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COREP
Manual do Professor
FEVEREIRO
2010
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ÍNDICE
Contents
1
2.3.2 Diferenças dos saldos bancários ..................................................................................... 40
2
5 Variações de preço e Contabilidade ............................................................................................... 80
6.7 Código de Ética e Deontologia Profissional dos Profissionais de Contabilidade ........................... 128
3
7. Planos de Contas ......................................................................................................................... 139
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Manual
de
Contabilidade Financeira Avançada
Resultado de
Aprendizagem 1: Conhecer os procedimentos do fecho de contas
Critérios de Desempenho: a) Descreve o processo de encerramento de fim de exercício;
b) Descreve os trabalhos preparatórios de apuramento dos Resultados;
c) Identifica as principais operações contabilísticas;
d) Identifica os procedimentos para a elaboração das demonstrações
financeiras individuais.
Âmbito de Aplicação:
Contexto: Aplicável no contexto das operações de fim de exercício;
Temas
1. O trabalho de Fim do Exercício e a 1.5 O Balanço
Preparação das Demonstrações Financeiras 1.5.1 Formas de Representação
1.1 Noções do Balanço
1.2 Ciclo do Trabalho Contabilístico e do 1.6 Procedimentos para a Elaboração
Trabalho de Fim do Exercício das Demonstrações Financeiras
1.2.1 Execução de Inventários 1.6.1 Lucro ou prejuízo do
1.2.2 Lançamentos de Regularização exercício
e Balancete Rectificado 1.6.2 Como os itens são
1.2.3 Lançamentos de Apuramento divulgados
de Resultados 1.6.2.1 Identificação das
1.2.4 Encerramento e Reabertura de demonstrações financeiras
Contas 1.6.2.2 Período de relato
1.3 As Demonstrações Financeiras 1.6.2.3 Tempestividade
1.3.1 Âmbito e Objectivo 1.6.2.4 Divulgações no Balanço
1.3.2 Caracterização das 1.6.2.5 Divulgações na Demons -
Demonstrações Financeiras tração de Resultados
1.3.3 Usuários e suas necessidades de 1.6.2.6 Demonstração de altera –
informação ções em capitais próprios
1.4 A Demonstração de Resultados 1.6.2.7 Notas às Demonstrações
1.4.1 Modelos de Demonstração de Financeiras
Resultados 1.6.2.8 Divulgação de políticas
Contabilísticas
1.6.2.9 Outras divulgações
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1. O Trabalho de Fim do Exercício e a Preparação das Demonstrações Financeiras
1.1 Noções
O Trabalho de Fím de Exercício (TFE) é definido como sendo o conjunto de todas operações não correntes que
visam o apuramento de resultaods e elaboração das demonstrações de resultados (DR), balanço e demais
peças contabilisticas (também conhecidos por anexos do balanço: relatório técnico, mapas de amortizações e
de provisões, etc) ou ainda outras peças extra-contabilisticas que se acharem pertinentes.
· A primeira respeitante à sequência das operações e registos a realizar. Estas operações têm como
fonte os elementos fornecidos pelo balancete de verificação do razão geral, a 31/12 de cada ano (se for
a data do fím do ano económico - casos há em que o ano económico difere) económico (que coincide
com o fiscal), e pela inventariação do património da empresa;
· A Segunda respeitante aos mapas a elaborar nomeadamente a Demonstração de Resultados, o
Balanço, o Mapa de Fluxos de Caixa e outros anexos.
O trabalho contabilístico consiste no registos das operações a nível do Diário e do Razão, com elaboração
periódica dos Balancetes de Verificação, normalmente mensais.
O Trabalho de Fim do Exercício tem como ponto de partida o Balancete mensal do Razão Geral de Dezembro e
abrange os seguintes conjuntos de procedimentos:
Relativamente às contas como Caixa, Mercadorias, Matérias Primas, Produtos Acabados, etc., que
correspondem a detenção na data do Balanço de bens, deve proceder-se à sua contagem, na referida
data. Com base neste inventário deverão ser apuradas as diferenças. As quantidades existentes
devidamente valorizadas de acordo com os critérios valorimétricos definidos pela empresa.
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Trabalho Corrente (ano) Trabalho de Fím do Exercício
Demonstração
de Resultados
Diário Balanço Final
por Funções
(operações
mensais / Anuais)
Os lançamentos de regularização (LR) têm por finalidade a rectificação dos saldos contabilísticos das contas,
derivados dos elementos fornecidos pelo balancete de verificação e pelo inventário patrimonial, permitindo
adoptar os saldos contabilísticos das contas aos seus valores reais, registando dessa forma, as diferenças
encontradas entre ambos. Os LR mais comuns são:
(i) Registo de diferenças de caixa, dos saldos bancários, quebras ou sobras de stocks;
(ii) Regularizações cambiais de activos ou passivos referidos em moeda convertível (externa)
ao câmbio da data de 31/12/xx de forma que reflictam o valor equivalente à data de
encerramento do ano económico;
(iii) Constituição, reforço e anulação de provisões (de cobrança duvidosa, de depreciação de
existências e outras);
(iv) Registo das quotas anuais de amortizações do imobilizado (empresas há que imputam
mensalmente o correspondente duodécimo);
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(v) Regularização de stocks, se a empresa estiver a utilizar o sistema de inventário periódico
(intermitente);
(vi) Provisão do imposto sobre rendimentos (IRPC) em caso de situação líquida corrente
positiva (lucro).
Depois de efectuados estes LR no diário e no razão geral, é então, produzido o balancete rectificado que vai
evidenciar os saldos rectificados ou ajustados.
68-Custos e Perdas
82 Resultados 78 - Prov. e Ganhos
Financeiras Financeiros Financeiros
84 Resultados 79 - Prov.Ganhos
69-Custos e Perdas
Extraordinários Extraordinários
Extraordinárias
· Todas as contas subsidiárias, quer de existência quer de resultados aparecem saldadas, pois
foram transferidas, para as contas principais.
· A conta de Resultados representa o lucro, se o seu saldo for credor, ou prejuízo se o seu saldo for
devedor, apurados no exercício.
· Todas as contas com saldo, são contas de Balanço, podendo a partir deste balancete elaborar-se
o respectivo Balanço, na data de encerramento de contas.
Como vimos anteriormente, o processo de elaboração das regularizações e do apuramento dos resultados
conduz-nos, a um Balancete chamado de encerramento no qual todas as contas com saldo são contas que
figuram no Balanço, estando todas as outras com saldo nulo, isto é, encerradas.
A técnica contabilística, no sentido de separar nitidamente as operações dos diversos exercícios, considera
importante encerrar as contas no final do ano. O encerramento de contas consiste na execução no Diário e no
Razão de um lançamento que coloque, também as contas do Balanço com saldo nulo. Para isso executa-se um
lançamento da 4ª fórmula em que são debitadas, pelos respectivos saldos todas as contas com saldo credor e
creditadas, igualmente pelos respectivos saldos todas as contas com saldo devedor. Após a execução deste
movimento, as contas do Razão, são trancadas, acumulando os respectivos movimentos a débito e a crédito,
que como se verificará serão iguais para todas as contas.
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1.3 As Demonstrações Financeiras
A NIC 1 tem como objectivo a descrição das bases de apresentação da ideia geral das demonstrações
financeiras (DF), de forma a garantir a sua comparação com as dos períodos anteriores bem como com as de
outras empresas.
As DF têm como objectivo providenciar informação da posição financeira, performance bem como os fluxos de
caixa (cash-flows) da empresa que sejam úteis para vários stakeholders (nomeadamente Investidores,
financiadores, trabalhadores, fornecedores, clientes, Estado e bem como o público consumidor em geral) de
forma a tomarem decisões económicas.
De forma a atingir aquele objectivo as DF devem providenciar informação nos aspectos abaixo indicados dos
resultados de qualquer empresa: (i) Activos (bens e direitos); (ii) Passivo (obrigações); (iii) Fundos próprios
(capital e situação líquida); (iv) Proveitos e Custos (incluindo ganhos e perdas); e (v) Fluxos de Caixa (cash-
flows).
1. O Balanço;
2. As Demonstrações de Resultados;
3. O Extracto mostrando todas alterações nos fundos próprios, incluindo a partilha de
dividendos, se aplicável;
4. O Mapa de Fluxos de Caixa;
5. Políticas e procedimentos contabilisticos;
6. Notas explicativas das demonstrações de resultados, também chamado de relatório
técnico.
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A preparação e apresentação dos documentos acíma descritos é da responsabilidade dos administradores ou
gerentes da empresa (board of directors).
A característica essencial das Demonstrações Financeiras (DF’s) é a qualidade com que a informação é
proporcionada de forma que seja compreensível para os stakeholders. A sua utilidade é determinada pelas
seguintes características qualitativas:
(i) Compreensibilidade: Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas DF é que elas
sejam prontamente entendidas pelos stakeholders. Para esse fim, presume-se que os
stakeholders tenham um conhecimento razoável dos negócios, actividades económicas e
contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável deligência. Todavia, as
informações sobre assuntos complexos que devam ser incluídas nas DF, por causa da sua
relevância para as necessidades de tomada de decisão pelos stakeholders, não deve, ser
excluídas meramente sob o pretexto de que seriam difíceis para certos stakeholders as
entenderem.
(ii) Relevância: É entendida como sendo a qualidade que a informação tem de influênciar ou
contribuir na decisão dos stakeholders, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes
e prever os futuros bem como na confirmação ou correcção das suas avaliações. As informações
são relevantes quando influenciam as decisões económicas dos stakeholders, ajudando-os a
avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, confirmando ou corrigindo as suas
avaliações anteriores.
§ A materialidade, não sendo uma qualidade da informação financeira, determina porém, o
ponto apartir do qual a mesma passa a ser útil. Considera-se que uma informação é
materialmente relevante se a sua omissão ou erro forem susceptíveis de influenciar as
demonstrações financeiras e consequentemente as decisões dos stakeholders baseadas
nessa informação financeira. Consequentemente, a relevância e a materialidade estão
intimamentes ligadas porque ambas são definidas em função do objectivo do utente na
tomada da decisão. Porém, a relevância parte da natureza e qualidade da informação,
enquanto que a materialidade esta ligada ao tamanho ou dimensão da informação. Em alguns
casos, a natureza da informação, por si só, é suficiente para determinar sua relevância. Por
exemplo, reportar um novo segmente da empresa poderá afectar a avaliação dos riscos e
oportunidades com que a empresa se depara, independentemente do valor dos resultados
atingidos pelo novo segmento no período abrangido pelas DF’s. Em outros casos, tanto a
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natureza quanto a materialidade são importados como, por exemplo, os valores dos stocks
existentes em cada uma das principais classes de stocks, conforme a classificação apropriada
ao negócio.
§ As funções de previsão e confirmação das informações são inter-relacionadas. Por
exemplo, as informações sobre o nível actual e a estrutura de activos têm valor para os
stakeholders em seus esforços para prever a capacidade da entidade aproveitar as
oportunidades e a sua capacidade de reagir a situações adversas. As mesmas informações
confirmam as previsões passadas sobre, por exemplo, a maneira em que a entidade poderia
estar estruturada ou o resultado de operações planeadas.
§ As informações sobre a posição financeira e o desempenho passado são frequentemente
utilizadas como base para projectar a futura posição financeira e o desempenho, assim
como outros aspectos nos quais os stakeholders estão directamente interessados, tais como
pagamento de dividendos, salários, alteração de preços de acções e de venda e a capacidade
da empresa de fazer face aos seus compromissos (comerciais, legais, etc) à medida que se
tornem vencidos. A capacidade de fazer previsões com base nas DF’s amplia-se,
dependendo, entretanto, da forma como as informações sobre transações e eventos
anteriores são apresentadas. Por exemplo, o valor da DR como elemento da previsão se
destaca, quanto itens fora do comum, anormais e exporádicos de receita ou despesa (os
chamados itens extraordinários) são apresentados separadamente.
(iii) Fiabilidade: É descrita como sendo a qualidade que a informação tem de estar correctamente
preparada, livre de erros materiais e juízos prévios.
§ Representação Fidedigna: A fiabilidade reside no facto de a informação monstrar
apropriadamente o que tem por finalidade representar ou se espera que razoavelmente
represente, podendo, por conseguinte, dela depender as decisões dos stakeholders. Para tal,
é preciso que a informação seja apresentada de acordo com a substância e realidade
económica. De forma a se maximizar o uso da informação pelos stakeholders é preciso que
seja obtida a conjugação perfeita da relevância com a fiabilidade. Para ser fiável, a informação
deve representar fielmente as transações e outros eventos que ela diz representar ou poderia
razoavelmente esperar-se que represente. Desta forma, o balanço deve representar fielmente
as transações e outros eventos que resultam em activos, passivos e património líquido da
empresa à data do seu encerramento (incluir eventos após a data do balanço discutido na
capítulo anterior), que atendam aos critérios de reconhecimento.
§ Primazia da essência sobre a forma: Para que a informação represente fielmente as
transações e outros eventos que ela se propõe a representar, é necessário que essas
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transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua essência ou
substância e a sua realidade económica, e não meramente na sua forma legal. A essência
das transações ou outros eventos nem sempre é consistente com o que aparenta com a base
na sua forma legal ou documentos formais. Por exemplo, uma empresapoderia vender um
activo (imóvel) a um terceiro de tal maneira que a documentação indicasse a transferência
legal da propriedade a esse terceiro; entretanto, poderão existir acordos que assegurem que a
empresa continuará a gozar dos futuros benefícios económicos gerados pelo activo durante
certo tempo.
§ Neutralidade: Para que a informação seja fiável deve ser sobretudo neutra, imparcial, isto é,
despida de qualquer preconceito ou juízo opinativo. As DF’s não serão neutras se, pela
escolha ou apresentação da informação, elas influenciarem a tomada de decisão ou um
julgamento a fim de atingir um resultado ou desfecho predeterminado.
§ Prudência: Aqueles que preparam as DF’s, entretanto, se deparam com as incertezas que
inevitavelmente envolvem certos eventos e circuntâncias, tais como a possibilidade de
cobrança de contas a receber duvidosas, a vida útil provável dos edifícios e equipamentos e o
número de reclamações cobertas por garantias que possam ter sido dadas. Tais incertezas
são reconhecidas pela divulgação da sua natureza e extensão e pelo exercício de prudência
na preparação das DF’s. A prudência consiste na inclusão de certa dose de cautela na
formulação dos julgamentos necessários na elaboração de estimativas em certas condições
de incertezas, no sentido de activos ou receitas não sejam superestimados e passivos ou
despesas não sejam subestimados. Entretanto, o exercício de prudência não permite, por
exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas, a subavaliação deliberada de
activos ou receitas, a superestimação deliberada de passivos ou despesas, pois as DF’s
deixariam de ser neutras e, portanto, não teriam a qualidade de fiabilidade.
§ Integridade: Para ser fiável, a informação constante das DF’s deve ser completa, dentro dos
limites da relevância e do custo. Uma omissão pode tornar a informação falsa ou distorcida e,
assim sendo, não fiavél e deficiente em termos de relevância.
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contabilizar da mesma forma uma dada operação ou acontecimento se a política contabilística
adoptada não se conformar com as características qualitativas da relevância e da fiabilidade, nem
tão pouco, deixar de alterar as suas políticas contabilísticas quando existam alternativas relevantes
e fiáveis.
Entre os usuários (stakeholders) das DF’s incluem-se os investidores presentes e potenciais, colaboradores,
credores bancários, fornecedores, clientes, governos e suas agências e o público em geral. Eles usam as DF’s
para satisfazerem algumas das suas diversas necessidades de informação. Estas necessidades incluem:
a) Investidores: Os provedores do capital de risco e seus analistas, que se preocupam com o risco
inerente no investimento e o retorno que ele produz. Eles necessitam de informação para ajudá-los a
decidir se devem comprar, manter ou vender os seus investimentos. Os accionistas estão também em
informação que os habilitem a avaliar a capacidade da empresa pagar dividendos.
b) Colaboradores: Os empregados e seus grupos representativos estão interessados em informações
sobre a estabilidade e a lucratividade da empresa, de forma a avaliar sua capacidade de pagar as
remunerações, os benefícios de reforma bem como sobre novas oportunidades e evolução profissional.
c) Credores bancários: Estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade
da empresa de remunerar o capital e juros nas datas dos respectivos vencimentos.
d) Fornecedores: Estão interessados em informações que os habilitem a determinar se as importâncias
que lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos.
e) Clientes: Têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da empresa, especialmente
quando têm um relacionamento de longo prazo com a empresa ou se dela dependem.
f) Governo e suas agências: O governo está interessado no destino dado aos recursos, nas actividades
da empresa. Precisa também da informação para suporte na regulamentação das actividades,
definição de políticas economico-fiscais, determinação da renda nacional e de produção de estatísticas.
g) Público: De diversas formas as empresas exercem influência sobre o público. Por exemplo, as
empresas fazem uma contribuição substancial à economia local de vários maneiras, incluindo o
numéro de pessoas que empregam directa ou indrectamente, e os fornecedores locais que utilizam. As
DF’s podem fornecer informação sobre as tendências e a evolução recente no seu crescimento e nas
suas obrigações sociais.
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1.4 A Demonstração de Resultados
Esta é uma das peças mais importantes a incluir nas DF´s. A Demonstração de Resultados (DR) tem por
finalidade evidenciar os lucros ou prejuízos obtidos, pela empresa, nas suas actividades. Essa evidência é
efectuada tendo em conta:
(i) A natureza dos factores positivos e negativos do rédito => demonstração de resultados por
natureza.
Na sua preparação são evidenciados os custos e proveitos segundo a sua natureza, de forma a
fornecer os vários tipos de resultados nomeadamente:
(ii) Afectação funcional dos referidos valores positivos e negativos => demonstração de resultados por
funções.
Aqui, a preparação das DR é feita por via das classes de custos e proveitos, descriminando-se os
seus componentes positivos e negativos por afectação, particularmente, de acordo com as funções
empresariais ou secções nomeadamente: produção, comercial, administração, financeira,
marketing, transporte, pesquisa e desenvolvimento, actividades sociais, etc. A sua estrutura
deverá ser bastante flexível para uma fácil adaptação e adequação à realidade de cada empresa.
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1.4.1 Modelos de Demonstração de Resultados
1.5 O Balanço
Vimos no esquema anterior que o balanço é produzido com base na informação disponível no balancete
rectificado. O balancete é definido como sendo o documento onde são registados os resumos do razão,
evidenciado os movimentos acumulados das contas a débito e a crédito, sendo que as somas daqueles
movimentos devem ser iguais (débito igual a crédito), e consequentemente, os saldos a débito, devem ser iguais
aos saldos a crédito. O balanço é preparado com base nos saldos das contas que vão da classe 1 a classe 5
(são as classes das contas do balanço).
Assim, o balanço é definido como sendo a expressão da relação existente entre o activo, o passivo e os fundos
próprios (situação líquida) num dado momento.
A = P + SLA - SLP
Portanto, a comparação entre o activo e o passivo para se conhecer o valor e natureza da situação líquida se
designa por balanço.
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O balanço pode ser ainda definido em duas perspectivas:
(i) Na perspectiva patrimonialista em que o balanço é classificado como um quadro que evidencia a
situação líquida patrimonial da empresa, ou seja o conjunto de bens, direitos e obrigações que lhe
são disponibilizados.
1º Membro 2º Membro
ACTIVO OBRIGAÇÕES
(ii) Na perpectiva financeira, em que o balanço traduz um conjunto de origens de capital, bem como
as suas correspondentes aplicações.
1º Membro 2º Membro
APLICAÇÃO ORIGENS
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(i) Horizontal: Onde se representa do lado esquerdo (1º membro) o ACTIVO e a Situação Líquida
Passiva e do lado direito (2º membro) o PASSIVO e a Situação Líquida Activa.
(ii) Vertical: Onde o 2º membro vem imediatamente abaixo do 1º membro, mantendo-se a ordem
indicada anteriormente.
Para além de cobrir políticas contabilísticas e outras considerações gerais sobre demonstrações
financeiras, a IAS 1, Apresentação de Demonstrações Financeiras, dá informação substancial sobre a
forma e conteúdo de demonstrações financeiras para publicação. A norma olha para o balanço e
demonstração de resultados (a demonstração de fluxos de caixa é coberta pela IAS 7). Vamos em
primeiro lugar tecer considerações gerais sobre as demonstrações financeiras.
A demonstração de resultados é o indicador mais importante do desempenho financeiro da empresa. Por isso é
importante evitar que esta demonstração seja enganosa.
A demonstração de resultados será enganosa, por exemplo, se custos incorridos no presente exercício forem
deduzidos, não dos proveitos deste exercício mas dos lucros acumulados em exercícios anteriores. Isto
resultaria numa apresentação mais favorável dos lucros do ano corrente.
A IAS 1 estipula que todos itens de custo e proveito reconhecidos num período devem ser incluídos na
demonstração de resultados a não ser que uma outra norma ou interpretação requeira o contrário.
As circunstâncias em que alguns itens podem ser excluídos da demonstração de resultados do ano corrente
incluem a correcção de erros e o efeito de alterações em políticas contabilísticas. Todos estes casos são
tratados pela IAS 8, Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros.
· A norma contêm formatos recomendados de apresentação, que as empresas podem ou não seguir,
dependendo das suas circunstâncias.
Obviamente, as divulgações especificadas por outras normas também têm de ser feitas, estas serão abordadas
quando estivermos a ver cada norma por sua vez. As divulgações, tanto na IAS 1 e noutras normas devem ser
feitas ou na face da demonstração ou nas notas. As divulgações exigidas pelas normas de Contabilidade não
podem ser feitas em relatórios que acompanham as demonstrações financeiras.
Como resultado do ponto acima, é importante que as entidades distingam claramente as demonstrações
financeiras de outra informação publicada com as mesmas. Isto é porque todas IAS são aplicáveis somente
para as demonstrações financeiras (isto é as demonstrações principais e respectivas notas ), por isso os leitores
do relatório anual e contas têm de ser capazes de diferenciar entre as partes do relatório que são preparadas
com base nas IAS, e outras partes que não são.
A entidade deve identificar cada componente das demonstrações financeiras claramente. A IAS 1 também
requer a divulgação da informação seguinte numa posição proeminente. Se necessário, tal divulgação deve ser
repetida em cada lugar onde seja útil faze-lo para ajudar o utente no seu entendimento sobre a informação
apresentada.
a) o nome da entidade que relata ou outros meios de identificação, e qualquer alteração nessa
informação desde a data do balanço anterior;
(c) a data do balanço ou o período abrangido pelas demonstrações financeiras, conforme o que
for apropriado para esse componente das demonstrações financeiras;
(d) a moeda de apresentação, tal como definido na IAS 21, Os Efeitos de Alterações em Taxas
de Câmbio; e
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Julgamento deve ser usado na determinação do melhor método de apresentar a informação. Em particular, a
norma sugere que a abordagem poderá ser diferente se as demonstrações financeiras forem para distribuição
por via electrónica.
O nível de precisão é importante. Por exemplo, apresentar os valores em milhares faz com que a informação
seja facilmente entendida. O nível de precisão deve ser divulgado e não deverá resultar na omissão de detalhes
necessários nem tornar a informação menos relevante.
É normal as empresas apresentarem as demonstrações financeiras numa base anual e a IAS 1 diz que as
demonstrações financeiras devem ser preparadas pelo menos anualmente. Se (o que não é normal) a data do
balanço duma entidade for alterada, por qualquer razão que for, o período de apresentação das demonstrações
financeiras será mais ou menos do que um ano.
Para ser prático, algumas empresas preferem utilizar um período que aproxima um ano, por exemplo, 52
semanas e a IAS permite isto pois produz demonstrações financeiras que não diferem materialmente daquelas
preparadas numa base anual.
1.6.2.3 Tempestividade
Se a publicação de demonstrações financeiras é atrasada demasiado depois da data do balanço, a sua utilidade
será severamente diminuída. A norma diz que o ideal é as empresas produzirem as suas demonstrações
financeiras dentro de seis meses da data do balanço. Uma empresa com operações consistentemente
complexas não pode usar isto como pretexto para atrasar a publicação de demonstrações financeiras em tempo
útil. A legislação local e do mercado impõem prazos específicos para as empresas submeterem/publicarem as
suas contas.
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A IAS 1 distingue entre itens correntes e não correntes. Vejamos o formato sugerido do balanço (incluído como
um anexo à norma) primeiro e depois veremos as divulgações.
Activos
Trespasse X X
Investimentos em associadas X X
X X
Activos correntes
Existências X X
Clientes X X
X X
Total de activo X X
Capital social X X
Outras reservas X X
Resultados acumulados X X
X X
Interesse minoritário X X
A IAS 1 especifica vários itens que devem aparecer na face do balanço como divulgações mínimas.
a) Propriedade, instalações e equipamento
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b) Propriedade de investimento
c) Activos intangíveis
d) Activos financeiros excluindo e), h) e i)
e) Investimentos contabilizados pelo método de equivalência patrimonial
f) Activos biológicos
g) Existências
h) Clientes e outros devedores
i) Caixa e equivalentes de caixa
j) Fornecedores e outros credores
k) Provisões
l) Passivo financeiro excluindo j) e k)
m) Dívidas de imposto corrente
n) Interesses minoritários
o) Capital social e reservas
Quaisquer outras linhas, títulos e subtítulos devem ser apresentados na face da demonstração de resultados
quando for necessário para uma melhor compreensão da posição financeira da entidade.
O exemplo acima é apenas ilustrativo (embora seguiremos neste formato), não é obrigatório. A IAS 1, não
prescreve a ordem em que os itens alistados acima devem ser apresentados no balanço nem o formato do
balanço. A IAS 1 apenas diz que os itens acima devem ser apresentados separadamente por que são diferentes
na sua natureza e função.
Se itens adicionais são ou não apresentados separadamente é uma questão de julgamento com base na
avaliação dos seguintes factores:
a) Natureza e liquidez dos activos e sua materialidade. O trespasse e activos que surgirem de custos
de desenvolvimento serão apresentados separadamente, assim como activos monetários/não
monetários e correntes/não correntes.
A norma também requer apresentação separada onde as bases de mensuração forem diferentes para activos e
passivos que diferem na sua natureza e função. De acordo com a IAS 16, Activos Fixos Tangíveis por exemplo,
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é permitido contabilizar certos activos tangíveis ao custo, enquanto outros podem ser contabilizados ao valor de
reavaliação.
Uma entidade deve divulgar, ou na face do balanço ou nas notas, outras subclassificações das linhas de itens
apresentadas acima. A classificação dependerá da natureza das operações da entidade. Adicionalmente a sub-
classificação dos itens de acordo com a sua natureza, quaisquer montantes a pagar ou a receber de empresas
do grupo devem ser divulgadas separadamente.
O pormenor proporcionado nas subclassificações depende dos requisitos das IFRS`s – International Finnancial
Reports Standards (NIRF´s - Normas Internacionais de Relato Financeiro) e da dimensão, natureza e função
das quantias envolvidas. Os factores estabelecidos acima também são usados para decidir a base da
subclassificação. As divulgações variam para cada item, por exemplo:
(a) os itens do activo fixo tangível são desagregados em classes de acordo com a IAS 16;
(b) as contas a receber são desagregadas em quantias a receber de clientes, contas a receber de
partes relacionadas, pré-pagamentos e outras quantias;
(d) as provisões são desagregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens;
e
(e) o capital próprio e as reservas são desagregados em várias classes, tais como capital pago,
prémios de acções e reservas.
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(a) para cada classe de capital em acções:
(iii) o valor ao par por acção, ou que as acções não têm valor ao par;
(vi) acções da entidade detidas pela própria entidade ou por subsidiárias ou associadas;
e
(vii) acções reservadas para emissão segundo opções e contratos para a venda de
acções, incluindo os termos e as quantias; e
(b) uma descrição da natureza e da finalidade de cada reserva dentro do capital próprio.
Uma entidade sem capital em acções, tal como uma parceria ou fundações, deve divulgar informação
equivalente à exigida no parágrafo acima, mostrando as alterações durante o período em cada categoria de
capital próprio e os direitos, preferências e restrições associados a cada categoria de capital próprio.
Cada entidade deve decidir se quer apresentar os activos e passivos correntes e não correntes como
classificações separadas no balanço. Esta decisão deve ser baseada na natureza das operações da empresa.
Quando uma empresa opta por não apresentar esta classificação, deve apresentar os seus activos e passivos
em ordem de liquidez.
Em qualquer dos caso, a entidade deve divulgar qualquer porção dum activo ou passivo que se espera venha a
ser recuperada ou liquidada depois de mais de 12 meses. Por exemplo, no caso dum valor a receber em
prestações, a porção a ser recebida depois de 12 meses deve ser divulgada.
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A norma enfatiza a utilidade da informação sobre o ciclo operacional para os utentes das demonstrações
financeiras. Onde existir um ciclo claramente definido em que a entidade fornece mercadorias ou presta
serviços, então a informação divulgando os activos líquidos que estão continuamente a movimentar como
“capital circulante” é muito útil.
Isto os distingue daqueles activos líquidos que são usados nas operações da entidade ao longo prazo. Os
activos que se espera sejam realizados e passivos que se espera sejam liquidados dentro do ciclo operacional
devem por isso ser claramente evidenciados na apresentação.
A liquidez e solvência duma entidade é também indicada por informação a cerca das datas de maturidade dos
seus activos e passivos. Como veremos mais tarde, a IAS 32, Instrumentos Financeiros: Divulgação e
Apresentação requer a divulgação das datas de maturidade tanto de activos financeiros como de passivos
financeiros. (Os activos financeiros incluem clientes e outros devedores, passivos financeiros incluem
fornecedores e outros credores). No caso de activos não monetários, por exemplo as existências, tal informação
é também útil.
Um activo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso
normal do ciclo operacional da entidade;
(c) espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço; ou
(d) é caixa ou seu equivalente (conforme definido na IAS 7 Demonstração dos Fluxos de Caixa),
a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos
doze meses após a data do balanço.
25
Todos os outros activos devem ser classificados como não correntes.
Não corrente inclui activos tangíveis, intangíveis e activos operacionais e financeiros de longo prazo. Outros
termos com o mesmo significado podem ser usados, por exemplo, activos fixos, activos de longo prazo etc.
O termo ciclo operacional foi usado muitas vezes a cima. A norma o define como: o tempo entre a aquisição
de activos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes.
Os activos correntes por isso incluem activos (tais como existências e clientes) que são vendidos, ou realizados
como parte do ciclo normal de operações. Este é o caso mesmo quando não se espera que sejam realizados
dentro de 12 meses.
Os activos correntes também incluem investimentos financeiros se estes tiverem uma maturidade que não vá
além dos 12 meses da data do balanço. Se a maturidade for superior a 12 meses, deverão ser apresentados
como activos não correntes.
Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;
(c) deverá ser liquidado num período até doze meses após a data do balanço; ou
(d) a entidade não tem um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo
menos doze meses após a data do balanço.
A categorização de passivo corrente é muito similar a de activo corrente. Por isso alguns passivos correntes são
parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal da empresa (isto é fornecedores e antecipações
passivas de custos operacionais).
26
Existem também passivos correntes que não são liquidados como parte do ciclo operacional normal, mas cuja
liquidação se espera ocorra dentro de 12 meses da data do balanço. Estes incluem descoberto bancário,
impostos, outros credores e a porção corrente de empréstimos sujeitos a juros.
Quaisquer passivos sujeitos a juros que são usados para financiar o capital circulante a longo prazo, e que não
serão liquidados dentro de 12 meses da data do balanço, devem ser classificados como passivo não corrente.
Um passivo financeiro de longo prazo a ser liquidado dentro dos próximos 12 meses deve continuar a ser
classificado como passivo corrente mesmo que um acordo de refinanciamento ou reprogramação dos
pagamentos ao longo prazo seja assinado depois da data do balanço e antes da aprovação das demonstrações
financeiras para emissão.
demonstrações
balanço refinanciamento financeiras <12 meses da data
Um passivo de longo prazo que é pagável perante notificação do financiador porque a entidade violou uma
condição do acordo de financiamento deve ser classificado como passivo corrente a data do balanço mesmo
que o financiador tenha afirmado depois da data do balanço e antes da aprovação das demonstrações
financeiras para emissão que não vai exigir pagamento imediato da dívida como conseqüência da violação.
financeiras para
Empréstimo passa balanço imediato do empréstimo emissão
Entretanto se o financiador tiver concordado à data do balanço em conceder um período de graça que termina
pelo menos 12 meses depois da data do balanço, período dentro do qual a entidade possa retificar a violação;
desde que o financiador não possa exigir o reembolso imediato do empréstimo durante o período da graça, o
empréstimo será classificado como de longo prazo.
27
1.6.2.5 Divulgações na Demonstração de Resultados
A IAS 1 oferece dois formatos possíveis para a demonstração de resultados, sendo a diferença entre os dois, a
classificação de despesas por função ou por natureza.
28
Blue Jasper Lda
Demonstração de Resultados
Do ano findo em 31 de Dezembro do Ano X
A norma alista os seguintes itens como divulgações mínimas na face da demonstração de resultados:
(a) rédito;
(b) custos financeiros;
29
(c) participação nos resultados de associadas e de empreendimentos conjuntos contabilizados pelo
método da equivalência patrimonial;
(d) gastos de imposto;
(e) Lucro/prejuízo antes de impostos reconhecido no abate de activos ou liquidação de passivos
atribuíveis a actividaes operacionais descontinuadas
f) Lucro/prejuízo do exercício
Os itens que se seguem devem ser divulgados na face da demonstração dos resultados como imputações de
resultados para o período:
(a) resultados atribuíveis a interesse minoritário; e
(b) resultados atribuíveis aos detentores de capital próprio da empresa-mãe.
Os montantes alocados não devem ser apresentados como proveitos nem despesas. Existe um requisito similar
para a demonstração de alterações em capital próprio.
Uma entidade deve apresentar uma análise dos gastos usando uma classificação baseada ou na natureza dos
gastos ou na sua função dentro da entidade, deles o que proporcionar informação fiável e mais relevante.
Os gastos são subclassificados a fim de destacar componentes do desempenho financeiro que possam diferir
em termos de frequência, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade.
Os gastos são agregados na demonstração dos resultados de acordo com a sua natureza (por exemplo,
depreciações, compras de materiais, custos de transporte, benefícios dos empregados e custos de publicidade),
30
não sendo novamente imputados entre as várias funções dentro da entidade. Este método pode ser simples de
aplicar porque não são necessárias imputações de gastos a classificações funcionais.
Os gastos são classifcados de acordo com a sua função como parte do custo de vendas ou, por exemplo, dos
custos de distribuição ou de actividades administrativas. Como mínimo, uma entidade divulga o custo de vendas
segundo este método separadamente dos outros gastos. Este método pode proporcionar informação mais
relevante aos utentes do que a classificação de gastos por natureza, mas a imputação de custos a funções
pode exigir imputações arbitrárias e envolver ponderação considerável.
Consequentemente, talvez quando este método for a ser usado, as entidades devem divulger informação
adicional sobre a natureza dos gastos, incluindo as remunerações aos trabalhadores e amortizações.
A escolha entre o método da função do gasto e o método da natureza do gasto depende de factores históricos e
sectoriais e da natureza da entidade. Ambos os métodos proporcionam uma indicação dos custos que podem
variar, directa ou indirectamente, com o nível de vendas ou de produção da entidade.
1.6.2.5.5 Os dividendos
Uma entidade deve divulgar, ou na face da demonstração dos resultados ou na demonstração de alterações no
capital próprio, ou nas notas, a quantia de dividendos reconhecida como distribuições aos detentores de capital
próprio durante período, e a quantia relacionada por acção.
31
1.6.2.6.1 Formato
A demonstração pode ser no formato ilustrado abaixo (mostarndo todas alterações em capitais próprios) ou no
formato duma demonstração de rendimento e gastos reconhecidos directamente nos capitais próprios.
Phakati SARL
Demonstração de alterações em capitais próprios
Para o ano findo em 31 de Dezembro da Ano X
Capital Prémio de Reserva de Reservas Resultados Total
social emissão reavaliação acumulados
MT MT MT MT MT MT
Saldo de abertura x x x x x x
Alterações devido ao
aumento de capital e
pagamento de dividendos
Aumento de capital x x x
Pagamento de dividendos (x) (x)
Outras alterações
Lucro do exercício x x
1.6.2.7.2 Estrutura
A forma de apresentação das notas é muito importante. As notas devem ser apresentadas, tanto quanto seja
praticável, de uma forma sistemática. Cada item na face do balanço, na demonstração dos resultados, na
demonstração de alterações no capital próprio e na demonstração dos fluxos de caixa deve ter uma referência
cruzada com qualquer informação relacionada nas notas.
As notas são normalmente apresentadas pela seguinte ordem, o que ajuda os utentes a compreender as
demonstrações financeiras e a compará-las com demonstrações financeiras de outras entidades:
(a) uma declaração de conformidade com as IFRSs;
(b) um resumo das políticas contabilísticas significativas aplicadas
(c) informação de suporte de itens apresentados na face do balanço, na demonstração dos
resultados, na demonstração de alterações no capital próprio e na demonstração dos fluxos
de caixa, pela ordem em que cada demonstração e cada linha de item seja apresentada; e
(d) outras divulgações, incluindo:
(i) passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos; e
(ii) divulgações não financeiras, por exemplo, os objectivos e políticas de gestão do risco
financeiro da entidade.
É importante que os utentes estejam informados sobre a base ou bases de mensuração usada(s) nas
demonstrações financeiras. Quando mais de uma base de mensuração for usada nas demonstrações
financeiras, é suficiente proporcionar uma indicação das categorias de activos e de passivos à qual cada base
de mensuração seja aplicada.
33
1.6.2.9 Outras divulgações
A IAS 1 termina alistando algumas divulgações específicas que serão sempre requeridas se já não estiverem
apresentadas noutro sítio nas demonstrações financeiras:
a) O domicílio e natureza legal da entidade, o seu país de incorporação e o endereço da sua
sede.
b) Uma descrição da natureza das operações da entidade
c) O nome da empresa mãe e a holding do grupo.
34
Resultado de
Aprendizagem 2: Registar os lançamentos de regularização das contas
Temas
35
2. Regularização de Contas
Analisamos no capítulo anterior, de uma forma geral, os procedimentos a seguir para o encerramento das
contas no Fim do Exercício. Toda a teoria vista, só é válida se acompanhada por um entendimento prático do
saber fazer (como fazer e porque fazer).
Assim, neste capítulo iremos abordar o propósito de cada um dos lançamentos de rectificação e proceder aos
respectivos registos contabílisticos. Os exemplos aqui abordados não esgotam a totalidade das operações
existentes a nível das empresas, mas permitirão ter uma visão exaustiva de como lidar com o processo, o que
permitirá mais tarde solucionar outras situações adversas.
Mas vamos iniciar, recordando que o objectivo das Demonstrações Financeiras é dar informação sobre a
posição financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de uma empresa, que sejam úteis a um
grande número de stakeholders na tomada de decisões.
Entretanto, as Demonstrações Financeiras não fornecem todas as informações que as empresas possam
necessitar parar tomar decisões económicas, uma vez que elas retratam os efeitos financeiros e acontecimentos
passados e não incluem necessariamente informações não-financeiras.
a) A legislação sobre as sociedades anónimas é mais extensiva e exigente. Entre outras coisas, pode
definir certos tipos de registos contabilísticos que devem ser mantidos por tais empresas. A legislação
pode também exigir que as demonstrações financeiras de sociedades anónimas sejam submetidas a
um departamento do Estado onde estejam disponíveis para consulta pública. A legislação também
contém requisitos mínimos de divulgação nas demonstrações financeiras. As pequenas e médias
36
empresas que não têm limite de responsabilidade, normalmente gozam duma certa liberdade no
concernente à exigências estatutárias.
b) Os proprietários duma sociedade anónima (os seus membros ou accionistas) podem ser muito
numerosos. O seu capital é apresentado de forma diferente quando comparado com o capital duma
PME. Da mesma forma, a conta de apropriação duma sociedade anónima é diferente.
O montante de capital envolvido numa PME é normalmente modesto e os proprietários geralmente participam
na gestão da empresa. A sua responsabilidade pelas dívidas da empresa é ilimitada, o que significa que no
caso de a empresa não conseguir pagar as suas dívidas, os proprietários serão responsabilizados
pessoalmente pelas dívidas e teriam que, se necessário, vender a sua propriedade privada para liquida-las. Por
exemplo, se um comerciante tem algum capital na sua empresa, mas a empresa deve 400 000 MTn que não
pode pagar, o comerciante pode ter que vender a sua casa para poder pagar a dívida.
As sociedades anónimas têm a vantagem de proteger os seus accionistas. Isto significa que o máximo que um
accionista pode perder no caso da empresa cair na falência e não poder pagar as suas dívidas é o seu capital
na empresa. Por isso, responsabilidade limitada é uma grande vantagem e por isso muitas vezes os pequenos
comerciantes convertem os seus negócios em empresas de responsabilidade limitada. Todavia, na prática, os
bancos normalmente procuram hipotecas pessoais dos accionistas antes de conceder empréstimos ou outras
facilidades de crédito, por isso as vantagens de responsabilidade limitada são perdidas pelos investidores em
pequenas empresas.
Desvantagens
c) Custos de incorporação da empresa são altos. Nalguns países existem custos a pagar anualmente
também.
Enquanto a empresa for crescendo, vai precisar de mais capital para financiar as suas actividades. Este capital
acabará sendo muito mais do que os proprietários do negócio podem contribuir. Uma forma de obter mais
capital é convidar investidores de fora da empresa para participarem no capital da entidade. Estes novos
proprietários normalmente não ajudam na gestão do negócio. Para tais investimentos, a responsabilidade
limitada é muito atractiva.
Os investimentos são sempre arriscados, mas com o limite de responsabilidade, o investidor sabe o valor
máximo que irá perder na altura que estiver a injectar capital numa empresa.
37
2.2 Os registos contabilísticos das Sociedades Anónimas de Responsabilidade Limitada
Existe quase sempre um requisito na legislação nacional para as empresas manterem registos contabilísticos
suficientes para apresentar e explicar as suas transacções. Os registos provavelmente terão as seguintes
qualidades:
b) Conter:
Vamos então estudar e analisar os propósitos e procedimentos inerentes às principais regularizações a efectuar
para o encerramento das contas, bem como os respectivos registos contabilísticos.
Os lançamentos de regularização (LR) têm por finalidade a rectificação dos saldos contabilísticos das contas,
derivados dos elementos fornecidos pelo balancete de verificação extraído em Dezembro (final do exercício
económico) e pelo inventário patrimonial, permitindo adoptar os saldos contabilísticos das contas aos seus
valores reais, registando dessa forma, as diferenças encontradas entre ambos. Os Lançamentos de
Regularização mais comuns são:
38
2.3.1 Diferenças de caixa
O saldo da conta Caixa é sempre devedor e corresponde ao dinheiro em cofre. Para efeitos de controlo devem
efectuar-se contagens no final do período contabilístico, cujo resultado deve ser comparado com o respectivo
saldo. As diferenças se existirem deverão ser investigadas.
Deve-se verificar diariamente a concordância entre o dinheiro em cofre e o saldo da conta. Nesta conferência
dois casos são possíveis:
· Existe dinheiro a mais no cofre: (valor real superior ao valor contabilistico), o que pode ser devido a
recebimento de importâncias superiores às debitadas ou a pagamentos menores do que as creditadas;
· Existe dinheiro a menos no cofre: (valor real inferior ao valor contabilístico), o que pode dever-se ao
recebimento de importâncias menores do que as debitadas ou a pagamentos de importâncias
superiores as creditadas.
A não concordância pode ser devido a arredondamentos ou enganos nos pagamentos e recebimentos que
importa descobrir, para se fazer a respectiva rectificação, dependente da natureza desse erro.
Esgotados, sem qualquer êxito, todos os recursos para a descoberta do erro e caso não haja um responsável
pela reposição das faltas, deve levar-se a diferença à conta 69. Custos e Perdas Extraordinárias ou à conta 79.
Proveitos e Ganhos Extraordinários, caso se verifiquem sobras.
Pelo ganho resultante da diferença apurada na conferência dos saldos, o registo que se efectua é o seguinte:
X X
Existindo perda resultante da diferença apurada na conferência dos saldos, o registo que se efectua é o
seguinte:
X X
39
Para suprir as diferenças de Caixa, é comum atribuir-se aos Caixas e/ou Tesoureiros, para além do ordenado,
um subsídio mensal designado subsídio de falha, com o qual deverá cobrir as falhas ou faltas que se verificam
nos valores à sua guarda.
Nestas condições, ao invés de se movimentar a conta 69. Custos e Perdas extraordinárias e considerar o valor
perdido, na contabilização das diferenças a menos, o valor é registado na conta 16.1 Outros Devedores –
Pessoal, atribuindo a responsabilidade de restituir o valor ao Tesoureiro:
X X
A cada conta bancária aberta pela empresa, corresponde no banco uma conta de sinal contrário.
Periodicamente, o banco remete ao respectivo titular o extracto bancário, que deverá ser conferido, comparando
os seus movimentos e saldo respectivo com os registos internos. Em virtude do desfasamento entre os
movimentos, o saldo apresentado pelo banco e o existente na empresa normalmente não coincidem. Neste
caso a diferença deve ser justificada enumerando exaustivamente os movimentos que se encontram na escrita
do banco e não se encontram na escrita da empresa e vice-versa. Esta enumeração deverá ser efectuada num
documento adequado chamado Mapa de Reconciliação Bancária
Todos os movimentos que não apareçam devido a erro ou omissão deverão ser corrigidos de imediato, só
devendo ficar em aberto aqueles cuja natureza o justifique, e que geralmente se reduzem a cheques emitidos e
que ainda não foram apresentados no banco ou depósitso efectuados em cheques que aguardam a respectiva
compensação.
Os juros bancários devidos pela empresa respeitantes ao período encerrado mas a pagar no período seguinte
serão tratados no ponto 2.3.8 assim como os juros a favor da empresa respeitantes ao período mas a serem
recebidos em períodos subsequentes, serão tratados no ponto 2.3.9. Importa referir que estas situações, por
não constarem no extracto bancário não originam registos na conta Bancos, mas sim em Acréscimos e
Diferimentos.
40
2.3.3 Créditos de Cobrança Duvidosa
Havendo dúvidas fundadas quanto à cobrança de qualquer crédito, em consequência da má situação financeira
e económica do cliente, revelada, por exemplo, pela manifesta dificuldade em solver os seus compromissos,
dever-se-á transferir a respectiva dívida da subconta Clientes c/Corrente para a subconta Clientes de Cobrança
Duvidosa.
X X
Como é óbvio, a subconta de Clientes de Cobrança Duvidosa também pode joogar com a subconta de Clientes
c/ Letras ou Títulos a Receber.
Caso a situação do cliente de cobrança duvidosa se venha a inverter, e este paga a sua dívida, isto implicará o
débito da conta 11. Caixa e o crédito da subconta 13.8 Clientes de Cobrança Duvidosa.
Caso se verifique a incobrabilidade do crédito duvidoso, isso implicará o débito da conta 69.3 Custos e Perdas
Extraordinárias – Créditos incobráveis.
X X
A constituição de provisões para fazer face aos créditos de cobrança duvidosa será tratata no ponto 2.3.5.
As quebras ou sobras traduzem-se em alterações para menos ou mais nas quantidades de xistências em
armazém num determinado momento. Neste âmbito é usual distinguir:
· Quebras ou sobras Normais – as verificadas com alguma regularidade e resultantes do exercício da
actividade, porque inerentes ao processo produtivo e ou ao manuseamento de certos bens;
41
· Quebras ou sobras Anormais – as de verificação imprevisível, extraordinária, e resultante de factos
alheios ao exercício da actividade (acidentes, roubos, incêndios, etc. )~
X X
X X
X X
X X
42
2.3.5 Regularização de stocks pelo sistema de inventário periódico (intermitente)
Em inventário períódico, o problema das quebras e sobras normais está relacionado com o trabalho de fim do
exercício.
Como sabemos, o ciusto das existências consumidas ou vendidas é determinado, no fim do exercício, após o
conhecimento da existência final, por intermédio da fórmula:
CV = Ei + Compras – Ef
No entanto, sempre que se tenham verificado, durante o exercício, algumas entradas ou saídas, não derivadas
de compras, vendas ou consumos, isto é, alheias ao custo das existências vendidas ou consumidas, este custo,
assim determinado, não corresponde à realidade, pois a existência final seria diferente, caso não se tivessem
verificado aquelas entradas e saídas.
Para que o custo das existências vendidas e consumidas, determinado pela fórmula anterior, corresponda à
realidade, bastará expurgá-lo daquelas variações, considerando o saldo da conta 28. Regularização de
Existências.
Observando que um saldo devedor desta conta, respeitando a entradas, implica um aumento do custo das
existências vendidas e consumidas e que um saldo credor, respeitando a saídas, implica uma redução daquele
custo, podemos generalizar a fórmula enteriormente utilizada:
X X
43
28. Regularizações MCM 22. Mercadorias
X X
As disponibilidades em moeda estrangeira são expressas no Balanço final do exercício ao câmbio em vigor
nessa data.
A contabilização das diferenças de câmbio apuradas no âmbito da conta caixa, no final do exercício, processa-
se da seguinte forma:
X X
X X
Quanto aos títulos negociáveis e outras aplicações de tesouraria , a sua valorização faz-se em obediência ao
seguinte:
a) A valorização será ao preço de aquisição, considerado este como o preço de compra acrescido das
despesas acessórias suportadas na mesma.
44
b) Se o preço de aquisição for superior ao preço de mercado, será este o utilizado. Neste caso, a
diferença será expressa na conta de provisão para aplicações de tesouraria, a qual será traduzida ou
anulada quando deixarem de existir os motivos que originaram.
c) Como método de custeio das saídas adoptam-se os seguintes:
· Custo específico
· Custo médio ponderado
· FIFO (First in first out)
· LIFO (Last in first out)
Os créditos e débitos a curto prazo, deverão ser actualizadas, no fim de cada exercício económico de acordo
com a taxa de câmbio em vigor à data do balanço, em contrapartida das contas 68.5 ou 78.5, consoante o caso.
X X
X X
Os créditos e débitos a médio e longo prazos, face a tendência para o alargamento dos prazos de venciemnto,
devem atender a dois aspectos distintos:
a) Ou a variação cambial revela uma certa tendência de mercado, que a torna irreverssível sendo, neste
caso, o seu movimento igual ao apresentado nos créditos e débitos a curto prazo.
b) Ou a variação cambial não apresenta aquela tendência de mercado, tornando-a reversível, devendo
por isso, ser contabilizada na conta de Acréscimos e Diferimentos.
As diferenças cambiais associadas a débitos resultantes da aquisição de imobilizações que ainda não tenham
entrado em funcionamento, serão registadas em Acréscimos e Diferimentos ou nas respectivas contas de
imobilizações, enquanto estiverem em curso.
45
Os valores contabilizados em Acréscimos e Diferimentos serão transferidos, anualmente para as respectivas
contas de custos e proveitos, logo após a entrada em funcionamento dos bens, sugerrindo-se, para o efeito, um
período compreendido entre os 3 e 6 anos.
Para fazer face a prováveis dívida de cobrança duvidosa, dever-se-á constituir uma provisão, contabilizando-a
como um custo para cobertura deste prejuízo incerto de montante incerto.
Para que as provisões para cobranças duvidosas sejam aceites como custos fiscais, será necessário:
O Plano Geral de Contabilidade prevê a existência desta conta, para registar a diminuição que é necessário
efectuar para que o saldo final da conta Clientes corresponda ao valor que se espera vir a receber dos mesmos.
A conta prevista 18.1 Provisão para cobranças duvidosas, será:
· É específica quando calculada sobre a dívida de cada cliente em particular (ex. Clientes com
processos judiciais);
2. Se trata duma provisão redutora ou correctora do activo porquanto o seu montante representa valores
previstos na não realização de activos. Sendo assim, para efeitos de demonstrações financeiras, ela
será reduzida às contas do activo para as quais foi constituída.
46
Aos movimentos nesta conta, quer da sua constituição ou reforço devem corresponder movimentos a débito em
conta adequada da classe de custos, 66.1 Provisões do Exercício – para cobranças duvidosas, a qual será
debitada pelos aumentos da referida provisão.
Quando se verifiquem reduções na provisão o saldo deve ser ajustado debitando-se a respectiva conta por
contrapartida da conta 79.6 Redução de Amortizações e Provisões integrada em Proveitos e ganhos
extraordinários.
A constituição de provisões não é uma retenção de lucros mas muito pelo contrário o registo de custos
efectivamente incorridos no exercício da actividade. A sua constituição e reforço deverá ocorrer sempre que os
clientes entram em situação de mora independente de se apurarem lucros ou prejuízos no exercício.
Para além daquela provisão, poderemos encontrar ainda, as seguintes provisões para riscos e encargos:
· Provisões para pensões – evidencia nos resultados da empresa um custo decorrente da constituição
dum plano de pensões que, de outra forma, não seria contabilizado.
· Provisões para Impostos – movimentada pelos impostos cuja obrigação esteja pendente de eventos ou
decisões futuros, nomeadamente no que respeita a direitos aduaneiros.
· Provisão para processos judiciais em curso – quando sobre uma empresa forem instaurados processos
judiciais e cuja resolução pelos tribunais esteja em curso, poderá constituir uma provisão para fazer
face à indemnização ou encargo que espera vir a suportar.
· Provisões para acidentes no trabalho e doenças profissionais – constituídas facultativamente para fazer
face a encargos decorrentes de acidentes no trabalho e doenças profissionais.
· Provisões para garantias a Clientes – destinadas a suportar os encargos derivados de garantias
previstas em contratos de venda.
· Provisões para outros riscos e encargos – serve para contabilizar riscos e encargos prováveis, não
cobertos pelas contas anteriores.
As Provisões para Depreciação de Existências, servem para registar as diferenças relativas ao custo de
aquisição ou de produção, resultantes da aplicação dos critérios definidos na valorimetria das existências. Ela
será constituída ou reforçada através da correspondente conta de custos, sendo debitada na medida em que se
reduzam ou cessem as situações que a originaram.
As Provisõs para Investimentos Financeiros, servem para registar as diferenças entre o custo de aquisição dos
títulos e outras aplicações financeiras e o respectivo preço de mercado quando este foi inferior àquele e os
riscos de cobrança de empréstimos financiamento.
47
2.3.8 Quotas anuais de amortizações do imobilizado
Aos diferentes imobilizados é normalmente fixado um determinado período de tempo, durante o qual se espera
que possam ser utilizados em condições de funcionamento económico. À medida que o imobilizado vai sendo
usado, a sua utilidade diminui, até se chegar teoricamente a uma nulidade, isto é, os bens imobilizaos ao serem
utilizados nos sucessivos exercícios vão-se depreciando, ou seja, vão perdendo valor.
A operação contabilística que visa simultâneamente a imputação do custo da utilização dos imobilizados pelos
diversos exercícios e a actualização (depreciação) desses mesmos bens, chama-se amortização.
Não iremos aqui abordar os diversos critérios de cálculo das amortizações, já estudados nos semestres
anteriores, mas apenas recordar a sua contabilização, que poderá ser efectuada por dois processos distintos:
X X
2. Criando uma conta (Amortizações acumuladas) onde são registadas as quotas de amortizações no fim
do período correspondente – Método Indirecto
X X
48
2.3.9 Acréscimo de Custos e Proveitos
Acréscimo de Custos serve de contrapartida aos custos a reconhecer no próprio exercício, ainda que não
tenham documentação vinculativa, cuja despesa só venha a incorrer em exercício ou exercícios posteriores.
Assim, como os consumos devem ser atribuídos ao exercício em que ocorrem, devemos proceder à sua
contabilização. Como exemplo pode-se apontar:
· Consumos de água, energia, telefone, fax, respeitantes ao(s) último(s) mes(es) de cada exercício(s);
X X
No ano seguinte, aquando do pagamento, a conta de Acréscimo de Custos deve ser debitada, juntamente com
a de Devedor Estado, caso haja lugar a impostos, por contrapartida da conta de Disponibilidades.
A conta Acréscimos de Proveitos serve de contrapartida aos proveitos a registar no próprio exercício, ainda que
não tenham documentação vinculativa, cuja receita só venha a obter-se em exercício ou exercícios posteriores.
Como exemplos, podemos citar:
· Juros de depósitos a prazo relativos ao exercício, mas que o banco creditará apenas no exercício
seguinte, por ser aí a data de vencimento;
· Rendimentos de Participações de capital relativos ao exercício, mas que serão apenas atribuídos no
exercício económico seguinte;
· Bónus, comissões, descontos especiais respeitantes ao exercício em curso mas que serão apenas
creditados e recebidos no exercício seguinte;
· Devoluções de compras efectuadas no exercício, mas cuja nota de crédito do fornecedor só foi emitida
no exercício seguinte;
49
· Encargos ou serviços prestados no Exercício em curso, mas facturados apenas no exercício
económico seguinte; etc.
X X
Portanto, Custos diferidos são despesas ocorridas no exercício cujo consumo ou utilização se verificará em
exercícios posteriores, Sendo assim e como os custos representam consumos, logo devem ser classificados
como custos de exercício(s) seguinte(s) e não do exercício em curso. Como exemplo de despesas com custo
diferido, temos, na parte que corresponde ao exercício económico seguinte, os encargos com:
· Rendas adiantadas;
· Juros antecipados;
Para sua contabilização, no momento em que se faz o pagamento e se identifica que a despesa diz respeito ao
exercício seguinte, far-se-á o seguinte lançamento:
50
19.2 Custos Diferidos 12.1 Depósitos a Ordem
X X
Caso se tenha detectado que uma determinada despesa tenha sido considerada custo do exercício, mas o seu
consumo só irá ocorrer no exercício seguinte, então creditar-se-á a conta respectiva do custo, que havia sido
debitada inicialmente.
No ano seguinte, teria de se fazer a transferência, para a respectiva imputação, debitando a conta de Custos,
por crédito da conta 19.2 Custos Diferidos.
Os Proveitos diferidos, representam os proveitos que devem ser reconhecidos nos exercícios seguintes. Trata-
se de uma conta que tem por objectivo registar a crédito, as receitas ou rendimentos obtidos no exercício mas
imputáveis a exercício(s) seguinte(s).
Supondo que tenha havido a emissão de uma factura sobre o cliente relativa a produtos a fornecer no exercício
seguinte. O registo a efectuar seria o seguinte:
51
13.1 Clientes c/ Corrente 49.2 Proveitos Diferidos
X Z
No caso de se detectar que um determinado proveito, contabilizado como tal, pertença ao exercício seguinte,
procede-se à devida regularização, debitando-se a respectiva conta de Proveitos por crédito da conta 49.2
Proveitos Diferidos.
No ano seguinte, aquando do fornecimento dos produtos ou da efectivação do proveito, debita-se a conta 49.2
Proveitos Diferidos por crédito da respectiva conta de Proveitos, da classe 7.
52
Resultado de
Aprendizagem 3: Apurar o Resultado do Exercício;
Âmbito de Aplicaçao:
Aplicável no contexto das operações contabilísticas de fim de exercício;
Contexto:
Normas e procedimentos da Contabilidade; Plano Geral de
Contabilidade; Balancetes, software contabilístico; Folha de calculo
Meios:
Evidências Requeridas:
Evidência escrita e/ou oral segundo o CD (a) e evidência prática de que
o formando consegue apurar o Resultado e apresentar o Balancete
Final, segundo os CD (b) e (c);
Temas
3. Apuramento de Resultados
3.5 Apuramento do Resultado antes de
3.1 Apuramentos dos Resultados
Impostos
Operacionais
3.6 Apuramento do Resultado Líquido
3.2 Apuramento do Resultado
3.7 Balancete Final ou de Encerramento
Financeiro
3.8 Considerações gerais sobre a
3.3 Apuramento do Resultado
Determinação da matéria colectável
Extraordinário
3.4 Apuramento do Resultado corrente
53
3. Apuramento de Resultados
Os lançamentos de apuramento de resultados têm por finalidade transferir para as contas principais os saldos
evidenciados pelas contas subsidiárias, com vista à determinação dos resultados líquidos da empresa.
As referidas contas subsidiárias, são na sua totalidade, contas de custos e de proveitos, isto é, pertencentes às
classes 6 e 7, daí poder dizer-se que os lançamentos de apuramento de resultados permitem atingir
simultaneamente dois objectivos:
· O primeiro, agrupar nas contas principais os factores positivos e negativos do rédito, resultando daí o
seu valor;
· O segundo, fechar as contas de custos e proveitos, visto que ficarão com saldo nulo após a
transferência dos seus valores para a conta principal.
O plano geral de contabilidade, adopta uma classificação funcional dos resultados, visto estruturá-los da
seguinte forma:
Operacionais
Correntes
Resultados Financeiros
Extraordinários
Sendo assim, os lançamentos de apuramento dos resultados deverão permitir-nos a determinação de cada um
dos referidos resultados, pelo que observarão as seguintes etapas:
54
3.1 Apuramento do Resultado Operacional
Esquema
81. Resultados Operacionais
Contas 61 a 67 Contas 71 a 76
Sd (1) CO PO (2) Sc
28 28
Sc (5) Re Re (6) Sc
Legenda:
(1) Transferência dos custos operacionais (saldo devedor das contas 61 a 67).
(2) Transferência dos proveitos operacionais (saldos credores das contas 71 a 76).
(3) Anulação das existências inicias de produção (produtos acabados, em curso, subprodutos, etc.).
(4) Registo das existências finais de produção.
(5) e (6) Transferência dos saldos devedores e credores, respectivamente, da regularização de
existências de produção ( produtos acabados e subprodutos).
Conta 68 Conta 78
Sd (1) CF PF (2) Sc
Esquema:
Conta 69 Conta 79
Sd (1) CE PE (2) Sc
Legenda:
(1) Transferência dos custos extraordinários (saldos devedores das subcontas da conta 69 – Custos e
Perdas Extraordinárias).
(2) Transferência dos proveitos extraordinários (saldos credores das subcontas da conta 79 – Proveitos e
Ganhos extraordinários)
Trata-se duma fase optativa, na medida em que o PGC prevê a não utilização da conta 83 – Resultado corrente,
deixando essa utilização ao critério da empresa.
A optar pelo seu uso, teremos:
Esquema:
56
83. Resultados Correntes
Conta 81 Conta 81
Sd (1) CrO LrO (2) Sc
Conta 82 Conta 82
(3) PrF LrF (4)
Legenda:
(1) Transferência do prejuízo operacional (quando a conta 81 tiver saldo devedor)
(2) Transferência do lucro operacional (quando a conta 81 tiver saldo credor)
(3) Transferência do prejuízo financeiro (quando a conta 82 tiver saldo devedor)
(4) Transferência do lucro financeiro (quando a conta 82 tiver saldo credor).
Trata-se também duma fase facultativa, pelo que dependerá também da opção da empresa. A verificar-se,
teremos:
Esquema:
Conta 83 Conta 83
Sd (1) PrC LrC (2) Sc
Conta 84 Conta 84
(3) PrE LrE (4)
Corresponde, na prática, ao agrupamento na conta 88, do Resultado Líquido do Exercício antes de impostos e
da tributação sobre os rendimentos.
Importante recordar que o Imposto sobre o rendimento corresponte a quantia estimada para o imposto que
incidirá sobre os resultados corrigidos para efeitos fiscais, por contrapartida da conta 44. Credor Estado –
Imposto sobre o Rendimento de pessoas Colectivas.
Esta conta destina-se a acolher a débito o quantitativo previsívil, calculado com referência a 31 de Dezembro,
do imposto sobre o rendimento que será devido no exercício seguinte àquele a que o resultado respeita.
X X
Esquema:
58
88. Resultados Líquido do Exercício
Conta 86 Conta 86
Sd (1) RAI RAI (2) Sc
Conta 85
(3) IRPC
Legenda:
(1) Transferência do resultado antes de impostos (prejuízo)
(2) Transferência do resultado antes de impostos (lucro)
(3) Transferência do IRPC estimado.
Após estas transferências, todas as contas de resultados ficarão saldadas, excepto a conta 88 que representa o
resultado do exercício, líquido da correspondente tributação.
Contas
da
Classe 6
81 R.O. 83 R.C. 86 RAI
Contas
da 82 R.F. 85
Classe 7
IRPC
84 R.E.
Variações
de
88
Existências
de
Res.Liq.Exercício
Produção 59
3.7 Balancete Final ou de Encerramento
Em esquema:
Lançamentos
1. Todas as contas subsidiárias, quer de resultados, quer de existências, aparecem saldadas, visto os
seus saldos terem sido transferidos para as contas principais respectivas;
2. As contas que neste balancete evidenciam saldo são contas de Balanço: activas, as que apresentem
saldo devedor e passivas, as que apresentem saldo credor. Aqui as noções activas e passivas não têm
a limitação das correspondentes rubricas do Balanço, mas sim um significado mais amplo.
Com base no balancete de encerramento elaboram-se os Balanços Finais (mais desenvolvido ou mais
simplificado) e efectua-se o lançamento de fecho de contas.
De referir por último, que neste balancete devem estar representadas todas as contas do grau a que
corresponde, mesmo que estas se apresentem saldadas.
Como o próprio nome sugere, tem como base os valores evidenciados pela contabilidade, organizada nos
termos da lei comercial7 e fiscal, de modo a permitir o controlo do lucro tributável. Este regime é obrigatório
para:
7
Inventário e Balanços; Diário, Razão, Actas das Acções e Balancetes do Razào.
60
· Empresas públicas;
· Sociedades anónimas;
· Restantes sujeitos passivos, com volume de negócios no ano anterior superior a 1 500 000,00MT.
O Resultado Líquido antes de impostos é o ponto de partida de cálculo do IRPC e não é mais do que o
resultado contabilístico que traduz toda a actividade da empresa durante o período económico relevante – o
exercício. Este valor retira-se da “Demonstração de resultados” elaborada de acordo com o PGC aprovado pelo
Decreto nº 13/84, de 14 de Dezembro. A “Demonstração” visa evidenciar os resultados – lucros ou prejuízos,
obtidos pela empresa no decurso do exercício, ou seja, a diferença entre os custos e proveitos do exercício.
Se o RLE é o ponto de partida para o apuramento do IRPC, importa ter desde já presente que o lucro tributável
se alcança somando ou subtraíndo ao RLE as correcções fiscais previstas no CIRPC. Assim, se uma
8
Nesta fase inclui-se a dedução do pagamento especial por conta e Dupla Tributação Internacional
61
importância foi contabilizada como custo (e, portanto, o RLE reflecte esse custo, tendo um valor inferior ao que
teria se o mesmo não fosse contabilizado) e essa importância não é custo fiscal, deve somar-se ao RLE um
valor igual ao que foi contabilizado.
Exemplo:
Uma sociedade registou em 2007 um rendimento de 700 mil MT, após contabilizar como custos:
Resposta:
700 000,00 MT
+1 000,00 MT (não é custo fiscal – c) – nº 1 do artº 36 do CIRPC.
--------------------------
701 000,00MT (Lucro tributável)
Os salários são custos fiscais – d) – artº 22, do CIRPC pelo que não há correcção fiscal.
O RLE depende dos proveitos ou ganhos e dos custos ou perdas considerados na contabilidade. Porém, as
regras da fiscalidade nem sempre coincidem com as da contabilidade, como resulta das correcções fiscais ao
RLE que o CIRPC determina.
Também por isso, o artº 20 contém uma definição e uma enumeração exemplificativa própria do que considera
ser proveitos fiscais do exercício, não remetendo unicamente para o PGC. Daquele preceito verifica-se que o
conceito de proveitos ou ganhos a considerar é bastante amplo, nele se incluindo quer os que resultam de uma
acção normal ou ocasional, quer os que decorrem da actividade básica ou meramente acessória da empresa.
b) Rendimentos de imóveis;
c) Rendimentos de carácter financeiro, tais como juros, dividendos e outras participações em lucros,
descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio e prémios de emissão de obrigações;
62
d) Remunerações auferidas pelo exercício de cargos sociais;
h) Mais-valias realizadas;
Como se disse, esta lista não é exaustiva e outros proveitos se podem incluir nos proveitos ou ganhos fiscais
para efeitos de IRPC. Em última análise, são incluídos todos os que se traduzem em variações quantitativas
(neste caso positivas) da situação líquida da empresa.
À semelhança do que vimos para os proveitos também no que respeita aos custos o CIRPC optou por uma
norma geral de definição e uma enumeração exemplificativa – artº 22.
Da definição de custos e perdas retira-se o princípio da comprovada indispensabilidade dos mesmos para a
realização dos proveitos ou ganhos sujeitos a imposto, ou para a manutenção da fonte geradora. Por isso,
custos ou perdas que, ainda que contabilizadas:
63
Face àquela enumeração exemplificativa, importa também ter em atenção, que a mesma deve ser comprovada
com os restantes proveitos do Código que tratam da aceitação fiscal (ou da não aceitação fiscal) dos custos
contabilizados. Um exemplo dessas normas é o artº 36.
Assim, após reproduzir as alíneas do artº 22, passamos a analisar os casos em que pode haver excepção à
consideração geral como custo constante deste preceito.
a) Encargos relativos à produção ou aquisição de quaisquer bens ou serviços, tais como os respeitantes
às matérias utilizadas, mão-de-obra, energia e outros gastos gerais de fabricação, conservação e
reparação;
c) Encargos de natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração,
descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de crédito, cobrança de
dívidas e emissão de acções, obrigações e outros títulos, e prémios de reembolso;
f) Encargos fiscais e parafiscais a que estiver sujeito o contribuinte, sem prejuizo do disposto no artº 43;
g) Reintegrações e amortizações;
h) Provisões;
i) Menos-valias realizadas;
64
Exemplo:
Será aceite como custo fiscal o pagamento efectuado a um serralheiro para arrombar a entrada de um edifício
onde estão guardadas matérias primas que a empresa não adquiriu mas que necessita para a produção?
Resposta:
Não. Preenchendo tal comportamento o tipo penal do crime de arrombamento previsto no artº 442 do Código
Penal, este custo, se contabilizado, deverá acrescer ao RLE.
O CIRPC admite ainda a aceitação como custo de outras realizações de utilidade social, desde que
reconhecidas como tal pela Administração Tributária. Havendo dúvidas sobre a qualificação de tais realizações,
deverá a empresa requerer à Administração que se pronuncie sobre o seu reconhecimento.
65
Resultado de
Aprendizagem 4: Conhecer os procedimentos de prestação de contas;
Temas
66
4. A Prestação de Contas
4.1 Introdução
No final de cada exercício económico, todas as empresas são obrigadas a apresentar os seus relaórios e
contas.
A Legislação estabelece que todo o comerciante é obrigado a dar Balanço anual ao seu Activo e Passivo nos
três primeiros meses do ano imediato.
Vamos pois, debruçarmo-nos sobre os relatórios e contas individuais das sociedades, no que se refere à sua
apresentação, apreciação e divulgação.
É dever dos membros do órgão de gestão elaborar e submeter aos órgãos competentes da sociedade o
relatório de gestão, as contas do exercício e demais documentos de prestação de contas previstos na lei,
relativos a cada exercício.
O relatório de gestão e as contas do exercício são elaboradas e assinadas por todos os membros do órgão de
gestão que estiverem em funções ao tempo da apresentação. Por seu lado, as demonstrações financeiras
(contas) têm também de ser assinadas pelo Técnico de Contas da Empresa.
O relatório de gestão deve conter, pelo menos, uma exposição fiel e clara sobre a evolução dos negócios, do
desempenho e da posição da sociedade, bem como uma descrição dos principais riscos e incertezas com que a
mesma se defronta. O relatório deve indicar, em especial:
d) O número e o valor nominal de quotas ou acções próprias adquiridas ou alienadas durante o exercício,
os motivos desses actos e o respectivo preço, bem como o número e valor nominal de todas as quotas
e acções próprias detidas no fim do exercício;
67
e) As autorizações concedidas a negócios entre a sociedade e os seus administradores;
No caso de sociedades anónimas o relatório de gestão deve ainda indicar, quando aplicável:
a) O número de acções próprias adquiridas durante o exercício, os motivos das aquisições efectuadas e
os desembolsos da sociedade;
b) O número de acções próprias alienadas durante o exercício, os motivos das alienações efectuadas e
os embolsos da sociedade;
Além dos aspectos legais já referidos, um relatório de gestão deve incluir os seguintes itens:
· Introdução
· Situação do sector em que a Empresa desenvolve a sua actividade ( a nível internacional e a nível
nacional)
a) Actividades operacionais
b) Actividades de investimento
c) Actividades de financiamento
68
· Dentro das três áreas acabadas de referir, e onde for considerado mais adequado, referências a:
- Factos relevantes
- Risco do Negócio
- balanço social
- Meio ambiente
- Investigação e desenvolvimento
- Certificação de qualidade
- Marketing
- Actividade internacional
- Filiais e associadas
- Etc..
A responsabilidade pela preparação das Demonstrações Financeiras compete ao órgão de gestão das
empresas. Essas demonstrações devem ser preparadas, apresentadas, submetidas à fiscalização e apreciação
e divulgadas no fim de cada exercício.
· Balanço
· Demonstração de resultados
69
- Balancetes do Razão, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de
apuramento de resultados;
Devem contar ainda na Prestação de Contas, o relatório de Certificação legal das contas e o relatório e
parecer do conselho fiscal e o relatório anual sobre a fiscalização efectuada.
A certificação legal das contas é o relatório elaborado pelo Técnico de Contas no qual este dá a sua opinião
sobre se as demonstrações financeiras apresentam ou não, de forma verdadeira e apropriada, em todos os
aspectos materialmente relevantes, a posição financeira da Empresa numa determinada data, o resultado
das suas operações e os fluxos de caixa no exercício findo naquela data, em conformidade com os
princípios contabilísticos geralmente aceites.
O relatório e parecer do conselho fiscal deve começar por fazer referência à acção fiscalizadora realizada
por este órgão social, tendo em consideração as suas competências, das quais se salientam as seguintes:
· Verificar a regularidade dos livros, registos contabilísticos e documentos que lhe servem de
suporte;
· Verificar, quando o julgue conveniente e pela forma que entenda adequada, a extensão da caixa e
as existências de qualquer espécie dos bens ou valores pertenecentes à sociedade ou por ela
recebidos em garantia, depósito ou outro título;
70
· Verificar se as políticas contabilísticas e os critérios valorimétricos adoptados pela sociedade
conduzem a uma correcta avaliação do património e dos resultados;
Este documento deve concluir com o parecer sobre o relatório, contas e propostas apresentadas pelo órgão de
gestão.
O relatório anual sobre a fiscalização efectuada é um documento da responsabilidade do Auditor, no qual este
deve fazer uma descrição sucinta dos principais procedimentos de revisão legal das contas auditadas e refrir se,
ao longo do seu acompanhamento da gestão da empresa, teve conhecimento de factos ou situações relevantes
que mereçam divulgação, descrevendo-os em caso afirmativo.
O relatório de gestão, as contas do exercício e demais documentos de prestação de Contas devem ser
apresentados ao órgão competente e por este apreciados, salvo casos particulares previstos na lei, no prazo de
três meses a contar da data do encerramento de cada exercício anual, ou no prazo de cinco meses a contar da
mesma data quando se trate de sociedades que devam apresentar contas consolidadas ou que apliquem o
método de equivalência patrimonial.
No caso das sociedades anónimas, até 30 dias antes da assembleia geral convocada para apreciar os
documentos de prestação de contas, o conselho de administração deve apresentar ao conselho fiscal e ao
Auditor o relatório de gestão e as contas do exercício.
O conselho fiscal e o Auditor devem apreciar aqueles documentos e emitirem os seus próprios relatórios. Estes
relatórios devem ser remetidos ao conselho de administração no prazo de 15 dias a contar da data em que
tiverem sido recebidos os referidos documentos de prestação de contas.
Durante os 15 dias anteriores à data da assembleia geral anual devem ser facultados à consulta dos
accionistas, na sede da sociedade, o relatório de gestão, as contas do exercício e demais documentos de
prestação de contas, incluindo a certificação legal das contas e o relatório anual e o parecer do Auditor.
71
4.2.5 Divulgação a Terceiros
· Administração Fiscal
Deverá ser enviada anualmente, até ao último dia útil de maio, em duplicado, a declaração periódica de
rendimentos (Declaração modelo 22), a qual presentemente, não é mais do que uma declaração de
liquidação de impostos. Relativamente às empresas que adoptem um período de tributação diferente
do ano civil, a mencionada declaração deve ser apresentada ou enviada até ao último dia útil do quinto
mês posterior à data do termo desse período.
Por outro lado, está estabelecido que até ao último dia útil de Junho deve ser entregue a Declaração
anual de Informação contabilística efiscal, a qual no seu anexo reproduz o Balanço e a Demonstração
de Resultados por natureza.
Além destas duas declarações as empresas são obrigadas a elaborar, e a conservar durante dez anos,
o chamado «Dossier Fiscal», cuja composição, é a seguinte:
72
De acordo com a legislação, estão sujeitas à fiscalização sucessiva do Tribunal Administrativo, de entre
outras:
· As empresas públicas
· As sociedades constituídas nos termos da lei comercial pelo Estado, por outras entidades
públicas, ou por ambas em associação;
De acordo com a normalização contabilística, quer nacional quer internacional, entende por imposto corrente o
imposto sobre o rendimento que se estima venha a ser liquidado com referência à matéria colectável do
período. Por sua vez os passivos e activos por impostos correntes traduzem as dívidas ao e do Estado relativas
ao imposto corrente do período e, eventualmente, de períodos anteriores, as quais integram o imposto
estimado, as retenções na fonte efectuadas por terceiros, os pagamentos por conta e possíveis liquidações e
anulações relativas a exercícios anteriores. Os impostos correntes decorrem, portanto, do resultado
determinado com base nas regras estabelecidas na legislação fiscal, que são naturalmente diferentes, em
muitos aspectos, das regras contabilísticas, situação que justifica a apresentação do imposto sobre o
rendimento ainda que em termos muito gerais. No entanto para que as demonstrações financeiras apresentem
de forma verdadeira e apropriada a situação a posição financeira da entidade e os resultados das operações
realizadas no período, há que tomar em consideração o efeito fiscal das diferenças temporárias já referidas.
O lucro tributável dese ser objecto de periodificação sendo os proveitos e os custos, assim como as outras
componentes, positivas ou negativas, do lucro tributável, imputáveis ao exercício a que digam respeito, de
acordo com o princípio da especialização dos exercícios.
73
Independentemente da influência que a fiscalidade exerce sobre a contabilidade, existem praticamente sempre
diferenças entre o lucro contabilístico e o lucro tributável, sendo umas permanentes e outras reversíveis.
74
75
Determinado o lucro tributável há que definir a matéria colectável sobre a qual incidirá a taxa de imposto.
Em resumo temos:
±
Correcções decorrentes do CIRPC e demais legislação
aplicável
=
Lucro tributável
=
Matéria colectável
O imposto é apurado (liquidado) pelo contribuinte no quadro 10 da referida declaração modelo 22 do IRPC,
conforme modelo que a seguir se apresenta:
76
77
Conforme se constata pelo mapa, ao imposto liquidado são deduzidos os pagamentos por conta e as retenções
efectuadas por terceiros.
Por outro lado, deve ser adicionado o valor da derrama e o IRPC adicional incidente sobre as despesas
confidenciais ou não documentadas, as despesas de representação e os encargos relacionados com viaturas
ligeiras de passageiros, barcos de recreio, aeronaves de turismo, motos e motociclos.
A – o imposto liquidado à taxa aplicável, ou seja, Imposto liquidado = Matéria colectável x Taxa de Imposto –
Deduções à colecta.
B – a derrama que, sendo calculada sobre a colecta do IRPC, tem a natureza de imposto acessório;
C – o imposto sobre as despesas confidenciais ou não documentadas, as quais são tributadas autonomamente
à taxa de 50%;
Ao imposto normal, devem ser deduzidos, como vimos, os pagamentos por conta e as retenções efectuadas por
terceiros, pelo que, aquando da entrega da declaração, haverá uma diferença a pagar ou, por vezes, até a
receber.
78
Resultado de
Aprendizagem 5: Analisar o impacto da inflação sobre as demonstrações financeiras
e aplicar as técnicas de ajustamento;
Âmbito de Aplicaçao:
Aplicável no contexto de reflectir a real situação da empresa;
Contexto:
Plano geral de Contabilidade, equipamento informático, software de
contabilidade, normas legais
Meios:
Evidências Requeridas:
Evidência escrita e/ou oral segundo os CD (a) e (b) e evidência prática
da criação segundo os CD (c).
Temas
79
5 Variações de preço e Contabilidade
5.1 Introdução
A contabilidade utiliza o conceito ou fundamento básico da unidade monetária estável que conjugado com o
princípio contabilístico do custo histórico tem tornado difícil à contabilidade responder às questões levantadas
pelas variações dos preços, nomeadamente em países com taxas de inflação muito altas.
De facto a instabilidade da unidade monetária, utilizada como padrão de medida na elaboração dos registos
contabilísticos causa problemas na análise das demonstrações financeiras, pelo que se torna imperioso
construir uma teoria contabilística para lidar com estas situações.
Os preços reflectem o valor da troca dos bens e serviços na economia verificando-se a sua variabilidade ao
longo do tempo umas vezes mais acentuada outras vezes mais ténue. A variação geral dos preços no sentido
da sua subida toma o nome de inflação a qual como se sabe tem implicações importantes nos diversos agentes
económicos. Por exemplo a inflação provoca a erosão dos titulares de rendimentos fixos, complicando
enormemente todo o processo de decisão económica.
A variação dos preços é um processo complexo que poderemos classificar em variação geral ou monetária,
variação de preços relativos e variação de preços específicos. Embora estes três tipos de variações de
preços estejam intimamente ligadas vamos procurar caracterizar cada um deles.
A variação geral ou monetária, corresponde aos efeitos dos aumentos ou decréscimos no valor da unidade
monetária de medida, a qual pode ser provocada por alterações na oferta ou na velocidade de circulação da
moeda em maior ou menor grau que a oferta global da economia ou por um desequilíbrio entre a oferta global e
a procura global.
80
Como se sabe o preço é uma relação de troca entre um bem e um termo geral de comparação, a moeda. Esta
relação pode variar, variando um dos seus membros ou os dois simultaneamente. As variações gerais de preços
correspondem à variação do denominador, isto é, à unidade monetária, sendo classificadas de inflação quando
há um aumento geral ou deflação quando há uma diminuição geral.
Se as alterações de preços fossem exclusivamente provocadas por estes movimentos gerais todos os preços se
alterariam na mesma proporção. Ora, é evidente que tal não sucede, sendo necessário encontrar um indicador
adequado para as medir. Este indicador aparece na forma de um índice geral de preços, o qual é calculado
através da recolha dos preços de um conjunto de bens e serviços, considerados representativos. Esse cabaz de
bens e serviços, bem como a ponderação da sua importância, são determinados mediante estudos estatísticos
adequados.
O inverso do nível geral de preços, corresponde a variação do valor da moeda, isto é, a variação do poder de
compra. Por exemplo, se o índice de preços duplicou passando de 100 para 200, isto quer dizer que o poder de
compra diminuiu para metade do seu nível anterior.
Existem diversos tipos de índices de preços, que pretendem traduzir o seu movimento geral.
Este índice é constituído por uma lista de matérias primas, produtos fabricados, mercadorias e outros bens que
são adquiridos por grosso por produtores, grossistas e retallhistas. É um índice que se baseia em bens
intermédios, isto é, bens que se destinam à produção de outros bens e em preços de bens finais que não são os
preços efectivamente suportados pelos consumidores. São fáceis de calcular, mas não podem ser considerados
indicadores adequados para medir a variação geral dos preços.
81
5.2.2 Índice de preços no consumidor
Este índice é constituído a partir de um conjunto que se considera representativo das despesas dos
consumidores. A esse conjunto de bens chama-se vulgarmente cabaz de compra, sendo o peso de cada bem
proporcional à importância do mesmo bem na estrutura do consumo das famílias.
O principal problema deste índice é a sua desactualização em virtude das alterações dos hábitos de consumo
que se tem vindo a verificar ultimamente. Para obviar a este inconveniente as entidades estatísticas
encarregadas de o elaborar procedem regularmente à revisão da estrutura do cabaz.
Apesar disto, pode considerar-se como um bom indicador da evolução geral dos preços ao nível da economia
em geral sendo normalmente utilizado para medir o fenómeno da inflação.
Este índice, também conhecido como deflacionador do PNB, tem como objectivo levar em conta a evolução
dos preços da totalidade dos bens e serviços de uma ecnomia. Engloba portanto para além das despesas dos
consumidores a evolução dos preços dos bens de equipamento e intermédios.
Trata-se portanto, do ponto de vista teórico, do índice mais adequado para avaliar o movimento geral dos
preços. Como se compreende é de cálculo difícil, só sendo possível no processso de cálculo das contas
nacionais, pelo que só está disponível com um certo atraso. Além disso, muitos países com sistemas
estatísticos mais rudimentares têm dificuldades de proceder ao seu cálculo sem grandes atrasos, pelo que a sua
utilidade para a generalidade das empresas é muito limitada, sendo substituído com vantagem pelo índice de
preços no consumidor.
Para além das variações de preços de carácter geral existem também variações relativas. Estas resultam do
facto de as variações dos preços dos bens e serviços se verificarem com intensidades diferentes de bem para
bem. Pode suceder, por exemplo, que o índice de preços no consumidor tenha aumentado de 100 para 120, isto
82
é, um aumento geral de 20%, enquanto o bem A aumentou de 100 para 132, isto é, um aumento de 32%.
Nestas circunstâncias pode dizer-se que o preço relativo do bem A, aumentou 10%.
A variação de preços específicos, corresponde como o seu nome indica às variações de preços de um bem
ou serviço específico. Isto é, abstraindo do movimento geral dos preços que traduz a alteração do valor da
moeda, a variação do preço de um determinado bem ou serviço.
As variações de preços numa matétia prima, por exemplo, resulta em aumentos ou diminuições dos custos de
uma empresa, enquanto variações nos produtos acabados conduz a alterações nos proveitos. No tratamento
contabilístico, tradicional das transacções, os preços originários dos bens e serviços adquiridos deve
corresponder aos proveitos associados ao período. Mais rigorosamente pensa-se que essa corespondência se
deveria efectuar recorrendo aos preços correntes dos bens e serviços utilizados no processo de obtenção dos
proveitos. Esta corresponência entre custos a preços correntes e proveitos também a preços correntes é
considerada muito mais relevante, como medida de eficiência operacional e um indicador mais adequado para
prever os resultados futuros das operações.
Apesar de não haver acordo geral sobre a natureza da variação de preços relativamente a bens específicos
detidos pelas empresas, existe quem defenda que o aumento de preços se traduz resultando num ganho de
posse e a diminuição numa perda de posse. De acordo com este entendimento estes ganhos ou perdas
devem ser incluídos no cálculo do resultado da empresa uma vez que representam alterações no valor da
Situação Líquida. Contudo, muitos autores não incluiriam estes ganhos ou perdas no cálculo do resultado
operacional porque, segundo defendem, não resulta das actividades recorrentes (normais) da empresa, Isto é, o
resultado das actividades normais é entendido como a diferença entre o preço de venda e o custo corrente dos
produtos da empresa menos outras despesas operacionais.
A convenção do custo histórico não admite qualquer alteração ao valor do activo até ao momento do
reconhecimento do proveito, habitualmente o momento da venda. Se são utilizados custos correntes, ganhos e
perdas de posse devem ser reconhecidos como alterações de preços apesar desses ganhos e perdas poderem
ser classificados como realizados ou não realizados. Por exemplo, se uma mercadoria foi adquirida por 100 e
vendida por 150, num momento em que o custo de reposição era 120, o lucro operacional foi de 30 e o ganho
de posse foi de 20.
83
Os custos correntes representam preços das transacções correntes e, portanto o seu uso resulta num desvio do
conceito do custo histórico. Uma objecção frequente ao uso dos custos correntes é a de que se está a substituir
um dado objectivo e verificado, o preço de transacção, por um valor subjectivo. Contudo, os preços correntes
também podem ser sujeitos a verificação quando são obtidos a partir de mercados devidamente organizados,
como por exemplo, as bolsas de mercadorias. Deverá no entanto que só uma parte muito reduzida dos produtos
transaccionáveis têm mercados organizados.
Todos estes fenómenos complexos de variações dos preços em especial o fenómeno da inflação afectam a
contabilidade das empresas distorcendo a imagem que as mesmas deverão dar aos utilizadores da informação
contabilística. Em especial:
Há portanto, necessidade de dar resposta contabilística a estes problemas, assunto que vamos abordar embora
muito resumidamente, dos dois pontos seguintes.
Vimos anteriormente, algumas questões que o fenómeno da variação dos preços em especial o fenómeno da
inflação trás na interpretação da informação contabilística. Não admira, portanto que se tenham procurado,
desde há muito, procedimentos para lidar com ela.
84
Neste capítulo, vamos analisar algumas soluções que têm como característica comum tratarem parcelarmente o
problema. Normalmente são baseados na constatação de que em virtude da sua longa permanência na
empresa os bens imobilizados e as existências com ciclo de produção longo são os mais afectados pelas
variações dos preços.
Por exemplo, no Reino Unido, é permitido valorizar os terrenos e edifícios ao valor do mercado, mediante
avaliação efectuada por peritos independentes. O aumento ou diminuição do valor tem como contrapartida uma
conta de reservas, sendo obrigatoriamente explicitado em notas às contas, os métodos de avaliação e o valor
dessa mesma avaliação.
Em Portugal, uma norma contabilística recente veio enquadrar legalmente práticas avulsas de reavaliação de
determinados bens imobilizados, por exemplo terrenos e edifícios. Segundo a norma contabilística, considera-se
que reavaliar um activo, significa ajustar geralmente por acréscimo a quantia assentada do mesmo; este
acréscimo depois de ajustadas as correspondentes amortizações acumuladas, se for caso disso, dá origem a
um excedente, ainda não realizado a inscrever no capital prório, admitindo que essa reavaliação se possa
efectuar com base na variação do poder aquisitivo da moeda ou também com base no justo valor. Neste último
caso, os avaliadores procederão de acordo com parâmetros próprios de cada um; a quantia será naturalmente
subjectiva e dificilmente verificável ( no sentido em que cada um obterá outra quantia, dado o uso de parâmetros
pessoais) e só por excepção coincidirá com a do avaliador inicial.
O excedente contabilístico assim criado, deve ser registado numa conta apropriada de Reservas de Reavaliação
e só se considera realizado de acordo com os princípios contabilísticos, pelo uso ou alienação. Assim sendo não
pode servir do ponto de vista estritamente contabilístico, para aumento de capital ou cobertura de prejuízos
anteriores, o que só será possível após a sua realização.
Ultrapassando as limitações deste tipo de soluções baseadas, na modificação do princípio do custo histórico,
relativamente a bens específicos que tem mais a ver com a consideração da variação de preços específicos do
que uma resposta à alteração do nível de preços, têm alguns países enveredado pela reavaliação de
determinadas categorias de bens em especial os bens do activo imobilizado corpóreo.
85
É o caso da França onde no geral os activos fixos são mantidos ao custo mas sendo permitidas reavaliações.
Para ser permitida essa reavaliação a mesma deve ser feita relativamente a todos os bens do activo fixo,
incluindo o incorpóreo, sendo os ajustes tributados de naneira igual aos restantes rendimentos.
Outros países têm posto em vigor, legislação de natureza fiscal que permite reavaliações dos activos
imobilizados. É por exemplo o caso de Portugal que a partir do final da década de setenta, período em que se
manifestou um elevado nível de inflação, por diversas vezes tem permitido efectuar reavaliações. Não é uma
possibilidade permanente mas que tem sido tomada pontualmente pelas autoridades quando entendem que tal
se justifica.
A reavaliação no geral, pode abranger todos os bens do activo imobilizado desde que não estejam
completamente amortizados, sendo permitido nalguns casos a reavaliação de elementos totalmente
amortizados em que se justifique a sua extensão de vida útil.
Para efectuar a reavaliação utilizam-se coeficientes de actualização monetária que são todos os anos
promulgadas pelas autoridades fiscais para efeito do cálculo de alguns impostos e que traduzem
aproximadamente o aumento geral de preços, aplicando-os ao valor bruto do imobilizado e às amortizações
acumuladas lançando-se o ajustamento numa conta de reserva de reavaliação que não pode ser distribuída aos
sócios.
O acréscimo de amortizações nos períodos posteriores não é integralmenete dedutível para efeitos fiscais, não
sendo aceite 40% desse aumento.
Em Moçambique, também se enveredou por essa solução. Assim em 1988 pelo Decreto 13/88 foi permitido
efectuar a reavaliação dos bens do activo imobilizado das empresas, com o objectivo de permitir as
“necessárias correcções e actualizações monetárias no balanço das diferentes empresas”, que, “possibilite
traduzir mais correctamente a sua situação patrimonial actual, com a subsequente melhoria dos instrumentos de
gestão disponíveis, evitando-se também situações de descapitalização mais pronunciadas” o que revela como
veremos mais adiante preocupações com a manutenção do capital das empresas.
86
Não se sujeitaram a tributação os ganhos da reavaliação mas os aumentos as amortizações não serão
totalmente aceites, como custo fiscal.
Posteriormente o decreto 33/93 veio permitir novamente a realização de reavaliações do activo imobilizado.
Analisamos os efeitos da inflação nas contas das empresas e algumas respostas a tal problema dirigidas
essencialmente ao tratamento da valorimetria de bens específicos ou categorias de bens. Neste último caso, as
reavaliações do imobilizado têm mesmo feito uso de índices que pretendem traduzir o movimento geral dos
preços. Estes tratamentos parcelares têm vindo cada vez mais a ser postos em causa pelos defensores de uma
resposta global ao problema.
Tem-se assim, tomado como objactivo geral do tratamento contabilístico da inflação a manutenção do capital da
empresa não permitindo distribuição de resultados não realizados. Assim o International Accounts Standard
Comitee na estrutura Conceptual que enquadra o desenvolviemnto das Normas Internacionais de Contabilidade
considera dois conceitos de manutenção do Capital, considerando que cabe à empresa a selecção do mais
apropriado.
“ Um conceito financeiro de capital deve ser adoptado se os utentes das demonstrações financeiras
estiverem principalmente interessados na manutenção do capital nominal investido ou no poder de compra do
capital investido. Se, porém, a principal preocupação dos utentes for a capacidade operacional da empresa,
deve ser usado um conceito físico de capital. O conceito escolhido indica o objectivo a ser atingido na
determinação do lucro, mesmo que possam existir algumas dificuldades de valorimetria para tornar o conceito
operacional”.
87
Seguidamente considera que:
“ Os conceitos de capital anteriores dão origem aos seguintes conceitos de manutenção do capital:
a) Manutenção do capital financeiro. Por este conceito um lucro só é obtido se a quantia financeira
(ou de dinheiro) dos activos líquidos no fim do período exceder a quantia financeira (ou de
dinheiro) dos activos líquidos do começo do período, depois de excluir quaisquer distribuições a, e
contribuições de, os detentores da empresa durante o período. A manutenção do capital financeiro
pode ser quantificada quer em unidades monetárias nominais quer em unidades de poder de
compra constante.
b) Manutenção de capital físico. Por este conceito um lucro só é obtido se a capacidade física
produtiva (ou capacidade operacional) da empresa (ou os recursos ou os fundos necessários para
conseguir essa capacidade) no fim do período exceder a capacidade física produtiva do começo
do período, depois de excluir quaisquer distribuições a, e contribuições de, os detentores da
empresa durante o período.
O conceito de manutenção do capital está ligado à forma como uma empresa define o capital que
procura manter. Proporciona a ligação entre os conceitos de capital e os conceitos de lucro porque
fornece o ponto de referência pelo qual o lucro é quantificado; é um pré requisito para distinguir entre o
retorno sobre o capital da empresa e o retorno do seu capital; só os influxos de activos em excesso das
quantias necessárias para manter o capital podem ser vistas como lucro e por conseguinte como um
retorno sobre o capital. Daqui que o lucro seja a quantia residual que permanece após os custos
(incluindo os ajustamentos da manutenção do capital, quando apropriados) terem sido deduzidos dos
proveitos. Se os custos excederem os proveitos a quantia residual é um prejuízo líquido.
O Conceito de manutenção do capital físico requer a adopção dos custos correntes como base de
valorimetria. O conceito de manutenção do capital financeiro, porém, não requer o uso de uma base
particular de valorimetria. A selecção da base segundo este conceito está dependente do tipo de
capital financeiro que a empresa procura manter.
88
A diferença principal entre os dois conceitos de manutenção do capital é o tratamento dos efeitos das
alterações de preços nos activos e passivos da empresa. Em termos gerais, uma empresa mantém o
seu capital se tiver tanto capital no fim do período como tinha no começo do mesmo. Qualquer quantia
para além da necessária para aumentar o capital do início do período é lucro.
Pelo conceito de manutenção do capital financeiro, quando o capital seja definido em termos de
unidades monetárias nominais, o lucro representa o aumento do capital monetário durante o período.
Por conseguinte, os aumentos nos preços dos activos detidos durante o período, convencionalmente
referidos como ganhos de detenção, são, conceptualmente, lucros. Podem, porém, não ser
reconhecidos como tais até que os activos sejam alienados numa operação de troca. Quando o
conceito de manutenção do capital financeiro seja definido em termos de unidade de poder de compra
constante, o lucro representa o aumento de poder de compra investido durante o período. Por
conseguinte, apenas aquela parte do aumento nos preços dos activos que excede o aumento no nível
geral de preços é vista como lucro. O resto do aumento é tratado como ajustamento da manuetenção
do capital e, daqui, como parte do capital próprio da empresa.
Pelo conceito de manutenção do capital físico, quando o capital seja definido em termos da capacidade
produtiva física, o lucro representa o aumento nesse capital durante o período. Todas as alterações de
preços que afectam os activos e passivos da empresa são vistas como alterações na valorimetria da
capacidade produtiva física da empresa; daqui que sejam tidas como ajustamento da manutenção do
capital, fazendo parte do capital próprio, não sendo tratadas como lucro.
89
Vê-se portanto, que o problema da medida do lucro é de importância decisiva para se atingirem os objectivos
anteriores.
Será de notar que o economista J. R. Hicks, muitas vezes considerado pelos contabilistas como uma autoridade
no assunto considera que o lucro “é o montante máximo que se pode distribuir aos sócios ficando a entidade
(empresa) com um capital igual ao que tinha no início do período”.
Para Hicks o valor actual dos cash-flows futuros líquidos da empresa deve continuar igual em termos reais, isto
é, levando em conta a perda de poder de compra da moeda ao que era no início do período.
Apesar dos contabilistas não medirem o lucro desta maneira, em geral aderem a esta visão do problema e
procuram reflecti-la na preparação das contas.
Assim tem aparecido entre os estudiosos do tratamento contabilístico da inflação duas correntes:
Na primeira o capital foi mantido quando o poder de compra do activo líquido, isto é, dos capitais próprios da
empresa permanece pelo menos igual no final do período ao que era no seu início. Este é o conceito de
manutenção do capital financeiro e é adoptado pelos que adoptam como tratamento para a inflação o
ajustamento das contas utilizando um índice geral de preços.
Na segunda, o capital será mantido quando a entidade tenha a mesma capacidade para fornecer produtos e
serviços no final do período que, a que tinha no início do período. Esta visão de manutenção do capital físico é
90
adoptada pelos que defendem que o tratamento da inflação deve conduzir à apresentação de contas usando o
conceito de custo de reposição.
A nível das Normas Internacionais de Contabilidade a IAS 15, permite tanto o uso do nível geral de preços como
o uso do custo de reposição (current cost approach).
A consideração dos efeitos das variações dos preços nas contas das empresas não tem sido fácil, o que tem
conduzido a que no geral as normas que o permitem não têm sido tornadas obrigatórias.
Por exemplo, relativamente à IAS 15, o IASC Board emitiu em Outubro de 1989 a seguinte declaração:
Apesar das dificuldades tem-se verificado avanços, nomeadamente através da apresentação de informação
suplementar que leve em conta ajustamentos obtidos pela consideração da variação dos custos do nível geral
de preços. É exemplo deste tipo a norma FASB 33, nos Estados Unidos. A consideração dos custos correntes
tem sido mais controversa pelo facto de se afastar do conceito de custo histórico.
De facto, importa aqui salientar que a realização de ajustamentos para levar em conta a variação do poder de
compra da moeda, utilizando por exemplo o índice geral de preços, não abandona o princípio do custo histórico.
De facto apenas se ajusta o poder de compra da moeda mas mantendo como base quantias que resultaram de
transacções efectivamente realizadas. Além disso, será bom notar que o ajustamento realizado num bem
específico não significa necessariamente o valor de mercado da actualidade.
91
Não deverá portanto esperar-se que as contas ajustadas de acordo com a variação do poder de compra da
moeda representem fielmente os preços correntes de mercado, isso apenas sucederia se os respectivos preços
tivessem variado ao mesmo ritmo que o índice geral de preços.
Dada o facto de as metodologias suportadas pela consideração dos preços de reposição não terem tido até ao
momento grande aceitação vamos apresentar seguidamente, e muito simplificadamente, alguns aspectos da
determinação do ajuste monetário, utilizando o índice geral de preços como indicador da taxa de inflação.
Em primeiro lugar convém salientar que todos os métodos de tratamento dos efeitos da variação dos preços nas
contas se baseiam na distinção entre contas monetárias e não monetárias.
São contas monetárias todas aquelas que já estão expressas em unidades monetárias, como o dinheiro e os
direitos e obrigações de receber e pagar dinheiro.
Todas os restantes direitos e obrigações são não monetárias, apesar de na contabilidade estarem
representados em dinheiro, uma vez que este é o processo de os medir e quantificar para efeitos contabilísticos.
Deverá salientar-se que a Situação Líquida é um grupo de contas, não monetárias, expressas a custos
históricos, uma vez que representam um direito dos proprietários da empresa sobre a posição financeira líquida
da empresa, completamente distinta dos financiadores.
Para ilustrar de uma maneira simples um processo de determinação do ajuste monetário às contas, vamos partir
de uma estrutura agregada e simplificada das contas, tendo como ponto de partida a distinção entre contas
monetárias e não monetárias.
Assim o Activo, isto é, o primeiro membro do Balanço pode simplificadamente decompor-se em:
92
a) Capital Circulante ou Fundo de Maneio (F) que inclui o Fundo de Maneio monetário (Fm), isto é a
diferença entre o Activo circulante monetário e o Passivo Ciculante monetário adicionado das
Existência (E) que são contas não monetárias.
b) O Activo Fixo Líquido (Af), que tem natureza não monetária, e que compreende uma componente
positiva, as Imobilizações (I) e uma negativa, constituída pelas Amortizações Acumuladas (Ac).
O segundo membro que dá informação sobre a origem dos capitais aplicados na empresa é constituído por:
Fm + E + I – Ac = Pf + Sl
A distinção entre o Passivo Circulante monetário e o Passivo de financiamento faz-se considerando que o
Passivo de financiamento é o que vence juros enquanto o Passivo Circulante monetário não vence juros.
a) Total dos proveitos (V), constituído no essencial pelas vendas e prestação de serviços.
b) Total do custo, constituído por:
Custo dos bens vendidos (Cv)
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Pode portanto respresentar-se o resultado contabilístico por :
R = V – ( Cv + Cf + A + Cd )
Por outro lado, considerando que a Situação líquida do ano n, se relaciona com a Situação Líquida do ano n-1
pela relação
Sln = Sln-1 + R
F + Af + Cv + Cf + A + Cd = Pf + Sln-1 + V
que traduz o princípio básico de movimentação das contas no sistema digráfico em que a soma dos elementos
activos com os custos incorridos é igual à soma dos elementos passivos com os proveitos realizados e a
situação líquida inicial.
Vamos agora estudar embora de uma maneira bastante simplificada um processo simples de calcular o
ajustamento monetário.
Suponhamos, para isso, que determinada empresa tem um resultado contabilístico R nas operações que
realizou num dado período. Este resultado foi apurado de acordo com os princípios contabilísticos geralmente
aceites, utilizando a conversão do custo histórico, pelo que essas operações foram registadas na moeda
nominal da altura em que se efectivaram.
Durante esse período verificou-se uma variação monetária expressa numa percentagem, t, em relação ao início
do período.
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O resultado R pode exprimir-se por:
R = V – ( Cv + Cf + Cd + A )
ou então por:
R = Sln – Sln-1
Tomemos esta última relação e consideremos como hipótese básica de partida que todos os elementos com
índice n-1 estão referidos monetariamente à data do balanço anterior, para expurgar os efeitos em cadeia.
Relativamente aos elementos com índice n, verifica-se que os monetários estão pela sua natureza referidos à
data actual do balanço final enquanto os não monetários, não estão referidos a essa data. São esses elementos
En e Afn.
Chamemos Ean ao ajustamento a efectuar nas existências finais, isto é, à importância de actualização do custo
histórico dessas existências desde a data de aquisição até ao final do período.
Por sua vez Afn representa o valor contabilístico ao final do período n do activo fixo líquido inicial do período
deduzida da amortização do período calculada sobre o valor inicial. Vamos supor para facilidade de exposição
que não houve alterações durante o ano, pelo que o ajuste monetário será:
t ( Afn-1 – A )
Por outro lado, dadas as variações do valor da moeda, o resultado do período não será, para os proprietários, a
diferença.
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Sln – Sln-1
uma vez que Sln-1 está referida a unidades monetárias do início do período e Sln está referida a unidades de
final do período.
Para a manutenção do capital financeiro, a situação líquida inicial tem que ser ajustada utilizando a taxa t.
Ra = Sln – ( 1 + t ) Sln-1
Pelo que substituindo a diferença Sln – Sln-1 pelo resultado contabilístico R e o ajustamento dos valores não
monetários que fazem parte de Sln, calculados atrás, vem:
F + Af = Pf + Sl
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Af – Sl = Pf – F
Variante A
t Afn-1 : representa o ajuste monetário do activo fixo líquido, ou seja, o ajuste monetário das
imobilizações, menos o ajuste monetário das amortizações acumuladas ( antes das amortizações do período )
Variante B
t Pfn-1 : representa o ajuste monetário do passivo de financiamento do início do período, o qual sendo
positivo, se denomina ganho de endividamento.
t Fn-1 : representa o ajuste monetário do fundo de maneio ou capital circulannte do início do período a
que se vai chamar perda monetária por detenção do fundo de maneio ou capital circulante.
De notar que as duas fórmulas anteriores são duas vias alternativas para calcular e interpretar o ajuste
monetário, não devendo portanto ser usadas cumulativamente.
Exemplo:
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Consideremos uma empresa A, cujo Balanço e Conta de Resultados no final do ano n, eram:
Balanço
Activo n–1 n
512.000 502.500
Passivo + Sit.Liquida
512.000 502.500
Demonstração de Resultados
Proveitos ( V ) 607.500
182.250
Amortizações ( A ) 50.000
207.250
Resultado ( R ) ( 25.000)
Considera-se que a taxa de inflaçãodo ano foi de 25% e que não se vai efectuar qualquer ajustamento nas
existências.
Ra = 22.500
Variante B
Ra = 22.500
Verifica-se que, neste caso, um resultado negativo de 25.000 se transforma num resultado positivo de 22.500
mediante um ajustamento monetário positivo de 47.500.
Como se vê pelo exemplo anterior e pela análise das fórmulas das duas variantes, o cálculo do ajuste monetário
aos resultados contabilísticos, depende essencialmente das diferenças.
que como se ve representam o grau de endividamento da empresa, visto segundo duas perspectivas diferentes.
O ajuste monetário será, portanto, tanto maior quanto maior for o endividamento da empresa.
Em princípio a parte restante do ajustamento que compreende o ajustamento às existências menos ajustamento
das amortizações.
Ean – t A
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não será normalmente muito significativo, tanto mais que actuam em sentidos opostos.
Viu-se até aqui como se podia determinar o ajuste monetário às contas com excepção do tratamento das
existências finais. Como se sabe as existências constantes do Balanço foram adquiridas em datas anteriores e
registadas segundo os princípios e critérios dos preços históricos em moeda nominal. O ajuste monetário
consistirá pois na diferença entre esses preços ajustados monetariamente e os preços históricos constantes dos
registos contabilísticos.
Para tal será suficiente aplicar a cada um dos elementos do inventário o factor de correcção monetária relativo a
essa diferença temporal com o intuito de referir, em termos monetários, o seu preço de aquisição, para o final do
período. Isto será feito independentemente do método de custeio das saídas utilizado pela empresa ( FIFO,
custo médio ou outro ), pois o que interessa é a data de aquisição.
No método a utilizar nas empresas que usam o critério do preço específico basta identificar a data em que
adquiriram o bem empregando-se elemento a elemento os respectivos coeficientes de correcção.
Quando as empresas utilizam outros métodos de custeio das saídas possuindo normalmente um grande número
de artigos o processo anterior não é praticável pelo que é necessário utilizar outros procedimentos. Não os
vamos detalhar aqui podendo no entanto dizer-se que todos consistem na determinação da idade média das
existências e aplicando depois o coeficiente de correcção monetária que corresponde a essa idade média.
Exemplo:
Suponha-se uma empresa que apresenta na sua demonstração de resultados os seguintes elementos:
Valores
(contos)
Compras 120.000
Embora sem grande rigor pode determinar-se uma aproximação para o ajuste monetário das existências finais,
considerando que as existências finais correspondem a 2 meses de existências pelo que a sua vida média é de
1 mês.
Calculado o ajuste monetário põe-se o problema da sua apresentação através das contas das empresas.
Normalmente as empresas apresentam as suas contas com base nos custos históricos, as chamadas contas
primárias suplementadas por notas informativas sobre os montantes e natureza dos ajustes monetários.
Poderão também preparar-se contas que incluam os ajustes monetários tanto a nível de balanço como de
Contas de Resultados.
O que vimos até aqui permite ajustar as diversas rúbricas do Balanço. De facto:
Ra – R : ajusta o resultado
Com estes ajustes, todos os elementos do Balanço ficam monetariamente ajustados podendo mesmo por
subdivisão de cada um dos grupos detalhar mais pormenorizadamente todos os ajustes.
101
Contudo para se levar até ao fim o raciocínio, há necessidade de se expandir o processo para a conta de
resultados de modo a que o ajuste no resultado, cujo valor é como já se sabe de Ra – R ser atribuído às
diversas rúbricas da mesma Demonstração.
Como
R = V – ( Cv + Cf + Cd + A )
Temos
Apresentando a conta de resultados com este modelo limitamo-nos a apresentar a Conta de Resultados a
preços históricos, complementada com o ajuste monetário pelo que é preferível seguir outro caminho.
em que aparecem isolados os elementos monetários o que vem permitir a determinação dos ganhos e perdas
monetários tal como é exigida pelo IAS 15.
Também se pode desdobrar o custo das vendas. Sendo C as compras do período vem:
Cv = En-1 + C – En
Tomando em conta todos os desdobramentos anteriores a conta de resultados poderá nesta forma simplificada,
apresentar-se do seguinte modo:
102
Parcial Total
- Vendas ( V ) X
- Compras ( C ) X
- Despesas financeiras X
- Efectivas ( Cf )
- Despesas diversas ( Cd ) X
- Amortização do Exercício ( A ) X
Exemplo:
- Custo da Vendas
Os ajustamentos são:
104
Resultado de Desenvolver procedimentos internos para a realização dos registos
Aprendizagem 6: contabilísticos;
Critérios de a) Identifica os modelos de normalização e harmonização
Desempenho: contabilística ao nível nacional, regional e internacional;
b) Descreve os princípios definidos do código de ética dos
contabilistas;
c) Aplica os modelos de normalização para o desenvolvimento de
assentos predefinidos para o apoio ao registo contabilístico;
d) Aplica as normas e ética contabilística no desenvolvimento de
procedimentos internos de registo e arquivo contabilístico.
Âmbito de Aplicaçao: Aplicável no contexto de controlo interno para o registo contabilístico
Contexto: numa empresa;
Plano geral de Contabilidade, normas nacionais, regionais e
Meios: internacionais, código de ética dos Contabilistas
Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando identifica os principais
princípios e normas contabilísticas e a ética do profissional de
contabilidade, segundo os CDs (a) e (b) e evidência prática para a
criação de normas internas de controlo interno segundo os CD (c) a (d).
Temas
105
6 Normalização Contabilística
A Contabilidade pode ser genericamente definida como um sistema de recolha e processamento de informação
relativamente as transacções, riqueza e património de uma unidade económica, e ao relato dos seus efeitos
económicos e financeiros com o objectivo de satisfazer as necessidades dos tomadores de decisão.
Estes tomadores de decisão que poderemos designar genericamente por utilizadores da informação
contabilística, podem ser internos à organização, ou externos. Estes dois grupos de interessados na
informação resultante do processo contabilístico tem níveis de necessidades diferentes em virtude da sua
relação específica com a entidade em questão.
O processo de produzir e relatar informação contabilística para uso interno, muitas vezes denominada
Contabilidade de Gestão, não necessita, quer pela sua natureza interna, quer pelas necessidades específicas
que pretende satisfazer, de seguir regras genéricas nem princípios universais.
Por outro lado os utilizadores externos – accionistas que não participam na gestão, credores, estado, etc. – não
têm acesso ao detalhe das operações e à produção da informação contabilística, tendo que utilizar informação
preparada para fins genéricos. Esta informação que normalmente se apresenta sobre a designação de
Demonstrações Financeiras ou Contas, deverá ser preparada com o objectivo de proporcionar informação
acerca da posição financeira, desempenho e alteração da posição financeira da entidade, de tal modo que seja
útil para a tomada de decisões de um leque vasto de utilizadores.
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Por exemplo o IASC – International Accounting Standard Comittee – cuja finalidade é a adopção de medidas
para melhoria e harmonização das demonstrações financeiras, no capítulo intitulado “Estrutura conceptual para
a Preparação e Apresentação das Demonstrações Financeiuras” considera, debaixo do titulo “Os Utilizadores e
as suas Necessidades de Informação” o seguinte:
“Os utilizadores das demonstrações financeiras incluem investidores actuais e potenciais, empregados,
mutuantes, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, o governo e os seus departamentos e o
público. Eles utilizam as demonstrações financeiras a fim de satisfazerem algumas das suas diferentes
necessidades de informação. Estas necessidades incluem o seguinte:
a) Investidores – Os fornecedores de capital de risco e os seus consultores estão ligados ao
risco inerentes a, e ao retorno proporcionado por, os seus investimentos. Necessitam de
informação para os ajudar a determinar se devem comprar, deter ou vender. Os
accionistas estão também interessados na informação que lhes facilitem determinar a
capacidade da empresa de pagar dividendos.
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f) Governos e seus departamentos – os Governos e seus departamentos estão interessados
na imputação de recursos e, por isso, nas actividades das empresas. Também requerem
informação a fim de regulamentar as actividades das empresas, determinar as políticas de
tributação e como a base de rendimento nacional e de estatísticas semelhantes.
Se bem que todas as necessidades da informação destes utilizadores não possam ser supridas pelas
demonstraçãões financeiras, há necessidades que são comuns a todos os utentes. Como os investidores são os
que proporcionam capital de risco à empresa, o fornecimento de demonstrações financeiras que satisfaçam as
suas necessidades também vai de encontro a maior parte das necessidades de outros utentes que possam ser
satisfeitas por demonstrações financeiras..
A gerência de uma empresa tem a responsabilidade principal, pela preparação e apresentação das
demonstrações financeiras da empresa. A gerência está também interessada na informação contida nas
demonstrações financeiras, mesmo que ela tenha acesso a informação adicional da gestão financeira, que a
ajude a levar a efeito as suas responsabilidades de planeamento , de tomada de decisões e de controle. A
gerência tem a capacidade de determinar a forma e conteúdo de tal informação adicional a fim de ir ao encontro
das suas próprias necessidades. Porém, o relato de tal informação está para além do âmbito desta estrutura
conceptual. Contudo, as demonstrações financeiras públicas são baseadas na informação usada pela gerencia
acerca da posição finaceira, desempenho e alterações na posição financeira da empresa.
Resulta desta diversidade de utilizadores a necessidade das demonstrações financeiras serem preparadas de
acorco com princípios padronizados de aplicação generalizada denominados Princípios Contabilísticos ou
também princípios contabilísticos geralmente aceites.
108
Estes princípios contabilísticos são regras que guiam a execução dos movimentos da contabilidade e a
preparação das contas, de modo a que estas dêem uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira
e dos resultados da entidade, que sejam ao mesmo tempo compreensível e útil para os seus utilizadores.
Os princípios não são leis no sentido científico do termo mas apenas regras construídas pelo homem para
incrementar a utilidade da informação contabílistica e que têm evoluído de acordo com a necessidade da sua
utilização.
Estes princípios contabilísticos baseiam-se na consideração de alguns aspectos do meio envolvente em que a
contabilidade é elaborada e que afectam directamente os seus objectivos os quais poderemos designar por
fundamentos ou conceitos básicos.
Entidade Separada
Segundo este conceito, cada negócio ou empresa, é tratado contabilisticamente como entidade separada e
perfeitamente autónoma dos seus proprietários. Assim, cada unidade é visualizada como possuindo todos os
recursos que lhe estão atribuídos e sendo responsável pelas suas dívidas e obrigações.
A contabilidade está em primeiro lugar interessada com o que se passa com a unidade económica e só
secundariamente com os seus sócios ou proprietários.
Sendo as sociedades entidades legalmente separadas dos sócios e proprietários aplica-se-lhes sem dificuldade
este conceito. Aplica-se também às actividades comerciais exercidas pelos individuais, embora neste caso, de
um ponto de vista jurídico, não haja tal separação de bens e direitos. Por exemplo, a casa da residência de um
comerciante actuando em nome individial não deve ser incluída na sua contabilidade, muito embora tenha o
mesmo proprietário, e possa vir a ser chamado a satisfazer as suas dívidas de natureza comercial.
Continuidade
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De acordo com este conceito considera-se que as contas das entidades devem ser preparadas, a menos que
haja evidência do contrário, pressupondo a vida indefinida da unidade ou empresa, isto é, que não se espera
que venha a ser liquidada no futuro próximo.
Este conceito permite fundamentar as bases de preparação das contas, nomeadamente dos Balanços. Por
exemplo, é este conceito que justifica o processo de contabilização dos bens do Activo imobilizado, tais como
máquinas, edifícios ou viaturas e a sua apresentação nos Balanços pelo seu valor de custo deduzido das
amortizações acumuladas, isto é, pela parcela do seu custo imputável a exercícios futuros.
É também justificação para incluir no Activo pelo seu custo, as existências de impressos, cartas etc, que tenham
impresso o nome da sociedade que no caso de cessação da actividade terão o seu valor diminuído para o
equivalente ao seu peso de papel-velho. Nestes casos a intenção da posse destes bens não é a venda, daí a
justificação, baseada neste conceito, para a sua valorização, e inclusão dos bens activos.
No entanto quando se tem conhecimento que determinada entidade, vai ser dissolvida, este conceito não se
aplica, devendo-se aplicar outros princípios que levem em conta a situação particular em causa.
Assim este conceito fundamental estabelece que a contabilidade mede e reporta os resultados da entidade
utilizando uma unidade monetária, ( metical, escudo, dólar ). Este processo é realizado como se a unidade
monetária, ela própria, não variasse também de valor (tamanho) quando se sabe que em períodos longos, a
inflação modifica este valor. Por causa disto diz-se muitas vezes que a contabilidade assume a existência de
uma unidade monetária estável.
110
Sobretudo em países com elevadas taxas de inflacção, têm-se tentado desenvolver técnicas para incorporar nas
contas apresentadas pelas entidades, (Balanços, Conta de Resultados) os efeitos da modificação do valor da
unidade monetária. Contudo, apesar da justificação teórica dos critérios utilizados para esse efeito, estes
continuam a ser baseados no subjetivismo, pelo que, a sua utilização não se tem generalizado.
Periodização
Embora os resultados finais dos negócios de uma entidade ou empresa só se possam conhecer no final da sua
vida, isto é, quando se proceder a sua liquidação, são necessárias demonstrações financeiras referentes a
períodos mais curtos. Por exemplo os impostos são baseados em contas anuais, os sócios necessitam de
conhecer a situação da empresa e seus lucros ( ou prejuízos ) anualmente.
A divisão da vida da entidade em períodos mais curtos, normalmente o ano é um conceito perfeitamente
estabelecido que determina a execução da contabilidade. Por outro lado para efeitos de gestão e controlo, o
período ainda é normalmente encurtado elaborando-se contas trimestrais ou mensais, ou mesmo semanais.
O conceito fundamental da periodização implica a chamada separação, segregação por especialização dos
períodos exigindo o corte de proveitos e custos de modo a serem atribuídos ao período a que respeitam.
Este conceito traduz-se no regime do acréscimo (Accrual Basis). As demonstrações financeiras preparadas de
acordo com o regime de acréscimo dão informações não somente das operações passadas que envolveram o
pagamento e o recebimento de dinheiro mas também das obrigações de pagar dinheiro no futuro e de recursos
que representam dinheiro a ser recebido no futuro.
Tomando como base estes conceitos fundamentais foram-se desenvolvendo ao longo dos tempos um conjunto
de princípios contabilísticos, geralmente aceites, quer pelas legislações, quer pelos técnicos e teóricos da
Contabilidade. Estes princípios contabilísticos, são guias genéricos que completam os fundamentos
anteriores, tendo como principal finalidade garantir que a contabilidade cumpre o seu objectivo fundamental de
fornecer informação relevante aos interessados. Os principais princípios são:
De acorco com este princípio, o custo é a base mais adequada para o registo de qualquer transacção,
como seja compra de bens, compra de serviços, despesas e custos, assumpção de responsabilidades, etc.
Estabelece igualmente que posteriormente durante todo o processamento contabilístico o mesmo conceito deve
111
ser mantido. Por exemplo, ao proceder à valorização da existência das mercadorias em armazém deve utilizar-
se o preço de custo das mesmas. As grandes vantagens deste princípio é ser determinável, definido e
objectivo.
Tem igualmente algumas dificuldades na sua aplicação em transacções em que não se utiliza dinheiro como
contrapartida, em que se deverá considerar custo, o valor da contrapartida entregue ou, quando se trata de
donativos de bens recebidos em que se terá que se proceder a uma avaliação.
Este princípio estabelece que o maior objectivo da contabilidade é a determinação do resultado líquido do
período ( ano normalmente ) fazendo a correspondência dos custos incorridos com os correspondentes
proveitos obtidos. O princípio reconhece que o fluxo de rendimento entra continuamente no negócio e que isto
exige que exista uma perfeita separação do fluxo no final do período, que os fluxos entrados no período sejam
medidos e que os custos suportados para obter os rendimentos sejam apurados e que, por diferença, se
determine o resultado líquido do período.
Este princípio exige que o conjunto dos proveitos ( rendimentos ) seja atribuído a cada período o que implica
que seja identificado o momento em que tais proveitos são considerados realizados. Existem três bases que
podem ser utilizadas de acordo com as circunstâncias, para esse reconhecimento: Base de Venda, Base de
Caixa e Percentagem de Acabamento.
A Base de Venda, é o mais generalizado princípio de reconhecimento de proveitos. Neste princípio, o proveito é
considerado como realizado, isto é, efectivado, quando se dá a entrega da mercadoria vendida ou o serviço é
prestado, contra a entrega ou, a promessa de entrega, de uma importância em dinheiro.
Segundo a Base de Caixa, que deve ser utilizado quando existem sérias dúvidas do recebimento da
contrapartida em dinheiro, o proveito deve ser registado como tal apenas no momento do seu recebimento.
112
O problema da determinação do momento em que os proveitos devem ser reconhecidos é evidentemente, muito
importante. No entanto, dadas as diferenças naturais na natureza das transacções não pode existir uma teoria
geral aplicável a todas as situações.
Em resumo, o princípio da correspondência custos-proveitos estabelece que para qualquer período em que se
esteja a determinar o respectivo resultado líquido, os proveitos devem ser reconhecidos de acordo com uma das
bases mencionadas acima.
Em contrapartida os custos incorridos para gerar aqueles proveitos devem ser determinados e atribuídos
igualmente ao mesmo período. Se determinados proveitos são atribuídos a períodos futuros, a todos os custos
relacionados com esses mesmos proveitos deverá suceder o mesmo. Apesar desta correspondência entre
custos e proveitos nem sempre ser de fácil execução, ela é, contudo, essencial se se pretende determinar
correctamente os resultados respectivos.
Muitos custos são assim, de acorco com este princípio, diferidos, isto é, adiados para o futuro, com a
natureza de bens Activos, porque os mesmos produzirão benefícios ou gerarão rendimentos no futuro. Como
exemplo, podemos indicar as existências em stocks, despesas pagas adiantadamente, bens sujeitos a
depreciação. Futuramente serão registados como custos imputáveis a esses períodos futuros.
A aplicação deste princípio exige a chamada segregação de exercícios, em oposição à contabilização com base
de caixa, pelo que nos procedimentos de encerramento anual de contas são necessários lançamentos de
regularização para adequar esses mesmos custos aos períodos respectivos.
Princípio da Objectividade
113
Princípio da Consistência
Em muitos casos, dois ou mais métodos ou procedimentos contabilísticos podem ser igualmente válidos para
registar determinado tipo de factos contabilísticos. A escolha estre os diferentes métodos possíveis depende, da
análise de qual melhor serve os objectivos particulares da empresa naquelas circunstâncias particulares.
Esta liberdade de escolha não é no entanto total. De acordo com o princípio da consistência, uma vez adoptada
uma política contabilística, esta deve ser seguida consistentemente nos diversos períodos contabilísticos, com o
objectivo de tornar totalmente comparáveis as demonstrações financeiras dos sucessivos períodos.
Por exemplo, se uma companhia utiliza o critério de valorizar as suas existências utilizando o custo médio num
ano, deve de acordo com este princípio continuar a usá-lo nos períodos seguintes.
O princípio da consistência não inibe, no entanto, uma empresa de, se chegar a conclusão, de que uma política
ou prática contabilística deixarem de ser adequadas à sua actividade, alterá-lo para outro mais adequado.
Nestas circunstâncias, no entanto, existe a obrigatoriedade de se dar a conhecer aos utilizadores da informação
contabilística, mediante nota adequada, essa alteração bem como a quantificação dos respectivos efeitos.
Segundo este princípio, as demonstrações financeiras normalmente designadas por contas, devem incluir a
totalidade da informação relativa aos negócios da entidade económica. Deve entender-se aqui por
demonstrações financeiras não apenas o Balanço e a Demonstração de Resultados, mas igualmente as notas
anexas explicativas, dos princípios e políticas contabilísticas. Estão também incluídas nas contas, outros
elementos de reporte como são os relatórios das administrações e eventuais pareceres de auditores sobre as
mesmas.
Isso não significa que a informação a publicitar deva ser excessivamente pormenorizada, deve no entanto ser
completa, no sentido de que toda a informação apresentada deve ser suficiente para uma visão apropriada da
situação da entidade de modo que um investigador prudente não seja induzido em erro.
114
Princípio da Excepção ( ou Modificação )
Salientou-se atrás que os princípios contabilísticos não emanavam da ciência natural (natureza) mas eram
criação do homem. Além disto, os princípios contabilísticos são sujeitos a mudanças quando as condições se
alteram ou quando as necessidades dos utilizadores também se alteram.
Os princípios contabilísticos são pragmáticos e necessitam de ser aplicados às mais diversas situações e
circunstâncias. Com base nestas considerações podem portanto, aparecer excepções na sua aplicação. Entre
estes casos podem ter-se os seguintes princípios modificativos ou de excepção:
Materialidade ( ou significância ) - que permite que uma transacção se contabilize de uma maneira menos
correcta, em casos em que, por se fazer o registo, digamos, errado, isto não afecta a avaliação dos
interessados. Por vezes bens de pequeno valor, que de um ponto de vista do seu período de vida útil deviam
ser considerados no imobilizado e levados a custos durante esse período pela via das amortizações, são
considerados como custo no ano de aquisição, para evitar o trabalho administrativo do seu controlo.
Conservadorismo ( ou prudência ) - que considera que quando existam várias alternativas aceitáveis para se
contabilizar determinada operação, deve escolher-se aquela que influencia menos favoravelmente a situação
líquida.
O princípio de prudênica é muitas vezes mal interpretado e criticado. No entanto devemo-lo considerar essencial
uma vez que os utilizadores externos da informação, quando o “valor correcto” não está bem determinado, são
melhor servidos por uma subavaliação dos resultados líquidos e do património líquido do que o contrário.
Exemplos de conservadorismo podem encontrar-se na criação de provisões para dívidas de difícil cobrança, na
utilização do critério de avaliação de stocks ou custo ou valor de realização dos dois o mais baixo, uso de
métodos de amortização aceleradas, etc.
Especificidades Sectoriais - segundo este princípio são permitidos procedimentos contabilísticos derivados da
especial natureza da actividade e que tradicionalmente tenham vindo a ser utilizados em virtude da sua
115
especificidade, racionalidade e viabilidade. Estas diferenças podem mesmo ser provocadas por legislação
especificamente aplicáveis a esse sector de actividade, como é o caso dos sectores bancário e segurador.
De facto a crecente utilização das demonstrações financeiras, isto é, da informação de natureza contabilística
pelos utilizadores mais diversos, a internacionalização crescente das actividades económicas e das próprias
empresas, veja-se o aumento crecente da importância das chamadas multinacionais, tem levado à necessidade
do desenvolvimento da contabilidade em geral e ao interesse generalizado dos princípios contabilísticos e
regras comuns de preparação de contas.
A resposta a estas necessidades têm levado ao estabelecimento cada vez em maior escala , de normas,
políticas e práticas contabilísticas que genericamente são enquadradas no âmbito da normalização
contabilística.
Devemos, desde de já notar que o seu desenvolvimento não tem sido uniforme. De facto tendo a contabilidade
como objectivo o fornecimento de informação quantitativa de natureza predominantemente financeira sobre
entidades económicas é naturalmente, influenciada pelo meio envolvente. Esta influência levou a que os
sistemas, práticas e conceitos se tenham desenvolvido de maneira diferente nos diversos países, dependendo
do seu nível de desenvolvimento mas também das suas tradições legais, políticas e da natureza, dimensão e
complexidade das unidades económicas, bem como de outras condicionantes de natureza social. Por exemplo é
116
considerada normal e desejável a codificação de normas contabilísticas e planos de contas nos países
influenciados pelo direito romano enquanto nos países de influências anglo-saxonica ( common law) são as
organizações profissionais que lideram tais processos.
Dentro do desenvolvimento da normalização contabilística a nível nacional compete-nos destacar dois casos
que, devido a importãncia das respectivas economias, ao desenvolvimento dos respectivos mercados de
capitais tem contribuído para o desenvolvimento das normas contabilísticas a nível interno e influenciado pela
via dos contactos internacionais o seu desenvolvimento nos restantes países do mundo: Estados Unidos da
América e Reino Unido. Quer num quer noutro, a importãncia das organizações profissionais tem sido
determinante.
A nível internacional, o estabelecimento de normas e práticas comuns tem sido rodeado de diversas dificuldades
e muitas divergências de opinião. Pelo facto de, como mencionamos mais atrás, nuns países as normas serem
estabelecidas por via legislativa, no exercício do poder político enquanto noutros essa tarefa cabe a organismos
profissionais, coloca-se a questão de como deverão as normas internacionais ser estabelecidas, e qual o
conceito básico de norma internacional a ser adoptado. Neste ultimo aspecto duas soluções têm prevalecido.
Por exemplo a Comunidade Europeia tem desenvolvido as suas normas de contabilidade através do conceito de
harmonização. De acordo com este conceito poderão prevalecer nos diferentes países abrangidos normas
diferentes desde que as mesmas estejam de acordo com as diferentes alternativas permitidas na Directiva e, a
política adoptada seja devidamente relatada nas demonstrações financeiras. De acordo com o conceito de
normalização em sentido estrito (standard) esta flutuação não deverá ocorrer, devendo a mesma situação ter
sempre um tratamento uniforme.
Outro tiplo de dificuldade reside na obrigatoriedade de aplicação das normas internacionais. A todas as
empresas, grandes médias ou pequenas? A todos os países independentemente do grau de desenvolvimento?
Apesar de alguns críticos salientarem a importãncia das diferenças de tradição entre os países, as diferenças
nas necessidades dos diversos utilizadores e os perigos que a normalização a nível internacional acarreta à
soberania nacional, o movimento no sentido do estabelecimento de normas internacionais tem tido progressos
importantes. Integrada nesta tendência já mencionámos a actividade de normalização contabilística a nível da
117
Comunidade Europeia, no entanto o mais importante órgão de normalização internacional é o International
Accounting Standards Board - IASB.
As Normas Internacionais de Relato Financeiro são produzidas pelo International Accounting Standards Board
(IASB). O IASB foi constituído em 1973 (como IASC - Internacional Accounting Standards Committee) para
trabalhar no melhoramento e harmonização do relato financeiro. O IASB desenvolve as IFRS através dum
processo internacional que envolve toda profissão de Contabilidade e auditoria, os preparadores e utentes das
demonstrações financeiras e organismos nacionais de formulação de normas de relato financeiro.
a) Desenvolver, no interesse público, um único conjunto de normas de relato financeiro que sejam de alta
qualidade, fáceis de entender; cuja aplicação possa ser requerida a nível global.
c) Trabalhar activamente com organismos nacionais de formulação de normas com forma a convergência
de normas nacionais e IFRS para o alcance de soluções de alta qualidade.
118
a) A Federação Internacional de Contabilistas (IFAC) propôs candidatos para 5 dos 19 Fiduciários
enquanto organizações internacionais de preparadores, utentes e académicos nomearam um
Fiduciário cada.
Standards Advisory Council – O standards Advisory Council providencia um veículo formal para outros grupos e
indivíduos com experiência geográfica e funcional diversos a aconselharem o IASB e as vezes os próprios
fiduciários.
International Financial Reporting Interpretations Committee – O IFRIC publica explicações sobre áreas
complexas na aplicação das IFRS.
O predecessor do IASB, o IASC, emitiu 41 normas chamadas Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) e
no dia 1 de Abril de 2001, o IASB adoptou todas estas normas e agora emite suas normas chamadas Normas
Internacionais de Relato Financeiro (IFRS). Até agora já foram emitidas 6 IFRS. Daqui em diante chamaremos
todas normas internacionais de Contabilidade de IFRS.
As Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) são formuladas seguindo o mesmo processo
que se seguia na formulação das IAS.
A agenda geral do IASB é inicialmente estabelecida em coordenação com o Standards Advisory Council. O
processo para desenvolver uma norma individual envolve os seguintes paços:
Paço 1 Durante os primeiros paços do projecto, o IASB pode estabelecer o Advisory Committee (comité de
aconselhamento) para aconselhar em questões que possam surgir do projecto. A consultação com o
Standards Advisory Council e o Advisory Committee é permanente durante todo o projecto.
Paço 2 O IASB desenvolve e publica um Discussion Document para comentários pelo público.
Paço 3 Depois de receber e rever os comentários, o IASB desenvolve e publica um Exposure Draft para
publicação.
Paço 4 Depois de receber e rever os comentários o IASB então emite a versão final da Norma Internacional de
Relato Financeiro (IFRS).
119
O período de exposição para comentários públicos é normalmente 90 dias. Entretanto, em casos excepcionais,
propostas podem ser emitidas com um período para comentário de 60 dias. As interpretações do IFRIC, quando
ainda em minuta, são expostas para comentário durante um período de 60 dias.
Uma coordenação entre o processo de formulação de normas do IASB e de países individuais é importante para
o sucesso do IASB.
O IASB está explorando formas de integrar o seu processo de formulação de normas com os processos de
países individuais. Particularmente, o IASB está a explorar o seguinte procedimento para projectos que têm
implicações internacionais:
a) O IASB e organismos nacionais de formulação de normas iriam coordenar as suas agendas
de trabalho para que quando o IASB inicia um projecto, os organismos nacionais possam
adiciona-lo nas suas agendas para que consigam contribuir para o alcance do consenso
internacional. Da mesma maneira, onde os organismos nacionais começarem projectos, o
IASB iria considerar se quer desenvolver uma nova norma sobre a mesma matéria ou rever
suas normas existentes. Durante um período razoável, o IASB e o organismo nacional devem
ter como alvo rever todas normas onde existem diferenças significativas neste momento,
dando prioridade para as áreas onde as maiores diferenças existem.
b) Os organismos nacionais não precisam votar pelas soluções preferidas do IASB nas suas
normas nacionais já que cada país tem a opção de adoptar as normas do IASB com pequenas
emendas ou então adoptar tão somente as normas nacionais. Entretanto, a existência de
consenso internacional é claramente um factor que os membros de organismos nacionais
iriam considerar ao decidirem votar na emissão de normas nacionais.
c) O IASB iria continuar a publicar os seus próprios Exposure Drafts e outros documentos para
comentário.
d) Os organismos nacionais iriam publicar os seus Exposure Documents aproximadamente na
mesma altura que os Exposure Drafts do IASB e procurar comentários específicos nas áreas
onde existirem diferenças significativas entre os dois documentos. Nalguns casos, os
organismos nacionais podem incluir no seu Exposure Document comentários específicos em
questões de relevância particular para o seu país ou incluir orientações mais claras do que
constar do documento equivalente do IASB.
e) Os organismos nacionais iriam seguir o seu próprio processo de formulação de normas que
iriam idealmente escolher integrar com o processo do IASB. Esta integração iria evitar atrasos
120
desnecessários na conclusão de normas e também iria minimizar a possibilidade de
surgimento de diferenças desnecessárias nas normas que forem a surgir.
Sete dos membros permanentes do IASB têm responsabilidade de coordenação com organismos nacionais de
formulação de normas para promover a convergência de normas nacionais com as IFRS. O IASB tem como
visão uma parceria entre o IASB e estes organismos nacionais enquanto trabalham juntos para alcançar a
convergência de normas á nível mundial.
Os países com tais membros que têm responsabilidades de coordenação são Austrália e Nova Zelândia,
Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e EUA.
Adicionalmente, todos membros do IASB têm responsabilidade de contacto com organismos sem membros de
coordenação e muitos países são também representados no Standards Advisory Council.
Muitos dos IAS antigos permitiam dois tratamentos contabilísticos o mesmo acontecimentos/transacção. Um
tratamento é designado tratamento de referência e o outro é chamado tratamento alternativo permitido.
Entretanto, com a revisão das normas, muitas alternativas estão a ser eliminadas.
Em Setembro de 1996, o Conselho do IASC aprovou a formação do Standing Interpretations Committee (Comité
Permanente de Interpretações) para emitir explicações sobre áreas consideradas complexas na aplicação das
IFRS. Este comité mudou de nome para Internatioinal Financial Reporting Interpretations Committee.
a) Interpretar a aplicação de IFRS e fornecer orientações atempadas nas questões de relato financeiro
não especificamente focalizadas nas IFRS no contexto da estrutura conceptual do IASB e executar
outras tarefas a pedido do IASB.
b) Para ter em conta o objectivo do IASB de trabalhar activamente com organismos nacionais para
alcançar a convergência entre as normas nacionais e as IFRS.
121
c) Para publicar, depois da autorização do IASB, de Draft Interpretations para comentários do público e
considerar comentários feitos dentro dum período razoável antes de emitir interpretações finais.
Qualquer limitação na aplicabilidade de IFRS específicos é clarificada na própria norma. As IFRS não são para
transações imateriais. Cada IFRS estabelece o seu âmbito no princípio.
Em cada país individual, a legislação nacional governa de certa forma a preparação e publicação de
demonstrações financeiras. Estes regulamentos nacionais incluem normas de Contabilidade emitidas por
organismos nacionais de regulamentação e/ou organismos profissionais de Contabilidade no país em questão.
O IASB concentrou no essencial ao produzir as IFRS. Isto significa que o IASB evitou fazer com que as IFRS
fossem muito complicadas porque doutra forma seria impossível a sua aplicação a volta do mundo.
O IASB, e antes deste o seu sucessor, o IASC, existe já a 25 anos e interessa olhar para o seu impacto desde
aquele tempo.
No que diz respeito a Europa, as demonstrações financeiras de muitas das principais empresas multinacionais
já são preparadas de acordo com requisitos nacionais, directivas da União Europeia e IFRS. Adicionalmente, as
IFRS estão a ter uma influência crescente nas práticas Contabilísticas nacionais. Muitos destes
desenvolvimentos receberam um maior ímpeto devido a internacionalização dos mercados capitais.
No Japão, a influência das IFRS tinha, até recentemente sido quase nula. Isto era principalmente devido a
mistura entre a fiscalidade e o relato financeiro (como é o caso em Moçambique). O Ministério Japonês das
Finanças estabeleceu um comité para aconselhar o governo da necessidade de alinhar os requisitos
122
contabilísticos nacionais com as IFRS. A Bolsa de Valores de Tóquio já anunciou que vai aceitar demonstrações
financeiras de empresas estrangeiras que estejam de acordo com as normas contabilísticas do país de origem.
Isto foi visto como uma tentativa de atrair empresas estrangeiras para cotarem naquela bolsa, particularmente
as empresas de Hong Kong e Singapura. Como estes países baseiam a sua Contabilidade nas normas
internacionais, esta acção é por isso um reconhecimento implícito das IFRS, pelo Ministério Japonês das
Finanças.
Os EUA e o Japão foram dois dos países desenvolvidos que foram os mais relutantes na aceitação de contas
preparadas de acordo com as IFRS, mas desenvolvimentos recentes sugerem que tais demonstrações
financeiras podem brevemente ser aceites nas bolsas de valores destes dois países.
Nos EUA, o Securities and Exchange Comission (SEC) concordou em 1993 permitir empresas estrangeiras
cotadas nas bolsas Americanas a seguir as IFRS em certas questões incluindo as demonstrações de fluxo de
caixa de acordo com a IAS 7. O efeito geral é que onde o tratamento duma IFRS diferir do US GAAP, estes
tratamentos serão aceites. O SEC já está a apoiar o IASB porque também quer atrair empresas estrangeiras
para as bolsas Americanas.
Algumas vezes argumenta-se que as empresas devem ser dadas alternativas em questões de relato financeiro
pois as normas de Contabilidade as vezes são detrimentais ao relato financeiro. Existem argumentos em
ambos lados:
Nos argumentos a favor das normas (tanto nacionais como internacionais) constam os seguintes:
· Reduzem ou eliminam variações confusas nos métodos usados na preparação das demonstrações
financeiras;
123
· Tem obrigado as empresas a divulgar mais informação contabilística do que iriam divulgar se as
normas não existissem, por exemplo a IAS 33, Resultados por acção.
Muitas empresas resistem a divulgação de informações que são requeridas pela legislação nacional. Entretanto
existem os seguintes argumentos contra a padronização das normas e a favor da escolha livre:
· Um conjunto de regras dá um método de preparação das demonstrações financeiras que pode não
funcionar noutras circunstâncias. Por exemplo, a IAS 16, no tocante as amortizações não é
apropriada para propriedades de investimento (propriedades não ocupadas pelo proprietário mas
detidas somente para investimento), que são tratadas na IAS 40, Propriedade de Investimento.
· As normas podem ser sujeitadas a lobbies e pressão do governo (no caso de normas nacionais).
Por exemplo, nos EUA, a norma FAS 19 sobre a Contabilidade nas empresas de Óleo e Gás
resultou num lobby muito forte das petrolíferas que persuadiu o SEC a interferir. A norma FAS 19
foi por isso suspensa.
· Muitas normas nacionais não são baseadas numa estrutura conceptual, embora as IFRS tenham
esta base.
· Pode haver uma tendência de rigidez em vez de simplicidade na aplicação das regras.
Qualquer organismo internacional, independentemente do seu propósito, enfrenta dificuldades políticas enormes
ao tentar obter consenso internacional e o IASB não é uma excepção. Como é que o IASB pode reconciliar o
relato financeiro em economias tão diferentes como as dos países em vias de desenvolvimento no terceiro
mundo as economias sofisticadas dos países industrializados do primeiro mundo?
Os países em vias de desenvolvimento suspeitam o IASB, temendo que este organismo seja dominado pelos
EUA. Isto acontece porque a aceitação pelo SEC das IFRS é vista como um grande entrave a ultrapassar. De
facto, é o mercado Americano que deve ser persuadido a aceitar as IFRS.
Os países em vias de desenvolvimento estão a ser apoiados dalguma forma pela emissão da norma sobre a
agricultura, que é mais relevante para estes países.
Existem também tensões entre os modelos de relato financeiro nos EUA contra o Reino Unido e o modelo da
União Europeia. O modelo dos EUA/UK é baseado no relato para o investidor enquanto o modelo da União
Europeia é mais preocupado com as regras fiscais, dando menos importância as necessidades dos accionistas.
124
A desintegração da antiga URSS e a passagem de muitos países do Leste para economias abertas também
criou dificuldades. É provável que muitos destes países precisem de adoptar as normas internacionais quando
os seus países estabilizarem.
Precisas estar actualizado com o processo de desenvolvimento de normas do IASB e os problemas que
enfrenta tal como relatados nos media. Tens de saber discutir:
· Críticas ao IASB
125
IAS 21: Os Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio (revista em 1993)
IAS 22: Concentrações de Actividades Empresariais (revista em 1998)
IAS 23: Custos de Empréstimos Obtidos (revista em 1993)
IAS 24: Divulgações de Partes Relacionadas (reformatada em 1994)
IAS 26: Contabilização e Relato dos Planos de Benefícios de Reforma (reformatada em 1994)
IAS 27: Demonstrações Financeiras Consolidadas e Contabilização de Investimentos em Subsidiárias
(revista em 2000)
IAS 28: Contabilização de Investimentos em Associadas (revista em 2000)
IAS 29: Relato Financeiro em Economias Hiperinflacionárias (reformatada em 1994)
IAS 30: Divulgações nas Demonstrações Financeiras de Bancos e de Instituições Financeiras Similares
(reformatada em 1994)
IAS 31: Relato Financeiro de Interesses em Empreendimentos Conjuntos (revista em 2000)
IAS 33: Resultados por Acção (1997)
IAS 34: Relato Financeiro Intercalar (1998)
IAS 35: Unidades Operacionais em Descontinuação (1998)
IAS 36: Imparidade de Activos (1998)
IAS 37: Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes (1998)
IAS 38: Activos Intangíveis (1998)
IAS 40: Propriedades de Investimento (2000)
IAS 41: Agricultura (2001)
A lista dá uma imagem do caminho já percorrido e da aceitação cada vez mais generalizada das Normas
Internacionais. De facto, muitas organizações nacionais da profissão procuram activamente aplicá-las, bem
como cada vez mais, muitas companhias internacionais, havendo até diversos exemplos de algumas
mencionando que as suas contas são preparadas de acorco com as Normas Internacionais. Será mesmo de
salientar, que alguns países em desenvolvimento tais como, o Paquistão, o Botswana e Malawi, aceitam e
implementam as Normas Internacionais logo que são postas em vigor.
127
6.7 Código de Ética e Deontologia Profissional dos Profissionais de Contabilidade
É à luz das características e dos objectivos da Profissão enunciados e do imperativo de conformidade por parte
dos profissionais de Contabilidade com princípios fundamentais da independência, responsabilidade,
competência, urbanidade, legalidade e sigilo profissional, e tendo ainda como fontes as orientações emanadas
da IFAC - International Federation of Accountants, que se aprova o presente Código de Ética e Deontologia
Profissional, doravante designado de Código.
CAPÍTULO I
Do âmbito de aplicação
Artigo 1
(aplicabilidade)
1. O presente Código aplica-se a todos os membros da Ordem dos Profissionais de Contabilidade de
Moçambique, doravante designada de Ordem, independentemente das funções que exerçam.
2. As normas deste Código são extensivas também, na medida em que lhes sejam aplicáveis, a todos os
colaboradores dos profissionais de Contabilidade, quer estes sejam Técnicos Contabilistas Habilitados ou
128
Contabilistas Certificados, e das sociedades de profissionais de Contabilidade, bem como aos respectivos
sócios que não sejam Técnicos Contabilistas Habilitados ou Contabilistas Certificados.
CAPÍTULO II
Dos princípios
Artigo 2
(princípios fundamentais)
1. O profissional de Contabilidade, abarcando Técnicos Contabilistas Habilitados e Contabilistas Certificados,
deve, em todas as circunstâncias, pautar a sua conduta pessoal e profissional pelos princípios consignados no
presente Código e nos restantes normativos aplicáveis, adoptando uma conduta responsável que prestigie a
profissão e o próprio.
2. O profissional de Contabilidade, deve exercer a sua actividade profissional com independência,
responsabilidade, competência e urbanidade, respeitando a legalidade, o sigilo profissional, as regras sobre
publicidade pessoal e profissional e os seus deveres para com os colegas, os clientes, a Ordem e outras
entidades, acautelando legitimamente os seus direitos.
Artigo 3
(Independência do Técnico Contabilista Habilitado)
1. O Técnico Contabilista Habilitado deve exercer a sua actividade em qualquer entidade com absoluta
independência técnica, à margem de qualquer pressão, especialmente, a resultante dos seus próprios
interesses, de entidade patronal ou de outras influências exteriores.
2. Se a prevalência das regras deontológicas provocar um conflito que possa pôr em causa a subsistência da
relação laboral, deve o Técnico Contabilista Habilitado procurar uma solução concertada conforme às regras
deontológicas e, se não for possível, solicitar um parecer à Ordem sobre o procedimento a adoptar.
3. No exercício das suas funções os Técnicos Contabilistas Habilitados não devem subordinar a sua actuação a
indicações de terceiros que possam comprometer a sua independência de apreciação, sem prejuízo de
auscultarem outras opiniões técnicas que possam contribuir para uma correcta interpretação e aplicação das
normas legais aplicáveis.
Artigo 4
(independência do Contabilista Certificado)
1. O Contabilista Certificado deve exercer a sua actividade em qualquer entidade com absoluta independência
profissional, à margem de qualquer pressão, especialmente, a resultante dos seus próprios interesses ou de
influências exteriores, por forma a não se ver colocado numa posição que, objectiva ou subjectivamente, possa
diminuir a liberdade e a capacidade de formular uma opinião justa e isenta.
2. O Contabilista Certificado deve, nomeadamente:
a) Recusar qualquer trabalho que, por quaisquer motivos ou circunstâncias, possa diminuir a sua liberdade de
julgamento ou suscitar dúvidas a terceiros sobre a sua independência profissional;
b) Rejeitar indicações de terceiros sobre o trabalho a desenvolver ou o tipo de conclusões a que deve chegar;
129
c) Adoptar, no seu relacionamento com os membros dos órgãos de gestão e de fiscalização, bem como com os
seus colaboradores e outros com quem tem de manter relações profissionais, uma conduta que não
comprometa a sua independência funcional e hierárquica;
d) Ser justo, intelectualmente honesto e imparcial no seu comportamento profissional;
e) Salvaguardar a independência económica e financeira em relação a cada cliente, não recebendo honorários
que representem um montante superior a 15% do volume de negócios anual da Sociedade de Contabilistas
Certificados ou do total de honorários anual do Contabilista Certificado individual, salvo se essa situação não
puser em causa a sua independência profissional ou se estiver em início de actividade.
3. O Contabilista Certificado não deve aceitar um trabalho de auditoria às contas e serviços relacionados em
determinada empresa ou outra entidade, caso esteja, ou seja previsível que venha a estar, a seu cargo:
a) O trabalho de organizar ou executar a contabilidade ou de assumir a responsabilidade legal ou contratual
desta, nessa empresa ou outra entidade;
b) O trabalho de fiscalizar, inspeccionar ou julgar contas, ao serviço de organismos com atribuições legais para
o efeito, nessa empresa ou outra entidade.
4. Considera-se que o Contabilista Certificado está abrangido pelo disposto no número anterior, quer o trabalho
seja realizado a título individual, quer por cônjuge, parente ou afim na linha recta ou até ao terceiro grau na linha
colateral, quer ainda através de sociedade de que seja sócio ou na qual tenha como sócio, administrador,
director ou gerente, o cônjuge, parente ou afim na linha recta ou até ao terceiro grau da linha colateral.
5. No exercício das suas funções os Contabilistas Certificados não devem subordinar a sua actuação a
indicações de terceiros que possam comprometer a sua independência de apreciação, sem prejuízo de
auscultarem outras opiniões técnicas que possam contribuir para uma correcta interpretação e aplicação das
normas legais aplicáveis.
6. O Contabilista Certificado suplente chamado ao desempenho efectivo de funções exerce-as em plenitude,
não se considerando hierarquicamente dependente do Contabilista Certificado efectivo que for substituir.
Artigo 5
(responsabilidade)
1. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve assumir uma conduta pessoal e profissional
idónea e responsável, de acordo com os princípios e normas do presente Código e outros normativos aplicáveis,
abstendo-se de qualquer conduta desprestigiante para si próprio ou para a profissão.
2. No exercício das suas funções de auditoria às contas, a responsabilidade civil do CC deve ser garantida por
seguro pessoal de responsabilidade civil e profissional, cumprindo com os limites legalmente estabelecidos.
3. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado é responsável por todos os actos que pratique,
incluindo os dos seus colaboradores, no exercício das suas funções.
4. A subcontratação de serviços bem como o recurso à colaboração de empregados ou de terceiros, mesmo no
âmbito de sociedades de profissionais ou de empresas de contabilidade não elide a responsabilidade individual
do Técnico Contabilista Habilitado ou do Contabilista Certificado.
130
5. As sociedades de profissionais são solidariamente responsáveis com os Técnicos Contabilistas Habilitados
ou Contabilistas Certificados que nelas exerçam funções, quer em regime de trabalho dependente, quer em
regime de trabalho independente, pelos prejuízos causados a terceiros e por eles praticados no exercício das
suas funções.
Artigo 6
(comportamento dos profissionais de Contabilidade)
1. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve adoptar, em todas as circunstâncias, um
comportamento competente e de elevado profissionalismo, conhecendo as normas legais e técnicas aplicáveis e
promovendo o aperfeiçoamento dos seus conhecimentos técnicos e métodos de trabalho.
2. O seu trabalho e o dos seus colaboradores deve, designadamente, ser planeado, executado, revisto e
documentado, de forma a constituir fundamentação adequada e suficiente do trabalho efectuado.
3. No desenvolvimento do seu trabalho, pode solicitar a terceiros pareceres profissionais sobre aspectos que
transcendam o âmbito da sua especialização e que se tornem imprescindíveis ao exercício das funções para
que foi contratado.
4. No caso do Contabilista Certificado, tal situação deve constar expressamente do seu relatório ou parecer.
5. No desempenho das suas funções, o Contabilista Certificado pode, sob sua inteira responsabilidade,
supervisão e orientação técnica, utilizar colaboradores ou apoiar-se em serviços do seu cliente, nomeadamente,
jurídicos, contabilísticos, financeiros, de auditoria interna e outros, para a execução de trabalhos que se tornem
necessários.
6. Ao Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado compete verificar se os seus colaboradores têm
a competência adequada para executar os trabalhos de que são incumbidos.
7. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado não deve aceitar a realização de trabalhos para
os quais não disponha de adequada organização e dos correspondentes recursos humanos e materiais.
8. Para garantir a sua competência profissional e o tratamento adequado das entidades, os profissionais de
Contabilidade devem, nomeadamente:
a) Por forma continuada e actualizada desenvolver e incrementar os seus conhecimentos e qualificações
técnicas e as dos seus colaboradores;
b) Planear e supervisionar a execução de qualquer serviço por que sejam responsáveis, bem como avaliar a
qualidade do trabalho realizado;
c) Utilizar os meios técnicos adequados ao desempenho cabal das suas funções.
Artigo 7
(urbanidade)
O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve tratar com respeito os seus clientes, os
colegas, a Ordem e outras entidades, por forma a estabelecer com todos uma relação que, presumindo a sua
boa fé, contribua para garantir o correcto exercício dos seus direitos e o cumprimento dos seus deveres.
Artigo 8
131
(legalidade)
O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve exercer a sua actividade dentro dos limites
dos poderes que lhe estejam atribuídos, em conformidade com a lei, as normas técnicas da profissão e os
princípios, regulamentos, normas e orientações de carácter profissional emitidos pela Ordem, de modo a
alcançar os fins visados na legislação em vigor.
Artigo 9
(sigilo profissional)
1. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado não pode prestar a empresas ou outras
entidades públicas ou privadas quaisquer informações relativas a factos, documentos ou outras de que tenha
tomado conhecimento por motivo de prestação dos seus serviços e que não se destinem a ser do domínio
público, devendo guardar confidencialidade quanto às mesmas, bem como abster-se de utilizar, por qualquer
modo, tais informações em proveito pessoal ou de terceiros.
2. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado não pode aproveitar-se, pessoalmente ou em
benefício de terceiros, de segredos comerciais ou industriais de que tome conhecimento no decurso dos seus
trabalhos, nem, em caso algum, ser escusado do cumprimento deste dever.
3. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve diligenciar para que os seus colaboradores
e peritos a que tenha recorrido respeitem os deveres previstos nos n.os 1 e 2 anteriores, assumindo a
responsabilidade pela inobservância desse dever.
4. O dever de sigilo persiste mesmo após a cessação de funções na empresa ou outra entidade, nos termos da
legislação ou contrato que lhe for aplicável.
5. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado será dispensado do disposto na primeira parte
do n.º 1 deste artigo, quando:
a) Seja devidamente autorizado, por escrito, pela entidade beneficiária do sigilo;
b) A lei o imponha, por se tratar de tomada de conhecimento de factos que indiciem a prática de crimes
públicos, ou em quaisquer outras situações naquela devidamente tipificadas;
c) Resulte de dever legal ou profissional.
7. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve conservar a documentação e as
informações, qualquer que seja o seu suporte ou forma sob que se apresentem, e protegê-las adequadamente
de modo a impedir o acesso indevido às mesmas por parte de terceiros.
8. Em caso de dúvida sobre a observância ou dispensa de cumprimento do dever de sigilo, o Técnico
Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deverá sempre ouvir a Ordem.
CAPÍTULO III
Da publicidade e da informação
Artigo 10
(publicidade e informação)
132
Os profissionais e sociedades de contabilidade apenas podem fazer publicidade institucional, estando-lhes
vedada toda a espécie de publicidade profissional por circulares, anúncios, meios de comunicação social ou
qualquer outra forma.
CAPÍTULO IV
Dos deveres
Artigo11
(deveres do Técnico Contabilista Habilitado e do Contabilista Certificado para com os colegas)
1. Nas suas relações recíprocas o Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve:
a) Proceder com a maior correcção e urbanidade;
b) Não se pronunciar publicamente sobre as funções que sejam confiadas a outros, salvo com o seu acordo
prévio;
c) Actuar com a maior lealdade em todas as situações e circunstâncias, nomeadamente nas de angariação de
clientes.
2. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado não deverá oferecer trabalho, directa ou
indirectamente, a colaboradores de outros Técnicos Contabilistas Habilitados ou Contabilistas Certificados.
3. Sempre que um Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado for solicitado a substituir outro
colega deve, previamente à aceitação do serviço, solicitar-lhe esclarecimentos sobre a existência de quantias
em dívida, não devendo aceitar as funções enquanto não estiverem pagos os créditos a que aquele tenha
direito, desde que líquidos e exigíveis.
4. Sempre que o contacto a que alude o número anterior se revelar impossível deverá dar conhecimento desse
facto à Ordem.
5. São deveres do Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado antecessor:
a) Informar o novo Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado, no prazo máximo de quinze dias,
após a comunicação referenciada no número anterior, se foi ou não ressarcido dos seus créditos, sob pena de,
após aquele prazo se considerar pago de todos os valores;
b) Comunicar-lhe todas as circunstâncias que possam influenciar a sua decisão de aceitar ou não a proposta
contratual;
c) Prestar-lhe outras informações relevantes, mediante consentimento prévio da entidade a quem prestou
serviços.
6. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado que seja substituído deve tornar acessível ao
substituto a informação profissional adquirida e facultar-lhe a consulta dos registos e documentos de trabalho
produzidos no decurso do seu trabalho.
7. Em caso de substituição de um Contabilista Certificado por um suplente, quer por impedimento temporário,
quer por cessação de funções, deve:
a) O Contabilista Certificado efectivo comunicar a substituição, por escrito, ao suplente, independentemente de
idêntica comunicação aos competentes órgãos sociais;
133
b) O Contabilista Certificado suplente comunicar à Ordem o início do exercício de funções;
c) O Contabilista Certificado efectivo dar ao suplente toda a colaboração indispensável ao bom desempenho das
suas funções.
8. Não é permitido ao Contabilista Certificado efectivo dividir as responsabilidades com o suplente, nem
combinar com este qualquer forma de repartição de honorários.
9. O Contabilista Certificado não pode repartir com colegas ou outras entidades os seus honorários, excepto em
relação àqueles que lhe tenham prestado colaboração efectiva sob sua exclusiva responsabilidade.
10. Não é permitida a subcontratação, expressa ou tácita, de qualquer das tarefas abrangidas no âmbito das
competências exclusivas dos Contabilistas Certificados que possa, sob qualquer modo, constituir derrogação ou
condicionante da completa responsabilidade civil profissional, disciplinar ou penal, inerentes ao exercício das
funções desempenhadas em cumprimento das Normas Técnicas de Auditoria.
11. Verificando-se diferendo entre Contabilista Certificado e ou sociedades de Contabilistas Certificados, e entre
Técnico Contabilista Habilitado e ou sociedades de Técnicos Contabilistas Habilitados devem os mesmos fazer
funcionar, em primeira mão, a via conciliatória, nomeadamente por escrito, e, não se revelando esta eficaz,
requerer a arbitragem à Ordem.
Artigo 12
(direitos e deveres do Técnico Contabilista Habilitado para com os clientes)
1. Para além dos direitos previstos no Estatuto, os Técnicos Contabilistas Habilitados no exercício das suas
funções têm direito a obter das entidades a quem prestam serviços toda a colaboração e informação necessária
à prossecução das suas funções com elevado rigor técnico e profissional, bem como a serem tratados com
civilidade.
2. A negação da referida colaboração e informação, pontual ou reiterada, desresponsabiliza os Técnicos
Contabilistas Habilitados pelas consequências que daí possam advir e confere-lhe o direito à recusa de
assinatura das declarações fiscais.
3. Para os efeitos do número anterior, considera-se falta de colaboração a ocultação, omissão, viciação ou
destruição de documentos de suporte contabilístico ou a sonegação de informação em tempo útil, que tenha
influência directa na situação contabilística e fiscal da entidade.
4. A não entrega atempada, nos termos contratuais, dos documentos de suporte contabilístico e de prestação
de contas desonera os Técnicos Contabilistas Habilitados de qualquer responsabilidade pelo incumprimento dos
prazos legalmente estabelecidos.
5. A falta de pagamento dos honorários ou remunerações acordadas com as entidades a quem prestam
serviços constitui justa causa para a rescisão do contrato de prestação de serviços. Neste caso, à falta de
previsão contratual, o Técnico Contabilista Habilitado deve, por carta registada com aviso de recepção, indicar
esse fundamento e dar um prazo de aviso prévio a partir do qual se considera desvinculado das obrigações
assumidas.
134
6. Antes de encerrarem o exercício fiscal, os Técnicos Contabilistas Habilitados têm direito a exigir das
entidades a quem prestam serviços uma declaração de responsabilidade, por escrito, da qual conste que não
foram omitidos quaisquer documentos ou informações relevantes com efeitos na contabilidade e na verdade
fiscal, sob pena de poderem socorrer-se do disposto no nº 2 do presente artigo.
7. Os Técnicos Contabilistas Habilitados devem prestar a informação necessária às entidades onde exercem
funções, sempre que para tal sejam solicitados e por iniciativa própria, nomeadamente:
a) Informá-las das suas obrigações contabilísticas, fiscais e legais relacionadas exclusivamente com o exercício
das suas funções;
b) Fornecer todos os esclarecimentos necessários à compreensão dos relatórios e documentos de análise
contabilística;
c) Informá-las dos condicionalismos de ordem legal susceptíveis de as afectar relacionadas exclusivamente com
o exercício da profissão.
Artigo 13
(direitos e deveres do Contabilista Certificado para com os clientes)
1. Os direitos e as obrigações dos Contabilistas Certificados decorrem da lei, das Normas Técnicas de Auditoria,
das normas, avisos e determinações da Ordem e dos contratos que os vinculam aos clientes.
2. As relações do Contabilista Certificado com os seus clientes baseiam-se na lealdade, independência,
imparcialidade e satisfação do interesse público e implicam consciência, saber, iniciativa, liberdade de acção e
respeito pela legalidade e pelo sigilo profissional, na expectativa de o cliente, os seus serviços e terceiros lhe
prestarem a colaboração útil e necessária ao desempenho das suas funções.
3. As funções de auditoria às contas, cometidas em exclusivo aos Contabilista Certificado, só podem ser
exercidas mediante contrato de prestação de serviços, reduzido a escrito, de acordo com o modelo aprovado
pela Ordem, e do qual devem constar a natureza do serviço, a sua duração e os honorários correspondentes.
4. O Contabilista Certificado não pode aceitar cláusulas contratuais que explicita ou implicitamente possam
envolver derrogação dos princípios e preceitos contidos na legislação e normas emanadas da Ordem ou que,
por qualquer forma, procurem limitar ou condicionar a sua aplicação.
5. O Contabilista Certificado não pode aceitar responsabilidades directas ou indirectas caracterizadas como
contrato de procuradoria a favor de entidades a quem preste serviço na qualidade de Contabilista Certificado.
6. O Contabilista Certificado é livre de aceitar o cliente e de com ele contratar a prestação de serviços inerentes
às suas funções, excepto nos casos expressamente previstos na lei, por solicitação de competente autoridade
judicial ou administrativa ou da Ordem, nos termos estatutários e regulamentares.
8. Em todas as suas intervenções adoptará uma posição de dignidade pessoal e profissional, evitando
interpretações vagas e infundadas e fundamentando o seu juízo em termos objectivos e técnicos.
9. O Contabilista Certificado deverá empregar todos os seus conhecimentos e zelo profissional e estar atento a
todos os condicionalismos de ordem legal e conjuntural susceptíveis de afectar o cliente, os quais, em nenhum
caso, poderão influenciar a independência da opinião que lhe cumpre emitir.
135
10. O Contabilista Certificado não pode cessar as funções em que se encontra investido, como forma indirecta
de se eximir ao cumprimento integral dos deveres funcionais a que se encontra adstrito, bem como ao
cumprimento das Normas Técnicas de Auditoria.
11. O incumprimento de cláusulas contratuais por parte do cliente é motivo para rescisão unilateral do contrato,
nos termos da legislação pertinente, devendo tais ocorrências ser comunicadas à Ordem.
12. Os litígios que envolvam um Contabilista Certificado e um seu cliente que possam afectar a independência,
a objectividade e a imparcialidade do Contabilista Certificado, bem como a disponibilidade dos órgãos de gestão
para facultar informações e documentação relevantes para a formulação da sua opinião, podem constituir
motivo bastante para a cessação antecipada de funções por parte do Contabilista Certificado.
Artigo 14
(deveres do Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado para com a Ordem e
outras entidades)
1. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deverá proceder com urbanidade, competência,
lealdade e isenção em todas as suas relações com a Ordem e outras entidades públicas ou privadas e com a
sociedade em geral.
2. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve colaborar com a Ordem na prossecução
das suas atribuições legais, estatutárias e regulamentares e desempenhar os cargos para que tenha sido eleito
ou designado, de forma a prestigiar a sua associação profissional.
3. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve colaborar com a Ordem como patrono de
estagiários, exercendo as competências e cumprindo os deveres prescritos em regulamento próprio e
colaborando com os diferentes órgãos que intervêm no processo de estágio.
4. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve comunicar à Ordem, no prazo legalmente
estipulado, a celebração e a cessação de todos os contratos de prestação de serviços que celebrem com os
clientes.
5. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve dar cumprimento oportuno às normas,
determinações e avisos emanados da Ordem ou outros constantes do estatuto profissional.
CAPÍTULO V
Das outras normas a observar no exercício da profissão
Artigo 15
(consultoria)
1. No exercício das funções de consultoria nas matérias que integram o programa do exame de admissão à
Ordem, o Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado deve defender o interesse do cliente, desde
que a sua posição tenha apoio nos normativos aplicáveis e não ponha em causa a sua independência e
objectividade.
2. A informação, recomendação ou parecer prestados a um cliente devem ser documentados e registados nos
arquivos, em forma de carta ou de memorando, responsabilizando profissionalmente o Técnico Contabilista
136
Habilitado ou Contabilista Certificado, nos termos do disposto na lei civil, relativamente a informações,
recomendações ou pareceres.
Artigo 16
(exercício de funções fora do território nacional)
Quando o Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado esteja a residir ou em deslocação
temporária noutro país, para aí exercer funções profissionais, deve exercê-las de acordo com as Normas
Técnicas da Ordem e os requisitos éticos aplicáveis previstos neste Código, excepto se os do país de residência
ou deslocação forem mais restritivos, caso em que deverá observar estes últimos.
Artigo 17
(honorários e despesas)
1. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado apenas poderá receber honorários como
retribuição do trabalho efectuado.
2. O Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado não poderá receber quaisquer outras
importâncias que não constituam reembolso de despesas de transporte, alojamento e quaisquer outras
realizadas no exercício das suas funções.
2. Os honorários recebidos pelo Técnico Contabilista Habilitado ou Contabilista Certificado, para além de
observar os requisitos legais estipulados, devem representar o justo valor dos serviços profissionais prestados
ao cliente, tendo em consideração, em especial, critérios de razoabilidade.
3. Em caso algum poderão os Contabilistas Certificados receber honorários em espécie, bem como honorários
contingentes ou variáveis dependentes dos resultados do seu trabalho, no exercício de funções de auditoria.
CAPÍTULO VI
Da responsabilidade disciplinar
Artigo 18
(responsabilidade disciplinar)
Comete infracção disciplinar o profissional que, por acção ou omissão, violar, dolosa ou culposamente, algum
dos deveres estabelecidos no presente Código ou em outros normativos aplicáveis, bem como os decorrentes
das suas funções.
CAPÍTULO VII
Das disposições finais
Artigo 19
(entrada em vigor)
O presente Código entra imediatamente em vigor.
137
Resultado de
Aprendizagem 7: Actualizar o plano de contas de uma empresa;
Critérios de a) Descreve os princípios inerentes á extensão/diminuição das
Desempenho: contas;
b) Descreve os princípios e normas para a formulação das
denominações das contas;
c) Identifica os requisitos informáticos e legais necessários para
criação de sub-contas;
d) Identifica a extensão ou diminuição de contas e as
denominações das contas e sub-contas, através da análise da
documentação de suporte, de acordo com os procedimentos
internos;
e) Aplica as normas e procedimentos para justificar de forma clara
e organizada a criação/eliminação de contas e sub-contas;
f) Introduz na base de dados da aplicação informática de
contabilidade, as alterações aos códigos e denominações.
Âmbito de Aplicaçao:
Contexto: Aplicável no contexto de alteração de contas da contabilidade: criação e
eliminação das mesmas.
Meios: Plano geral de Contabilidade, equipamento informático, software de
contabilidade, normas e procedimentos legais
Evidências Requeridas: Evidência escrita e/ou oral de que o formando consegue descrever o
processo de alteração de contas segundo os CD (a) a (c) e evidência
prática da criação de contas e sub-contas segundo os CD (d) a (f).
Temas
138
7. Planos de Contas
O sistema contabilístico abrange os documentos, registos, livros e relatórios emitidos, mas igualmente os
procedimentos, descritos ou não em manuais, e as instruções utilizadas no processo. Dentro dos elementos
essenciais dos sistemas contabilísticos deve existir uma enumeração, exaustiva das contas a serem utilizadas,
definindo o seu âmbito bem como as regras gerais e particulares da sua movimentação.
Ao conjunto das contas, regras de movimentação e sua articulação chama-se Plano de Contas. Todas as
entidades necessitam deste plano para permitir executar os seus movimentos contabilísticos, desde as de
menor dimensão até aos grandes grupos económicos.
Estes últimos, que normalmente abrangem elevado número de empresas, por vezes espalhadas pelos mais
diversos países, por necessidade de uniformidade no tratamento contabilístico, alargam mesmo o conceito do
plano de contas elaborando verdadeiros manuais de contabilidade que descrevem os princípios
contabilísticos adoptados, as políticas contabilísticas, lista das contas, âmbito das mesmas, e regras de
movimentação das transacções menos vulgares.
Um plano de contas, para poder ser considerado como tal, e poder desempenhar as suas funções, deve
abranger: princípios contabilísticos adoptados, políticas contabilísticas, listas das contas, âmbito das
contas e regras específicas de movimentação. Os modelos dos documentos e demonstrações financeiras
são igualmente peças importantes para que o plano de contas desempenhe a sua função.
A normalização contabilística tem uma grande importância, e apresenta diversas maneiras de se concretizar.
Nalguns países são os próprios organismos que agrupam os profissionais de contabilidade e auditoria que
lideram o processo, enquanto noutros, como França e Portugal, a normalização se traduz em actividade
legislativa dos próprios governos.
139
Moçambique seguiu esta última tendência tendo em 1984, pela Resolução nº 13/84 de 14 de Dezembro
aprovado um Plano Geral de Contabilidade “aplicável a todas as unidades económicas com a excepção das
que exerçam actividades nos ramos bancários ou seguros” (artigo 2º da Resolução), passando a ser obrigatória
a sua aplicação a partir do exercício contabilístico de 1986.
O Plano Geral de Contabilidade está organizado em capítulos os quais descrevemos resumidamente nos
pontos seguintes.
Sistema de contas
A contabilidade geral constitui o sistema de informação obrigatória em que são registados todos os factos
patrimoniais relacionados com a empresa e tem por funções essenciais:
As contas do Balanço, Exploração e de Resultados que constituem a lista de contas do Plano Geral de
Contabilidade, são de utilização orbigatória, mas o sistema de contas poderá ser adaptado às características
próprias dos ramos ou sectores económicos, respeitando-se contudo as suas linhas fundamentais. A
contabilidade geral deverá registar de forma suficientemente detalhada todas as operações, meios e fundos da
empresa. Para tal poderão abrir-se dentro das contas sintéticas previstas no Plano Geral de Contabilidade,
contas analíticas.
140
Método de Registo
Suporte Documental
Os registos contabilísticos devem estar fundamentados com documentos justificativos adequados e obedecendo
a todos os requisitos legais. Prevê-se como prazo de conservação de documentos, 10 anos.
Inventário
Deverá realizar-se pelo menos uma vez em cada exercício, no seu encerramento, o inventário físico dos meios
da empresa. Aponta-se como regra geral o método contabilístico do inventário permanente. Parece-nos no
entanto que a prática contabilística irá generalizar o uso do inventário intermitente embora suportado com
razões auxiliares mantidos mediante aplicações informáticas, para as áreas em que o controlo físico das
quantidades é importante como os stocks e os bens do imobilizado.
Exercício Contabilístico
Poderá ser adoptado um período contabilístico diferente do estabelecido anteriormente, quando estejam
reunidas as condições previstas nos nºs 2 e 3 do artigo 7º do Código do Imposto sobre o Rendimento daas
Pessoas Colectivas, aprovado pelo Decreto nº 21/2002 de 30 de Julho.
A contabilidade geral deverá ser efectuada em língua portuguesa e em meticais, em forma própria, com
individualização e clareza, por ordem cronológica, sem intervalos em branco nem entrelinhas, rasuras, emendas
e transportes para as margens. .
O empresário comercial é obrigado a ter os livros de Diário e de Inventário e Balanço, bem como outros livros
fixados por lei.
141
Para além daqueles livros e de acordo com o tipo de empresa, devem ter os seguintes livros:
O livros obrigatórios podem ser substituídos por fichas, procedimentos contabilísticos ou outros que possibilitem
a utilização de novas técnicas de escrituração nos termos que forem legalmente estabelecidos.
Para auxiliar a escrituração das suas operações, o empresário comercial pode utilizar livros, fichas e outros
procedimentos contabilísticos facultativos.
Para a sua legalização, os livros obrigatórios, fichas e instrumentos utilizados na escrituração devem ser
submetidos à entidade competente para o registo comercial.
A legalização consiste na assinatura dos termos de abertura e de encerramento bem como na colocação, na
primeira folha de cada um, do número de folhas do livro e, em todas as folhas de cada livro, do respectivo
número e rubrica. A rubrica das folhas pode ser aposta por chancela.
Os livros de contabilidade poderão ser escriturados na forma e por todos os meios apropriados desde que sejam
utilizados procedimentos que deêm suficiente autenticidade à escrituração contabilística e sejam adoptadas
medidas que permitam o controlo contabilístico.
Ocorrendo erro de lançamento na escrituração, a respectiva correcção deve ser efectuada por meio de estorno
contabilístico
142
Quadro e Código de Contas
A contabilidade geral deve respeitar a codificação, terminologia e modalidades de funcionamento das contas
das classes 1 a 8 do Plano Geral de Contabilidade. As classes 0 e 9 ficam reservadas às contas de Ordem e de
Contabilidade analítica de exploração, respectivamente.
A contabilidade geral deve registar, de forma suficientemente detalhada, todas as operações, meios e fundos do
empresário comercial podendo, para tal, criar subcontas de maior detalhe, quando tal se justifique, respeitando
o conteúdo da conta principal.
As contas são apresentadas através de um código e um título, que definem o seu âmbito. Por exemplo o
dinheiro existente em cofre regista-se na conta 1.1 – Caixa.
Foi seguida uma codificação decimal em que o primeiro dígito identifica a classe em que a conta se enquadra.
Assim as contas com dois dígitos são as contas de primeiro grau, que se subdividem em contas do 2º, 3º e 4º
graus conforme as necessidades da empresa.
Por exemplo:
143
7.1.2 Informação Financeira
Objectivo
O objectivo das demonstrações financeiras é proporcionar informação financeira credível sobre a posição
financeira, alterações desta e os resultados das operações de uma empresa, que seja útil a investidores,
credores, Estado e outros utentes, por forma a que os investimentos , a concessão de crédito e a tomada de
decisões possam ser efectuados de forma racional.
Destinatários
Preparação
Características qualitativas
Para que a informação financeira divulgada seja útil é necessário que seja entendida pelos utentes, oq que só
acontecerá se reunir as seguintes características:
Compreensibilidade
A informação proporcionada pelas demonstrações financeiras deve ser facilmente compreendida pelos utentes.
Para este fim, presume-se que os utentes tenham um razoável conhecimneto das actividades empresariais e
económicas e da contabilidade e vontade de obter informação com razoável diligência. Porém, a informação
acerca de matérias complexas, que devam ser incluídas nas demonstrações financeiras dada a sua relevância
para as necessidades de tomada de decisões pelos utentes não deve ser excluída meramente com o
fundamento de que ela possa ser demasiado difícil para a compreensão de certos utentes.
144
Relevância
A informação deve ser relevante às necessidade dos utentes na tomada de decisões. A informação é relevante
quando influencia as decisões económicas dos utentes, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados,
presentes e futuros, confirmando ou corrigindo as suas avaliações.
Fiabilidade
A informação deve ser fiável, e tem qualidade de fiabilidade quando está livre de erros relevantes e quando os
utentes podem nela depositar confiança como representando fielmente aquilo que ela espelha ou poderia
razoavelmente esperar-se que ela espelhasse.
Comparabilidade
Representação Fidedigna
A informação deve representar fidedignamente as transcções e outros acontecimentos que pretende espelhar
ou possa razoavelmente esperar-se que espelhe. Assim, o balanço e a demonstração de resultados devem
representar fidedignamente as transacções e outros acontecimentos de que resultem activos, passivos, capital e
fundos próprios bem como custos e proveitos da empresa, na data do relato, que satisfaçam os critérios de
reconhecimento.
145
Neutralidade
A informação decorrente das demonstrações financeiras tem de reflectir a imparcialidade, isto é, não deve ser
seleccionada ou apresentada por forma a influenciar a tomada de posição ou decisão ou para atingir um fim
predeterminado.
Plenitude
A informação nas demonstrações financeiras deve ser completa dentro dos limites da materialidade e de custo.
Uma omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou enganadora e por conseguinte, não fiável e
deficiente em termos de relevância.
A empresa deverá observar os princípios que adiante se enumeram, a fim de dar uma imagem correcta da sua
situação económica e financeira.
Da Continuidade
A empresa é uma entidade que opera num âmbito temporal indefinido, entendendo-se por consequência, que
não tenciona nem necessita de entar em liquidação ou de reduzir significativamente o volume das suas
operações
Da Consistência
A empresa mantém as suas políticas contabilísticas durante vários exercícios, devendo indicar no anexo as
alterações consideradas materialmente relevantes.
Da Prudência
146
A empresa deve acautelar nas suas contas a necessária precaução para fazer face às estimativas decorrentes
da sua actividade, sem que daí resulte a constituição de reservas ocultas ou provisões excessivas que afectem
a quantificação de activos e proveitos por defeito ou de passivos e custos por excesso.
A empresa deve reconhecer os proveitos e os custos à medida que eles ocorram, tenham ou não sido recebidos
ou pagos, devendo incluí-los nas demonstrações dos exercícios a que respeitam.
Do Custo Histórico
A empresa deve efectuar os registos contabilísticos com base nos custos de aquisição ou de produção.
A empresa deve contabilizar as operações com base na sua substância e realidade financeira e não atender
apenas a sua forma legal.
Da Materialidade
As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos relevantes conducentes à sua correcta
apreciação pelos utentes.
Disponibilidades
As disponibilidades em moeda estrangeira, em Caixa ou em Bancos, são expressas no Balanço final à taxa de
câmbio de valorimetria ou outra que a autoridade cambial vier a regulamentar. As diferenças apuradasserão
contabilizadas nas contas 68.4 Diferenças de câmbio desfavoráveis ou 78.4 Diferenças de câmbio favoráveis.
147
Títulos Negociáveis
Cada um dos elementos específicos dos dos títulos negociáveis e das outras aplicações de tesouraria será
valorizado pelos critérios definidos para as existências, na medida em que tal lhes sejam aplicáveis.
Débitos e Créditos
As operações em moeda estrangeira para efeitos da sua relevação contabilística, deverão ser registadas à taxa
de câmbio de valorimetria ou outra que a autoridade cambial vier a regulamentar, salvo se o câmbio tiver sido
fixado pelas partes ou garantido por uma terceira entidade.
À data do balanço, os créditos e os débitos serão convertidos à taxa de câmbio de valorimetria ou outra que a
autoridade cambial vier a regulamentar, salvo se houver fixação ou garantia de câmbio.
Nos créditos e débitos de médio e longo prazos, as diferenças de câmbio deverão ser registadas na conta
49.2.3 Diferenças de câmbio favoráveis, e na conta 19.2.3 Diferenças de câmbio desfavoráveis, quando existam
expectativas razoáveis de que o ganho ou a perda são reversíveis. Posteriormente, e à medida que os
pagamentos ou recebimentos forem sendo realizados, far-se-á a sua transferência para a conta 78.4 Diferenças
de câmbio favoráveis, ou para a conta 68.4 Diferenças de câmbio desfavoráveis, consoante exista ganho ou
perdas efctivos.
No que se refere às diferenças de câmbio relacionadas com meios imobilizados, é permitido que somente lhes
sejam imputadas enquanto os mesmos estiverem em curso.
Quando o valor dos débitos a pagar for superior às correspondentes quantias arrecadadas, a diferença pode ser
registada em subconta específica da conta 19.2 Custos diferidos.
Qundo houver expectativas de não recebimento de créditos sobre terceiros, deve ser constituída provisão em
medida correspondente ao respectivo risco de incobrabilidade.
Nas compras, o custo de aquisição, deve ser considerar todos os gastos feitos directa ou indirectamente para
colocar os meios no local de armazenagem.
Nas produções da empresa, o custo de produção, considerando-se como tal o que inclua os custos dos meios
circulantes materiais consumidos, da mão de obra directa, dos custos industriais variáveis e dos custos
148
industriais fixos que houver necessidade de suportar para colocar os bens, no estado em que se encontram, no
local de armazenagem.
Os custos industriais fixos poderão ser imputados ao custo de produção em função da capacidade normal dos
meios de produção.
Nas saídas, para gestão de existências são permitidos como métodos o custo médio ponderado, o custo
padrão, o custo baseado nos sistemas FIFO e LIFO ou Custo de identificação específica.
a) Nas explorações agrícolas, silvícolas e pecuárias bem como na ind´sutria piscatória e na indústria
extractiva, em que os meios circulantes materiais poderão ser valorizados pelo valo realizável líquido,
deduzido da margem normal de lucro;
d) Nas actividades de venda a retalho, em que sejam transaccionadas muitas variedades de artigos,
poderão os bens ser valorizados pelo preço de venda praticado na data do encerramento de contas,
deduzido da margem de lucro;
e) Nas situações em que a valorização tem por base o valor realizável líquido, entender-se-á como tal o
que resulta da diferença entre o preço de venda do bem e os necessários custos previsíveis de
acabamento e venda.
Quando se verifique que a valorização dos meios circulantes materiais resulta excessiva em resultado da
utilização do custo de aquisição ou de produção, ou se os referidos meios podem ser considerados obsoletos,
tiverem sofrido deterioração física, quebra de preços ou outros factos semelhantes, a diferença entre o preço de
venda e a valorização efectuada de acordo com aqueles critérios deverá ser expressa em adequadas contas de
provisões, as quais serão reduzidas ou anuladas à medida que deixarem de existir os motivos que estiveram na
base da sua constituição.
149
Meios Imobilizados
Os meios imobilizados deverão ser valorizados pelo custo de aquisição ou de produção como anteriormente
referido.
Tratando-se de meios imobilizados financeiros, se tiverem, relativamente a cada um dos seus elementos
específicos, na data do encerramento de contas, um valor abaixo do respectivo valor de mercado, a diferença
poderá ser compensada através da constituição de adequada provisão, a qual será reduzida ou anulada quando
deixarem de subsistir os motivos que levaram à sua criação.
Se os elementos dos meios imobilizados corpóreos ou incorpóreos tiverem, à data do encerramento de contas,
um valor inferior àquele porque estão contabilizados, a diferença será objecto de amortização extraordinária se
se considerar que a redução do valor é de carácter permanente, a qual não deverá ser mantida se os motivos
que estiveram na sua origem deixarem de existir.
Os meios imobilizados incorpóreos serão amortizados no prazo máximo de cinco anos, salvo se se justificar a
utilização de um prazo mais dilatado.
Os juros suportados com financiamentos relacionados com a aquisição de meios imobilizados deverão ser
imputados à compra ou produção dos mesmos enquanto se mantiverem em curso e se for constatado que esse
procedimento é o mais adequado e consistente.
Balanço
A estrutura do balanço reflecte as tendências actuais de as contas serem dispostas por ordem crescente de
realização dos valores activos e de exigibilidade dos valores passivos e bem assim a de permitir a
comparabilidade dos valores nele inscritos relativamente ao exercício anterior.
Demonstração de Resultados
150
Anexos
- Balancetes do razão, antes e depois dos lançamentos de rectificação ou regularização e de apuramento dos
resultados;
- Relatório técnico com os comentários necessários a uma correcta apreensão e interpretação das contas no
balanço e demonstração de resultados, e bem assim fornecer um conjunto abrangente e relevante de
informaçãoes aos interessados sobre a situação económica e financeira da empresa.
Não obstante ser muito extenso o número de notas que compõem o referido relatório, e que abaxo se indicam,
para a grande maioria das empresas é reduzido o conjunto de notas explicativas a que se encontram obrigadas,
por não lhes ser aplicável a maioria das informações nele previstas. Para efeitos de normalização dever-se-á,
contudo, indicar sempre o respectivo número de ordem abaixo atribuído:
2. Indicação e comentário das contas de balanço e da demonstração de resultados cujos conteúdos não
sejam comparáveis com os dos exercícios anteriores;
5. Indicação das medidas utilizadas que alterem os resultados e que influenciem o valor do imposto sobre
o rendimento, nomeadamente:
6. Número médio de pessoas ao serviço da empresa durante o ano, repartido em empregados e assalariados;
7. Movimentos ocorridos durante o ano na rubrica de meios imobilizados e nas amortizações e provisões:
151
Activo bruto
Imobilizações:
Financeiras …………………..
Corpóreas ……………………
Incorpóreas ………………….
10. Indicação dos diplomas legais que serviram de base à reavaliação de meios imobilizados corpóreos e
imobilizações finaneiras. Se a reavaliação não foi efectuada com base em diploma legal, devem ser indicados
os critérios utilizados;
Imobilizações corpóreas………………….
Imobilizações financeiras (imoveis)
152
13. Acções e quotas incluídas na conta 17. Títulos Negociáveis, em que o valor contabilístico seja igual ou
superior a 5% do valor global registado naquela conta, com identificação das entidades participadas,
quantidades, valores nominais e valores de balanço;
14. Valores dos meios circulantes materiais fora das instalações da empresa, designadamente à consignação,
em trânsito ou em poder de terceiros;
16. Indicação global dos adiantamentos ou empréstimos concedidos aos órgãos directivos ou de fiscalização da
empresa, com indicação das condições estabelecidas:
17. Valor global das dívidas activas e passivas relativas ao pessoal da empresa;
18. Discriminação das dívidas constantes da conta 44. Credor Estado, que não tenham sido pagas dentro do
prazo legalmente estabelecido;
19. Valor das dívidas a pagar no prazo igual ou superior a cinco anos, repartidas pelas diferentes rubricas do
balanço;
20. Indicação das responsabilidades da empresa por garantias prestadas, de acordo com a sua natureza,
relacionando-as com as rubricas do balanço a que respeitam;
22. Alterações nas contas da situação líquida ocorridas no exercício. Se respeitarem ao capital deve ser
indicado o valor subscrito que ainda não foi realizado.
23. Número de acções de cada categoria em que se divide o capital da empresa e respectivo valor nominal;
24. Demonstração do custo dos meios circulantes materiais, de acordo com o quadro seguinte:
153
Movimentos Mercadorias Matérias-primas,
auxiliares e materias
Existências inicias…………………………………..
Regularização de existencias………………………
Existências finais……………………………………
Custos no exercício………………………………..
Aumento/redução no exercício……………….
6.8.9 - Outros custos e perdas financei- 7.8.9 - Outros proveitos e ganhos finan-
ceiros……………………… ceiros………………………..
Resultados financeiros……………….
154
Custos e perdas Exercícios Proveitos e ganhos Exercícios
N N-I N N-I
6.9.9 - Outros custos e perdas extraor- 7.9.9 - Outros proveitos e ganhos extra-
dinários…………………………….. ordinários……………………..
Resultados extraodinários……………….
155
7.1.6 Quadro e Código de Contas
156
157
7.1.7 Terminologia e Movimentação das contas
Neste capítulo o Plano Geral de Contabilidade procede à definição do âmbito das contas e das classes em que
estas se integram. Por exemplo:
1.3 Clientes
158
Compreende as vendas a prazo decorrentes de vendas de bens ou serviços da actividade normal da
empresa.
Regista as entregas feitas à empresa por conta de fornecimentos futuros. Pela emissão da factura
correspondente aos bens transmitidos ou serviços prestados, as importâncias serão transferidas para a conta
13.1 Clientes c/ Corrente.
Neste capítulo são também inventariadas as regras de movimentação das contas. Não procedemos
aqui a qualquer referência a essas mesmas regras uma vez já estudadas detalhadamente anteriormente.
Balanco resumido
Exercícios Exercícios
AB AP AL AL
3 M ei os Imobi li zados 5 Capital e Fundos Proprios
5.5 Reservas
11 + 12 Caixa e bancos
4 Passi vo:
1.9 Antecipaçôes activas e dif erimentos 4.8 Provisôes para outros riscos e encargos
4.1+4.2+4.4+4.5+4.6+1.3.9 Dívidas de médio e longo prazo
159
Balanco relativo ao Exercicio Economico
Exercícios Exercícios
Activo Ano N N-1 Capital, Fundos Próprios e
AB AP AL AL Passivo Ano N N - 1
1.2 Bancos
1.1 Caixa
Total de Amortizações
Total de Provisões
Total do Activo Total do Capital, Fundos próprios e Passivo
160
Mapa de Demonstracao de Resultados por Natureza
Código EXERCíCIO
de Descricao Ano N N-1
Contas
6 Contas de custos e perdas
6.1 Custos dos meios circulantes materiais vendidos ou consumidos
6.1.2-De mercadoria
6.1.6-De matérias primas, auxiliares e materiais
Sub-total
Síntese:
Resultados operacionais: (B - A)
Resultados financeiros: (D - C)
Resultados extraordinários (F - E)
Resultados líquidos do exercício: (H - G)
161
7.2 Contabilidade por Decalque
A escrituração por decalque é caracterizada pelo registo simultâneo do Diário geral, Razão geral e sub contas.
A passagem dos registos de umas folhas para as outras faz-se pela interposição de uma folha de químico entre
as diversas fichas. Todo e qualquer registo no diário ou nas contas devem ser efectuados por decalque, pois
assim há a certeza de todas as operações se encontrarem registadas nos dois livros: no caso de haver erro
basta verificar os registos do Diário. Qualquer operação origina dois registos no Diário, um referente à conta
debitada e outro à conta creditada.
O suporte da escrituração do sistema de decalque, são as fichas, que podem ser ou não da mesma dimensão.
As fichas distinguem-se umas das outras normalmente, pela lista de cor diferente que apresentam na parte
superior.
As fichas devem ser arquivadas pela ordem do código de contas, num ficheiro metálico e de dimensão das
fichas, para evitar que elas se desordenem. Na parte superior de cada ficha, deve pôr-se um indicador com o
código da conta ou então separadores de cartolina entre as fichas, as quais devem ter o referido indicador. Os
ficheiros de clientes e fornecedores deverão ser ordenados por ordem alfabética, possibilitando a procura rápida
das fichas.
Para facilitar o alinhamento e escrituração das fichas, usam-se pranchetas metálicas, com um dispositivo
especial que separa a folha de Diário e o químico e facilita o alinhamento da ficha do Razão com a do Diário.
162
7.3 Utilização de Meios Informáticos na Contabilidade
Nos pontos anteriores estudou-se o processamento contabilístico em que se utilizam meios manuais e os
tradicionais livros Diário, Razão, Inventário e Balanço e Balancetes. No entanto as necessidades provocadas
pelo aumento extraordinário da dimensão das unidades empresariais e do número das transacções conduziram
a que, os livros fossem progressivamente substituídos e complementados por sistemas de fichas e pela
utilização cada vez mais intensa do tratamento informático da informação contabilística.
Contudo, apesar das diferenças evidentes nos meios utilizados, e que se caracterizam essencialmente por uma
menor visibilidade dos registos, apesar da organização desses mesmos registos depender dos programas
informáticos utilizados, por vezes altamente integrados e complexos especialmente quando se utilizam bases de
dados, o esquema formal do processamento contabilístico é na sua essência o mesmo tal como descrito até
aqui.
Continuamos a ter transacções, documentos, contas, Diários, Razões e Balancetes, na base de todo o
processamento como instrumentos úteis para a nossa análise. A grande vantagem dos sistemas informáticos,
na generalidade desenvolvidos com base nos conceitos do sistema centralizador é permitir o tratamento de
grandes massas de transacções e posteriormente tratá-las das mais diversas maneiras e em tempo útil.
Para terminar este módulo, frisar mais uma vez, que a função principal da contabilidade é de recolher, tratar e
interpretar tudo o que afecta a riqueza ou o património de uma unidade económica. Este tratamento da
informação resultante das transacções tem utilizadores internos e externos a própria entidade, ultrapassando
muitas vezes o âmbito dos seus produtores originários. Sendo assim, é extraordinariamente importante que as
informações contabilísticas sejam apresentadas e obtidas de acordo com procedimentos padronizados que
sejam perfeitamente claros para todos.
163
NOTAS DE SUPORTE
164
Progressão: Este Módulo faz parte do Certificado Vocacional 4 de Contabilidade da
Área de Administração e Gestão. Os formandos com êxito neste e nos
restantes módulos que compõem a qualificação poderão avançar para
o Certificado Vocacional de nível 5.
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