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CONTABILIDADE

BÁSICA

Bacharelatos e Licenciaturas Profissionalizantes

1º Semestre
ÍNDICE

1. A CONTABILIDADE ....................................................................................... 4
1.1 OBJECTO DA CONTABILIDADE ............................................................................ 4

1.2 DIVISÕES DA CONTABILIDADE ............................................................................ 5

1.3 A CONTABILIDADE E A ESCRITURAÇÃO COMERCIAL........................................... 5

2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .............................................................. 7


2.1 PATRIMÓNIO. BENS ACTIVOS E PASSIVOS. INVENTÁRIO .............................. 7

2.2 BALANÇO – EQUAÇÃO DO BALANÇO ............................................................. 10

2.3 TRANSACÇÕES – EFEITOS NA EQUAÇÃO DO BALANÇO ............................. 13

3. TRASACÇÕES – CONTAS – MOVIMENTAÇÕES – LANÇAMENTOS ...... 17


3.1 CONCEITO DE TRANSACÇÃO – TIPO DE TRANSACÇÕES .............................. 17

3.2 CONTAS – NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO .............................................................. 17

3.2.1 NOÇÃO ............................................................................................................................................... 17


3.2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS ................................................................................................... 18

3.3 MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS ......................................................................... 20

3.4 LANÇAMENTO NO RAZÃO – BALACENTES ....................................................... 21

3.5 DIÁRIO – LANÇAMENTOS – ESTORNOS ............................................................ 24

4. INSTRUMENTOS DE ESCRITURAÇÃO ...................................................... 26


4.1 SISTEMA CLÁSSICO DE ESCRITURAÇÃO ......................................................... 27

4.2 SISTEMA DIÁRIO – RAZÃO.................................................................................. 28

4.3 SISTEMA CENTRALIZADOR ................................................................................ 29

5. FORMALIDADES LEGAIS DA ESCRITURAÇÃO ....................................... 30


5.1 LIVROS OBRIGATÓRIOS E FACULTATIVOS ...................................................... 30

5.2 INFORMATIZAÇÃO CONTABILÍSTICA ................................................................. 30

6. PRINCIPIOS CONTABILISTICOS ................................................................ 31


6.1 PRINCIPIO DO CUSTO HISTÓRICO .................................................................... 33

6.2 PRINCÍPIO DA CORRESPONDÊNCIA CUSTOS – PROVEITOS ......................... 34

6.3 PRINCÍPIO DA OBJECTIVIDADE ......................................................................... 35

6.4 PRINCÍPIO DA CONSISTÊNCIA ........................................................................... 35

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6.5 PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO COMPLETA ......................................................... 35

6.6 PRINCÍPIO DA EXCEPÇÃO OU MODIFICAÇÃO .................................................. 35

7. PLANO DE CONTAS – NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA ................... 36


7.1 NOÇÃO DE PLANO DE CONTAS ......................................................................... 36

7.2 NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA .................................................................... 37

7.3 PLANO GERAL DE CONTABILIDADE .................................................................. 38

7.4 FUNDAMENTOS DE MUDANÇA DO PLANO DE CONTAS.................................. 38

7.5 ESTUDO DAS CONTAS SEGUNDO O PLANO GERAL DE CONTABILIDADE .... 39

7.5.1 CAIXA.................................................................................................................................................. 39
7.5.2 BANCOS ............................................................................................................................................. 42
7.5.3 CLIENTES .......................................................................................................................................... 46
7.5.4 DEVEDOR – ESTADO ..................................................................................................................... 47
7.5.5 TITULOS NEGOCIÁVEIS ................................................................................................................ 47
7.5.6 OUTROS DEVEDORES .................................................................................................................. 48
7.5.7 ACRÉSCIMO DE PROVEITOS E CUSTOS DIFERIDOS .......................................................... 49
7.5.8 EXISTÊNCIAS ................................................................................................................................... 49
7.5.9 MEIOS IMOBILIZADOS ................................................................................................................... 60
7.5.10 EMPRÉSTIMOS OBTIDOS ............................................................................................................. 65
7.5.11 FORNECEDORES ............................................................................................................................ 66
7.5.12 FORNECEDORES CONTA CORRENTE...................................................................................... 67
7.5.13 CREDOR – ESTADO........................................................................................................................ 67
7.5.14 ACRÉSCIMO DE CUSTOS E PROVEITOS DIFERIDOS .......................................................... 67
7.5.15 CAPITAL E FUNDOS PRÓPRIOS ................................................................................................. 68
7.5.16 CAPITAL ............................................................................................................................................. 68
7.5.17 RESERVAS ........................................................................................................................................ 70
7.5.18 CONTA DE CUSTOS ....................................................................................................................... 70
7.5.19 CONTA DE PROVEITOS ................................................................................................................. 71
7.5.20 BALANÇO ANUAL E DEMOSTRAÇÃO DE RESULTADOS .................................................... 72

8. TRABALHO DE FIM DO EXERCÍCIO .......................................................... 74


8.1 EXECUÇÃO DE INVENTÁRIOS ............................................................................ 74

8.2 EXECUÇÃO DOS LANÇAMENTOS DE REGULARIZAÇÃO ................................. 74

8.3 ELABORAÇÃO DO ‘BALANCETE RECTIFICADO ................................................ 75

8.4 EXECUÇÃO DOS LANÇAMENTOS DE APURAMENTO ...................................... 75

8.5 ENCERRAMENTO E REABERTURA DAS CONTAS ............................................ 84

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1. A CONTABILIDADE
As unidades económicas, qualquer que seja a sua natureza – empresas, associações –
necessitam de ter informação sobre o seu património, os seus rendimentos e custos. O
fornecimento desta informação que normalmente se apresenta na forma quantitativa é
desempenhada pela Contabilidade, sendo a sua natureza predominantemente financeira, isto
é expressa em unidades monetárias, normalmente, do país em que a unidade económica
actua, e tem como objectivo principal poder ser utilizada na tomada de decisões sobre a
entidade a que se refere.

Informação sobre os bens propriedade de uma empresa, as suas dívidas, suas vendas, os
seus custos e outras de idêntica natureza, necessárias para a gestão desempenhar a sua
função são exemplos do papel que a contabilidade, nas suas diversas vertentes, desempenha.

O conhecimento da contabilidade é, portanto, importante para o desempenho adequado das


mais diversas funções dentro das diferentes unidades económicas, quer a nível de gerência e
administrativa, quer dos profissionais encarregados de produzir a informação de natureza
contabilística a que abreviadamente se chamam contabilistas, técnicos de contas e, por vezes,
numa função de análise e controlo, os auditores.

O objectivo deste nosso curso consistirá numa introdução básica aos conhecimentos
contabilísticos e suas técnicas a nível teórico e prático. Neste capítulo iremos delimitar o seu
âmbito traçando as suas principais características.

1.1 OBJECTO DA CONTABILIDADE


A evolução da contabilidade tem sido determinada pelas necessidades de guardar
registos, mediante processos de classificação, das variações de determinadas
grandezas, em especial as que podem traduzir em unidades monetárias, utilizando um
conjunto de técnicas que resumidamente se poderão intitular de método contabilístico.

Assim, podemos considerar que actualmente a contabilidade é um instrumento de


gestão, que através da observação e de processos de registo, permite atingir, todos ou
parte dos seguintes objectivos:

Conhecimento da situação patrimonial em geral.

Fornecer meios de prova a terceiros através do registo de factos económicos.

Apuramento de resultados económicos, lucros e prejuízos.

Auxiliar na tomada de decisões de gestão.

Assim, podemos considerar que o objectivo da contabilidade é o tratamento sistemático


dos factos económicos de uma entidade, mediante metodologias próprias – método

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contabilístico – que se traduzem num sistema de informação concebido para recolher e
avaliar os aspectos económicos que afectam uma entidade e relatar os seus efeitos para
os tomadores de decisão.

1.2 DIVISÕES DA CONTABILIDADE


Quando se toma como ponto de referência a natureza das entidades a que é aplicada
temos os três grandes ramos de contabilidade:

CONTABILIDADE PRIVADA: Quando se aplica a entidades de natureza privada, indivíduos,


sociedades, clubes desportivos, etc.

CONTABILIDADE PÚBLICA: Quando se aplica a entidades públicas, nações, câmaras


municipais, etc.

CONTABILIDADE NACIONAL: Que tem como objectivo o registo e cálculo da riqueza e


da produção de um estado ou região, mediante o cálculo de grandezas tais como o
Rendimento Nacional e o Produto Nacional.

Neste nosso curso iremos dedicar exclusivamente a nossa atenção à Contabilidade


aplicável às entidades de natureza privada, com especial incidência nas empresas.
Apesar disso não vamos estar perante uma realidade homogénea dado a diversidade
dos possíveis destinatários da informação contabilística.

De facto os tomadores de decisão podem ser externos ou internos relativamente a cada


entidade ou empresa. Daí o desenvolvimento de duas grandes áreas de conhecimento
contabilístico.

CONTABILIDADE EXTERNA: Também designada por Contabilidade Financeira ou


muito simplesmente Contabilidade. Regista as operações gerais da empresa do ponto de
vista das necessidades dos sócios, do estado (cobrança de impostos), dos
trabalhadores, dos credores (por vezes bancos). O seu objectivo principal é dar uma
imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e dos resultados da sociedade,
simultaneamente compreensível e útil aos que a utilizarão.

CONTABILIDADE INTERNA: Também chamada Contabilidade Analítica ou de custos,


que regista as operações de um ponto de vista interno. Tem com principal objectivo o
apuramento de custos e análises de produtividade.

1.3 A CONTABILIDADE E A ESCRITURAÇÃO COMERCIAL


Tradicionalmente confunde-se o âmbito da Contabilidade com a Escrituração Comercial,
no sentido de abranger apenas a manutenção de um conjunto ou registos. É uma visão
limitada do âmbito e objectivos da Contabilidade. Efectivamente a verdadeira

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Contabilidade transcende em muito o mero registo rotineiro e burocrático das
transacções e factos patrimoniais. O trabalho do contabilista embora se tenha de basear
em registos contabilísticos, mantidos no âmbito de uma escrituração comercial adequada
é também trabalho de interpretação e tratamento desses registos de modo a servirem os
objectivos dos seus utilizadores.

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2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações financeiras, Balanço, Demonstração de resultados, Origens e aplicações
de fundos ou outras preparadas de acordo com as necessidades dos utilizadores, são na
generalidade das situações o produto final do processo contabilístico. Apesar disso
poderemos considerá-las como um bom meio para iniciar o nosso estudo da contabilidade.

2.1 PATRIMÓNIO. BENS ACTIVOS E PASSIVOS. INVENTÁRIO


O património de qualquer entidade é o conjunto de bens e obrigações – uns de natureza
física e outros consubstanciados em direitos – respeitantes a uma determinada entidade.
Este conjunto de bens está normalmente ligado à realização de fins bem determinados.
As principais características que podem ser associadas aos bens constitutivos de um
património são:

HETEROGENEIDADE: Os bens não são homogéneos, isto é, apresentam uma grande


diversidade não sendo todos do mesmo tipo.

MONETARIZAÇÃO: Um bem ou direito para ser considerado num património necessita


de poder ser traduzido em moeda. Uma qualidade como a bondade não pode
considerar-se fazendo parte do património de um indivíduo, contrariamente ao que
sucede com uma peça de vestuário.

SUJEIÇÃO ADMINISTRATIVA: Todos os elementos de um património devem estar em


maior ou menor grau sujeitos à administração do proprietário desse património.

Os elementos constitutivos de um Património podem escrever-se numa lista,


devidamente valorizada a quer se chama Inventário. (ver exemplo 3.1 – A)

EXEMPLO 3.1 – A
INVENTÁRIO DE BENS PERTENCENTES A MANUEL NO DIA 31 DE MARÇO DE 2004

Casa 1.200.000.000,00MT

Mobília 50.000.000,00MT

Divida de António 1.000.000,00MT

Dinheiro 1.200.000,00MT

Divida ao Banco 95.000.000,00MT

Inventários como o anterior em que se descrevem exaustivamente os seus elementos


constitutivos classificam-se como inventários gerais em oposição a inventários parciais
que dizem respeito apenas a uma parcela do património, por exemplo as mercadorias
existentes numa loja ou armazém, como se pode ver no exemplo 3.1 – B.
_____________________________________________________________________________ 7
EXEMPLO 3.1 – B
EXISTÊNCIA EM 31 DE DEZEMBRO NO ARMAZÉM DE PEÇAS DE SUBSTITUIÇÃO

REFERENCE NOME DO ARTIGO PR.MÉDIO ST.ACTUAL VAL. EXIS.

3197/004 Viajantes Aço 21/32 Nº 13 915,00 9.0 8.235,00


3197/010 Viajantes Aço 21/32 Nº 15 1.520,00 5.0 7.600,00
3197/014 Viajantes Aço 21/32 Nº 17 375,00 4.0 1.500,00
3197/003 Viajantes Aço 3/8 Nº 13 733,00 1.0 733,00
3197/007 Viajantes Aço 3/8 Nº 14 1.200,00 0,5 600,00
3197/012 Viajantes Aço 3/8 Nº 16 800,00 0,5 400,00
3197/001 Viajantes Aço 7/16 Nº 12 2.980,00 3.4 10.134,00
3197/002 Viajantes Aço 7/16 Nº 13 3.250,00 4.0 13.000,00
3197/011 Viajantes Aço 7/16 Nº 16 1.350,00 1.0 2.025,00
3197/013 Viajantes Aço 7/16 Nº 17 1.547,00 3.0 4.643,00
3197/015 Viajantes Aço 7/16 Nº 18 1.460,00 10.0 14.600,00
3197/017 Viajantes Aço 7/16 Nº 20 1.806,00 9.0 16.257,00
3197/018 Viajantes Aço 7/16 Nº 21 1.240,00 4.0 4.963,00

Os elementos patrimoniais, tal como se pode verificar, no exemplo 3.1 – A , podem


agrupar-se em duas categorias. A primeira constituida pelos bens e direitos representam
os bens Activos ou simplesmente Activo. A segunda, no nosso exemplo constituído pela
dívida ao Banco, são bens Passivos ou simplesmente Passivo.

Tanto os bens Activos como os bens Passivos possuem um valor: o valor do Activo e o
valor do Passivo. A riqueza do titular deste património, ou seja, o valor do património é
igual à diferença entre o valor do Activo e o valor do Passivo. No exemplo 3.1 – A o
valor do Activo é de 1.252.200.000 e o do Passivo 95.000.000 pelo que a diferença entre
estes dois valores, no montante de 1.257.200.000 constitui o Património Líquido ou valor
do Património.

No exemplo 3.1 – A o Património apresenta uma estrutura muito simples e facilmente


representável.

Nem sempre sucede assim, por exemplo numa fábrica produtora de sapatos, numa
mercearia, ou numa loja de roupa, podem existir centenas, milhares ou mesmo dezenas
de milhar de bens e direitos o que tornará impossível a sua descrição num inventário
detalhado.

Para tornar manuseáveis tais inventários procede-se ao agrupamento dos elementos


patrimoniais em classes de bens da mesma natureza, elaborando-se inventários
classificados, tal como se exemplifica no exemplo 3.1 – C .

Alguns exemplos de classes de elementos patrimoniais:


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Disponibilidades: Agrupa os meios monetários, notas, moedas e depósitos à ordem,
em bancos.

Mercadorias: Agrupa as mercadorias adquiridas para a venda e existentes em


determinado momento.

Clientes: Agrupa as dívidas que terceiros têm para com uma empresa proveniente de
vendas a crédito.

Edifícios: Agrupa as construções, escritórios e edifícios fabris.

Máquinas: Agrupa as máquinas utilizadas na fabricação dos produtos.

Fornecedores: Agrupa as dívidas a terceiros, fornecedores da empresa.

Os Agrupamentos em classes, dependem da natureza e dimensão do património


existindo mesmo diversos níveis de agrupamentos ou classes, por exemplo, os bens cuja
permanência é longa na empresa e são utilizados como bens de equipamento, agrupam-
se na classe de Imobilizações. Contudo fazendo-se uma análise detalhada esta classe
pode assim ser subdividida em:

Imobilizações Financeiras

Imobilizações Corpóreas

Imobilizações Incorpóreas

Para outras classes de bens, procedimentos idênticos podem ser utilizados.

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EXEMPLO 3.1 – C
INVENTÁRIO CLASSIFICADO DA SOCIEDADE COMERCIAL, LTDª EM 31/12 DE 2003

ACTIVO
Imobilizado
Incorpóreo 50.000.000,00
Corpóreo
Equipamento de transporte 100.000.000,00
Equipamento administrativo 16.000.000,00 116.000.000,00
Circulante
Existências
Mercadorias 350.000.000,00
Dívidas de terceiros
Clientes, c/c 80.000.000,00
Clientes-letras a receber 80.000.000,00 160.000.000,00
Disponibilidades
Depósitos a ordem 34.000.000,00
Caixa 30.000.000,00 64.000.000,00

TOTAL DO ACTIVO 740.000.000,00

PASSIVO
Médio prazo
Sócios 100.000.000,00
Empréstimos bancários 200.000.000,00 300.000.000,00
Curto prazo
Fornecedores 40.000.000,00
Outros Credores 60.000.000,00
Adiantamento de clientes 20.000.000,00
Fornecedores de imobilizado 60.000.000,00
Estados e outros entes públicos 15.000.000,00
Remuneração a pagar 5.000.000,00 200.000.000,00
TOTAL DO PASSIVO 500.000.000,00

2.2 BALANÇO – EQUAÇÃO DO BALANÇO


O Inventário geral dos bens dá a conhecer a riqueza do seu titular. Quando

explicitamente através de um documento se compara o Activo e o Passivo, fazendo

realçar a diferença entre ambos, através da determinação da Situação Líquida, estamos

perante uma peça contabilística chamada BALANÇO, que tem como principal finalidade

relatar a situação patrimonial de uma entidade, num determinado momento.

A designação de Balanço, poderá etimologicamente basear-se no facto de que estamos

perante uma comparação (balanceamento) entre Activo e Passivo com evidência do

resultado dessa comparação pela Situação Líquida/Fundos Próprios. Este facto

traduz-se esquematicamente pela chamada equação do Balanço:


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ACTIVO – PASSIVO = SITUAÇÃO LÍQUIDA/FUNDOS PRÓPRIOS
Ou de outra forma:

ACTIVO = PASSIVO + SITUAÇÃO LÍQUIDA


Sendo o balanço essencialmente uma comparação entre Activo e Passivo para fazer
realçar o valor da Situação Líquida/Fundos Próprios essa comparação poderá ser
efectuada de duas maneiras distintas ou dois tipos de representação:

Representação Horizontal em que se representa o Activo no lado esquerdo e o Passivo


e os Fundos Próprios no lado direito. Ver exemplo 3.2 – B.

Representação Vertical em que o Activo aparece em primeiro lugar, seguido do passivo


e dos Fundos Próprios. Ver exemplo 3.2 – B.

EXEMPLO 3.2 – A – BALANÇO TIPO HORIZONTAL


BALANÇO DA SOCIEDADE COMERCIAL, LTDª EM 31 DE DEZEMBRO DE 2003

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO


IMOBILIZADO CAPITAL PRÓPRIO
Imobilizações Incorpóreas Capital 54.057
Despesas de Instalação 4 Resultados liquido do exercício 742
Imobilizações Corpóreas TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 54.799
Equipamento Básico 202
Equipamento de Transporte 1.757 PASSIVO
Equipamento administrativo 521 Dividas a Terceiros Curto Prazo
2.484 Fornecedores 163.704
CIRCULANTE Estado e outros entes púb. 959
Existências Outros credores 2.502
Mercadorias 138.399 167.165
Dividas de Terceiros Curto Prazo Acréscimos e diferimentos
Clientes 53.299 Acréscimo de custos 1.483
Estado e outros entes púb. 15.260
Outros devedores 11.779 TOTAL DO PASSIVO 168.648
80.338
Deposito bancário e caixa
Depósitos bancários 1.642
Caixa 584
2.226
TOTAL DO ACTIVO 223.447 TOTAL DO PASSIVO E C. PROP 223.447

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EXEMPLO 3.2 – B – BALANÇO TIPO VERTICAL
BALANÇO DA SOCIEDADE COMERCIAL, LTDª EM 31 DE DEZEMBRO DE 2003

ACTIVO
IMOBILIZADO
Imobilizações Incorpóreas
Despesas de Instalação 4
Imobilizações Corpóreas
Equipamento Básico 202
Equipamento de Transporte 1.757
Equipamento administrativo 521
2.484
CIRCULANTE
Existências
Mercadorias 138.399
Dividas de Terceiros Curto Prazo
Clientes 53.299
Estado e outros entes púb. 15.260
Outros devedores 11.779
80.338
Deposito bancário e caixa
Depósitos bancários 1.642
Caixa 584
2.226
TOTAL DO ACTIVO 223.447
PASSIVO
Dividas a Terceiros Curto Prazo
Fornecedores 163.704
Estado e outros entes púb. 959
Outros credores 2.502
167.165
Acréscimos e diferimentos
Acréscimo de custos 1.483
TOTAL DO PASSIVO 168.648
CAPITAL PRÓPRIO
Capital 54.057
Resultados líquidos do exercício 742
TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO 54.799
TOTAL DO PASSIVO E C. PROP 223.447

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Outra distinção que por vezes se faz entre diversos tipos de balanço é entre Balanços
Sintéticos e Balanços Analíticos sendo estes últimos mais detalhados no que se refere
ao grau de agregação dos diferentes bens patrimoniais. O extremo de um Balanço
Sintético é aquele em que apenas se mencionam os totais do Activo, do Passivo e da
Situação Líquida/Fundos Próprios.

Quando se compara o activo e o passivo na elaboração de um Balanço podemos ter 3


situações (representando Activo por A, Passivo por P, e Fundos Próprios por FP):

Primeira: O Activo é maior que o Passivo pelo que a equação do Balanço será:

A = P + FP
Caso em que se diz que temos uma Situação Líquida Activa/Fundos Próprios Activos, ou
positivos o que equivale a existência de Capitais Próprios.

Segunda: O Activo é igual ao Passivo, sendo então a equação do Balanço:

A=P
Esta situação embora rara não é impossível. Não existe Situação Líquida/ Fundos
Próprios sendo os valores dos bens exactamente iguais ao valor das dívidas.

Terceira: O Passivo é superior ao Activo. Neste caso diz-se que estamos perante
uma Situação Líquida/Fundos Próprios com sinal negativo e que se designa Situação
Líquida Passiva/Fundos Próprios Passivos, a equação do Balanço passa a ser:

A = P – FP
E diz-se que estamos perante uma situação de Passivo Descoberto ou Défice. Trata-se
de uma situação de falência em que os valores dos bens possuídos são inferiores ao
valor das dívidas assumidas.

2.3 TRANSACÇÕES – EFEITOS NA EQUAÇÃO DO BALANÇO


As transacções alteram a composição do património. Contudo de acordo com a técnica
contabilística a equação do Balanço permanece permanentemente válida, como
poderemos ver no exemplo detalhado que se segue relativamente a um contabilista,
António S., que resolveu abrir um Gabinete de Prestação de Serviços de Contabilidade.

Para isso resolveu destacar 50.000 Mt das suas economias para utilizar na actividade.
De acordo com o princípio da entidade separada cada negócio ou empresa, é tratado
contabilisticamente como entidade separada e perfeitamente autónoma dos seus
proprietários. Assim, cada unidade é visualizada como possuindo todos os recursos que
lhe estão atribuídos e sendo responsável pelas suas dívidas e obrigações.

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Assim o dinheiro investido por António S. vai ser considerado como o capital próprio
(Situação Líquida) inicial, constituindo o dinheiro investido no negócio, o único bem
Activo. Não existindo qualquer bem Passivo a equação do Balanço de António S. Será a
seguinte:

ACTIVO (bens) = FUNDOS PRÓPRIOS


caixa Capital António
50.000 50.000
Após a entrada do valor de 50.000 Mt como Capital, António S. começa a sua actividade,
realizando as seguintes operações:

2. Arrendamento de um escritório, por 500 Mt ao mês pagando a renda de Janeiro

3. Compra, por 20.000 Mt de um automóvel para utilização nas deslocações.

4. Compra de um computador, e uma impressora por 5.000 Mt

5. Compra de mobiliário de escritório a crédito, a pagar no mês seguinte por 12.000 Mt

Os efeitos das transacções anteriores na equação do Balanço. Podem resumir-se no


quadro seguinte:

ACTIVO = PASSIVO + F.PROP.

caixa + viatura + Eq. inf. + mobiliário = Forneced. + capital

1 50.000 50.000

2 -500 -500

49.500 49.500

3 -20.000 20.000

29.500 20.000 49.500

4 -5.000 5.000

24.500 20.000 5.000 49.500

5 12.000 12.000

24.500 20.000 5.000 12.000 12.000 49.500

Como se verifica após cada uma das transacções a composição do Património alterou-
se, no entanto a equação do Balanço mantém-se permanentemente válida. Assim após a
última operação temos:

ACTIVO = PASSIVO + FUNDOS PRÓPRIOS

24.500 + 20.000 + 5.000 + 12.000 = 12.000 + 49.500


61.500 = 61.500

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Das transacções anteriores, apenas a primeira afectou o valor do património reduzindo-
o. Trata-se de uma despesa ou custo que foi necessário suportar para poder exercer a
actividade.

Todas as restantes transacções afectaram apenas a composição qualitativa do


património não modificando o seu valor, ou seja a riqueza do seu titular, tendo apenas
efeitos qualitativos e não efeitos quantitativos, como a primeira.

Note-se igualmente que cada transacção afecta sempre dois elementos, ou contas como
veremos num dos próximos capítulos, mas que a equação do Balanço permanece
sempre válida. É esta permanência que constitui a base de todos os movimentos da
técnica contabilística e que se chama o princípio das partidas dobradas. Isto é, cada
movimento afecta sempre pelo menos dois itens (contas) e o valor dos movimentos num
sentido são sempre iguais aos movimentos no outro sentido.

Continuando com o nosso exemplo, verificámos que o objectivo do contabilista António


S. é aumentar o valor dos Fundos Próprios. Para isso o seu negócio é a prestação de
serviços de contabilidade a quem lhos solicitar. Assim, praticou adicionalmente as
seguintes operações:

6.Estabeleceu com a Sociedade Mercantil Ldª, um contrato de apoio mensal, no valor de


1.500 Mt os quais recebeu no final de Janeiro.

7. Ao mesmo tempo contratou um colaborador a quem pagou igualmente no final do mês


600 Mt.

Com a consideração destas duas novas transacções a equação do Balanço passa a ser:

ACTIVO = PASSIVO + F.PROP.

caixa + viatura + Eq. inf. + mobiliário = Forneced. + capital

5 12.000 12.000

24.500 20.000 5.000 12.000 12.000 49.500

6 1.500 1.500

26.000 20.000 5.000 12.000 12.000 51.000

7 -600 -600

25.400 20.000 5.000 12.000 12.000 50.400

_____________________________________________________________________________ 15
A situação do negócio do contabilista no final do mês de Janeiro pode representar-se no
seguinte balanço:

António S. - Balanço em 31 de Janeiro

ACTIVO PASSIVO
Caixa 25.400 Fornecedores 12.000
Viatura 20.000 Total do Passivo 12.000
Eq. Informático 5.000 SIT. LÍQUIDA/F.PRÓPRIOS
Mobiliário 12.000 Capital 50.000
Resultado 400
Total Sit. Líquida 50.400
Total Activo 62.400 Total Passivo + Sit. Líquida 62.400

O resultado obtido no mês de Janeiro no valor de 400 pode ser analisado através de um
documento que resume os movimentos que alteram positivamente o património, a que
chamamos proveitos ou lucros, e os que alteram negativamente, a que chamamos
custos ou prejuízos.

Exemplo 3.3 - A - Sociedade Comercial, Ldª


Demonstração de Resultados do ano de 2003
CUSTOS E PERDAS PROVEITOS E GANHO

Custo Merc. Vendidas 491.195 Vendas de Mercadorias 516.364


Forn. E Serv. Externos 13.544
Custos com o pessoal: Juros e prov. Similares 1.720_
Remunerações 7.742 518.084
Encargos Sociais 2.254 9.996 Prov.e Ganhos Extr. 252
Amort. Im. Corpóreo 1.108
Impostos 4
15.847
Juros e Custos Simil. 1.287
517.134
Custos e Perdas Extr. 56
517.190
Imp. Sobre Rend. Ex. 404
517.594
Res. Líquido do Exerc. 742

518.336 518.336

Como se pode verificar os contabilistas definem Resultado (equivalente a rendimento)


com base nas transacções concluídas em vez de o calcularem através do acréscimo, ou
decréscimo da riqueza, como fazem os economistas. Assim o resultado é a diferença
entre os Proveitos e os Custos resultantes das transacções concluídas. Para os
contabilistas, o aumento de valor de um bem por exemplo de 1000 para 1500 só poderá

_____________________________________________________________________________ 16
ser considerado lucro no momento da sua venda e portanto atribuído ao período em que
essa venda se concretiza.

São as transacções concluídas, e que alteram o valor do património, isto é, produzem


resultados, que aparecem agrupadas na Demonstração de Resultados.

3. TRASACÇÕES – CONTAS – MOVIMENTAÇÕES – LANÇAMENTOS


3.1 CONCEITO DE TRANSACÇÃO – TIPO DE TRANSACÇÕES
Os factos patrimoniais ou transacções que traduzem as modificações patrimoniais são a
base dos registos contabilísticos.

As transacções são o elemento originário dos registos contabilísticos e portanto de todo


o seu processamento. Para este efeito podemos considerar transacção como todo o
facto (económico, jurídico) que se traduz por uma modificação de um património, quer de
natureza quantitativa quer de natureza simplesmente qualitativa.

As transacções ou factos patrimoniais podem classificar-se em dois tipos fundamentais:

Modificativas ou quantitativas quando alteram o valor do património.

Permutativas ou qualitativas quando produzem, apenas alterações na composição


do património, sem alterar o seu valor.

Como início de todo o processo contabilístico as transacções são registadas em


documentos que vão servir como base de “prova” dos registos a serem efectuados.

3.2 CONTAS – NOÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


3.2.1 NOÇÃO
Os elementos patrimoniais são agrupados em classes homogéneas de acordo
com as suas características comuns. A estas classes com características comuns
chamam-se contas que se podem definir como conjunto de elementos
patrimoniais com características comuns expressas em unidades de valor.

A esta noção aparece, numa perspectiva prática, associado um aspecto gráfico


em que os elementos patrimoniais aparecem inscritos num quadro. Uma das
mais populares e úteis representação da conta é chamado “tê”, que se apresenta
no exemplo seguinte:

Exemplo 4.2
CAIXA
DÉBITO CRÉDITO
Entrada de capital 50.000 Pagamento de Renda 500
Serviços prestados 1.500 Compra de Viatura 20.000
Compra de Computador 5.000
Pagamento de Salários 600
_____________________________________________________________________________ 17
Numa conta existem dois elementos fundamentais. O título que define o âmbito
dos elementos englobados na conta, no nosso exemplo – Caixa – e a sua
extensão que varia continuamente de acordo com as transacções efectuadas.

Os requisitos essenciais de uma conta são:

Homogeneidade: Uma conta só pode incluir os elementos que obedeçam à


característica comum que ela abrange. Por exemplo, a divida de um cliente é
registada na conta de Clientes que serve para registar essas dívidas e não na
conta Caixa onde se regista o dinheiro existente na empresa.

Integralidade: Todos os elementos com a característica definida devem ser


incluídos na conta.

As contas podem distinguir-se de acordo com a natureza dos seus saldos:

Saldo devedor: Quando o débito é superior ao crédito. As contas dos bens


Activos têm saldo devedor.

Saldo nulo: Quando o débito é igual ao crédito.

Saldo credor: Quando o crédito é superior ao débito. As contas do Passivo


têm saldo credor.

3.2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS


Vejamos seguidamente o âmbito de algumas das contas mais utilizadas de
acordo com a natureza dos elementos patrimoniais que englobam, (tal como se
encontram definidas no Plano Geral de Contabilidade):

CONTAS DO ACTIVO
Caixa: Inclui as notas de banco, moedas e outros meios monetários equivalentes.

Bancos: Regista o movimento das contas bancárias.

Clientes: Engloba as dívidas a receber resultantes da venda de mercadorias ou


produtos ou serviços.

Mercadorias: Bens adquiridos para venda sem que sofram transformação.

Produtos acabados: Bens produzidos pelas empresas que já estejam


finalizados.

Matéria-prima: Bens adquiridos ou produzidos pela empresa destinados a serem


incorporados no processo produtivo.

Construções: Engloba os edifícios e outras construções.

_____________________________________________________________________________ 18
Equipamentos: Integra os instrumentos e máquinas utilizadas na produção.

Ferramentas e utensílios: Integra ferramentas e outros utensílios.

Encargos de Constituição: Engloba os custos de constituição e que são


incluídos no processo de constituição de uma empresa.

Imobilizações Financeiras: Incluem o valor das participações financeiras


noutras empresas.

CONTAS DO PASSIVO
Fornecedores: Engloba as dívidas a pagar às entidades a quem se adquirem
produtos ou serviços.

Credor-Estado: Para registar as dívidas para com o estado resultantes de


impostos.

Credores-Sócios: Engloba as dívidas para os sócios

Créditos Bancários: Engloba as dívidas provenientes de empréstimos


bancários.

CONTAS DE SITUAÇÃO LÍQUIDA/FUNDOS PRÓPRIOS


Capital: Para as sociedades respeita ao capital subscrito.

Reservas: Contas que se constituem em geral, à custa de retenção de lucros.

Lucros ou prejuízos: Serve para o apuramento do resultado de cada exercício


económico.

Para apuramento de resultados, tal como vimos no ponto 2.3, utilizam-se


contas subsidiárias das quais podemos destacar:

CONTAS DE CUSTOS
Custos de Vendas: Regista os custos das vendas de mercadorias.

Remunerações: Engloba os valores pagos e outros custos com os


trabalhadores.

Fornecimentos de terceiros: Engloba os custos com as aquisições de bens e


serviços como água, energia, combustíveis, artigos de expediente, etc.

Encargos Financeiros: Regista os juros e outros encargos de natureza


financeira.

Amortizações do exercício: Regista a depreciação das imobilizações atribuídas


ao exercício.

_____________________________________________________________________________ 19
CONTAS DE PROVEITOS
Vendas: Engloba o valor resultante da venda de mercadorias e produtos.

Vendas de Serviços: Engloba a prestação de serviços

Receitas Financeiras: Engloba os proveitos e ganhos de natureza financeira


como juros, rendimentos de capital, etc.

Outros Proveitos: Regista os proveitos que não sejam próprios dos objectivos
principais da empresa.

3.3 MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS


Os registos das transacções efectua-se nas contas, debitando-as e creditando-as mas
de tal modo que a equação do Balanço permaneça válida.

Para isto é necessário que os movimentos a débito sejam iguais aos movimentos a
crédito.

É esta a essência do chamado método digráfico cuja autoria é atribuída ao frade


franciscano Luca Pacioli que o teria descrito numa obra publicada no século XV.

O princípio das partidas dobradas já estava presente, quando registamos na equação do


Balanço as transacções do Gabinete de Contabilidade de António S.

Vejamos agora como as mesmas transacções podem ser registadas utilizando as contas
respectivas.

O início das transacções, que poderemos considerar corresponder à abertura da


escrita, é a afectação ao negócio da quantia inicial de 50.000. As contas envolvidas são
Caixa para registar o dinheiro, uma conta do Activo, e a conta de Capital, uma conta de
Fundos Próprios. Ambas as contas aumentam na extensão em 50.000 devendo Caixa
ser debitada e Capital creditado por igual montante.

Esquematicamente utilizando os “três”.

D Caixa C D Capital C

(1) 50.000 (1) 50.000

Tomando por base a equação do Balanço e os conceitos de débito e crédito como


definidos anteriormente estabelecem-se as regras gerais de movimentação de contas
como segue:

_____________________________________________________________________________ 20
Activo = Passivo + Fundos Próprios

Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito


Aumentos Diminuições Diminuições Aumentos Diminuições Aumentos

As regras de movimentação de contas são em resumo:

Contas do Activo : Debitam-se pelos aumentos e creditam-se pelas diminuições.

Contas do Passivo: Debitam-se pelas diminuições e creditam-se pelos aumentos.

Contas de Fundos Próprios Passivos (custos ou prejuízos): Debitam-se pelos


aumentos (mais custos ou mais prejuízos) e creditam-se pelas diminuições (menos
custos ou menos prejuízos).

Contas de Fundos Próprios Activos (proveitos ou lucros): Debitam-se pelas


diminuições (menos proveitos ou menos lucros) e creditam-se pelos aumentos (mais
proveito ou mais Lucros).

3.4 LANÇAMENTO NO RAZÃO – BALACENTES


Denomina-se lançamento o registo contabilístico de uma transacção, qualquer que seja a
sua natureza. Qualquer lançamento afecta pelo menos duas contas e o valor dos
registos a débito é necessariamente igual aos registos a crédito.

As contas, nos sistemas de escrituração manual encontravam-se agrupadas num livro a


que se chamava Razão. Embora nos sistemas modernos de escrituração as contas não
sejam mantidas em livros o nome e conceito de razão, continua a utilizar-se para desligar
as contas utilizadas no processo contabilístico de uma entidade, fala-se então de Razão
ou Razão Geral para se designar este conjunto de contas independentemente do
suporte físico.

A aplicação das regras de movimentação das contas do Razão conduz à possibilidade


de consultando a respectiva conta se verificar os movimentos efectuados tanto a débito
como a crédito, bem como a determinação do respectivo saldo, o qual constitui o seu
valor.

A informação contabilística registada nas diversas contas encontra-se dispersa, não


sendo possível com facilidade observar directamente a situação da entidade. Isto pode
conseguir-se através da elaboração de um Balancete do Razão, que consiste num mapa
resumo de todos os movimentos efectuados num determinado período, classificados por

_____________________________________________________________________________ 21
conta e com evidenciação do respectivo saldo. O balancete do Gabinete de
Contabilidade de António S. era no final de Fevereiro, o seguinte:

António S. – Balancete do Razão Geral em Fevereiro


MOVIMENTOS ACUMULADOS SALDOS
CONTAS
Débito Crédito Devedor Credor
Caixa 5.720 3.303 2.417

Viaturas 2.000 2.000


Equipamento Escritório 1.700 150 1.550
Cliente 50 50
Devedores 100 100
Fornecedores 600 1.200 600
Proveitos Deferidos 150 150
Capital 5.000 5.000
Outros Custos 50 50
Fornecimentos de Terceiros 33 33
Salários 120 120
Venda de serviços 570 570

Uma das funções mais importantes dos balancetes é garantir que não existiram erros ou
omissões na execução dos registos contabilísticos. De facto, o total dos movimentos a
débito tem que ser igual ao total dos movimentos a crédito. Igualmente as somas dos
saldos devedores têm que ser igual à soma dos saldos credores. Quando tal não se
verifica é sinal de que se verificou qualquer erro na execução dos registos.

Os “tês” que utilizamos, para a exemplificação de como se movimentam as contas, são


muito usados no ensino ou no estudo das suas movimentações. No entanto é evidente
que nos livros, o formato das contas terá de ser bastante mais completo para permitir o
registo de mais informação sobre os registos efectuados, embora seja no geral
semelhante aos “tês” que utilizamos.

Este formato dependerá das necessidades e natureza das contas, mas em especial,
quando se trata de contas do Razão Geral apresenta o seguinte aspecto:

_____________________________________________________________________________ 22
FÓLIO 1
DÉBITO CAIXA CRÉDITO

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

2004 Outros
2 a Capital 5.000 Janeiro 3 de 50
Janeiro custos

FÓLIO 2
DÉBITO CAPITAL CRÉDITO

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

2004
2 de Caixa 5.000
Janeiro

FÓLIO 3
DÉBITO OUTROS CUSTOS CRÉDITO
Data Descrição Valor Data Descrição Valor

2004
3 a Caixa 50
Janeiro

Quase todas as contas do Razão Geral têm necessidade de serem subdivididas. Nestes
casos o aspecto gráfico e traçado das contas utilizadas, pode ser muito variável,
dependendo da natureza dos movimentos a registar.

Por Exemplo a conta de Mercadorias necessita de ser subdividida em fichas, para


controlo dos respectivos movimentos.

Artigo: ABC
Unidade: Kg
Localização: A12
Entrada Saída Existências
Data Movimento
Quant Preço Valor Quant Preço Valor Quant Preço Valor

Aquisição 4.000 117 468.000 4.000 117 468.000

Transporte 12.000 4.000 120 480.000

Venda 3.500 120 420.000 500 120 60.000

Devolução 200 120 24.000 700 120 84.000

_____________________________________________________________________________ 23
Por exemplo, para a conta de clientes é igualmente necessário manter razões auxiliares
onde se controlam individualmente as contas de cada cliente, como se pode ver no
exemplo 3.4, em que utilizam meios informáticos para a sua execução.

EXEMPLO 3.4

EXTRACTO DE CONTA/CORRENTE PERIODO: Janeiro 2003 Pág.1

CLIENTE: Salgado & Doce, Lda

Data DC Nº de doc Descrição Débito Crédito Saldo Doc. Ref

Saldo anterior 8.440.276

31/1/2003 Bc 51 Rc. Fats 500.000 7.940.276

31/1/2003 Bc 52 Rc. Fats 500.000 7.440.276

31/1/2003 Vd 1 Fact nº 05 26.755 7.467.031

31/1/2003 Vd 11 Fact nº 07 47.937 9.514.968

31/1/2003 Vd 17 Fact nº 12 29.578 7.544.546

31/1/2003 Vd 20 Fact nº 13 57.302 7.601.848

31/1/2003 Vd 36 Fact nº 33 34.403 7.636.251

3.5 DIÁRIO – LANÇAMENTOS – ESTORNOS


O livro onde se registam estas transacções é denominado Diário e cada registo
denomina-se lançamento. Quando se utiliza apenas um diário este denomina-se Diário
Geral, constituindo com o razão Geral um dos mais antigos sistemas de escrituração
comercial e que tradicionalmente se designa por sistema clássico.

Vejamos como funciona a execução dos lançamentos no Razão Geral. Para isso
continuamos a utilizar o exemplo do gabinete de Contabilidade de António S. Assim o
primeiro lançamento do início da actividade de realização do Capital seria:

Diário Geral
Localidade, 31 de Janeiro de

1 Caixa Conta debitada 1 Valor do


a Capital Conta creditada 2 Lançamento
Entrada de dinheiro para realização do
Capital de António S. 5.000

Descrição ou Histórico

Numeração dos Fólio do Razão


Lançamentos

_____________________________________________________________________________ 24
RAZÃO GERAL

DÉBITO CAIXA CRÉDITO

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

2004
2004 Outros
2 a Capital 1 5.000 Janeiro 3 de 50
Janeiro custos

Lançamento no Diário
DÉBITO CAPITAL CRÉDITO

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

2004
2 de Caixa 1 5.000
Janeiro

Lançamento no Diário

Como se verifica, o lançamento no Diário tem os seguintes elementos constitutivos:

Data

Cabeçalho ou título que consiste no nome das contas a movimentar a débito e


a crédito.

Descrição ou histórico que consiste na descrição sucinta da transacção.

Importância ou valor, que consiste no montante de variação das contas.

Apenas nos lançamentos de diário encontramos todos estes elementos.

Os lançamentos podem ser classificados de acordo com o número de contas


movimentadas e a natureza dos movimentos. No primeiro caso temos os seguintes tipos:

1ª fórmula: Uma conta debitada e uma conta creditada.

2ª fórmula: Uma conta debitada e várias contas creditadas.

3ª fórmula: Várias contas debitadas e uma conta creditada.

4ª fórmula: Várias contas debitadas e várias contas creditadas.

Quanto à sua natureza os lançamentos podem classificar-se nas seguintes categorias:

Lançamentos de abertura: Respeitam ao registo dos valores iniciais de um comerciante


em nome individual ou de uma sociedade, para início da contabilidade:

_____________________________________________________________________________ 25
Lançamentos correntes: Os que respeitam ao registo normal (corrente) das transacções.

Lançamentos de estorno: Os que dizem respeito a correcção de erros.

Lançamentos de regularização: São os que tem por objectivo rectificar o saldo de


algumas contas durante o trabalho de fecho de exercício, de modo a adequar o seu saldo
à sua verdadeira extensão.

Lançamentos de transferência ou apuramento de resultados: Respeitam à


transferência de saldos durante o processo de encerramento de contas.

Lançamentos de encerramento ou fecho: Efectuados no final de cada exercício para


encerramento de escrita e mudança de exercício.

Lançamentos de reabertura: Efectuados no início de cada exercício para reabertura da


escrita.

O trabalho de escrituração comercial está sujeito a erros, pelo que quando qualquer erro é
encontrado este deve ser corrigido de imediato. Contudo a sua correcção não deve ser
efectuada através da rasura ou apagamento do registo, pois isso poderá indicar o desejo
de esconder ilicitamente qualquer facto. É por vezes a própria legislação que impõe regras
neste sentido impondo a utilização neste, do lançamento de estorno para corrigir erros.
Esses lançamentos de estorno podem ser da mais variada natureza, no entanto, a maneira
mais simples de realizar um estorno é anular o lançamento contrário através da realização
de um lançamento inverso e repetir o lançamento correctamente. No entanto, algumas
vezes, este procedimento não é possível devendo cada caso ser analisado
cuidadosamente, adoptando-se, o procedimento adequado mas tendo em vista que deve
ser deixada evidência clara do erro que se está a corrigir, não efectuando rasuras.

4. INSTRUMENTOS DE ESCRITURAÇÃO
Um sistema de contas é um conjunto organizado de contas de modo a que estas mantenham
um sistema coerente tendo atenção a situação da entidade a que se irão aplicar e os
respectivos objectivos.

Esses conjuntos de registos em que se lançam os factos patrimoniais devem constituir,


conjuntos ordenados, denominados sistemas de coordenação. Entre os sistemas de
coordenação existentes, vamos ver seguidamente os sistemas, Clássico, Diário-Razão e
Centralizador, pois de uma maneira geral todos os sistemas de contabilidade baseiam em
maior ou menor grau num deles.

_____________________________________________________________________________ 26
4.1 SISTEMA CLÁSSICO DE ESCRITURAÇÃO
Este sistema, largamente utilizado na altura em que os registos eram elaborados
manualmente, pode ser representado pelo diagrama seguinte:

TRANSACÇÕES

DOCUMENTOS DIÁRIO GERAL RAZÃO GERAL BALANCETES


ANALITICO

RAZÕES BALANCETES
AUXILIARES AUXILIARES

PRESTAÇÃO DE
CONTAS

O sistema inicia-se pela observação da natureza das transacções as quais são


registadas originariamente em documentos. A partir dos documentos, são elaborados
os respectivos lançamentos conjugando a análise das transacções e as regras de
movimentação das contas. A definição dos lançamentos consiste essencialmente na
determinação das contas que serão debitadas, ou creditadas e respectivos montantes
que na gíria contabilística é conhecido como a classificação dos documentos.
Classificados os documentos, estes são registados no Diário Geral, cronologicamente,
fazendo-se seguidamente a passagem para as contas do Razão Geral. Quando se
movimentam contas, com subdivisão em subcontas, (clientes, devedores, fornecedores,
mercadorias etc.) procede-se ao registo simultâneo nas contas divisionárias escriturando
os Razões Auxiliares. No final do período contabilístico, por exemplo no final do mês,
elaboram-se os balancetes, quer do Razão Geral quer dos Razões Auxiliares,
confrontando os valores obtidos para efeitos de controlo e detenção de possíveis erros.
Quando o final do mês coincide com a necessidade de apresentação de contas, o que
sucede pelo menos uma vez por ano, procede-se à execução dos lançamentos de
rectificação e apuramento de resultados. Estes lançamentos abrangem, para além de
uma série de conferências e controlos, a escrituração de amortizações, provisões,
rectificação de saldos de contas, caso seja necessário, e transferência das contas
auxiliares de resultados para o Apuramento de Resultado.

_____________________________________________________________________________ 27
Finalmente preparam-se os documentos finais de prestação de contas que na sua forma
mais simples são constituídas por:

Relatório de Gestão

Balanço

Demonstração de resultados

Notas anexas

4.2 SISTEMA DIÁRIO – RAZÃO


Este sistema resulta da evolução do sistema clássico substituindo os livros de Diário e
Razão por um único livro o Diário-Razão, que apresenta vantagens na economia do
trabalho, pois não são necessárias tantas transcrições, e na menor frequência de erros
possíveis nessas mesmas transcrições. O Diário-Razão é um livro misto, englobando no
mesmo, as funções de Diário, na parte esquerda e as funções de Razão na parte direita,
como se pode ver pelo exemplo 4.1. Em esquema teremos:

DOCUMENTOS DIÁRIO RAZÃO BALANCETES

CONFERÊNCIAS

RAZÕES AUXILIARES

PRESTAÇÃO DE CONTAS

EXEMPLO 4.2
Diário – Razão de António S.
Caixa Capital Outros Custos Viaturas
DIÁRIO
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito

1 Afectação capital 5.000 5.000


2004 Pagamento
2 50 50
Jan. renda
Compra
3 2.000 2.000
automóvel

Como se vê pelo exemplo o sistema Diário – Razão só é utilizável em empresas de


reduzída dimensão, e mesmo assim com necessidade de se agregarem

_____________________________________________________________________________ 28
exageradamente as contas, o que torna extremamente difícil o controlo e execução da
contabilidade.

4.3 SISTEMA CENTRALIZADOR


Os sistemas Clássico e Diário – Razão são muito pouco flexíveis, não permitindo a
divisão do trabalho contabilístico por diversos executantes. São por isso, praticamente
impossíveis de utilizar em unidades de maior dimensão, pelo que foram substituídos
nestes casos pelo chamado sistema centralizador. Este caracteriza-se pela existência de
vários diários especializados que agrupam, operações da mesma natureza. Muito
embora, os diários utilizados dependam da natureza da actividade, costuma utilizar-se
todos ou alguns dos seguintes diários:

Diário de Caixa: Onde se registam os pagamentos e recebimentos

Diário de Bancos: Onde se registam os movimentos com as contas bancárias. Note-


se quando em levantamentos ou depósitos tem que se decidir se são registadas no
diário de Caixa ou neste.

Diário de Compras: Regista as compras a crédito.

Diário de Vendas: Regista as vendas a crédito.

Diário de operações diversas: Carácter residual regista todas as operações que


não cabem no âmbito dos outros diários.

Outros diários podem ser definidos dependendo da natureza da actividade.


Paralelamente com estes diários movimentam-se Razões auxiliares, que nalgumas
circunstâncias podem funcionar como base para lançamentos.

Periodicamente efectua-se um lançamento resumo dos movimentos registados que se


lança no Diário Centralizador e sucessivamente no Razão Geral tal como se pode ver
no esquema abaixo.

O sistema centralizador tornou-se o sistema mais utilizado nomeadamente nos sistemas


com tratamento informático. Nestes sistemas os diversos Diários são mantidos por
processos informáticos. Mensalmente obtém-se o resumo dos movimentos que se utiliza
para efectuar um lançamento no Diário Geral.

_____________________________________________________________________________ 29
DOCUMENTOS DIÁRIOS

CAIXA
DIÁRIO RAZÃO
CENTRALIZAÇÃO GERAL
BALANCETE

COMPRA

PRESTAÇÃO
DE CONTAS
VENDAS CONFERÊNCIAS

RAZÕES
AUXILIARES BALANCETES
OPERAÇÕES
DIVERSAS

5. FORMALIDADES LEGAIS DA ESCRITURAÇÃO


5.1 LIVROS OBRIGATÓRIOS E FACULTATIVOS
Para além da finalidade de fornecer informação para ser utilizada pelos tomadores de
decisão, pode em determinadas circunstâncias servir como meio legal de prova. Isto tem
levado a que as autoridades exijam a escrituração de determinados livros sujeitando-os ao
mesmo tempo a determinadas formalidades. Em Moçambique, são livros obrigatórios o
Diário, o Razão, o Inventário e Balanços e o livro de actas. Todos estes livros estão
sujeitos ao pagamento de imposto de selo tendo, para isso, que ser presentes antes de
escriturados na respectiva Repartição de Finanças. Têm igualmente que ser presentes
antes do início da escrituração, no Registo Comercial e no Tribunal para lhes ser aposto os
termos de abertura e de encerramento.

A escrituração destes livros tem que ser efectuada com algumas regras, nomeadamente
não são admitidas rasuras e espaços em branco não devendo ter um atraso superior a 90
dias.

5.2 INFORMATIZAÇÃO CONTABILÍSTICA


As necessidades provocadas pelo aumento extraordinário da dimensão das unidades
empresariais e do número das transacções conduziram a que, os livros fossem
progressivamente substituídos e complementados por sistemas de fichas e pela utilização
cada vez mais intensa do tratamento informático da informação contabilística.

Actualmente com o desenvolvimento da informática em especial da popularização do


computador, através do uso de microcomputadores quase todos os sistemas de
contabilidade são executados com o auxilio de meios informáticos, quer utilizando
_____________________________________________________________________________ 30
unidades de elevado porte, como sucede nas grandes empresas, quer micros como
sucede nas pequenas e médias unidades.

Contudo, apesar das diferenças evidentes nos meios utilizados, e que se caracterizam
essencialmente por uma menor visibilidade dos registos, apesar da organização desses
mesmos registos depender dos programas informáticos utilizados, por vezes altamente
integrados e complexos especialmente quando se utilizam bases de dados, o esquema
formal do processamento contabilístico é na sua essência o mesmo tal como descrito até
aqui.

Continuamos a ter transacções, documentos, contas, Diários, Razões e Balancetes, na


base de todo o processamento como instrumentos úteis para a nossa análise. A grande
vantagem dos sistemas informáticos, na generalidade desenvolvidos com base nos
conceitos do sistema centralizador é permitir o tratamento de grandes massas de
transacções e posteriormente tratá-las das mais diversas maneiras e em tempo útil.

6. PRINCIPIOS CONTABILISTICOS
A função principal da Contabilidade é recolher, tratar e interpretar tudo o que afecta a riqueza
ou o património de uma unidade económica. Este tratamento da informação resultante das
transacções tem utilizadores internos e externos à própria entidade ultrapassando muitas
vezes o âmbito dos seus produtores originários. Sendo assim é extraordinariamente
importante que as informações contabilísticas sejam apresentadas e obtidas de acordo com
procedimentos padronizados que sejam perfeitamente claros para todos. Isto é, que os seus
utilizadores as possam utilizar sem interpretações incorrectas.

Este objectivo consegue-se pela definição adequada dos princípios contabilísticos a serem
utilizados e do âmbito e nomenclatura das contas. Vamos neste capítulo estudar os princípios
contabilísticos deixando para os seguintes uma análise mais detalhada dos planos de contas.

Os princípios contabilísticos são regras que, tendo por objectivo responder às questões
anteriores, guiam a execução dos movimentos da contabilidade e a preparação das contas, de
modo a que estas dêem uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira e dos
resultados da entidade, que seja ao mesmo tempo compreensível e útil para os seus
utilizadores.

Os princípios não são leis no sentido científico do termo mas apenas regras construídas pelo
homem para incrementar a utilidade da informação contabilística e que tem evoluído de
acordo com as necessidades da sua utilização.

_____________________________________________________________________________ 31
Estes princípios contabilísticos baseiam-se na consideração de alguns aspectos gerais do
meio envolvente em que a contabilidade é elaborada e que afectam directamente os seus
objectivos os quais poderemos designar por fundamentos ou conceitos básicos.

Alguns destes aspectos já foram aflorados anteriormente no entanto necessitam de maior


desenvolvimento o que se faz seguidamente analisando os fundamentos básicos de Entidade
separada, Continuidade, Unidade Monetária e Periodização.

ENTIDADE SEPARADA: Segundo este conceito, cada negócio ou empresa, é tratado


contabilisticamente como entidade separada e perfeitamente autónoma dos seus proprietários.
Assim, cada unidade é visualizada como possuindo todos os recursos, que lhe estão
atribuídos e sendo responsável pelas suas dívidas e obrigações.

CONTINUIDADE: Considera-se que as contas das entidades devem ser preparadas, a menos
que haja evidência do contrário, pressupondo a vida indefinida da unidade ou empresa, isto é,
que não se espera que venha ser liquidada no futuro próximo.

Este conceito permite fundamentar as bases de preparação das contas nomeadamente dos
Balanços. Por exemplo é este conceito que justifica o processo de contabilização dos bens do
activo Imobilizado, tais como máquinas, edifícios ou viaturas e a sua apresentação nos
balanços pelo seu valor de custo deduzido das amortizações acumuladas, isto é, noutros
termos, pela parcela do seu custo imputável a exercícios futuros.

É também justificação para incluir no activo pelo seu custo, as existências de impressos,
cartas etc., que tenham impresso o nome da sociedade que no caso de cessação da
actividade terão o seu valor diminuído para o equivalente do seu peso de papel-velho. Nestes
casos a intenção da posse destes bens não é a venda, daí a justificação, baseada neste
conceito, para a sua valorização e inclusão nos bens activos.

O conceito da continuidade faz, igualmente, ressaltar a importância da demonstração de


resultados e a correspondência entre proveitos e custos.

No entanto, quando se tem conhecimento que determinada entidade vai ser dissolvida este
conceito não se aplica, devendo aplicar-se outros princípios que levem em conta a situação
particular em causa.

UNIDADE DE MEDIDA: Este conceito fundamental estabelece que a contabilidade mede e


reporta os resultados da entidade utilizando uma unidade monetária (metical, dólar). Este
processo é realizado como se a unidade monetária, ela própria, não variasse também de valor
(tamanho) quando se sabe que em períodos longos a inflação modifica este valor. Por causa
disto diz-se muitas vezes que a contabilidade assume a existência de uma “unidade
monetária estável”.

_____________________________________________________________________________ 32
Sobretudo em países com elevadas taxas de inflação, têm-se tentado desenvolver técnicas
para incorporar nas contas apresentadas pelas entidades, (Balanços, Conta de resultados) os
efeitos da modificação do valor da unidade monetária. Contudo, apesar da justificação teórica
dos critérios utilizados para esse efeito, estes continuam a ser baseados no subjectivismo,
pelo que a sua utilização não se tem generalizado.

PERIODIZAÇÃO: Embora os resultados finais dos negócios de uma entidade ou empresa só


se possam conhecer no final da sua vida, isto é, quando se proceder à sua liquidação, são
necessárias demonstrações financeiras referentes a períodos mais curtos.

A divisão da vida da entidade em períodos mais curtos, normalmente o ano é um conceito


perfeitamente estabelecido que determina a realização da contabilidade. Por outro lado para
efeitos de gestão e controlo, o período ainda é normalmente encurtado elaborando-se contas
trimestrais, ou mensais, ou mesmo semanais.

O conceito fundamental de periodização implica a chamada separação, segregação ou


especialização dos períodos exigindo o corte de proveitos e custos de modo a serem
atribuídos ao período a que respeitam.

Tomando como base estes conceitos fundamentais foram-se desenvolvendo ao longo dos
tempos um conjunto de princípios contabilísticos, comummente aceites, quer pelas
legislações quer pelos técnicos e teóricos da contabilidade. Estes princípios contabilísticos são
guias genéricos que completam os fundamentos anteriores, tendo como principal finalidade
garantir que a contabilidade cumpre o seu objectivo fundamental de fornecer informação
relevante aos interessados. Os principais princípios são:

6.1 PRINCIPIO DO CUSTO HISTÓRICO


O custo é a base mais adequada para o registo de qualquer transacção, como seja
compra de bens, compra de serviços, despesas e custos, assumpção de
responsabilidades, etc. Estabelece igualmente que posteriormente durante todo o
processamento contabilístico o mesmo conceito deve ser mantido. Por exemplo, ao
proceder a valorização da existência das mercadorias em armazém deve utilizar-se o
preço de custo das mesmas. As grandes vantagens deste princípio é ser determinável,
definido o objectivo.

Tem igualmente algumas dificuldades ns sua aplicação em transacções em que não se


utiliza dinheiro como contrapartida, em que se deverá considerar custo o valor (custo) da
contrapartida entregue, ou quando se trata de donativos de bens recebidos em que se
terá que se proceder a uma avaliação adequada.

_____________________________________________________________________________ 33
6.2 PRINCÍPIO DA CORRESPONDÊNCIA CUSTOS – PROVEITOS
Este princípio estabelece que o maior objectivo da contabilidade é a determinação do
resultado líquido do período (ano normalmente) fazendo correspondência dos custos
incorridos com os correspondentes proveitos obtidos. O princípio reconhece que o fluxo
de rendimentos entra continuamente no negócio (empresa) e que isto exige que exista
uma perfeita separação (corte) do fluxo no final do período, que os fluxos entrados no
período sejam medidos e que os custos suportados para obter os rendimentos sejam
apurados e que, por diferença, se determine o resultado líquido do período.

O princípio da correspondência custos-proveitos exige que um conjunto de proveitos


(rendimentos) seja atribuído a cada período o que implica que seja identificado o
momento em que tais proveitos sejam realizados. Existem três bases que podem ser
utilizadas de acordo com as circunstâncias, para esse conhecimento: Base de venda,
Base de caixa e Percentagem de acabamento.

A base de venda é o mais generalizado princípio de reconhecimento de proveitos. De


acordo com este princípio o proveito é considerado como realizado, isto é, efectivado,
quando se dá a entrega da mercadoria vendida ou o serviço é prestado, contra a entrega
ou, a promessa de entrega, de uma importância em dinheiro.

Segundo a base de caixa, que deve ser utilizado quando existem sérias dúvidas do
recebimento da contrapartida em dinheiro, o proveito deve ser registado como tal apenas
no momento do seu recebimento.

A percentagem de acabamento utiliza-se principalmente na actividade de grandes


Obras públicas, como barragens, pontes etc., em que o período de construção abrange
vários anos. Neste caso atribui-se a cada exercício uma percentagem dos proveitos
finais de acordo com a percentagem de avanço do projecto.

Em resumo o princípio da correspondência custos-proveitos estabelece que para


qualquer período em que esteja a determinar o respectivo resultado líquido, os proveitos
devem ser reconhecidos de acordo com uma das bases mencionadas acima.

Em contrapartida os custos incorridos para gerar aqueles proveitos devem ser


determinados e atribuídos igualmente ao mesmo período.

A aplicação deste princípio exige a chamada segregação de exercícios, em oposição à


contabilização com base de caixa pelo que nos procedimentos do encerramento anual
de contas são necessários lançamentos de regularização para adequar esses mesmos
custos aos períodos respectivos.

_____________________________________________________________________________ 34
6.3 PRINCÍPIO DA OBJECTIVIDADE
Segundo este princípio a contabilidade e as correspondentes demonstrações financeiras
devem na máxima extensão possível, ser elaborados com base em dados
objectivamente determinados e verificáveis. Transacções com entidades externas
livremente negociadas e suportadas em documentos originados fora da unidade
económica são as melhores evidências que se pode ter da adequação das mesmas.

6.4 PRINCÍPIO DA CONSISTÊNCIA


De acordo com o princípio da consistência uma vez adoptada uma política contabilística,
esta deve ser seguida consistentemente nos diversos períodos contabilísticos, com o
objectivo de tornar totalmente comparáveis as demonstrações financeiras dos
sucessivos períodos.

O princípio da consistência não inibe no entanto uma empresa de, se chegar à


conclusão, de que uma política ou prática contabilística deixarem de ser adequadas à
sua actividade, alterá-lo para outra mais adequada. Nestas circunstâncias, no entanto
existe a obrigatoriedade de se dar a conhecer aos utilizadores da informação
contabilística, mediante nota adequada, essa alteração bem como a qualificação dos
respectivos efeitos.

6.5 PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO COMPLETA


Segundo este princípio as demonstrações financeiras geralmente designadas por contas,
devem incluir a totalidade da informação relativa aos negócios da entidade económica.
Deve entender-se aqui por demonstrações financeiras, não apenas o Balanço e a
Demonstração de Resultados, mas igualmente as Notas Anexas explicativas, dos
princípios e políticas contabilísticas.

Isto não significa que a informação a publicitar deva ser excessivamente pormenorizada,
deve no entanto ser completa, no sentido de que toda a informação apresentada deve
ser suficiente para uma visão apropriada da situação da entidade de modo que um
investidor prudente não seja induzido em erro.

6.6 PRINCÍPIO DA EXCEPÇÃO OU MODIFICAÇÃO


Salientou-se mais atrás que os princípios contabilísticos não emanavam da ciência
natural (natureza) mas eram criação do homem. Além disto os princípios contabilísticos
são sujeitos a mudanças quando as condições se alteram ou quando as necessidades
dos utilizadores também se alteram.

_____________________________________________________________________________ 35
Os princípios contabilísticos são pragmáticos e necessitam de ser aplicados às mais
diversas situações e circunstâncias. Com base nestas considerações podem portanto,
aparecer excepções na sua aplicação. Entre estes casos podem ter-se os seguintes
princípios modificativos ou de excepção.

Materialidade, (ou significância) que permite que uma transacção se contabilize de uma
maneira menos correcta, em casos em que, por se fazer o registo, digamos, errado isto
não afecta a avaliação dos interessados. Por vezes bens de pequeno valor, que de um
ponto de vista do seu período de vida útil deviam ser considerados no imobilizado e
levados a custos durante esse período pela via das amortizações, são considerados
como custo no ano de aquisição, para evitar o trabalho administrativo do seu controlo.

Conservativismo (ou prudência) que considera que quando existam várias alternativas
aceitáveis para se contabilizar determinada operação, deve escolher-se aquela que
influencia menos favoravelmente a sua situação líquida.

O princípio da prudência é muitas vezes mal interpretado e criticado. No entanto


devemo-lo considerar essencial uma vez que os utilizadores externos da informação,
quando o “valor correcto” não está bem determinado, são melhor servidos por uma
subavaliação dos resultados líquidos e do património líquido do que o contrário.

Especificidades Sectoriais, segundo este princípio são permitidos procedimentos


contabilísticos específicos derivados da especial natureza da actividade e que
tradicionalmente tenham vindo a ser utilizados em virtude da sua especificidade,
racionalidade e viabilidade. Estas diferenças podem mesmo ser provocadas por
legislação especificamente aplicáveis a esse sector de actividade, como é o caso dos
sectores bancário e segurador.

7. PLANO DE CONTAS – NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA


Um dos aspectos muito importante na Contabilidade, é a definição clara das contas a serem
utilizadas, o seu âmbito e regras de movimentação, ou mais genericamente a definição do
sistema contabilístico a utilizar.

7.1 NOÇÃO DE PLANO DE CONTAS


Ao conjunto das contas, regras de movimentação e sua articulação chama-se plano de
contas. Todas as entidades necessitam deste plano para permitir executar os seus
movimentos contabilísticos, desde as de menor dimensão até aos grandes grupos
económicos.

_____________________________________________________________________________ 36
Estes últimos, que normalmente abrangem elevado número de empresas, por vezes
espalhadas pelos mais diversos países, por necessidade de uniformidade no tratamento
contabilístico, alargam mesmo o conceito de plano de contas elaborando verdadeiros
manuais de contabilidade que descrevem os princípios contabilísticos adoptados,
as políticas contabilísticas, lista das contas, âmbito das mesmas, e regras de
movimentação das transacções menos vulgares.

Um plano de contas, para poder ser considerado como tal, e poder desempenhar as
suas funções deve abranger: Princípios contabilísticos adoptados, políticas
contabilísticas, lista das contas, âmbito das contas e regras específicas de
movimentação. Os modelos dos documentos e demonstrações financeiras são
igualmente peças importantes para que o plano de contas desempenhe a sua função.

7.2 NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA


Em virtude da crescente importância das demonstrações financeiras para os investidores
externos, credores e o público em geral existe um generalizado interesse pelos princípios
contabilísticos e pelo conhecimento das políticas e práticas contabilísticas. A exigência
da existência de uma linguagem comum a nível contabilístico tem levado ao
desenvolvimento de regras e princípios de aplicação generalizada.

Poderemos considerar, em termos gerais, que a normalização contabilística consiste


no estabelecimento de um sistema de princípios, normas, políticas e práticas
contabilísticas que tratem uniformemente as mesmas situações independentemente da
entidade económica em que se verifiquem.

Esta normalização tem como instrumentos principais a emissão de normas e o


estabelecimento do plano de contas, estes últimos em especial a nível de país, podendo
ser genéricos ou sectoriais.

As normas de contabilidade têm sido desenvolvidas quer a nível internacional quer a


nível nacional. As normas internacionais pretendem ter como campo de aplicação
mundial ou a nível de regiões, como por exemplo a União Europeia. São de destacar
neste contexto o trabalho e as normas já emitidas, do “International Accouting
Standards Comittee” (IASC). De acordo com os objectivos estabelecidos o IASC
trabalha para o aperfeiçoamento e harmonização do “reporting” financeiro, basicamente
através do desenvolvimento e publicação de normas (Standards) Internacionais de
contabilidade. Estas normas tratam dos aspectos que são importantes
internacionalmente nas contas sujeitas a publicação. Estas normas são desenvolvidas
mediante um processo de consulta internacional que envolve os profissionais da
contabilidade, representados pelas suas organizações, a comunidade empresarial, as
_____________________________________________________________________________ 37
organizações intergovernamentais e os órgãos nacionais responsáveis pela
normalização contabilística. Este processo contribui para que as Normas Internacionais
atinjam elevados níveis de qualidade.

7.3 PLANO GERAL DE CONTABILIDADE


Como vimos anteriormente a normalização contabilística tem uma grande importância,
mas apresenta diversas maneiras de se concretizar. Nalguns países são os próprios
organismos que agrupam os profissionais da contabilidade e auditoria que lideram o
processo enquanto noutros, como França e Portugal, a normalização se traduz em
actividade legislativa dos próprios governos.

Moçambique seguiu esta última tendência tendo em 1984, pela Resolução nº 13/84 de
14 de Dezembro aprovado o primeiro Plano Geral de Contabilidade “aplicável a todas
as unidades económicas com excepção das que exerçam actividades nos ramos
bancários ou seguros” (artigo 2º da resolução), passando a ser obrigatória a sua
aplicação a partir do exercício contabilístico de 1986.

Esta obrigatoriedade envolve todos os seus aspectos, apenas com excepção da


Contabilidade Analítica, que é facultativa. Abrange a nomenclatura das contas,
respectivos códigos, modalidades de funcionamento das contas, terminologia e os
critérios valorimétricos.

7.4 FUNDAMENTOS DE MUDANÇA DO PLANO DE CONTAS

O novo Plano Geral de Contabilidade foi aprovado pelo decreto nº 36/2006 de 25 de


Julho e publicado no Br – 1ª série – nº 38 – suplemento de 21 de Setembro.

Os fundamentos para a mudança estão assentes na:

Adequação do plano à nova realidade empresarial do país;

Melhoraria da informação sobre a situação económica e financeira das empresas;

Actualização e harmonização dos conceitos, princípios e normas de contabilidade


geralmente aceites; e

Adaptação do plano às tendências seguidas em vários países.

O Plano Geral de Contabilidade tem por objectivo a normalização da contabilidade das


empresas, que no território Moçambicano são obrigadas a possuir contabilidade
organizada, de forma a proteger os interesses dos proprietários, sócios ou accionistas

_____________________________________________________________________________ 38
destas e de terceiros e assegurar a comparabilidade da informação financeira entre
empresas do mesmo sector.

Alguns dos aspectos que distinguem o novo PGC do anterior são:

Possuir uma maior abrangência, dentro de cada classe, das contas a movimentar;

Ter novos princípios contabilísticos;

Aceitar novos critérios valorimétricos; e

Acarretar melhor informação financeira.

A estrutura do novo plano geral é a seguinte:

CAPITULO I – Disposições Gerais e Técnicas;

CAPITULO II – Informação Financeira;

CAPITULO III – Princípios Contabilísticos Fundamentais;

CAPITULO IV – Critérios Valorimétricos;

CAPITULO V – Demonstrações Financeiras;

CAPITULO VI – Quadro e Código de Contas; e

CAPITULO VII – Terminologia e Movimentação das Contas

7.5 ESTUDO DAS CONTAS SEGUNDO O PLANO GERAL DE CONTABILIDADE


7.5.1 CAIXA
Esta conta enquadra-se na classe 1 – Contas de meios circulantes
financeiros, que abrange os meios monetários da empresa e os créditos que a
empresa detém relativamente a terceiros. Devem considerar-se como caixa os
valores em numerário ou em cheque.

A conta Caixa é portanto, uma conta do activo, pelo que se debita pelos
aumentos ou seja, os recebimentos, e se credita pelas diminuições, ou seja,
pagamentos. Embora não directamente prevista no Plano Geral de Contabilidade
pode esta conta subdividir-se em subcontas destinadas a controlar mais
eficazmente os meios monetários existentes. Por exemplo quando existem
diversas localizações da empresa, com necessidades de controlar o dinheiro
nelas existentes. Por exemplo:

1.1 Caixa
1.1.1 Caixa – Sede

_____________________________________________________________________________ 39
1.1.2 Caixa – Armazém

O saldo da conta caixa é sempre devedor e corresponde ao dinheiro em cofre.


Para efeitos de controlo devem efectuar-se contagens no final do período
contabilístico, cujo resultado deve ser comparado com o respectivo saldo. As
diferenças se existirem deverão ser investigadas.

Normalmente o dinheiro em caixa está à guarda de um caixa ou tesoureiro que


responde pela sua integridade. Nestes casos a cada responsável deverá
responder uma subconta para permitir este controlo. Adicionalmente o próprio
caixa, ou tesoureiro deve dispor de um razão auxiliar onde registará
detalhadamente todos recebimentos e pagamentos, evidenciado periodicamente,
por exemplo, no fim do dia ou semana, o respectivo saldo, que compara para
efeitos de controlo, com o dinheiro existente em cofre.

Estas razões auxiliares revestem normalmente a forma de folhas de caixa com


dispositivos adaptados às necessidades particulares de cada empresa. As
disposições mais vulgares são:

FOLHA DE CAIXA EM DISPOSIÇÃO BILATERAL


Corresponde ao dispositivo normal do razão ( em forma de tê) já abordado
anteriormente.

No lado esquerdo escrituram-se os movimentos a débito, saldo inicial e


recebimentos e no lado direito, os pagamentos.

ENTRADAS CAIXA SAIDAS

Data Movimento Doc Valor Data Movimento Doc Valor

1 Saldo de 2004 500


Vendas a Compra de mat.
2 dinheiro
3 50 2 de escritório
1 37
Compra de
selos
2 22
Despesas de
envio
5
2004 2004
Janeiro Janeiro
Encomenda 4 10
Depósito no
banco
5 100
Saldo do dia Saldo para o dia
3 anterior
550 seguinte
413

_____________________________________________________________________________ 40
Como se vê pelo exemplo apresentado, a disposição bilateral tem como principal
inconveniente, não mostrar após cada movimento realizado, o saldo de conta, ou
seja, o dinheiro existente no cofre.

Esta limitação é superada mediante a escrituração da folha de caixa em


disposição vertical.

FOLHA DE CAIXA COM DISPOSIÇÃO VERTICAL


Este dispositivo corresponde ao dispositivo da conta com colunas triplas, débitos
(entradas), créditos (saídas) e respectivo saldo, sendo as colunas de datas,
descrição de movimentos e numeração de documentos únicos.

CAIXA

DATA MOVIMENTO DOC ENTRADA SAIDA SALDO

1 Saldo do ano anterior 500 500


2 Compra de material de escritório 1 22 478
Compra de selos 2 5 473
Vendas a dinheiro 3 50 523
2004 Despesas de envio de encomenda 4 10 513
Janeiro
Depósito no banco 5 100 413
Saldo para o dia seguintes 413
550 550
3 Saldo do dia anterior 430 430

FOLHA DE CAIXA COM DISPOSIÇÃO EM ESCALA


Corresponde a um dispositivo semelhante ao anterior mas em que todos os
movimentos e o saldo aparecem na mesma coluna com cálculo do saldo após
cada operação:

CAIXA

DATA MOVIMENTO DOC VALOR

1 Saldo do ano anterior 500


2 Compra de material de escritório 1 22
478
Compra de selos 2 5
473
2004 Vendas a dinheiro 3 50
Janeiro
523
Despesas de envio de encomenda 4 10
513
Depósito no banco 5 100
413

_____________________________________________________________________________ 41
As folhas de controlo de caixa servem igualmente, muitas vezes, como controlo
inicial dos documentos a serem lançados no Diário. Nesses casos as folhas de
caixa utilizadas são completadas com uma coluna adicional, onde se inscreve a
contrapartida de caixa, e que será tomada como origem dos lançamentos a
efectuar, servindo como diário originário, em especial no chamado sistema
centralizador.

7.5.2 BANCOS
A conta 1.2- Bancos, abrange o registo dos meios monetários que a empresa
dispõe, à guarda das entidades bancárias (depositados) e que a empresa pode
dispor através da movimentação das respectivas contas. De acordo com a maior
ou menor liberdade de movimentação, os depósitos bancários são classificados
nas seguintes subcontas.

1.2.1 – Depósitos á Ordem

1.2.2 – Depósitos com pré-aviso

1.2.3 – Depósitos a prazo

As quais estudaremos mais detalhadamente nos pontos seguintes

DEPÓSITOS Á ORDEM
Esta conta regista os meios monetários que a entidade mantém nas instituições
bancárias e que pode movimentar sem qualquer restrição. São portanto valores
equivalentes a dinheiro e que podem ser utilizados para os mesmos fins.

A utilização das verbas disponíveis nestas contas faz-se essencialmente através


de cheque e de ordem de transferência.

De facto, o cheque é um título de crédito e representa um meio imediato de


pagamento. Através da emissão do cheque o titular (sacador) de uma conta,
aberta num banco, com o qual celebrou uma convenção do cheque, ordena ao
Banco (sacado), no qual mantém fundos numa conta de depósito a ordem, que
pague a um terceiro (tomador) uma certa quantia.

O tomador do cheque que é normalmente credor da entidade emitente pode


apresentar o cheque ao balcão do Banco sacado e receber nas respectivas
caixas o dinheiro correspondente, ou depositá-lo na sua própria conta bancária.
Neste caso, é este último banco que se encarregará de cobrar o cheque,
normalmente mediante movimentos contrários de compensação com o banco
sacado.

_____________________________________________________________________________ 42
Dada a importância extraordinária do cheque, na vida comercial moderna, a sua
utilização encontra-se regulamentada mediante uma convenção internacional,
denominada Lei Uniforme Relativa ao cheque, assinada em Genebra em 19 de
Março de 1931.

Os depósitos são efectuados com o talão de depósito onde se descrevem os


valores a depositar, cheques, vales de correio, notas e moedas, cujo duplicado
devidamente autenticado pelo caixa do Banco serve como documento de suporte.

Contabilisticamente, a conta de Depósitos à Ordem debita-se pelos seus


aumentos, em especial os depósitos, transferências de outros bancos, valor
líquido de descontos de títulos, juros a favor do titular etc., e credita-se pelas
diminuições, cheques emitidos, transferências a favor de terceiros, juros e outros
custos a suportar, etc.

Um formato muito utilizado para o controlo das contas de Depósitos à Ordem é a


disposição em escada, em tudo semelhante ao que vimos para a conta caixa.

Os próprios Bancos, conhecedores da importância deste controlo fornecem folhas


de controlo com este formato quando fornecem os respectivos cheques como se
pode ver pelo exemplo 9.1

Exemplo de controle de Depósito à Ordem

DATAS CHEQUES/DOC Nº DESIGNAÇÃO SALDO/MOVIMENTO


Transporte

A transportar

A cada conta bancária aberta pela empresa, corresponde no banco uma conta de
sinal contrário. Periodicamente, normalmente todos os meses, o banco remete ao
respectivo titular o extracto bancário, que deverá ser conferido, comparando os
seus movimentos e saldo respectivo com os registos internos. Em virtude do
desfasamento entre os movimentos, o saldo apresentado pelo banco e o
existente na empresa normalmente não coincidem. Neste caso a diferença deve
ser justificada, enumerando exaustivamente os movimentos que se encontram na
_____________________________________________________________________________ 43
escrita da empresa e não se encontram na escrita do banco e vice-versa. Esta
enumeração deverá ser efectuada num documento adequado chamado
Conciliação Bancária. Ver exemplo de controle de uma conta a ordem.

Exemplo de conciliação bancária

CONCILIAÇÃO BANCÁRIA A 31/12/2007 – BANCO DE DESENVOLVIMENTO E COMERCIO

SALDO PELO BANCO 9.667.985,20


Valores Cred. Nos livros e não Deb. Pelo Banco (Retirar)
DATA DESCRIÇÃO
27/12/2003 Cheque nº 45 16.603
27/12/2003 Cheque nº 46 1.372.875
27/12/2003 Cheque nº 47 181.262
28/12/2003 Cheque nº 50 18.212
28/12/2003 Cheque nº 48 7.855
29/12/2003 Cheque nº 49 157.637
29/12/2003 Cheque nº 51 4.737.494
29/12/2003 Cheque nº 52 3.206.802
29/12/2003 Cheque nº 53 34.201
31/12/2003 Cheque nº 54 79.663
9.812.604.50
Valores Cred. nos livros e não Deb. pelo Banco (Retirar)

DATA DESCRIÇÃO

31/12/2003 Depósito 111.858.50


31/12/2003 Depósito 125.657.00
237.515.50
SALDO PELOS LIVROS 92.896.20

Todos os movimentos que não apareçam devido a erro ou omissão, deverão ser
corrigidos de imediato, só devendo ficar em aberto aqueles cuja natureza o
justifique, e que geralmente se reduzem a cheques emitidos e que ainda não
foram apresentados no banco.

O saldo da conta de Depósitos à Ordem é normalmente devedor, e representa os


meios monetários disponíveis em depósitos no banco.

_____________________________________________________________________________ 44
DEPÓSITOS COM PRÉ – AVISO
Estes depósitos têm como característica, o facto de para serem levantados,
necessitarem de uma comunicação prévia ao banco, com uma antecedência
acordada no momento da sua efectivação. Por exemplo 5 dias, 15 dias, 1 mês,
são pré-avisos possíveis.

A movimentação destes depósitos faz-se por ordem de transferência de e para as


contas de Depósitos à Ordem, debitando-se a conta 1.2.2- Depósitos com pré-
aviso, pela constituição ou reforço, e creditando-se a mesma conta, pela sua
diminuição. Os juros resultantes da remuneração destes depósitos são
igualmente lançados a débito da conta 1.2.1 – Depósitos à Ordem, por
contrapartida da conta de proveitos 7.8- Proveitos e Ganhos Financeiros.

DEPÓSITOS A PRAZO
Estes depósitos são registados na conta 1.2.3- Depósitos a prazo, e tem como
característica fundamental, o facto de só poderem ser movimentados, isto é,
levantados, após o decurso do prazo para que foram constituídos, como por
exemplo, 15 dias, 1 mês, 30 dias, 6 meses, um ano etc.

Na constituição do depósito o banco entrega ao cliente um documento


comprovativo da sua constituição – promissória ou livrança. Os juros são
contabilizados, debitando a conta 2.1.1 – Depósitos à Ordem, mantida no
mesmo banco e creditando a conta 7.8 – Proveitos e Ganhos Financeiros.

Embora a regra seja não ser possível o levantamento antes de decorrido o prazo,
a generalidade dos bancos permite o seu levantamento antecipado, mas com
penalizações acentuadas da taxa de juro inicialmente acordada, chegando
mesmo em casos extremos, à perda total dos juros entretanto corridos.

O conceito de depósito a prazo tem evoluído para os chamados Certificados de


Depósito. As instituições de crédito que recebam depósitos a prazo, podem
titular estes depósitos com títulos de crédito, denominados Certificados de
Depósitos representativos desses mesmos depósitos. Estes títulos são
nominativos e transmissíveis por endosso, nos termos gerais de direito, e com
eles se transferindo todos os direitos sobre o respectivo depósito a prazo. Esta
situação permite ao depositante mobilizar o respectivo valor sem penalização da
taxa de juro desde que tenha outra empresa que esteja disponível para os
comprar.

_____________________________________________________________________________ 45
7.5.3 CLIENTES
A conta 4.1 – Clientes é utilizada para registar os movimentos relacionados com
a venda de produtos ou serviços, que não seja efectuada a pronto pagamento.

CLIENTES CONTA - CORRENTE


Na conta 4.1.1 – Clientes conta corrente, são registados todos os movimentos
efectuados pela empresa com os seus clientes. Esta conta, sendo uma conta do
Activo, debita-se pelos aumentos e credita-se pelas diminuições ou seja:

Debita-se, pelas:

Facturas emitidas

Notas de débito (encargos não incluídos na factura: juros, custos de


transportes, etc.)

Credita-se, pelos:

Pagamentos (recebidos dos clientes)

Notas de crédito(descontos fora da factura)

Devolução de vendas

Valores anulados (incobráveis)

O controlo da conta clientes, como a generalidade das contas de terceiros, exige


a utilização de uma subconta por cada entidade, exemplo 10.1, podendo nalguns
casos estas contas elementares serem agrupadas por regiões ou outra
característica comum merecedora de análise.

Exemplo
A sociedade Mercantil, Ldª efectuou durante o mês de Janeiro, entre outras, as seguintes operações:
(1) Venda a crédito à Sociedade do Norte, Ldª mercadorias no valor de 5.000.
(2) Venda a crédito à Sociedade Marítima, Ldª mercadorias no valor de 3.000.
Esquematicamente os lançamentos a efectuar seriam:

D 4.1.1 – Clientes C/C C D 7.1.1 – Vendas Mercadorias C


(1) 5.000 (1) 5.000
(2) 3.000 (2) 3.000

Razão Auxiliar

D 4.1.1.1–Sociedade Norte, Ldª C Os movimentos verificados na conta de


Razão Geral, são efectuados na respectiva
(1) 5.000 conta nominativa do Razão Auxiliar.
_____________________________________________________________________________ 46
D 4.1.1.2-Sociedade Marítima, Ldª C

(2) 3.000

O Razão Auxiliar de Clientes é também chamada muitas vezes livro de contas


correntes ou ficheiro de clientes, uma vez que manualmente os movimentos nas
contas individuais de cliente podem ser efectuados em fichas apropriadas,
denominadas contas-correntes.

7.5.4 DEVEDOR – ESTADO


A conta 4.4. Devedor Estado, é utilizada para registar os créditos sobre o Estado
que resultem de factos em que o mesmo intervenha como tal, como por exemplo,
no caso de impostos ou subsídios.

Não deverão ser englobados nesta conta os valores que resultem de factos ou
transacções em que as entidades públicas actuem como qualquer entidade como
sucede, por exemplo, quando se adquirem bens ou serviços ao Estado que
resultem de actividade produtiva.

7.5.5 TITULOS NEGOCIÁVEIS


São incluídas na conta 3.1. Títulos negociáveis, as aplicações de tesouraria,
isto é, de excedentes de caixa, em títulos de crédito, transaccionáveis com
facilidade, em virtude da existência de um mercado organizado, normalmente
através de uma Bolsa de Valores. Para além desta possibilidade de transacção
deverá existir a intenção de converter estas aplicações em numerário, a curto
prazo, isto é, dentro de menos de 1 ano, pois caso contrário deverão ser incluídos
na conta 3.1 – Investimentos Financeiros.

Estas aplicações como se disse, muito vulgares nas economias mais


desenvolvidas são alternativas, para aplicação dos excedentes de tesouraria,
normalmente mais compensadoras, que os depósitos a prazo. No entanto,
exigem cuidados muito maiores na sua gestão especial, quando se trata de
aplicações em acções.

Os rendimentos produzidos por estas aplicações devem ser creditados na conta


7.8 – Proveitos e Ganhos Financeiros, em subconta adequada, por contrapartida

_____________________________________________________________________________ 47
da conta 1.2.1 Depósitos à Ordem ou 1.1 – Caixa consoante a forma do
recebimento.

7.5.6 OUTROS DEVEDORES


Deverão registar-se na conta 4.5 – Outros devedores os movimentos com
terceiros que não estejam abrangidos nas outras contas específicas desta
categoria.

Esta conta apresenta portanto um carácter residual devendo, criar-se subcontas


adequadas para controlar as diversas situações.

_____________________________________________________________________________ 48
7.5.7 ACRÉSCIMO E DIFERIMENTOS
Integram-se na conta 4.9. Acréscimo de Proveitos e Custos Diferidos, as
despesas contabilizadas e pagas no exercício e que dizem respeito ao exercício
ou exercícios futuros e as receitas do exercício a serem colectadas no exercício
ou exercícios seguintes. Trata-se portanto, de uma conta destinada ao registo
dos custos quando haja desfasamentos temporais, entre o seu pagamento e o
período em que devem ser considerados como custos.

7.5.8 EXISTÊNCIAS
Vamos englobar neste capítulo as contas que o Plano Geral de Contabilidade
integra na classe de contas de Meios Circulantes Materiais que são objecto da
actividade da empresa.

As existências constituem um conjunto de bens Activos representando as


mercadorias, matérias-primas e produtos acabados, propriedade de uma
empresa em determinado momento, que as detêm para as utilizar para venda ou
produção de outros bens, no decurso normal do seu negócio. Existe uma grande
variedade de situações nesta categoria de bens, o que conta ainda mais
importantes as questões com eles relacionadas. Tais bens, podem ser
classificados em:

Mercadorias: Bens adquiridos para venda, não sendo sujeitos a qualquer


transformação dentro da empresa.

Produtos acabados: Bens produzidos pela empresa, resultantes do seu


processo produtivo que se encontram completamente terminados e portanto,
prontos a serem vendidos.

Produtos em curso: Bens produzidos pela empresa, que se encontram em


processo de fabricação e que portanto, não estejam ainda completamente
finalizados.

Matérias-primas: Bens que não se destinam à venda mas a serem incorporados


no processo.

Matérias auxiliares: Bens utilizados no processo de fabrico, mas que não se


incorporam materialmente nos produtos obtidos. São também designadas como
matérias subsidiárias.

Materiais: Bens que concorrem, pelo seu consumo, de forma indirecta para o
processo produtivo.

_____________________________________________________________________________ 49
Em muitas empresas as existências representam uma parte substancial do total
dos bens Activos, representando uma parte significativa da aplicação de capitais,
pelo que a manutenção de elevados stocks em armazém poderá originar
vultuosos encargos financeiros. Inversamente reduzidas existências poderão
conduzir a faltas de bens, o que poderá conduzir a roturas nos fornecimentos aos
clientes ou no processo produtivo. A adequada gestão de stocks é um ponto
importante na vida de qualquer empresa, o que implica necessariamente a
utilização de adequados procedimentos de controlo contabilístico das mesmas.

A Contabilidade Geral constitui um meio precioso para tais controlos, podendo


utilizar-se dois sistemas diferentes: inventário permanente e inventário
intermitente ou periódico.

INVENTÁRIO PERMANENTE
O sistema de Inventário Permanente exige a criação de um conjunto adequado
de subcontas para proceder aos registos, que se podem padronizar em tipos
diferentes, consoante as contas utilizadas:

Tipo A
Mercadorias
Resultados de vendas
Tipo B
Mercadorias
Vendas
Tipo C
Mercadorias
Vendas
Custo Mercadorias Vendidas
Tipo D
Compras
Mercadorias
Variação de Existências
Vendas
Tipo E
Compras
Mercadorias
Custo Mercadorias Vendidas
Vendas
Para que o sistema de inventário permanente funcione e cumpra as suas
funções, quaisquer que sejam as contas utilizadas, torna-se necessário registar
numa das contas as entradas e saídas de Mercadorias ao seu custo, apurando-
se o respectivo resultado numa conta apropriada.
_____________________________________________________________________________ 50
Exemplo A

A Sociedade Mercantil, Ldª, adquiriu para venda 4.000 kg do produto A nas


seguintes condições:

Preço por kg 125

Despesas de transporte 12.000

Abatimento 32.000

Seguidamente procede à venda de 3.500 kg ao preço de 160, tendo acordado um


abatimento de 35.000.

Utilizando o sistema de Inventário Permanente com as contas de Mercadorias e


Resultados de Vendas os lançamentos a efectuar seriam:

Compra
Mercadorias
a Fornecedores
Aquisição de 4.000 kg de produto A (4000x125) 500.000
Mercadorias
a Bancos
Pagamento de despesas de transporte 12.000
Fornecedores
a Mercadorias
Desconto obtido 32.000

Às mercadorias correspondia a seguinte conta do Razão:

D MERCADORIAS C

a Fornecedores 500.000 de Fornecedores 32.000


a Bancos 12.000

O saldo desta conta que é devedor de 480.000 correspondente às existências do


Produto A que são de 4.000 kg. Verificamos que o seu preço unitário é de 120.

Para se fazer o lançamento da venda é necessário apurar o respectivo resultado,


como segue:

_____________________________________________________________________________ 51
Valor da venda (3500x160) 560.000
desconto 35.000 525.000
Custo das mercadorias vendidas (3500x120) 420.000
105.000

O lançamento a efectuar será:

Clientes
a Diversos
Pela venda de 3500 kg de produto A

a Mercadorias 420.000
a Resultado de vendas 105.000 525.000

A conta de Razão, Mercadorias passará a ser:

D MERCADORIAS C

a Fornecedores 500.000 de Fornecedores 32.000


a Bancos 12.000 de Clientes 420.000

O saldo devedor apresentado, no valor de 60.000, corresponde à existência que


ficou em Armazém ou seja 500 kg ao preço unitário de 120,00.

Se por hipótese, o cliente não aceitasse a recepção de 200 kg e os devolvesse


haveria que fazer a sua reentrada em armazém, anulando o lucro já contabilizado
referente às mercadorias devolvidas. As entradas de mercadorias são a custo,
enquanto o movimento em clientes é ao preço de venda, em esquema:

CONTA MOVIMENTO
Mercadorias Débito: (200x120) 24.000
Clientes Clientes: (200x150) 30.000
Resultados de Vendas Débito: (100x30) 6.000

_____________________________________________________________________________ 52
e o lançamento no diário seria:

Diversos
a Clientes
Devolução de 200 kg do produto A

Mercadorias 24.000
Resultado de vendas 6.000 30.000

Passando os Razões de Mercadorias e Resultado de vendas a apresentarem os


seguintes lançamentos:

DÉBITO MERCADORIAS CRÉDITO

a Fornecedores 500.000 de Fornecedores 32.000


a Bancos 12.000 de Clientes 420.000
a Clientes 24.000

DÉBITO RESULTADO DAS VENDAS CRÉDITO

a Clientes 6.000 de Clientes 105.000

A conta de mercadorias passa a ter um saldo de 84.000 correspondente à


existência de 700 kg a 120 cada.

Como se vê pelo exemplo A, a contabilização em inventário permanente é


complexa exigindo a manutenção permanente do Razão de Mercadorias, quer em
quantidades, quer em valor, para cada mercadoria objecto do comércio da
empresa. Torna-se portanto imprescindível a escrituração do Razão auxiliar ou de
um ficheiro de existências de formato adequado.

Um dos modelos de ficheiro de existências utilizável poderá ser, para as operações


anteriores o do exemplo B

_____________________________________________________________________________ 53
Exemplo B - Ficha de Existências
Entrada Saída Existências
Data Movimento
Quant Preço Valor Quant Preço Valor Quant Preço Valor

Aquisição 4.000 117 468.000 4.000 117 468.000

Transporte 12.000 4.000 120 480.000

Venda 3500 120 420000 500 120 60.000

Devolução 200 120 24.000 700 120 84.000

No exemplo B, apresenta-se a ficha de mercadorias com os movimentos do exemplo A

Verifica-se por este pequeno exemplo, que a valorização das existências é da mais alta
importância, dela dependendo, quer as importâncias a inscrever nos resultados, quer as
que se inscrevem na respectiva rubrica de balanço.

Como critério básico e obedecendo à determinação do princípio do custo histórico as


entradas deverão ser valorizadas ao seu preço de custo, englobando, não apenas, os
valores acordados a título de preço como a dedução de quaisquer descontos comerciais
obtidos, mas adicionando os encargos adicionais como despesas de transporte, seguros,
direitos aduaneiros, etc.

No que diz respeito às saídas, e aos stocks detidos, embora se mantenha sempre o
princípio de custo histórico poderão utilizar-se diferentes critérios que, satisfazendo o
referido princípio do custo histórico conduzem a valores diferentes.

No exemplo anterior utilizou-se um dos critérios mais difundidos, o custo médio,


recalculado após cada entrada. Apesar de largamente utilizado não é o único. Vamos
seguidamente estudar os mais importantes:

CUSTO ESPECÍFICO
Cada bem é avaliado individualmente e independente dos outros da mesma
categoria, pelo seu custo total isto é, pelos encargos totais que lhe sejam
directamente imputáveis. É de aplicação difícil, sendo utilizado apenas por alguns
ramos de actividade, nomeadamente, ourivesarias, comércio de automóveis,
barcos, isto é, quando se está perante artigos de elevado valor unitário.

CUSTO CRONOLÓGICO DIRECTO – FIFO (FIRST IN FIRST OUT).


As mercadorias são divididas em lotes, correspondendo a cada lote um preço de
custo específico.

_____________________________________________________________________________ 54
As saídas são dadas ao preço dos lotes mais antigos até os mesmos se
esgotarem pelo que as existências aparecem no Balanço, valorizadas ao preço
das entradas mais recentes.

CUSTO CRONOLÓGICO INVERSO – LIFO (LAST IN FIRST OUT).


Tal como no critério anterior as mercadorias são divididas em lotes,
correspondendo cada lote a um preço de custo específico.

As saídas são dadas ao preço dos lotes mais modernos pelo que as existências
aparecem no Balanço valorizadas ao preço dos custos das entradas mais
antigas.

CUSTO MÉDIO
O preço unitário das existências é determinado pela média ponderada do preço
de compra e do preço dos stocks existentes em armazém, no momento de cada
entrada. Rigorosamente o custo médio deve ser recalculado após cada entrada.
De notar que as saídas não alteram o custo médio, permanecendo o mesmo
constante entre duas entradas sucessivas.

Todos os critérios anteriores respeitam o princípio do custo histórico, no entanto


normalmente conduzem a resultados diferentes.

A utilização do tipo A, do sistema de inventário permanente, movimentando


apenas as contas de Mercadorias e Resultados de Vendas, não nos dá a
informação suficiente para a elaboração dos contas anuais, onde é preciso incluir
o valor do custo das vendas e o total das mesmas.

Os tipos mais complexos visam responder a essas diferentes necessidades de


informação, constituindo os dois últimos tipos D e E, os mais completos deste
ponto de vista. Neste último tipo movimentam-se as seguintes contas:

Compras
Destinada a apurar para cada compra o respectivo custo. Debita-se pelas
compras e despesas de compras imputáveis às mesmas e creditam-se pelas
devoluções e abatimentos e pelas entradas em armazém, isto é, pelas
transferências para a conta de Mercadorias. Esta conta deve estar
permanentemente saldada após a conclusão de cada operação.

Mercadorias
Debitada pelas entradas em armazém, transferências de compras e
devolução de clientes e creditada pelas saídas de armazém resultante de
vendas ou abates. Todos os movimentos são realizados ao custo, utilizando

_____________________________________________________________________________ 55
um dos critérios de valorização definidos atrás. O seu saldo representa o valor
das existências em armazém.

Custo de Mercadorias Vendidas

Debitada por contrapartida de Mercadorias vendidas ao respectivo custo.


Eventualmente, é creditada pelas devoluções de clientes. O seu saldo
representa em qualquer momento, o custo das mercadorias vendidas até ao
momento.

Vendas

Regista a crédito, por contrapartida de clientes, o valor das vendas


efectuadas. Esporadicamente, pode ser debitada em virtude de devoluções
de clientes ou abatimentos. O resultado bruto das vendas é dada pela
diferença entre o saldo desta conta e o saldo devedor da conta de Custo das
mercadorias vendidas, enquanto a conta de Mercadorias dá o valor das
existências que vai figurar no balanço.

_____________________________________________________________________________ 56
Exemplo C:
Contabilização das operações do exemplo A utilizando o critério de valorização
do custo médio e o sistema de Inventário Permanente com as contas Compras,
Mercadorias, Custo de Mercadorias Vendidas e Vendas.

1 Compras
a Fornecedores
Aquisição de 4000 kg de produto A (4000x125) 500.000
2 Compras
a Bancos
Pagamento de despesas de transporte 12.000
3 Fornecedores
a Compras
Desconto obtido na compra de A 32.000
4 Mercadorias
a Compras
Transferência de 4000kg de A a 120 480.000
5 Clientes
a Vendas
Venda de 3500 kg de A a 150 525.000
6 Custo de mercadorias vendidas
a Mercadorias
Custo de Venda de 3500 kg de A a 150 420.000
7 Vendas
a Clientes
Devolução de 200 kg de A a 150 30.000
8 Mercadorias
a Custo de mercadorias vendidas
Devolução de 200 kg de A a 120 24.000
9 Compras
a Fornecedores
Aquisição de 5000 kg de produto A (4000x131,4) 657.000
10 Mercadorias
a Compras
Transferência de 5000kg de A a 131,4 657.000
11 Clientes
a Vendas
Venda de 200 kg de A a 155 310.00
12 Custo das mercadorias vendidas
a Mercadorias
Custo de Venda de 2000 kg de A a 130 260.000
13 Clientes
a Vendas
Pela Venda de 1000 kg de A a 156 156.000
14 Custo das mercadorias vendidas
a Mercadorias
Venda de 1000 kg de A a 130 130.000

_____________________________________________________________________________ 57
No Razão Geral teríamos (apenas as contas pertinentes):

Débito COMPRAS Crédito Débito MERCADORIAS Crédito

(1) 500.000 (3) 32.000 (4) 480.000 (6) 420.000

(2) 12.000 (4) 480.000 (8) 24.000 (12) 260.000

(9) 657.000 (10) 657.000 (10) 657.000 (14) 130.000

Débito VENDAS Crédito Débito CT. MERC. VEND. Crédito

(7) 30.000 (5) 525.000 (6) 420.000 (8) 24.000

(11) 310.000 (12) 260.000

(13) 156.000 (14) 130.000

Notar que os saldos das contas movimentadas são:

Compras: Saldo nulo

Mercadorias: 351.000 – Correspondente a 2.700kg a 130

Vendas: 961.000 – Correspondente ao valor das vendas líquidas de


devoluções realizadas no período.

Custo Mercadorias Vendidas: 786.000 – Correspondente ao custo das


mercadorias vendidas.

O resultado bruto destas vendas obtém-se deduzindo ao valor das vendas o


respectivo custo, o que nos conduz a 175.000. A apresentação da Demonstração
de Resultados incluirá:

DÉBITO DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS CRÉDITO

Custo das Vendas de


6.1.1 Mercadorias Vendidas
786.000 7.1.1 Mercadorias
961.000

_____________________________________________________________________________ 58
INVENTÁRIO INTERMITENTE
Estudamos, nos parágrafos anteriores, o funcionamento do registo de existências
pelo sistema de inventário permanente, em que se controlam detalhadamente
todos os movimentos relativos às existências sendo possível a qualquer momento
determinar o valor das vendas, o seu custo, as existências em armazém e o
respectivo resultado bruto.

O sistema de inventário intermitente não permite, tais informações de modo


permanente. Neste caso o valor dos stocks em armazém e dos resultados
apurados, só é determinada através de inventariações directas (contagem física)
das quantidades em armazém, efectuadas periodicamente quando se pretende
encerrar as contas.

Ainda que o sistema de inventário permanente seja mais informativo a


complexidade crescente das transacções torna-o impraticável em muitas
situações pelo que poderemos, sem receio de errar, dizer que o sistema de
inventário intermitente é o de uso mais generalizado.

Quando o sistema de inventário intermitente é utilizado, usam-se normalmente as


três contas seguintes.

Compras: Debitada pelas compras efectuadas. O seu saldo representa o valor


acumulado das compras.

Mercadorias: Cujo saldo representa o valor das existências conforme o último


balanço e que só se movimenta no processo de apuramento de resultados.

Vendas: Que regista as vendas efectuadas. O seu saldo credor representa o


valor acumulado das vendas.

Quer se utilize ou não o sistema ou ficheiro autónomo para controlar as


existências em armazém, através dos registos das entradas e saídas, a
determinação do valor das existências no final do período é efectuado através de
uma contagem física.

Após a contagem procede-se à valorização das existências de acordo com o


critério utilizado pela empresa, obtendo-se a Existência em armazém.

O custo das mercadorias vendidas no período obtém-se por diferença:

Existência Inicial + Compras do período – Existência final procedendo-se


aos lançamentos necessários para apuramento de resultados.

_____________________________________________________________________________ 59
Os principais critérios de valorização de stocks são os mesmos que já
estudamos, na movimentação das existências em sistemas de inventário
permanente ou seja: custo específico, FIFO, LIFO, e custo médio.

Todos estes critérios se baseiam no custo histórico que em circunstâncias bem


determinadas poderão ser aceites.

Após realização do inventário físico e de se ter determinado o valor das


existências utilizando o critério valorimétrico adequado deverão proceder-se aos
lançamentos de apuramento de resultados de acordo com o seguinte esquema
de movimentação:

D MERCADORIAS C D COMPRA MERCADORIAS C


Saldo inicial,
Saldo no final do
representa a
ano, representa as
existência no início
compras do ano
do ano (2)
(1)
D CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS C

(3)

(1) Transferência do saldo inicial.

(2) Transferência total das compras anuais.

(3) Transferência para Mercadorias do valor das existências finais. O saldo


desta conta após estes movimentos representa o custo das mercadorias
vendidas o qual será transferido para Resultados.

7.5.9 MEIOS IMOBILIZADOS


As imobilizações podem aparecer-nos classificadas em dois grandes grupos:

Imobilizações técnicas; e

Imobilizações de rendimento.

IMOBILIZAÇÕES TÉCNICAS
Compreendem os bens utilizados directamente no desenvolvimento da actividade
da empresa, representando o conjunto dos fundos investidos com características
de permanência. Podem ser de natureza corpórea, temos então o imobilizado
corpóreo como, terrenos, edifícios e equipamentos, ou natureza incorpórea,
_____________________________________________________________________________ 60
serão o imobilizado incorpóreo como por exemplo, gastos de instalação,
alvarás, patentes e marcas ou despesas de investigação e desenvolvimento.

IMOBILIZADO CORPÓREO: VALOMETRIA E AMORTIZAÇÃO.


Os meios imobilizados corpóreos, qualquer que seja a sua natureza devem ser
valorizados ao custo de aquisição ou no caso de bens produzidos internamente
pela empresa, ao custo efectivo de produção.

Quando se adquire um bem do imobilizado corpóreo, o que adquire de facto é a


utilidade resultante da sua utilização durante um determinado período de tempo
durante o qual se poderá utilizar esse bem, para produzir outros bens, é limitado
e é denominado pelos contabilistas de vida útil, ou económica do bem. Na
determinação deste período deve ter-se em conta, não só o intervalo de tempo
em que o bem está em condições físicas de operação, vida física, mas também
a perda de valor em virtude da sua obsolescência, resultantes de inovações
tecnológicas. No geral, a vida útil ou económica é bastante mais curta que a vida
física.

A operação contabilística que consiste em registar a perda de valor do bem e a


correspondente imputação ao custo do exercício chama-se amortização.

O desgaste e consequente perda de valor dos meios imobilizados provêm de


duas causas principais: causas independentes do uso e proporcionais ao tempo
decorrido resultante da acção normal do tempo e obsolescência natural e causas
provocadas pelo uso, tanto mais acentuadas quanto mais intenso for este.

Estes casos levam a que dependendo do maior ou menor peso dado a cada uma
dessas causas, existam diversos critérios para fazer o registo da perda de valor
dos bens imobilizados e da correspondente imputação aos custos do exercício ou
período contabilístico.

Quotas Constantes
Com este critério o custo anual é igual ao custo do bem deduzido de qualquer
eventual valor residual dividido pelo número de anos previstos de vida útil. A
grande vantagem deste método é a sua grande simplicidade sendo aconselhável
para os bens industriais com tecnologia estável, para o mobiliário, edifícios e
outros de natureza semelhante.

Tem como principal inconveniente não levar em conta a perda de produtividade


dos bens provocados pelo seu envelhecimento e a necessidade das despesas de

_____________________________________________________________________________ 61
manutenção e conservação serem crescentes com a idade do equipamento. No
entanto, apesar destas reticências, é o critério mais utilizado.

Quotas variáveis decrescentes


De acordo com este método as quotas de amortização são mais elevadas nos
primeiros anos de vida, vindo a decrescer progressivamente até ao final da
respectiva vida útil, com o objectivo de levar em conta a perda de valor do bem
mais rápida nos primeiros anos de vida e que serão compensadas com maiores
custos de manutenção e conservação nos últimos anos de vida. Este critério
pode ser atingido, utilizando dois métodos, a chamada amortização acelerada e
o método dos dígitos.

De acordo com o método da amortização acelerada, utiliza-se uma taxa de


amortização que será um múltiplo, por exemplo o dobro, da que se utilizaria no
método das quotas constantes. Esta taxa aplica-se, ano após ano, não ao custo
original, mas sim ao valor líquido contabilístico, isto é ao valor de custo menos as
amortizações já efectuadas, não se considerando normalmente, nenhum valor
residual.

Outro método que tem sido utilizado para atingir o objectivo das quotas
decrescentes é o chamado método dos dígitos. De acordo com este método os
números de anos de vida útil são adicionados para construir o denominador de
uma série de fracções usadas para imputar as amortizações anuais durante o
respectivo período de vida útil.

Quotas com base na utilização


Com este método as quotas são proporcionais à utilização dos bens, a qual pode
ser calculada utilizando o tempo (horas) de laboração ou, alternativamente, as
unidades de produto produzidas. Quer num caso quer noutro, leva-se em conta o
facto de a utilização mais intensiva de um bem de equipamento, como por
exemplo camiões e máquinas, conduzir a uma desvalorização superior e tanto
quanto maior for a sua utilização.

Estes métodos levam melhor em consideração o benefício obtido com a utilização


dos equipamentos, fazendo com que o custo de depreciação por unidade
produzida seja constante, enquanto a dotação anual é variável, enquanto no
método de quotas constantes, o montante anual da amortização e o valor
imputável a cada produto é variável, dependendo do número de unidades
produzidas.

_____________________________________________________________________________ 62
Vimos até aqui os diversos critérios para se efectuar o cálculo das quotas de
amortizações. Após este cálculo há que proceder ao seu registo contabilístico
que habitualmente se realiza no momento de encerramento das contas, mensal,
semestral, ou anual. Este lançamento pode efectuar-se utilizando dois métodos.

O primeiro muito pouco utilizado, consiste em registar directamente a crédito da


conta dos bens imobilizados por contrapartida da respectiva conta de custo a
respectiva amortização, chama-se método directo. Tem a vantagem da sua
simplicidade, pela facilidade de registo, mas tem como principais inconvenientes
não permitir conhecer o valor da aquisição dos bens imobilizados, nem o
montante das amortizações efectuadas, uma vez que o saldo da conta de
imobilizado corresponde apenas ao respectivo valor líquido contabilístico.

A consideração destes inconvenientes levou a criação de um segundo método


chamado método indirecto, que consiste na criação de uma conta de
Amortizações Acumuladas, onde são registadas periodicamente e acumuladas as
amortizações, permanecendo intacta a correspondente conta dos meios
imobilizados. Aparecem assim relacionadas com os bens imobilizados, uma conta
com o saldo devedor representando o custo dos bens respectivos e uma conta
com saldo credor, amortizações Acumuladas, que corresponde ao valor das
amortizações efectuadas.

Exemplo – Amortizações

A sociedade Mercantil Ldª adquiriu um automóvel cuja vida útil está estimada em
5 anos, utilizando-se para registo das amortizações o método das quotas
constantes.

Os lançamentos de aquisição e de amortização referentes ao primeiro ano seriam

Equipamentos de transporte
a Fornecedores
Aquisição de uma viatura 2.000.000

No final do ano pela amortização de 400.000


Amortização do exercício
a Amortização de Equipam. de Transporte
Amortização anual 400.000

_____________________________________________________________________________ 63
A apresentação no Balanço viria assim:

ACTIVO
MEIOS IMOBILIZADOS
Equipamento de Transporte 2.000.000
Amortização acumulada 400.000
1.600.000

No caso de se utilizar o método directo o lançamento da amortização seria

Amortizações do exercício
a Equipamento de transporte
Amortização anual 400.000

A apresentação no Balanço viria assim:

ACTIVO
MEIOS IMOBILIZADOS
Equipamento de Transporte 1.600.000

IMOBILIZADO INCORPÓREO: VALOMETRIA E AMORTIZAÇÃO

Consideramos bens imobilizados incorpóreos ou, como por vezes se diz, bens
imobilizados intangíveis, aqueles que não possuindo existência física, são úteis
para a entidade económica em virtude dos direitos específicos que a sua
propriedade confere.

Os bens imobilizados incorpóreos incluem, bens e direitos como patentes, direitos


industriais, marcas, nomes de estabelecimentos, processos de fabricação e por
vezes despesas de constituição, arranque e expansão. Estes bens intangíveis
tanto podem ter aquisição externa, como desenvolvidos internamente, como no
caso de patentes e processos de fabrico. A sua propriedade confere alguns
direitos de exclusividade e dão benefícios futuros para a actividade da empresa.

A aquisição destes bens deve ser contabilizada ao custo. Tal como no caso dos
bens do imobilizado corpóreo, os respectivos custos devem ser cuidadosamente
registados nas contas respectivas para permitir o seu controlo e a contabilização
subsequente.

_____________________________________________________________________________ 64
Tal como nos bens corpóreos, o custo dos bens do imobilizado incorpóreo devem
ser amortizados sistematicamente , de modo a imputar a totalidade do seu custo,
a resultados, durante o período de vida útil estimada.

Contrariamente ao que sucede com os bens do imobilizado corpóreo que devem


ser mantidos nas contas, mesmo após totalmente amortizados, desde que
continuem ao serviço, é prática adequada retirar os bens do imobilizado
incorpóreo, nos períodos seguintes à sua total amortização.

IMOBILIZAÇÕES DE RENDIMENTO
Esta categoria, também denominada de imobilizações financeiras, abrange as
aplicações efectuadas em bens que visam a obtenção de um rendimento ou
controlo de outras empresas.

Constituem exemplos de imobilizações deste tipo os valores utilizados para a


aquisição de partes de capital noutras empresas, as aquisições de obrigações,
alguns investimentos em edifícios com objectivo de se obterem rendas etc.

IMOBILIZADO FINANCEIRO
São englobados nestas contas as aplicações financeiras de carácter permanente,
em especial as participações em partes de capital. Quando estas participações
são para serem detidas apenas temporariamente estas devem ser contabilizadas
na conta de títulos negociáveis englobada na classe das disponibilidades.

7.5.10 EMPRÉSTIMOS OBTIDOS


De um modo geral consideram-se empréstimos os meios líquidos
temporariamente obtidos pelas empresas, com vista a suprir deficiências de
tesouraria ou financiar projectos de desenvolvimento e expansão. Podemos
assim classificar os empréstimos em duas categorias fundamentais:

Empréstimos de funcionamento
Os que tem como finalidade suprir insuficiências de tesouraria resultantes da
actividade corrente.

São normalmente obtidos a curto prazo, isto é, por períodos inferiores a um ano.

Empréstimos de financiamento
Os que têm como finalidade financiar projectos de investimento da empresa,
nomeadamente a aquisição de novos equipamentos. Dada a sua finalidade são
obtidos a médio e longo prazo, isto é, com vencimentos superiores a um ano.
Normalmente, sobretudo nos empréstimos com prazos de reembolso mais longos
os bancos credores exigem garantias reais ou pessoais que podem revestir a

_____________________________________________________________________________ 65
forma de hipotecas, penhores ou fianças. Temos então empréstimos com
garantia ou caucionados em contraposição a empréstimos sem garantia.

Exemplo
Em 1 de Outubro de 2003, a Sociedade Mercantil, Ldª negociou com o Banco
Nacional a contratação de um empréstimo no valor de 100.000.000 pelo período
de 5 anos para ampliação de seu armazém, com juros pagos semestralmente no
final de cada semestre à taxa de 20%. A primeira prestação de amortização de
capital realizar-se-á ao fim de 18 meses.

Os lançamentos serão:

Bancos
a Empréstimos bancários para investimento
Obtenção de um empréstimo no Banco Nacional 100.000.000

No encerramento das contas de 2003, cálculo de juros


Juros = (Capital x Taxa x Período)/120 (100.000.000 x 20% x 3)/120 5.000.000

Custos e Perdas financeiras


a Acréscimo de Custos e Proveitos Diferidos
Juros do exercício de 2003 do empréstimo do BN 5.000.000

No dia 1 de Abril de 2004, pelo pagamento de juros no valor de 10.000.000

Diversos
a Bancos
Pagamento de juros
Acréscimo de Custos e Proveitos Diferidos 5.000.000
Custos e Perdas financeiras 5.000.000

De notar, que metade dos juros tinham sido considerados como custo de 2003,
pelo lançamento anterior, realizado em 31 de Dezembro.

7.5.11 FORNECEDORES
A conta 4.3 – Fornecedores, destina-se a registar todos os movimentos com
terceiros que se situam perante a empresa na posição de fornecedores de bens
ou serviços. Consideram-se nesta categoria todas as entidades, a quem a
empresa tenha adquirido mercadorias, bens ou serviços, sem que tivesse
efectuado de imediato o seu pagamento.

_____________________________________________________________________________ 66
Trata-se de uma conta do passivo pelo que o seu saldo será credor e
representará o montante das dívidas da empresa a estas entidades. Na sua
movimentação deverá, portanto, ser creditada pelos aumentos de extensão, isto
é, quando se contraem as dívidas no momento de aquisição dos bens ou serviços
e debitadas pelas diminuições isto é, quando se procede aos pagamentos
respectivos. Em resumo:

Credita-se por:

Saldos iniciais

Facturas de Fornecedores

Notas de débito de fornecedores

Debita-se por:

Pagamentos

Notas de crédito de fornecedores

Devoluções de compras.

7.5.12 FORNECEDORES CONTA CORRENTE


Esta conta, à semelhança da conta de clientes, tem a necessidade de ser
controlada nominalmente, para cada entidade fornecedora. Para isto é necessária
a existência de um razão auxiliar de contas correntes que deve ser movimentado
simultaneamente com a movimentação desta subconta do Razão Geral.

7.5.13 CREDOR – ESTADO


São englobados na conta 4.4. Estado as dívidas ao Estado resultantes de
situações em que o estado intervenha na sua condição de entidade soberana em
especial no caso dos impostos.

7.5.14 ACRÉSCIMO DE CUSTOS E PROVEITOS DIFERIDOS


De acordo com o Plano Geral de Contabilidade a conta 4.9 – Acréscimo de
Custos e Proveitos diferidos, engloba os registos dos factos patrimoniais
respeitantes a duas naturezas distintas. Uma primeira, que diz respeito, às
receitas (proveitos) contabilizadas no exercício mas que dizem respeito a
exercícios futuros, normalmente o seguinte, e que são denominadas de
Proveitos diferidos. Uma segunda diz respeito, a custos a registar no exercício
mas para as quais não se possui ainda documentação vinculativa, estamos então
perante Acréscimos de Custos.

_____________________________________________________________________________ 67
7.5.15 CAPITAL E FUNDOS PRÓPRIOS
De acordo com o Plano Geral de Contabilidade estão incluídos nesta classe as
contas representativas dos capitais próprios da empresa ou entidade, também
por vezes denominada de Situação Líquida. Diz o referido plano o seguinte:

“Fundos Próprios – Conjunto dos financiamentos que foram afectos a empresa


pelos seus sócios, accionistas ou proprietários no caso das empresas privadas,
ou pelo Estado, no caso das empresas do Estado, sem natureza de créditos e,
por conseguinte, sem reembolso pré-estabelecido.

Vamos seguidamente debruçar-nos em especial sobre as contas de Capital e


Reservas.

7.5.16 CAPITAL
A conta 5.1 – Capital, abrange nas sociedades o valor nominal das acções ou
partes sociais sendo o capital um valor fixo.

Tem especial interesse para este nosso curso a consideração das sociedades
devido à sua importância como forma de organização da actividade comercial e
industrial.

Na prática as sociedades resultam da reunião de duas ou mais pessoas que


celebram entre si um contrato – o contrato social – com o objectivo de
realizarem determinado fim. No caso das sociedades comerciais esse fim é
caracterizado pela existência de um intuito lucrativo que pretendem prosseguir e
para tal, entram para a mesma sociedade com dinheiro e outros bens, que vão
constituir o seu capital.

O contrato de sociedade deve ser celebrado por escritura pública e dele devem
constar os nomes dos sócios fundadores, o capital social, o tipo de sociedade, a
firma da sociedade, a sede, bem como outros aspectos que os sócios pretendam
acordar relativamente ao modo de organização da sociedade, desde que não
contrariem as disposições legais.

A conta Capital credita-se pela sua constituição e respectivos aumentos,


permanecendo normalmente inalterada.

_____________________________________________________________________________ 68
Exemplo: António Silva e José Costa decidiram constituir uma sociedade por
quotas para explorar uma carpintaria tendo decidido adoptar a firma de
Carpintaria Moderna Ldª.

✓ Da escritura de constituição constam entre outros os seguintes elementos:

✓ Capital Social de 5.000 contos divididos em duas quotas iguais.

✓ Realização imediata, de 50% do valor de cada quota, devendo o restante


ser realizado no prazo de 2 anos.

Os lançamentos a efectuar serão:

Subscrição de Capital
Subscritores de Capital
a Capital
Pela subscrição de capital
António Silva 2.500
José Costa 2.500 5.000

Pela entrada dos sócios

Caixa
a Subscritores de Capital
Pelas entregas relativas a realização do capital
António Silva 1.250
José Costa 1.250 2.500

O Balanço inicial será:

Carpintaria Moderna, Ldª - Balanço de Abertura

ACTIVO PASSIVO + FUNDOS PRÓPRIOS

1. MEIOS CIRCULANTES FINANCEIROS 5.CAPITAL E FUNDOS PRÓPRIOS


1.1 CAIXA 2.500 5.1 CAPITAL 5.000
1.6 OUT.DEVEDORES 2.500 5.000
5.000 5.000

_____________________________________________________________________________ 69
7.5.17 RESERVAS
As contas de Reservas são contas de Situação Líquida ou fundos próprios, e
destinam-se, no geral a registar, os lucros não distribuídos aos sócios. A
constituição de Reservas pode ser imposta por lei, temos então Reservas Legais,
pelos Estatutos, Reservas Estatutárias ou livremente constituídas, as chamadas
Reservas Livres.

7.5.18 CONTA DE CUSTOS


Vimos no início deste nosso curso a necessidade de determinar os resultados
pela compilação, dos diferentes aumentos e diminuições de património. Esta
compilação tem-se tornado cada vez mais importante pelas necessidades
crescentes de utilização da informação contabilística, como instrumento básico da
gestão. Efectivamente o planeamento da actividade, o seu controlo e a tomada
diária de decisões de gestão são cada vez mais baseados em dados compilados
pela contabilidade.

As contas de custos deverão permitir o fornecimento de uma adequada


informação, tanto interna como externa. Para além das obrigatoriamente
impostas, o número e natureza dessas contas dependerão da dimensão da
empresa, do sector de actividade em que se insere, das necessidades de gestão
e da informação a prestar ao exterior.

A classificação de custos adoptada pelo Plano Geral de Contabilidade visa o


agrupamento dos custos, tendo em vista a sua natureza, como por exemplo
custos com o pessoal, fornecimentos e serviços de terceiros, etc.

CUSTOS DOS MEIOS CIRCULANTES MATERIAIS VENDIDOS


A conta 6.1 – Custo dos meios circulantes materiais vendidos ou
consumidos, representa tanto no sistema de inventário permanente, como no
sistema de inventário intermitente, o valor da saída das existências por integração
no processo produtivo ou por venda.

CUSTOS COM O PESSOAL


Registam-se na conta 6.2 – Custos com o Pessoal, todas as quantias que
forem entregues aos trabalhadores, como contrapartida do trabalho ou em
relação com o vínculo contratual de trabalho com eles mantidos.

FORNECIMENTOS E SERVICOS DE TERCEIROS


Registam-se na conta 6.3 – Fornecimentos e Serviços de terceiros, todas as
aquisições de meios materiais que se destinam ao consumo imediato ou no

_____________________________________________________________________________ 70
exercício, como por exemplo, a água, a energia, os combustíveis, etc. que pela sua
natureza ou decisão de gestão, não sejam mantidos em armazém, caso em que
serão controlados através das contas de existências e respectivas contas de
consumos. Igualmente, regista um conjunto bastante diversificado de operações
relativas à aquisição de serviços perante terceiros, como por exemplo, despesas
de representação, comunicação, seguros, transportes, etc.

IMPOSTOS E TAXAS
São registadas na conta 6.4 – Impostos e taxas, todos os impostos e taxas, que
são encargos de empresa. Nestas circunstâncias exceptuam-se os impostos que
incidem sobre os lucros como o IRPC. Também não devem incluir nesta conta
quaisquer impostos pagos pela empresa, mas que sejam devidos por terceiros
nomeadamente a trabalhadores.

AMORTIZAÇÕES DO EXERCICIO
São registadas na conta 6.5 – Amortizações do exercício, as depreciações das
imobilizações corpóreas e incorpóreas atribuídas ao exercício, de acordo com a
política contabilística definida pela empresa.

As quotas de amortização são calculadas com base anual ou base mensal por
um dos métodos estudados no capítulo dos meios imobilizados.

CUSTOS E PERDAS FINANCEIRAS


Registam-se na conta 6.7 – Custos e Perdas financeiras, a totalidade dos
custos relacionados com a utilização de capital alheio, quer na forma de
empréstimo ou desconto de letras através dos bancos, quer na forma de
prolongamento dos prazos de pagamento aos fornecedores.

7.5.19 CONTA DE PROVEITOS


A classe 7. – Contas de Proveitos, é utilizada para registar, classificados por
natureza, os proveitos da empresa que digam respeito à exploração.

VENDA DE MEIOS CIRCULANTES MATERIAIS


Registam-se na conta 7.1 – Vendas de meios circulantes materiais, os valores
das vendas efectuadas, os quais se basearão no valor inscrito das facturas tendo
em atenção o respectivo preço de venda, o imposto de consumo, os descontos
de devoluções efectuadas, devendo ser creditada pelo montante das vendas e
debitada ou seja deduzida, pelas devoluções ou descontos.

_____________________________________________________________________________ 71
VENDA DE SERVIÇOS
Registam-se na conta 7.2 – Vendas de serviços, os trabalhos e serviços
prestados pela empresa que sejam próprios do seu objecto social. Poderá
eventualmente integrar materiais aplicados no caso de estes não serem
facturados separadamente. Por exemplo nas empresas de construção civil e em
reparações de máquinas ou viaturas, muitas vezes, os serviços incluem para
além do serviço em si, valores importantes de materiais incorporados.

INVESTIMENTOS REALIZADOS PELA PRÓPRIA EMPRESA


Em muitos casos, as empresas durante o processo de investimento em meios
imobilizados, para além dos que são adquiridos externamente, utilizam meios
próprios, pessoal, energia e materiais para a construção desses meios
imobilizados. São trabalhos que a empresa realiza para si mesma, sob sua
administração directa, aplicando meios próprios.

Estes meios próprios estão registados como custos nas respectivas contas de
custos por natureza. O valor dos trabalhos realizados deve ser controlado
mediante ficha de obra. Após a conclusão da obra, o seu valor deverá ser
debitado na respectiva conta de imobilizado, creditando-se a conta 7.3 –
Investimentos realizados pela própria empresa.

PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS


São incluídos na conta 7.8 – Proveitos e Ganhos financeiros os proveitos de
natureza financeira tais como juros obtidos, dividendos recebidos relativos a
participações financeiras, desconto de pronto pagamento obtidos ou diferenças
de câmbio favoráveis.

7.5.20 BALANÇO ANUAL E DEMOSTRAÇÃO DE RESULTADOS


Como se sabe a vida das empresas estende-se por períodos longos. Já vimos ao
tratarmos dos princípios contabilísticos, da necessidade de se efectuar, para
efeitos contabilísticos, a sua periodização, considerando períodos de igual
extensão. Estes períodos, para os quais se preparam contas, podem ter qualquer
extensão como o mês, o trimestre, ou o ano. Destes sem dúvida, em especial
para efeitos externos, o ano é o mais utilizado.

Já vimos durante este nosso curso que os documentos mais importantes, que
são apresentados, no decurso da preparação das contas são o Balanço e a
Demonstração de Resultados.

_____________________________________________________________________________ 72
O primeiro mostra-nos uma visão estática do património da entidade no momento
da sua preparação, enquanto a segunda mostra-nos para o período de
preparação das contas, uma análise comparativa dos custos e proveitos, isto é, o
incremento ou decréscimo do património líquido durante esse período.

Vimos anteriormente, como a partir das transacções as mesmas são registadas


nos livros da empresa e devidamente agrupadas nas respectivas contas. O
Razão passa assim a conter, se não toda, pelo menos a mais importante,
informação de natureza contabilística sobre as transacções efectuadas e sobre
as alterações quantitativas e qualitativas verificadas no património durante o
período em causa.

Esta informação é normalmente resumida mensalmente nos Balancetes, que


como vimos nos dão para todas as contas os movimentos efectuados a débito e
crédito e os respectivos saldos.

Exemplo
Sociedade Comercial do Norte, Ldª
Balancete do Razão Geral em 31 de Dezembro de 2003
MOVIMENTOS ACUMULADOS SALDOS
CONTAS
Débito Crédito Devedor Credor
11 CAIXA 10.000 9.920 80
12 BANCO 230.000 229.400 6000
41 CLIENTES 120.000 90.800 29.200
21 COMPRAS 195.000 195.000
22 MERCADORIAS 2.300 2.300
32 ACTIVOS TANGÍVEIS 2.400 2.400
33 ACTIVOS INTANGÍVEIS 600 600
38 AMORTIZAÇÕES 400 400
42 FORNECEDORES 140.000 160.000 20.000
51 CAPITAL 5.000 5.000
62 GASTOS C/ PESSOAL 12.800 12.800
63 FOR. E SERV. TERC. 1.200 1.200
68 OUT. GASTOS PER. 600 600
69 Ganhos e Perdas Financ. 1.700 1.700
71 VENDAS 220.000 220.000
79 PROV. GANHOS EXT. 1.080 1.080
TOTAL 716.600 716.600 246.480 246.480

Balancetes como o anterior, só muito raramente poderão conduzir directamente


ao Balanço e Demonstração de Resultados. De facto os processos contabilísticos
tal como estudamos até aqui conduzem a que os saldos de algumas contas
_____________________________________________________________________________ 73
necessitem de ser ajustados. Por exemplo se a empresa, não contabiliza
mensalmente as amortizações dos bens imobilizados, terá que no final do ano
fazer a contabilização como parte integrante do processo de preparação das
contas.

8. TRABALHO DE FIM DO EXERCÍCIO


São assim consideradas operações de fim de exercício, o conjunto de
procedimentos contabilísticos não correntes, com vista ao apuramento de
resultados, elaboração do Balanço, demonstração de resultados e demais peças
contabilísticas que façam parte do processo de prestação de contas.

Estas operações têm como ponto de partida o balancete mensal do Razão Geral
e abrangem os seguintes conjuntos de procedimentos:

8.1 EXECUÇÃO DE INVENTÁRIOS


Relativamente às contas, como Caixa, Mercadorias, Matérias-Primas, Produtos
Acabados, etc., que correspondem à detenção na data do Balanço de bens, deve
proceder-se à sua contagem, na referida data. Com base neste inventário,
deverão ser apuradas as diferenças. As quantidades existentes devidamente
valorizadas de acordo com os critérios valorimétricos definidos pela empresa.

8.2 EXECUÇÃO DOS LANÇAMENTOS DE REGULARIZAÇÃO


Com base nos inventários deverão corrigir-se os saldos das diversas contas do
Razão de modo a que estes correspondam à sua real extensão. Os lançamentos
de regularização serão os seguintes:

Lançamentos de registos de diferenças encontradas (diferenças de caixa,


diferenças de saldo de depósitos, quebras ou sobras de existências, abate
de bens imobilizados etc.)

Lançamentos de custos ou proveitos relativos ao exercício mas para os


quais ainda não houve despesa ou receita. Muitas vezes o documento
respectivo, ainda não está disponível pelo que haverá necessidade de
efectuar estimativas adequadas. Temos como exemplos, consumos de
água e energia ainda não facturados, contas de telefone ou rendimentos a
receber, situações já efectuadas nas contas de antecipações Activas e
Passivas.

Lançamentos de rectificação de despesas ou de receitas , já suportadas e


contabilizadas, e que devam ser imputadas ao exercício económico

_____________________________________________________________________________ 74
seguinte. Temos como exemplo prémios de seguro pagos no exercício, e
que parcialmente correspondem ao exercício seguinte, recebimento, por
exemplo de uma renda em Dezembro, respeitante ao mês seguinte,
recebimento adiantado, por conta de serviços a prestar no exercício
seguinte, etc. Estamos perante o conceito de custos diferidos e proveitos
diferidos, igualmente abordados nas respectivas contas.

Lançamentos de constituição reforçam, anulação e reposição de provisões,


isto é, de adequação dos saldos das contas de provisões às necessidades
reais.

Lançamento das amortizações, no caso das quotas anuais, ou rectificações


dos lançamentos quando se lançam mensalmente as amortizações.

Lançamentos relativos ao apuramento do custo das existências vendidas e


consumidas, e da adequação do saldo das contas de existências a figurar
no Balanço, de acordo com os inventários realizados.

Lançamento da estimativa para impostos.

8.3 ELABORAÇÃO DO ‘BALANCETE RECTIFICADO


Após a execução dos lançamentos de regularização deve elaborar-se um novo
balancete. Este balancete que por vezes é designado como Balancete
rectificado, ou antes de apuramento apresenta as contas com os seus saldos
reais estando pronto para se efectuar a fase seguinte, ou seja, a execução dos
lançamentos de apuramento.

8.4 EXECUÇÃO DOS LANÇAMENTOS DE APURAMENTO


A partir do Balancete rectificado, procede-se à transferência para as contas de
resultados da classe 8. – Contas de Resultados, das respectivas contas
subsidiárias. As referidas contas subsidiárias, são as contas da classe 6. –
Contas de custos e da classe 7. – Contas de proveitos, podendo dizer-se que
se pretendem atingir os seguintes objectivos:

Agrupar nas contas principais de resultados os elementos negativos


(custos) e positivos (proveitos) apurando o respectivo resultado.

Fechar as contas de custos e proveitos pois ficarão com saldo nulo após a
referida transferência. De acordo com o Plano Geral de Contabilidade
essa transferência deve realizar-se de acordo com a natureza das
actividades:

_____________________________________________________________________________ 75
Em esquema o sistema de apuramento de resultados previsto no Plano Geral de
Contabilidade é:

_____________________________________________________________________________ 76
Processo de Encerramento das Contas Segundo o PGC

D 61. C.M.C.M.C.V. C D 71. Vendas C

X X

D 62. Custos c/ Pessoal C D 72. Venda Servicos C

X X
D 81. Result. Operacionais C

D 63. Forn.Serv.Terc. C D 73. Inv.real. Empresa C

X X

D 64. Impostos e Taxas C D 74. Subsidios Explor. C

X X

D 65. Amort. Exerc. C D 75. Proveitos Suplement. C

X X

D 66. Provisoes Exerc. C D 76. Out.Prov.Ganh.Oper. C


D 82. Result. Financeiros C
X X

D 67. Out.Custos e P.Oper. C

X
83. Result. Correntes

D 68. Custos e Perd.Financ C D 78.Prov.e Ganhos Financ.C

X X

D 69.Custos e Perd.Ext. C D 84.Result. Extraordin. C D 79. Prov. E Gan.Extraord. C

X X

D 87. Imposto s/Rend. C D 88. Result. Liquidos C

LEGENDA
5.9 Resultados Acumulados
_____________________________________________________________________________ 77
6.1 Custo com Meios Circulantes Materiais Vendidos ou Consumidos
6.2 Custos com o Pessoal
6.3 Fornecimentos e Serviços de Terceiros
6.4 Impostos e Taxas
6.5 Amortizações do Exercício
6.6 Provisões do Exercício
6.7 Outros Custos e Perdas Operacionais
6.8 Custos e Perdas Financeiras
6.9 Custos e Perdas Extraordinárias
7.1 Vendas de Meios Circulantes Materiais
7.2 Venda de serviços
7.3 Investimentos Realizados pela Própria Empresa
7.4 Subsídios a Exploração
7.5 Proveitos Suplementares
7.6 Outros Proveitos e Ganhos Operacionais
7.8 Proveitos e Ganhos Financeiros
7.9 Proveitos e Ganhos Extraordinários
8.1 Resultados Operacionais
8.2 Resultados Financeiros
8.3 Resultados Correntes
8.4 Resultados Extraordinários
8.7 Imposto sobre o Rendimento
8.8 Resultado Liquido do Exercício
8.9 Dividendos Antecipados

A conta 8.1 – Resultados Operacionais destina-se a servir de contrapartida, no


fim do ano, aos custos e proveitos registados nas contas 6.1 a 6.7 e 7.1 a 7.6,
bem como a variação de produção.

A conta 8.2 – Resultados Financeiros destina-se a servir de contrapartida aos


saldos das contas 6.8 e 7.8.

A conta 8.3 – Resultados correntes recolhe os saldos das contas 8.1 e 8.2.

A conta 8.4 – Resultados Extraordinários destina-se a servir de contrapartida


aos saldos das contas 6.9 e 7.9.

A conta 8.5 – Imposto sobre o Rendimento reflecte o montante do imposto que


se espera venha a incidir sobre os resultados obtidos, por contrapartida da conta
4.4.1 – Credor Estado – Imposto sobre o rendimento.

A conta 8.8 recolhe, por transferência, os saldos das contas anteriores.

Após todos os lançamentos de rectificação, e de transferência para apuramento


de resultados no Diário e no Razão, tira-se um novo balancete denominado

_____________________________________________________________________________ 78
Balancete de Encerramento. Este balancete tem como características
fundamentais:

Todas as contas subsidiárias, quer de existência quer de resultados


aparecem saldadas, pois foram transferidas, para as contas principais.

A conta de Resultado liquido representa o lucro, se o seu saldo for credor,


ou prejuízos se o seu saldo for devedor apurado no exercício.

Todas as contas com saldo, são contas de Balanço, podendo a partir


deste balancete elaborar-se o respectivo Balanço, na data de
encerramento de contas.

Exemplo - Apuramento de Resultados


A Sociedade Comercial do Norte, Ldª. Apresentava em 31 de Dezembro o
Balancete do exemplo 28.1.
No processo de encerramento de contas e respectivos inventários verificou-se:
1. As existências foram avaliadas em 3.000 contos. ( A empresa utiliza o
sistema de Inventário intermitente ).
2. As amortizações devem ser efectuadas de acordo com as taxas constantes
da Portaria nº 21867:
✓ Equipamento de transporte: 2.400 contos – 20%.
✓ Outras Imobilizações corpóreos: 600 contos – 10%.
3. Há necessidade de construir uma Provisão para Cobranças Duvidosas, no
valor de 1.000 contos.
4. Foi pago e contabilizado o prémio de seguro contra incêndio, referente ao
período de 1 de Outubro de 2003 a 30 de Setembro de 2004, no valor de 24
anos.
Os lançamentos de rectificação a efectuar são:
Apuramento do Custo das Mercadorias Vendidas
O custo das mercadorias vendidas será:

Existência Inicial 2.300


Compras do Ano 195.000
197.300
Existência final 3.000
194.300

61. Custo de mercadorias vendidas

_____________________________________________________________________________ 79
a 22. Mercadorias
Transferência do saldo Inicial 2.300
61. Custo de mercadorias vendidas
a 21. Compras
Transferência das Compras do Ano 195.000
22. Mercadorias
a 21. Custo de mercadorias vendidas 3.000
Transferência das Existência Final

Cálculo e registo das amortizações

VALOR DAS
VALOR DOS MEIOS
MEIOS IMOBILIZADOS TAXAS AMORTIZAÇÕES
IMOBILIZADOS
ANUAIS
Equipamento de Transporte 20% 2.400 480
Outras Imobilizações Corporesas 10% 600 60
TOTAL 3.000 540

65. Amortização do Exercício


a 38. Amortizações acumuladas
Pela amortização do ano 540

Provisões - De acordo com o estudado anteriormente as provisões devem ser


consideradas custos do exercício, pelo que as englobamos na conta 6.6-
Provisões do Exercício.

66. Provisões do Exercício


a 18. Provisões para Cob. Duvidosas
Dotação para a provisão do ano 1.000

Imputação do seguro ao exercício seguinte

Cálculo do valor a imputar ao ano seguinte:

12 meses ---------------24

9 meses -----------------x

x =(9x24)/12=18

19. Acresc. Proveitos e Custos Diferidos


a 63. Fornec. e Servic. de Terceiros
Imputação do Seguro ao Exercício Seguinte 18

_____________________________________________________________________________ 80
Com a consideração dos lançamentos anteriores o balancete rectificado será:
MOVIMENTO
MOVIMENTO MENSAL SALDO
ACUMULADO
CONTAS
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito

11 CAIXA 10,000 9,920 80


12 BANCOS 230,000 229,400 600
13 CLIENTES 120,000 90,800 29,200
18 PROV.CRÉD.COB.DUV 1,000 1,000 1,000
19 ANTECIPAÇÕES ACTIVAS 18 18 18
21 COMPRAS 195,000 195,000 195,000
22 MERCADORIAS 3,000 2,300 5,300 2,300 3,000
32 EQUIPAMENTOS 2,400 2,400
32 OUTRAS IMOB. CORPOR. 600 600
38 AMORTIZAÇÕES 540 940 940
41 FORNECEDORES 140,000 160,000 20,000
51 CAPITAL 5,000 5,000
61 CUS. M.C.M.VENDIDOS 197,300 3,000 197,300 3,000 194,300
62 CUSTOS C/PESSOAL 12,800 12,800
63 FOR. SERV. TERCEIROS 1,200 1,200
65 AMORTIZ. DO EXERCIC. 540 540 540
67 OUTROS CUSTOS P.OP. 1,000 18 1,600 18 1,582
69 CUSTOS E PERD. EXT. 1,700 1,700
71 VENDAS 220,000 220,000
79 PROV. E GANHOS EXT. 1,080 1,080
TOTAL 201,858 201,858 918,458 918,458 248,020 248,020

_____________________________________________________________________________ 81
81. Resultados Operacionais
a Diversos
Transferência da Conta de Custos
a 61. Custo das Mercadorias Vendidas 194.300
a 62. Custos com o Pessoal 12.800
a 63. Fornecimentos e Serviços de Terceiros 1.200
a 65. Amortizações do Exercício 540
a 67. Outros Custos e Perdas Operacionais 1.582 210.422

71. Vendas
a 81. Resultados Operacionais
Transferência da conta proveitos 220.000

81. Resultados Operacionais


a 83. Resultados Correntes 9.578
Transferência para resultados

84. Resultados Extraordinários


a 69. Custos e Perdas Extraordinárias
Exatraordinarias Resultados de
Transferência para resultados 1.700
Exploração do Exercício
79. Proveitos e Ganhos Extraordinários
a Extraordinarios
84. Diversos
Resultados Extraordinários
Transferência para resultados 1.080

88. Resultado Liquido do Exercício


a 84. Resultados Extraordinários
Resultado extraordinário do exercício 620

83. Resultados Correntes


a 88. Resultado Liquido do Exercício
Resultado corrente do exercício 9.578

_____________________________________________________________________________ 82
Com a consideração dos lançamentos anteriores o balancete final será:

MOVIMENTO
MOVIMENTO MENSAL SALDO
ACUMULADO
CONTAS
Débito Crédito Débito Crédito Débito Crédito

11 CAIXA 10,000 9,920 80


12 BANCO 230,000 229,400 600
41 CLIENTES 120,000 90,800 29,200
18 PROV.CRÉD.COB.DUV 1,000 1,000 1,000
19 ACRESC.PROV E CUSTOS 18 18 18
DIF.
21 COMPRAS 195,000 195,000 195,000
22 MERCADORIAS 3,000 2,300 5,300 2,300 3,000
32 EQUIPAMENTOS 2,400 2,400
32 OUTRAS IMOB.CORP. 600 600
38 AMORTIZAÇÕES 540 940 940
41 FORNECEDORES 140,000 160,000 20,000
51 CAPITAL 5,000 5,000
61 CUS. M.C.M.VENDIDOS 197,300 197.300 197,300 197.300
62 CUSTOS C/PESSOAL 12.800 12,800 12.800
63 FOR. SERV TERCEIROS 1.200 1,200 1.200
65 AMORTIZ. DO EXERCIC. 540 540 540 540
67 OUT. CUSTOS OPER. 1,000 1.600 1,600 1.600
69 CUSTOS E PERD.EXT. 1.700 1.700 1.700
71 VENDAS 220.000 220.000 220,000
79 PROV. GANH.EXTRAOR. 1.080 1.080 1.080
81 RESULT.OPERACION. 220,000 220,000 220,000 220,000
83 RES. CORRENTES 9.578 9.578 9.578 9.578
84 EXERCICIO
RES. EXTRAORDINAR. 1.700 1.700 1.700 1,700
88 RESULTADO LIQUIDO 620 620 620 9.578 8,958
TOTAL 873,202 873,202 1,791,680 1,791,680 35,898 35,898

Utilizando os saldos do balancete final o balanço classificado é o seguinte:

BALANÇO CLASSIFICADO A 31.12.2003


ACTIVO FUNDOS PRÓPRIOS E PASSIVO
1. Meios Circ. Financeiros 4. Credores
11. Caixa 80 41. Fornecedores 20.000 20.000
12. Bancos 600
13. Clientes 29.200 5. Fundos Próprios
18. Provisoes (1.000)
19. Antecipações Activas 18 28.898 51. Capital 5.000
88. Lucros ou prej. Acum.
2. Meios Circ. Materiais Do exercício 8.958 13.958
22. Mercadorias 3.000 3.000

3. Meios Imobilizados
32. Equipamentos 2.400
32. Outras Imobil. Corporeas 600
38. Amortizações -940 2.060

TOTAL DO ACTIVO 33.958 TOTAL DE F. PRÓPRIOS MAIS PASSIVO 33.958


_____________________________________________________________________________ 83
DEMOSTRAÇÃO DE RESULTADOS A 31.12.2003

61. Custo Merc. Vendidas Credores


Mercadorias 194,300 194,300 71. Vendas M. Cir. Mat.
Mercadorias 220,000 220,000
62. Custos Com Pessoal 12,800
63. Fornec. Serv. de 79. Prov. E Ganhos
1,080 1.080
Terceiros 1,200 Extraord.
65. Amortizações do Exº 540
67. Outros custos
16,122
Operacioan. 1,582

69. Custos e Perdas


1.700
Extraord.. 1,700
212,122
88. Lucro do exercício 8,958
221,080 221,080

8.5 ENCERRAMENTO E REABERTURA DAS CONTAS

O processo de elaboração do Balanço Anual e da Respectiva Demonstração de


Resultados conduz-nos, a um balancete chamado de encerramento no qual todas
as contas com saldo são contas que figuram no Balanço, estando todas as outras
com saldo nulo, isto é, encerradas.

A técnica contabilística, no sentido de separar nitidamente as operações dos


diversos exercícios, considera importante encerrar as contas no final do ano. O
encerramento de contas consiste na execução no Diário e no Razão de um
lançamento que coloque, também as contas do Balanço com saldo nulo. Para
isso executa-se um lançamento da 4ª fórmula em que são debitadas, pelos
respectivos saldos, todas as contas com saldo credor e creditadas, igualmente
pelos respectivos saldos todas as contas com saldo devedor. Após a execução
deste movimento, as contas do Razão, são trancadas, acumulando os
respectivos movimentos a débito, que como se verificará serão iguais para todas
as contas.

_____________________________________________________________________________ 84
Diversos
a Diversos
Pelo encerramento de contas a 31.12.2003
38. Amortizações 940
41. Fornecedores 20.000
51. Capital 5.000
18. Provisões para créditos de cobrança duvidosa 1.000
59. Resultados acumulados 8.958
35.898

a 11. Caixa 80
a 12. Bancos 600
a 13. Clientes 29.200
a 19. Acresc. Proveitos e Custos Diferidos 18
a 22. Mercadorias 3.000
a 32. Equipamentos 2.400
a 32. Outras Imobil. Corporeas 600 35.898

O encerramento das contas do Razão será:

ENTRADAS CAIXA SAIDAS

Data Descrição Valor Data Descrição Valor

Movimentos
Acumulados
9.920
Movimentos 2003
31 Acumulados
10.000 31
2003 Dezembro
Dezembro de diversos 80

10.000 10.000

_____________________________________________________________________________ 85
No início de cada ano, tem lugar a reabertura da escrita. O lançamento a efectuar
é precisamente o inverso do lançamento de encerramento, debitando-se com
saldo devedor e creditando-se as contas com saldo credor.

Diversos
a Diversos
11. Caixa 80
12. Bancos 600
13. Clientes 29.200
19. Acresc. Proveitos e Custos Diferidos 18
22. Mercadorias 3.000
32. Equipamentos 2.400
32. Outras Imobil. Corpóreas 600
35.898

a 38. Amortizações 940


a 41. Fornecedores 20.000
a 51. Capital 5.000
a 18. Provisões para créditos de cobrança duvidosa 1.000
a 59. Resultados acumulados 8.958 35.898

No Razão a reabertura será:

ENTRADAS CAIXA SAIDAS

Data Descrição Valor Data Descrição Valor


Movimentos Mov. Acumulados 9.920
31 Acumulados
10.000 31
2003 2003 de diversos 80
Dezembro Dezembro
10.000 10.000

2004
2 a Diversos 80
Janeiro

De notar que as contas de Resultados, isto é, as contas com finalidades de


gestão não são reabertas visto a duração coincidir com a duração do exercício.

_____________________________________________________________________________ 86

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