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COREP
Manual do Professor
FEVEREIRO
2011
ÍNDICE
Bancos Comerciais....................................................................................................................................30
Bancos de Microfinanças..........................................................................................................................31
Operadores de Microfinanças..................................................................................................................32
Análise cadastral...................................................................................................................................40
Análise de idoneidade..........................................................................................................................42
Análise financeira.................................................................................................................................43
Análise de relacionamento..................................................................................................................45
Análise patrimonial..............................................................................................................................46
11.1.5. "Factoring"..................................................................................................................................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................................112
Resultado de Compreender os principais conceitos, etapas e métodos
Aprendizagem 1: envolvidas na angariação e análise de alternativas de
financiamento
Critérios de
Desempenho:
Desta forma e por outras palavras, estamos a dizer que as fontes de financiamento designam
o conjunto de capitais internos e externos à organizaçã o utilizados para financiamento dos
investimentos realizados.
Aqui nos concentraremos nas duas formas mais usadas que é sã o os capitais pró prios e os
capitais alheios.
Entendidos como representaçã o do patrimó nio de uma entidade num determinado momento,
os capitais pró prios, também designados por situaçã o líquida, correspondem ao valor dos bens
(equipamentos, existências, meios monetá rios, etc.) e direitos (dívidas de terceiros), deduzidos
do valor das obrigaçõ es (dívidas a terceiros). E expressando:
Situação Líquida = valor dos bens (equipamentos, existências, meios monetários, etc.) + direitos
(dívidas de terceiros) - valor das obrigações (dívidas a terceiros).
A expressã o em presença dos capitais pró prios é a base da construçã o do balanço (documento
contabilístico fundamental), que é construído de forma a que se verifique a igualdade entre o
activo (onde estã o representados os bens e direitos) e a soma da situaçã o líquida com o passivo
(onde estã o representadas as obrigaçõ es).
Quando se fala dos capitais pró prios como fonte de financiamento, está em causa a
possibilidade de algumas das rubricas que os compõ em se apresentarem precisamente como
meio de financiamento utilizado no â mbito do desenvolvimento das actividades de
investimento e/ou exploraçã o. Tratando-se de capitais pró prios, a origem destas fontes de
financiamento está precisamente nos detentores do capital da empresa. Assim, as empresas
podem recorrer neste â mbito aos seguintes instrumentos fundamentais:
Prestaçõ es suplementares.
As prestaçõ es suplementares representam por sua vez financiamentos dos só cios nas
sociedades por quotas e apenas podem ser efectuadas por disposiçã o expressa nos estatutos.
As prestaçõ es suplementares têm sempre dinheiro por objecto e nã o vencem juros.
Tanto o capital social como as prestaçõ es suplementares têm por regra um cará cter definitivo,
ou seja, nã o sã o passíveis de ser reembolsados aos investidores, sendo, por consequência,
considerados fontes de financiamento de médio/longo prazo.
O peso percentual dos capitais pró prios ao nível do financiamento do activo das empresas é um
indicador importante acerca da sua saú de financeira, sendo muitas vezes utilizado a nível da
aná lise financeira, através do indicador de autonomia financeira.
Sintetizando, o financiamento através dos capitais pró prios pode ser feito de 5 maneiras:
Para além dos capitais pró prios, as empresas podem também recorrer aos denominados
capitais alheios, que sã o por norma reembolsá veis, seja a curto prazo ou a médio/longo prazo.
Dentro do recurso a capitais alheios, é usual diferenciar-se entre capitais de curto prazo
(quando a exigibilidade das dívidas se verifica a menos de um ano) e capitais de médio e longo
prazo (quando a referida exigibilidade se verifica a um ano ou mais).
Em termos de balanço, os capitais alheios a que a empresa recorra vã o reflectir-se
naturalmente nas rubricas do passivo.
1.2.1. Financiamento de curto prazo
Crédito bancário: Operaçã o pela qual uma instituiçã o bancá ria coloca à disposiçã o de um
cliente determinado montante e este se compromete a reembolsar a instituiçã o na data
fixada antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados.
O crédito bancá rio poderá tomar a forma de crédito directo, caso em que a instituiçã o
bancá ria coloca fundos à disposiçã o de empresas e particulares (exemplos: desconto de
letras, de livranças e abertura de crédito através de conta corrente ou de empréstimo).
Quanto ao crédito bancá rio indirecto, a instituiçã o bancá ria desembolsa fundos caso o
beneficiá rio do crédito nã o assuma os compromissos (exemplos: garantias bancá rias, avais
ou aceites bancá rios).
Empréstimos de curto prazo: O objectivo é financiar operaçõ es de curto prazo (a 90, 120
ou 180 dias), por exemplo, para resolver dificuldades de liquidez momentâ neas. Como
contrapartida, as empresas no fim do prazo convencionado com a instituiçã o bancá ria terã o
de restituir o valor do empréstimo acompanhado de juros postecipados.
Desconto de livranças é utilizaçã o de uma figura bancá ria através da qual a empresa recebe
um determinado valor e se compromete a devolver esse valor ao banco numa determinada
data prefixada.
Capital de risco: Participaçã o (normalmente, temporá ria e minoritá ria) no capital pró prio
de empresas com potencial de expansã o e viabilidade, permitindo a partilha de risco do
negó cio. Assessoriamente, capital de risco pode ser visto como entrada no capital da
empresa por parte de uma outra entidade com vista a melhorar a situaçã o daquela e
posteriormente obter uma mais-valia na alienaçã o da participaçã o.
Empréstimos bancários que sã o, mais uma vez, uma situaçã o típica em que a empresa
obtém um determinado valor de crédito que terá de devolver de acordo com um plano de
reembolso da dívida previamente estabelecido.
A taxa de juro, que é geralmente indexada a uma taxa de referencia (por exemplo a
PRIME LENDING RATE) e um Spread que representa o prémio de risco que o banco
cobra à empresa cliente;
Garantias apresentadas pela empresa, que podem ser de natureza real (hipoteca) ou
pessoal (aval).
Aqui os devedores estã o obrigados a um pagamento regular fixo dos juros e ao reembolso final
do dinheiro emprestado. É importante ver que as autoridades fiscais encaram o pagamento de
juros como uma despesa. Isto significa que a empresa pode deduzir os juros aquando do
cá lculo do seu rendimento colectá vel. Os juros sã o pagos a partir do rendimento antes de
impostos. Os dividendos e os lucros acumulados advêm do rendimento apó s o imposto.
Segundo Schroeder, Clark e Cathey (2005) a combinaçã o (mix) entre a dívida e o capital
pró prio de uma companhia é denominado de estrutura do capital. Os mesmos autores
acrescentam que ao longo dos anos tem-se debatido consideravelmente se o custo de capital de
uma firma varia de acordo com variadas estruturas de capital. Modigliani e Miller (1958)
concluíram que o custo de capital de uma empresa nã o é afectado por essa combinaçã o
participativa entre dívidas e capital pró prio, excepto quanto ao benefício da dedutibilidade de
impostos.
Com efeito, quando se pensa em iniciar um projecto empresarial fazem-se contas aos capitais
pró prios disponíveis para o investimento inicial. No entanto, é necessá rio ter em conta que o
recurso a capitais alheios permite a "alavancagem" dos capitais pró prios, isto é, aumenta o seu
risco e também o seu retorno potencial.
Ciclo de vida: Em regra, uma empresa na sua fase de lançamento é financiada quase na
totalidade por capitais pró prios (alguns poderã o ter a característica de capitais de risco),
pois a empresa está numa fase em que dificilmente poderá garantir com segurança o
pagamento dos juros e o reembolso dos capitais alheios. À medida que vai avançando para a
maturidade, a empresa poderá entã o recorrer a um maior nível de capitais alheios, pois já
gerará um nível de cash-flow suficiente para garantir com segurança o pagamento dos custos
de financiamento e o seu reembolso.
Percentagem de custos fixos na estrutura de custos: É normal que uma empresa com
muitos custos fixos tenha uma taxa de juro superior a uma empresa com custos
predominantemente variá veis, pois a primeira terá sempre que pagar em primeiro lugar os
seus custos regulares (renda, pessoal, etc.) e só depois pagará os encargos financeiros.
Risco do negócio: Também é intuitivo que uma empresa que actue em sectores de maior
risco (como a Internet ou a biotecnologia) tenha custos de financiamento superiores a uma
empresa que actue nos sectores mais tradicionais e menos arriscados da economia (como o
retalho alimentar ou a electricidade).
Percentagens de capital alheio: A empresa terá de ter em conta qual a taxa de juro que
consegue para diferentes percentagens de capital alheio. Se normalmente nã o é difícil
conseguir empréstimos bancá rios se estes representarem 20% ou 30% dos investimentos
totais (sendo o restante capitais pró prios), tal nã o acontece se a situaçã o for a inversa. Neste
ú ltimo caso, quem emprestar o dinheiro exigirá uma taxa de juro muito superior por forma a
ser compensado pelo maior risco que estará a correr.
Na verdade, quer os capitais pró prios quer os capitais alheios têm custos, o custo dos capitais
pró prios é a taxa de retorno esperada do investimento, pelos accionistas/só cios, o custo dos
capitais alheios dividem-se em custos directos: taxa de juro, spreads e outras despesas e em
custos indirectos derivados à elevaçã o do risco financeiro da empresa, que no futuro terá
custos mais elevados em financiamentos.
Os custos financeiros dos capitais alheios sã o considerados custos para efeitos fiscais, existe
uma poupança fiscal associada ao endividamento. Assim tanto maior o nível de endividamento
do projecto tanto maior a sua rentabilidade. A influência do benefício fiscal associado ao
financiamento por capitais alheios, na rentabilidade do projecto é designada por efeito
alavanca financeira.
O efeito de alavancagem terá de estar sempre presente nas decisõ es de investimento, pois
poderá ser decisivo nas taxas de rentabilidade atingidas pelos capitais pró prios.
Vamos ver este exemplo simples para um projecto de 1.000,00 Meticais de investimento:
PROJECTO A B C D E
(4) Montante de capitais alheios (1) X (3) 0 200 400 600 800
(8) Retorno do investimento (1) x (2) 100 100 100 100 100
(10) Retorno dos capitais pró prios (8) - (9) 100 92,2 76,6 45,4 6,4
(11) Montante de capitais pró prios (1) - (4) 1000 800 600 400 200
(12) Rentabilidade dos capitais pró prios (10)/(11) 10,0% 11,5% 12,8% 11,4% 3,2%
Repare-se no exemplo que vale a pena ter uma maior percentagem de capitais alheios até 40%,
mesmo com a taxa de juro mais alta, e que ter uma percentagem superior a 40% já nã o é
recomendá vel, pois o aumento da taxa de juro diminui a rentabilidade dos capitais pró prios. A
este efeito nã o é alheio o facto dos encargos financeiros serem dedutíveis fiscalmente, isto é,
uma taxa de juro de 6% transforma-se numa taxa real de 4%. A alavancagem só acontece
quando a rentabilidade dos investimentos é superior ao custo real do passivo. Em suma, a
empresa deverá escolher o mix de financiamento que maximize a rentabilidade dos capitais
pró prios investidos no projecto.
Assim, o efeito alavancagem indica a variaçã o percentual dos resultados líquidos resultante de
uma variaçã o percentual nos resultados operacionais. Pode propiciar um aumento da
rendibilidade dos capitais pró prios da empresa e, simultaneamente, provocar um aumento no
grau de risco financeiro da empresa.
Segundo as teorias de aná lise das decisõ es de financiamento de Myers designadas por teoria
de trade-off, a decisã o é tomada em funçã o dos custos benefícios da opçã o endividamento
versus capitais pró prios.
II. AS PRINCIPAIS ETAPAS DE UM PROCESSO DE FINANCIAMENTO POR CAPITAIS ALHEIOS
Muitos dos empreendedores que criam uma nova empresa irã o necessitar, em alguma altura do
crescimento do negó cio, de recorrer a financiamento. De facto, sã o muitos os exemplos de
empreendedores que desenvolveram ideias geniais e criaram negó cios que transformaram
mercados e quotidianos de muitas sociedades e que começaram sem recursos financeiros.
Para a maior parte dos empreendedores que iniciam um negó cio, o financiamento é um tema
desconhecido e, por vezes, até temido. Nã o obstante, a escolha do financiamento adequado é
normalmente determinante para que o lançamento de um negó cio seja rá pido e bem sucedido,
e as decisõ es de financiamento que sã o tomadas durante a fase inicial do negó cio podem
afectar a maneira como este se irá desenvolver no futuro.
Para além da fase inicial, o empreendedor poderá necessitar de injectar mais capital na
empresa ao longo do desenvolvimento do negó cio. Por este motivo, as diferentes possibilidades
de financiamento devem ser cuidadosamente avaliadas durante todas as fases, analisando
todas as alternativas disponíveis. Saber angariar os recursos financeiros mais adequados é uma
característica importante dos empreendedores. É necessá rio que estes possuam capacidades e
criatividade neste â mbito, para conseguirem atrair o capital necessá rio para financiar um
negó cio que, muitas vezes, nã o possui qualquer histó rico e tem um futuro incerto.
2.1. O ciclo da empresa
A maioria dos negócios tem um início incerto e não gera capital suficiente para cobrir todos os custos
iniciais nas primeiras fases de vida. Mesmo que o empreendedor trace um objectivo inicial, este
poderá ser alterado a qualquer altura do processo, pelo que o financiamento necessário também
poderá mudar (em natureza e quantidade) ao longo das diferentes fases do negó cio.
Saber quando irá o negócio necessitar de mais financiamento é um problema que poderá ser
minimizado se o empreendedor traçar e delinear momentos (e depois monitorar estes momentos).
Desta forma, é possível às partes envolvidas (empreendedor e investidor) estabelecerem
compromissos financeiros e compreenderem as razões para eventuais falhas encontradas durante o
processo.
Nesta etapa já houveram algumas renú ncias. Costuma-se dizer que pelo menos um dos
envolvidos já esteja alocado a tempo inteiro no projecto. Aqui provavelmente um estudo
de mercado já foi ou está sendo realizado, o plano de negó cios está sendo refinado e
surge a necessidade de nã o somente fazer uma versã o beta do produto/serviço mas
também de testá -lo com um nicho de clientes.
Opçõ es:
Incubadoras;
Anjos investidores (Angel investor);
Captaçã o de recursos à fundo perdido
Aqui temos uma empresa já em operaçã o e um produto/serviço que por sua vez já está
sendo testado no mercado e inclusive alguns retornos já podem ser colhidos neste
momento. Por isso, há uma necessidade maior de financiar o negó cio, contratar
pessoas e principalmente conquistar mais projectos.
Opçõ es:
Venture Capital (VC) (momento preferido para os VCs entrarem no negó cio);
Opçõ es:
Venture Capital;
Linhas governamentais
5) Colheita (maturação)
Neste está gio, o empreendedor vive o problema da maturaçã o o seu negó cio e entender
até que ponto vale a pena se manter na dianteira do mesmo. Concorrentes maiores
possivelmente irã o fazer ofertas de aquisiçã o e cabe ao empreendedor decidir se é o
momento de se desfazer do negó cio, embolsar a ganhos financeiros e partir para a
pró xima empreitada (mas desta vez com dinheiro no bolso).
Opçõ es:
Venda do negó cio para algum fundo de investimento no sector em que o seu
negó cio actua;
Abertura de capital;
A adequaçã o das alternativas apresentadas a cada negó cio altera-se consoante a evoluçã o e a
maturaçã o do mesmo, isto é, varia muito desde as fases iniciais – semente e start-up – até à
maturação e saída dos investidores na empresa.
O empreendedor que queira iniciar o seu negócio deverá percorrer vários passos que o ajudarão a
encontrar o financiamento ajustado às necessidades do seu projecto. Os caminhos a seguir podem
ser muito diversos, pelo que vale a pena explorar todas as alternativas. A seguir, descreve-se de uma
forma sintética cada uma destas alternativas.
Empreendedor
Família/Amigos
Business Angels
Parceiros empresariais
Capital de Risco
Financiamento Público
Financiamento Privado
Fonte: Smith & Smith (2000)
Por norma, este tipo de apoio financia tanto empresas recém criadas como empresas em fase
de expansã o e maturaçã o, mas as condiçõ es do empréstimo (incluindo taxas de juro), podem
ser muito distintas. Ao contrá rio do capital de risco, o empréstimo bancá rio é um instrumento
financeiro que proporciona à s empresas recursos a longo prazo, sem haver qualquer
interferência do banco na gestã o da empresa.
Apesar de esta ser uma componente fundamental para o sucesso de qualquer iniciativa
empresarial, raramente os empreendedores possuem a experiência necessá ria para decidir
adequadamente sobre a melhor forma de encontrar financiamento. Por outro lado, como nã o é
uma competência base necessá ria para o dia-a-dia da empresa, nã o é razoá vel contratar
alguém para esta funçã o ou apenas porque tem experiência na angariaçã o ou negociaçã o de
financiamento.
Nã o obstante, é fundamental que quem lidera o negó cio tenha apoio adequado e competente
nesta á rea, pelo que deverá criar as parcerias necessá rias (por exemplo, associando-se a um
business angel com experiência) ou contratar alguém externamente que possa dar apoio no
processo de financiamento.
2.4. Principais etapas de um processo de financiamento por capitais alheios
O diagrama que se segue mostra as etapas importantes do processo de financiamento por
capitais alheios (o credito).
Apesar da facilidade e do crescimento da oferta de crédito a pessoa que toma o crédito é vista
como um risco, o que faz com que as instituiçõ es financeiras tenham de tomar diversos
cuidados antes de conceder o empréstimo, com o objectivo de minimizar esse risco e evitar o
prejuízo. Você sabe como funciona o processo de concessã o de crédito nestas instituiçõ es? O
processo de crédito é definido em etapas, envolvendo a instituiçã o financeira e o tomador de
crédito.
DEFINIÇÃO DO MERCADO ALVO: nesta primeira etapa, a instituiçã o financeira vai definir qual
o pú blico que pretende atingir, estabelecendo produtos, instrumentos, estratégia, rendimento
mínimo etc. A selecçã o deve ser bem-feita, com o objectivo de garantir o sucesso das demais
etapas e evitar perdas.
ORIGEM: esta é a fase da captaçã o do cliente, de acordo com a definiçã o estabelecida na etapa
anterior. Vale ficar atento aos casos que sã o proibidos, por lei, de receber crédito, como é o
caso de pessoas envolvidas com actividades ilícitas e de contravençã o.
APROVAÇÃO: como o pró prio nome já indica, é definir, com base nas etapas anteriores, se será
possível ou nã o conceder o empréstimo.
FORMALIZAÇÃO: fase importante, na qual o risco operacional está muito visível. Essa é a etapa
de documentar tudo o que foi acordado antes da efectivaçã o do empréstimo. Todo o cuidado é
pouco para que detalhes importantes nã o fiquem para trá s. Cabe à s duas partes analisar com
cautela o documento antes de assiná -lo.
LIQUIDAÇÃO: caso nã o seja detectado nenhum problema na fase anterior, este é o momento
de o cliente liquidar a dívida, ou seja, fazer o pagamento de acordo com a estrutura definida.
O objectivo de todo esse processo é, para o banco, uma garantia de que o contratante irá honrar
suas dívidas. No entanto, é importante frisar que esta é uma forma de diminuir a inadimplência
do consumidor.
A aná lise criteriosa por parte da instituiçã o deixa claro, inclusive ao cliente, se ele terá
condiçõ es, ou nã o, de tomar um empréstimo. Sã o cuidados que evitam o prejuízo da instituiçã o,
mas que também colaboram com o bolso do tomador, que diante da facilidade do crédito pode
se ver tentado a contratá -lo, sem ter condiçõ es de honrar seus compromissos no futuro.
Vale lembrar, no entanto, que esse passo-a-passo é a forma correcta e criteriosa de instituiçõ es
financeiras analisarem a concessã o do crédito. No entanto, existem outras formas, menos
burocrá ticas, de conseguir o empréstimo, mas que, com certeza, levam muito mais
consumidores ao endividamento e à inadimplência.
Aná lise de Crédito é o momento no qual o agente cedente irá avaliar o potencial de retorno do
tomador do crédito, bem como, os riscos inerentes à concessã o. Tal procedimento é realizado,
também, com o objectivo de ser possível identificar os clientes que futuramente poderã o nã o
honrar com suas obrigaçõ es, acarretando uma situaçã o de risco de caixa à organizaçã o.
Através da Aná lise de Crédito é possível identificar se o cliente possui idoneidade e capacidade
financeira suficiente para amortizar a dívida que se pretende contrair.
A aná lise de crédito é um processo organizado para analisar dados, de maneira a possibilitar o
levantamento das questõ es certas acerca do tomador do crédito. "Este processo cobre uma
estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros
para a tomada de decisã o com propó sitos creditícios" (BLATT, 1999, p. 93).
Segundo Santos (2000), o processo de aná lise e concessã o de crédito recorre ao uso de duas
técnicas: a técnica subjectiva e a técnica objectiva ou estatística. A primeira diz respeito à
técnica baseada no julgamento humano e a segunda é baseada em processos estatísticos.
Em relaçã o à primeira técnica, Schrickel observa que: "a aná lise de crédito envolve a habilidade
de fazer uma decisã o de crédito, dentro de um cená rio de incertezas e constantes mutaçõ es e
informaçõ es incompletas". (SCHRICKEL, 2000, p. 27). Ou seja, grande parte da aná lise de
crédito é realizada através do julgamento do agente de crédito, baseada principalmente na
habilidade e experiência do mesmo.
Santos (2006), ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência adquirida,
disponibilidade de informaçõ es e sensibilidade de cada analista quanto a aprovaçã o do crédito.
A aná lise subjectiva do tomador do crédito é importante, visto que através da experiência do
agente de crédito é possível identificar factores de cará cter, capacidade, capital e condiçõ es de
pagamento. Porém, essa aná lise nã o pode ser realizada de maneira aleató ria, é preciso estar
baseada em conceitos técnicos que irã o guiar a tomada de decisã o
Estas informaçõ es sã o obtidas na Central de Risco de Crédito nos Bancos Centrais que tem
dupla finalidade:
a) Uma primeira e originariamente prioritá ria, de facilitar a supervisã o bancá ria pelo
Banco Central, ao identificar com precisã o as instituiçõ es financeiras com problemas em
suas carteiras de crédito;
b) Uma segunda e nã o menos importante, que é a de registar informaçõ es para auxiliar as
instituiçõ es bancá rias no processo de avaliaçã o da concessã o de crédito a seus clientes.
Assim, os cinco C's considerados serã o descritos a seguir. O primeiro, o Cará cter, segundo Berni
(1999, p.103), é a "Forma de agir e reagir da empresa diante de situaçõ es adversas; seriedade e
esforços empreendidos diante de crises”. Para Gitman (op.cit., p.696), é "O histó rico do
solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigaçõ es financeiras, contratuais e morais. Os
dados histó ricos de pagamento e quaisquer causas judiciais pendentes, ou concluídas contra o
cliente seriam utilizados na avaliaçã o do seu cará cter."Dessa forma, de forma concisa, o aspecto
cará cter é determinado pela intençã o da empresa em cumprir seus compromissos e pode ser
medido por sua aná lise histó rica.
A capacidade é o segundo C dos cinco c's descritos. Berni (1999, p.103) coloca:
"Será fundamental um conhecimento do cronograma de recebimentos e pagamentos da
empresa [...]; Para avaliar a capacidade de uma empresa, devemos considerar os seguintes
aspectos: Informaçõ es: dados obtidos a respeito da empresa e seus administradores, origem,
conhecimento, relacionamento e actuaçã o no mercado. Tradiçã o: tempo de permanência no
negó cio, respeito e qualidade dos produtos. Modus operandi: forma como a empresa opera com
bancos, clientes, fornecedores e funcioná rios. Dados Técnicos: facturaçã o, nível de vendas”.
Para Gitman (1997, p.696), a Capacidade é "o potencial do cliente para quitar o crédito
solicitado. Aná lises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez
e de endividamento, sã o geralmente utilizadas para avaliar a capacidade do solicitante de
crédito”.
Dentro dessa ó ptica, a capacidade, nesse caso, significa a possibilidade de geraçã o de caixa da
empresa, levando em consideraçã o o conhecimento do seu nível tecnoló gico, seu limite de
produtividade e, principalmente, a qualificaçã o de seus administradores.
O terceiro, o Capital, sobre ele, alerta Berni (1999, p.104): Algumas empresas nã o podem ser
medidas pela facturaçã o, mas o capital, o patrimó nio e os recursos pró prios podem ser um
ó ptimo determinante para o crédito.
Em outras palavras, no caso de pessoas jurídicas, através da aná lise dos balanços pode se ter a
exacta dimensã o do comportamento do capital, por outro lado, no caso das pessoas físicas, a
acumulaçã o de capital mostra sua competência e, geralmente, o patrimó nio imobiliá rio é o
melhor indicador de uma histó ria de sucesso.
O quarto, os Colaterais sã o todos os tipos de activos que podem ser dados como garantia
adicional em uma operaçã o de crédito. Gitman (1997, p.696) define como: "O montante de
activos colocados à disposiçã o pelo solicitante para garantir o crédito.
Naturalmente, quanto maior, esse montante, maior será a possibilidade de se recuperar o valor
creditado, no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliaçã o de activos
em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar os
colaterais."
Berni (1999, p.104) reforça as ideias de Gitman e descreve que o colateral "vai informar-nos
sobre as garantias adicionais que poderã o amparar uma linha de crédito”.
O ú ltimo elemento dos cinco c's sã o as Condiçõ es. Gitman (op.cit., p.697) observa que: "As
condiçõ es econó micas e empresariais vigentes, bem como circunstâ ncias particulares que
possam afectar qualquer das partes envolvidas na negociaçã o.... fazem parte da avaliaçã o das
condiçõ es."
Berni (1999, p.104), discorda de Gitman e coloca que: "as condiçõ es da linha de crédito
(modalidade, custo, prazo e garantias) também sã o um parâ metro decisó rio do crédito”.
Contudo, a partir da colocaçã o de Gitman as condiçõ es sã o, factores externos do mercado, ou
circunstâ ncias especiais, como sazonalidades, que podem alterar o desenvolvimento da
operaçã o.
"Os parâ metros bá sicos da concessã o de crédito sã o avaliados mediante profunda aná lise da
ficha cadastral do cliente, a qual deverá contemplar um sistema de pontuaçã o, visando a
quantificar os parâ metros definidos e atribuir pesos de acordo com a relevâ ncia de cada
informaçã o obtida. Conforme a pontuaçã o obtida, a concessã o de crédito poderá ser
automá tica, ou ser analisada de acordo com a política de crédito da empresa" ( NIKOLAY
2004, apud SECURATO 2002).
Dentro do que foi exposto, o sucesso financeiro de uma empresa depende directamente e
intensamente das prá ticas de concessã o de crédito.
IV. AS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO DISPONÍVEIS EM MOÇAMBIQUE
As Instituiçõ es Financeiras exercem funçã o de grande importâ ncia, relacionada com o
crescimento e com o desenvolvimento econó micos, em especial ao actuar na captaçã o de
recursos e na concessã o de créditos, com o respectivo spread bancário, além dos demais
serviços prestados. Portanto, sã o os agentes econó micos que propiciam o fomento à produçã o
de riquezas, ao financiar actividades produtivas.
Por tal motivo, é inimaginá vel concebermos uma economia de mercado, nos moldes actuais,
sem a presença de Instituiçõ es Financeiras fortalecidas.
O sistema financeiro caracteriza-se como ferramenta indispensá vel para o progresso de uma
economia de mercado, sendo certo que a existência de um sistema de crédito estruturado e
eficiente é premissa indispensá vel para o desenvolvimento econó mico e, por consequência,
social.
O sistema bancá rio moçambicano está a registar assinalá veis transformaçõ es acompanhando
os desenvolvimentos internacionais do sector. Estas transformaçõ es consubstanciam-se no
desenvolvimento de novos produtos financeiros, investimento em infraestrutura tecnoló gica,
modernizaçã o e expansã o dos canais de distribuiçã o (ATMs, abertura de mais agências) com
vista a responder à enorme e crescente procura pelos serviços bancá rios.
A presença de bancos de capitais estrangeiros tem trazido enormes vantagens para o sistema
bancá rio em termos de gestã o, transferência de tecnologia, conhecimentos, bem como
observâ ncia de padrõ es elevados de actividade bancá ria definidos nos países de origem.
O quadro que se segue mostra a evoluçã o das instituiçõ es financeiras nos ú ltimos dois anos em
Moçambique.
Tipo de Instituição 2009 2008
Bancos 14 14
Microbancos 3 1
Cooperativas de 6 6
Crédito
Sociedades de 1 1
Locaçã o Financeira
Sociedades de 1 1
Investimento
Sociedades 1 1
Emitentes ou Gestoras
de Cartõ es de Crédito
Casas de Câ mbio 20 22
Organizaçõ es de 9 4
Poupança e
Empréstimo
Operadores de 95 72
Microcrédito
Bancos Comerciais
African Banking Corporation Mozambique, SA (BancABC)
Banco Terra, SA
30
Moza Banco, SA
AGRIFUTURO
Ex-change Mozambique
NORSAD
PROPARCO
Bancos de Microfinanças
31
Banco Oportunidade de Moçambique, SA (BOM)
Banco ProCredit, SA
Banco Tchuma, SA
Operadores de Microfinanças
AfricaWorks
Kulima
OPHAVELA
Aureos Capital
32
Lonrho Plc
MARIS Capital
Whatana Investments
33
O total de ATM´s e POS´s somavam 620 e 4,668, respectivamente.
34
A concessã o de crédito é um dos pilares do desenvolvimento econó mico, com grande
repercussã o nos indicadores sociais.
Quanto à s operaçõ es bancá rias, a elevaçã o do grau de garantia é uma das condiçõ es para a
reduçã o dos encargos ao tomador final, em virtude da diminuiçã o do risco, criando assim
cená rio favorá vel à universalizaçã o de acesso ao crédito.
A importâ ncia da concessã o de crédito é apontada por Keynes e Kalecki, os dois fundadores
do estudo da macroeconomia, os quais entendem que, em uma economia de mercado
desenvolvida, empresá rios e consumidores podem gastar conjuntamente acima de suas
receitas correntes, desde que haja um sistema de crédito. Até entã o, a crença dominante era
que o crescimento da renda da comunidade e dos lucros empresariais dependia da
disposiçã o de um grupo social, especialmente dos empresá rios (mas também dos
consumidores, do governo ou dos estrangeiros) de gastar acima de sua renda corrente, isto
é, de colocar mais dinheiro na economia do que as receitas auferidas.
O crédito bancá rio movimenta a economia, garante o comércio e a fluidez dos mecanismos
de troca. “A confiança subsistente entre homens de comércio nas suas relaçõ es mercantis é
35
o crédito, conforme definiu Henry Thornton no século XIX [...] Haverá pouca confiança e
crédito e, igualmente, pouco comércio, numa sociedade na qual a lei e o senso moral sã o
fracos e, em consequência, o direito de propriedade privada é inseguro”. A certeza e o
amparo jurídico à s relaçõ es é pressuposto indispensá vel ao desenvolvimento econó mico,
em especial para a universalizaçã o de acesso ao crédito com reduçã o da taxa de juros.
36
suficiente para apreender o bem outorgado, “se estiver em poder de terceiro para fazer
valer aquela razã o creditó ria e aqueles direitos de preferência a qualquer outro credor”.
A aná lise cadastral do cliente é importante para definir o êxito de uma operaçã o, ou seja, de
aumentar as chances de recuperaçã o de crédito. No entanto, é inquestioná vel que a aptidã o
dos instrumentos para formalizaçã o da operaçã o é factor relevante.
A aná lise do risco envolve vá rios aspectos. Inicialmente, o risco está relacionado à figura do
tomador e à possibilidade de concretizar a operaçã o nos moldes pleiteados. Mas a aná lise
também compreende a avaliaçã o dos juros e demais encargos a serem fixados, bem como a
escolha do instrumento que será adoptado para a formalizaçã o.
O aval corresponde a uma garantia cambial, firmada por terceiro – o avalista – ao avalizado,
garantindo o pagamento do título. O avalista pode ser um terceiro estranho ao título ou
alguém que já seja obrigado.
O avalista assume uma obrigaçã o igual à de seu avalizado, tanto quanto aos efeitos, como
no que tange à s consequências.
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Outro elemento do financiamento é a hipoteca. A palavra hipoteca é derivada do grego
hypothéke onde teve origem este instituto jurídico, cujo significado é coisa entregue pelo
devedor, por exigência do credor, para garantia de uma obrigaçã o.
Conforme Silvio Rodrigues, a hipoteca “é o direito real que recai sobre um imó vel, um navio
ou um aviã o, que, embora nã o entregues ao credor, o asseguram, preferentemente, do
cumprimento da obrigaçã o”. Assim sendo, nã o paga a dívida, cabe ao credor o direito de
executar o bem dado em garantia, para com o produto apurado em praça satisfazer o
cumprimento, preferentemente e com exclusã o dos outros credores, que só terã o direito à s
sobras, se houver. É um contrato acessó rio, pressupondo a existência de um contrato ou
uma obrigaçã o principal por ele garantido.
Nestas instituiçõ es financeiras existem inú meras soluçõ es (linhas) de crédito para
empréstimos de capital de giro e para financiar projectos de investimento, com ou sem
capital de giro associado.
Para saber qual a linha de crédito é mais adequada, deve-se buscar estas alternativas
perante os agentes financeiros, identificando suas características e condiçõ es. A primeira
pesquisa deve ser realizada na instituiçã o de relacionamento do cliente e, se estender para
outros agentes financeiros.
Análise cadastral
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A aná lise cadastral refere-se ao processo de aná lise dos dados de identificaçã o dos clientes.
Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessã o do crédito depende de
informaçõ es confiá veis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:
Porém, todas as instituiçõ es de crédito devem atentar para o sigilo das informaçõ es
colectadas pelos agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as informaçõ es e
documentaçã o pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal
atençã o é necessá ria para que ocorra sigilo das informaçõ es e para que melhor lhe permita
o controle, manuseio e actualizaçã o dos dados.
Os dados que deverã o ser identificados para aná lise, segundo Santos (2006), deverã o ser os
seguintes:
Escolaridade;
Estado Civil;
Idade;
Idoneidade;
Nú mero de dependentes;
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Renda (principal e complementar);
A aná lise por meio de índices é usada para comparar o desempenho e a situaçã o de uma
empresa com outras empresas, ou consigo mesma ao longo do tempo, envolve os métodos
de cá lculo e a interpretaçã o dos índices financeiros, para avaliar o desempenho e a situaçã o
da empresa, a aná lise por meio de índices nã o envolve meramente a aplicaçã o de uma
fó rmula a dados financeiros, para se obter um determinado índice. O mais importante é a
interpretaçã o do valor do índice.”(GITMAN, 1997, p. 102, 103)”.
41
Santos (2006) ainda defende que no processo de aná lise de crédito deve-se considerar
todas as informaçõ es relacionadas com a situaçã o financeira do cliente, pois a aná lise
conjunta dos dados irá fornecer informaçõ es mais precisas para a tomada de decisã o. Para
Schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte documentaçã o legal:
Declaraçã o de Bens
Comprovante de rendimentos;
Comprovante de residência;
Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por meio
da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele
ainda define como “[...] um conjunto de informaçõ es financeiras e nã o financeiras que
subsidiam o processo decisó rio de crédito, auxiliando na avaliaçã o [...] do cliente. (BLATT,
1999, p. 78).
Análise de idoneidade
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baseia-se na colecta de informaçõ es sobre o solicitante do crédito junto à s empresas
especializadas na gestã o de risco de crédito.
Para Santos (2006), a aná lise da idoneidade deve ser um das primeiras informaçõ es
averiguadas, pois caso o cliente nã o possua informaçõ es negativas as demais informaçõ es
poderã o ser colectadas e analisadas para a aná lise do risco total.
A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme Santos
(2006):
No caso das empresas, a sua idoneidade é atesta através dos seus ó rgã o sociais e para
pequenas empresas é através dos seus pró prios proprietá rios (só cios).
Análise financeira
Em relaçã o à aná lise financeira, Blatt (1999) explica que a mesma é primordial para a
determinaçã o das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informaçõ es das
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demonstraçõ es financeiras do mesmo. A aná lise da renda total do cliente e posterior
aná lise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase de vital importâ ncia no
processo de aná lise dos riscos de crédito.
Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atençã o especial à aná lise da renda,
pois consideram existir relaçã o directa entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas
físicas. Santos (2006) ainda diz que é de suma importâ ncia determinar o valor exacto da
renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo recebida. Desta
maneira é possível identificar factores que poderã o vir a prejudicar o futuro pagamento da
dívida contraída.
Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) definem os Demonstrativos
de Pagamento, Declaraçã o de Imposto de Renda e Extractos Bancá rios como as melhores
fontes de informaçõ es sobre a renda do cliente.
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Os activos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos clientes. Sã o
colocados em ordem de liquidez, iniciando pelos activos que melhor possam ser
convertidos em receita imediata, representados por valores em conta corrente, salá rio e
outros, até os activos menos líquidos, como por exemplo, veículos e imó veis. Os passivos
representam todos os compromissos que o cliente assumiu com o mercado de crédito ou
para a compra de bens e serviços. Sã o organizados de maneira a iniciar pelos de maior
solvência (imediata) até os de maior prazo de pagamento.
Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do activo total em relaçã o ao passivo
total, maior será a capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o
patrimó nio líquido, calculado pela diferença entre o total dos activos e o total dos passivos,
será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de
pagamento do mesmo.
Análise de relacionamento
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Santos (2006) acredita que essa aná lise de relacionamento auxilia na aná lise da idoneidade
do cliente e pode garantir uma decisã o mais favorá vel ou nã o à concessã o do crédito.
Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informaçõ es precisas
junto a outras instituiçõ es de crédito devido à necessidade de manter sigilo sobre as
operaçõ es com que trabalham. Conhecer o patrimó nio dos clientes é importante no
processo de aná lise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá -lo em
contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.
Análise patrimonial
A aná lise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliaçã o das garantias que os
clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de concessã o, segundo Santos (2006).
O autor define garantia como a vinculaçã o de um bem que assegure a liquidaçã o do crédito
caso o tomador nã o honre suas dívidas.
Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessã o do crédito nã o pode estar atrelada ao
bem disposto como garantia, pois assim a organizaçã o estaria comprando um bem que nã o
é de interesse.
Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que factores
imprevisíveis impossibilitem a quitaçã o do crédito adquirido pelo solicitante. O Banco
Central estabelece que as instituiçõ es financeiras que trabalham com a concessã o de
crédito devem exigir dos solicitantes garantias suficientes para garantir o retorno do
capital utilizado na operaçã o.
Porém, fica a cargo da instituiçã o de concessã o de crédito definir quais garantias serã o
aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a realizaçã o da operaçã o de crédito.
Além disso, Santos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser correctamente
analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor
de mercado real e a existência de acçõ es legais que impeçam que sejam utilizadas.
Análise de sensibilidade
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A aná lise de sensibilidade é uma fase extremamente importante do processo de aná lise de
concessã o de crédito. É através dela que o agente de crédito ou analista financeiro irá
monitorar a situaçã o macroeconó mica a fim de prever situaçõ es que poderã o aumentar o
nível de risco da operaçã o.
Santos (2006) cita como exemplo o acompanhamento de taxas de juros. Esses aumentos
podem desencadear reduçã o do nível de actividade econó mica e até recessã o, reduzindo a
capacidade de geraçã o e retençã o de caixa das pessoas físicas, comprometendo a
capacidade de pagamento das mesmas.
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VI. OS RÁCIOS E RESPECTIVOS PARÂMETROS DE LIQUIDEZ, ENDIVIDAMENTO E CAPACIDADE
DE SERVIÇO DE DÍVIDA DE UMA ORGANIZAÇÃO
Um rá cio financeiro é uma razã o valores escolhidos do relató rio e contas de uma empresa,
com o objectivo de determinar alguma característica financeira dessa empresa, seja a sua
solvabilidade, risco, nível de valorizaçã o ou qualidade como investimento.
Existem muitos rá cios já utilizados de forma sistemá tica para determinar a condiçã o
financeira de uma empresa. Esses rá cios possuem utilidade tanto para pessoas internas à
empresa (gestã o da empresa) como para entidades exteriores (investidores, analistas,
financiadores, fornecedores e clientes).
O balanço;
A demonstraçã o de resultados e;
Podem ainda ser necessá rios valores oriundos de entidades externas como:
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Os rácios financeiros permitem:
Os rá cios podem ser classificados pela á rea que analisam, por exemplo:
49
Antes de partir para a aná lise dos rá cios financeiros propriamente dita convém decompor
os diferentes tipos de capitais alheios em funçã o do seu custo (se tem ou nã o de suportar
juros) e da sua permanência na empresa. Desde logo, é importante fazer esta aná lise por
três razõ es principais:
Em segundo, porque quanto maior for a proporçã o dos custos de financiamento que
suportam juro no total do activo da empresa, maior vai ser o seu custo de
financiamento, pelo que haverá que avaliar até que ponto a empresa tem capacidade
de cumprir com as suas obrigaçõ es perante bancos e outras instituiçõ es de crédito;
50
prazo, tais como terrenos, má quinas e outros bens duradouros. Na maior parte dos casos,
estes empréstimos estã o sujeitos a juros.
No passivo de curto prazo temos os empréstimos bancá rios necessá rios para fazer face a
necessidades de tesouraria e a investimento em fundo de maneio, tais como mercadorias e
matérias-primas. Além destes empréstimos de curto prazo, as empresas recorrem também
a créditos cedidos pelos fornecedores sob a forma de prazos de pagamento alargado, tal
como vimos no artigo anterior. As facilidades de pagamento cedidas por fornecedores nã o
costumam estar sujeitas a juros, sendo uma das formas preferidas de financiamento de
empresa.
E quanto ao financiamento por capitais pró prios, qual será o seu custo? Embora os só cios
da empresa nã o possam exigir o pagamento de juros pelo investimento que realizam na
empresa, será legítimo assumir que esperem obter lucros. Seja sob a forma de dividendos
seja pela valorizaçã o do patrimó nio da empresa, os só cios esperam sempre um retorno do
seu investimento.
E porque os só cios se expõ em a um risco maior do que os credores da empresa (em caso de
falência ou dissoluçã o da empresa, os só cios sã o os ú ltimos a serem ressarcidos do
investimento que realizaram, depois de cumpridas as obrigaçõ es com todos os credores e
na maioria dos casos a falência conduz a uma situaçã o em que nada sobra apó s liquidadas
as dívidas perante terceiros), vã o certamente exigir uma taxa de retorno superior à taxa de
financiamento por capitais alheios. Nã o poderia ser de outra forma, pois em funçã o de
maior risco, os investidores esperam retornos superiores, caso contrá rio nã o teriam
incentivo para se exporem, preferindo activos de nível de risco inferior com o mesmo
retorno.
É entã o legítimo assumir que o financiamento por capitais pró prios é mais oneroso do que
o financiamento por capitais alheios. E sendo assim, seria fá cil de concluir que o custo
médio ponderado do capital (a média ponderada entre custo de capitais pró prios e alheios)
é menor quanto maior for a proporçã o de capitais alheios na empresa. Acontece, no
entanto, que a partir de um certo grau de endividamento, alguns problemas vã o sendo
51
criados, levando os credores a exigir um juro maior pelos empréstimos que concedem à
empresa.
Entã o, como podemos ver no grá fico seguinte, é verdade que o custo médio ponderado do
capital (k) diminui à medida que a proporçã o de capitais alheios aumenta (D/E), até um
certo limite. A partir desse limite, o custo médio ponderado do capital volta a aumentar,
pelas razõ es expostas.
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Um valor superior a 1, significa que o valor do património é suficiente para cobrir
todas as dívidas da empresa.
Um valor inferior a 1, significa que a empresa está impossibilitada de satisfazer todos
os seus compromissos com meios próprios.
Um valor superior a 1, significa que a empresa pode utilizar activos líquidos para
pagar as dívidas a curto prazo.
53
Um valor inferior a 1, significa que a empresa tem dificuldades de tesouraria.
Um valor superior a 0,9 poderá ser demasiado elevado e significar uma má aplicação
dos fundos de tesouraria.
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VII. PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA OBTENÇÃO DE
FINANCIAMENTO
Antes de lançar qualquer projecto, seja ele desenvolvido através de uma nova empresa ou
através de uma empresa já existente, é ú til sistematizar, planear e reflectir sobre tudo
aquilo em que tem vindo a pensar. Um plano de negó cios assume-se como um instrumento
que permite analisar a viabilidade de um determinado projecto empresarial. Elaborar um
plano de negó cios é, portanto, fazer uma reflexã o sobre os custos, a rentabilidade e a
exequibilidade do referido projecto.
SIMPLES
OBJECTIVO
PLANO ACÇÕES
RESULTADOS
REALISTA
COMPLETO
AFINAÇÃO
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Um dos primeiros erros a evitar é fazer um Plano só para apresentaçã o de uma proposta ou
candidatura.
O Plano deve ser pensado, desde o início, como o documento que traduz a estratégia que
queremos implementar e que será a base da vida da Empresa nos primeiros tempos da sua
existência.
Um Plano de Negó cios será difícil de avaliar e/ou implementar a menos que seja Simples,
Objectivo, Realista e Completo. Mesmo que seja todas estas coisas, um bom plano precisará
sempre de alguém que o supervisione e/ou implemente.
O plano depende dos empreendedores e das suas equipas, particularmente durante o
processo de compromisso e lançamento, e durante a implementaçã o que se irá seguir.
O sucesso da implementaçã o começará , assim, com um bom plano.
Existem elementos que tornam mais provável que o plano seja bem sucedido.
Algumas pistas essenciais para a construçã o de um bom plano incluem:
1. O plano é simples? É de fá cil entendimento e execuçã o? Transmite os seus
conteú dos de forma fá cil e prá tica?
2. O plano é objectivo? Os seus objectivos sã o concretos e mensurá veis? Inclui acçõ es
específicas e actividades, cada uma delas com datas limite, pessoas responsá veis e
orçamentos detalhados?
3. Inclui um modelo financeiro só lido e bem fundamentado?
4. O plano é realista? Inclui todos os elementos necessá rios?
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O mais prová vel é que os potenciais investidores nã o sejam especialistas no negó cio
proposto. Assim sendo, seja claro e conciso, procurando focar-se naquilo que
realmente interessa ao investidor: como é que o seu negó cio vai crescer e geral cash.
A partir do momento que existe uma sistematizaçã o escrita de todo o modelo definido, o
empreendedor pode ter uma ideia muito clara sobre se todos os aspectos financeiros e nã o-
financeiros considerados nã o põ em em causa a viabilidade do projecto.
1. De onde sã o os fundadores?
2. Que escolas frequentam?
3. Onde trabalham, e para quem?
4. O que realizaram - ao nível profissional e pessoal - anteriormente?
5. Qual a sua reputaçã o na comunidade empresarial?
6. Que experiência tem, directamente relevante, para a oportunidade que estã o a
tentar agarrar?
7. Que perícia, capacidades, conhecimentos têm?
8. Até que ponto sã o realistas, relativamente à s probabilidades de sucesso do
empreendimento e as atribuiçõ es que vã o enfrentar?
9. Quem mais é preciso estar integrado na equipa?
10. Tem preparaçã o para recrutarem pessoal de alta qualidade?
11. Como é que vã o reagir à adversidade?
12. Tem perfil para fazerem as inevitá veis escolhas difíceis que será necessá rio fazer?
13. Qual o empenho que depositam nesta iniciativa empresarial?
14. Quais sã o as motivaçõ es?
57
7.1. Criação do plano de negócio
Como referimos no início, existem inú meras obras e textos disponíveis sobre a elaboraçã o
de Planos de Negó cios e recomendamos a leitura de algumas destas obras para aumentar a
profundidade deste exercício.
No entanto, é possível sistematizar os passos essenciais para a sua elaboraçã o e é esse
caminho que lhe mostramos aqui.
Sumário Executivo
Este é o capítulo mais importante de um plano de negó cios. Deve sumarizar em nã o mais de
500 palavras toda a apresentaçã o, que será mais detalhada nos capítulos seguintes. O
sumá rio executivo é a primeira coisa a ser lida pelos potenciais investidores. Se o sumá rio
executivo nã o for claro, pode desencorajar os analistas de rever o plano completo. A
maioria dos financiadores recebe muito mais pedidos de financiamento do que aqueles em
que pode investir, e por isso, nã o se dispõ e a correr riscos potenciando situaçõ es
duvidosas.
Existe um perigo real de que o sumá rio executivo venha a falhar a sua missã o, dado que ele
é, invariavelmente, o ú ltimo capítulo a ser elaborado. Pode parecer que é uma coisa simples
de ser escrita em uma ou duas pá ginas. É normal ser preparado depois de um lento e
58
laborioso trabalho de elaboraçã o do restante relató rio, pelo que é compreensível que exista
a tendência de o acabar o mais rapidamente possível. Quem o escreve está confiante de que
contemplou todos os aspectos mais importantes do trabalho, e que, mesmo que alguma
coisa falhe no sumá rio executivo, a informaçã o se encontrará em alguma das restantes
partes do plano. No entanto, nã o deverá assumir que os potenciais financiadores estarã o
dispostos a percorrer todo o relató rio em busca de informaçõ es que considerem vitais.
Acima de tudo, dever-se-á ter presente que, nas poucas pá ginas do sumá rio executivo,
deverá estar contida a mensagem mais poderosa e persuasiva de todo o documento.
Por isso, é crucial o esforço extra de verificar que este se encontra completo e claro.
Será de grande utilidade que ele seja revisto por alguém que seja neutro e que goze da
confiança de quem o elaborou.
Só os nú meros mais importantes deverã o ser usados para tornar a situaçã o o mais forte
que seja possível.
Deverá ainda ser dada cuidadosa atençã o para evitar erros de gramá tica e dispensá veis
erros de escrita, uma vez que estes tendem a ter um efeito negativo desproporcionado.
Pontos essenciais a focar no Sumário Executivo:
1) Qual é o nome do negó cio e a sua á rea de actividade?
2) Qual a missã o?
3) Qual é o â mbito do negó cio e o mercado potencial para os seus produtos?
4) Porque constitui uma proposta inovadora e vencedora?
5) Quais os recursos, humanos e financeiros que sã o necessá rios?
6) Qual o prazo previsto para começar a apresentar lucros?
7) Quais sã o os pontos fortes e fracos do projecto?
8) Quais as suas referências e a sua experiência relevante para o projecto concreto?
59
O Histórico da Companhia e/ou dos seus Promotores
O histó rico da companhia ou a experiência empresarial do empreendedor, devem ser
apresentados.
Os pontos mais importantes a salientar sã o:
1) Como é que o projecto surgiu e como é que foi introduzido na companhia. É uma
empresa nova ou nã o e, se sim, porque é que se decidiu criar uma.
2) De que forma é que a experiência passada dos empresá rios pode contribuir para o
sucesso do projecto? Têm experiência de gestã o? Conhecem em profundidade a á rea
de negó cio?
3) Quais sã o os pontos fortes e os pontos fracos do projecto na ó ptica dos seus
promotores? 9
A Missão
A missã o é uma declaraçã o global que define os objectivos gerais da companhia,
expressando os propó sitos fundamentais da gestã o no seu conjunto, fornecendo linhas
gerais de desenvolvimento. É o ponto de partida para a definiçã o dos objectivos
fundamentais da companhia.
O principal objectivo desta declaraçã o é dar resposta à seguinte questã o: “Porque é que a
companhia existe?”, assim como dar aos empregados e parceiros uma noçã o clara do que é
a empresa, melhorando os seus objectivos de longo prazo e explicitando como o seu
desempenho deve ser dirigido por forma a alcançar esses mesmos objectivos.
Para além do nome, formato legal, etc, uma companhia define-se essencialmente pela sua
Missã o de Negó cio.
O Mercado Subjacente
O mercado é a “arena” onde os planos da empresa irã o ser levados a cabo. É muito
importante definir o mercado para o novo produto em termos de dimensã o, está dio de
desenvolvimento, tipos de clientes e de competidores.
Para ter dados mais concretos, procure as associaçõ es empresariais e outras que analisam
e acompanham os mercados relevantes para a sua ideia/produto. Procure publicaçõ es
especializadas. Peça à s Entidades Financeiras com que trabalha para lhe fornecerem
informaçã o pú blica sobre esse mercado e as Empresas que nele se movimentam. Se a
dimensã o do projecto o justificar, envolva Empresas de Estudos e Aná lise de
Mercado e faça aná lises específicas para este caso.
Garanta que a fundamentaçã o que apresenta é sustentada em factos e, sempre que possível,
em dados de mercado criados por entidades credíveis.
A aná lise do mercado subjacente é essencial para dois efeitos:
Fundamentar a viabilidade base da ideia/produto em causa;
61
Traduzir o conhecimento específico dos promotores sobre o mesmo, um dos
factores mais fundamentais para os potenciais investidores .
62
Resumo do projecto e sumário das actividades a serem desenvolvidas
Esta secçã o deve descrever duma forma curta mas completa o está dio de desenvolvimento
do projecto, sobretudo dos principais objectivos já atingidos.
A ênfase deverá ser dada ao produto/serviço, incluindo temas como patentes e/ou licenças,
bem como a uma descriçã o exacta do processo produtivo.
Todas as actividades necessá rias ao lançamento do produto devem estar descritas e, por
cada actividade, todas as acçõ es necessá rias. Este ú ltimo item é de crucial importâ ncia, uma
vez que esta é uma das á reas onde os intervenientes tendem a ser demasiado optimistas,
levando a que se subestimem os custos envolvidos e/ou o tempo de desenvolvimento.
É essencial ser realista e ter em conta todas as possíveis dificuldades, para que estes factos
possam ser traduzidos nas projecçõ es financeiras.
Como exercício de reflexã o, e apesar de poder nã o ser explícito no plano de negó cios, será
aconselhá vel para cada actividade ou acçã o estabelecer os intervenientes de quem estes
dependem (no caso de recursos externos), definir os possíveis constrangimentos, e como
deverá cada um agir nesse contexto. Por outro lado, deve ser considerado o tempo alocado
a cada actividade, com e sem constrangimentos, e considerado como tempo efectivo a soma
dos dois.
Reserve sempre algum tempo e esforço adicional (20% do total) para problemas e desvios
nã o previstos – a chamada margem de risco de implementaçã o.
63
A motivaçã o com que cada interveniente enfrenta o projecto e, em particular, o tempo que
deseja atribuir-lhe, sã o variá veis importantes para o sucesso do mesmo.
Os factores de motivaçã o variam muito e podem resultar de afinidades com o projecto, da
experiência profissional, do conhecimento de mercado, da possibilidade de ganhar mais
dinheiro e de consideraçõ es pessoais de vá ria ordem como sejam da possibilidade de ser
ú til, da possibilidade de ser independente (nã o ter de responder a um patrã o), da
possibilidade de criar empregos, etc.
Por outro lado, a aná lise dos pontos críticos deve permitir que os promotores se preparem,
mesmo que nã o seja por escrito, para planos de contingência (ou seja, como agir se
surgirem situaçõ es inesperadas), de forma a minimizar os riscos do projecto.
O Produto / Serviço
64
Esta é, provavelmente, a secçã o em que o promotor está mais à vontade e o leitor menos
familiarizado.
Devem ser feitos todos os esforços para explicar a tecnologia envolvida em termos simples
e para explicar a Proposta Única de Valor da invençã o ou ideia. Esta preocupaçã o é
transversal ao Plano de Início de Actividade, Plano de expansã o e de Mudança de
Actividade.
Esta secçã o deve responder a questõ es relacionadas com “o que é o produto ou serviço”, e
“porque é que todos o vã o comprar”.
A Produção
No caso de produtos que implicam a existência de um processo produtivo físico, com
materiais, má quinas, etc., este processo deve estar detalhado em todas as componentes
essenciais para o arranque e/ou lançamento do projecto.
A produçã o pode implicar compromissos significativos com investimento de capital para
espaço e equipamentos, o que pode obrigar a financiamentos elevados.
Para uma pequena empresa ou associaçã o, isto pode implicar riscos demasiado elevados
que podem tornar o projecto nã o atractivo para os potenciais financiadores.
É possível reduzir o capital exigido através de sub-contrataçã o de produçã o a outras
empresas e através de instrumentos financeiros de aquisiçã o/aluguer de certos tipos de
equipamento e maquinaria. No entanto, estas estratégias devem ser ponderadas contra a
necessidade de se conseguir um nível de produçã o suficientemente elevado e de qualidade,
por forma a satisfazer os clientes. Os potenciais investidores irã o querer comprovar que foi
conseguido um bom compromisso entre a contençã o do capital necessá rio e as soluçõ es
escolhidas, e analisar se estas soluçõ es poderã o originar problemas na produçã o e no
fornecimento de matéria prima quando a empresa começar a operar.
O plano deve identificar que mecanismos de controlo de produçã o estã o previstos em á reas
fundamentais como o nível de stocks, matéria-prima e produto acabado.
65
Todos os custos associados à produçã o têm de ser claramente reflectidos nas projecçõ es do
Plano de Negó cios, de forma a produzir projecçõ es de cash-flow fiá veis que resultam num
plano só lido e adequado.
Em anexo ao plano de negó cios e relativamente a esta secçã o, devem ser incluídas
descriçõ es técnicas relevantes e licenças/patentes, quando aplicá vel.
Será você a produzir o produto ou irá subcontratar esse trabalho?
Qual é exactamente a maquinaria necessá ria e qual é o seu custo?
Temos uma definiçã o clara do processo produtivo?
Quais sã o os custos de produçã o?
Qual a quantidade de matéria-prima que tem de ser adquirida, será ela armazenada
ou comprada? Quais sã o os seus fornecedores? Que relaçõ es tem previstas com eles?
Qual é o tempo de entrega apó s a ordem de compra?
Estratégia Comercial
Apó s termos definido claramente nas secçõ es anteriores a Proposta Única de Valor do
projecto, dever-se-á demonstrar como a empresa pensa apresentá -la ao mercado.
O primeiro passo essencial e ó bvio é estabelecer um preço para o produto. Se este é
completamente novo, isto poderá causar algumas dificuldades. No entanto, é normalmente
possível determinar um preço com base no valor acrescentado que o produto irá oferecer
ao seu consumidor.
Plano de Investimento
67
O plano de investimento corresponde à inventariaçã o e avaliaçã o dos elementos
necessá rios para o arranque da empresa. Os empréstimos obtidos sã o, frequentemente,
funçã o do plano de investimento e nã o há nada pior que descobrir, durante a fase de
arranque do negó cio, que a dimensã o financeira do investimento foi calculada
insuficientemente.
68
coordenaçã o e de fiscalizaçã o do projecto, mas também da obrigatoriedade de pagamento
de juros e de amortizaçã o dos empréstimos contratados.
Embora na prá tica seja vulgar identificar o Fundo de Maneio com a Reserva de Segurança
de Tesouraria, o empresá rio deve estar consciente de que nã o significam o mesmo, já que o
69
Fundo de Maneio é constituído pela Reserva de Segurança de Tesouraria, pelo crédito
concedido a clientes e pelas existências ao que se subtrai o crédito obtido de fornecedores.
Imprevistos
Independentemente do rigor do cá lculo das rubricas anteriores, situaçõ es nã o previstas
inicialmente, podem alterar o montante global das necessidades de investimento. Estas
situaçõ es prendem-se com desvios qualitativos decorrentes de deficiências registadas nos
projectos de instalaçã o, na implantaçã o dos equipamentos, nas previsõ es relativas ao fundo
de maneio, etc.
Plano de Financiamento
70
Determinado o montante do investimento necessá rio, haverá que reunir os meios
financeiros, designados por capitais, indispensá veis à sua cobertura. Esta operaçã o deve
realizar-se através da elaboraçã o de um plano de financiamento, o que corresponde à
elaboraçã o de um mapa de origem e aplicaçã o de fundos. A boa ou má estrutura financeira
de uma empresa é geralmente consequência do modo como os seus bens activos sã o
financiados.
Antes de efectuar uma escolha entre os diferentes meios de financiamento que se podem
apresentar à empresa, o empresá rio nã o se deve esquecer que uma boa gestã o exige que se
pratique o princípio da racionalidade econó mica, isto é, que se minimizem os meios para
atingir os mesmos objectivos. Ora, neste caso, os meios postos à disposiçã o da empresa sã o
os capitais, logo a sua utilizaçã o deve ser racional pois, quer eles pertençam aos só cios ou
accionistas, quer sejam emprestados, há que pagar dividendos ou encargos financeiros.
De um modo geral, sã o os capitais pró prios que devem cobrir os riscos da empresa e nã o os
capitais alheios, mesmo a longo prazo. Os empréstimos a médio e longo prazo dependem
do cash-flow futuro da empresa e podem ser considerados como uma antecipaçã o à
actividade da empresa. É entã o necessá rio que, aquando do recurso a este tipo de
financiamento, nos asseguremos primeiro da rentabilidade da operaçã o em causa e da
possibilidade de gerar fundos suficientes que assegurem os pagamentos dos encargos fixos
e do reembolso do capital emprestado, segundo os prazos fixados. Numa primeira fase,
quando a empresa se encontra em constituiçã o e arranque, todos os capitais (à excepçã o do
capital social) sã o alheios à empresa, já que esta, de per si, ainda nã o teve actividade e,
portanto, nã o gerou qualquer receita.
71
Como vimos, o auto-financiamento representa o financiamento da empresa por ela pró pria,
isto é, pelos recursos financeiros que sã o libertos durante o seu funcionamento, e constitui
um complemento indispensá vel aos pedidos de empréstimos, pois as entidades
financiadoras nã o aceitam correr a totalidade dos riscos. Contudo, nã o nos devemos
esquecer que o auto-financiamento tende a reduzir os dividendos distribuídos, diminuindo,
por isso, a rentabilidade dos investimentos efectuados pelos só cios/accionistas. Ele deve
ser usado com parcimó nia.
Os meios financeiros exteriores à empresa podem tomar diversas formas, como por
exemplo: aumento do capital social, empréstimos a médio e longo prazo, que podem
revestir a forma de empréstimos bancá rios ou obrigacionistas, empréstimos de só cios,
leasing, créditos a curto prazo, etc.
Balanço
O balanço, que é um documento está tico, constitui para os economistas o "retrato" da
situaçã o econó mica e financeira da empresa num dado momento. Poder-se-á dizer,
também, que o balanço mostra de onde vem o dinheiro da empresa (origens de fundos) e
para onde vai (aplicaçõ es de fundos). Num balanço inicial da empresa os elementos sã o
pouco numerosos correspondendo as aplicaçõ es de fundos – ou seja, o Activo - à s despesas
72
de estabelecimento (imobilizaçõ es incorpó reas) e aos investimentos corpó reos necessá rios
ao arranque da empresa e as origens de fundos (Capital Pró prio + Passivo) aos capitais
pró prios e créditos dos fornecedores.
Neste caso, a sua periodicidade deve ser mensal, o que possibilita detectar mais
rapidamente certas anomalias como, por exemplo, uma baixa alarmante das vendas ou um
aumento exagerado dos custos e tomar as medidas correspondentes (aumentar a
prospecçã o de clientes, diminuir certos encargos, etc.).
74
Critérios de
Desempenho:
75
com endividamento, (ii) aumento na disciplina de gestã o já que a rigidez dos mapas de
dívida impõ e maior ã administraçã o de negó cio das organizaçõ es, preocupadas no
cumprimento do acordado.
Exemplos:
Uma pequena ilustração de apenas um dos problemas resultantes da utilização de grandezas
contabilísticas: se uma empresa recorre a doses maciças de endividamento, o seu risco
naturalmente aumentará. Esse fenómeno, ao ser reconhecido pelos seus credores, levará a um
aumento da taxa de juro que as instituições de crédito exigirão para novos créditos (além da
taxa de retorno exigida pelos accionistas). O resultado será que, na ausência de cláusulas
especiais, o endividamento existente na sociedade sofrerá uma depreciação, aspecto que a
contabilidade não reconhecerá, podendo igualmente alterar-se (para mais ou para menos) o
valor da sociedade para os accionistas.
76
Mais a renegociação da dívida de uma empresa em condições mais favoráveis do que as
inicialmente existentes, com a estipulação de uma taxa de juro abaixo das condições de
mercado e com um prazo alongado para reembolso (1). Tal significa que, considerando as
taxas de juro normais de mercado, o verdadeiro valor das responsabilidades da empresa não
será o valor nominal do empréstimo tal como ele se encontra registado no balanço, mas sim
um valor substancialmente inferior. Repare-se que faria todo o sentido um ajustamento do
valor desse endividamento: de facto, os fluxos financeiros que a empresa irá na realidade
pagar pelo passivo renegociado serão equivalentes aos que pagariam em condições normais
por um passivo inferior! Isto traduz-se, por conseguinte, em os encargos a suportar com o
endividamento estarem bastante distantes dos registados pela contabilidade, o que é uma
informação relevante para os analistas.
Por outro lado, também, conforme se viu em ponto anterior, apenas por feliz coincidência é
que a situaçã o líquida espelhará o valor intrínseco de uma sociedade (2) para os seus
proprietá rios.
Este rá cio permite apreciar em que percentagem é que o activo da sociedade se encontra a
ser financiado por capitais pró prios.
A popularidade deste indicador é tal que o leva a ser um dos indicadores mais utilizados
pelas instituiçõ es financeiras na apreciaçã o do risco de crédito de um cliente.
1
Essa situaçã o ocorre com frequência em casos de processos de recuperaçã o de empresas em dificuldades
financeiras.
2
Decorre, todavia, da nossa experiência, que o desvio entre valores intrínsecos e valores de balanço tende a
ser maior ao nível dos capitais pró prios do que ao nível do endividamento de uma empresa.
77
O motivo para esse papel tem a ver com a aparente margem de segurança que traduz para
os créditos concedidos por um banco. Entendendo a situaçã o líquida como o patrimó nio da
empresa que excede os seus passivos, naturalmente que quanto maior for o seu montante,
maior a probabilidade de que os activos da sociedade consigam, em caso de liquidaçã o,
cobrir a totalidade das responsabilidades da empresa, incluindo o crédito a conceder pela
instituiçã o financeira.
Por outro lado, a existência de um valor apreciá vel de fundos pró prios numa empresa
transmite a um financiador alguma tranquilidade adicional resultante do facto de que
quanto maior for o cometimento pessoal do proprietá rio no financiamento da empresa,
menos risco ele tenderá a assumir nos seus investimentos em relaçã o a uma situaçã o em
que a maior parte dos fundos investidos na empresa tenha a natureza de capitais alheios.
Por outras palavras, o banqueiro sentirá que o risco é partilhado de uma forma mais
equilibrada pela instituiçã o de crédito e pelos donos da empresa, havendo uma menor
probabilidade de comportamentos oportunistas por parte dos responsá veis da empresa
que prejudiquem os detentores de capitais alheios.
Por estes motivos, os gestores procuram ter uma atençã o especial com o comportamento
deste indicador, sabidas as possíveis consequências junto da praça financeira de uma
evoluçã o desfavorá vel do seu valor (3).
Saliente-se que esta versã o do D/E procura traduzir a repartiçã o relativa dos capitais
permanentes (i.e., de longo prazo) de uma empresa em pró prios e alheios. Certos analistas
consideram que uma situaçã o em que os segundos sejam superiores aos primeiros poderá
traduzir um certo excesso de endividamento, recomendando por conseguinte que este
indicador apresente um valor inferior a 1.
Com base nos empréstimos bancários totais (D/E3) = Empréstimos bancários totais /
Situação Líquida
Suponhamos que o valor assumido por este rá cio é 1.25. Uma interpretaçã o possível é que
"125% das responsabilidades de curto prazo poderã o ser satisfeitas recorrendo à s
disponibilidades, cobrança dos créditos de curto prazo e venda das existências".
O indicador em causa refere-nos assim em que medida o passivo de curto prazo está
coberto por activos que se esperam vir a ser convertidos em meios financeiros líquidos
num período supostamente correspondente ao do vencimento das dívidas de curto prazo.
79
Logo, decorre desta ideia que um valor superior a 1seria "razoá vel" e que corresponderia a
uma situaçã o de algum desafogo da empresa em termos de liquidez de curto prazo.
Para compreendermos o real interesse deste indicador, convirá reflectir. No entanto, sobre
o conceito que ele pretende medir, isto é, o conceito de liquidez.
Sendo um indicador utilizado pela quase generalidade das instituiçõ es financeiras como
componente importante na sua apreciaçã o do risco de crédito de uma empresa,
80
salientemos que é extremamente frequente que uma evoluçã o aparentemente "favorá vel"
deste indicador reflicta nã o uma melhoria mas uma degradaçã o da sua liquidez.
Exemplo:
Repare-se, por exemplo, na seguinte situação: uma empresa enfrenta dificuldades de
escoamento da sua produção (com consequente aumento dos seus stocks), ao mesmo tempo
que um não cumprimento generalizado dos prazos de pagamento dos seus clientes (com
consequente aumento dos saldos de clientes em dívida) e um apertar dos prazos de
pagamento por parte dos fornecedores (por hipótese monopolistas, e devido à sua
preocupação com a estabilidade financeira da empresa em causa). Este cenário é,
seguramente, um dos piores pesadelos para qualquer director financeiro e sem dúvida que
acabará por afectar, a muito curto prazo, a capacidade da empresa em satisfazer os seus
compromissos financeiros. No entanto, o que sucede ao GLG? Todos os três acontecimentos
(aumento das existências e créditos sobre clientes e redução das dívidas aos fornecedores)
contribuem para um aumento do GLG (e não uma diminuição), dando, por conseguinte,
indicações completamente opostas às que deviam ser esperadas de um indicador de liquidez.
Podemos concluir deste modo que o real interesse do GLG reside numa hipó tese
largamente imprová vel para a maioria das empresas que é a imediata liquidaçã o do seu
activo circulante e vencimento dos seus créditos de curto prazo.
De facto, para uma empresa onde se perspective a continuidade da sua exploraçã o, nã o será
razoá vel admitir a possibilidade prá tica de exigir dos seus clientes o imediato pagamento
dos seus créditos, assim como nã o é sensato esperar que as existências possam ser
alienadas ao valor registado em balanço e o seu valor de venda imediatamente recebido. E
se a hipó tese de liquidaçã o fosse prová vel, entã o é porque a empresa já estaria em sérias
dificuldades e por conseguinte de nada servirá analisar a capacidade de solver os
compromissos de curto prazo: se a empresa estiver efectivamente em vias de prová vel
liquidaçã o, o problema já nã o é o da liquidez de curto prazo mas sim de averiguar se o
81
patrimó nio da empresa é susceptível ou nã o de responder pelas dívidas totais (de curto,
médio e longo prazo).
GLR = AR / PCP
Onde:
A comparaçã o entre o GLG e o GLR permite, em particular, destacar o peso das existências
numa empresa.
Nã o obstante o ajustamento que é aqui efectuado relativamente ao indicador anterior, é de
referir que os problemas fundamentais que atrá s detectamos nã o sã o, no essencial,
resolvidos.
Um terceiro indicador de liquidez é aquele que restringe ainda mais o conceito de activos
líquidos, cingindo-os à s disponibilidades e aplicaçõ es financeiras de curto prazo de uma
empresa (GLI-grau de liquidez imediata):
GLI =(D+ AFcp) / PCP
Onde:
D = Disponibilidades
AFcp = Aplicações financeiras de curto prazo
PCP = Passivo de curto prazo
82
Voltamos a insistir que continuamos aqui a nã o estar em presença de um genuíno indicador
de liquidez nos termos em que definimos atrá s este conceito. Mas também será justo
salientar que, nã o obstante tal facto, em certas situaçõ es (quiçá extremas) este indicador
poderá dar-nos alguma informaçã o ú til sobre a situaçã o financeira da empresa. Será o caso
quando estejamos em presença de sociedades com um elevado valor de disponibilidades e
aplicaçõ es financeiras excedentá rias que, naturalmente, constituem, do ponto de vista dos
credores da empresa, um buffer (isto é, uma "almofada de segurança") contra eventuais
dificuldades conjunturais que possam por em perigo os seus créditos.
Mas também nã o esqueçamos que aquilo que é actualmente uma prosperidade financeira
poderá rapidamente deixar de o ser se a sociedade dispender os activos líquidos existentes
em investimentos de longo prazo, tornando imprescindível o conhecimento da capacidade
da exploraçã o em gerar meios líquidos. Como qualquer estudante sabe, é muito mais fá cil
(e mais rá pido) gastar dinheiro do que gerá -lo.
Nota Importante:
Certamente que a aná lise de rá cios financeiros é uma técnica incompleta e que sofre de
importantes limitaçõ es na sua aplicaçã o e interpretaçã o. Estas decorrem de uma maneira
geral da íntima relaçã o dos indicadores com as variá veis contabilísticas que se encontram
na base do seu cá lculo.
A utilizaçã o de rá cios deverá sempre, por conseguinte, ser simultâ nea com uma correcta
consciencializaçã o dos pressupostos inerentes à sua construçã o, o que infelizmente nem
sempre é realizado por muitos analistas e responsá veis das empresas. Deverá igualmente
ser efectuada de forma cumulativa com a recolha de outro tipo de informaçõ es e dados,
83
com uma mençã o especial para a aná lise da formaçã o e aplicaçã o de fluxos financeiros na
empresa e para o estudo do seu risco de negó cio.
A aná lise de rá cios deverá deste modo assumir como que um papel de "exploraçã o
preliminar" de uma empresa, recorrendo, para tal, à recolha criteriosa nã o de quaisquer
certezas mas de uma série de "indícios".
Finalmente, será de salientar que este conjunto de dados apenas globalmente poderá
contribuir para a formaçã o de um diagnó stico informado sobre o estado econó mico-
financeiro de uma empresa. Este, por sua vez, que deverá ser estudado no contexto
complexo e integrado das diversas vertentes que contribuem para a formaçã o de valor para
os seus proprietá rios e nã o com base uma simples definiçã o de objectivos de índole
contabilística expressos sob a forma de simples metas a alcançar para os valores de
determinados rá cio.
84
Cuidados ao solicitar um financiamento
85
Inicialmente é necessá rio determinar o capital necessá rio para a criaçã o da empresa o qual
vai depender do volume de investimento que precisa de realizar e da necessidade de iniciar
a actividade com uma estrutura financeira minimamente equilibrada. As insuficiências de
capital conduzem, quase sempre, a prazo, ao colapso da empresa.
Num período inicial, deve-se prever o dinheiro necessá rio para pagamento de, por
exemplo, salá rios, alugueres de instalaçõ es, despesas de comunicaçã o, etc., pois é frequente
a empresa nã o obter, nos primeiros meses da sua existência, um nível suficiente de
receitas. Assim, quando se calcula o volume de Capital Circulante necessá rio, deve-se
incluir um valor capaz de cobrir a diferença entre as receitas e as despesas no período de
arranque da empresa.
Depois de calculados os custos deve verificar qual do custo de investimento será suportado
pelos capitais pró prios, aquela parte que normalmente é conhecida como comparticipaçã o
no investimento.
87
Introduçã o com a apresentaçã o do que é o projecto quais sã o os seus objectivos,
á rea de actuaçã o e as partes em que estudo de viabilidade está dividido;
88
Condiçõ es oferecidas pelos fornecedores: preços, prazos, qualidade,
condiçõ es de pagamento
Papel das organizaçõ es profissionais
Leis e regulamentos específicos do sector
A seguir apresenta aquilo que considera como serem vantagens do projecto em
funçã o da sua localizaçã o, mã o-de-obra a contratar, concorrência e outras que julgar
importantes;
Os estatutos da sociedade;
Caso seja uma empresa em funcionamento, o balanço do ú ltimo exercício e o
balancete mais recente;
Declaraçã o negativa das Finanças mostrando que tem contas em dia com o fisco.
89
Na verdade, para a produçã o deste documento, todas as funçõ es da empresa sã o
envolvidas:
A funçã o financeira que diz respeito à tesouraria, aos balanços e à s contas de
exploraçã o;
A funçã o marketing que abrange as tarefas com vista à comercializaçã o em boas
condiçõ es, como os vendedores, a distribuiçã o, a concorrência;
A funçã o produçã o que engloba os aspectos relacionados com o produto, como as
tecnologias, técnicas, materiais, quantidades, etc.;
A funçã o pessoal onde se enquadra tudo o que é relevante do ponto de vista da
qualidade da equipa e da sua gestã o;
A funçã o gestã o e organizaçã o que constitui a funçã o central na conduçã o da
empresa.
A partir dos elementos disponíveis é possível fazer o diagnó stico de cada uma das funçõ es,
ou seja, verificar os aspectos positivos e negativas de cada uma.
90
X. AVALIAÇÃO DAS DIFERENTES IMPLICAÇÕES DAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO
Meios de produçã o
Factores que produzem Diferenças entre produtos
as diferentes alternativas
Objectivos a alcançar
A aná lise da disponibilidade de recursos, dos encargos financeiros assumidos, etc., deve ser
feita paralelamente - ANÁ LISE FINANCEIRA DE INVESTIMENTO.
91
10.2. Fluxos de Caixa
Num estudo econó mico as entradas e saídas monetá rias só têm um significado completo
quando acompanhadas pelas datas em que se efectuam. Embora se possa usar tabelas de
juros em que o período de composiçã o seja de um ano, mês ou dia, etc., há limitaçõ es
prá ticas quanto à necessidade de precisã o para as datas em que as receitas e as despesas
previstas ocorrerã o. Contorna-se esse problema considerando essas quantias concentradas
em intervalos de tempos perió dicos; em geral, adopta-se a “convençã o de fim de período”,
ou seja, que as entradas e as saídas monetá rias que se dã o durante um período estejam
concentradas no fim do mesmo. Uma aná lise da questã o mostra que o estudo nã o será
muito afectado em sua exactidã o por esta simplificaçã o. O período adoptado geralmente é
de um ano, podendo ser outro de acordo com a conveniência do projecto em estudo, grau
de detalhe e precisã o das estimativas de datas e quantias. Para o caso moçambicano onde
as taxas de juros sã o altas, muitas vezes o mês deve ser tomado como período-base.
Por outro lado, o estudo econó mico deve cobrir um intervalo de tempo compatível com a
duraçã o da proposta de investimento considerada, frequentemente denominada vida útil,
vida econó mica ou simplesmente vida da proposta de investimento.
92
10.3.1. Critério por Inspecção
O projecto B é melhor do que o projecto A
O projecto D é melhor que o projecto C, pois é possível reinvestir os ganhos entre os anos 1
e 2.
Conclusão
Apesar dos quatro primeiros processos poderem levar a boas decisõ es em alguns casos
(investimentos iguais, de mesma duraçã o e fluxos de caixa homogéneos), a aná lise da
maioria das situaçõ es só pode ser feita adequadamente pelos critérios econó micos
detalhados a seguir.
A rentabilidade de uma série de investimentos é dada pela taxa de juros que permitiria ao
capital empregado fornecer um certo retorno.
94
Dado que cada pessoa ou empresa tem possibilidade de investimentos diferentes, haverá
uma taxa mínima de atractividade para cada uma.
Exemplo:
Se existirem letras de câ mbio que garantem uma rentabilidade de 2,5% a.m. , a proposta de
investimento em acçõ es só será atractiva se proporcionar rendimento maior.
Cumpre ressaltar que um estudo econó mico recai sempre na escolha entre alternativas;
dever-se-á tomar uma decisã o entre nã o fazer nada, abandonar projectos em andamento
ou investir em novos projectos, etc.
Os métodos de comparaçã o baseados nos princípios de equivalência determinam quantias
ú nicas que representem, do ponto de vista econó mico, cada alternativa de investimento.
OS MÉTODOS
Método
Método do
do Valor
Valor Método
Método da
da Taxa
Taxa
Presente
Presente Líquido
Líquido Interna de Retorno
Interna de Retorno
HIPÓ TESE FORTE: Inicialmente supor-se-á que o investimento seja instantâ neo (no período zero) e
que não haja inflação, risco e imposto de renda.
Exemplo:
95
Considere-se a proposta de investimento que envolve investir 10.000,00 Meticais hoje para
receber 2.000,00 Meticais anuais, nos pró ximos 10 anos, conforme o diagrama de fluxo de
caixa que se segue:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10.000,00 Meticais
Solução
Nota Importante
Quando se consideram alternativas de investimento com duraçõ es idênticas,
escolhe-se a de maior valor presente líquido.
96
A B
3 2.000
4 2.000
5 2.000
7 2.000
8 2.000
9 2.000
10 2.000
11 2.000
12 2.000
13 2.289,13 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2
Exemplo:
Solução
O valor actual da proposta B é:
-14.000 + 3.000. a10¬10 = 4.432
Por ter maior valor actual, esta proposta é escolhida de preferência à anterior.
97
NA PLANILHA DE EXCELL TERIAMOS:
A B
3 3.000
4 3.000
5 3.000
7 3.000
8 3.000
9 3.000
10 3.000
11 3.000
12 3.000
13 4.433,70 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2
Nota importante
Geralmente a data escolhida para o cá lculo do valor actual é o “dia de
hoje”, daí o termo “valor presente” usado para designar o método.
Entretanto, qualquer que seja a data usada, a decisão será a mesma.
Para ilustrar, considerem-se as duas propostas anteriores. O valor actual de cada uma delas
ao fim do período 6 será :
PROPOSTA A : 2.288 . FAC(6,10) = 2.288 . (1,1)6 = 4.053,33
PROPOSTA B : 4.432 . FAC(6,10) = 4.432 . (1,1)6 = 7.851,56.
98
Evidentemente a posiçã o relativa das propostas nã o mudou.
No caso de comparar propostas de duraçõ es diferentes, alguma hipó tese será exigida sobre
o que será feito apó s o término da proposta de menor duraçã o.
Observe-se que toda vez que se consegue investir uma quantia exactamente à taxa de
atractividade, o valor presente do projecto como um todo será nulo. Um valor actual
positivo indica, pois, que está investindo a uma taxa superior à taxa de atractividade. O
inverso ocorre para valores presentes negativos.
Por outro lado, o valor presente de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor actual
das quantias futuras envolvidas e o investimento inicial. Justifica-se o método apresentado,
pois um valor actual positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima
de atractividade, superam o investimento inicial necessá rio - o que torna atractiva a
proposta. Por outro lado, um valor actual negativo significa que se está investindo mais do
que se irá obter, o que é, evidentemente, indesejá vel; em outras palavras, a mesma quantia,
se fosse investida à taxa de atractividade, renderia mais do que no projecto em questã o.
IMPORTANTE
Conclui-se que o valor actual das quantias futuras de um fluxo de
caixa é igual ao má ximo investimento que se está disposto a fazer
para obtê-las.
Exemplo:
É proposta a venda de determinada má quina para fins rentá veis; o comprador em
perspectiva tem uma taxa mínima de atractividade de 10% a.a.. A má quina proporcionará
uma receita líquida de 20.000,00 MT no primeiro ano, diminuindo em seguida à base de
99
1.000,00 MT ao ano por mais 12 anos. O valor estimado de revenda daqui a 12 anos é de
26.000,00 Meticais.
Até quanto estaria o comprador disposto a pagar pela má quina?
Solução
a. Fluxo de caixa ( em MT 1.000,00): P = S/[(1 +i)n]
NA PLANILHA DE EXCELL
A B
2 20.000
3 19.000
4 18.000
5 17.000
6 16.000
7 15.000
9 13.000
10 12.000
11 11.000
12 10.000
14 114.657,02 <--VPL(A1;A2:A13)
Este valor é o máximo que o comprador estará disposto a pagar pela má quina, pois
corresponde ao valor actual das receitas líquidas futuras!!!.
100
10.5. Método da taxa de retorno
A avaliaçã o da rentabilidade de uma proposta de investimento é feita pela taxa de juros que
torna equivalente o investimento inicial ao fluxo de caixa subsequente. Talvez este seja o
método mais fá cil de entender, já que a avaliaçã o de rentabilidade por meio de uma taxa é
coisa bastante usada (embora nem sempre correctamente).
Isto significa dizer que a taxa interna de retorno é aquela que torna nulo o valor presente
líquido do projecto. Ou ainda, é aquela que torna o valor dos lucros futuros equivalente aos
gastos realizados com o projecto, caracterizando assim, como a taxa de remuneraçã o do
capital investido.
O cá lculo da taxa de retorno é feito no caso geral por tentativas e interpolações. Isto porque
nem todas as propostas de investimento se constituem de fluxos de caixa semelhantes aos
usados para o estabelecimento dos factores de conversã o.
No processo de tentativas, a partir de uma taxa inicial, calcula-se o valor actual do fluxo de
caixa. O objectivo é obter uma taxa que torne este valor nulo, e, portanto, vai-se
modificando a taxa no sentido de torná -lo pró ximo de zero.
A partir de duas taxas que forneçam valores actuais pró ximos de zero, porém de sinais
opostos, pode-se por interpolaçã o determinar a taxa de retorno aproximada.
A primeira taxa usada nos cá lculos deve ser evidentemente a mais pró xima possível da taxa
de retorno.
Uma forma de obtê-la é aproximar-se o fluxo de caixa para um dos fluxos que originaram os
factores, determinar o factor correspondente e através de uma das tabelas de juros, ou
calculadora financeira do tipo HP 12-C, determinar a taxa.
101
O exemplo que se segue tornará mais claro o cá lculo da taxa de retorno.
A compra de determinada má quina está sendo considerada por uma empresa; tem custo
inicial de 150.000,00 Meticais. Foi estimado que proporcionará um excesso de receitas
sobre despesas nos pró ximos 12 anos, começando com 30.000,00 MT no primeiro e
decrescendo à base de 1.500,00 MT por ano, devido ao aumento dos custos. O valor de
revenda daqui a 12 anos é previsto ser 39.000,00 MT. Qual a taxa de retorno fornecida pelo
investimento na má quina?
Solução
a-) Fluxo de Caixa 39.000,00
.....................................................................30.000,00...............................................................
150 mil
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
30.000,00
150 mil
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Obtém-se, pois,
150.000,00 MT = 30.000,00 . a12¬i =» a12¬i = 150.000/30.000 = 5
102
Na HP-12C obtemos i = 17%5
c-) TENTATIVAS
Valor actual = - 150.000 + 30.000 a12¬ i - 1.500 GFVA(i,12) + 39.000 (1+i)-12
Com 17% temos:
VA = -150.000 + 149.651,62 - 27.923,81 + 5.926,99 = -22.345,20
Para introduzir 1.500 GFVA(17,12) na HP-12C, fizemos o seguinte:
f FIN 16.500 g CFj
0 g CF0 17
0 g CFj f NPV
1500 g CFj
3000 g CFj
Financiamento
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De uma maneira geral, o objectivo financeiro da empresa consiste em conseguir, num dado
momento, o financiamento necessá rio em condiçõ es de custo e prazos adequados. Isto é,
nã o se trata apenas de conseguir o montante de financiamento necessá rio, mas sim
encontrar fontes mais econó micas, de tal forma que o risco financeiro da empresa seja
minimizado, através de uma relaçã o equilibrada entre meios pró prios e alheios.
Existem diversas formas de financiamento, quer o investimento que vai ter que se realizar
para lançar a empresa quer o necessá rio para financiar a actividade.
O crédito bancá rio é uma operaçã o através da qual uma instituiçã o bancá ria coloca à
disposiçã o do seu cliente um determinado montante por ele solicitado comprometendo-se,
este ú ltimo, a liquidá -lo em datas previamente fixadas e acrescido dos respectivos juros. O
crédito bancá rio de curto prazo pode ter as seguintes formas:
104
imposto de selo e portes (no caso das letras). O valor dos encargos é calculado à taxa
de juro praticada pela instituiçã o bancá ria que procede ao desconto, em funçã o do
prazo que tiver sido previamente acordado entre a data do desconto e a data de
vencimento do título.
Empréstimos de curto prazo;
Sã o normalmente usados para financiar operaçõ es de prazo reduzido, como sejam, por
exemplo, necessidade momentâ nea de tesouraria.
Neste tipo de operaçã o a instituiçã o bancá ria disponibiliza ao seu cliente um determinado
valor de capital comprometendo-se este a restituí-lo à instituiçã o, no final do prazo que
tenha sido acordado, acrescido dos respectivos juros à taxa praticada, à data, pela
instituiçã o bancá ria que concede o crédito.
105
11.1.4. Descobertos bancários
Os descobertos bancá rios constituem "plafonds" (valor limite) de crédito que as entidades
bancá rias autorizam que as empresas movimentem, quase sempre por períodos muito
curtos de tempo, para suprir dificuldades momentâ neas de tesouraria. Sã o normalmente
concedidos a empresas que oferecem garantias de um determinado nível de saldos médios
e com cará cter transitó rio e têm custos normalmente superiores aos praticados para as
restantes operaçõ es de crédito.
Esta forma de crédito está directamente associada à conta de depó sitos à ordem, sobre a
qual sã o feitos os movimentos de crédito. A conta fica autorizada a ter saldos negativos até
ao montante fixado ("plafond" de crédito). Os juros sã o contados diariamente sobre o valor
do saldo devedor.
11.1.5. "Factoring"
Por ordem da empresa, uma instituiçã o bancá ria assume a responsabilidade de liquidar um
determinado montante à empresa fornecedora, correspondente a um fornecimento
concreto. O pagamento é feito à empresa fornecedora contra a entrega da documentaçã o
que prova a expediçã o da mercadoria por uma instituiçã o bancá ria do país de origem da
empresa fornecedora, que funciona como correspondente.
Uma operaçã o de crédito documentá rio é concedida à empresa que o requer por um prazo
determinado. Este instrumento garante a liquidaçã o imediata do montante do
fornecimento à empresa fornecedora, permitindo à empresa que solicitou a operaçã o
dispor, pouco tempo depois da data de satisfaçã o da encomenda, do montante
correspondente ao valor do fornecimento.
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Empréstimos bancá rios;
"Leasing";
Capital de risco.
Constitui a forma menos cara de uma empresa se financiar e, simultaneamente, uma forma
de garantir a manutençã o da sua actividade e, deste modo, garantir o seu crescimento. Os
capitais pró prios sã o os capitais da pró pria empresa, tais como, o capital social, reservas,
resultados e/ou prestaçõ es suplementares. Os resultados acumulados retidos na empresa
sã o também denominados de auto-financiamento.
Sendo este tipo de recursos normalmente escasso, pode contudo vir a ser utilizado caso os
só cios ou accionistas tenham disponibilidade para aumentar o capital social da sociedade
ou realizar entradas em dinheiro ou espécie, em volume suficiente para sustentar as
necessidades de investimento requeridas, as quais poderã o, posteriormente, vir ou nã o a
ser transformadas em capital.
A empresa de leasing - locadora - substitui-se à empresa que contrata a operaçã o - locatá ria
- na aquisiçã o do bem passando este a constituir sua propriedade. A locadora coloca-o à
disposiçã o da empresa locatá ria a troco de um pagamento perió dico - renda - o qual inclui
no valor da amortizaçã o, o valor de aquisiçã o acrescido de juro, comissõ es e impostos.
Enquanto durar o contrato, o locatá rio assume todos os riscos e encargos com o bem
adquirido durante o período em que durar o contrato. No final do contrato o locatá rio tem a
opçã o de comprar o bem por um valor residual estabelecido na data de assinatura do
contrato.
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Competitivo, relativamente a outras formas de financiamento;
As operaçõ es de leasing imobiliá rio, quando solicitadas por uma empresa em início de
actividade, sã o mais difíceis de conseguir uma vez que a empresa de leasing nã o possui
quaisquer referências ou garantias sobre o potencial da empresa locatá ria. Este tipo de
financiamento, financia até 100% do valor de aquisiçã o, incluindo a sisa, as despesas de
escritura e as eventuais obras de adaptaçã o.
O leasing imobiliá rio, por outro lado, permite a substituiçã o regular de equipamento que se
torne eventualmente obsoleto, sendo fá cil substituir o actual contrato por outro que tenha
em conta a aquisiçã o de equipamento novo.
O leasing pode também ser uma boa soluçã o para empresas que, dispondo de equipamento,
necessitam de lançar capital no negó cio para fazer face a eventuais necessidades de fundo
de maneio. Neste caso e confirmados determinados pressupostos e condiçõ es da empresa
locadora, esta adquire à locatá ria um determinado equipamento que lhe é posteriormente
alugado nas condiçõ es de leasing financeiro já anteriormente referidas. Uma operaçã o
realizada com estes contornos designa-se por lease-back.
As Sociedades de Capital de Risco (SCR) têm um modelo que assenta na partilha do risco do
negó cio com as empresas em início de actividade ou aquelas que necessitam, em
110
determinada altura da sua vida, de injectar mais capital de modo a sustentar o seu
crescimento ou a entrar em novos negó cios.
Tal partilha assenta na participaçã o das SCR no capital das empresas que solicitam o seu
apoio através de um Contrato ou Acordo Parassocial que determina as formas de
relacionamento entre a SCR e a empresa participada e estipula igualmente o período,
previsto na lei, durante o qual aquela permanecerá no capital bem como a mais valia que
deseja obter quando da sua saída no final do período estabelecido no contrato.
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