Você está na página 1de 57

Auditoria Financeira

Índice
1. Introdução ................................................................................................................................3

1.1. Importância da informação .................................................................................................................. 3

1.2. Demonstrações financeiras .................................................................................................................. 4

2. Auditoria Financeira ..................................................................................................................5

2.1. Conceito .............................................................................................................................................. 5

2.2. Papel do Auditor e Responsabilidades .................................................................................................. 6

2.3. Regulação ............................................................................................................................................ 8

2.4. Entidades regulatórias ....................................................................................................................... 10

3. Relatório de Auditoria ............................................................................................................. 11

3.1. Modalidades de Opinião .................................................................................................................... 11

3.2. Modelo da OROC – Guia de Aplicação Técnica n.º 1 ............................................................................ 11

3.3. Opinião limpa .................................................................................................................................... 11

3.4. Opinião modificada............................................................................................................................ 14


3.4.1. Opinião modificada com escusa ............................................................................................................................... 15
3.4.2. Opinião modificada adversa ..................................................................................................................................... 15

3.5. Matérias relevantes de auditoria........................................................................................................ 16

3.6. Relatório auditoria – opinião com ênfases e/ou outras matérias ......................................................... 17

3.7. Relatório de auditoria – outra informação .......................................................................................... 18

4. Regulamentação profissional .................................................................................................. 19

4.1. Conduta do Auditor ........................................................................................................................... 19

4.2. Drivers da qualidade da auditoria ....................................................................................................... 19

4.3. Ética e deontologia profissional .......................................................................................................... 20

4.4. Controlo de qualidade........................................................................................................................ 22

4.5. Obrigações Legais .............................................................................................................................. 23

1
5. Pilares da auditoria ..................................................................................................................... 23

5.1. Ciclos das Demonstrações Financeiras ................................................................................................ 23

5.2. Prova de Auditoria ............................................................................................................................. 24


5.2.1. Asserções das demonstrações financeiras ............................................................................................................... 24
5.2.2. Asserções relacionadas com as transações .............................................................................................................. 25
5.2.3. Asserções relacionadas com os saldos ..................................................................................................................... 26

5.2.4. Asserções relacionadas com a apresentação e divulgação ................................................................ 26

5.3. Recolha de Prova ............................................................................................................................... 27

5.4. Tipos de prova de auditoria ................................................................................................................ 28

5.5. Procedimentos de auditoria ............................................................................................................... 30

5.6. Implicações da ausência da prova....................................................................................................... 30

5.7. Materialidade .................................................................................................................................... 31

5.8. Risco de auditoria .............................................................................................................................. 32

6. Caminho da auditoria .................................................................................................................. 34

6.1. Etapas da auditoria ............................................................................................................................ 34


6.1.1. Planeamento da auditoria ........................................................................................................................................ 34
6.1.2. Plano de resposta aos riscos de distorção................................................................................................................ 35
6.1.3. Conclusão, avaliação e relatório de auditoria .......................................................................................................... 35

7. Aceitação do compromisso .......................................................................................................... 35

7.1. Etapas ............................................................................................................................................... 35

7.2. Carta compromisso ............................................................................................................................ 36

8. Planeamento da Auditoria ........................................................................................................... 37

8.1. Identificação e avaliação do risco de distorção material ...................................................................... 37

8.2. Conhecimento da entidade e sua envolvente e normas de relato financeiro aplicável.......................... 38

8.3. Suscetibilidade do risco inerente ........................................................................................................ 38

8.4. Risco de distorção material ................................................................................................................ 38

8.5. Consideração das Leis e Regulamentos ............................................................................................... 40

8.6. Overview dos procedimentos de auditoria ......................................................................................... 40

8.7. Risco de fraude .................................................................................................................................. 41

9. Controlo Interno .......................................................................................................................... 43


2
9.1. Componentes do sistema de controlo interno..................................................................................... 44

9.2. Limitações de um sistema de controlo interno .................................................................................... 45

9.3. Pressupostos chave que sustentam a criação e manutenção de um SCI ............................................... 45

9.4. Responsabilidade do auditor .............................................................................................................. 45

9.5. Risco de negócio ................................................................................................................................ 46

9.6. Tecnologias de informação no controlo interno .................................................................................. 47

9.7. Importância da avaliação do risco de controlo em auditoria ................................................................ 48

9.8. Controlo deficiente ............................................................................................................................ 48

10. Procedimentos auditoria adicionais e prova de distorções .......................................................... 49

10.1. Plano de resposta aos riscos – escolha dos testes .............................................................................. 50

11. Auditoria ao ciclo das vendas, contas a receber .......................................................................... 51

11.1. Avaliação do risco inerente .............................................................................................................. 51

11.2. Identificação e avaliação do risco controlo ........................................................................................ 52

11.3. Resposta aos riscos de distorção materiais ....................................................................................... 52

11.4. Avaliação da prova ........................................................................................................................... 53

12. Avaliação e Relatório de Auditoria ............................................................................................. 55

12.1. Factos que podem indiciar dificuldades na prossecução da atividade futura da empresa ................... 56

12.2. Conclusões sobre a continuidade...................................................................................................... 56

12.3. Avaliação das distorções identificadas na auditoria ........................................................................... 57

1. Introdução
1.1. Importância da informação
O conhecimento é a principal força de produção e talvez a principal ferramenta na competição mundial pelo
poder. As circunstâncias e a origem em que é dita uma determinada informação são muito importantes para
conseguirmos verificar se tal informação é credível.
As empresas têm o dever de prestar contas (artigo 65.º CSC), o dever de relatar. A responsabilidade por
supervisionar se houver problemas a responsabilidade cai sobre membros da administração e não sobre o contabilista
que elaborou as demonstrações financeiras. A última decisão relativa à credibilidade ou não das demonstrações
financeiras é sempre da administração.

3
1. Os membros da administração devem elaborar e submeter aos órgãos competentes da sociedade o relatório de
gestão, incluindo a demonstração não financeira ou o relatório separado com essa informação, ambos referidos
nos artigos 66.º-B e 508.º-G, quando aplicáveis, as contas do exercício, bem como os demais documentos de
prestação de contas previstos na lei, relativos a cada exercício anual.
2. A elaboração do relatório de gestão, incluindo a demonstração não financeira ou do relatório separado, quando
aplicáveis, e das contas de exercício, bem como dos demais documentos de prestação de contas deve obedecer
ao disposto na lei; o contrato de sociedade pode complementar, mas não derrogar, essas disposições legais.
3. O relatório de gestão, o relatório separado com a informação não financeira, quando aplicável, e as contas do
exercício devem ser assinados por todos os membros da administração; a recusa de assinatura por qualquer deles
deve ser justificada no documento a que respeita e explicada pelo próprio perante o órgão competente para a
aprovação, ainda que já tenha cessado as suas funções.
4. O relatório de gestão, o relatório separado com a informação não financeira, quando aplicável, e as contas do
exercício são elaborados e assinados pelos gerentes ou administradores que estiverem em funções ao tempo da
apresentação, mas os antigos membros da administração devem prestar todas as informações que para esse
efeito lhes forem solicitadas, relativamente ao período em que exerceram aquelas funções.
5. O relatório de gestão, o relatório separado com a informação não financeira, quando aplicável, as contas do
exercício e demais documentos de prestação de contas devem ser apresentados ao órgão competente e por este
apreciados, salvo casos particulares previstos na lei, no prazo de três meses a contar da data do encerramento
de cada exercício anual, ou no prazo de cinco meses a contar da mesma data quando se trate de sociedades que
devam apresentar contas consolidadas ou que apliquem o método da equivalência patrimonial.

Dever de prestar contas dos emitentes com valores mobiliários cotados

1.2. Demonstrações financeiras


Decorrem de uma série de factos patrimoniais que ocorreram na vida de uma entidade num determinado período
e que são reportados através dos seguintes mapas:

4
O principal desafio da prestação de contas é garantir informação de qualidade, pois sem qualidade a
informação não é útil.
Risco de informação: probabilidade da informação não ser credível
A informação é cada vez mais revelante e sensível (cópia das normas não nos dão informações), pouca rigorosa
(tem contradições), volumoso em termos de dados (dimensão das empresas é cada vez maior) e enviesada complexa
(informação é cada vez mais complexa). Todos estes fatores dificultam o acesso à informação.

2. Auditoria Financeira
2.1. Conceito
“Um processo objetivo e sistemático efetuado por um terceiro independente, de obtenção e avaliação de
prova em relação às asserções sobre ações e eventos económicos, para verificar o grau de
correspondência entre essas asserções e os critérios estabelecidos, comunicando os resultados aos
utilizadores de informação financeira.”

A necessidade da auditoria é atribuída às demonstrações financeiras é atribuída às seguintes condições:


• Conflito de interesses: o órgão de gestão pode ter interesse e alvo de alterar a seu favor as demonstrações
financeiras, por exemplo, no caso de as suas remunerações estarem ligadas à rentabilidade da empresa
• Complexidade das transações: A crescente complexidade das demonstrações financeiras leva aos utilizadores
de informação financeira a dependerem do órgão de gestão e dos auditores para lidarem com essa complexidade
• Relevância para o processo de tomada de decisões: demonstrações financeiras auditadas são muitas vezes a
única fonte de informação ao dispor dos utilizadores da informação financeira para a tomada de decisões em
relação a investimentos
• Afastamentos dos utilizadores da informação financeira: São poucos os utilizadores da informação
financeira têm acesso directo aos documentos contabilísticos que servem de base à preparação das
demonstrações financeiras. Para ultrapassar estes constrangimentos confiam aos auditores a missão de expressar
uma opinião sobre as demonstrações financeiras.

Uma auditoria financeira está sujeita a uma série de limitações:


• Custo razoável
• Período temporal
• Estimativas contabilísticas
• Critérios contabilísticos alternativos
• Determinação da materialidado
• Relatório de auditoria
• Risco de auditoria

Existem vários utilizadores da informação financeira, tais como:


• Órgão de gestão
• Investidores

5
• Instituições financeiras
• Autoridade tributária
• Investidores potenciais
• Reguladores
• Trabalhadores
• Tribunais
• Obrigacionistas
• Fornecedores

2.2. Papel do Auditor e Responsabilidades


O papel do auditor é contribuir para a credibilidade das demonstrações financeiras, devendo sempre pensar
no impacto da informação nos utentes externos da empresa e colocar-se no papel destes. O seu objetivo é reduzir o risco
da informação. O auditor é uma pessoa competente e independente, acumula e avalia a prova a partir do exame dos
documentos e registos suporte, e faz asserções através da visualização das demonstrações financeiras, por fim realiza o
reporte dos resultados com o relatório de auditoria. Todos estes passos são realizados a partir de critérios pré-
estabelecidos (normas auditoria SNC/IFRS). A função de interesse público da revisão legal de contas significa que um
vasto conjunto de pessoas e instituições confia na qualidade do trabalho dos revisores oficiais de contas ou das
sociedades de revisores oficiais de contas. A boa qualidade da auditoria contribui para o funcionamento ordenado dos
mercados, melhorando a integridade e a eficiência das demonstrações financeiras. Os revisores oficiais de contas
desempenham, assim, um papel social particularmente importante.
Responsabilidade do órgão de gestão
• Definir e implementar as políticas contabilísticas
• Manter um sistema de controlo interno adequado para um relato financeiro credível
• Produzir e apresentar um relato financeiro credível
• Avaliar a adequação do pressuposto da continuidade das operações na Entidade

Responsabilidade do auditor
• Alcançar os dois objetivos de uma auditoria
o Obter garantia razoável de fiabilidade sobre se as DF como um todo estão isentas de distorção material,
quer devido a fraude quer a erro, habilitando-o assim a expressar uma opinião sobre se as demonstrações
financeiras estão preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com um referencial de relato
financeiro aplicável; e
o Relatar sobre as demonstrações financeiras de acordo com as suas conclusões.
• Detetar fraudes e/ou erros materiais
• Considerar o cumprimento de leis e outros regulamentos por parte da Entidade auditada. Consequências
diretas do incumprimento:
o ROC responde solidariamente para com a sociedade e sócios pelos danos que lhes causarem com a sua
conduta culposa – n.º 1 do art. 78.º CSC

6
o ROC responde para com os credores pela inobservância culposa das disposições legais ou contratuais
destinadas à proteção destes, e o património se torne insuficiente – n.º 2 do art. 78.º CSC
o Por deficiências no relatório ou de parecer, o ROC responde solidária e ilimitadamente pelos danos causados
aos emitentes ou a terceiros – n.º 1 do art.º 10.º CVM

Requisitos para executar uma auditoria


• Cumprir com os requisitos éticos relevantes
• Planear e executar uma auditoria com ceticismo profissional
o Uma mente interrogativa, caracterizada pela dúvida e por um espírito crítico que está alerta para condições
que possam indicar uma possível distorção devido a erro ou fraude
o Uma apreciação crítica da prova: o auditor deve planear e executar uma auditoria com ceticismo profissional
reconhecendo que podem existir circunstâncias que provoquem que as demonstrações financeiras estejam
materialmente distorcidas

Elementos do Ceticismo Profissional


• Mente inquiridora: predisposição para questionar assuntos que suscitam dúvidas
• Suspender o julgamento: reter o julgamento até encontrar prova apropriada
• Procurar o conhecimento: desejo de investigar para além do óbvio, que possa corroborar uma certa teoria
• Compreensão interpessoal: reconhecer que as perceções e motivações das pessoas pode levar à produção de
informação enviesada ou incorreta
• Autonomia: ser independente, assumir o seu próprio caminho e convicções, decidir pela sua cabeça
• Autoestima: confiança em si próprio para resistir às pressões e aos desafios colocados com os pressupostos
usados e conclusões produzidas

• Exercer julgamento profissional ao planear e executar uma auditoria

Auditores acrescentam valor aos utentes através da tomada de decisões de qualidade associadas à sua avaliação das
demonstrações financeiras do cliente. As decisões de qualidade são imparciais, atendem às expectativas dos utentes,
estão em conformidade com as normas profissionais de auditoria, e baseiam-se em informações factuais suficientes para
suportar a decisão que é tomada.

7
• Obter prova de auditoria suficiente e apropriada para reduzir o risco de auditoria para um nível
aceitavelmente baixo
• Conduzir a auditoria de acordo com as normas de auditoria aplicáveis

2.3. Regulação
Entidades de interesse público
São qualificadas como entidade de interesse público as seguintes entidades:
• Os emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação num mercado regulamentado situado ou a funcionar
em Portugal
• As instituições de crédito
• As empresas de seguros e de resseguros
• As entidades cuja atividade principal consiste na aquisição de participações sociais com maioria de direitos de
voto em instituições de crédito
• As sociedades gestoras de participações no setor dos seguros e as sociedades gestoras de participação de seguros
mistas
• Os fundos de pensões que financiam um regime especial de segurança social, nos termos dos artigos 53.º e 103.º
da Lei n.º 4/2007, de 16 de janeiro

Serviços prestados pelos auditores


Competências exclusivas dos ROC – Funções Interesse Público
• Auditoria às contas
• Revisão legal das contas – decorre da lei ou dos estatutos (CLC)
• Revisão voluntária – decorre de contrato (Relatório Auditoria)
• Serviços relacionados com as duas anteriores – quando tenham uma finalidade ou um âmbito específico ou
limitado.
• Outras funções em que a lei exija a intervenção dos ROC

Outras funções passíveis de serem exercidas pelo ROC


• Docência
• Membros de comissões de auditoria e de órgãos de fiscalização ou de supervisão de empresas ou outras
entidades
• Consultoria e outros serviços no âmbito de matérias inerentes à sua formação e qualificação profissionais
• Administrador de insolvência

Regulamento n.º 537/2014


O regulamento no artigo 17.º estipula que, regra geral, as entidades de interesse público devem mudar de
ROC/SROC após um período máximo de 10 anos, podendo os estados-membros optar por períodos mais curtos ou
mais longos, respeitando as seguintes regras:
• O período pode ser estendido por mais de 10 anos (num total de 20 anos) se a entidade de interesse público
fizer consulta pública na data de terminus do primeiro prazo de 10 anos
8
• O período pode ser estendido por mais 14 anos( num total de 24 anos) se a auditoria for feita por mais de um
ROC/SROC, se houver um relatório conjunto e eles tiverem sido nomeados simultaneamente no final do
primeiro período máximo
• Para além da rotação do ROC/SROC, haverá igualmente rotação do sócio principal a cada 7 anos, não podendo
o sócio principal assumir, novamente, a posição sócio principal antes de decorrido um colling off period, de 3
anos

O artigo 5.º do regulamento elenca quais os serviços extra auditoria não podem ser prestados pelas sociedades
de auditoria aos seus clientes, que sejam entidades de interesse público, dos quais destacamos:
• Consultoria fiscal
• Serviços que envolvam qualquer participação na gestão ou na tomada de decisões da entidade de auditoria
auditada
• Processamento de salários
• Conceção e implementação de procedimentos de controlo interno e de gestão de riscos relativos à preparação
e/ou controlo de informação financeira ao conceção e implementação de sistemas tecnológicos de informação
financeira
• Serviços de avaliação, incluindo avaliações Atuariais, atuariais ou serviços de apoio a litígios
• Serviços legais relacionados com a prestação de aconselhamento geral, negociações a favor da entidade auditada
e função de representação para resolução de litígios
• Serviços relacionados com a função de auditoria interna da entidade auditada
• Serviços associados ao financiamento
• Promoção, negociação ou tomada firme de ações na entidade auditada
• Serviços de recursos humanos

Entidades sujeitas a auditoria/revisão de contas


• Resulte de disposição legal, estatutária ou contratual
• Tenham contabilizada organizada e preencham os requisitos estabelecidos no n.º 2 do artigo 262.º do CSC
(ultrapassem 2 dos 3 limites em 2 anos consecutivos):
o Balanço: 1.500.000€
o Vendas e outros proveitos: 3.000.000€
o Número de colaboradores: 50

Sociedades anónimas
A administração e fiscalização das sociedades anónimas pode ser estruturado numa das seguintes modalidades:
• Conselho de administração e conselho fiscal
• Conselho de administração, compreendendo uma comissão de auditoria e ROC
• Conselho de administração executivo, conselho geral e de supervisão e ROC

Neste tipo de sociedades é sempre obrigatória a presença de um ROC na estrutura de administração e fiscalização.

9
Sociedades por quotas
A fiscalização pode ser efetuada por um conselho fiscal, que se rege pelo disposto nas sociedades anónimas, ou por
um revisor oficial de contas.

2.4. Entidades regulatórias


• IFAC – Organização independente que desenvolve normas internacionais relacionadas com ética, auditoria e
serviços de garantia de fiabilidade, educação e normas contabilísticas para o setor público.
• IASB – Órgão do IFAC, que emite normas para as pequenas empresas e as interpretações das IFRS.
• IAASB – Órgão do IFAC, que emite as International Statements on Auditing (ISA), as International Standards
on Quality Control (ISQC) que se aplicam a todas as entidades que fornecem serviços de auditoria, as
International Standards on Review Engagements (ISRE) que se aplicam aos trabalhos de revisão limitada, as
International Standards on Assurance Engagements (ISAE) relacionadas com os trabalhos de garantia de
fiabilidade e as International Standards on Related Services que se aplicam aos serviços relacionados.
• CEAOB – Organismo que visa garantir uma coordenação eficaz dos sistemas de supervisão pública dos
revisores oficiais de contas e das empresas de auditoria no âmbito da União Europeia.
• CNC – Emite normas de contabilidade, pareceres e recomendações relativos ao conjunto das entidades inseridas
no setor empresarial e setor público.
• OROC – Representante dos revisores oficiais de contas. Define “normas e esquemas técnicos de atuação
profissional, tendo em consideração os padrões internacionais exigidos”.
• CMVM – Competência para a supervisão pública de auditores e de entidades de auditoria de Estados Membros
e de países terceiros registados em Portugal.
• SEC – Agência Federal, com o objetivo de restaurar a confiança dos investidores no mercado de capitais,
protegê-los, zelar pela eficiência e verdade dos mercados e facilitar a formação de capital.
• FASB – A sua missão é a criação de normas contabilísticas as designadas US GAAP.
• PCAOB – Supervisão dos auditores que auditam public companies, a sua finalidade é a proteção dos interesses
dos investidores e dos restantes utilizadores da informação financeira.
• AICPA – Associação profissional que representa os profissionais de contabilidade e de auditoria dos Estados
Unidos.

Estrutura hierárquica das normas técnicas de auditoria aplicada em Portugal


• 1º Normas internacionais de Auditoria
o 2º Normas Técnicas e Guias de Aplicação Técnica
o 2º Diretrizes de Revisão/Auditoria
▪ 3º Recomendações técnicas
 4º Interpretações Técnicas

10
3. Relatório de Auditoria
3.1. Modalidades de Opinião
• Opinião padrão (“não modificada” ou “limpa”)
o Opinião sem reservas
o Opinião sem reservas e com ênfase(s)
o Opinião sem reservas e com uma incerteza material relacionada com a continuidade
• Opinião modificada
o Opinião com reservas: por limitação do âmbito; por desacordo; por limitação do âmbito e por desacordo
o Opinião com reservas e com ênfase(s): por limitação do âmbito; por desacordo; por limitação do âmbito e
por desacordo
o Opinião com reservas e com uma incerteza material relacionada com a continuidade: por limitação do
âmbito; por desacordo; por limitação do âmbito e por desacordo
o Opinião adversa

Quando o auditor considera que não está em condições de se pronunciar sobre as demonstrações financeiras da
empresa que auditou (ou devia ter auditado) por não ter podido realizar o seu exame com a plenitude exigível, por
motivos que não lhe sejam imputáveis, emitirá a Certificação Legal das Contas contendo uma Escusa de Opinião.
Se o auditor não pode emitir opinião sobre as demonstrações financeiras devido à inexistência ou ocultação destas,
emitirá um documento designado por Declaração de impossibilidade de Certificação Legal das Contas.

3.2. Modelo da OROC – Guia de Aplicação Técnica n.º 1

3.3. Opinião limpa


Opinião
Esta secção deve conter:
• Identificação da entidade

11
• Expressar que as demonstrações financeiras foram auditadas. Identificar quais as demonstrações financeiras que
foram auditadas
• Qual o período coberto pelas demonstrações financeiras
• Quando a sua opinião não é modificada, referir que as demonstrações financeiras apresentam de forma
verdadeira e apropriada em todos os aspetos materialmente relevantes a posição financeira da entidade
• Referir qual o referencial contabilístico que serviu de base à elaboração das demonstrações financeiras

Bases para a opinião


Nesta secção, o auditor refere que a auditoria foi conduzida de acordo com as normas internacionais de auditoria e
demais normas e orientações técnicas e éticas da OROC, faz referência à secção do seu relatório, onde a matéria
relacionada com as suas responsabilidades é abordada, inclui uma afirmação de que é independente em relação à
entidade auditada e que cumpriu com as suas responsabilidades éticas e dá a conhecer aos utilizadores da informação
financeira. Que a sua convicção, que a prova recolhida é suficiente e época criada para suportar a sua opinião.

Responsabilidades do órgão de gestão e do órgão de fiscalização pelas demonstrações financeiras (se


aplicável)
Nesta secção são descritas as responsabilidades do órgão de gestão, salientando que este é responsável por:
• Preparar as demonstrações financeiras de acordo com o referencial contabilístico aplicável e adotar políticas e
critérios contabilísticos adequados às circunstâncias.
• Elaborar o relatório de gestão e o relatório de Governo societário (este último apenas para as sociedades cotadas
em bolsa)
• Implementar e supervisionar o sistema de controlo interno
• Avaliar a capacidade da empresa cumprir com o pressuposto da continuidade e garantir que a preparação das
demonstrações financeiras com base nesse pressuposto é adequada

12
Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras
Esta secção deve referir que:
• A segurança fornecida pelo auditor é uma segurança razoável, não absoluta, de que as demonstrações financeiras
estão isentas de distorções materialmente relevantes
• A responsabilidade do auditor é emitir, por escrito, um roteiro contendo a sua opinião
• Descrever sucintamente o trabalho realizado pelo auditor

13
EIP

Relato sobre outros requisitos legais e regulamentares


Nesta secção, o auditor vai pronunciar-se sobre se a informação contida no relatório de gestão está, ou não, de
acordo com as demonstrações financeiras.

3.4. Opinião modificada


Opinião com reservas

Base para a opinião com reservas

14
3.4.1. Opinião modificada com escusa
Escusa de opinião

Bases para a escusa de opinião

Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras

3.4.2. Opinião modificada adversa


Opinião adversa

Bases para a opinião adversa

Secções especiais (se aplicável) – se existir uma qualificação pela aplicação incorreta do pressuposto da continuidade,
então esta secção deixa de existir
Incerteza Material Relativa à Continuidade (opcional)

15
3.5. Matérias relevantes de auditoria
Matérias relevantes são aquelas que exigiram uma atenção especial na execução da auditoria e que foram
previamente comunicadas ao órgão de gestão.
• Indicadores de matérias relevantes
o Áreas avaliadas de risco elevado de distorção material ou riscos significativos
o Áreas que envolvam julgamentos significativos produzidos pelo órgão de gestão incluindo as estimativas
que envolvam elevada incerteza de estimação
o Transações com impacto significativo nas contas
• Matérias relevantes deverão ser incluídas no relatório de auditoria, se:
o Entidade auditada tiver valores mobiliários cotados
o Exigido por lei ou regulamento
o Auditor decide relatar sobre o assunto e tal não é contrário à lei

Auditor considera que não existem outras matérias relevantes para além das reservas ou incerteza material

Auditor considera que não existem matérias relevantes

16
3.6. Relatório auditoria – opinião com ênfases e/ou outras matérias
Ênfases
Matéria apropriadamente apresentada ou divulgada nas demonstrações financeiras que, no julgamento do auditor, é
de importância tal que é fundamental para a compreensão das demonstrações financeiras por parte dos
utilizadores. Estas matérias não incluem as reservas e/ou as matérias relevantes de auditoria. Um relatório com ênfases
será emitido quando:
• Existe uma incerteza relativa ao desfecho futuro do litígios ou ações regulatórias excecionais, ou quando de um
evento subsequente significativo que ocorre entre a data das demonstrações financeiras e a data da CLC
• Outras situações, como é o caso de: derrogação excecional, justificada e adequadamente divulgada de princípios
contabilísticos, destinada a assegurar a imagem verdadeira e apropriada alterações de políticas contabilísticas,
justificadas e adequadamente divulgadas, que, afetando os princípios da consistência e da comparabilidade, se
destinam a assegurar a imagem verdadeira e apropriada, e outras situações consideradas necessárias para uma
melhor compreensão das demonstrações financeiras.

Exemplos de matérias a serem relatadas como ênfases:


• Uma incerteza relacionada com o desfecho futuro de litígios ou ações regulatórias excecionais
• Acontecimento subsequente significativo que ocorre entre a data das demonstrações financeiras e a data do
relatório do auditor
• A aplicação antecipada de uma nova norma de contabilidade que tenha um efeito material nas demonstrações
financeiras
• Catástrofe com impacto material na posição financeira da entidade
• Alterações de políticas contabilísticas

17
• Correção de uma distorção qualificada no ano anterior

Outras matérias
São assuntos que não estão relacionados com as matérias apresentadas ou divulgadas nas demonstrações
financeiras, mas que no entender do auditor é relevante para a compreensão da auditoria, das responsabilidades do
auditor ou do seu relatório por parte dos utilizadores. A divulgação desses assuntos não é proibido por lei e não englobam
as matérias relevantes de auditoria.
Exemplos:
• Explicar o porquê de não ter renunciado ao mandato caso tenha emitido uma Escusa Opinião
• Indicar que emitiu uma opinião sobre as demonstrações financeiras preparadas pela empresa com base num
outro normativo contabilístico (e.g. no reporte da informação da filial)
• No relatórios de finalidade especial indicar que destina-se exclusivamente aos seus utilizadores previstos e não
deve ser distribuído nem utilizado por outros
• Contas de N-1 auditadas por outro auditor
• Contas de N-1 não foram auditadas (apesar de ter testado os saldos de abertura)
• Divulgação das razões substantivas para a diferença de opinião do auditor atual sobre as demonstrações
financeiras do período anterior face à opinião que o auditor expressou anteriormente

3.7. Relatório de auditoria – outra informação


Outra informação – responsabilidade do auditor
• O relatório anual inclui informação financeira e não financeira que está para além das Demonstrações
Financeiras. Normalmente, a outra informação inclui: Relatório de Gestão (faz parte do dever prestar contas);
mensagem do Presidente.
• Auditor deve solicitar o Relatório de Gestão e outros documentos antes de emitir o Relatório de Auditoria.
• Se encontrou inconformidades entre as demonstrações financeiras e a outra informação ou considera que a outra
informação está materialmente distorcida, o auditor deve solicitar a sua correção e em última instância informar
os acionistas (neste caso se já tivesse emitido o relatório)
• Se a outra informação não for corrigida, o auditor deve descrever no seu relatório a distorção na Outra
Informação.

18
Outra informação (no cenário em que a Outra Informação é obtida antes da data Relatório Auditoria)

Outra informação

4. Regulamentação profissional
4.1. Conduta do Auditor
A conduta do auditor é um processo influenciado por diversos aspetos, entre os quais:
• Código ética: emanado da OROC, adaptação portuguesa do IFAC
• Processos disciplinares
• Admissão e Formação contínua
• Normas de auditoria: normas internacionais de auditoria
• Controlo de qualidade
• Obrigações legais
• CMVM, Banco de Portugal, ASF e UE

4.2. Drivers da qualidade da auditoria


A qualidade de uma auditoria é influenciada por vários aspetos, entre eles:
• Cultura da firma de auditoria (valores e atitudes éticas)
• Competências, saberes e experiência da equipa de trabalho e do tempo alocado ao trabalho
• Aplicação rigorosa da metodologia de auditoria e do controlo de qualidade
• Fatores fora do controlo do auditor
• Relevância, a utilidade e a tempestividade do relatório de auditoria (incluindo a interação com os stakeholders)

19
4.3. Ética e deontologia profissional
Um dilema ético é uma situação em que a pessoa tem de decidir sobre qual o comportamento apropriado. A
sua metodologia de análise, envolve os seguintes passos:
1. Obter os factos relevantes
2. Identificar as questões éticas a partir dos factos
3. Determinar quem é que é afetado pelo resultado do dilema e como é que cada indivíduo/grupo é afetado
4. Identificar as alternativas disponíveis que a pessoa tem em mãos para resolver o dilema
5. Identificar as consequências esperadas em cada alternativa
6. Decidir a ação a tomar

Princípios éticos do Código Ética dos ROC


Conduta que prestigie a profissão:
• Integridade: Ser direito e honesto em todas as suas relações, quer com os clientes quer com os colegas.
• Objetividade: Não permitir que enviesamentos, conflitos de interesse ou pressões de terceiros influenciem o
seu julgamento.
• Competência e zelo profissional: Manter o conhecimento e a habilidade profissional no nível necessário para
garantir que o cliente recebe serviços profissionais competentes, com base na legislação, nos desenvolvimentos
práticos e nas técnicas mais recentes. Agir com diligência e de acordo com os padrões técnicos e profissionais,
quando está a prestar os seus serviços.
• Confidencialidade: Respeitar a confidencialidade das informações adquiridas em resultado da sua profissão.
Não divulgar essas informações a terceiros sem autorização específica e devida, a menos que haja um direito
legal profissional ou um dever de a divulgar. Não utilizar as informações adquiridas por vantagens pessoais ou
de terceiros.
• Comportamento profissional: Cumprir leis e regulamentos e evitar qualquer ação que descredite a profissão.

Independência dos Auditores


A independência tem de ser um pressuposto e não um princípio no trabalho do auditor. Se não assumirmos o
auditor como independente o relatório não tem valor.
• Independência da mente: independência de facto, não é influenciável
• Independência na aparência: não pode ter comportamentos que suscitem dúvidas acerca da sua credibilidade
a terceiros (utilizadores da informação financeira)

Auditor: Profissional livre


• Não está sujeito a condicionamentos
• Não recebe ordens
• Possui julgamento profissional (tem de estar sempre a ser feito pelo auditor e influencia os 3 pilares da auditoria)

20
Princípios éticos – processo de resolução das ameaças

• Ameaça de interesse pessoal: A ameaça de que um interesse financeiro ou qualquer outro interesse venha a
influenciar de forma indevida o julgamento ou comportamento do auditor.
• Ameaça da auto-revisão: A ameaça de que o auditor não avalie adequadamente os resultados de um julgamento
ou de um serviço anteriormente efetuado por si próprio, pela firma em que se integra ou por entidades da rede,
associação ou aliança a que pertence.
• Ameaça de representação: Ameaça de que o auditor defenda a posição de um cliente ao ponto de a sua
objetividade poder vir a ficar comprometida.
• Ameaça de familiaridade: A ameaça de que, devido a um relacionamento íntimo ou prolongado com um cliente
ou pessoa com cargo de responsabilidade junto do cliente, o auditor que seja demasiado condescendente junto
em relação aos seus interesses, ou demasiado acrítico em relação ao seu trabalho.
• Ameaça de intimidação: A ameaça de que o auditor seja dissuadido de atuar objetivamente devido a pressões
reais ou veladas, incluindo tentativas para exercer influência indevida sobre si.

Salvaguardas legais em matéria de independência


Artigo 71º EOROC:
• ROC ou qualquer pessoa singular em posição de influenciar direta ou indiretamente o resultado da revisão legal
ou voluntária de contas, devem ser independentes relativamente à entidade auditada e não devem participar na
tomada de decisões dessa entidade.
• As pessoas envolvidas no trabalho, bem como as pessoas estreitamente relacionadas, não podem deter nem ter
qualquer interesse económico material e direto, nem participar na transação de quaisquer instrumentos
financeiros emitidos, garantidos ou de qualquer outra forma apoiados por qualquer entidade auditada que recaia
no domínio das suas atividades de revisão legal das contas.
• As pessoas envolvidas no trabalho não podem aceitar ofertas ou favores da entidade auditada, exceto se forem
insignificantes.

Artigo 77.º EOROC: condições para a realização de revisão legal das contas a entidades de interesse público
• Non audit fees / total fees < 30% quando os outros serviços (voluntários) são prestados por um período de 3 ou
mais anos consecutivos à entidade, à sua empresa-mãe ou suas filiais.
• Total fees recebidos em cada um dos últimos três anos ultrapassar os 15% do VN da SROC:
o Informar o órgão de fiscalização da entidade auditada e as medidas salvaguarda tomadas

21
o Órgão de fiscalização deve avaliar se existe condições para continuar a prestação de serviços por um período
que não pode ultrapassar 2 anos
o Comunicar as situações anteriores à CMVM
o CMVM pode determinar que no cálculo entre os fees de sociedades da rede da SROC
• Caso exerça a Revisão Legal de Contas, a SROC ou outra firma da sua rede está impedida de prestar à EIP,
empresa-mãe ou outra por elea controlada:
o Serviços de assessoria fiscal (e.g. Impostos sobre salários)
o Elaboração e lançamentos de registos contabilísticos e de contas
o Qualquer serviço de consultoria tem que ser previamente aprovado pelo órgão fiscalização da EIP

4.4. Controlo de qualidade


Métodos que procuram assegurar que a SROC está a cumprir as exigências normativas da profissão,
contribuindo para a sua defesa e reputação profissional. O primeiro elemento interessado na existência de um controlo
de qualidade é o auditor.
• Pela SROC

Auditores têm a obrigação de conceber, implementar e operar um sistema de gestão da qualidade que lhe
proporcione garantia razoável de fiabilidade de que:
• A firma e o seu pessoal cumprem as normas profissionais e os requisitos legais e regulamentares aplicáveis e
desenvolvam os trabalhos de acordo com essas normas e regulamentos;
• Os relatórios emitidos pela firma ou pelos sócios responsáveis pelo trabalho são apropriados nas circunstâncias.

Elementos num sistema de controlo interno


• Avaliação de riscos
• Requisitos em aspetos relacionados com a ética (instituir provedor da ética; comprometer com a empresa
que vou trabalhar com o código da ética)
• Seleção e escolha de novos clientes
• Questões relacionadas com informação e comunicação (sistemas de reporte interno)
• Questões relacionadas sobre como o trabalho é feito (como se calcula a materialidade – diretrizes da
empresa)
• Recursos associados ao capital humano (como são contratadas, como evoluem na carreira)
• Mecanismos de controlo interno
• Governança e Liderança (têm de dar o exemplo; cartas de princípios e valores da empresa; alguém tem
de chefiar o CI)

• Pela OROC (revisão pelos pares) sob supervisão CMVM a auditores que não realizem auditorias a
entidades interesse público
o Pelo menos um controlo em cada período de 6 anos
o Controlo horizontal e vertical
• Pela CMVM aos auditores das entidades de interesse público
22
o Pelo menos um controlo em cada período de 3 anos

4.5. Obrigações Legais


Mandatos
Mandato têm a duração de 1 a 4 anos.
Limites nas EIP:
• Sócio responsável pela auditoria: máximo de 7 anos a contar da sua primeira designação, podendo ser depois
designado decorrido 3 anos.
• Mandato mínimo de 2 anos e com limite máximo 8 anos (mandatos de 4 anos) e 9 anos (mandatos 3 anos) ->
poderá ser prorrogado até 10 anos desde que que haja proposta fundamentada pelo órgão de fiscalização.
• Após uma substituição forçada (passaram 10 anos) uma nova designação só ao fim de 4 anos.
• Prazos acima referidos contam-se a partir do momento em que a entidade é considerada de interesse público
• Rotação gradual dos quadros superiores envolvidos na revisão legal das contas

Mobilidade “laboral” do auditor


• Impedimento de contratar o ROC para cargos de gestão e fiscalização na entidade auditada: até 1 ano (geral);
até 2 anos (EIP)
• Impedimento de contratar pessoal e outros sócios da SROC envolvidos no trabalho para cargos de gestão e
fiscalização na entidade auditada: até 1 ano
• Responsável pelo trabalho que tenham exercido funções RLC nos últimos 3 anos não pode ser designado
administrador (inclusive em empresas grupo)
• EIP: contratos trabalho para ROC e os sócios da SROC somente após 3 anos

5. Pilares da auditoria
Os elementos essenciais numa auditoria são:
• Ciclo das demonstrações financeiras
• Prova
• Materialidade
• Risco de auditoria

5.1. Ciclos das Demonstrações Financeiras


As auditorias são realizadas dividindo as demonstrações financeiras em segmentos. A divisão torna a auditoria
mais fácil de gerir e auxilia na atribuição de tarefas a diferentes membros da equipa de auditoria. Os auditores
consideram cada ciclo de forma separada na execução da auditoria apesar de ter de considerar as relações entre ciclos.
Uma maneira comum de dividir uma auditoria é manter tipos (ou classes) de transações e saldos de contas intimamente
relacionados no mesmo segmento.
• Ciclo das vendas e contas a receber
• Ciclo dos inventários
• Ciclo da tesouraria
23
• Ciclo do financiamento
• Ciclos das compras e contas a pagar
• Ciclo da gestão do pessoal
• Ciclo do investimento

5.2. Prova de Auditoria


“O Auditor deve conceber e executar procedimentos de auditoria de tal
forma que possa obter prova de auditoria suficiente e apropriada para o
habilitar a extrair conclusões razoáveis na base das quais forma a sua opinião”.

A opinião do auditor resulta da prova obtida nos diferentes procedimentos por si desenvolvidos sobre cada uma das
asserções da administração contidas na demonstrações financeiras. Por isso, a prova em auditoria é fundamental
para:
• Expressar se as demonstrações financeiras apresentam de forma verdadeira e apropriada;
• Decidir sobre o tipo de relatório a emitir: relatório modificado ou não modificado.

A prova em auditoria é toda a documentação recolhida pelo auditor que serve de suporte à formulação de
uma opinião sobre as demonstrações financeiras. O auditor deve obter prova em quantidade apropriada que lhe
permita avaliar se as demonstrações financeiras apresentam ou não uma imagem verdadeira e apropriada da empresa. O
auditor deve obter prova suficiente para manter o risco de auditoria num nível baixo, pelo que quando o risco de auditoria
aumenta, o auditor aumenta a extensão da prova.
As asserções são declarações prestadas pela gerência, de forma explícita ou outra, no que respeita ao
reconhecimento, mensuração e divulgação da informação nas demonstrações financeiras de que o relato
financeiro foi preparado de acordo com o normativo contabilístico aplicável. As asserções são usadas pelo auditor
para considerar os diferentes tipos potenciais distorções que podem ocorrer aquando da identificação, avaliação e
resposta aos riscos de distorção material.
5.2.1. Asserções das demonstrações financeiras
Relativas a classes de Relativas aos saldos finais Relativas à apresentação e
transações divulgação
Ocorrência Existência Ocorrência
As transações e acontecimentos que se Ativos passivos e interesses no capital Os acontecimentos e as transações
encontram registados ocorreram estão próprio existem. divulgadas ocorreram.
relacionados com a entidade.

Direitos e Obrigações Direitos e Obrigações


A entidade possui ou controla os Os eventos divulgados estão
direitos sobre os ativos, e os passivos relacionados com a entidade.
representam obrigações da entidade.

Plenitude Plenitude Plenitude

24
Todas as operações e acontecimentos Todos os ativos passivos e interesses Todas as divulgações que deveriam ter
estão registados. no capital próprio foram registados. sido divulgadas foram de facto,
divulgadas.

Rigor Valorização e imputação Rigor e valorização


Valores e outros dados relacionados Ativos passivos e interesses no capital A informação está adequadamente
com transações e acontecimentos próprio estão registados nas divulgada e pelas quantias apropriadas.
foram apropriadamente registados. demonstrações financeiras pela
quantia apropriada. Os rendimentos e
os gastos foram corretamente
importados.

Corte
Transações e acontecimentos foram
registados no período contabilístico a
que dizem respeito.

Classificação Classificação e
Transações e acontecimentos foram Compreensibilidade
registados nas contas apropriadas. A informação financeira foi
apresentada e relatada de forma
apropriada e as divulgações no Anexo
encontram-se descritas com clareza.

5.2.2. Asserções relacionadas com as transações


• Ocorrência: Todas as transações e acontecimentos realmente ocorreram e estão relacionados com a empresa.
Por exemplo, o órgão de gestão afirma que todas as vendas contabilizadas no exercício são transações válidas.
Assim, esta ação é relevante em relação às vendas, pois o órgão de gestão pode ter interesse em contabilizar
vendas fictícias.
• Plenitude: Todas as operações e acontecimentos que ocorreram durante o período foram contabilizados. Por
exemplo, se um cliente não contabiliza uma venda, esta conta será estará subavaliada. De referir que a
preocupação do auditor em relação a esta asserção é oposta à preocupação do auditor com a asserção da
ocorrência. Enquanto a plenitude se traduz numa subvalorização das vendas, a ocorrência, uma venda que o
órgão de gestão diz que ocorreu quando de facto não ocorreu, traduz-se numa sobrevalorização das vendas.
• Rigor: Todos os valores e outros dados relativos a transações e acontecimentos foram contabilizados
adequadamente e os seus valores acumulados estão corretos, ou seja, foram adequadamente contabilizados de
acordo com os princípios contabilísticos. Por exemplo, o normativo contabilístico diz que os ativos fixos
tangíveis devem ser contabilizados pelo seu custo de aquisição, acrescido de todos os gastos suportados para
estes entrarem em funcionamento, se tal acontecer, confirma-se a asserção do rigor. Se uma venda está
contabilizada sem o respetivo desconto, pode confirmar a asserção da concorrência, mas não se confirma
asserção do rigor.

25
• Corte: O corte é uma afirmação que atesta com que as transações e acontecimentos foram contabilizados no
exercício correto. Os procedimentos do auditor devem assegurar que as transações ocorridas antes e após o final
do exercício foram contabilizadas no respetivo período contabilístico. Por exemplo, ao efetuar o teste de corte
às vendas à data de 31 de Dezembro, o auditor pode examinar uma amostra de guias de remessa e de faturas
emitidas antes do final do ano e após o início do ano seguinte, para assim verificar se as vendas foram registadas
no período correto.
• Classificação: Esta afirmação está relacionada com a contabilização nas contas apropriadas de todos os
acontecimentos que ocorreram durante o período. Por exemplo, se os gastos com despesas de conservação e
manutenção de ativos fixos tangíveis foram devidamente contabilizados como ativo ou como um gasto tendo
em atenção a política definida pela empresa.

5.2.3. Asserções relacionadas com os saldos


• Existência: Esta asserção está relacionada com os saldos finais dos ativos, passivos e capital próprio, ou seja,
se estes realmente existem à data do Balanço. Por exemplo, o saldo de inventário significa que o órgão de gestão
afirma que ele existe e que está disponível para venda.
• Direitos e obrigações: As afirmações relacionadas com direitos e obrigações referem-se ao facto da entidade
ter direitos sobre os ativos e os seus passivos representarem obrigações. Por exemplo, órgão de gestão atesta
que tem direito sobre o inventário evidenciado à data do balanço, da mesma forma, os montantes evidenciados
em financiamentos obtidos – locações, representam obrigações da entidade e, ao mesmo tempo, direitos sobre
essas locações.
• Plenitude: Está relacionada com o facto de todos os ativos, passivos e capital próprio, que deveriam ter sido
incluídas nas demonstrações financeiras à data de encerramento terem sido de facto incluídos. Por exemplo, o
órgão de gestão afirma que o saldo de fornecedores à data do balanço representa todas as obrigações perante
fornecedores que existem a essa data.
• Valorização e imputação: A asserção valorização e imputação está relacionada com o facto dos ativos, passivos
e capital próprio estarem contabilizados pelo valor correto, bem como quaisquer gastos ou rendimentos. Por
exemplo, os inventários devem ser contabilizados pelo menor dos seguintes valores, o custo de aquisição ou o
valor realizável líquido, de igual forma o órgão de gestão afirma que os ativos fixos tangíveis são depreciados,
tendo em atenção o seu uso.

5.2.4. Asserções relacionadas com a apresentação e divulgação


• Ocorrência, direitos e obrigações: Estas asserções relacionam-se com o facto de acontecimentos, transações
e outros assuntos estarem corretamente divulgados e relacionados com a entidade. Por exemplo, se o órgão de
gestão apresenta os contratos de leasing celebrados como passivo na rubrica financiamentos obtidos e se as
difusões inerentes estão adequadamente divulgadas num anexo, está a afirmar que a transação ocorreu, que tem
uma obrigação perante um credor e um direito sobre o bem adquirido.
• Plenitude: Ao testar esta asserção, o auditor averigua se todas as divulgações que deveriam ser efetuadas nas
demonstrações financeirasforam efetivamente divulgadas. Assim, o órgão de gestão afirma que todas as
divulgações materialmente relevantes foram divulgadas no anexo.
26
• Classificação e compreensibilidade: As afirmações classificação e compreensibilidade estão relacionadas com
o facto de a informação financeira ser adequadamente apresentada e descrita, e se as divulgações são expressas
com clareza. Por exemplo, o órgão de gestão afirma que a dívida de curto prazo vencerá no prazo máximo de
um ano.

Asserções do órgão de gestão Erro potencial Procedimento de auditoria


relativamente à conta de
clientes
Existência Cliente fictícios Circularização dos clientes
Direitos e obrigações Créditos transmitidos a sociedades Inquirir o órgão de gestão sobre
de factoring créditos transmitidos a sociedades
de factoring
Plenitude Dívidas de clientes não Cruzar as faturas emitidas com
contabilizadas registos contabilísticos
Ocorrência Vendas não efetuadas Cruzar os registos contabilísticos
com as faturas que lhes serviram de
suporte

Valorização e imputação Imparidades não contabilizadas Efetuar testes de imparidade

5.3. Recolha de Prova


Abordagem para recolha de prova:
1. Compreender o cliente e a indústria onde se insere (características da indústria; integridade do órgão de gestão
e pressões que possam influenciar a credibilidade das demonstrações financeiras; natureza e qualidade do
sistema de informação; influência da envolvente)
2. Avaliar o risco de distorções materiais, asserção a asserção, para cada área do risco do cliente (risco inerente;
risco de controlo; sistema informático)
3. Testes aos saltos e transações (que quantidade?; que procedimento?; quando deverá ser realizado?)
4. Avaliar se a prova recolhida é adequada e emitir o relatório de auditoria (necessidade de ajustamentos;
deficiências dos sistemas)

A prova deve ser suficiente e apropriada. A suficiência está relacionada com a quantidade de prova que deve ser
obtida dependendo esta do julgamento do auditor. O facto da prova ser apropriada está relacionado com a qualidade
da mesma, ou seja, se a prova recolhida é relevante e fiável. A relevância está relacionada com asserção que se pretende
testar. A fiabilidade da prova depende das circunstâncias em que a prova é obtida.

27
Fiabilidade da prova em auditoria
Maior confiança Menor confiança
Prova observada diretamente (ex: observação da Prova observada indiretamente (ex: listagem da
contagem de stocks) contagem de stocks enviada para o auditor)

Documentos gerados externamente (ex: faturas, guias de Documentos gerados internamente (guias de entrada,
remessa) notas de encomenda)

Provas enviadas diretamente para o auditor Provas remetidas pela empresa ao auditor

Prova documental Prova verbal


Documentos originais Fotocópias
Prova gerada internamente através de um sistema eficaz Prova gerada internamente fornecida por um sistema
de controlos ineficaz de controlos

Credibilidade da Prova Mais credível

Prova gerada externamente, enviada diretamente para o auditor

Prova gerada externamente, mantida na empresa

Prova gerada internamente, confirmada por terceiros

Prova gerada internamente, não confirmada por terceiros

Menos credível
Prova de auditoria persuasiva

5.4. Tipos de prova de auditoria


• Sistema de informação contabilístico: O sistema de informação contabilística consiste nos métodos utilizados
pela empresa para registar, processar, sintetizar e relatar às transações por si efetuadas, bem como para manter
um controlo sobre os ativos, passivos e sobre o capital próprio. Uma vez que as demonstrações financeiras são
28
preparadas, tendo por base os registos contabilísticos, ao auditor é requerido que, nos seus papéis de trabalho,
evidencie se os valores constantes nas demonstrações financeiras coincidem ou não com os valores evidenciados
no balancete.
• Documental: A prova documental é constituída por uma variedade de documentos que servem de suporte aos
registos contabilísticos efetuados pela empresa, incluindo: faturas, contratos, extratos bancários, requisições,
atas de reuniões dos órgãos sociais, etc. A credibilidade da prova depende de onde esta é gerada, se dentro da
empresa ou fora da empresa.
• Confirmações externas (circularização): Confirmações externas é o processo de obter e avaliar a prova de
auditoria por meio de uma comunicação escrita recebida diretamente de um terceiro, em resposta a um pedido
de informação acerca de um dado item que afeta as asserções das demonstrações financeiras, incluindo as
constantes nas respetivas divulgações.
• Inspeção física: Esta prova é obtida através da inspeção física dos ativos, sendo a melhor prova para confirmar
a existência de inventários, edifícios, terrenos, equipamento de transporte, equipamento básico, caixa, etc.
• Observação: Através da observação, auditor analisa as atividades da empresa. É um procedimento geral,
geralmente utilizado nos testes aos controlos, incluindo o “walkthrough” (Representa uma combinação de
questionários, inspeção física e observações com vista a testar os controlos implementados pela empresa, com
este procedimento, o auditor acompanha uma transação desde o seu início até que esteja refletida nas
demonstrações financeiras), verificando se um determinado controlo está ou não a ser efetuado pela empresa.
• Oral: Durante uma auditoria são muitas vezes colocadas questões a funcionários, responsáveis departamentais
e ao órgão de gestão. Apesar de ser uma prova mais persuasiva do que conclusiva, tem a vantagem de direcionar
o auditor para outras formas de obtenção de provas, corroborar provas anteriormente obtidas e orientar o auditor
para questões que possam ter impacto nas demonstrações financeiras.
• Aritmética: Outro tipo de prova de auditoria consiste na confirmação da exatidão aritmética dos cálculos
efetuados pela empresa. De uma forma simplista tomemos como exemplo as depreciações contabilizadas pela
empresa: o auditor vai testar se a taxa de depreciação aplicada pela empresa é consistente com o período de vida
útil definido, se, aplicando a taxa ao valor depreciável, a depreciação do exercício está de acordo com a
depreciação calculada pela empresa e se as depreciações acumuladas calculadas pela empresa estão de acordo
com as depreciações acumuladas por si calculadas.
• Reexecução: Consiste em refazer os procedimentos contabilísticos e de controlo implementados pela empresa.
Enquanto a prova aritmética consiste numa análise dos cálculos e a execução envolve a análise de
procedimentos. Por exemplo, o auditor pode comparar os preços de venda constantes das faturas com os preços
evidenciados na lista de preços.
• Analítica: A prova analítica consiste na comparação de informações do exercício com informações de
exercícios anteriores, com os valores esperados ou com os valores do setor onde a empresa se insere.
• Inquéritos: Os inquéritos são uma fonte de informação que pode ser corroborada através de outras provas. A
força desta prova está dependente da integridade do órgão de gestão e do risco de negócio.

29
Grau de confiança Tipo de prova
Alto Inspeção física, aritmética, reexecução, confirmações
externas

Sistema de informação contabilístico, inspeção


documental, inquéritos

Baixo Observação, oral

5.5. Procedimentos de auditoria


Concretamente, o auditor pode efetuar três tipos de procedimentos:
• Procedimentos de avaliação do risco do cliente: Desenvolvidos com o intuito de compreender o cliente, a sua
envolvente, o controlo interno, bem como avaliar o risco de existência de distorções materialmente relevantes.
• Testes aos controlos: Destinados a testar a operacionalidade e eficiência na prevenção e deteção de distorções
materiais dos controlos implementados pela empresa.
• Procedimentos substantivos: Destinados a detetar distorções materialmente relevantes que não tenham sido
prevenidas ou detetadas pelo sistema de controlo interno da empresa. Estes procedimentos dividem-se em
procedimentos analíticos, em testes de detalhe, aos saltos e às transações e à apresentação e divulgação.

São vários os métodos utilizados pelo auditor na execução de procedimentos analíticos:


• Análise de tendências: Consiste na comparação de itens ao longo do tempo, é um procedimento utilizado pelo
auditor em períodos de estabilidade, uma vez que o seu nível de precisão é muito reduzido quando a empresa
atravessa tempos de instabilidade.
• Análise de rácios: Consiste em comparações de relações entre dados financeiros de dois ou mais períodos,
comparações entre dados financeiros e não financeiros (análise horizontal) ou comparação entre dados de
empresas do mesmo setor (análise setorial).
• Teste de razoabilidade: Consistem no desenvolvimento de uma expectativa explícita através da análise de
saldos de contas num único período contabilístico, assim como das respetivas mudanças desses saldos,
utilizando quer dados financeiros quer dados não financeiros.
• Teste de regressão: Consiste na avaliação do relacionamento entre uma variável dependente que corresponde
ao saldo do período corrente para o qual se pretende formular a expectativa, e uma mais variáveis independentes,
a fim de que tal expectativa possa ser desenvolvida com um nível de precisão elevado.

5.6. Implicações da ausência da prova


Dependendo das circunstâncias, se o auditor não tiver possibilidade de obter prova de auditoria apropriada e
suficiente, tal facto terá as seguintes consequências:
Opinião com Reserva (Por Limitação de âmbito)
“Em nossa opinião, exceto quanto aos possíveis efeitos da matéria referida na secção "Bases para a Opinião com
Reservas", as demonstrações financeiras anexas apresentam...”

30
Escusa de Opinião
“Não emitimos uma opinião sobre as demonstrações financeiras anexas. Devido à relevância da(s) matéria(s)
referida(s) na secção “Bases para a escusa de opinião”, não obtivemos prova de auditoria suficiente e apropriada que
nos proporcionasse uma base para emitirmos uma opinião sobre as demonstrações financeiras anexas.”
Ponto de partida: responsabilidade do auditor é emitir uma opinião
“Em nossa opinião, as demonstrações financeiras anexas apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os
aspetos materiais, a posição financeira de XPTO, S.A. em 31/12/N e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa
relativos ao período findo naquela data de acordo com as Normas de Contabilidade e Relato Financeiro adotadas em
Portugal através do Sistema de Normalização Contabilística.”

5.7. Materialidade
Podemos definir materialidade como um conceito de significado e importância relativos de um assunto, quer
considerado individualmente, quer de forma agregada no contexto das demonstrações financeiras tomadas como um
todo. Um assunto é material, se a sua omissão ou distorção puder razoavelmente influenciar as decisões económicas
dos utilizadores baseadas nas demonstrações financeiras.
Na aplicação da materialidade, os auditores seguem 5 passos:
1. Efetuar um julgamento, preliminar sobre a materialidade
2. Alocar esse julgamento às rubricas do Balanço
3. Estimar o total de distorções por rubrica
4. Estimar o total de distorções agregadas
5. Comparar o total de distorções estimadas com a materialidade preliminar ou revista

Materialidade global: distorções, incluindo as omissões, são consideradas materiais se se esperar que, individualmente
ou em conjunto, influenciem as decisões económicas tomadas pelos utentes com base nas demonstrações financeiras.
Os julgamentos acerca da materialidade global são determinados pelas:
• Circunstâncias em presença (ex: estuda a possibilidade de fundir-se)
• Perceção das necessidades comuns de informação financeira por parte dos utentes das demonstrações
financeiras
• Dimensão ou natureza de uma distorção ou pela combinação de ambas.

Materialidade execução: quantia ou quantias inferior(es) à materialidade global que visa reduzir para um nível
apropriadamente baixo a probabilidade de as distorções não corrigidas e não detetadas agregadas excederem a
materialidade global. Materialidade execução é usada na avaliação do risco de distorção material e na determinação dos
procedimentos de auditoria adicionais.
Materialidade global: vertente quantitativa
Fórmula da MG = indicador x %
Escolha do indicador de referência apropriado depende:
• Elementos das demonstrações financeiras: ativo, passivo, capital próprio, rendimentos ou gastos
• Itens que chamem atenção dos utentes: lucro, rédito, ativos líquidos, ...
• Natureza da entidade, ciclo de vida, setor atividade e ambiente económico que opera

31
• Estrutura de propriedade da entidade e a forma como é financiada
• Volatilidade do indicador de referência

Thresholds sugeridos pelo IFAC:


• 3% a 7% dos lucros antes impostos
• 1% a 3% dos réditos
• 1% a 3% doativo
• 3% a 5% do capital próprio

Pontos importantes:
• Clausulas de financiamentos (convenants)
• Tendências para alterações
• Sistema incentivos dos gestores
• Utilizadores das demonstrações financeiras
• Propensão a esconder actos ilegais

Relação entre materialidade e tipo de opinião do auditor

5.8. Risco de auditoria


Corresponde à suscetibilidade do auditor expressar uma opinião inapropriada quando as demonstrações
financeiras estão materialmente distorcidas. No relatório o auditor expressa uma opinião com um nível de segurança
aceitável de que as demonstrações financeiras não contém distorções materiais. Segurança aceitável não significa
segurança absoluta, logo as demonstrações financeiras podem estar distorcidas e o auditor não detetou tais distorções,
pretende-se minimizar a ocorrência de tal situação.
Risco Aceitável de Auditoria: Medida de quanto é que o auditor está disponível para aceitar que as demonstrações
financeiras possam estar materialmente distorcidas após ter executado a auditoria e ter emitido uma opinião não
qualificada.
Fatores a considerar na sua definição:
• Confiança dos utentes nas demonstrações financeiras (quanto maior menor o risco)
• Probabilidade dificuldades financeiras (insolvência aumenta necessidade de informação)

32
• Integridade da gestão (o auditor deve conhecer a gestão, como os comportamentos dos gestores podem
influenciar o risco de distorção)

Componentes do risco de auditoria


O risco de auditoria é função do risco de distorção material e do risco de deteção. O risco de distorção material
apresenta dois níveis: Ao nível global das demonstrações financeiras, relacionado com as demonstrações financeiras
como um todo, e ao nível das asserções, composto pelo risco inerente e pelo risco de controlo. O risco de distorção
material é o risco de auditoria pré- existente, isto é, o risco que o auditor correria se não fosse proactivo, ou seja, se não
desse as respostas adequadas a esse risco por forma a minimizá-lo para um nível aceitável.
O modelo de risco de auditoria é expresso através da seguinte fórmula:
𝑹𝒊𝒔𝒄𝒐 𝑨𝒖𝒅𝒊𝒕𝒐𝒓𝒊𝒂 = 𝑹𝑰 × 𝑹𝑪 × 𝑹𝑫 = 𝑹𝑫𝑴 × 𝑹𝑫
• Risco inerente: é a suscetibilidade de um saldo de conta ou classe de transações conter uma distorção que possa
ser materialmente relevante, considerada individualmente ou quando agregada com distorções em outros saldos
ou classes, assumindo que não existem os respetivos controlos internos. O risco inerente varia de empresa para
empresa e de atividade para atividade. Assim, empresas que operem no mercado do gás, ou do petróleo têm um
risco mais elevado que empresas transformadoras de madeiras ou empresas que comercializem
eletrodomésticos. Da mesma forma aspetos como: transações entre partes relacionadas, transações pouco usuais,
grande rotação de pessoal, resultado de auditorias anteriores e a suscetibilidade a desfalques podem acarretar
um risco inerente mais elevado.
• Risco de controlo: é a suscetibilidade de uma distorção que possa ocorrer num saldo de conta ou numa classe
de transações e que possa ser materialmente relevante, considerada individualmente ou quando agregada com
distorções e outros saldos ou classes, não vir a ser prevenida ou detetada e corrigida atempadamente pelo sistema
de controlo interno.
• Risco de deteção: é a suscetibilidade dos procedimentos substantivos executados pelo auditor não virem a
detetar uma distorção que exista num saldo de conta ou classe de transações que possa ser materialmente
relevante, considerada individualmente ou quando agregada em outros saldos ou classes.
o Risco não amostragem: Procedimentos auditoria inapropriados; Incapaz de detectar mesmo usando os
procedimentos adequados; Interpretação errada resultados obtidos
o Risco amostragem

Objetivo do auditor: correr um risco de auditoria aceitável, desejavelmente muito baixo, por exemplo, 0,05
• Risco de auditoria pré-fixado pelo auditor  muito baixo (0,05)
Avaliação pelo auditor dos riscos inerente e de controlo de um cliente:
• risco inerente do cliente X  elevado (0,8)
• risco de controlo do cliente X  médio/baixo (0,3)
Definição do risco de deteção adequado ao cliente para ser atingido o risco de auditoria pré-fixado pelo auditor:
Ra = 0,05 Ri = 0,8 Rc = 0,3
Ra = Ri x Rc x Rd  Rd = Ra / (Ri x Rc) 
 Rd = 0,05 / (0,8 x 0,3)  Rd = 0,2083 = 20,83%

33
Para o risco de auditoria ser de 5%, tendo em conta o risco de distorção material que foi avaliado em 0,24, o auditor
tem de correr um risco de deteção baixo (20,8%), isto é, deve dispor de um nível de segurança de 79,2% nas suas
verificações. Como agir?  os procedimentos de auditoria devem ser estendidos (no tempo) e aprofundados (no
pormenor da informação auditada) por forma a que o risco de deteção seja baixo (20,8%)

Para manter um risco de auditoria aceitável, se o auditor avalia como altos o risco inerente e o risco de controlo,
deverá correr o mais baixo risco de deteção possível, ou seja, deverá alargar a extensão dos procedimentos. Se o auditor,
pelo contrário, avalia como baixos o risco inerente e o risco de controlo, poderá correr o mais alto risco de deteção
possível, ou seja, não necessita de realizar um exame tão alargado e profundo.

6. Caminho da auditoria
6.1. Etapas da auditoria
Existem 4 grandes momentos:
1. Aceitação do compromisso
2. Planeamento da auditoria: fase de diagnóstico e de identificação de riscos de distorção material
o Quais os eventos que podem ocorrer que provocarão distorções materiais nas demonstrações financeiras?
3. Procedimentos auditoria adicionais e prova de distorções: fase de resposta e de testes de controlo e testes
substantivos
o Será que os eventos identificados ocorreram e resultaram em distorções materiais nas demonstrações
financeiras?
4. Avaliação e relatório de auditoria: formulação da opinião
o Qual é a opinião de auditoria apropriada face à prova obtida sobre demonstrações financeiras?

6.1.1. Planeamento da auditoria


• Planeamento incial
• Compreensão do negócio e setor
• Procedimentos analíticos preliminares
• Materialidade global e de performance
• Identificação do risco de fraude
• Avaliação do risco inerente
• Compreender o controlo interno e avaliar o risco de controlo
• Plano global de auditoria e programas por áreas
34
6.1.2. Plano de resposta aos riscos de distorção
• Testes de controlo
• Testes substantivos ao conteúdo das transações
• Procedimentos analíticos substantivos
• Outros procedimentos substantivos aos saldos
• Análise de contingências

6.1.3. Conclusão, avaliação e relatório de auditoria


• Eventos subsequentes
• Acumular a prova de auditoria final
• Avaliar os resultados obtidos
• Emitir o relatório de auditoria
• Comunicar os resultados à Comissão de Auditoria e ao Órgão de Gestão

7. Aceitação do compromisso
Objetivo: determinar se estão reunidas as condições para o compromisso e posteriormente convencer o cliente a
contratar o auditor

7.1. Etapas
1. Avaliar a integridade da gestão, competência e independência órgão fiscalização, qualidade processo
interno de gestão de riscos
• Integridade dos órgãos sociais das EIP – art.º 78.º EOROC
• Alterações na gestão, estrutura organizacional Comunicar com o anterior auditor
• Inquirir outras entidades
• Análise de publicações sobre a empresa
• Análise retrospetiva do relacionamento com o cliente (§22 a 24 ISA 220)
o Conflitos sobre o âmbito da auditoria, tipo opinião, honorários, etc.
o Rescisão unilateral do contrato
o Regras da rotação obrigatória nas EIP – art.º 54.o e 78.º EOROC

Se as demonstrações financeiras do período anterior foram auditadas por um auditor antecessor, o auditor poderá
ser capaz de obter prova de auditoria suficiente e apropriada respeitante aos saldos de abertura ao rever os papéis de
trabalho do auditor antecessor. Saber se tal revisão proporciona prova de auditoria suficiente e apropriada é influenciado
pela competência profissional e independência do auditor antecessor. Os requisitos éticos e profissionais relevantes
orientam as comunicações do auditor corrente com o auditor antecessor.
2. Determinar se o auditor é capaz de cumprir com os deveres éticos, nomeadamente a independência
35
3. Determinar se as incompatibilidades (art.º 88.º e 89.º EOROC) e os impedimentos (artigo 91.º EOROC)
não se aplicam
4. Identificar as razões para a Entidade querer as contas auditadas
• Legal ou voluntária
• Exposição mediática da entidades
• Quem são os principais utilizadores das Demonstrações financeiras(atenção aos reguladores)
• Participação dos stakeholders (e.g. banca com convenants)
5. Identificar circunstâncias especiais ou riscos não usuais
• Alterações nas atividades da empresa
• Legislação que afeta o setor onde a entidade se insere
• Desenvolvimentos na envolvente que afeta o negócio (análise PEST)
• Suscetibilidade das Demonstrações financeiras estarem distorcidas – existe um passado de reservas?
• Novos investimentos e/ou programas de reestruturações
• Existência de partes relacionadas
• Avaliação prospectiva da estabilidade financeira e do cumprimento dos aspectos legais por parte do cliente
• Identificar possíveis limitações de âmbito
• Avaliar o sistema de relato financeiro e o seu impacto na exequibilidade de uma auditoria
• Relato financeiro aplicado é aceitável
• Administração reconhece o sua responsabilidade na preparação das demonstrações financeiras e SCI
6. Avaliar a competência necessária para a execução da auditoria e determinar a composição da equipa e a
eventualidade do uso de peritos e auditores de componentes
7. Determinação dos Honorários (art.º 59.º EOROC) – a determinação do tempo necessário à realização da
auditoria será objeto de regulamento da OROC
8. Avaliação do risco de compromisso
9. Tomar a decisão de apresentar uma proposta
10. Contrato de prestação de serviços

7.2. Carta compromisso


O auditor deve acordar os termos do trabalho de auditoria com a gerência ou os encarregados da governação.
Os termos acordados do trabalho de auditoria devem ser registados numa carta de compromisso.
• Objetivo e âmbito da auditoria
• Responsabilidades do auditor e da gerência
• Referencial de relato financeiro aplicável
• Calendários quanto ao planeamento e execução da auditoria
• Composição da equipa de auditoria
• A expetativa de que a gerência prestará declarações escritas
• Honorários e base da faturação
• Forma e conteúdo de relatórios a emitir
36
Vínculo contratual
• O revisor oficial de contas só pode exercer auditoria às contas após a celebração, no prazo de 30 dias, de contrato
escrito de prestação de serviços,
• Os revisores oficiais de contas designados para o exercício da revisão legal das contas são inamovíveis antes de
terminado o mandato.
• 30 dias para comunicar contratos de prestação de serviços relativos ao exercício de funções de interesse público
• 30 dias para comunicar resolução do contrato

8. Planeamento da Auditoria
O planeamento de uma auditoria visa que ela seja executada com eficácia, reduzindo o risco de auditoria para
um nível aceitavelmente baixo. É composto por duas atividades principais:
• Estratégia global de auditoria
o Características do trabalho
o Objetivos de relato e relatórios a produzir
o Fatores críticos a considerar na execução do trabalho
o Natureza, tempestividade e extensão dos recursos necessários
• Plano detalhado de auditoria
o Natureza, tempestividade e profundidade dos procedimentos avaliação de riscos
o Natureza, tempestividade e profundidade dos procedimentos auditoria adicionais ao nível asserção
o Outros procedimentos de auditoria exigidos por alguma norma 0

O planeamento ajuda o auditor:


• A dedicar atenção apropriada às áreas relevantes da auditoria
• A identificar e resolver potenciais problemas em tempo oportuno
• A organizar e gerir o trabalho para que seja eficaz e eficiente
• A apoiar a seleção da equipa de trabalho com capacidade e competência apropriada
• A orientar e supervisionar a equipa de trabalho e a rever o seu trabalho.
• A apoiar, quando aplicável, a coordenação do trabalho feito por outros auditores (auditorias de componentes)

A natureza e extensão das atividades de planeamento variam com:


• Dimensão e complexidade da entidade,
• A experiência anterior dos principais membros da equipa de trabalho na entidade,
• As alterações das circunstâncias que ocorram durante o trabalho de auditoria.

8.1. Identificação e avaliação do risco de distorção material


O objetivo do auditor é identificar e avaliar os riscos de distorção material, devido a fraude ou a erro, ao nível
das demonstrações financeiras e ao nível de asserção, proporcionando assim uma base para conceber e implementar
respostas aos riscos de distorção material avaliados. RDM é o risco de as demonstrações financeiras estarem
materialmente distorcidas antes da auditoria.

37
Procedimentos de avaliação de risco:
• Informação do processo de aceitação ou de continuação do relacionamento com o cliente
• Informação obtida em experiências anteriores e de auditorias anteriores

Obter uma compreensão de:


• Entidade e sua envolvente
• Normas de relato financeiro aplicáveis
• Sistema de controlo interno da entidade: Ambiente controlo; Processo avaliação de risco; Processo de monitorar
o sistema de controlo interno; Sistema de informação e comunicação; Atividades de controlo

8.2. Conhecimento da entidade e sua envolvente e normas de relato financeiro


aplicável
Compreender a Entidade e o seu Ambiente
• Indústria, envolvente externa e outros fatores externos
• Estrutura organizacional, propriedade e governance, modelo de negócio incluindo o uso de TI
• Mensuração da performance financeira

Relato financeiro aplicável


• Normas aplicáveis
• Aplicação das políticas contabilísticas
• Motivos para alteração de políticas

8.3. Suscetibilidade do risco inerente


Fatores de risco inerente
Baseada na compreensão dos dois elementos anteriores, o auditor deve avaliar como é que os fatores de risco
inerente afetam a suscetibilidade das asserções serem distorcidas e o grau em que tal poderá acontecer, na
preparação das demonstrações financeiras em conformidade com as normas contabilísticas aplicáveis.
Características qualitativas ou quantitativas dos eventos associados à complexidade, subjetividade, alteração,
incerteza ou suscetibilidade de ser enviesado pelo órgão de gestão ou outros fatores de risco de fraude.

8.4. Risco de distorção material


Fluxograma da identificação e avaliação do RDM
Auditor deve identificar RDM e determinar se eles existem.
• Nível das demonstrações financeiras
• Nível das asserções de classes de transações, saldos de contas e divulgações

Neste processo devem ser identificados:


• Asserções relevantes (não considerar o controlo interno)
• Classes de transações, saldos de contas e divulgações significativas

38
Procedimentos utilizados para identificar e avaliar RDM
• Indagação à gerência
• Indagação à auditoria interna e outro pessoal
• Procedimentos analíticos
• Observação e inspeção
• Prova de anos anteriores
• Análise documental

Procedimentos analíticos

Na Fase do planeamento:
• Úteis para identificar a existência de transações ou eventos não usuais e tendências que possam indicar matérias
com impacto nas DF e na auditoria
• Desenvolvem expetativas acerca de relacionamentos plausíveis que se espera que existam
• Os resultados da sua execução devem ser considerados conjuntamente com outra prova recolhida ao identificar
os RDM (são apenas prova corroborativa ou indicativa)

Exemplos de rácios financeiros

Risco significativo de distorção material


Um risco de distorção material identificado e avaliado que, no julgamento do auditor, exige uma consideração
especial no âmbito da auditoria. Um maior risco pode originar uma inclusão no relatório do auditor de “Matérias
relevantes”. O auditor deve determinar se qualquer risco inerente identificado é um risco significativo.

39
Causas para riscos significativos:
• Risco inerente é avaliado próximo do limite superior do espetro do risco inerente
• Existe risco de fraude
• Estimativas contabilísticas
• Transações significativas com partes relacionadas
• Ver exemplos

Se considera que existe um risco significativo, deve inteirar-se dos controlos relevantes para esse risco.

8.5. Consideração das Leis e Regulamentos


O incumprimento de leis e regulamentos pode resultar em multas, litígios ou outras consequências para a
entidade que podem ter um efeito material nas demonstrações financeiras.
Responsabilidade do Auditor:
• As disposições das leis e regulamentos geralmente reconhecidos como tendo um efeito directo na determinação
de quantias e divulgações materiais nas demonstrações financeiras tais como leis e regulamentos fiscais. É assim
necessário recolher prova apropriada e suficiente.
• Outras leis e regulamentos que não têm um efeito direto na determinação das quantias e divulgações das
demonstrações financeiras, mas cujo cumprimento possa ser fundamental para os aspetos operacionais do
negócio.

Exemplos de leis com impacto nas demonstrações financeiras:


• Forma e conteúdo das demonstrações financeiras;
• Aspetos de relato financeiro específicos do sector de atividade;
• Contabilização de transacções segundo contratos governamentais; ou
• Acréscimo ou reconhecimento de gastos relativos a imposto sobre o rendimento ou a gastos com pensões.

8.6. Overview dos procedimentos de auditoria


Auditor deve obter uma compreensão:
• Qual é o quadro legal e regulamentar da entidade e do setor?
• Como é que a entidade o cumpre?

Procedimentos de auditoria para identificar casos de incumprimento:


• Usar o seu conhecimento atual sobre o setor de atividade e sobre os factores regulamentares e outros externos à
entidade;
• Atualizar o conhecimento das leis e regulamentos que diretamente determinem as quantias e divulgações
relatadas nas demonstrações financeiras;
• Indagar a gerência quanto a outras leis e regulamentos passíveis de terem um efeito fundamental sobre as
operações da entidade;
• Indagar a gerência quanto às políticas e procedimentos da entidade no que respeita ao cumprimento de leis e
regulamentos; e

40
• Indagar a gerência com respeito às políticas ou procedimentos adoptados para identificar, avaliar e contabilizar
as queixas litigiosas.
• Indagar a gerência e, quando apropriado, os encarregados da governação, sobre se a entidade está a cumprir as
leis e regulamentos aplicáveis (considerar a indagação a advogados)
• Inspecionar a correspondência, se existir, com as autoridades licenciadoras ou reguladoras relevantes
• Solicitar à gerência que confirme por escrito que foram divulgados ao auditor todos os casos conhecidos de
incumprimento ou de suspeita de incumprimento de leis e regulamentos cujos efeitos deviam ser considerados
na preparação das demonstrações financeiras (Documentação)

Procedimentos de auditoria quando se identificarem casos de incumprimento: auditor deve conhecer a natureza do
ato e as circunstâncias em que ele ocorreu; e obter informação adicional para avaliar o possível efeito nas demonstrações
financeiras (considerar aconselhamento jurídico).
Matérias relevantes para a avaliação do auditor:
• As potenciais consequências de incumprimento de leis e regulamentos sobre as demonstrações financeiras
incluindo, por exemplo, a imposição de multas, penalidades, danos, ameaça de expropriação, descontinuação
forçada de operações, e litígios.
• Se as potenciais consequências financeiras exigem divulgação.
• Se as potenciais consequências financeiras são tão sérias que ponham em causa a apresentação apropriada das
demonstrações financeiras, ou de outra forma façam com que as demonstrações financeiras sejam suscetíveis
de induzir em erro.

Se não puder ser obtida informação suficiente acerca de incumprimento sob suspeita. Deve-se avaliar o efeito da
falta de prova de auditoria suficiente e apropriada na sua opinião => limitação de âmbito.
Relato incumprimento:
• Encarregados da governação
• Relatório de auditoria
• Entidades de supervisão

8.7. Risco de fraude


Ao determinar que existe risco de distorção material para uma determinada conta ou classe de transações, o auditor
está a assumir que podem ocorrer distorções ao nível das asserções subjacentes às demonstrações financeiras.
As distorções podem provir de:
• Erros
• Fraudes

A fraude materializa-se no relato financeiro e/ou na apropriação indevida de ativos.


Características do relato financeiro fraudulento
• Manipulação, falsificação ou alteração de registos e documentos de suporte, a partir dos quais foram preparadas
as DF

41
• Representação errónea ou omissão intencional nas DF de acontecimentos, transações ou outras informações
significativas
• Falta de aplicação intencional de princípios contabilísticos relativos à mensuração, reconhecimento,
classificação, apresentação ou divulgação

Responsabilidades – Auditor
• Obter garantia razoável de fiabilidade de que as demonstrações financeiras tomadas como um todo estão isentas
de distorção material, quer causada por fraude quer por erro
• Não é nem pode ser responsabilizado pela ocorrência de fraudes ou erros
• É um fator dissuasor
• Atender a: ceticismo profissional e consistência na prova
• O risco de não ser detetada uma distorção material resultante de fraude é maior que o risco de não detetar uma
distorção material resultante de erro
• O risco de não ser detetada uma distorção material resultante de fraude praticada pela gerência é maior do que
se praticada pelos empregados
• O facto de a opinião do auditor se basear no conceito de garantia razoável, não garante que virão a ser detetadas
distorções materiais (fraude ou erro)
1. Condições genéricas para a existência fraude (incentivos, oportunidades, atitudes)
• Administração ou os outros empregados estão motivados ou pressionados;
• As circunstâncias existentes proporcionam a oportunidade;
• Os intervenientes no processo são indivíduos cujo carácter e valores permite que eles participem no acto
fraudulento => não olham a meios para atingir os objetivos.
2. Atitude profissional cética
3. Debate entre a equipa de trabalho
4. Obter informação sobre a gestão do risco de fraude por parte da entidade
• Inquirir gerência, auditoria interna e o órgão de supervisão
• Procedimentos analíticos revelam relacionamentos não usuais ou inesperados
• Compete ao órgão de gestão implementar um sistema que minimize o risco de fraude
• Elementos para prevenir, dissuadir e detetar fraudes
o Cultura de honestidade e de ética – ambiente de controlo

42
o Gestão direta do risco de fraude

o Supervisão efetiva da Comissão de Auditoria/Conselho Fiscal

5. Identificar e avaliar os riscos de distorções materiais devido a fraudes

Deve ser considerado ao nível da fraude:


• Tipo
• Importância
• Probabilidade
• Frequência

Auditor deve presumir que existe risco de fraude no reconhecimento de réditos, avaliar que tipos de rédito e
asserções dão origem a esse risco. Auditor deve considerar o risco da gestão passar por cima dos controlos.
6. Resposta do controlo interno aos risco de fraude
7. Respostas aos riscos avaliados de distorção por fraude: respostas globais, específicas e ao risco de
derrogação dos controlos pela Gerência
8. Avaliação da prova de auditoria
9. Comunicação da existência de fraude
10. Documentação do trabalho

9. Controlo Interno
O controlo interno ajuda as organizações a mitigar os riscos de não atingirem os seus objetivos. O cumprimento
desse objetivos enfrenta muitos riscos, compete assim o órgão de gestão, identificá-los e implementar controlos que
fornecem uma certeza razoável de que as demonstrações financeiras não contêm distorções materiais. Trata-se de um
43
sistema concebido, implementado e mantido pelos encarregados da governação, gerência e outro pessoal para
proporcionar segurança razoável acerca da consecução dos objetivos de uma entidade com respeito:
• à fiabilidade do relato financeiro;
• eficácia e eficiência das operações;
• cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis.

“Processo concebido, implementado e mantido pelos encarregados da governação, gerência e


outro pessoal para proporcionar segurança razoável acerca da consecução dos objetivos de uma
entidade com respeito à fiabilidade do relato financeiro, eficácia e eficiência das operações e
cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis. O termo "controlos" refere-se a qualquer aspeto
de um ou mais dos componentes do controlo interno.”

A obtenção de conhecimento sobre o controlo interno da entidade auditada é essencial para a realização de uma
auditoria, constituindo mesmo um dever profissional. Este dever profissional fundamenta-se no facto de ser essencial
para o auditor, quando planeia uma auditoria, conhecer o CI da empresa, saber se é ou não eficaz.
• Se CI for satisfatório  risco de controlo baixo  menor probabilidade de existirem distorções materiais nas
DF  o trabalho do auditor não carece de ser tão extenso e aprofundado
• Se CI não for satisfatório  risco de controlo alto  maior probabilidade de existirem distorções materiais
nas DF  o trabalho do auditor pode exigir máxima extensão e profundidade

Os objetivos do controlo interno são contribuir para que sejam atingidos com razoável grau de segurança:
• a eficácia e eficiência das operações
• a confiança na informação financeira divulgada publicamente
• o cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis

9.1. Componentes do sistema de controlo interno


• Ambiente de controlo: Está relacionado com todas as áreas de organização e influencia. O modo como o
controle interno é visto pelos trabalhadores. O ambiente de controle é influenciado por uma série de fatores: A
integridade e os valores éticos: o comportamento do órgão de gestão, a forma de organização interna e os
recursos humanos que a organização tem ao seu dispor.
• Avaliação do risco: Processo desencadeado pelo órgão de gestão, que permite identificar, analisar e responder
aos riscos. A avaliação do risco é assente em quatro princípios: Especificação dos objetivos relevantes;
Identificação e análise dos riscos; Avaliação do risco de fraude; Identificação e análise das mudanças
significativas.
• Atividade de controlo: São todas as políticas e procedimentos encetados pelo órgão de gestão com o objetivo
de mitigar os riscos internos e externos e aumentar a probabilidade de os objetivos da organização serem
atingidos. A segregação de funções, separação de funções e de responsabilidades é a característica mais
importante do controlo interno.

44
• Sistema de informação e comunicação: Envolve o hardware, o software, os funcionários, os procedimentos e
as bases de dados. Um sistema de informação relevante para o processo de relato financeiro inclui: o sistema
contabilístico e os procedimentos que permitam iniciar, autorizar, contabilizar e comunicar as transações da
organização e manter os ativos devidamente salvaguardados.
• Monitorização: Consiste numa supervisão regular dos controlos, ou seja, é um processo que avalia o
desempenho das componentes do controlo interno ao longo do tempo. A monitorização do ambiente de controlo,
da avaliação do risco, da atividade de controlo e da informação e comunicação, fornece feedback sobre
eficiência dos controlos, agindo como um estímulo à sua renovação ou à implementação de melhorias.

9.2. Limitações de um sistema de controlo interno


• Relação custo-benefício: O custo de implementação de um sistema de controlo interno não deve superar os
benefícios que pode aportar a uma organização.
• Possibilidade de os controlos serem ultrapassados pelo órgão de gestão
• Erros de julgamento: Em resultado de informações inadequadas, limitações temporais, pressões, etc, o órgão
de gestão e os trabalhadores podem efetuar erros de julgamento em processos de tomada de decisão ou na
realização de tarefas rotineiras.
• Conluio: Indivíduos agindo em conjunto podem ultrapassar a segregação de funções para efetuarem e ocultarem
irregularidades.
• Não realização dos controlos: Em resultado da não compreensão das instruções, fadiga distrações, descuido
ou ignorância, os controlos implementados pela entidade podem não ser efetuados.

9.3. Pressupostos chave que sustentam a criação e manutenção de um SCI


• Garantia razoável de um relato financeiro credível
o Depende de uma análise custo/benefício: veja-se o caso das Pequenas empresas
• Limitações inerente
o Desenhado para transações normais e frequentes, embora seja mais provável que ocorram erros em
transações não usuais
o Pressupõe competência (controlo pode não funcionar como esperado devido a erro humano)
o Existe a possibilidade do órgão de gestão passar por cima dos controlos, ou que exista conluio de dois
ou mais empregados
o Os procedimentos de controlo podem tornar-se inadequados devido a mudanças no ambiente interno ou
externo em que a entidade opera.

9.4. Responsabilidade do auditor


• Conhecer os controlos que afetam o qualidade da informação financeira
o O auditor deve inteirar-se do controlo interno relevante para a auditoria, sobretudo o que influencia
direta e indiretamente o relato financeiro.
▪ Controlos sobre as asserções relacionadas com transações e divulgações relacionadas (e.g.
Como é que se garante que os bens faturados foram os expedidos para o cliente?)
45
▪ Controlos sobre as asserções relacionadas com saldos e divulgações relacionadas (e.g. como é
determinado se um ativo está em imparidade?)
• Testar os controlos identificados
o No processo de compreensão dos controlos que são relevantes para a auditoria, o auditor deve apreciar
a conceção desses controlos e determinar se foram ou não implementados, executando procedimentos
para além de indagações ao pessoal da entidade.

9.5. Risco de negócio


Risco resultante de condições, acontecimentos, circunstâncias, ações ou inações significativas que possam afetar
adversamente a capacidade da entidade para atingir os seus objetivos e executar as suas estratégias, ou para fixar
objetivos e estratégias não apropriadas.

O risco de negócio é mais abrangente do que o RDM das demonstrações financeiras, mas inclui este último. A maior
parte dos riscos de negócio tem consequências nas demonstrações financeiras.
Tipos de atividades de controlo
▪ Controlo físico sobre os ativos e registos
▪ Níveis adequados de autorização de transacções e atividades
o Autorização geral: Políticas que definem poderes e seus limites a que os subordinados devem implementar
na aprovação de todas as transações que se encaixem dentro dos limites definidos (e.g. vendedores podem
pernoitar em hotéis 3***; prazo de recebimento tem um limite de 2 meses)
o Autorização específica: Em situações concretas, o órgão de gestão prefere tomar a decisão (e.g. a escolha
do hotel do encontro anual de quadros)
• Reconciliação (identificar diferenças entre itens)
• Verificação (política está a ser seguida)
• Adequada separação de funções
o Custódia de ativos vs contabilidade
o Autorização de transações vs custódia de ativos relacionados
o Responsabilidade pela execução das operações vs contabilidade
o Funções relacionadas com as TI e os utilizadores
• Adequado processamento de informação (documentos e registos)
o Numeração consecutiva dos documentos mesmo os que vem do exterior devem ser registados logo que
dêem entrada
o Preparados aquando da ocorrência da transacção
o Todas as transacções têm como suporte um documento original em papel ou suporte electrónico

46
o Há evidência das autorizações necessárias
o Suficientemente simples para ser compreensível
o Concebida para múltiplos utilizadores
o Construída para fomentar a sua correcta preparação

9.6. Tecnologias de informação no controlo interno


As TI podem fortalecer o sistema de controlo interno de uma Entidade, mas também podem oferecer desafios.
Riscos associados às TI:
• Processamento de dados incorretos
• Perda de confidencialidade, integralidade e disponibilidade da informação
• Acesso e divulgação de informação confidencial
• Alterações não autorizadas aos sistemas informáticos
• Indisponibilidade dos sistemas informáticos e atraso, ou mesmo paragem, das atividades da Entidade

Para lidar com os riscos associados às TI, a Entidade poderá adotar:
• Controlos gerais: Abrange todos os processos de gestão dos sistemas de informação da Entidade
• Controlos aplicacionais: Estão diretamente relacionados com as transações, dados mestre, específicos a uma
aplicação. Asseguram a totalidade e a exatidão dos registos, bem como a validade dos inputs em transações e
dados mestre resultantes processamentos manuais ou automáticos.

47
9.7. Importância da avaliação do risco de controlo em auditoria

Processo de avaliação do risco de controlo


Se o auditor planeia testar a eficácia operacional dos controlos, o auditor deve avaliar o risco de controlo. Se o
auditor não planear testar a eficácia operacional dos controlos, a avaliação do auditor de risco de controlo deve ser tal
que a avaliação do risco de distorção material seja a mesma que a avaliação do risco inerente.

9.8. Controlo deficiente


A deficiência existe se o design ou o funcionamento do controlo não permitir que a gerência ou uns colaboradores,
no curso normal da execução das suas funções, impeçam ou detetem e corrijam em tempo útil distorções nas DFs.
• Deficiência de design: Não existe um controlo ou não foi bem concebido ou não foi bem implementado
• Deficiência de funcionamento: Embora tenha sido bem formulado não está a funcionar como esperado (e.g.
colaboradores sem competências)
• Deficiência significativa: Deficiência ou combinação de deficiências no CI que, no julgamento do auditor,
assume suficiente importância para merecer a atenção dos encarregados da governação

Importância depende:
48
• Ocorrência efetiva de uma distorção
• Possibilidade de que uma distorção venha a ocorrer
• Potencial magnitude

Podem existir deficiências significativas mesmo que não tenham sido identificadas distorções durante o trabalho.
Comunicação das deficiências do SCI
O auditor deve comunicar por escrito aos encarregados da governação, em tempo oportuno, as deficiências
significativas no controlo interno identificadas durante a auditoria. O auditor deve também comunicar em tempo
oportuno à gerência, a um nível apropriado de responsabilidade:
• Por escrito, as deficiências significativas no CI que tenha comunicado ou pretenda comunicar aos EG, salvo se
nas circunstâncias não for apropriado (p.e. se estiver perante fraude praticada pela Gerência)
• Outras deficiências no CI que entenda serem relevantes

10. Procedimentos auditoria adicionais e prova de distorções


Objetivo: Obter evidências que os controlos internos estão em funcionamento e são eficazes, bem como, obter prova
de auditoria suficiente e apropriada sobre se existem distorções materiais nas Demonstrações financeiras.
Procedimentos:
• Testes de controlo
• Procedimentos substantivos ao conteúdo das transacções
• Procedimentos substantivos aos saldos das contas

Respostas aos riscos – visão global do processo

49
Matriz da avaliação dos riscos de distorção material (RDM)

10.1. Plano de resposta aos riscos – escolha dos testes


Testes de controlo
O auditor deve conceber e executar testes aos controlos para obter prova de auditoria suficiente e apropriada
quanto à eficácia operacional dos controlos se:
• A sua avaliação dos riscos de distorção material ao nível da asserção incluir uma expectativa de que os controlos
estão a operar com eficácia
• Os procedimentos substantivos por si só não podem proporcionar prova de auditoria suficiente e apropriada ao
nível de asserção

Testes substantivos
Independentemente dos riscos avaliados de distorção material, o auditor deve conceber e executar procedimentos
substantivos para cada classe de transacções, saldo de conta e divulgações materiais.

50
11. Auditoria ao ciclo das vendas, contas a receber
Processo das vendas

11.1. Avaliação do risco inerente


Fatores de risco:
• Relacionados com o setor e a economia (legislação, competitividade, tecnologia, produtos substitutos,
recessão económica)
• Complexidade e a tendência litigiosa no reconhecimento do rédito
o Transferência da propriedade e do risco
o Obrigações decorrentes após venda (e.g. assistência técnica)
o Direito do cliente em devolver os produtos
• Dificuldade de auditar as transacções e as contas (e.g. estimar imparidades)
• Distorções detectadas em anos anteriores
• Sistema de incentivos dos gestores e colaboradores
• Contabilidade não está centralizada
• Auditor deve presumir que existe fraude no reconhecimento do rédito (ISA 240)
• Saldos dos clientes estão penhorados ou dados como garantia aos credores
• Classificação dos créditos em função do real prazo estimado de recebimento
• Cobrança está dependente de factores contingentes não previsíveis
• Venda a clientes incobráveis

Métodos usados para distorcer intencionalmente as contas do ciclo Vendas:


• Reconhecimento precoce das vendas
• Vendas fictícias
• Vendas não registadas

51
• Vendas à consignação reconhecidas como vendas finais Devoluções e descontos comerciais não registados
Percentagem de acabamento
• Transacções com partes relacionadas
• Channel stuffing
• Omitir responsabilidade contingentes e gastos

11.2. Identificação e avaliação do risco controlo


O auditor tem necessidade de compreender os controlos existentes e que estão em funcionamento para fazer
face ao risco inerente e de fraude e que por isso podem levar à existência de distorções materiais nas DFs. Para esse
efeito, o auditor considera:

Exemplo de controlos específicos ao nível da transação


• Envio mensal de extratos aos clientes, autorização da venda, autorização limite crédito, nota de encomenda tem
associado um pedido de compra (ocorrência/existência)
• Pré-numeração dos documentos, reconciliação diária entre as expedições e faturação (plenitude)
• Conferência entre bens expedidos e bens encomendados (ocorrencia / plenitude)
• Lista de preços aprovada, limitações à concessão de descontos, análise do risco de crédito (rigor/valorização)
• Guias de remessa são diariamente seguidas pelo departamento de faturação (corte)
• Utilização de quadro de contas (classificação)
• Segregação de funções (e.g. ocorrência, rigor)

Procedimentos analíticos preliminares


• Margem bruta
• Prazo médio de recebimentos
• Peso dos clientes no ativo corrente
• Evolução mensal das vendas e restantes contas deste ciclo
• Percentagem das devoluções e abatimentos face às vendas brutas
• Percentagem das imparidades de clientes face às vendas brutas
• Categorias da antiguidade de saldos em percentagem da conta de clientes
• Percentagem de Gastos com clientes incobráveis face ao saldo de clientes ou das vendas

11.3. Resposta aos riscos de distorção materiais


Procedimentos de auditoria adicionais incluem:
• Testes de controlo (eventualmente)
52
• Testes substantivos ao conteúdo das transações e divulgações
• Testes substantivos aos saldos das contas e divulgações Procedimentos analíticos (eventualmente)

A adequabilidade e a suficiência dos procedimentos de auditoria a executar variam em função da asserção analisada.
Exemplos de testes substantivos sobre classes de transações e acontecimentos e divulgações

Exemplos testes substantivos às asserções dos saldos de contas e divulgações

11.4. Avaliação da prova


Após ter realizado os testes substantivos, o auditor determina o montante da distorção provável (distorção
projetada + erro da amostragem) nas contas a receber e nas vendas.

53
Exemplo de Plano de auditoria nas contas de Clientes

54
Testes substantivos aos saldos
Pedido de confirmação externa

12. Avaliação e Relatório de Auditoria


Objetivo: Concluir a auditoria, formar a opinião com base na prova recolhida e comunicar os resultados
Conclusão trabalho de campo
• Revisão subsequente
• Leitura de actas dos vários órgãos sociais da empresa • Evidência sobre ativos e passivos contingentes
• Declaração do órgão de gestão
• Procedimentos analíticos

Avaliação das conclusões


• Avaliação final da materialidade e risco de auditoria
• Avaliação do risco de going concern
• Revisão técnica das demonstrações financeiras
• Formulação da opinião e elaboração do draft do relatório de auditoria
• Controlo interno sobre os Relatórios a emitir das EIP – art.º 80 EROC

Comunicação com o Cliente


• Comunicação dos pontos fracos do SCI
• Comunicação dos atos de fraude detetados ao órgão competente
• Entrega do relatório de auditoria

Avaliação do pressuposto da continuidade


Quando o pressuposto da continuidade for adequado, presume-se que a entidade será capaz de realizar os seus ativos
e liquidar os seus passivos no âmbito da atividade normal da sua atividade => assume-se que a entidade não tem
intenções ou necessidade de cessar ou reduzir significativamente a sua atividade. Em 2.2.1 SNC (DL 158/2009) é
exigido que a gerência faça uma apreciação da capacidade de uma entidade para prosseguir em continuidade. O auditor
55
é responsável por obter prova de auditoria suficiente e apropriada acerca da adequação do uso, pela gerência, do
pressuposto da continuidade na preparação e apresentação das DF. A revisão legal das contas não inclui uma garantia
quanto à viabilidade futura da entidade auditada, nem quanto à eficiência ou eficácia com que o órgão de administração
conduziu as atividades da entidade auditada – n.º 5 art. 44 EROC.

12.1. Factos que podem indiciar dificuldades na prossecução da atividade


futura da empresa
Financeiros
• Dificuldades no reembolso da dívida
• Fluxos caixa operacionais negativos
• Incapacidade de pagar aos credores
• Rácios financeiros adversos

Operacionais
• Perda dos principais gerentes sem substituição.
• Perda de um mercado, de um privilégio), licença importante ou do principal fornecedor.
• Dificuldades nas relações de trabalho ou rupturas de abastecimentos importantes.

Outros
• Incumprimento dos estatutos da empresa
• Litígios cujas consequências podem levar à falência
• Alteração legislativa que afecta gravemente a empresa

Auditor tem dúvidas sobre a continuidade da empresa


1. Rever os planos da gerência para acções futuras baseadas na sua apreciação da continuidade
2. Recolher prova de auditoria apropriada suficiente para confirmar ou afastar se existe ou não uma incerteza
material por meio da execução dos procedimentos de auditoria considerados necessários, incluindo a
consideração do efeito de quaisquer planos da gerência e de outros factores mitigantes; e
3. Procurar declarações escritas da gerência com respeito aos seus planos para acções futuras.

12.2. Conclusões sobre a continuidade


Tendo em conta a prova obtida, é necessário concluir se existe uma incerteza material relacionada com
acontecimentos ou condições que possam colocar dúvidas significativas sobre a capacidade da entidade prosseguir em
continuidade. Existe uma incerteza material quando a ordem de grandeza do seu potencial impacto e probabilidade de
ocorrência é tal que a sua divulgação é necessária para uma compreensão apropriada das DF.
Pressuposto da continuidade está a ser utilizado corretamente, mas existe uma incerteza material
• Se for feita divulgação adequada nas DF, o auditor deve expressar uma opinião não modificada e incluir uma
Seção Incerteza Material Relativa à Continuidade no seu relatório para:
o Assinalar a existência dessa incerteza material
o Chamar a atenção para a nota nas DF que divulga o facto
56
• Se não for feita divulgação adequada nas DF, o auditor deve expressar uma opinião com reservas ou uma opinião
adversa (ISA 705)
• Existindo múltiplas incertezas materiais que sejam significativas para as DF como um todo, poderá ser expressa
uma escusa de opinião

Pressuposto da continuidade não está a ser utilizado corretamente


• Se as DF forem preparadas numa base de continuidade mas o uso deste pressuposto não for apropriado, o auditor
deve expressar uma opinião adversa
• Se forem preparadas contas numa óptica de liquidação, poderá ser expressa uma opinião não modificada sobre
as DF, desde que incluam uma divulgação adequada, devendo ser incluído um parágrafo de Ênfase para chamar
a atenção dos leitores para essa base alternativa e para as razões do seu uso

12.3. Avaliação das distorções identificadas na auditoria


Requer que o auditor:
• Vá acumulando as distorções detectadas nas demonstrações financeiras
o Distorções factuais
o Distorções de julgamento
o Distorções projetadas (resultam do processo de extrapolação dos resultados da amostra para a população)
• Aprecie o efeito das distorções não corrigidas (inclusive do ano anterior): são materiais?
• Comunique as distorções e avalie se as mesmas foram corrigidas
• Documente as conclusões sobre as distorções

57

Você também pode gostar