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COREP
Manual do Professor
FEVEREIRO
2011
ÍNDICE
Bancos Comerciais................................................................................................................................ 30
Operadores de Microfinanças............................................................................................................... 32
Análise cadastral............................................................................................................................... 40
Critérios de
Desempenho:
Desta forma e por outras palavras, estamos a dizer que as fontes de financiamento designam
o conjunto de capitais internos e externos à organização utilizados para financiamento dos
investimentos realizados.
Aqui nos concentraremos nas duas formas mais usadas que é são os capitais próprios e os
capitais alheios.
Situação Líquida = valor dos bens (equipamentos, existências, meios monetários, etc.) + direitos
(dívidas de terceiros) - valor das obrigações (dívidas a terceiros).
Prestações suplementares.
As prestações suplementares representam por sua vez financiamentos dos sócios nas
sociedades por quotas e apenas podem ser efectuadas por disposição expressa nos estatutos.
As prestações suplementares têm sempre dinheiro por objecto e não vencem juros.
Tanto o capital social como as prestações suplementares têm por regra um carácter definitivo,
ou seja, não são passíveis de ser reembolsados aos investidores, sendo, por consequência,
considerados fontes de financiamento de médio/longo prazo.
O peso percentual dos capitais próprios ao nível do financiamento do activo das empresas é um
indicador importante acerca da sua saúde financeira, sendo muitas vezes utilizado a nível da
análise financeira, através do indicador de autonomia financeira.
Sintetizando, o financiamento através dos capitais próprios pode ser feito de 5 maneiras:
Tendo algumas desvantagens que são: poder induzir uma redução da rentabilidade da
empresa e a perda de boas oportunidades de investimento, induzir à perda de disciplina
/rigor na gestão dos Capitais Próprios, pode, também, induzir ao aumento dos custos
implícitos dos Capitais Próprios (CP);
3. Cessão de Activos/desinvestimento – a empresa procede à alienação de activos
considerados não indispensáveis ao desenvolvimento regular da sua actividade.
4. Reforço de Capitais Próprios – Solicitação de contribuições adicionais de capital aos
sócios na forma de suprimentos. Os Sócios podem efectuar empréstimos (que se
designam por suprimentos) ás sociedades que tem participações sociais. Quer isso dizer
que a mesma pessoa pode ser sócio e credor de uma empresa. Os empréstimos de sócios
podem ser uma alternativa de financiamento no caso de ser difícil a obtenção de outro
tipo de crédito.
5. Capital de Risco – assumido por empresas especializadas em que consiste na
participação, normalmente, minoritária e temporária, no capital e gestão de empresas.
Para além dos capitais próprios, as empresas podem também recorrer aos denominados
capitais alheios, que são por norma reembolsáveis, seja a curto prazo ou a médio/longo prazo.
Dentro do recurso a capitais alheios, é usual diferenciar-se entre capitais de curto prazo
(quando a exigibilidade das dívidas se verifica a menos de um ano) e capitais de médio e longo
prazo (quando a referida exigibilidade se verifica a um ano ou mais).
Em termos de balanço, os capitais alheios a que a empresa recorra vão reflectir-se
naturalmente nas rubricas do passivo.
1.2.1. Financiamento de curto prazo
Crédito bancário: Operação pela qual uma instituição bancária coloca à disposição de um
cliente determinado montante e este se compromete a reembolsar a instituição na data
fixada antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados.
O crédito bancário poderá tomar a forma de crédito directo, caso em que a instituição
bancária coloca fundos à disposição de empresas e particulares (exemplos: desconto de
letras, de livranças e abertura de crédito através de conta corrente ou de empréstimo).
Quanto ao crédito bancário indirecto, a instituição bancária desembolsa fundos caso o
beneficiário do crédito não assuma os compromissos (exemplos: garantias bancárias, avais
ou aceites bancários).
Empréstimos de curto prazo: O objectivo é financiar operações de curto prazo (a 90, 120
ou 180 dias), por exemplo, para resolver dificuldades de liquidez momentâneas. Como
contrapartida, as empresas no fim do prazo convencionado com a instituição bancária terão
de restituir o valor do empréstimo acompanhado de juros postecipados.
Desconto de livranças é utilização de uma figura bancária através da qual a empresa recebe
um determinado valor e se compromete a devolver esse valor ao banco numa determinada
data prefixada.
Empréstimos bancários que são, mais uma vez, uma situação típica em que a empresa
obtém um determinado valor de crédito que terá de devolver de acordo com um plano de
reembolso da dívida previamente estabelecido.
Aqui os devedores estão obrigados a um pagamento regular fixo dos juros e ao reembolso final
do dinheiro emprestado. É importante ver que as autoridades fiscais encaram o pagamento de
juros como uma despesa. Isto significa que a empresa pode deduzir os juros aquando do
cálculo do seu rendimento colectável. Os juros são pagos a partir do rendimento antes de
impostos. Os dividendos e os lucros acumulados advêm do rendimento após o imposto.
Segundo Schroeder, Clark e Cathey (2005) a combinação (mix) entre a dívida e o capital
próprio de uma companhia é denominado de estrutura do capital. Os mesmos autores
acrescentam que ao longo dos anos tem-se debatido consideravelmente se o custo de capital de
uma firma varia de acordo com variadas estruturas de capital. Modigliani e Miller (1958)
concluíram que o custo de capital de uma empresa não é afectado por essa combinação
participativa entre dívidas e capital próprio, excepto quanto ao benefício da dedutibilidade de
impostos.
Com efeito, quando se pensa em iniciar um projecto empresarial fazem-se contas aos capitais
próprios disponíveis para o investimento inicial. No entanto, é necessário ter em conta que o
recurso a capitais alheios permite a "alavancagem" dos capitais próprios, isto é, aumenta o seu
risco e também o seu retorno potencial.
Ciclo de vida: Em regra, uma empresa na sua fase de lançamento é financiada quase na
totalidade por capitais próprios (alguns poderão ter a característica de capitais de risco),
pois a empresa está numa fase em que dificilmente poderá garantir com segurança o
pagamento dos juros e o reembolso dos capitais alheios. À medida que vai avançando para a
maturidade, a empresa poderá então recorrer a um maior nível de capitais alheios, pois já
gerará um nível de cash-flow suficiente para garantir com segurança o pagamento dos custos
de financiamento e o seu reembolso.
Percentagem de custos fixos na estrutura de custos: É normal que uma empresa com
muitos custos fixos tenha uma taxa de juro superior a uma empresa com custos
predominantemente variáveis, pois a primeira terá sempre que pagar em primeiro lugar os
seus custos regulares (renda, pessoal, etc.) e só depois pagará os encargos financeiros.
Risco do negócio: Também é intuitivo que uma empresa que actue em sectores de maior
risco (como a Internet ou a biotecnologia) tenha custos de financiamento superiores a uma
empresa que actue nos sectores mais tradicionais e menos arriscados da economia (como o
retalho alimentar ou a electricidade).
Percentagens de capital alheio: A empresa terá de ter em conta qual a taxa de juro que
consegue para diferentes percentagens de capital alheio. Se normalmente não é difícil
conseguir empréstimos bancários se estes representarem 20% ou 30% dos investimentos
totais (sendo o restante capitais próprios), tal não acontece se a situação for a inversa. Neste
último caso, quem emprestar o dinheiro exigirá uma taxa de juro muito superior por forma a
ser compensado pelo maior risco que estará a correr.
Na verdade, quer os capitais próprios quer os capitais alheios têm custos, o custo dos capitais
próprios é a taxa de retorno esperada do investimento, pelos accionistas/sócios, o custo dos
capitais alheios dividem-se em custos directos: taxa de juro, spreads e outras despesas e em
custos indirectos derivados à elevação do risco financeiro da empresa, que no futuro terá
custos mais elevados em financiamentos.
Os custos financeiros dos capitais alheios são considerados custos para efeitos fiscais, existe
uma poupança fiscal associada ao endividamento. Assim tanto maior o nível de endividamento
do projecto tanto maior a sua rentabilidade. A influência do benefício fiscal associado ao
financiamento por capitais alheios, na rentabilidade do projecto é designada por efeito
alavanca financeira.
O efeito de alavancagem terá de estar sempre presente nas decisões de investimento, pois
poderá ser decisivo nas taxas de rentabilidade atingidas pelos capitais próprios.
Vamos ver este exemplo simples para um projecto de 1.000,00 Meticais de investimento:
PROJECTO A B C D E
(4) Montante de capitais alheios (1) X (3) 0 200 400 600 800
(8) Retorno do investimento (1) x (2) 100 100 100 100 100
(10) Retorno dos capitais próprios (8) - (9) 100 92,2 76,6 45,4 6,4
(11) Montante de capitais próprios (1) - (4) 1000 800 600 400 200
(12) Rentabilidade dos capitais próprios (10)/(11) 10,0% 11,5% 12,8% 11,4% 3,2%
Repare-se no exemplo que vale a pena ter uma maior percentagem de capitais alheios até 40%,
mesmo com a taxa de juro mais alta, e que ter uma percentagem superior a 40% já não é
recomendável, pois o aumento da taxa de juro diminui a rentabilidade dos capitais próprios. A
este efeito não é alheio o facto dos encargos financeiros serem dedutíveis fiscalmente, isto é,
uma taxa de juro de 6% transforma-se numa taxa real de 4%. A alavancagem só acontece
quando a rentabilidade dos investimentos é superior ao custo real do passivo. Em suma, a
empresa deverá escolher o mix de financiamento que maximize a rentabilidade dos capitais
próprios investidos no projecto.
Assim, o efeito alavancagem indica a variação percentual dos resultados líquidos resultante de
uma variação percentual nos resultados operacionais. Pode propiciar um aumento da
rendibilidade dos capitais próprios da empresa e, simultaneamente, provocar um aumento no
grau de risco financeiro da empresa.
Quanto maior o endividamento maior a rentabilidade do investimento, mas outros factores são
igualmente importantes e determinantes na decisão de financiamento, como por exemplo:
Atitude face dos investidores face ao risco maior rentabilidade maior risco aos
accionistas;
Atitude face à propriedade da empresa perda de influência e de parte da propriedade da
empresa;
O risco do negócio e as empresas utilizam uma menor parte dos capitais alheios para
evitar o aumento do custo do capital;
Rentabilidade dos investimentos auto-financiamento capacidade de gerar fundos
internamente;
Relacionamento com a banca - sendo empresas pequenas e sem históricos ou gestores
sem credibilidade junto a banca;
Condições de acesso ao financiamento bancário têm em conta a relação entre capitais
próprios e alheios;
Estrutura de custos da empresa ou seja empresas com expressivo custos fixos tendem
ter maior taxa de juros que outras com predominantes custos variáveis.
Segundo as teorias de análise das decisões de financiamento de Myers designadas por teoria
de trade-off, a decisão é tomada em função dos custos benefícios da opção endividamento
versus capitais próprios.
II. AS PRINCIPAIS ETAPAS DE UM PROCESSO DE FINANCIAMENTO POR CAPITAIS ALHEIOS
Muitos dos empreendedores que criam uma nova empresa irão necessitar, em alguma altura do
crescimento do negócio, de recorrer a financiamento. De facto, são muitos os exemplos de
empreendedores que desenvolveram ideias geniais e criaram negócios que transformaram
mercados e quotidianos de muitas sociedades e que começaram sem recursos financeiros.
Estes empreendedores são exemplos de que é possível construir algo diferente, inovador e
economicamente desafiante, sem ter os recursos necessários para tal. Mas como são estas
ideias financiadas? E quais os financiamentos que mais se adequam a cada negócio? Nesta
secção abordaremos as fases de desenvolvimento de um negócio e analisaremos os
financiamentos que poderão estar disponíveis e serem adequados para cada uma dessas fases
para depois analisar as etapas de um processo de financiamento por capitais alheios.
Para a maior parte dos empreendedores que iniciam um negócio, o financiamento é um tema
desconhecido e, por vezes, até temido. Não obstante, a escolha do financiamento adequado é
normalmente determinante para que o lançamento de um negócio seja rápido e bem sucedido,
e as decisões de financiamento que são tomadas durante a fase inicial do negócio podem
afectar a maneira como este se irá desenvolver no futuro.
Para além da fase inicial, o empreendedor poderá necessitar de injectar mais capital na
empresa ao longo do desenvolvimento do negócio. Por este motivo, as diferentes possibilidades
de financiamento devem ser cuidadosamente avaliadas durante todas as fases, analisando
todas as alternativas disponíveis. Saber angariar os recursos financeiros mais adequados é uma
característica importante dos empreendedores. É necessário que estes possuam capacidades e
criatividade neste âmbito, para conseguirem atrair o capital necessário para financiar um
negócio que, muitas vezes, não possui qualquer histórico e tem um futuro incerto.
2.1. O ciclo da empresa
A maioria dos negócios tem um início incerto e não gera capital suficiente para cobrir todos os custos
iniciais nas primeiras fases de vida. Mesmo que o empreendedor trace um objectivo inicial, este
poderá ser alterado a qualquer altura do processo, pelo que o financiamento necessário também
poderá mudar (em natureza e quantidade) ao longo das diferentes fases do negócio.
Saber quando irá o negócio necessitar de mais financiamento é um problema que poderá ser
minimizado se o empreendedor traçar e delinear momentos (e depois monitorar estes momentos).
Desta forma, é possível às partes envolvidas (empreendedor e investidor) estabelecerem
compromissos financeiros e compreenderem as razões para eventuais falhas encontradas durante o
processo.
2) Start-up
Nesta etapa já houveram algumas renúncias. Costuma-se dizer que pelo menos um dos
envolvidos já esteja alocado a tempo inteiro no projecto. Aqui provavelmente um estudo
de mercado já foi ou está sendo realizado, o plano de negócios está sendo refinado e
surge a necessidade de não somente fazer uma versão beta do produto/serviço mas
também de testá-lo com um nicho de clientes.
Opções:
Incubadoras;
Anjos investidores (Angel investor);
Captação de recursos à fundo perdido
Aqui temos uma empresa já em operação e um produto/serviço que por sua vez já está
sendo testado no mercado e inclusive alguns retornos já podem ser colhidos neste
momento. Por isso, há uma necessidade maior de financiar o negócio, contratar
pessoas e principalmente conquistar mais projectos.
Opções:
Opções:
Venture Capital;
Linhas governamentais
5) Colheita (maturação)
Opções:
Abertura de capital;
O empreendedor que queira iniciar o seu negócio deverá percorrer vários passos que o ajudarão a
encontrar o financiamento ajustado às necessidades do seu projecto. Os caminhos a seguir podem
ser muito diversos, pelo que vale a pena explorar todas as alternativas. A seguir, descreve-se de uma
forma sintética cada uma destas alternativas.
Empreendedor
Família/Amigos
Business Angels
Parceiros empresariais
Capital de Risco
Financiamento Público
Financiamento Privado
Fonte: Smith & Smith (2000)
Por norma, este tipo de apoio financia tanto empresas recém criadas como empresas em fase
de expansão e maturação, mas as condições do empréstimo (incluindo taxas de juro), podem
ser muito distintas. Ao contrário do capital de risco, o empréstimo bancário é um instrumento
financeiro que proporciona às empresas recursos a longo prazo, sem haver qualquer
interferência do banco na gestão da empresa.
Apesar de esta ser uma componente fundamental para o sucesso de qualquer iniciativa
empresarial, raramente os empreendedores possuem a experiência necessária para decidir
adequadamente sobre a melhor forma de encontrar financiamento. Por outro lado, como não é
uma competência base necessária para o dia-a-dia da empresa, não é razoável contratar
alguém para esta função ou apenas porque tem experiência na angariação ou negociação de
financiamento.
Não obstante, é fundamental que quem lidera o negócio tenha apoio adequado e competente
nesta área, pelo que deverá criar as parcerias necessárias (por exemplo, associando-se a um
business angel com experiência) ou contratar alguém externamente que possa dar apoio no
processo de financiamento.
2.4. Principais etapas de um processo de financiamento por capitais alheios
O diagrama que se segue mostra as etapas importantes do processo de financiamento por
capitais alheios (o credito).
Apesar da facilidade e do crescimento da oferta de crédito a pessoa que toma o crédito é vista
como um risco, o que faz com que as instituições financeiras tenham de tomar diversos
cuidados antes de conceder o empréstimo, com o objectivo de minimizar esse risco e evitar o
prejuízo. Você sabe como funciona o processo de concessão de crédito nestas instituições? O
processo de crédito é definido em etapas, envolvendo a instituição financeira e o tomador de
crédito.
DEFINIÇÃO DO MERCADO ALVO: nesta primeira etapa, a instituição financeira vai definir qual
o público que pretende atingir, estabelecendo produtos, instrumentos, estratégia, rendimento
mínimo etc. A selecção deve ser bem-feita, com o objectivo de garantir o sucesso das demais
etapas e evitar perdas.
ORIGEM: esta é a fase da captação do cliente, de acordo com a definição estabelecida na etapa
anterior. Vale ficar atento aos casos que são proibidos, por lei, de receber crédito, como é o
caso de pessoas envolvidas com actividades ilícitas e de contravenção.
APROVAÇÃO: como o próprio nome já indica, é definir, com base nas etapas anteriores, se será
possível ou não conceder o empréstimo.
FORMALIZAÇÃO: fase importante, na qual o risco operacional está muito visível. Essa é a etapa
de documentar tudo o que foi acordado antes da efectivação do empréstimo. Todo o cuidado é
pouco para que detalhes importantes não fiquem para trás. Cabe às duas partes analisar com
cautela o documento antes de assiná-lo.
LIQUIDAÇÃO: caso não seja detectado nenhum problema na fase anterior, este é o momento
de o cliente liquidar a dívida, ou seja, fazer o pagamento de acordo com a estrutura definida.
O objectivo de todo esse processo é, para o banco, uma garantia de que o contratante irá honrar
suas dívidas. No entanto, é importante frisar que esta é uma forma de diminuir a inadimplência
do consumidor.
A análise criteriosa por parte da instituição deixa claro, inclusive ao cliente, se ele terá
condições, ou não, de tomar um empréstimo. São cuidados que evitam o prejuízo da instituição,
mas que também colaboram com o bolso do tomador, que diante da facilidade do crédito pode
se ver tentado a contratá-lo, sem ter condições de honrar seus compromissos no futuro.
Vale lembrar, no entanto, que esse passo-a-passo é a forma correcta e criteriosa de instituições
financeiras analisarem a concessão do crédito. No entanto, existem outras formas, menos
burocráticas, de conseguir o empréstimo, mas que, com certeza, levam muito mais
consumidores ao endividamento e à inadimplência.
Análise de Crédito é o momento no qual o agente cedente irá avaliar o potencial de retorno do
tomador do crédito, bem como, os riscos inerentes à concessão. Tal procedimento é realizado,
também, com o objectivo de ser possível identificar os clientes que futuramente poderão não
honrar com suas obrigações, acarretando uma situação de risco de caixa à organização.
Segundo Santos (2000), o processo de análise e concessão de crédito recorre ao uso de duas
técnicas: a técnica subjectiva e a técnica objectiva ou estatística. A primeira diz respeito à
técnica baseada no julgamento humano e a segunda é baseada em processos estatísticos.
Em relação à primeira técnica, Schrickel observa que: "a análise de crédito envolve a habilidade
de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e
informações incompletas". (SCHRICKEL, 2000, p. 27). Ou seja, grande parte da análise de
crédito é realizada através do julgamento do agente de crédito, baseada principalmente na
habilidade e experiência do mesmo.
Santos (2006), ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência adquirida,
disponibilidade de informações e sensibilidade de cada analista quanto a aprovação do crédito.
As informações são obtidas junto a empresas e organizações que mantêm esses bancos de
dados informacionais. Em sua maioria, esses bancos de dados possuem apenas informações
negativas, relativas à inadimplência de dívidas.
Estas informações são obtidas na Central de Risco de Crédito nos Bancos Centrais que tem
dupla finalidade:
a) Uma primeira e originariamente prioritária, de facilitar a supervisão bancária pelo
Banco Central, ao identificar com precisão as instituições financeiras com problemas em
suas carteiras de crédito;
b) Uma segunda e não menos importante, que é a de registar informações para auxiliar as
instituições bancárias no processo de avaliação da concessão de crédito a seus clientes.
Assim, os cinco C's considerados serão descritos a seguir. O primeiro, o Carácter, segundo Berni
(1999, p.103), é a "Forma de agir e reagir da empresa diante de situações adversas; seriedade e
esforços empreendidos diante de crises”. Para Gitman (op.cit., p.696), é "O histórico do
solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os
dados históricos de pagamento e quaisquer causas judiciais pendentes, ou concluídas contra o
cliente seriam utilizados na avaliação do seu carácter."Dessa forma, de forma concisa, o aspecto
carácter é determinado pela intenção da empresa em cumprir seus compromissos e pode ser
medido por sua análise histórica.
A capacidade é o segundo C dos cinco c's descritos. Berni (1999, p.103) coloca:
"Será fundamental um conhecimento do cronograma de recebimentos e pagamentos da
empresa [...]; Para avaliar a capacidade de uma empresa, devemos considerar os seguintes
aspectos: Informações: dados obtidos a respeito da empresa e seus administradores, origem,
conhecimento, relacionamento e actuação no mercado. Tradição: tempo de permanência no
negócio, respeito e qualidade dos produtos. Modus operandi: forma como a empresa opera com
bancos, clientes, fornecedores e funcionários. Dados Técnicos: facturação, nível de vendas”.
Para Gitman (1997, p.696), a Capacidade é "o potencial do cliente para quitar o crédito
solicitado. Análises dos demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez
e de endividamento, são geralmente utilizadas para avaliar a capacidade do solicitante de
crédito”.
Dentro dessa óptica, a capacidade, nesse caso, significa a possibilidade de geração de caixa da
empresa, levando em consideração o conhecimento do seu nível tecnológico, seu limite de
produtividade e, principalmente, a qualificação de seus administradores.
O terceiro, o Capital, sobre ele, alerta Berni (1999, p.104): Algumas empresas não podem ser
medidas pela facturação, mas o capital, o património e os recursos próprios podem ser um
óptimo determinante para o crédito.
Em outras palavras, no caso de pessoas jurídicas, através da análise dos balanços pode se ter a
exacta dimensão do comportamento do capital, por outro lado, no caso das pessoas físicas, a
acumulação de capital mostra sua competência e, geralmente, o património imobiliário é o
melhor indicador de uma história de sucesso.
O quarto, os Colaterais são todos os tipos de activos que podem ser dados como garantia
adicional em uma operação de crédito. Gitman (1997, p.696) define como: "O montante de
activos colocados à disposição pelo solicitante para garantir o crédito.
Naturalmente, quanto maior, esse montante, maior será a possibilidade de se recuperar o valor
creditado, no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de activos
em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar os
colaterais."
Berni (1999, p.104) reforça as ideias de Gitman e descreve que o colateral "vai informar-nos
sobre as garantias adicionais que poderão amparar uma linha de crédito”.
O último elemento dos cinco c's são as Condições. Gitman (op.cit., p.697) observa que: "As
condições económicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que
possam afectar qualquer das partes envolvidas na negociação.... fazem parte da avaliação das
condições."
Berni (1999, p.104), discorda de Gitman e coloca que: "as condições da linha de crédito
(modalidade, custo, prazo e garantias) também são um parâmetro decisório do crédito”.
Contudo, a partir da colocação de Gitman as condições são, factores externos do mercado, ou
circunstâncias especiais, como sazonalidades, que podem alterar o desenvolvimento da
operação.
"Os parâmetros básicos da concessão de crédito são avaliados mediante profunda análise da
ficha cadastral do cliente, a qual deverá contemplar um sistema de pontuação, visando a
quantificar os parâmetros definidos e atribuir pesos de acordo com a relevância de cada
informação obtida. Conforme a pontuação obtida, a concessão de crédito poderá ser
automática, ou ser analisada de acordo com a política de crédito da empresa" ( NIKOLAY
2004, apud SECURATO 2002).
Dentro do que foi exposto, o sucesso financeiro de uma empresa depende directamente e
intensamente das práticas de concessão de crédito.
IV. AS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO DISPONÍVEIS EM MOÇAMBIQUE
As Instituições Financeiras exercem função de grande importância, relacionada com o
crescimento e com o desenvolvimento económicos, em especial ao actuar na captação de
recursos e na concessão de créditos, com o respectivo spread bancário, além dos demais
serviços prestados. Portanto, são os agentes económicos que propiciam o fomento à produção
de riquezas, ao financiar actividades produtivas.
Por tal motivo, é inimaginável concebermos uma economia de mercado, nos moldes actuais,
sem a presença de Instituições Financeiras fortalecidas.
A presença de bancos de capitais estrangeiros tem trazido enormes vantagens para o sistema
bancário em termos de gestão, transferência de tecnologia, conhecimentos, bem como
observância de padrões elevados de actividade bancária definidos nos países de origem.
O quadro que se segue mostra a evolução das instituições financeiras nos últimos dois anos em
Moçambique.
Tipo de Instituição 2009 2008
Bancos 14 14
Microbancos 3 1
Cooperativas de 6 6
Crédito
Sociedades de 1 1
Locação Financeira
Sociedades de 1 1
Investimento
Sociedades Emitentes 1 1
ou Gestoras de
Cartões de Crédito
Casas de Câmbio 20 22
Organizações de 9 4
Poupança e
Empréstimo
Operadores de 95 72
Microcrédito
Bancos Comerciais
African Banking Corporation Mozambique, SA (BancABC)
Banco Terra, SA
30
Moza Banco, SA
AGRIFUTURO
Ex-change Mozambique
NORSAD
PROPARCO
Bancos de Microfinanças
31
Banco Oportunidade de Moçambique, SA (BOM)
Banco ProCredit, SA
Banco Tchuma, SA
Operadores de Microfinanças
AfricaWorks
Kulima
OPHAVELA
32
Aureos Capital
Lonrho Plc
MARIS Capital
Whatana Investments
33
O número de agências de bancos em funcionamento incrementou para perfazer um
total de 352 em todo o país de um total de 401 autorizadas;
34
V. PRINCIPAIS ELEMENTOS A CONSIDERAR NA CONCESSÃO DE UM FINANCIAMENTO
Quanto às operações bancárias, a elevação do grau de garantia é uma das condições para a
redução dos encargos ao tomador final, em virtude da diminuição do risco, criando assim
cenário favorável à universalização de acesso ao crédito.
35
O crédito bancário movimenta a economia, garante o comércio e a fluidez dos mecanismos
de troca. “A confiança subsistente entre homens de comércio nas suas relações mercantis é
o crédito, conforme definiu Henry Thornton no século XIX [...] Haverá pouca confiança e
crédito e, igualmente, pouco comércio, numa sociedade na qual a lei e o senso moral são
fracos e, em consequência, o direito de propriedade privada é inseguro”. A certeza e o
amparo jurídico às relações é pressuposto indispensável ao desenvolvimento económico,
em especial para a universalização de acesso ao crédito com redução da taxa de juros.
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As garantias reais são dotadas de “realidade”, conforme prelecciona Pontes de Miranda,
pois conferem ao seu titular, credor da obrigação, um poder particular e dependente,
suficiente para apreender o bem outorgado, “se estiver em poder de terceiro para fazer
valer aquela razão creditória e aqueles direitos de preferência a qualquer outro credor”.
A análise cadastral do cliente é importante para definir o êxito de uma operação, ou seja, de
aumentar as chances de recuperação de crédito. No entanto, é inquestionável que a aptidão
dos instrumentos para formalização da operação é factor relevante.
A análise do risco envolve vários aspectos. Inicialmente, o risco está relacionado à figura do
tomador e à possibilidade de concretizar a operação nos moldes pleiteados. Mas a análise
também compreende a avaliação dos juros e demais encargos a serem fixados, bem como a
escolha do instrumento que será adoptado para a formalização.
O aval corresponde a uma garantia cambial, firmada por terceiro – o avalista – ao avalizado,
garantindo o pagamento do título. O avalista pode ser um terceiro estranho ao título ou
alguém que já seja obrigado.
O avalista assume uma obrigação igual à de seu avalizado, tanto quanto aos efeitos, como
no que tange às consequências.
37
equivalente à do avalizado. Ou, para dizer o mesmo, por termos diversos, o aval é dotado de
autonomia substancial e acessoriedade formal.
Conforme Silvio Rodrigues, a hipoteca “é o direito real que recai sobre um imóvel, um navio
ou um avião, que, embora não entregues ao credor, o asseguram, preferentemente, do
cumprimento da obrigação”. Assim sendo, não paga a dívida, cabe ao credor o direito de
executar o bem dado em garantia, para com o produto apurado em praça satisfazer o
cumprimento, preferentemente e com exclusão dos outros credores, que só terão direito às
sobras, se houver. É um contrato acessório, pressupondo a existência de um contrato ou
uma obrigação principal por ele garantido.
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São diversas as instituições financeiras que podem atender as micro e pequenas empresas,
formais. Tanto os bancos públicos quanto os privados possuem alternativas de serviços e
produtos financeiros adequados ao segmento. Além disso, as Cooperativas de Crédito e as
Instituições de Microcrédito têm sistematicamente aumentado o número de operações com
empreendimentos de pequeno porte.
Para saber qual a linha de crédito é mais adequada, deve-se buscar estas alternativas
perante os agentes financeiros, identificando suas características e condições. A primeira
pesquisa deve ser realizada na instituição de relacionamento do cliente e, se estender para
outros agentes financeiros.
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Análise cadastral
A análise cadastral refere-se ao processo de análise dos dados de identificação dos clientes.
Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessão do crédito depende de
informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:
Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das informações
colectadas pelos agentes de crédito. Schrickel (2000) sugere que as informações e
documentação pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal
atenção é necessária para que ocorra sigilo das informações e para que melhor lhe permita
o controle, manuseio e actualização dos dados.
Os dados que deverão ser identificados para análise, segundo Santos (2006), deverão ser os
seguintes:
Escolaridade;
Estado Civil;
Idade;
Idoneidade;
Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);
Número de dependentes;
40
Renda (principal e complementar);
Situação legal dos documentos; e
Tempo no actual emprego ou actividade exercida.
A análise por meio de índices é usada para comparar o desempenho e a situação de uma
empresa com outras empresas, ou consigo mesma ao longo do tempo, envolve os métodos
de cálculo e a interpretação dos índices financeiros, para avaliar o desempenho e a situação
da empresa, a análise por meio de índices não envolve meramente a aplicação de uma
fórmula a dados financeiros, para se obter um determinado índice. O mais importante é a
interpretação do valor do índice.”(GITMAN, 1997, p. 102, 103)”.
41
Santos (2006) ainda defende que no processo de análise de crédito deve-se considerar
todas as informações relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise
conjunta dos dados irá fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão. Para
Schrickel (2000), o agente de crédito deve atentar para a seguinte documentação legal:
Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por meio
da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo. Ele
ainda define como “[...] um conjunto de informações financeiras e não financeiras que
subsidiam o processo decisório de crédito, auxiliando na avaliação [...] do cliente. (BLATT,
1999, p. 78).
Análise de idoneidade
42
Para Santos (2006), a análise da idoneidade deve ser um das primeiras informações
averiguadas, pois caso o cliente não possua informações negativas as demais informações
poderão ser colectadas e analisadas para a análise do risco total.
A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme Santos
(2006):
No caso das empresas, a sua idoneidade é atesta através dos seus órgão sociais e para
pequenas empresas é através dos seus próprios proprietários (sócios).
Análise financeira
Em relação à análise financeira, Blatt (1999) explica que a mesma é primordial para a
determinação das forças e fraquezas financeiras do cliente, a partir das informações das
demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda total do cliente e posterior
análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase de vital importância no
processo de análise dos riscos de crédito.
43
Para Black; Morgan (apud Santos, 2006), deve ser dada atenção especial à análise da renda,
pois consideram existir relação directa entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas
físicas. Santos (2006) ainda diz que é de suma importância determinar o valor exacto da
renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo recebida. Desta
maneira é possível identificar factores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da
dívida contraída.
Autores como Santos (2006), Blatt (1999) e Schrickel (2000) definem os Demonstrativos
de Pagamento, Declaração de Imposto de Renda e Extractos Bancários como as melhores
fontes de informações sobre a renda do cliente.
Os activos representam os bens, tanto financeiros como patrimoniais, dos clientes. São
colocados em ordem de liquidez, iniciando pelos activos que melhor possam ser
convertidos em receita imediata, representados por valores em conta corrente, salário e
outros, até os activos menos líquidos, como por exemplo, veículos e imóveis. Os passivos
44
representam todos os compromissos que o cliente assumiu com o mercado de crédito ou
para a compra de bens e serviços. São organizados de maneira a iniciar pelos de maior
solvência (imediata) até os de maior prazo de pagamento.
Segundo Santos (2006), quanto maior for o saldo do activo total em relação ao passivo
total, maior será a capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o
património líquido, calculado pela diferença entre o total dos activos e o total dos passivos,
será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de
pagamento do mesmo.
Análise de relacionamento
Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise da idoneidade
do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do crédito.
Contudo, aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informações precisas
junto a outras instituições de crédito devido à necessidade de manter sigilo sobre as
45
operações com que trabalham. Conhecer o património dos clientes é importante no
processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em
contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.
Análise patrimonial
Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do crédito não pode estar atrelada ao
bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não
é de interesse.
Santos (2006) complementa dizendo que a finalidade da garantia é evitar que factores
imprevisíveis impossibilitem a quitação do crédito adquirido pelo solicitante. O Banco
Central estabelece que as instituições financeiras que trabalham com a concessão de
crédito devem exigir dos solicitantes garantias suficientes para garantir o retorno do
capital utilizado na operação.
Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais garantias serão
aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a realização da operação de crédito.
Além disso, Santos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser correctamente
analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor
de mercado real e a existência de acções legais que impeçam que sejam utilizadas.
Análise de sensibilidade
46
monitorar a situação macroeconómica a fim de prever situações que poderão aumentar o
nível de risco da operação.
Santos (2006) cita como exemplo o acompanhamento de taxas de juros. Esses aumentos
podem desencadear redução do nível de actividade económica e até recessão, reduzindo a
capacidade de geração e retenção de caixa das pessoas físicas, comprometendo a
capacidade de pagamento das mesmas.
47
VI. OS RÁCIOS E RESPECTIVOS PARÂMETROS DE LIQUIDEZ, ENDIVIDAMENTO E CAPACIDADE
DE SERVIÇO DE DÍVIDA DE UMA ORGANIZAÇÃO
Um rácio financeiro é uma razão valores escolhidos do relatório e contas de uma empresa,
com o objectivo de determinar alguma característica financeira dessa empresa, seja a sua
solvabilidade, risco, nível de valorização ou qualidade como investimento.
O balanço;
A demonstração de resultados e;
O mapa de cash flow.
48
Os rácios financeiros permitem:
Os rácios podem ser classificados pela área que analisam, por exemplo:
Antes de partir para a análise dos rácios financeiros propriamente dita convém decompor
os diferentes tipos de capitais alheios em função do seu custo (se tem ou não de suportar
49
juros) e da sua permanência na empresa. Desde logo, é importante fazer esta análise por
três razões principais:
Em segundo, porque quanto maior for a proporção dos custos de financiamento que
suportam juro no total do activo da empresa, maior vai ser o seu custo de
financiamento, pelo que haverá que avaliar até que ponto a empresa tem capacidade
de cumprir com as suas obrigações perante bancos e outras instituições de crédito;
50
No passivo de curto prazo temos os empréstimos bancários necessários para fazer face a
necessidades de tesouraria e a investimento em fundo de maneio, tais como mercadorias e
matérias-primas. Além destes empréstimos de curto prazo, as empresas recorrem também
a créditos cedidos pelos fornecedores sob a forma de prazos de pagamento alargado, tal
como vimos no artigo anterior. As facilidades de pagamento cedidas por fornecedores não
costumam estar sujeitas a juros, sendo uma das formas preferidas de financiamento de
empresa.
E quanto ao financiamento por capitais próprios, qual será o seu custo? Embora os sócios
da empresa não possam exigir o pagamento de juros pelo investimento que realizam na
empresa, será legítimo assumir que esperem obter lucros. Seja sob a forma de dividendos
seja pela valorização do património da empresa, os sócios esperam sempre um retorno do
seu investimento.
E porque os sócios se expõem a um risco maior do que os credores da empresa (em caso de
falência ou dissolução da empresa, os sócios são os últimos a serem ressarcidos do
investimento que realizaram, depois de cumpridas as obrigações com todos os credores e
na maioria dos casos a falência conduz a uma situação em que nada sobra após liquidadas
as dívidas perante terceiros), vão certamente exigir uma taxa de retorno superior à taxa de
financiamento por capitais alheios. Não poderia ser de outra forma, pois em função de
maior risco, os investidores esperam retornos superiores, caso contrário não teriam
incentivo para se exporem, preferindo activos de nível de risco inferior com o mesmo
retorno.
É então legítimo assumir que o financiamento por capitais próprios é mais oneroso do que
o financiamento por capitais alheios. E sendo assim, seria fácil de concluir que o custo
médio ponderado do capital (a média ponderada entre custo de capitais próprios e alheios)
é menor quanto maior for a proporção de capitais alheios na empresa. Acontece, no
entanto, que a partir de um certo grau de endividamento, alguns problemas vão sendo
criados, levando os credores a exigir um juro maior pelos empréstimos que concedem à
empresa.
51
Esses problemas são normalmente associados à perda de controlo de gestão da empresa,
que é posta em causa quando o grau de endividamento é muito elevado, ou seja, quando a
empresa se endivida em excesso começa a ser difícil de manter o controlo sobre ela, pois os
credores vão ganhando influência na gestão. Por outro lado, os credores apercebendo-se do
maior nível de risco a que se expõem quando financiam a empresa, vão exigir taxas de juro
maiores e levantando mais obstáculos à concessão de crédito.
Então, como podemos ver no gráfico seguinte, é verdade que o custo médio ponderado do
capital (k) diminui à medida que a proporção de capitais alheios aumenta (D/E), até um
certo limite. A partir desse limite, o custo médio ponderado do capital volta a aumentar,
pelas razões expostas.
52
Um valor superior a 1, significa que o valor do património é suficiente para cobrir
todas as dívidas da empresa.
Um valor inferior a 1, significa que a empresa está impossibilitada de satisfazer todos
os seus compromissos com meios próprios.
Um valor superior a 1, significa que a empresa pode utilizar activos líquidos para
pagar as dívidas a curto prazo.
Um valor inferior a 1, significa que a empresa tem dificuldades de tesouraria.
53
Liquidez reduzida - expressa a capacidade da empresa satisfazer as suas dívidas a curto
prazo com os activos circulantes, sem contar com as existências.
Um valor superior a 0,9 poderá ser demasiado elevado e significar uma má aplicação
dos fundos de tesouraria.
54
VII. PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA OBTENÇÃO DE
FINANCIAMENTO
Antes de lançar qualquer projecto, seja ele desenvolvido através de uma nova empresa ou
através de uma empresa já existente, é útil sistematizar, planear e reflectir sobre tudo
aquilo em que tem vindo a pensar. Um plano de negócios assume-se como um instrumento
que permite analisar a viabilidade de um determinado projecto empresarial. Elaborar um
plano de negócios é, portanto, fazer uma reflexão sobre os custos, a rentabilidade e a
exequibilidade do referido projecto.
Com efeito, ainda que não esteja no imediato à procura de financiamento externo, a
elaboração de um Plano de Negócios é útil, na medida em que constitui uma grelha de
acção e orientação para o empreendedor e para o seu staff. Além disso, quanto mais cedo
estiver concluído, mais cedo estará apto a apresentar a sua proposta a potenciais
investidores. Um Plano de Negócios é uma parte de um processo mais vasto - a
implementação da sua ideia! O ideal é ver um plano como uma parte essencial de todo um
processo de criação de valor, porque mesmo o melhor dos planos é desperdiçado se
ninguém o seguir e implementar.
Existem algumas qualidades num plano que fazem com que seja mais provável que este
possa trazer resultados:
SIMPLES
OBJECTIVO
PLANO ACÇÕES RESULTADOS
REALISTA
COMPLETO
AFINAÇÃO
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Um dos primeiros erros a evitar é fazer um Plano só para apresentação de uma proposta ou
candidatura.
O Plano deve ser pensado, desde o início, como o documento que traduz a estratégia que
queremos implementar e que será a base da vida da Empresa nos primeiros tempos da sua
existência.
Um Plano de Negócios será difícil de avaliar e/ou implementar a menos que seja Simples,
Objectivo, Realista e Completo. Mesmo que seja todas estas coisas, um bom plano precisará
sempre de alguém que o supervisione e/ou implemente.
O plano depende dos empreendedores e das suas equipas, particularmente durante o
processo de compromisso e lançamento, e durante a implementação que se irá seguir.
O sucesso da implementação começará, assim, com um bom plano.
Existem elementos que tornam mais provável que o plano seja bem sucedido.
Algumas pistas essenciais para a construção de um bom plano incluem:
1. O plano é simples? É de fácil entendimento e execução? Transmite os seus
conteúdos de forma fácil e prática?
2. O plano é objectivo? Os seus objectivos são concretos e mensuráveis? Inclui acções
específicas e actividades, cada uma delas com datas limite, pessoas responsáveis e
orçamentos detalhados?
3. Inclui um modelo financeiro sólido e bem fundamentado?
4. O plano é realista? Inclui todos os elementos necessários?
56
O mais provável é que os potenciais investidores não sejam especialistas no negócio
proposto. Assim sendo, seja claro e conciso, procurando focar-se naquilo que
realmente interessa ao investidor: como é que o seu negócio vai crescer e geral cash.
A partir do momento que existe uma sistematização escrita de todo o modelo definido, o
empreendedor pode ter uma ideia muito clara sobre se todos os aspectos financeiros e não-
financeiros considerados não põem em causa a viabilidade do projecto.
57
7.1. Criação do plano de negócio
Como referimos no início, existem inúmeras obras e textos disponíveis sobre a elaboração
de Planos de Negócios e recomendamos a leitura de algumas destas obras para aumentar a
profundidade deste exercício.
No entanto, é possível sistematizar os passos essenciais para a sua elaboração e é esse
caminho que lhe mostramos aqui.
Sumário Executivo
Este é o capítulo mais importante de um plano de negócios. Deve sumarizar em não mais de
500 palavras toda a apresentação, que será mais detalhada nos capítulos seguintes. O
sumário executivo é a primeira coisa a ser lida pelos potenciais investidores. Se o sumário
executivo não for claro, pode desencorajar os analistas de rever o plano completo. A
maioria dos financiadores recebe muito mais pedidos de financiamento do que aqueles em
que pode investir, e por isso, não se dispõe a correr riscos potenciando situações
duvidosas.
Existe um perigo real de que o sumário executivo venha a falhar a sua missão, dado que ele
é, invariavelmente, o último capítulo a ser elaborado. Pode parecer que é uma coisa simples
de ser escrita em uma ou duas páginas. É normal ser preparado depois de um lento e
58
laborioso trabalho de elaboração do restante relatório, pelo que é compreensível que exista
a tendência de o acabar o mais rapidamente possível. Quem o escreve está confiante de que
contemplou todos os aspectos mais importantes do trabalho, e que, mesmo que alguma
coisa falhe no sumário executivo, a informação se encontrará em alguma das restantes
partes do plano. No entanto, não deverá assumir que os potenciais financiadores estarão
dispostos a percorrer todo o relatório em busca de informações que considerem vitais.
Acima de tudo, dever-se-á ter presente que, nas poucas páginas do sumário executivo,
deverá estar contida a mensagem mais poderosa e persuasiva de todo o documento.
Por isso, é crucial o esforço extra de verificar que este se encontra completo e claro.
Será de grande utilidade que ele seja revisto por alguém que seja neutro e que goze da
confiança de quem o elaborou.
Só os números mais importantes deverão ser usados para tornar a situação o mais forte
que seja possível.
Deverá ainda ser dada cuidadosa atenção para evitar erros de gramática e dispensáveis
erros de escrita, uma vez que estes tendem a ter um efeito negativo desproporcionado.
Pontos essenciais a focar no Sumário Executivo:
1) Qual é o nome do negócio e a sua área de actividade?
2) Qual a missão?
3) Qual é o âmbito do negócio e o mercado potencial para os seus produtos?
4) Porque constitui uma proposta inovadora e vencedora?
5) Quais os recursos, humanos e financeiros que são necessários?
6) Qual o prazo previsto para começar a apresentar lucros?
7) Quais são os pontos fortes e fracos do projecto?
8) Quais as suas referências e a sua experiência relevante para o projecto concreto?
59
O Histórico da Companhia e/ou dos seus Promotores
O histórico da companhia ou a experiência empresarial do empreendedor, devem ser
apresentados.
Os pontos mais importantes a salientar são:
1) Como é que o projecto surgiu e como é que foi introduzido na companhia. É uma
empresa nova ou não e, se sim, porque é que se decidiu criar uma.
2) De que forma é que a experiência passada dos empresários pode contribuir para o
sucesso do projecto? Têm experiência de gestão? Conhecem em profundidade a área
de negócio?
3) Quais são os pontos fortes e os pontos fracos do projecto na óptica dos seus
promotores? 9
A Missão
A missão é uma declaração global que define os objectivos gerais da companhia,
expressando os propósitos fundamentais da gestão no seu conjunto, fornecendo linhas
gerais de desenvolvimento. É o ponto de partida para a definição dos objectivos
fundamentais da companhia.
O principal objectivo desta declaração é dar resposta à seguinte questão: “Porque é que a
companhia existe?”, assim como dar aos empregados e parceiros uma noção clara do que é
a empresa, melhorando os seus objectivos de longo prazo e explicitando como o seu
desempenho deve ser dirigido por forma a alcançar esses mesmos objectivos.
Para além do nome, formato legal, etc, uma companhia define-se essencialmente pela sua
Missão de Negócio.
O Mercado Subjacente
O mercado é a “arena” onde os planos da empresa irão ser levados a cabo. É muito
importante definir o mercado para o novo produto em termos de dimensão, estádio de
desenvolvimento, tipos de clientes e de competidores.
60
Quantos clientes existem e qual a sua influência no mercado?
O tamanho do mercado ou o consumo anual do produto será definido em termos do âmbito
do projecto em consideração. O tamanho do mercado pode ser avaliado pelo nível do
consumo do produto numa dada cidade, país, grupo de países ou no mundo inteiro ou,
alternativamente, em segmentos bem definidos de clientes com determinadas
características.
Para ter dados mais concretos, procure as associações empresariais e outras que analisam
e acompanham os mercados relevantes para a sua ideia/produto. Procure publicações
especializadas. Peça às Entidades Financeiras com que trabalha para lhe fornecerem
informação pública sobre esse mercado e as Empresas que nele se movimentam. Se a
dimensão do projecto o justificar, envolva Empresas de Estudos e Análise de
Mercado e faça análises específicas para este caso.
Garanta que a fundamentação que apresenta é sustentada em factos e, sempre que possível,
em dados de mercado criados por entidades credíveis.
A análise do mercado subjacente é essencial para dois efeitos:
61
Fundamentar a viabilidade base da ideia/produto em causa;
Traduzir o conhecimento específico dos promotores sobre o mesmo, um dos
factores mais fundamentais para os potenciais investidores.
62
O Projecto / Produto / Ideia
Resumo do projecto e sumário das actividades a serem desenvolvidas
Esta secção deve descrever duma forma curta mas completa o estádio de desenvolvimento
do projecto, sobretudo dos principais objectivos já atingidos.
A ênfase deverá ser dada ao produto/serviço, incluindo temas como patentes e/ou licenças,
bem como a uma descrição exacta do processo produtivo.
É essencial ser realista e ter em conta todas as possíveis dificuldades, para que estes factos
possam ser traduzidos nas projecções financeiras.
Como exercício de reflexão, e apesar de poder não ser explícito no plano de negócios, será
aconselhável para cada actividade ou acção estabelecer os intervenientes de quem estes
dependem (no caso de recursos externos), definir os possíveis constrangimentos, e como
deverá cada um agir nesse contexto. Por outro lado, deve ser considerado o tempo alocado
a cada actividade, com e sem constrangimentos, e considerado como tempo efectivo a soma
dos dois.
Reserve sempre algum tempo e esforço adicional (20% do total) para problemas e desvios
não previstos – a chamada margem de risco de implementação.
63
Normalmente, quando um projecto começa, só tem um activo: as pessoas que o promovem
e a sua motivação e força de vontade.
A motivação com que cada interveniente enfrenta o projecto e, em particular, o tempo que
deseja atribuir-lhe, são variáveis importantes para o sucesso do mesmo.
Os factores de motivação variam muito e podem resultar de afinidades com o projecto, da
experiência profissional, do conhecimento de mercado, da possibilidade de ganhar mais
dinheiro e de considerações pessoais de vária ordem como sejam da possibilidade de ser
útil, da possibilidade de ser independente (não ter de responder a um patrão), da
possibilidade de criar empregos, etc.
Por outro lado, a análise dos pontos críticos deve permitir que os promotores se preparem,
mesmo que não seja por escrito, para planos de contingência (ou seja, como agir se
surgirem situações inesperadas), de forma a minimizar os riscos do projecto.
64
O Produto / Serviço
Esta é, provavelmente, a secção em que o promotor está mais à vontade e o leitor menos
familiarizado.
Devem ser feitos todos os esforços para explicar a tecnologia envolvida em termos simples
e para explicar a Proposta Única de Valor da invenção ou ideia. Esta preocupação é
transversal ao Plano de Início de Actividade, Plano de expansão e de Mudança de
Actividade.
Esta secção deve responder a questões relacionadas com “o que é o produto ou serviço”, e
“porque é que todos o vão comprar”.
A Produção
No caso de produtos que implicam a existência de um processo produtivo físico, com
materiais, máquinas, etc., este processo deve estar detalhado em todas as componentes
essenciais para o arranque e/ou lançamento do projecto.
A produção pode implicar compromissos significativos com investimento de capital para
espaço e equipamentos, o que pode obrigar a financiamentos elevados.
Para uma pequena empresa ou associação, isto pode implicar riscos demasiado elevados
que podem tornar o projecto não atractivo para os potenciais financiadores.
É possível reduzir o capital exigido através de sub-contratação de produção a outras
empresas e através de instrumentos financeiros de aquisição/aluguer de certos tipos de
equipamento e maquinaria. No entanto, estas estratégias devem ser ponderadas contra a
necessidade de se conseguir um nível de produção suficientemente elevado e de qualidade,
por forma a satisfazer os clientes. Os potenciais investidores irão querer comprovar que foi
conseguido um bom compromisso entre a contenção do capital necessário e as soluções
escolhidas, e analisar se estas soluções poderão originar problemas na produção e no
fornecimento de matéria prima quando a empresa começar a operar.
65
O plano deve identificar que mecanismos de controlo de produção estão previstos em áreas
fundamentais como o nível de stocks, matéria-prima e produto acabado.
Todos os custos associados à produção têm de ser claramente reflectidos nas projecções do
Plano de Negócios, de forma a produzir projecções de cash-flow fiáveis que resultam num
plano sólido e adequado.
Estratégia Comercial
Após termos definido claramente nas secções anteriores a Proposta Única de Valor do
projecto, dever-se-á demonstrar como a empresa pensa apresentá-la ao mercado.
O primeiro passo essencial e óbvio é estabelecer um preço para o produto. Se este é
completamente novo, isto poderá causar algumas dificuldades. No entanto, é normalmente
possível determinar um preço com base no valor acrescentado que o produto irá oferecer
ao seu consumidor.
66
Após definida a estratégia de Marketing, deverão ser definidos e implementados os
circuitos e canais de vendas que são a base do processo de comunicação com o potencial
comprador.
68
licenças, etc. As despesas plurianuais decorrem, numa primeira instância, das despesas de
coordenação e de fiscalização do projecto, mas também da obrigatoriedade de pagamento
de juros e de amortização dos empréstimos contratados.
Contudo, esta regra não contempla a eventual ocorrência de rupturas na rotação dos
elementos integrantes do capital circulante, que venham a comprometer a liquidação do
exigível a curto prazo na data do respectivo vencimento, como, por exemplo, o atraso no
recebimento de um crédito, o desencadear de uma greve, etc.
Embora na prática seja vulgar identificar o Fundo de Maneio com a Reserva de Segurança
de Tesouraria, o empresário deve estar consciente de que não significam o mesmo, já que o
69
Fundo de Maneio é constituído pela Reserva de Segurança de Tesouraria, pelo crédito
concedido a clientes e pelas existências ao que se subtrai o crédito obtido de fornecedores.
Imprevistos
Independentemente do rigor do cálculo das rubricas anteriores, situações não previstas
inicialmente, podem alterar o montante global das necessidades de investimento. Estas
situações prendem-se com desvios qualitativos decorrentes de deficiências registadas nos
projectos de instalação, na implantação dos equipamentos, nas previsões relativas ao fundo
de maneio, etc.
Plano de Financiamento
70
Determinado o montante do investimento necessário, haverá que reunir os meios
financeiros, designados por capitais, indispensáveis à sua cobertura. Esta operação deve
realizar-se através da elaboração de um plano de financiamento, o que corresponde à
elaboração de um mapa de origem e aplicação de fundos. A boa ou má estrutura financeira
de uma empresa é geralmente consequência do modo como os seus bens activos são
financiados.
Antes de efectuar uma escolha entre os diferentes meios de financiamento que se podem
apresentar à empresa, o empresário não se deve esquecer que uma boa gestão exige que se
pratique o princípio da racionalidade económica, isto é, que se minimizem os meios para
atingir os mesmos objectivos. Ora, neste caso, os meios postos à disposição da empresa são
os capitais, logo a sua utilização deve ser racional pois, quer eles pertençam aos sócios ou
accionistas, quer sejam emprestados, há que pagar dividendos ou encargos financeiros.
De um modo geral, são os capitais próprios que devem cobrir os riscos da empresa e não os
capitais alheios, mesmo a longo prazo. Os empréstimos a médio e longo prazo dependem
do cash-flow futuro da empresa e podem ser considerados como uma antecipação à
actividade da empresa. É então necessário que, aquando do recurso a este tipo de
financiamento, nos asseguremos primeiro da rentabilidade da operação em causa e da
possibilidade de gerar fundos suficientes que assegurem os pagamentos dos encargos fixos
e do reembolso do capital emprestado, segundo os prazos fixados. Numa primeira fase,
quando a empresa se encontra em constituição e arranque, todos os capitais (à excepção do
capital social) são alheios à empresa, já que esta, de per si, ainda não teve actividade e,
portanto, não gerou qualquer receita.
71
Como vimos, o auto-financiamento representa o financiamento da empresa por ela própria,
isto é, pelos recursos financeiros que são libertos durante o seu funcionamento, e constitui
um complemento indispensável aos pedidos de empréstimos, pois as entidades
financiadoras não aceitam correr a totalidade dos riscos. Contudo, não nos devemos
esquecer que o auto-financiamento tende a reduzir os dividendos distribuídos, diminuindo,
por isso, a rentabilidade dos investimentos efectuados pelos sócios/accionistas. Ele deve
ser usado com parcimónia.
Os meios financeiros exteriores à empresa podem tomar diversas formas, como por
exemplo: aumento do capital social, empréstimos a médio e longo prazo, que podem
revestir a forma de empréstimos bancários ou obrigacionistas, empréstimos de sócios,
leasing, créditos a curto prazo, etc.
Balanço
O balanço, que é um documento estático, constitui para os economistas o "retrato" da
situação económica e financeira da empresa num dado momento. Poder-se-á dizer,
também, que o balanço mostra de onde vem o dinheiro da empresa (origens de fundos) e
para onde vai (aplicações de fundos). Num balanço inicial da empresa os elementos são
72
pouco numerosos correspondendo as aplicações de fundos – ou seja, o Activo - às despesas
de estabelecimento (imobilizações incorpóreas) e aos investimentos corpóreos necessários
ao arranque da empresa e as origens de fundos (Capital Próprio + Passivo) aos capitais
próprios e créditos dos fornecedores.
Neste caso, a sua periodicidade deve ser mensal, o que possibilita detectar mais
rapidamente certas anomalias como, por exemplo, uma baixa alarmante das vendas ou um
aumento exagerado dos custos e tomar as medidas correspondentes (aumentar a
prospecção de clientes, diminuir certos encargos, etc.).
74
Resultado de Aplicar técnicas de angariação e avaliação de alternativas
Aprendizagem 2: de financiamento
Critérios de
Desempenho:
75
VIII. RÁCIOS DE ANÁLISE DOS NÍVEIS DE ENDIVIDAMENTO E DE LIQUIDEZ
São conhecidas as vantagens de endividamento, como as que se seguem (i) benefício fiscal,
com a particularidade de que quanto maior for a taxa de IRPC, maior será o benefício fiscal
com endividamento, (ii) aumento na disciplina de gestão já que a rigidez dos mapas de
dívida impõe maior ã administração de negócio das organizações, preocupadas no
cumprimento do acordado.
Exemplos:
Uma pequena ilustração de apenas um dos problemas resultantes da utilização de grandezas
contabilísticas: se uma empresa recorre a doses maciças de endividamento, o seu risco
naturalmente aumentará. Esse fenómeno, ao ser reconhecido pelos seus credores, levará a um
aumento da taxa de juro que as instituições de crédito exigirão para novos créditos (além da
taxa de retorno exigida pelos accionistas). O resultado será que, na ausência de cláusulas
76
especiais, o endividamento existente na sociedade sofrerá uma depreciação, aspecto que a
contabilidade não reconhecerá, podendo igualmente alterar-se (para mais ou para menos) o
valor da sociedade para os accionistas.
Por outro lado, também, conforme se viu em ponto anterior, apenas por feliz coincidência é
que a situação líquida espelhará o valor intrínseco de uma sociedade (2) para os seus
proprietários.
ser maior ao nível dos capitais próprios do que ao nível do endividamento de uma empresa.
77
Este rácio permite apreciar em que percentagem é que o activo da sociedade se encontra a
ser financiado por capitais próprios.
A popularidade deste indicador é tal que o leva a ser um dos indicadores mais utilizados
pelas instituições financeiras na apreciação do risco de crédito de um cliente.
O motivo para esse papel tem a ver com a aparente margem de segurança que traduz para
os créditos concedidos por um banco. Entendendo a situação líquida como o património da
empresa que excede os seus passivos, naturalmente que quanto maior for o seu montante,
maior a probabilidade de que os activos da sociedade consigam, em caso de liquidação,
cobrir a totalidade das responsabilidades da empresa, incluindo o crédito a conceder pela
instituição financeira.
Por outro lado, a existência de um valor apreciável de fundos próprios numa empresa
transmite a um financiador alguma tranquilidade adicional resultante do facto de que
quanto maior for o cometimento pessoal do proprietário no financiamento da empresa,
menos risco ele tenderá a assumir nos seus investimentos em relação a uma situação em
que a maior parte dos fundos investidos na empresa tenha a natureza de capitais alheios.
Por outras palavras, o banqueiro sentirá que o risco é partilhado de uma forma mais
equilibrada pela instituição de crédito e pelos donos da empresa, havendo uma menor
probabilidade de comportamentos oportunistas por parte dos responsáveis da empresa
que prejudiquem os detentores de capitais alheios.
Por estes motivos, os gestores procuram ter uma atenção especial com o comportamento
deste indicador, sabidas as possíveis consequências junto da praça financeira de uma
evolução desfavorável do seu valor (3).
3
Daí, por exemplo, a constante preocupação com a realização de reavaliações do imobilizado por parte de
muitas empresas. Muitos bancos, por exemplo, têm como regra de ouro procurar evitar a realização de
operações de crédito com sociedades que não disponham de uma autonomia financeira de pelo menos 30%.
78
8.1.2. Debt-to Equity Ratio
Uma alternativa ao indicador anterior consiste na relação entre o endividamento de uma
sociedade e os seus capitais próprios (D/E). Esse indicador pode ter diversas variantes:
Saliente-se que esta versão do D/E procura traduzir a repartição relativa dos capitais
permanentes (i.e., de longo prazo) de uma empresa em próprios e alheios. Certos analistas
consideram que uma situação em que os segundos sejam superiores aos primeiros poderá
traduzir um certo excesso de endividamento, recomendando por conseguinte que este
indicador apresente um valor inferior a 1.
Com base nos empréstimos bancários totais (D/E3) = Empréstimos bancários totais /
Situação Líquida
Suponhamos que o valor assumido por este rácio é 1.25. Uma interpretação possível é que
"125% das responsabilidades de curto prazo poderão ser satisfeitas recorrendo às
disponibilidades, cobrança dos créditos de curto prazo e venda das existências".
79
O indicador em causa refere-nos assim em que medida o passivo de curto prazo está
coberto por activos que se esperam vir a ser convertidos em meios financeiros líquidos
num período supostamente correspondente ao do vencimento das dívidas de curto prazo.
Logo, decorre desta ideia que um valor superior a 1seria "razoável" e que corresponderia a
uma situação de algum desafogo da empresa em termos de liquidez de curto prazo.
Para compreendermos o real interesse deste indicador, convirá reflectir. No entanto, sobre
o conceito que ele pretende medir, isto é, o conceito de liquidez.
Não é difícil apercebermo-nos que do conceito apresentado decorre que a liquidez de uma
empresa apresenta uma natureza marcadamente dinâmica. Isto é, a capacidade de solver os
compromissos financeiros de curto prazo de uma sociedade não depende só dos activos
com um certo grau de liquidez que são detidos num determinado ponto no tempo
(perspectiva estática) aptos a fazer face às dívidas de curto prazo existentes, mas também
dos seguintes factores:
Capacidade de geração, no curto prazo, de novos meios financeiros pela exploração;
Prazos relativos de pagamento e recebimento das dívidas e créditos actualmente
detidos pela sociedade;
Capacidade de obtenção de novo endividamento no curto prazo;
80
Sendo um indicador utilizado pela quase generalidade das instituições financeiras como
componente importante na sua apreciação do risco de crédito de uma empresa,
salientemos que é extremamente frequente que uma evolução aparentemente "favorável"
deste indicador reflicta não uma melhoria mas uma degradação da sua liquidez.
Exemplo:
Repare-se, por exemplo, na seguinte situação: uma empresa enfrenta dificuldades de
escoamento da sua produção (com consequente aumento dos seus stocks), ao mesmo tempo
que um não cumprimento generalizado dos prazos de pagamento dos seus clientes (com
consequente aumento dos saldos de clientes em dívida) e um apertar dos prazos de
pagamento por parte dos fornecedores (por hipótese monopolistas, e devido à sua
preocupação com a estabilidade financeira da empresa em causa). Este cenário é,
seguramente, um dos piores pesadelos para qualquer director financeiro e sem dúvida que
acabará por afectar, a muito curto prazo, a capacidade da empresa em satisfazer os seus
compromissos financeiros. No entanto, o que sucede ao GLG? Todos os três acontecimentos
(aumento das existências e créditos sobre clientes e redução das dívidas aos fornecedores)
contribuem para um aumento do GLG (e não uma diminuição), dando, por conseguinte,
indicações completamente opostas às que deviam ser esperadas de um indicador de liquidez.
Podemos concluir deste modo que o real interesse do GLG reside numa hipótese
largamente improvável para a maioria das empresas que é a imediata liquidação do seu
activo circulante e vencimento dos seus créditos de curto prazo.
De facto, para uma empresa onde se perspective a continuidade da sua exploração, não será
razoável admitir a possibilidade prática de exigir dos seus clientes o imediato pagamento
dos seus créditos, assim como não é sensato esperar que as existências possam ser
alienadas ao valor registado em balanço e o seu valor de venda imediatamente recebido. E
se a hipótese de liquidação fosse provável, então é porque a empresa já estaria em sérias
dificuldades e por conseguinte de nada servirá analisar a capacidade de solver os
81
compromissos de curto prazo: se a empresa estiver efectivamente em vias de provável
liquidação, o problema já não é o da liquidez de curto prazo mas sim de averiguar se o
património da empresa é susceptível ou não de responder pelas dívidas totais (de curto,
médio e longo prazo).
GLR = AR / PCP
Onde:
A comparação entre o GLG e o GLR permite, em particular, destacar o peso das existências
numa empresa.
Não obstante o ajustamento que é aqui efectuado relativamente ao indicador anterior, é de
referir que os problemas fundamentais que atrás detectamos não são, no essencial,
resolvidos.
Um terceiro indicador de liquidez é aquele que restringe ainda mais o conceito de activos
líquidos, cingindo-os às disponibilidades e aplicações financeiras de curto prazo de uma
empresa (GLI-grau de liquidez imediata):
GLI =(D+ AFcp) / PCP
Onde:
D = Disponibilidades
AFcp = Aplicações financeiras de curto prazo
82
PCP = Passivo de curto prazo
Voltamos a insistir que continuamos aqui a não estar em presença de um genuíno indicador
de liquidez nos termos em que definimos atrás este conceito. Mas também será justo
salientar que, não obstante tal facto, em certas situações (quiçá extremas) este indicador
poderá dar-nos alguma informação útil sobre a situação financeira da empresa. Será o caso
quando estejamos em presença de sociedades com um elevado valor de disponibilidades e
aplicações financeiras excedentárias que, naturalmente, constituem, do ponto de vista dos
credores da empresa, um buffer (isto é, uma "almofada de segurança") contra eventuais
dificuldades conjunturais que possam por em perigo os seus créditos.
Mas também não esqueçamos que aquilo que é actualmente uma prosperidade financeira
poderá rapidamente deixar de o ser se a sociedade dispender os activos líquidos existentes
em investimentos de longo prazo, tornando imprescindível o conhecimento da capacidade
da exploração em gerar meios líquidos. Como qualquer estudante sabe, é muito mais fácil
(e mais rápido) gastar dinheiro do que gerá-lo.
Nota Importante:
Certamente que a análise de rácios financeiros é uma técnica incompleta e que sofre de
importantes limitações na sua aplicação e interpretação. Estas decorrem de uma maneira
geral da íntima relação dos indicadores com as variáveis contabilísticas que se encontram
na base do seu cálculo.
A utilização de rácios deverá sempre, por conseguinte, ser simultânea com uma correcta
consciencialização dos pressupostos inerentes à sua construção, o que infelizmente nem
sempre é realizado por muitos analistas e responsáveis das empresas. Deverá igualmente
83
ser efectuada de forma cumulativa com a recolha de outro tipo de informações e dados,
com uma menção especial para a análise da formação e aplicação de fluxos financeiros na
empresa e para o estudo do seu risco de negócio.
A análise de rácios deverá deste modo assumir como que um papel de "exploração
preliminar" de uma empresa, recorrendo, para tal, à recolha criteriosa não de quaisquer
certezas mas de uma série de "indícios".
Finalmente, será de salientar que este conjunto de dados apenas globalmente poderá
contribuir para a formação de um diagnóstico informado sobre o estado económico-
financeiro de uma empresa. Este, por sua vez, que deverá ser estudado no contexto
complexo e integrado das diversas vertentes que contribuem para a formação de valor para
os seus proprietários e não com base uma simples definição de objectivos de índole
contabilística expressos sob a forma de simples metas a alcançar para os valores de
determinados rácio.
84
IX. PREPARAÇÃO DE UM PEDIDO DE FINANCIAMENTO
Cuidados ao solicitar um financiamento
85
Inicialmente é necessário determinar o capital necessário para a criação da empresa o qual
vai depender do volume de investimento que precisa de realizar e da necessidade de iniciar
a actividade com uma estrutura financeira minimamente equilibrada. As insuficiências de
capital conduzem, quase sempre, a prazo, ao colapso da empresa.
86
considerados custos de exploração.
Num período inicial, deve-se prever o dinheiro necessário para pagamento de, por
exemplo, salários, alugueres de instalações, despesas de comunicação, etc., pois é frequente
a empresa não obter, nos primeiros meses da sua existência, um nível suficiente de
receitas. Assim, quando se calcula o volume de Capital Circulante necessário, deve-se
incluir um valor capaz de cobrir a diferença entre as receitas e as despesas no período de
arranque da empresa.
Depois de calculados os custos deve verificar qual do custo de investimento será suportado
pelos capitais próprios, aquela parte que normalmente é conhecida como comparticipação
no investimento.
87
Introdução com a apresentação do que é o projecto quais são os seus objectivos,
área de actuação e as partes em que estudo de viabilidade está dividido;
88
Condições oferecidas pelos fornecedores: preços, prazos, qualidade,
condições de pagamento
Papel das organizações profissionais
Leis e regulamentos específicos do sector
Os estatutos da sociedade;
Caso seja uma empresa em funcionamento, o balanço do último exercício e o
balancete mais recente;
O estudo de viabilidade económica e financeira;
O plano de negócios da sociedade;
Declaração negativa das Finanças mostrando que tem contas em dia com o fisco.
89
Na verdade, para a produção deste documento, todas as funções da empresa são
envolvidas:
A função financeira que diz respeito à tesouraria, aos balanços e às contas de
exploração;
A função marketing que abrange as tarefas com vista à comercialização em boas
condições, como os vendedores, a distribuição, a concorrência;
A função produção que engloba os aspectos relacionados com o produto, como as
tecnologias, técnicas, materiais, quantidades, etc.;
A função pessoal onde se enquadra tudo o que é relevante do ponto de vista da
qualidade da equipa e da sua gestão;
A função gestão e organização que constitui a função central na condução da
empresa.
A partir dos elementos disponíveis é possível fazer o diagnóstico de cada uma das funções,
ou seja, verificar os aspectos positivos e negativas de cada uma.
90
X. AVALIAÇÃO DAS DIFERENTES IMPLICAÇÕES DAS ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO
Meios de produção
Factores que produzem Diferenças entre produtos
as diferentes alternativas
Objectivos a alcançar
A análise da disponibilidade de recursos, dos encargos financeiros assumidos, etc., deve ser
feita paralelamente - ANÁLISE FINANCEIRA DE INVESTIMENTO.
91
10.2. Fluxos de Caixa
Num estudo económico as entradas e saídas monetárias só têm um significado completo
quando acompanhadas pelas datas em que se efectuam. Embora se possa usar tabelas de
juros em que o período de composição seja de um ano, mês ou dia, etc., há limitações
práticas quanto à necessidade de precisão para as datas em que as receitas e as despesas
previstas ocorrerão. Contorna-se esse problema considerando essas quantias concentradas
em intervalos de tempos periódicos; em geral, adopta-se a “convenção de fim de período”,
ou seja, que as entradas e as saídas monetárias que se dão durante um período estejam
concentradas no fim do mesmo. Uma análise da questão mostra que o estudo não será
muito afectado em sua exactidão por esta simplificação. O período adoptado geralmente é
de um ano, podendo ser outro de acordo com a conveniência do projecto em estudo, grau
de detalhe e precisão das estimativas de datas e quantias. Para o caso moçambicano onde
as taxas de juros são altas, muitas vezes o mês deve ser tomado como período-base.
Por outro lado, o estudo económico deve cobrir um intervalo de tempo compatível com a
duração da proposta de investimento considerada, frequentemente denominada vida útil,
vida económica ou simplesmente vida da proposta de investimento.
92
10.3.1. Critério por Inspecção
O projecto B é melhor do que o projecto A
O projecto D é melhor que o projecto C, pois é possível reinvestir os ganhos entre os anos 1
e 2.
93
Ganhos médios anuais por capital investido
Semelhante ao anterior.
Conclusão
Apesar dos quatro primeiros processos poderem levar a boas decisões em alguns casos
(investimentos iguais, de mesma duração e fluxos de caixa homogéneos), a análise da
maioria das situações só pode ser feita adequadamente pelos critérios económicos
detalhados a seguir.
A rentabilidade de uma série de investimentos é dada pela taxa de juros que permitiria ao
capital empregado fornecer um certo retorno.
94
Dado que cada pessoa ou empresa tem possibilidade de investimentos diferentes, haverá
uma taxa mínima de atractividade para cada uma.
Exemplo:
Se existirem letras de câmbio que garantem uma rentabilidade de 2,5% a.m. , a proposta de
investimento em acções só será atractiva se proporcionar rendimento maior.
Cumpre ressaltar que um estudo económico recai sempre na escolha entre alternativas;
dever-se-á tomar uma decisão entre não fazer nada, abandonar projectos em andamento
ou investir em novos projectos, etc.
Os métodos de comparação baseados nos princípios de equivalência determinam quantias
únicas que representem, do ponto de vista económico, cada alternativa de investimento.
OS MÉTODOS
HIPÓTESE FORTE: Inicialmente supor-se-á que o investimento seja instantâneo (no período zero) e
que não haja inflação, risco e imposto de renda.
95
Exemplo:
Considere-se a proposta de investimento que envolve investir 10.000,00 Meticais hoje para
receber 2.000,00 Meticais anuais, nos próximos 10 anos, conforme o diagrama de fluxo de
caixa que se segue:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10.000,00 Meticais
Solução
Nota Importante
Quando se consideram alternativas de investimento com durações idênticas,
escolhe-se a de maior valor presente líquido.
96
NA PLANILHA DE EXCELL TERIAMOS:
A B
3 2.000
4 2.000
5 2.000
7 2.000
8 2.000
9 2.000
10 2.000
11 2.000
12 2.000
13 2.289,13 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2
Exemplo:
Solução
O valor actual da proposta B é:
-14.000 + 3.000. a10¬10 = 4.432
Por ter maior valor actual, esta proposta é escolhida de preferência à anterior.
97
NA PLANILHA DE EXCELL TERIAMOS:
A B
3 3.000
4 3.000
5 3.000
7 3.000
8 3.000
9 3.000
10 3.000
11 3.000
12 3.000
13 4.433,70 <--=VPL(0,1;A3:A12)+A2
Nota importante
Geralmente a data escolhida para o cálculo do valor actual é o “dia de
hoje”, daí o termo “valor presente” usado para designar o método.
Entretanto, qualquer que seja a data usada, a decisão será a mesma.
Para ilustrar, considerem-se as duas propostas anteriores. O valor actual de cada uma delas
ao fim do período 6 será:
98
PROPOSTA A : 2.288 . FAC(6,10) = 2.288 . (1,1)6 = 4.053,33
PROPOSTA B : 4.432 . FAC(6,10) = 4.432 . (1,1)6 = 7.851,56.
Evidentemente a posição relativa das propostas não mudou.
No caso de comparar propostas de durações diferentes, alguma hipótese será exigida sobre
o que será feito após o término da proposta de menor duração.
Observe-se que toda vez que se consegue investir uma quantia exactamente à taxa de
atractividade, o valor presente do projecto como um todo será nulo. Um valor actual
positivo indica, pois, que está investindo a uma taxa superior à taxa de atractividade. O
inverso ocorre para valores presentes negativos.
Por outro lado, o valor presente de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor actual
das quantias futuras envolvidas e o investimento inicial. Justifica-se o método apresentado,
pois um valor actual positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima
de atractividade, superam o investimento inicial necessário - o que torna atractiva a
proposta. Por outro lado, um valor actual negativo significa que se está investindo mais do
que se irá obter, o que é, evidentemente, indesejável; em outras palavras, a mesma quantia,
se fosse investida à taxa de atractividade, renderia mais do que no projecto em questão.
IMPORTANTE
Conclui-se que o valor actual das quantias futuras de um fluxo de
caixa é igual ao máximo investimento que se está disposto a fazer
para obtê-las.
Exemplo:
É proposta a venda de determinada máquina para fins rentáveis; o comprador em
perspectiva tem uma taxa mínima de atractividade de 10% a.a.. A máquina proporcionará
99
uma receita líquida de 20.000,00 MT no primeiro ano, diminuindo em seguida à base de
1.000,00 MT ao ano por mais 12 anos. O valor estimado de revenda daqui a 12 anos é de
26.000,00 Meticais.
Até quanto estaria o comprador disposto a pagar pela máquina?
Solução
a. Fluxo de caixa ( em MT 1.000,00): P = S/[(1 +i)n]
NA PLANILHA DE EXCELL
A B
2 20.000
3 19.000
4 18.000
5 17.000
6 16.000
7 15.000
9 13.000
10 12.000
11 11.000
12 10.000
14 114.657,02 <--VPL(A1;A2:A13)
100
Este valor é o máximo que o comprador estará disposto a pagar pela máquina, pois
corresponde ao valor actual das receitas líquidas futuras!!!.
Isto significa dizer que a taxa interna de retorno é aquela que torna nulo o valor presente
líquido do projecto. Ou ainda, é aquela que torna o valor dos lucros futuros equivalente aos
gastos realizados com o projecto, caracterizando assim, como a taxa de remuneração do
capital investido.
O cálculo da taxa de retorno é feito no caso geral por tentativas e interpolações. Isto porque
nem todas as propostas de investimento se constituem de fluxos de caixa semelhantes aos
usados para o estabelecimento dos factores de conversão.
No processo de tentativas, a partir de uma taxa inicial, calcula-se o valor actual do fluxo de
caixa. O objectivo é obter uma taxa que torne este valor nulo, e, portanto, vai-se
modificando a taxa no sentido de torná-lo próximo de zero.
A partir de duas taxas que forneçam valores actuais próximos de zero, porém de sinais
opostos, pode-se por interpolação determinar a taxa de retorno aproximada.
A primeira taxa usada nos cálculos deve ser evidentemente a mais próxima possível da taxa
de retorno.
101
Uma forma de obtê-la é aproximar-se o fluxo de caixa para um dos fluxos que originaram os
factores, determinar o factor correspondente e através de uma das tabelas de juros, ou
calculadora financeira do tipo HP 12-C, determinar a taxa.
O exemplo que se segue tornará mais claro o cálculo da taxa de retorno.
A compra de determinada máquina está sendo considerada por uma empresa; tem custo
inicial de 150.000,00 Meticais. Foi estimado que proporcionará um excesso de receitas
sobre despesas nos próximos 12 anos, começando com 30.000,00 MT no primeiro e
decrescendo à base de 1.500,00 MT por ano, devido ao aumento dos custos. O valor de
revenda daqui a 12 anos é previsto ser 39.000,00 MT. Qual a taxa de retorno fornecida pelo
investimento na máquina?
Solução
a-) Fluxo de Caixa 39.000,00
.....................................................................30.000,00...............................................................
150 mil
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
30.000,00
150 mil
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
102
Obtém-se, pois,
150.000,00 MT = 30.000,00 . a12¬i =» a12¬i = 150.000/30.000 = 5
Na HP-12C obtemos i = 17%5
c-) TENTATIVAS
Valor actual = - 150.000 + 30.000 a12¬ i - 1.500 GFVA(i,12) + 39.000 (1+i)-12
Com 17% temos:
VA = -150.000 + 149.651,62 - 27.923,81 + 5.926,99 = -22.345,20
Para introduzir 1.500 GFVA(17,12) na HP-12C, fizemos o seguinte:
f FIN 16.500 g CFj
0 g CF0 17
0 g CFj f NPV
1500 g CFj
3000 g CFj
103
XI. APRECIAÇÃO DAS DIFERENTES ALTERNATIVAS DE FINANCIAMENTO
Financiamento
De uma maneira geral, o objectivo financeiro da empresa consiste em conseguir, num dado
momento, o financiamento necessário em condições de custo e prazos adequados. Isto é,
não se trata apenas de conseguir o montante de financiamento necessário, mas sim
encontrar fontes mais económicas, de tal forma que o risco financeiro da empresa seja
minimizado, através de uma relação equilibrada entre meios próprios e alheios.
Existem diversas formas de financiamento, quer o investimento que vai ter que se realizar
para lançar a empresa quer o necessário para financiar a actividade.
O crédito bancário é uma operação através da qual uma instituição bancária coloca à
disposição do seu cliente um determinado montante por ele solicitado comprometendo-se,
este último, a liquidá-lo em datas previamente fixadas e acrescido dos respectivos juros. O
crédito bancário de curto prazo pode ter as seguintes formas:
104
desconto de uma letra ou livrança, corresponde a um adiantamento, feito pela
instituição bancária que realiza a operação, relativamente à data do seu vencimento.
Estas operações têm diversos tipos de custo, designadamente: juro, comissões,
imposto de selo e portes (no caso das letras). O valor dos encargos é calculado à taxa
de juro praticada pela instituição bancária que procede ao desconto, em função do
prazo que tiver sido previamente acordado entre a data do desconto e a data de
vencimento do título.
Empréstimos de curto prazo;
Contas correntes caucionadas;
Outras operações de financiamento a curto prazo.
São normalmente usados para financiar operações de prazo reduzido, como sejam, por
exemplo, necessidade momentânea de tesouraria.
São operações de crédito pelas quais a entidade financiadora coloca ao dispor do seu
cliente um determinado volume de crédito contratado, que este pode utilizar até ao seu
limite, podendo repor, quando entender, partes de capital por forma a reduzir o montante
do seu débito. A taxa de juro deste tipo de operações, é preestabelecida, depende da
avaliação do risco que a entidade financiadora fizer ao seu cliente, consta do contrato a
celebrar com esta última, sendo os juros liquidados de acordo com o volume de crédito
105
utilizado. Esta forma de financiamento possui a vantagem de permitir a utilização do
crédito em função das necessidades da tesouraria da empresa.
Esta forma de crédito está directamente associada à conta de depósitos à ordem, sobre a
qual são feitos os movimentos de crédito. A conta fica autorizada a ter saldos negativos até
ao montante fixado ("plafond" de crédito). Os juros são contados diariamente sobre o valor
do saldo devedor.
11.1.5. "Factoring"
Uma operação de crédito documentário é concedida à empresa que o requer por um prazo
determinado. Este instrumento garante a liquidação imediata do montante do
fornecimento à empresa fornecedora, permitindo à empresa que solicitou a operação
dispor, pouco tempo depois da data de satisfação da encomenda, do montante
correspondente ao valor do fornecimento.
107
11.2. Financiamento de médio e longo prazo
Constitui a forma menos cara de uma empresa se financiar e, simultaneamente, uma forma
de garantir a manutenção da sua actividade e, deste modo, garantir o seu crescimento. Os
capitais próprios são os capitais da própria empresa, tais como, o capital social, reservas,
resultados e/ou prestações suplementares. Os resultados acumulados retidos na empresa
são também denominados de auto-financiamento.
Sendo este tipo de recursos normalmente escasso, pode contudo vir a ser utilizado caso os
sócios ou accionistas tenham disponibilidade para aumentar o capital social da sociedade
ou realizar entradas em dinheiro ou espécie, em volume suficiente para sustentar as
necessidades de investimento requeridas, as quais poderão, posteriormente, vir ou não a
ser transformadas em capital.
108
solicita, designadamente o prazo, o período de carência de juros e/ou de amortização de
capital e a taxa de juro.
Enquanto durar o contrato, o locatário assume todos os riscos e encargos com o bem
adquirido durante o período em que durar o contrato. No final do contrato o locatário tem a
opção de comprar o bem por um valor residual estabelecido na data de assinatura do
contrato.
109
As vantagens do recurso a este instrumento de financiamento são as seguintes:
O leasing imobiliário, por outro lado, permite a substituição regular de equipamento que se
torne eventualmente obsoleto, sendo fácil substituir o actual contrato por outro que tenha
em conta a aquisição de equipamento novo.
Os contratos de leasing não são denunciáveis antes do final dos prazos contratados a não
ser em condições muito especiais a negociar com as empresas locadoras assim como o bem,
adquirido através de uma operação de leasing, não constitui propriedade da locatária antes
do final do contrato.
O leasing pode também ser uma boa solução para empresas que, dispondo de equipamento,
necessitam de lançar capital no negócio para fazer face a eventuais necessidades de fundo
de maneio. Neste caso e confirmados determinados pressupostos e condições da empresa
locadora, esta adquire à locatária um determinado equipamento que lhe é posteriormente
alugado nas condições de leasing financeiro já anteriormente referidas. Uma operação
realizada com estes contornos designa-se por lease-back.
110
11.2.4. O capital de risco
As Sociedades de Capital de Risco (SCR) têm um modelo que assenta na partilha do risco do
negócio com as empresas em início de actividade ou aquelas que necessitam, em
determinada altura da sua vida, de injectar mais capital de modo a sustentar o seu
crescimento ou a entrar em novos negócios.
Tal partilha assenta na participação das SCR no capital das empresas que solicitam o seu
apoio através de um Contrato ou Acordo Parassocial que determina as formas de
relacionamento entre a SCR e a empresa participada e estipula igualmente o período,
previsto na lei, durante o qual aquela permanecerá no capital bem como a mais valia que
deseja obter quando da sua saída no final do período estabelecido no contrato.
111
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113