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MÁRIO QUEIRÓS
CARLOS MOTA
EDUARDO SÁ SILVA
ADALMIRO PEREIRA
MARBINO RESENDE
ANÁLISE
FINANCEIRA
DE EMPRESAS
FINANÇAS EMPRESARIAIS
AUTORES
Mário Queirós
Carlos Mota
Eduardo Sá Silva
Adalmiro Pereira
Marbino Resende
COLEÇÃO
Finanças Empresariais
TÍTULO
Análise Financeira de Empresas
EDIÇÃO
Quântica Editora – Conteúdos Especializados, Lda.
Praça da Corujeira n.o 38 · 4300-144 PORTO
Tel. 220 939 053 · E-mail: geral@quanticaeditora.pt · www.quanticaeditora.pt
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Gestbook – Conteúdos de Economia e Gestão
DISTRIBUIÇÃO
Booki – Conteúdos Especializados
Tel. 220 104 872 · Fax 220 104 871 · E-mail: info@booki.pt · www.booki.pt
REVISÃO
Quântica Editora – Conteúdos Especializados, Lda.
DESIGN
Luciano Carvalho – Delineatura – Design de Comunicação · www.delineatura.pt
IMPRESSÃO
janeiro, 2020
DEPÓSITO LEGAL
466214/20
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infrator.
Este livro encontra-se em conformidade com o novo Acordo Ortográfico de 1990, respeitando
as suas indicações genéricas e assumindo algumas opções especificas.
CDU
658.1 Formas de empresas. Finanças
658.6 Organização e prática comercial. Bens. Serviços
ISBN
Papel: 9789898927972
E-book: 9789898927989
ÍNDICE v
4.5. Situação financeira 5 ................................................................................................................................... 49
4.6. Situação financeira 6 .................................................................................................................................. 50
CAPÍTULO 5. Fluxos Financeiros e Equilíbrio Financeiro ............................................................53
5.1. Duração média das necessidades e recursos cíclicos ......................................................... 53
5.2. Necessidades de Fundo de Maneio e ciclo de exploração ............................................54
5.2.1. Necessidades de Fundo de Maneio e crescimento da atividade .................... 55
5.2.2. Necessidades de Fundo de Maneio e prazos de rotação ..................................... 57
5.2.3. Políticas comerciais ........................................................................................................................... 59
5.3. Fluxos económicos, financeiros e monetários .......................................................................... 61
CAPÍTULO 6. Análise pelo Método dos Rácios.................................................................................... 67
6.1. Rácios de atividade ....................................................................................................................................... 68
6.1.1. Taxa de variação do volume de negócios .......................................................................... 68
6.1.2. Taxa de variação dos gastos variáveis .................................................................................. 69
6.1.3. Taxa de variação de alguns resultados ................................................................................ 70
6.1.4. Taxa de variação do resultado líquido.................................................................................. 72
6.2. Rácios de rendibilidade............................................................................................................................. 73
6.2.1. Rendibilidade bruta das vendas ............................................................................................... 73
6.2.2. Rendibilidade operacional das vendas .............................................................................. 74
6.2.3. Rendibilidade líquida das vendas........................................................................................... 75
6.2.4. Rendibilidade operacional do ativo (ROA) ......................................................................76
6.2.5. Rendibilidade dos capitais próprios (RCP) ...................................................................... 77
6.3. Rácios de funcionamento ....................................................................................................................... 78
6.3.1. Prazo médio de recebimento .................................................................................................... 78
6.3.2. Prazo médio de pagamento .......................................................................................................79
6.3.3. Prazo médio de inventários ........................................................................................................ 80
6.3.4. Rotação do ativo ................................................................................................................................... 81
6.4. Rácios de endividamento e liquidez.............................................................................................. 82
6.4.1. Autonomia, independência e estrutura financeiras ................................................. 82
6.4.2. Reembolso e cobertura ................................................................................................................. 85
6.4.3. Liquidez ...................................................................................................................................................... 87
6.5. Rácios bolsistas ............................................................................................................................................... 88
6.5.1. Earnings per share – EPS ................................................................................................................ 88
6.5.2. Price-earnings ratio – PER ............................................................................................................ 89
CAPÍTULO 7. Alavancagem ................................................................................................................................... 91
7.1. Efeito alavancagem ...................................................................................................................................... 92
ÍNDICE vii
INTRODUÇÃO
Figura 0.
Tabela 0.
A Plumara prevê distribuir este ano, meio milhão de euros pelos acionistas, o que representa
quase metade dos lucros obtidos. Dois anos após ter registado uma diminuição dos resultados,
e de ter passado por numa situação financeira desequilibrada, neste momento, os indicadores
financeiros apontam para um equilíbrio sustentável e um crescimento dos resultados para
valores a rondar um milhão de euros.
Atividade da Plumara
1 000 000 Resultados
800 000 líquidos
600 000
400 000
200 000
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
INTRODUÇÃO 13
(geralmente um ano ou um trimestre). Inclui todos os rendimentos e todos os gastos em que
a entidade incorreu durante esse período, bem como a diferença entre eles, ou seja, o
Resultado Líquido. No último ano, o Volume de Negócios da Plumara situou-se em 4,5
milhões de euros, tendo obtido um Resultado antes de Impostos superior a 1,2 milhões de
euros.
A informação que a Demonstração dos Resultados nos presta, pode ser apreciada de seguida,
estando o seu aspeto apresentado na figura posterior.
RESULTADO
LÍQUIDO
RESULTADO
OPERACIONAL
GASTOS
FINANCEIROS
Nota: existindo imposto sobre os rendimentos, estarão estes incluídos no “Resultado Líquido”.
Os rendimentos da sua atividade operacional são provenientes da venda de gado criado nas
suas instalações (venda de produtos), venda de algum gado que adquirem a outros produtores
(venda de mercadorias), e serviços prestados no abate de animais (prestação de serviços). Esta
atividade obriga a gastos relacionados com a exploração, onde se incluem as matérias
consumidas, os serviços prestados por terceiros à entidade, o pessoal e outros. Incluem-se
ainda nesta categoria (de atividade operacional ou de exploração), os gastos com a perda de
valor dos investimentos: depreciações e amortizações. As diferenças entre estes rendimentos
e gastos dá-nos o Resultado Operacional.
Estes são exemplos de atividades que se classificam no ciclo de renovação de uma empresa:
investimentos e financiamentos de médio e longo prazo.
Como podemos verificar, a Tesouraria é o ponto de encontro entre os dois ciclos: ciclo de
exploração e ciclo de renovação. Por isso, podemos identificar aqui um terceiro ciclo: o Ciclo
de Tesouraria. Os fluxos de tesouraria vão refletir-se diariamente no saldo de tesouraria, ou
seja, nos meios de pagamento da empresa: os meios financeiros líquidos.
Para o plano financeiro a três anos, precisamos alterar ligeiramente a forma de cálculo dos
fluxos e saldos relativos à atividade operacional. Quando o prazo de análise aumenta, é mais
prático passarmos a utilizar prazos médios para cálculo de saldos: de clientes, de
fornecedores, de inventários, etc. No nosso caso, podemos estimar os prazos médios que
assumimos ser os seguintes. Segue-se também as estimativas para os fluxos operacionais a
três anos.
Como calculamos? Relacionando fluxos com saldos. Por exemplo, se a Plumara teve um
volume de faturação de 4,5 milhões e encerrou as contas com dívidas de clientes no montante
de 450 mil, isso significaria que ficou por receber 10% do valor das vendas. Na verdade, há
uma correção a fazer: o valor registado nas vendas não inclui IVA, enquanto que os valores
faturados aos clientes incluem IVA. Portanto, teríamos de fazer uma correção que pode
passar por retirar o IVA do saldo de clientes ou acrescentar ao volume de faturação. Essa
correção, teríamos também de fazer para os fornecedores. O mesmo já não aconteceria no
caso dos inventários. Por enquanto, iremos ignorar a existência desse imposto. Assim, são as
seguintes as formas de cálculo dos vários prazos médios relativos ao ciclo de exploração.
Prazo de recebimento
Saldo médio clientes = Volume de negócios ×
360 ou 12
Prazo de pagamento
Saldo médio fornecedores de inventários = Compras ×
360 ou 12
Prazo de armazenagem
Saldo médio matérias ou mercadorias = CMVMC ×
360 ou 12
Prazo de armazenagem
Saldo médio produtos = Produção ×
360 ou 12
A situação financeira dos últimos cinco anos da Plumara pode ser apreciada de seguida.
Nota: em apêndice, podemos encontrar o Balanço Funcional, bem como as informações que
permitiram a sua construção.
Situação Financeira
1000 000
N.F.M.
F.M.
T.L.
-1000 000
-2000 000
-3000 000
-4000 000
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Tal como temos vindo a referir, há dois anos (ano 3), o valor do Fundo de Maneio indiciava
uma possível situação de desequilíbrio financeiro a médio e longo prazo por parte da
Plumara, pois o Fundo de Maneio atingiu um valor negativo superior a 3,2 milhões de euros.
Ou seja, os investimentos de quase 10 milhões, estavam a ser financiados em cerca de um
terço por capitais de curto prazo. A reestruturação financeira ocorrida no ano 4 permitiu
inverter essa situação, levando o Fundo de Maneio para valores já próximos de zero,
passando a positivos no ano 5.
Fruto do financiamento parcial dos investimentos com recurso a crédito de curto prazo,
também a Tesouraria Líquida passou por valores preocupantes de 3,9 milhões negativos,
apresentando-se no último ano com 0,4 milhões negativos, apenas. Se tivermos em conta que
os dividendos a distribuir são de 0,5 milhões, facilmente percebemos que seria positiva caso
a administração decidisse não proceder à sua distribuição.
A sexta situação apresentada é a mais arriscada de todas, sendo característica das vésperas
de uma situação de insolvência. No curto, médio e longo prazos temos desequilíbrio
financeiro. Acresce que esse desequilíbrio está conjugado com NFM positivas, ou seja, uma
atividade operacional a necessitar de ser financiada. Portanto, temos ANC e atividade de
exploração a serem financiados por crédito de curto prazo à tesouraria (que poderá ser
crédito bancário ou incumprimento de pagamentos perante terceiros).
É uma situação de grande dependência externa, sendo insustentável no médio prazo. Impõe-
-se uma reestruturação das dívidas, consolidando créditos de curto prazo em créditos de
médio e/ou longo prazo, mas sujeita a uma prévia avaliação da viabilidade do negócio.
Esta análise, com base na recolha de informação apenas de fim de período, revela sintomas,
mas deverá ser complementada com o recurso a outros indicadores, não apenas estáticos,
mas também dinâmicos. Para além disso, quando estamos em presença de atividades com
carácter de sazonalidade, a recolha de informação pode estar enviesada. Torna-se muito
importante nesta tarefa conhecermos as maturidades de vencimento dos créditos e dos
débitos, para que possam ser conjugados na avaliação das necessidades de tesouraria e de
financiamento do ciclo de exploração: prazos de recebimento de clientes, pagamento a
fornecedores, armazenagem de inventários e outros. Também o peso dos fluxos na atividade
da organização é determinante, pois, por exemplo, quando a margem de negócio é grande, as
compras têm um peso reduzido nas vendas, o que se reflete em reduzido crédito de
fornecedores.
Agora, podemos ver que os prazos de pagamento nos dão uma informação diferente, pois
existe um montante de 300 de dívidas de clientes que iremos demorar 3 meses a receber,
enquanto que dentro de um mês teremos de liquidar 500 a fornecedores e não está prevista
qualquer entrada na tesouraria que venha a cobrir essa saída.
Não sendo uma medida exata dos fluxos de tesouraria, podemos calcular os prazos médios
ponderados para percebermos como podemos comparar saldos de necessidades e recursos
cíclicos.
Ponderando o saldo de cada dívida pelo seu prazo, podemos ficar com uma ideia relativa da
dimensão de cada valor a receber e a pagar. E, neste caso, chegamos à conclusão de que afinal
temos necessidades de fundo de maneio positivas equivalentes a 1200 – 900 = 300.
Portanto, considerando uma perspetiva estática, a empresa terá de encontrar uma fonte de
financiamento para os próximos meses, por forma a poder liquidar as dívidas a fornecedores.
Tal como já vimos, na maioria das empresas, o ciclo de exploração tende a necessitar de
financiamento porque os valores dos stocks de inventários e dívidas de clientes
habitualmente superam os valores do crédito obtido junto de fornecedores. Claro que para o
crescente e
com oscilações
tempo
NFM
NFM
Temporárias necessidades
de capitais
de curto prazo
necessidades
NFM Permanentes de capitais
permanentes/
estáveis
tempo
Enquanto que o prazo médio de recebimento (PMR) afeta diretamente as NFM, os prazos
médios de inventários (PMI) e de pagamento (PMP) têm um efeito indireto, diluído, pela
margem de comercialização e pelo peso das compras, respetivamente. Portanto, através deste
modelo simples, podemos perceber que uma alteração no PMR tem um efeito superior nas
NFM do que alterações nos outros prazos.
Situação P O LÍTIC AS
RU BRICAS atual A B C
pp 4% pp 5%
Descontos
30 dias 0% 15 dias 0% 30 dias 0% 60 dias 0%
Volume negócios 2 800 000 2 700 000 3 200 000 3 300 000
Créditos incobráveis/V.N. 2,0% 1,0% 3,0% 5,0%
Saldo médio clientes 287 000 138 375 328 000 676 500
Saldo médio inventários 536 700 517 500 613 300 632 500
Custo matérias 40% 40% 45% 45%
Saldo médio fornecedores 172 200 166 050 196 800 202 950
Vendas a p.p./V.N. 0% 0% 50% 40%
Custo capital 25% 25% 25% 25%
Situação P O LÍTIC AS
RU BRICAS atual A B C
Volume negócios 2 800 000 2 700 000 3 200 000 3 300 000
Custo matérias 1 120 000 1 080 000 1 440 000 1 485 000
Resultado bruto 1 680 000 1 620 000 1 760 000 1 815 000
Perdas p/ imparid. (clientes) 56 000 27 000 96 000 165 000
Result. bruto após imparid. 1 624 000 1 593 000 1 664 000 1 650 000
Descontos concedidos 0 0 64 000 66 000
Result. oper. antes juros 1 624 000 1 593 000 1 600 000 1 584 000
Encargos financeiros 162 875 122 456 186 125 276 513
Resultado operacional 1 461 125 1 470 544 1 413 875 1 307 488
Mas afinal, o alto custo de financiamento da atividade operacional (25%) vem colocar a
política A (aquela que apresenta o menor volume de negócios) como a melhor alternativa.
Políticas comerciais
3500 000
3000 000
2500 000
2000 000
1500 000
Volume negócios
1000 000 Resultado bruto
Result. bruto após imparid.
500 000 Result. oper. antes juros
Resultado operacional
0
Atualm. Pol. A Pol. B Pol. C
Como vimos, a diferença entre NFM e FM reflete-se na tesouraria de uma empresa, pois os
factos patrimoniais que originam fluxos, raramente originam fluxos diretos. Ou seja,
raramente o fluxo económico é acompanhado em simultâneo por um fluxo monetário, pois
habitualmente existe um desajustamento entre o momento da venda e o recebimento, ou
entre o momento da compra e o pagamento. Assim, podemos distinguir entre fluxos diretos
e indiretos. Vejamos os seguintes exemplos.
Podemos proceder ao cálculo do impacto que cada uma destas operações tem ao nível dos três
ciclos da empresa.
Rubrica FM NFM TL
Venda de produtos 20 000 16 000 4 000
Variação inventários produção 1 600 1 600 0
Compras matérias-primas -9 000 -8 100 -900
Variação matérias-primas -1 000 -1 000 0
Gastos com pessoal -1 500 -300 -1 200
Fornecim. e serv. externos -4 400 -3 300 -1 100
Depreciações período 3000–3000=0 0 0
Totais 5 700 4 900 800
A venda de produtos tem um impacto na sua totalidade ao nível do FM, pois aumenta os
resultados nesse valor. A parte que é recebida de imediato, entra em TL; a restante, aumenta
as NFM. A variação nos inventários da produção não tem qualquer impacto na tesouraria,
pois trata-se de verificar que houve um aumento ao nível dos stocks de produtos acabados e
intermédios. Esse aumento reflete-se num aumento das NFM (via stocks), mas também num
aumento do FM (pois aumenta os resultados). As compras de matérias primas, por si só,
poderiam não ter qualquer impacto ao nível do FM, pois não são um custo; no entanto, uma
vez que temos uma variação das matérias primas, podemos considerar estes dois fluxos como
concorrendo para o cálculo do custo das matérias consumidas. Assim, o FM diminui (via
resultados), aumentando as NFM pelo valor que fica para pagar a prazo; a TL diminui no
montante liquidado. Relativamente às depreciações, o impacto é nulo em qualquer dos ciclos,
pois ao nível do FM, há um aumento e uma diminuição no mesmo montante, uma vez que os
investimentos aumentam, mas diminui o capital próprio; para além disso, não há qualquer
impacto, nem em termos de NFM nem TL.
São rácios que medem a evolução da atividade da empresa de um período para o outro. Podem
ser calculados para várias grandezas: volume de negócios, gastos variáveis, resultados, VAB,
VBP, etc.
Atividade da Plumara
6 000 000
Volume de
4 000 000 Negócios
2 000 000
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
EBITDAn -EBITDAn-1
EBITDAn-1
variação
712 000 – 555 000
resultado
555 000
= 28,3% –44,4% 201% 20,1%
operacional
Atividade da Plumara
Tal como esperado, a margem bruta aumenta nos quatro anos, passando de 1,75 milhões no
primeiro ano, para 2,64 milhões no quarto ano, o que representa uma variação acumulada
de 51% em quatro anos, apesar de ter diminuído ligeiramente no último ano.
Atividade da Plumara
1 000 000 Resultado
Líquido
500 000
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Resumindo, atividade da empresa tem aumentado, com melhoria relativa ao nível dos
resultados, apresentando-se o ano 3 (ano de investimentos estratégicos) como a exceção nesta
tendência.
Resultado operacional
Volume de negócios
Plumara
40%
Rendibilidade
30% oper. vendas
20%
10%
0%
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Apesar de ter registado uma subida de 13,1% para 31,8% (+143%) em quatro anos, a verdade é
que no ano 3 a rendibilidade operacional das vendas da Plumara regista o seu valor mais
baixo do período em análise. No entanto, é no ano 5 em que a diferença deste rácio para a
rendibilidade bruta das vendas apresenta a menor diferença (26,9 p.p.), o que traduz uma
crescente eficiência económica, nomeadamente no que diz respeito aos gastos fixos
operacionais, cujo peso no volume de negócios tende a diminuir.
Resultado operacional
Ativo
Plumara
15%
Rendibilidade
oper. ativo
10%
5%
0%
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
À semelhança da maior parte dos rácios, regista-se também uma quebra no ano 3, pois o nível
de atividade da empresa também desceu consideravelmente, enquanto que aumentaram as
depreciações e amortizações. No entanto, regista-se uma tendência para o seu crescimento,
pois em quatro anos subiu 6 p.p., quase duplicando. Este comportamento já era esperado, pois
os resultados operacionais subiram 158% entre o ano 1 e o ano 4, enquanto que o ativo apenas
cresce 42%.
Estes rácios avaliam a rotação e/ou os prazos de ativos e passivos operacionais. Relacionam
um saldo (stock) com um fluxo, habitualmente convertendo o resultado em dias ou meses.
Iremos focar-nos em quatro rácios, sendo três deles, prazos médios e o último, a rotação do
ativo. Apesar de vermos três prazos médios (pagamento, recebimento e armazenagem), estes
podem ser discriminados em vários, de acordo com as necessidades da análise: por tipo de
produtos, mercadorias, matérias, por tipo de fornecedores (matérias, mercadorias), clientes
(mercadorias, produtos). Ou ainda, utilizando outra discriminação, dependendo da utilidade
da informação.
Plumara
50
40
30 Recebimento
(dias)
20
10
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
autonomia
2 714 000
financeira
7 672 000
= 35% 41% 53% 62% 63%
alargada
Plumara
Independência
financeira
100%
0%
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
2,5 Liquidez
geral
1,5 Liquidez
reduzida
Liquidez
0,5
imediata
-0,5
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Com valores reduzidos nos primeiros três anos, a liquidez da Plumara dispara nos anos 4 e 5,
fruto da grande diminuição do passivo corrente, consequência da reestruturação da dívida
conseguida no ano 4. Como é natural, a liquidez imediata anda sempre a rondar valores
nulos, por vezes até observando-se valores negativos.
Este rácio diz-nos que valor, do resultado líquido, pode ser distribuído a cada ação ordinária
em circulação (“em circulação”, porque, por exemplo, a empresa pode ter ações próprias, que
não entram neste cálculo). Portanto, para ser calculado, deveremos subtrair, ao resultado
líquido, os dividendos das ações preferenciais, quando estas existam.
Importando para uma empresa, imaginemos que as forças são o custo (ou rendibilidade) do
capital próprio e o custo do capital alheio, que podem apresentar (e apresentam) valores
diferentes. Imaginemos também que podemos deslocar o centro de apoio para a esquerda ou
para a direita, conforme pretendermos.
Para além disso, se a alavanca representa a totalidade do capital, o centro de apoio divide o
total de capital próprio do capital alheio.
Custo
capital Custo
próprio capital
alheio
Assim, no caso acima, temos mais capital alheio do que próprio. E, dado que verificamos uma
distância assimétrica ao centro de apoio, conseguimos multiplicar o custo do capital alheio
para obtermos um custo / rendibilidade do capital próprio superior.
Consideremos agora uma taxa de IRC de 20% para percebermos de que forma os cálculos da
alavancagem saem afetados.
CAPITAL PRÓPRIO
RESULT. LÍQUIDO
3 000
570(1–20%)=456
RESULTADO
ATIVO
OPERACIONAL
12 000
PASSIVO 1 200(1–20%)=960 GASTOS
9 000 FINANCEIROS
630(1–20%)=504
O resultado antes de impostos é de 570, mas após impostos, fica apenas 456. Acontece, porém,
que os gastos financeiros que a empresa suporta, também já não são 630, pois entram como
um custo fiscal. Portanto, a empresa só suporta 80% desses gastos, ou seja, 504. Temos assim,
456+504 = 960, que é o resultado operacional também afetado pelo IRC.
CP CA
ROA(1–t) = × RCP + × TRCA(1–t)
CP+CA CP+CA
CA
RCP = ROA(1–t) + × (ROA – TRCA)(1–t)
CP
CA
Em que efeito alavancagem = × (ROA – TRCA)(1–t).
CP
A TRCA(1–t) também podemos chamar TLRCA (taxa líquida de remuneração dos capitais
alheios).
555 000
ROA
7 672 000
= 7,2% 8,9% 3,9% 11,7% 13,2%
96 000
TRCA = 1,94% 1,48% 0,76% 3,25% 4,26%
4 958 000
364 000
RCP
2 714 000
= 13,4% 15,7% 5,7% 14,2% 15,4%
4 958 000
CA/CP
2 714 000
= 1,83 1,47 1,07 0,74 0,71
1,83(5,7%–1,5%) = 7,7%
Efeito
8,7% 2,6% 5,0% 5,0%
Alavancagem 13,4% – 5,7% = 7,7%
Efeito alavancagem
20%
15%
10%
5%
0%
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
RLOA Alavancagem TLRCA RCP
ALAVANCAGEM 97
Tabela 7.1. GAO exemplo 1
(EBIT1–EBIT0)
∆%EBIT EBIT0
Grau de Alavanca Operacional = = (V.N.1–V.N.0)
∆%V.N.
V.N.0
b) Exemplo 2
Neste segundo exemplo, temos uma substituição de gastos variáveis por fixos. Por exemplo,
a empresa recorre mais a equipamento em vez de subcontratar a produção. Numa situação
de atividade “normal”, o resultado é o mesmo. Mas o que acontece se se verificar um cenário
ALAVANCAGEM 99
7.2.2. Grau de alavanca financeira --- GAF
O grau de alavanca financeira analisa-se a partir do resultado operacional, cujo destino é, tal
como já vimos, remunerar os capitais alheios (juros) e os capitais próprios (resultados
líquidos). Sendo os juros um gasto que não depende do nível de atividade da empresa, o GAF
analisa o impacto que a variação da atividade da empresa tem nos resultados, tendo em conta
a proporção de juros nos resultados operacionais.
a) Exemplo 1
(56 250 – 0)
56 250 100%
GAF = (150 000 – 75 000) = =2
50%
75 000
(RL1–RL0)
∆%RL
Grau de Alavanca Financeira = = (EBIT1–EBIT0)RL0
∆%EBIT
EBIT0
ALAVANCAGEM 101
(112 500 – 56 250)
112 500 50%
GAF = (150 000 – 75 000) = =1
50%
75 000
Um GAF unitário representa um risco financeiro nulo. Não havendo gastos financeiros, não
existe alavanca financeira.
Portanto, quanto maiores os gastos financeiros, maior o GAF, mas mais arriscado o negócio.
Quanto maiores os gastos financeiros, maior o aumento dos resultados líquidos quando o
EBIT (resultado operacional) aumenta. Mas esse efeito também se dá quando o EBIT diminui.
Plumara
3 GAC
2 GAO
1 GAF
0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
ALAVANCAGEM 103
8,00
Análise EBIT-EPS Ótimo
7,00
6,00
5,00
EPS
4,00
3,00
2,00
1,00
50 000 70 000 90 000 110 000 130 000 150 000
EBIT
100% C.P. 50% Obr. 100% Obr. 50% Aç.Pref.
Mas como o EBIT futuro não é conhecido, conseguimos ainda informação adicional relevante
que ajuda na escolha da estrutura de financiamento: o ponto crítico financeiro. Isto é, o valor
mínimo de EBIT necessário para que o EPS, ou o resultado líquido, sejam positivos. Voltemos
à Tabela 7.7 para encontrar algebricamente o resultado líquido (RL), sendo t a taxa de IRC:
RL = (EBIT – J) × (1 – t) – DP
EBIT = J + DP/(1 – t)
Agora, por exemplo, que a opção que inclui 100% de obrigações é a mais arriscada, pois obriga
a um EBIT mínimo de 60 000, enquanto que optando por 50% de obrigações, esse valor é de
apenas 25 000, baixando ainda para 18 750 no caso de 50% de ações preferenciais.
Graficamente, esses pontos críticos são a abcissa na origem de cada opção de financiamento.
3,00
2,00
EPS
1,00
0,00
0 10 000 20 000 30 000 40 000 50 000 60 000 70 000 80 000 90 000 100 000
EBIT
100% C.P. 50% Obr. 100% Obr. 50% Aç.Pref.
O mesmo procedimento, pode ser utilizado para encontrar o ponto de indiferença entre dois
planos de financiamento, ou seja, a interseção das linhas presentes na Figura 7.5.
Consideremos N o número de ações em circulação.
(EBIT – J)(1 – t) – DP
Sendo EPS = RL/N, temos EPS =
N
Apesar das vantagens, a análise EBIT-EPS não tem em conta o risco do financiamento com
recurso à dívida, apenas o incorporando na hipótese de simulação com taxas de juro
alternativas. Por outro lado, como vimos, as alternativas ao financiamento são imensas, o
que pode complicar a análise.
ALAVANCAGEM 107
ANEXO
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
HISTÓRICAS E INFORMAÇÕES
ADICIONAIS DA PLUMARA
ANEXO cix
ORIGEM E AP L IC AÇÃO D E FUNDOS
APLICAÇÕES DE FUNDOS Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
FUNDO DE MANEIO
Autofinanciamento 0 400 000 0 0
Distribuição de dividendos 0 200 000 300 000 450 000
Investimentos 630 000 2 880 000 340 000 1 280 000
Outros aumentos act. não corrente 0 0 0 0
Amortização empréstimos m.l.p. 200 000 400 000 0 0
Total 830 000 3 880 000 640 000 1 730 000
NECESSIDADES DE FUNDO DE MANEIO
Aumento de inventários 109 000 0 23 000 0
Aumento crédito a clientes 133 000 0 80 000 0
Diminuição dívidas a fornecedores 0 197 000 0 101 000
Aumento (Ativo)/Diminuição (Pass.) EOEP 12 000 0 0 48 000
Diminuição outras contas a pagar 0 9 000 380 000 308 000
Outros aumentos act. corrente 0 0 0 0
Outras diminuições pass. corrente 0 0 0 124 000
Total 254 000 206 000 483 000 581 000
TESOURARIA
Aumento meios financ. líquidos 0 0 100 200 54 000
Aumento créditos em mora 0 0 0 110 000
Diminuição dívidas em mora 0 0 20 000 0
Amortização de créditos c.p. 130 000 0 2 850 000 45 000
Total 130 000 0 2 970 200 209 000
TOTAL DAS APLICAÇÕES DE FUNDOS 1 214 000 4 086 000 4 093 200 2 520 000
ORIGENS DE FUNDOS Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
FUNDO DE MANEIO
Autofinanciamento 1 037 000 641 000 1 741 200 1 290 000
Aumentos de capital realizado 0 2 000 000 0 0
Desinvestimentos 0 0 0 0
Outras diminuições act. não corrente 0 0 0 0
Contracção empréstimos m.l.p. 0 0 2 200 000 800 000
Total 1 037 000 2 641 000 3 941 200 2 090 000
NECESSIDADES DE FUNDO DE MANEIO
Diminuição de inventários 0 123 000 0 120 000
Diminuição crédito a clientes 0 158 000 0 310 000
Aumentos dívidas a fornecedores 98 000 0 59 000 0
Diminuição (Ativo)/Aumento (Pass.) EOEP 0 25 000 24 000 0
Aumento outras contas a pagar 10 000 680 000 5 000 0
Outras diminuições act. corrente 0 0 0 0
Outros aumentos pass. corrente 0 60 000 64 000 0
Total 108 000 1 046 000 152 000 430 000
TESOURARIA
Diminuição meios financ. líquidos 69 000 49 000 0 0
Diminuição créditos em mora 0 0 0 0
Aumento dívidas em mora 0 20 000 0 0
Contracção de créditos c.p. 0 330 000 0 0
Total 69 000 399 000 0 0
TOTAL DAS ORIGENS DE FUNDOS 1 214 000 4 086 000 4 093 200 2 520 000
ANÁLISE FINANCEIRA
DE EMPRESAS
MÁRIO QUEIRÓS
CARLOS MOTA
EDUARDO SÁ SILVA
ADALMIRO PEREIRA
MARBINO RESENDE
Sobre a coleção
Sobre a obra
Este primeiro volume da coleção de Finanças Empresariais dedica-se à análise
financeira das empresas com base nas suas demonstrações financeiras e informação
complementar, apresentando vários exemplos auxiliares. Para além de uma breve
introdução à interpretação dos principais mapas da contabilidade, são abordados
temas como o Balanço Funcional, Fluxos Financeiros, Equilíbrio Financeiro, Situações
Financeiras Típicas, Método dos Rácios e Alavancagem.
Sobre os autores
Os autores são docentes do Ensino Superior com larga experiência profissional em
Gestão de Empresas e Finanças. Essa experiência conta com a participação direta no
Conselho de Administração de empresas, mas também na prestação de serviços de
consultoria e em instituições financeiras. A formação académica superior situa-se ao
nível da Gestão, Finanças e Economia.
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