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MTEF

GESTÃO E NEGÓCIOS (EaD)


Módulo 3
Paulo Alcarva (3.1./3.2./3.3.)
2022/2023
Juros e Processos de
Capitalização
VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

TEMPO É DINHEIRO
• O dinheiro tem um valor temporal.
• O valor de um capital varia consoante o momento no
tempo a que se encontra reportado (ou no qual tem
vencimento).
• Ou seja, um euro investido/emprestado não tem o
mesmo valor consoante fique disponível (ou seja
exigível) imediatamente ou apenas daqui a algum
tempo.
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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO
SITUAÇÃO 1 SITUAÇÃO 2
Foi contemplado com um prémio de Foi multado em 1.000€, podendo
1.000€, podendo escolher entre escolher pagar a multa
recebê-lo imediatamente ou apenas imediatamente ou apenas daqui a
daqui a um ano. um ano.

Optamos por receber já e ficamos É preferível pagar daqui a um ano –


com liberdade para decidir que basicamente, pelas mesmas razões
destino lhe dar. Para que ficássemos apenas numa ótica oposta.
indiferentes entre receber já ou
apenas daqui a um ano, exigiríamos
certamente que, na última hipótese,
o valor a receber fosse superior a
1.000 euros.
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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ


• Por norma é preferível receber um montante mais cedo
em vez de receber o mesmo montante mais tarde.
• Quase sempre, pagar mais cedo torna-nos mais pobres
e receber mais cedo torna-nos mais ricos.

PORQUÊ?
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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ


• O valor do capital está exposto a custos de
oportunidade:
1) Privação de Liquidez / Consumo Imediato
2) Perda de poder de compra (e.g. inflação);
3) Risco (e.g. empréstimo de dinheiro e possibilidade
de não reaver o dinheiro emprestado).

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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

O JURO É A REMUNERAÇÃO DESSES


CUSTOS DE OPORTUNIDADE

• Se estou disposto a abdicar de liquidez, de correr riscos


e perder poder de compra, então só estou disponível a
fazê-lo se for remunerado recebendo um juro.

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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

JURO

• Remuneração recebida em contrapartida da cedência


temporária ou definitiva de capital ⇒ INVESTIMENTO

• Preço do uso, temporário ou definitiva, do capital


alheio ⇒ FINANCIAMENTO

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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO
• Juro: é o aumento que um capital (C) sofre quando
aplicado durante um determinado período de tempo (t) a
uma taxa de juro (i).

• Varia diretamente em relação a cada um destes fatores, isto é,


aumenta.
• Quando qualquer um deles aumenta, mantendo-se os outros dois
constantes.
9
VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO
JURO vs. TAXA DE JURO

• Juro: um valor absoluto (expresso em euros);


• Taxa de juro: um valor relativo, para determinado
período de tempo. Exprime-se em percentagem anual,
ou seja, representa o juro (em valor absoluto) por cada
100 unidades monetárias e por cada ano.
Taxa de Juro = 5% a.a. ⇒ por cada 100€ de capital e por cada ano,
o juro devido é de 5€.
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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

TIPOS DE OPERAÇÕES

OPERAÇÕES ATIVAS: têm subjacente o recebimento de


juros (ou comissões) por parte das instituições bancárias
(tipicamente, empréstimos concedidos).
Às operações ativas estão associadas taxas (de juro)
ativas.

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VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO

TIPOS DE OPERAÇÕES

OPERAÇÕES PASSIVAS: têm implícito o pagamento de


juros por parte das instituições bancárias (por exemplo,
depósitos).
Às operações passivas estão associadas taxas (de juro)
passivas.

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CAPITALIZAÇÃO E ATUALIZAÇÃO

A capitalização e a atualização constituem processos


conducentes à homogeneização temporal do valor do
capital.

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CAPITALIZAÇÃO

Capitalização é a transformação, provocada pelo tempo,


de um capital em capital mais juro: J = f(C, t)
Ou seja, a capitalização consiste, assim, num processo de
acumulação de capital ou de produção de juros:
Ct = C0 + J0,t

Capital Final Juro entre os 2 momentos


Capital Inicial
14
CAPITALIZAÇÃO

Processo de capitalização do juro – diagrama cronológico


da evolução de um capital:

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CAPITALIZAÇÃO

Relativamente ao cálculo do juro, é desde logo importante


reter duas observações:
• Contagem do tempo entre 2 datas: pode ser efetuada
de vários modos, nomeadamente em anos, meses ou
dias. A Tabela seguinte apresenta as bases de cálculo
em dias mais frequentemente utilizadas;
• Problema das unidades em que a taxa de juro se
exprime: a regra consiste em expressar o tempo nas
unidades da taxa.
16
CAPITALIZAÇÃO

17
CAPITALIZAÇÃO

18
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Consoante o destino a dar ao juro no final de cada período
de capitalização, é possível contemplar diferentes regimes
de capitalização.

19
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO

REGIME DE JURO SIMPLES (RJS):


• O juro sai do processo de capitalização, isto é, o juro
produzido em cada período não produz juro no(s) períodos
seguinte(s), ou seja, não capitaliza.
• Ele é ‘Puro’ quando é imediatamente pago e ‘Dito
Simples’ quando não é pago, mas também não capitaliza,
isto é, fica apenas retido.

20
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Imagine que vamos aplicar €100 durante 4 anos e que os juros
vencem-se anualmente à taxa de 10% a.a.
Capital em Dívida
Capital em Dívida Montante pago ao no final do ano
Ano Juro Anual
no início do ano Depositante após pagamento
dos juros
1 100 10 10 100
2 100 10 10 100
3 100 10 10 100
4 100 10 110 0

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REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO

REGIME DE JURO COMPOSTO (RJC):


• O juro é incorporado no capital com que vai iniciar o
período seguinte, vindo a gerar ele próprio juros no(s)
período(s) seguinte(s), ou seja, capitaliza.
• A este fenómeno (juros de juros) dá-se o nome de
anatocismo.

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REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Imagine que vamos aplicar €100 durante 4 anos e que os juros
vencem-se anualmente à taxa de 10% a.a.
Capital em Dívida
Capital em Dívida Montante pago ao no final do ano
Ano Juro Anual
no início do ano Depositante após pagamento
dos juros
1 100 10 0 110
2 110 11 0 121
3 121 12,1 0 133,1
4 133,1 13,31 146,41 0

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CAPITALIZAÇÃO EM RJS
Seja Cn o capital acumulado após n períodos de capitalização.
Admitindo que a taxa de juro se mantém constante em cada período
(uma vez que o regime é apenas aconselhado em situações de curto
prazo, sendo esta a situação mais frequente), percebemos que o juro
periódico obtido é tal que:

De onde o juro total após n períodos de capitalização é dado por:

24
CAPITALIZAÇÃO EM RJS
Então:

Analogamente, o capital acumulado no final do processo é dado por:

25
CAPITALIZAÇÃO EM RJS
Exercício 1: Um capital de €2.000 foi aplicado durante 12 meses, à
taxa mensal de 1%. Calcule o valor dos juros produzidos nos 1.º e 5.º
meses, assumindo o RJS.

Em RJS os juros de cada período são sempre iguais, logo basta


calcular J1 ou J5 . Neste caso, como a taxa é mensal, não há que
ajustar a taxa para a mesma unidade de tempo:
J1 = J5 = 2.000 × 1 mês × 1% = 20€

26
CAPITALIZAÇÃO EM RJS
Exercício 2:
Determine o juro vencido por um capital de 1.496,40€ aplicado
durante 130 dias, em regime de juro simples, à taxa anual de 8%.
1.496,40 × 130 × 8%
Jt = = 43,23€
360

27
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Contrariamente ao RJS, os juros produzidos no RJC não são
excluídos do processo de capitalização. Estes juros vencidos são
adicionados ao capital, vencendo também juros nos períodos
seguintes.
O capital ao longo do processo de capitalização vai, assim,
aumentando sucessivamente, pelo efeito de adição do juro no final
de cada período. Ou seja, em RJC, os juros relativos a cada período
não são constantes, mas sim crescentes.
Os juros, no momento do seu vencimento, são recapitalizados no
processo de capitalização ⟶ há juros de juros.
28
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Comportamento do juro em RJC – diagrama cronológico.

29
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Assim, se a taxa de juro se mantém invariável ao longo do processo,
sendo i o seu valor constante:
• Montante de capital acumulado:

• O juro total:

30
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Expressão que permite determinar o juro vencido no t-ésimo período
(intervalo compreendido entre os momentos t-1 e t):
Jt = C0 × 1 + i t−1 × i
ou
Jt = C0 × 1 + i t − 1 + i t−1

31
CAPITALIZAÇÃO
A representação
gráfica do valor
acumulado entre os
dois regimes de
capitalização
evidencia o
comportamento linear
do RJS e o
comportamento
exponencial do RJC:

32
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 1:
Um capital de 3.740,98€ vence juros em regime de juro composto à
taxa de juro anual de 8%. Determine:
a) O juro vencido durante o terceiro ano de aplicação:
Jt = C0 × 1 + i t−1 × i então J3 = 3.740,98 × 1 + 8% 2 × 8% =
349,08€
b) Os juros vencidos ao fim de 4 anos de aplicação:
Jt = C0 × 1 + i t − 1 então J4 = 3.740,98 × 1 + i 4 −1 =
1.348,58€

33
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 2:
Um capital de 2.000 euros foi aplicado durante 12 meses, à taxa
mensal de 1%. Calcule:
a) O valor dos juros produzidos nos 1.ºe 5.º meses assumindo o RJC:
J1 = 2.000 × 1 + 1% 0 × 1% = 20€
J5 = 2.000 × 1 + 1% 4 × 1% = 20,81€

b) O valor dos juros produzidos durante os primeiros 3 meses,


assumindo RJC:
J3 = 2.000 × 1 + i 3 − 1 = 60,60€

34
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 3:
Um capital de 2.992,79€ aplicado à taxa de juro anual i durante o
prazo de 4 anos, transformou-se num valor acumulado de 3.886,40€.
Determine a taxa de juro i:
Ct = C0 × 1 + i t ⇔ 3.886,40 = 2.992,79 × 1 + i 4
1
3.886,40 4
⇔i= − 1 = 6,75%
2.992,79

35
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 4:
Determinada quantia foi investida em regime de juro composto,
durante 18 meses, à taxa trimestral de 2%, produzindo o capital
acumulado de 14.077,03€.
Calcule o capital investido.
C0 = Ct × 1 + i −t ⇔ C0 = 14.077,03 × 1 + 2% −6 = 12.500

Note que t = 18 meses, mas como a taxa é trimestral t teve de ser


trimestralizado (t = 6 trimestres).

36
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 5:
O Sr. Francisco depositou 20.000€ no BTN à taxa de juro semestral
de 6%, mas pensa que necessita levantar todos os semestres 40%
dos juros periódicos para pagar a renda da casa.
Qual será o valor acumulado ao fim de 4 anos?
Ct = C0 × 1 + i t como apenas serão capitalizados 60% dos juros produzidos
em cada período, então:
Ct = C0 × 1 + i × 60% t ⇔ C8 = 20.000 × 1 + 6% × 60% 8 onde
t=8 semestres.
C8 = 26.540,44€

37
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 6:
Um capital de 897,84€ aplicado em RJC à taxa anual de 5,5%
produziu, num certo prazo t, um valor acumulado de 1.126,25€.
Calcule o prazo de aplicação.
Ct = C0 × 1 + i t ⇔ 1.126,25 = 897,84 × 1 + 5,5% t

1.126,25 ln 1,254
⇔ ln = ln 1,055 × t ⇔ t = = 4,23 anos
897,84 ln 1,055

38
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 7:
O capital de 7.500€ foi colocado, em RJC, à taxa semestral de 2,5%.
No final do prazo da aplicação, o capital acumulado obtido foi de
9.600,63€.
Quantos anos durou esta aplicação.

Ct = C0 × 1 + i t ⇔ 9.600,63 = 7.500 × 1 + 2,5% t

9.600,63
⇔ ln = ln 1,025 × t ⇔ t = 10 semestres (pois a taxa é
7.500
semestral), ou seja, 5 anos.

39
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 8:
Quanto tempo deve decorrer para que o valor acumulado seja duplo
do capital inicial, à taxa de juro semestral de 10%, em RJC?

t t
2C0 t
Ct = C0 × 1 + i ⇔ 2 × C0 = C 0 × 1 + i ⇔ = 1 + 10%
C0
ln 2
⇔ ln 2 = ln 1,1 × t ⇔ t = = 7,27 semestres
ln 1,1

40
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 9:
Calcule o número de meses de aplicação necessários para que, à
taxa trimestral de 2%, um capital de 59.855,75€ produza um juro de
5.187,50€.

Jt = C0 × 1 + i t − 1 ⇔ 5.187,50 = 59.855,75 × 1 + 2% t − 1
5.187,50 ln 1,08667
⇔ ln + 1 = ln 1,02 × t ⇔ t =
59.855,75 ln 1,02
= 4,19 trimestres ≈ 12,5 meses

41
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 10:
Um capital foi colocado em RJC à taxa anual i (em regime
capitalização anual), durante n anos. Sabendo que:
- o juro produzido no 4º ano foi de 1.331€;
- o juro produzido no 5º ano foi de 1.464,10€;
- o juro total, após n anos de colocação, foi de 21.384,28€.
Calcule:
a) a taxa anual i;
b) o capital inicial;
c) a duração da colocação n.

42
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
a) a taxa anual i
Eu sei que Jt = C0 × 1 + i t−1 ×i
Então:

1.331
4−1 C0 =
1.331 = C0 × 1 + i ×i 1+i 3×i

1.464,10 = C0 × 1 + i 5−1 ×i 1.331 × 1 + i 4 × i
1.464,10 =
1+i 3×i


⇔ ൜1.464,10 = 1.331 × 1 + i ⇔ i = 10%

43
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
b) o capital inicial

Sabendo agora que i = 10%

Então:
1.331 = C0 × 1 + 10% 3 × 10%
ቊ 4 ⇔ C0 = 10.000€
1.464,10 = C0 × 1 + 10% × 10%

44
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
c) a duração da colocação n

A partir das alíneas anteriores e do dado de Jt do enunciado:


Jt = C0 × 1 + i t − 1 ⇔ 21.384,28 = 10.000 × 1 + 10% t − 1
21.384,28 ln 3,13848
⇔ ln + 1 = ln 1,1 × t ⇔ t = = 12 anos
10.000 ln 1,1

45
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 11: O Sr. Gaspar aplicou um capital, em RJC, à taxa anual i
(em capitalização anual), durante n anos. Sobre esta aplicação
apenas se sabe o seguinte:
- O capital acumulado produzido ao fim de 8 anos era de 7969,24€;
- Se o capital inicial tivesse sido colocado em RJS, o juro produzido
no 5º ano (e apenas no 5º ano) teria sido 79,21% do juro
efetivamente produzido (em RJC) nesse ano.
Pretende-se que determine:
a) O valor do capital inicial e a taxa anual i;
b) O número de anos necessários para que o Sr. Gaspar receba um
juro total de 5.060,98€.
46
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
a) O valor do capital inicial e a taxa anual i
A partir dos dados:
C0 = Ct × 1 + i −t ⇔ C0 = 7.969,24 × 1 + i −8

e
JRJS = JRJC × 79,21% ⇔ C0 × t × i = Co × 1 + i t−1 × i × 79,21% ⇔
C0 × 5 × i 5
⇔ 79,21% = 4
⇔ 79,21% = 4

Co × 1 + i × i 1+i
1/4
4
5 5
⇔ 1+i = ⇔i= − 1 ⇔ i = 58,51%
0,7921 0,7921
C0 = 7.969,24 × 1 + i −8 ⇔ C0 = 7.969,24 × 1 + 58,51% −8 ⇔
⇔ C0 = 199,97€

47
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
b) O número de anos necessários para que o Sr. Gaspar receba um
juro total de 5.060,98€.

Jt = C0 × 1 + i t − 1 ⇔ 5.060,98 = 199,97 × 1 + 58,51% t − 1


5.060,98 ln 26,3087
⇔ ln + 1 = ln 1,5851 × t ⇔ t = ≈ 7 anos
199,97 ln 1,5851

48
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 12: O Sr. João ganhou 1.250.000€ na lotaria. Como se
reforma dentro de 10 anos decidiu abrir uma conta de poupança
reforma, no BTN, com o prémio recebido. Sabendo que esta conta é
remunerada à taxa de juro anual de 5%, determine:
a) O valor que o Sr. João terá à sua disposição na reforma;
b) Os juros globais produzidos;
c) Se, no início do 6.º ano, a taxa de juro for alterada para 2,5%
semestral, qual será o capital acumulado no início do 9º ano?
d) Se, no início do 5.º ano, levantar 1.000.000 euros, qual é o capital
acumulado no final do processo?

49
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
a) O valor que o Sr. João terá à sua disposição na reforma:
t 10
Ct = C0 × 1 + i ⇔ C10 = 1.250.000 × 1 + 5% = 2.036.118€
b) Os juros globais produzidos:
Jt = C0 × 1 + i t − 1 ou simplesmente Jt = Ct − C0 = 786.118€
c) Se, no início do 6.º ano, a taxa de juro for alterada para 2,5%
semestral, qual será o capital acumulado no início do 9º ano?
(1º) Determinar o capital acumulado até ao final do 5º ano (C5 ):
C5 = 1.250.000 × 1 + 5% 5 = 1.595.351,95€
(2º) Determinar o C8 a partir de C5 com as novas condições
(semestrais, logo mais 6 semestres):
C8 = 1.595.351,95 × 1 + 2,5% 6 = 1.850.119,16€
50
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
d) Se, no início do 5.º ano, levantar 1.000.000 euros, qual é o capital
acumulado no final do processo?
(1º) Determinar C4
C4 = 1.250.000 × 1 + 5% 4 = 1.519.382,81€
(2º) Determinar C4 sem o 1Mio€:
C4 = 1.519.382,81 − 1.000.000 = 519.382,81
(3º) Determinar C10
C10 = 519.382,81 × 1 + 5% 6 = 696.022,64€

51
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
Exercício 13:
Um determinado capital C0 foi investido num regime de capitalização
composta a uma taxa trimestral. Sabendo que o juro do 7.º trimestre
foi de 123.500 euros e o juro do 3.º trimestre foi de 72.000 euros,
calcule:
a) C0
b) Os juros de juros produzidos nos 8 primeiros trimestres.

52
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
a) C0
Eu sei que Jt = C0 × 1 + i t−1 ×i
Então:
6

123.500 = C0 × 1 + i × i 72.000
൞ ⇔ ቐ C0 =
72.000 = C0 × 1 + i 2 × i 1+i 2×i

72.000
⇔ ቐ123.500 = 1 + i 2 × i × 1 + i
6 × i ⇔ ቊ i = 14,44%
C0 = 380.673

53
CAPITALIZAÇÃO EM RJC
b) Os juros de juros produzidos nos 8 primeiros trimestres
7
J8 = 380.673 × 1 + 14,44% × 14,44% ⇔ J8 = 141.344

54
Relação entre Taxas
de Juro
RELAÇÃO ENTRE TAXAS DE JURO
Até aqui fez-se coincidir os períodos de determinação dos juros com
o período da taxa.
Na prática é raro existir esta coincidência, porque o sistema
financeiro indica taxas anuais e muitas vezes o período em que se
pretende calcular os juros é diferente do ano (geralmente inferior –
semestre, trimestre ou mês).

Quando isto acontece temos de recalcular o valor da taxa de juro, o


que implica estudar a relação de equivalência entre taxas de juro de
períodos diferentes.
56
TAXAS DE JURO
Ou seja, o processo de capitalização é muitas vezes passível de ser
analisado em subprocessos periódicos.
Para efeitos de uniformização de critérios, assente‐se nas notações:
• 𝑖: para taxa de período 1 (unidade)
• 𝑖𝑘 : para taxa de período 1/k (da unidade)

57
Taxas Equivalentes e
Proporcionais
TAXAS PROPORCIONAIS
Duas taxas de juro referidas a períodos de tempo diferentes dizem‐se
proporcionais se a razão (o quociente) entre elas for a mesma que
existe entre os períodos de tempo a que as mesmas se referem.

Período Taxas
1 ano ia
1/m do ano iA /m

iA 12%
• Se iA = 12% ⟹ iQ = = = 4%
3 3
m = 3: há 3 quadrimestres em cada ano

iA 8%
• Se is = 8% ⟹ iT = = = 4%
2 2
m = 2: há 2 trimestres em cada ano
59
TAXAS PROPORCIONAIS
Generalizando, onde 𝑖 é a taxa relativa a um período maior e 𝑖𝑘 a
taxa relativa a um período menor, sendo 𝑚 o quociente entre o prazo
maior e o menor, então:
i = ik × m
Onde:
# meses período maior
m=
# meses período menor

i
ik =
m
60
TAXAS PROPORCIONAIS
Exemplos:
• 20% ao ano e 10% ao semestre são taxas proporcionais, já que:
20% 1 ano
=
10% 0,5 anos
• 1% ao mês e 12% ao ano são igualmente taxas proporcionais
12% 12 meses
pois: =
1% 1 mês
• Considerando uma taxa efetiva trimestral de 2,4%, qual a taxa
proporcional para um período de 8 meses?
8 meses 8 8 8
m= = , então: i8m = iT × = 2,4% × = 6,4%
3 meses 3 3 3

61
TAXAS PROPORCIONAIS
No entanto, a equivalência de taxas só é proporcional se estivermos
em RJS.
Sejam 𝑖 e 𝑖𝑘 duas taxas de período 1 e (1/k), respetivamente.
Considerando o RJS, as duas taxas são equivalentes se o montante
por elas produzido, para o mesmo período de tempo n e sobre o
mesmo capital C, for igual:

62
TAXAS EQUIVALENTES
Em RJC as taxas proporcionais não têm a mesma lógica de aplicação
direta do RJS.
Por exemplo, se aplicarmos C0 = €1.000 à iT = 3%, durante 1 ano (4
trimestres), em RJC: Cn = €1.125,51.
Se as taxas efetivas para períodos proporcionais fossem obtidas tal
como acontece no RJS, a taxa quadrimestral proporcional (iQ ) seria
1 Quadrimestre 4 meses 4
de 4% ⟶ 1 Trimestre = 3 meses, então iQ = iT × 3 = 4%.
Mas com esta taxa quadrimestral, o Cn = €1.124,86.
Ou seja, não se obtém o mesmo capital futuro com taxas
proporcionais em RJC.
63
TAXAS EQUIVALENTES
O exemplo anterior permite concluir que não é possível aplicar
diretamente as taxas proporcionais em RJC, pois as mesmas não
consideram o processo de capitalização de juros de juros.
Em alternativa existem as taxas equivalentes.

Duas taxas de juro referidas a períodos de tempo diferentes dizem‐se


equivalentes num determinado regime, se quando aplicadas a
capitais iguais durante igual período de tempo produzem o mesmo
valor acumulado (ou juro).

64
TAXAS EQUIVALENTES
Sejam 𝑖 e 𝑖𝑘 duas taxas de período 1 e (1/k), respetivamente.
Considerando o RJC, as duas taxas são equivalentes se o montante
por elas produzido, para o mesmo período de tempo n e sobre o
mesmo capital C, for igual:

65
EQUIVALENTES E PROPORCIONAIS
Mantendo os mesmos significados anteriores de 𝑖, 𝑖𝑘 e 𝑚, então a
relação de equivalência entre taxas efetivas em RJC:

1 + i = 1 + ik m

1ൗ
ik = 1 + i m −1

66
EQUIVALENTES E PROPORCIONAIS
Exercício 1:
• Qual a taxa de juro semestral correspondente (equivalente) à taxa
anual de 3,5%? iS ?
1 ano 12 meses
1º) m = = = 2 ou seja, a capitalização
1 semestre 6 meses
ocorre 2 vezes.

2º) 1 + i = 1 + iS 2
⇔ 1 + 3,5% = 1 + iS 2
1
⇔ iS = 1,035 2 − 1 ⇔ iS = 1,73%

67
EQUIVALENTES E PROPORCIONAIS
Exercício 2:
• Qual a taxa quadrimestral que equivale à taxa semestral de 6%?

1 semestre 6 meses 3
1º) m = = =
1 quadrimestre 4 meses 2
3 2
2º) 1 + 6% = 1 + iQ 2 ⇔ iQ = 1,06 3 −1
⇔ iQ = 3,96%

68
EQUIVALENTES E PROPORCIONAIS
Exercício 3:
• Qual a taxa correspondente a um período de 5 semestres, que
equivale à taxa anual de 14,5%?
1 ano 12 meses 2
1º) m = = =
5 semestres 30 meses 5
2 5
2º) 1 + 14,5% = 1 + i5S 5 ⇔ i5S = 1,145 2 −1
⇔ i5S = 40,29%

69
Taxas Efetivas e Nominais
NOMINAL E EFETIVA
• Taxa Efetiva: quando o período a que se reporta a taxa de juro
coincide com o período de capitalização que lhe está associado.
P.ex. a taxa de juro semestral num período de capitalização
igualmente semestral.
• Taxas nominais: corresponde a uma mera taxa proporcional, não
se verificando necessariamente igualdade entre o período a que
se reporta a taxa de juro e o período de capitalização.
P.ex. a taxa de juro semestral (6%) num período de capitalização
mensal (1%), desde que sejam proporcionais.

71
NOMINAL E EFETIVA
Note-se, no entanto, que como em RJS as taxas proporcionais são
equivalentes…
… a distinção entre taxas nominais e efetivas tem a ver apenas com
o facto de refletirem, ou não, a existência de juros de juros …
… pelo que, a distinção entre os dois tipos de taxas só se coloca em
RJC.

Assim, a problemática da diferenciação entre taxas de juro efetivas


e taxas de juro nominais coloca‐se apenas ao nível do RJC, em que
as taxas proporcionais não são equivalentes, e vice‐versa.
72
NOMINAL E EFETIVA
Assim:
Enquanto numa taxa efetiva apenas se faz referência a um período
(período de formação do juro – taxa anual, taxa semestral, etc.) …
… numa taxa nominal há sempre dois períodos indicados: o período
da taxa e o período de formação/cálculo do juro.

73
NOMINAL E EFETIVA

74
NOMINAL E EFETIVA
P.ex.: Taxa mensal com P.ex.: Taxa anual com
capitalizações mensais capitalizações mensais

se

P.ex.: Passar a taxa Relação de Proporcionalidade P.ex.: Taxa efetiva anual


nominal anual com com capitalizações mensais
capitalizações mensais
para uma taxa mensal com
capitalizações mensais A taxa nominal passa a ser
também efetiva

P.ex.: Passar a taxa efetiva


P.ex.: Passar a taxa efetiva Relação de Equivalência Relação de Proporcionalidade anual com capitalizações
anual com capitalizações
anual para uma taxa
anual para uma taxa
nominal
mensal com capitalizações
mensais EFETIVA NOMINAL 75
NOMINAL E EFETIVA
Relação entre taxas efetivas e nominais em RJC:

Taxa de juro anual com


capitalização anual

Taxa de juro mensal Taxa de juro anual com


com capitalização capitalização mensal
mensal

76
NOMINAL E EFETIVA
TAXA NOMINAL ⟶ TAXA EFETIVA
1º) Relação de Proporcionalidade
Primeiro temos de passar a taxa nominal (p.ex. anual) com
capitalização inferior (p.ex. mensal) para uma taxa de período =
capitalização (p.ex. mensal).
Para o efeito, se se considerar a taxa nominal 𝑖 (𝑚) (taxa nominal de
período k com m capitalizações), então, a taxa efetiva (𝑖𝑘 ) no período
de capitalização m será sua proporcional:
i(m)
ik =
m
77
NOMINAL E EFETIVA
TAXA NOMINAL ⟶ TAXA EFETIVA
2º) Relação de Equivalência
Finalmente, tem de se transformar a taxa nominal (p.ex. mensal com
capitalização mensal), que já é efetiva [prazo da taxa = capitalização],
numa taxa efetiva do período maior (p.ex. anual).
Para o efeito utiliza-se a relação de equivalência entre taxas efetivas:
1 + i = 1 + ik m

78
NOMINAL E EFETIVA
Exercício 1:
Qual é a taxa anual efetiva subjacente à taxa anual nominal de 10%,
composta mensalmente?
PASSO 1 (Relação de Proporcionalidade)
i(12) = 10%, mas a capitalização é mensal, logo i(12) não é efetiva,
mas sim nominal.
i(12) 10%
Então, iM = 12 = 12 = 0,8 3 %/mês. Contudo, esta taxa efetiva é
mensal e o que se pretende é a taxa efetiva anual.
PASSO 2 (Relação de Equivalência)
i = 1 + iM 12 − 1 = 1 + 0,8 3 % 12 − 1 = 10,47%

79
NOMINAL E EFETIVA
TAXA EFETIVA ⟶ TAXA NOMINAL
1º) Relação de Equivalência
Primeiro temos de passar a taxa efetiva (p.ex. anual) para o período
da capitalização inferior (p.ex. mensal).
Se a considerarmos uma taxa efetiva 𝑖, a taxa efetiva no período de
capitalização 𝑚 será sua equivalente:
1ൗ
ik = 1 + i m −1

80
NOMINAL E EFETIVA
TAXA EFETIVA ⟶ TAXA NOMINAL
2º) Relação de Proporcionalidade
Finalmente, tem de se transformar a taxa efetiva (p.ex. mensal), que
tem capitalização inferior (p.ex. mensal), numa taxa nominal do
período maior (p.ex. anual).
A correspondente taxa nominal i(m) de período maior será:
i(m) = ik × m

81
NOMINAL E EFETIVA
Exercício:
Qual é a taxa nominal com capitalização mensal que corresponde à
taxa efetiva anual de 12,6825%?
PASSO 1 (Relação de Equivalência)
i = 12,6825%
1
12
(1 + i) = 1 + iM ⇔ iM = 1 + 12,6825% 12 − 1 = 1%/mês
PASSO 2 (Relação de Proporcionalidade)
i(12) = iM × 12 = 1% × 12 = 12% a. a., mas com capitalização
mensal, por isso é que é nominal (taxa anual e capitalização distinta).

82
NOMINAL E EFETIVA
Exercício 2:
Dada a taxa trimestral efetiva de 3%, qual é a taxa trimestral
nominal subjacente?

Como ambas as taxas já estão no mesmo período de capitalização


(trimestral), basta aplicar a ‘Relação de Proporcionalidade’:
i(4) = iT × 4 = 3% × 4 = 12% a. a..

83
NOMINAL E EFETIVA
TAXA EFETIVA ⟶ TAXA EFETIVA
Basta aplicar a Relação de Equivalência:
1ൗ
ik = 1 + i m −1

Exercício:
• Dada a taxa anual efetiva de 10%, quais as taxas efetivas (ou
equivalentes) para os seguintes períodos? a) Semestre; b)
Trimestre; c) Bimestre; d) Mês

84
NOMINAL E EFETIVA
a) Semestre:
1
1 + 10% = 1 + iS 2 ⇔ iS = 1 + 10% 2 − 1 = 4,88%

b) Trimestre
1
1 + 10% = 1 + iT 4 ⇔ iT = 1 + 10% 4 − 1 = 2,41%

c) Bimestre
1
1 + 10% = 1 + iB 6 ⇔ iB = 1 + 10% 6 − 1 = 1,60%

d) Mês
1
12
1 + 10% = 1 + iM ⇔ iM = 1 + 10% 12 − 1 = 0,79%
85
Exercícios
EXERCÍCIO 1
Dada a taxa trimestral efetiva de 3,5%, calcule as seguintes taxas
efetivas:
a) Taxa anual efetiva
b) Taxa semestral efetiva
c) Taxa quadrimestral efetiva
d) Taxa bimestral efetiva
e) Taxa mensal efetiva
Ou seja, trata-se de uma conversão Efetiva/Efetiva, pelo que temos
de utilizar a relação de equivalência.

87
EXERCÍCIO 1
a) Taxa anual efetiva (TAE):
ano 12 meses
m= = =4
trimestre 3 meses
i = 1 + iT 4 − 1 = 1 + 3,5% 4 − 1 = 14,75%: esta é a taxa efetiva
anual com capitalização trimestral.

b) Taxa semestral efetiva:


semestre 6 meses
m= = =2
trimestre 3 meses

iS = 1 + iT 2 − 1 = 1 + 3,5% 2 − 1 = 7,12%

88
EXERCÍCIO 1
c) Taxa quadrimestral efetiva:
quadrimestre 4 meses 4
m= = =
trimestre 3 meses 3
4 4
iQ = 1 + iT 3 − 1 = 1 + 3,5% 3 − 1 = 4,69%

d) Taxa bimestral efetiva:


trimestre 3 meses 3
m= = =
bimestre 2 meses 2
3 2ൗ
1 + iT = 1 + iB 2 ⟺ iB = 1 + 3,5% 3 − 1 = 2,32%

89
EXERCÍCIO 1
e) Taxa mensal efetiva:
trimestre 3 meses
m= = =3
mês 1 mês
1ൗ
1 + 3,5% = 1 + iM 3 ⟺ iM = 1 + 3,5% 3 − 1 = 1,15%

90
EXERCÍCIO 2
Dada a taxa anual nominal de 12%, calcule as taxas anuais efetivas
subjacentes, admitindo que as capitalizações são:
a) Semestrais
b) Trimestrais
c) Mensais

Ou seja, trata-se de uma conversão Nominal/Efetiva, pelo que temos


de utilizar a relação de proporcionalidade e depois de equivalência.

91
EXERCÍCIO 2
a) Semestrais
1º Passo) i = 12% a.a. tem de ser convertida para semestral
i(2) 12%
iS = = = 6% ⟶ Taxa semestral com capitalização semestral
2 2
2º Passo)
i = 1 + iS 2 − 1 = 1 + 6% 2 − 1 = 12,36% ⟶ Taxa efetiva anual.
b) Trimestrais
1º Passo)
i(4) 12%
iT = = = 3% ⟶ Taxa trimestral com capitalização trimestral
4 4
2º Passo)
i = 1 + iT 4 − 1 = 1 + 3% 4 − 1 = 12,55%

92
EXERCÍCIO 2
c) Mensais
1º Passo)
i(12) 12%
iM = = = 1%
12 12
2º Passo)
i = 1 + iM 12 − 1 = 1 + 1% 12 − 1 = 12,68%

93
EXERCÍCIO 3
Considere a taxa anual nominal de 9%, composta trimestralmente, e
calcule as seguintes taxas efetivas:
a) Mensal;
b) Semestral;
c) Trimestral;
d) Anual.
Ou seja, trata-se de uma conversão Nominal/Efetiva, pelo que temos
de utilizar a relação de proporcionalidade e depois de equivalência.

94
EXERCÍCIO 4
Considere a taxa anual efetiva de 9%, composta trimestralmente, e
calcule as seguintes taxas efetivas:
a) Mensal;
b) Semestral;
c) Trimestral;
d) Anual nominal
Ou seja, trata-se de uma conversão Efetiva/Efetiva, pelo que temos
de utilizar a relação de equivalência. Mas note-se que a capitalização
é trimestral.

95
Taxas Líquidas e
Ilíquidas
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
A grande distinção entre taxas líquidas e ilíquidas tem a ver com o
facto de refletir ou não o efeito da fiscalidade.
Como é do conhecimento geral, os juros produzidos através de um
processo de capitalização estão sujeitos à tributação em sede de IRS.
Este imposto é calculado segundo a aplicação de taxas liberatórias
sobre o total do juro produzido em cada período de capitalização, o
que significa que o aforrador só beneficiará de uma percentagem do
juro produzido.

97
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Desta forma, chama‐se taxa ilíquida ou taxa bruta, à taxa que não
reflete o efeito fiscal e taxa líquida à taxa que reflete o efeito fiscal.

98
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 1:
Calcule a taxa anual efetiva líquida, partindo das seguintes taxas de
juro:
a) Taxa anual nominal líquida de 8,1% composta mensalmente
b) Taxa anual nominal ilíquida de 11,25% composta mensalmente
c) Taxa anual efetiva ilíquida de 11,8486% composta mensalmente
(Nota: sobre os juros incide IRS à taxa liberatória de 28%).

99
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
a) Taxa anual nominal líquida (TANL) de 8,1% composta
mensalmente
A taxa já está líquida de imposto, pelo que basta converter a taxa
nominal em efetiva:
1º Passo – Taxa nominal mensal líquida, com capitalização mensal (=
taxa efetiva mensal):
i(12) 8,1%
i12 = = = 0,675%
12 12
2º Passo – Taxa efetiva anual:
i = 1 + iM 12 − 1 = 1 + 0,675% 12 − 1 = 8,4%

100
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
b) Taxa anual nominal ilíquida (TANB) de 11,25% ao mês
1º Passo – Converter a TANB em taxa nominal mensal, com
capitalização mensal:
i(12) 11,25%
i12 = = = 0,9375%
12 12
2º Passo – Converter a taxa efetiva mensal em anual:
i = 1 + iM 12 − 1 = 1 + 0,9375% 12 − 1 = 11,85%
3º Passo – Determinar a taxa líquida:
TAEL = TAEB x (1-28%) = 8,53%

101
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
c) Taxa anual efetiva ilíquida (TAEB) de 11,8486% ao mês
A taxa já está como TAE, pelo que só basta aplicar o imposto:
TAEL = 11,8486% x (1-28%) = 8,53%

102
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 2:
Pretende-se a taxa anual nominal líquida (TANL) composta
mensalmente, que corresponde à taxa anual efetiva de ilíquida
(TAEB) 7,5%.

Ou seja, trata-se de uma conversão Efetiva/Nominal, pelo que temos


de utilizar a relação de equivalência e depois a proporcionalidade.

103
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
1º Passo)
12 12
1 + i = 1 + iM ⇔ 1 + 7,5% = 1 + iM
1
⇔ iM = 1,075 − 1 = 0,00604
12

2º Passo) A partir do momento que temos uma taxa efetiva (mesmo


que não anual) aplica-se a taxa de imposto:
iMliq = iM × 0,72 = 0,004325

3º Passo)
12 liq
i = iMliq × 12 = 5,22%

104
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 3:
Suponha que quer investir determinada quantia durante 1 ano. Tem
as seguintes hipóteses de capitalização:
a) Capitalização trimestral – taxa anual nominal ilíquida de 12,85%
b) Capitalizações semestral – taxa anual nominal ilíquida de 13%
c) Capitalização anual – taxa anual nominal ilíquida de 13,25%

Por qual das hipóteses optaria? Justifique.

105
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
A decisão será tomada com taxas efetivas, pelo que todas as taxas
terão de ser convertidas de Nominal para Efetivas:
Hip. 1) Capitalização trimestral
i(4) 12,85%
iT = = = 3,21%
4 4
1 + i = 1 + iT 4 ⇔ i = 1 + 3,21% 4 − 1 = 13,48%
iliq = iiliq × 0,72 = 9,71%
Hip. 2) Capitalização semestral
i(2) 13%
iS = = = 6,50%
2 2
1 + i = 1 + iS 2 ⇔ i = 1 + 6,50% 2 − 1 = 13,42%
iliq = 13,42% × 0,72 = 9,66%
106
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Hip. 3) Capitalização anual:
A TANB é a taxa efetiva, pois a capitalização é anual, pelo que basta
determinar a TAEL:
iliq = 13,25% × 0,72 = 9,54%

107
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 4:
Um aforrador pretende aplicar determinada quantia.
O Banco A propõe-lhe remunerá-la à taxa anual efetiva bruta (TAEB)
de 10%, permitindo-lhe optar por capitalizações semestrais ou
mensais (juros sujeitos a IRS à taxa liberatória de 28%). O Banco B
propõe ao aforrador a taxa anual efetiva líquida (TAEL) de 8%.

Por que hipótese deve optar o aforrador?

108
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Banco A → TAEB = 10% c/ capitalizações semestrais ou mensais
Banco A – Capitalizações Semestrais
1) Vamos ter de determinar a taxa efetiva semestral, pois o imposto é
aplicado no final de cada capitalização semestral
1
1 + 10% = 1 + iS ⇔ iS = 1 + 10% 2 − 1 = 4,88% → esta é
2

uma taxa efetiva bruta semestral


2) Agora determinamos a taxa líquida:
iSliq = 4,88% × 0,72 = 3,51% → esta é uma taxa efetiva líquida
semestral
3) Finalmente a taxa efetiva anual efetiva:
2 2
1 + i = 1 + iSliq ⇔i = 1 + 3,51% − 1 = 7,15%
109
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Banco A – Capitalizações Mensais
1
1 + 10% = 1 + iM 12 ⇔ i2 = 1 + 10% 12 − 1 = 0,797% → esta
é uma taxa efetiva bruta mensal
iMliq = 0,797% × 0,72 = 0,574% → esta é uma taxa efetiva líquida
mensal
12 12
1 + i = 1 + iMliq ⇔ i = 1 + 0,574% − 1 = 7,11%

Banco B – TAEL = 8%

110
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 5:
Suponha que pretende aplicar 10.000€ por um prazo de 1 ano.
- Banco A: TANL de 2,785%, composta trimestralmente;
- Banco B: TANB de 3,35%, composta mensalmente;
- Banco C: TAEL de 2,8%, composta mensalmente;
- Banco D: TAEB de 3,25%, com capitalização mensal.

Qual das quatro instituições apresenta a taxa mais atrativa?

111
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Banco A: TANL de 2,785%, composta trimestralmente
2,785%
1º) iT = 4 = 0, 696%
2º) 1 + i = 1 + iT 4 ⇔ i = 1 + 0, 696% 4 − 1 = 2,814% (TAEL)

Banco B: TANB de 3,35%, composta mensalmente


3,35%
1º) iM = 12 = 0, 279%
2º) iMliq = 0,279% × 0,72 = 0,201%
12
3º) 1 + i = 1 + iMliq ⇔ i = 1 + 0,201% 12 − 1 = 2,426%
(TAEL)

112
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Banco C: TAEL de 2,8%, composta mensalmente

Banco D: TAEB de 3,25%, com capitalização mensal


1
1º) 1 + i = 1 + iM 12 ⇔ iM = 1 + 3,25% − 1 = 0, 267%
12

2º) iMliq = 0,267% × 0,72 = 0,192%


12
3º) 1 + i = 1 + iMliq ⇔ i = 1 + 0,192% 12 − 1 = 2,331%
(TAEL)

113
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS

114
Taxas Correntes e Reais
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Uma outra variável que influencia as taxas de juro é a inflação (z).
A inflação é uma subida sustentada e continuada do nível geral dos
preços e, por oposição, a deflação é entendida como uma descida
sustentada e continuada do nível de vida.
Designa‐se por taxa corrente a taxa de juro que não reflete o efeito
da inflação; designa‐se por taxa real (iz ) a taxa de juro que reflete
este efeito.
1+i
iz = −1
1+z

116
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 1:
Num determinado ano a taxa de inflação foi de 8%. Qual o valor
“real” no final desse ano, de um capital de 1.000€ depositado no
início do mesmo, admitindo uma taxa de juro líquida de 10% a.a.?
1 + 10%
iz = − 1 = 1,85185%
1 + 8%
Como a taxa real daquele ano foi de 1,85185%, os 1.000€ iniciais
tinham, passado aquele ano, o valor “real” de 1.000 x 1,0185185 =
1.018, 52€.

117
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
Exercício 2:
Considere que, relativamente a um determinado ano:
(i) Taxa de juro de 6% (TANB, composta mensalmente)
(ii) Os juros estão sujeitos à taxa liberatória de 28%;
(iii) A taxa de inflação foi de 2,5%.
Nestas condições, determine:
a) A taxa mensal efetiva bruta;
b) A taxa anual efetiva líquida;
c) A taxa anual efetiva líquida real.

118
LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS
a) A taxa mensal efetiva bruta
6%
iM = = 0,5%
12
b) A taxa anual efetiva líquida
1 + i = 1 + iM 12 ⇔ i = 1 + 0, 5% 12
− 1 = 6,168%
iliq = 6,168% × 0,72 = 4,441%
c) A taxa anual efetiva líquida real
1 + 4,441%
iz = − 1 = 1,893%
1 + 2,5%

119
Exercícios – Revisões
REVISÕES
Exercício 1:
Considere uma taxa de juro anual nominal de 20% com capitalização
semestral.
Calcule:
a) A taxa semestral efetiva;
b) A taxa anual efetiva;
c) A taxa trimestral efetiva;
d) A taxa mensal efetiva.

121
REVISÕES
Exercício 2:
Qual a taxa de juro anual efetiva que decorre das seguintes taxas de
juro:
a) Taxa anual nominal de 20%, com capitalização semestral;
b) Taxa anual nominal de 20%, com capitalização quadrimestral;
c) Taxa anual nominal de 20%, com capitalização mensal.

122
REVISÕES
Exercício 3:
Dada a taxa de juro anual efetiva de 8%, calcule:
a) A taxa anual nominal com capitalização quadrimestral;
b) A taxa anual nominal com capitalização semestral;
c) A taxa anual nominal com capitalização trimestral;
d) A taxa anual nominal com capitalização mensal.

123
REVISÕES
Exercício 4:
O Sr. Silva depositou determinada quantia durante 3 anos e 7 meses,
à taxa anual nominal de 4%, com capitalização trimestral. Sabendo
que no final do período levantou 35.000 euros, quanto depositou?

124
REVISÕES
Exercício 5:
O Sr. Filipe depositou uma determinada quantia à taxa de juro anual
nominal de 16% com capitalização semestral, com o objetivo de
obter o capital acumulado de 21.589,25 euros passados de 5 anos.
a) Calcule a quantia depositada;
b) Sabendo que a meio do 3.º ano a taxa de juro mudou e que o Sr.
Filipe teve que depositar, nesse momento, 1/8 da quantia inicial para
satisfazer a sua pretensão, determine o valor da nova taxa de juro.

125

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