes.

Na condição de agentes mais poderosos de uma economia de mercado, são os que têm o mais
legítimo poder de dar o ritmo e direcionar o foco das preocupações gerenciais relevantes. O pla-
nejamento da produção de bens ou de serviços e dos investimentos necessários parte da identifi-
Clientes cação mais segura possível de que haverá interessados em obtê-los. Esses permanentes pagadores
da conta, geralmente pouco fiéis, têm feito uso, cada vez mais acentuado, da sua soberania em
termos de necessidades, gostos, hábitos de consumo, preferências e outras idiossincrasias, de
modo a abrir espaços para a concorrência e ampliar instabilidades dos futuros fluxos de caixa.

Tomado como stakeholder de referência, é compreendido em suas diversas instâncias no âmbito


dos três poderes e sua atuação é mais percebida pelo setor produtivo em face de seu poder
Governo propulsor de instrumentos reguladores e facilitadores da atividade econômica. Naturalmente, é
de interesse social a prosperidade das organizações que investem; empregam pessoas; produzem
bens e serviços; geram rendas, impostos, divisas e poupança interna.

FONTE: Adaptado de Souza (2007).

128
O processo de elaboração de uma política de investimentos considera inú-
meras informações de grande relevância no ambiente de negócios, dessa forma, é
importante que os profissionais que estejam atuando nessa função possam conhe-
cer todas as ferramentas que atinjam diretamente a criação da sua política. Dentre
as ferramentas mais relevantes, destacamos a elaboração da demonstração do
fluxo de caixa que apresente uma série de elementos fundamentais para análise
dos investimentos das empresas. Na próxima seção, serão apresentados detalhes
e aspectos principais acerca do fluxo de caixa e suas características.

3 FLUXO DE CAIXA NAS EMPRESAS


O caixa de uma organização é de grande importância para o seu funciona-
mento, assim, compete ao profissional da gestão financeira, ou gestor responsável
pela área, obter o melhor tipo de controle possível para que sejam produzidas infor-
mações fidedignas. A elaboração da demonstração do fluxo de caixa deve seguir as
normas vigentes, bem como atender às necessidades informacionais de empresas
e gestores, pois assim será possível obter informações de qualidade e que possam
ser utilizadas na administração das organizações.

IMPORTANTE
Um ponto importante acerca das demonstrações de fluxo de caixa nas em-
presas é que a legislação vigente no Brasil teve que ser atualizada para aten-
der às necessidades de investidores e analistas internacionais. Por isso, no
ano de 2007, a Lei n. 11.638 foi promulgada e modificou um trecho da Lei n.
6.404/76, substituindo a Demonstração das Origens e Aplicações de Recur-
sos (DOAR) pela Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).

Segundo a legislação brasileira vigente, temos que as empresas deveriam


publicar a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e, caso fossem companhias de
capital aberto, também deveriam publicar a Demonstração de Valor Adicionado.
Mas, caso a companhia fechada obtenha no período um patrimônio líquido inferior
a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), ela será dispensada de publicar DFC no
período. Um dos principais aspectos que trata a Lei n. 6.404/76 está relaciona-
do à disponibilidade de caixa e de equivalente de caixa. Sobre esses conceitos, é
importante avaliar que:

129
A intitulação Disponibilidades, dada pela Lei no 6.404/76, é usada para
designar dinheiro em caixa e em bancos, bem como valores equivalen-
tes, como ordens de pagamento à vista (ex. cheques) em mãos e em
trânsito que representam recursos com livre movimentação para aplica-
ção nas operações da empresa e para os quais não haja restrições para
uso imediato. Já as normas internacionais trabalham muito mais com o
conceito de Caixa e Equivalentes de Caixa, o que engloba, além das dis-
ponibilidades propriamente ditas, valores que possam ser convertidos
em dinheiro, a curto prazo, sem riscos e sem mudança significativa de
valor. (GELBCKE et al., 2021, p. 41)

Os valores considerados como equivalentes de caixa devem ser mantidos


com a finalidade de atender ao conjunto de compromissos de caixa de curto prazo
e não para investimento. É importante ressaltar, também, que eles não podem ser
utilizados com outros fins. Os valores considerados como disponibilidades de caixa
ainda devem ser caracterizados por terem conversibilidade imediata e por não es-
tarem sujeitos a risco de mudança valor.
Um exemplo utilizado para entender como funciona a disponibilidade de
caixa pode ser o investimento em Certificado de Depósito Bancário, mais conhe-
cido como CDB. Esse tipo de investimento pode ser qualificado como equivalente
desde que assuma três condições, conforme apresentado na Figura 4, a seguir:

FIGURA 4 – CONDIÇÕES PARA AVALIAÇÃO DO INVESTIMENTO

Ofereça liquidez imediata, ou seja, a


empresa poderá transformá-lo em
dinheiro em curto espaço de tempo

Esteja elencado como um investimento


de curto prazo, portanto, deve ter
vencimento de três meses ou menos

Ofereça baixo ou nenhum risco de


ter o seu valor diminuído quando
for ser efetuado o seu resgate

FONTE: O autor (2022).

Os profissionais responsáveis pela elaboração das demonstrações con-


tábeis das empresas devem buscar reconhecer o conteúdo e a classificação
dos valores de caixa e de equivalente de caixa. Na Figura 5, é possível visualizar
quais são as principais contas que devem ser observadas por esses profissionais
esse tipo de controle:

130
FIGURA 5 – ASPECTOS DAS CONTAS DE AVALIAÇÃO DE CAIXA E EQUIVALENTE DE CAIXA

Depósitos bancários
Caixa Numerários Aplicações
à vista

Contas de livre Aplicações de


Fundo fixo Numerários em trânsito
movimentação liquidez imediata

Contas bancárias
Caixa flutuante
negativas

Datas de contabilização
de cheques

Situações especiais

FONTE: O autor (2022).

No Quadro 4, é possível observar que o caixa pode ser dividido em dois tipos
distintos: fundo fixo e caixa flutuante. Cada um deles possui características espe-
cíficas que precisam ser levadas em consideração no momento do levantamento
dos seus respetivos saldos.

QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS DO FUNDO FIXO E CAIXA FLUTUANTE

Tipo de caixa Definição


No sistema de fundo fixo, não há, normalmente, problemas de classificação de valores. Nesse
sistema, define-se uma quantia fixa que é fornecida ao responsável pelo fundo, suficiente para
os pagamentos de diversos dias e, periodicamente, efetua-se a prestação de contas do valor
total desembolsado, repondo-se o valor do fundo fixo, por meio de cheque nominal ou crédito
em conta corrente bancária a seu responsável. A contabilização de tais desembolsos é feita a
Fundo fixo crédito de bancos e a débito das despesas, ou seja, depois de constituído o fundo fixo, a conta
respectiva não recebe mais contabilizações (a não ser por aumento ou redução do valor do
fundo). Dessa forma, todos os pagamentos efetuados pelo fundo fixo são feitos por cheques
ou transferências bancárias, creditados diretamente em bancos, e todos os recebimentos, em
dinheiro, transferências ou cheques são depositados diretamente nas contas bancárias sem,
portanto, transitar contabilmente pela conta Caixa.

No sistema de caixa flutuante, transitam pela conta Caixa os recebimentos e os pagamentos em


dinheiro. Nesse sistema, podem ocorrer maiores problemas de ordem de classificação contábil
de valores, pois o saldo da conta Caixa muitas vezes apresenta não só o dinheiro propriamente
dito, mas, também, vales, adiantamentos para despesas de viagens e outras despesas, cheques
Caixa flutuante
recebidos a depositar, valores pendentes e outros. Como já mencionado, no saldo da conta Caixa,
para fins de balanço, deve figurar tão somente o saldo em dinheiro disponível, já que os vales e
adiantamentos devem constar do balanço em conta própria de realizável como adiantamentos,
conforme o modelo do plano de contas apresentado.

FONTE: Adaptado de Gelbcke et al. (2021, p. 42).

131
As empresas precisam estar sempre atentas aos diversos tipos de depósi-
tos que podem ser realizados ao longo do seu movimento financeiro, assim, será
possível efetuar a sua correta contabilização. Dentre os tipos de contas que as
empresas possuem, as mais comuns são as chamadas de livre movimentação, pois
essas contas são utilizadas para efetuar operações financeiras como pagamen-
tos de fornecedores, recebimento das vendas efetuadas para os seus diferentes
clientes e demais operações que são necessárias para que as empresas possam se
organizar financeiramente.
Em termos de classificação das contas de livre circulação, é importante
avaliar que elas podem se apresentar de três tipos:

FIGURA 6 – TIPOS DE CONTA DE LIVRE CIRCULAÇÃO

Conta movimento ou
depósito sem limite
Tipos de conta de
livre circulação

Contas especiais para


pagamentos específicos

Contas especiais
de cobrança

FONTE: O autor (2022).

3.1 MODELOS DE FLUXO DE CAIXA


A organização financeira de qualquer empresa é fundamental, sendo im-
portante que as empresas utilizem todas as ferramentas que possam ser úteis
para melhorar essa organização. Destaca-se que o fluxo de caixa é uma dessas
ferramentas que tem como objetivo principal aumentar o controle das empresas.
Segundo o Sebrae (2022, on-line) “o objetivo dessa ferramenta é apurar o saldo
disponível no momento e projetar o futuro, para que exista sempre capital de giro
acessível tanto para o custeio da operação da empresa (folha de pagamento, im-
postos, fornecedores, entre outros) quanto para o investimento em melhorias”,
como é o caso de uma reforma em alguma área do negócio.
Em relação aos tipos de informações que precisam constar no fluxo de caixa,
é importante que os profissionais de gestão financeira considerem os seguintes tipos:

132
FIGURA 7 – TIPOS DE INFORMAÇÃO QUE SERÃO INSERIDAS NO FLUXO DE CAIXA

• Vendas à vista em dinheiro, cheque,


Todos os
cartões; vendas a prazo, recebimento
recebimentos de duplicatas, dentre outros.

• Compras à vista e a prazo, pagamentos


Todos os
de duplicatas, pagamento de despesas e
pagamentos outros pagamentos.

• Recebimentos e pagamentos previstos


Previstos para o futuro, num período de pelo menos
três meses.

• Ao elaborar o fluxo de caixa, o empresário


Benefícios do
terá uma visão financeira do presente e do
fluxo de caixa futuro da empresa.

FONTE: Adaptada de Sebrae (2022, on-line).

As vantagens de se elaborar um fluxo de caixa são imensas, sendo


praticamente indispensável para todas as empresas que desejam ter uma gestão
moderna fazer uso dessa ferramenta que é de grande importância para os proces-
sos dentro da empresa.

IMPORTANTE
A gestão financeira das empresas precisa estar sempre atenta às particu-
laridades das demonstrações contábeis. Então, por mais simples que seja
a elaboração de um fluxo de caixa, é fundamental que esses profissionais
considerem os modelos e as características da demonstração que são apre-
sentadas pelo conjunto de normas contábeis vigentes. Ressalta-se, ainda,
que é relevante que esses profissionais possam avaliar que de posse das
informações contidas no fluxo de caixa, por exemplo, ele poderá melhorar
significativamente o seu processo de tomada de decisões.

133
Algumas dicas são fundamentais para que os profissionais da gestão finan-
ceira possam utilizar do fluxo de caixa em seus negócios, são elas:

•  Lançamentos diários: é priomordial que as empresas façam o regis-


tro diário de todos os lançamentos de entradas e saídas de recursos
em seu negócio, então, espera-se que melhore o processo de controle
de seus negócios.
•  Situações deficitárias: assim que for identificada uma situação de-
ficitária no negócio, é de suma importância que os gestores financei-
ros busquem melhorar os seus resultados, portanto, alternativas sobre
a busca de financiamento e mais recursos para melhorar o capital de
giro é algo essencial.
•  Situações superavitárias: trata-se do melhor cenário que uma em-
presa poderia lidar em relação aos seus recursos, ou seja, a situação
na qual os recursos sobram e ela pode efetuar investimentos. Portan-
to, quando o profissional de gestão financeira obter os resultados de
sobra de capital, é recomendado que ele busque bons investimentos
para o seu negócio.
•  Lançamentos futuros: é muito importante que os profissionais procu-
rem efetuar o conjunto de lançamentos que representam a movimenta-
ção futura da empresa, dessa forma, será possível prever os resultados
que a empresa terá, o que permitirá que os gestores pensem em boas
formas de melhorar os resultados do seu negócio.
•  Projeção de saldo negativo: ao identificar a possibilidade de salgo
negativo em seu fluxo de caixa, é significativo que os profissionais en-
contrem uma forma de buscar equalizar esse resultado. Quanto antes o
profissional da gestão financeira identificar resultados negativos, mais
fácil será para ele realizar ajustes para melhorar a situação da empresa,
o que é algo esperado de sua atuação.

Na Figura 8, estão apresentadas classes de informações que devem cons-


tar no fluxo de caixa elaborado pelo método direto:

134
FIGURA 8 – CLASSES QUE DEVEM CONSTAR NA ELABORAÇÃO DA
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PELO MODELO DIRETO

Recebimentos de clientes,
incluindo os recebimentos Recebimentos de Outros recebimentos das
de arrendatários, juros e dividendos operações, se houver
concessionários e similares

Pagamentos a empregados e a
fornecedores de produtos e
serviços, aí incluídos Juros pagos Impostos pagos
segurança, propaganda,
publicidade e similares

Outros pagamentos das


operações, se houver

FONTE: Adaptada de Gelbcke et al. (2021).

O uso de exemplo é de grande importância e relevância no processo de


capacitação dos profissionais de gestão financeira, por isso, a seguir é apresentado
um fluxo de caixa do modelo direto. Lembrando que os valores utilizados neste
modelo são hipotéticos.

QUADRO 5 – EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA PELO MODELO DIRETO

Demonstração do Fluxo de Caixa para o exercício findo em 31/12/20x1


Atividade operacionais
Recebimentos de clientes 50.000

Pagamentos a fornecedores de estoques (10.000)

Pagamentos de impostos sobre vendas (1.000)

Pagamentos de despesas com vendas e administrativas (6.000)

Pagamentos de despesas financeiras (1.500)

Recebimentos de receitas financeiras 2.500

Dividendos recebidos de sociedades investidas 1.250

Pagamentos de imposto de renda e contribuição social (3.500)

Fluxo de caixa das atividades operacionais 31.750

135
Atividades de investimento
Valor da venda de investimentos 15.000

Valor da venda de ativos imobilizados 10.000

Aquisições de investimento (3.650)

Aquisições de ativos imobilizados (3.200)

Empréstimos concedidos (3.450)

Recebimentos de empréstimos concedidos 3.700

Aplicações em renda fixa e renda variável (4.800)

Recebimentos de aplicações em renda fixa e renda variável (5.300)

Fluxo de caixa das atividades de investimento 18.900

Atividades de financiamento
Recebimentos de empréstimos e financiamentos 8.500

Pagamentos de empréstimos e financiamentos (6.500)

Recebimentos de integralizações de capital 13.500

Dividendos pagos (3.625)

Compras de ações em tesouraria (615)

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos 11.260

Aumento líquido no caixa e equivalentes 61.910

Caixa e equivalentes de caixa no início do período 52.300

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 114.210

FONTE: O autor (2022).

As organizações podem fazer uso do melhor tipo de fluxo de caixa para seus
negócios, entretanto, é necessário avaliar que o pronunciamento técnico do Comitê
de Pronunciamentos Contábeis apresenta que:
O Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa
faculta a utilização tanto do método direto, quanto do indireto. No en-
tanto, assim como o FASB, exige para a empresa que utilize o método
direto a conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das
atividades operacionais. A conciliação deve apresentar, separadamen-
te, por categoria, os principais itens a serem conciliados, à semelhança
do que deve fazer a entidade que use o método indireto em relação aos
ajustes ao lucro líquido ou prejuízo para apurar o fluxo de caixa líquido
das atividades operacionais. (GELBCKE et al., 2021, p. 638)

136
O uso do Pronunciamento Técnico nº 3 do Comitê de Pronunciamento Con-
tábeis pode auxiliar as empresas em todos os seus processos para elaboração da
DFC, por isso, é essencial que todos os profissionais envolvidos nesta atividade
sigam todas as normas e indicações apresentadas neste documento técnico.
O método indireto de elaboração da demonstração de fluxo de caixa tam-
bém é conhecido como método da conciliação, pois ele é responsável por conciliar
o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações. Logo, para que se possa elaborar
a DFC por meio deste método, é importante que o profissional responsável proceda
com os três passos apresentados na Figura 9, na sequência:

FIGURA 9 – ASPECTOS PARA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO


FLUXO DE CAIXA (DFC) POR MEIO DO MÉTODO INDIRETO

Remover do lucro líquido os Remover do lucro líquido as Adicionar ao lucro líquido


diferimentos de transações alocações ao período do todos os fluxos de caixa
que foram caixa no passado, consumo de ativos não ocorridos no período mas que
como gastos antecipados, circulante e aqueles itens já tenham sido alocados ao
crédito tributário etc. e cujos efeitos no caixa sejam lucro líquido em períodos
todas as alocações no classificados como atividades passados (como recebimentos
resultado de eventos que de investimento ou de vendas a prazo ou
podem ser caixa no futuro, financiamento: depreciação, pagamentos de despesas a
como as alterações nos amortização de intangível e prazo) ou que ainda serão
saldos das contas a receber ganhos e perdas na venda de alocados ao lucro líquido em
e a pagar do período. imobilizado e/ou em operações períodos futuros (como
em descontinuidade recebimentos de
(atividades de investimento); e adiantamentos de clientes ou
ganhos e perdas na baixa de pagamentos de despesas
empréstimos (atividades de antecipadas).
financiamento).

FONTE: Adaptada de Gelbcke et al. (2021).

O uso de exemplo é de grande importância e relevância no processo de


capacitação dos profissionais de gestão financeira, por isso, a seguir trazemos
um fluxo de caixa do modelo indireto. Lembrando que os valores utilizados neste
modelo são hipotéticos.

137
QUADRO 6 – EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA PELO MODELO DIRETO

Demonstração do Fluxo de Caixa para o exercício findo em 31/12/20x1


Atividade operacionais
Lucro líquido do período 35.755
Aumento (diminuição) dos itens que não afetam o caixa

Depreciação e amortização 1.200

Variações monetárias líquidas devedoras 4.400

Resultado de equivalência patrimonial (3.800)

Dividendos recebidos de sociedades investidas 1.250

Lucro na venda de investimentos (1.375)

Lucro na venda de ativos imobilizados (1.215)

Aumento de contas a receber de clientes (6.550)

Aumento dos estoques (2.300)

Aumento de fornecedores de estoques 1.875

Aumento de contas a pagar 1.475

Aumento de impostos sobre vendas 350

Aumento de impostos sobre lucro 1150

Aumento de despesas antecipadas (465)

Fluxo de caixa das atividades operacionais 31.750

Atividades de investimento
Valor da venda de investimentos 15.000

Valor da venda de ativos imobilizados 10.000

Aquisições de investimento (3.650)

Aquisições de ativos imobilizados (3.200)

Empréstimos concedidos (3.450)

Recebimentos de empréstimos concedidos 3.700

Aplicações em renda fixa e renda variável (4.800)

Recebimentos de aplicações em renda fixa e renda variável 5.300

Fluxo de caixa das atividades de investimento 18.900


Atividades de financiamento
Recebimentos de empréstimos e financiamentos 8.500

Pagamentos de empréstimos e financiamentos (6.500)

Recebimentos de integralização de capital 13.500

Dividendos pagos (3.625)

Compras de ações em tesouraria (615)

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos 11.260

138
Aumento líquido no caixa e equivalentes de caixa 61.910
Caixa e equivalentes de caixa no início do período 52.300
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 114.210
Informações adicionais de atividades de financiamento e investimento
que não afetaram o caixa:
Dividendos declarados e não pagos 1.050

Capital social integralizado com imóvel 6.950

Capital social integralizado com imóvel 3.625

FONTE: O autor (2022).

Ao observar uma DFC elaborada pelo método indireto, temos que ela tem
como principal vantagem o fato de permitir demonstrar as origens ou/e aplicações
de caixa que propiciaram alterações temporárias de prazos nas contas elencadas
no item de atividades operacionais. Dessa maneira, é importante avaliar que uma
das vantagens desse método é garantir que o usuário que estiver avaliando a de-
monstração poderá observar o quanto do lucro vai se transformar em caixa em
cada um dos períodos observados.
É interessante avaliar ainda que é comum existirem valores recebidos e
pagamento no período que tenham sido originados fora do período em questão,
portanto, esse tipo de observação deve ser efetuado de maneira a compreender a
origem de cada um dos valores constantes na DFC elaborada pelo método indire-
to. O processo de elaboração pelo método indireto pode seguir uma regra em que
constam sete passos que são essenciais para atingir esse objetivo (Quadro 7).

QUADRO 7 – PASSOS PARA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PELO

Passo Descrição
1º passo Registrar o lucro líquido (transcrever da DRE).

Excluir (somar se for uma despesa ou subtrair se for uma receita) os lançamentos que afetam o
lucro, mas que não têm efeito no caixa ou cujo efeito no caixa se reconhece em outro lugar da
2º passo
demonstração ou num prazo muito longo (depreciação, amortização, resultado de equivalência
patrimonial, despesa financeira de longo prazo etc.).

Excluir (somar se for uma despesa ou subtrair se for uma receita) os lançamentos que, apesar
3º passo de afetarem o caixa, não pertencem às atividades operacionais (por exemplo, ganho e perda na
venda, à vista, de imobilizado ou de outro ativo não pertencente ao grupo circulante).

Somar as reduções nos saldos das contas do ativo circulante e realizável a longo prazo
4º passo
vinculadas às operações.

Subtrair os acréscimos nos saldos das contas do ativo circulante e realizável a longo prazo
5º passo
vinculados às operações.

Somar os acréscimos nos saldos das contas do passivo circulante e exigível a longo prazo
6º passo
vinculados às operações.

Subtrair as reduções nos saldos das contas do passivo circulante e exigível a longo prazo
7º passo
vinculadas às operações.

FONTE: Adaptado de Gelbcke et al. (2021).

139
A DFC tem uma grande preocupação em apresentar aos usuários da infor-
mação contábil um conjunto de informações que sejam válidas e relevantes acer-
ca da geração de caixa da empresa, por isso, é fundamental que tanto analistas
quanto investidores possam entender a importância dessa demonstração para as
organizações (ADRIANO, 2018). Assim, temos que, quando essa demonstração:
[...] foi tornada obrigatória nos Estados Unidos, muitos profissionais da
área contábil temiam que ela pudesse vir a substituir a contabilidade com
base na competência. Preocupado com essa hipótese, o FASB tratou
de proibir a divulgação de qualquer índice relacionado a caixa por ação
na DFC, por entender ser a Demonstração de Resultados mais indicada
para a avaliação de performance da empresa, sendo, por conseguinte,
a informação lucro por ação mais útil para o usuário. Adicionalmente, a
norma americana referiu-se ainda à Demonstração de Resultados como
tendo um potencial preditivo dos fluxos de caixa futuros da empresa su-
perior à DFC (GELBCKE et al., 2021, p. 644).

Os profissionais que atuam na contabilidade e na gestão financeira devem


estar sempre atentos à forma como eles elaboram todo o conjunto de demonstra-
ções que representam os dados e informações contábeis da entidade, por isso, o
estudo constante acerca dos documentos e regras sobre cada tipo de demons-
tração se faz necessário. Em relação à DFC, temos que, dada a sua relevância, é
imprescindível que os profissionais dediquem tempo para entender todas as espe-
cificidades acerca dela, que é de grande repercussão.

4 INVESTIMENTOS NO AMBIENTE DE NEGÓCIOS


Os gestores financeiros devem estar preparados no ambiente de negócios
para conduzir processos de investimentos também – sabe-se que em muitas situa-
ções as empresas precisam estar organizadas para investir os recursos que sobram
de suas atividades, então compete ao profissional de gestão financeira fazer todos
os cálculos para auxiliar a empresa a escolher qual investimento deverá realizar. Em
muitos casos, oportunidades de investimentos são apresentadas pelas instituições
bancárias nas quais a empresa possui conta, nesse caso, ela poderá fazer uso des-
sas opções e conduzir investimentos financeiros.

IMPORTANTE
O profissional de gestão financeira deve estar sempre atento às possibilidades de
investimento para sua empresa, já que a procura pela máxima rentabilidade é de
fundamental importância para o negócio. Destaca-se ainda que a gestão finan-
ceira necessita sempre buscar as melhores oportunidades, por isso, conhecer
de investimentos é essencial para o sucesso de qualquer tipo de investimento.

140
Dentre as características que devem ser observadas em relação a um in-
vestimento está o fato de que ele deve ser avaliado a partir dos métodos de or-
çamento de capital, que são ferramentas úteis que são utilizadas para determinar
se o investimento é o mais adequado para a empresa. Na próxima seção, serão
apresentadas essas ferramentas e a sua utilização.

4.1 MÉTODOS DE ORÇAMENTO DE CAPITAL


Os métodos de orçamento de capital devem ser avaliados pelos gestores fi-
nanceiros como importantes instrumentos para que as empresas possam escolher
a melhor opção para os seus investimentos, assim, é necessário que os profissio-
nais que realizam essa tomada de decisão estejam atentos às particularidades de
cada investimentos e, principalmente, que eles possam fazer uma análise correta
sobre os resultados que são esperados de cada tipo de investimentos disponível
para ser realizado.
Na Figura 10, são apresentados os quatro tipos de instrumentos que são
utilizados para se avaliar os investimentos nas empresas:

FIGURA 10 – INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Taxa Interna de Fluxo de caixa


Retorno (TIR) descontado

Valor Presente Avaliação de


investimentos Payback
Líquido (VPL)

FONTE: O autor (2022).

O Valor Presente Líquido (VPL) é um método utilizado para trazer valores di-
versos para data pré-determinada, assim, é necessário conhecer essa ferramenta
como forma de avaliar o investimento inicial e fazer uso da Taxa Mínimo de Atrativi-
dade que a empresa espera para o seu negócio. Esse método já foi apresentado ao
longo da primeira unidade deste material, por isso, é importante rever os conceitos
que foram apresentados naquela unidade.

141
A Taxa Interna de Retorno (TIR) é considerada a taxa que deverá igualar
o fluxo de caixa antecipado para o valor do investimento. Sobre essa taxa, é im-
portante avaliar que ela possui relação direta com o VPL e com a Taxa Mínimo de
Atratividade, assim, é possível fazer a análise de um investimento que a emprese
pretende realizar. Na Figura 11, temos os elementos principais para se analisar a TIR
de um investimento:

FIGURA 11 – ELEMENTOS DE ANÁLISE DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

Se a TIR de um projeto exceder a Taxa Mínima


de Atratividade, significa que o projeto é viável.

Se a TIR de um projeto ficar abaixo da Taxa Mínima


de Atratividade, o projeto deve ser rejeitado.

Se a TIR de um projeto for igual à Taxa Mínima de


Atratividade, a decisão de seguir com o projeto
fica por conta dos gestores/investidores.

FONTE: Adaptada de Camargo (2017, on-line).

O Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é utilizado nos processos de tomada de


decisão das empresas, sendo que o principal objetivo desse instrumento é traba-
lhar com o valor do dinheiro no tempo. Assim, temos que o fluxo de caixa descon-
tado pode ser considerado uma importante técnica onde se analisa o “orçamento
de capital (como Payback e Taxa Interna de Retorno) e é utilizado para determinar
o valor presente de uma empresa, ativo ou projeto com base no dinheiro que pode
gerar no futuro, o FCD parte do pressuposto de que o investimento gera fluxo de
caixa durante um determinado período” (CAMARGO, 2017, on-line).
Uma das principais utilidades do FCD é determinar o valor financeiro que
uma organização possui, assim, ele vem sendo amplamente utilizado pelos investi-
dores que desejam comprar negócios. É necessário que cada profissional ou inves-
tidor escolha a melhor forma de utilizar o FCD em sua avaliação, por isso, conhecer
a sua existência já é de grande auxílio para todos os profissionais.

142
O método de payback é “um cálculo simples do tempo que levará para um
investimento se pagar, ele pode ser utilizado tanto por empreendedores iniciando
um negócio quanto por gestores que querem implementar uma ideia e precisam
saber o tempo de retorno do investimento” (CAMARGO, 2017, on-line). Avaliar o
tempo de retorno de um investimento é de grande importância para o sucesso de
qualquer investidor, dessa maneira, é esperado que esse investidor possa ter aces-
so a um conjunto de informações que lhe permita tomar as melhores decisões de
investimentos para o seu negócio.

143
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância de as empresas determinarem o valor em seus negócios.


• A necessidade que os profissionais de gestão financeira possuem em entender
o que é o fluxo de caixa.
• Os tipos de fluxo de caixa existentes dentro das empresas.
• As formas de se obter bons resultados por meio das ferramentas de investi-
mento disponíveis.

144
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro deve estar sempre atento às mudanças existentes em


relação aos seus investimentos, assim, é necessário que ele observe que
novas necessidades surgem a cada momento, fazendo com que as em-
presas atendam a requisitos que, ou se não existiam antes, hoje precisam
ser observados para melhorar as decisões financeiras de seus negócios.
Considerando o exposto, assinale a alternativa CORRETA que apresente
um item importante a ser avaliado a partir da concepção tradicional de
análise de investimentos:

a. ( ) Ênfase no lucro.
b. ( ) Primazia na capitalização.
c. ( ) Papel estrategista e orientador da área financeira.
d. ( ) Transparência total.

2. As organizações estão passando por intensas mudanças, então é natural


que essas mudanças também tenham afetado a forma como elas reali-
zam o processo de avaliação de investimentos em seus negócios. Com
base nas especificidades relacionadas à concepção contemporânea de
avaliação de investimentos, analise as sentenças a seguir:

I. Papel estrategista e orientador da área financeira.


II. Liquidez e rentabilidade.
III. Transparência total.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) Somente a sentença III está correta.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença I está correta.

145
3. A gestão financeira possui diversos tipos de ferramentas que devem ser
observados no processo de tomada de decisão sobre seus investimentos
e, dentre essas opções, está a Taxa Interna de Retorno (TIR). De acordo
com os principais aspectos sobre a TIR, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) Se a TIR de um projeto exceder a Taxa Mínima de Atratividade, significa


que o projeto é viável.
( ) Se a TIR de um projeto ficar acima da Taxa Mínima de Atratividade, o
projeto deve ser rejeitado.
( ) Se a TIR de um projeto for igual à Taxa Mínima de Atratividade, a de-
cisão de seguir com o projeto fica por conta dos gestores/investidores..

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. A existência de dois métodos para cálculo do fluxo de caixa leva a uma


maior complexidade, por parte dos tomadores de decisão, para escolher
qual a melhor opção para o seu negócio. Considerando o exposto, apre-
sente a principal vantagem para um profissional da gestão financeira es-
colher o método indireto de elaborar o fluxo de caixa do seu negócio.

5. O fluxo de caixa é uma demonstração que tem sido amplamente reco-


mendada para que as empresas possam aumentar o nível e a qualidade
das informações financeiras geradas, dessa maneira, é muito importante
que os gestores financeiros estejam atentos sobre as particularidades
existentes acerca dos resultados do fluxo de caixa. Considerando a si-
tuação de superavit e de déficit em se tratando de fluxo de caixa, analise
quais posicionamentos devem ser tomados pelos gestores.

146
TÓPICO 2

DECISÕES DE LONGO
PRAZO E TENDÊNCIAS
NA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
1 INTRODUÇÃO
A administração financeira é uma área dinâmica, assim, é natural que mu-
danças ocorram a para que ela possa dar conta de toda as inovações que são ne-
cessárias para a gestão de um negócio. A todo momento novas tecnologias estão
sendo pensadas, desenvolvidas e apresentadas para que as empresas possam
melhorar os seus resultados. A administração financeira é um importante suporte
para toda e qualquer empresa, por isso, é uma área que deve ser compreendida por
todos os profissionais que estiverem atuando dentro de qualquer mercado ou setor.
Neste tópico, serão apresentadas as formas de financiamento que uma em-
presa pode buscar para encontrar recursos ao longo prazo, além dos provedores
desse tipo de recurso. Ainda, ao longo do material, estudaremos as principais ten-
dências que a administração financeira possui para os próximos anos, algo que os
profissionais que estiverem atuando na área precisam conhecer.

2 DECISÕES DE LONGO PRAZO E TENDÊNCIAS


NA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
O ambiente organizacional é complexo, então, é necessário que profissio-
nais tomadores de decisões de todas as áreas de negócio saibam avaliar correta-
mente como isso pode influenciar nos seus processos. Salienta-se que, em termos
de administração financeira, é necessário avaliar que muitas decisões devem ser
pensadas levando em consideração a continuidade da organização, ou seja, são
decisões que pensam no longo prazo da empresa e na forma com que ela atenderá

147
às necessidades dos seus principais stakeholders. Portanto, conhecer as decisões
de longo prazo de uma empresa é importante para todos que atuam ou pretendem
atuar na gestão financeira dos seus negócios.

2.1 INTRODUÇÃO AOS FINANCIAMENTOS DE


LONGO PRAZO
O desenvolvimento das organizações em qualquer localidade depende da
existência de formas de financiamento. Caso as empresas não possuam recursos
financeiros próprios para bancar as suas atividades no longo prazo, será necessário
capitalizar as suas atividades por meio de fontes externas. É imperativo que as
empresas busquem compreender quais são as fontes de financiamentos que mais
estejam alinhadas às suas necessidades, pois somente assim será possível encon-
trar a melhor fonte para os seus objetivos.
No Quadro 8, é possível obter quais são as três principais formas de finan-
ciamento existentes e disponíveis para as organizações:

QUADRO 8 – FONTES PRINCIPAIS DE FINANCIAMENTO

Fonte de financiamento Descrição


O empresário que estiver disposto a vender parte do negócio pode buscar um sócio
investidor. Há também o investimento-anjo, que é feito por pessoas físicas interessadas em
contribuir com o desenvolvimento de empresas em estágio inicial, e o fundo de investimen-
Participação acionária to, feito por pessoas jurídicas para empresas com claro potencial lucrativo. Já as empresas
embrionárias, muitas vezes, optam pelos programas de incubação e aceleração. Existe
também o investimento coletivo, um modelo de captação de recursos possibilitado pela
conexão de investidores e empreendedores por meio da internet.

Para determinados modelos de negócio, agências de fomento também disponibilizam linhas


de crédito para pesquisa e inovação, por vezes, até mesmo a fundo perdido. Subvenções des-
se tipo podem ser uma das alternativas mais acertadas para a obtenção de capital. E, no caso
dos investimentos financiados a longo prazo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social (BNDES) é outra importante opção. Assim como os Fundos Constitucionais,
Fontes alternativas
disponíveis nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Além das fontes tradicionais de
recursos para financiamentos, nos últimos anos surgiram as fintechs que passaram a ofertar
recursos para financiamentos tanto para pessoas jurídicas quanto para pessoas físicas. Estas
empresas atuam basicamente no ambiente eletrônico e são mais ágeis e com custos menores
que a rede tradicional bancária.

Quando o objetivo do financiamento é a ampliação da sua capacidade produtiva, as


linhas de crédito dos Fundos Constitucionais e do BNDES, por oferecerem taxas de juros
reduzidas, costumam ser mais interessantes que as fornecidas pelas instituições financeiras
convencionais. Se a empresa enfrenta problemas quanto ao fluxo de caixa, as linhas de
crédito adequadas são as de capital de giro. Entre outras opções, também é possível utilizar
antecipação dos recebíveis e conta garantida. Já os negócios que promovem a inovação ou li-
Linhas de crédito
dam com a pesquisa básica ou aplicada devem estar atentos aos editais de entidades como o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep), além das agências de fomento estaduais. Atividades produ-
tivas de pequeno porte podem contar também com o Programa Nacional de Microcrédito
Produtivo Orientado (PNMPO). Negócios em busca da modernização ou do crescimento
contam, por sua vez, com o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger).

FONTE: Sebrae (2015, on-line).

148
A busca por informações é de grande importância para que as empresas
encontrem boas oportunidades de financiamento para os seus negócios. Dessa
maneira, é dever dos profissionais da gestão financeira buscar conhecer todas as
opções, oportunidades, vantagens e desvantagens para que a empresa encontre a
melhor forma de financiar as suas atividades no longo prazo. Destaca-se também
que é importante a procura por bancos públicos que oferecem geralmente linhas
de financiamento com juros baixos e prazos maiores para as empresas.

IMPORTANTE
Os governos, sejam eles na esfera municipal, estadual ou federal são gran-
des interessados na melhora da capacidade produtiva das empresas, então
é sempre importante considerar o poder público como um ente interessa-
do no financiamento dos negócios. Geralmente, as linhas de financiamento
oriundas do poder público são ofertadas por intermédio dos bancos públicos,
por isso, é importante que os gestores estejam atentos às possibilidades de
acessarem esses financiamentos para o longo prazo de seus negócios.

A tomada de decisão acerca das linhas de financiamento que as empresas


possuem disponíveis é de fundamental importância para todos os seus negócios,
assim, é esperado que, a posse de todos as possibilidades de financiar as suas
atividades faça com que as empresas tomem as melhores decisões. Obviamente,
quando se trata de acesso de recursos de terceiros, é importante que os profissio-
nais de gestão financeira analisem quais são os riscos envolvidos nas operações
ou, ainda, quais os juros que sendo cobrados na operação, pois assim será possível
encontrar bons resultados.

2.2 TÊNDENCIAS EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA


Os profissionais que atuam na administração financeira devem estar aber-
tos a todas as mudanças que estão acontecendo nas empresas e na sociedade
de forma geral, dessa maneira, será possível buscar alinhar a sua empresa para
acompanhar essas mudanças tirando o melhor proveito de tudo que ela tende a
ofertar para a sua empresa.

149
No Quadro 9, são apresentadas as principais tendências financeiras que as
empresas precisarão lidar nos próximos anos:

QUADRO 9 – TENDÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Tendência Descrição
Nos últimos anos, o setor foi inundado com novas opções bancárias. Bancos desafiadores e
neo bancos, como Chime e Discover Bank, ganharam força com sua tecnologia inovadora e
Os clientes bancários
serviços somente on-line. Também vimos novas opções bancárias de players estabelecidos
têm mais opções do
em outros setores. Com o surgimento de finanças incorporadas e serviços bancários como
que nunca
serviço, gigantes da tecnologia e varejistas estão se juntando ao mix e redefinindo o cenário
bancário. Só em 2021 houve uma atividade bancária notável.

Além da concorrência de novos players no mercado, os bancos também enfrentam a pressão


de clientes existentes e potenciais que adotam transações digitais em primeiro lugar. Essa
Os clientes bancários
não é uma tendência exclusiva da pandemia. O uso de agências diminuiu em média 35%
esperam cada vez mais
entre 2015 e 2020. Os clientes de hoje antecipam que 61% de seus negócios com bancos se-
uma experiência
rão digitais até 2024. As pessoas ainda estão bancando, estão apenas gerenciando transações
mobile-first
básicas em seus dispositivos móveis por meio de autoatendimento. A maneira de fornecer a
eles um serviço melhor e manter sua lealdade é melhorar sua experiência no aplicativo.

Outro público importante a ser atendido são os funcionários. Em conjunto com as pre-
ferências dos clientes de levar os serviços bancários para fora das quatro paredes de uma
agência local, os funcionários estão adotando o trabalho de mais locais. Entre as instituições
As instituições devem se
financeiras, 70% esperam migrar para o trabalho híbrido. Como parte dessa mudança, eles
adaptar para acomodar
precisam considerar cuidadosamente como promovem a colaboração e a produtividade
uma força de trabalho
em ambientes remotos e presenciais. Um lugar fácil para começar a fazer essa transição é o
híbrida
ecossistema de tecnologia. Ao conectar as peças dessa infraestrutura e facilitar a navegação
de todo o sistema, as instituições financeiras podem garantir que os funcionários tenham
uma interação tranquila em qualquer local de trabalho.

A digitalização rápida de interações internas e externas introduz uma organização a uma


Investimentos devem série de novas vulnerabilidades de segurança. Mas o tempo para ser reativo acabou; é hora
ser feitos em segurança de olhar para frente e inovar de forma a refinar, proteger e reduzir o risco dos novos siste-
cibernética e mitigação mas. Os FIs não são os únicos que ficam de olho no cenário de segurança em evolução. Os
de fraudes reguladores de hoje sabem que o cenário mudou e manterão uma vigilância mais rigorosa
sobre as instituições financeiras.

Se qualquer instituição financeira estiver contando apenas com fluxos tradicionais de recei-
ta, ela terá problemas. Há uma pressão crescente do público e do CFPB para que os bancos
reduzam ou eliminem as taxas de cheque especial, esmagando bilhões de dólares em receita.
Muitos antecipam que dois anos de estímulo monetário induzido pela pandemia podem
Há oportunidades para fazer com que o Federal Reserve aumente a taxa de fundos federais em um esforço para
inovar em novas áreas combater o aumento da inflação. Como resultado, as instituições financeiras podem ter uma
de criação de receita diminuição em seus volumes de empréstimos em 2022. Nesse contexto, é importante que as
instituições financeiras busquem oportunidades de receita em outras áreas. Adotar uma es-
tratégia mais digital é um passo para aumentar os fluxos de receita por meio da redução de
custos. O foco dos esforços digitais geralmente está no lado do varejo, mas o lado comercial
também está pronto para a transformação.

Há mais pressão do que nunca para que as instituições financeiras vão além dos esforços
Aumento da pressão
superficiais de “lavagem verde” e demonstrem práticas verdadeiramente sustentáveis. Há
para melhorar a
mais informações do que nunca para indivíduos ecologicamente conscientes descobrirem
sustentabilidade
informações sobre o consumo de recursos e o simples discurso não será mais convincente.

FONTE: Adaptado de Sumlin (2022, on-line).

150
Uma importância tendência na gestão financeira em relação às empresas
brasileiras é que é necessário que essas empresas incrementem as suas relações
com as denominadas fintechs, que são grandes empresas do setor financeiro que
atuam com foco na oferta de serviços financeiros por meio do alto índice de utiliza-
ção de tecnologia. Assim, é esperado que as empresas busquem compreender com
essas organizações podem colaborar para a gestão dos seus negócios, aumen-
tando o número de opções de parceiros financeiros, bem como gerando maiores
oportunidades para redução de custos.

151
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância de analisar os tipos de decisões que são tomadas nas empresas.


• A necessidade de os profissionais de gestão financeira conhecerem os tipos de
recursos que as empresas precisam.
• A importância de as empresas obterem recursos de longo prazo para os
seus negócios.
• A participação dos governos no fornecimento de recursos para as empresas
se desenvolverem.

152
AUTOATIVIDADE

1. A gestão financeira é uma área que vem ganhando muitas responsabi-


lidades nas organizações. Assim, tem se tornado comum que a gestão
financeira busque compreender, analisar e avaliar quais são as fontes de
financiamento de longo prazo que são buscadas pelas empresas. Consi-
derando o exposto, assinale a alternativa CORRETA que apresente o nome
da fonte de financiamento na qual o empresário que estiver disposto a
vender parte do negócio pode buscar um sócio investidor.

a. ( ) Participação acionária.
b. ( ) Financiamento.
c. ( ) Empréstimo.
d. ( ) Linha de crédito em banco público.

2. A tomada de decisão acerca das linhas de financiamento que as empresas


possuem disponíveis é de fundamental importância para todos os seus
negócios, dessa forma, é esperado que de posse de todos as possibilida-
des de financiar as suas atividades faça com que as empresas tomem as
melhores decisões. Com base nas especificidades relacionadas à busca
por recursos de longo prazo, analise as sentenças a seguir:

I. Os governos têm interesse em financiar a expansão das ativida-


des das empresas.
II. Banco privados emprestam recursos para empresas sem
cobrança de juros.
III. Os empréstimos financiados com recursos públicos são ofertados
geralmente por meio de bancos públicos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

153
3. Os profissionais de gestão financeira precisam estar sempre atentos às ne-
cessidades e às mudanças que existem em relação aos seus negócios. Por
conta disso, é muito importante avaliar todas as tendências e, principal-
mente, como essas tendências tendem a impactar os negócios dos seus
negócios. De acordo com tendência relacionada com o fato de os clientes
bancários esperarem cada vez mais uma experiência mobile-first, classifi-
que V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Além da concorrência de novos players no mercado, os bancos tam-


bém enfrentam a pressão de clientes existentes e potenciais que adotam
transações digitais em primeiro lugar. Essa não é uma tendência exclusi-
va da pandemia do coronavírus.
( ) Os clientes estão receosos em utilizar os bancos digitais, por isso,
esse tipo de negócio não tende a ser uma tendência na atualidade.
( ) Experiências digitais mal projetadas são o principal fator de atrito para
os bancos, e as gerações mais jovens, em particular, preferem dispositi-
vos móveis para atividades como abrir uma conta de depósito.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os gestores financeiros precisam analisar todas as possibilidades que


existem em seus negócios, dessa maneira, é muito importante analisar
quais são as formas de financiar as atividades que as empresas apre-
sentam na atualidade. Considerando o exposto, apresente quais são as
fontes alternativas de financiamento na atualidade.

5. Os tomadores de decisões estão a todo momento buscando dados e


informações que fornecem suporte para que eles tomem as melhores
decisões em seus negócios, assim, é necessário que essas decisões ava-
liem as mudanças, as tendências e quais são as principais oportunidades
que devem ser observadas. Considerando a importância as tendências
na administração financeira, apresentar como as empresas podem criar
novas receitas para os seus negócios.

154
TÓPICO 3

SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL
1 INTRODUÇÃO
A economia de um país possui inúmeros aspectos que precisam ser conhe-
cidos por todos que atuam de maneira direta ou indireta nas empresas. Dessa for-
ma, é importante avaliar todas as oportunidades que existem para que as empresas
possam melhorar o seu posicionamento no mercado, obtendo melhores resultados.
Ressalta-se, ainda, que, ao analisar a questão econômica de um país, é importan-
te entender como o governo lida com as questões econômicas, por isso, é muito
importante que as empresas acompanhem de perto toda as atividades governa-
mentais que podem impactar de maneira direta as condições de funcionamento da
economia, que podem influenciar para que os clientes consumam, mais ou menos,
os produtos que são comercializados pelas empresas.
Ao longo deste tópico, serão apresentadas as principais características do
sistema financeiro brasileiro, suas especificidades e, principalmente, a forma de re-
lacionamento que as empresas possuem com cada uma das entidades que perten-
cem ou fazem parte do sistema financeiro brasileiro.

2 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


O estudo sobre o funcionamento financeiro de um país é uma atividade que
deve ser de grande conhecimento de todos os profissionais, assim, é esperado que
estudiosos e especialistas, sempre que há algum problema com a questão finan-
ceira do país, passem a observar quais efeitos essas mudanças tiveram na eco-
nomia. Entretanto, são poucas as pessoas que de fato sabem como esse sistema
financeiro está organizado, quais são as suas partes e, principalmente como ele
influencia o dia a dia de pessoas, das empresas e de toda a sociedade.
Uma parte importante do mercado é extremamente regulamentada e aten-
de pelo nome de sistema financeiro nacional – é nesse sistema que entidades,
órgãos governamentais, empresas públicas, empresas privadas e pessoas atuam

155
com maior ou menor desenvoltura, comprando, vendendo ou consumindo produ-
tos e serviços variados. O sistema financeiro nacional é o nome dado pela junção de
vários mercados que cuidam e tratam de operações especificas e que têm enorme
potencial para afetar o dia a dia de toda a sociedade.
Dentre as partes mais relevantes do sistema financeiro nacional, há o desta-
que para o mercado de câmbio, que regulamenta todas as transações que ocorrem
com moeda estrangeira. Também há espaço para o mercado de capitais, no qual
acontecem toda as operações com ações e títulos públicos e privados negociados
em bolsa de valores. Há, ainda, um outro mercado que está mais próximo das pessoas
que trata do mercado de crédito e que é responsável por regulamentar as operações
de empréstimos, cobrança de juros e outras atividades ligadas à área de crédito.
Com a grande complexidade que o sistema financeiro necessita lidar é co-
mum que se faça necessária de normas e regulamentos que sejam capazes de
contribuir para uma maior organização de todo os seus mercados. Sendo assim,
a criação por parte do Governo Federal de órgãos capazes de normatizar e su-
pervisionar esses mercados é algo que se faz necessário e vem ao encontro das
necessidades das expectativas de toda a sociedade.
Desde o advento da Constituição brasileira no ano de 1988, projetos políti-
cos que eram destinados à realização de reformas nas leis e normas da estrutura
regulatório do sistema financeiro nacional surgem de tempos em tempos no Con-
gresso Nacional. Esses projetos sempre buscam aumentar a fiscalização sobre as
empresas que atuam, bem como proporcionar maior segurança a toda a socieda-
de que faz uso dos produtos financeiros que são comercializados pelas empresas
atuantes no sistema financeiro nacional.
A compreensão do sistema financeiro nacional e de como ele se encon-
tra organizado é essencial para que os gestores financeiros possam escolher as
melhores opções de aplicações financeiras, e inicialmente é preciso conhecer os
papéis que pessoas físicas e jurídicas podem desempenhar nesse mercado:

•  Poupadores de recursos: são os responsáveis por realizarem os in-


vestimentos. Por causa deles, o mercado financeiro possui os recursos
necessários para ser emprestados os recursos aos demais participan-
tes do mercado financeiro.
•  Intermediários financeiros: os intermediários financeiros têm a “fun-
ção de facilitar a canalização de recursos dos agentes superavitários
para os agentes deficitários, realizando isso basicamente por meio
de dois mercados: o mercado de dívidas e o mercado de patrimônio”
(HIRSOHI, 2021, p. 302).

156
•  Tomadores de recursos: são os responsáveis por captarem os recur-
sos no mercado financeiro, tendo acesso aos recursos que são inter-
mediados pelos bancos e financeiras em troca do pagamento de juros
e demais taxas cobradas nesse tipo de operação. No Brasil, o sistema
financeiro nacional é constituído por várias entidades e instituições que
buscam promover a intermediação financeira, ou seja, o encontro entre
quem é o tomador do crédito e quem é o poupador.

Na Quadro 10, é possível observar que os três tipos de entidades que atuam
de maneira a organizar esse sistema no Brasil:

QUADRO 10 – ÓRGÃOS QUE ORGANIZAM O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL BRASILEIRO

Tipo de órgão Finalidade


Os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema
Órgãos normativos
financeiro nacional

As entidades supervisoras trabalham para que os cidadãos e os integrantes do sistema


Órgãos supervisores
financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.

Os operadores são as instituições que lidam diretamente com o público, no papel de


Operadores
intermediário financeiro.

FONTE: Adaptado de BCB (2021, on-line).

O trabalho e a atuação dos órgãos que no sistema financeiro nacional bra-


sileiro contribui para que ele possa cumprir a sua missão “de fazer a intermediação
de recursos entre os agentes econômicos superavitários e os deficitários de recur-
sos, tendo como resultado um crescimento da atividade produtiva, sua estabilidade
é fundamental para a própria segurança das relações entre os agentes econômi-
cos” (ABREU; SILVA, 2017, p. 1). Portanto, é importante conhecer toda as entida-
des que fazem parte desse sistema, assim como compreender o papel delas na
organização desse sistema.
A existência de órgãos distintos para cada tipo de operação auxilia no pro-
cesso de organização das entidades que realizam as operações nesse sistema.
Dentre as entidades normativas, a que possui mais funções e também é responsá-
vel por normatizar um maior número de operações é o Conselho Monetário Nacio-
nal, também conhecido pela sua sigla CNM. Compete ao CMN normatizar as ope-
rações realizadas nos mercados de moeda (monetário), crédito, capitais e câmbio.

•  Mercado monetário: é responsável por fornecer à economia papel-


-moeda e moeda escritural, aquela depositada em conta corrente de
pessoas físicas e jurídicas.
•  Mercado de crédito: fornece recursos para o consumo das pessoas e
também para o funcionamento das empresas em todo o território nacional.

157
•  Mercado de capitais: permite às empresas em geral captar recursos
de terceiros e, portanto, compartilhar os ganhos e os riscos. Esse é o
mercado no qual as pessoas e empresas podem realizar investimentos
na compra de ações e títulos de dívida de outras empresas.
•  Mercado de câmbio: é o mercado de compra e venda de moeda es-
trangeira por pessoas e empresas.

As funções do CMN, portanto, está relacionada aos quatro mercados ante-


riormente apresentado, sendo assim, é importante considerar todas as publicações
e ações realizadas por ele. Esse conselho se reúne uma vez por mês e, nessas
reuniões, são deliberados assuntos que trata do volume de “pagamento às reais
necessidades da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilí-
brio do balanço de pagamentos, orientar a aplicação dos recursos das instituições
financeiras, propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos finan-
ceiros” (BCB, 2021, on-line).
Compete ainda como função do CMN zelar pela liquidez e pela solvência
das instituições financeiras que atuam no mercado brasileiro, evitando-se as-
sim que se crie um processo de falência dessas empresas aumentando o risco
para todo o sistema.

158
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:

• A importância das organizações em relação ao sistema financeiro nacional.


• A necessidade de os profissionais da gestão financeira compreenderem o
sistema financeiro nacional.
• Os impactos que os órgãos normativos e fiscalizadores têm no sistema
financeiro nacional.
• A forma de atuação do conselho monetário nacional.

159
AUTOATIVIDADE

1. O gestor financeiro deve procurar conhecer todas as particularidades


existentes em relação ao sistema financeiro nacional, sendo muito impor-
tante, dessa forma, considerar as especificidades e como elas impactam
a gestão dos seus negócios. Avaliar o papel que as pessoas desempe-
nham em relação a esse sistema é essencial. Considerando o exposto,
assinale a alternativa CORRETA que apresente o nome dos responsáveis
por realizarem os investimentos no sistema financeiro nacional:

a. ( ) Poupadores de recursos.
b. ( ) Banco públicos.
c. ( ) Secretaria Estadual das Receitas.
d. ( ) Ministério da Economia.

2. A área financeira no Brasil é quase toda regulamenta pelo sistema finan-


ceiro nacional, sendo muito importante para todas as empresas analisar
quais são as atividades que impactam os seus negócios e que podem
gerar oportunidades de negócios. Com base no papel dos poupadores de
recursos, analise as sentenças a seguir:

I. São fundamentais para que o mercado financeiro possa funcionar,


sendo assim, é necessário que o mercado esteja regulamentado e
ofereça a segurança necessária para que eles possam colocar os
seus recursos financeiros nas mais diferentes aplicações.
II. São os responsáveis por tomar empréstimos e financiamentos em
troca do pagamento de juros.
III. São os responsáveis por realizarem os investimentos; por cau-
sa deles, o mercado financeiro possui os recursos necessários
para ser emprestados os recursos aos demais participantes do
mercado financeiro.

Assinale a alternativa CORRETA:

a. ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b. ( ) Somente a sentença II está correta.
c. ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d. ( ) Somente a sentença III está correta.

160
3. As entidades governamentais que compõem o sistema financeiro nacio-
nal possem um conjunto de atividades distintas, assim, é muito impor-
tante que todos os profissionais que estiverem atuando nas empresas
busquem compreender o papel de cada entidade. De acordo com os prin-
cipais tipos de órgãos do sistema financeiro nacional, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Órgãos normativos.
( ) Órgãos diretivos.
( ) Órgãos supervisores.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a. ( ) V – F – F.
b. ( ) V – F – V.
c. ( ) F – V – F.
d. ( ) F – F – V.

4. Os gestores financeiros estão a todo momento interagindo com as en-


tidades que atuam dentro do sistema financeiro nacional, sendo muito
importante avaliar o comportamento desses órgãos e, principalmente, a
sua função. Assim, disserte sobre os tipos de órgãos e finalidades dentro
do sistema financeiro nacional.

5. Ao analisar o sistema financeiro nacional do Brasil, é importante avaliar


que empresas e pessoas físicas possuem responsabilidades e partici-
pações distintas, por isso, é necessário reconhecer as características
dessas participações. Considerando o exposto, apresente quais são as
características dos tomadores de decisões.

161
LEITURA COMPLEMENTAR

MARKETING DE NEGÓCIOS: ENTENDA O QUE OS


CLIENTES VALORIZAM
James C. Anderson e James A. Narus

Como você define valor? Você pode medir isso? O que seus produtos e ser-
viços realmente valem para os clientes? Notavelmente, poucos fornecedores nos
mercados de negócios são capazes de responder a essas perguntas. E, no entanto,
a capacidade de identificar o valor de um produto ou serviço para o cliente nunca
foi tão importante. Os clientes – especialmente aqueles cujos custos são impulsio-
nados pelo que compram – cada vez mais olham para a compra como uma forma
de aumentar os lucros e, portanto, pressionar os fornecedores a reduzir os preços.
Para persuadir os clientes a se concentrarem nos custos totais em vez de simples-
mente no preço de aquisição, um fornecedor deve ter uma compreensão precisa
do que seus clientes valorizam e valorizariam.
Coloque-se, por um momento, no papel de produtor comercial. Dois forne-
cedores estão tentando vender filme de cobertura morta: folhas finas de plástico
que são colocadas no chão para reter a umidade, evitar o crescimento de ervas
daninhas e permitir que melões e vegetais sejam plantados mais próximos. O pri-
meiro fornecedor chega até você com esta proposta: “Confie em nós – nosso filme
de cobertura morta reduzirá seus custos. Forneceremos um valor superior pelo seu
dinheiro.” O segundo fornecedor diz: “Podemos reduzir o custo do seu filme de co-
bertura morta$ 16,83 por acre”, e se oferece para mostrar exatamente como. Qual
proposição você acharia mais convincente?
Muitos clientes, como o produtor comercial, entendem seus próprios requi-
sitos, mas não sabem necessariamente o que o cumprimento desses requisitos
vale para eles. Para os fornecedores, essa falta de compreensão é uma oportuni-
dade de demonstrar de forma persuasiva o valor do que eles fornecem e ajudar os
clientes a tomar decisões de compra mais inteligentes.
Um número pequeno, mas crescente, de fornecedores nos mercados de
negócios se baseia em seu conhecimento do que os clientes valorizam e valorizam
para obter vantagens de mercado sobre seus concorrentes menos informados. Es-
ses fornecedores desenvolveram o que chamamos modelos de valor para o cliente,
que são representações orientadas por dados do valor, em termos monetários, do
que o fornecedor está fazendo ou poderia fazer por seus clientes.

162
Os modelos de valor do cliente são baseados em avaliações dos custos e
benefícios de uma determinada oferta de mercado em uma aplicação específica
do cliente. Dependendo das circunstâncias, como disponibilidade de dados e coo-
peração de um cliente, um fornecedor pode construir um modelo de valor para um
cliente individual ou para um segmento de mercado, com base em dados coletados
de vários clientes nesse segmento.
Os modelos de valor para o cliente não são fáceis de desenvolver. Mas as ex-
periências dos fornecedores que as construíram e usaram com sucesso sugerem
várias diretrizes que acreditamos que serão úteis para qualquer empresa que tente
definir e medir valor para seus clientes.
Uma definição comum de valor
Para medir o valor na prática, é crucial ter uma compreensão comparti-
lhada de exatamente qual valor é nos mercados de negócios. Antes de entrarmos
em qualquer detalhe sobre a construção de modelos de valor, precisamos fornecer
uma breve explicação do que queremos dizer com valor. O valor nos mercados de
negócios é o valor em termos monetários dos benefícios técnicos, econômicos, de
serviços e sociais que uma empresa cliente recebe em troca do preço que paga por
uma oferta de mercado. Vamos elaborar alguns aspectos dessa definição.
Primeiro, expressamos valor em termos monetários, como dólares por uni-
dade, florins por litro ou coroas por hora. Os economistas podem se importar com
“utilitários”, mas nunca conhecemos um gerente que o fizesse! Em segundo lu-
gar, por benefícios, queremos dizer benefícios líquidos, nos quais quaisquer custos
que um cliente incorre na obtenção dos benefícios desejados, exceto o preço de
compra, estão incluídos. Terceiro, o valor é o que um cliente recebe em troca do
preço que paga. Vemos uma oferta de mercado como tendo duas características
elementares: seu valor e seu preço. Assim, aumentar ou diminuir o preço de uma
oferta de mercado não altera o valor que essa oferta fornece a um cliente. Em vez
disso, muda o incentivo do cliente para comprar essa oferta de mercado. Finalmen-
te, considerações de valor ocorrem dentro de algum contexto. Mesmo quando não
existem ofertas de mercado comparáveis, sempre há uma alternativa competitiva.
Nos mercados de negócios, uma alternativa competitiva pode ser que o cliente
decida fazer o produto em si, em vez de comprá-lo.
Podemos capturar a essência dessa definição de valor na seguinte equação:

(Values – Prices) > (Valuea – Pricea)

Valor s e preço s são o valor e o preço da oferta de mercado do fornecedor


e o valor uma e preço uma são o valor e o preço da próxima melhor alternativa. A
diferença entre valor e preço é igual ao incentivo do cliente para comprar. Simpli-
ficando, a equação mostra que o incentivo do cliente para comprar a oferta de um
fornecedor deve exceder seu incentivo para buscar a próxima melhor alternativa.

163
Criando modelos de valor para o cliente
As avaliações de valor de campo (também conhecidas por outros nomes,
como estudos de valor em uso ou custo em uso) são o método mais comumente
usado – e, acreditamos, o mais preciso – para criar modelos de valor para o cliente.
As avaliações de valor de campo exigem que os fornecedores coletem dados so-
bre seus clientes em primeira mão sempre que possível. Claramente, no entanto,
conduzir essa pesquisa direta nem sempre é uma opção. Nos casos em que as
avaliações de valor de campo não são viáveis, é possível obter uma compreensão
valiosa do valor por meio de métodos como perguntas de pesquisa direta e indireta,
análise conjunta e grupos de foco, todos os quais dependem principalmente das
percepções dos clientes sobre a funcionalidade, desempenho e valor da oferta de
um fornecedor. (Consulte o folheto “Usando grupos de foco do cliente para avaliar
o valor”.) Abaixo, descrevemos um processo para construir um modelo de valor
usando avaliações de valor de campo.

FONTE: ANDERSON, J. C.; NARUS, J. A. Marketing de negócios: entenda o que os


clientes valorizam. Harvard Business Review, nov.-dez. 1998. Disponível em:
https://hbr.org/1998/11/business-marketing-understand-what-customers-value?
language=pt. Acesso em: 20 mai. 2022.

164
REFERÊNCIAS

ABREU, E. G.; SILVA, L. Sistema financeiro nacional. 1. ed. Rio de Janeiro:


Forense; São Paulo, MÉTODO, 2017.

ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados.


São Paulo: Atlas, 2018.

BCB. Banco Central do Brasil. Sistema Financeiro Nacional (SFN). 2021.


Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn.
Acesso em: 8 mar. 2022.

BROWN, L. What is Business Value and How It is Measured? Invensis Learning,


8 jun. 2021. Disponível em: https://www.invensislearning.com/blog/what-is-busi-
ness-value/. Acesso em: 20 mai. 2022.

CAMARGO, R. F. Taxa Interna de Retorno: como a TIR é aplicada na análise de viabi-


lidade de investimento em um projeto? Treasy, 16 fev. 2017. Disponível em: https://
www.treasy.com.br/blog/taxa-interna-de-retorno-tir/. Acesso em: 20 mai. 2022.

CONLIN, B. Small Business Valuation: How to Determine Your Business’s Worth.


Business News Daily, 7 mar. 2022. Disponível em: https://www.businessnews-
daily.com/5998-find-business-worth.html. Acesso em: 20 mai. 2022.

DAMODARAN, A. A Face Oculta Da Avaliação. São Paulo: Makron Books, 2002.


(On-line Plataforma Pearson).

GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as


sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2021.

HIROSHI, N. S. Contabilidade financeira: interpretação e aplicação. 1. ed.


São Paulo: Atlas, 2021.

MAÇÃES, M. A. R. Administração e Negócios. São Paulo: Saraiva, 2017.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE.


Conheça as fontes de financiamento e as principais linhas de crédito. 2017.
Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conhe-
ca-as-fontes-de-financiamento-e-as-principais-linhas-de-credito,7475a8ce-
76801510VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 20 mai. 2022.

165
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE.
O que é o fluxo de caixa e como aplicá-lo no seu negócio. 2022. Disponível em:
https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigosFinancas/fluxo-de-
-caixa-o-que-e-e-como-implantar,b29e438af1c92410VgnVCM100000b272010aR-
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SOUZA, A. F. Avaliação de investimentos: uma abordagem prática.


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SUMLIN, L. 6 Financial Services Trends to Watch in 2022. DocuSign, 15 fev. 2022.


Disponível em https://www.docusign.com/blog/financial-services-trends-to-watch.
Acesso em: 20 mai. 2022.

166

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