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Fichamento: O capital - Marx

CONCEITOS GERAIS:

valor: materialização da quantidade, socialmente determinada, do trabalho humano homogêneo.


a) valor de uso: relacionado à sua utilidade. Abstrato, sensível. (D → M)
b) valor de troca: sobrepõe o valor de uso. (M→D)
preço: nome monetário da quantidade do trabalho social objetivado na mercadoria.
quantum do trabalho: quantidade de trabalho despendida durante a produção de uma mercadoria.
padrão dos preços: “O padrão dos preços, ao contrário, mede as quantidades de ouro em um
quantum de ouro, e não de um quantum de ouro no peso do outro. Essa função é determinante para a
legalidade Estatal.” Exemplo: dólar, euro, real, libra esterlina, etc.
mercadoria: produtos do trabalho humano colocados em circulação no mercado.
dinheiro: mercadoria que funciona como medida de valor, e também, corporalmente ou por
intermédio de representantes, como meio circulante. O ouro também é dinheiro.
ouro: moeda ideal/medida de valor da mercadoria.
moeda: representação material e simbólica do dinheiro. Pode ser de papel ou metal.
mercado: totalidade das trocas (ou circulação da mercadoria) em uma economia mercantil.
produto: originado a partir do trabalho humano, se transforma em mercadoria.
tesouro: dinheiro fora de circulação ou imóvel.
fetichismo: o capitalismo age como se fosse a trama das coisas interagindo entre si, ignorando as
relações sociais por trás do processo de produção.
coisa: produto do trabalho
processo de intercâmbio da mercadoria:

M (mercadoria com valor de troca) → D (dinheiro) → M (mercadoria com valor de uso)


(ciclo completo)

M→D primeira metamorfose da mercadoria: venda. mercadoria com valor de troca se transforma
em dinheiro. Passagem de uma forma inferior para uma forma superior de riqueza.
D→M segunda metamorfose da mercadoria: compra. dinheiro se transforma em mercadoria com
valor de uso. Passagem de uma forma superior para uma forma inferior de riqueza.
mais-valia: excedente sobre o valor original presente no processo D→M→D, em que D’= D + ΔD.
processo de produção do capital/fórmula do capital:

D (dinheiro como dinheiro) → M (dinheiro disfarçado de mercadoria) → D (capital)

força de trabalho/capacidade de trabalho: conjunto das faculdades físicas e espirituais que existem
na corporalidade, na personalidade viva de um homem e que ele põe em movimento toda vez que
produz valores de uso de qualquer espécie.
trabalho concreto:o trabalho concreto é particular (trabalho do marceneiro, do torneiro, analista,etc.)
É universal, ou seja, é comum a todas as formas históricas de produção; a-histórico e não social, pois
é constituído tecnicamente.
trabalho abstrato:socialmente igualado na forma específica que adquire numa economia mercantil.
Uma forma impessoal adquirida através da troca das mercadorias. Medido pelo tempo de trabalho
socialmente necessário.
trabalho:processo de modificação da natureza para a criação de produtos que auxiliam na
sobrevivência. Hoje o trabalho não é feito somente para a sobrevivência, como prova o sistema
capitalista.
Fichamento: O capital - Marx

capital constante: é a parte do capital que se converte em meios de produção, matéria-prima,


materiais auxiliares e meios de trabalho, que não altera sua grandeza de valor no processo de
produção.
capital variável:é a parte do capital que é convertida em força de trabalho muda o seu valor no
processo de produção. Ela reproduz seu próprio equivalente, e além disso, produz um excedente, uma
mais-valia que ela mesma pode variar, ser maior ou menor. Essa parte do capital transforma-se
continuamente de grandeza constante em grandeza variável.
força produtiva do trabalho: diz respeito unicamente à produtividade do trabalho, ou seja, à
quantidade de produtos elaborados em um dado tempo por um certo número de trabalhadores.
forças produtivas gerais, sociais, humanas: remete ao conteúdo da riqueza social, abstraindo
exatamente sua forma social específica.
divisão técnica do trabalho: organização do trabalho dentro de uma empresa (entre pessoas);
taylorismo, fordismo, etc.
divisão social do trabalho: divisão do trabalho entre produtores privados isolados (incluindo
empresas), referente à mercadoria, mais-valia relativa, etc. A forma divisão social do trabalho
permanece, e para isso modifica o tempo todo a divisão técnica do trabalho.

⛏ LIVRO I - O CAPITAL ⛏

SEÇÃO I - MERCADORIA E DINHEIRO

CAPÍTULO I - A MERCADORIA

I. OS DOIS FATORES DA MERCADORIA: VALOR DE USO E VALOR (SUBSTÂNCIA DO


VALOR, GRANDEZA DO VALOR)

O valor de uso de uma coisa se refere à sua utilidade. Somente se realiza em seu uso ou em seu
consumo. O valor de uso é abstrato, pois não determina a forma da mercadoria. É suporte material do
valor de troca.

valor de troca:

“O valor de troca aparece, de início, como a relação quantitativa, a proporção na qual valores de
uso de uma espécie se trocam contra valores de uso de outra espécie, uma relação que muda
constantemente no espaço. O valor de troca parece, portanto, algo casual e puramente relativo; um
valor de troca imanente, intrínseco à mercadoria (valeur intrisèque), portanto uma contradictio in
adjecto.”

“Como valores de uso, as mercadorias são, antes de mais nada, de diferente qualidade, como valores
de troca só podem ser de quantidade diferente, não contendo, portanto, um átomo de valor de uso.”

As mercadorias sempre serão produtos do trabalho. Porém o produto do trabalho se transforma


(restando apenas uma “gelatina” do trabalho humano) e se torna valor/valor mercantil. O valor é
determinado pelo quantum do trabalho objetivado.

quantum do trabalho: Quantidade de trabalho despendida durante a produção de uma mercadoria. O


quantum de trabalho socialmente necessário para a produção do valor de uso que determina a
grandeza de valor de uma mercadoria .
Fichamento: O capital - Marx

“Um valor de uso ou bem possui valor, apenas, porque nele está objetivado ou materializado trabalho
humano abstrato. Como medir a grandeza de seu valor? Por meio do quantum nele contido da
“substância constituidora do valor”, o trabalho. A própria quantidade de trabalho é medida pelo seu
tempo de duração, e o tempo de trabalho possui, por sua vez, sua unidade de medida nas
determinadas frações do tempo, como hora, etc.”

II. DUPLO CARÁTER DO TRABALHO REPRESENTADO NAS MERCADORIAS

trabalho concreto: O trabalho concreto é particular (trabalho do marceneiro, do torneiro,


analista,etc.) É universal, ou seja, é comum a todas as formas históricas de produção; a-histórico e não
social, pois é constituído tecnicamente.

trabalho abstrato: Socialmente igualado na forma específica que adquire numa economia mercantil.
Uma forma impessoal adquirida através da troca das mercadorias. Medido pelo tempo de trabalho
socialmente necessário.

Contradição entre trabalho concreto e trabalho abstrato: O trabalho concreto, que é o único
elemento passível de ser afetado quantitativamente, como mais ou menos eficiente, mais ou menos
produtivo ao longo do tempo. Não existe produtividade no trabalho abstrato.

diferença negativa entre trabalho concreto e trabalho abstrato: abstração das formas concretas de
trabalho.
diferença positiva entre trabalho concreto e abstrato: a igualação de todas as formas de trabalho
numa troca multilateral dos produtos do trabalho.

A igualação de diferentes formas de trabalho na economia mercantil/capitalista, ocorre através da


igualação dos produtos do trabalho enquanto valores.

Duplo caráter no sistema mercantil capitalista

modificações do produto como mercadoria: Quando o produto é levado ao mercado para ser
trocado, o trabalho privado adquire a determinação do trabalho social, o trabalho concreto adquire a
determinação de trabalho abstrato ( técnica → quantum do trabalho ), o trabalho complexo é reduzido
a trabalho simples (igualação feita no mercado, trabalho complexo como uma soma de trabalhos
simples) e o trabalho individual é reduzido a trabalho socialmente necessário (o tempo de trabalho é
dado por uma média social dada pelo mercado).

A abstração do valor de uso se dá com a equiparação do valor dos produtos dada pelo mercado.

III. A FORMA DO VALOR OU O VALOR DE TROCA

A) FORMA SIMPLES, SINGULAR OU ACIDENTAL DE VALOR

A forma simples do valor é a relação do valor de uma mercadoria com uma única mercadoria de um
tipo diferente.

20 varas de linho = 1 casaco


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forma relativa forma equivalente

Forma Relativa:

→ qualitativamente: o valor de uma mercadoria (no caso, o linho) se manifesta no valor de uso de
outra (o casaco).

→ quantitativamente: as mercadorias A e B possuem a mesma grandeza dessa substância comum


(trabalho abstrato, que é medida em tempo de trabalho).

Forma Equivalente: Inversões: Personificação do valor, casaco como valor; Atividade criadora do
casaco se apresenta como criadora do valor; A atividade criadora das 20 varas de linho ganha forma
social através da atividade criadora do casaco.

B) FORMA DE VALOR TOTAL OU DESDOBRADA

1 casaco
2 onças de ouro
20 varas de linho = 10 libras de chá
1 quarter de trigo
etc. mercadorias

Não é a troca que regula a grandeza de valor, mas sim a grandeza de valor que regula a troca. A forma
relativa possui valor dentro dela, que é dada através do trabalho abstrato medida pelo tempo de
trabalho socialmente necessário. O fundamento regulador do mercado é determinado de modo interno
à mercadoria.

C) FORMA GERAL DE VALOR

1 casaco
2 onças de ouro
10 libras de chá = 20 varas de linho
1 quarter de trigo
etc. mercadorias

A forma geral do valor representa de modo unitário e comum a todas as mercadorias aquilo que há
nelas de social, o trabalho humano abstrato. Todas as mercadorias agora, de modo unitário, espelham
na corporalidade natural do linho a sua natureza social.

D) FORMA DINHEIRO

1 casaco
2 onças de ouro
10 libras de chá = 2 onças de ouro
1 quarter de trigo
etc. mercadorias
Fichamento: O capital - Marx

O dinheiro é mercadoria geral que serve como materialização do trabalho humano abstrato. O
dinheiro apaga, “magicamente”, todas as determinações da forma valor equivalente parecendo
possuir valor por natureza. Ele encobre o caráter social dos trabalhos privados ao invés de revelá-los.

IV. O CARÁTER FETICHISTA DA MERCADORIA E SEU SEGREDO

Analisa o fetichismo presente na mercadoria. O fetichismo da mercadoria se dá quando as suas


características, conferidas pelas relações sociais, aparecem como se lhes pertencessem naturalmente.
A mercadoria possui um “véu de misticidade”, que esconde a participação das relações humanas em
sua criação (fenômeno/processo objetivo). Está ligado com a discussão sobre as formas de valores. A
forma dinheiro se apresenta como valor, porém ela só espelha o valor que é produto do trabalho.

“O caráter místico da mercadoria não provém, portanto, de seu valor de uso. Ele não provém,
tampouco, do conteúdo das determinações do valor [...] De onde provém, então, o caráter enigmático
do produto do trabalho, tão logo ele assume a forma mercadoria? Evidentemente dessa forma mesmo.
A igualdade dos trabalhos humanos assume a forma material de igual objetividade de valor dos
produtos de trabalho, a medida do dispêndio de força de trabalho do homem, por meio de sua
duração, assume a forma da grandeza de valor dos produtos de trabalho, finalmente, a relação entre
os produtores, em que aquelas características sociais de seus trabalhos são ativadas, assumem a
forma de uma relação social entre os produtos de trabalho.”

“Esse caráter fetichista do mundo das mercadorias provém, como a análise precedente já
demonstrou, do caráter social peculiar do trabalho que produz da mercadoria.”

CAPÍTULO II - O PROCESSO DE TROCA

Diferença entre o processo de troca e a troca. No processo de troca não são apenas duas mercadorias
que interagem entre si, entram em cena os portadores da mercadoria (proprietários privados). Todas as
pessoas são portadoras de mercadoria. Analisa não somente as mercadorias, mas também os homens
portadores dessas mercadorias. A troca entre proprietários privados aparece subjetivamente como ato
de duas vontades livres e autônomas.

“O conteúdo dessa relação jurídica ou de vontade é dado por meio da relação econômica mesma”

O indivíduo encena o papel legado pela relação econômica. Ele é livre para realizar as necessidades
da mercadoria. Essa torna-se a condição de existência humana, algo totalmente externo ao ser
humano. Marx começa, a partir desse capítulo, a utilizar uma linguagem que remete ao teatro.

A contradição entre trabalho social e trabalho individual (cada indivíduo enxerga sua mercadoria
como equivalente a todas as outras e vice-versa) exige a existência da forma dinheiro. Mas dinheiro
não aparece enquanto produto específico do trabalho individual, ele é produto do trabalho social, ele é
o valor.

“todas as mercadorias são não valores de uso para seus possuidores e valores de uso para não
possuidores.”

O aprofundamento histórico do processo de troca, e somente ele, pode desenvolver a oposição


existente no interior da mercadoria, aquela entre valor de uso e valor. É necessário então a existência
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de um agente que funcione como medida de valor para as mercadorias, que seria o dinheiro como
ouro (fruto do trabalho social).

CAPÍTULO III - O DINHEIRO OU A CIRCULAÇÃO DAS MERCADORIAS

Parte da forma dinheiro enquanto mediadora do processo de circulação das mercadorias. Irá descrever
as várias funções do dinheiro no processo de troca.

I. MEDIDA DOS VALORES

“Como medida de valor, serve para transformar os valores das mais variadas mercadorias em preço,
em quantidades imaginárias de ouro.”

A mercadoria não é medida em tempo de trabalho socialmente necessário, mas sim através de uma
medida ideal e imaginária. Surge assim a figura do preço, que é a representação da medida do valor.

Padrão dos preços: “O padrão dos preços, ao contrário, mede as quantidades de ouro em um
quantum de ouro, e não de um quantum de ouro no peso do outro. Essa função é determinante para a
legalidade Estatal.” Exemplo: dólar, euro, real, libra esterlina, etc.

diferença entre medida de valor x padrão dos preços.

“Eu não sei nada sobre o homem sabendo que seu nome é Jacobus.” → A relação do valor que no
início aparecia como valor de uso e valor, vai se afastando de sua origem.

“A confusão sobre o sentido secreto desses signos cabalísticos (dólar, euro, etc.) é tanto maior na
medida em que as denominações monetárias expressam ao mesmo tempo o valor das mercadorias e
partes alíquotas de um peso metálico, do padrão monetário. Por outro lado, é necessário que o valor,
em contraste com os coloridos corpos do mundo das mercadorias, evolua para essa forma reificada
sem sentido próprio, mas também simplesmente social.” Impressão de uma relação unilateral com o
dinheiro, sem a sua significação social do trabalho por trás.

o preço pode mudar, mantendo o mesmo valor. O preço vai sempre orbitar de acordo com a atribuição
social de valor (oferta e demanda), mas sua unidade monetária (padrão) pode mudar o tempo inteiro.

II. MEIO DE CIRCULAÇÃO

a) a metamorfose das mercadorias e b) o curso do dinheiro

No capitalismo, as contradições não se resolvem, se cria uma camada superficial por cima dessas
contradições. A contradição entre valor de uso e valor precisa de um equivalente universal: o dinheiro.
O dinheiro se torna apenas meio de circulação, sem um fim em si mesmo.

“viu-se que o processo de troca das mercadorias encerra relações contraditórias e mutuamente
exclusivas. O desenvolvimento das mercadorias não suprime estas contradições, mas gera a forma
dentro da qual elas podem mover-se. Este é, em geral, o método com o qual as contradições reais se
resolvem.”
Fichamento: O capital - Marx

“esse processo produz uma duplicação da mercadoria em mercadoria e dinheiro, uma antítese
externa, dentro da qual elas representam sua antítese imanente entre valor de uso e valor.”

M (mercadoria com valor de troca) → D (dinheiro) → M (mercadoria com valor de uso)


(ciclo completo)

M→D primeira metamorfose da mercadoria (venda): mercadoria com valor de troca se transforma
em dinheiro. Passagem de uma forma inferior para uma forma superior de riqueza.
D→M segunda metamorfose da mercadoria (compra): dinheiro se transforma em mercadoria com
valor de uso. Passagem de uma forma superior para uma forma inferior de riqueza.

Síntese do processo, vender para comprar: “na medida em que compra e venda são reciprocamente
indiferentes não precisam de modo algum coincidir.” → Lei de Say

“metamorfose total de uma mercadoria envolve, em sua forma mais simples, quatro extremos e três
pessoas dramáticas”: “O vendedor do primeiro ato torna-se comprador no segundo, onde um
terceiro possuidor de mercadorias confronta-se com ele e como vendedor.”

O processo de troca é uno e dúplice simultaneamente. Uno porque compreende tanto a venda como a
compra simultaneamente, dado que um não existe sem o outro, e dúplice porque estão separados, não
apenas conceitualmente, mas, também, temporal e espacialmente.

c) a moeda. o signo do valor

“da função do dinheiro como meio circulante surge sua figura de moeda.”

Com a fraude e o desgaste, a moeda de metal só continua em circulação de maneira simbólica.

“Se o próprio curso do dinheiro dissocia o conteúdo real do conteúdo nominal da moeda [...] ele já
contém latentemente a possibilidade de substituir o dinheiro metálico em sua função de moeda por
senhas de outro material ou por símbolos.”

III. DINHEIRO

Dinheiro como dinheiro é o dinheiro como finalidade do processo.

“A mercadoria que funciona como medida de valor e também, corporalmente ou por intermédio de
representantes, como meio de circulação, é dinheiro.”

“Como dinheiro tal mercadoria funciona não só apenas de forma ideal, como na medida de valor,
nem sendo suscetível de representação, como no meio circulante. Fixa-o como figura de valor
exclusiva ou única existência adequada do valor de troca.”

a) entesouramento

Vendem-se mercadorias não para comprar mercadorias, mas para substituir a forma mercadoria pela
forma dinheiro. Esta mudança de forma torna-se um fim em si mesma.
Fichamento: O capital - Marx

“O nosso entesourador surge como mártir do valor de troca, um santo asceta no ápice de sua coluna
de metal.”

Ainda não é o modo capitalista pleno, o entesouramento rege formas de sociedade em que as
necessidades sociais estão petrificadas. É um momento do modo de produção capitalista: crises.

b) meio de pagamento

Personagens dramáticos se transformam: o vendedor se torna credor, e o comprador devedor. O


dinheiro funciona agora, primeiro, como medida de valor. Preço mede a obrigação do comprador.
Segundo, funciona como meio ideal de compra. Dinheiro não media o processo: fecha de modo
autônomo, como existência absoluta do valor de troca ou mercadoria geral. É também um momento
do modo de produção capitalista.

“a luta de classes no mundo antigo, por exemplo, apresenta-se fundamentalmente sob a forma de uma
luta entre credores e devedores.”

c) dinheiro mundial

“o dinheiro se despe de suas formas locais de padrão de medida dos preços, de moeda, de moeda
simbólica e de símbolo de valor, e retorna à sua forma original de barra de metal precioso.”

“é só no mercado mundial que o dinheiro funciona plenamente como mercadoria, cuja forma natural
é, ao mesmo tempo, forma diretamente social de realização do trabalho humano em abstrato.”

Como dinheiro mundial, funciona como forma abstrata da riqueza universal. Ele assume a forma de
metais preciosos, autônoma e universal. (ainda que o dólar seja representante mundial, os metais
preciosos ainda possuem relevância.) A existência da mercadoria se torna condicionada pela
existência do dinheiro.

Na forma de sociedade capitalista, o homem desenvolveu uma forma de organização social que,
embora seja produto exclusivo da ação humana, se desgarra e sobrepõe a todos os homens,
controlando, dirigindo, valorando e mesmo conferindo existência a todo o mundo humano. O dinheiro
aparece,assim, como o ser, o absoluto, a perfeição, o supremo bem, o suprassensível diante das coisas
e pessoas mundanas como não-ser, relativo, imperfeito e sensível. A vida humana, aqui, é um teatro
em que cada um encena o papel das relações econômicas cujo rei é o dinheiro.

SEÇÃO II - A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL

CAPÍTULO IV - TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL

I. A FÓRMULA GERAL DO CAPITAL

D( dinheiro como dinheiro) → M (dinheiro disfarçado de mercadoria) → D (capital)


(D→M→D)

A fórmula acima é a fórmula geral do capital. O capital só existe com a transformação do dinheiro em
mercadoria e a transformação da mercadoria em dinheiro (que nessa fase do processo já é capital.)
Fichamento: O capital - Marx

“A forma completa desse processo é, portanto, D - M - D’, em que D’ = D + ΔD, ou seja, igual à
soma de dinheiro originalmente adiantado mais um incremento. Esse incremento, ou excedente sobre
o valor original, chamo de - mais-valia. O valor originalmente não só se mantém na circulação, mas
altera nela a sua grandeza de valor, acrescenta mais-valia ou se valoriza. E esse movimento
transforma-o [ dinheiro ] em capital.”

“A circulação de mercadorias é o ponto de partida do capital.”

“Dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital diferenciam-se primeiro por sua forma diferente de
circulação.”

No ciclo do capital, o objetivo é unicamente a produção de ainda mais capital, em um movimento


infinito. O seu motivo indutor e sua finalidade determinante é o valor de troca, ao contrário do ciclo
M-D-M, que tem como objetivo o valor de uso. O incessante movimento de ganho é a meta do
capitalismo.

“Na fórmula inversa, D-M-D, o comprador gasta dinheiro para como vendedor receber dinheiro.
Com a compra, ele lança dinheiro na circulação, para retirá-lo dela novamente pela venda da mesma
mercadoria. Ele libera o dinheiro só com a astuciosa intenção de apoderar-se dele novamente. Ele é,
portanto, adiantado.”

“A circulação do dinheiro como capital é, pelo contrário, uma finalidade em si mesma, pois a
valorização do valor só existe dentro desse movimento sempre renovável. Por isso o movimento do
capital é insaciável.”

“O valor torna-se, portanto, valor em processo, dinheiro em processo e, como tal, capital. Ele provém
da circulação, entra novamente nela, sustenta-se e se multiplica nela, retorna aumentado dela e
recomeça o mesmo ciclo sempre de novo. D-D’, dinheiro que gera dinheiro - money which begets
money [...]”

II. CONTRADIÇÕES DA FÓRMULA GERAL

Como D-M-D’ é possível?

Contradição: como é possível produzir mais-valia se na troca de equivalentes sempre se troca valores
de igual magnitude um pelo outro?

“Nosso possuidor de dinheiro, que ainda é apenas um capitalista em larva, tem de comprar as
mercadorias pelo seu valor, vendê-las pelo seu valor e, no entanto, no final do processo, retirar da
circulação mais valor do que nela lançara inicialmente.”

Caso I: A mais-valia surge da circulação?

I. Se forem trocados equivalentes → Não nasce daí mais-valia. Troca entre valores iguais.
II. Se forem trocados não-equivalentes → Não nasce daí mais-valia. Um ganha e outro perde.

Conclusão: A circulação ou troca de mercadorias não cria qualquer valor.


Fichamento: O capital - Marx

Caso II: A mais-valia surgiria então fora da circulação, ao nível da produção?

Não. O produtor de mercadorias, fora da órbita da circulação, sem entrar em contato com outros
possuidores de mercadorias, não consegue “valorizar o seu valor e consequentemente transformar
dinheiro ou mercadoria em capital”.

“Capital não pode, portanto, originar-se da circulação, e tampouco, pode não originar-se fora da
circulação. Deve, ao mesmo tempo, originar-se e não se originar dela.”

Oposição circulação-produção não é contrariedade. Não pode ser pensada como uma oposição entre
duas coisas externas. De um lado a circulação, de outro a produção.

Oposição circulação-produção é contradição. Isto é, uma oposição entre gêneros que se entrelaçam e
engendram um ser novo contraditório (D-M-D’), ou seja, um ser que possui no interior de si e ao
mesmo tempo a oposição circulação-produção.

Contrariedade: A é B, A é C ou não B; sob perspectivas diferentes ou em tempos diferentes.


EX: Este livro é amarelo e pesado. Não existe contradição entre essas duas afirmações, elas coexistem
em perspectivas diferentes. Se a cor amarela do livro desbotar e se tornar branca, também não existe
contradição, apenas o tempo se tornou diferente.

Contradição: A é B e A é não B; sob a mesma perspectiva e ao mesmo tempo.


EX: A mais-valia existe dentro e fora da circulação ao mesmo tempo.

D-M-D’: é um gênero contraditório. Produção e circulação ao mesmo tempo e na mesma relação. Não
podem ser consideradas separadamente, constituem/determinam um ao outro.

III. COMPRA E VENDA DA FORÇA DE TRABALHO

A modificação do dinheiro em capital só pode ocorrer com a mercadoria comprada no primeiro ato do
ciclo (D-M), mas não com o seu valor, pois são trocados equivalentes, a mercadoria é paga por seu
valor. Assim, a modificação só origina-se do seu valor de uso enquanto tal, ou seja, de seu
consumidor. Para extrair de uma mercadoria o valor de consumo, é necessário encontrar uma
mercadoria cujo próprio valor de uso fosse fonte de valor, cujo verdadeiro consumo fosse objetivação
de trabalho, por conseguinte, criação de valor. Essa mercadoria é a força/capacidade de trabalho.

Apenas o consumo da força de trabalho produz valor, ou seja, apenas o trabalho produz valor.

Condições para a força de trabalho ser encontrada no mercado como mercadoria:

I. Ela deve ser oferecida à venda pelo seu próprio possuidor. O possuidor deve ser livre proprietário
de sua capacidade de trabalho, de sua pessoa; O possuidor deve vender a sua força de trabalho
somente por um determinado período de tempo, se vende-la em bloco ele deixa de estar vendendo sua
mercadoria (força de trabalho) e se torna um escravo;
II. O possuidor deve vender sua força de trabalho diretamente, e não mercadorias objetivas através de
seu trabalho;
Fichamento: O capital - Marx

Para alguém vender mercadorias distintas de sua força de trabalho deve-se possuir os meios de
produção.

“Para transformar dinheiro em capital, o possuidor de dinheiro precisa encontrar, portanto, o


trabalhador livre no mercado de mercadorias, livre no duplo sentido de que ele dispõe, como pessoa
livre, de sua força de trabalho como sua mercadoria, e de que ele, por outro lado, não tem outras
mercadorias para vender, solto e solteiro, livre de todas as coisas necessárias à realização de sua
força de trabalho.”

A relação entre possuidores de dinheiro e mercadoria x possuidores da força de trabalho é fruto de


um processo histórico anterior. O capital só existe quando os proprietários dos meios de produção
encontram o trabalhador livre como vendedor da sua força de trabalho.

Qual o valor da força de trabalho? Como ele é determinado?

“O valor da força de trabalho, como o de toda outra mercadoria, é determinado pelo tempo de
trabalho necessário à produção, portanto também reprodução, desse artigo específico.” “Em antítese
às outras mercadorias, a determinação do valor da força de trabalho contém, por conseguinte, um
elemento histórico e moral. No entanto, para determinado país, em determinado período, o âmbito
médio dos meios de subsistência básicos é dado.”

“O que, portanto, caracteriza a época capitalista é que a força de trabalho assume, para o próprio
trabalhador, a forma de uma mercadoria que pertence a ele, que, por conseguinte, seu trabalho
assume a forma de trabalho assalariado. Por outro lado, só a partir desse instante se universaliza a
forma mercadoria dos produtos do trabalho.”

“Em todos os países com modo de produção capitalista, a força de trabalho só é paga depois de ter
funcionado durante o prazo previsto no contrato de compra, por exemplo, no final de cada semana.
Por toda parte, portanto, o trabalhador adianta ao capitalista o valor de uso da força de trabalho;
ele deixa consumi-la pelo comprador, antes de receber o pagamento de seu preço; por toda a parte,
portanto, o trabalhador fornece crédito ao capitalista.”

“o processo de consumo da força de trabalho é simultaneamente, o processo de produção de


mercadoria e de mais-valia.”

O que determina o valor de troca da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência e o grau de
especialização. Isso depende de valores históricos, culturais, políticos, morais e sociais.

SEÇÃO III - A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA ABSOLUTA

CAPÍTULO V - PROCESSO DE TRABALHO E PROCESSO DE VALORIZAÇÃO

I. O PROCESSO DE TRABALHO

O processo de trabalho é analisado unicamente através da relação homem-natureza, abstraindo a


forma que os homens se organizam para se apropriar da natureza. O trabalho é uma característica
única e exclusiva do Homem.
Fichamento: O capital - Marx

“Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em que o homem,
por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. Ele mesmo se
defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de apropriar-se da matéria
natural numa forma útil para a sua própria vida. Ao atuar, por meio desse movimento, sobre a
Natureza externa a ele e ao modificá-la, ele modifica ao mesmo tempo, sua própria natureza.”

“O estado em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua própria força de
trabalho deixou para o fundo dos tempos primitivos o estado em que o trabalho humano não se desfez
ainda de sua primeira forma instintiva. Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence
exclusivamente ao homem.”

O processo de trabalho é a-histórico, ele existe em todas as formas de organização social e antes
destas (abstração).

“O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é atividade


orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer as
necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a Natureza, condição
natural eterna da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes
igualmente comum a todas as suas formas sociais.”

II. O PROCESSO DE VALORIZAÇÃO

O processo de trabalho se converte em processo de valorização no sistema capitalista. Todas as


determinações do processo de trabalho viram ao “avesso” ao ser convertido em processo de
valorização, a valorização do valor se torna a finalidade última do processo, e não transformação de
materiais brutos no produto acabado (agora mercadoria). Surge no texto o conceito de mais-valia.

“O produto - a propriedade do capitalista - é um valor de uso, fio, botas, etc. Mas, embora as botas,
por exemplo, constituam de certo modo a base do progresso social e nosso capitalista seja um
decidido progressista, não fabrica as botas por causa delas mesmas. O valor de uso não é, de modo
algum, a coisa qu’on aime pour lui-même [que se ama por si mesma]. Produz-se aqui valores de uso
somente porque e na medida em que sejam substrato material, portadores de valor de troca. E para
nosso capitalista, trata-se de duas coisas. Primeiro, ele quer produzir um valor de uso que tenha um
valor de troca, um artigo destinado à venda, uma mercadoria. Segundo, ele quer produzir uma
mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores das mercadorias exigidas para
produzi-la, os meios de produção e a força de trabalho, para as quais adiantou seu bom dinheiro no
mercado. Quer produzir não só seu valor de uso, mas uma mercadoria, não só valor de uso, mas
valor e não só valor, mas também mais-valia.”

Duas características do sistema capitalista permitem o surgimento da mais-valia:


I. o trabalhador trabalha sob controle do capitalista a quem pertence seu trabalho;
II. o produto é propriedade do capitalista, e não do trabalhador, que o produz.

A mais-valia é a forma social do trabalho excedente no capitalismo. Sua (mais-valia) produção não
ocorre somente na esfera de produção. O trabalhador não recebe por seu trabalho, apenas por sua
capacidade de trabalhar (que foi vendida previamente).
Fichamento: O capital - Marx

CAPÍTULO VI - CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL

No capítulo VI, Marx determina a mais-valia qualitativamente.

capital = capital constante + capital variável

capital constante: é a parte do capital que se converte em meios de produção, matéria-prima, materiais
auxiliares e meios de trabalho, que não altera sua grandeza de valor no processo de produção.

capital variável: é a parte do capital que é convertida em força de trabalho muda o seu valor no
processo de produção. Ela reproduz seu próprio equivalente, e além disso, produz um excedente, uma
mais-valia que ela mesma pode variar, ser maior ou menor. Essa parte do capital transforma-se
continuamente de grandeza constante em grandeza variável. Não se resume à soma de salários.

Os meios de produção não podem agregar valor por si só. Apenas o consumo da força de trabalho
agrega valor no produto.

transferência do antigo valor


produtos meios de produção → novo produto

“O que se consome dos meios de produção é seu valor de uso, pelo consumo do qual o trabalho
forma produtos. Seu valor não é , de fato, consumido, nem pode, portanto, ser reproduzido. Ele é
conservado, não porque uma operação ocorre com ele mesmo no processo de trabalho, mas porque o
trabalho de uso, em que existia originalmente, na verdade desaparece, mas desaparece apenas em
outro valor de uso. Os valores dos meios de produção reaparece, por isso, no valor do produto, mas,
falando exatamente, ele não é reproduzido. O que é reproduzido é o novo valor de uso, em que
reaparece o antigo valor de troca.”

CAPÍTULO VII - A TAXA DE MAIS-VALIA

tempo de trabalho necessário: primeiro período do processo do trabalho; tempo necessário para o
trabalhador produzir o valor de sua própria força de trabalho, em que produz o valor de sua própria
subsistência.

mais-trabalho: segundo período do processo de trabalho; o trabalhador trabalha além do limite do


trabalho necessário, custa-lhe trabalho e dispêndio da força de trabalho, porém não cria valor para o
próprio trabalhador, apenas para o capitalista.

fórmula da taxa da mais-valia:

tempo de trabalho necessário, apropriado


grau da exploração pelo trabalhador na forma de salário.
da força de trabalho = ーーーーーーーーーーーーーーーーーーー
ou a taxa de mais-valia tempo de trabalho excedente, apropriado
pelo capitalista na forma de mais-valia

CAPÍTULO VIII - A JORNADA DE TRABALHO


Fichamento: O capital - Marx

jornada de trabalho: é medida através do tempo de trabalho necessário e do tempo de mais trabalho.

“Admitamos que a linha a - b represente a duração ou comprimento do tempo de trabalho necessário,


digamos 6 horas. Conforme o trabalho seja prolongamento em 1, 3 ou 6 horas, obtemos diferentes
linhas, como a —- b – c, a —- b — c, a —- b —- c, respectivamente.”

Apresenta, neste capítulo, a questão da jornada de trabalho no século XIX. Uma luta constante entre
os direitos dos trabalhadores e os direitos dos capitalistas; este capítulo evidencia a luta de classes no
sistema capitalista. A exploração do trabalhador se torna evidente ao analisar casos na Inglaterra em
que a jornada de trabalho chega de 12h até 15h. A diminuição da jornada de trabalho tem sido lenta,
com relutância por parte dos capitalistas.

CAPÍTULO IX - TAXA E MASSA DE MAIS-VALIA

a massa de mais-valia é determinada por dois fatores:


I. a taxa de mais-valia;
II. grandeza do capital variável.

A massa de mais-valia está em razão direta com o capital variável. Se diminui o número de
trabalhadores, explora-se mais o trabalhador, aumentando a taxa de mais-valia. Portanto, mais-valia
absoluta é obtida:
a) aumentando a jornada de trabalho;
b) aumentando a intensidade do trabalho, e com isso aumentando também o número de mercadorias.

fórmula da massa da mais valia:

“Chamemos portanto M a massa da mais-valia, m a mais-valia diariamente fornecida pelo


trabalhador individual, v o capital variável adiantado diariamente para comprar uma força de
trabalho individual, V a soma total do capital variável, k o valor de uma força de trabalho média,
a’/a (trabalho excedente/trabalho necessário) o grau de sua exploração e n o número de
trabalhadores empregados. Teremos então:

m/v x V
M = { k x a’/a x n ”

trabalho vivo: trabalho humano


trabalho morto: trabalho de máquinas

SEÇÃO IV - A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA RELATIVA

CAPÍTULO X - CONCEITO DE MAIS VALIA RELATIVA

O capitalismo não subordina o trabalho apenas formalmente, mas também efetivamente, ao mudar não
apenas a forma social, mas também seu conteúdo.
Fichamento: O capital - Marx

A mais-valia relativa é outra forma de encurtar o tempo de trabalho socialmente necessário fazendo
prevalecer o tempo de trabalho excedente e ampliando assim a taxa de mais-valia. Isso barateia o
preço geral dos produtos no mercado (quantidade menor de trabalho socialmente necessário).

“A mais-valia produzida pelo prolongamento da jornada de trabalho chamo de mais-valia absoluta;


a mais-valia que, ao contrário, decorre da redução do tempo de trabalho e da correspondente
mudança da proporção entre os dois componentes da jornada de trabalho chamo de mais-valia
relativa.”

Aumentar a produtividade do trabalho não aumenta a produção de valor. Por quê?

Porque o desenvolvimento das forças produtivas do trabalho eleva a produtividade do trabalho


concreto, contudo nada altera em termos de trabalho abstrato. Isto é assim porque este último não se
mede pelo volume de artigos produzidos, mas pelo tempo de trabalho socialmente necessário.

“[...] o processo inteiro só afeta finalmente a taxa geral de mais-valia se o aumento da força
produtiva do trabalho atingiu ramos de produção, portanto barateou mercadorias, que entram no
circuito dos meios de subsistência necessários e consequentemente constituem elementos do valor da
força de trabalho.”

Ou seja, só se aumenta ou diminui a exploração de trabalho (taxa de mais-valia) caso incida sobre os
produtos que estão na cesta de consumo do trabalhador.

força produtiva do trabalho: diz respeito unicamente à produtividade do trabalho, ou seja, à


quantidade de produtos elaborados em um dado tempo por um certo número de trabalhadores.
forças produtivas gerais, sociais, humanas: remete ao conteúdo da riqueza social, abstraindo
exatamente sua forma social específica.

Existe uma tendência de aumentar a força produtiva do trabalho para o barateamento da mercadoria
que, consequentemente, gera o barateamento do trabalhador, o que aumenta a geração de mais-valia.

“A mais-valia relativa está na razão direta da força produtiva do trabalho. Sobe com força produtiva
em aumento e cai com força produtiva em queda [...] Por isso, é impulso imanente e tendência
constante do capital aumentar a força produtiva do trabalho para baratear a mercadoria, e mediante
o barateamento da mercadoria, baratear o próprio trabalhador.”

“A realização da mais-valia implica, por si mesma, a reposição do valor adiantado. Uma vez que a
mais-valia relativa cresce na razão direta do desenvolvimento da força produtiva do trabalho,
enquanto o valor das mercadorias cai na razão inversa desse mesmo desenvolvimento, sendo,
portanto, o mesmo processo idêntico que barateia as mercadorias e eleva a mais-valia contida nelas,
fica solucionado o mistério de que o capitalista, para quem importa apenas a produção de valor de
troca, tenta constantemente reduzir o valor de troca das mercadorias.”

“O desenvolvimento da força produtiva do trabalho, no seio da produção capitalista, tem por


finalidade encurtar a parte da jornada de trabalho durante a qual o trabalhador tem de trabalhar
para si mesmo, justamente para prolongar a outra parte da jornada de trabalho durante a qual pode
trabalhar gratuitamente para o capitalista.”
Fichamento: O capital - Marx

Efeitos da mais-valia relativa:


I. QUALITATIVAMENTE: Pode elevar a taxa de exploração (ou não);
II. QUANTITATIVAMENTE: Ao reduzir o valor dos produtos, amplia o círculo de consumo. A
ampliação do círculo de consumo pode se dar de duas formas: com a ampliação quantitativa do
círculo já existente ou com a criação de novas necessidades de criação de novos valores de uso ainda
inexistentes.

A mais-valia relativa nos remete diretamente à produtividade do trabalho advinda de sua forma de
cooperação. Faz-se necessário analisar o processo de trabalho do ponto de vista da cooperação.

CAPÍTULO XI - COOPERAÇÃO

“A forma de trabalho em que muitos trabalham planejadamente lado a lado e conjuntamente, no


mesmo processo de produção ou em processos de produção diferentes, mas conexos, chama-se
cooperação.”

Faz um panorama geral dos tipos de cooperação presentes antes do surgimento do capitalismo para
melhor entendimento do sistema atual de cooperação. Dá alguns exemplos:

- Cooperação nas primeiras comunidades humanas;


- Cooperação na escravidão e na servidão;

Ambas formas diferem completamente da cooperação no capitalismo, que se caracteriza pelo fato de
que os indivíduos não são dominados de antemão, mas sim a partir do momento em que “assinam” o
contrato do trabalho - efetivamente vendem sua força de trabalho e entram no mecanismo de
trabalho. No capitalismo, a dominação não é direta, e muito mesmo palpável. Dessa forma os
trabalhadores se veem como livres, iguais e autônomos.

“A forma capitalista (de cooperação) pressupõe, ao contrário (das formas de dominações diretas),
desde o princípio o trabalhador assalariado livre, que vende sua força de trabalho ao capital.
Historicamente, no entanto, ela se desenvolve em oposição à economia camponesa e ao exercício
independente dos ofícios, possuindo esta forma corporativa ou não. Nesse confronto, a cooperação
capitalista aparece não como forma específica da cooperação, mas a cooperação mesma aparece
como uma forma histórica peculiar do processo de produção capitalista que o distingue
especificamente.”

Os diversos tipos de cooperação não fundam formas diversas da sociedade, ao contrário, são as
formas específicas de sociedade que fundam modos distintos de cooperação. O capitalismo não é uma
forma de cooperação, mas a cooperação é uma forma do capitalismo.

divisão técnica do trabalho: organização do trabalho dentro de uma empresa (entre pessoas);
taylorismo, fordismo, etc.
divisão social do trabalho: divisão do trabalho entre produtores privados isolados (incluindo
empresas), referente à mercadoria, mais-valia relativa, etc. A forma divisão social do trabalho
permanece, e para isso modifica o tempo todo a divisão técnica do trabalho.

As relações entre pessoas dentro da empresa tem um caráter exclusivamente técnico. Os dois aspectos
(técnico e social) ajustam-se um ao outro, mas cada um tem caráter diverso.
Fichamento: O capital - Marx

Todo processo de cooperação exige uma direção. A direção característica do sistema capitalista é
extremamente hierarquizada e despótica em sua forma. Ela não expressa apenas este caráter útil
intrínseco ao processo cooperativo, mas o caráter duplo do trabalho que este dirige.

“Se portanto a direção capitalista é, pelo seu conteúdo, dúplice, em virtude da duplicidade do
próprio processo de produção que dirige, o qual por um lado é processo social e trabalho para a
elaboração de um produto, por outro, processo da valorização do capital, ela é enquanto forma
despótica.”

cooperação simples: caráter geral da cooperação. Mais abstrata, encontrada em todos os modos de
produção, de maneira mais ou menos desenvolvida. Pode produzir mais-valia relativa pela economia
dos meios de produção. Apenas um momento da cooperação capitalista, que é mais complexa.

“A cooperação simples continua sendo ainda a forma predominante nos meios de produção em que o
capital opera em grande escala, sem que a divisão do trabalho ou a maquinaria desempenhem papel
significativo.”

“A cooperação permanece a forma básica do modo de produção capitalista, embora sua figura
simples mesma apareça como forma particular ao lado de suas formas mais desenvolvidas.”

CAPÍTULO XII - DIVISÃO DO TRABALHO E MANUFATURA

A cooperação baseada na divisão do trabalho adquire sua forma clássica na manufatura. O


desenvolvimento da divisão social do trabalho não implica necessariamente no regime manufatureiro.
A manufatura é uma criação absolutamente do capitalismo. É a hierarquização e
compartimentalização das atividades produtivas dentro de uma empresa.

A manufatura se configura de forma dupla:


I. Cada indivíduo realiza operações parciais, que são mutuamente complementares;
II. Decompõe o mesmo ofício individual em suas diversas formas particulares, até que se torne função
específica de um trabalhador.

Por um lado, ela retalha e divide os ofícios; por outro, ela combina e associa.

“Originalmente, a manufatura de carruagens aparecia como uma combinação de ofícios autônomos.


Progressivamente, ela se transforma em divisão de produção de carruagens em suas diversas
operações particulares, em que cada operação cristaliza-se em função exclusiva de um trabalhador, e
sua totalidade é executada pela união desses trabalhadores parciais.”

“Por um lado a manufatura introduz, portanto,a divisão do trabalho em um processo de produção ou


a desenvolve mais; por outro lado, ela combina ofícios anteriormente separados. Qualquer que seja
seu ponto particular de partida, sua figura final é a mesma - um mecanismo de produção, cujos
órgãos são seres humanos.”
Fichamento: O capital - Marx

Temos aqui uma divisão técnica do trabalho que tem por meta organizar os distintos trabalhadores
individuais numa forma que potencialize sua própria forma de trabalho individual, transformando uma
força de trabalho independente e isolada em uma grande força coletiva.

“Descendo agora aos pormenores, é desde logo claro que um trabalhador, o qual executa a sua vida
inteira uma única operação simples, transforma todo o seu corpo em órgão automático unilateral
dessa operação e portanto necessita para ela menos tempo que o artífice, que executa alternadamente
toda uma série de operações. O trabalhador coletivo combinado, que constitui o mecanismo vivo de
manufatura, compõe-se porém apenas de tais trabalhadores parciais unilaterais. Em comparação
com o ofício autônomo produz por isso mais em menos tempo ou eleva a força produtiva do trabalho.
O método do trabalho parcial também se aperfeiçoa, após tornar-se autônomo, como função
exclusiva de uma pessoa. A repetição contínua da mesma ação limitada e a concentração da atenção
nela ensinam, conforme indica a experiência, a atingir o efeito útil desejado com o mínimo de gasto
de força. Mas como diferentes gerações de trabalhadores sempre convivem simultaneamente e
cooperam nas mesmas manufaturas, os truques técnicos do ofício assim adquiridos se consolidam,
acumulam e transmitem rapidamente.”

manufatura heterogênea (estágio inicial do capitalismo) → manufatura orgânica (estágio mais


avançado do capitalismo).

SEÇÃO VII - O PROCESSO DE ACUMULAÇÃO DO CAPITAL

CAPÍTULO XXIV - A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA

A acumulação primitiva se diferencia da acumulação de capital porque ela não pressupõe


necessariamente um capital anterior.

I. O SEGREDO DA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA

Para Adam Smith, a acumulação primitiva seria um processo prévio que engendrou a acumulação
primitiva. Marx contesta essa ideia.

“Em tempos muitos remotos, havia, por um lado, uma elite laboriosa, inteligente,e sobretudo
parcimoniosa, e por outro, vagabundos dissipando tudo o que tinham e mais ainda. A legenda do
pecado original teológico conta-nos, contudo, como o homem foi condenado a comer seu pão com o
suor de seu rosto.”

Para Marx, o capital só surge com a expropriação de produtor (trabalhador) e meios de produção, e
não através da acumulação primitiva. O mito da acumulação primitiva não explica o porquê dos
trabalhadores terem sido expropriados.

“Na história real, como se sabe, a conquista, a subjugação, o assassínio para roubar,em suma, a
violência, desempenham o principal papel. Na suave Economia Política reinou desde sempre o idílio.
Desde o início, o direito e o “trabalho” têm sido os únicos meios de enriquecimento, excetuando-se
de cada vez, naturalmente, “este ano”. Na realidade, os métodos de acumulação primitiva são tudo
menos idílicos.”
Fichamento: O capital - Marx

Para gerar acumulação capitalista, é necessário empregar os trabalhadores e para empregar os


trabalhadores é necessário expropriá-los dos meios de produção.

acumulação primitiva → expropriação originária → gênese do modo de produção capitalista

Marx vai investigar o processo de expropriação dos trabalhadores e que consequentemente foi a
gênese (como processo) do capitalismo.

II. EXPROPRIAÇÃO DO POVO DO CAMPO DE SUA BASE FUNDIÁRIA

Utiliza como exemplo histórico o processo de expropriação do povo ocorrido na Inglaterra.

Gênese do proletariado e da propriedade privada:

I. Expropriação da propriedade comunal transformada em pastagens: leis para o cercamento da


propriedade comunal.
II. Licenciamento das hostes feudais: concedeu aos senhores feudais o direito de expulsar de suas
terras os camponeses livres proprietários do solo que trabalham com força de trabalho familiar e os
jornaleiros (de jornada) agrícolas, que vivem nas aldeias.
III. Reforma protestante: que expropriou violentamente as terras da Igreja Católica e as distribuiu
entre aristocratas “aburguesados”, lançando, assim, os moradores dos mosteiros nas fileiras do
proletariado.
IV. Restauração dos Stuart e Revolução Gloriosa: conquista do poder político pela burguesia e
continuação dos saques realizados dois séculos antes pelo estado Aristocrático Feudal.
V. Clareamento do Estado no século XIX: expulsou os últimos vestígios de jornaleiros e
camponeses que ainda resistiam no interior da Escócia e Irlanda.
VI. Conversão do arrendamento vitalício em temporário, condicionado por melhoramento:
arrendatários menores sujeitos a serem desalojados com um aviso prévio de um ano. O arrendamento
passa a ser uma relação de mercado,e não mais uma relação que vincula as pessoas.

Marx deixa claro que o fundamento do capital é a violência, não a acumulação.

III. LEGISLAÇÃO SANGUINÁRIA CONTRA OS EXPROPRIADOS DESDE O FINAL DO


SÉCULO XV. LEIS PARA O REBAIXAMENTO DOS SALÁRIOS

“Assim, o povo do campo, tendo sua base fundiária expropriada à força e dela sendo expulso e
transformado em vagabundos, foi enquadrado pelas leis grotescas e terroristas numa disciplina
necessária ao sistema de trabalho assalariado, por meio do açoite, do ferro, da brasa e da tortura.”

Ou seja, a transformação dos produtores em trabalhadores assalariados foi feita à força, por meio da
violência, que foi endossada por leis cruéis contra a “vagabundagem” no reinado de Henrique VII e
Eduardo VI, Elizabeth e Jaime I, na França, na Escócia, etc.

“Outro era o caso durante a gênese histórica da produção capitalista. A burguesia nascente precisa e
emprega a força do Estado para “regular”o salário, isto é, para prolongar a jornada de trabalho e
manter o próprio trabalhador num grau normal de dependência. Esse é um momento essencial da
assim chamada acumulação primitiva.”
Fichamento: O capital - Marx

Não foi uma associação voluntária entre capitalista e proletariado que fundou o capitalismo/capital,
mas sim uma associação forçada e violenta endossada pelo Estado. Essa associação só foi possível
com a expropriação prévia dos produtores.

IV. GÊNESE DOS ARRENDATÁRIOS CAPITALISTAS

O capitalismo surge no campo, e não nas cidades, porque funda no campo suas próprias cidades e é
nele, também, que se encontra a fonte de trabalhadores assalariados. Ele surge da transformação das
relações sociais agrárias, que transforma o proprietário de terra em arrendatário capitalista.

V. REPERCUSSÃO DA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA SOBRE A INDÚSTRIA. CRIAÇÃO DO


MERCADO INTERNO PARA O CAPITAL INDUSTRIAL

A produção industrial agrária, agora com o arrendatário capitalista, permite o surgimento do


capitalista industrial.

I. A separação do trabalhador, antes autônomo, da propriedade dos meios de produção, sua conversão
em trabalho assalariado e seu produto em mercadoria, separam ao mesmo tempo o campo da cidade e
a agricultura da manufatura.
II. O capital possui como seu principal consumidor ele mesmo.

O que é o mercado interno?

O mercado interno é o conjunto dos intercâmbios realizados internos à relação de produção


capitalista.

VI. GÊNESE DO CAPITALISTA INDUSTRIAL

Métodos “idílicos” que fundam o capitalismo:

primeiro momento: dissolução dos séquitos feudais e estabelecimento das manufaturas no campo.
segundo momento: dissolução do sistema corporativo (corporações de ofício, sistema fixo,
hereditário) e da usura no ambiente urbano.

Os dois primeiros momentos se referem à expropriação do camponês e do artesão. O protecionismo


garantiu à burguesia industrial nascente exclusividade de atuação no mercado nacional e lhe permitiu
expropriar os artesãos. O protecionismo foi impulsionado pela inflação do século XVI, que arruinou
os camponeses remanescentes.

terceiro momento: guerra comercial entre as potências capitalistas emergentes (determina quem
dissolverá os métodos de produção tradicionais).

A produção agrária de altíssima concentração deu origem a uma guerra comercial entre os países da
Europa ocidental. Marx estabelece uma ordem cronológica dos países que estavam em processo de
“transição” ao sistema capitalista, através dos momentos citados: Espanha, Portugal (séc. XVI),
Holanda (séc. XVII), França e Inglaterra (séc. XVIII). Assim, começou uma guerra para definir quem
,das potências europeias ocidentais, dominaria o mercado mundial e se tornaria potência (foi a
Inglaterra).
Fichamento: O capital - Marx

quarto momento: dissolução dos modos de produção tradicionais no mundo; sistema colonial.

Agora, tendo o mundo como palco, as potências europeias dão origem a uma guerra de extermínio ao
redor do globo, em busca do metal precioso e matéria-prima. As Américas (extração de metais
preciosos), a Ásia (ópio) e a África (mercado escravagista). Mais uma vez, se comprova que a
“acumulação primitiva” é a expropriação baseada na violência.

quinto momento: expansão e aprofundamento do sistema capitalista em todo o mundo pelo


mecanismo da dívida pública (violência legal).

A dívida pública se torna mecanismo fundamental para a perpetuação do saque das nações feita pelas
potências europeias. Com as dívidas públicas surge um sistema internacional de crédito, que na
maioria das vezes encobria uma das fontes da acumulação (originária). A expropriação, quando não
feita pela dominação e violência direta, pode ser propagada a outros países (colonizados) através da
dívida pública.

VII. TENDÊNCIA HISTÓRICA DA ACUMULAÇÃO CAPITALISTA

Fundamento do modo de produção capitalista → expropriação originária

A expropriação faz parte da base do capitalismo, não está presente somente no início, mas também no
meio e fim. Agora não são apenas os trabalhadores que estão sendo expropriados, mas também
capitalistas por outros capitalistas. A expropriação faz parte do mecanismo interno do capitalismo, ela
funda o capital e com ele permanece, é o princípio e o principal; hence é uma expropriação
originária.

Qual é a tendência histórica da acumulação capitalista?

A tendência histórica do capitalismo é a produção de condições para o socialismo. A sociedade gera a


possibilidade de transformação em seu próprio interior, suas contradições se tornam aparentes
(miséria,pauperismo, etc). A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho
atingem um nível em que se tornam incompatíveis com o capitalismo.

“Lá tratou-se da expropriação da massa do povo por poucos usurpadores, aqui trata-se da
expropriação dos poucos usurpadores pela massa do povo.”

Expropriação dos poucos usurpadores → feita pelos trabalhadores.

O que é necessário e inevitável é a tendência do capitalismo de produzir as condições para o


socialismo, não o socialismo, que depende de nossa intervenção consciente.

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